Sob o Signo Do Consumo
Sob o Signo Do Consumo
Sob o Signo Do Consumo
Sob o signo do
consumo: status,
necessidades e
estilos
Introduo
Era uma vez um homem que vivia na
Raridade. Depois de muitas aventuras e
de longa viagem atravs da Cincia
Econmica, encontrou a Sociedade da
Abundncia. Casaram-se e tiveram
muitas necessidades.1
MUITAS VEZES, procura-se justificar as prticas
consumistas em torno da descoberta das
necessidades das pessoas e da procura de
objetos para satisfaz-las. Esta viso pressupe
que as necessidades humanas so to objetivas
que possvel identificar suas causas e suas
respectivas solues. No que isso seja
impossvel, mas este movimento no acontece
de forma to simples assim. Desconsidera-se
a toda a abstrao que envolve os sentimentos,
gostos e estmulos que embasam o sistema
das necessidades e satisfaes das pessoas.
O consumo encontra-se no campo da
complexidade humana envolve seus valores,
desejos, hbitos, gostos e necessidades. Da
importa perguntar: o que d sentido ao
consumo? Em que termos as pessoas o
definem? O que as estimula a pratic-lo
continuamente?
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Em busca da sntese...
O breve olhar sobre as teorias abordadas antes
de proporcionar o acordo de idias em torno
de uma sntese, ressaltam aspectos e
problematizaes envolvidos na questo do
consumo. a continuidade da reflexo destes
pontos que pode conduzir a um maior
esclarecimento a seu respeito, ou indicao
de brechas que precisem ser melhor exploradas para uma compreenso mais profunda
da cultura de consumo.
Featherstone diz que os indivduos constituem
seu estilo de vida baseando-se nas suas
caractersticas pessoais, nas quais agregam
o gosto pelo novo. Observa, no entanto, que a
disposio a aderir s novidades tem um
pouco de aventura, ousadia, mas tambm de
segurana. Talvez, a partir desta dicotomia
possamos entender, pelo menos, um pouco
da complexidade que decodificar o
significado e o uso de bens culturais.
preciso compreender, em primeiro lugar,
que as decises de consumo, os atos de compra
no ocorrem a partir de motivos isolados. A
sugesto de Baudrillard, do objeto-signo, e a
de Lipovetsky da satisfao das necessidades
das pessoas, no so excludentes nem mesmo
por estes autores embora cada um aposte na
preponderncia da sua hiptese. O consumo,
sendo justificado tanto pelo valor distintivo
do objeto, como pelo estilo de vida dos
indivduos ou pelas necessidades destes,
envolve inmeras dimenses sociolgicas,
psicolgicas, como tambm os fatores
racionais e financeiros.
Satisfao das necessidades, possibilidades
de escolha, gostos, so conceitos to amplos,
capazes de englobar inmeros determinantes,
inclusive a diferenciao social. O homem
busca o que para ele parece ser til, mas quem
o seduz primeiro: a utilidade em si ou a
imagem construda a partir de atributos (o
objeto-signo em ao)? Difcil discernir. Todos
os motivos que levam ao consumo, a aderir s
tendncias da moda, mexem com o prazer,
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Notas
1 BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Rio de
Janeiro, Elfos, 1995, p. 68.
2 BAUDRILLARD, Jean. Para uma crtica da economia poltica
do signo. Paris, Gallimard, 1972, p. 39-40.
3 Idem, p. 78.
4 Idem, p. 79.
5 Termo usado pelos demais autores abordados e desenvolvido por Baudrillard em Para uma crtica da economia
poltica do signo, op. cit., p. 53.
6 Baudrillard tenta desmitificar o termo sociedade de
consumo. Ver BAUDRILLARD, J., op. cit., p. 55.
7 LIPOVETSKY, Gilles. O imprio do efmero. So Paulo,
Companhia das Letras, 1989, p. 173.
8 Idem, p. 174-175.
9 A partir deste pensamento, Lipovetsky comea a desenvolver
seu raciocnio para mostrar como a moda pode colaborar no
desenvolvimento da vida humana. Ver LIPOVETSKY, G.,
op. cit., p. 175.
10 So pontos positivos como estes que Lipovetsky reconhece
como fruto dos processos de mudana constante estimulados
pela moda. Ver LIPOVETSKY, G., op. cit., p. 175.
11 Termo utilizado por LIPOVETSKY, G., op. cit., p. 175.
12 Idem, p. 176.
13 Id. Ibid.
14 Concluso a partir do pensamento que LIPOVETSKY
desenvolve em Para uma crtica da economia poltica do
signo, op. cit., p. 177.
15 Id. Ibid.
16 FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e psmodernismo. So Paulo, Studio Nobel, 1995, p. 119.
17 Termo de Pierre Bourdieu citado por FEATHERSTONE, M.,
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