As Veias Abertas Da Faculdade de Medicina USP
As Veias Abertas Da Faculdade de Medicina USP
As Veias Abertas Da Faculdade de Medicina USP
USP em xeque
Dezembro 2015
As
veias abertas da
Faculdade de Medicina
Luiza Sanso
Jornalista
Revista Adusp
Dezembro 2015
Terminou em 14 de maro de
2015 o trabalho da Comisso Parlamentar de Inqurito (CPI) que, instaurada pela Assembleia Legislativa
do Estado de So Paulo (Alesp) em
dezembro de 2014, apurou violaes de direitos humanos ocorridas
no mbito das universidades paulistas, em especial trotes violentos e
crimes sexuais. Antes de ganharem
espao na mdia, os diversos casos
de violncia praticados em ambientes universitrios eram ainda ignorados por grande parte da sociedade, que se chocou ao tomar nota
dos casos denunciados na CPI por
alunos de diferentes universidades
do Estado. No por falta, contudo,
de precedentes gravssimos.
H 16 anos, em 22 de fevereiro
de 1999, o calouro Edison Tsung
Chi Hsueh, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), foi encontrado morto na piscina da Associao Atltica Acadmica Oswaldo
Cruz (AAAOC), onde foi jogado
durante o trote embora no soubesse nadar, conforme relatou,
poca, a famlia do jovem de 22
anos. Quatro alunos veteranos
do curso de Medicina foram indiciados e denunciados pela polcia,
acusados de serem os autores do
homicdio por afogamento, na festa
de recepo em que calouros levaram sucessivos caldos. Um caso
emblemtico por suas circunstncias e por seu desfecho. O Superior
Tribunal de Justia (STJ) determinou, em 2006, o trancamento da
ao penal, por falta de provas. O
Ministrio Pblico Federal recorreu, mas a deciso do STJ foi mantida pelo Supremo Tribunal Federal
em junho de 2013. Todos os ex-rus
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Os
As calouras sofrem as
primeiras violncias na
semana de recepo, quando,
levadas por veteranos da
Atltica a fazer um crculo
ao redor do famoso busto
do Dr. Arnaldo, so
obrigadas a ouvir hinos
machistas e degradantes
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Renata Mencacci
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Em uma faculdade de
Medicina os professores
titulares so quase todos
brancos. E quase todos
so homens. Ento vou
me formando dentro de
uma cultura machista, de
elite branca, sem saber
o ponto de vista do negro,
da mulher, diz Marco
Akerman (FSP)
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Show Medicina
II
a fraternidade masculina,
homofbica e misgina e seus trotes violentos
Composto apenas por homens,
alguns dos quais membros tambm
da Atltica, o Show Medicina uma
organizao constituda em torno
de uma apresentao teatral satrica
baseada no cotidiano da faculdade.
Uma espcie de fraternidade, semelhana das existentes no exterior.
Os ensaios para o espetculo anual
ocorrem por cerca de dois meses,
sempre de madrugada, no teatro da
faculdade. O espao reservado s
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As meninas so alienadas do
processo criativo, esto ali para servir, porque a demanda vem dos meninos e elas no podem propor nada, comenta Renata Mencacci. Porm, parte das mulheres recrutadas
pela fraternidade no de alunas
da FMUSP. A prostituio feminina
tambm comparece. O Show Medicina d alguns papis claros para
as mulheres, que aparecem nele em
trs momentos: na Costura; nas so-
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ciais [reunies festivas da organizao], quando contratam prostitutas;
e na limpeza, quando pagam funcionrias terceirizadas para fazer
um trabalho esdrxulo, porque eles
deixam as coisas em um estado lamentvel, critica a estudante.
Em todos esses papis, a mulher
aparece como uma figura subserviente ao homem, o que comea
por esta delimitao de espao dentro do Show: Enquanto os homens
fazem festas e todo o trabalho criativo, as mulheres ficam reclusas numa salinha, resume Renata. Eles
podem ocupar todos os espaos, inclusive o da Costura, mas elas ficam
s no espao que delimitado para
elas, diz a militante, que tambm
deps CPI. Ela destaca que no
se trata de desvalorizar o ato de
costurar, desempenhado profissionalmente na sociedade por homens
e mulheres, mas de compreender
como o Show refora o papel destinado ao gnero feminino numa
tradio conservadora e misgina.
Renata critica a objetificao da
mulher no contexto da contratao de prostitutas pela organizao:
Eles fazem um ritual misgino e
expositivo, porque, alm de usar a
mulher como objeto sexual, usam o
sexo como forma de declarar e demarcar poder. Quem pode encostar
primeiro nas prostitutas so os sextos anos e a diretoria, e s depois
isto permitido aos outros. H,
ainda, o cargo de esfiha, exercido
por um membro do Show cuja funo frequentar prostbulos para
transar com prostitutas de luxo e
selecionar aquelas que sero levadas aos demais incumbncia para a qual conta com uma verba da
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organizao.
Para ingressar no Show, o calouro passa por uma espcie de vestibular interno, que pode ser prestado em seu primeiro ou segundo ano
de faculdade. Como a organizao
permeada por um grande segredo, no se sabia de fato o que acontecia neste vestibular, at comearem as denncias de estudantes
na CPI entre os quais Augusto,
que foi submetido ao processo. As
pessoas que vo prestar o vestibular esto preparadas para uma
prova que avalia habilidade, mas
no sabem que a nica habilidade
que vai ser testada nesse processo
a de silenciar diante de violncia
para pertencer a um grupo poderoso, relata o estudante. Ele conta
que, ao final da prova com questes
meio impossveis sobre temas diversos, veteranos sextanistas e sapos membros do Show que j se
formaram e esto sempre presentes, porque so figuras importantssimas chegam com bebidas
alcolicas e obrigam os calouros a
beber. Augusto foi forado a virar
uma garrafinha de Fanta Laranja
com alta dose de cachaa que, por
sorte, vomitou em seguida, o que
evitou que se embriagasse.
Depois, a vez da parte prtica da prova, em que os calouros
apresentam suas peas no palco do
teatro. Enquanto apresentvamos
a pea, os sapos jogavam coisas na
gente, xingavam, diziam que nosso
trabalho era horrvel. Meu amigo
estava muito bbado e o outro, que
ia apresentar a pea comigo, estava
se debatendo no cho, bbado tambm, narra o estudante. Durante a
apresentao, a plateia permanece
No chamado vestibular do
Show Medicina, os veteranos
estimulam os calouros a
trocarem tapas. Obrigam a
gente a beber mais, nos jogam
bebidas, mandam todos
ficarem nus. Todo mundo
precisa ficar nu. Quem no
ficar no passa no vestibular,
tem que ir embora
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Indagado sobre como o que acontece no vestibular do Show Medicina no vaza para o resto da faculdade, Augusto responde prontamente:
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III
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Reproduo
O parecer da comisso
sindicante sobre o caso de
Phamela concluiu que no
houve abuso, e sim uma
relao consensual. Todo o
meu depoimento foi jogado
no lixo. Ento eu sou louca?
Foi um absurdo!, indignase a estudante, que exigiu
reabertura do processo
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A tenso aumentou aps um
caso de homofobia ocorrido em
2014, em uma das festas promovidas pela Atltica, nas quais, segundo Felipe, homossexuais no
podem demonstrar afeto em pblico. Casais homossexuais eram
proibidos de entrar numa parte
da festa Carecas no Bosque, era
um apartheid. A segurana dizia:
S entram casais normais, isto :
homem e mulher, e muitos gays e
lsbicas que tentaram entrar com
seus parceiros e parceiras foram
impedidos. Ao tentar entrar na
rea hetero da festa com o parceiro, um aluno da Faculdade de
Direito da USP foi barrado pela
segurana, que permitiu sua entrada somente quando ele deu a
mo a uma amiga. Ao v-lo com o
namorado no espao, a segurana
ordenou que o casal se retirasse,
argumentando que estava apenas
seguindo ordens da diretoria da
Atltica. Mais seguranas intimidaram o casal, at que um deles
percebeu que o estudante estava
gravando a cena homofbica com
o celular e o agrediu.
Ele saiu de l e foi para a enfermaria. O mdico era ex-membro
da Atltica e se recusou a prestar
socorro, disse que ele estava exagerando, deixou-o l plantado, com a
boca machucada, sangrando. Ele
foi denunciar o que aconteceu e a
Atltica se recusou a falar com ele,
negou o fato. S que ele filmou tudo, a segurana falando, o estado
dele machucado, narra Felipe. O
fato ganhou repercusso aps ser
noticiado pela imprensa. Indignados, coletivos da USP se uniram
em um ato de repdio ao ocorri-
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IV
Associao Atltica: Pode ser que voc
tenha sofrido uma violncia, ento vamos l
tomar a terapia antirretroviral
Entre os casos de estupros de
que alunas da FMUSP foram vtimas, um dos mais emblemticos,
denunciados CPI ao final do ano
passado, foi o de Marina Souza
Pikman, 24, aluna do quinto ano.
Em depoimento durante a primeira audincia na Alesp, em novembro de 2014, Marina relatou duas
situaes em que foi vtima de violncia sexual durante seu primeiro
semestre de faculdade, em 2011, e
ressaltou a importncia da oportunidade de denunciar, aps sentirse profundamente silenciada nos
ltimos quatro anos.
A primeira violncia de que Marina foi vtima ocorreu na semana
de recepo de calouros, aps um
happy hour na Associao Atltica.
Ela ia para outra festa em seguida,
no Centro Acadmico, que um
pouco distante, e o diretor social
da Atltica na poca, pessoa responsvel por orientar e cuidar dos
calouros nas atividades da organizao, disse que a acompanharia
para ajud-la, porque ela estava
embriagada. Quando a gente estava saindo da Atltica, ele me puxou para uma salinha escura que eu
acho que um depsito de materiais, no sei exatamente o que era,
e comeou a me agarrar, comeou
a tentar me beijar, e eu tentava resistir, e nisso a gente caiu no cho,
ele veio em cima de mim, abaixou
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o ento presidente da organizao recusou-se novamente a falar,
orientando-a a procurar um atleta
do Jud, que era quem sabia o
que tinha acontecido. Aps conversar com o rapaz, ela comeou a
entender parte da histria. Atrs
da barraca do Jud havia, como
em todas as outras barracas da
festa, um cafofo, estrutura montada com colches, para onde os
meninos da barraca levam as meninas com quem esto ficando,
conforme Marina. Ele falou que
tinha me deixado na barraca dormindo, e que cerca de uma hora
e meia a duas horas depois, tinha
voltado e visto um cara em cima
de mim com a cala abaixada. Falou que tirou o cara de cima de
mim e bateu no cara. Chocada,
ela manifestou sua vontade de denunciar o fato, mas ele a desestimulou com o argumento de que
ela no teria como provar o que
houve ele, que era a testemunha principal do que tinha acontecido comigo.
S em 2014 Marina
descobriu que o autor
do estupro era um um
funcionrio, que conseguiu
entrar na barraca da
Atltica porque subornou
os seguranas. A direo da
associao sabia de tudo,
mas queria abafar o caso
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De
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ncleo. A ideia que todo o apoio
seja dado vtima no que ela precisar, seja apoio psicolgico ou jurdico, explica Elisabeth, que considera importante ter autonomia para
trabalhar. No presto contas direo da faculdade. Fao relatos de
nmeros e temas, garantindo total
sigilo a todos os denunciantes.
At julho de 2015 a Ouvidoria
havia recebido 19 denncias, sendo
a maioria de assdio moral e nenhuma de violncia sexual. Para a
ouvidora, faz-se necessrio na faculdade o debate sobre humanizao.
Essa sensibilizao no pode ser
feita de cima para baixo, tem que ser
feita horizontalmente, defende a
sociloga, para quem preciso abrir
sindicncias, principalmente em casos de violncia sexual. Como ouvidora, no posso exigir uma punio,
mas posso sugerir direo da faculdade que tome tais providncias e
mobilize pessoas, conclui.
Diante da gravidade dos casos
denunciados e da ausncia de uma
poltica institucional concreta de
amparo a vtimas de violncia sexual e de gnero na USP, um grupo
de professoras resolveu encarar o
desafio. A rede No Cala USP
foi criada a partir de uma carta de
desabafo elaborada por docentes
de diferentes unidades da universidade e enviada a colegas sensveis a
esta questo, segundo a professora
Ana Flvia DOliveira (FMUSP).
Menos de uma semana depois, ns
tivemos surpreendentes 94 pessoas,
simbolicamente dentro do prdio
da Faculdade de Medicina, onde comearam as denncias pblicas,
orgulha-se Ana Flvia, que havia
integrado a comisso presidida pelo
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As histrias da Medicina
so bem especficas. Alm
das festas, tinha a questo
dos trotes e o fato de os
estupros l serem bem
criminosos, planejados. Do
remdios para as meninas,
tem estupro coletivo. bem
assustador, diz a professora
Helosa Buarque de Almeida
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infrator disciplinar contra a universidade. O regimento da universidade de 1972, poca ainda da Ditadura Militar, com pedacinhos de
lei de 1990, e trabalha com a ideia
de infrao disciplinar, ento no
h nele crimes de violaes dos direitos humanos, diz a professora,
destacando que embora acontea
h muito tempo, a violncia sexual
de uma visibilidade bastante recente
dentro das universidades, sendo um
problema de grande dimenso e difcil abordagem. Ela destaca que
preciso combater o senso comum de
que a educao formal suficiente
para prevenir esse tipo de violncia.
Professora de estudos de gnero
na Faculdade de Filosofia, Letras
e Cincias Humanas (FFLCH), a
antroploga Helosa Buarque de
Almeida, uma das fundadoras da
rede No Cala USP, coordena,
desde maro de 2014, o programa
USP Diversidade. Fundado em 2012
para pensar a questo da homofobia, o programa foi o espao que
a professora encontrou para debater a violncia sexual e de gnero,
aps tomar nota de casos ocorridos
em festas, passando a ser procurada
tambm por alunos da FMUSP. As
histrias da Medicina so bem especficas. Alm das festas, tinha a questo dos trotes e o fato de os casos de
estupros l serem bem criminosos,
bem planejados. Do remdios para
as meninas, tem estupro coletivo.
um negcio bem assustador, diz.
O aumento do nmero de denncias deve-se, a seu ver, a uma nova
forma de enxergar a violncia. Tem
uma srie de abusos, violncia sexual, homofobia, machismo em sala
de aula, piadinha homofbica e ra-
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Atltica
e Show Medicina
rejeitam acusaes
O presidente da Associao
Atltica Acadmica Oswaldo
Cruz (AAAOC), Diego Vinicius
Santinelli Pestana, comprometeu-se, em contato telefnico
com a reportagem, a responder
s perguntas que lhe seriam encaminhadas por e-mail. Contudo, no o fez at o fechamento
desta edio. Assim, a Revista
Adusp reproduz aqui excertos de
seu depoimento CPI realizada
na Alesp. Pestana, que assumiu
a presidncia da Atltica em outubro de 2014, deps em 28 de
janeiro de 2015. Na mesma audincia, deps Raphael Kaeriyama
e Silva, que fora tesoureiro da Adriano Diogo, presidente da CPI, interpela aluno Raphael Kaeriyama, da Atltica
associao em 2011.
Sobre as festas Carecas no no voltaria a promov-las antes que nenhuma menina est em
Bosque e Fantasias no Bos- de resolver a questo da seguran- risco, nenhum rapaz est em risque, promovidas anualmente e a. Eu no vou fazer uma festa co, e que no tenha problema
nas quais ocorreu a maioria dos sem ter uma garantia de que tem nenhum. Eu no sei quanto temcasos de assdio e estupros de- profissionais de segurana, por- po isso vai demorar para a gente
nunciados por alunas da FMUSP, que at ento a gente tinha, mas ter esse know-how de saber fazer
Pestana assumiu que elas respon- pelas denncias parece que eles uma festa bem feita, bem organidem por grande parte da recei- no estavam funcionando direito. zada, com segurana (p. 700-701
ta da Atltica, mas declarou que Ento, eu quero ter certeza de do relatrio da CPI).
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Ao telefonar para o atual diretor do Show Medicina, Erikson Hoff, a Revista Adusp props
encaminhar-lhe perguntas por email e obteve como resposta que
ele as veria e as responderia, se
for do meu interesse. A reportagem encaminhou as questes,
conforme o combinado, mas no
Revista Adusp
obteve resposta de Hoff at o fechamento desta edio.
Na CPI, quem respondeu pelo Show Medicina foi o diretor
da organizao em 2014, Slvio
Tacla Alves Barbosa, que deps em 10 de fevereiro de 2015,
quando j havia deixado esse
cargo. Ele havia exercido outros
cargos no Show em anos anteriores: de tesoureiro (2012) e de
secretrio (2013).
A Revista Adusp telefonou para Tacla para obter uma entrevista sobre os fatos ocorridos ou
denunciados em 2014, mas o estudante recusou-se: Quem pode
responder melhor pelo Show
o diretor atual. A reportagem
explicou que estava aguardando
retorno de Hoff, mas que vrias
questes se referiam a denncias feitas ao perodo em que Tacla dirigia a organizao, sendo,
portanto, apropriado que se manifestasse. Ainda assim, ele no
quis conceder entrevista.
CPI, quando questionado
sobre a prestao de contas da
organizao, e indagado sobre a
contratao de prostitutas, Tacla
respondeu: O Show no contrata
prostitutas (p. 1376). O Show
no organiza evento com prostituta, at existe mesmo esse dia [em]
que os calouros vo de terno, uma
brincadeira que feita, mas o ensaio se encerra e, posteriormente,
cada um vai para onde quiser. Eu,
pessoalmente, no tenho o hbito
de frequentar eventos com prostitutas, disse ainda, em outro momento (p. 1447).
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