Estado de Mato Grosso

LEI N 7.692, DE 1 DE JULHO DE 2002

Regula o processo administrativo no
mbito da Administrao Pblica Estadual.

O GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO, tendo em vista o que dispe o

art. 42 da Constituio Estadual, sanciona a seguinte lei:
TTULO I
DAS DISPOSIES PRELIMINARES
Art. 1 Esta lei regula os atos e procedimentos administrativos da Administrao
Pblica centralizada e descentralizada do Estado de Mato Grosso, que no tenham
disciplina legal especfica.
1

Para os fins desta lei, consideram-se:

I -

rgo:
unidade
de
Administrao direta;

atuao

integrante

da

estrutura

da

II -

entidade: a unidade de atuao dotada de

jurdica, integrante da Administrao indireta;

III -

autoridade: o servidor ou agente pblico dotado de poder de

deciso.

personalidade

Considera-se integrante da Administrao descentralizada estadual toda

pessoa jurdica controlada ou mantida, direta ou indiretamente, pelo
Poder Pblico estadual, seja qual for seu regime jurdico.

Art. 2 As normas desta lei aplicam-se subsidiariamente aos atos e procedimentos

administrativos com disciplina legal especfica, observada a hierarquia das
normas jurdicas..
Art. 3 Os prazos fixados em normas legais especficas prevalecem sobre os desta
lei.
TTULO II
DOS PRINCPIOS DA ADMINISTRAO PBLICA ESTADUAL
Art. 4 A Administrao Pblica Estadual obedecer, dentre outros, aos
princpios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, efetividade,
eficincia, eficcia, motivao, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade,
ampla defesa, contraditrio e segurana jurdica. (Redao dada pela Lei
9.195/09)
Pargrafo nico. Para todos os efeitos os princpios da efetividade, eficincia
e eficcia so conceituados da seguinte forma:
I

efetividade da gesto pblica a capacidade de atendimento das

reais prioridades sociais;

II

eficincia
resultados

administrativa a capacidade de promover os

pretendidos com o dispndio mnimo de tempo e
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Estado de Mato Grosso

recursos;
III

eficcia dos gastos pblicos a capacidade de promover os

resultados pretendidos com o alcance mximo da meta traada.
(Includo pela Lei 9.195/09)

Art. 5 A norma administrativa deve ser interpretada e aplicada de forma que

melhor garanta a realizao do interesse pblico a que se dirige.
TTULO III
DOS DIREITOS E DEVERES DO ADMINISTRADO
CAPTULO I
DOS DIREITOS DO ADMINISTRADO
Art. 6 O administrado tem os seguintes direitos perante a Administrao Pblica
Estadual, sem prejuzo de outros que lhe sejam assegurados por lei:
I -

ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que

devero facilitar o exerccio de seus direitos e o cumprimento
de suas obrigaes;

II -

ter cincia
da
tramitao dos processos administrativos em
que tenha a condio de interessado, ter vista dos autos, obter
cpias de documentos neles contidos e conhecer as decises
proferidas;

III -

formular alegaes e apresentar documentos antes da deciso, os

quais sero objeto de considerao do rgo competente;

IV -

fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando

obrigatria a representao, por fora de lei.
CAPTULO II
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO

Art. 7 So deveres do administrado perante a Administrao Pblica Estadual,

sem prejuzo de outros previstos em lei:
I -

expor os fatos conforme a verdade;

II -

prestar as informaes que lhe sejam solicitadas e colaborar

para o esclarecimento dos fatos;

III -

proceder com urbanidade, lealdade e boa-f;

IV -

no agir de modo temerrio.

TTULO IV
DOS INTERESSADOS

Art. 8 So legitimados
administrativo estadual:
I -

como

interessados

para

os

fins

de

processo

as pessoas fsicas ou jurdicas que o iniciem como titulares de

direitos ou interesses individuais ou no exerccio do direito
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Estado de Mato Grosso

de representao;
II -

aqueles que, sem terem iniciado o processo, tm direitos ou

interesses que possam ser afetados pela deciso a ser adotada;

III -

as organizaes e associaes representativas, no

direitos ou interesses coletivos;

IV -

as pessoas ou as associaes legalmente constitudas quanto

a direitos ou interesses difusos.

tocante a

Art. 9 So capazes, para fins de processo administrativo estadual, os maiores

de 18 (dezoito) anos, ressalvada previso especial em lei.
TTULO V
DA COMPETNCIA
Art. 10 Competncia a frao do poder poltico autnomo do Estado, conferida
pela Constituio ou pela lei como prpria e irrenuncivel dos rgos
administrativos, salvo os casos de delegao e avocao legalmente admitidos.
Art. 11 Um rgo administrativo, atravs de seu titular poder, se no houver
impedimento legal, delegar parte da sua competncia a outros rgos, quando for
conveniente, em razo de circunstncias de ndole tcnica, social, econmica,
jurdica ou territorial.
Pargrafo nico O rgo colegiado no pode delegar suas funes, mas apenas a
execuo material de suas deliberaes.
Art. 12 No podem ser objeto de delegao:
I -

a competncia para edio de atos

direitos e deveres dos administrados;

normativos

II -

as atribuies inerentes ao carter poltico da autoridade;

III -

as atribuies recebidas por delegao,

expressa e na forma por ela determinada;

IV -

a totalidade da competncia do rgo;

salvo

que

regulam

autorizao

V - as competncias essenciais do rgo que justifiquem sua existncia;

VI -

a deciso de recursos administrativos.

Art. 13 O ato de delegao e sua revogao devero ser publicados no Dirio

Oficial do Estado de Mato Grosso.
1

O ato de delegao especificar as matrias e poderes transferidos, os

limites da atuao do delegado, a durao e os objetivos da delegao,
podendo conter ressalva de exerccio de atribuio delegada.

O ato de
delegante.

As decises adotadas por delegao devem mencionar explicitamente esta

qualidade e considerar-se como editadas pelo delegado.

delegao

revogvel

qualquer

tempo

pela

autoridade

Art. 14 Ser permitida, em carter excepcional e por motivos relevantes

devidamente justificados, a avocao temporria de competncia atribuda a rgo
hierarquicamente inferior.
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Estado de Mato Grosso

Art. 15 Inexistindo competncia legal especfica, o processo administrativo
dever ser iniciado perante a autoridade de menor grau hierrquico para decidir.
TTULO VI
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIO
Art. 16 impedido de exercer suas competncias em processo administrativo o
servidor ou autoridade que:
I -

tenha interesse direto ou indireto na matria;

II -

tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha

ou representante, ou se tais situaes ocorrem quanto ao
cnjuge, companheiro, ou qualquer parente seu, consangneo ou
afim, em linha reta, ou na linha colateral at o terceiro grau;

III -

esteja
litigando
judicial
ou
administrativamente
com
o
interessado ou respectivo cnjuge, companheiro, ou qualquer
parente seu, consangneo ou afim, em linha reta, ou na linha
colateral at o terceiro grau.

Art. 17 A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o

fato autoridade competente, abstendo-se de exercer suas competncias.
Pargrafo nico A omisso do dever de comunicar o impedimento constitui falta
grave para efeitos disciplinares.
Art. 18 Pode ser argida a suspeio de autoridade ou servidor que tenha amizade
ntima ou inimizade capital com algum dos interessados, ou com os respectivos
cnjuges, companheiros, ou qualquer parente seu, consangneo ou afim, em linha
reta, ou na linha colateral at o terceiro grau.
Art. 19 O indeferimento de alegao de suspeio poder ser objeto de recurso
sem efeito suspensivo.
TTULO VII
DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
CAPTULO I
DISPOSIO PRELIMINAR
Art. 20 A Administrao Pblica Estadual no iniciar qualquer atuao material
relacionada com a esfera jurdica dos particulares sem a prvia expedio do ato
administrativo que lhe sirva de fundamento, salvo na hiptese de expressa
previso legal.
CAPTULO II
DA FORMALIZAO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Art. 21 Os atos administrativos, produzidos por escrito, indicaro a data e o
local de sua edio e contero a identificao nominal, funcional e a assinatura
da autoridade responsvel.
Art. 22 Os atos de contedo normativo e os de carter geral sero numerados em
sries especficas, seguidamente, sem renovao anual.
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Estado de Mato Grosso

Art. 23 Os regulamentos sero editados por decreto, observadas as seguintes
regras:
I -

nenhum regulamento poder ser editado sem base em lei, nem

prever infraes, sanes, deveres ou condicionamentos de
direitos nela no estabelecidos;

II -

os decretos sero referendados pelos Secretrios de Estado em

cuja rea de atuao devam incidir, ou pelo Procurador-Geral do
Estado, quando for o caso;

III -

nenhum decreto regulamentar ser editado a considerao dos

motivos que demonstre o fundamento legal de sua edio, a
finalidade das medidas adotadas e a extenso de seus efeitos;

IV -

as minutas de regulamento sero obrigatoriamente submetidas ao

rgo jurdico competente e, posteriormente, ProcuradoriaGeral do Estado, antes de sua apreciao pelo Governador do
Estado.

CAPTULO III
DA REVOGAO, INVALIDAO E CONVALIDAO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Seo I
Disposio Preliminar
Art. 24 A Administrao Pblica Estadual deve anular seus prprios atos, quando
eivados de vcio de legalidade e pode revog-los por motivo de convenincia ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, sempre assegurando a ampla
defesa e o contraditrio.
Pargrafo nico Os atos que apresentem defeitos sanveis podero ser
convalidados pela prpria Administrao Pblica Estadual, em deciso na qual se
evidencie no acarretarem leso ao interesse pblico nem prejuzo a terceiros.
Seo II
Da Invalidao dos Atos Administrativos
Art. 25 So invlidos os atos administrativos que desatendam os princpios da
Administrao Pblica Estadual e os pressupostos legais e regulamentares de sua
edio, especialmente nos casos de:
I -

incompetncia do rgo, entidade ou autoridade de que emane;

II -

ilicitude, impossibilidade, incerteza ou imoralidade do objeto;

III -

omisso de formalidades ou procedimentos essenciais;

IV -

inexistncia ou impropriedade do motivo de fato ou de direito;

V -

falta ou insuficincia de motivao;

VI -

desvio de poder;

VII -

desvio de finalidade.

Pargrafo nico Nos atos discricionrios, ser razo de invalidade a falta de

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correlao lgica
finalidade.

entre

Estado de Mato Grosso

motivo e o objeto do

ato,

tendo

em

vista

sua

Art. 26 O direito de a Administrao Pblica Estadual invalidar os atos

administrativos de que decorram efeitos favorveis para os destinatrios decai
em 05 (cinco) anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada
m-f. (Alterado pela Lei N. 9.473, de 06 de dezembro 2010)
1

No caso de efeitos patrimoniais contnuos, o prazo de decadncia contarse- da percepo do primeiro pagamento.

Considera-se exerccio do direito de anular qualquer medida da autoridade

administrativa que importe impugnao validade do ato.
Seo III
Da Convalidao dos Atos Administrativos

Art. 27 A Administrao Pblica Estadual poder convalidar seus atos invlidos,

quando a invalidade decorrer de vcio de competncia ou de ordem formal desde
que:
I -

na hiptese de vcio de competncia, a convalidao seja feita

pela autoridade titulada para a prtica do ato e no se trate
de competncia indelegvel;

II -

na hiptese de vcio formal, este possa ser suprimido de modo

eficaz.

Pargrafo nico No ser admitida a convalidao quando dela resultar prejuzo

Administrao Pblica Estadual ou a terceiros ou quando se tratar de ato
impugnado.
CAPTULO IV
DA PUBLICIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Art. 28 Os atos administrativos, inclusive os de carter geral, entraro em
vigor na data de sua publicao, salvo disposio expressa em contrrio.
Art.
29
Salvo
norma
expressa
em
contrrio,
a
publicidade
dos
atos
administrativos consistir em sua publicao no Dirio Oficial do Estado de Mato
Grosso, ou, quando for o caso, na citao ou intimao do interessado.
Pargrafo
resumida.

nico

publicao

dos

atos

sem

contedo

normativo

poder

ser

CAPTULO V
DO PRAZO PARA PRODUO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Art. 30 Ser de 30 (trinta) dias, se outra no for a determinao legal, o prazo
mximo para a prtica de atos administrativos isolados, que no exijam
procedimentos especiais para sua prolao ou para sua adoo pela autoridade
pblica, de outras providncias necessrias aplicao de lei, ato normativo ou
deciso administrativa.
1

O prazo fluir a partir do momento em que, vista das circunstncias,

tornar-se logicamente possvel a produo do ato ou a adoo da medida.
F-II-6

Estado de Mato Grosso

Os prazos previstos neste artigo podero ser, caso a caso, prorrogados
uma vez, por igual perodo, pela autoridade competente, vista de
representao fundamentada do agente responsvel por seu cumprimento.
TTULO VIII
DOS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS
CAPTULO I
NORMAS GERAIS
Seo I
Do Direito de Petio

Art. 31 Fica assegurado a qualquer pessoa, fsica ou jurdica, independentemente

de pagamento, o direito de petio para defesa de direitos, bem como contra
ilegalidade ou abuso de poder.
Pargrafo nico As associaes, quando expressamente autorizadas por seus
estatutos ou por ato especial, e os sindicatos podero exercer o direito de
petio, em defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais de seus
membros.
Art. 32 Em nenhuma hiptese, a Administrao Pblica Estadual poder recusar-se
a protocolar a petio, sob pena de responsabilidade do agente.
Seo II
Da Forma, Tempo e Lugar dos Atos do Processo Administrativo
Art. 33 Os atos do processo administrativo no dependem de forma determinada,
seno quando a lei expressamente a exigir.
1

Salvo imposio legal, o reconhecimento de firma somente ser exigido

quando houver fundada dvida de autenticidade.

A autenticao de documentos exigidos em cpia poder ser feita pelo

rgo administrativo.

O processo
rubricadas.

dever

ter

suas

pginas

numeradas

seqencialmente

Art. 34 Os atos do processo devem realizar-se em dias teis, no horrio normal

de funcionamento da repartio na qual tramitar o processo.
Art. 35 Os atos do processo devem realizar-se preferencialmente na sede do
rgo, cientificando-se o interessado, quando imprescindvel sua presena, se
outro for o local de realizao.
Seo III
Dos Prazos
Art. 36 Quando outros no estiverem previstos nesta lei ou em disposies
especiais, sero obedecidos os seguintes prazos mximos nos procedimentos
administrativos:
I -

para

autuao,

juntada

aos

autos,

publicao

outras
F-II-7

Estado de Mato Grosso

providncias de mero expediente: 02 (dois) dias;
II -

para expedio de intimao pessoal: 05 (cinco) dias;

III -

para elaborao e apresentao de informes sem carter tcnico

ou jurdico: 05 (cinco) dias;

IV -

para elaborao e apresentao de pareceres

carter tcnico ou jurdico: 15 (quinze) dias;

ou

informes

de

V - para manifestaes do particular ou providncias a seu cargo: 05

(cinco) dias;
VI -

para decises no curso do procedimento: 05 (cinco) dias;

VII -

para deciso final: 20 (vinte) dias;

VIII -

para outras providncias da Administrao Pblica Estadual: 05

(cinco) dias.

O prazo fluir a partir do momento em que, vista das circunstncias,

tornar-se logicamente possvel a produo do ato ou a adoo da
providncia.

Os prazos previstos neste artigo podero ser, caso a caso, prorrogados

uma vez, por igual perodo, pela autoridade competente, vista de
representao fundamentada do agente responsvel por seu cumprimento.

Art. 37 O prazo mximo para deciso de requerimentos de qualquer espcie

apresentados Administrao Pblica Estadual ser de 120 (cento e vinte) dias,
se outro no for legalmente estabelecido.
1

Ultrapassado o prazo sem deciso, o interessado poder considerar

rejeitado o requerimento na esfera administrativa, salvo previso legal
em contrrio.

Quando a complexidade da questo envolvida no permitir o atendimento do

prazo previsto neste artigo, a autoridade cientificar o interessado das
providncias at ento tomadas, sem prejuzo do disposto no pargrafo
anterior.

O disposto no 1 deste artigo no desonera a autoridade do dever de

apreciar o requerimento.
Seo IV
Da Publicidade

Art. 38 No curso de qualquer procedimento administrativo, as citaes e

intimaes, quando feitas pessoalmente ou por carta com aviso de recebimento,
observaro as seguintes regras:
I -

constitui nus do requerente informar seu endereo

correspondncia, bem como alteraes posteriores;

para

II -

considera-se efetivada a intimao por carta com sua entrega no

endereo fornecido pelo interessado;

III -

na citao e intimao pessoal, caso o destinatrio se recuse a

assinar o comprovante de recebimento, o servidor encarregado
certificar a entrega e a recusa;
F-II-8

IV -

Estado de Mato Grosso

quando o particular estiver representado nos autos por
procurador, a este sero dirigidas as intimaes, salvo
disposio expressa em contrrio.

Art. 39 A intimao dever conter:

I -

a identificao
administrativa;

do

intimado

nome

do

rgo

ou

entidade

II -

finalidade da intimao;

III -

indicao dos fatos e fundamentos legais pertinentes;

IV -

informao da continuidade do processo independentemente do seu

comparecimento;

V -

se necessrio, data, hora e local em que deve comparecer.

A intimao pode ser efetuada por cincia no processo, por via postal com
aviso de recebimento, por telegrama ou por outro meio que assegure a
certeza da cincia do interessado.

No caso de interessados indeterminados, desconhecidos ou com domiclio

indefinido, a intimao deve ser feita por meio de publicao no Dirio
Oficial do Estado de Mato Grosso.

3 As intimaes sero nulas quando feitas sem observncia das prescries

legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade.
Art. 40 O desatendimento intimao no importa o reconhecimento da verdade dos
fatos, nem a renncia a direito pelo administrado.
Pargrafo nico No prosseguimento do processo administrativo, ser garantido
direito de ampla defesa ao interessado.
Art. 41 Devem ser objeto de intimao os atos do processo que resultem para o
interessado em imposio de deveres, nus, sanes ou restrio ao exerccio de
direitos e atividades e atos de outra natureza, de seu interesse.
Art. 42 Ao advogado fica assegurado o direito de retirar os autos da repartio,
mediante recibo, durante o prazo para manifestao de seu constituinte, salvo na
hiptese de prazo comum.
CAPTULO II
DO INCIO DO PROCESSO
Art. 43 O processo administrativo pode iniciar-se de ofcio ou a pedido de
interessado.
Art. 44 O requerimento inicial do interessado deve ser formulado por escrito e
conter os seguintes dados:
I -

rgo ou autoridade administrativa a que se dirige;

II -

identificao do interessado e de quem o represente, sendo o

caso;

III -

domiclio
do
comunicaes;

requerente

IV -

formulao

pedido,

do

com

ou

local

exposio

para
dos

recebimento
fatos

de

de
seus

F-II-9

Estado de Mato Grosso

fundamentos;
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante.
Pargrafo nico vedada Administrao Pblica Estadual a recusa de
recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o interessado quanto ao
suprimento de eventuais falhas.
Art. 45 Os rgos e entidades administrativas devero elaborar modelos
formulrios padronizados para assuntos que importem pretenses equivalentes.

ou

Art. 46 Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados tiverem contedo e

fundamentos idnticos, podero ser formulados em um nico requerimento, salvo
preceito legal em contrrio.
CAPTULO III
DA INSTRUO DO PROCESSO
Art. 47 As atividades de instruo destinadas a averiguar e comprovar os dados
necessrios tomada de deciso realizam-se de ofcio, sem prejuzo do direito
dos interessados de propor atuaes probatrias.
1

O rgo competente para a instruo far constar dos autos os dados

necessrios deciso do processo.

Os atos de instruo que exijam a atuao

realizar-se do modo menos oneroso para estes.

dos

interessados

devem

Art. 48 O rgo ou entidade da Administrao Pblica Estadual que necessitar de

informaes de outro, para instruo de procedimento administrativo, poder
requisit-las diretamente sem observncia da vinculao hierrquica, mediante
ofcio, do qual uma cpia ser juntada aos autos.
Art. 49 Durante a instruo, os
permanecero na repartio competente.

autos

do

procedimento

administrativo

Art. 50 Quando a matria do processo envolver assunto de interesse geral, a

autoridade competente poder, mediante despacho motivado, abrir perodo de
consulta pblica para manifestao de terceiros, antes da deciso do pedido, se
no houver prejuzo para a parte interessada.
1

A abertura da consulta pblica ser objeto de divulgao pelos meios

oficiais, a fim de que as pessoas fsicas ou jurdicas possam examinar os
autos, fixando-se prazo para oferecimento de alegaes escritas.

O comparecimento consulta pblica no confere, por si, a condio de

interessado no processo, mas confere o direito de obter da Administrao
Pblica Estadual resposta fundamentada, que poder ser comum a todas as
alegaes substancialmente escritas.

Art. 51 Antes da tomada de deciso, a juzo da autoridade, diante da relevncia

da questo, poder ser realizada audincia pblica para debates sobre a matria
do processo.
Art. 52 Os rgos e entidades administrativas, em matria relevante, podero
estabelecer outros meios de participao de administrados, diretamente ou por
meio de organizaes e associaes legalmente constitudas.
Art. 53 Os resultados da consulta, da audincia pblica e de outros meios de
participao de administrados devero ser apresentados com a indicao do
procedimento adotado.
F-II-10

Estado de Mato Grosso

Art. 54 Quando necessria instruo do processo, a audincia de outros rgos
ou entidades administrativas poder ser realizada em reunio conjunta, com a
participao de titulares ou representantes dos rgos competentes, lavrando-se
a respectiva ata, a ser juntada aos autos.
Art. 55 Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuzo do
dever atribudo ao rgo competente para a instruo e do disposto no artigo
seguinte desta lei.
Art. 56 Quando o interessado declarar que fatos e dados esto registrados em
documentos existentes no prprio rgo ou entidade administrativa responsvel
pelo processo, o rgo competente para a instruo providenciar, de ofcio, a
obteno dos documentos ou das respectivas cpias.
Art. 57 O interessado poder, na fase instrutria e antes da tomada da deciso,
juntar documentos e pareceres, requerer diligncias e percias, bem como aduzir
alegaes referentes matria objeto do processo.
1

Os elementos probatrios
relatrio e da deciso.

devero

ser

considerados

na

motivao

do

Somente podero ser recusadas, mediante deciso fundamentada, as provas

propostas pelos interessados quando sejam ilcitas, impertinentes,
desnecessrias ou protelatrias.

Art. 58 Quando for necessria a prestao de informaes ou a apresentao de

provas pelos interessados ou terceiros, sero expedidas intimaes para esse
fim, mencionando-se data, prazo, forma e condies de atendimento.
Art. 59 Quando a apresentao das provas solicitadas aos interessados for
necessria apreciao de pedido formulado, o no-atendimento no prazo fixado
pela Administrao Pblica Estadual para a respectiva apresentao implicar
arquivamento do processo.
Art. 60 Encerrada a instruo, o interessado ter o direito de manifestar-se no
prazo mximo de 10 (dez) dias, salvo outro prazo legalmente fixado.
Art. 61 Em caso de risco iminente, a Administrao Pblica Estadual poder
motivadamente adotar providncias acauteladoras sem a prvia manifestao do
interessado.
Art. 62 O rgo de instruo que no for competente para emitir a deciso final
elaborar relatrio indicando o pedido inicial, o contedo das fases do
procedimento e formular proposta de deciso, objetivamente justificada,
encaminhando o processo autoridade competente.
CAPTULO IV
DA DECISO DO PROCESSO
Art. 63 A Administrao Pblica Estadual tem o dever de emitir deciso nos
processos administrativos, em matria de sua competncia.
Art. 64 A motivao indicar as razes que justifiquem a edio do ato,
especialmente a regra de competncia, os fundamentos de fato e de direito e a
finalidade objetivada.
1

A motivao do ato no procedimento administrativo poder consistir em

declarao de concordncia com fundamentos de anteriores pareceres,
informaes, propostas ou decises, que, neste caso, sero parte
integrante do ato.
F-II-11

Estado de Mato Grosso

2

Na soluo de vrios assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio

mecnico que reproduza os fundamentos das decises, desde que no
prejudique direito ou garantia dos interessados.

A motivao das decises de rgos colegiados e comisses ou de decises

orais constar da respectiva ata ou de termo escrito.
CAPTULO V
DA EXTINO DO PROCESSO

Art. 65 O interessado poder, mediante manifestao escrita, desistir total ou

parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos disponveis.
1

Havendo vrios interessados, a desistncia ou renncia atinge somente

quem a tenha formulado.

A desistncia ou renncia do interessado, conforme o caso, no prejudica

o prosseguimento do processo, se a Administrao Pblica Estadual
considerar que o interesse pblico assim o exige.

Art. 66 O rgo competente poder declarar extinto o processo quando exaurida

sua finalidade ou o objeto da deciso se tornar impossvel, intil ou
prejudicado por fato superveniente.
TTULO IX
DOS RECURSOS
CAPTULO I
DISPOSIO PRELIMINAR
Art. 67 Das decises administrativas cabe recurso, por razes de legalidade e de
mrito.
Art. 68 So irrecorrveis, na esfera administrativa, os atos de mero expediente
ou preparatrios de decises.
Art. 69 Contra decises tomadas originariamente pelo Governador do Estado,
caber pedido de reconsiderao, que no poder ser renovado, observando-se, no
que couber, o regime do recurso previsto no art. 67.
Pargrafo nico O pedido de reconsiderao s ser admitido se contiver novos
argumentos, e ser sempre dirigido autoridade que houver expedido o ato ou
proferido a deciso.
CAPTULO II
DA LEGITIMIDADE PARA RECORRER
Art. 70 Tm legitimidade para interpor recurso administrativo os interessados
citados no art. 8 desta lei, desde que prejudicados pela deciso.
CAPTULO III
DA COMPETNCIA PARA CONHECER DO RECURSO

F-II-12

Estado de Mato Grosso

Art. 71 Quando norma legal no dispuser de outro modo, ser competente para
conhecer do recurso a autoridade imediatamente superior quela que praticou o
ato.
Art. 72 Salvo disposio legal em contrrio, a instncia mxima para o recurso
administrativo ser:
I -

na Administrao centralizada, o Secretrio de Estado ou

autoridade a ele equiparada, excetuados os casos em que o ato
tenha sido praticado originariamente;

II -

na Administrao
pessoa jurdica.

descentralizada,

dirigente

superior

da

CAPTULO IV
DOS REQUISITOS DA PETIO DE RECURSO
Art. 73 O recurso interpe-se por meio de requerimento no qual o recorrente
dever expor os fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os documentos
que julgar convenientes.
Art. 74 A petio de recurso observar os seguintes requisitos:
I -

ser dirigida autoridade recorrida e protocolada no rgo a

que esta pertencer;

II -

trar a indicao
recorrente;

III -

conter exposio das razes de inconformidade;

IV -

conter o pedido de nova deciso.

do

nome,

qualificao

endereo

do

Art. 75 Salvo disposio legal em contrrio, o prazo para apresentao de

recurso ou pedido de reconsiderao ser de 15 (quinze) contados da publicao
ou intimao do ato.
1

Quando a lei no fixar prazo diferente, o recurso administrativo dever

ser decidido no prazo mximo de 30 (trinta) dias, a partir do recebimento
dos autos pelo rgo competente.

O prazo mencionado no pargrafo anterior poder ser prorrogado por igual

perodo, mediante justificativa explcita.

Art. 76 Conhecer-se- do recurso erroneamente designado, quando de seu contedo

resultar induvidosa a impugnao do ato.
CAPTULO V
DOS EFEITOS DOS RECURSOS
Art. 77 Salvo
suspensivo.

disposio

legal

em

contrrio,

recurso

no

tem

efeito

Pargrafo nico Havendo justo receio de prejuzo de difcil ou incerta reparao

decorrente da execuo, a autoridade recorrida ou a imediatamente superior
poder, de ofcio ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
CAPTULO VI
F-II-13

Estado de Mato Grosso

DA TRAMITAO DOS RECURSOS
Art. 78 A tramitao dos recursos observar as seguintes regras:
I -

a petio ser juntada aos autos em 02 (dois) dias, contados da

data de seu protocolo;

II -

requerida a concesso de efeito suspensivo, a autoridade

recorrida apreciar o pedido nos 05 (cinco) dias subseqentes;

III -

havendo outros interessados representados nos autos, que possam

ser prejudicados pela nova deciso, sero estes intimados, com
prazo comum de 15 (quinze) dias, para oferecimento de contrarazes;

IV -

com ou sem contra-razes, os autos sero submetidos ao rgo

jurdico, para elaborao de parecer, no prazo de 15 (quinze)
dias;

V - a autoridade recorrida poder reconsiderar seu ato, nos 05 (cinco)

dias subseqentes;
VI -

mantido o ato,
competente para
(trinta) dias.

os autos sero encaminhados autoridade

conhecer do recurso, para deciso, em 30

As decises previstas nos incisos II, V e VI sero encaminhadas, em 02

(dois) dias, publicao no Dirio Oficial do Estado de Mato Grosso.

Da deciso prevista
administrativa.

no

inciso

II,

no

caber

recurso

na

esfera

Art. 79 Os recursos dirigidos diretamente ao Governador do Estado de Mato Grosso

sero, previamente, submetidos Procuradoria-Geral do Estado, para parecer, a
ser apresentado no prazo mximo de 15 (quinze) dias.
Art. 80 O recurso no ser conhecido quando interposto:
I -

fora do prazo;

II -

perante rgo incompetente;

III -

por quem no seja legitimado;

IV -

depois de exaurida a esfera administrativa.

Na hiptese do inciso II, ser indicada ao recorrente

competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.

autoridade

O no-conhecimento do recurso no impede a Administrao Pblica Estadual

de rever de ofcio o ato ilegal, desde que no ocorrida a hiptese
prevista no art. 26.
CAPTULO VII
DA DECISO DOS RECURSOS

Art. 81 O rgo competente para decidir o recurso poder confirmar, modificar,

anular ou revogar, total ou parcialmente, a deciso recorrida, se a matria for
de sua competncia.
F-II-14

Estado de Mato Grosso

Art. 82 A deciso de recurso no poder, no mesmo procedimento, agravar a
restrio produzida pelo ato ao interesse do recorrente, salvo em casos de
invalidao.
Art. 83 Ultrapassado, sem deciso, o prazo de 120 (cento e vinte) dias contado
do protocolo do recurso que tramite sem efeito suspensivo, o recorrente poder
consider-lo rejeitado na esfera administrativa.
1

No caso do pedido de reconsiderao previsto no art. 69, o prazo para a

deciso ser de 90 (noventa) dias.

O disposto neste artigo no desonera a autoridade do dever de apreciar o

recurso.

Art. 84 Os processos administrativos de que resultem sanes podero ser

revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofcio, quando surgirem fatos novos
ou circunstncias relevantes suscetveis de justificar a inadequao da sano
aplicada.
Pargrafo
sano.

nico

Da

reviso

do

processo

no

poder

resultar

agravamento

da

Art. 85 Esgotados os recursos, a deciso final tomada em procedimento

administrativo formalmente regular no poder ser modificada pela Administrao
Pblica Estadual, salvo por invalidao ou reviso, ou quando o ato, por sua
natureza, for revogvel.
TTULO X
DAS DISPOSIES FINAIS
Art. 86 O descumprimento injustificado, pela Administrao Pblica Estadual, dos
prazos previstos nesta lei gera responsabilidade disciplinar, imputvel aos
agentes pblicos encarregados do assunto, no implicando, necessariamente, em
invalidao do procedimento.
1

Respondem tambm os superiores hierrquicos que se omitirem na

fiscalizao dos servios de seus subordinados, ou que de algum modo
concorram para a infrao.

Os prazos concedidos aos particulares podero ser devolvidos, mediante

requerimento do interessado, quando bices causados pela Administrao
Pblica Estadual resultarem na impossibilidade de atendimento do prazo
fixado.

Art. 87 Os prazos comeam a correr a partir da data da cientificao oficial,

excluindo-se da contagem o dia do comeo e incluindo-se o do vencimento.
1

Considera-se prorrogado o prazo at o primeiro dia til seguinte se o

vencimento cair em dia em que no houver expediente ou este for encerrado
antes da hora normal.

Os prazos expressos em dias contam-se de modo contnuo.

Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a data.

No caso do pargrafo anterior, no havendo, no ms do vencimento, o dia

equivalente quele do incio do prazo, tem-se como termo o ltimo dia do
ms.

Art. 88 Salvo motivo de fora

processuais no se suspendem.

maior

devidamente

comprovado,

os

prazos
F-II-15

Estado de Mato Grosso

Art. 89 Os processos administrativos especficos continuaro a reger-se por lei
prpria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta lei.
Art. 89-A Tero prioridade na tramitao, em qualquer rgo ou instncia, os
procedimentos administrativos em que figure como parte ou interessado: (
Includo pela Lei N. 9.354, de 10 de maio de 2010)
I -

pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos; (

Includo pela Lei N. 9.354, de 10 de maio de 2010)

II -

pessoa portadora de deficincia, fsica ou mental;( Includo

pela Lei N. 9.354, de 10 de maio de 2010)

III -

pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose mltipla,

neoplasia
maligna,
hansenase,
paralisia
irreversvel
e
incapacitante,
cardiopatia
grave,
doena
de
Parkinson,
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, heptopatia
grave,
estados
avanados
da
doena
de
Paget
(ostete
deformante),
contaminao
por
radiao,
sndrome
da
imunodeficincia adquirida, ou outra doena grave, com base em
concluso da medicina especializada, mesmo que a doena tenha
sido contrada aps o incio do processo.( Includo pela Lei
N. 9.354, de 10 de maio de 2010)

A pessoa interessada na obteno do benefcio, juntando prova de sua

condio, dever requer-lo autoridade administrativa competente, que
determinar as providncias a serem cumpridas.( Includo pela Lei N.
9.354, de 10 de maio de 2010)

Deferida a prioridade, os autos recebero identificao prpria

evidencie o regime de tramitao prioritria.(Includo pela Lei
9.354, de 10 de maio de 2010)

que
N.

Art. 90 Esta lei entra em vigor na data de sua publicao.

Art. 91 Revogam-se as disposies em contrrio.
Palcio Paiagus, em Cuiab, 1 de julho de 2002.
JOS ROGRIO SALLES
Governador do Estado

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