Álgebra Unidade III
Álgebra Unidade III
Álgebra Unidade III
Unidade III
5 Estrutura de grupo
Seja G um conjunto munido de uma operao * (tem de ser binria, isto , uma regra que faz
corresponder, a cada par de elementos do conjunto G, um nico elemento desse mesmo conjunto).
Diremos que G tem uma estrutura de grupo ou um grupo em relao operao *, ou ainda que
(G, *) um grupo se:
I. a operao * associativa, isto : a * (b * c) = (a * b) * c, quaisquer que sejam a, b, c G;
II. existe, em A, o elemento neutro e para a operao *, isto :
a * e = a = e * a, para todo a G;
III. cada elemento a A admite um simtrico a para a operao *, isto : a * a = e = a * a, para
todo a G.
Caso as condies anteriores sejam satisfeitas, ento (G, *) um grupo. Em outras palavras, se (G, *)
satisfaz as trs propriedades anteriores e tambm atende a seguinte propriedade:
a operao * comutativa, isto : a * b = b * a, quaisquer que sejam a, b G. Ento, (G, *) um
grupo abeliano ou comutativo.
Lembrete
O termosimtricopode se referir a nomes diferentes, dependendo
do tipo operao que utilizamos. Sendo utilizada a adio usual, o
simtrico aditivo de n G denotado por n e conhecido na literatura
como oposto, mas se utilizamos a multiplicao usual, o simtrico
multiplicativo de n G denotado por n1, conhecido na literatura
como inverso.
So exemplos de grupo abeliano:
Exemplo 1
Grupo aditivo dos nmeros inteiros (Z, +).
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Exemplo 2
Grupo aditivo dos nmeros racionais (Q, +).
Exemplo 3
Grupo aditivo dos nmeros reais (R, +).
Exemplo 4
Grupo aditivo dos nmeros complexos (C, +).
Exemplo 5
Grupo multiplicativo dos nmeros racionais (sem o zero) (Q*, . ).
Exemplo 6
Grupo multiplicativo dos nmeros reais (sem o zero) (R*, . ).
Exemplo 7
Grupo multiplicativo dos nmeros complexos (sem o zero) (C*, . ).
Exemplo 8
Todos os espaos vetoriais para adio.
Exemplo 9
O conjunto das simetrias de um tringulo equiltero.
Exemplo 10
GLn (R), x, isto , o conjunto das matrizes reais quadradas (n x n) inversveis com n > 1, para
multiplicao usual de matrizes.
Contraexemplos, ou melhor, no so grupos abelianos:
o conjunto dos naturais com operao adio usual (N, +);
o conjunto dos naturais com operao de potenciao, sendo x* y = xy (N, *);
o conjunto dos reais com operao de multiplicao (R, x);
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Unidade III
Mn(R), x, isto , o conjunto das razes reais quadradas (n x n) para multiplicao usual de matrizes;
o conjunto dos nmeros inteiros Z. Este e a operao de multiplicao no formam uma estrutura
de grupo, pois nenhum nmero inteiro a, exceto 1 e 1, tem inverso em Z.
Voltando aos exemplos de grupos, como ilustrao, provaremos que o conjunto dos nmeros
complexos C, munido da operao de adio, forma uma estrutura de grupo abeliano. Inicialmente,
devemos lembrar que um nmero complexo representado algebricamente por x = a + bi, em que a e
b so nmeros reais e i = 1 .
Voltando a abordar os exemplos sobre grupos, verifiquemos se o conjunto dos nmeros complexos
com a operao de adio (C, +) um grupo abeliano. Para tanto, vamos ver quais as propriedades
vlidas para que os complexos sejam tal grupo. Vamos l:
I. a operao de multiplicao associativa, isto : x * (y * z) = (x * y) * z, quaisquer que sejam
x, y, z C.
Para verificar a validade da propriedade associativa, vamos definir trs nmeros complexos: x = a +
bi; y = c + di; z = e + fi. Substituindo, temos:
x * (y * z) = (x * y) * z
x * (c + di + e + fi) = (a + bi + c + di) * z
a + bi + (c + di + e + fi) = (a + bi + c + di) + e + fi
a + c + e + (b + d + f)i = a + c + e + (b + d + f)i
H, portanto, atendimento propriedade associativa.
II. Existe, em A, o elemento neutro e para a operao *, isto :
x * e = x = e * x, para todo x A;
Ento, temos, por um lado:
i)
x*e=x
a + bi + e = a + bi
e = a + bi (a + bi)
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e=0
e, por outro lado:
ii)
e*x=x
e + a + bi = a + bi
e = a + bi (a + bi)
e=0
Portanto, como i = ii, o elemento neutro existe e o nmero 0 (zero).
Cada elemento x A admite um simtrico x para a operao *, isto :
x * x = e = x * x, para todo x C.
Por um lado, temos:
i)
x * x = e
x + a + bi = 0
x = a bi + 0
x = a bi
Por outro lado, temos:
ii)
x * x = e
a + bi + x = 0
x = a bi + 0
x = a bi
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Unidade III
Portanto, como i = ii, todo nmero complexo tem um simtrico para a operao de adio, que x = a bi.
A operao * comutativa, isto : x * y = y * x para quaisquer que sejam x, y C.
x * y = y * x
a + bi + c + di = c + di + a + bi
a + c + (b + d)i = a + c + (b + d)i
Portanto, vale a propriedade associativa. Podemos concluir, ento, que (C, +) um grupo abeliano.
Voc encontrar, em seus estudos, vrias simplificaes de notao. Desse modo, ao invs do grupo
G com a operao estrela (G*), muitos autores dizem apenas grupo G quando no existe ambiguidade
no que se refere operao considerada. Geralmente, quando falamos da operao de multiplicao,
substituise x*y por x . y ou ainda xy. Nessa operao, o inverso de cada elemento x ser x1.
O elemento neutro de um grupo G, genericamente falando, denotado por e. Quando trabalhamos
com a operao aditiva, se temos um grupo abeliano, o elemento neutro simbolizado por 0 e o inverso
genericamente chamado de elemento simtrico do elemento x e representado por x.
Apresentaremos agora algumas propriedades bsicas de um grupo G, usando a notao da
multiplicao entre elementos.
Se x e y so elementos de G, ento, o inverso de xy, isto , (xy)1 dado por: (xy)1 = y1 x1. Como
consequncia, temos a propriedade aplicada multiplicao de matrizes n x n: (AB)1 = B1 A1.
Outra propriedade diz respeito lei de cancelamento. Se x e y so elementos de um grupo G, ento,
xy = xz y = z lei de cancelamento esquerda
yx = zx y = z lei de cancelamento direita.
Essa propriedade importante na multiplicao de matrizes, na qual, geralmente, AB BA, mas vale
a lei do cancelamento.
Se temos uma expresso do tipo: XA = B, em que X, A e B so matrizes n x n e A admite inversa (A1), para
determinarmos a matriz X, usamos a lei do cancelamento direita, isto , multiplicamos a expresso XA = B
por A1 pela direita, obtendo XAA1 = BA1 XI = BA1 X = BA1, em que I a matriz identidade de ordem n.
A lei geral de associatividade provada por induo (veja observao a seguir).
Consideremos um conjunto finito de elementos x1, x2, ..., xn de um grupo G. Podemos combinar,
usando a operao de multiplicao, de diversas formas diferentes, quaisquer que sejam, e obteremos
sempre o mesmo resultado.
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Observao
O princpio da induo finita um mtodo matemtico importante para
mostrar, de uma forma dedutiva, se uma induo ou proposio matemtica
completamente verdadeira ou falsa. utilizado para proposies que
esto inseridas no conjunto dos nmeros naturais. Vale dizer que esse no
o nico mtodo para tal fim.
Para verificar a validade de uma propriedade ou proposio, tomemos o conjunto dos nmeros
naturais (N) ou inteiros positivos (Z+) e indiquemos P(n) como sendo uma propriedade ou proposio
verdadeira ou falsa aplicvel aos nmeros naturais. Seguimos ento os seguintes passos:
1) determinamos P(1) (para n =1). Se essa proposio for verdadeira, seguimos para o prximo;
2) supondo, ento, que P(k), para um k genrico, seja verdadeira, determinamos e avaliamos P(k +1) k N;
3) se P(k +1) tambm for verdadeira, a proposio P(n) ser verdadeira k N.
Saiba mais
Para aprofundar seu conhecimento sobre induo finita, veja exemplos
e exerccios disponveis em: ECLCULO. O princpio da induo finita. So
Paulo: USP. Disponvel em: <http://ecalculo.if.usp.br/ferramentas/pif/pif.
htm> Acesso em: 02 out. 2012.
5.1 Subgrupo
O subgrupo de um grupo G possui uma estrutura com a mesma operao definida no grupo G.
Os grupos G e {e} so subgrupos do grupo G; so chamados de subgrupos triviais de G. Os demais
subgrupos, caso existam, so chamados subgrupos prprios.
Consideremos H um subconjunto de G se, e somente se:
a) a operao entre dois elementos de H ainda pertencer a H, isto , para todo x, y H, temos xy H;
b) o elemento neutro pertencer a H;
c) o inverso de todo elemento de H tambm pertencer a H, ou seja, para todo x H, temos x1 H.
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Exemplos:
1) Para todo n N, o conjunto dos mltiplos de n um subgrupo de (Z, +), ou seja, nZ = {nx / x Z}.
2) Todos os conjuntos de razes de ndice n > 1 so subgrupos de C {0}.
3) Sejam H1, H2, ..., Hn subgrupos de G. Ento, H = H1 H2 ... Hn um subgrupo de G.
4) Seja G o conjunto de todas as retas do plano com coeficiente angular no nulo. G = {f: R R /
f(x) = ax + b, a 0 e a, b R} um grupo com a operao composio de funes. Tomemos
H como sendo o conjunto das retas do plano com coeficiente angular igual a 1, isto , H = {f : R
R / f(x) = 1x + b; b R}. Ento, H subgrupo de G.
5.2 Semigrupo
Dado um conjunto B no vazio, uma funo *: B B B chamada de operao binria sobre o conjunto B,
definindo, assim, uma estrutura algbrica [B,*].
2
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Exemplos:
1) as operaes de multiplicaes sobre os naturais;
2) as operaes de multiplicaes sobre os inteiros;
3) as operaes de multiplicaes sobre os racionais;
4) as operaes de multiplicaes sobre os reais.
Observao
Seja (N*, *), que corresponde ao conjunto dos nmeros naturais sem
o zero com a operao estrela. Definimos * da seguinte forma: dados
a, b N, a* b = ab, definida a propriedade de potenciao sobre os
naturais sem o zero, que no associativa, nem comutativa, nem possui
elemento neutro.
6 Anis e Corpos
Enunciaremos, a seguir, as propriedades que devero ser satisfeitas para que um conjunto munido
de duas operaes (em particular nos restringiremos adio e multiplicao) tenha uma estrutura
de anel. Buscaremos apresentar tais propriedades de forma mais objetiva para favorecer a compreenso
dessa estrutura.
Por meio da extenso das propriedades de anel para anel com unidade, anel comutativo e domnio de
integridade, definiremos uma estrutura de corpo, de modo que, a cada nova estrutura, sero satisfeitas,
alm das propriedades anteriores, mais algumas novas propriedades.
Seja A um conjunto no vazio, no qual estejam definidas duas operaes: adio e
multiplicao. Chamaremos (A, +, .) de anel se as seguintes propriedades forem verificadas para
quaisquer a, b, c A:
I. associativa da adio: a + (b + c) = (a + b) + c;
II. existe, em A, o elemento neutro 0 para a adio, isto : a + 0 = a = 0 + a;
III. cada elemento a A admite um simtrico, denotado por a para a adio, isto : a + a = 0 = a
+ (a), para todo a A;
IV. comutativa da adio: a + b = b + a;
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Unidade III
V. associativa da multiplicao: a.(b.c) = (a.b)c;
VI. distributiva da multiplicao em relao adio (esquerda e direita): a.(b + c) = a.b + a.c;
(a + b).c = a.c + b.c.
Se forem satisfeitas as propriedades anteriores, diremos que A, munido das operaes de adio e
multiplicao, forma uma estrutura de anel, ou simplesmente que (A, +, .) um anel.
6.1 Anel com identidade
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Exemplo 2
Anel comutativo dos nmeros racionais (Q, +,. ).
Exemplo 3
Anel comutativo dos nmeros reais (R, +, .).
Exemplo 4
Anel comutativo dos nmeros complexos (C, +, .).
Exemplo 5
Todos os anis numricos Z, Q, R e C so anis de integridade ou domnios de integridade.
Observe que todos os exemplos citados so anis, anis com unidade, anis comutativos e domnios
de integridade.
Exemplo 6
p p pq +p q p p
O conjunto Q dos nmeros racionais, com as operaes + =
e + . A igualdade
q q
qq
q q
p p
= pq = p q
q q
.
O simtrico de
O zero
p
p
.
q
q
p
q
0
, para q 0; o inverso do nmero racional 0 .
q
p
q
Exemplo 7
a
a
Tomemos A = M2 ( ) = 11 12 / a11, a12 , a21, a22 , o conjunto das matrizes (2 x 2) com
a21 a22
termos reais.
Definindose para todas as
Unidade III
e
a11 a12 b11 b12 a11b11 + a12b12 a11b12 + a12b22
a
=
p (t )
, em que p e q so polinmios com coeficientes
q(t )
p (t ) p (t ) .u (t )
=
.
q (t ) q (t ) .u (t )
lgebra
Tabela 4
Tabela 5
Unidade III
Multiplicando os restos: 1 x 3 = 3. Nesse caso, ao dividirmos 3 por 4, obteremos 0 no quociente e
resto 3, que o valor que vemos na tabela, ao cruzarmos, em vermelho, os nmeros 1 e 3. Observe que,
se multiplicarmos 9 x 11 = 99, em que 99= 4 x 24 + 3, isto , o resto tambm 3. Isso ilustra tambm,
assim como no caso da adio, que no precisamos trabalhar com os nmeros em si para a realizao
de tais operaes, mas apenas com seus restos.
Exemplo 12
O conjunto Z / 5 , com as operaes de adio e multiplicao, isto , (Z / 5, +, .) um exemplo de um anel
que, mais do que ser domnio de integridade, um corpo, pois obedece a condio: a. b = 0 a = 0 ou b = 0, para
quaisquer a, b A. Nessa categoria, esto todos os casos de Z / p, para p primo.
A seguir, apresentamos as tabelas de operaes de Z / 5 , em que aparecem apenas os restos das
divises de qualquer nmero inteiro por 5.
Tabela 6
Tabela 7
As operaes so efetuadas como no exemplo anterior, com o resto da diviso de cada elemento.
O que vemos de diferente nesse ltimo caso, e que se estende para todos os Z / p, com p primo,
que, na operao de multiplicao, jamais ocorrer a . b = 0 sem que tenhamos ou a = 0 ou b = 0. Essa
propriedade faz com que o conjunto dos Z / p faa parte das estruturas de corpos.
Exemplo 13
Vejamos agora o corpo dos nmeros complexos. Vamos verificar cada uma das propriedades de
corpo para esse conjunto.
A operao * associativa, isto : x * (y * z) = (x * y) * z, quaisquer que sejam x, y, z C. Para verificar
a sua validade, vamos definir trs nmeros complexos: x = a + bi; y = c + di; z = e + fi.
x * (y * z) = (x * y) * z
x * (c + di + e + fi) = (a + bi + c + di) * z
a + bi + (c + di + e + fi) = (a + bi + c + di) + e + fi
a + c + e + (b + d + f)i = a + c + e + (b + d + f)i
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Portanto, satisfaz a propriedade associativa. Existe, em, A o elemento neutro e para a operao *, isto
: x * e = x = e * x, para todo x C.
Por um lado temos:
i) x * e = x
a + bi + e = a + bi
e = a + bi (a + bi)
e=0
Por outro lado, temos:
ii) e * x = x
e + a + bi = a + bi
e = a + bi (a + bi)
e=0
Portanto, como i = ii, o elemento neutro existe e nmero 0.
Cada elemento x A admite um simtrico x para a operao *, isto : x * x = e = x * x para todo x C.
Por um lado, temos:
x * x = e
x + a + bi = 0
x = a bi + 0
x = a bi
e, por outro lado:
x * x= e
a + bi + x = 0
x = a bi + 0
x = a bi
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Unidade III
Portanto, como i = ii, todo nmero complexo tem um simtrico para a operao de adio, que
x = a bi.
A operao * comutativa, isto : x * y = y * x, quaisquer que sejam x, y C.
x * y = y * x
a + bi + c + di = c + di + a + bi
a + c + (b + d)i = a + c + (b + d)i
At aqui, mostramos que C um grupo comutativo em relao adio.
Associativa da multiplicao: x. (y. z) = (x. y)z:
x. (y. z) = (x. y)z
(a + bi) [(c + di)(e + fi)] = [(a + bi)(c + di)] (e + fi)
(a + bi)(ce + cfi + dei df)=(ac + adi + bci bd)(e + fi)
ace + acfi + adei adf + bcei bcf bde bdfi = ace + adei + bcei bde + acfi adf bcf bdfi
ace adf bcf bde + (acf + ade + bce bdf)i = ace adf bcf bde + (acf + ade + bce bdf)i
Portanto, vale a associativa na multiplicao.
Distributiva da multiplicao em relao adio (esquerda e direita): x . (y + z) = x.y + x.z (esquerda):
(a + bi)(c + di + e + fi) = (a + bi)(c + di) + (a + bi)(e + fi)
(a + bi)(c + e + di + fi) = ac + adi + bci bd + ae + afi + bei bf
ac + ae bd bf + (ad + af + bc + be)i = ac + ae bf bd + (ad + bc + af + be)i
Portanto, vale a distributiva esquerda.
Vamos, agora, verificar a propriedade distributiva da multiplicao direita, isto :
(x + y). z = x . z + y. z (direita)
(a + bi + c + di)(e + fi) = (a + bi)(e + fi)+(c + di)(e + fi)
ae + bei + ce + dei + afi bf + cfi df = ae + afi + bei bf + ce + cfi + dei df
ae + ce bf df + (be + de + af + cf)i = ae + ce bf df + (af + be + cf + de)i
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lgebra
Portanto, vale a distributiva direita.
Mostramos at aqui que (C, +,.) um anel.
Existe 1 A, 01, tal que x . 1 = x = 1. x para qualquer x C:
(a + bi)1= a + bi = 1 (a + bi)
Portanto, (C, +, .) um anel com unidade.
x . y = y . x para quaisquer a, b A:
(a + bi)(c + di) = (c + di)(a + bi)
ac + adi + bci bd = ac + cbi + adi bd
ac bd + (ad + bc)i = ac bd+(ad + cb)i
Portanto, (C, +,.) um anel comutativo.
x . y = 0 x = 0 ou y = 0 para quaisquer x, y C.
0 . (c + di) = 0c + 0di = 0 (a + bi) . 0 = a0 + 0bi = 0.
Essa propriedade validada imediatamente, j que a e b so nmeros reais.
Portanto, (C, +,.) um domnio de integridade.
Para qualquer x C, x 0, existe x` C, tal que x . x = x. x = 1.
(a + bi) (a + b i) = a + b i =
a + b i =
a
a2 + b2
b
a2 + b2
1
a bi
1 a bi
= 2 2
a + bi a + bi a bi a + b
i
Mostramos, assim, que (C, +, .) um corpo, ou seja, o conjunto dos nmeros complexos, munido da
adio e da multiplicao, forma uma estrutura de corpo.
Retomando conceitos:
Para termos um corpo, precisamos de um anel (A), conjunto no vazio, em que estejam definidas
duas operaes (adio e multiplicao) e se verifiquem as propriedades: associativa (para a adio
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Unidade III
e multiplicao); comutativa (para a adio); distributiva (da multiplicao em relao adio), e,
alm disso, que admita um nico elemento neutro (para adio) e simtrico (para multiplicao).
Se existe 1 A, 0 1, tal que a . 1 = a = 1 . a, para qualquer a A, temos um anel com unidade.
Se tivermos um anel comutativo com unidade e sem divisores de zero, dizemos ter um domnio de
integridade. Finalmente, se dado um domnio de integridade (A, +, .), tal que, para qualquer a
A, a 0, existe b A, e a . b = b . a = 1, dizemos que (A, +, .) um corpo, ou que (A, +, .) tem uma
estrutura de corpo, pois possui um elemento inverso com relao multiplicao.
Anis
M, (Z)
Z / n
(n no primo)
Domnios de integridade
Z
Corpos
QR
C, Z / p (p primo)
Figura 20
Nessa representao, temos bem clara a diviso das estruturas, vemos os corpos fazendo parte do
domnio de integridade. Podemos ver que fazem parte dos corpos os conjuntos dos nmeros reais,
racionais e complexos, mas tambm faz parte o Z p com p primo, pois, como vimos, esse conjunto
corresponde ao resto da diviso de dados nmeros por p. Contudo, como vimos no exemplo de Z / 5,
que primo, ao efetuarmos a operao de multiplicao de dois elementos desse conjunto, tal que
a . b = 0, isso s ocorre quando a = 0 ou b = 0, o que situa esse conjunto na estrutura domnios
de integridade. Finalmente, o que o enquadra nos corpos o fato de que, nesse conjunto, existem
elementos a e b, tal que ab = ba = 1, ou seja, o elemento possui um inverso.
O domnio de integridade faz parte dos anis comutativos com identidade, e vemos inserido nessa
estrutura o conjunto dos nmeros inteiros Z, o qual obedece a condio de que a . b = 0 s ocorre
quando a = 0 ou b = 0. Entretanto, o fato de no haver dois elementos no conjunto dos nmeros
inteiros, tal que ab = ba = 1 (pois para satisfazer essa relao, b teria de ser o inverso de a, e o inverso
de um nmero inteiro no um nmero inteiro) faz com que os nmeros inteiros no estejam inseridos
na estrutura de um corpo.
Os anis comutativos com identidade fazem parte dos anis com identidade, diferenciandose pelo
fato de, nessa estrutura, a operao de multiplicao obedecer a condio de comutao (ab = ba).
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Temos na figura, nessa estrutura, o conjunto Z / n para n no primo, pois, como vimos em Z / 4, esse
caso no obedece a condio de que a . b = 0 s ocorre quando a = 0 ou b = 0, pois para a = 2 e b = 2,
obtivemos um resultado 0.
Os anis com identidade fazem parte dos anis, diferenciandose apenas no fato de que, nessa
estrutura, o conjunto deve ter um termo neutro. Vemos, nessa estrutura, o conjunto formado por
matrizes quadradas (ordem n), no qual sabemos que o termo neutro de uma matriz quadrada a
matriz identidade. Contudo, as matrizes no se encaixam nos anis comutativos com identidade, pois a
multiplicao destas no obedece a lei de comutao.
Por fim, temos os anis, que devem ter definidas as operaes de adio e multiplicao com as
propriedades: associativa (para a adio e multiplicao); comutativa (para a adio); distributiva (da
multiplicao em relao adio), mas no precisa necessariamente satisfazer as condies das outras
estruturas. Um exemplo de anis que no se encaixam nas outras estruturas so matrizes retangulares,
em que no h um termo neutro para multiplicao, isto , no conseguimos construir uma matriz
identidade se a matriz no for quadrada.
Resumo
Nesta unidade estudamos e retomamos os principais conceitos de
estruturas algbricas de grupos, corpos e anis.
Quanto s principais caractersticas de um grupo, vimos que um
conjunto G um grupo, em relao a uma operao * ou (G*), se:
1) a operao * associativa, isto : a * (b * c) = (a * b) * c, quaisquer
que sejam a, b, c G;
2) existe, em A, o elemento neutro e para a operao *, isto :
a * e = a = e * a, para todo a G;
3) cada elemento a A admite um simtrico a para a operao *, isto
: a * a = e = a * a, para todo a G.
Se, alm disso, a operao * comutativa, isto : a * b = b * a, quaisquer
que sejam a, b G, ento (G, *) um grupo abeliano ou comutativo.
Lembrando de que conceito de subgrupo, dado H, H , um subconjunto
de G, H ser subgrupo se, e somente se:
a) a operao entre dois elementos de H ainda pertencer a H; isto ,
para todo x, y H, temos xy H;
101
Unidade III
b) o elemento neutro pertencer a H;
c) o inverso de todo elemento de H tambm pertencer a H, ou seja, para
todo x H, temos x1 H.
Lembremos ainda do conceito de semigrupo: um conjunto S com uma
operao binria, em que se verificam as seguintes propriedades:
a) Sejam a, b S o resultado da operao de a e b pertencente a S (a *
b S), que denominada propriedade de fechamento.
b) Para qualquer a, b, c S, temos: (a * b) * c = a * (b * c) = a * b * c, que
denominada propriedade associativa.
Dentro da classificao de semigrupos, vale lembrarmos ainda do
monoide, que um semigrupo com elemento neutro.
Relembremos, agora, as principais caractersticas e propriedades
de um anel. Seja A um conjunto no vazio no qual estejam definidas
duas operaes: adio e multiplicao. Chamaremos (A, +, .) a um
anel se as seguintes propriedades forem verificadas para quaisquer
a, b, c A:
1) associativa da adio: a + (b + c) = (a + b) + c;
2) existe, em A, o elemento neutro 0 para a adio +, isto : a + 0 = a =
0 + a;
3) cada elemento a A admite um simtrico, denotado por a para a
adio, isto : a + a = 0 = a + ( a), para todo a A;
4) comutativa da adio: a + b = b + a;
5) associativa da multiplicao: a . (b.c) = (a.b) . c;
6) distributiva da multiplicao em relao adio (esquerda e direita):
a . (b + c) = a . b + a . c; (a + b) . c = a . c + b . c.
Teremos um anel com identidade se, alm das propriedades de um
anel, ainda for satisfeita a propriedade: existe 1 A, 0 1, tal que a. 1 =
a = 1. a, para qualquer a A.
Ser um anel comutativo se, alm das anteriores, ainda satisfizer a
propriedade: a . b = b . a, para quaisquer a, b A.
102
lgebra
Ser um domnio de integridade se, alm de tudo, ainda satisfizer esta
propriedade: a . b = 0 a = 0 ou b = 0, para quaisquer a, b A.
Teremos um corpo se um domnio de integridade satisfizer a propriedade:
para qualquer a A, a 0, existe b A, tal que a . b = b . a = 1.
Exerccios
Questo 1. As afirmaes a seguir so de estrutura de grupo, anis e corpos.
I. O subconjunto H = {0 , 2 , 4} no subgrupo do grupo (Z5, +).
II. O subconjunto H = {0 , 2 , 4} no subgrupo do grupo (Z6, +).
III. 3Z = {3x ; x Z} subanel do anel (Z, +,).
IV. O anel(Z7,+,) no um anel de integridade.
Assinale a alternativa com os itens incorretos:
A) I.
B) II.
C) I e III.
D) II e IV.
E) III e IV.
Resposta correta: alternativa D.
Anlise das afirmativas
I Afirmativa correta.
Justificativa: o subconjunto H = {0 , 2 , 4} no um subgrupo do grupo (Z5,+), pois, por exemplo,
2 + 4 = 1 H (resto da diviso por 5).
II Afirmativa incorreta.
Justificativa: o subconjunto H = {0 , 2 , 4} umsubgrupo do grupo (Z6,+), pois a soma de quaisquer
dois dos elementos de H tambm um elemento de H.
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Unidade III
0 + 0 = 0 H
0 + 2 = 2 + 0 = 2 H
0 + 4 = 4 + 0 = 4 H
2 + 2 = 4 H
2 + 4 = 4 + 2 = 0 H (resto da diviso por 6).
4 + 4 = 2 H (resto da diviso por 6).
III Afirmativa correta.
Justificativa: 3Z = {3x ; x Z} um subanel do anel (Z, +,), pois 3x, 3y 3Z, tem-se:
3x + (3y) = 3x 3y = 0 3Z (3y o simtrico aditivo de 3y).
3x . (3y) = 3 . 3 . x . y = 3 . (3xy), e como 3xy um nmero inteiro, 3 . (3xy) 3Z.
IV Afirmativa incorreta.
Justificativa: o anel (Z7,+, ) um anel de integridade, pois a adio associativa, comutativa,
admite elemento neutro, e todo elemento de 7 tem simtrico aditivo. A multiplicao associativa,
comutativa, admite elemento neutro e distributiva em relao adio. Se x y = 0A, ento, ou
x = 0A ou y = 0A.
Questo 2. (ENADE 2005, Matemtica) A respeito da soluo de equaes em estruturas algbricas,
assinale a opo incorreta.
A) Em um grupo (G, ), a equao aX = b tem soluo para quaisquer a e b pertencentes a G.
B) Em um anel (A, +, ), a equao a + X = b tem soluo para quaisquer a e b pertencentes a A.
C) Em um anel (A, +, ), a equao aX = b tem soluo para quaisquer a e b pertencentes a A.
D) Em um corpo (K, +, ), a equao aX = b tem soluo para quaisquer a e b pertencentes a K, a
0.
E) Em um corpo (K, +, ), a equao aX + b = c tem soluo para quaisquer a, b e c pertencentes a
K, a 0.
Resoluo desta questo na plataforma.
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