FIGUEIREDO - La Arqueología Urbana en Latinoamérica - TESE
FIGUEIREDO - La Arqueología Urbana en Latinoamérica - TESE
FIGUEIREDO - La Arqueología Urbana en Latinoamérica - TESE
So Paulo
2014
UNIVERSIDADE DE SO PAULO
MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ARQUEOLOGIA
MARCIO LUS BASO DE FIGUEIREDO
Dissertao
de
Mestrado
de
Arqueologia
Etnologia da Universidade de So
Paulo. Verso corrigida. A verso
original encontra-se na biblioteca
do MAE.
rea de Concentrao:
Arqueologia
Linha de Pesquisa:
Cultura material e representaes
simblicas em arqueologia
So Paulo
2014
1
Resumo
Abstract
This study sought to analyze the iconography and morphology of ritual
pottery produced in the Peruvian North Coast during the Late Intermediate
Period and the Late Horizon, with the goal of identifying characters here
referred to as "figures of power." The body of the analysis included collections
of several Brazilian and foreign institutions. The first contacts with the
archaeological collections and classifications usually adopted in the museums
based on theoretical historical-cultural references showed an apparent rupture
in ceramic production in the Late Period, with the advent of Inca hegemony. In
the 15th century, the ceramics produced in the Andes presents a relative decline
of artifacts that express the symbolism of ancient cults linked to representations
of political power, when compared to prior periods. We seek to understand how
the observed changes in the composition and iconography of ceramic sets
observed is correlated with the organization of power structures supported on
worldview of their respective political contexts of production. We based on deep
studies of the political history of the Chim and Inca domains in the Central
Andes and the correlation of the studied ceramic artifacts. We noted the
reduction in the number of power figures represented on pottery produced under
the aegis of Inca rule on the North Coast, in addition to the permanence of
certain attributes identified as an expression of the particularities of the
worldview of people from that region. Those suggest that the Incas have faced
the need to create tools of legitimation of the centralized power of Cusco, in the
face of the extended subjugated territory.
Keywords: Inca Chim Ceramics Religious Iconography Religion
Politics
Dedicatria
Agradecimentos
Agradeo infinitamente aos meus pais Jernimo e Marcia, e as minhas
irms e cunhados Juliana, Mariana, Carlos e Andr pelo apoio incondicional, o
carinho e a pacincia durante essa jornada. Ao meu pai pelo auxlio na
formatao do catlogo de fotos e especialmente por me apresentar o mundo
Andino atravs da msica na minha infncia, origem de todo o interesse e paixo
pelo mundo dos Incas. E a pequena Isa, cuja companhia e o olhar inocente valem
mais que mil palavras para inspirar e dar foras pra seguir em frente. Tambm
agradeo a famlia do Rio de Janeiro, em especial meus avs, pela acolhida,
carinho e incentivo durante minha etapa de trabalho no Rio.
Agradeo especialmente a profa. Dra. Maria Isabel D`Agostino Fleming
e a profa. Dra. Marcia Arcuri pela oportunidade e pela confiana depositada em
mim. A elas agradeo pela orientao, gentileza, disponibilidade e pacincia no
processo da minha formao. Agradeo os puxes de orelha e peo sinceras
desculpas pelos erros cometidos durante a minha trajetria. Serei eternamente
grato por tornarem possvel a maior alegria da minha vida. Sem a professora
Mabel e a professora Marcia, onde eu estaria?
s minhas colegas dos estudos Andinos Daniela La Chioma e Dbora
Soarez. A elas agradeo sinceramente pelas contribuies no meu trabalho, pelo
apoio, pela pacincia e ajuda prestada nos momentos de crise e pela verdadeira
amizade. A Dani dedico o esforo desse trabalho pela paixo que
compartilhamos pelo universo Andino e a Dbora dedico e agradeo pela
brilhante ideia de contrapor e relacionar os textos de Pierre Clastres e Brian
Hayden, que gerou uma boa discusso no primeiro captulo da minha
dissertao.
Agradecimento especial aos amigos de Lambayeque Igncio Alva
Meneses, Mariella y los nios pela recepo calorosa e a hospitalidade em
Ventarrn. A Igncio, agradeo tambm por toda ajuda com a bibliografia e
pelas conversas que muito contriburam para o meu trabalho e principalmente
pela pacincia com as inmeras perguntas.
Agradeo aos especialistas Dr. Luis Millones, Dr. Mario Millones, Dr.
Jurgen Golte e Dr. Quirino Oliveira pelo interesse e contribuies acadmicas
ao meu trabalho.
Agradeo aos professores e colegas do MAE que muito contriburam
para minha formao. A Dra. Silvia Cunha Lima pelas contribuies
acadmicas no trabalho e por compartilhar a bibliografia Chim. A profa. Dra.
Fabola A. Silva pelas indicaes bibliogrficas e ensinamentos sobre os estudos
cermicos. Aos funcionrios da reserva tcnica e da biblioteca do museu pela
alegria e boa vontade em ajudar. Especialmente ao Hlio pela pacincia e
esforo em ajudar a procurar os livros mais impossveis de se encontrar.
Agradeo ao prof. Dr. Eduardo Gos Neves por ceder um espao no seu
laboratrio para a minha anlise da coleo Andina do MAE. Aos colegas e
amigos amazonistas que passaram pelo LAB 1 entre 2010 e 2012, a baronesa
Camila Loos Von Losimfeldt, Mrjorie Lima, Agda Sardinha, Erndira
Oliveira, Ana, Lgia, Francine Medeiros, Jaqueline Belleti, Guilherme Mongel
(o Gacho), Rodrigo Suer pela amizade e por tudo que me ensinaram.
Especialmente ao Kazuo Tamanaha e Fernando Ozrio pela amizade e por tudo
que me ensinaram sobre anlise cermica que muito contribuiu para o meu
trabalho.
Agradeo a Dra. Tnia Andrade Lima por permitir o acesso ao acervo
Andino do Museu Nacional da UFRJ. A Arqueloga ngela Rabello pelo bom
humor, simpatia, amizade e toda a ajuda prestada durante minha estada no
museu.
Um agradecimento especial ao Dr. Walter Alva por possibilitar o acesso
as colees do Museo Tumbas Reales de Sipn e pela boa vontade e esforo em
ajudar a resolver os problemas burocrticos. A Dra. Cristina Cabrenna e a
equipe do museu pela alegria, simpatia e toda ajuda prestada com o acervo.
Agradeo ao Dr. Carlos Wester pelo acesso a coleo cermica do
Museo Brunning de Lambayeque, imprescindvel e fundamental para a
produo deste trabalho. Agradeo tambm ao Arquelogo Dr. Marco
Fernandez e a equipe do museu por toda a ajuda.
ndice
Notas explicativas.......................................................................................................11
Apresentao..............................................................................................................14
Introduo..................................................................................................................18
Chan Chan e o Reino Chim.......................................................................................22
Invaso Inca ao Reino de Chimor: antecedentes e consequncias da guerra ChimoInca..............................................................................................................................27
Tahuantinsuyu Inca.....................................................................................................31
1234-
Animal Lunar.102
Antropofitomorfos: milho antropomorfo...............................104
Onda Antropomrfica............................................................104
Antropozoomorfos: Escorpio antropomorfo........................104
Tema da Pesca Mitolgica com Figuras
Antropozoomorfas..................................................................105
Antropozoomorfos: Divindade da Montanha ou Ai Apaec.106
Figuras Hbridas e Outras de carter sobrenatural .............108
12-
Agricultores Inca.139
Conjunto rostos no gargalo com pintura facial ......................139
Conjunto rostos no gargalo sem pintura.................................140
Outros exemplos para o Grupo 2.B........................................140
Notas explicativas
11
12
13
APRESENTAO
14
algumas
ferramentas
metodolgicas
referenciais
tericos
Hbrido entendido como uma produo final que integra aspectos morfolgicos e iconogrficos
que compem ambos os estilos cermicos Chim e Inca, gerando um grupo reconhecvel por
suas particularidades estilsticas que permitem sua distino em relao ao estilo Chim
anterior.
15
16
de uma sntese comparativa dos dois primeiros captulos, propondo uma leitura
interdisciplinar das fontes arqueolgicas e histricas.
Por fim, apresentamos as consideraes finais acerca das concluses que
chegamos da relao entre os dados arqueolgicos e as fontes etnohistricas
discutidos nos captulos anteriores.
17
INTRODUO
18
A mesma lgica recai nas categorias entendidas como Macroregies ou Grandes reas
Culturais da Amrica subdivididas entre Andes, Mesoamrica, Circuncaribe, Terras Baixas
Amaznicas e Norte Amrica. Por filiao de certos atributos ou traos culturais em comum
surgem fronteiras imaginrias do ponto de vista territorial para dividir as reas de estudo em
funo da complexidade social dos povos que as constituem. Essa diviso criou para a
Amrica do Sul uma oposio entre Terras Altas (Altas culturas e maior complexidade) e Terras
Baixas (Culturas incipientes e menor complexidade) com a cordilheira Andina como uma
fronteira natural. O princpio da organizao pautado pelas grandes reas trouxe quanto
especializao de pesquisadores o benefcio do entendimento da existencia de diferenas
substanciais entre as populaes indgenas da Amrica que nos permite buscar abordagens mais
precisas para o entendimento interno dessas sociedades. No entanto, oferece a oportunidade do
erro de no reconhecer o nvel de interao dessas sociedades e a fluidez das fronteiras culturais
que certamente se apresetam cada vez mais evidentes nos dados de pesquisa acerca das
sociedades amerndias. Dificulta o dilogo e muitas vezes oferece explicaes pautadas pelo
universalismo e o difusionismo como formas unilaterais de desenvolvimento ou mesmo de
evoluo das sociedades humanas.
19
tumbas
claramente
associa
seus
governantes
figuras
de
poder
Marcelo Campagno (2007, 2009) em sua discusso acerca da origem dos Estados apresenta a
Lista de Childe, ainda grande referncia para a conceituao do que define uma sociedade
estatal. O arquelogo australiano Gordon Childe definiu uma lista de dez indicadores que
caracterizam o que chamou de revoluo urbana (Campagno 2007: 9). Para Campagno, essa
lista pode ser dividida em atributos quantitativos e atributos qualitativos, onde os ltimos so
chave para o entendimento da mudana no sistema social e econmico que possibilitam o
surgimento de sociedades com Estado (Campagno 2007:9-11)
21
22
De acordo com a bibliografia clssica, durante o Perodo Tardio passouse a produzir cermica em larga escala, graas ao uso massivo de moldes
(tcnica j empregada pelos Mochicas), paleteados e novos tipos de fornos,
gerando novos estilos decorativos tanto cerimoniais quanto domsticos na costa
como na serra. A cermica associada a Chan Chan se caracteriza pela
padronizao das formas: vasos escultricos com ala estribo, vasilhas de bojo
duplo com ala em ponte e garrafas com bojos globulares (Przadka-Giersz 2011:
329).
Assim, tornou-se comum caracterizar a cultura Chim por meio da
cermica de colorao negra (ou acinzentada), feita com o uso de moldes, para
produo massificada (Quiones 1988: 21). Apesar de consensual e vlida, esta
interpretao dos conjuntos cermicos necessita ateno e refinamento j que
resulta em muitos casos da filiao de artefatos cermicos a denominada
cultura Chim apenas pela colorao negra ou pela tcnica de produo, no
levando em considerao outros aspectos que constituem o conjunto estilstico.
Segundo Moseley (1992: 256) e Lumbreras (2000: 38), a maior ateno
da produo artstica de Chimor estava concentrada na produo metalrgica
em larga escala, complementada pela tecelagem, atividades de alto grau de
especializao onde, se supe a partir dos dados iconogrficos e
etnohistricos, a diviso do trabalho por gnero: metalurgia masculino e
tecelagem feminino (Topic 1982: 169).
23
De acordo com Miguel Cabello de Valboa (Cabello de Valboa 2011 [1586]: 385-386), Yunga
um termo quchua que se refere regio quente e seca da costa peruana. O termo passou a
identificar de forma generalizante todas as populaes provenientes da costa.
24
149)
agricultores
interdependentes,
que
pescadores
sugere
certa
desenvolveram
complexidade
nas
economias
relaes
Em todo caso, importante destacar que supostamente os idiomas locais no foram proibidos
no Tahuantinsuyu, o Quchua provavelmente foi adotado para facilitar a comunicao,
primeiramente entre as elites locais e os senhores cusquenhos e depois como um processo de
homogeneizao cultural. Para o Reino Chim, no temos fontes suficientes para compreender
se houve este mesmo processo, se houve ou no a tentativa de homogeneizao ou mesmo se
esses idiomas tinham estruturas prximas ou no.
9
Em Chan Chan foram identificados trs tipos de estruturas arquitetnicas que, segundo os
estudos clssicos, correspondem a trs nveis da estratificao social na cultura Chim. So
esses: Small irregurlaly aglutinated rooms (SIAR) ou bairros relacionados populao em
geral; Elite Compounds, relacionados nobreza; e as Ciudadelas, estruturas de escala
monumental de acesso restrito com complexas e elaboradas formas arquitetnicas comumente
interpretadas como palcios (Pillsbury 1995: 48). Complexos arquitetnicos altamente
planificados de carter poltico, administrativo e cerimonial bem como reas de depsito e
redistribuio de recursos (Canziani, 2010: 179-180), muitas vezes atribudas a diversas funes
como: residncias de elite e tambm como tumbas dos reis de Chimor (Moseley 1992: 259).
10
Talvez cada bairro constitusse um ncleo de parentesco.
25
26
parece ter integrado certas formas de propriedade sobre a terra por parte das
linhagens governantes e do Estado, o qual teve capacidade para desenvolver
grandes projetos hidrulicos e uma rede muito complexa de intercmbio de bens
dentro do princpio da reciprocidade.
Invaso Inca ao Reino de Chimor: antecedentes e consequncias da guerra
Chimo-Inca
27
14
28
Inca and the Ichma formed a military aliance for purpose of atacking and defeating their
great northern adversary of Chimor (Moseley 1992: 246).
16
29
tiempos atrs, antes de los Incas, tuvo guerra cruel con ellos
sobre los trminos y los pastos y sobre hacerse esclavos unos
a otros, y los traa avasallados. Y al presente, con el poder del
Inca, queran vengarse de los agravios y ventajas recibidas
[] (De la Vega 2004 [1608]:462).
30
Tahuantinsuyu Inca:
17
Termo traduzido pelos primeiros cronistas europeus como O imprio das quatro regies.
31
espanhis
que
adentraram
as
terras
Andinas.
18
Durante a discusso dos dados trataremos com maior profundidade as questes em torno do
olhar dos cronistas e do uso de suas obras como fontes de pesquisa.
19
For Europeans of the sixteenth century, the empire par excellence was that of Rome, and
Rome was therefore the yardstick that came to mind when trying to describe and comprehend
the achievement of the Incas (McCormack 2001: 420).
20
Atravs da aliana de Carlos Magno, rei dos Francos, com a Igreja de Roma sob o ttulo de
protetor da Igreja e do papado, o papa Leo III coroa o rei Franco como o legtimo imperador
(no sentido de herdeiro do Imprio Romano). Legitimada pela Doao de Constantino que
consiste na diviso do mundo e do poder sobre o mundo (ao soldado o poder temporal e ao
sacerdote o poder espiritual), a interveno pontifcia fazia do rei dos Francos um imperador
Cristo e dava-lhe uma autoridade suplementar e o ttulo de Imperador. A mesma coroa do
imprio atravs da linhagem de Carlos Magno deu origem ao Sacro Imprio Romano Germnico
onde a fronteira do Imprio e do poder do imperador oscilava em funo de um complexo
contexto poltico religioso. Posteriormente, Napoleo Bonaparte deu origem ao Imprio Francs
32
quando em sua cerimnia de coroao retirou a coroa da mo do Papa Pio VII, se autointitulando
Imperador, consequentemente retirando a autoridade da Igreja catlica de Roma.
21
Empires are states that expand, usually rapidly, and at least initially by conquest. Empires
are subcontinental in size and have a population of millions. Empires control diverse ecozones,
and they are diverse culturally; they are organized to handle this diversity. Empires have central
administrations; they support themselves through the extraction of tribute or the payment of
taxes. Empires maintain standing armies. Empires maintain sovereignty over all people and
territory in their realms (Schreiber 2001: 71).
22
Empires develop their own styles of material culture [...] (Schreiber 2001: 72).
23
Do ponto de vista terico, dentro do primeiro conceito impossvel encaixar os Incas como
Imprio, j que os imprios so aqueles herdeiros de Roma. No segundo, seria possvel encaixlos como um imprio visto que o conceito expressa um tipo de sistema de dominao que
partilha de uma srie de conjunturas e deixa seus traos na materialidade muitos presentes no
caso inca (apesar das especificidades).
33
[...] the term Inca refers only to a small group of kindred, les than 40.000 individuals, who
built a great Andean state by force of arms, and who ruled as the realms governing nobility.
(Moseley 1992:9).
25
O ayllu definido como um tipo de agrupamento social constitudo como unidade poltica, formado
por indivduos relacionados por laos consanguneos (Moseley 1992, Espinoza 1997, Bauer 1992,
Rostworowski 1983, 1988 e Murra 1989)
26
Tal hierarquia foi marcada pelas funes sociais dos indivduos em conjunto com o uso de
objetos de prestgio e acesso a locais e prticas institudas para grupos sociais especficos.
Dentro de uma configurao hierarquica, o uso de diferentes vestimentas e atributos de poder
eram permitidos apenas a membros de grupos especficos.
27
Com a prtica da mita e a realocao das comunidades desestruturando os laos de parentesco
e ancestralidade locais, o discurso incaico de uma ampla rede de parentesco com eles no topo
se fazia mais eficiente.
24
34
Como citamos anteriormente, difcil estabelecer uma diferenciao entre os dados histricoarqueolgicos e os mitos, e mesmo a existncia histrica de Manco Cpac e outros personagens
contidos nas diversas narrativas mticas recuperadas pelos cronistas espanhis atravs dos
relatos dos naturais. difcil precisar se os incas originalmente pertencem ao Vale de Cusco ou
quando chegaram (e de onde) depois de um processo de migrao at se assentarem
definitivamente na regio.
29
The region immediately surronding the Valley of Cuzco, the Cuzco region, was occupied
by a number of different ethnic groups that were absorved into the Inca state during the early
period of state formation (Bauer 1992:1).
35
30
Segundo Bauer e Jones (2011) foram encontrados na regio de Cusco artefatos com traos
dos estilos Chakipampa, Okros, Viaque, Huamanga e Robles Moco associados regio de
Ayacucho.
31
Segundo Michael Moseley era um grande centro administrativo Huari na regio de Cusco que
serviu como zona residencial e de estoque de recursos (Moseley 1992 : 243).
32
Varios ejemplos de alfarera Wari posiblemente importada se han registrado en el sitio Wari
de Pikillacta y en otros de la regin cusquea. De hecho, anlisis de activacin neutrnica []
han comprobado que stas fueron producidas dentro del ncleo territorial Wari y posteriormente
importadas hasta la regin de Cuzco (Bauer & Jones 2011: 129).
33
Michael Moseley atribui a fundao da cidade de Cusco ao perodo Quilque (Moseley 1992 :
244).
36
34
Em outras verses, da fuga de Yahuar Hucac Inca como veremos mais adiante.
Diferentes verses apontam para uma ordem cronolgica diferenciada das conquistas de
Pachactec. Sobre o assunto ver Pachactec de Maria Rostworowski Diez Canseco, 1953
(Rostworowski, 2006 : 156-7).
36
O termo Pachacuti ou Pachactec em Quchua se refere a grandes mudanas num amplo
sentido cosmolgico em que opostos complementares invertem sua posio trazendo grandes
transformaes. Ao assumir Pachactec em seu nome, o Inca passa a ser reconhecido nos relatos
posteriores como o grande transformador.
35
37
Muitos pesquisadores contestam a verso de que tantas reformas tenham ocorrido durante o
reinado do Inca Pachactec alegando que, possivelmente, ele ou seus sucessores tenham
transmitido os fatos durante as geraes posteriores atribuindo a ele os feitos de seus
antecessores.
38
Trataremos de apresentar as diferentes verses dos relatos detalhando a conquista da Costa
Norte no decorrer da pesquisa.
39
Linguistic variance was formidable and imcompatible with the centralized administration.
An official tonque was therefore imposed Runa Simi, a version of Quechua as the lingua
franca and medium of governamental communication (Moseley 1992: 10).
38
40
Maria Rostworowski (Rostworowski 1988: 286) enfatiza o uso dos recursos excedentes para
fins de reciprocidade, descreditando o seu uso como um fim para suprir necessidades das
populaes em caso de desastres etc. Do nosso ponto de vista, manter a populao relativamente
satisfeita e em devidas condies de trabalho tambm uma ferramenta para a legitimidade do
sistema que contribui para a continuidade da produo para os fins da reciprocidade como citado
pela autora. Ainda assim, destacamos que h que pensar que do ponto de vista estratgico as
prioridades variam em funo de contextos distintos e das aes dos envolvidos.
41
El modelo econmico inca se ha calificado de redistribuitivo debido a las funciones que
cumplia el prprio gobierno. Esto significa que gran parte de la produccin del pas era
acaparada por el estado, el cual a su vez la distribua segn sus interesses (Rostworowski 1988:
285).
42
Segundo Rostworowski (1988), antes de ser um sistema organizativo do trabalho, o conceito
de mita tinha um significado mais profundo relacionado com o tempo cclico e logo, portanto,
regulador da ordem/caos do universo (Rostworowski 1988: 260).
39
43
Do nosso ponto de vista, logo das suas razes e das relaes com seu espao ancestral,
consequentemente das relaes com suas chefias e suas huacas.
44
O nacionalismo de fins do sculo XIX at meados do XX, assim como interesses econmicos,
buscaram no passado inca as razes do Estado nacional, com uma cultura capaz de unificar as
diferenas etc. Juntamente, lembramos da historiografia tradicional de esquerda que tratou de
representar o Tahuantinsuyu Inca como um Estado Socialista" pautada pelos relatos dos
cronistas sobre a abundncia de alimentos e redistribuio de produtos, o acesso s terras, o
trabalho coletivo e o princpio da reciprocidade nos modos de produo das comunidades (nessa
interpretao os Incas deixam de ser um imprio e passam a ser entendidos como um tipo de
confederao).
40
Ainda assim, a maior parte das informaes que temos do passado Andino
legado, principalmente, da tradio oral, passada de gerao a gerao.
Existiam, inclusive, pessoas cuja funo (obrigao) social era de recordar o
passado na memria e retransmiti-las em forma de cantos e representaes
(Rostworowski 2000: 100). Seguindo a tradio, essas pessoas deveriam
lembrar aquilo que os soberanos, ou responsveis pelo funcionamento das
estruturas de poder, quisessem que fosse lembrado. Nesse sentido, podemos
supor que havia tambm a omisso intencional de certos fatos. Devemos,
tambm, levar em conta que o homem Andino no compartilhava das mesmas
preocupaes que os europeus: Podemos assegurar que, no mbito Andino,
no existiu um sentido histrico dos acontecimentos, tal como o que
entendemos tradicionalmente (Rostworowski 2000: 103). Silncio e omisso
eram, por assim dizer, formas de modificar o curso da histria para aquilo que
fosse mais conveniente.
A partir do prprio processo de expanso incaica, cada vez mais distante
do centro, um novo quadro poltico pode haver se formado onde houve um
crescimento da influncia das elites locais em detrimento do poder centralizado
nas mos das elites cusquenhas. Os Incas mantiveram sempre que possvel as
estruturas de poder local como forma de facilitar a administrao dos recursos,
gerando um processo expansivo extremamente acelerado, o que possibilita
compreender a conquista de uma vasta regio em um curto perodo de tempo.
Assim conforme citado anteriormente o objetivo da anlise das fontes
arqueolgicas e dos textos escritos em nossa pesquisa busca uma compreenso
mais ampla das relaes de poder expressas nessas fontes com base nas
hipteses e questes propostas e justificadas no projeto de pesquisa.
41
CAPTULO I
Ideologia, poltica, sociedade e religio: princpios das
cosmologias nos Andes
42
PERODO
DATAS RELATIVAS
Perodo Pr-cermico
Perodo Inicial
Horizonte Inicial
Intermedirio Inicial
Horizonte Mdio
Intermedirio Tardio
Horizonte Tardio
Cronologia Andina proposta no modelo de John Rowe com base em variaes estilsticas:
Tabela produzida pelo autor a partir de informaes dos textos de Luis Lumbreras (1989),
Richard Burger (1995), George Bankes (1989) e Gary Urton (1999).
adequadamente deste conceito e da sua aplicao neste trabalho no segundo captulo desta
dissertao.
49
Nenhuma das datas apresentadas acima so precisas, e logo, devem ser tomadas apenas como
uma referncia de como vem sendo organizada a cronologia nos Andes. Cabe ressaltar aqui,
para citar um exemplo, que alguns stios datados de 1800-1700 a.C. Perodo Inicial cermico
no apresentam artefatos cermicos; ainda assim, so contemporneos a stios que apresentam
material cermico no seu registro arqueolgico (sobre o assunto ver Thomas Pozorski & Shelia
Pozorski 1993).
43
44
It is evident that there are very few material indicators which could have served as markers
of hierarchical social status. In most societies, the greater the social and economic
differentiation, the greater the number of material objects which represent these differences in
status. The absence of such markers in the Late Preceramic conversely suggests that the degree
of differentiation may have been small (Burger 1995: 34).
53
45
Generosity, sacred knowledge, and the ability to mobilize labor (Burger 1995 : 37).
55
Vinculadas a prticas rituais que sugerem a manuteno dos meios produtivos e dos bens
materiais nas mos de uma elite sacerdotal hierarquizada.
46
sculo e meio). Ainda assim, cabe ressaltar que tal organizao se dava apresentando
a permanncia da confluncia dos aspectos cosmolgicos e ideolgicos que
remontam ao Pr-cermico e ao Perodo Inicial, em que o discurso ideolgico
dentro de relaes dinmicas e dialticas se constituiu em funo dos processos
histricos, de um lado, e das estruturas tradicionais com base na cosmologia e nas
tradies, de outro56.
Maurice Godelier (1978) afirma que a ideologia Inca no est separada das
relaes de produo, sendo, portanto um elemento interno dessas mesmas relaes.
A ideologia religiosa, especialmente nesse caso, no superficial, mas reflexo das
relaes sociais, como entendida do ponto de vista marxista mais ortodoxo
funciona como um elemento interno das relaes de produo estabelecidas na
sociedade entre produtores e a elite que detm o poder sobre os meios de produo,
ou mesmo das instituies estatais. Dessa forma, no meramente legitimadora,
mas sim constituinte das relaes de produo (Godelier, 1978: 8-10). J Timothy
R. Pauketat e Thomas E. Emerson (1991), em The ideology of authority and the
power of the pot, atestam que ideologias so vistas como sistemas discursivos de
conhecimentos, crenas e valores modelos cognizados que legitimam o status
quo social atravs da apropriao dos referenciais tradicionais e cosmolgicos
(Timothy R. Pauketat e Thomas E. Emerson, 1991: 920)57.
Entendemos que ideologias se constituem a partir das estruturas prexistentes nas sociedades. Do-se a partir de um discurso que seja capaz de articular
as crenas e os valores que sustentam a vida em comunidade, viabilizando a
presena dos interesses particulares de determinados seguimentos ou grupos sociais.
Com isso, estabelecem modelos de organizao social, de gesto, de distribuio
dos recursos e de controle do conhecimento, dos direitos e deveres, bem como das
56
O referencial terico marxista, que teve grande influncia nas anlises de pesquisadores do sculo
XX, atribui ideologia uma funo de instrumento legitimador da ordem existente, especialmente das
relaes desiguais da distribuio do poder e do acesso aos recursos primrios e as propriedades.
Concordamos que, de fato, as ideologias operam nesse sentido, especialmente em sociedades com um
carter organizativo de estratificao social e verticalizao de poder. No entanto, acreditamos que
devemos levar em conta a influncia das estruturas ideolgicas tambm como aspectos formativos
dessas mesmas relaes primrias entendidas como a infraestrutura do referencial terico marxista
em relao dialtica com a superestrutura.
Ideologies are seen as systems of discursive knowledge, beliefs and values cognized models
which legitimize the social status quo through an appropriation of traditional and cosmological
referents (Timothy R. Pauketat e Thomas E. Emerson, 1991: 920).
57
47
58
Ideologies are dynamic entities (Timothy R. Pauketat e Thomas E. Emerson, 1991: 920).
48
A eficcia do discurso se d, em nossa viso, por inmeros fatores que tratam de convencer
ou at mesmo alienar o pblico alvo, dentre os quais, destacamos o apelo emoo e a comoo,
ao medo, ao fascnio, entre outros.
62
63
49
64
Direes, pois, a questo, sob o nosso olhar envolve mltiplas alternativas ; em detrimento
de uma viso evolucionista ou determinista, tanto dos processos histricos, quanto da prpria
condio biolgica de ser humano e ou de se viver em sociedade.
Early mortuary practices indicate that everyone was not equal, but this is expected where there is
dual organization and lineages of different status. (Moseley 1992: 107).
65
50
cerimoniais. A estrutura construda no alto das colinas teria sido um lugar de onde
indivduos proeminentes conduziam reunies de orientao pblica de natureza
cerimonial ou religiosa voltada para grandes pblicos de observadores posicionados
abaixo na grande praa. Inclusive a presena de uma rota alternativa, escondida,
para o topo da estrutura poderia fazer com que pessoas aparecessem e
desaparecessem subitamente no alto da estrutura; fazendo do elemento surpresa
uma forma de impressionar o grande pblico (Pozorski T. & S. Pozorski, 1993:
48). Isso sugere que possivelmente esses rituais eram, de alguma forma,
controlados por grupos relativamente especializados, que tinham as condies
necessrias para expor os seus pontos de vista acerca do sagrado.
Com o decorrer do tempo, visivelmente no caso Moche, Chim e mesmo
Inca, percebemos a tendncia especializao e restrio de certas esferas do
conhecimento controladas pelas elites sustentadas na produo ideolgica de um
discurso religioso, com base na cosmoviso, e em modelos pr-existentes de
organizao social. Da mesma forma, as evidncias materiais dessa especializao
nos Andes, de atividades administrativas e rituais, vm acompanhadas da
intensificao de aparatos coercitivos e do poderio militar que se tornam, de um
ponto de vista cronolgico, cada vez mais frequentes como medidas de controle e
mesmo da legitimidade do poder por parte dos grupos dominantes.
Em a Sociedade contra o Estado (1982) e A questo do poder nas
sociedades primitivas (2004), Clastres defende que o chefe est a servio da
sociedade desprovido de poder. Com isso, subentende-se que o controle e o
gerenciamento dos recursos se deem em funo da sociedade, e no dos interesses
particulares de grupos ou de indivduos especficos. Na ptica do autor, o prprio
conceito ocidental de chefia imprprio para tratar desta figura do chefe (que no
manda) nessas sociedades66. J Brian Hayden, em contraponto a Pierre Clastres,
afirma que a figura de aggrandizers indivduos ambiciosos, agressivos
acumuladores e manipuladores (nos casos mais extremos sociopatas e psicopatas)
nas sociedades constitui a fora necessria mudana nas sociedades humanas
(Hayden 1998: 19). Com uma minoria de indivduos como esses, segundo o autor,
quaisquer organizaes sociais ou normas culturais poderiam ser manipuladas aos
66
Perspectiva que entendemos dentro de uma viso de poder na sociedade que exclui a idia de
autoridade; sendo ento mediadora dos conflitos sociais em prol do bem-estar da comunidade.
51
67
52
a partir dos estudos iconogrficos elaborados para a cultura Mochica, propostos por diversos
especialistas como Jurgen Golte, Christopher Donnan, entre muitos outros de igual importncia.
70
Las poblaciones crearan una red de intercambio que estaria bajo el domnio de las elites de
los centros cerimoniales [] de una ideologa mgico-religiosa que conceptuaba un mundo
natural sacralizado con la presencia de seres antropo-zoomorfos, fantsticos (Elera 1993 :
237).
Collection of goods and services, therefore, requires that leaders have some means of
manipulating the behavior of members of the general population. Control is exerted by leaders
through various means of persuasion (such as the use of charisma, authority, indoctrination, or
propaganda) and through the application or thread of positive or negative sanctions. Sanctions
can be ideological, economic or physical. Persuasion and coercion are exercised through
networks of personal relationships for instance, paramount ruler to local ruler to individuals,
households, groups or communities and their application requires that leaders control
resources and the media of communication (Billman 2010 : 182-183)
71
53
Elite ideologies are expressed symbolically in a variety of material and nonmaterial dimensions.
(Timothy R. Pauketat e Thomas E. Emerson, 1991: 920).
72
54
Usualmente o termo Curacazgo traduzido para cacicado, mas a bibliografia recente nos
leva a questionar este tipo de associao direta. Sobre o assunto ver Arcuri 2007 e 2011.
79
55
ritual das obrigaes cerimoniais, bem como pela administrao dos recursos e por
assegurar a lei e a ordem local. Eram tambm incumbidos de organizar, dentre outras
tarefas da comunidade, os trabalhos coletivos nas terras produtivas e a redistribuio
dos recursos e, assim, garantir o sustento da populao:
De modo simbitico, era esperado que os curacas fossem
generosos e hospitaleiros, e em ocasies formais isso significava
alimentar as populaes e prover grandes quantidades de cerveja
de milho [chicha] para propsito de intoxicao [embriaguez]
ritual. Em seu nvel mais bsico, se espera que os lderes
retribussem com presentes, comidas, bebidas e coca a mo de
obra e os servios oferecidos por seus seguidores (Moseley 1992:
53)80.
In a symbiotic manner, Karacas were expected to be generous and hospitable, and on formal
occasions this meant feeding people and providing great quantities of maize beer for purposes
of ritual intoxication. At a more basic level, leaders were expected to reciprocate with gifts,
food, drink and coca for labor and service received from their followers. (Moseley 1992 : 53).
81
Traduo aproximada feita pelo pesquisador do termo offices utilizado por Michael
Moseley no original em ingls.
80
56
direta entre o espao fsico e a cosmoviso, o que pode ser entendido a partir da
prpria definio do conceito huaca.
Como apontado anteriormente, os Andinos denominavam por huacas tudo
o que lhes considerado sagrado que inclui: locais de adorao e sacrifcios,
elementos da paisagem, locais atribudos ancestralidade mtica, artefatos, mmias
de ancestrais e tudo que possamos relacionar com o mbito supranatural82. O
conceito de huaca , portanto, prprio da cosmoviso dos antigos Andinos e
segundo Mara Rostworowski ope a noo de um deus em seu sentido abstrato
fazendo com que as huacas participem ativamente no mundo natural, pois: no
mbito Andino o sagrado envolve o mundo, dando a ele dimenso e profundidade
muito particulares. (Rotorowski 2000: 10).
Os relatos registrados nas fontes etnohistricas de Garsilaso de La Vega
(2004 [1608]) e de Bernab Cobo (1990 [1653]), informam sobre a importncia
das huacas nos ayllus. A interao com o sagrado e com o cosmos tambm estava
ligada com o conceito da reciprocidade, culminando na ideia de que os prprios
favores providos pela ao das divindades e da influncia dos ancestrais deviam
ser devolvidos atravs da prtica de oferendas e de sacrifcios. Dessa forma as
populaes dos ayllus tinham a cargo trabalhar para as suas huacas tendo em vista
a manuteno do equilbrio csmico natural e da prpria sociedade. Da mesma
forma, a organizao espacial em moietes, ou metades, tem sido muito discutida
ao longo dos anos por diversos especialistas dos estudos amerndios83. O
conceito da organizao dual citada anteriormente nas relaes de chefia e da
organizao espacial estava intrinsecamente ligado a elementos tradicionais da
cosmoviso amerndia. Como apontou Marcia Arcuri para a maioria dos grupos
amerndios os princpios de:
metades (moieties), ou dualidade, [...] se apresentam como
um denominador comum s mais diversas formas de
organizao social amerndias. Para a maioria desses
grupos, o princpio dinmico da dualidade complementar de
82
Hoje, o termo huaca atribudo, sobretudo aos montes artificiais construdos pelos povos Andinos
pr-colombianos, com a funo de templo ou de estrutura funerria. O conceito de huaco tambm
usado para referir aos vasos cermicos e outros materiais encontrados nas oferendas das estruturas
funerrias.
83
Segundo Brian Bauer (1992), o mesmo sistema de organizao se dava nas relaes entre
diferentes ayllus. Assim, cada metade consistia de um conjunto de diversos ayllus com seu
respectivo curaca representante (Bauer 1992: 126-127).
57
dualistas
simblicas,
classificatrias
taxonmicas
na
opostos
complementares
antagnicos
como
um
princpio
58
rituais
Andinas,
84
59
60
representado pelo cu, a via lctea, mediado pelas aves, especialmente o condor
a ave que voa mais alto no cu e transita entre os picos da cordilheira e o nvel
do mar; Kay Pacha, o mundo onde vivem os homens, representado pela vida no
plano terreno, mediado por animais terrestres que transitam entre os diferentes
mundos, especialmente o macaco que sobe e desce das rvores e o felino, maior
e mais forte predador que sobe e desce a montanha e atua durante o dia e a
noite88; e, finalmente, o Ucku Pacha o mundo de abaixo ou mundo interior,
representado muitas vezes pelo inframundo, pela ancestralidade, pela caverna
ou pelo oceano, mediado pelos animais que transitam entre a superfcie da terra
e o mar, especialmente a serpente que rasteja no cho, pelas rvores e habita
tanto o litoral tanto quanto a cordilheira89.
Importante ressaltar que dentro dessa lgica os trs mundos apresentam
uma relao dual dinmica, no esttica (Arcuri 2009). Buscando exemplificar,
durante o dia o cu claro e marcado pela presena do sol (relacionado ao
universo masculino), assim, Hanan pacha (mundo de acima) est regido sob
atributos de Hanan. Durante a noite, em Hanan pacha o cu escuro, marcado
pela presena da lua (relacionada ao universo feminino) e se apresenta ao
contrrio regido por atributos de Hurin.
Como j apontado, muitos elementos da cosmoviso cumpriram papel
essencial para a definio da ocupao espacial e do desenvolvimento da
arquitetura monumental e da complexa iconografia expressa na cultura material
arqueolgica; destacando-se os murais, tecidos em l e algodo, vasos
cermicos, adornos produzidos em pedras e metais preciosos, entre muitos
outros. Tudo isso se d como diferentes formas de materializao de aspectos
da cosmoviso.
88
A interface entre os mundos do acima e do abaixo, proveniente das interaes (Tinkus) entre
os mesmos. Kay pacha portanto intermediador e dependente da interao entre os mundos do
acima e do abaixo.
89
Aqui citamos alguns exemplos emblemticos da compreeno da representao dos trs
mundos e de como se d a lgica da mediao/interao entre os mesmos como a trilogia
condor/felino/serpente. A associao entre os atributos do seres do mundo natural (no apenas
os animais, mas tambm das plantas entre outros) refletem segundo a compreeno dos Andinos
pr-colombianos o funcionamento do universo. Destacamos ento, dentro dessa lgica, a
importncia nas sociedades humanas da atuao de figuras como o xam e ou o sacerdote como
mediadores entre os diferentes mundos, considerados capazes de interagir com os mesmos a
partir do acesso aos atributos e ou poderes de outros seres do mundo natural e sobrenatural.
62
90
Huacos que incluem objetos como os vasos cermicos utilizados nas atividades rituais e
oferendados nos contextos fnebres, passando a participar ativamente das relaes sociais e do
mundo natural e supranatural, como demonstrado nos diversos estudos antropolgicos sobre
agncia discutidos por Alfred Gell (1998).
63
64
CAPTULO II
Aspectos tericos, mtodos e descrio dos critrios de
anlise do material arqueolgico
66
Tardio possa ser entendida pelas prprias caractersticas do seu contexto social
e poltico.
Brian Hayden define duas categorias principais de tecnologia:
Tecnologias Prticas e Tecnologias de Prestgio. A primeira consiste no uso da
tecnologia para a produo de objetos com o objetivo de resolver problemas
prticos relativos a sobrevivncia e desconfortos do cotidiano. As respostas s
questes impostas pelo meio ambiente refletem interferncias externas s
escolhas. Logo, nesse caso, as escolhas tecnolgicas refletem a relao bsica
entre necessidade vs o custo de energia, permanecendo, portanto, no rol
tecnolgico de dada sociedade a permanncia de tcnicas consideradas mais
efetivas para a resoluo desses problemas92 (Hayden 1998: 2-8). A segunda
categoria, Tecnologia de Prestgio, entendida como resultado da necessidade
de ostentao de poder/prestgio, riqueza e sucesso. Dessa forma, tecnologias
de prestgio operam em uma esfera diferente da categoria anterior no so
reproduzidas para resolver tarefas prticas, mas sim para cumprir tarefas
relacionadas ao mbito social onde esses objetos devem ser vistos como mais
do que passivo reflexo de poder, sendo ativos nas relaes que mediam dentro
da sociedade. Pertencem a esta categoria objetos entendidos como exticos e
tambm objetos que chamam ateno aos sentidos93 (Hayden 1998: 11-15).
Com base no que prope Hayden, acreditamos que o surgimento das
tecnologias de prestgio est diretamente relacionado ao acirramento das
relaes sociais estratificadas e ao avano tecnolgico que permite o acmulo
de excedentes de produo que sustentam as cadeias operatrias de produo
dos bens de prestgio consequentemente estabelecendo relaes de produo
que geram a especializao. Isso se d tambm, em funo da necessidade de
atrair e controlar, dentro de um sistema ideolgico preciso (como explicamos
92
67
94
No significa que estes ltimos no existissem sem a relao com as tecnologias de prestgio,
mas esta torna-se uma ferramenta muito eficiente na intensificao deste processo.
95
De alguma forma estamos falando de identidades de grupos, seja do ponto de vista tnico,
poltico, ou quaisquer que sejam.
68
Estado, as oficinas
96
70
conjuntos
cermicos
que
integram
colees
arqueolgicas
O trabalho foi feito com base em uma amostragem de 500 peas que revisamos no catlogo e
na exposio.
98
Apesar da limitao, essas informaes possibilitam mapear aspectos em comum entre peas
referentes ao mesmo stio arqueolgico ou vale de provenincia para tentar organizar conjuntos
mais precisos. Infelizmente no tivemos oportunidade de fazer isso neste trabalho, mas julgamos
interessante no futuro dar continuidade em organizar estes dados na busca de padres que
certamente podero nos ajudar a compreender melhor esses estilos a nvel local.
71
99
O mtodo foi proposto ao estudo de colees da costa Sul peruana. Apesar das
particularidades histricas em que se deram os desenvolvimentos regionais das costas Norte e
Sul, adotamos os conceitos tericos de Rowe como referncia para o tratamento do nosso corpo
de dados.
72
100
Tambm foram observados objetos como vasilhas e outros artefatos em metal, lticos e
tecidos. Julgamos interessante a observao desses objetos por sua iconografia e no caso dos
metais, tambm, para um estudo mais preciso dos tipos de adornos que so representados em
figuras da iconografia expressa nos vasos cermicos.
73
74
autora, a cermica das fases iniciais no reflete diferenas deste tipo (Menzel
1976: 235). Isso subentende que teria havido, de fato, uma mudana
significativa em relao simbologia desses objetos na regio de Ica, onde: em
resumo, no horizonte tardio, o estilo da cermica funcionou como smbolo da
posio hierrquica, lealdades polticas e nacionais, [ao] controle do Estado e
ao servio do Estado (Menzel 1976: 236).
1.
102
A tabela exposta em nosso trabalho para demonstrar ao leitor quais so as tipologias mais
recorrentes do estilo Inca de Cusco. A tabela aponta alguns tipos de peas com o preenchimento
em colorao mais escura que para o nosso propsito deve ser desconsiderado, j que,
originalmente foi produzida assim, para identificar as formas da cermica do estilo Inca-Cusco
que foram encontradas no stio arqueolgico de Pachacmac na Costa Central.
77
103
78
104
De toda forma, ressaltamos tambm a questo simblica desses apliques j que muitos fazem
parte da prpria representao iconogrfica de muitas dessas vasilhas e tambm da sua
recorrncia em outros objetos como jarros de ala de mo. E inclusive, nem todos os arbalos
so grandes para necessariamente serem carregados sustentados por um corda.
105
No foram tiradas medidas exatas de todos os objetos analisados. Essas so medidas
aproximadas com base na anlise de alguns exemplares e das informaes contidas nos
catlogos dos museus.
79
80
2.
81
instabilidade.
Existem
tambm
bases
tipo
pedestal-cncavas
110
111
82
3.
112
83
113
84
85
antropofitomorfos,
zoofitomorfos,
zoomorfos
de
artefatos,
estruturas
arquitetnicas,
formas
114
86
115
87
Para los artistas, las orejas y los ojos parecen haber sido claves para expressar su condicin
sobrenatural. Por ejemplo, la Deidad primordial de los Mochica presenta una oreja bilobulada,
rasgo que le confiere claramente un carcter sobrenatural. (Mackey 2000: 116).
116
88
89
GRUPOS PRINCIPAIS
Grupo 1.A
Grupo 1
Grupo 1.B
Grupo 1.C
Grupo 2
Grupo 2.A
SUBGRUPOS
Figuras Antropomorfas com
atributos de Poder
Figuras "Sobrenaturais"
Figuras Zoomorfas com
atributos de Poder
Figuras Antropomorfas com
atributos especficos
Grupo 1.A: Fazem parte deste grupo figuras com atributos de poder
explcitos tais como, toucados elaborados, orelheiras circulares, brincos,
colares, braceletes, entre outros, que os identificam em distintos
contextos do repertrio iconogrfico.
Grupo 1.B: O grupo consiste de figuras que apresentam atributos
sobrenaturais, como antropozoomorfos. Alm de seus atributos
90
91
CAPTULO III:
Descrio e anlise das figuras de poder representadas na iconografia Chim
e Inca
especialmente
pela
especificidade
de
seus
toucados,
117
Tendo em vista que a figura nem sempre aparece associada aos bastes, resolvemos chamla de figura antropomorfa de toucado semilunar por ser este o seu principal atributo
reconhecvel.
118
Termo utilizado na arqueologia Andina atribudo s laminas ou facas cerimoniais
recuperadas arqueologicamente.
94
diversas culturas Andinas. Quanto aos bculos, Carol Mackey afirma que so
representados de forma simples na cermica (terminando em uma ponta ou
protuberncia circular), diferente das representaes de divindades com bastes
Huari, Tiahuanaco, Chavn e Cupisnique que terminam formando plantas, aves,
serpentes, ou outros animais.
95
Ainda, pode ser entendida como uma ressignificao do cnone em diversas situaes
contextuais estabelecendo, nas diversas sociedades/culturas, novos atributos pautados nas
condies sociais, geogrficas etc, as quais esto situadas. Nesse trabalho no propomos uma
interpretao ou soluo nesse sentido j que somente uma pesquisa que busque um vis
comparativo muito profundo centrado especificamente nessas figuras e seus atributos
relacionando as figuras as temticas e cenas em que aparecem poderia propor alguma resposta
a essa questo especfica.
96
120
Assunto de suma importncia que trataremos no prximo captulo com a devida ateno ao
relacionar os resultados da anlise apresentada neste terceiro captulo da dissertao.
121
El nombre huaca del Sol fue seguramente imposto por Tupac Yupanqui al conquistar el
Chim (Rostworowski 2004: 26).
97
[...] el Inca Tupac Yupanqui lleg al santuario e impuso la edificacin de um templo llamado
Punchao Cancha (o recinto del dia), estrutura mas importante e alta que la del viejo dios.
(Rostworowski 2004: 26).
122
98
99
100
101
1- Animal Lunar
102
Gnero: no evidenciado.
123
Como veremos adiante o toucado parece estar associado s figuras ancestrais na iconografia Chim.
103
3- Onda Antropomrfica
Jurgen Golte (1994) destaca os avanos dos estudos de Berezkin (1983) e Lieske (1992) entre
outros que catalogaram os diversos principais personagens reconhecveis por seus atributos
especficos na iconografia Mochica.
106
Esse conjunto de figuras (anexo 23) formado por dois tipos principais.
O primeiro tipo apresenta traos zoomorfos hbridos ou abstraes que
dificultam a sua identificao. Alguns deles apresentam membros e cabeas
semilunares. O segundo apresenta figuras, em geral aleatrias, que formam
rostos e corpos abstratos. Um deles um espiral que termina com um rosto
antropomorfo com toucado semilunar, igual ao da figura principal.
A recorrncia destes tipos de representaes baixa na nossa
amostragem, muitas vezes resumindo-se a um nico exemplar.
108
125
109
110
As
figuras
representadas
neste
grupo
esto
relacionadas
111
126
113
127
114
128
Destacamos tambm que, com um estudo mais cuidadoso das tipologias e das tcnicas das
colees, talvez seja possvel evidenciar sequncias cronolgicas mais refinadas desse processo;
j que pudemos evidenciar, em nosso estudo preliminar, uma grande variabilidade desse estilo
Chim. Consequentemente, reconhecemos que essa diviso em trs fases que propomos para
compreender a iconografia apenas uma referncia, j que um estudo mais especfico pode
apresentar um contexto muito mais complexo.
115
Tipologia de vasilhas Lambayeque proposta por Shimada em 1990 (Pimentel 2007: 4).
129
116
outros
casos,
Naylamp
aparece
associado
com
figuras
Pintura mural descoberta por Izumi Shimada em Huaca Las Ventanas, no Complejo
Arqueolgico Batn Grande (Pimentel 2007: 10-11).
118
[] are virtually devoid of supernatural motifs, and seldom even depict high status
individuals (Donnan 1992: 123).
132
Por ser o foco deste trabalho as figuras antropomorfas e seus elementos, no foi dada nfase
na descrio e mapeamento dos elementos geomtricos presentes na iconografia inca.
131
121
133
Guamm Poma destaca a importncia dos Amarus (cobras e serpentes) como smbolos
associados aos primeiros governantes Incas (Guamm poma 1992 [1615]: 63).
134
Outras espcies de animais tambm so recorrentes na iconografia tardia da Costa Norte princa, inclusive os felinos. No entanto, no foram observadas peas que associassem diretamente
esses animais s figuras de poder desse perodo. Da observao de material Mochica e
transicional Huari, em ambas as iconografias a representao das serpentes e felinos recorrente,
associada a divindades e figuras de poder.
122
Animais Especficos
Serpentes e lagartos
Felinos
Macacos
Cameldios
Peixes
Raias
Moscas
Liblulas
Mariposas
Aranhas
Gara
Pelicano
Cormoro
Caranguejo
Chim
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Presena
Inca Chim-Inca
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
da
iconografia Andina Pr-Colonial, uma vez que esta apresenta aspectos muito
particulares da cosmoviso Andina que pouco se espelham nos critrios
ocidentais de representao.
124
125
135
No foram encontradas peas que caracterizam o Grupo 1.C de figuras zoomorfas com
atributos de poder na cermica inca.
126
1-
O conjunto formado por apenas quatro peas que foram observadas nas
colees do Museo Inka de Cusco e do Museo Larco. So exemplos das raras
representaes de figuras antropomorfas com atributos de poder na iconografia
cusquenha (anexos 46 e 46.1).
As peas 202 e 204 apresentam quatro figuras antropomorfas com
toucados emplumados e objetos similares a bastes em uma das mos. Tambm
apresentam possveis asas emplumadas, o que no conjunto nos faz questionar
se se trata de representaes humanas ou sobrenaturais. A presena dos
bastes e do nmero quatro nos faz associar os personagens origem mtica
dos Incas (o mito dos irmos Ayar) ou mesmo uma variao da figura do
Senhor dos bastes, tradicional nas iconografias religiosas pr-Incas. J a
figura 203, apresenta duas duplas de figuras antropomorfas com tnicas e
toucados do tipo gorros serranos. So representadas frontalmente, de maneira
abstrata e sem outros atributos de poder expressivos.
O arbalo das figuras 205 e 206 do anexo 46.1 representa uma dupla de
antropomorfos que parece representar uma figura masculina e outra feminina.
A figura feminina, apresenta uma tnica e utiliza ferramentas aparentemente
relacionadas tecelagem. A figura masculina, com diversos atributos de poder
reconhecveis, apresenta uma tnica bem elaborada com uma representao do
127
sol ou de uma estrela no centro. Utiliza um toucado com borla e pluma e segura
um machado de haste. A tcnica de inciso empregada para a reproduo da
iconografia no foi observada em nenhuma das peas do estilo Inca Cusco, o
que nos faz associar a pea ao perodo Colonial.
2-
pirmides
3-
zoomorfos
4-
129
136
130
do Horizonte Tardio, com os traos cada vez menos sobrenaturais, difcil ter
certeza se o animal representado realmente o Animal Lunar (mtico). De toda
forma, a representao do Animal Lunar com seu toucado nas taas um
exemplo da permanncia desta figura tradicionalmente reproduzida, desde o
perodo Moche, no Horizonte Tardio.
assim, apenas com base nos dados iconogrficos difcil propor que a
representao dos pescadores nos estilos Chim e Inca-Chim certamente
corresponda a figuras de poder e que a sua recorrncia no perodo Inca seja
consequncia direta de um desequilbrio das relaes de poder em nvel local.
137
Apenas uma pea, anexo 60, foi encontrada com este toucado muito
caracterstico em forma de cabea zoomorfa (possivelmente uma raposa). A
figura carrega uma bolsa e acompanhada de outra figura antropomorfa tocando
tambor e instrumento de sopro. Ambas so ligadas pela ala da vasilha.
138
O tipo de pintura facial visto nas figuras 292, 293 e 298 muito
recorrente no estilo Inca de Cusco. De acordo com a interpretao de Jenaro
Fernndez Baca, o motivo poderia ser associado aos Quipus e as figuras
representariam mulheres (pela presena de tranas em alguns exemplares
como nas imagens 292 a 297) Quipucamayocs, especialistas na confeco e
leitura dos Quipus (Fernandez 1973: 23)138. Ademais deste tipo, foram
encontradas outras peas do estilo Inca da Costa Norte com pinturas faciais
diversas como visto nas restantes imagens.
4-
140
Grupo 2
Grupo
1.A
Grupo
1.B
Grupo
1.C
Grupo
2.A
Grupo
2.B
Costa Norte
Tardia
Pr-Inca
Alta
Alta
Baixa
Mdia
Mdia
Costa Norte
Inca
Baixa
Baixa
Inexistente
Mdia
Mdia
141
142
CAPTULO IV:
A guerra dos Chancas, o culto ancestral e a religio oficial do
Estado
143
141
Em alguns contextos o Alto Sacerdote assume funes guerreiras, como no caso da guerra
entre Huascar e Atahualpa, e no governo ttere de Manco Inca, no qual o alto sacerdote do Sol
tinha funes militares como um general guerreiro.
142
Subentende-se aqueles que constituem as narrativas tardias que sinteticamente explicam a
origem dos incas ao mesmo tempo em que justificam o status quo das elites do Tahuantinsuyu
diante dos cronistas espanhis; mitos que podem ter sido manipulados do ponto de vista poltico
para compreender a complexidade social incaica. Aqui no vamos apresentar os mitos ou
interpret-los, apenas ressaltamos a sua importncia no processo de construo, via-de-regra,
manuteno da ideologia propagada pelo Estado.
144
145
143
146
The narratives suggest that the political climate put a premium on military leaders who
could deliver security and spoils and that the warlords and their adherents benefited especially
from predatory warfare. With each success, war may have increasingly concentrated power in
the hands of a few families (D`Altroy 2011: 61).
144
147
145
148
149
146
The Inca Huiracocha, eighth king of Cuzco put on the fringe, which was the same as crowing
himself king [] Since his father had not been a warrior, nor had he tried to conquer new lands,
Huiracocha found the military to be very disheartened and held in low steem; so the first thing
that he endeavored to do was to restore its importance by offering great honors and awards to
those who wanted to enlist [] very soon a splendid army was assembled in the city of Cuzco
[] Among the indians there is the recollection that Huiracocha made war on these Lords
because they were unhappy about what he had done to his father when he took the kingdom
away from him, and that they were also unhappy that he had made changes in matters
pertaining to their religion by commanding that the god Huiracocha be given preference over
the Sun and the rest of the gods, and they complained about it. (Cobo 1983 [1653]: 130-131).
150
figura brilhante como o astro. O povo teria assim passado a chamar o Inca de
filho do Sol (Betanzos 1996 [1557]: 29).
O relato tambm conta que Huiracocha Inca, estava triste, invejoso e
com dio do filho, por sua vitria. O Inca se negara a reconhecer a vitria do
filho, a menos que ele permitisse que Inca Urco147 eleito sucessor pelo Sapa
Inca tratasse os esplios de Uscovilca148. Isso sugere que Inca Urco ainda seria
reconhecido como sucessor de Huiracocha Inca, pois ele teria sido o responsvel
por distribuir as insgnias e esplios do chefe derrotado. No inclinado vontade
do Sapa Inca, Inca Yupanqui resolve retornar a Cusco e, por ordens do pai,
torna-se alvo de uma emboscada que fracassa em tentar assassin-lo em seu
caminho de volta (Betanzos 1996 [1557]: 30-32). Assim, o Inca vitorioso reuniu
os esplios da guerra e ofereceu sacrifcios divindade Huiracocha, dividindo
o resto entre todos que participaram da batalha, de acordo com a hierarquia.
Logo, muitos dos que acompanharam o Sapa Inca Huiracocha em sua fuga
reconheceram Inca Yupanque, por sua honra e generosidade, retornando a
Cusco e pedindo perdo, oferecendo-lhe vassalagem. (Betanzos 1996 [1557: 3742). Da mesma forma, muitos curacas de diversas partes vieram a Cusco, com
o mesmo propsito, pedindo que o jovem fosse seu senhor, desejo concedido
com desgosto pelo Sapa Inca:
Eles imploraram a ele [Yupanque] a aceit-los sob sua
proteo como seus vassalos e que ele tomasse a faixa com a
borla e o posto de Inca [...] Huiracocha Inca rejeitou a
insgnia real e a faixa. Ele a colocaria na cabea de seu filho
Inca Yupanque. Depois daquilo, os senhores se levantaram e
um a um lhe deram agradecimentos, mostrando que
consideravam a renncia de sua autoridade transmitindo-a ao
seu filho Inca Yupanque, a quem eles amavam e queriam que
fosse seu senhor, um grande favor para eles. (Betanzos 1996
[1557]: 42-43)149.
147
Em relao a Inca Urco, na verso de Bernab Cobo, era um irmo bastardo de Pachactec
que tramava um golpe para tomar o poder. Razo pela qual, Pachactec teria mandado matar o
irmo (Cobo 1983 [1653]: 137).
148
Nome dado pelo cronista ao grande senhor da nao Chanca.
149
They begged him [Yupanque] to take them under his protection as his vassals and for him to
take the borla fringe and office of Inca [] Huiracocha Inca rejected the royal insignia and
fringe. He would put it on the head of his son Inca Yupanque. After that, the lords stood up and
one by one they went to give him many thanks, showing that they considered his renouncing
his authority and giving it to his son Inca Yupanque, whom they loved and wanted to be their
lord, a great favor to them. (Betanzos1996 [1557]: 42-43).
151
[] They hold that there is a creator whom they call Huiracocha Pacha-Yachachic, which
means creator of the world, and they believe that this one made the Sun and everything []
they differ in this in every way. Sometimes they hold the Sun up as the creator, and other times
they say it is Huiracocha (Betanzos1996 [1557]: 44).
150
152
change of time or of the world; this is because as a result of his excellent government []
the world seemed to have turned around [] (Cobo 1983 [1653]: 133).
151
154
155
152
[...] the indians had come to realize that there was only one true God and first cause, and
thought they somewhat vague on the matter, they adored him as the Creator of all things. (Cobo
1990 [1653] : 6).
153
Nomenclatura atribuda pelos espanhis aos membros da elite incaica devido s pesadas
orelheiras que portavam.
156
154
Neste trabalho no vamos analisar os detalhes das narrativas mticas e nem nos ater s
especificidades dos relatos de cada cronista.
158
159
160
pblico (em Cusco), onde eram afrontadas e insultadas pelo povo. Ao final das
rebelies, eram restauradas ao santurio e honradas com os devidos sacrifcios
e cerimnias. No discurso dos Incas, as provncias eram restauradas ao seu
domnio pelo prprio poder das huacas:
Neste momento os Incas diriam que a provncia havia
se submetido atravs do poder dos deuses dos
prprios rebeldes, os quais queriam evitar serem
insultados. E ainda dito que a maioria dos rebeldes
se rendia somente por ouvir dizer que seus dolos
haviam sido expostos aos insultos pblicos (Cobo
1990 [1653]: 3-4) 157.
At this time the Incas would say that the province had been subdued through the power of
the rebels gods, who wanted to avoid being insulted. And it is even said that the majority of the
rebels surrended just because they heard that their idols were exposed to public insults (Cobo
1990 [1653]: 3-4).
158
Illapa ou Inti-Illapa o deus trovo, raio e arco-ris foi uma divindade relacionada chuva,
descrita como um homem no cu carregando uma clava e uma funda. Os relmpagos e o som
do trovo eram produzidos por sua funda e a luz dos raios era o brilho de seus ornamentos
quando se movia no cu (D`Altroy 2011: 149). De acordo com Bernab Cobo, o Trovo era o
segundo na hierarquia depois do Sol (Cobo1990 [1653] : 29).
161
[] if any guaca did not receive an offering, it would became angry with the Inca and take its
vengeance on him, punishing him for this oversight. (Cobo1990 [1653]: 155).
159
162
Sobre o governo de Maita Cpac, o cronista afirma que este Inca foi um
grande inimigo dos dolos. Como tal, havia dito s pessoas que no fizessem
163
caso do Sol e da Lua, pois esses haviam sido mandados a servio dos homens
(Pachacuti 1995 [1630]: 33-35). Em outra passagem, o relato evoca um conflito:
[...] dicen que el Inca venci a Cacuay. Dicen que este
demonio de aquella casa [onde o confrotou o Inca] sali
dando gritos como truenos y rayos y que desde entonces todos
los huacas siempre les teman a los Incas [] (Pachacuti
1995 [1630]: 45).
164
Segundo Cobo:
[] no apenas eles tentam mant-los em submisso como
subordinados, mas tambm os foravam a aceitar os dolos
Incas, defender totalmente as opinies Incas, aprender os
ritos e cerimonias Incas [...] provado que quando alguma
provncia se rebelava, no apenas eles se recusavam a
obedecer aos Incas, mas tambm se opunham religio Inca:
e esse era o principal pretexto que os Incas tinham para
conquist-los novamente e a razo para puni-los
rigorosamente, como contam os prprios ndios(Cobo 1983
[1653]: 187-188).160
160
[] not only they try to hold them in submission as subjects, but they also compelled them to
accept Inca idols, hold Inca opinions entirely, learn Inca rites and ceremonies [] it is a proven
fact that when some provinces rebelled, not only did they refuse to obey the Incas, but they also
opposed the Inca religion; and this was the main pretext that the Incas had to conquer them
165
166
Sobre a relao dos Incas com as prticas religiosas dos seus vassalos,
Garsilaso de la Vega afirma que:
[] todo lo que no era contra su idolatra ni contra las leyes
comunes tuvieron por bien aquellos reyes Incas dejarlo usar
a cada nacin como lo tenan en su antigedad [] (De La
Vega 2004 [1608]:411)
161
Uana Cauri, huaca associada na obra de Guamam Poma as narrativas mticas de origem dos
Incas.
168
162
170
171
seu prprio sistema religioso institucional. Se esse antigo sistema abarca o culto
ancestral da dinastia Chim, o que, por sua vez, legitima sua autoridade e o
carter expansivo de seu poder parecido com o prprio sistema incaico logo,
o novo sistema Inca no pode simplesmente integr-lo, o que subentende a
reestruturao do sistema simblico local166.
Assim, no se trata apenas de uma manifestao tardia do enfrentamento
complementrio das foras Hanan e Hurin, ou seja, do duelo mtico travado
entre os deuses, para garantir o equilbrio csmico. Acreditamos que se trata,
sim, de uma negociao (um tanto impositiva) para que se justifique o culto
ao Sapa Inca que sustenta a relao de vassalagem entre cusquenhos e os
senhores locais. Isso significa que, em parte, o culto ancestral local, que
garantiria o direito de propriedade de terras para os seus grupos de poder, seria
repassado aos Incas e seus mortos ancestrais.
As panacas reais de Cusco teriam, assim, terras em todas as provncias
conquistadas; provavelmente as melhores terras e o controle dos melhores
recursos (Conrad & Demarest 1998: 120). Do ponto de vista socioeconmico, a
presena Inca impe o uso dos recursos locais em interesse do Estado, com
parcelas167 destinadas ao sustento de seu carter expansionista, da promoo do
culto solar e de outras formas de se garantir seu culto ancestral, ou seja, as
panacas reais de Cusco para o sustento de seus mortos e sua capacidade de
renovar laos de reciprocidade e alianas entre seus mortos, os deuses, as huacas
e, claro, as lideranas polticas. A sntese disso tudo que, alguns certamente
perderam parte de suas terras, bem como espao dentro deste cenrio poltico
que se desenvolveu no Horizonte Tardio.
Neste captulo apresentamos diversas evidncias da tenso entre o
fenmeno da expanso incaica legitimada pelo culto ancestral e a religio oficial
do Estado e a integrao dos cultos locais dentro deste sistema. O poder dos
curacas aliado s suas huacas parece ter tido um papel fundamental nas relaes
de poder entre os Incas e os seus subordinados a nvel local, como forma de
166
Dessa forma no h como, e nem objetivo do nosso trabalho, precisar em que ponto houve
coeres ou proibies de prticas religiosas locais. O que podemos estabelecer a priori o
desmantelamento de todo um complexo sistema poltico/religioso local ao ponto em que haja
uma confluncia entre a religiosidade local e o novo sistema hierrquico introduzido (pela
conquista) e encabeado pelos interesses incaicos e seu prprio sistema poltico/religioso a
sim, integrativo.
167
Entenda-se grupos produtivos e terras (destinadas aos interesses estatais).
173
174
Consideraes finais
Percebemos
uma
grande
reduo
das
principais
prticas religiosas impostas pelos Incas (Cobo 1983 [1653]: 187-191). Alm
disso, Cobo e Juan de Betanzos chamaram ateno para a imposio de um
sistema institucional em que os membros da elite incaica assumiam para si a
responsabilidade das prticas rituais e cerimnias (Cobo, 1983 [1653];
Betanzos, 1996 [1557]: 160).
Vimos que nos relatos presente ainda a ideia de golpes de estado
associados a cultos religiosos (Inti e Huiracocha) promovidos por grupos de
poder, ou linhagens especficas. A prpria confuso dos relatos sobre a
identificao destas divindades e sua importncia dentro de um panteo
incaico reflete a complexidade da relao entre as crenas religiosas e a
institucionalizao de cultos especficos. No toa, com base nas crnicas, a
pesquisadora Maria Rostworowski ressalta a diviso cronolgica das panacas,
atribuindo os grupos de parentesco dos cinco primeiros governantes a Hurin
Cusco e os seis ltimos a Hanan Cusco; descartando Huascar e Atahualpa
(Rostworoski 2009: 45; Rostworoski 2007: 137).
Acreditamos que o problema apresentado no quarto captulo desta
dissertao referente aos governos dos Sapa Incas relacionados ao episdio da
guerra contra os Chancas indique a possibilidade de oscilaes de grupos
especficos de linhagens, e que possvel relacionar isso com as ditas reformas
religiosas. Nos perguntamos, assim, se a diviso proposta pela autora inclu
aspectos relacionados as oscilaes e transies de poder evidenciadas nesse
perodo. Ressaltamos em nosso trabalho a complexidade das relaes
poltico/religiosas entre os reinados de Yhuar Hucac Inca, Huiracocha Inca e
Pachactec Inca no que diz respeito as reformas sociais, religiosas e polticas.
Os relatos dos sculos XVI e XVII unanimemente, apontam assassinatos,
execues, golpes, mudanas estruturais no sistema de sucesso, e da
institucionalizao de cultos religiosos associados ao Estado, conflitos e
intrigas entre as panacas e, especialmente, a guerra entre as faces que
apoiaram Huascar ou Atahualpa num longo e sangrento conflito militar. Dessa
maneira, apontamos a necessidade de aprofundar essa discusso para uma maior
compreenso dos aspectos polticos envolvidos na ascenso do Tahuantinsuyu.
177
De ese modo, pese la crisis que se deba enfrentar en cada proceso sucesorio, quedaba
asegurada en los Andes la supremaca cusquea, siendo as posible que el nuevo Inca construiera
su propio espacio de poder, al mismo tiempo que ampliaba o consolidaba las fronteras de la
influencia incaica. De hecho, solo de esta manera es que se puede entenderse la permanencia
incaica en el poder Andino: si asumiramos que todos los vnculos con las etnias Andinas se
perdan con la muerte del Inca, resultara imposible asegurar la supremaca incaica en el rea
(Hernndez Astete 2012: 20).
168
178
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179
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197
Anexo I
500
1000Km
198
UNIVERSIDADE DE SO PAULO
MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ARQUEOLOGIA
Poltica e religio no Tahuantinsuyu inca: evidncias das relaes centro x periferia de Cusco
na cermica arqueolgica da Costa Norte peruana.
v.2 (Catlogo)
So Paulo
2014
UNIVERSIDADE DE SO PAULO
MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ARQUEOLOGIA
MARCIO LUS BASO DE FIGUEIREDO
Poltica e religio no Tahuantinsuyu inca: evidncias das relaes centro x periferia de Cusco
na cermica arqueolgica da Costa Norte peruana.
v. 2 (Catlogo)
de
Ps-Graduao
em
rea de Concentrao:
Arqueologia
Linha de Pesquisa:
Cultura
material
representaes
simblicas em arqueologia
So Paulo
2014
ndice
1- Seo 1 Aspectos Estilsticos
Anexo 1: Iconografia Inca-Cusco Tipos A e B
10
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99
100
101
Seo 1
Aspectos Estilsticos
Fig 3: ML, cod. ML010514 foto do catlogo digital. Fig 4: MI, cod. s/c Foto do pesquisador. Cultura
Cultura Inca-Cusco: Arbalo cusquenho de padro Inca-Cusco: Arbalos cusquenhos Tipo A e B.
Tipo B.
Fig 5: ML, cod. ML026455 foto cedida pela Fig 6: ML, cod. ML026456 foto do catlogo
instituio. Cultura Inca-Local (Costa Norte): Arbalo digital. Cultura Inca-Local (Costa Norte): Arbalo
imitando padro Tipo A.
imitando padro mesclado Tipo A e B.
10
11
Seo 2
Figuras de Poder da Iconografia da
Costa Norte Pr-Inca
12
Fig 19: MB, cod. 01636 imagem cedida pela Fig 20: MB, cod. 01919 foto do pesquisador.
instituio. Cultura Chim: Representao da Cultura Chim: Representao da figura
figura antropomorfa de toucado semilunar.
antropomorfa de toucado semilunar.
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17
18
19
poder.
20
21
Fig 54: Imagem retirada de publicao (Vergara & Sanches 2008: 40). Cultura
Mochica: representao de toucados de guerreiros.
Fig 55: Imagem retirada de publicao (Vergara & Sanches 2008: 179). Cultura
Mochica: representaode cerimnia de sacrifcio (ateno aos toucados).
22
23
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25
26
27
Fig 76: MNAAHP, cod. s/c foto do pesquisador. Cultura ChimLambayeque: representao de tema marinho com a onda de rosto
antropomorfo.
28
29
30
31
Fig 87 e 88: MAE/USP, cod. 3602 foto do pesquisador. Cultura Chim: representao de figura com toucado
de serpente de duas cabeas, presas de animal, copo cerimonial, colar e peitoral.
32
Figs 89, 90, 91 e 92: ML, cod. ML026798 foto do catlogo digital. Cultura Chim-Inca (?):
33
34
35
36
37
Fig 107: ML, cod. ML021155 foto do catlogo digital. Cultura Chim:
figuras antropomorfas em tema de duelo.
Fig 108: MB, cod. ML021157 foto do catlogo digital. Cultura Chim:
figuras antropomorfas em tema de duelo.
38
39
40
Fig 116: MAUNT, cod. 74 foto cedida pela Fig 117: MCHAP, cod. mchap-3355-1 foto do
instituio. Cultura Chim: figura antropomorfa de catlogo digital. Cultura Chim: rosto antropomorfo
toucado cnico com outra figura antropomorfa no com toucado cnico.
colo.
41
42
Fig 122: MAUNT, cod. 3549 foto cedida pela instituio. Cultura
Chim: representao de figura antropomorfa tocando instrumento
sonoro.
43
44
Fig 127 e 128: MAE/USP, cod. 3601 foto do pesquisador. Cultura Chim: figura antropomorfa com
toucado simples e taparrabo.
45
46
47
Seo 3
Aspectos Gerais da Iconografia
Inca
48
49
Fig 145: ML, cod. ML026458 foto cedida pela Fig 146: MC, cod. s/c foto do
instituio. Cultura Inca: Arbalo estilo Inca- pesquisador. Cultura Inca: vaso de bojo
Local representando motivos geomtricos.
duplo aribalide Inca-Local representando
motivos geomtricos.
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52
53
foto do
vasilha
vasilha,
motivos
54
Fig 158 e 159: MC, cod. s/c foto do pesquisador. Cultura Inca: Arbalo Inca-Local
representando motivos geomtricos no bojo e insetos (moscas) no gargalo.
Fig 160 e 161: ML, cod. ML013788 foto do catlogo digital. Cultura Inca: Arbalo representando
motivos geomtyricos e insetos (liblulas e moscas).
55
56
Fig 164: MN-UFRJ, cod. 9911 foto cedida pela Fig 165: MAUNT, cod. s/c foto do
instituio. Cultura desconhecida (Inca?): vaso pesquisador. Cultura Inca: vaso de bojo
escultrico representando felino manchado.
duplo aribalide Inca-Local Costa Norte
representando felino.
57
58
Fig 171: MB, cod. 00963 foto cedida pela Fig 172: MB, cod. 00960 foto cedida pela
instituio. Cultura Inca: Arbalo estilo Inca- instituio. Cultura Inca: Vaso estilo Inca-Local
Local da Costa Norte representando serpente. da Costa Norte representando serpente.
Fig 173: MB, cod. 01022 foto cedida pela Fig 174: MB, cod. 01030 foto cedida pela
instituio. Cultura Inca: Arbalo estilo Inca- instituio. Cultura Inca: Vaso estilo Inca-Local
Local da Costa Norte representando serpente. da Costa Norte representando serpente.
59
Fig 175: MAUNT, cod. 1263 foto cedida Fig 176: MC, cod. s/c foto do pesquisador.
pela instituio. Cultura Inca: Arbalo estilo Cultura Inca: Arbalo estilo Inca-Local Costa
Inca-Local Costa Norte representando lagarto. Norte representando lagarto.
60
61
Fig 183: MMA, cod. 1979.206.1007 foto do Fig 184: MMA, cod. 1979.206.1009 foto
catlogo digital. Cultura Inca: prato do catlogo digital. Cultura Inca: prato
representando cabea de condor.
representando cabea de condor.
62
Fig 187: MAUNT, cod. 3434 foto cedida Fig 188: MNAAHP, cod. s/c foto do
pela instituio. Cultura Inca: vaso escultrico pesquisador. Cultura Inca: vaso estilo Incaestilo Inca-Local Costa Norte representando Local Costa Norte representando ave.
ave.
63
64
Fig 194: MN-UFRJ, cod. 9868 foto cedida Fig 195: MTRS, cod. s/c
foto do
pela instituio. Cultura Inca: Arbalo pesquisador. Cultura Inca: Vaso de bojo
representando aves marinhas.
duplo estilo Inca-Local da Costa Norte
representando ave marinha.
65
66
Seo 4
Antropomorfos e Figuras de Poder
na Iconografia Inca
67
68
69
instituio. Cultura Inca: Arbalo de estilo IncaLocal da Costa Norte representando figuras
antropomorfas com toucados emplumados no
interior de uma pirmide escalonada.
70
71
72
Fig 219 e 220: MB, cod. 02265 foto do pesquisador. Cultura Inca: Arbalo de estilo Inca-Local da Costa
Norte representando figuras antropomorfas com toucado semilunar, felino e Animal Lunar(?).
73
Fig 222 e 223: ML, cod. ML027727 foto cedida pela instituio. Cultura Inca: vaso de bojo duplo
aribalide representando figura Chim de toucado bifurcado.
74
75
Fig 231 e 232: MB, cod. 05238 foto do pesquisador. Cultura Inca: vaso de bojo duplo aribalide estilo Inca-
Local Costa Norte com representaes do Animal Lunar e geomtricos nos bojos e macacos e felinos no
gargalo.
76
77
Fig 237 e 238: MB, cod. 04139 e 04140 fotos do pesquisador. Cultura Inca: Taas estilo Inca-Local da
Costa Norte representando animal Lunar com e sem o toucado semilunar (detalhe na figura 238).
Fig 239 e 240: ML, cod. ML028080 foto cedida pela instituio. Cultura Inca: Taa estilo Inca-Local da Costa
Norte representando animal Lunar com o toucado semilunar (detalhe na figura 240).
78
Fig 241 e 242: ML, cod. ML027693 foto cedida pela instituio. Cultura Inca: vaso de bojo
duplo representando macaco, aves marinhas, peixes e Animal Lunar com toucado (detalhe figura 242).
Fig 243 e 244: MNAAHP cod. ML027815 foto cedida pela instituio. Cultura Inca: vaso de bojo
duplo representando aves marinhas, peixes e Animal Lunar com toucado (detalhe figura 244).
79
Fig 247 e 248: ML, cod. ML026830 foto cedida pela instituio. Cultura Inca: vaso de ala estribo estilo Inca-Local
da Costa Norte representando figura antropofitomorfa com toucado semilunar com borlas e corpo revestido de espigas
de milho (comparar com a figura 68 do anexo 16).
80
81
82
Fig 257 e 258: MNAAHP, cod. s/c foto do pesquisador. Cultura Inca: vaso de bojo duplo escultrico
estilo Inca Local da Costa Norte representando figura antropomorfa sentada com toucado (detalhe de felino
estilizado no toucado figura 258).
83
Norte
representando
figura
antropomorfa com toucado e tnica
tocando tambor e instrumento sonoro
de sopro.
84
85
Fig 267 e 268: MNAAHP, cod. s/c foto do pesquisador. Cultura Inca: Paccha estilo Inca-Local da Costa
86
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Fig 279, 280, 281 e 282: ML cod. ML027741 foto cedida pela instituio. Cultura Inca (?): Vaso de bojo
duplo escultrico com borda extrovertida representando figuras antropomorfas vestindo toucados em forma
de cabea de animal (no identificado) e faixa simples junto ao gargalo.
90
91
Fig 284 e 285: MAE/USP, cod. 3649 foto do pesquisador. Cultura Inca: vasilha escultrica de bojo
aribalide representando rosto antropomorfo mascando coca e vestindo toucado com motivo escalonado e
crculo espelhados (detalhe figura 285).
92
Fig 288, 289, 290 e 291: ML, cod. ML040326 foto cedida pela instituio. Cultura Inca
(colonial?): representao de figuras antropomorfas sem atributos de poder associadas a arbalos e
ferramentas de agricultura.
93
Fig 292 e 293: MN-UFRJ, cod. s/c fotos do pesquisador. Cultura Inca: Arbalo estilo Inca-Cusco
(local?) com iconografia geomtrica e rosto antropomorfo no gargalo com pintura facial.
Fig 294 e 295: MI, cod. s/c fotos do pesquisador. Cultura Inca: Arbalo estilo Inca-Cusco com
iconografia tipo A e rosto antropomorfo no gargalo com pintura facial e moscas.
94
95
96
97
Fig 307 e 308: ML, cod. ML026501 foto cedida pela instituio. Cultura Inca: Vaso de bojo aribalide estilo
Inca-Local da Costa Norte com rosto no gargalo
98
99
100
Fig 317 e 318: MCHAP, cod. mchap-0422-1 foto do catlogo digital. Cultura Inca: representao
escultrica de felino agarrando cabea/mscara do senhor de Lambayeque.
101