Artigo Sobre Morador de Rua
Artigo Sobre Morador de Rua
Artigo Sobre Morador de Rua
ISSN: 1578-8946
Historia editorial
Resumo
Recibido: 10-10-2014
Nesse artigo problematizamos os discursos que operam na objetivao e subjetivao de moradores de rua como criminosos, a partir da anlise de textos de jornais
e outros documentos pblicos produzidos por ocasio dos 108 assassinatos de moradores de rua de uma capital do nordeste brasileiro entre 2010 e fevereiro de
2014. Abordamos a noo de identidade biogrfica, relacionada produo de uma
subjetividade criminosa dos moradores de rua, com base nas teorizaes de Michel
Foucault. Em seguida, tomamos as contribuies de Giorgio Agamben sobre a vida
nua, demarcando a relao de abandono da vida nua com a poltica nas sociedades
modernas. Por fim, abordamos os efeitos de verdade que estes discursos produzem
nas prticas sociais cotidianas.
Palavras-chave
Moradores de rua
Criminosos
Biografia
Homicdio
Abstract
Keywords
Homeless
Criminals
Biography
Homicide
In this article we problematize the discourses that act on the objectivation and
subjectivation of homeless people as criminals, through the analysis of texts from
newspapers and other public documents produced on the occasion of the 108 murders of homeless people in a capital city from Brazilian northeast, between 2010
and February 2014. Based on Michel Foucaults theory, we discuss the notion of
biographical identity related to the production of a criminal subjectivity of the
homeless. Then we take the contributions of Giorgio Agamben on bare life, demarking the relation of abandonment of the bare life with politics in modern societies. Finally, we discuss the effects of truth that these discourses produce in ev eryday social practices.
Silva, Wanderson Nunes e Hning, Simone Maria (2015). De morador de rua a criminoso. Athenea Digital, 15(2),
141-165. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenea.1479
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mos destacar o aspecto descritivo que compe e marca as narrativas jornalsticas sobre
tais homicdios, ocorrendo a repetio contnua de determinados discursos e enunciados.
Ao contrrio dos textos jornalsticos do sculo XIX e XX analisados por autores
como Sidney Chalhoub (1996) e Llia Lobo (2008), que traziam de modo patente as concepes racistas e higienistas presentes nos discursos de sade e de segurana pblica
da poca, o que apresentado sobre os assassinatos de moradores de rua em Macei
so textos que se comprometem com uma narrativa descritiva dos fatos: matrias que
se empenham com uma descrio supostamente isenta das coisas e dos acontecimentos. Que beiram uma neutralidade narrativa e uma suposta denncia social, anunciada
a priori.
So textos discretos que tentam narrar os fatos e informar ao leitor as poucas informaes que conseguem sobre os moradores de rua assassinados. Ao longo destes
quatro anos, nestes textos jornalsticos, houve uma opo por uma narrativa que se
volta para a importncia da evidncia dos fatos e dos discursos, tratados como generalizadores de verdades sobre estes sujeitos. Nessa relao, fatos e discursos so naturalizados em funo da busca de uma verdade original sobre tais acontecimentos, trata-se
de uma relao causa-efeito, problema-soluo. Por isto, a opo por determinados trechos de matrias de jornais dizem respeito a momentos narrativos em que algo evidenciado, colocando outras possibilidades de narrativas em descrdito atravs da explicitao de relaes de poder entre os diversos atores que compem tais narrativas
jornalsticas.
Os textos de jornais sobre esta temtica foram importantes para contar a histria
destes assassinatos, bem como para as investigaes criminais: fundamentaram os dados de relatrios de mecanismos de Direitos Humanos, inclusive o relatrio do Ministrio Pblico Estadual que confrontou e alterou os resultados referentes quantidade
de assassinatos das pessoas em situao de rua registrada pela Polcia Civil (uma quantidade menor que o que vinha sendo divulgado pela imprensa) quando relacionadas
aos mesmos registros divulgados pelas mdias, prevalecendo o nmero de assassinatos
publicado por estas ltimas, uma vez que as matrias produziam evidncia ao que relatavam (Portaria PGJ N 057, 2012). Os noticirios da imprensa foram importantes para
contar e narrar os assassinatos de moradores de rua daquela cidade. Isto ressalta, entre
outras coisas, a fora de verdade que tais textos possuem para a configurao deste
acontecimento, servindo para relativizar e confrontar as informaes oficiais da Direo Geral da Polcia Civil.
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Conforme Rosa Fischer (2007, maio/agosto) e Patrcia Melo (2010), a mdia atribui
sentidos e cria realidades a partir das quais passamos a narrar nossa prpria vida e os
acontecimentos sociais. Segundo estas autoras, ao priorizar e tornar pblicos certos fatos, h uma deciso sobre o que devemos ver, sentir e pensar. Deste modo, podemos
dizer que as mdias so importantes dispositivos de subjetivao, pois produzem e reproduzem modos de ser, de viver e sentir. No caso dos moradores de rua em questo, a
imprensa tambm contribuiu para produzir uma narrativa e uma visibilidade para estes sujeitos.
Ao considerarmos o contexto em que tais crimes ocorreram o estado de Alagoas , nos remetemos ao trabalho de Fernando Lira (1997), Crime, privilgio e pobreza:
Alagoas no limiar do terceiro milnio, que faz uma crtica socioeconmica das condies polticas e sociais de Alagoas. O autor afirma que, embora o estado tenha um potencial agrcola, turstico, de recursos humanos e naturais importante, encontra-se entre os piores indicadores sociais do pas, constituindo um quadro social sombrio de extrema desigualdade social.
Fernando Lira (2007) considera que estas condies so formuladas a partir de
uma lgica de concentrao de riqueza nas mos de uma minoria detentora de terras.
Neste sentido, afirma que o poder poltico no estado est relacionado monocultura
da cana-de-acar e a um modelo econmico agropecurio que garante a certos sujeitos, atravs de uma concentrao de renda elevada, o privilgio de impor o modo de
produo (agropecuria) e de vida sociedade de todo o estado, inclusive indicando os
candidatos a serem votados durante o perodo eleitoral (Lira, 1997, p. 24). Portanto,
para o autor, haveria uma imposio de padres sociais que legitimam os ideais e interesses desta minoria em oposio aos dos demais, afirmando uma poltica que acirra as
desigualdades sociais ao submeter a condies sub-humanas de existncia a maioria
dos alagoanos.
Para compormos o cenrio dos discursos e o domnio de problematizaes que
construmos, primeiro apresentaremos atravs de um trecho de matria de jornal o
campo problemtico com o qual as analticas deste artigo so propostas. O trecho que
segue compe uma matria de um website brasileiro que fora publicada em 19 de novembro de 2010, perodo em que as denncias dos assassinatos de moradores de rua
dessa capital comeam a ser efetivadas e divulgadas, alm de serem empreendidas investigaes criminais a cargo da polcia. O trecho de matria jornalstica abaixo veicula uma declarao de um dos gestores da Segurana Pblica Estadual, posicionando-se
frente hiptese de existncia de um grupo de extermnio de moradores de rua no estado.
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Se fala muito em grupo de extermnio, que quer dizer existncia de uma fora paralela ao Estado com objetivos claros. O que vemos nesses casos so
pessoas que vivem na rua, que se envolvem com pequenos furtos, com drogas, no pagam (aos traficantes). De certa forma, so criminosos que esto se
matando, afirmou.
Segundo ele, o termo grupos de extermnios tem repercutido de forma negativa a imagem de Alagoas nacional e internacionalmente. No encontramos uma fora paralela ao Estado atuando aqui. Estamos investigando, a Fora Nacional da Polcia Judiciria tambm est atuando, e eles devem apresentar um resultado logo dessas investigaes. Mas tudo converge para a questo das drogas, disse. (UOL Notcias, 2010a, 2-3).
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Tal configurao dos fatos e as formas de objetivao de moradores de rua, veiculadas naquela matria de jornal como explicaes para o extermnio de vidas, nos remetem discusso de Michel Foucault (1975/2010) sobre as formas de produo da histria de sujeitos que, tal como estes moradores de rua, constituiria uma virtualidade
que ameaa. O filsofo afirma que a delinquncia construda a partir do aparelho penitencirio e, neste sentido, o delinquente se diferencia do infrator na medida em que
j no o seu ato que passa a caracteriz-lo, mas sua prpria vida. Com a incluso da
biografia na construo da penalidade, o criminoso ganha uma existncia anterior ao
crime (Foucault, 1975/2010). Torna-se possvel pensar na construo de um indivduo
perigoso, a partir de sua distribuio em classes quase naturais, construindo causalidades, ao considerar uma biografia.
A segunda lgica, intrnseca primeira, a da biopoltica, para a qual um acontecimento interessa no momento em que atinge a populao, pondo em risco a vida biolgica ao ameaar sua suposta segurana. Numa perspectiva biopoltica interessam
pouco os detalhes e as mincias dos aspectos morais e histricos da vida de cada sujeito, mas importa devolver ao ordenamento biopoltico uma segurana em relao aos
riscos a que a vida fora submetida (Foucault, 1978/2008). Conforme o trecho de matria jornalstica do site Terra Notcias sobre aqueles assassinatos:
Para garantir a segurana dos moradores de rua preciso implementar um
conjunto de aes sociais. O monitoramento ostensivo nas ruas importante, assim como usar a inteligncia policial. Nas ltimas duas dcadas, no foram implementadas polticas para esses moradores de rua. Eles foram esquecidos e eram considerados invisveis. (Terra Notcias, 2010, 4).
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No perodo em que esta postagem fora publicada, entidades religiosas e de Direitos Humanos efetivavam duras crticas forma como as investigaes policiais foram
encaminhadas, indicando morosidade e descaso com os assassinatos de moradores de
rua ento em curso.
Para [o presidente da Comisso de Direitos Humanos da Organizao dos
Advogados do Brasil (OAB) de Alagoas] em entrevista Rede Brasil Atual,
tambm houve demora da polcia em elucidar os crimes, logo que comearam
os homicdios. H dez meses que esses crimes esto ocorrendo. A polcia judiciria no agiu em momento hbil. Se o crime foi em fevereiro porque no
agiu no prazo da lei? Esperou-se at novembro para elucidar o crime, indaga
o representante da OAB. Talvez porque (fossem) moradores de rua, suscita.
[Tal presidente] analisa que a ausncia de polticas pblicas na rea social
nas ltimas dcadas, na capital de Alagoas, explodiu de forma trgica com a
morte de dezenas de moradores de rua. (Rede Brasil Atual, 2010, 2-3).
O governador do estado havia colocado um prazo para elucidao dos casos, diante de crticas e boatos sobre a possvel entrada da polcia federal e mesmo da Fora Na cional nas investigaes. Os assassinatos de moradores de rua tinham alcanado repercusso nacional e internacional. Criou-se um cenrio de violao de direitos e de busca
por seus responsveis. A hiptese de extermnio se tornou insuportvel, pois dentre
outras questes apontava uma inoperatividade da polcia em assegurar sociedade a
sua funo mais cara, a defesa do direito vida: A polcia por si s no vai conseguir
vencer essa onda assassina que vem com o crack (UOL Notcias, 2010a, 7), aponta o
secretrio de Defesa Social do Estado, afirmando que tais acontecimentos esto ligados
s drogas, por isso seriam necessrias aes integradas de combate s drogas, principalmente nas fronteiras do estado. As drogas foram indicadas como a causa principal
da violncia e dos altos ndices de homicdios na cidade, inclusive nos assassinatos de
moradores de rua. O que provocou em 2012 uma megaoperao policial de combate s
drogas, tendo como alvo, principalmente, os bairros perifricos. Ainda sobre a existn-
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Ao mesmo tempo em que se nomeiam os moradores de rua como criminosos, associando seus assassinatos ao envolvimento com drogas, no trecho acima emerge um
discurso que recoloca a questo cobrando das autoridades policiais investigaes independentes dos estigmas sociais daqueles moradores de rua. No entanto, como possvel que apesar de questionamentos sobre a associao naturalizada destes sujeitos
criminalidade, esta ltima ganhe fora nas declaraes oficiais sobre tais assassinatos?
O que assegura os efeitos de verdade de tais discursos? Os enunciados sobre o carter
criminoso destes moradores de rua indicam uma naturalizao e um destino fatal para
aqueles que saem da norma, que se arriscam a uma vida diferente daquela que histori camente construmos como sendo legtima. Mas afinal, como vamos construindo destinos e fins para aqueles que em certa medida aventuram-se pelas ruas da cidade?
Pensamos que o que h no destino o que nele mesmo se apresenta: um emara nhado de discursos que apoiam uns aos outros, consolidando uma rede de prticas que
norteiam a vida e a morte, justificando e corroborando medidas e encaminhamentos
para lidarmos com a vida de alguns. Trata-se mesmo de um modo de governo da vida.
O discurso do secretrio de Defesa Social apoia-se num regime de verdade que escolhemos nas sociedades ocidentais para falar e agir sobre as pessoas e o mundo. Durante dcadas, a psicologia, bem como outras disciplinas cientficas, vem ocupando esse
lugar de governo e destinao da vida do outro, determinando lugares, espaos, construindo pareceres tcnicos e laudos psicolgicos (Rebeque, Jagel & Bicalho, 2008; Scisleski, 2010), discursos que tm o poder de marcar, estigmatizar e matar o outro (Rebeque et al., 2008, p. 421).
Entendemos que a fora do discurso criminalizador sobre os moradores de rua, relaciona-se, entre outras coisas, ao peso de verdade que os discursos-prticas psi possu em, a partir do que se legitima uma interioridade subjetiva, acionando prticas de desvendamento de uma verdade ainda no confessada na histria de vida dos sujeitos, que
emergiria para explicar o que se tornaram. Compreendemos que a histria no explica
o que nos tornamos, mas nos produz como sujeitos e objetos de sua ao na medida
em que nos colocamos a cont-la. Portanto, os efeitos de verdade produzidos no ato de
contar a histria de um sujeito, ou de uma sociedade, efetiva a produo constante do
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que somos, ao mesmo tempo em que reinventa esta histria no tempo e no espao, alterando a forma como nos vemos, sentimos e pensamos, ao criar uma nova relao
com o que nos tornamos. Se h uma subjetividade criminosa inerente s vidas destes
sujeitos, esta fora tecida nas bordas das relaes de poder-saber, em prticas-discursos
autorizados a pronunciarem-se sobre a verdade de suas vidas.
Mas o que faz tais vidas infames virem tona, o que as pe na visibilidade de dis cursos e prticas? Michel Foucault (1977/2006) responde: o que as arranca da noite em
que elas teriam podido, e talvez sempre devido, permanecer o encontro com o poder:
sem esse choque, nenhuma palavra, sem dvida, estaria mais ali para lembrar seu fugidio trajeto (p. 207). o encontro com o poder atravs dos registros em relatrios,
inquritos, notcias, matrias de jornais, exames, laudos e uma srie de registros que
torna possvel uma visibilidade trmula destas vidas. Segundo o autor, tais registros se
tornam os nicos pelos quais podemos saber das vidas destes sujeitos.
A partir da, o poder ocupa-se do cotidiano, do dia-a-dia da vida em suas mincias. Tudo deve ser confessado, nada deve escapar a este poder, ainda que seja para se
queixar, para denunciar um mal inerente vida, tal poder deve criar registros, notificar. Tais informaes iro constituir dados sobre sujeitos que, tratados estatisticamente, dizem respeito a um corpo social. O poder disciplinar no s constitui indivduos,
como tambm cria e elabora um corpo social, individualizando-o (Vilela, 2011). a
que se encontra um ponto de interseco entre este poder e a biopoltica: enquanto o
poder disciplinar fabrica este corpo social a partir de registros e do esquadrinhamento
da vida, a biopoltica ocupa-se em administr-lo na forma de populao.
A mincia inerente a este poder vai constituir uma massa documental, como a
memria incessantemente crescente de todos os males do mundo (Foucault,
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1977/2006, p. 213). Para a constituio desta memria, segundo o autor, somos chamados incessantemente a exercer uma soberania sobre a vida dos outros: cada um, se ele
sabe jogar o jogo, pode tornar-se para o outro um monarca terrvel e sem lei (Foucault, 1977/2006, p. 215), para o seu bem, pode-se formular denncias sobre os vizinhos, parentes prximos, numa eterna vigilncia da vida do outro na procura de pecados, erros ou atitudes desviantes da conduta considerada normal. Em entrevistas realizadas pelo Jornal Folha de S. Paulo com moradores de rua em Macei ainda no ano de
2010, estes sujeitos se referiam aos outros, assassinados nas ruas, denunciando hbitos
ilegais que justificariam suas mortes:
Nunca fui ameaado, mas tem gente que faz coisas por a, e por causa deles
os outros acabam pagando. (Folha de S. Paulo, 2010a, 7).
As pessoas me conhecem. Eu ganho o po, fao uns bicos e vou levando a
vida.Eu penso que, se o cabra andar na linha, no tem perigo viver na rua.
(Folha de S. Paulo, 2010b, 7).
Atravs destas denncias, dos detalhes cotidianos da vida, se constituem os dispositivos de governo destes sujeitos, que no encontro com o poder so chamados e inquiridos a falar a verdade, a desvelar os segredos de suas vidas e da vida dos outros. Tais
verdades so forjadas em relaes de poder que guardam em si uma vontade de verda de (Scisleski & Guareschi, 2011). Assim, os assassinatos so dispostos pelos discursos
competentes produzindo uma verdade unvoca, construindo uma histria verdadeira
sobre o que lhes aconteceu. O que se toma como fonte de verdade a prpria vida des tes sujeitos. Ao nome-los como criminosos, no se questiona outra coisa seno a vida
que levam: a biografia destes sujeitos aparece como explicao para os assassinatos e
para a condio marginal em que vivem. A identidade calcada na biografia os identificaria como criminosos, criando condies para marc-los como perigo social.
Em Vigiar e Punir, Michel Foucault (1975/2010) refere-se entrada da biografia
dos sujeitos examinados pelo aparelho jurdico como medida importante para uma
gesto econmica das penas, visando sua correta aplicao com objetivos de viabilizar
a correo moral dos sujeitos.
Por trs do infrator, a quem o inqurito dos fatos pode atribuir a responsabilidade de um delito, revela-se o carter delinquente cuja lenta formao
transparece na investigao biogrfica. A introduo do biogrfico importante na histria da penalidade. Porque ele faz existir o criminoso antes do
crime e, num raciocnio-limite, fora deste. E porque a partir da uma causalidade psicolgica vai, acompanhando a determinao jurdica da responsabilidade, confundir-lhe os efeitos. (Foucault, 1975/2010, pp. 238-239).
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O elemento biogrfico cria uma identidade que destina sujeitos a caminhos que
estariam inscritos em suas vidas pregressas. Nesta perspectiva, para conhecer a periculosidade de um criminoso ser necessrio investigar a sua vida, buscar elementos da
infncia, da estrutura familiar, interrogar a vida deste sujeito, pois seria sua vida que
lhes traria as respostas. Assim, o que esperar de sujeitos que vivem nas ruas, que usam
drogas e so pssimos pagadores dos traficantes? Neste sentido, h alternativas a no
ser cham-los de criminosos? Nestes discursos h uma busca de explicaes correlacionando uma srie de predisposies que comporiam o que esses sujeitos so em sua
interioridade a partir da produo de seus assassinatos. No importa o ato criminoso
em si, o que interessa a causalidade psicolgica inerente a sua biografia: o criminoso
torna-se uma virtualidade inerente a uma biografia.
Nestes termos os assassinatos de moradores de rua so minimizados e moralizados de forma importante, a partir de uma desqualificao das vidas dos moradores de
rua assassinados. Essa moralizao acaba por legitimar tais assassinatos ao indicar
causalidades, construir associaes e afastar possveis qualidades das vidas assassinadas, visando transform-los em eventos naturais vida pelas ruas das grandes cidades
brasileiras.
Cabe-nos aqui ressaltar a forma como a figura do criminoso e as polticas de extermnio no Brasil estiveram historicamente associadas aos pretos, pobres e perifricos, conforme afirma Adalton Marques (2012), para quem nossa poltica de segurana
reserva duas medidas: alternar os dias da vida entre a priso e as ruas (se no for tido
como um grande bandido) ou ser eliminado pela polcia, por grupos de extermnio ou
por outros bandidos (para. 11). Embora Adalton Marques (2012) refira-se realidade
de So Paulo, essa no se distancia do que ocorre em Alagoas onde os assassinatos em
anlise neste artigo se efetivaram. No estado de Alagoas h assassinatos de jovens negros em larga escala (Waiselfisz, 2011) e os assassinatos de moradores de rua corroboram e atualizam uma histria de massacres destas populaes no pas, que se confunde
com os processos de colonizao e demonizao de hbitos, costumes e formas de viver de negros e de pobres.
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nas 6,2% na populao em geral). Assim, a proporo de negros (pardos somados a pretos) substancialmente maior na populao em situao de rua.
(Brasil, 2008, pp. 6-7).
Deste modo, afirmamos a importncia de trazer para a discusso aspectos histricos da constituio de discursos e prticas que vem se demorando ao longo dos anos
atravs das formas como lidamos com determinadas vidas e grupos populacionais, a
saber, negros e pobres. Ao situarmos a constituio da populao de rua como sendo
em sua maioria de homens e mulheres negras, estamos assinalando e problematizando
uma determinada forma de pensar a vida, a cidade e as prticas sociais na contemporaneidade.
A partir do sculo XIX, o Brasil fortemente influenciado por teorias cientficas
europeias. Este perodo foi importante para a construo dos primeiros projetos de nao para o pas, e podemos destacar a fundao do Instituto Histrico Geogrfico Brasileiro em 1838, expressando a preocupao sobre dados estatsticos e o futuro do povo
brasileiro. Esta preocupao acontecia, principalmente, devido quantidade de negros
e de ndios que se multiplicava nas cidades, alm de mestios que tambm se espalhavam pelo pas (Roedel, Vieira, Agostinho & Aquino, 2010). A principal preocupao de
intelectuais da poca era: que nao seria o Brasil com a multiplicao do nmero de
mestios, de negros e de ndios na populao brasileira?
Na literatura, a resposta formulada pelo romantismo para o destino e as origens
do Brasil estava nos indgenas, que se constituram como importantes para a identidade nacional: eram os bons selvagens, diferentemente dos negros que eram considerados perigosos do ponto vista social, moral e no que diz respeito sade, devido seus
hbitos e costumes considerados por alguns de vadiagem (Chaulhoub, 1996; Lobo,
2008). Para Lilia Lobo (2008), o sculo XIX foi bastante cruel com os negros. Estes su jeitos, beira de ganharem liberdade com a abolio da escravatura, foram alvos da ci ncia positiva, que legitimava e produzia sua inferioridade em relao a brancos e ndios. Tal inferioridade, segundo a autora, se daria em diversos aspectos alavancados pelo
que chama de biologizao da vida: [o negro] figurava sempre no ltimo lugar da in ferioridade humana, do ponto de vista intelectual (menos evoludo, retardado), moral
(pervertido, degenerado) e fsico (mais sujeito a doena) (Lobo, 2008, p. 197). Segundo
a autora, nesta perspectiva, baseada numa proposta de darwinismo social postulada,
principalmente, pelo pesquisador brasileiro Raimundo Nina Rodriguez no sculo XIX,
os negros representariam ameaa para a humanidade, uma vez forjados como fonte de
boa parte dos males sociais, morais e fsicos. Por isto sua reproduo e sobrevivncia
no pas constitua absurdamente uma preocupao poltica quanto ao futuro da nao.
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Estes sujeitos da rua, difceis de serem fiscalizados e governados, assim permaneceram no pas, sem sequer serem contados nos censos populacionais. Suas vidas nmades se constituem ento como uma dificuldade importante para o governo de suas condutas, ao considerarmos os moldes modernos ao qual a maioria de ns foi capturada.
J Cesare Lombroso (1876/2001) foi importante para os estudos da frenologia, propondo a medio do grau de periculosidade dos sujeitos pelo formato do crnio e de partes
do corpo, generalizando seus dados conforme os crnios mensurados. Tais estudos, somando-se s teorias de Benedict-Augustin Morel (1857), constituram um novo problema para as cincias criminolgicas: a necessidade de melhorar o conhecimento sobre
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que incidem sobre tais corpos so marcas de um presente histrico, de um passado que
no passou e que no deixa de assinalar sua presena entre ns.
No curso Em defesa da sociedade, Michel Foucault (1976/1999) introduz a ideia de
biopoltica para pensar as relaes entre o poder, a poltica e a vida na contemporanei dade. Trata-se de fazer da vida biolgica da populao algo fundamental e criar uma
srie de tticas que visam maximizar a vida e coloc-la numa relao de utilidade produtiva, fazendo viver e deixando morrer. Nessa dinmica, o autor introduz a concepo
de racismo de estado, a partir da qual se opera no domnio da vida um corte fundamental entre aqueles que devem viver e os que devem morrer.
A partir do sculo XIX na Frana, cidades superpopulosas tornam-se um problema poltico de gesto da sade pblica e inmeros problemas de sade produzem uma
medicina social encarregada de manter a sade das populaes, surgindo prticas higienistas e uma preocupao com a configurao de uma nao forte e biologicamente
saudvel que possa produzir riqueza para seu pas. Trava-se uma guerra no interior da
prpria cidade. J no se trata de um inimigo invasor que viria de fora para saquear ou
tomar o reino. Surge a noo de espcie humana e, a partir dela, um discurso sobre raas. Para Michel Foucault (1976/1999), isso vai permitir ao poder tratar uma populao como uma mistura de raas ou, mais exatamente, tratar a espcie de que ele se in cumbiu em subgrupos que sero, precisamente, raas (p. 305). Isto se configura, para o
filsofo, como sendo a primeira funo do racismo: fragmentar, operar cesuras no interior da populao.
A segunda funo do racismo faz funcionar uma lgica de cunho biolgico, a partir da qual se voc quer viver, preciso que voc faa morrer, preciso que voc pos sa matar (Foucault, 1976/1999, p. 305). Esta funo de tipo biolgico porque quanto
mais as espcies inferiores tenderem a desaparecer, quanto mais os indivduos anormais forem eliminados, menos degenerados haver em relao espcie viverei,
mais forte serei, mais vigoroso serei, mais poderei proliferar (Foucault, 1976/1999, p.
305). No racismo de estado, esta racionalidade sinaliza que a morte do outro, da raa
ruim, o que deixar a vida mais segura, sadia e pura. somente sob esta premissa do
racismo que permitido matar sem cometer crime nas sociedades modernas. E na
forma de biopoder que este racismo pode ser efetivado, em defesa da vida biolgica
dos cidados. Este filsofo nos assinala a pluralidade de maneiras como compreende a
ideia de tirar a vida de algum, que vai desde a exposio morte, favorecendo condies de risco de morte a alguns sujeitos, at mesmo ao que chama de morte poltica, a
expulso, etc.
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preendido como algo que expe sujeitos a riscos sociais, imprimindo-lhes uma vulnerabilidade as suas condies de permanecerem vivos ou mesmo de sobreviverem com
o que chamam de dignidade. No segundo trecho, a palavra abandono vem acompa nhando aqueles que o teriam efetuado: as famlias, a sociedade e o Poder Pblico. Con forme os trechos acima, o resultado deste abandono diz respeito a condies de sobrevivncia de sujeitos que carecem de piedade alheia para permanecerem vivos. Ambos
os abandonos mencionados anteriormente deixam entrever aspectos concretos das
condies sub-humanas de sobrevivncia para quem mora nas ruas, tendo suas mortes
associadas ao envolvimento com drogas, pela ausncia de polticas pblicas e, principalmente, atravs do extermnio contnuo ao qual as vidas deles so expostas, sem
aparentemente configurar um crime nos discursos oficiais.
Deste modo, Giorgio Agamben (1995/2010) contribui para uma analtica destas
questes. Em seu livro Homo sacer - o poder soberano e a vida nua, o autor prope pensar a poltica em uma relao de abandono com a vida nua. Para isto, retoma a figura
do homo sacer do direito romano como paradigmtica da poltica moderna. O homo sacer seria uma nomenclatura usada pelo direito romano, atribuda a um sujeito que, tendo cometido um delito, tinha sua vida exposta ao assassnio sem que isto fosse tomado
como crime ou sacrilgio.
No momento em que esta vida era sacralizada, operava-se um contraditrio importante, a partir do qual era autorizada a morte dele sem qualquer sano jurdica ou
divina aos sujeitos que cometessem o assassinato. Nestes termos, para Giorgio Agamben (1995/2010) a vida do homo sacer se constitui no cruzamento entre uma matabilidade e uma insacrificabilidade, fora tanto do direito humano quanto daquele divino
(p. 76).
Aquilo que define a condio do homo sacer, ento, no tanto a pretensa
ambivalncia originria da sacralidade que lhe inerente, quanto, sobretudo,
o carter particular da dupla excluso em que se encontra preso e da violncia qual se encontra exposto. Esta violncia a morte insancionvel que
qualquer um pode cometer em relao a ele no classificvel nem como
sacrifcio e nem como homicdio, nem como execuo de uma condenao e
nem como sacrilgio. Subtraindo-se s formas sancionadas dos direitos humanos e divino, ela abre uma esfera do agir humano que no a do sacrum
facere e nem a ao profana. (Agamben, 1995/2010, p. 84).
Para Giorgio Agamben (1995/2010), portanto, o homo sacer seria a figura originria da vida presa no bando soberano (p. 84), compondo a excluso originria que
constitui a dimenso das prticas polticas da atualidade. Sobre o que chama de excluso inclusiva da vida nua do homo sacer na poltica, Giorgio Agamben (1995/2010) de-
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fender que o soberano e o homo sacer delimitam o espao poltico originrio. Ambos
so elementos que estabelecem entre si uma relao de abandono. Para ele, no a simples vida normal, mas a vida exposta morte (a vida nua ou a vida sacra) o elemento
poltico originrio (Agamben, 1995/2010, p. 89). Num dentro e fora produzido a partir
do encontro com o poder, tais vidas so desnudadas merc de um poder de morte e
em bando so expostas ao completo abandono diante deste poder. Por isto, este autor
afirmar que o poder s poder aplicar-se ao bando soberano, desaplicando-se, numa
relao de exceo.
Giorgio Agamben (1995/2010, p. 109) afirma que o que foi posto em bando remetido prpria separao e, juntamente, entregue merc de quem o abandona, ao
mesmo tempo excluso e incluso, dispensado e, simultaneamente, capturado. No se
trata de uma simples relao de excluso, ou mesmo de construo de dicotomias, de
um dentro e de um fora. Na relao de abandono o bando entregue a um poder que o
regula e que o transforma atravs de prticas coercitivas, da construo de tutelas e de
uma srie de prticas que ir mant-lo na fronteira, numa situao limite que os pro duzem em uma zona de indistino entre um dentro e um fora.
Afirmar que a vida nua o elemento poltico originrio tem, ento, implicaes
importantes para a poltica e para a vida nas cidades, que se configurariam como campos de experimentao e de inveno do humano, a partir de uma lgica de governo de
condutas dos homens. As cidades, nestes termos, tornam-se campos de experimentao biopoltica, em que a vida humana passa a ser gerida e inventada a partir do elemento biolgico e de sua utilidade para o progresso da espcie (Arendt, 1958/2010;
Foucault, 1978/2008). Assim, podemos pensar na forma como a vida nas cidades tornase um problema para a gesto poltica, aparecendo numa preocupao com o controle
dos fluxos das coisas e das pessoas, com a constituio de espaos disciplinares para
constituir sujeitos e adequ-los vida em sociedade, o surgimento de disciplinas cientficas que pem em cena a vida humana e a melhor forma de govern-la para um progresso civilizatrio.
Deste modo, as relaes de abandono aparecem como intervenes sobre a vida e
sobre a morte de determinados grupos populacionais, tanto quanto modos de se relacionar com determinadas formas de viver, o abandono constitui-se como uma prtica
que relaciona vida e poltica nas formas de governo contemporneas. Estas relaes
naturalizam e constroem sobre a vida investimentos no mesmo instante em que tambm a desinveste. Neste sentido, o abandono opera uma racionalidade paradoxal em
que as prticas e as aes sobre a vida so possveis a partir do momento em que o
oposto o desinvestimento na vida torna-se possvel e exequvel.
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As ruas inspitas, tornadas lugares viciosos e de degenerescncia, forjam estes sujeitos como marginalizados e referendados como criminosos, no entanto ao invs de
evit-las, estes sujeitos assumem o risco de fazerem delas sua morada; a mesmo onde
no deveriam estar, podem se produzir como sujeitos polticos das cidades, mesmo que
numa ilegalidade e abandonados prpria sorte. Conforme matria publicada no Jornal Folha de S. Paulo em 27 de novembro de 2010, um morador de rua de 34 anos, fala
da ocupao das ruas, assumindo politicamente o risco como algo inerente vida, ao
invs de coloc-lo no plano puramente individual das responsabilidades.
Nessa vida eu j fiz de tudo um pouco. Tenho cursos de mecnico, marceneiro e padeiro. Trabalhei na roa e sa de casa aos 32 anos. Morava com minha
me, [em uma cidade do interior]. Vim para Macei para tentar uma vida
melhor.
No consegui nada de bom at agora e vivo na rua h dois anos. Acho que
porque s estudei at o terceiro ano. Ento, pego plstico e latinha para vender. Vasculho o lixo e como as coisas que os outros jogam fora.
Tem dia que eu ganho uns dez contos, tem dia que no ganho nada, nada. Pedir, nem peo porque ningum d mesmo. Essa a vida que eu vivo. morrer
um pouquinho a cada dia.
Tem gente que critica, que xinga quando a gente puxa a carroa e fecha a
rua. Mas vou fazer o qu?
Meu trabalho esse, e a minha casa a calada. No posso ficar escondido
dentro de um buraco, entocado. Se tiver medo, vou viver como? (Folha de
So Paulo, 2010a, 1-5).
Este sujeito afirma sua permanncia nas ruas como uma forma de viver: mesmo
com medo, decide ou obrigado a buscar nela seu sustento, sua sobrevivncia. No se
esconde, pelo contrrio, vasculha o lixo na busca de plstico e latinhas para vender, at
sua alimentao retirada daquilo que jogado fora pelos outros. disto que se alimenta: do lixo, daquilo que j no possui valor de consumo. Tal sujeito faz do lixo seu
sustento e sua alimentao, reinventa a cena na qual tambm foi jogado, mas no se
esconde, prefere se reinventar a partir de algo que j perdeu sua utilidade.
Poderamos destacar inmeros aspectos que desvalorizassem sua escolha ou seus
hbitos de comer coisas do lixo, apontando, dentro de um discurso competente, os riscos sade implicados no seu ato; no entanto, essa histria tem uma materialidade da
qual no podemos nos esquivar: estas so as condies de vida que tem a disposio
para manter-se vivo. A partir dessa materialidade s apontamos a vontade de existir e
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de permanecer vivo deste homem e de tantos outros que vivem nas ruas das cidades,
uma vontade de reinventar coisas que j no guardam seu valor de consumo, de reinventar-se junto a tudo que conseguem do lixo das ruas. Ruas que os acolhem e so sua
moradia, mas nem sempre so hospitaleiras. As marcas das violncias sofridas pelos
moradores de rua, mencionadas aqui por meio de nmeros estatsticos e atravs de
matrias de jornais, podem ser demarcadas numa outra racionalidade diferente da criminal, para que no apaream como uma simples manifestao de violncia nas cidades. Ao colocarmos em anlise estas violncias, questionamos o que vimos nos tornando e as formas como estamos lidando com as vidas.
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