(PALESTRA) Neutralidade Intelectual - William Lane Craig
(PALESTRA) Neutralidade Intelectual - William Lane Craig
(PALESTRA) Neutralidade Intelectual - William Lane Craig
COM
NEUTRALIDADE INTELECTUAL
WILLIAM LANE CRAIG
Bom dia, e Feliz Ano Novo a todos. Eu quero dizer que alegria é estar aqui com vocês nesta
manhã e eu também quero agradecer especialmente a Brian Wright por me dar o grande
privilégio de compartilhar a mensagem nesta manhã. Esse é um privilégio que eu levo a sério,
então eu sou realmente grato por ele fazer isso.
Antes de começar, porém, vamos curvar-se para orar e aquietar nossos corações diante do
Senhor. E, enquanto oramos, você poderia, por favor, orar por si mesmo? Ore para que Deus
fale a você nesta manhã. Ore para que haja uma palavra diretamente para você, que você esteja
aberto para ouvir e responder.
Senhor, fala comigo. Meu coração está aberto. Eu quero receber o que você tem para mim nesta manhã.
Então, pelo seu Espírito Santo, me torna atento à tua voz. Em nome de Jesus. Amém.
Há alguns anos atrás, surgiram dois livros que mandaram ondas de choque pela comunidade
educacional americana. O primeiro deles foi intitulado "Grau de Instrução Cultural: o que todo
americano precisa saber", por E.D. Hirsch. E ele documentou o fato de que grandes números de
estudantes universitários americanos não têm os conhecimentos básicos necessários para
entender a página principal de um jornal ou para agir responsavelmente como cidadãos.
Por exemplo, um quarto dos estudantes em uma recente pesquisa, pensava que Franklin D.
Roosevelt foi Presidente durante a guerra do Vietnã. Dois terços não sabiam quando ocorreu a
Guerra Civil. Um terço pensava que Colombo havia descoberto o Novo Mundo algum tempo
depois de 1750. Em uma pesquisa recente, em Fullerton, Califórnia, mais da metade dos
estudantes não podia identificar Chaucer ou Dante. Noventa por cento não sabia quem era
Alexander Hamilton mesmo que suas imagens estejam em cada nota de dez dólares. Essas
estatísticas seriam engraçadas se não fossem tão alarmantes.
O que aconteceu em nossas escolas para que elas produzissem pessoas tão ignorantes? O
Editor Allan Bloon, que foi um eminente educador na universidade de Chicago, é o autor do
segundo livro que mencionei, "O Fechamento da Mente Americana." Bloom argumenta que, por
trás da atual enfermidade educacional neste país está a convicção universal dos estudantes de
que não há verdade absoluta e que, portanto, a verdade não é algo que vale a pena buscar.
Na visão deles, toda a verdade é relativa. "É verdade para você, talvez. Mas não é verdade
para mim." Bloom escreve: "Existe uma coisa de que um professor pode ter absoluta certeza:
quase todo estudante que entra na universidade acredita ou diz que acredita que a verdade é
relativa. Se essa crença for submetida a um teste, podemos contar com a reação dos estudantes:
eles vão ficar surpresos! Eles se admiram que alguém não considere essa idéia como auto-
evidente, como se estivéssemos questionando se 2 + 2 = 4.
Essas são idéias sobre que ninguém pensa... O perigo que eles foram ensinados a temer não é
o erro mas a intolerância. O Relativismo é necessário para que haja abertura. E essa é a virtude,
a única virtude, que toda educação primária por mais de 50 anos tem se dedicado a inculcar.
A abertura, e o Relativismo que a torna plausível, é a grande idéia de nossos tempos. O
estudo da história e da cultura ensina que o mundo inteiro estava louco no passado. Os homens
sempre acharam que estavam certos, e isso levou a guerras, perseguições, escravidão,
xenofobia, racismo e machismo. O ponto central não é corrigir os erros e realmente ser certo,
mas sim nunca pensar que você está certo.
Já que não há verdade absoluta, já que tudo é relativo, o propósito da educação não é
aprender a verdade ou dominar os fatos mas é simplesmente adquirir uma habilidade para que
você possa sair e obter riqueza, poder e fama.
A Verdade se tornou irrelevante. Agora, essa atitude relativista com a Verdade é totalmente
contrária à visão de mundo Cristã. Pois, como Cristãos, nós acreditamos que toda a Verdade é
uma Verdade de Deus. Que Deus revelou a nós a Verdade tanto nas Suas palavras e naquele
que disse "Eu Sou A Verdade." (João 14:6).
Portanto, o Cristão nunca deve olhar para a Verdade com apatia ou desdém. Pelo contrário,
nós apreciamos e valorizamos a Verdade como um reflexo do próprio Deus. Nem o
comprometimento com a Verdade torna você intolerante, como os estudantes de Bloom
pensaram. O entendimento tradicional sobre tolerância é que, enquanto eu posso discordar do
que você diz, eu defenderei até a morte seu direito de dizê-lo.
O problema é que o entendimento de tolerância na nossa sociedade politicamente correta
agora mudou. Hoje, tolerância significa que eu não ouso discordar do que você diz ou serei
marcado como "fanático" e "intolerante" por fazê-lo. Mas esse novo entendimento sobre
tolerância é logicamente incoerente quando você pensa nele. Pense sobre isso: Se você tolera
uma visão, então o próprio conceito de tolerância pressupõe que você pensa que a visão
tolerada não é verdadeira. Senão, você não a toleraria, você concordaria com ela! Você só pode
tolerar uma visão que você considera como falsa.
Então, o próprio conceito de tolerância requer um comprometimento com a verdade. O
Cristão está comprometido tanto com a Verdade quanto com a tolerância. Pois nós acreditamos
naquele que disse não só "Eu Sou a Verdade." mas também "Amai os vossos inimigos." A base
correta para a tolerância não é o Relativismo mas o Amor.
Agora, quando esses livros foram publicados, eu estava ensinando no departamento de
Estudos Religiosos de uma universidade cristã de artes liberais. E eu comecei a imaginar o
quanto os cristãos têm sido infectados pela atitude relativista que Bloom descreveu. Como meus
próprios estudantes se sairiam em um dos testes de E.D. Hirsch? "Bem, como eles se sairiam?",
pensei. "Porque não dar-lhes um questionário?" E assim eu fiz. Eu escrevi um questionário de
conhecimentos gerais sobre pessoas famosas, lugares e acontecimentos, e o administrei a duas
turmas de cerca de 50 alunos do 2° ano. E o que eu descobri foi que, embora eles estivessem
melhor que a população estudantil em geral, mesmo assim, haviagrandes proporções do grupo
que não podia identificar, mesmo com uma frase, algumas pessoas e acontecimentos bem
famosos.
Por exemplo, 49% não pôde identificar Leo Tolstoi, o autor de talvez o maior romance do
mundo, "Guerra e Paz". Para minha surpresa, 16% não sabia quem foi Winston Churchill. Um
estudante o identificou como um dos Pais Fundadores da America! Outro o identificou como
um grande pregador avivalista de alguns séculos atrás! Vinte e dois por cento não pôde
identificar o Afeganistão. Vinte por cento não sabia onde fica o Rio Amazonas. Um
impressionante 67% não pôde identificar a Batalha de Bulge da Segunda Guerra Mundial.
Muitos deles identificaram-na como um problema de dieta (Bulge = barriga). Então, ficou claro
para mim que os estudantes cristãos não conseguiram se elevar sobre a trevosa ressaca no nosso
sistema educacional nos níveis primários e secundários.
Mas, então, um ainda mais terrível medo começou a vir sobre mim enquanto eu contemplava
as estatísticas. Se os estudantes cristãos são ignorantes assim sobre os fatos gerais da história e
geografia, então, é possível que eles, e os cristãos em geral, são igualmente ou até mais
ignorantes sobre os fatos acerca nossa própria herança e doutrina Cristãs. Nossa cultura em
geral tem afundado a um nível de analfabetismo bíblico e teológico.
Uma grande parte, se não a maioria, das pessoas não pode nem nomear os quatro
evangelhos. Em uma pesquisa recente, uma pessoa os identificou como Mateus, Marcos e
Lutero! Em outra pesquisa, várias pessoas identificaram Joan d'Arc como a esposa de Noé! E eu
suspeito que as igrejas evangélicas provavelmente estejam em algum lugar logo acima nessa
mesma espiral descendente.
Charles Malik, que foi o embaixador libanês nos Estados Unidos, em sua declaração no Billy
Graham Center em Wheaton, Illinois, enfatizou que, como cristãos, temos duas tarefas em nosso
evangelismo. Ganhar a alma e ganhar a mente, ou seja, não apenas converter as pessoas
espiritualmente, mas convertê-las também intelectualmente. E a igreja, ele avisou, está
perigosamente atrasada com respeito a essa segunda tarefa.
Marquem bem suas palavras: "Eu preciso ser fraco com você, o maior perigo confrontando o
cristianismo evangélico americano é o perigo do anti-intelectualismo. A mente, em seus maiores
e mais profundos limites, não tem recebido suficiente atenção. O resultado é que a arena do
pensamento criativo está vacante e abdicada para o inimigo. Pelo bem de uma maior
efetividade ao testemunhar pelo próprio Jesus Cristo, assim como pelo bem deles mesmos, os
evangélicos não podem se dar o luxo de continuar vivendo na periferia de uma existência
intelectualmente responsável."
Nossas igrejas estão cheias de cristãos cujas mentes estão inativas em uma Neutralidade
Intelectual. Eles podem espiritualmente nascidos de novo, mas eles ainda pensam como não-
cristãos. Como cristãos, são mentes estão sendo desperdiçadas. Agora, às vezes as pessoas dirão
que elas apenas preferem ter uma fé simples. Mas, aqui, eu penso que precisamos distinguir
entre uma fé como a de uma criança e uma fé infantil. Uma fé como a de uma criança é uma
confiança de toda alma em Deus como um Pai Celestial amoroso, e Jesus ordena que haja em
nós essa fé como a de uma criança. Mas uma fé infantil é uma fé imatura e irrefletida. E tal fé
não nos é recomendada. Pelo contrário, Paulo diz, "Não sejam crianças no seu entendimento.
“No mal, sejam como crianças; mas no entendimento sejam maduros.” (1 Cor. 14:20). Se uma "fé
simples" significa uma fé irrefletida e ignorante, então não devemos querer nada dela, irmãos e
irmãs.
A fé cristã não é uma fé apática, uma fé obtusa, mas sim uma viva, ativa e inquiridora fé.
Como Santo Anselmo coloca, "a nossa fé é uma fé que busca o entendimento". Então, hoje, ao
começarmos um Ano Novo, eu quero fazer um desafio a todos nós: que nos tornemos
intelectualmente engajados como cristãos. Agora, o que eu quero dizer com isso? Eu quero
dizer: aprender em quê nós acreditamos como cristãos e ser capaz de explicar às pessoas porque
acreditamos nisso. Aprender em quê acreditamos como cristãos e ser capaz de explicar às
pessoas porque acreditamos nisso.
Isso é uma importante decisão. É um passo que milhões de cristãos americanos precisam dar.
Porque você deveria dar esse passo? Bem, deixe-me dar três razões.