O Destino Da Número Dez - Legados de Lorien
O Destino Da Número Dez - Legados de Lorien
O Destino Da Número Dez - Legados de Lorien
A PORTA DA FRENTE COMEA A TREMER. SEMPRE FEZ ISSO TODA VEZ QUE O
PORTO de metal fechado com fora, acontece desde que eles mudaram para o
apartamento em Harlem trs anos atrs.
Entre a entrada principal e os finos papis de parede, eles sempre esto cientes das
idas e vindas de todos que moram no prdio. Colocam a televiso no mudo para
ouvir melhor, uma garota de quinze anos de idade e um velho homem de cinquenta
e sete, filha e padrasto que raramente olham um para o outro, mas que colocaram as
diferenas de lado para assistir invaso aliengena. O homem passou quase toda a
tarde murmurando oraes em espanhol, enquanto a garota assistiu cobertura das
notcias em um silncio receoso. Tudo parece como um filme para ela, parece to
irreal que o medo ainda no despertara nela. A garota se pergunta se o bonito
homem loiro que tentou lutar contra os monstros est morto. O homem se pergunta
se a me da garota, uma garonete de um pequeno restaurante no centro,
sobreviveu ao ataque inicial.
O homem coloca a TV no mudo para que possam ouvir melhor o que acontece do
lado de fora. Um de seus vizinhos sobe correndo as escadas, gritando durante todo o
percurso.
Eles esto no quarteiro! Esto no quarteiro!
O homem range os dentes em descrena.
O garoto est perdendo. Aquelas bestas plidas no vo se incomodar com
Harlem. Estamos seguros aqui ele assegura garota.
Ele aumenta o volume. A garota no tem muita certeza sobre o que ele disse. Ela vai
at a porta e espia o lado de fora. O corredor est escuro e vazio. Assim como no
quarteiro atrs do dela, onde a reprter parece literalmente um farrapo. Ela est
suja e com manchas no rosto, sujeira por todo o seu cabelo loiro. H sangue seco em
sua boca em vez de batom. A prpria reprter mal parece entender tudo.
Eles viram as armas dos aliengenas na televiso, viram abismados os raios azuis de
energia crepitante que atiravam.
Os passos diminuem, e ento param em frente porta que ainda oscila. Os olhos do
homem esto arregalados, suas mos segurando firmemente o taco de baseball. Ele
percebe que a garota ainda no se moveu. Ela est congelada.
Ande, idiota! ele diz. V agora!
Ele gesticula para a janela da sala de estar. A janela est aberta, a escada de incndio
esperando do lado de fora.
A garota odeia quando o homem a chama de idiota. Mesmo assim, pela primeira vez
que se lembra, ela faz o que seu padrasto manda. Ela sobe na janela e a pula como
fez diversas outras vezes nesse mesmo apartamento. A garota sabe que no deveria
ir sozinha. Seu padrasto deveria fugir tambm. Ela d a volta na escada de incndio
para cham-lo, e ento de repente est olhando para dentro do apartamento
quando a porta da frente arrancada.
Os aliengenas so bem mais feios pessoalmente que na televiso.
Sua presena congela a garota onde est. Ela olha fixamente para a pele plida do
primeiro que passa pela porta, depois para seus olhos negros que no piscam, sem
contar as tatuagens bizarras.
H quatro deles no total, todos armados. o primeiro que v a garota na escada de
incndio. Ele para no vo da porta, sua arma esquisita apontada para ela.
Renda-se ou morra o aliengena diz.
Um segundo depois, o padrasto da garota acerta o aliengena no rosto com seu taco.
Foi um golpe forte o homem ganhava a vida como mecnico, seus antebraos
musculosos com a fora ganhada com as doze horas de trabalho dirias. O taco
empurrou o rosto do aliengena para dentro, e a criatura imediatamente se
transformou em cinzas.
Antes que o padrasto da garota pudesse erguer o taco mais uma vez, um alien atira
em seu peito. O homem jogado para trs no fundo do apartamento, sua camisa
pegando fogo. Ele cai sobre a mesa de centro e rola, acabando de cara com a janela,
onde trava seu olhar com a garota.
Corra! o padrasto dela de alguma forma encontra foras para gritar. Corra,
droga!
A garota comea a descer a escada de incndio. Quando chega ao final, escuta tiros
vindos do seu apartamento. Ela tenta no pensar sobre o significado daquilo. Uma
das criaturas coloca sua cara plida na janela e mira sua arma na direo da garota.
Ela se solta da escada, caindo no beco que se encontrava abaixo bem na hora em que
o ar ao seu redor crepita. Os pelos de seus braos se arrepiam e a garota conclui que
h eletricidade passando pelo metal da escada de incndio. Mas ela no se
machucou. O aliengena errou.
A garota pula alguns sacos de lixo e corre para a boca do beco, espiando pela beirada
para observar a rua na qual cresceu. H um hidrante jorrando gua, o que a lembra
das festas de vero do quarteiro. Ela v um caminho do correio cado, a parte
traseira cheia de fumaa, como se fosse explodir a qualquer instante.
Mais abaixo, estacionada no meio da rua, a garota v a pequena nave dos
aliengenas, uma das muitas que ela e seu padrasto viram sair da nave maior que
ainda flutua sobre a ilha de Manhattan. Eles passam esse vdeo vrias vezes nas
notcias, assim como o vdeo do garoto loiro.
John Smith. Esse seu nome. Assim foi como a narradora do vdeo o chamou.
Onde ele est agora?, a garota se pergunta. Provavelmente no salvando as pessoas
no Harlem, disso ela tem certeza.
A garota sabe que ela tem que se salvar sozinha.
Ela est prestes a comear a correr quando avista outro grupo de aliengenas saindo
de um prdio do outro lado da rua. Eles tm uma dzia de humanos com eles, alguns
rostos familiares da vizinhana, duas crianas que ela reconhece. Eles foram as
pessoas a se ajoelhar na rua e apontam as armas para elas. Um grande monstro
aliengena anda ao lado da linha formada pelas pessoas, clicando um pequeno objeto
em sua mo, como um guarda do lado de fora de uma casa noturna.
A garota no tem certeza se quer ver o que acontece depois. Ela ouve metal
guinchando atrs dela. Ento, se vira e v um dos aliengenas que estava em seu
apartamento descendo pela escada de incndio.
Ela corre. A garota rpida e conhece essas ruas. O metr fica a apenas alguns
quarteires de distncia. Uma vez, em um desafio, a garota desceu na plataforma e
se aventurou pelos tuneis. Os ratos e a escurido no a assustam nem um pouco em
comparao a esses aliengenas. para l que ela vai. Ela pode se esconder l, at
mesmo seguir para o centro, para tentar encontrar sua me. A garota no sabe como
vai contar para sua me sobre seu padrasto. Ela mesma ainda no acredita. Continua
a esperar que tudo no passe de um sonho.
A garota corre pelas ruas quando trs aliengenas surgem em seu caminho. Seu
instinto a faz tentar voltar, mas seu tornozelo torce e ela perde o equilbrio. Ela cai,
batendo com fora na calada. Um dos aliengenas solta um grunhido baixo e a
garota percebe que ele est rindo dela.
Renda-se ou morra ele diz, e a garota sabe que isso no uma escolha.
Os aliengenas j tm suas armas erguidas e apontadas, os dedos quase apertando os
gatilhos. Renda-se e morra. Eles vo mat-la de qualquer jeito, no importando o
que ela faa. A garota tem certeza disso.
Ela levanta as mos para se defender. um reflexo. Ela sabe que no vai ajudar em
nada contra as armas.
Mas ajuda.
As armas dos aliengenas voam para cima, fugindo das mos deles. Elas voam vinte
metros de distncia para trs deles.
Eles olham para a garota, paralisados e incertos. Ela tambm no entende o que
acabou de acontecer.
Mas ela consegue sentir alguma coisa diferente dentro dela. Algo novo. como se
ela pudesse controlar qualquer objeto no quarteiro. Tudo o que ela precisa fazer
puxar e empurrar. A garota no tem certeza de como ela sabe disso. Parece natural.
Um dos aliengenas carrega outra arma e a garota move sua mo da direita para a
esquerda. Ele voa pela rua e cai sobre o para-brisa de um carro estacionado. Os
outros dois trocam olhares e comeam a se afastar.
Quem est rindo agora? a garota pergunta, levantando-se.
Garde um deles responde num sussurro.
A garota no sabe o que isso significa. O jeito como ele falou parece ser um
xingamento. Isso faz a garota sorrir. Ela gosta de ver que essas coisas que esto pela
sua vizinhana esto com medo dela agora.
Ela pode lutar contra eles.
Ela vai mat-los.
A garota levanta as mos para o alto e o resultado um dos aliengenas sendo
erguido do cho. A garota abaixa suas mos com a mesma rapidez que as levantou,
jogando o aliengena em cima do seu companheiro. Ela repete isso at ambos se
tornarem cinzas.
Quando isso acontece, a garota olha para suas mos. Ela no sabe de onde esse
poder veio. No sabe o que significa. Mas ela vai us-lo.
Captulo um
vira a cabea e fala com um dos sobreviventes. Precisamos sair das ruas por algum
tempo. Ele precisa descansar.
A prxima coisa que me lembro de estar encostado contra a parede do hall de
entrada de um prdio residencial. Devo der desmaiado por alguns minutos. Eu tento
me fortalecer, descansar. Preciso continuar lutando.
Mas no consigo meu corpo se recusa a ser punido novamente.
Deixo meu corpo se deslizar contra a parede para que eu ento me sente no cho. O
carpete est coberto de poeira e vidro quebrado que deve ter sido explodido de fora
para dentro. H mais ou menos vinte e cinco de ns aqui. Isso foi tudo o que
conseguimos salvar. Todos sujos e manchados de sangue, alguns machucados, todos
cansados.
Quantos ferimentos curei hoje? Foi fcil, no comeo. Depois de um tempo, ento,
pude sentir meu Legado de cura drenar minha prpria energia. Devo ter atingido
meu limite.
Eu me lembro das pessoas no pelo nome, mas pelo estado em que as encontrei ou
pelo o que curei. Brao-quebrado e Preso-embaixo-do-carro parecem preocupados,
com medo.
Uma mulher, a Pulou-da-janela, coloca sua mo em meus ombros. Assinto para ela
dizendo que estou bem e ela parece aliviada. Bem na minha frente, Sam conversa
com um policial sem uniforme que parece ter uns cinquenta anos. Ele tem sangue
seco por toda parte em um lado do rosto de um corte no topo da cabea que curei.
Esqueci o nome dele ou onde o encontramos. As vozes deles parecem distantes,
como se fossem o eco vindo de um tnel a quilmetros de distncia. Tenho que me
focar para entender o que eles dizem, e mesmo isso me toma um esforo colossal.
Minha cabea parece estar envolta em algodo.
Ouvi no rdio que temos um ponto de apoio na Ponte do Brooklyn o policial
diz. Polcia de Nova York, Guarda Nacional, exrcito... caramba, todo mundo. Eles
Tento me desencostar da parede, mas minhas pernas ainda no esto prontas para
suportar todo meu peso. Seria mais fcil se eu apenas me arrastasse para a porta do
apartamento.
Olhe para mim. No sou o smbolo de nada resmungo.
Pare ele diz. Voc est exausto.
Sam coloca seu brao em volta de mim, me ajudando. Ele est se arrastando
tambm, ento tento no jogar tanto peso em cima dele.
Estivemos no inferno nas ltimas horas. A pele das minhas mos est formigando
pelo tanto que tive que usar meu Lmen, jogando bolas de fogo de peloto em
peloto de mogadorianos. Espero que no tenha danificado nenhum nervo
permanentemente ou coisa do tipo. O pensamento de acender meu Lmen agora
quase faz com que meus joelhos cedam.
Resistncia eu digo amargamente. Resistncia o que acontece depois de
voc perder uma guerra, Sam.
Voc sabe o que eu quis dizer ele responde. Posso dizer pelo tom de sua voz
trmula que um esforo para Sam parecer otimista depois de tudo o que vimos
hoje. Pelo menos ele est tentando. A maioria dessas pessoas sabia quem voc
era. Eles disseram que havia um vdeo seu ou coisa do tipo no noticirio. E tudo o
que aconteceu nas Naes Unidas voc basicamente desmascarou Setrkus Ra na
frente de uma audincia internacional. Todo mundo sabe que voc tem lutado
contra os mogadorianos. Que voc tentou impedir isso.
Ento eles sabem que eu falhei.
A porta para o apartamento do primeiro andar est entreaberta. Eu a empurro e
depois Sam a fecha e a tranca atrs de ns. Tento encontrar o interruptor de luz mais
prximo, surpreso por ver que ainda h eletricidade aqui. A eletricidade s est
presente em alguns pontos da cidade. Acho que esse bairro ainda no foi atingido
com fora. Apago as luzes rapidamente na nossa atual situao, no queremos
atrair ateno de nenhuma patrulha mogadoriana que possam estar nos arredores.
Enquanto tropeo at o colcho mais prximo, Sam fecha as cortinas do
apartamento.
O apartamento pequeno, um cmodo s. H uma pequena cozinha apertada
separada da sala de estar por um balco de granito, um pequeno closet e um
banheiro. Quem quer que viva aqui definitivamente deixou tudo com pressa, h
roupas espalhadas pelo cho, uma tigela de cereal virada para baixo e uma moldura
de foto quebrada perto da porta, parecendo ter sido pisada. Na foto, um casal em
seus vinte anos posa em uma praia tropical, um pequeno macaco no ombro do
rapaz.
Essas pessoas tinham uma vida normal. Mesmo que tenham conseguido sair de
Manhattan e estiverem em segurana, agora isso acabou. A Terra nunca mais ser a
mesma.
Eu costumava imaginar um lugar calmo como esse para Sarah e eu, uma vez que os
mogadorianos forem derrotados. No um apartamento apertado na cidade de Nova
York, mas algo simples e calmo.
H uma exploso ao longe, os mogs destruindo alguma coisa ao norte da cidade.
Percebo quo ingnuos os sonhos de vidas ps-guerra so. Nada nunca mais ser
normal depois disso.
Sarah. Espero que ela esteja bem. Era o rosto dela que eu chamava em meus
pensamentos nas horas mais difceis da nossa batalha pelos bairros de Manhattan.
Continue lutando e voc ir v-la novamente, era o que repetia para mim mesmo. Eu
queria poder falar com ela. Eu preciso falar com ela. No apenas com Sarah, mas com
Seis tambm preciso entrar em contato com os outros, tentar descobrir o que
Sarah conseguiu com Mark James e seu misterioso contato, e para saber o que Seis,
Marina e Adam fizeram no Mxico. Isso tem de ter alguma ligao com Sam ter de
repente desenvolvido um Legado. E se ele no for o nico? Preciso saber o que
aconteceu fora da cidade de Nova York, mas meu telefone via satlite foi destrudo
quando ca no Lago Oeste e o celular pr-pago est sem sinal de Internet. At agora,
somos apenas eu e Sam. Sobrevivendo.
Na cozinha, Sam abre a geladeira. Ele para e olha para mim.
errado pegarmos a comida dessas pessoas? ele pergunta.
Tenho certeza de que eles no iro se importar respondo.
Fecho meus olhos pelo o que parece ser um segundo, mas deve ter sido mais, e
quando os abro h um pedao de po perto do meu nariz.
Com uma mo esticada teatralmente como nas histrias em quadrinhos, Sam faz um
sanduche de pasta de amendoim flutuar at mim, junto com um prato de plstico e
uma colher em frente ao meu rosto. Mesmo me sentindo fraco, no posso evitar
sorrir com seu esforo.
Me desculpe, no foi minha inteno acert-lo com o sanduche Sam diz
enquanto pego a comida do ar. Ainda estou me acostumando com isso,
obviamente.
No se preocupe. fcil puxar e empurrar com telecinesia. A preciso a parte
mais difcil de se aprender.
Sem brincadeiras ele diz.
Voc est se saindo incrivelmente bem para quem desenvolveu telecinese h
apenas quatro horas, cara.
Sam se senta no colcho perto de mim com seu sanduche.
Ajuda se eu imaginar que tenho, tipo, mos invisveis. Isso faz sentido?
Penso como foi quando eu treinei minha prpria telecinesia com Henri. Parece que
foi h tanto tempo.
Eu costumava visualizar o que eu ia mover, e ento desejava que acontecesse
explico a Sam. Comeamos com coisas pequenas. Henri costumava jogar bolas de
baseball contra mim no quintal, e ento eu praticava tentando segur-las com minha
mente.
Ah, bem, no acho que brincar de batedor seja uma opo para mim neste
momento Sam observa. Encontrarei outras maneiras de praticar.
Sam flutua seu sanduche do colo. Ele inicialmente o aproxima da boca para mordlo, mas erra a altura depois de alguns segundos de concentrao.
Nada mal comento.
mais fcil quando no estou pensando sobre isso.
Como quando estvamos lutando pelas nossas vidas, por exemplo?
Sim Sam diz, movendo a cabea assentindo. Vamos falar sobre o que
aconteceu comigo, John? Ou por que aconteceu? Ou... Eu no sei. O que isso
significa?
Os Gardes desenvolvem seus Legados na adolescncia eu digo, dando de
ombros. Talvez voc seja apenas um cara atrasado.
Amigo, voc esqueceu que no sou lorieno?
Muito menos Adam, mas ele tem Legados aponto.
, mas o pai violento dele o conectou com uma Garde morta e...
Ergo uma mo e interrompo Sam.
Tudo o que quero dizer que nada est definido. Acho que os Legados no
funcionam da forma que meu povo presumia pauso por um momento para
pensar. O que aconteceu com voc tem algo a ver com o que Seis e os outros
fizeram no Santurio.
Seis fez isso... Sam comea.
Eles foram l para encontrar Lorien na Terra, e eu acho que conseguiram. E ento,
talvez Lorien tenha te escolhido.
Naes Unidas junto com o outro jovem identificado como John Smith. Ns o vemos
aqui empenhado em um combate contra os mogadorianos, fazendo coisas
humanamente impossveis...
Eles sabem meu nome falo, quase um sussurro.
Olhe Sam diz, tocando meu brao.
A cmera est mostrando novamente o cinema, quando uma forma corpulenta
lentamente se levanta da janela estilhaada. Eu no tenho uma boa viso dela, mas
imediatamente sei quem Nove estava arremessando. Ele voa do cinema para o cu,
derruba alguns mogs que ainda esto no cruzamento, e ento mergulha
violentamente na direo de Nove.
Cinco Sam diz.
A cmera no consegue acompanhar Cinco e Nove enquanto eles se chocam contra o
gramado de um pequeno parque nas proximidades, arrancando grandes pedaos de
terra do cho.
Eles esto se matando eu digo. Temos que ir at l.
Um segundo garoto extraterrestre est lutando com o primeiro, pelo menos
quando no esto lutando contra os invasores... a ncora continua, parecendo
perplexa. Ns no sabemos o motivo. No temos muitas respostas at agora,
receio. Apenas... fique em segurana, Nova York. Operaes de evacuao esto
acontecendo caso voc tenha uma rota segura para a Ponte do Brooklyn. Se voc
est prximo batalha, mantenha-se dentro de casa e...
Pego o controle remoto da mo de Sam e desligo a TV. Ele me observa enquanto
levanto, para garantir que estou bem. Meus msculos gritam em protesto e fico
tonto por alguns segundos, mas posso aguentar. Tenho que aguentar. Nunca a
expresso lute como se no houvesse amanh fez tanto sentido. Se eu for fazer
isso da maneira certa se vamos salvar a Terra de Setrkus Ra e dos mogadorianos,
ento o primeiro passo encontrar Nove e sobreviver Nova York.
Captulo dois
O MUNDO NO MUDOU. PELO MENOS, NO DE MANEIRA QUE EU
TENHA percebido.
O ar da floresta est mido e pegajoso, uma mudana bem-vinda em relao
ao clima frio das profundezas subterrneas do Santurio. Tenho que proteger
meus olhos assim que emergimos para o sol da tarde, um seguindo atrs do
outro atravs de uma passagem estreita em forma de arco que apareceu no
templo Maia.
Eles no poderiam ter nos deixado vir por aqui? resmungo, estralando
minhas costas e olhando para as centenas de degraus de calcrio aos quais
subimos mais cedo.
Assim que chegamos ao topo de Calakmul, nossos pingentes ativaram algum
tipo de portal lrico que nos teleportou para dentro do Santurio escondido
sob uma estrutura centenria construda pelos humanos. Ns nos
encontramos em uma sala de outro mundo obviamente criada pelos Ancios
em uma de suas visitas Terra. Acho que o sigilo era uma prioridade maior
que fcil acesso.
De qualquer forma, a sada no foi uma escalada e no envolveu teleportes
desorientados apenas uma escada em espiral empoeirada de uns cem
metros que nos deixou tontos e uma porta simples, que claro, no estava l
quando entramos pela primeira vez.
Adam sai do Santurio atrs de mim, seus olhos semicerrados.
E agora? ele pergunta.
Eu no sei respondo, olhando para o cu escuro. Eu meio que
esperava que o Santurio respondesse essa pergunta.
Eu... eu ainda estou incerto sobre o que vimos l. Ou sobre o que
realizamos Adam diz, hesitando. Ele tira alguns fios dos cabelos negros do
rosto enquanto me observa.
Somos dois respondo.
Verdade seja dita, nem tenho certeza sobre quanto tempo passamos debaixo
da terra. Voc perde a noo do tempo quando est em uma conversa
profunda com um ser de outro mundo feito de energia lrica pura. Ns
juntamos a maior quantidade de peas das nossas heranas lricas que
conseguimos poupar basicamente, usamos tudo o que no era arma. Uma
vez dentro do Santurio, jogamos todas aquelas pedras desconhecidas e
bugigangas dentro de um poo secreto que estava bem conectado com uma
fonte de energia dormente de loralite.
Acho que foi o suficiente para despertar a Entidade, a personificao da
prpria Lorien. Ns conversamos.
, isso aconteceu.
Mas a Entidade praticamente falou com enigmas e, no fim da nossa
conversa, a coisa virou uma supernova, sua energia inundando o Santurio e
vazando para o mundo. Assim como Adam, no tenho certeza do que
aconteceu.
Eu esperava emergir do Santurio e encontrar... alguma coisa. Talvez
colunas de energia lrica atravs dos cus, ou esses mesmos jatos
incinerando o mogadoriano mais prximo que no tenha o nome de Adam?
Talvez mais poder para os meus Legados, me colocando em um nvel que eu
seria capaz de criar uma tempestade grande o suficiente para destruir todos
os nossos inimigos? Seria muita sorte.
At onde sei, a frota mogadoriana ainda est entrando na Terra.
John, Sam, Nove e os outros podem estar correndo contra as linhas de frente
agora, e no tenho certeza se fizemos alguma coisa para ajud-los.
Marina a ltima a passar pela porta do templo. Ela se abraa, seus olhos
cheios de lgrimas, piscando contra a luz do sol.
Antes da fonte de energia explodir para o mundo, de alguma forma ela
conseguiu ressuscit-lo, mesmo que tenha sido por alguns minutos.
tempos. Vamos apenas voltar e nos encontrar com os outros. Talvez eles
tenham ideias sobre o que podemos fazer.
Adam traz Areal a bordo do Skimmer e o enrola num lenol. Ele tenta deixar o
Chimra paralisado o mais confortvel possvel antes de se sentar atrs dos
controles da nave.
Quero entrar em contato com John, descobrir o que est acontecendo fora da
selva mexicana. Puxo o telefone de satlite do bolso e me sento numa
poltrona perto de Adam. Enquanto ele comea a reiniciar a nave, ligo para
John. O telefone toca sem parar. Depois de um minuto, Marina se inclina para
frente e olha para mim.
Quo preocupados devemos ficar por ele no atender? ela pergunta.
A quantidade normal de preocupao respondo. No posso evitar olhar
para meu tornozelo. Sem novas cicatrizes como se fosse possvel no
sentirmos a dor dilacerante. Pelo menos sabemos que eles ainda esto
vivos.
Alguma coisa est errada Adam diz.
No podemos saber respondo rapidamente. No porque ele no
atende o celular uma vez que significa que...
No. Eu quero dizer, com a nave.
Quando afasto o celular da orelha, posso ouvir o som estranho que o motor
do Skimmer est emitindo. As luzes do painel na minha frente piscam
erraticamente.
Pensei que voc soubesse como fazer essa coisa funcionar eu digo.
Adam franze as sobrancelhas, ento bruscamente desliga os botes no
painel, desligando a nave. Abaixo de ns, o motor range e faz um barulho
estridente, como se algo estivesse muito errado.
Eu sei como funcionar essa coisa, Seis ele devolve. No erro meu.
Desculpe respondo, observando enquanto ele espera o motor desligar
por completo para religar a nave. O motor tecnologia mogadoriana que
deveria funcionar em um silncio mortal mais uma vez range e faz barulhos
estranhos. Talvez devssemos tentar algo alm de ligar e desligar.
Primeiro Areal, agora isso. No faz sentido Adam murmura. Os
eletrnicos ainda funcionam. Bem, tudo com exceo do diagnstico
automtico, que exatamente o que nos diria o que h de errado com o
motor.
Eu me levanto e aperto o boto que abre o painel. O domo de vidro se parte
sobre ns.
Vamos dar uma olhada eu falo.
Todos samos do Skimmer. Adam pula para inspecionar a parte de baixo da
nave, mas fico na parte de cima do cap, perto do painel. Eu me pego
olhando para o Santurio, a construo de calcrio antiga que agora nada
mais do que uma sombra. Marina est perto de mim, observando
silenciosamente.
Voc acha que venceremos? pergunto a ela, sem tempo de evitar a
pergunta. No tenho nem certeza se quero uma resposta.
Marina no diz nada por algum tempo. Depois, ela pe sua cabea em meus
ombros.
Eu acho que estamos mais perto de vencer hoje do que estivemos ontem.
Eu queria poder ter certeza de que ter vindo aqui valeu a pena eu digo,
apertando o telefone-satlite, desejando que ele toque.
Voc precisa ter f Marina responde. Estou lhe dizendo, Seis, a
Entidade fez alguma coisa...
Tento acreditar nas palavras de Marina, mas tudo em que consigo pensar so
os aspectos prticos. Eu me pergunto se a inundao de energia lrica do
Santurio foi o que acabou com nossa nave, em primeiro lugar.
Ou talvez tenha uma explicao mais simples.
Ei, gente? Adam chama debaixo da nave. Acho que vocs deveriam
ver isso.
Eu nem tenho que perguntar. O suor em meu brao formiga ela est
irradiando a aura gelada.
Vamos caar Marina diz.
Captulo trs
SOB CONDIES IDEAIS, A CAMINHADA AT A UNION SQUARE DEVERIA DEMORAR
cerca de quarenta minutos. Fica a apenas dois quilmetros daqui. Mas estas so de
longe condies no-ideais. Sam e eu estamos voltando pelos mesmos quarteires os
quais passamos tarde lutando contra os mogs. Indo de volta para o local onde a
presena mogadoriana mais forte.
Com sorte, Nove e Cinco ainda no tero se matado quando chegarmos l. Vamos
precisar deles se quisermos ter um pouco de esperana em vencer essa guerra.
De ambos.
Sam e eu seguimos pelas sombras. Alguns bairros ainda tm eletricidade, ento os
postes das ruas esto acesos, brilhando como se fosse um fim de tarde comum numa
cidade grande, como se as ruas no estivessem cheias de carros capotados e
rachaduras no pavimento. Ns evitamos esses bairros, pois sabemos que ser mais
fcil para os mogadorianos nos encontrarem.
Passamos por onde deveria ser Chinatown. Parece que um tornado atingiu aqui. As
caladas esto intransitveis em um dos lados, um bairro inteiro com prdios que
desmoronaram. H centenas de peixes mortos no meio da rua. Temos que abrir
caminho cuidadosamente atravs dos obstculos.
No meio do caminho, ainda havia pessoas perto destes bairros. O DPNY estava
tentando
conseguir
uma
evacuao
organizada,
mas
maioria
fugia
deixar isso acontecer, certo? Eu teria que lutar. E o que aconteceria depois que Sam
e eu segussemos nosso caminho? Eles so predadores. Se os deixarmos vivos,
eventualmente encontraro outra presa.
Enquanto considero isso, Sam me cutuca, apontando para um beco prximo que ir
nos ajudar a evitar os mogs.
Vamos ele fala quase sem fazer som. Antes que eles cheguem perto demais.
Fico enraizado no lugar, considerando nossa sorte. H apenas doze deles, mais a
nave. Eu j lutei com grupos maiores antes e ganhei.
Porm, ainda estou cansado da tarde que passamos batalhando sem intervalos, mas
teramos o elemento surpresa do nosso lado. Eu poderia derrubar o Skimmer antes
mesmo de eles perceberem que esto sob ataque, e o resto cairia facilmente.
Ns podemos contra eles.
John, est maluco? Sam pergunta, segurando meu ombro. No podemos
lutar contra cada mogadoriano que est em Nova York.
Mas podemos lutar contra esses aqui respondo. Estou me sentindo melhor
agora, e se alguma coisa der errado, posso nos curar depois.
Presumindo que no iremos, voc sabe, levar um tiro na cara e morrer. De batalha
em batalha, nos curar logo depois por quanto tempo acha que pode fazer isso?
Eu no sei.
H muito deles. Temos que escolher nossas batalhas.
Voc est certo admito de m vontade.
Ns seguimos em direo do beco, pulamos uma cerca de metal e emergimos no
quarteiro vizinho, deixando a patrulha mogadoriana com sua caada.
Logicamente, sei que Sam est certo. Eu no deveria gastar meu tempo com uma
dzia de mogs enquanto h uma guerra maior para ser vencida. Depois de um dia
exaustivo, eu deveria estar conservando minhas foras. Sei que tudo isso verdade.
Mesmo assim, no posso evitar me sentir um covarde por evitar as batalhas.
Sam aponta para uma placa que marca a 1st Street com a Segunda Avenida.
Ruas numeradas. Estamos chegando mais perto.
Eles estavam lutando perto da 14th Street, mas isso foi h pelo menos uma hora.
Pela forma que estava acontecendo, eles podem ter ido para qualquer direo a
partir de l.
Ento vamos manter nossos ouvidos atentos para exploses e xingamentos
criativos Sam sugere.
Ns andamos apenas alguns quarteires antes de encontrarmos nossa segunda
patrulha de mogs da noite. Sam e eu nos escondemos atrs de um caminho de
entregas, carrinhos abandonados com pes assados recentemente. Movo minha
cabea em direo frente do caminho, para observar. Mais uma vez, h doze
soldados com um Skimmer ajudando-os. Porm, esse grupo se comporta
diferentemente do ltimo. A nave est flutuando, estabilizada, com seu holofote
direcionado para uma janela estilhaada de um banco. Todos os mogs do lado de
fora tm seus canhes apontados para o prdio. Alguma coisa os assustou.
Reconto as cabeas plidas que esto olhando para a luz do holofote. Onze. Apenas
onze onde definitivamente havia doze. Ser que algum deles virou cinzas sem que eu
notasse?
Vamos Sam diz cautelosamente, provavelmente pensando que estou querendo
arrumar briga mais uma vez. Deveramos ir enquanto eles esto distrados.
Espere um pouco. Algo est acontecendo aqui.
Enquanto os outros do cobertura, dois mogs seguem em direo ao banco. Eles
esto indo devagar, com as armas apontadas, procurando por alguma coisa alm da
luz do Skimmer.
Quando alcanam o limiar do banco, ambos os mogs tm suas armas arrancadas das
mos e jogadas para longe. O esquadro inteiro pausa, congelado, frisado por esse
acontecimento.
Ouo um chiado de eletricidade atrs de mim Sam est usando sua arma e
observo enquanto os dois mogs mais prximos so explodidos em cinzas. Nos vendo
chegar por trs, um dos mogs tenta se abaixar atrs de um carro estacionado. Sam o
arranca da proteo com sua nova telecinesia e acaba com ele.
Um dos outros mogs grita uma exploso de palavras irritantes em mogadoriano num
comunicador. Provavelmente pedindo reforo pelo rdio.
Entregando nossa localizao isso no bom.
Subo no teto de um SUV estacionado convenientemente abaixo do Skimmer. No meu
caminho, arremesso uma bola de fogo no mogadoriano que est com o
comunicador. Ele engolido pelas chamas e logo no nada mais do que um monte
de cinzas envolto em engrenagens derretidas. Mesmo assim, o dano est feito. Eles
sabem que estamos aqui. Precisamos sair daqui depressa.
Salto do teto do SUV, criando uma enorme cavidade no metal com minha fora. Ao
mesmo tempo, acerto o Skimmer com um soco telecintico. No tenho o poder para
derrubar a nave, mas eu a acerto com fora suficiente, de modo que um dos lados da
nave em forma de pires se inclina para baixo, na minha direo. Subo direto em cima
da coisa, dois pilotos mogadorianos me encarando em estado de choque.
H algumas semanas, teria sido bom ver dois mogs com medo. Eu at teria dito
alguma coisa engraada, pegando emprestado algumas do livro de piadas do Nove
antes de mat-los. Mas agora depois do terror que eles desencadearam em Nova
York no perco o meu flego para isso.
Arranco a porta da cabine, soltando-a de suas dobradias e arremessando-a para a
noite. Os mogs tentam se soltar dos cintos em seus assentos, tateando por seus
canhes. Antes que eles possam fazer qualquer coisa, libero um exaustor, que solta
um fogo branco muito quente. O Skimmer imediatamente comea a ficar fora do
controle.
Pulo da nave, caindo com fora na calada abaixo, minhas pernas cansadas mal
conseguindo me suportar. O Skimmer se choca contra uma loja do outro lado da rua
e explode, fumaa preta ascendendo para fora da janela quebrada da loja.
Sam corre at mim, sua arma apontada para o cho. O resto da rea est limpa em
relao aos mogs. Por enquanto.
Derrubamos doze, e tipo, ainda falta uns cem mil Sam fala secamente.
Um deles conseguiu se comunicar com os outros. Precisamos ir digo a Sam, mas
enquanto falo, sinto a luz da outra nave acima de ns mais uma vez. A adrenalina da
batalha se foi, minha fadiga voltou. Eu tenho que me apoiar nos ombros de Sam por
um minuto, para que eu possa me orientar.
Ningum saiu do banco Sam diz. No acho que seja Nove l. A menos que ele
esteja ferido, est tudo muito quieto.
Cinco eu resmungo, me movendo cautelosamente em direo entrada
explodida do banco. Eu no tenho certeza se posso aguentar uma briga com ele
agora. Minha nica esperana que Nove tenha feito um bom trabalho com ele.
L Sam diz, apontando para a entrada escura.
Algum est se movimentando ali. Quem quer que seja, parece ter se escondido
atrs de um sof durante a batalha toda.
Ei, est tudo limpo aqui eu falo em direo ao banco, rangendo meus dentes
enquanto ilumino o interior com meu Lmen. Nove? Cinco?
No algum da Garde que cautelosamente d um passo em direo ao meu raio de
luz. uma garota. Ela provavelmente tem a nossa idade, alguns centmetros mais
baixa que eu, com um corpo magro de velocista. Seu cabelo est amarrado para trs
em tranas. Suas roupas esto desgastadas devido batalha ou ao caos geral, mas
alm disso, ela parece ilesa. Pendurada atrs do ombro esquerdo da garota h uma
mochila que parece pesada. Ela olha de Sam para mim com olhos castanhos
arregalados, eventualmente focando na luz brilhante da palma da minha mo.
Voc ele a garota diz, dando um passo frente. Voc o garoto da TV.
Agora que a garota est perto o suficiente para v-la, apago meu Lmen. No quero
iluminar nossa localizao para os reforos mogadorianos que esto a caminho.
Eu sou John digo a ela.
John Smith. , eu sei a garota responde, assentindo exageradamente. Eu sou
Daniela. Voc realmente acabou com aqueles aliengenas infernais.
Ahn, obrigado.
Havia algum l dentro com voc? Sam interrompe, esticando seu pescoo para
olh-la. Um cara com raivoso problemtico que tem hbito de tirar a camisa? Um
caolho bruto?
Daniela vira sua cabea para Sam, franzindo as sobrancelhas.
No. O qu? Por qu?
Pensamos ter visto algum atacar aqueles mogs com telecinesia explico,
olhando para Daniela mais uma vez, sentindo igualmente curiosidade e cuidado. J
fomos enganados por aliados potenciais antes.
Voc quer dizer isso? Daniela estica sua mo e um dos canhes que antes
pertenceu a um dos mogs mortos flutua at ela. Ela o segura e o apoia at o ombro
que no est apoiando a mochila. Uh-huh. Isso novo para mim.
Eu no sou o nico Sam diz, olhando para mim com os olhos arregalados.
Minha mente est trabalhando com as possibilidades to rpido que fico mudo.
Posso no ter entendido o motivo, mas Sam desenvolver Legados fez sentido para
mim at certo ponto. Ele passou tanto tempo com ns da Garde, fez tanto para nos
ajudar se qualquer humano fosse desenvolver Legados, teria de ser ele. As horas
desde que a invaso comeou foram to loucas que realmente no tive tempo para
pensar mais sobre isso. No precisei, na verdade. Sam com Legados pareceu to
lgico.
Diante de mim bem na minha frente, no caso est... o que, exatamente? Novos
membros da Garde? Humanos. No se parece com nada do que j contemplei.
Preciso me concentrar e raciocinar sobre o novo status rapidamente, porque se
houver mais humanos Gardes por a, eles vo precisar de ajuda. E com todos os
Cpans mortos...
Bom, assim resta ns. Os lorienos.
Primeiramente, tenho que ter certeza de que Daniela vai ficar conosco. Preciso de
tempo para falar com ela, para tentar descobrir o que exatamente desencadeou o
seu Legado.
No seguro aqui, voc deveria vir conosco eu digo a ela.
Daniela olha em volta, para a destruio que nos rodeia.
Ser seguro onde quer que voc esteja indo?
No. bvio que no.
O que John quer dizer que esse bairro em particular vai estar cheio de
mogadorianos a qualquer minuto Sam explica.
Ele comea a se afastar do banco, tentando ser um exemplo. Daniela no o segue,
ento eu tambm no.
Seu companheiro est nervoso Daniela observa.
Meu nome Sam.
Voc um cara nervoso, Sam Daniela responde, com uma mo na cintura. Ela
comeou a me olhar novamente, dos ps cabea. Se mais daqueles aliengenas
aparecerem, por que voc no simplesmente explode o traseiro deles?
Eu... eu me vejo reciclando a lgica do escolha-sua-batalha que me fez arrepiar
todo quando Sam a usou comigo. H muito deles para continuarmos lutando.
Voc pode no perceber e nem sentir agora porque acabou de comear a us-los,
mas nosso Legados no tm uma fonte ilimitada. Voc pode abusar, ficar cansada, e
ento no seremos bons para ningum.
Conselho bom Daniela diz. Ela continua enraizada no lugar. Que pena que
voc no pde responder nenhuma das minhas perguntas.
Olhe, eu no sei o motivo pelo qual voc desenvolveu Legados, mas um
acontecimento incrvel. Uma coisa boa. Talvez seja seu destino. Voc pode nos
ajudar a vencer esta guerra.
Daniela bufa.
Srio cara? Eu no estou lutando em guerra alguma, John Smith de Marte. Estou
tentando sobreviver aqui fora. Isso a Amrica, mano. O Exrcito vai cuidar do
traseiro plido desses aliengenas. Eles vo cuidar de tudo e pronto.
Balano minha cabea em descrena. Realmente no h tempo para explicar para
Daniela tudo o que ela precisa saber sobre os mogadorianos sobre a tecnologia
superior deles, suas infiltraes no governo da Terra, sua fonte inesgotvel de
soldados nascidos artificialmente e monstros. Nunca tive que explicar essas coisas
para os outros membros da Garde. Ns sempre soubemos disso, fomos criados
entendendo nossa misso na Terra. Mas Daniela e os outros novos membros da
Garde que podem estar andando desorientadamente por a... e se eles no estiverem
prontos para lutar? Ou no quiserem?
Uma exploso sacode o cho abaixo de ns. Ela emana de alguns quarteires de
distncia, mas ainda assim poderosa o suficiente para disparar o alarme dos carros
e ranger meus dentes. Uma cortina fina de fumaa mais escura que o cu noturno
aparece em nosso campo de viso do norte. Parece que um prdio acabou de
desmoronar.
Falando srio Sam diz. Alguma coisa est vindo em nossa direo.
Outra exploso, mais perto, confirma as suspeitas de Sam. Eu me viro
desesperadamente para Daniela.
Podemos ajudar uns aos outros. Temos que fazer isso, ou no sobreviveremos
eu digo, pensando no apenas em ns trs, mas nos outros humanos e lorienos.
Captulo quatro
atingir. No importa. A Anubis como uma fora da natureza e est vindo em nossa
direo.
Para o inferno com isso ouo Daniela dizer, e ento ela comea a se afastar.
Sam a segue, ento eu tambm, ns trs recuando pelo mesmo caminho que eu e
Sam percorremos para chegar aqui. Teremos de encontrar outra maneira de rastrear
o Nove. Se ele ainda estiver nessa rea, espero que ele consiga fugir desse
bombardeamento.
Voc sabe onde est indo? Sam grita para Daniela.
O qu? Vocs esto me seguindo agora?
Voc conhece a cidade, no ?
Outro prdio explode atrs de ns. A poeira mais fina desta vez, nos asfixiando, e
minhas costas est sendo bombardeada com pequenos pedaos de gesso e cimento.
As exploses esto muito prximas. Talvez no sejamos capazes de escapar da
prxima.
Precisamos sair da rua! eu grito.
Por aqui! Daniela grita, enganchando uma curva esquerda que
momentaneamente nos leva para fora do dilvio de detritos dos edifcios que
desmoronaram no fim da avenida.
Quando Daniela vira, algo cai pelo zper quebrado de sua mochila. Por um curto
segundo, meus olhos rastreiam uma nota de cem dlares enquanto ela flutua atravs
do ar e rapidamente engolida pela nuvem de poeira de detritos. Estranho o que
voc percebe quando est correndo para salvar sua vida.
Espere a. O que exatamente ela estava fazendo naquele banco quando os mogs a
encurralaram?
No h tempo para perguntar. Outra exploso atinge a rea, essa definitivamente
muito prxima e forte o suficiente para derrubar Sam. Eu o ajudo a levantar e ns
cambaleamos para frente, ambos cobertos de poeira pegajosa e asfixiante provida
dos prdios destrudos. Embora Daniela esteja apenas a alguns metros frente, ela
visvel apenas como uma silhueta.
Estou aqui! ela grita para ns.
Tento iluminar o caminho com meu Lmen, mas no tem um efeito muito bom nos
fragmentos dos prdios destrudos. No tenho ideia de para onde Daniela est nos
levando, no at o cho desaparecer debaixo dos meus ps e eu me ver caindo num
buraco no cho.
Uus! Sam deixa escapar quando ele cai no cho de concreto perto de mim.
Daniela est de p a alguns metros frente. Minhas mos e joelhos esto ralados
devido a aterrisagem, mas alm disso estou ileso. Olho por cima do ombro, vendo
uma escada escura que rapidamente coberta com detritos vindos de cima.
Estamos em uma estao de metr.
Um aviso teria cado bem digo para Daniela.
Voc disse, para fora das ruas ela responde. Estamos fora das ruas.
Voc est bem? pergunto a Sam, ajudando-o a se levantar.
Ele assente, recuperando o flego.
A estao de metr comea a vibrar. As catracas de metal comeam a chacoalhar e
mais poeira cai do teto. Mesmo as paredes sendo de concreto, posso ouvir o rugido
poderoso dos motores da nave de guerra. A Anubis deve estar agora bem acima de
ns. Uma luz eltrica azul chove dentro da estao vindo de fora.
Vo! eu grito, empurrando Sam, Daniela j est pulando a catraca.
Para dentro dos tneis!
O canho descarrega com um som agudo. Mesmo protegido por camadas de
concreto, eu me arrepio com a eletricidade, meu corpo formigando at os ossos. A
estao treme e, sobre ns, um edifcio deixa escapar um grunhido agudo quando
suas colunas de metal se entortam e desmoronam. Eu me viro e corro, pulando as
catracas depois de Sam e Daniela. Olho por sobre o ombro enquanto o teto comea a
rapidamente da parte quebrada do teto. fsica o peso tem de ir para algum lugar.
E esse lugar vai ser bem acima de ns.
Eu posso aguentar. No por muito tempo.
Sinto o sangue na minha boca e percebo que estou mordendo meus lbios. Mal
consigo gritar para os outros por ajuda. Se eu mudar um pouco que seja o foco da
minha telecinesia, o peso ser muito maior.
Por sorte, Sam percebe o que est acontecendo.
Temos que segurar o teto! ele grita para Daniela. Temos que ajud-lo!
Sam para perto de mim e joga suas mos para cima. Sinto a fora de sua telecinesia
se juntar minha e isso alivia um pouco da presso. Agora sou capaz de ficar em p
novamente.
Pelo canto do olho, vejo Daniela hesitar. A verdade que, se ela correr agora, comigo
e com Sam suportando o tnel, ela provavelmente conseguir sair ilesa. Estaramos
ferrados, mas ela conseguiria se salvar.
Mas ela no corre. Ela para do meu outro lado e comea a ajudar. O concreto no teto
protesta e mais rachaduras aparecem nas paredes do tnel. um equilbrio delicado
nossas telecinesias apenas foram o peso da pedra de concreto quebrado mudar-se
para outro lugar. No importa o que fizermos, eventualmente, esse tnel vai
desmoronar.
Peso suficiente foi tirado de cima de mim, ento sou capaz de falar novamente.
Ignoro a sensao agoniante nos meus msculos, o peso caindo sobre meus ombros.
Sam e Daniela esto segurando, esperando por instrues.
Andem... recuem eu consigo grunhir. Vamos recuar... lentamente.
De ombro a ombro, nos trs marchamos lentamente para trs no tnel. Ns
mantemos a presso telecintica diretamente acima de ns, gradualmente a
soltando das sees em que j passamos com segurana. Logo aps, elas tremem e
desabam. Em certo momento, vejo dois carros caindo para dentro do tnel,
Eu quero gritar. Antes que eu possa, Ella vira sua cabea e trava um olhar comigo.
John ela diz, sua voz totalmente calma apesar da cirurgia macabra que est
sendo feita nela. Levante. No temos muito tempo.
Captulo cinco
NS PODEMOS FAZER ISSO, MAS PRIMEIRO PRECISAMOS
ENTENDER COMO A Phiri Dun-Ra pensa Adam sussurra.
Voc que o expert na psicologia mogadoriana respondo, observando
Adam enquanto ele usa um galho quebrado para desenhar um quadrado na
poeira do cho. Esclarea-nos.
Ns trs nos agachamos perto do Skimmer sem vida na faixa de terra que os
mogs usavam como pista de pouso. Est escuro agora, mas os mogs tinham
um monte de lanternas eltricas portteis para realizar as rondas ao redor do
Santurio. Penso que a Phiri no teve a ideia de roubar as baterias, ento
pelo menos ns temos luz. Tambm h alguns projetores de luz posicionados
no permetro do templo, mas no os ligamos. No precisamos facilitar a
espionagem sobre ns para ela.
A mata ao nosso redor parece maior agora que o sol se ps, o ecoar do canto
dos pssaros foram trocados por som estridente de bilhes de mosquitos.
Bato no meu pescoo onde deles estava tentando me morder.
No h dvida para mim que ela est l fora, nos observando Adam diz.
Todos os soldados da classe dela foram treinados para vigiar.
, ns sabemos eu digo, o olhando torto na escurido. Vocs
estiveram nos seguindo durante toda a nossa vida, lembra?
Adam continua, me ignorando.
Ela provavelmente capaz de ficar trs dias sem dormir. E no vai ficar no
mesmo lugar, estar sempre em movimento. No haver um acampamento
ou nada assim para achar. Se ns formos atrs dela, ela vai mudar de lugar,
estando um passo a nossa frente. Ela tem bastante mata para se esconder.
Dito isso, o instinto dela ser ficar por perto. Ela quer manter o controle sobre
ns.
Marina faz uma careta para Adam, observando-o desenhar alguns rabiscos
na poeira envolta do quadrado. Ento percebo que ele est desenhando o
Santurio e a mata ao seu redor.
Ento ns temos que tir-la de l Marina diz.
Voc sabe um bom jeito de fazer isso? pergunto.
Ns damos a ela uma coisa que nenhum mog consegue resistir.
Adam responde, e desenha um M na parte oeste da mata. Ento, ele olha
para Marina:
Um Garde vulnervel.
Imediatamente, sinto o ar ao nosso redor ficar mais frio. Marina vai para
frente, chegando perto de Adam, olhando-o ameaadoramente.
Eu pareo vulnervel pra voc, Adam?
Com certeza no. Ns s queremos que voc parea assim.
Uma armadilha falo, tentando pensar. Marina, relaxa.
Marina me d um olhar bravo, mas sinto a sua aura de gelo desaparecer.
Ento Adam continua. Primeiro, ns nos separamos.
Nos separar? Marina repete. Voc est brincando?!
Essa sempre a pior ideia concordo.
Ns podemos ir l e ca-la. Seis pode ficar invisvel. Ela no vai ter
chance.
Isso poderia levar a noite toda Adam responde. Ou mais.
E esse no exatamente um bom plano nessa merda de mata recordo
Marina, me lembrando da nossa jornada nos Everglades.
Ns nos separamos porque burrice Adam explica. Ns fazemos
parecer que estamos tentando encontr-la, como se estivssemos tentando
poupar tempo. Phiri ver isso como uma oportunidade...
Adam desenha trs linhas saindo do templo, indo para mata.
Seis, voc vai para leste, eu vou para o sul, Marina, voc vai para oeste
Adam olha para mim. Quando voc contar duzentos passos na mata, fique
invisvel. Ela no estar observando-a at esse ponto.
O que te faz acreditar que ela no vai me atacar? pergunto. Eu posso
ser vulnervel.
Marina bufa. Adam balana a cabea.
Ela vai ir atrs daquela que possui o Legado de cura primeiro. Tenho
certeza disso.
Por que seria isso que voc faria? Marina pergunta.
Adam encontra o seus olhos.
Sim.
Marina e eu trocamos um olhar. Pelo menos Adam est sendo direto sobre
como ele nos caaria. Estou feliz que ele esteja no nosso lado.
Acho que isso faz sentido Marina diz, examinando os desenhos na
terra. De repente ela olha para Adam. Espera. Voc est dizendo que os
mogs sabem que eu posso curar?
Claro ele responde. Qualquer Legado que eles observam nos
arquivos se torna parte de um dossi. E todos os mogs o estudam. como a
segunda lio favorita deles depois do Grande Livro.
Legal eu digo.
Marina considera isso.
Eles no devem saber sobre a minha viso noturna. uma coisa que eles
nunca viram.
Adam olha para ela, tirando os olhos do plano.
Voc tem viso noturna?
Marina assente.
Se voc est certo e Phiri me atacar mesmo, eu provavelmente virei
chegando.
Droga! Vai!
Solto a mo de Adam e corro atravs da mata usando a minha telecinesia
para desviar os galhos emaranhados e dos densos arbustos. Tenho certeza
de que levei alguns arranhes pelo caminho, mas isso no importa. As
criaturas fazem barulho ao meu redor com pnico enquanto passo por seus
territrios. Tenho uma boa vantagem sobre Adam, correndo atrs de mim,
pelo caminho que eu estou limpando.
Logo a frente, posso dizer que a lanterna de Marina caiu no cho pelo jeito
que ela lana raios de luz curvados nas rvores retorcidas. Correndo com
toda a minha capacidade, leva menos de um minuto para abrir meu caminho
pela mata. Eu entro na pequena clareira onde a lanterna de Marina est no
cho, no exato momento de ver Marina levando sua mo sobre a queimadura
de um tiro de canho em seu outro brao. Ela me v enquanto cura a sua
carne empolada.
O plano funcionou Marina diz casualmente.
Voc est machucada respondo.
Isso? Ela teve sorte.
Respiro aliviada, ento olho para o lado de Marina, onde Phiri Dun-Ra nos
encara de joelhos. H uma tira de sangue fresco escorrendo atravs de suas
tatuagens mogadorianas, com as tranas puxadas para trs provavelmente
foi assim que Marina venceu a luta. Suas mos e tornozelos esto presos
pelo o que noto serem algemas de gelo. Parece que Marina est ficando
muito boa com seu Legado.
Adam chega clareira alguns segundos depois de mim. O olhar de Phiri DunRa fica com mais dio quando ele aparece.
Voc a pegou Adam diz, e Marina concorda, at sorrindo um pouco.
Voc est bem?
Estou Marina responde. Agora o que faremos com ela?
Sinto como se estivesse cruzando uma linha, como se fosse algo que eles
fariam. diferente do que mat-los em batalha, quando eles esto lutando de
volta e tentando nos matar tambm. Phiri Dun-Ra nos ajuda mais sendo
nossa prisioneira. Mas um mog prisioneiro no nos ajuda e ns precisamos
sair da merda dessa floresta. Eu sei que ns no deveramos baixar ao nvel
deles, mas a nossa situao de desespero. Quo longe isso vai nos levar?,
eu me pergunto.
Morra devagar, escria loriena Phiri diz para mim.
Ento, ela no vai fazer isso do jeito fcil.
Antes que eu decidisse o que fazer, Adam passa por mim e d um tapa no
rosto da Phiri com a parte de trs da sua mo. Ela geme e cambaleia para o
lado. Phiri est atordoada, percebo. Ela no esperava por isso. Talvez
estivesse contando com a ideia de que eu e Marina no tivssemos
estmago para tortura. Adam, por outro lado...
Voc esqueceu de com quem est lidando, Phiri Dun-Ra Adam diz com
os dentes cerrados. Ele se ajoelha na frente dela e a agarra pela gola da
camisa, levantando-a. Voc acha que s porque passei algum tempo com
a Garde que esqueci as nossas tcnicas? Voc sabe quem era o meu pai.
Para o maior desapontamento dele, as minhas maiores marcas eram sempre
nas reas de ps-combate. Mas mesmo assim... o General arrumou jeitos de
mudar o meu treinamento. Interrogatrios. Anatomia. Imagine como o
treinamento que ele arrumou era rigoroso. E eu me lembro muito bem.
Adam passa uma de suas mos pela cabea de Phiri, enterrando o seu
dedo em um espao atrs da sua orelha. Ela grita, as suas pernas falham.
Marina d um passo na direo dos dois mogs, me lanando outro olhar.
Engulo com fora e balano a minha cabea, fazendo-a parar.
Eu vou deixar o jogo seguir. Para onde ele for.
Captulo seis
UM GRANDE PESO CAI SOBRE MINHA PERNA, CRAVANDO OS
ESTILHAOS AINDA mais fundo em minha coxa. Phiri Dun-Ra. Ela tem
novos ferimentos em seu rosto e braos, resultado de sua prpria bomba
improvisada. Seus pulsos e tornozelos ainda esto presos nas algemas de
gelo, mas isso no a impede de se jogar em cima de mim. Ainda estou
atordoada pela bomba, ento no reajo to rpido quanto deveria. Phiri d
uma cabeada em meu peito e se contorce em cima do meu corpo.
Agora vocs morrem, lixos lricos ela diz de uma forma manaca, ainda
histrica por sua armadilha com a bomba ter funcionado.
Eu no estou certa de qual plano dela, talvez me morder at a morte ou me
sufocar com o seu peso, mas no estou to mal para deixar qualquer uma
dessas coisas acontecer. Com um rpido movimento de telecinesia, arranco
Phiri Dun-Ra de cima de mim. Ela cai na sujeira, rolando por cima de alguns
estilhaos da bomba. Ela tenta levantar, gritando de frustao quando no
consegue.
Ela fica quieta quando chuto a sua cara o mais forte que consigo.
Phiri bate no cho inconsciente.
Fique comigo!
a voz de Marina que me traz de volta ao mundo depois da raiva que estava
sentindo ou eu provavelmente mataria Phiri agora mesmo. Eu viro para trs
para v-la inclinada sobre o corpo de Adam.
Ele est...?
Cruzo a clareira, esquecendo que tenho um ferro de seis centmetros cravado
em minha coxa. Eu ignoro a dor. Adam est bem pior que eu.
Entro no pequeno buraco que Adam foi capaz de fazer antes de a bomba
explodir. Ele absorveu uma boa parte dos estilhaos, mas no tudo. A bomba,
mesmo assim, praticamente explodiu na frente dele, fazendo-o sofrer a maior
parte do impacto. Ele est de bruos agora, Marina se inclinando sobre ele, e
fico com pena dele. O peito dele est aberto, como se algum tivesse cavado
um buraco l. Ele deveria ter sado logo da frente em fez de ficar como um
escudo humano. Mog idiota, tentando ser um heri.
Mas de algum jeito, ele ainda est consciente. Ele no consegue falar, todo o
esforo concentrado em respirar. Os seus olhos esto arregalados e
assustados enquanto ele sangra muito, a respirao entrecortada. As suas
mos, encharcadas de sangue, em punho.
Eu posso fazer isso, eu posso fazer isso... Marina repete para si
mesma, no hesitando nem por um momento em colocar as suas mos nos
ferimentos de Adam.
Olhando melhor, percebo como esta situao deve ser tristemente familiar
para ela. Como se fosse o Oito de novo.
A respirao dele fica cada vez pior, observo a pele dele se unir enquanto
Marina o toca. E ento alguma coisa estranha acontece, h uma crepitao e
um chiado comea, como se comeasse a pegar fogo, e parte do peito de
Captulo sete
QUANDO ELLA FALA, UM CHOQUE PASSA POR MIM. DE REPENTE, POSSO ME MOVER
novamente. Salto da mesa de operaes e tento empurrar os mdicos mogadorianos
em torno de Ella. Minhas mos passam por eles, como se fossem fantasmas. Eles
seu corpo. No estou certa sobre de onde vem o material que ele est colocando
em mim. a mesma porcaria gentica que ele usa para criar os guerreiros nascidos
artificialmente. o mesmo que costumava usar para melhorar alguns humanos
voc sabe sobre isso?
Eu assinto, pensando no secretrio de defesa Sanderson e a resistncia cancerosa
que senti em seu corpo quando o curei.
Ele est fazendo isso com voc. Sua prpria... continuo hesitando em dizer essa
parte em voz alta. Sua prpria carne e sangue.
Ella concorda tristemente.
Pela segunda vez.
Me lembro de como Ella parecia durante a batalha nas Naes Unidas.
Ele fez isso com voc antes da grande apario pblica digo, juntando as peas.
Drogou voc, assim voc no poderia arruinar o momento dele.
Aquilo foi uma punio por tentar escapar com Cinco. O presente... faz com que
seja difcil pra mim me focar, pelo menos quando estou acordada. No estou certa
de como, mas ele usa isso para me controlar. Isso pode estar relacionado com um
dos Legados dele. Tentei descobrir tudo o que ele pode fazer, John, tentei par-lo,
mas...
Os ombros de Ella caem. Coloco minha mo gentilmente na parte de trs do pescoo
dela.
Voc fez tudo o que pde digo a ela.
Ela bufa.
Uh-huh.
Dou uma longa olhada na mquina a que Ella est presa, tentando memorizar os
detalhes. Talvez se conseguirmos nos contatar novamente com Adam, ele possa dar
uma luz sobre como exatamente funciona essa coisa.
Eu posso te mostrar a nave. Estive por toda ela. Se eu tiver visto, estar aqui
Ella diz dando um tapinha em sua tmpora.
Andamos para fora da estao mdica e entramos num corredor.
Todas as paredes so de metal inoxidvel de um vermelho brilhante, um lugar frio e
econmico. Ella me conduz atravs da Anubis, me mostrando o deque de
observao, a sala de controle, o quartel, todos esses lugares completamente vazios.
Tento associar cada detalhe na memria, assim posso desenhar um mapa quando
acordar.
Onde esto todos os mogs? pergunto a ela.
A maioria deles est na cidade l em baixo. A Anubis tem apenas uma equipe
fantasma agora.
Bom saber.
Nos fundos da nave, paramos em frente a uma janela de vidro que mostra o interior
de outro de laboratrio. Dentro, o cho completamente tomado por um tanque de
um lquido preto e viscoso. H duas passarelas se cruzando sobre o tanque, cada
uma equipada com uma variedade de painis de controle, equipamento de
monitoramento, e como se j no fosse esquisito, canhes de uso industrial
montados.
Crescendo para fora do lquido numa forma alongada que lembra vagamente um
ovo, exceto por ser roxo escuro e com veias negras palpitantes.
Pressiono minha mo no vidro do laboratrio e me viro para Ella.
O que diabos este lugar?
Eu no sei ela responde. Ele no me deixa entrar aqui, mas...
Ella franze a testa e parece se esforar um instante. Dentro do laboratrio, figuras se
manifestam de repente. Meia dzia de mogs usando mscaras de gs esto nas
passarelas, operando silenciosamente as mquinas. De p entre eles est o prprio
Setrkus Ra. V-lo ali me faz avanar contra o vidro. Tenho que resistir tentao de
atac-lo, me lembrando de que isso no exatamente real.
Isso ... isso uma memria? pergunto a Ella.
Algo que eu vi, sim ela responde. Eu acho... no sei. Isso pode ser
importante.
Enquanto assistimos, Setrkus Ra tira os colares lricos roubados do pescoo. Ele os
segura em suas mos grossas por um momento, considerando as joias de Loralite
azul. Ele possui vrios deles trs dos Gardes que matou na Terra e o resto
provavelmente tirado de Gardes que ele capturou em um ponto ou outro. Ele parece
um tanto nostlgico por um momento enquanto observa seus trofus.
Ento, os joga dentro do tanque. Quatro pequenas bocas se abrem no ovo e sugam
para dentro os colares, sufocando seu brilho.
O que foi isso? pergunto a Ella, sentindo-me enjoado, mesmo em sonho.
Quando isso aconteceu? O que ele est fazendo?
O olhar fixo de Setrkus Ra se volta de repente em nossa direo e ele grita alguma
coisa. Um segundo depois, ele e o resto dos mogs desaparecem no ar rarefeito.
Isso foi quando ele me pegou espiando Ella explica, mordendo o lbio. No
sei o que ele estava fazendo, John. Me desculpe. Tudo um pouco... vago.
Continuamos andando. Eventualmente, Ella me leva at a rea de lanamento. O
lugar enorme com o teto alto, preenchido com filas e linhas de Skimmers. daqui
que os esquadres de mogs zarparam para aterrorizar Nova York.
Eles esto sempre chegando e saindo por aqui Ella diz, acenando em direo as
grandes portas de metal no fim do hangar. Talvez vocs sejam capazes de entrar
por ali, se elas estiverem abertas. Foi por onde Cinco e eu tentamos escapar.
Fao uma nota sobre as portas do hangar. Temos apenas que pensar numa maneira
de fazer com que os mogs as abram. Seria muito fcil entrar a bordo se tivssemos
algum que pudesse voar.
Sobre Cinco... digo, hesitando, sem saber o quanto Ella ouviu. Voc sabe o
que ele fez?
Ella morde seus lbios, olhando para o cho.
Ele assassinou Oito.
Mas ele tambm tentou ajudar voc a escapar digo, sentindo-a longe. Ele
est...?
Voc est tentando descobrir o quo mal ele ?
Estou procurando por ele neste momento. Estou tentando entender, se quando
encontr-lo, devo mat-lo.
Ella faz uma careta e se afasta de mim, olhando um ponto do cho que est
afundado. Presumo que tenha sido quando ela e Cinco tentaram escapar.
Ele est confuso ela diz depois de um momento. Eu no sei... no sei o que
ele ir fazer. No confie nele, John. Mas no o mate.
Me lembro da ltima vez que Ella me trouxe para um desses sonhos, de volta quando
comeou a manifestar seus Legados que estavam fora de controle. Foi em Chicago.
Naquela ocasio, ela no me trouxe para sua localizao. Na verdade, estivemos
presos numa viso do futuro, assistindo Setrkus Ra tomar posse em Washington
num mundo em que mogadorianos venceram a guerra.
No sabemos o que ele faz, ento? pergunto, meus punhos se fecham como
reflexo. Voc me mostrou isso. Cinco retornando para Setrkus Ra. Ele trabalha
para o inimigo. Ele capturou Seis e Sam...
Me calo, no quero ir mais fundo nessa memria da qual testemunhei a execuo de
meus amigos. No quero lembrar da profecia que diz que estamos condenados a
perder. Ella balana a cabea. Ela abre a boca, e de repente percebo que h alguma
coisa grande que ela no est me contando.
Esse futuro no existe mais, John ela diz depois de uma longa pausa. Minhas
vises... no so como os pesadelos de Setrkus Ra que eu costumava contar a
para alcan-lo. Vamos pensar num meio de quebrar o feitio. Deve haver uma
fraqueza.
Ella balana a cabea, no acreditando em mim. Ou talvez ela j saiba que estou
errado.
No estou me colocando antes do mundo inteiro, John. Eu queria ver um futuro
em que Setrkus Ra est morto, no importa as consequncias agora ela olha
diretamente, com fogo em seus olhos. Queria ver um futuro em que algum tenha
estmago para fazer o que precisa ser feito.
Engulo em seco. No tenho certeza se eu realmente quero saber os detalhes das
vises de Ella, mas no consigo parar de me perguntar.
O que... o que voc viu?
Muitas coisas Ella diz, se acalmando. Ela adquire um olhar distante enquanto
tenta explicar como o futuro . As vises comeam como possibilidades
embaadas. Existem milhes delas, eu acho. Algumas delas so mais slidas que
outras essas so as que consigo ver. As que parecem... no sei. Provveis? Mas
mesmo assim no so garantidas. Voc se lembra do futuro que vimos em Chicago.
Aquilo pareceu real, impossvel de fugir, claro como o dia. Isso se foi completamente
agora. O futuro mudou muito. E continua mudando.
Minha cabea di. Me sinto meio maluco ouvindo Ella. Precisamos de um Cpan,
algum que pudesse ajud-la a controlar esses Legados mentais antes que a deixem
louca. Ao menos evitamos o futuro que testemunhei. Mas o trocamos pelo qu?
Ella, voc viu sua morte?
Ela hesita, e um n de medo se forma em meu estmago.
Sim ela responde.
Ela treme eu percebo que por prender um soluo.
Me agacho na frente dela e coloco minhas mos em seus ombros.
No vai acontecer insisto com a voz o mais firme que consigo. Vamos mudar
o futuro.
Mas ns vencemos, John.
Ella segura minhas mos. Lgrimas escorrem livremente por suas bochechas. Ento
percebo algo, o modo como ela olha para mim, o modo como ela aperta minhas
mos. Ella no est sentindo pena por si. Ela est sentindo pena por mim.
Isso vai ferir muito voc, John ela diz, sua voz fraquejando. Voc ter que ser
forte.
Sou eu? no acredito. Eu sou aquele que...?
No consigo nem mesmo terminar a pergunta. Afasto minhas mos de Ella. Eu nunca
a machucaria, nem mesmo se isso significasse terminar esta guerra.
Tem que haver outro jeito. Use seu Legado e encontre um futuro melhor para ns.
Ella balana a cabea.
Voc no entende...
Num piscar de olhos, Ella est mudada. Se parece com a garota presa na mesa de
cirurgia, uma gosma preta rasteja por baixo de sua pele. Ela se esfora para se
concentrar em mim. O hangar a nossa volta se torna enevoado e comea a se esvair.
Ella? O que est acontecendo?
A Anubis est se movendo para fora do alcance ela explica, estreitando seus
olhos, tentando fortalecer nossa conexo teleptica. Eu vou perder voc. Rpido!
H mais uma coisa que voc tem que ver!
Ella agarra minha mo e ento estamos correndo na direo da entrada do hangar.
Damos um passo na direo dele e...
Sujeira se esmaga debaixo dos meus ps. Raios de sol quentes batem em minha
nuca, o ar pesado e mido. desorientador ser teletransportado de repente do
ambiente estril da Anubis para o calor da selva, o verde vvido por todos os lados,
pssaros tropicas gorjeando.
Estou de p no que parece ser uma pista de pouso feita no meio da selva. Latarias
pretas e blindadas de vrios Skimmers mogadorianos refletem o brilhante sol da
tarde.
Meus olhos so atrados para a pirmide de pedra a apenas alguns metros da pista
de aterrissagem, todos os equipamentos dos mogs parecem posicionados a uma
distncia segura da estrutura antiga. Reconheo instintivamente o templo, mesmo
nunca tendo o visto antes. Talvez seja minha imaginao, mas como se alguma
coisa enterrada por sculos na arquitetura maia estivesse me chamando. Me sinto
seguro aqui.
Este o Santurio digo, minha voz sai calma e reverente.
Ella confirma, e percebo que ela tambm est admirando o templo.
Seis, Marina e Adam... pauso, percebendo que Ella nunca encontrou nosso
aliado mogadoriano. Adam ...
Eu sei quem ele Ella diz, seu tom no parece surpreso. Nos encontraremos
em breve.
Ok, bem, eles estavam bem aqui continuo, olhando em volta procura de sinais
de nossos amigos. Eles provavelmente esto voltando agora. Voc vai me mostrar
o que eles fizeram para dar Legados aos humanos?
Isso no o passado ou o presente, John. Estamos no futuro. Um que posso ver
bem, bem claramente.
Eu devia ter sabido, pois o sol est no cu. Me viro para encarar Ella, sentindo que
ela no me trouxe aqui para me dar boas notcias.
Por que est me mostrando isso?
Por causa daquilo.
Ella aponta para o cu a norte do Santurio. Ali, como uma nuvem de tempestade
atravessando o cu que outrora era azul e sem nuvens, est a Anubis, flutuando
lentamente em direo ao templo. Minhas pernas se amolecem, reflexos para correr
John, oua! Seis, e os outros, voc tem que alert-los! Diga a eles...
As mos de Ella me atravessam. Eu vejo tudo novamente o Santurio e a Anubis,
Ella se contorcendo na mesa de operaes, o vago do metr escurecido e ento
todas as cores se misturam, nada slido para me segurar. Ella grita alguma coisa para
mim, mas ela est muito longe. As palavras no me alcanam.
Ento, escurido.
Captulo oito
ACORDO COM AS COSTAS DURAS ESTALANDO NO BANCO DE PLSTICO, MINHAS
pernas balanando na extremidade. Sei que estou de volta ao meu corpo, no mais
no mundo dos sonhos de Ella por causa das intensas dores que passam por todos os
meus msculos. Estou deitado de lado, encarando as costas de bancos amarelos e
da perda de contato com Ella no ltimo instante, no tenho certeza do que fazer com
a informao, mesmo se eu conseguisse contato com Seis e os outros.
Eles deveriam estar se preparando para voltar para o Santurio? Ou Ella queria que
eu os mantivesse o mais longe possvel?
Preciso me mover, fazer algo produtivo. Mas meu corpo ainda no est cem por
cento e Sam est apagado.
Ainda estamos no metr? pergunto a Daniela, j sabendo a resposta, mas
querendo ter controle sobre a situao antes de fazer qualquer deciso.
Sim. Obviamente. Ns arrastamos voc at aqui quando desmaiou.
Quando desmaiei repito com uma careta. Desmaiei de cansao.
No foi s voc. De qualquer forma, estvamos todos exaustos depois daquele
tnel Daniela continua, talvez sentindo meu aborrecimento. Eu ca no sono
logo que chegamos aqui.
Daniela d uma olhadela em Sam, um sorriso abatido em seu rosto.
Seu amigo Sam ia ficar de guarda, mas acho que no deu muito certo. No foi um
bom negcio. No quando ningum est procurando por ns aqui em baixo.
Ainda no, pelo menos respondo, pensando nos mogadorianos na superfcie e
desejando saber como a ocupao de Nova York est progredindo.
Um dos telefones pisca. Daniela se agacha sobre ele, apertando alguns botes, mas a
bateria acaba.
Pessoas dormiram na frente da loja por essas coisas ela diz, segurando o celular
descarregado para que eu o inspecione. Mas tudo foi por gua abaixo, no final das
contas... vrias pessoas largam tudo e correm. O que isso faz voc pensar da
humanidade, menino aliengena?
Que elas tm melhores prioridades respondo, dando novamente uma olhada
para a bolsa cheia de dinheiro.
Ningum pediu por isso. Os lorienos, meu povo, ns no pedimos para que os mogs
destrussem nosso planeta natal. Isso aconteceu de qualquer forma.
Daniela levanta suas mos defensivamente.
Tudo bem, ento voc sabe como isso. Tudo o que estou dizendo que voc
no deveria estar julgando como escolho usufruir da minha invaso aliengena.
Droga, uma loucura.
Eu era muito jovem para revidar quando atacaram Lorien digo a ela. Mas
voc...
Ah droga, l vem. O discurso de recrutamento Daniela comea a fazer uma
interpretao, sua voz se torna aguda de repente, suas palavras anunciadas
teatralmente. Olhe pela sua janela ela recita. Os mogadorianos esto aqui. A
Garde vai combat-los. Voc vai lutar pela Terra?
Balano minha cabea, confuso.
O que isso?
do seu vdeo, cara. Toda aquela coisa de apoio Garde. Eles passaram isso nas
notcias.
Balano a cabea.
Eu nem sei sobre o que voc est falando.
Daniela estuda meu rosto por um momento, e finalmente parece satisfeita com
minha perplexidade.
Huh. Realmente no. Acho que voc provavelmente no andou vendo muita TV.
Eu? Eu estava assistindo quando as primeiras naves comearam a aparecer. como
se de repente estivssemos vivenciando todos aqueles filmes de invases
aliengenas. Foi bem legal at que, bem...
Daniela balana a mo, abrangendo no apenas nossa situao, de nos esconder no
subterrneo, mas a destruio na cidade inteira quem ambos presenciamos. Percebo
que suas mos tremem um pouco. Ela rapidamente disfara isso, dobrando seus
braos com fora sobre o peito.
Sam e eu ajudamos um grupo de pessoas a sair de Manhattan ontem digo a ela.
Me perguntei como muitos deles sabiam meu nome, mas estava catico demais
para descobrir. Isso estava nas notcias? Eles me mostraram lutando nas Naes
Unidas?
Daniela confirma.
Eles mostraram um pouco disso. Exceto quando um cara parecendo o George
Clooney deformado se transformou em um monstro aliengena, a as pessoas
realmente comearam a surtar e todas as cmeras a tremer. Voc estava bombando
nas notcias antes disso.
Inclino minha cabea, sem entender nada.
O que voc quer dizer?
Tinha aquilo, tipo, um vdeo no YouTube. Foi postado num estpido site de
conspirao primeiro...
Espere... por acaso era Eles Esto Entre Ns?
Daniela d de ombros.
Nerds Esto Entre Ns, eu no tenho certeza. Comeava com uma imagem da
Terra que eles com certeza tiraram do Google e uma garota narrando tipo: Este o
nosso planeta, mas no estamos sozinhos na galxia, bl-bl-bl. Ela estava
tentando fazer parecer como todos aqueles documentrios profissionais sobre a
natureza ou alguma coisa assim, mas posso dizer que ela da nossa idade. Por que
voc est fazendo essa cara estpida?
Enquanto Daniela falava, no pude evitar que um sorriso idiota surgisse em meu
rosto.
Tentei manter minha expresso neutra enquanto me inclino para frente.
O que mais aconteceu?
Ento, eles mostraram algumas fotos dos mogadorianos e disseram que eles
vieram para escravizar a humanidade. Esses aliengenas plidos pareciam com
pessoas com maquiagem de monstros ou qualquer coisa do tipo. Ningum teria
levado aquela porcaria a srio se, voc sabe, no houvesse toneladas de OVNIs
ameaando a cidade. E ento ela comeou a falar de voc. Tinha um vdeo de voc
pulando para fora de uma casa em chamas que no parecia possvel, e depois tinha
cenas de voc curando o rosto queimado de um agente do FBI e... bem, estava meio
trmulo, mas os efeitos especiais foram muito bem feitos se fosse falso.
O que... o que ela fala sobre mim?
Daniela sorri, olhando pra mim.
Ela disse que seu nome John Smith. Que voc um Garde. Que voc foi enviado
para nosso planeta para lutar contra esses aliengenas. E que agora voc precisa de
nossa ajuda.
Isso era sobre o que Daniela estava falando antes. Sua pssima interpretao deve se
referir a Sarah. Encosto as costas no banco, pensando sobre o vdeo que Sarah e
Mark fizeram, a contribuio deles nos bastidores. Mesmo que ela esteja zombando,
o vdeo parece ter causado uma impresso em Daniela. Ela o decorou. Droga, os
sobreviventes que trouxemos pela rua com certeza viram o vdeo. Eles confiaram em
mim. Estavam prontos para ficar e lutar. Mas era tarde demais para isso?
Fao uma careta involuntariamente, pensando alto.
Passei minha vida inteira me escondendo dos mogadorianos que estavam nos
caando na Terra. Ficando mais forte. Treinando. A guerra estava sendo lutada em
segredo. Estvamos comeando a reunir aliados, alm de estar conseguindo
descobrir as coisas. Me pergunto, se tivssemos ido a pblico antes, quantas vidas
teramos salvo se Nova York estivesse pronta para um ataque como este?
Nah Daniela diz, descartando essa ideia com um aceno de mo. Ningum
teria acreditado nesta porcaria h uma semana. No sem a CNN gritando sobre
naves espaciais sobrevoando Nova York. Quero dizer, voc precisava de toda a luta
na NU para que pudessem acreditar. Caso contrrio, as pessoas do noticirio
estariam debatendo se isso era uma farsa, ou uma publicidade para a divulgao de
algum filme ou coisa do tipo. Eu vi uma mulher na TV dizendo que voc era um anjo.
Bem engraado.
Rio secamente, no estando muito com vontade.
. Hilrio.
Percebo que Daniela est tentando me confortar sua maneira. Nunca vou saber o
que teria acontecido se tivssemos gastado os ltimos meses tentando tornar
pblica nossa guerra com os mogadorianos. Havia humanos de cargos importantes
envolvidos com o ProMog e isso faria com que qualquer tentativa de exp-los se
tornasse extremamente difcil, se no impossvel. Eu sei de tudo isso, logicamente. E
ainda assim no posso deixar de sentir que a colossal perda de vidas foi culpa minha.
Eu devia ter feito mais.
Quantos anos voc tem mesmo? Daniela pergunta.
Dezesseis digo a ela.
Ah Daniela assente, como se ela j soubesse disso. Voc como a garota que
narrou no vdeo. Voc tem toda essa sabedoria por trs da idade, isso verdade. E
parece que j passou por muita coisa. Mas dando uma olhada mais de perto... ela
se perde, estalando sua lngua enquanto pensa. Voc deveria estar terminando o
ensino mdio. No salvando o mundo.
No posso deixar o que aconteceu em Nova York me enterrar sob a culpa. Eu tenho
que ter certeza de que nada desse tipo vai acontecer novamente. Preciso encontrar
meus amigos e descobrir como matar Setrkus Ra, de uma vez por todas.
Ergo meus ombros e sorrio para Daniela, dando de ombros com indiferena.
Algum precisava faz-lo.
Daniela assente.
S tem um jeito de ir j que os caminhos para a superfcie desabaram. Seguimos
os trilhos at algumas estaes, e ento devemos chegar prximo ponte.
Espere. Como as prioridades mudaram enquanto eu estava dormindo? Sam
pergunta.
Conto a Sam como Ella me alcanou telepaticamente de sua priso na Anubis,
explicando que Setrkus Ra est indo para o Santurio. Daniela ouve, seus olhos bem
abertos e focados em mim, sua boca ligeiramente aberta. Quando termino de
descrever minha jornada dos sonhos, sobre profecias e locais lricos ameaados, ela
balana a cabea em total mistificao.
Minha vida ficou to estranha ela diz, andando na direo da sada do vago.
Ei Sam a chama de volta. Voc se esqueceu da bolsa!
Daniela olha por cima dos ombros. Ento, ela olha pra mim. No sei se ela quer
permisso ou se est me desafiando a par-la. Quando no falo nada, ela se vira e
levanta a bolsa pesada com um grunhido
Use sua telecinesia digo casualmente. bom para praticar.
Daniela olha para mim por um momento, depois concorda e sorri. Ela se concentra e
flutua a bolsa a sua frente.
O que tem a? Sam pergunta.
Meus fundos para faculdade ela responde.
Sam olha para mim. Eu apenas dou de ombros.
Quando Daniela alcana o fim do vago, ela levita a bolsa para o lado e abre a porta
de metal com um barulho estridente. Ela d um passo para o corredor que liga o
prximo vago. Sam e eu a seguimos alguns passos atrs.
Uou, uou Daniela diz, suas palavras no so direcionadas para ns.
Sua bolsa dispara de volta para o vago que estvamos, Sam e eu pulamos para fora
do caminho. Daniela desliza a bolsa para debaixo do banco com telecinesia, como se
estivesse tentando escond-la. Um segundo depois, ela volta alguns passos pela
porta, suas mos levantadas em rendio. Imediatamente meus msculos
tensionam.
Pensei que estivssemos salvos aqui em baixo nos tneis. Mas no estamos sozinhos.
Um cano de metralhadora com uma lanterna acoplada est apontada a alguns
centmetros do rosto de Daniela. Uma forma escura, coberta de equipamentos e
armadura, est entrando com cuidado em nosso vago, levando Daniela a recuar.
Tarde demais, percebo feixes de lanterna no vago seguinte cerca de dzias deles,
talvez mais. Um segundo feixe atinge meus olhos, e um segundo homem est
armado entrando em nosso vago. Sem pensar nisso, ativo meu Lmen, fogo
deslizando atravs de meus punhos.
Espere Sam avisa. No so mogs.
Ouo um clique de armas engatilhadas, provavelmente em resposta a minha bola de
fogo. O corredor do vago estreito, Daniela est no caminho e a luz em meu rosto
faz com que seja difcil enxergar.
Definitivamente no so condies ideais. Eu provavelmente seria capaz de desarmlos com minha telecinesia, mas no quero arriscar criar uma exploso automtica
assim to perto. Melhor esperar e ver o que vai acontecer.
Deixo meu Lmen se apagar, e no mesmo momento o soldado da frente abaixa a luz
da lanterna de sua arma para o cho. Ele est usando um capacete, farda e culos de
viso noturna.
Apesar disso, posso te dizer que ele apenas alguns anos mais velho que eu.
Voc ele o soldado diz, com um leve temor em sua voz. John Smith.
Ainda no estou acostumado com essa coisa de ser reconhecido, ento levo um
momento para responder.
Isso mesmo.
O soldado pega o walkie-talkie em seu cinto e fala nele.
Captulo nove
OS SOLDADOS NOS PRESSIONARAM AT OS TNEIS DO METR PARA LONGE DA
estao mais prxima e, finalmente at a luz do dia. Eles esto constantemente na
nossa cola, um escudo humano, nos tratando como o Servio Secreto trata o
presidente.
Eu me deixo ficar mais prximo deles, sabendo que posso facilmente atravess-los
com um empurro ao primeiro sinal de problemas. Ns no encontramos nenhuma
patrulha mogadoriana no caminho de volta aos seus Humvees blindados, e
rapidamente estamos ecoando pelas ruas preenchidas com pedaos dos prdios, os
destroos, o resultado do bombardeamento feito pela Anubis ontem noite.
Alcanamos a Ponte do Brooklyn rapidamente e sem incidentes.
No lado de Manhattan, o exrcito preparou uma barreira fortemente armada.
Soldados empacotando metralhadoras observam as ruas de trs de um bloco de
sacos de areia. Atrs deles, trs linhas de tanques esto estacionadas, seis do outro
lado da ponte, suas torres armadas e apontadas para o cu. Helicpteros carregados
com mais misseis patrulham o cu e alguns botes bem recheado esto preparados no
rio.
Se os mogadorianos tentarem tomar o Brooklyn, eles definitivamente encontraro
resistncia.
Vocs tiveram que lutar com muitos deles? pergunto ao soldado que est
dirigindo nosso Humvee enquanto ns passamos pela barreira segura e comeamos
a diminuir a velocidade devido ao engarrafamento na ponte.
Nenhum. Senhor ele responde. Os hostis ficaram em Manhattan at agora.
Aquela grande nave voou bem acima de ns essa manh e no nos comprometeu.
Voc me diz, eles no querem nenhum pedao de nossos soldados.
Senhor Daniela repete, levantando uma sobrancelha para mim e rindo.
Eles esto preservando Manhattan eu digo, inclinando para trs e franzindo a
testa, sem entender porque os mogs no atacaram.
como se Setrkus Ra estivesse mandando uma mensagem Sam diz
calmamente. Olha o que eu posso fazer.
Se eles vierem at ns, ns estaremos preparados o soldado diz, se
intrometendo.
Olhando pela janela, descubro atiradores escondidos nas estruturas da ponte,
vigiando o lado Manhattan da ponte atravs de seus binculos.
Troco um olhar de dvida com Sam. Quero acreditar nessa demonstrao de fora do
exrcito, mas vi o tipo de destruio que os mogs so capazes de fazer. O nico
motivo pelo qual o Brooklyn ainda est de p porque Setrkus Ra permitiu.
O soldado estaciona nosso Humvee no meio de um quarteiro da cidade que foi
convertido em uma rea de preparao para os militares. Existem tendas nas
proximidades, mais Humvees e muitos soldados com olhares inquietantes e com
armas. Tambm h uma longa fila de civis, muito deles sujos e com leses
superficiais, agarrando seus bens escassos medida que esperam em uma fila de
contagem. No incio dela, alguns voluntrios com pranchetas anotam as informaes
das pessoas exaustas, antes de direcion-las at os nibus das cidades comandadas.
Nossa escolta me nota observando o lento processo de refugiados.
Os voluntrios esto tentando manter o controle dos sem teto o soldado
explica. Ento estamos evacuando para Long Island, Nova Jersey, qualquer lugar.
Levando-os para longe da luta at conseguirmos recuperar Nova York.
O soldado mede Sam e Daniela de cima abaixo, ento olha para mim de novo. De
repente me ocorre que esse cara est esperando que eu lhe d ordens.
Voc quer que evacuemos esses dois? o soldado pergunta, referindo se aos
meus companheiros.
Eles esto comigo eu digo a ele, e ele acena com a cabea, aceitando sem
questionar.
Daniela observa os voluntrios checarem um casal idoso e ajud-los a subir no
nibus.
Eles tm uma lista ou algo que eu possa checar? Eu estou... procurando por
algum.
O soldado encolhe o ombro como se essa no fosse sua rea de conhecimento.
Claro, voc poderia perguntar.
Daniela vira para mim.
Eu estou indo...
V respondo, acenando. Espero que voc a encontre.
Daniela sorri para Sam, ento para mim, e comea a se afastar.
Hum, sobre aquela coisa toda de salvar o mundo... ela comea, hesitando.
Quando voc estiver preparada, venha e me procure eu digo a ela.
Voc est assumindo que em algum momento eu irei estar preparada Daniela
responde.
Ela ainda no mencionou sua mochila de dinheiro roubado, desde que ela foi deixada
para trs no metr.
Sim, eu estou.
Daniela demora mais um segundo, os olhos fixados nos meus.
Ento, acena para si mesma, se vira e corre em direo aos voluntrios.
Sam olha para mim como se eu fosse louco.
Voc est a deixando ir? Uma das nicas... Sam olha de relance para o soldado
que ainda est pacientemente esperando prximo a ns, sem ter certeza de quanto
ele deveria dizer.
No posso for-la a se juntar a ns, Sam eu respondo. Mas o que aconteceu
a ela o que aconteceu com voc... tem que ter uma razo. Tenho f de que isso no
vai ser para nada.
A barraca da Agente Walker est nessa direo, senhor o soldado diz, acenando
para eu e Sam seguirmos.
Os celulares ainda esto funcionando? pergunto a ele enquanto ns
atravessamos o congestionado acampamento. Preciso fazer uma ligao.
importante.
Mtodos tradicionais ainda no esto funcionando, senhor. Os inimigos se
atentaram a isso. No entanto, ns provavelmente temos alguma coisa que voc
possa usar no centro de comunicao o soldado diz, apontando para uma tenda
Ok, se este o caso, por que eles me trouxeram at voc, Walker? Por que ns
estamos conversando?
Walker para e vira para mim, com suas mos nos quadris.
Por causa de nossa histria, nossa relao...
disso que voc est chamando?
Eu fui nomeada sua ligao, John. Seu ponto de contato. Qualquer coisa que voc
nos contar sobre os mogadorianos, suas tticas, esta invaso isso ser dito atravs
de mim. Da mesma forma, qualquer requisio que voc poder fazer para as foras
armadas dos Estados Unidos.
Deixo escapar uma risada aguda e sem graa. Eu me pergunto onde esto os
generais. Procuro pelas tendas prximas procurando por alguma que parea mais
importante que as outras.
Sem ofensa, Walker, mas eu no preciso de voc como um meio comunicao.
No voc quem decide ela responde, resumindo sua caminhada pelo per.
Voc tem que entender que as pessoas no comando, o presidente, seus generais, o
que sobrou de seu gabinete eles no eram do ProMog. Quando os mogs fizeram
contato, ns quase tivemos um golpe bem-sucedido em nossas mos com as escrias
do ProMog defendendo a rendio. Por sorte, com o Sanderson fora da jogada...
Espera a. O que aconteceu com ele? pergunto.
Eu perdi o sinal do secretrio da defesa durante a batalha com Setrkus Ra.
Ele no resistiu Walker responde tristemente. Eu tinha pessoas suficientes
em Washington para se livrar da maioria das mas podres. Aquelas que ns
sabamos, pelo menos.
Ento voc est dizendo que a maioria dos ProMog se foram e que ns fomos
deixados com...
Um governo fraturado que foi mantido totalmente nas sombras. Essa invaso, a
ideia de aliens de outro planeta nos atacando, tudo novo para eles. Eles aceitam
que voc est lutando do nosso lado. Mas voc ainda um extraterreste.
Eles no acreditam em mim eu digo, incapaz de manter a amargura da minha
voz.
A maioria deles nem mesmo acredita mais um no outro. E de qualquer forma,
voc no deveria confiar neles Walker responde empaticamente. Os membros
ProMog conhecidos foram todos presos, mortos ou se esconderam. Mas isso no
significa que pegamos todos eles.
Eu dou uma olhada para Walker, revirando meus olhos.
Ento melhor para mim continuar com o diabo que eu conheo, no ?
Ela abre os braos, obviamente no esperando que realmente eu a abrace.
Isso mesmo!
Tudo bem, aqui est meu primeiro pedido: contato. A Anubis a nave de guerra
que deixou Nova York essa manh est carregando Setrkus Ra e est indo para o
Mxico.
Ah, bom Walker interrompe. Eles vo gostar disso. Uma ameaa a menos
para os cus do EUA.
Eles precisam enviar jatos, lutadores, drones, o que quer que eles tiverem
continuo. A nave est indo em direo de um lugar de grande poder, um lugar
lrico. Eu no tenho certeza do que Setrkus Ra quer l, mas sei que ser ruim se ele
conseguir. Ns temos que levar a luta at ele.
A expresso da Walker fica mais sombria quanto mais eu falo. J posso dizer que no
vou gostar do que ela tem a me dizer. Ela me leva para fora do per, atravessando
algum emaranhado de grama e para em frente de uma tenda de lona ligeiramente
isolada das outras.
Um ataque direto no vai acontecer ela responde.
E?
Vtimas em dezenas de milhares Walker responde. A nave de guerra ainda
est no ar. Elas esto protegidas de alguma forma. Os cientistas chineses dizem que
um tipo de campo eletromagntico. Se cansaram de lanar jatos contra esse campo,
ento tentaram lanar paraquedas com uma pequena fora diretamente na nave de
guerra. Aqueles caras no sobreviveram ao contato com o campo.
Lembro-me do campo de fora em volta da base mogadoriana de West Virginia. O
choque que recebi ao toc-lo foi o suficiente para me nocautear e me deixar doente
por dias.
Eu j atravessei o campo de fora deles antes eu digo a ela. Literalmente.
Como voc o derrubou?
Nunca consegui.
Walker me d um olhar inexpressivo.
E aqui estava eu , tendo um pouco de esperana.
Olho de volta para o mapa e balano minha cabea. Todo os Xs pretos me parecem
uma batalha que no sei como vencer.
Vinte e cinco cidades sob ataque. Voc tem alguma notcia boa, Agente Walker?
isso ela diz. Esta a boa notcia.
Levanto uma sobrancelha para ela.
Alguns lugares, como Londres e Moscou, enviaram tropas para lutar contra os
mogs. Mas no houve resposta como aqui ou em Beijing. Nenhum bombardeio,
nenhum monstro furioso. como se os mogs estivessem pegando leve com eles. E
tambm h alguns lugares como Paris e Tquio que no levantaram nenhum dedo se
quer. Essas cidades no esto atualmente sob ataque. As naves de guerra e as naves
de escolta esto controlando o espao areo, mas alm disso, no h nenhum mog
em terra firme. E ento, esta manh, aquela nave de guerra voou bem em cima de
ns, como se no fssemos nada. Isso fez algumas pessoas pensarem que talvez eles
Walker, sentindo que um ataque de pnico est chegando. Eu no sei o que fazer. Se
o prazo de Setrkus Ra passar e ele comear a bombardear outra cidade, devo
simplesmente deixar acontecer? Eu devo me entregar? Neste meio tempo, o que
fao para impedir o ataque dele ao Santurio? E sobre Nove e Cinco, que ainda esto
desaparecidos? muita coisa para lidar.
John?
Devagar, encaro Walker, garantindo que minha expresso esteja neutra. Mesmo
assim ela deve detectar algo, porque atravessa a tenda e para em minha frente. Ela
agarra meu ombro com seu brao bom, e estou to surpreso por ter deixado isso
acontecer. H medo nos olhos de Walker, misturado com um tipo de determinao
suicida. Eu j vi aquele olhar antes usado pelos meus amigos, pouco antes deles se
jogarem em uma batalha contra o impossvel.
Voc precisa me dizer como fazer isso Walker fala para mim, sua voz baixa e
trmula. Me diga como vencer essa guerra em menos de quarenta e oito horas.
Captulo dez
COMO EST INDO?
Adam pula quando coloco minha mo em seu ombro e me inclino para checar
seu progresso. Ele est curvado sobre uma bancada onde os mogs
aprimoravam suas armas antes das tentativas infrutferas de destruir o campo
de fora do Santurio. Adam varreu toda a porcaria mogadoriana que estava
atravancando a bancada para o cho e as substituiu com uma variedade de
peas mecnicas. As peas variadas vieram dos Skimmers desativados que
estavam juntando poeira no campo de pouso, algumas das entranhas dos
motores, outras de trs do painel de instrumentos touchscreen. Entre as
partes da nave esto vrias outras coisas, de todos os tamanhos a bateria
Para falar a verdade, estou orgulhosa por Adam ser devoto em seu servio.
Ao mesmo tempo que no quero v-lo se machucando, ns precisamos
desesperadamente sair do Mxico. Ainda no h uma palavra do John. Temo
estarmos perdendo a guerra.
Pelo menos coma algo eu digo a ele, agarrando uma banana verde que
acabei de pegar de uma bananeira prxima e empurrando nas mos de
Adam.
Ele considera a banana por alguns momentos. Posso realmente ouvir o
estmago de Adam roncar enquanto ele comea a descasc-la. Comida no
foi uma coisa que pensamos em trazer ns no sabamos o que esperar
quando vnhamos para o Santurio, mas definitivamente no estvamos
planejando ficar por aqui. No trouxemos os suprimentos necessrios para
uma estadia longa.
Sabe, Nove tinha uma daquelas pedras em sua Arca que, se voc as
chupasse, elas lhe dariam todos os nutrientes de uma refeio eu digo a
Adam, descascando uma banana. Meio nojento, especialmente depois que
voc comea a pensar sobre onde eles estiveram e quantas vezes Nove
provavelmente a usou. Mas agora, eu realmente queria que no tivssemos
jogado aquilo dentro do poo do Santurio.
Adam sorri, olhando para o templo.
Talvez voc devesse voltar e pedir com jeitinho. Tenho certeza que aquela
coisa-energtica no quer as pedras cuspidas por Nove.
Talvez eu devesse pedir um novo motor, j que estarei l.
No doeria Adam responde, e engole o resto de sua banana com
pressa. Eu vou tirar a gente daqui, Seis. No se preocupe.
Coloco uma segunda banana na mesa e deixo Adam voltar ao trabalho.
Atravesso a pista de pouso em direo onde Marina est sentada com as
pernas cruzadas na grama, encarando o Santurio. Eu no tenho certeza se
ela est meditando ou rezando ou alguma coisa assim, mas ela estava
naquele lugar quando acordei esta manh e ainda no se moveu desde que
sa caando por comida na selva.
Eu gostaria de pensar que foi por acidente minha rota at Marina me levar
para a haste do Skimmer onde Phiri-Dun-Ra est amarrada, mas eu sei que
no. Ns a amarramos no meio do campo e todos temos mantido os olhos
nela. Quero que a mogadoriana diga alguma coisa, para me dar um motivo.
Ela no desaponta.
Ele vai falhar, voc sabe.
Voc disse alguma coisa? pergunto, parando e me virando devagar
para encar-la.
Eu ouvi Phiri Dun-Ra perfeitamente.
Nossa prisioneira mogadoriana sorri cruelmente para mim, seus dentes tortos
com sangue seco. Seu olho direito est inchado. Eu fiz isso nela ontem
noite. Depois de ouvir sobre a invaso mogadoriana, cansei-me rapidamente
com sua incessante gargalhada. Ento, eu a acertei. No foi meu momento
mais orgulhoso, socando um mogadoriano amarrado, mas isso me fez sentir
bem. Na verdade, eu provavelmente teria feito mais se Marina no tivesse me
arrastado para longe dela.
Enquanto encaro Phiri Dun-Ra, seu olho bom se estreita em diverso.
Cerro os punhos de novo. Eu quero bater em algo. Tudo o que preciso de
um motivo.
Voc me ouviu, garotinha ela responde, balanando o queixo na direo
de Adam. Phiri Dun-Ra fala alto o suficiente que eu tenho certeza que ele
pode ouvir tambm. Adamus Sutekh vai falhar, como ele sempre falha.
Voc sabe, eu o conheo h muito mais tempo que voc. Eu sei o eterno
desapontamento que ele foi para seu pai. Para o nosso povo. No toa que
ele se tornou um traidor.
Olho por sobre os meus ombros para Adam. Ele est fingindo no ouvir Phiri
Dun-Ra, mas suas mos pararam de trabalhar e seus ombros enrijeceram.
Voc quer ser nocauteada de novo? pergunto para Phiri Dun-Ra, dando
um passo em direo a ela.
Ela fica pensativa por um momento, ento continua:
No entanto, hmm... acabei de me lembrar de algo. Eu me lembro de ouvir
as proezas do jovem tcnico Adamus. Ele era algo como um prodgio em
mquinas para um jovem nascido naturalmente. estranho ele no ser capaz
de consertar
uma
dessas
naves,
especialmente com
todos
esses
E ento? Voc pacifista agora? Alguns dias atrs, voc arrancou o olho
do Cinco com um ataque de gelo eu a lembro. Ele muito mais
parecido conosco do que Phiri Dun-Ra , e eles dois esto em apuros.
Sim, eu fiz isso Marina responde, passando suas mos sobre as pontas
afiadas da grama. Eu me arrependo disso. Ou, na verdade, eu me
arrependo do pouco arrependida que estou. Voc entende o que quero dizer,
Seis? Ns temos que tomar cuidado para no nos tornarmos eles.
Cinco mereceu respondo, amolecendo um pouco minha voz.
Talvez Marina admite, e finalmente olha para mim. Eu me pergunto o
que ser de ns quando tudo isso acabar, Seis. Com o que ns seremos
parecidos?
Se ainda tiver restado alguma coisa de ns respondo. Grande se
nesse momento.
Marina sorri tristemente. Ela muda seu olhar de volta para o Santurio.
Eu fui dentro do templo mais cedo nessa manh, antes do nascer do sol
ela conta. Voltei para o poo, de onde a energia Lrica veio.
Eu estudo Marina. Enquanto eu estava dormindo, ela estava descendo
aquelas escadas tortas de volta para a cmara subterrnea do Santurio.
O poo de pedra de onde a Entidade veio, os mapas brilhantes do universo
nas paredes. Eu gostaria que ns tivssemos obtido mais respostas daquele
lugar.
Achou algo til?
Ela balana o ombro.
Ainda est l. A Entidade. Eu posso senti-la, se espalhando de dentro do
Santurio, no entanto, no sei por qual motivo. Ainda posso ver o brilho, l no
fundo do poo. Mas...
Voc estava esperando por algum conselho?
Marina acena e sorri baixinho.
Eu tinha esperana que ela poderia nos guiar. Dizer-nos o que fazer a
partir de agora.
No estou surpresa que a Entidade esteja vivendo dentro do Santurio,
aparentemente a fonte de nosso poder, no colocou a cabea para fora para
outra visita com Marina. Quando ns encontramos a entidade pela primeira
vez, ele parecia quase incomodada conosco, feliz por ter sido acordada, com
certeza, mas sem nenhuma pressa em nos ajudar a ganhar essa guerra
contra os mogadorianos. Eu me lembro de algo que ela disse durante nossa
conversa, que ela concede seus dons sobre uma espcie, que no julga ou
toma lados, nem mesmo para sua prpria defesa. Acho que ns j tivemos
toda ajuda da entidade que ns vamos ter. Guardo esse pensamento para
mim, no querendo desencorajar Marina ou abalar sua f, a qual parece ser a
nica coisa que a est mantendo s. Mesmo se isso a guie a algumas
questes ticas mrbidas que eu francamente no me vejo pensando.
Fiquei sentada aqui fora rezando por nossa situao Marina continua.
Suponho que seja idiota esperar por algum tipo de sinal. No entanto, no
sei o que mais fazer comigo mesma.
Antes que eu consiga responder, um zumbido estridente soa atrs de ns. No
incio, penso que s a ltima tentativa de Adam em criar um novo tubo. O
barulho est muito perto. Est vindo praticamente de cima de ns. Marina
est sorrindo para mim, com seus olhos arregalados e animados. Meu
corao comea a bater mais rpido enquanto percebo o que est
acontecendo. Talvez a orao de Marina realmente tenha funcionado.
Seis? Voc no vai atender?
As coisas tm sido irritantemente silenciosas por tanto tempo, que devo ter
esquecido como o toque de um telefone via satlite soa. Eu me levanto em
um pulo, arrancando o telefone do bolso da minha cala.
Marina permanece comigo, inclinando sua cabea mais prximo para poder
ouvir, e Adam corre para se juntar a ns. Eu posso sentir Phiri Dun-Ra nos
observando, mas eu a ignoro.
John?
H uma exploso esttica enquanto o telefone via satlite estabelece a
conexo, uma voz familiar saindo atravs dos gritos da interferncia.
Seis? o Sam!
Um largo sorriso se forma no meu rosto. Posso sentir o alvio na voz de Sam
por eu ter atendido ao telefone.
Sam! minha prpria voz trava um pouco. Espero que ele no tenha
percebido isso. Na verdade, eu no me importo. Marina agarra meu brao,
sorrindo mais largamente. Voc est bem? pergunto para Sam, as
palavras saindo metade como questo e metade como exclamao.
Eu estou bem! ele grita.
E John?
John tambm. Ns estamos em um acampamento militar no Brooklyn. Eles
nos emprestaram um par de telefones via satlite e John est falando com
Sarah no outro telefone.
Eu resmungo e no posso evitar revirar meus olhos um pouco.
claro que ele est.
Onde vocs esto, gente? Est todo mundo bem? Sam pergunta.
As coisas ficaram loucas.
Todo mundo est bem, mas...
Antes que eu consiga contar ao Sam sobre nossa situao, ele interrompe.
Alguma coisa aconteceu ai embaixo, Seis? Enquanto vocs estavam no
Santurio? Como, por um exemplo, vocs apertaram um boto para Legados
ou alguma coisa?
No tinha nenhum boto eu digo, trocando um olhar com Marina.
Ns conhecemos, eu no sei...
Tudo isso soa incrvel, mas eu ainda no estou preparada para celebrar. Ns
ainda estamos presos no Mxico. A guerra no acabou de repente.
Aquela Entidade no te deu uma lista de novos Garde, deu? Sam
pergunta. Algum jeito de ns encontr-los?
Nenhuma lista respondo. No posso dizer com certeza, mas julgando
pela minha conversa com a Entidade, tudo parece ser bastante por acaso. O
que est acontecendo ai? pergunto ao Sam, desviando a conversa para as
batalhas que ns perdemos. Ns ouvimos sobre o ataque em Nova York...
Est ruim, Seis Sam diz, diminuindo sua voz. Manhattan est, tipo,
pegando fogo. Ns no sabemos onde Nove est; ele ainda est l em algum
lugar. Onde vocs esto? Ns realmente poderamos usar sua ajuda.
Percebo que eu ainda no terminei de contar ao Sam sobre nossa situao
atual.
Tinha mogs de guarda no Santurio conto a ele. Ns pegamos todos,
exceto um. Enquanto estvamos dentro do templo, ela destruiu todas as
naves. Estamos presos aqui. Voc acha que vocs conseguiriam que um
novo amigo militar mandasse um jato? Talvez precisemos ser resgatados.
Espere, vocs ainda esto no Mxico? No Santurio?
Eu no gosto do medo na voz do Sam. Alguma coisa no est certa.
O que est errado, Sam?
Vocs precisam sair da Sam diz. Setrkus Ra e sua nave gigante
esto indo direto na direo de vocs.
Captulo onze
ALGUNS MINUTOS DEPOIS DE A AGENTE WALKER ME DIZER QUE TENHO QUARENTA
E oito horas para vencer uma guerra, uma dupla de soldados vestidos em uma
armadura completa e um cidado de meia idade esto carregando um tablet chegam
sua barraca. Eles querem entregar algum tipo de mensagem importante
relacionada gravao que o cidado fez em seu aparelho durante a manh. Eu no
estou prestando muita ateno meus ouvidos esto zunindo, corao batendo
forte. Posso sentir que os recm-chegados esto me olhando, como se eu fosse um
A menos que eu possa fazer o impossvel. Sinto como se eu fosse vomitar. Preciso de
algo para focar, alguma coisa para me tirar desse pavor, ento ligo o notebook de
Walker. Eu sei o que estou esperando encontrar, o que preciso ouvir. Junto com o
vdeo que ela me mostrou da ameaa de Setrkus Ra, Walker tem alguns outros
arquivos abertos em seu computador. Eu no estou to surpreso pelo fato de
encontrar o vdeo que eu quero l, j aberto.
LUTE PELA TERRA APOIE OS LORIENOS.
Aumento o volume e clico no boto reproduzir.
Esse o nosso planeta, porm no estamos sozinhos.
Daniela estava certa: Sarah realmente parece tentar parecer mais velha e mais
profissional do que ela realmente , como uma ncora ou uma jornalista. Isso me faz
sorrir, de qualquer forma. Fecho os olhos e escuto a voz dela. Eu no preciso
necessariamente compreender as palavras embora seja definitivamente bom ouvir
a voz de sua namorada descrevendo voc como um heri para a raa humana.
Ouvir a voz de Sarah comea a tranquilizar meus nervos, mas tambm cria um
sentimento que estive muito preocupado em sentir durante os ltimos dias. Eu
imagino ns, de volta a Paradise, inocentes, ficando juntos no meu quarto enquanto
Henri fazia compras...
No tenho certeza de quantas vezes assisti o vdeo antes de Sam entrar na barraca
de Walker. Ele pigarreia para chamar minha ateno e segura um celular via satlite
em cada mo.
Misso cumprida ele diz. Ele inclina sua cabea para ver a tela do notebook.
O que voc est assistindo?
O... hum... o vdeo que a Sarah fez respondo, me sentindo envergonhado.
Claro, Sam no sabe que acabei de ver uma dzia de vezes, que estou ouvindo a voz
da minha namorada para tentar sair desse estado emocional. Levanto rapidamente e
tento parecer to firme quanto sou descrito no vdeo.
John?
Voc no tem ideia do quanto eu precisava ouvir sua voz eu respondo, olhando
para o notebook da Walker e finalmente fechando-o.
Aperto o telefone na minha orelha, fecho meus olhos e imagino Sarah sentada ao
meu lado.
Eu estava to preocupada, John. Eu vi ns vimos o que aconteceu em Nova York.
Mordo a parte interna da minha bochecha. A imagem de Sarah que estava em minha
mente substituda por um dos prdios se desmoronando em razo do
bombeamento causado pela Anubis.
Foi... eu no sei o que dizer sobre isso eu digo. Eu me sinto com sorte por ter
escapado.
No menciono a culpa que estou sentido, ou como foi difcil para mim continuar. Eu
no quero que Sarah saiba isso. Eu quero ser o heri que ela descreveu no vdeo.
Sarah no diz nada por alguns segundos, mas posso ouvi-la respirando, instvel e
devagar, como se estivesse tentando impedir que as emoes explodam. Quando ela
finalmente fala, sua voz baixa, num sussurro desesperado, vindo de muito longe.
Foi horrvel, John. Todas aquelas pobres pessoas. Eles esto morrendo, o mundo
est basicamente acabando, e tudo... tudo em que eu conseguia pensar era no que
poderia ter acontecido com voc, o motivo pelo qual voc no entrava em contato.
Eu no eu no tenho um feitio no meu tornozelo para me manter atualizada. Eu
no sabia se...
Percebo que Sarah est aliviada por ouvir minha voz daquele jeito, aquela forma de
quando voc est a noites sem dormir por estar preocupado com algum. Eu me
lembro de como me senti quando os mogadorianos a tinham pego, como foi sentir
que uma parte de mim estava faltando. Eu tambm me lembro do quo simples as
coisas eram at ento evitar os mogs, salvar Sarah, quando no havia milhes de
vidas pesando na balana. louco pensar que eu considerava aquilo como uma crise.
Enquanto isso, h vinte e cinco naves sobre vinte e cinco cidades diferentes. Eu no
sei como lidar com isso, Sarah.
Bem Sarah responde, sua voz calma, como se eu no tivesse acabado de jogar
uma pilha de problemas sobre ela. uma boa coisa voc ter amigos. Agora vamos
tratar uma coisa de cada vez. Deixe-me lhe contar sobre GUARD.
Captulo doze
SARAH CONTA TUDO SOBRE O TEMPO QUE PASSOU COM MARK, E EU REALMENTE
no consigo acreditar no que ela me fala sobre GUARD. Depois de todos esses anos,
incrvel. Tento manter a calma em minha voz, esconder essas notcias incrveis da
Agente Walker e de seus amigos do governo, pelo menos por enquanto. Depois que
Sarah me atualizou, digo a ela tudo o que aconteceu comigo, e sobre tudo o que
estamos enfrentando. Ela no vacila. Ela me diz que podemos fazer isso. Ela me diz
que podemos vencer.
Ela me faz acreditar.
Quando finalmente saio da barraca da Agente Walker, no estou mais tremendo.
Desabafar com Sarah, ouvir sua voz, lembrar do motivo pelo qual estou lutando
tudo isso foi o suficiente para me fazer levantar, seguir em frente, pronto para voltar
batalha. Ainda no tenho todas as respostas, mas agora no tenho mais medo de
enfrentar as perguntas.
Do lado de fora da barraca, Sam ainda est no telefone. Ele anda de um lado para o
outro, gesticulando enfaticamente com sua mo livre.
Seis, isso loucura ele insiste. Obviamente, Seis est viva e muito bem. E
claro que Sam j est tentando faz-la desistir de alguma loucura. Voc no viu o
tamanho dessa coisa. Ela destruiu todos os prdios da cidade como se fossem feitos
de papel.
Sam me v, ento arregala os olhos como se Seis estivesse dizendo algo louco em
resposta.
John est aqui Sam diz para o telefone. Talvez ele consiga pr alguma razo
em sua cabea.
Sam me entrega o celular.
Eles esto bem? pergunto para Sam, aceitando o telefone.
Esto. Eles libertaram o esprito de Lorien na Terra, o que provavelmente a
resposta para o desenvolvimento do meu Legado, mas agora esto presos no
Mxico, e Seis est falando da possibilidade de lutar contra a Anubis quando ela
aparecer no Santurio Sam revela quase sem flego. Eu o encaro, tentando
absorver tudo o que ele me disse enquanto levo o telefone at a orelha.
John? Sam? a voz familiar de Seis, parecendo irritada. Algum fale comigo.
Ei, Seis eu digo. Bom ouvir sua voz.
Bom ouvir a sua tambm ela responde, um pouco alto. Quer que eu o
atualize com detalhes? Ou devemos ir direto ao ponto onde voc tenta me
convencer a no lutar contra Setrkus Ra e sua nave de guerra?
No consigo evitar sorrir quando a ouo explodindo. Depois de falar com Sarah, e
agora com Seis, as coisas no parecem to pesadas como pareciam. Ns
definitivamente vamos lutar, e pelo menos no estou nessa sozinho.
Eu quero que voc me atualize eu digo Seis. Mas primeiro, realmente preciso
falar com Adam.
Oh Seis responde, parecendo surpresa. Claro. Espere um segundo.
Sam me encara, como se eu definitivamente devesse ter dito primeiro a Seis e os
outros para fugirem do Santurio. No tenho certeza se essa a coisa certa no
momento. Ns sabemos que Setrkus Ra est indo para l, mas ele no sabe que
sabemos disso. Isso nos d uma vantagem rara. Ella me mostrou o Santurio em sua
viso. Ela me disse para avisar Seis e os outros. Talvez seja l que ocorrer a batalha
final contra Setrkus Ra. Se esse for o caso, pelo menos ela ser travada no meio do
nada. Pessoas inocentes no estaro em perigo.
Adam atende o telefone, parecendo cansado.
Como posso ajudar?
Suas naves digo, a nave dos mogs, elas so protegidas com um campo de fora.
Me diga como destru-los.
Adam bufa.
Est brincando, certo?
Eu preciso dar alguma coisa para o governo respondo a Adam. Setrkus Ra
estabeleceu um prazo para a rendio, e se eles no descobrirem uma forma de
derrotar a frota, o Exrcito no vai nos ajudar.
John, aquelas naves foram projetadas antes da invaso de Lorien Adam explica.
Os escudos foram feitos para sustentar ataques de um planeta repletos de
Gardes. No h arma na Terra menor que uma bomba nuclear que poderia ao menos
potencialmente quebrar o escudo, e tentar fazer isso em cima de uma cidade
populosa seria catastrfico Adam para, e posso ouvir o passos. Ele est andando
na direo de alguma coisa. Entretanto...
O qu? Eu aceito qualquer coisa que puder me dar, Adam.
Talvez fora bruta no seja a resposta. Estou olhando para uma pista de pouso
cheia de Skimmeres ele diz. Me ocorreu que h mais ou menos cem desses
ligados a cada nave de guerra. Elas servem como escolta e transportam esquadres
de tropas terrestres. Elas vm e vo da nave de guerra o tempo todo, o que
teoricamente significa baixar o campo de fora por um tempo. Ento, os Skimmeres
foram equipados com um gerador de campo eletromagntico que os escondem do
campo de fora da nave de guerra, permitindo que passem atravs dele ilesos.
Eu deveria ter pensado nisso. Agora que Adam falou, percebo que vi essa tecnologia
em prtica na base da montanha em West Virginia. Quando Setrkus Ra chegou pela
primeira vez na Terra, sua nave atravessou o campo de fora da base como se ele
no estivesse l. Quando tentei ca-lo, o campo de fora praticamente me fritou.
Seria possvel despojar essa tecnologia dos Skimmeres e transferi-la para algo
diferente? pergunto a Adam. Como, por exemplo, num jato do Exrcito?
Adam considera.
Possivelmente, sim. Porm mesmo que no tivesse mais que se preocupar com o
escudo, ainda ele estaria na mira dos canhes.
Eu me lembro do que Ella me mostrou durante o sonho que compartilhamos o
observatrio por onde ela e Cinco tentaram escapar. Talvez possamos usar a
tecnologia dos mogadorianos contra eles mesmos.
Ns poderamos, tipo, colocar dez pessoas dentro de um Skimmer desses, certo?
pergunto, considerando um novo plano de ataque.
Doze, mais dois pilotos Adam responde rapidamente. Voc est
considerando um ataque menos bvio.
Pouco tempo depois, Sam e eu estamos andando pelo per, procurando pela Agente
Walker. Onde quer que ela tenha ido com aqueles dois agentes e o cidado, est
demorando mais do que espervamos. Logo a frente h uma grande presena militar
no deque de concreto bem no meio do East River. Quando chegamos, um pequeno
grupo de soldados est trabalhando duro puxando alguns caiaques vazios da gua
para que os navios militares possam ter espao para atracar. Este lugar no foi
exatamente projetado para batalhas.
Durante as ltimas vinte e quatro horas, isto se transformou em uma rea de
preparao, com um bando de destroieres flutuantes ameaadoramente na estreita
Estou planejando ligar para Seis novamente assim que descobrir o quanto posso
contar com Walker e o governo. At l, eles continuaro no Santurio. Eles ainda tm
algum tempo antes de Setrkus Ra chegar l.
Voc realmente acha que Seis teria voltado se eu pedisse? devolvo. Eu no
quero coloc-los em perigo tambm, Sam, mas...
John, qual . A Anubis quase nos matou ontem! ramos como formigas contra
aquela coisa. Nem isso. Qual a nossa chance?
Ella me disse que Setrkus Ra quer o que est dentro do Santurio, o que estou
presumindo ser a Entidade Lrica que Seis nos contou. No podemos simplesmente
deix-lo l sem nos manifestarmos. No ser nada bom ser permitimos que ele
consiga o que quer.
Mas como iremos enfrent-lo? Qual a vantagem de eles ficarem por l? Sam
pergunta, aumentando seu tom de voz. Eles mal podem feri-lo. No sem...
Estou ciente da nossa situao, Sam retruco, perdendo a pacincia. Ns
vamos encontrar uma maneira de ir at l para ajud-los, ok? Ella me mostrou ela
me mostrou o Santurio, ela me disse para alertar Seis e os outros e ela tambm me
disse que podemos vencer. Que ela encontrou uma maneira. Tudo comea l.
Oculto as partes em que Ella me disse que haver sacrifcios, onde ela deixou
implcito que posso ser aquele que ir mat-la. Farei de tudo para que eu possa
mudar essa parte de sua profecia. Sei que Sam est me pressionando porque est
preocupado com os outros com Seis, em particular. Eu tambm estou preocupado
com eles. Mas tambm confio em Seis para manter a cabea erguida e tomar suas
prprias decises.
Antes que Sam possa retrucar, avisto a Agente Walker em nossa frente e comeo a
andar. Os agentes do FBI esto rodeados de alguns oficiais militares de alto escalo.
Tenho que abrir meu caminho entre a multido de soldados para me aproximar.
Recebo alguns olhares descontentes no comeo, como se eu fosse um cidado
H algum tipo de caso contrrio que voc ir jogar pra cima de mim? Walker
pergunta, sua expresso mudando. Farei o que puder, mas eu j lhe disse sobre a
hierarquia militar. Isso vem direto do comandante geral.
, bem, sabe as peas que eles necessitam para vencer os campos de fora. Elas
esto paradas em uma pista de pouso no Mxico. Ento melhor que se virem e me
deem uma droga de jato para me levar at l.
Walker levanta sua mo, me dizendo que j entendeu.
Tudo bem, tudo bem. Eu farei meu melhor. Mas temos outra droga de assunto
para lidar antes de viajarmos para a sua zona lrica segura ou qualquer inferno que
seja isso.
Whoa Sam diz. Ele est perto da borda olhando para a gua. Eles tm um
submarino l em baixo.
Tm Walker responde. Antes de voc ir para qualquer lugar, John, preciso
que d uma olhada nisso.
Ela se aproxima de mim e clica no boto reproduzir do tablet, iniciando um vdeo.
uma gravao trmula desta manh, onde a Anubis deixa Manhattan e desliza sobre
a Ponte do Brooklyn. A cmera est oscilante e o udio est distorcido com gritos e
soldados gritando ordens um para o outro. Eventualmente, a nave de guerra sinistra
se perde na vista.
O que eu deveria estar procurando, Walker?
Foi isso o que eu disse. Tambm no encontrei nada da primeira vez Walker
responde, reproduzindo novamente a gravao. Aparentemente, os milhares de
oficiais altamente treinados no perceberam o acontecido em tempo real tambm.
Observe o rio agora.
Sam se inclina perto de ns, observando o vdeo.
Alguma coisa caiu da nave ele diz terminantemente, apontando para tela.
Ele est certo. Um pequeno objeto redondo do tamanho da nave prola de Setrkus
Ra cai da barriga da nave de guerra. Ela atinge o East River com um grande respingo
e imediatamente afunda, longe de vista.
J havia visto algo assim antes? Walker pergunta.
Balano a cabea.
Eu nunca tinha visto nenhuma nave desse tipo at a Anubis atacar Nova York.
Walker suspira.
Ento ainda estamos no escuro.
Eles esto mandando esse submarino l para baixo para procurar o que quer que
seja aquilo? Sam pergunta.
Walker assente.
O rio tem apenas cem metros de profundidade, mas eles no querem arriscar
mandar mergulhadores para o caso de ser uma armadilha ou algum tipo de arma.
O que mais possivelmente poderia ser? pergunto a Walker, colocando minhas
mos na minha cintura e me virando em direo ao rio. Adicionando este misterioso
objeto longa lista de coisas com que tenho que me preocupar.
Os oficiais de alto escalo esto com esperanas de que tenha sido um acidente,
que algo caiu da nave de guerra e possivelmente poderamos estudar ou usar contra
os mogadorianos, ter um melhor entendimento sobre contra quem estamos lutando.
Setrkus Ra no faz nada por acidente.
Ento voc est me dizendo que no deveramos mandar ningum l? Walker
pergunta, com uma das sobrancelhas erguidas. Voc no est curioso, John?
Antes que eu possa responder, ouo um guincho de pneus no fim do per. Um dos
jipes do exrcito se aproxima em alta velocidade e o freio teve que ser acionado com
fora quando chega perto dos soldados amontoados ao redor. A motorista retira seu
capacete, revelando um cabelo negro suado. Ela abre a porta traseira e o outro
soltado d a volta no carro para ajud-la a retirar um terceiro soldado do carro. Ele
Estvamos fazendo o que voc mandou. Procurando por ele e seus amigos
Schaffer responde, gesticulando com seu queixo em minha direo. Ento havia
outras unidades na cidade alm daquelas que nos retirou da estao do metr.
Pensamos ter encontrado um sobrevivente, mas fomos atacados.
Os mogadorianos fizeram isso? pergunto, dando um passo em direo ao
soldado ferido. A frente de sua camisa est rasgada, assim como o colete a prova de
balas que ele usa por baixo. Isso aconteceu quando ele estava tentando me
encontrar. Segure-o firme. Deixe-me cur-lo.
Com Schaffer e o outro soldado segurando o seu parceiro ferido, comeo
cuidadosamente a desabotoar sua camisa e retirar seu colete prova de balas.
Enquanto isso, Schaffer olha para mim.
Voc no est entendendo Schaffer bufa. Encontramos um garoto, parecia
que era feito de metal. Pensei que ele fosse uma das suas aberraes Gardes, ento
falamos para ele que iriamos traz-lo at voc. Ele veio para cima de ns com uma
espada. Ele voou para cima de ns. Se moveu mais rpido do que qualquer coisa
deveria se mover. Nos desarmou, e fez aquilo com o Roosevelt.
Engulo seco. Apenas agora percebo que o soldado no foi apenas ferido com a
espada. H uma mensagem cravada nele.
Onde ele est? pergunto, com um tom de voz frio.
Ele nos mandou para c para avis-lo Schaffer responde. Ele disse que vai
estar na Esttua da Liberdade ao pr-do-sol. Quer que voc se encontre com ele.
Havia mais algum com ele? Sam pergunta.
Um garoto grande, de cabelos negros. Inconsciente Schaffer responde. Ela se
vira para mim. Ele falou para dizer a voc o que vai acontecer se voc no ir. Eu
no sei que droga isso deveria significar para voc encontr-lo ao pr-do-sol ou ele
vai te dar uma nova cicatriz.
Captulo treze
ESTAMOS NO LIMITE DO GRAMADO EM FRENTE AO SANTURIO, LADO
A LADO, DE costas para o templo. Juntos, olhamos para o horizonte, para o
norte. dessa direo que a nave do Setrkus Ra vir.
Ns temos at o anoitecer.
Ns trs somos a ltima linha de defesa.
O dia ficou ainda mais quente. Pelo menos posso fingir que o suor
escorrendo pelas minhas costa do calor.
Aponto na direo da linha das vores.
Os mogs nos fizeram um favor cortando a mata digo enquanto me
esforo para calcular a distncia. Ns veremos a nave chegando a pelo
menos a cinco quilmetros de distncia.
Eles tambm vo nos ver Adam responde, com uma voz sombria. Eu
no sei, Seis. Isso parece loucura.
Eu estava esperando Adam dizer algo assim. Soube pelo olhar dele quando
eu estava no telefone com John e Sam que ele no est com a gente na luta
com Setrkus Ra e a sua nave de guerra.
Setrkus Ra no pode entrar no Santurio Marina diz, antes que eu
possa responder. Esse um local lrico. Um lugar sagrado. Ele no pode
contamin-lo. O que quer que ele queira, ns devemos det-lo.
Olho de relance de Marina para Adam, e encolho os ombros para o
mogadoriano.
Voc a ouviu.
Adam nega com a cabea, frustrado.
Olhe, entendo que este local especial para vocs, mas no vale a pena
trocar nossas vidas por ele.
Eu discordo Marina responde, grossamente. Ela com certeza j se
decidiu. De jeito nenhum ela vai deixar o Santurio agora, no depois do que
aconteceu aqui.
Ns fizemos o que tnhamos que fazer aqui Adam argumenta. Alguns
humanos tm Legados agora. No h nada que Setrkus Ra possa fazer
para mudar isso. Ele est atrasado.
Ns no temos certeza respondo, olhando de relance para o Santurio
por cima do meu ombro. Se ele entrar l, ele poderia... Eu no sei.
Reverter o que fizemos, talvez. Ou alguma coisa para machucar a Entidade.
Adam bufa.
Ele controlou o planeta natal de vocs por pelo menos uma dcada, e
nunca foi capaz de tirar os Legados de vocs. No permanentemente.
Porque Lorien estava aqui! Marina enfatiza. Ela estava se
escondendo aqui e agora ele a achou. Ns no podemos deix-lo tocar na
Entidade. As consequncias podem ser catastrficas.
No fale sobre o que voc no sabe, seu monstro! ela grita, apontando
seu dedo para ele.
Uma estalactite de gelo se forma na ponta do seu dedo e cai na terra em
frente aos ps de Adam. Imediatamente comea a derreter. Adam d um
passo para trs em surpresa, encarando Marina.
J chega! exclamo, parando no meio dos dois. Isso no est levando
a gente a lugar algum.
Da rea de pouso, Phiri Dun-Ra faz uma srie de barulhos abafados. Percebo
que ela est rindo de ns. Eu a ignoro, me viro e levo Marina pelos ombros
para longe. A pele dele est gelada quando a toco.
Mesmo eu amando o ar-condicionado agora, voc precisa sair daqui por
um minuto eu digo.
Marina me d um olhar de descrena, como se no conseguisse acreditar
que estou do lado de Adam, contra ela. Balano a minha cabea levemente e
levanto as sobrancelhas, dizendo que no por isso. Ela suspira, passa a
mo pelos cabelos e caminha em direo ao Santurio.
Eu me viro para observar Adam. Primeiro, ele no me olha de volta. Est
ocupado demais fitando a estalactite que Marina criou contra ele, se
transformar em gua.
Sorte sua que ela no arrancou seu olho fora eu brinco.
Eu sei ele responde, finalmente olhando para mim. Seis, olhe,
desculpa. Eu no deveria ter trazido Lorien tona. Aquele no era... no era
o meu ponto.
Pode apostar seu traseiro que no eu digo, dando um passo na sua
direo. Est tudo bem, voc est pirando um pouco. Vou relevar isso.
Mas, , no fale sobre as nossas famlias mortas e sobre o nosso planeta
massacrado, ok? Porque srio, eu quis te dar um soco na cara.
Adam concorda.
Entendido.
Adam parece satisfeito com a resposta. O olhar frentico que ele tinha
quando estava nos repreendendo se foi, substitudo pelo de mogadoriano
calculista. Nunca pensei que ficaria feliz de ver isso no rosto de algum.
Posso comear retirando os mdulos de ocultao do campo de fora para
John e tentar arrumar o Skimmer, mas nenhuma dessas coisas vai nos ajudar
a defender esse lugar ou a sobreviver a um ataque da Anubis ele me olha,
com as sobrancelhas erguidas. Ento, qual o nosso plano para no
morrer?
tima pergunta.
Olho em volta. O aspecto de tudo isso ainda algo que estou pensando.
Como ns podemos impedir Setrkus Ra de fazer seja l o que ele quer com
o Santurio? Como podemos atingi-lo sem ferir Ella? De novo, meu olhar
volta Phiri Dun-Ra. Ela no est mais rindo de ns, ao invs disso, est nos
observando como um falco. Penso em suas mos, ainda amarradas roda
atrs dela, e do jeito que est machucada, no seu estado sujo e coberta de
queimaduras sofridas pelo campo de fora do Santurio. Os mogs passaram
anos aqui, tentando forar sua entrada no Santurio em favor do seu Adorado
Lder. O ruim que no vimos nenhum fusvel ou painel de controle dentro do
templo para ligar o campo de fora novamente.
Pelo menos ns sabemos aonde ele est indo falo em voz alta, ainda
pensando. Se Setrkus Ra quer entrar no Santurio, ele tem que descer
da sua nave fodstica. Isso nos d uma chance.
Uma chance para fazer o qu? Adam pergunta.
No podemos machucar Setrkus Ra sem ferir Ella, o que significa que
no podemos realmente impedi-lo de entrar no Santurio. Mas se ele quer
Ella e o Santurio, bem, talvez ns possamos tirar algum proveito disso.
Adam logo se liga.
Voc est pensando...?
Voc mesmo mencionou que sempre quis pilotar uma dessas naves de
guerra. O que quer que Setrkus Ra queira do Santurio, ele no vai
conseguir lev-lo a lugar nenhum aponto, sentido um plano tomar forma.
Porque ns vamos resgatar a Ella e roubar sua nave.
com medo de ele pirar de novo, mas Adam continua falando. a nossa
melhor opo. Eu concordo com voc. Mas, supondo que funcione, supondo
que ns consigamos roubar a Anubis enquanto Setrkus Ra fica aqui
embaixo. E ento o qu? O que ns faremos a seguir? Ainda no poderemos
mat-lo.
Mas ele no vai poder nos matar tambm respondo. Mesmo sabendo
que no a estratgia brilhante que Adam estava esperando, honestamente
no pensei to frente. Estou mais focada na nossa sobrevivncia.
Talvez ns possamos negociar Marina sugere. Ella ou o Santurio...
Tirando a parte que ele fervorosamente iria querer o oposto, ele no tem
honra Adam diz. No vai haver nenhuma negociao.
Isso um beco sem sada eu digo. E melhor que perder, certo?
Adam considera as minhas palavras, cavando um buraco com o seu
calcanhar.
Est certo Adam concorda. Ento eu sugiro que cavemos um buraco.
Um buraco?
Uma cova Adam continua. Na frente da porta. Uma bem grande.
Ento, ns cobrimos e deixamos Setrkus Ra cair dentro.
Empurro o meu dedo do p no cho. Graas sombra do Santurio e as
plantas crescendo perto, a terra est fofa e mida, no como na pista de
pouso de terra batida e bem dura. Com todos os nossos Legados, o estoque
de armas dos mogs, um monte de C-4, e ns estamos falando de cavar um
buraco.
Bem, ele exatamente o tipo de idiota que no olha por onde anda,
especialmente se estiver ostentando a vontade de entrar no Santurio.
Essa a ideia Adam responde.
E quando ele estiver l embaixo, eu cubro o topo com gelo do meu
esconderijo Marina diz, entrando na ideia. Isso pelo menos poderia
atras-lo.
Adam mal pode terminar o seu pensamento, quando de repente seus olhos
se prendem no cu atrs de ns. Eu me viro, ouvindo um som mecnico.
No. No pode ser. cedo demais. Ns no estamos prontos.
Seis? Marina pergunta. O que aquilo?
uma nave. Prata e elegante, sem os ngulos estranhos e armas como nas
outras naves mogadorianas. No nada parecido com qualquer coisa que eu
j tenha visto, mas tambm estranhamente familiar.
A nave est vindo rpido, e bem na nossa direo.
Ns comeamos a trabalhar.
Primeiramente, Adam coloca o corpo retorcido de Areal na nave de Lexa. A
Chimra parece um pouco melhor agora, como se a tenso estivesse saindo
dos seus msculos, mas ele ainda no consegue mudar de forma e no est
nem perto pronto para um combate. Ele vai ter que ficar observando tudo de
longe.
Lexa quer ver os dispositivos que ns retiramos dos Skimmers, ento Adam e
eu mostramos a ela onde os empilhamos na tenda da munio. Cada um
uma slida caixa de mais ou menos o tamanho de um laptop.
Eles estavam atrs dos controles de pilotagem dos Skimmers Adam
explica, manuseando a abertura de um dos dispositivos, cheia de cabos.
Tentei mant-los o mais intacto possvel.
Ns os colocamos em uma mochila de pano e levamos para a nave da Lexa,
prontos para serem entregues para os nossos generosos amigos no governo,
que, em troca, nos daro um bando de nada.
Isso, claro, presumindo que consigamos sair do Mxico vivos.
Vai funcionar? pergunto a ela.
Eu acho que sim Lexa responde. Ela tira o recobrimento de um cabo e,
em seguida, conecta o fio exposto na porta de alimentao do dispositivo de
camuflagem. Acho que no vamos ter certeza at tentarmos passar pelo
campo de fora deles.
Ir contra uma nave de guerra em uma nave lrica remodelada que pode ou
no passar pelo campo de fora impenetrvel que h a sua volta. Essa com
certeza uma situao que eu no esperava.
Se no funcionar...
Ns poderamos explodir ela diz, antes que eu possa terminar. No
vamos apressar isso, ok?
Enquanto Adam e Lexa continuam arrumando o dispositivo no sistema da
nave lrica, o resto de ns vai trabalhar na cova em frente entrada do
Santurio. Adam conseguiu algumas ps que estavam enterradas nos
equipamentos dos mogadorianos, aparentemente eles desistiram de tentar
cavar a sua entrada para o Santurio h muito tempo. Mark parece um pouco
feliz demais em tirar a camisa e comea a jogar ps de terra sobre o seu
ombro. Bernie Kosar se junta ele alegremente, e o Chimra se transforma
em uma toupeira imensa. Com os seus trs dedos-garras, Bernie Kosar faz
chover sujeira para fora da cova. Parece que ele est tendo uma exploso de
energia. Mark, por outro lado, no fica muito tempo entusiasmado.
O calor da selva logo toma controle.
Isso uma merda! eu o escuto reclamar vrias vezes para Sarah,
enxugando o suor da sua testa.
Espere at os mogs aparecerem e comearem a atirar na gente Sarah
responde. Voc vai desejar ter mais trabalho manual.
Logo em seguida chegamos a uma camada de terra que dura demais para
que consigamos cavar com a p. muito mais fcil quando Adam vem e faz
uma exploso ssmica para acabar com essas rochas, e ento Marina e eu
usamos a nossa telecinesia para tirar as grandes rochas da cova e esconder
a terra e as pedras na selva.
Eventualmente, ns temos um buraco cavado. Agora que terminamos, Marina
e eu usamos cuidadosamente a nossa telecinesia para levantar o nosso cubo
depois de remover as sujeiras, e colocamos de volta no lugar. Ele est
suspenso sobre a nossa cova, muito precariamente, mas parece muito
natural para quem no sabe a diferena. Tenho certeza de que ele vai ceder
fcil quando Setrkus Ra cair dentro do buraco de nove metros, para que ele
no seja capaz de pular para fora. Com sorte, dentre essa e as outras
armadilhas, ns conseguiremos distra-lo para conseguir entrar a bordo da
Anubis.
De volta forma de beagle, Bernie Kosar fareja a borda escondida da cova,
abanando o rabo. Ele parece aprovar.
E agora? Mark pergunta, tirando o p das mos. Ns vamos colocar
alguns arcos de disparo automtico escondidos ou algo assim?
No vi nenhum tipo de arco espalhado por a Adam responde, coando
o queixo. Mas ns podamos fazer algumas lanas com os galhos das
rvores. Como voc est em talhar?
Ou Adam realmente no percebeu que Mark estava sendo sarcstico ou ele
realmente gosta de fazer armadilhas.
, vamos deixar assim mesmo Mark responde, se afastando.
Sarah e companhia, na verdade, tiveram a grande ideia de trazer alguns
suprimentos. Todo mundo faz uma pausa, passando garrafas de gua e
NO! No, no, no, no! Ella soa um pouco perturbada e definitivamente
em pnico. Ele deveria ter avisado vocs.
Nos avisar sobre o qu? pergunto.
Avisar para fugir!, Ella grita. Vocs precisam correr! CORRAM OU VO
MORRER!
Captulo quinze
MARINA E EU NOS FITAMOS, AMBAS CONGELADAS.
Essa a parte ruim sobre profecias de morte entregues por chat de grupos
telepticos. No fica claro a quem ela se destina. Ella est falando sobre
mim? Marina? Ns duas? Todos aqui?
Droga, no acredito que o futuro est escrito numa pedra. No acredito em
destino. No vamos fugir agora. No sem antes tentar executar nosso plano.
Depois de um momento de incerteza, vejo uma chama de determinao nos
olhos de Marina.
No vou fugir ela diz.
Nem eu respondo, j lamentando esses ltimos segundos que
gastamos paradas. Vai! Coloque os outros em posio!
Marina corre na direo de Sarah e dos outros. Disparo na direo oposta,
atravessando a pista de pouso tentando chegar Lexa. Ela ouve minha
aproximao e se vira no topo da rampa, com uma sobrancelha levantada
para mim.
Ele est adiantado digo a ela.
Merda.
Voe baixo, assim eles no podero v-la. Eu no tenho certeza do quo
perto eles esto.
PERTO!, Ella grita em meu crebro. Recuo com a altura da voz.
Voc sabe que tenho algumas armas nessa coisa, certo? Lexa
pergunta, apontando seu dedo para a nave. Eu posso ajudar a acabar
com eles.
No. Esse nosso nico plano de fuga. No podemos arriscar que a nave
seja danificada.
Voc que sabe, Seis Lexa responde. Vou esconder essa coisa e
voltar para c.
Eu... eu no sei. Foi uma viso. No muito clara. Mas eu vi sangue. Muito
sangue. E eu no valho a pena, Seis! Vocs podem sair agora, escapar e...
Percebo que Ella est escondendo alguma coisa, no est sendo totalmente
honesta sobre o que sabe. John me disse que os Legados dela foram
amplificados, mas essa clarividncia dela no prova das falhas.
No pretendo mudar nosso plano baseado na viso do futuro que ainda
podemos ser capazes de mudar.
Vamos ficar digo firmemente, esperando que ela possa detectar a
determinao em minha mente. Vamos tirar voc dessa nave. Est me
ouvindo?
Sim.
Poderamos usar sua ajuda. Quo perto voc est? O que voc est
vendo?
Cinco minutos, Seis. Estamos a cinco minutos.
Cinco minutos. Porcaria.
O que ele est mandando contra ns?
Ele est indo pessoalmente. Cem guerreiros prontos. E eu estarei l tambm.
No poderei ajudar voc, Seis. No posso... meu corpo no funciona mais.
Cem. Isso muito. Podemos lidar com eles. Pelo menos se conseguirmos
acertar muitos deles quando explodirmos os Skimmers.
Deve ter alguma coisa que possamos fazer, Ella. Apenas me diga como
ajudar voc.
Voc no pode, a voz dela retorna, triste e resignada. No se preocupe
comigo. Faa o que precisa ser feito.
Adam se junta a mim e corre na direo do limite da floresta onde os outros j
esto escondidos. Em vez de ir imediatamente para nosso esconderijo, ele
faz um desvio para o Skimmer que usamos para voar at aqui e pega a
espada mogadoriana que pertenceu ao seu pai. A espada parece pesada
presa s costas de Adam, mas ele acompanha meu ritmo.
Quase esqueci disso ele diz, quando me pega olhando para a espada.
No existe uma expresso popular sobre trazer uma faca um tiroteio?
pergunto.
Ele d de ombros.
Voc nunca sabe quando uma coisa grande e afiada pode ser til.
Ns deslizamos at o lugar onde nosso grupo est abrigado, atrs de uma
rvore cada. Adam se vira e observa o cu, sua boca apertada em uma linha
fina, os braos cruzados. Mark est segurando o detonador para as bombas
que Adam lhe mostrou como usar mais cedo. Com Mark atuando como nosso
especialista em demolies, Marina est livre para focar em atirar a
telecinesia nos canhes que escondemos na floresta. Sarah est de p perto
deles, com um canho numa mo, a outra pressionada na tmpora, plida e
com a testa franzida.
Eu no aceito isso Marina diz quando deslizo perto dela. Percebo que
ela est tendo uma conversa com Ella tambm.
Aceitar o qu? Mark pergunta, confuso.
Sarah o silencia com um shh. Dando outra olhada nela, percebo que Sarah
tambm est conectada ao canal teleptico de Ella. Ela sabe que a morte
pode estar chegando.
Ns vamos roubar a nave dele bem debaixo dele. Vamos resgatar voc
digo essas coisas alto, com ferro em minha voz, sabendo que Ella pode me
ouvir.
Me desculpem. Isso no vai acontecer, Ella diz telepaticamente.
Posso dizer pelo modo que os olhos de Marina se enchem de lgrimas que
ela pode ouvir tambm. Sarah cobre a boca e engole em seco, olhando pra
mim interrogativamente.
Merda digo.
No se atreva a desistir da esperana Marina praticamente grita para o
espao vazio sua frente.
quando
ativarmos
nossas
armadilhas.
Se
vermos
uma
no precisei de uma. H uma nuvem escura com carga o bastante para gerar
um pequeno raio. Mando este arco em Phiri Dun-Ra, acertando-a em cheio.
Acho que h uma chance disso mat-la, mas no tenho muito tempo para me
preocupar com isso. A mogadoriana espasma quando a eletricidade passa
por ela, ento para de resistir telecinesia de Marina. Ela no desintegra,
ento acho que ainda est viva.
Quando Marina arrasta Phiri Dun-Ra para a linha das rvores, Adam a agarra
por baixo dos braos e a puxa o resto do caminho. Ele a empurra para de trs
do tronco que estamos nos escondendo e comea a prender novamente seus
pulsos e tornozelos.
Ento, vocs fazem prisioneiros agora? Mark pergunta.
Ela pode vir a ser til respondo, dando de ombros.
No podemos continuar arrastando-a por a Adam diz assim que
termina de apertar os ns.
Vamos deix-la aqui. Ela mencionou amar selvas, certo? digo, com um
sorriso no rosto.
Temos coisas maiores para nos preocupar do que o destino de Phiri Dun-Ra.
No vamos azarar nossa chance de sobrevivncia por fazer muitos planos
- Mark diz.
Antes que qualquer um possa responder, a selva ao nosso redor se torna
estranhamente calma. Estava to acostumada com o incessante som dos
pssaros que absolutamente chocante quando ele some. At mesmo o som
dos insetos se reduz at desaparecer. Atravs da clareira que os mogs
fizeram ao redor do Santurio, ao norte, uma revoada inteira de pssaros voa
das rvores e se dispersa.
A Anubis est aqui.
Estendo minhas mos e braos.
Segurem digo a todos. Vou nos manter invisveis at estarmos
prontos para atacar.
Marina segura uma de minhas mos e Sarah a outra. Mark, com o detonador
pronto, segura meu ombro. Adam o ltimo. Ele me d um aceno de cabea,
provavelmente se lembrando de quando eu disse a ele como estranho foi
ficar de mos dadas com um mogadoriano. At que tudo isso acabe, ns dois
estaremos ligados. Aceno de volta, por cima do ombro, e ele se aperta ao
lado de Marina, suas mos em meu brao. Apenas Bernie Kosar no se
aproxima de mim. Em vez disso, nosso Chimra se transforma num tucano e
voa para uma rvore prxima.
um pouco engraado, ns cinco amontoados dessa forma. quase como
se estivssemos posando para uma foto.
Deixo-nos invisveis no exato momento em que a Anubis plana em nosso
campo de viso. A nave de guerra ainda maior do que imaginei. Toda ela
feita de placas de metal cinzento sobrepostas que chegam parecer uma
bscula. Tem o formato daquele inseto egpcio escaravelho exceto pelas
toneladas de armas, o macio canho que se projeta de frente da nave
particularmente na direo dos meus olhos.
Deus Sarah sussurra.
Puta merda Mark diz, um pouco alto.
Sua mo aperta meu ombro.
Enquanto a Anubis se arrasta pesadamente para cada vez mais perto, a
clareira inteira e o Santurio so tragados por sua sombra.
Com calma agora digo, tentando no surtar. Fiquem quietos e por
perto. Eles no podem nos ver.
A nave enorme para, e ento fica pairando sobre o acampamento dos mogs.
Mesmo considerando a larga faixa de floresta que os mogs desmataram, a
nave de guerra ainda to grande que no h espao para ela aterrissar.
Adam deve ter percebido que a Anubis pairando sobre o campo de batalha
meio que ferrou com nossos planos.
Teremos que encontrar um jeito de subir at l.
Se ele aterrissar alguma tropa, ns podemos acabar com eles e voar com
um dos Skimmers deles at l em cima respondo. exatamente a ttica
que John e os militares ausentes dos EUA querem usar contra as naves de
guerra dos mogs, ento quem melhor do que ns para sermos as cobaias?
O que ele est fazendo? Sarah pergunta. Pelo que eles esto
esperando?
Ella parou de transmitir telepaticamente para ns h alguns minutos, e agora
me pergunto se apenas minha imaginao que eu possa sentir sua
presena ao fundo de minha mente. Se ela ainda est l, se ela pode me
ouvir, poderamos definitivamente usar sua ajuda.
Ella? pergunto, me sentindo estpida dizendo seu nome alto dessa
forma. Pode me ouvir? O que est acontecendo a em cima?
No obtenho resposta.
Marina? Sarah? Ela est...?
Nada, Seis Sarah responde, uma voz sem corpo falando sobre outra.
Acho que ela se foi Marina continua.
Mas ento acontece. Um sussurro ao fundo de minha mente. A voz de Ella,
desamparada e sem esperana.
Vocs deveriam ter fugido.
No ar sobre ns, um zumbido comea a emanar da Anubis. notvel porque
ao contrrio, a nave incrivelmente silenciosa. Comea devagar, mas
aumenta rapidamente. Logo depois, meus dentes esto vibrando devido ao
rudo. Eu observo o casco inferior da nave, esperando ver soldados de
Setrkus Ra descendo em Skimmers, mas o cu est claro.
Que diabos aquilo? pergunto, com esperana de que Adam v me
responder.
Est... est se energizando Adam explica.
Sua voz est trmula e eu sinto sua mo afrouxar em meu brao, como se
estivesse atordoado e se esqueceu de que precisa segurar em mim para se
manter invisvel.
Energizando o qu? pergunto.
A arma principal ele responde. O canho.
Posso v-lo. O buraco negro do cano do canho comea a brilhar quando a
energia comea a se acumular ali. O zumbido se torna mais alto conforme o
canho preenchido de pura energia, como os pequenos canhes
mogadorianos se carregando. Em segundos, o Santurio e a floresta ao redor
dele esto banhados por uma luz azulada. Sinto vontade de cobrir meus
olhos, mas Marina e Sarah esto segurando minhas mos com fora.
Isso mau Mark diz. Muito mau.
Adam? Grito para que ele me oua devido ao som de carregamento da
arma. Quo poderosa aquela coisa?
Como um grupo, todos ns recuamos. Eu mal consigo saber onde cada um
est para manter a invisibilidade.
Precisamos nos mover Adam responde, o temor sumiu de sua voz,
substitudo pelo terror. Precisamos recuar!
Todos recuam, deixando apenas Phiri Dun-Ra escondida atrs do tronco
cado. Marina resiste ao meu puxo. Ela no est se movendo.
Marina! grito. Vamos!
Falamos que no iramos fugir! ela grita de volta.
Mas...!
O zumbido atinge uma intensidade enorme e a energia absorvida na nave
descarregada com um som ensurdecedor. Um slido arco de eletricidade do
tamanho de dez mil raios cortando o ar desce na direo do Santurio,
acertando-o, as pedras antigas brilhando em um vermelho quente. O tiro do
canho atravessa o templo do topo base, como se no fosse nada. Eu
Captulo dezesseis
conflito em Midtown, aquele de quem Sarah postou o vdeo na Internet. Ele quase
parece envergonhado quando aperta minha mo.
Agente Murray ele se apresenta. Nunca tive a chance de agradecer. Pelo
outro dia.
No se preocupe com isso digo a ele, ento me viro para a Agente Walker.
No precisamos de apoio. Apenas do barco.
Me desculpe, John. No posso deixar vocs dois ir l sozinhos. Vocs so de
interesse do governo agora.
Bufo.
Oh, somos?
So.
No vou perder tempo discutindo sobre isso. Eles podem ir se quiserem. Vou na
direo das docas, Sam ao meu lado, e Walker e seus agentes se espalham ao nosso
redor como guarda-costas. Como sempre, recebo olhares dos soldados no caminho.
Alguns deles parecem querer ajudar, mas tenho certeza de que esto sob ordens
para no se envolverem conosco. A Agente Walker e o que restou do seu grupo de
agentes anti-ProMog toda a ajuda que o governo est disposto a nos conceder
nesse momento. Ao menos eles melhoraram suas armas, tendo os agentes tendo
trocado suas pistolas habituais por pesados rifles de assalto.
Hey! John Smith de Marte! Espere!
Me viro a tempo de ver Daniela espremer seu corpo dessa jeitado por um grupo de
soldados e correm em nossa direo. Os agentes que nos rodeiam erguem
imediatamente seus rifles e, vendo isso, Daniela derrapa at parar a alguns metros,
com as mos para cima. Ela olha os agentes do FBI com um sorriso arrogante no
rosto.
Est tudo bem, acalmem-se digo a Walker e seu grupo, apontando para
Daniela. Ela uma de ns.
Sam sorri e no posso fazer nada a no ser dar um pequeno sorriso tambm,
especialmente quando percebo a Agente Walker revirando os olhos. Com Daniela
incorporada ao nosso pequeno grupo de agentes secretos, continuamos seguindo
para o per.
Ei Sam diz para Daniela, mantendo o tom de voz baixo. S para voc saber,
os mogs estavam mantendo prisioneiros em Nova York. Eles no estavam, tipo,
matando tudo que se movesse.
, eu sei, os vi fazendo isso na minha vizinhana Daniela responde. E da?
E da que s porque ela no est aqui, no quer dizer que sua me... voc sabe...
Sei. Obrigada Daniela fala rispidamente, mas acho que ela realmente quis dizer
isso.
A lancha da guarda-costeira est pronta e esperando por ns, um capito fumante
vestido em um uniforme amarrotado preparado para nos levar aonde quer que
precisemos ir. Deixo Walker falando com ele, e alguns minutos depois estamos
saltando sobre as ondas. Do outro lado da gua, posso ver as luzes brilhantes de New
Jersey, helicpteros surgindo e desaparecendo do nosso campo de viso.
Parece que os militares criaram um permetro ali tambm, realmente querem ter
certeza que os mogadorianos fiquem contidos em Manhattan. Olho na direo da
cidade e encontro o lugar assustadoramente calmo. Ainda h mogs l, tenho certeza,
patrulhando as ruas e talvez criando uma fortaleza. Espero que muitos dos
moradores tenham conseguido atravessar a ponte e, se no, espero que Sam tenha
razo sobre os mogs estarem mantendo-os prisioneiros ao invs de os matarem. Isso
significa que eles ainda podem ser salvos.
Quando a Ilha da Liberdade fica maior a nossa frente, Daniela me cutuca nas
costelas.
Vamos encontrar esse cara na Esttua da Liberdade? ela pergunta.
Aham.
Cinco d uma olhada nos agentes de Walker e zomba. Mesmo que ele parea
desgastado, ter um conjunto de armas apontadas para ele parece reacender seu
temperamento intenso. Seu nico olho se ajusta abrindo mais e ele se endireita.
No me faa rir com essa porcaria Cinco diz para Walker, ento se vira na
direo do Agente Murray enquanto o homem aponta sua arma. Sou prova de
balas, otrio. Vamos, eu te desafio.
H algo estranho na voz de Cinco. Soa metlica e estridente, quase como se ele
estivesse tendo problemas para respirar.
Os agentes so inteligentes o bastante para no ficarem to perto. Sei o quo rpido
Cinco . Se ele quisesse ir at um deles, seria capaz de chegar l em um ou dois
segundos com seu voo. Caminho sobre a grama, esperando atrair a ateno para
mim antes que ele faa qualquer coisa maluca. Sam fica logo ao meu lado, Daniela
alguns passos atrs.
quando percebo uma forma grumosa perto de Cinco. uma daquelas lonas azuis
de construo envolvendo o que obviamente um corpo, tudo isso bem apertado
por correntes de ao de construo.
Tem que ser o Nove.
Entregue-o digo para Cinco, sem perder tempo.
Cinco olha para baixo, para o corpo, quase como se tivesse esquecido que ele estava
ali.
Claro, John Cinco responde.
Cinco se curva e segura as correntes. Ele ergue o corpo de Nove com uma careta. Ele
est machucado e cansado, e posso dizer que este show o est drenando mais do
imaginou. Com um grunhido animal, Cinco lana o corpo atravs dos metros que nos
separam. Seguro Nove no ar com minha telecinesia e o deso gentilmente para o
cho. Imediatamente, arranco as correntes e desenrolo a lona.
Nove est deitado inconsciente na grama a minha frente. Suas roupas esto nas
mesmas pssimas condies que as de Cinco, seus machucados igualmente
grotescos. H queimaduras de tiros em seus braos e peito, uma de suas mos est
quebrada como se alguma coisa a tivesse esmagado, e h um corte feio em sua
cabea. Esta a ltima coisa que me preocupa. Sangue empapa o cabelo negro de
Nove muito mesmo e seus olhos no se abrem quando bato gentilmente em suas
bochechas.
Sam coloca a mo em meu ombro.
Ele est...?
Oh, ele est bem Cinco grunhe, respondendo pergunta que Sam me fez.
Tive que bater com fora nele para nocaute-lo. Voc provavelmente vai querer
trabalhar com isso primeiro, doutor.
Coloco minhas mos na lateral da cabea de Nove, mas paro antes de comear a
cur-lo. Isso vai requerer minha concentrao, o que significa que no poderei ficar
de olho em Cinco. Olho para ele.
Voc vai tentar alguma coisa estpida?
Cinco levanta as mos para cima, as palmas abertas, mesmo que um dos braos no
se erga tanto quanto o outro. Ento, ele cai para trs sentado.
No se preocupe, John. No vou machucar nenhum dos seus amiguinhos. Ao
mesmo tempo, seu olho passa por minha equipe, observando cada um deles. O olhar
de Cinco se demora em Daniela. Voc no policial. Qual a sua?
No fale comigo, esquisito ela devolve.
No perca seu tempo respondendo Sam diz calmamente.
Cinco bufa e balana a cabea, mais admirado que nunca. Ele arranca um punhado
de grama a sua frente, rasga e o joga fora com um suspiro.
Vamos logo com isso, John. Eu no tenho o dia todo.
Ainda estou desconfiado de que seja um tipo de armadilha, mas no posso adiar a
cura de Nove por muito tempo. Pressiono minha mo na lateral da cabea dele e
deixo minha energia de cura fluir para ele.
Primeiro o corte em sua cabea se fecha. Esse apenas o dano superficial.
Intuitivamente, posso sentir mais profundamente, traumas mais srios afetando
Nove. Seu crnio est fraturado e seu crebro est inchado.
Foco meu Legado ali, porm estou cauteloso para no usar mais energia do que
preciso. O crebro uma coisa delicada e no quero piorar a situao de Nove. Ele
talvez continue a ter uma concusso quando eu terminar, mas pelo menos o dano
mais srio ser revertido.
Leva alguns minutos de concentrao em Nove. Estou vagamente consciente do
silncio e da tenso ao meu redor. Quando termino, tiro minhas mos de sua cabea.
As outras leses podem esperar at que no estejamos na presena de um luntico.
Nove? Nove, acorde chamo, chacoalhando-o.
Depois de um momento, os olhos de Nove se abrem. Seu corpo tensiona e seus olhos
dardejam no entorno descontroladamente. como se ele estivesse esperando ser
atacado novamente. Quando reconhece Sam e a mim, ele se acalma e sua expresso
se torna sonhadora. Ele segura meu brao.
Johnny! Eu peguei o filho da puta. Acertei-o em cheio ele murmura.
Pegou quem? pergunto, e no obtenho resposta.
A cabea de Nove j est pendendo para longe de mim. Curei suas leses, mas no
posso evitar sua exausto depois de lutar pelas ltimas vinte quatro horas sem parar.
Ele est inconsciente. Ns provavelmente teremos que carreg-lo. Levanto meu
olhar de Nove para ver Cinco ainda sentado na grama, nos assistindo. Vendo que
Nove est fora de perigo, Cinco comea devagar uma salva de palmas sarcstica.
Bravo, John. Sempre o heri ele diz. E quanto a mim?
E quanto a voc? repito com os dentes cerrados.
cabea e ele uiva. Depois de alguns minutos olhando para seu peito, banhado em
metal como o resto dele, percebo que h algo errado.
Cinco tem uma pea de metal saindo de seu esterno. Parece com um poste de uma
placa de trnsito. Ele se vira de lado fracamente, e ento posso ver a outra
extremidade irregular atravessando suas costas. Cada extremidade termina com
apenas alguns centmetros, ambas torcidas e deformadas como se Cinco as tivesse
encurtado com suas mos. Est atravessando-o totalmente, pelo que vejo, deve ter
atingido um dos pulmes de Cinco e parte de sua espinha. O poste de metal pode at
mesmo estar passando por seu corao.
Eu j estava na minha forma de metal quando ele me atravessou com isso. E
mesmo assim, no o parou Cinco explica, sibilando suas palavras um pouco. Ele
olha para Nove com algo perto de admirao. Meus instintos me tomaram. Usei
minha Externa de uma forma que nunca tinha usado antes, fiz o metal se tornar
parte de mim. Posso sentir o frio dele dentro de mim, Quatro. esquisito.
Cinco parece quase casual sobre isso. Tento me aproximar um passo na direo dele
e ele sorri.
Estou cansado e no posso manter minha Externa para sempre Cinco diz.
Ento eu quis que isso estivesse em suas mos. Voc o cara bom, John. O racional.
E voc sempre esteve logo na minha frente na ordem, me mantendo vivo todos esses
anos, me conhecendo ou no. Ento o que vai ser?
Dou mais um passo cauteloso na direo dele.
Cinco...
Viver ou morrer? Cinco pergunta, e ento, sem aviso, ele desliga sua Externa,
voltando ao estado normal.
Captulo dezessete
CINCO SE ENGASGA QUANDO RESPIRA. UMA BOLHA DE SANGUE CUSPIDA POR SUA
boca. Sua pele, no mais envolta pela camada de ferro, se torna plida rapidamente.
Seu olho remanescente se arregala, e nesse momento, antes que eu veja seu olho
revirar para trs, vejo medo ali. Talvez Cinco tenha pensado que queria isso. Mas
agora, encarando a morte cara a cara, ele est assustado.
Cinco cai de costas na grama, lutando para manter a respirao em dolorosos
suspiros. Dez segundos. Empalado por uma placa de trnsito, essa a quantidade de
tempo que eu diria que Cinco tem de vida.
Ele nos traiu. Ele disse aos mogs onde poderiam nos encontrar, fez a cobertura de
Nove ser explodida. Por causa de Cinco, Setrkus Ra foi capaz de raptar Ella, e o pai
de Sam quase foi morto. Ele assassinou Oito. Com aquela lmina em forma de agulha
que mesmo agora rasga pedaos do cho enquanto Cinco tem espasmos na grama.
Cinco executou um de seu prprio povo. Ele merece isso.
Mas eu no sou como ele. No posso apenas observ-lo morrer.
Maldito seja voc, Cinco eu digo, rangendo os dentes enquanto corro em frente
e deslizo at ele. Pressiono minhas duas mos sob o peito dele e uso meu Legado de
cura, colocando energia suficiente nele para pelo menos estancar alguns dos
sangramentos internos, ganhando tempo para curar os ferimentos mais graves.
Cinco volta um pouco a si, seu olho bom encontra o meu, e acho que peguei o canto
da boca dele revirado em um pequeno sorriso. Ento, ele desmaia novamente de dor
e choque.
Preciso tirar essa estaca para fora dele. Obviamente no li um monte de artigos
mdicos, mas tenho certeza de que se eu remover a placa, piorarei a situao de
Cinco por dentro. No entanto, devo estar cur-lo ao mesmo tempo que o poste de
metal removido, esperando minimizaro dano. Eu arrasto o corpo mole de Cinco e o
sento, apoiando-o em mim. Ento aceno para Sam.
Eu preciso que voc use sua telecinesia para retirar o metal dele digo a Sam
rapidamente. Desse jeito posso me concentrar na cura.
Eu... Sam hesita. Ele olha para Cinco, mortalmente ferido, e engole seco.
Melhor no, John.
O que voc quer dizer com isso?
Quero dizer que no acho que voc deva salv-lo Sam responde, sua voz mais
firme agora. Ele olha sob seus ombros, onde est o corpo inconsciente de Nove.
Nove, h... acho que Nove estava certo da maneira como ele lidou com isso.
Minha mo est na nunca de Cinco. Posso sentir sua pulsao ficando mais lenta. Eu
o estabilizo, mas no vai durar muito. Ele est enfraquecendo. No tenho certeza se
vai funcionar se eu tentar usar minha telecinesia ao mesmo tempo em que uso meu
Legado de cura.
Ele est morrendo, Sam.
Eu sei.
Isso j foi longe demais eu digo. Ns no vamos matar uns aos outros, no
mais. Ajude-me a salv-lo Sam.
No Sam responde balanando sua cabea. Ele muito... olha, eu no vou
impedi-lo. Sei que eu no conseguiria mesmo se tentasse. Mas tambm no vou
ajuda-lo. Eu no vou ajudar a ele.
Que merda! Eu ajudo Daniela diz, empurrando Sam e se ajoelhando no cho
prximo a mim.
Encaro Sam por mais um segundo. Entendo o motivo de ele se recusar a ajudar,
realmente entendo. Tenho certeza que Nove no estaria vibrando com meu auxilio
se ele estivesse consciente. Mas mesmo assim, estou desapontado.
Volto minha ateno para Daniela. Ela est encarando o estado de Cinco, como se
fosse a coisa mais louca que j viu. Ela estica uma das mos na direo onde o metal
desapareceu no peito de Cinco, mas no consegue se convencer de toc-lo.
Por qu? pergunto para ela. Voc no conhece Cinco e o que ele fez. Por que
voc...?
Daniela me corta com um encolher de ombros.
Porque voc pediu. Vamos fazer isso ou no?
Vamos sim concordo, ajeitando minhas mos nos dois lados da ferida de Cinco.
Empurre. Gentilmente. Vou cur-lo enquanto isso.
Daniela estreita os olhos para o pedao de metal, suas mos pairando a alguns
centmetros do peito de Cinco. Eu me pergunto se ela tem controle sobre isso. Se ela
exercer muita fora telecintica, poderia acabar arrancando o poste de metal para
fora de Cinco e eu no sei se conseguiria curar suas entranhas machucadas rpido o
suficiente.
Ns temos que ir devagar e constantemente, ou arriscamos que Cinco sangre at a
morte.
Devagar, Daniela comea a empurrar o metal. A respirao de Cinco acelera quando
ela faz o processo, e ele comea a se torcer, no entanto seus olhos permanecem
fechados. Ela mantm o foco e tem um controle melhor do que imaginei. Pressiono
minhas mos no peito de Cinco, uma de cada lado do ferimento, e deixo minha
energia de cura fluir dentro dele.
Que nojo, que nojo, que nojo Daniela murmura enquanto respira.
Continuo enviando minha energia para dentro de Cinco, sentindo suas leses sendo
emendadas, mas tambm sentindo meu Legado sendo contrariado pelo metal ainda
dentro de seu corpo. Isso at eu ouvir um baque molhado no cho e perceber que
Daniela conseguiu empurrar o poste para fora dele. Assim que isso acontece, eu
amplifico meu poder, curando seu pulmo e sua coluna.
Quando acabo, Cinco respira mais facilmente. Ele ainda est inconsciente, e pela
primeira vez que posso me lembrar, ele parece quase sereno.
Graas a mim ele vai sobreviver. Agora que o momento passou, eu no tenho certeza
de como me sinto sobre isso.
Droga cara Daniela diz. Ns devamos ser cirurgies ou algo assim.
Espero que a gente no se arrependa disso Sam diz em voz baixa.
A gente no vai se arrepender eu digo, olhando para Sam. Eu fiz isso. Ele
minha responsabilidade agora.
Com isso em mente, e considerando que ele ainda est desmaiado, rapidamente
retiro a braadeira com a lmina do antebrao de Cinco e a lano na grama aos ps
de Sam. Ele pega e cuidadosamente examina o mecanismo, e ento aperta o boto
para retrair a lmina. Ele enfia a arma no bolso de trs de seu jeans.
Eu me lembro que mesmo sem sua lmina, Cinco no est totalmente desarmado.
Abro suas duas mos procurando pela bola de borracha e pela esfera de metal que
ele carrega para acionar seu Externa. Ele no as est segurando, ento comeo a
revist-lo. Quando elas no aparecem em seus bolsos, sei que s h um lugar onde
elas possam estar.
Encolhendo-me, retiro a gaze amarela que cobre o olho ruim de Cinco. Encravadas na
cavidade vazia esto a esfera brilhante e sua parceira de borracha. No parece
confortvel ter essas duas coisas dentro da sua cabea. Essa a vida que eu salvei
um cara que v perder um olho como uma oportunidade para mais um
armazenamento eficiente. Uso minha telecinesia para colher as duas esferas da
cavidade do olho de Cinco e coloc-las na grama. Ele geme, mas no acorda.
Isso desagradvel Daniela diz.
No brinca respondo. Olho para a Agente Walker. Ela tem observado toda a
cena em silncio. Sei que ela provavelmente est do lado do Sam e pensa que eu
deveria ter deixado Cinco morrer. por isso que sei que fiz a coisa certa. Me traga
alguma coisa para eu amarr-lo peo para Walker.
de que Walker realmente quer nos ajudar. o resto do governo que no est
convencido que de ns somos uma boa aposta para vencer esta guerra. Ela est
fazendo tudo o que pode com relao a isso. Porm, nossa janela para ser de alguma
ajuda para Seis, Sarah e os outros est ficando cada vez mais fechada. No posso
mais ficar aqui esperando que essas pessoas nos ajudem com a nossa luta.
Ns vamos salv-los, eles queiram ou no. Isso tudo.
Vocs no vo realmente atacar o exrcito agora, vo? Daniela pergunta,
mantendo sua voz baixa para que os agentes no possam ouvir.
Droga, eu mal consigo me levantar Nove responde em voz baixa.
Ainda assim, ns precisamos chegar l Sam diz, e eu sei que ele est pensando
em Seis tanto quanto estou pensando em Sarah. Se ela no nos ajudar, o que ns
vamos fazer?
Nove olha para mim.
Voc realmente vai continuar com isso, no vai?
Sim. Se eles no nos ajudarem, ns os obrigaremos.
Daniela assobia pelos dentes.
Isso intenso, cara.
Olho para Walker. Ela est mantendo sua voz baixa, mas est fazendo vrios gestos
empticos com as mos.
Ela sabe o que est em jogo. Walker vai proceder com isso.
Enquanto digo isso, pego meu telefone via satlite. Eu deveria ligar para Sarah e Seis,
ver onde elas esto e garantir que elas no vo tentar lidar com Setrkus Ra
sozinhas.
Antes que eu aperte o boto de discar, h um som estranho e alto vindo da gua.
Ns todos viramos em direo bem a tempo de ver um grande cilindro voar para fora
do rio. O cilindro voa alto no ar, jatos de gua sendo atirados enquanto gira em
direo das docas prximas. A coisa grande grande o suficiente que, quando
cobalto dentro deles. No centro de cada olho, onde a pupila estaria, posso
definitivamente ver uma onda de energia azulada queimando na criatura.
A cor, a energia. Isso me lembra dos pingentes. Poderia isso ser resultado do que
Setrkus Ra fazia quando eu o avistei dentro da Anubis? Mas o que isso significa?
Alm de ser to grande quanto um prdio, o que esse monstro pode fazer que os
outros que enfrentamos no? Os pingentes roubados esto dando mais energia para
ele de alguma forma? Ou esto fazendo algo totalmente diferente?
Ainda de p ao largo da costa, o mogassauro balana sua cabea e olha diretamente
para ns.
Merda Nove diz, dando um passo para trs. Ele est vindo na nossa direo?
Agora! Walker grita no telefone, recuando tambm. uma porcaria de um
gigante!
Acho que ele pode nos sentir eu digo. Penso que Setrkus Ra deixou isto
aqui para nos caar.
Tudo bem Daniela responde. Eu tenho que ir.
Como em resposta, o mogassauro solta um rugido em nossa direo, pulverizando
nvoa do rio com seu hlito de peixe podre em cima de ns.
Ento, ele levanta um dos braos dianteiros para fora da lama do rio e o deixa cair
nas docas. Vigas de madeira explodem em estilhaos e as passarelas de concreto se
afundam, dois dos barcos so empurrados debaixo d'gua como brinquedos.
Est vindo para c.
Lano uma bola de fogo no mogassauro. Rapidamente, percebo que pequena
demais para fazer qualquer dano. A bola de fogo chia e deixa uma marca de
queimadura na pele do monstro, mas ele nem percebe.
Corram! eu grito. Espalhem-se! Usem a esttua como cobertura.
Por alguma razo, no estou com medo. quase como se eu reconhecesse esta
estranha formao de energia. Posso sentir que ela corre por dentro da terra, e
tambm posso sentir que, se a Agente Walker ou o mogassauro ou algum sem
Legados olhar para onde estou olhando agora, eles no veriam nada, alm do espao
vazio. Isto s para mim.
Essa minha conexo. Minha conexo com Lorien.
Mais rpido do que meus olhos podem acompanhar, o tentculo de luz se atrela
minha testa. Agora, tenho certeza que meus olhos esto mostrando energia eltrica
azul como os outros fizeram antes de desmaiar.
Sinto isso acontecer. Eu estou deixando meu corpo.
Eu reconheo essa sensao. exatamente igual quando Ella me coloca em suas
vises.
Ella? chamo, no entanto tenho certeza de que essas palavras no saram de
minha boca. Tenho certeza de que meu corpo ainda est nas docas, no to longe do
maior monstro que j vi em toda minha vida.
Oi John, Ella responde dentro de minha cabea. Quando ela responde, posso ouvi-la
dizer outras palavras tambm, como se ela estivesse mantendo cem conversas ao
mesmo tempo.
Eu no penso em perguntar como isso aconteceu. Era para Ella estar a milhares de
quilmetros de distncia com Setrkus Ra ou, esperanosamente, no processo de ser
resgatada por Seis. Ela no assim to poderosa. Seus poderes no funcionam desta
maneira. Mas eu no penso em nada disso. Estou mais focado em meu corpo fsico,
sem mencionar Nove, Sam e Daniela. Qualquer coisa que Ella esteja fazendo
conosco, ela no poderia ter escolhido um momento pior.
O que diabos est acontecendo? Voc vai acabar nos matando!
A qualquer momento, espero escutar a triturao dos meus ossos quando o
mogassauro pisar em mim. Isso no acontece. Em vez disso, formas comeam a se
formar na frente dos meus olhos obscuros, formas indistintas, como um projetor de
filme que est fora de foco.
No se preocupe, diz Ella, e novamente h aquele eco de outras vozes. S vai levar
um segundo.
Captulo dezoito
H QUANTO TEMPO ESTOU NOCAUTEADA? NO PODE FAZER MAIS
DE DOIS minutos at eu ser acordada por alfinetadas geladas ao longo da
lateral do meu rosto. Marina, usando seu Legado de cura em mim.
Minha cabea est em seu colo. Recebo uma estranha sensao em meu
cabelo quando o couro cabeludo de l cresce novamente, o corte que ganhei
graas pedra rapidamente sendo curado.
Marina tem a outra mo sobre minha boca, e acho que para o caso de eu
acordar gritando. Arregalo meus olhos para ela para mostrar-lhe que estou de
volta e ela retira sua mo. Seu rosto est coberto com poeira chamuscada
vindas do templo recm-explodido. H lgrimas escorrendo atravs das
bochechas de Marina.
Ele o destruiu, Seis ela sussurra. Ele destruiu tudo.
Eu me sento para avaliar nossa situao. Ainda estamos na extremidade da
floresta, escondidos atrs do tronco cado da rvore, agora com um monte de
pedaos desalojados de calcrio. H lacunas entre as rvores acima de ns,
feitas pelos pedaos destrudos de pedra do Santurio. Por sorte, ningum
mais parece estar ferido, ou Marina j terminou de cur-los.
Marina fica perto de mim enquanto eu me arrasto para frente em direo aos
outros. Mark e Adam esto de bruos, lado a lado, exatamente direita do
cachorro cado. Eles esto com seus canhes apontados e usam um bloco de
calcrio para cobertura. Percebo que h manchas de sangue seco na camisa
de Mark e me lembro que ele retirou um pedao de estilhao do seu peito
logo antes de eu ser nocauteada.
Toco seu brao.
Voc est bem?
Ele lana um olhar de agradecimento Marina.
Estou bem. Embora eu realmente no queira criar o hbito de fazer aquilo.
E voc?
Idem.
Sarah est direita de BK, espiando por trs dele. Phiri Dun-Ra foi arrastada
para perto dela. Ela no foi atingida por nenhum dos destroos que caram
em nossa rea, o que realmente parece injusto. A mogadoriana ainda est
inconsciente ou, mais provavelmente, se fingindo de morta. Tenho certeza de
conferir suas amarras antes de deslizar para perto de Sarah. Ela me olha
imvel, com um olhar furtivo. Me lembra muito a expresso de coragem de
John, para falar a verdade. Aquela onde ele est se borrando, mas quer
continuar a lutar de qualquer jeito.
O que ns vamos fazer, Seis? Sarah pergunta.
Ficar distncia de um brao de mim para o caso de precisarmos ficar
invisveis novamente eu digo, no apenas para Sarah, mas para todos.
Ainda temos um plano.
Mark bufa com isso, e suas mos tremem um pouco sobre o cano da arma. O
detonador dos nossos explosivos jaz no cho prximo a ele.
No h mais Santurio para protegermos Marina diz desoladamente.
Ns ainda podemos pegar a Anubis respondo. E ainda temos que
resgatar Ella.
Cara, eu no vejo droga nenhuma daqui de trs Mark adiciona.
Eu me torno invisvel para poder espiar por trs da nossa cobertura sem
correr o risco de ser vista. Tenho uma viso melhor do campo do que Mark e
Adam podem ver l atrs. A poeira levantada pelo ataque da Anubis ainda
est se estabilizando na clareira, entre isso e o pr-do-sol, a rea inteira est
embaada num tom dourado.
Trs pequenas nuvens de fumaa escura ondulam pelo ar vindas dos
Skimmers-bombas que foram explodidos quando a Anubis descarregou sua
fria. Entretanto, embora alguns deles estejam virados de ponta cabea e
outros arremessados para longe, ainda vejo vrios de nossos Skimmers
prontos para serem explodidos.
Est
vestido
em
algum
tipo
de
armadura
mogadoriana
Anubis. Ele posiciona o cilindro para que fique a apenas alguns metros acima
do poo.
Ento, Setrkus d alguns passos para trs e levanta suas mos como um
maestro, manuseando telepaticamente os botes complicados e mostradores
embutidos nos lados do tubo. Com um zumbido, consigo ouvir daqui que a
coisa est comeando a ganhar vida. Isso no pode ser bom.
Ns temos que impedi-lo! Marina grita.
Eu sei que suas palavras so intencionadas para mim, mas no respondo.
Ainda invisvel, no quero entregar minha posio. Eu queria poder usar meu
Legado do clima e lanar um raio em Setrkus Ra.
A Anubis est encobrindo muito o cu. Ao invs disso, eu pego um canho
mogadoriano abandonado.
Ultimamente, passei bastante tempo movendo grupos de pessoas invisveis
atravs de selvas que quase me esqueci de como libertador estar sozinha e
invisvel. Livre e mortal. Deslizo facilmente pelos mogadorianos. quase
como uma dana, com exceo de que eles no sabem que somos parceiros.
Enquanto sigo, levanto meu canho invisvel e puxo o gatilho, atirando de
perto, apenas nas cabeas. Tudo isso enquanto me aproximo da cratera e de
Setrkus Ra. A nica coisa que me expe o brilho de luz que o canho faz,
e isso geralmente rapidamente ocultado pelas exploses de cinzas
mogadorianas.
Matei mais de dez mogs em alguns segundos. Paro por um momento e olho
para trs, para ter certeza de que Sarah e Mark esto seguros na floresta.
Com certeza, eles ainda esto atirando. Bernie Kosar tambm se mantm
assim, impedindo que qualquer mog se aproxime dos humanos. Percebo que
BK deve estar sob ordens estritas do John para manter Sarah em segurana.
Isso bom.
Seis! Marina grita, sua voz rouca. Temos que desligar aquela coisa!
Eu olho para a mquina, e ento para a Anubis. No h o que dizer sobre o
que Setrkus Ra far com a energia lrica que ele est capturando, mas
obviamente no pode ser nada bom. Eu me pergunto se ele ser capaz de
cancelar nossos legados permanentemente se sugar energia o suficiente da
Entidade.
Voc sabe como par-la? pergunto para Ella, novamente recebendo
nada de seu rosto inexpressivo.
Essa resposta demora um momento. Sim.
Como?! Nos diga como!
Ela no responde.
Com um bufo de indignao, Setrkus Ra puxa uma das pernas para fora da
priso de pedra. Assim que ele o faz, Adam o alcana. Privado de seu legado
assim como ns, o jovem mogadoriano agarra a espada de seu pai. A espada
grande demais para ele e suas mos tremem quando ele a segura. Mesmo
assim, ele pe a ponta da espada no pescoo de Setrkus Ra.
Pare Adam comanda. Seu tempo acabou, velhote. Desligue sua
mquina ou eu vou mat-lo.
A expresso de Setrkus Ra no muda, mesmo tendo uma espada apontada
contra aquela cicatriz roxa dele. Ele ri.
Adamus Sutekh ele exclama. Eu estava esperando uma chance para
nos conhecermos.
Feche a matraca Adam alerta. Faa o que mandei.
Desligar a mquina? Setrkus Ra sorri. Ele consegue ficar em p.
Adam tem que se esticar para manter a espada pressionada contra o
pescoo dele. Mas a minha maior realizao. Eu alcancei a prpria
Lorien e agora ela est sob meu comando. No mais teremos que acolher a
arbitrariedade do destino. Ns podemos forjar nossos prprios Legados.
Voc, dentre todas as pessoas, deveria apreciar isso.
Pare de tagarelar.
Voc no deveria me ameaar, garotinho. Deveria estar me agradecendo
Setrkus Ra continua, limpando a poeira de suas pernas. Esse Legado
que voc usou com tanta preciso foi-lhe dado graas aos resultados da
minha pesquisa, entende? A mquina que o Dr. Anu plugou em voc foi
alimentada com loralite pura, o que havia sobrado daquelas que eu minei de
Lorien h tanto tempo. Com o corpo de uma Garde que carregava a fasca
necessria de Lorien, bem... a transferncia se tornou possvel. Voc o
resultado glorioso da minha pesquisa, Adamus Sutekh. Do meu controle
sobre Lorien. E hoje, voc pode me ajudar a pavimentar um caminho para
outros iguais a voc.
No Adam diz, sua voz quase inaudvel sobre o rugir da energia sendo
sugada para dentro da Anubis.
No o qu? Setrkus Ra pergunta. O que voc achou, garoto? Que
seus Legados vieram de outro lugar? Que essa mente oca da natureza havia
lhe escolhido? Foi cincia, Adamus. Cincia, eu e seu pai. Ns o escolhemos.
Meu pai est morto! Adam grita, pressionando com mais fora a espada
contra o pescoo de Setrkus Ra.
Perto de mim, Ella tosse. Uma bolha de sangue surge em sua garganta.
Adam, tenha cuidado! eu grito, dando um passo na direo dele.
Marina est de p tambm, olhando incerta do oleoduto para os dois
mogadorianos. Eles nos ignoram.
Hmm Setrkus Ra responde. Eu no havia ouvido...
Eu o matei Adam continua, gritando. Com essa espada! Da mesma
forma que vou matar voc!
Por um momento, Setrkus Ra parece ter sido genuinamente pego de
surpresa. Ento, ele levanta uma das mos e arranca a espada da mo de
Adam.
De fato, ela nem parece ter percebido. Ela est totalmente focada na energia
corrente, seus pequenos ps na ponta dos dedos.
Antes que Adam possa estabilizar a espada para dar outro golpe, Setrkus
Ra esmurra seu punho no rosto dele. Ele est vestindo luvas de metal e
posso ouvir os ossos do rosto de Adam quebrarem com o impacto. Ele
derruba a espada e cambaleia para trs. Setrkus est prestes a atingi-lo
novamente quando Marina entra na briga e o tira do caminho.
Quando ambos esto no cho, tenho a chance de dar um passo frente e me
por entre eles e Setrkus Ra. Enquanto me aproximo, Setrkus pega a
espada de Adam, girando-a em um arco lento ao seu lado.
Ele sorri para mim.
Ol, Seis ele diz, e corta o ar sua frente com a espada. Est pronta
para que isso tudo acabe?
Eu no respondo. Conversar apenas d vantagem ele, deixando-o entrar
em nosso psicolgico. Ao invs disso, grito sobre meu ombro para Marina.
Recue! eu digo. V longe o suficiente para poder cur-lo.
Pelo canto do olho, posso ver Marina arrastando Adam. Ele est
inconsciente, e no tenho nem certeza se Marina quer cur-lo depois do que
ele acabou de dizer. Ela definitivamente no quer me deixar para trs, ou
recuar enquanto a mquina de Setrkus Ra ainda est sugando a energia.
V! Eu cuido disso! insisto, olhando para Setrkus Ra, me
movimentando. Eu apenas tenho que atras-lo, ficar viva at... at o qu? At
quando vamos continuar com isso?
Ella estava certa. Ficar aqui significa morte.
O sorriso de Setrkus Ra no desaparece. Ele sabe que estamos
encurralados. Ele investe contra mim, atacando com a espada. Dou um pulo
para trs e sinto a ponta da espada passar bem em frente ao meu abdmen.
O cho pedregoso abaixo de mim treme e eu quase perco o equilbrio.
posso v-lo l, pego pela energia, mas tambm posso ver atravs dele, como
se cada partcula do corpo dela tivesse se separado.
Um momento depois, o corpo de Ella cuspido para fora da energia.
Ela jogada como uma boneca de pano para a lateral da cratera. Ento, o
brilho da energia lrica se dissipa e se retrai para baixo da terra, enquanto o
oleoduto de Setrkus Ra emana um craque metlico e desmorona, com
pedaos retorcidos de metal enterrando o poo lrico.
Setrkus Ra encara sua mquina destruda em descrena. a primeira vez
que vejo o velho bastardo totalmente perdido.
Marina se move imediatamente. Ela deixa o corpo de Adam para trs e
mergulha em direo Ella. Seus Legados ainda no esto funcionando,
ento quando Marina pressiona suas mos contra o corpo de Ella, sei que
nada vai acontecer. tarde demais, de qualquer forma.
Eu no preciso ver as lgrimas escorrendo atravs do rosto da Marina para
compreender. Ella est morta.
Setrkus Ra encara o corpo da neta, uma expresso desolada em seu rosto.
Enquanto ele faz isso, pego a maior rocha que consigo encontrar.
E ento a jogo, atingindo a parte de trs da cabea de Setrkus Ra.
Um corte se abre. Ele sangra. O feitio mogadoriano foi quebrado.
Meu ataque o traz de volta realidade. Ele ruge, se vira para me encarar e
levanta sua enorme espada sobre sua cabea.
Ele est prestes a desc-la em minha direo quando seus olhos
normalmente cavidades pretas e vazias se enchem com o brilho azul da
energia lrica. A espada cai de suas mos e Setrkus Ra, o lder dos
mogadorianos, assassino do meu povo, destruidor de mundos desmaia aos
meus ps.
Estou paralisada. Eu me viro para procurar por Marina, mas encontro-a
desmaiada tambm. Que diabos est acontecendo?
Ella. O brilho da energia Lrica emana dela. Est sendo cuspido de seus
olhos, boca, orelhas de todos os lados, da mesma forma quando a Entidade
reanimou o corpo de Oito.
A partir de um de seus dedos, um raio de energia Lrica lanado em minha
direo. Me acerta bem no meio da testa. Eu caio de joelhos, me sentindo
inconsciente. Eu olho para Ella... ou que quer que ela seja agora.
H outras exploses de energia saindo de seu corpo, como se fossem
estrelas cadentes, saindo da cratera e indo... para onde? Eu no sei. Eu no
sei o que est acontecendo com ela, com a Entidade ou com ambas.
S sei que minha chance.
No agora! eu grito, lutando contra o sono gentil que a energia lrica
est tentando me forar a aceitar. Ella! Lorien! Parem! eu digo. Eu...
eu posso mat-lo!
Mas ento eu desmaio. Sou arrastada para o mesmo sono artificial para o
qual foram Setrkus Ra e Marina.
O que eu vejo a seguir, o que todos ns vemos, onde tudo comeou.
Captulo dezenove
ENTO ASSIM ESTAR MORTA.
Flutuo sobre meu corpo e mal me reconheo. Meu av ele comeou a me
transformar em um monstro, assim como ele. A garota quebrada l embaixo
est to plida e sem vida, que mal consigo acreditar que sou eu. Ou que
eraeu. Marina pe suas mos sobre meu corpo, tentando me trazer de voltar,
mesmo sabendo que seus Legados foram desativados. triste v-la distrada
assim.
Eu no quero voltar para aquele corpo. um alvio estar fora dele.
No h mais a dor, e pela primeira vez em dias eu posso realmente pensar.
Captulo vinte
ESTOU EM OUTRO LUGAR. UM LUGAR QUE AO MESMO TEMPO
ESTRANHO E familiar para mim. Flutuo pelo ar, capaz de ver toda a cena
que acontece ao meu redor, mas incapaz de agir. Posso sentir as centenas
de mentes que esto juntas comigo.
Isso o que Legado quer nos mostrar.
uma noite quente de vero. Duas luas brancas vvidas pairam no cu
escuro sem nuvens, uma no norte e uma no sul. Isso significa que um
momento especial para meu povo. Duas semanas do ano as luas esto
desse jeito, e durante essas duas semanas os lorienos celebrariam. onde
estamos. Lorien.
Eu sei disso porque Legado sabe disso. O que no sei quo distante
voltamos no tempo.
Estamos numa praia, a areia tingida de laranja oscilando pela luz de uma
dzia de fogueiras. H pessoas por toda parte, comendo e sorrindo, bebendo
e danando. Uma banda toca msica como nada que eu tenha ouvido na
Terra antes. Meu olhar paira em uma jovem garota com uma juba ruiva
encaracolado enquanto ela dana no ritmo da msica, suas mos acima da
cabea, sem se importar com o mundo ao redor. Seu vestido reflete a luz e se
distorce, pego ocasionalmente pela brisa quente do oceano.
Na praia, um pouco distante da festa, dois garotos adolescentes esto
sentados na areia, num intervalo da festa. Um alto para sua idade, com
escuros cabelos curtos e traos fortes. O outro, menor porm mais bonito do
que o primeiro, tem cabelo loiro sujo e desgrenhado e um queixo quadrado. O
loiro est vestido com uma camisa branca folgada para fora das calas e
casual. Seu amigo est vestido mais formalmente, com uma camisa vermelha
escura, passada e perfeita, as mangas meticulosamente enroladas para cima.
Ambos, mas o maior em particular, parecem superinteressados na garota que
est danando.
sabe como isso se traduziria para a idade lrica. Eles esto parados em
frente a uma enorme mesa redonda que cresce diretamente do cho, como
se fosse feita a partir de uma rvore que ningum se importou em cortar.
Cravada no centro da mesa h o smbolo lrico para unidade.
Eu sei disso porque Legado sabe.
Ao redor da mesa h dez poltronas, todas elas ocupadas com srios olhares
lricos, com exceo de duas, que esto vazias.
Cadeiras como as de um grande teatro cercam a mesa redonda por toda a
circunferncia. Est lotado hoje, todas as fileiras em sua capacidade mxima,
Gardes apertados de cotovelo a cotovelo. Isso, percebo, a cmara dos
Ancios. onde os Ancios se juntam na presena da Garde para tomar
grandes decises. A cena toda me lembra das reunies do senado que vi na
Terra, com exceo da loralite brilhante. Atualmente, todos os olhares esto
sobre o Ancio magro com longos cabelos brancos e olhos gentis. Apesar
dos cabelos brancos, ele no parece mais velho que meu av. Mas o seu
jeito projeta uma aura de superioridade.
Ele Loridas. um Aeternus, como eu, o que significa que ele pode parecer
muito mais jovem do que realmente . Todo mundo ouve respeitavelmente
quando ele comea a falar.
Estamos reunidos aqui hoje em honra aos nossos cados Loridas diz,
sua voz se espalhando pela cmara inteira. Nossa ltima tentativa de
melhorar nossa relao diplomtica com os mogadorianos foi rejeitada.
Violentamente. Parece que os mogadorianos apenas aceitaram nossa
delegao em seu planeta para que pudessem assassin-los. Durante a
batalha, nossos Gardes foram capazes de paralisar suas capacidades
interestelares, o que ir mant-los confinados em seu planeta por algum
tempo. Ns ainda acreditamos que h aqueles dentre os mogadorianos que
valorizam a paz sobre a guerra, mas a sociedade deles deve chegar a essa
concluso sozinha. Ns, Ancios, vimos que futuros envolvimentos com
Voc est com medo dele? Pittacus pergunta, sua voz baixa. Ele te
machucou?
Ele no me machucou. Eu s estou assustada pelo o que ele pode se
tornar.
Celwe alcana as mos de Pittacus e as aperta.
Apenas faa com que ele venha para casa, Pittacus. Por favor. Faa-o ver
a razo e traga meu marido de volta para mim.
Eu trarei.
Pittacus segue pelo cu, voando atravs das nuvens. Ele mergulha na
direo de uma cadeia de montanhas e, em seguida, dispara para baixo em
um abismo profundo, como uma verso maior do Grand Canyon. Enquanto
ele desce, paredes em cor de arenito salpicadas de loralite esto por todo
lado, e ento Pittacus nota um conjunto maquinrio complexo e um gerador
macio abaixo dele. Algum tem cavado profundamente, como se o abismo j
no fosse profundo o suficiente.
O olhar de Pittacus muda, como o meu, para a pea do topo da mquina no
centro do permetro da escavao. Vigas retorcidas de ao aumentadas com
circuitos piscantes e smbolos de loralite se parece com uma verso maior e
menos refinada do canalizador que Setrkus Ra desembarcou da Anubis.
Ento isso que Legado quis dizer quando disse que Setrkus Ra j tinha
tentado colet-lo antes. Aqui o incio de tudo, sculos atrs.
O incio do mergulho do meu av na loucura.
Quando Pittacus pousa, um jovem lorieno em um avental de laboratrio vai
at ele para cumpriment-lo. Sua pele estranhamente plida para um
lorieno e ele se move de uma maneira anloga a um rob, como se seus
membros no estivessem mais em sincronia com seu crebro. Pittacus
parece se surpreender pela aparncia do jovem, mas isso no tira seu foco.
Onde est Setrkus? ele pergunta.
sua
pele,
tambm,
seu
cabelo
preto
comeou
cair.
Surpreendentemente, ele est animado por ver Pittacus e deixa de lado seu
trabalho torcido para cumpriment-lo.
Velho amigo Setrkus Ra diz, se aproximando com os braos abertos.
Quanto tempo? Se perdi outra reunio do conselho dos Ancios, diga a
Loridas que sinto muito, mas...
Como forma de cumprimento, Pittacus agarra a gola da camisa de Setrkus
Ra e o empurra, pressionando-o contra uma das vigas de ao do Libertador.
Embora ele seja menor que Setrkus, consegue pegar o homem grande de
surpresa.
O que isso, Setrkus? O que voc fez?
O que voc quer dizer? Me solte, Pittacus.
Pittacus pe as mos em suas tmporas. Eu realmente desejaria que ele no
colocasse. Ele respira fundo, solta Setrkus e d um passo para trs.
Voc est minando Lorien Pittacus diz, claramente tentando juntar as
peas em sua cabea olhando para o permetro de escavao. Voc... o
que voc fez com essas pessoas?
Com os voluntrios? Eu os ajudei.
Pittacus balana a cabea.
Isso errado, Setrkus. Isso parece... parece que voc contaminou nosso
mundo.
Setrkus ri.
Ah, no seja dramtico. Isso o assusta apenas porque voc no
compreende.
Me explique, ento! Pittacus grita, e uma pequena chama irrompe nos
cantos de seus olhos.
Por onde comear... Setrkus diz, passando a mo em sua cabea.
Ns estvamos juntos em Mogadore. Voc viu o dio que os mogs tm por
ns. A selvageria. Qual benefcio poderia algum dia prover daquele lugar?
Levar tempo Pittacus fala. Um dia, os mogadorianos vo escolher a
paz. Loridas acredita nisso, ento eu tambm.
Mas e se eles no escolherem? Eles no esto colocando em risco
apenas o nosso modo de vida, mas sim toda a galxia. Por que devemos
cont-los e esperar uma melhora em sua mentalidade quando podemos
simplesmente
acelerar
sua evoluo? E
se
os
mogadorianos
que
Dreynen, esse meu Legado, um dos poucos que compartilho com meu av,
o que nos permite retirar temporariamente os Legados alheios com o toque
ou carregando projteis.
Impressionante Loridas responde, voltando sua ateno para os objetos
espalhados na mesa a sua frente. Ximic o nosso Legado mais raro,
Pittacus. A habilidade de copiar e dominar qualquer Legado que observar.
No um dom que se usa levianamente.
Meu Cpan costumava me dar lies sobre isso Pittacus responde.
Entendi a responsabilidade que vem com o poder. Tento viver minha vida
com isso em mente.
Sim, e ns tivemos sorte que esse Legado tenha escolhido voc e no
outra pessoa. Imagine, Pittacus, se seu amigo Setrkus encontrasse uma
maneira de duplicar esse Legado. Torn-lo dele. Ou d-lo para quem ele
escolher.
Pittacus range os dentes.
Eu no vou permitir que isso acontea.
Loridas segura o objeto que esteve trabalhando. Parece uma corda, com
exceo de que o material tranado no se parece com nada que j vi na
Terra. grosso e forte, com mais ou menos seis metros de comprimento,
com uma ponta enrolada em um lao complexo. A parte do lao da corda foi
moldada e endurecida, com uma ponta afiada. Loridas demonstra apertando
lao, e quando o faz, a borda letal faz o som do movimento de uma espada.
Pittacus observa.
Um pouco antigo, no acha?
J faz sculos e voc jovem, mas assim que punimos a traio.
Algumas vezes, os meios antigos so os melhores. feito a partir da rvore
Voron, uma planta quase to rara quanto voc. Os ferimentos causados pela
Voron no podem ser curados por Legados Loridas gesticula para
Pittacus. Venha. Deixe-me pegar seu Dreynen emprestado.
Pittacus segue logo atrs de Setrkus. O lao balana em suas mos. Seu
queixo forte est estabilizado e determinado, mas seus olhos esto
brilhantes.
Por favor, Setrkus. Pare de falar.
Setrkus sabe que ele no pode escapar, ento para de rastejar.
Ele rola e fica de costas para o cho, e olha para cima, na direo de
Pittacus.
Como eu posso estar errado, Pittacus? Setrkus pergunta, sem flego.
A prpria Lorien me deu o poder de dominar outros Gardes, de retirar
temporariamente os Legados deles. Esse a forma do planeta dizer que me
quer no controle.
Pittacus balana a cabea e para em frente a seu amigo.
Oua a si mesmo. Primeiro voc rebaixa a forma com que Lorien distribui
aleatoriamente os Legados, e agora prega que seus Legados so o destino.
Eu no sei qual pensamento acho mais perturbador.
Ns poderamos reinar juntos, Pittacus Setrkus implora. Por favor.
Voc como um irmo para mim!
Pittacus engole em seco. Com sua telecinesia, ele laa a corda ao redor do
pescoo de Setrkus. Ele se abaixa em direo ao seu amigo Ancio, sua
mo sobre espesso n da corda que vai apertar o lao.
Voc foi longe demais Pittacus diz. Sinto muito, Setrkus. Mas o que
voc fez...
Pittacus comea a apertar o lao. Ele deveria fazer isso rapidamente, mas
no pode acelerar, no ainda. A parte afiada encosta no pescoo de
Setrkus. Meu av engasga em dor, porm ainda no reagiu. De repente h
um olhar de sabedoria nele, de renncia. Setrkus se inclina para trs. A
ponta afiada perfura ainda mais sua pele. Ele olha para o cu.
Haver duas luas hoje noite ele diz. Elas danaro na praia como
costumvamos fazer, Pittacus.
Sangue escurece o cho abaixo de meu av. Ele comea a chorar, ento
fecha os olhos para esconder as lgrimas.
Pittacus no consegue continuar. Ele retira o lao do pescoo de Setrkus, o
joga para o lado e se levanta. Entretanto, ele no olha nos olhos de Setrkus.
Ao invs disso, segue na direo do Libertador e da rea de pesquisa de
Setrkus, observando o lugar inteiro enquanto ele queimado. Ele acredita
com seu corao que isso significa o fim.
Ele ainda v seu velho amigo ali, jazendo no cho. No conhece o monstro
no qual ele ir se tornar.
O Libertador extenso. Ningum nota quando Pittacus usa sua telecinesia
para arrastar um dos corpos dos assistentes mortos de Setrkus em direo
eles. Enquanto Setrkus observa, com os olhos arregalados, Pittacus usa
seu Lmen para queimar o corpo at que ele fique chamuscado e
irreconhecvel. Quando termina, Pittacus desvia o olhar.
Voc est morto Pittacus diz. Saia daqui. Nunca retorne. Talvez
algum dia, voc encontre uma forma de restaurar o dano que causou, aqui e
dentro de voc. At esse dia chegar... adeus, Setrkus.
Pittacus leva o corpo queimado com ele e deixa Setrkus l no cho. Ele fica
perfeitamente parado, deixando o sangue escorrer do ferimento circular
causado pela ponta afiada da corda em seu pescoo plido. Eventualmente,
ele limpa as lgrimas dos olhos.
Ento, Setrkus sorri.
Ns nos demoramos no cnion enquanto os anos passam. As cinzas da
batalha foram sopradas para longe, as marcas do fogo desaparecendo com a
luz do sol. Os restos da mquina de Setrkus Ra erodiram, engolidas pela
poeira vermelha e pelo vento que sopra atravs das montanhas.
Todo ano, quando h duas luas no cu, Pittacus Lore retorna para c. Olha
para os destroos do Libertador e considera o que fez.
O que ele quase fez. Ou o que no fez.
Eu cuidarei da sua proteo aqui Pittacus diz para Celwe, sem olhar
para ela, mas para a filha. Voc pode viver uma vida normal. Mant-la
salvo. No conte a ela sobre... sobre ele.
Celwe assente.
Ele vai voltar um dia, Pittacus. Voc sabe disso, certo? Com exceo de
que no ser como voc imagina. Ele no vir procurando perdo.
Pittacus toca sua garganta, passando uma mo no local onde a cicatriz de
Setrkus Ra est.
Eu estarei pronto para ele Pittacus diz.
Ele no estava.
A viso acaba e a escurido retorna. H exploses da energia lrica ao meu
redor. Mais uma vez, estou flutuando no espao aconchegante que o
Legado.
O que agora? pergunto. Por que voc nos mostrou isso?
Para que vocs soubessem, a voz responde gentilmente. E sabendo, agora
conhecero.
Quem ns conheceremos?
Todos.
Captulo vinte e um
ACORDO EM UMA BIBLIOTECA, COM O ROSTO EM UM CARPETE MACIO, CERCADO
DE todos os lados por cadeiras confortveis.
Acordar provavelmente no o termo certo, na verdade. Tudo tem uma
impreciso nas bordas, inclusive meu prprio corpo. Posso dizer que ainda estou no
estado de sonho que Ella criou, com exceo de que no estou mais no modo
telespectador. Eu posso me mover e interagir com a sala, mesmo sabendo que no
sei que diabos eu deveria fazer agora.
Eu me levanto e olho em volta. A iluminao aqui branda e as paredes esto
cobertas com estantes e livros de couro, todos os ttulos nas lombadas escritos em
lrico. Normalmente esse seria o tipo de lugar que eu no me importaria de explorar,
exceto que de volta ao mundo real h um mogassauro vindo na minha direo e na
dos meus amigos.
Ella me assegurou de que ficaramos bem. Porm isso no significa que estou
contente em me sentar em uma biblioteca astral esperando para ver o que acontece
em seguida.
Cara, algum d um lencinho umedecido para aquele frutinha do Pittacus Lore.
Eu me viro e encontro Nove parado no meio da sala onde no havia nada alm de
um espao vazio minutos atrs. Ele assente para mim.
Do que voc est falando?
Voc viu aquilo tambm, n? A histria da vida de Setrkus Ra?
Eu assinto.
Aham, eu vi tambm.
Nove me olha como se eu fosse um idiota.
O cara deveria ter matado Setrkus Ra quando teve a chance ao invs de ficar
todo sentimental na situao. Qual .
No sei eu respondo, em voz baia. No fcil ter a vida de algum em suas
mos. Ele no tinha como saber o que aconteceria.
Nove bufa.
Que seja. Eu estava gritando para ele matar aquele pateta, mas ele no ouvia.
Obrigado por nada, Pittacus.
Para falar a verdade, no estou preparado para processar a viso, especialmente
com os comentrios de Nove. Eu queria poder reproduzir novamente para ter tempo
de examinar minuciosamente meu planeta natal da forma que era sculos atrs.
Mais do que nunca, eu queria poder ver mais daquele Legado Ximic. Ns ouvimos
sobre histrias do quo poderoso Pittacus Lore era, sobre como ele tinha todos os
Legados. Acho que foi assim que ele conseguiu. Vendo-o usar o Ximic, me fez pensar
sobre quando desenvolvi meu Legado de cura. Aconteceu durante uma situao
desesperadora: apenas quando eu tentava salvar a vida de Sarah o Legado se
manifestou. E se no fosse um Legado de cura que se manifestou, afinal de contas? E
se fosse meu Ximic se manifestando quando eu realmente precisei e apenas no fui
capaz de descobrir como us-lo para nada mais alm de cura desde ento?
Balano minha cabea. bobeira esperar algo assim. Eu no posso querer melhorar
meus Legados da mesma forma que Nove no pode desejar mudar o passado. Temos
que vencer esta guerra com o que nos foi dado.
O que foi feito est feito digo para Nove, franzindo a testa. O que importa
que paramos Setrkus Ra. Essa era a nossa misso.
Aham. Eu tambm gostaria de evitar ser engolido por aquele monstrengo gigante
l em Nova York Nove observa, olhando em volta.
Ele no parece estar enlouquecendo por causa do estado de sonho. Ele segue o
fluxo.
Ugh, livros. Voc acha que algum desses livros fala sobre como matar aquele
Godzilla?
Olho em volta tambm, mas no para os livros. Estou procurando por uma sada.
Esta sala no parece ter qualquer tipo de porta. Estamos presos aqui. Ella, a Entidade
Lrica, quem quer esteja no comando disso eles no terminaram conosco ainda.
Acho que estamos em algum tipo de sala de espera psquica falo para Nove.
No tenho certeza de para qu.
Legal Nove responde, se jogando em uma das cadeiras. Talvez eles vo nos
mostrar outro filme.
O que voc acha que aconteceu com Sam e Daniela? Eu os vi desmaiando ao
mesmo tempo que ns.
No fao a menor ideia Nove diz.
Voc deveria pensar que ns acabaramos no mesmo lugar.
Por qu? Nove pergunta. Voc acha que h lgica em qualquer operao
alucinatria compartilhada telepaticamente?
No admito. Acho que no.
Ento, voc acha que Ella est fazendo tudo isso, certo? Estou captando uma total
vibe Ella.
Sim confirmo, assentindo em consentimento.
Nove est certo. Eu no tenho certeza de como estamos na projeo psquica de Ella,
eu apenas sei. intuio.
Nove assobia.
Droga, cara. A garota teve um melhoramento monstro. Eu meio que sinto que
estamos ficando frouxos. Quero poder copiar alguns Legados como seu irmo
Pittacus. Ou pelo menos arrumar aquela corda com a ponta afiada.
Suspiro e balano a cabea, um pouco envergonhado por ouvir Nove dizer em voz
alta o que eu estava pensando. Eu mudo de assunto.
H um grito de guerra gutural atrs de mim e ento Nove passa por mim num
borro. Ele ergue os ombros e segue com as mos esticadas na direo do pescoo
de Cinco. Por alguma razo, Cinco no esperava ser atacado primeira vista e mal
tem tempo de se proteger antes que Nove o alcance.
Exceto que, desta vez, Nove no o acerta. Ele passa atravs de Cinco e acaba com sua
cara no meio de uma pilha de livros que retirei das prateleiras.
Filho da me! Nove grunhe.
Huh Cinco diz, olhando para seu peito, que com certeza parece slido o
suficiente para ser atingido.
No pode haver violncia por aqui.
Todos voltamos nossos olhares para perto da parede dos fundos, onde um vo de
porta acabou de se manifestar. No meio dele h um homem de meia idade com um
corpo modulado, seu cabelo castanho ficando branco nas pontas. Ele parece
exatamente da mesma forma que eu me lembro.
Henri?! exclamo.
Ao mesmo tempo, Nove grita:
Sandor?! Que diabos?
Cinco no diz nada. Ele simplesmente olha para o homem no vo da porta, seus
lbios curvados em um sorriso sarcstico.
Nove e eu trocamos um olhar rpido. Leva apenas alguns segundos para perceber
que estamos vendo pessoas diferentes. Se realmente Ella quem est controlando
essa terra dos sonhos, ela deve ter puxado algum de nosso subconsciente com o
qual nos sentimos confortveis. Exceto que, na realidade, no parece ter funcionado
com Cinco. Ele mantm os punhos cerrados, como se fosse se atirar para frente a
qualquer momento. E no posso evitar sorrir ao ver Henri, mesmo sabendo que esse
momento passageiro.
Voc ... voc real? pergunto, me sentindo idiota por fazer essa pergunta.
Quando chego perto dele, Henri coloca as mos em meus ombros. Ele abaixa sua
voz, mesmo sabendo que os outros no podem ouvi-lo, como se ele estivesse me
contando um segredo.
Comece com aqueles que voc sentiu, John. Eles sero mais fceis. Lembre-se de
como era. Visualize.
Eu encaro Henri, incerto da maluquice que ele est falando. Em resposta ao meu
olhar, ele sorri daquela maneira novamente. Me dando dicas, me fazendo pensar
sozinho nos detalhes. moda Henri. Sei que isso me faz mais forte e mais inteligente
durante a caminhada, mas mesmo assim me irrita.
Eu no entendi o que voc quis me dizer falo.
Henri d palmadinhas nos meus ombros, e ento comea a descer para o hall.
Voc entender.
Nem Marina. Ele agarra o cotovelo de Adam, virando-o para poder confrontlo. Se tratando de Marina, sei que essa raiva vem se acumulando j por um
tempo.
O que voc estava pensando?! ela pergunta.
Quase acreditei que Marina comearia a irradiar sua aura de gelo. Mas
imagino que isso no acontea aqui neste lugar, dentro da mente de Ella.
Mesmo assim, seu olhar mortal conseguiu o efeito desejado.
Eu sei... Adam responde com a cabea baixa. Eu perdi o controle.
Voc poderia ter matado Ella! Marina rebate. Voc a teria matado!
Mas ele no matou... eu digo, tentando manter a paz.
Ambos me ignoram.
Eu no espero que voc entenda Adam fala, sua voz suave. Eu
nunca, nunca realmente encontrei Setrkus Ra antes. Mas passei toda a
minha vida sua sombra, sob seu polegar, um prisioneiro de suas palavras.
Quando tive a chance de mat-lo, de me libertar... Eu simplesmente no pude
evitar.
Voc acha que ns no queremos mat-lo? Marina pergunta, incrdula.
Ele tem nos caado durante toda nossa vida. Mas ns sabamos que Ella
teria morrido primeiro, ento ns... ns nos controlamos.
Eu sei Adam responde, nem mesmo tentando se defender. E
naquele mesmo momento me tornei o que sempre odiei. Eu terei que viver
com isso, Marina. Sinto muito, aconteceu.
Marina passa a mo pelo cabelo, no sabendo como responder a isso.
Eu apenas... eu simplesmente no posso acreditar que ela se foi Marina
fala depois de um momento. Eu no posso acreditar que ela se matou.
Eu no acho que Ella se foi digo a Marina, passando as mos nas
paredes azuis no profundo de mrmore do corredor que nos rodeia. Acho
que ela tem algo a ver com a nossa situao atual, sabia? Eu vi muitos
relmpagos lricos sarem do corpo de Ella antes desmaiarmos.
Marina sorri apertado, olhando para mim agora, em vez de para Adam.
Espero que voc tenha razo, Seis.
O encanto foi quebrado. Eu o testei antes de virmos para c falo,
lembrando com muita satisfao como me senti ao rachar a cabea de
Setrkus Ra com uma pedra.
Marina aperta a ponte do nariz. muito para se absorver, passar do combate
com Setrkus Ra a v-lo como um lorieno normal e depois a isso.
Ele...? Ele poderia estar matando gente agora?
No, ele sofreu o mesmo efeito do que quer que Ella tenha feito com a
gente, tambm. Mesmo assim, devemos criar um plano, porque tenho o
pressentimento de que uma vez que esta pequena viagem ao passado
acabe, estaremos de volta naquela baguna.
Adam franze a testa, parecendo envergonhado.
Eu estou mal. Acho que ele quebrou toda a minha cara.
Eu vou te curar Marina fala secamente. Eu estava prestes a faz-lo
de qualquer maneira.
Bom, bom. E ento vocs podem me ajudar a matar Setrkus Ra.
Adam e Marina olham para mim.
O qu? pergunto. Vocs acham que teremos uma chance melhor?
As tropas dele fugiram e ele est machucado, so trs contra um...
No temos nossos Legados aponta Marina. Ele os drenou. Eu terei
que arrastar Adam para fora da cratera apenas para cur-lo.
Adam balana a cabea, me estudando. Posso dizer que ele no tem certeza
se estou sendo louca ou se ele pensa que um bom plano. De qualquer
maneira, noto a admirao em seu olhar.
No ser trs contra um de imediato, Seis. Ser um contra um.
Eu no me importo. Eu no vou desperdiar essa chance lhes digo.
Olho ao redor, desejando que eu pudesse descobrir um jeito de sair daqui.
Assim que isto finalmente acabar, eu vou mat-lo.
Marina esquece sua raiva com Adam tempo suficiente para eles trocarem um
olhar rpido. Acho que posso soar um pouco louca. Durante essa discusso,
ns paramos de andar pelo corredor. Katarina, ou quem ou o que quer que
seja que tomou sua forma, percebe nosso atraso e para, pigarreando com
impacincia.
Ns no temos muito tempo ela diz no mesmo tom severo que
costumava usar quando eu realmente a incomodava. Vamos l.
Ns comeamos a andar novamente. Marina chega perto de mim, se encosta
em meu ombro.
Vamos apenas ter cuidado, tudo bem, Seis? ela fala baixinho. O
Santurio... talvez Ella... j perdemos muito hoje.
Eu assinto com a cabea, sem responder. Marina foi quem quis ficar e
proteger o Santurio de Setrkus Ra em primeiro lugar. Mas agora que temos
uma chance real para mat-lo, ela est ficando com p atrs.
Eventualmente, o corredor se abre para uma sala abobadada com uma
grande mesa circular que cresce diretamente para fora do cho. Katarina fica
de lado para nos deixar entrar e quando me viro para olhar para ela, ela
desapareceu.
A sala uma rplica exata da Cmara dos Ancios da viso que todos ns
compartilhamos. A nica diferena o mapa brilhante desenhado no teto. Em
vez de Lorien, ele retrata a Terra. Existem pontos brilhantes no mapa em
lugares como Nevada, Stonehenge e ndia as localizaes das pedras de
loralite. O local est vazio, mas um dos nove lugares ao redor da mesa j
est preenchido.
Lexa parece muito desconfortvel sentada em uma das cadeiras de espaldar
alto. Ela tamborila os dedos sobre a mesa, obviamente, sem saber o que
deveria estar fazendo. Ela parece aliviada quando entramos no cmodo.
No acho que eu deveria estar aqui diz Lexa, levantando-se para nos
cumprimentar
Eu tive que trazer todos que foram tocados por Legado Ella responde.
Era tudo ou nada.
Legado...? Voc quer dizer...?
A Entidade ela responde. Eu lhe dei um nome. Ela no parece se
importar.
Marina ri. Isso me faz sorrir tambm. Parece que a velha Ella est l.
E esse tal Legado vai sair e se apresentar? Nove pergunta. Eu quero
dizer oi e pedir novos poderes.
Ela est aqui, Nove Ella responde, e acho que vejo um canto de sua
boca ser curvar em um sorriso. Est em mim. Nesta sala. Em tudo que nos
rodeia.
Oh, ok Nove responde.
Ele pode nos ouvir? John pergunta, olhando para Setrkus Ra.
No, mas ele sabe que algo est acontecendo diz Ella. Ele est
lutando contra mim. Tentando se libertar. No sei quanto tempo posso
segur-lo. melhor fazer o que estamos aqui para fazer.
Para que estamos aqui? pergunto.
Todo mundo, sente-se Ella fala.
Olho em volta para ver se algum acha que isso uma loucura como eu.
John e Marina imediatamente puxam para cadeiras e se sentam, com Lexa e
Adam rapidamente se juntando a eles. Nove chama minha ateno, d
piscadinha, um sorriso metido e d de ombros como que dizendo dane-se.
Ele se senta ao lado de John e eu me espremo entre Marina e Ella. Isso deixa
apenas um assento, o prximo a Setrkus Ra. Ningum estava ansioso para
se sentar l.
A contragosto, Cinco caminha da borda da sala e senta-se ao lado de seu
antigo mestre. Parece que ele preferiria estar em qualquer outro lugar agora e
evita fazer contato visual com qualquer um de ns.
Perfeito Nove zomba.
Sam se senta na primeira fila, e uma menina com olhar ranzinza com uma
confuso de tranas est sentada ao lado dele. Ele olha diretamente para
mim, sorri e sussurra um cumprimento.
Em seguida, a comoo realmente comea.
Olhem! grita uma menina japonesa, e levo um segundo para perceber
que ela est apontando para ns.
Um murmrio percorre a multido quando todos nos notam sentados ao redor
da mesa. No incio, todos falam ao mesmo tempo, nos metralhando com
perguntas que no posso nem distinguir.
Lentamente, a sala fica quieta.
Um silncio respeitoso eventualmente cai. Estes so os Gardes humanos. Eu
s posso imaginar quo totalmente insana essa coisa toda pode parecer para
eles.
Ento, percebo que eles esto esperando por ns para explicar a situao.
Olho em volta nossa mesa. Ella ainda est completamente distante e aptica.
Ao lado dela, Setrkus Ra se debate e luta. Adam e Cinco parecem prestes a
se esconder debaixo da mesa. Mesmo Marina est corando e parecendo
desconfortvel. Ao contrrio dos outros, Nove sorri e acena para o maior
nmero de pessoas da multido que pode.
E a? ele chama.
Algumas pessoas na plateia riem silenciosamente.
Obviamente, um de ns precisa dizer algo mais inteligente do que isso.
John se levanta, sua cadeira raspando alto contra o cho de mrmore.
o cara do YouTube ouo algum sussurrar, e do outro lado da sala,
algum diz: o John Smith.
John olha para todos os diferentes rostos, tentando no aparecer encabulado.
Vejo Sam piscar para ele com um polegar para cima. John respira
profundamente, ento hesita. Ele se vira para Ella.
Todos falam ingls?
Oh, uau diz John. Ento, vocs devem estar muito confusos.
Experimentem quando vocs sarem daqui. Apenas, h... visualizem algo em
sua casa se movendo atravs do ar. Realmente se concentrem nisso. Vai
funcionar, eu prometo. Voc vai surpreender-se e provavelmente assustar
seus pais John pensa por um momento. Algum j desenvolveu
quaisquer outros poderes, alm de telecinesia? Ns os chamamos de
Legados. Algum mais...?
Um indivduo em uma das filas do meio se levanta. Ele robusto de cabelos
castanhos e me faz lembrar de um bicho de pelcia. Quando ele fala, tem um
leve sotaque alemo.
Meu nome Bertrand diz ele, nervosamente olhando ao redor. A
minha famlia e eu, somos apicultores. Ontem, eu notei, hum, as abelhas...
elas falaram comigo. Pensei que eu estava ficando louco, mas o enxame vai
para onde eu digo para ir, ento...
Que nerd Nove sussurra para mim. Apicultor.
John bate palmas.
Isso incrvel, Bertrand. Isto , foi muito rpido em desenvolver um
Legado. Prometo o resto de vocs vai receb-los tambm, e no sero todos
que vo poder falar com insetos. Ns podemos trein-los e ensinar como uslos. Temos pessoas que sabem, pessoas com experincia... ento, John
olha em volta da mesa. Acho todos vamos nos tornar Cpans agora. De
qualquer maneira, h uma razo para vocs receberem esses Legados,
especialmente agora. No caso de vocs no terem percebido ainda...
porque vocs supostamente devem nos ajudar a defender a Terra.
Isso realmente fez a multido falar. Algumas pessoas realmente aplaudem
como se tivessem prontos para lutar, mas principalmente murmuraram
duvidosos, conversando entre si.
John... Ella chama, cerrando os dentes. Rpido, por favor.
Olho para Setrkus Ra. Suas tentativas de fuga esto cada vez mais brutais.
sentiro a sua fora. Tudo o que vocs precisam fazer tocar uma delas e
imaginar a localizao de outra pedra. A loralite far o resto.
Aquilo Stonehenge? um britnico pergunta, focando os olhos no
mapa. Tudo bem ento. Isso possvel fazer.
Uh, acho que uma delas fica na Somlia diz algum.
Haver mais mudanas em seu ambiente Ella continua, mas para de
repente, sacudindo violentamente. Suas mos esto apertando a mesa e
realmente derretendo a madeira, fascas silvando dela. Quando ela fala
novamente, com sua prpria voz, no com a de Legado.
Ele est se soltando! Ella grita.
As correntes incandescentes segurando Setrkus Ra sua cadeira se
partem. Os elos quebrados voam para o outro lado da mesa que passem
atravs de ns sem causar danos. Ella deve ter perdido seu poder teleptico
sobre Setrkus Ra. Ele no est mais isolado do resto de ns. Em um
movimento fluido, o ex-lder Ancio e atual dos mogadorianos se levanta, sua
cadeira tomba atrs dele, e lana fora seu capuz. Pessoas na galeria
comeam gritar e a se levantar de suas poltronas, mesmo que no tenham
para onde fugir.
Primeiro, Setrkus Ra pe a mo no ombro de Ella. A luz em seus olhos
aumenta, mas ela no se move. Mantendo seu foco. Sem obter uma reao
de sua neta, ele se vira para olhar para o Garde mais prximo. No caso,
Cinco. Setrkus Ra sorri.
Ol garoto. Gostaria de ser o primeiro a ajoelhar perante mim?
Cinco recua em terror, afastando-se da mesa. Os Gardes esto se
levantando agora. Eu estou pronta para atacar, mas, ao meu lado, Nove no
parece muito preocupado.
Ele no pode fazer nada aqui Nove diz me diz. Descobri isso quando
tentei chutar o traseiro do Cinco.
Eu pulo em cima da mesa, e fico frente a frente com Setrkus Ra. Ele para
seu discurso, seus olhos negros e vazios olhando diretamente nos meus.
Eu salto de p.
Ei, filho da puta eu digo. Quando ns acordamos, eu vou te matar.
Veremos Setrkus Ra responde.
Sinto que comea a acontecer. Meu corpo aqui torna-se transparente. Os
detalhes do salo se tornam nebulosos. Posso sentir o cheiro da fumaa dos
incndios ao redor do Santurio, posso sentir a poeira na minha pele. Eu
preciso me mover rapidamente. Estou forando meus msculos a
funcionarem assim possvel.
Vamos! Grito. VAMOS L!
hora de acabar com isso.
arma que tenho contra Setrkus Ra. Ele definitivamente mais forte que eu,
e tambm mais rpido. Eu estou comeando a achar que deveria ter ouvido
Marina.
Falando em Marina, enquanto volto a ficar de p a alguns metros de Setrkus
Ra, olho ao redor para localiz-la. E l est ela arrastando o corpo
inconsciente de Adam para a lateral da cratera. Enquanto observo, tiros so
disparados no cho ao redor dela e ela obrigada a se esconder atrs de
uma pilha de pedras de calcrio bem no topo da cratera.
Da direo dos tiros, parece que os mogs conseguiram se reagrupar ao redor
da entrada da Anubis. A nave de guerra massiva ainda paira sobre ns, a
parte de baixo de metal se transformou agora em nosso cu.
Eu recuo enquanto Setrkus Ra vem em minha direo, desviando de vrios
socos massivos de seus punhos e da armadura. Quando desvio de seus
golpes, ele usa sua telecinesia para lanar pequenos pedaos de detritos em
mim. Eu os desvio com minha espada, minhas mos suando no cabo.
Onde est sua coragem agora, criana? ele pergunta. Por que est
fugindo?
Vou deixar ele pensar que estou recuando. Quero dizer, eu estou recuando.
Mas no significa que seja tudo o que estou fazendo. Meu real objetivo
levar Setrkus Ra para mais longe possvel do lado da cratera onde est
Marina. Uma vez que ela fique fora do raio do Legado de Setrkus Ra e
consiga curar Adam com sucesso, talvez possamos virar a luta.
Enquanto desvio de mais uma pedra, vejo Marina colocar a cabea de Adam
no colo e pressionar suas mos no rosto dele. Seus Legados devem estar
funcionando! Agora eu s preciso manter a brincadeira de gato-e-rato at...
Uuuf.
Meu calcanhar se choca contra alguma coisa e eu caio para trs. Minha
aterrisagem amortecida por alguma coisa macia e me leva alguns segundos
para perceber que tropecei no corpo de Ella. Ela est plida, completamente
minhas mos. Ele chuta para trs, e embora eu tente desviar, sua bota
gigante me atinge. Posso sentir costelas se quebrando como resultado.
Pegue-o, BK! grito enquanto caio com fora no cho.
Bernie Kosar est prestes a descer as garras sobre ele quando um suspiro
agudo chama nossa ateno.
Ella se senta. Ela respira fundo novamente, como se tal ato fosse dolorido.
Seus olhos esto quase como antes, com exceo de que ainda h vestgios
da energia lrica nos cantos. Aquela gosma preta continua saindo de suas
narinas e ela acaba cuspindo um pouco tambm.
Setrkus Ra arranca a espada da parte de trs de seu joelho como se fosse
um espinho. A espada parece comicamente pequena em sua mo gigante.
Ele a arremessa em direo Bernie, redirecionando com sua telecinesia. BK
consegue desviar da espada no ltimo segundo, mas a espada ainda assim
consegue fazer um corte nele. Ele est ferido e sua poderosa forma de
hipogrifo comea a se reverter para sua forma normal.
Bernie Kosar balana sua cabea para frente e para trs, rugindo, lutando
para manter sua forma e continuar na luta.
Minha neta! Setrkus Ra berra, sua voz parecendo um trovo graas
sua forma gigante. Ele segue em direo Ella. Ele realmente parece
aliviado. Estou indo at voc.
Em resposta, Ella vomita mais da gosma preta. Ela est sem condio de
agir. Entretanto, o que quer que seja a porcaria que Setrkus Ra injetou nela,
com certeza parece que seu corpo est rejeitando-a agora.
Eu no posso deix-lo tomar posse dela novamente.
Bernie Kosar! eu grito. Tire-a daqui!
O Chimra ferido me olha com seus olhos de guia, mas no hesita. Ele
chega at Ella bem antes de Setrkus Ra, gentilmente a pega com suas
garras e ento voa em direo floresta.
No! Setrkus Ra grita. Ela minha!
Ele e Adam se jogam para um lado, Marina para o outro. O duto se esbarra
contra o cho entre eles. Nenhum deles atingido, mas sem nenhum deles
atingindo-o com Legados, Setrkus Ra consegue comear a escalar a
cratera, seus passos enormes diminuindo a distncia com mais rapidez.
minha vez de mant-lo aqui embaixo.
Viro minhas mos no ar, conduzindo o clima. Aumento a velocidade, do
vento, que leva consigo detritos e rochas. Meu rosto atingido por pequenas
pedras e meus olhos so inundados por areia. Eu continuo.
Estou criando um tornado, bem acima de Setrkus Ra.
Morra, seu filho da...!
Minhas costas explodem em dor. Um tiro, bem no meio delas. Caio para
frente, com minhas mos apoiadas nos joelhos, quase caindo para dentro da
cratera. Minha concentrao tirada de mim, o vento imediatamente
comeando a se dissipar.
Seis! Sarah geme.
Ela me segura pela cintura e juntas ns rolamos para trs de uma pilha de
pedras, quase sendo atingidas por mais tiros.
Os tiros no vieram da Anubis, entretanto. Vieram da floresta.
Proteger o Adorado Lder! berra Phiri Dun-Ra enquanto ela entra no
campo de viso, atirando. Ela lidera um pequeno contingente de soldados
mogadorianos. Eles devem ter se escondido dentro da floresta, encontrado e
libertado a nascida naturalmente e seguiram para nossa direo. Vendo
reforos, os mogs perto da Anubis se reagrupam. De repente, somos pegas
no meio de um tiroteio. Sarah tenta atirar de volta, mas a tempestade de tiros
muito intensa. Ela se abaixa prxima mim.
Seis, o que faremos?
Espio bem a tempo de ver Setrkus Ra alcanar o topo da cratera.
Ele est com a espada de Adam novamente, usando-a como uma bengala.
Marina est bem sua frente.
colocando o peso nos seus punhos, as garras dos seus ps levantam pedaos de
cimento enquanto caminha.
Para nossa sorte, o monstro recm-nascido ainda est se acostumando a andar.
Entretanto isto no salva o agente cado. Tento pux-lo com a minha telecinesia, mas
no fui suficientemente rpido. O mogassauro traz um dos seus punhos pra baixo e
esmaga o coitado. Acho que o monstro nem sentiu. Seus olhos, cada um deles
pontilhado com o que acredito ser um colar lrico roubado, esto focados em ns.
apenas uma questo de tempo at que ele nos pegue.
De repente eu me pego pensando na primeira noite que conheci Seis, em Paradise.
Foi tambm a primeira noite em que matei um pken, entretanto ele no era nem de
longe to grande quanto esse monstro. Seis usou a sua invisibilidade para nos tirar
de muitos problemas naquela noite. Eu me lembro do jeito que ela segurou minha
mo. Lembro do efeito estonteante de ver atravs do meu prprio corpo.
Lembre. Visualize.
John? Sam grita enquanto corremos. JOHN?
Que foi? grito de volta, virando a cabea.
Voc... ele est me olhando e quase tropea nos prprios ps. Voc acabou
de desaparecer.
Eu no desapareci, percebo. Eu me tornei invisvel.
Puta merda, eu consigo...
Consegue o qu? Nove pergunta.
Eu no respondo. Minha mente corre. Eu acabei de usar o Legado de invisibilidade de
Seis, mesmo que brevemente. E s num pensamento, como lembrar um nome que
voc tinha esquecido. Eu poderia nos tornar invisveis. Ns podamos escapar. Mas
isso significaria abandonar Walker e seus amigos.
Todo esse poder, bem na ponta dos meus dedos, mas sempre fora de alcance. E
agora? O que posso fazer com isso? Eu preciso de tempo para praticar, para
descobrir como funciona, para treinar. Qual Legado posso trazer nos prximos
minutos que ir nos ajudar a derrotar esse monstro?
A Agente Walker e seu grupo descarregam as armas no monstro. As balas so
engolidas pela dura pele da coisa, no mais efetivas que minha bola de fogo
anteriormente. Nada alm de um grupo de moscas para o mogassauro. Ele ignora os
agentes completamente, est vindo para ns.
Vamos l! eu grito. Tragam-no ele para a grama!
Ns teremos mais espao para lutar l, considerando quo desajeitado o monstro
aparenta, provavelmente melhor continuarmos nos movendo. Esperanosamente,
consigo pensar em algo enquanto ele nos persegue.
Ah cara, eu no me sinto em forma Daniela diz. Normalmente uma graciosa e
rpida corredora, Daniela tropea nos prprios ps e cai no gramado enquanto
corremos. Eu a seguro pelo brao e a arrasto comigo. Algo aconteceu comigo
naquela merda de viso. Minha cabea est explodindo.
Pedaos de cimento voam do ltimo passo do mogassauro e acertam meus ombros.
Eu vou tentar algo, Johnny! Nove diz, e se separa do resto de ns.
Faa a sua coisa eu digo, confiando que Nove no vai acabar morto.
Nove corre para a ponta da praa, onde h uma coluna de binculos de metal presos
ao cho, aquelas coisas para turistas admirarem a vista de Manhattan. Ele arranca
dois do cho, segurando um em cada mo como tacos. Ento os carrega em direo
ao monstro. Sua supervelocidade entra em ao e ele um borro atravessando a
praa.
Eu poderia usar isso. Tento focar no Nove, imagino como os msculos dele
trabalham, como ele cria velocidade com seu Legado. Mas nada acontece.
A criatura gigantesca, na verdade, parece confusa quando Nove corre em sua
direo. A coisa hesita, tentando decidir se parte para cima de Nove ou continua
perseguindo o resto de ns. Ento, talvez raciocinando em seu pequeno crebro para
Obrigado ele diz, e sai voando na direo do Caador, nosso prprio mssil em
chamas.
Eu me agacho prximo a Daniela e pressiono minhas mos contra a cabea dela.
Deixo meu Legado de cura fluir, esperando que isto a ajude com a dor. No
realmente meu Legado de cura, sabe? Ximic, e a cura o nico Legado que eu sou
realmente bom em copiar.
No ajuda Daniela, mas algo acontece quando a energia flui entre ns. De repente,
percebo exatamente o que est acontecendo dentro dela. Eu posso sentir tambm.
Uma presso atrs dos olhos. Um peso grande que parece estar tentando atravessar
minha face.
Est me destruindo! Daniela grita.
Agh, eu sei! Eu tambm sinto! respondo, segurando os lados da minha cabea
como se meu crnio pudesse se quebrar ao meio.
Enquanto isso, Cinco, que pura velocidade e calor, voa direto para dentro de um
dos olhos do Caador. H um som doentio e o monstro grita mais alto do que nunca.
Um momento depois, um buraco explode na nuca do monstro e Cinco sai por ele. Ele
segura algo, que deve ser um dos pingentes lricos.
Puta merda Sam diz. Isso foi nojento, mas funcionou.
O Caador acabou de receber um homem bala atravs do seu crebro.
Aposto que ele sente algo bem parecido com o que eu e Daniela sentimos agora. Ele
no cai morto como eu esperava. Ao contrrio, ele est apenas mais nervoso. Ele se
joga na direo de Cinco, que desvia rapidamente. Ainda agarrado besta, mas
agora tendo a noo de como realmente machuc-la, Nove comea a subir em
direo aos olhos restante.
E ento os Black Hawks chegam. Eles bombardeiam o Caador com msseis que
apenas irritam o monstro. Embora eu aprecie a ajuda, as armas deles no vo
machucar esta coisa. H uma boa chance de que aqueles pilotos acabem apenas
sendo mortos ou acertem Cinco e Nove por acidente.
O Caador destri tudo ao redor, esmagando o resto da praa e quase derruba um
dos helicpteros com as costas da mo. Isso faz com que seja extremamente difcil
para que Cinco consiga atacar novamente os olhos da criatura. Quando o Caador
inclina a cabea e ruge, o bafo suficientemente poderoso para tirar Nove do rosto
do monstro.
Ele voa para longe do Caador e despenca centenas de metros para o cho. Tento
segur-lo com a minha telecinesia, mas estou muito longe e minha cabea est
doendo tanto que no consigo me concentrar.
Cinco desce rapidamente, o fogo extinto. Ao invs de atacar novamente, Cinco pega
Nove no ar pelo pulso. Ele o coloca gentilmente no cho. Em resposta a isso, Nove o
soca bem no meio do rosto. Porque isso o que ele faz.
Os pilotos dos helicpteros esto indo para um novo ataque. Cinco e Nove esto bem
na cola do Caador. O ataque vai comear em um segundo.
Se vocs vo fazer algo, agora a hora! Sam grita.
Eu no sei o que fazer. Consigo sentir o Legado que eu copiei de Daniela crescendo
dentro de mim, mas no tenho ideia do que ele faz ou como us-lo. Eu estou
falhando aqui. Tudo o que consegui foi uma dor de cabea gigantesca. Tem que
haver mais que isso.
Com um choro angustiado, Daniela levanta rapidamente. Ela empurra ns dois ao
mesmo tempo e grita:
Eu tenho que deixar sair!
Daniela abre os olhos e solta um raio de energia prata que atinge o Caador. No
comeo, ela est completamente fora de controle, mas o raio de energia que parece
dolorosamente grande e que pode destruir a cabea dela atinge o corpo todo do
monstro. Mas depois de alguns segundos, Daniela assume o controle. O raio fica
mais fino e mais preciso. O resultado melhor do que eu poderia ter imaginado.
O Caador d um grito confuso, olha para baixo e v o seu corpo gigantesco se
transformando em uma esttua de pedra. Assim que vejo Daniela fazendo, percebo
que consigo fazer tambm. Eu me foco no peso atrs dos meus olhos, como uma
pedra comeando a descer uma colina, e a empurro. Minha viso fica cinza enquanto
o raio sai pelos meus olhos. difcil no comeo, tenho que controlar meus olhos,
ento no fcil ser preciso, mas pego o jeito rapidamente. Daniela tambm. Logo
nos estamos pintando faixas cinzas no corpo todo do monstro confuso.
O Caador tenta correr em frente para pegar Nove e Cinco, mas suas pernas no
esto mais funcionando. Elas so pedaos slidos de rocha.
Est acabado alguns segundos depois. Parado ao lado da esttua da Liberdade existe
uma tumba cinza d mais formidvel criao mogadoriana que j vi, e vai estar aqui
para sempre, congelada em uma mscara de confuso e raiva. Cinco e Nove encaram
a coisa, confusos o bastante para no brigarem um com o outro. Os helicpteros
circulam ao redor da criatura, obviamente vendo que a besta no mais uma
ameaa.
Minha nossa Daniela responde, e se inclina em mim para se apoiar. Aquilo
no foi nem um pouco gostoso de fazer.
Eu massageio meu rosto.
No brinca!
Aquilo foi incrvel! Sam grita. Voc como uma Medusa.
Esse no vai ser meu nome de super-heri Daniela responde nervosa. Ugh.
E voc como... como... Sam est muito excitado para conseguir falar.
Como Pittacus termino por ele.
Puta merda, sim! Isso grande. Voc percebe o quo importante isso ?
imenso.
Voc est, tipo, roubando os holofotes do meu novo Legado Daniela resmunga.
Balano minha cabea e gargalho, na verdade me sentindo aliviado pela primeira vez
em dias. Nove anda at o monumento do monstro, com as mos nos quadris, e bate
na pedra. Enquanto ele faz isso, Cinco volta para o resto de ns. Noto que ele
pendurou o pingente lrico que arrancou do monstro ao redor do seu pescoo. Fico
imaginando se este o seu pingente original que ele entregou ou foi tomado por
Setrkus Ra, ou se pertence a um dos Gardes mortos. Eu no pressiono o assunto
agora. Ele estende as mos.
Bem, eu tentei ele diz. Voc pode me amarrar de novo se quiser.
Troco um rpido olhar com Sam. Sei que Cinco acabou de nos ajudar, sei que ele
disse que poderia ter quebrado aquelas amarras se precisasse, mas me sinto mais
confortvel com ele amarrado. Ele um descontrolado e um assassino. Eu no sei se
algum dia serei capaz de confiar nele.
Enquanto pego as cordas que Sam cortou h alguns minutos atrs, a Agente Walker e
seu time sobrevivente andam em nossa direo. Ela est em seu telefone via satlite
no meio de uma animada discusso.
Enquanto ela no est prestando ateno, agente Murray sorri para ns e ergue os
dois polegares em um sinal de agradecimento.
Os helicpteros pousam a uma distncia em um dos pequenos espaos que no
foram demolidos pelo Caador. Acho que eles vieram para nos levar de volta ao
acampamento militar. Tenho que descobrir o que aconteceu com os outros Gardes.
Eu no tenho nenhuma cicatriz nova na perna, o que significa que a batalha foi
ganha, ou que ainda est acontecendo. Preciso chegar at eles, at Setrkus Ra, e
colocar esse novo Legado em uso.
Bem, pelo menos o que aprendi a usar dele.
Sim, senhor Agente Walker diz ao telefone, ento o segura longe do rosto,
piscando em choque como se ela no conseguisse acreditar no que est
acontecendo. Ela parece mais surpresa pela conversa do que pela esttua gigante de
monstro que eu e Daniela acabamos de fazer. Ela segura a boca do telefone e o
estende pra mim. John, hum... o presidente quer falar com voc ela assente
com a cabea. Ele aparentemente... h ... mudou sua opinio sobre total suporte
aos lorienos. Ele quer voc em Washington imediatamente para discutir a estratgia.
Deixo as cordas com Nove. Ele est todo feliz por ser ele quem ir amarrar Cinco.
Me salvar de cair no nos deixa quites eu o ouo murmurar para Cinco.
No, no deixa Cinco responde.
Eu os ignoro por agora. Estou prestes a falar com o Presidente. Eu balano a cabea,
encarando Walker.
Isto algum tipo de pegadinha, no ?
No Walker diz, balanando o telefone pra mim. Ele de verdade. Soa
incrivelmente louco, aparentemente, mas sua filha mais velha acabou de
experimentar algum tipo de... viso? Onde voc deu um discurso?
Sam no consegue segurar a risada.
No pode ser.
Walker olha para ns.
Eu perdi alguma coisa?
No eu digo, sorrindo e pegando o telefone. Eu te explico depois.
Antes que Walker possa me entregar o telefone, meu prprio telefone comea a
vibrar no meu bolso. Somente duas pessoas no mundo tem aquele nmero Sarah e
Seis. A luta com Setrkus Ra deve ter acabado se elas esto me ligando. Caramba,
talvez elas at tenham matado aquele velho puto.
Desculpa eu digo a Walker, pegando meu prprio telefone. Ela me olha como
se eu fosse louco. Diga para o Presidente esperar, eu tenho que atender esta.
tirar dessa, vivos. Nossa nave menor, mais rpida, e ela uma excelente
piloto.
O que est havendo a atrs, Seis? ela grita, suor escorrendo pelo seu
rosto enquanto ela nos leva para baixo, mais adentro da floresta, usando as
rvores como cobertura. Seis? Fale comigo, Seis!
Do outro lado do corredor, Ella est sentada com as costas apoiada na
parede, seus joelhos dobrados, encostando-os no peito. Ela se abraa e
oscila para frente e para trs, chorando. Seu rosto est manchado com
aquele lixo oleoso, mas pelo menos ele parou de fluir para fora dela. Ainda h
o crepitar ocasional da energia lrica ao redor de sua cabea.
Eu o avisei ela sussurra para si mesma, de novo e de novo. Eu avisei
todos vocs que isso iria acontecer.
Marina jaz num sobretudo nos fundos da nave, inconsciente e muito mal, seu
corpo amarrado no cho para no ser arremessado durante mais uma
manobra evasiva. Eu no quero nem pensar em quantos dos seus ossos
esto quebrados, ou se ela vai acordar outra vez.
Isso
no
impede
Mark,
desesperado
choroso,
de
chacoalh-la
Eu queria... eu queria poder ter visto voc mais uma nica vez Sarah
diz baixinho, lgrimas caindo de seus olhos. Talvez eu ainda v v-lo.
Estarei esperando por voc, John, onde quer que seja. Talvez seja... seja
como Lorien. Ou Paradise.
Bernie Kosar jaz perto de Sarah. Ele choraminga e lambe o rosto dela. Isso a
faz sorrir um pouco.
BK est aqui ela diz para John, parecendo cada vez mais distante.
Ele disse oi.
Sarah suspira. Tosse. Sangue escorre pelas laterais de sua boca, vindo de
dentro dela. Eu a vejo tentando lutar. Ela est se esforando para ficar.
Me prometa, John... me prometa que voc vai continuar lutando. Me
prometa que vai ganhar. No desista por nada, meu amor. Por favor, apenas
se lembre, eu te amo John. Eu sempre...
Sarah para de falar. Sua boca se move por mais alguns segundos, mas
nenhum som sai, e ento ela para. Eu mantenho uma das mos contra seu
estmago e continuo com a outra atrs de seu pescoo, mesmo j sabendo.
Ela se foi.