Pato Mergulhao PNSC

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USO DE HBITAT E HISTRIA NATURAL DO

PATO-MERGULHO (MERGUS OCTOSETACEUS)


NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DA
CANASTRA E REGIO
RELATRIO FINAL

Foto: Carlos Eduardo Carvalho/TERRA BRASILIS

Autora
Ivana Reis Lamas

2002

Presidente da Repblica
Fernando Henrique Cardoso
Ministro do Meio Ambiente
Jos Carlos de Carvalho
Presidente do IBAMA
Rmulo Jos Fernandes Barreto Mello
Diretor de Ecossistemas
Jlio Cesar Gonchorosky
Coordenador Geral de Unidades de Conservao
Jos Lzaro Arajo Filho
Coordenadora de Planejamento
Ins de Ftima Oliveira Dias
Gerente Executivo do IBAMA em Minas Gerais
Jader Pinto de Campos Figueiredo
Chefe do Parque Nacional da Serra da Canastra
Rosilene Aparecida Ferreira
Gesto do Contrato deste trabalho no IBAMA
Augusta Rosa Gonalves
Jos Osnil Nepomuceno
________________________________________________________
Este documento foi elaborado com recursos da Compensao Ambiental do
Empreendimento UHE Igarapava, atendendo as condicionantes da Licena
de Operao N 25/98
________________________________________________________
Empreendedor
CONSRCIO DA USINA HIDRELTRICA DE IGARAPAVA
Diretor Presidente Jos Maciel Duarte de Paiva
Diretor de Operao - Srgio Carvalho Mendona
Diretor Administrativo e Financeiro Lus Mendes Carvalho
Gesto do Contrato PARNACANASTRA - Gleuza Jesu
________________________________________________________
Executor deste trabalho
INSTITUTO TERRA BRASILIS DE DESENVOLVIMENTO SCIOAMBIENTAL
Presidente - Snia Rigueira

ii

AGRADECIMENTOS

Agradeo a Snia Elias Rigueira, Jean Pierre Santos, Carlos Eduardo


Alencar Carvalho, Lemuel Olvio Leite, Rosilene Aparecida Ferreira,
Jos Fernando Pacheco, Mauro Guimares, Luiz Fbio Silveira, Wolf
Bartmann, Luiz Pedreira Gonzaga, Patrcia Lopes Carneiro, Tatiana
Maschtakow B. Paes e Roberto Murta. Aos funcionrios do Parque:
Delmo Holier Alves, Amadeo Paulo dos Santos, Adaniel Donizete
Matos, Henrique Zecchi, Jos Franco Baslio, Wagner de Lima
Moreira e Jos de Lima Moreira. Aos bilogos do projeto de reviso
do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da Canastra:
Dante Buzzetti, Lcio Bed, Fbio Vieira, Rogrio de Paula, Rosana
Romero, Renato Feio, Roberto Antonelli Filho e Leonardo Viana.
Agradeo tambm a Marcos Rodrigues, Baz Hughes, Edmar Moretti,
Alexandre Godinho, Adriano Paglia, Yuri Leite, Alexandre Dinnouti,
Marco Antnio Andrade, Fabrcio R. Santos, Germn Mahecha,
Rodrigo A.F. Redondo, Gisele Dantas, Paulo Henrique Fiote, e aos
vrios moradores da regio que forneceram valiosas informaes que
muito ajudaram no desenvolvimento deste trabalho.

iii

SUMRIO

INTRODUO ....................................................................................... 1
PROCEDIMENTOS ............................................................................... 4
RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................ 10
DISTRIBUIO E TAMANHO DA POPULAO ............... 10
PREFERNCIA DE HBITAT .................................................. 14
ATIVIDADES REPRODUTIVAS ............................................. 18
AMEAAS .................................................................................... 23
PROPOSTAS DE MANEJO E CONSERVAO ........................... 26
BIBLIOGRAFIA .................................................................................. 29
ANEXO I TABELAS ....................................................................... 30
.
ANEXO II FOTOS ......................................................................... 39

iv

INTRODUO

A intensa degradao ambiental, conseqncia do desordenado desenvolvimento humano, tem


levado a um quadro de srio comprometimento da diversidade biolgica mundial. Muitas
espcies vegetais e animais vm sofrendo pronunciadas redues de suas populaes,
tornando-se escassas e, no raramente, ameaadas de extino. A eroso da biodiversidade
vem sendo considerada como um dos problemas atuais mais srios a ser enfrentado pela
humanidade. A perda das espcies existentes na Terra irreversvel e causa o colapso dos
ecossistemas e seus processos ecolgicos.
A despeito de ser um dos pases mais ricos em diversidade biolgica, o Brasil tambm tem
sido alvo de uma ocupao macia e desordenada, estando os remanescentes de vegetao
natural ilhados e sob forte ameaa. Como conseqncia, muitas das espcies brasileiras
encontram-se ameaadas de extino. A preocupao com a perda do patrimnio biolgico
levou incluso na Constituio brasileira de diretrizes para a sua conservao,
determinando, no captulo VI, Art. 225, pargrafo 1, inciso VII, como responsabilidade do
Poder Pblico proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem
em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino das espcies ou submetam os animais
crueldade.
O Brasil a terceira nao mais rica em espcies de aves (1622 espcies), perdendo apenas
para a Colmbia (1721 espcies) e Peru (1701 espcies) (Mittermeier et al. 1992). Em 1989,
108 das aves brasileiras foram consideradas ameaadas de extino e outras 24
insuficientemente conhecidas e presumivelmente ameaadas (Portaria Ibama 1522, de
19/12/1989). A lista da fauna brasileira ameaada de extino encontra-se em processo de
reviso e previsvel que esses nmeros aumentem consideravelmente, tendo em vista a
crescente devastao dos ambientes naturais e o incremento do conhecimento biolgico sobre
as espcies nativas.
Entre as aves mais ameaadas de extino no Brasil e no mundo destaca-se o pato-mergulho,
Mergus octosetaceus. A Unio Internacional para Conservao da Natureza (IUCN) lista esta
espcie como uma das 23 aves brasileiras criticamente ameaadas globalmente (BirdLife
International 2000). Sua conhecida rea de distribuio abrangia o centro-sul do Brasil
(Gois, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, So Paulo, Rio de Janeiro, Paran e Santa
Catarina) e partes do Paraguai e Argentina (Pacheco & Fonseca 1999, Antas 1996). Nas
ltimas dcadas, essa espcie foi registrada em apenas algumas localidades no Brasil,
geralmente reas protegidas como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o Parque
Nacional das Emas, o Parque Nacional da Serra da Canastra e arredores (Silveira & Bartmann
2001, Collar et al. 1992). Recentemente foi tambm confirmada sua presena no oeste do
estado da Bahia (Pineschi & Yamashita 1999), e na rea de Proteo Ambiental do Jalapo
(V. S. Braz 2002, comunicao pessoal) ampliando assim sua distribuio original.
O pato-mergulho uma das mais raras aves aquticas do mundo (Bartmann 1988). Ele
ocorre naturalmente em baixas densidades e sua raridade no conseqncia exclusiva de
ameaas impostas pelo homem. Em 1901 ele j era descrito como muito raro (Bertoni 1901:
10 in Partridge 1956). Segundo Yamashita & Valle (1990) seu hbitat apresenta baixa
disponibilidade de alimento, comportando reduzido nmero de indivduos de cada espcie; e

em adio a essa baixa densidade das populaes locais so poucas as reas que dispem de
grande extenso de hbitat apropriado.
considerada criticamente ameaada nas listas oficiais de espcies ameaadas do mundo
(BirdLife International 2000) e das Amricas (Collar et al. 1992). Consta tambm da lista de
espcies brasileiras ameaadas (Portaria Ibama 1522/89). No Paraguai foi registrado pela
ltima vez em 1984 e parece haver pouco hbitat favorvel ainda disponvel. Um
levantamento em mais de 300km de rios na Argentina confirmou a existncia de um nico
indivduo e parece, portanto, j estar praticamente extinta tambm neste pas (Benstead et al.
1998). No estado do Paran, embora tenha sido considerada como provavelmente extinta
(Paran 1995), a espcie foi observada em 1997 no rio Tibagi (Anjos et al. 1997). Tambm
parece estar extinta no Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, So Paulo e Santa Catarina
(BirdLife International 2000). Em Minas Gerais considerada criticamente ameaada
(Deliberao Copam 041/95), sendo que a populao melhor conhecida encontra-se na regio
do Parque Nacional da Serra da Canastra (Silveira & Bartmann 2001, Bartmann 1995,
Bartmann 1988). Sua populao atual estimada em menos de 250 indivduos (BirdLife
International 2000).
Informaes biolgicas sobre M. octosetaceus so raras (Silveira & Bartmann 2001,
Bartmann 1995, Partridge 1956). No Brasil, seus hbitos foram relatados apenas por
Bartmann (1988) e Silveira & Bartmann (2001). O primeiro registrou 78 horas de observao
de uma famlia no Parque Nacional da Serra da Canastra, entre 1981 e 1984. Silveira &
Bartmann (2001) trabalharam intensamente no campo em 1996, e mais irregularmente entre
1997 e 2000. Eles registraram seis casais na rea do Parque e arredores. Tambm apresentam
dados de comportamento alimentar e reprodutivo, vocalizao, seleo de hbitats e propostas
para sua conservao.
O pato-mergulho habita rios e riachos limpos, com corredeiras, margeados de florestas, em
regies ermas e montanhosas, sendo arisco e de difcil observao (Silveira & Bartmann
2001, Collar et al. 1992, Bartmann 1988, Partridge 1956). Yamashita & Valle (1990)
argumentam que o principal fator limitante de sua distribuio a estrutura do rio, com guas
claras e corredeiras, e no o tipo de vegetao em suas margens, embora dependam desta
vegetao para nidificao. H registro de apenas um ninho para a espcie (Partridge 1956).
Ele foi descoberto em cavidade de rvore na mata ciliar (Partridge 1956). Provavelmente
reside o ano inteiro na mesma rea e o tamanho de seus territrios deve estar relacionado ao
nmero de corredeiras, cachoeiras, remansos, velocidade da gua e outros fatores que
determinam a qualidade destes territrios.
O desenvolvimento da agricultura, degradao das bacias e eroso dos solos tm afetado os
cursos d'gua favorveis ocorrncia de M. octosetaceus (Collar et al. 1992, Bartmann 1988,
Partridge 1956). Pequenas represas, inundando crregos, e a minerao de diamantes so
ainda citadas como causas do extermnio de seus hbitats. Sendo altamente vulnervel s
alteraes do hbitat e presso humana, Bartmann (1988) sugeriu que a sobrevivncia da
espcie est somente garantida em reas estritamente protegidas. Apesar disso, tem sido
registrado em poucos riachos nos arredores do Parque Nacional da Serra da Canastra (Silveira
& Bartmann 2001).
Entre as medidas propostas pelo Red Data Book para conservao do pato-mergulho esto
includos: realizao de censos atravs de sua rea de distribuio, monitoramento de
populaes conhecidas, e estudos biolgicos abordando parmetros tais como tamanho de

territrio e sucesso reprodutivo (Collar et al. 1992). Um plano de ao para conservao da


espcie est sendo elaborado por um grupo de trabalho afiliado ao IUCN-SSC/Wetlands
International Threatened Waterfowl Specialist Group, sob a coordenao do Dr. Baz Hughes.
Associado ao projeto de reviso do Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra da
Canastra, desenvolveu-se um estudo sobre o pato-mergulho voltado confirmao da
ocorrncia da espcie em diversos locais dentro e fora do Parque. At o incio do presente
estudo, havia sido registrada a presena de Mergus octosetaceus em trs localidades no
Parque e mais trs em sua periferia (Silveira & Bartmann 2001). Sendo a regio
extremamente rica em recursos hdricos aparentemente favorveis como hbitat para a
espcie, julgou-se que um levantamento mais detalhado na rea, procurando uma
aproximao mais realista do tamanho da populao local, seria uma das prioridades de
estudo no momento, mesmo considerando que todos os aspectos de sua biologia e
comportamento tambm necessitam ser pesquisados. Alm do registro de ocorrncia, sempre
que possvel, levantaram-se informaes biolgicas sobre a espcie. Os resultados do presente
projeto sero utilizados para subsidiar a reviso do plano de manejo do Parque.

PROCEDIMENTOS

As atividades em campo iniciaram-se em julho de 2001 com uma viagem de reconhecimento


da regio e identificao da estrutura local do Ibama. A partir de agosto foram realizadas
viagens mensais com durao de cerca de sete dias. Considerando que o primeiro e o ltimo
dia eram destinados ao deslocamento de Belo Horizonte para o local de trabalho, e deste para
Belo Horizonte, a mdia de tempo para coleta de dados em campo, por ms, foi de cinco dias.
Os cursos dgua amostrados foram previamente selecionados atravs de estudo das cartas
topogrficas do IBGE (1:50.000). A anlise destas cartas permitiu levantar os crregos e rios
que aparentemente apresentavam volume dgua significativo para ocorrncia do patomergulho. Para se alcanar os pontos propostos foi indispensvel o uso dos mapas e de GPS,
alm de informaes dos moradores. Em cada viagem procurava-se concentrar as
amostragens em determinada regio de modo a facilitar os deslocamentos e otimizar os
esforos de coleta de dados. Durante os deslocamentos para se alcanar os locais
selecionados, todos os cursos dgua avistados eram analisados para avaliao da
probabilidade de ocorrncia e viabilidade de amostragem. Tambm utilizaram-se informaes
de outros pesquisadores que trabalharam na regio (Rogrio C. de Paula, Lcio C. Bed, Luiz
Fbio Silveira).
Vrias propriedades rurais foram visitadas, tanto para a obteno de referncias de melhores
estradas e acessos, como para levantamento de indicaes da presena de Mergus
octosetaceus. No foram realizadas entrevistas formais com formulrios prontos, mas,
invariavelmente, a conversa era direcionada para a obteno de indicaes sobre os patosmergulhes. Algumas conversas foram muito produtivas e indicavam outros locais
interessantes para amostragem que no haviam sido pr-selecionados.
Durante essas conversas, quando o entrevistado era capaz de descrever com preciso as
caractersticas morfolgicas externas do pato-mergulho sem nenhuma interferncia ou
direcionamento das respostas, esta informao foi considerada como referncia segura e
includa nos resultados do presente trabalho. Para este fim, um carto com desenhos e/ou
fotos de algumas espcies limcolas ocorrentes na regio, retirados de livros de ornitologia, foi
elaborado (Figura 1). Muitos entrevistados que conheciam bem a espcie estudada
conseguiam identific-la facilmente entre as outras.
Para a realizao dos trabalhos de campo foram utilizados, alm das cartas topogrficas do
IBGE e mapas editados pelo Ibama, binculo Nikon Travellite III 9x25, GPS Garmin 76,
mquina fotogrfica Canon Rebel 2000, toca-fitas Panasonic RQ-L10 e caixa amplificada
Sony SRS-A21 para uso de play-back. Tambm foi elaborado um formulrio para
levantamento de dados sobre caracterizao dos hbitats, abordando informaes sobre a
vegetao marginal, estrutura do rio e de suas guas (Figura 2).
Em cada curso dgua selecionado, a amostragem era feita caminhando-se ao longo de suas
margens, o mais prximo possvel da gua. Por diversas vezes foi necessrio fazer o transecto
por dentro do rio. Outras vezes, era preciso afastar-se um pouco da margem, devido s
condies fsicas das encostas, procurando-se sempre voltar a visualizar o corpo dgua to
logo possvel. O play-back, que consiste em reproduzir os sons da prpria espcie para atrala, foi usado freqentemente. Uma fita com gravaes da zoofonia de Mergus octosetaceus foi
4

gentilmente cedida pelo Professor Luiz Pedreira Gonzaga, do Laboratrio de Ornitologia e


Bioacstica do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A freqncia
de utilizao do play-back aumentava na medida em que se tornava mais difcil visualizar
trechos longos de rios, ou quando este apresentava muitas corredeiras ou quedas dgua que
impediam que o som reproduzido atingisse longo alcance. Em condies de guas calmas e
sem ventos fortes, o som reproduzido pela caixa amplificada utilizada era ouvido por uma
pessoa at cerca de 150m de distncia, segundo estimativas preliminares. Por meio deste
mtodo, foi possvel confirmar a presena de Mergus octosetaceus em diversos locais.
Aparentemente, os patos sempre respondem prontamente ao play-back quando podem ouvir
os sons. Tanto o macho quanto a fmea manifestam-se na defesa dos territrios como resposta
ao play-back.
A partir do incio do transecto (ponto 1), a cada 1000m aproximadamente, tomava-se cerca de
50m de rio para caracterizao do hbitat utilizando-se o formulrio apresentado na Figura 2.
O nmero de pontos variou com a extenso do percurso, que era limitada pelo grau de
dificuldade de se caminhar nas margens. O mnimo de pontos amostrados foi trs, o que
correspondia a dois quilmetros percorridos, e o mximo foi seis pontos, correspondendo a
cinco quilmetros de transecto. No entanto, mais comumente, foram amostrados cinco pontos,
correspondendo a quatro quilmetros de rio. O GPS era usado durante todo o percurso, para
marcao das curvas dos rios, de modo que fosse possvel estimar intervalos de 1000m entre
pontos com base no curso do rio e no na distncia mnima entre pontos.
A relao dos rios amostrados, de acordo com a distncia percorrida e o nmero de pontos
caracterizados, apresentada a seguir:
- 2km (3 pontos): crregos da Fazenda Fundo, Boa Vista, Parida, Picada, Fumal (bacia
do Turvo), da Cachoeira, dos Coelhos (alto), dos Coelhos (baixo), da Matinha, da
Matinha (alto); ribeires do Engano, Quebra-Anzol, da Usina, das Posses (baixo); e o
rio So Francisco (alto Casca DAnta).
- 3km (4 pontos): crregos Rolinhos (baixo), Capetinga, Rolinhos (alto), dos Pombos,
Quilombo; ribeires da Prata, das Posses (alto).
- 4km (5 pontos): crregos Grande, da Joana, Fumal, dos Cochos (Casa de Pedras), da
Fazenda, das Pedras; ribeires Grande, Bom Jesus, da Formiga, Bateias, do Turvo,
Grota Feia, das Capivaras, das Lavras, do Pinheiro; rios So Francisco (baixo), So
Francisco (nascente), Araguari (alto), Araguari (baixo), Araguari (mdio), Sambur,
Santo Antnio (Sul), do Peixe.
- 5km (6 pontos): crregos Claro, da Cabeceira; ribeiro da Babilnia; rio Santo
Antnio (Norte).
Na Tabela 1 (Anexo I) so apresentadas as coordenadas de cada ponto caracterizado ao longo
de todas as viagens de campo.
No ms de agosto foram amostrados cinco cursos dgua para os quais havia referncia segura
da ocorrncia recente do pato-mergulho. No entanto, devido a problemas com o
funcionamento do GPS e a adaptaes na metodologia, estes mesmos cursos dgua foram
repetidos em janeiro para padronizao do mtodo. Assim, o ms de setembro foi
oficialmente considerado como o incio da coleta de dados vlidos.
Como era esperado, devido s chuvas, todos os cincos rios amostrados pela segunda vez Rolinhos, So Francisco (alto Casca DAnta), So Francisco (parte baixa), dos Cochos, e do
Peixe - estavam com volume de gua bem maior quando comparado ao ms de agosto, auge

da estao seca. As guas estavam tambm comparativamente mais turvas e escuras no ms


de janeiro.
As chuvas constantes que caram na regio entre os meses de novembro e maro prejudicaram
um pouco a coleta de dados, uma vez que limitavam o uso de equipamentos que poderiam ser
danificados quando molhados (binculo, toca-fitas e caixa amplificada), alm de diminuir a
acuidade auditiva pelo uso do capuz da capa de chuva. Alm disso, em algumas poucas vezes,
a possibilidade do carro ficar atolado na estrada de terra fez com que o trabalho fosse
encerrado antes de se concluir os cinco pontos ideais de amostragem.
No ms de abril, organizou-se um acampamento na regio de confluncia do ribeiro das
Posses com os crregos Matinha, dos Coelhos e dos Pombos, entre as serras do Cemitrio e
das Sete Voltas. um local de difcil acesso, no sendo possvel alcan-lo utilizando-se
automveis. Assim, foi organizado um acampamento que permitisse a permanncia dos
pesquisadores na rea durante o tempo necessrio para se amostrar os principais cursos dgua
da regio. O deslocamento foi feito a cavalo a partir da Fazenda do Sr. Jos Rodrigues Nunes
(conhecido como Z Cndido). Dois animais levaram os pesquisadores e todo o material
necessrio para o acampamento. Durante quatro dias os pesquisadores permaneceram na
regio, deslocando-se a cavalo at os pontos de incio dos transectos.
Aps a descoberta de um ninho num paredo rochoso no crrego da Matinha, um segundo
acampamento foi organizado no ms de julho para acompanhamento das atividades de choco
e cuidados com ninho e filhotes. As medidas do ninho foram tomadas com o uso de trena,
enquanto que os ovos foram pesados e medidos por meio de balanas Pesola e paqumetro.
Aps a constatao de que o ninho havia sido abandonado pela fmea, os ovos foram l
mantidos at a obteno de autorizao do Ibama para sua retirada e tomada de providncias
cabveis.
De posse dessa autorizao (Figura 3), os ovos foram levados para a Universidade Federal de
Minas Gerais onde, no Laboratrio de Morfologia de Aves do Departamento de Morfologia, o
Professor Germn Mahecha selecionou, com uso de ovoscpio, aqueles que possuam
embries ainda conservados possibilitando a extrao de DNA. Trs ovos foram ento
encaminhados ao Laboratrio de Biodiversidade e Evoluo Molecular, do Departamento de
Biologia Geral, sob a coordenao do Professor Fabrcio R. Santos, para execuo dos
procedimentos necessrios extrao do material gentico. Os ovos foram quebrados e os
embries recolhidos. Aps a purificao do DNA, as amostras de cada embrio receberam um
nmero de identificao e esto armazenadas no prprio laboratrio para futuros estudos.
Os ovos em estado avanado de decomposio foram manipulados pelo Professor Germn
Mahecha para retirada do contedo interno e secagem para conservao das cascas. Esses
ovos sero encaminhados a museus, de acordo com orientaes do Ibama. Ser feito o molde
de um ovo para a obteno de modelos que devero ser expostos no Centro de Visitantes do
Parque Nacional da Serra da Canastra.
Anlises estatsticas foram desenvolvidas com algumas das variveis medidas para a
caracterizao de hbitat. Foram avaliados somente aqueles parmetros que, durante o
processamento, mostraram-se suficientemente robustos para tal anlise. Para testar se a
ocorrncia da espcie est relacionada com a ordem do curso dgua foi empregada a anlise
de regresso logstica (Hosmer & Lemeshow 1989). As demais variveis descritoras do
ambiente, todas elas categricas, foram medidas em pelo menos trs pontos, geralmente tendo

sido amostrados cinco pontos em cada curso dgua. Estes foram classificados em duas ou
trs categorias de acordo com as freqncias de cada varivel. Para testar se existe associao
entre a ocorrncia da espcie com as variveis ambientais foi empregado o teste de quiquadrado (Zar 1984). O mesmo teste foi empregado para testar a associao entre a ocorrncia
da espcie e a presena ou no de tipos diferentes de substrato no fundo do rio - lajedo,
pedras, seixos, areia, silte e cascalho.

Figura 1: Carto com ilustraes de espcies de aves limcolas encontradas na regio, utilizado para
checar conhecimento da populao local sobre a presena do pato-mergulho.

Data: ________________________________
Rio/Crrego: _________________________________________
No Ponto: ___________________
Ordem: ________________________________________
Coordenadas: ________________
Play-back: __________________________________________
________________
Foto: _________________________________________________
Tempo: ________________
Referncias: ______________________________________________________________________

1. Uso da terra na rea de drenagem: __ mata


__ campo
__ industrial
__ capoeira __ agricultura __ comercial
__ pasto
__ residencial __ outro: __________________
2. Vegetao marginal predominante: __________________________________________________
3. % margem com mata: ___________________________________________________________
4. altura mdia mata: __ 0-5
__ 6-10
__ 11-15
__16-20 m
5. largura mata: ___ 0-10
____ 11 - 20
___ > 20 m
6. rvores potenciais para ninhos: __________
(freq.: aus., rara, mdia, abund.)
7. grau de conservao: __ baixo
__ mdio __ alto
8. Sub-bosque: __ ralo __ mdio
__ denso
9. Densidade cobertura: __ rala
__ mdio __densa
10. Cobertura vegetao: __ aberta
__parc. aberta
__ parc. sombreada
__ sombreada
11. Eroso: __ no visvel
__ pouco erodido
__ erodido
__ muito erodido
12. Estrutura da vegetao:
Densidade
rvores
%
25 20 15 10
Densa
Pouco densa
Aberta
Muito aberta
Rala

Arbustos
2-5
1-2

Ervas
-

Curso dgua
13. Largura: ______________ mnima: ____________ mxima: _________
14. Profundidade: mnima: ____ mxima: _____ mdia: _________
15. Poluio: __ s/ evidncias
__ fontes potenciais
__ fontes bvias
16. gua: __ clara
__ pouco turva
__ turva
__ opaca
17. Cor gua: ______________________________________________________________________
18. Fundo (freq.): __ lajedo
__ pedras grandes
__ seixos
__ cascalho
___ areia
____silte
19: Detritos org.: ________________________________ (ausente, raro, mdio, abundante)
20. Razo pool/riffle ou run/bend / largura: _____________________________________________________
21. No corredeiras em 50 m: _______________________________________
22. Potencial de ocorrncia (0-5): ______________________
Obs.:

- Velocidade da gua:
- Odor:

- Outras:

Figura 2: Ficha para coleta de dados utilizada para caracterizao de cada ponto de amostragem.

Figura 3: Cpia da autorizao expedida pelo Ibama para coleta dos ovos de pato-mergulho cujo
ninho foi abandonado em julho de 2002.

RESULTADOS E DISCUSSO

Distribuio e Tamanho da Populao

Ao longo de 12 meses de coleta de dados em campo foram amostrados 49 trechos de cursos


dgua, perfazendo-se cerca de 165 quilmetros de caminhada ao longo dos rios. Tal esforo
equivale, aproximadamente a 165 horas de observao em campo, j que cada quilmetro de
rio era amostrado, em mdia, em uma hora. Alguns rios foram amostrados mais de uma vez
em diferentes locais devido ao fato de ser possvel a localizao de patos-mergulhes em
trechos diferentes. Assim, os rios So Francisco e Araguari foram amostrados em trs trechos.
Nos crregos dos Coelhos, da Matinha, das Posses, dos Cochos e dos Rolinhos foram feitas
duas amostragens em diferentes locais.
Os locais de amostragem e a confirmao da presena de Mergus octosetaceus podem ser
visualizados no Mapa 1 e Tabela 2 (Anexo I). Um ou mais indivduos de M. octosetaceus
foram observados em nove localidades nos trabalhos de campo, totalizando 29 indivduos,
sendo 13, provavelmente, filhotes. Somam-se a essas, mais sete localidades onde bilogos que
participaram da Avaliao Ecolgica Rpida para a reviso do plano de manejo do Parque
Nacional da Serra da Canastra confirmaram a ocorrncia da espcie, registrando 17
indivduos, sendo seis, provavelmente, filhotes. Acrescentam-se ainda oito crregos para os
quais foram obtidas informaes seguras da presena do pato-mergulho. Assim, comprovase o uso de 24 trechos de cursos dgua pela espcie em questo na rea de estudo. Das outras
25 localidades sem confirmao, julga-se que pelo menos nove sejam muito favorveis
ocorrncia de Mergus.
Fotografias de vrios cursos dgua trabalhados, com confirmao ou no do pato-mergulho,
so apresentadas no Anexo II (Figuras 1 a 3).
Considerando os indivduos visualizados nos trabalhos de campo, durante a Avaliao
Ecolgica Rpida e aqueles cujas referncias precisas indicaram o nmero de indivduos
vistos e a data, somam-se 50 indivduos confirmados, sendo provavelmente 31 adultos e 19
filhotes. No possvel ter muita certeza da proporo de adultos e filhotes pois no ribeiro da
Formiga, os patos foram vistos por poucos segundos e pareciam constituir-se de uma famlia
composta por um casal e dois filhotes. Se adicionarmos pelo menos um casal em cada curso
dgua indicado como referncia segura, somaramos mais 12 adultos.
Entre os rios cuja presena de M. octosetaceus no foi confirmada, em pelo menos nove
trechos a ocorrncia da espcie provvel devido s caractersticas estruturais observadas. A
relao estatstica significativamente direta entre o potencial de ocorrncia - medida subjetiva
tomada com base na experincia da pesquisadora (Quadro 5, no item Preferncia de Hbitat)
- e a confirmao da presena do pato fortalece a suposio de que os rios considerados como
hbitat provvel realmente abrigam o pato-mergulho. Se cada um dos nove trechos
mencionados abrigasse um casal, teramos mais 18 indivduos na regio, o que totalizaria,
considerando somente os cursos dgua amostrados, cerca de 80 indivduos.

10

A riqueza hdrica, aqui expressa como o nmero de cursos dgua, uma das caractersticas
mais conspcuas da paisagem local. difcil estimar quanto a amostragem realizada
representa para a totalidade da drenagem da regio, mas certo que trata-se de uma
amostragem restrita. Certamente vrios cursos dgua no visitados abrigam outros patosmergulhes, e a populao local deve ser bem mais numerosa. Durante vrias conversas, os
moradores locais indicavam a presena de marrecos pequenos, escuros e bravos (que no
permitiam aproximao) que, muito provavelmente, dizia respeito ao pato-mergulho. No
entanto, no foram consideradas informaes seguras no presente estudo por faltar uma
caracterizao mais detalhada da morfologia externa dos indivduos.
Mergus octosetaceus reconhecido como uma espcie no migratria, que no abandona os
cursos dgua onde estabelece seu territrio (Silveira & Bartmann 2001, Partridge 1956). De
fato, todos os vos de deslocamento do pato-mergulho observados em campo
acompanhavam fielmente a lmina da gua, s vezes rente superfcie, s vezes um pouco
acima da vegetao arbustiva (cerca de 5 metros de altura). As anlises aqui apresentadas
baseiam-se na suposio que eles sejam realmente confinados a seus territrios. No entanto, a
hiptese que eles no se deslocam entre cursos dgua no foi ainda testada e, portanto, no
pode se descartada.
de extrema relevncia considerar que em alguns casos era difcil distinguir se os patos
observados em diferentes locais de uma mesma rede de drenagem ou sub-bacia eram os
mesmos indivduos ou no.
No rio So Francisco, por exemplo, sabe-se com certeza que um casal habita a parte alta da
Casca DAnta e outro habita a parte baixa, at prximo a So Jos do Barreiro, pois foi visto
um casal com filhotes pequenos na parte alta no mesmo ms em que se registrou um casal
com seis filhotes grandes na parte baixa. Segundo Silveira & Bartman (2001), h ainda um
outro casal no trecho do rio So Francisco entre So Jos do Barreiro e a cachoeira Casca
DAnta. O territrio desse casal deve se estender para o rio Cachoeirinha, onde est
estabelecida a Minerao do Sul, para o qual foi obtida referncia precisa da ocorrncia
freqente de patos-mergulhes. Ainda no rio So Francisco foram observados trs indivduos
voando nas proximidades da nascente em fevereiro de 2002. Considerando que o casal da
parte alta da Casca DAnta tinha sido visto em janeiro sem filhotes e que a extenso do rio
entre a nascente e a cachoeira permite o estabelecimento de mais de um territrio para a
espcie, admite-se que esse seja um quarto casal que ainda permanecia com o filhote.
Bartmann (1995) observa que os jovens podem permanecer nos territrios dos pais at
prximo estao reprodutiva seguinte.
No se tem certeza tambm que o casal observado no crrego da Fazenda Fundo no o
mesmo avistado na sua parte alta, prximo Casa de Pedra. A cachoeira do Fundo no to
alta e parece ser fcil o deslocamento dos patos para montante ou jusante. Entretanto, sabendo
que um territrio estende-se, em mdia, por nove quilmetros, tambm possvel tratar-se de
dois casais.
J no crrego Rolinhos, admite-se que seja mais provvel a existncia de dois territrios, visto
que o desnvel entre a parte alta e baixa muito abrupto o que dificultaria o deslocamento dos
patos. O casal observado no ribeiro da Babilnia pode ser o mesmo casal 5 registrado por
Silveira & Bartmann (2001) no ribeiro das Posses.

11

A regio de confluncia dos crregos dos Coelhos, da Matinha, das Posses e dos Pombos,
juntamente com os prprios cursos dgua, apresenta abundncia de gua e isolada de
qualquer atividade humana, inclusive do turismo, podendo, ento, potencialmente ser ocupada
por diversos casais de Mergus octosetaceus.
Os dados e evidncias obtidos nesse estudo permitem concluir que a populao de M.
octosetaceus deve ser bem maior que o sugerido. Estimativas recentes apontam uma
populao total de menos que 250 indivduos (BirdLife International 2000). Com um ano de
estudo na regio da Serra da Canastra, estima-se para a regio uma populao
substancialmente maior que 80 indivduos, evidenciando que a espcie localmente menos
rara do que se supunha. Entretanto, seu status de ameaada no Brasil (Portaria Ibama
1522/89), criticamente ameaada em Minas Gerais (Deliberao Copam 041/95), nas
Amricas (Collar et al. 1992) e no mundo (BirdLife International 2000) permanece e aes
voltadas conservao da espcie e de seus hbitats devem ser priorizadas.

12

Mapa 1: Trechos de rios amostrados para confirmao da presena de pato-mergulho na regio do Parque Nacional da Serra da Canastra.

13

Preferncia de Hbitat
Informaes para caracterizao do hbitat preferencial foram levantadas em todos os cursos
dgua amostrados. Entre as vrias caractersticas analisadas, as que apresentaram
consistncia para uma anlise mais robusta foram as seguintes: ordem de grandeza do curso
dgua, grau de conservao, nvel de poluio potencial, eroso, tipo de substrato, e anlise
subjetiva do potencial de ocorrncia com base apenas nos parmetros citados na literatura
como importantes para ocorrncia do pato-mergulho.
A regresso logstica foi utilizada para testar a relao entre a ocorrncia da espcie e a ordem
do rio. E o teste do qui-quadrado, para testar a associao entre a presena da espcie e o grau
de conservao do local amostrado, o nvel de poluio, o grau de eroso, o tipo de substrato,
e o potencial de ocorrncia.
Para fins dessa anlise estatstica, o grau de conservao do curso dgua foi definido de
acordo com a categoria de conservao mais freqente, podendo ser alta, mdia ou baixa. No
existe associao entre a presena da espcie e o grau de conservao do curso dgua (2 =
3,06; g.l. = 2; p = 0,165) (Quadro 1).
Quadro 1: Nmero de registros de presena e ausncia de
Mergus octosetaceus por grau de conservao dos cursos
dgua (porcentagem entre parnteses).
Ocorrncia

Grau de Conservao dos Rios

Total

Ausente

Baixo
6 (60%)

Mdio
11 (61,1%)

Alto
7 (33,1%)

24

Presente

4 (40%)

7 (38,9%)

14 (66,7%)

25

10

18

22

49

Total

A presena de fontes poluidoras de cada curso dgua foi categorizada de acordo com a
freqncia de registros de poluio de cada ponto amostrado para aquele curso. Pela
freqncia, um rio foi considerado de baixo, mdio ou alto potencial de poluio. No foi
encontrada associao entre este parmetro e a presena da espcie (2 = 3,06; g.l. = 2; p =
0,165) (Quadro 2).
No foi constatada relao entre a ocorrncia da espcie e a ordem de grandeza dos cursos
dgua, definida de acordo com Strahler (1957) (Final loss = 33,6; 2 = 0,74; p = 0,38). A
espcie foi registrada tanto em cursos de pequena ordem quanto em rios de grande ordem
(Figura 4).
Os cursos dgua foram categorizados de acordo com a frequncia de registros de eroso em
cada ponto de amostragem. Pela freqncia da anlise em cada ponto, um rio foi considerado
muito ou pouco erodido. No existe relao entre o grau de eroso das margens de um corpo
dgua e a ocorrncia de Mergus octosetaceus (2 =1,83; g.l. = 1; p =0,17) (Quadro 3).

14

Quadro 2: Nmero de registros de presena e ausncia de


Mergus octosetaceus por nvel de poluio dos cursos
dgua (porcentagem entre parnteses).
Ocorrncia

Potencial de Poluio dos Cursos


dgua

Total

Ausente

Baixo
6 (40%)

Mdio
7 (41,2%)

Alto
11 (64,7%)

24

Presente

9 (60%)

10 (58,2%)

6 (35,3%)

25

15

17

17

49

Total

1.2

1.0

Prob. de ocorrncia

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

-0.2
1

Ordem

Figura 4: Probabilidade de ocorrncia de Mergus octosetaceus em funo da ordem


de grandeza do curso dgua. S so visveis alguns pontos devido sobreposio dos
valores no eixo x.

Quadro 3: Nmero de registros de presena e ausncia


de Mergus octosetaceus por grau de eroso detectado nos
cursos dgua (porcentagem entre parnteses).
Ocorrncia
Ausente
Presente
Total

Eroso
Pouco erodido
Muito erodido
15 (42,9%)
9 (64,3%)

Total
24

20 (57,1%)

5 (37,7%)

25

35

14

49

15

Em cada ponto amostral de um rio, sempre que a turbidez da gua permitia, era indicada a
ocorrncia de diferentes tipos de substrato no fundo. Os substratos identificados foram lajedo,
pedras, seixos, cascalho, areia e silte. Com base nas amostras o substrato foi considerado
presente ou ausente para cada curso dgua. Nenhum tipo de substrato apresentou associao
significativa com a ocorrncia da espcie (Quadros 4a a 4f).

Quadros 4a a 4f: Nmero de registros de presena e ausncia de Mergus octosetaceus por ocorrncia
de sedimento no fundo do curso dgua: a - lajedo, b - pedras, c - seixos, d - cascalho, e - areia, f - silte
(porcentagem entre parnteses).
a

d
Lajedo

Ocorrncia
Ausente

Ausente
12 (66,1%)

Presente
11 (40,7%)

23

Presente

7 (36,9%)

16 (59,3%)

23

19

27

46

Total

Cascalho

Ocorrncia

Total

Total

Ausente

Ausente
3 (75%)

Presente
21 (48,8%)

24

Presente

1 (25%)

22 (51,2%)

23

Total

45

47

Associao no significativa (2 =2,24; g.l. = 1; p =0,13).

Associao no significativa (Teste exato de Fisher: p = 0,32).

e
Pedras

Ocorrncia

Areia

Ocorrncia

Total

Total

Ausente

Ausente
5 (62,5%)

Presente
19 (47,5%)

24

Ausente

Ausente
2 (33,3%)

Presente
22 (55%)

24

Presente

3 (37,5%)

21 (52,5%)

24

Presente

4 (66,7%)

18 (45%)

22

40

48

40

46

Total

Total

Associao no significativa (2 =0,60; g.l. = 1; p =0,44).

Associao no significativa (Teste exato de Fisher: p = 0,29).

f
Seixos

Ocorrncia

Total

Total

24

Ausente

Ausente
2 (33,3%)

Presente
21 (55%)

23

23 (52,5%)

23

Presente

5 (66,7%)

17 (45%)

22

45

47

38

45

Ausente

Ausente
2 (100%)

Presente
22 (47,5%)

Presente

0 (0%)
2

Total

Silte

Ocorrncia

Associao no significativa (Teste exato de Fisher: p =


0,25).

Total

Associao no significativa (Teste exato de Fisher: p = 0,19).

O potencial de ocorrncia foi uma estimativa subjetiva que levava em considerao a


experincia da pesquisadora na avaliao de locais favorveis ocorrncia do patomergulho. Caractersticas estruturais do leito e das margens do rio eram consideradas e o
valor obtido expressava se aquele determinado local parecia atender s especificidades de
hbitat que eram julgadas importantes para a espcie.
Para a anlise estatstica, os cursos dgua foram categorizados como de baixo, mdio ou alto
potencial de ocorrncia, de acordo com os valores mdios atribudos. Encontrou-se associao
significativa para um nvel de significncia de 10% (2 = 5,05; g.l. = 2; p = 0,079). A
ocorrncia do pato-mergulho est associada com cursos dgua com alto potencial,
ocorrendo em 62,5% deles; enquanto que ele no foi encontrado em 85% dos cursos dgua

16

considerados com baixo potencial (Quadro 5). Como j discutido no item acima
(Distribuio e tamanho da populao), essa relao fortalece a suposio de que realmente
existem patos-mergulhes nos locais considerados como muito provveis.

Quadro 5: Nmero de registros de presena e ausncia de


Mergus octosetaceus de acordo com o potencial de
ocorrncia para cada curso dgua (porcentagem entre
parnteses).
Ocorrncia

Potencial

Total

Ausente

Baixo
6 (85,7%)

Mdio
9 (50%)

Alto
9 (37,5%)

24

Presente

1 (14,3%)

9 (50%)

15 (62,5%)

25

18

24

49

Total

Segundo Yamashita & Valle (1990), o principal fator que limita a distribuio de Mergus
octosetaceus parece ser a estrutura dos rios, sendo seu hbitat linear aos rios de porte mdio a
grande de cabeceira de drenagem, com corredeiras e gua oligotrfica. Esse tipo de hbitat
descontnuo, limitado e pouco comum.
Acredita-se que quando as condies ambientais tornam-se desfavorveis como, por exemplo,
quando as chuvas intensas turvam completamente as guas dos rios, os indivduos sobem os
tributrios que, embora menores, mantm mais constantemente a qualidade das guas. O
crrego da Fazenda, por exemplo, afluente da margem direita do rio Santo Antnio (do norte)
relativamente pequeno e um pouco degradado. Mas possvel que sirva de refgio aos
patos-mergulhes na poca de chuvas, quando as cheias tornam o rio Santo Antnio mais
sujo levando ao deslocamento dos indivduos para crregos mais altos e menos turvos da
bacia. Vrios outros exemplos podem ser citados de patos que podem abandonar o leito
principal de rios como o So Francisco, Araguari e Santo Antnio do Sul e subir os tributrios
na busca de melhores qualidades de hbitat.
No Chapado da Canastra, rea j consolidada do Parque da Canastra, todos os cursos dgua,
incluindo suas nascentes (com exceo do ribeiro das Posses), encontram-se na rea sob
proteo restrita e no h interferncias de atividades antrpicas sobre eles h dcadas. Suas
guas muito limpas, as caractersticas estruturais, intercalando corredeiras e poos de
tamanhos e profundidades variados, e a presena constante de matas ciliares em bom estado
de conservao so elementos que reconhecidamente conferem alto padro de qualidade aos
hbitats da espcie em estudo. No Chapado da Babilnia, regio de Delfinpolis e na zona de
amortecimento do Parque, as condies ambientais variam muito e possvel encontrar
crregos e riachos com alto grau de conservao bem prximos a outros j em avanado
estado de degradao.
Os resultados das anlises acima apresentadas demonstram que, da forma como os hbitats
foram avaliados, a presena de Mergus octosetaceus no mostra dependncia com nenhum
dos parmetros analisados. Mas, prematuro afirmar que a espcie no depende de algumas
caractersticas especficas de hbitat, como se supunha. Por meio do presente estudo,
constatou-se que a espcie pode suportar um certo grau de degradao ambiental, haja vista o
17

crrego da Formiga, onde foram observados quatro indivduos 100 metros acima de um
trecho bem degradado (Foto 4). No entanto, no possvel fazer inferncias sobre o nvel de
degradao tolerado e de como as alteraes ambientais podem estar modificando os
comportamentos bsicos do pato-mergulho, e interferindo na extenso de seus territrios.
O tamanho do territrio deve estar condicionado s caractersticas que lhe conferem qualidade
como, por exemplo, abundncia de recursos alimentares. Segundo Fbio Vieira (2002,
comunicao pessoal) a fauna de peixes, alimento principal da espcie, caracterizada por
apresentar, em sua maioria espcies de pequeno porte, onde praticamente todas as espcies
no ultrapassam 15cm quando adultos. As espcies de peixes mais abundantes foram os
lambaris (Astyanax scabripinnis e A. rivularis), e o barrigudinho (Phalloceros
caudimaculatus). Na rea consolidada do Parque, registraram-se apenas quatro espcies: os
lambaris (Astyanax rivularis e A. scabripinnis), um cascudinho (Neoplecostomus aff.
paranensis) e a cambeva (Trichomycterus aff. brasiliensis) (F. Vieira 2002, comunicao
pessoal).
Uma pesquisa feita com outra espcie de Mergus (M. serrator), presente na costa leste dos
Estados Unidos, que tambm vive basicamente de peixes capturados em mergulho (alm de
alguns crustceos), mostra alguns resultados interessantes sobre a alimentao da espcie
(Miller 1996). Foi constatado que M. serrator consome de 200 a 250g por dia, quantia que
requer a captura de 15 a 20 peixes com cerca de 10-20g/peixe. Com uma taxa de sucesso de
captura de 6 a 7 %, ele necessitaria de 250 a 300 mergulhos, que poderia levar 4-5 horas. Isso
representaria de 30 a 50% do dia, considerando que ele no se alimenta noite (Miller 1996).
Tais dados podem indicar que a abundncia de alimento deve ser tambm um dos fatores a
serem considerados para a anlise de qualidade e preferncia de hbitat do pato-mergulho.

Atividades Reprodutivas
Embora o presente trabalho no tenha sido planejado para o estudo da reproduo de Mergus
octosetaceus, as observaes feitas possibilitam tecer comentrios sobre alguns aspectos
reprodutivos.
A estao de nidificao, de acordo com BirdLife International (2000), estende-se de junho a
agosto; enquanto que no Plano de Ao para Mergus octosetaceus este perodo indicado
entre junho e outubro, sendo julho o ms mais comum para incubao e agosto para ecloso.
Mas, machos e fmeas ficam constantemente juntos, como j observado por outros autores
(Silveira & Bartmann 2001, Yamashita & Valle 1990, Partridge 1956). No presente trabalho
foram observados adultos com filhotes de agosto a dezembro. O grande tamanho dos filhotes
observados em agosto no So Francisco a jusante da Casca DAnta demonstra que sua ecloso
deu-se, no mais tardar, em meados de junho, o que levaria a crer que os ovos foram postos em
meados de maio. Sendo assim, pode-se considerar que a poca reprodutiva da populao local
estende-se por, no mnimo, seis meses.
Os filhotes de tamanho mdio observados com o casal no crrego Fumal, em novembro, ainda
estavam com os pais em janeiro, mas j com boa capacidade de vo. Isso indica que os jovens
permanecem com os pais por mais de trs meses antes de se dispersarem. Em fevereiro,

18

detectaram-se trs indivduos na nascente do rio So Francisco. Embora no tenha sido


possvel confirmar, possvel que se trata de um casal com um filhote. Assim, pode-se inferir
que o cuidado parental estende-se at fevereiro. Silveira & Bartmann (2001) e Bartmann
(1995) indicam que os jovens podem permanecer com os pais at dezembro e janeiro, aps o
perodo de muda, antes da prxima estao reprodutiva. A idade de maturao sexual parece
ser de dois ou mais anos para todas as espcies da Tribo Mergini (Livezey 1995).
O Quadro 6 mostra os indivduos jovens e adultos registrados em cada ms ao longo de todo o
trabalho de campo. Nenhum pato foi observado nos meses de maro, abril e maio de 2002.
Segundo Silveira & Bartmann (2001), o perodo de muda pode explicar a ausncia de
registros no final da estao chuvosa. Por perderem temporariamente sua capacidade de vo,
eles assumem hbitos mais reservados, tornando-se mais difceis de serem observados.
possvel que variaes comportamentais tenham contribudo para a no confirmao da
espcie entre maro e maio. Mas somente o monitoramento em longo prazo de alguns
indivduos poder fornecer evidncias mais seguras sobre a sazonalidade de aspectos do
comportamento.

Quadro 6: Indivduos de Mergus octosetaceus, adultos (indicados com smbolos) e filhotes


(algarismos indicando a quantidade), para os quais foi possvel identificar o(s) ms(es) de
registro.
Smbolo da mesma cor, excetuando-se o preto, indica o mesmo indivduo ou o mesmo casal
observado em meses diferentes. = Casal; = Ninho; = Fmea; = Macho; ? = sexo no identificado.
ANO / MS
2001
AGO

Casal

SET

OUT NOV DEZ JAN

FEV

+2

+1

Casal c/ filhotes
pequenos

MAI

JUN

JUL

+ 4

+2

+2

+ 6

+2
+2

Casal c/ ninho
Indivduo sozinho

MAR ABR

+ 2

Casal ou fmea c/
filhotes mdios
Casal c/ filhotes
grandes

2002

Durante os meses de junho e julho ocorre intensificao das atividades de nidificao


(Silveira & Bartmann 2001). Foi no primeiro desses meses que o nico ninho de patomergulho foi registrado na regio.
Na viagem de junho, enquanto era amostrado o crrego Matinha, no dia 28, observou-se uma
fmea pousando em paredo rochoso alguns metros acima da gua. Como j suspeitava-se
que esse tipo de ambiente pudesse ser usado para nidificao, algumas fendas foram checadas
e logo foi possvel ver a fmea em posio de choco em uma delas (Foto 5). Ela estava sobre
alguns ovos colocados numa depresso da superfcie da rocha; os quais foram postos num
19

substrato com uma fina camada de areia e terra. A fmea no saiu de cima dos ovos enquanto
o observador permaneceu prximo entrada da cavidade. Quando a fmea saa do ninho, os
ovos eram cobertos com uma penugem, aparentemente retirada de seu corpo. (Foto 6).
Com as poucas horas de observao do ninho com os pais, pde-se constatar que somente a
fmea chocava e, aparentemente, saa do ninho pelo menos uma vez por dia para se alimentar.
O macho passava parte do tempo alimentando-se ou descansando prximo ao ninho, sempre
em alerta. Mas algumas vezes ele voava para longe, permanecendo horas mais longe do
ninho. Quando observou-se a fmea sair do ninho e chamar pelo macho, ele apareceu
imediatamente, vocalizaram por poucos minutos sempre de frente um para o outro, e o macho
continuou vocalizando sozinho por vrios segundos.
O paredo rochoso com o ninho apresentava altura de cerca de 13m (Foto 7). A fenda usada
para ninho estava a 10,5m do nvel da gua e a 8m do primeiro degrau de pedras. A abertura
era voltada para o leste, mas o sol no chegava a entrar dentro da fenda, pelo menos naquela
poca do ano. As temperaturas noite dentro da fenda foram de 13oC e 14oC em duas noites
consecutivas. A temperatura mxima durante o dia chegou a 22oC.
Algumas medidas da cavidade onde encontrava-se o ninho foram tomadas:
- Abertura mxima na entrada: 30cm de altura.
- Abertura mnima na entrada: 18cm de altura
- Profundidade mxima: 2,10m.
- Distncia da depresso com os ovos da entrada: 1,50m.
- Largura mxima da fenda (a cerca de 0,60cm para dentro da abertura): 0,70m.
- Altura da fenda no ponto onde estava o ninho: ~0,50m.
A regio dominada por campos limpos, sujos e rupestres. O rio forma seqncia de quedas
dgua e poos de tamanhos e profundidades variados. Bem em frente ao ninho, o rio desce
num estreitamento da rocha formando um pequeno cnion. Poucos metros acima h um
grande poo com cerca de 20m de largura, no qual o macho ficava freqentemente pousado
ou nadando e de onde chamava a fmea. A jusante do cnion tambm abrem-se outros poos
menores nos quais o casal tambm se alimentava (Foto 8).
A descoberta do ninho do pato-mergulho fato da maior importncia para sua conservao e
manejo. Existe apenas um registro de ninho, encontrado em 1954 em uma cavidade de rvore
nas margens do Arroyo Urugua-i, em Misiones (Partridge 1956). Alguns autores j sugeriram
que a espcie poderia nidificar em cavidades nas rochas (in BirdLife International 2000), mas
tal fato ainda no havia sido confirmado. Sabe-se, portanto, agora, que a ausncia de rvores
de grande porte no fator limitante reproduo da espcie na regio. E a grande
disponibilidade de paredes rochosos com muitas fendas pode propiciar mais oportunidades
de nidificao do que cavidades em rvores.
No ms de julho, trs semanas aps a descoberta do ninho, foi organizada uma expedio,
quando o ninho seria monitorado por alguns dias para observao do comportamento parental
e seriam tiradas as medidas dos ovos. Desde o primeiro dia em que se chegou ao local, notouse apenas a presena do macho. Durante trs dias em nenhum momento a fmea foi
visualizada nas proximidades e o macho, sempre por volta das 06:50hs da manh,
aproximava-se do ninho chamando, aparentemente, por ela. Quando o ninho foi acessado para
medio e pesagem dos ovos, constatou-se a existncia de sete ovos (Fotos 9 e 10), e estes
no estavam aquecidos, o que evidenciava o abandono do ninho.

20

Os ovos apresentavam formato oval e colorao creme bem clara, quase branca. Possuam,
em mdia, 61,7mm de comprimento, 42,5mm de largura, e 59,86g de peso. Os resultados das
medidas dos ovos so apresentados no Quadro 7.
Quadro 7: Pesos e medidas dos ovos de Mergus
octosetaceus.

Ovos

Medidas dos Ovos


Comprimento Largura
Peso
(mm)
mxima
(g)
(mm)

Ovo 1

62,0

42,1

55

Ovo 2

60,2

42,7

57

Ovo 3

61,4

43,2

59

Ovo 4

61,7

41,3

63

Ovo 5

60,8

43,6

63

Ovo 6
Ovo 7

62,0
64,0

42,6
42,2

61
61

Embora seja uma espcie migratria, Mergus squamatus (Chinese Merganser) possui
caractersticas reprodutivas muito semelhantes s de M. octosetaceus (Zhengjie et al. 1995).
Eles nidificam em cavidades de rvores ao longo de crregos nas florestas do nordeste da
China. Tal qual M. octosetaceus, os ovos de M. squamatus so incubados somente pela fmea
e so cobertos com penugem quando a fmea deixa o ninho. Suas medidas so semelhantes:
63,3mm de comprimento, 45,9mm de largura e 61,9g de peso. O tempo de incubao descrito
para essa espcie de 35 dias (Zhengjie et al. 1995). Os autores ainda afirmam que Mergus
serrator e Mergus merganser apresentam caractersticas reprodutivas similares s de Mergus
squamatus.
Ainda que o abandono de ninhos no seja raro entre as aves (Gill 1994), sugere-se que a causa
mais provvel da ausncia da fmea seja sua morte, pois o macho continuava a chamar por ela
parecendo ignorar sua falta. Acredita-se que ela tenha sido predada. Pretende-se visitar a rea
na prxima estao reprodutiva para verificar se o mesmo local ser novamente utilizado para
nidificao. Mergus squamatus foi observado utilizando a mesma cavidade de rvore, na
China, por trs anos consecutivos (Zhengjie et al. 1995).
No so raros os potenciais predadores de pato-mergulho na regio. Com base em registros
de mamferos que ocorrem e permanecem em matas ciliares, que forrageiam prximo a
corpos dgua e que podem predar aves, o pesquisador Rogrio C. de Paula (2002,
comunicao pessoal) considera que seguintes espcies de mamferos podem potencialmente
ser predadoras de adultos e filhotes de pato-mergulho: ona-parda (Puma concolor),
jaguatirica (Leopardus pardalis), gato-maracaj (Leopardus wiedii), gato-mourisco
(Herpailurus yagouaroundi), lobo-guar (Chrysocyon brachyurus), cachorro-do-mato
(Cerdocyon thous) e irara (Eira barbara). O furo-pequeno (Galictis cuja) provvel que
prede somente filhotes. Possveis predadores de ovos seriam: gamb (Didelphis albiventris),

21

lobo-guar, cachorro-do-mato, irara, mo-pelada (Procyon cancrivorus), furo-pequeno e


quati (Nasua nasua).
Segundo o pesquisador Dante Buzzetti (2002, comunicao pessoal), uma das espcies mais
provveis de predar adultos de Mergus octosetaceus seria a guia-chilena (Geranoaetus
melanoleucus) devido ao seu porte e hbitat preferencial que coincide com rea de uso do
pato-mergulho. D. Buzzetti sugere ainda que a guia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus) e
o corujo-orelhudo (Bubo virginianus) poderiam eventualmente capturar adultos. Aves de
rapina de mdio porte, alm das citadas acima, seriam capazes de capturar filhotes de patomergulho. Entre elas citam-se falco-de-coleira (Falco femoralis), gavio-de-cabea-cinza
(Leptodon cayanensis), gavio-pato (Spizastur melanoleucus), e gavio-relgio (Micrastur
semitorquatus). Os tucanos Ramphastos toco e Ramphastos dicolorus so potenciais
predadores de ovos.
O gavio-pato tambm destacado por Partridge (1956) como um dos mais perigosos
inimigos de M. octosetaceus na Argentina. Bartmann (1988) presume que a lontra (Lontra
longicaudis), alm do gavio-pato, pode ser predadora de jovens patos-mergulhes. Os ovos
podem tambm ser atacados por cobras e lagartos.
Por sorte, os ovos abandonados estavam intactos quando obteve-se a licena para sua coleta,
tendo sido possvel lev-los Universidade Federal de Minas Gerais para submet-los a
tcnicas de extrao de DNA e conservao da casca. No dia 30 de julho de 2002, os ovos
foram examinados em ovoscpio pelo Professor Germn Mahecha e separados de acordo com
o grau de decomposio do material interno. O resultado desta anlise apresentada no
Quadro 8. Trs ovos, que pareciam conter embries relativamente conservados (Fotos 11 e
12) foram destinados coleta de material gentico (Fotos 13 e 14). Os outro quatro, que
apresentavam-se em estgio de decomposio mais avanado (Foto 15), passaram por
procedimentos de conservao da casca para depsito em museu (Fotos 16 a 18), como
exposto no item Procedimentos.

Quadro 8: Estado de decomposio e destino dado aos


ovos de Mergus octosetaceus encontrados abandonados no
ninho.
Ovos
Ovo 1

Estado de decomposio
Destino
Avanado
conservao da casca

Ovo 2

Inicial, embrio visvel

extrao de DNA

Ovo 3

Avanado

conservao da casca

Ovo 4

Aparentemente avanado

conservao da casca

Ovo 5

Avanado

conservao da casca

Ovo 6

Inicial, embrio visvel

extrao de DNA

Ovo 7

Inicial, embrio visvel

extrao de DNA

22

Supondo que o tempo de incubao dos ovos de M. octosetaceus seja de cerca de 28 a 30 dias,
os embries pareciam estar com cerca de 8 dias de desenvolvimento quando foram
abandonados (Germn Mahecha 2002, comunicao pessoal).
O material gentico coletado, proveniente de trs indivduos irmos, no suficiente para
anlises de variabilidade gentica da populao, mas poder no futuro, juntando com DNA de
outros indivduos, fornecer importantes informaes sobre a espcie. No momento, possvel
o desenvolvimento de estudos comparativos com outras espcies. O material est depositado
no Laboratrio de Biodiversidade e Evoluo Molecular, do Departamento de Biologia Geral
da UFMG, coordenado pelo Professor Fabrcio R. Santos, com os seguintes nmeros de
identificao: Ovo 2 B0478; Ovo 6 B0479; Ovo 7 B0480.
At onde se tem conhecimento, os ovos sero os primeiros da espcie a serem incorporados a
colees de referncia. Propem-se o encaminhamento desses ovos ao Museu de Zoologia da
Universidade de So Paulo.

Ameaas
Alm de ser uma espcie naturalmente rara, populaes de Mergus octosetaceus sofrem
presses diversas que contribuem para seu decrscimo. Na regio do Parque Nacional da
Serra da Canastra, as principais ameaas detectadas esto relacionadas degradao e
destruio dos hbitats preferenciais da espcie, principalmente fora do Chapado da Canastra
(rea consolidada do Parque com cerca de 71.000ha), bem como intensificao do
ecoturismo em toda a regio.
Sendo uma espcie tpica de cursos dgua com corredeiras e/ou cachoeiras entremeados por
poos e remansos, a mudana do regime hidrolgico dos rios, principalmente devido
implantao de usinas hidreltricas que transformam longos trechos lticos em reservatrios
de guas lnticas, torna-se um fator de grande relevncia na dinmica populacional da
espcie. As represas de Peixoto e Furnas inundaram quilmetros de cursos dgua eliminando
hbitats que certamente abrigavam vrios patos-mergulhes (Foto 19). No entanto, no se tem
conhecimento da construo de novos empreendimentos hidreltricos na regio, e a mudana
do regime hidrolgico dos rios no parece ser, localmente, uma ameaa atual espcie.
Todas as atividades antrpicas que interferem na qualidade e integridade dos rios e suas
margens so potencialmente impactantes para o Mergus octosetaceus. A destruio das matas
ciliares, embora proibida por lei, lamentavelmente uma prtica ainda comum em muitas
propriedades (Foto 20). No raramente observaram-se, nas margens e at mesmo dentro do
prprio rio, restos da vegetao retirada para limpeza dos pastos (Foto 21). A degradao das
margens, com eroso e assoreamento dos cursos dgua surgem como conseqncia certa da
interferncia na vegetao marginal (Foto 22). A mata ciliar ajuda a resguardar o curso dgua
das atividades antrpicas adjacentes, conferindo maior isolamento s famlias de patosmergulhes.
Nas fazendas onde h criao de gado e a mata ciliar persiste, permitido ao gado avanar
por dentro da mata para garantir o acesso gua (Foto 23). A presena de cerca impedindo o
acesso do gado mata ciliar ou parte dela foi observada em raras ocasies. Tambm foram

23

observadas cercas atravessando os cursos dgua (Foto 24). Embora tenham sido consideradas
como possvel forma de impacto, uma vez que os patos, muito comumente, voam rente
gua, no foi possvel verificar se elas so facilmente vistas e evitadas pelos animais.
As atividades minerrias, basicamente a extrao de blocos de quartzito e caulim, impactam
diretamente os cursos dgua e, conseqentemente, sua fauna associada. Muitas dessas
mineraes so clandestinas e no passam por nenhum tipo de controle ou fiscalizao.
Algumas nascentes e cabeceiras esto aparentemente comprometidas pela explorao direta.
Alm disso, as detonaes freqentes e a deposio de rejeitos nas encostas provocam outros
graves impactos. Observou-se, prximo ao ponto 2, que cacos de pedras so acumulados at
nas margens do ribeiro Quebra-Anzol (Foto 25). Sendo as pedreiras to comuns, este fato
deve repetir-se em outros rios da regio.
Esgotos domsticos e uso de pesticidas, nas pastagens e culturas, que so carreados para as
drenagens constituem fontes de poluio permanente em algumas drenagens. As culturas,
muitas vezes, avanam at prximo s margens; e os pastos comumente estendem-se at a
calha do rio (Foto 26). As diversas estradas que cortam os cursos dgua tambm possuem
potencial de modificao ambiental, principalmente por canalizarem sedimentos para os
ambientes aquticos.
As atividades de turismo que ocorrem na rea do Parque no parecem interferir
significativamente no comportamento do pato-mergulho, haja vista que um casal de Mergus
octosetaceus vem se reproduzindo ao longo de muitos anos em um dos locais mais visitados
(Silveira & Bartmann 2001, Bartmann 1988 e observaes pessoais). No entanto, verifica-se
um crescimento alarmante do turismo na regio, tanto no Chapado da Canastra, quanto em
suas adjacncias, no Chapado da Babilnia e regio de Delfinpolis. A intensificao das
atividades tursticas, sempre procurando acesso aos rios e cachoeiras, seja para banhos,
caminhadas, prtica de boiacross ou apenas para contemplao, pode vir a comprometer o
comportamento biolgico da espcie.
Outro impacto que merece destaque especial a presena de espcies exticas de peixes na
regio. Nos reservatrios de Furnas e Peixoto foi introduzido, entre outras espcies alctones,
o tucunar (Cichla sp.) que tambm presena constante nos tanques de criao de peixes.
Espcies desse gnero tm causado profundas modificaes em ambientes onde foram
introduzidas, com o agravante de no existirem processos eficazes para sua erradicao aps o
estabelecimento em uma determinada comunidade hospedeira (F. Vieira 2002, comunicao
pessoal). Embora o tucunar habite preferencialmente ambientes lnticos, no raro encontrlo em trechos de rios. Sendo uma espcie essencialmente piscvora, seu estabelecimento pode
alterar a dinmica das comunidades aquticas nativas. Peixes pequenos nativos constituem a
base da alimentao de Mergus octosetaceus, e qualquer fator que interfira na abundncia de
sua principal fonte alimentar pode gerar consequncias graves para a populao dessa espcie.
A caa no parece ser uma ameaa atual ao pato-mergulho. Algumas informaes sobre sua
caa h algumas dcadas passadas foram obtidas, mas sem comprovaes. Certos moradores
alegam que no uma caa vantajosa, uma vez que se trata de um animal muito difcil de se
aproximar e, ao mesmo tempo, pequeno e sem muita carne. No entanto, h que se considerar
que o assunto caa evitado por todos e raramente encontra-se algum disposto a fornecer
informaes confiveis. possvel que, em tempos passados, quando era mais abundante, a
espcie tenha sido alvo mais comum de caadores, e que hoje esta seja uma atividade
realmente rara.

24

Poucas foram as espcies de aves aquticas registradas na rea de estudo, que poderiam estar
competindo com Mergus octosetaceus. Martins-pescadores foram as mais comumente
observadas em vrios cursos dgua. Marreca-anana (Amazonetta brasiliensis) no ribeiro da
Babilnia e o mergulho (Podilymbus podiceps) no rio So Francisco foram as nicas
espcies registradas bem prximas (a poucos metros de distncia) a casais de patosmergulhes. Outras espcies foram observadas nos mesmos rios onde ocorre M. octosetaceus,
embora no se tenha constatado nenhuma interao entre elas. No crrego da Joana registrouse um biguatinga (Anhinga anhinga); no rio Santo Antnio (norte do Parque) e no ribeiro da
Formiga foram detectados casais de pato-do-mato (Cairina moschata), sendo que o ltimo
encontrava-se com um filhote. O casal observado no rio Santo Antnio sobrevoou algumas
vezes o trecho do rio onde estava sendo feito o play-back para atrao do pato-mergulho.
Esse comportamento parece indicar que ele conhece a zoofonia de Mergus e que, de alguma
forma, a presena de uma espcie pode provocar alteraes no comportamento da outra.
A lontra (Lontra longicaudis) tambm foi constatada em alguns rios onde ocorre o patomergulho. Como os peixes fazem parte de sua dieta, ela poderia tambm competir pelos
recursos alimentares de M. octosetaceus. Alm disso, importante avaliar se a lontra seria
possvel predadora de filhotes de pato-mergulho.
Ainda sobre predao, algumas suposies baseadas em observaes pessoais de
pesquisadores que trabalharam na regio so apresentadas no item acima (Atividades
Reprodutivas). Durante o trabalho de campo no crrego Grande, a jusante da cachoeira do
Cerrado, quando dois ces da fazenda acompanharam todo o trecho amostrado junto com os
pesquisadores, percebeu-se que eles ficavam um pouco excitados quando ouviam a zoofonia
do pato-mergulho reproduzida para o play-back e no raramente entravam na gua em sinal
de alerta. Esse comportamento pode ser interpretado como sinal de possvel interao
agonstica entre essas espcies. Tambm relatado na literatura que o dourado (Salminus
maxillosus), um dos mais vorazes peixes do alto Paran, um perigoso inimigo para filhotes
pequenos de qualquer espcie de pato (Partridge 1956). No entanto, so necessrios estudos
voltados verificao das interaes interespecficas, tanto de competio quanto de
predao, e suas conseqncias para as populaes de Mergus octosetaceus na regio.

25

Propostas de Manejo e Conservao

Com um ano de trabalho em campo, embora tenham sido feitos poucos contatos diretos com a
espcie, possvel traar algumas prioridades para manejo e conservao do pato-mergulho
(Mergus octosetaceus) na regio do Parque Nacional da Serra da Canastra.
A escassez de informaes sobre a biologia e comportamento da espcie dificulta as tomadas
de decises quando estas requerem embasamento tcnico. O levantamento de dados sobre
reproduo, alimentao, rea de uso, interaes intra e interespecficas, interferncia das
atividades tursticas sobre a populao, entre outros parmetros, deve ser incentivado nas
vrias localidade de ocorrncia do pato-mergulho. A regio do Parque Nacional da Serra da
Canastra muito favorvel ao desenvolvimento desses estudos e, por meio do presente
trabalho, verificou-se que abriga uma populao relativamente estvel, que poderia trazer
respostas concretas e aplicveis s questes de conservao da espcie. Pesquisas que
envolvem marcao dos indivduos, preferencialmente com uso de rdio-transmissores, para
confirmao da rea de uso e deslocamentos so essenciais para definio precisa do tamanho
e da dinmica de sua populao na regio.
Constatou-se que, to importante quanto a necessidade de desenvolvimento de estudos
biolgicos sobre a espcie, imprescindvel a implantao de um programa de divulgao e
conscientizao ambiental para as populaes locais. Muitos moradores no conhecem o patomergulho, outros indicam a presena de alguma espcie semelhante, que poderia tratar-se de
M. octosetaceus, mas no conseguem descrever detalhes fisionmicos ou comportamentais. A
populao de So Roque de Minas e de suas proximidades so mais cientes da ocorrncia
dessa espcie, muito provavelmente devido ao turismo de observadores de aves que vem no
pato-mergulho um dos maiores atrativos do Parque e eventual presena de pesquisadores
procurando pela espcie. Foi muito comum, durante as conversas com moradores, a afirmao
de que este um pato muito bravo, que no deixa chegar perto. Vale destacar que os
moradores referem-se M. octosetaceus como marreco. Para eles, pato diz respeito ao
pato-domstico e ao pato-do-mato (Cairina moschata). Assim, um programa de divulgao
associado conscientizao comunitria, ressaltando a importncia da espcie e mostrando
que sua presena na regio uma rara riqueza e motivo de orgulho, poderia trazer o
comprometimento de todos na busca e aplicao de aes benficas sua conservao. Tanto
o desenvolvimento de pesquisas cientficas quanto a implantao de projetos de educao
ambiental devem ser conduzidos por profissionais qualificados.
Ressalta-se que a conservao do pato-mergulho depende necessariamente de medidas que
envolvem a recuperao e preservao dos cursos dgua, suas nascentes e margens, incluindo
as matas ciliares. Ento, alm dos benefcios voltados conservao da prpria espcie, o
programa proposto estaria direcionado ao resgate de valores bsicos e fundamentais de uso da
terra e preservao ambiental. Em algumas regies, como na rea noroeste fora do Parque,
evidencia-se maior conscincia e comprometimento dos fazendeiros com a conservao dos
recursos hdricos em comparao com outras regies. So observados longos trechos de matas
formando verdadeiros corredores. Como j mencionado anteriormente, no item Ameaas, as
matas ciliares conferem um certo isolamento ao corpo dgua que parece favorecer a presena
de M. octosetaceus.

26

As atividades minerrias, como tambm discutido anteriormente, constituem um impacto


relevante para algumas drenagens. de suma importncia para a conservao dos recursos
hdricos locais que se proceda a uma fiscalizao permanente, coibindo as atividades
clandestinas, e revogando licenas concedidas para explorao dessa natureza na rea do
Parque e em sua zona de amortecimento.
Com relao efetivao da rea do Chapado da Babilnia como Parque Nacional e
considerando que a desapropriao da rea se far em etapas, recomenda-se a aquisio
prioritria das seguintes reas:
1. rea de drenagem do ribeiro das Posses e do crrego Nogueira, entre o Chapado da
Canastra e o Chapado da Babilnia.
2. cursos dgua, incluindo suas margens, na regio da Fazenda Fundo. O rio, que desce
a partir da Casa de Pedra, dentro do Parque, chamado de Santo Antnio pelos
moradores locais. Diferentes denominaes so dadas cachoeira presente a jusante
do limite do Parque Nacional: cachoeira do Santo Antnio, cachoeira do Fundo ou
cachoeira do Picol.
3. rea de drenagem do crrego Cachoeira, conhecido localmente como crrego
Cachoeirinha.
Alm dessas, outras reas no includas no decreto de criao do Parque, deveriam ser
consideradas para incorporao unidade de conservao, por se tratarem de locais muito
importantes para manuteno de grupos familiares de pato-mergulho:
1. a parte baixa do ribeiro da Babilnia, at sua confluncia com o ribeiro das Posses,
cujo rio passa a ser denominado de Santo Antnio.
2. a regio de confluncia do crrego Cachoeira, crrego Alto da Serra e rio So
Francisco, a jusante da Portaria 4 do Parque, bem como o curso do rio So Francisco e
suas margens at as proximidades de So Jos do Barreiro.
Na impossibilidade de incluso das reas citadas acima nos limites do Parque, deveria-se
incentivar a criao de Reservas Particulares do Patrimnio Natural (RPPNs), s quais
poderiam atender as necessidades de conservao, mantendo hbitats favorveis aos patosmergulhes. O incentivo ao estabelecimento de RPPNs deve-se estender para toda a regio,
mesmo alm dos limites da zona de amortecimento do Parque. As reservas privadas tm sido
muito importantes na complementao e integrao do sistema pblico de reas protegidas no
Brasil.
Outras medidas imediatas que devem ser tomadas em favor da conservao de Mergus
octosetaceus no Parque Nacional da Serra da Canastra podem ser citadas:
1. aplicao eficaz das regras que limitam os locais de visitao pblica, com maior rigor
na penalizao aos infratores;
2. coibio completa do acesso de motos e veculos off road em locais fora das estradas
abertas para circulao dos turistas, e imposio de penalizaes severas ao
descumprimento dessa medida;
3. limitao da rea de acesso aos turistas na regio da Casca DAnta - parte alta - e no
crrego Rolinhos, de forma a permitir uma rea de escape aos patos-mergulhes, isto
, garantir a manuteno de grandes reas onde no haveria nenhuma interferncia
humana;
4. implantao de um local de observao dos patos-mergulhes, para turistas e/ou
observadores de aves, cujo territrio estende-se at a Casca DAnta - parte alta.
Devem ser utilizadas barracas camufladas prprias para esta atividade (blind), onde

27

podem ser instalados painis de interpretao ambiental sobre a espcie. Este tem sido
o local mais comum de observao do Mergus no Parque por turistas e funcionrios do
Ibama. Entre julho e outubro/novembro provvel a visualizao de filhotes junto
com os pais;
5. proibio da introduo de espcies de peixes no nativas da regio em qualquer corpo
dgua, inclusive em audes e tanques de pesque-pague;
6. incentivo recuperao das margens dos rios e matas ciliares com espcies nativas nas
propriedades privadas, enquanto no for implantado o Programa de Divulgao e
Conscientizao Ambiental voltado conservao do pato-mergulho.

28

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29

ANEXO I
TABELAS

Foto: Carlos Eduardo Carvalho/TERRA BRASILIS

30

Tabela 1: Sntese dos resultados de ocorrncia de Mergus octosetaceus nos cursos dgua amostrados
durante as coletas de dados em campo.

DATA

CURSO DGUA

CONFIRMAO SOBRE OCORRNCIA DE


MERGUS OCTOSETACEUS

20/08/2001

So Francisco (acima da Casca


DAnta)

Confirmado: 1 casal com dois filhotes pequenos


(I.Lamas).

21/08/2001

Crrego Rolinhos (no Parque)

Referncia segura (M. Guimares, L.F. Silveira).

22/08/2001

Crrego dos Cochos (Casa de Pedra)

Confirmado: 2 indivduos em setembro/2001 (D.


Buzzetti e outros / AER).

23/08/2001

Rio do Peixe (entre Capo do Forro e


So Roque)

Confirmado: 1 indivduo (R. de Paula / AER).

24/08/2001

So Francisco (jusante Casca DAnta)

Confirmado: 1 casal com 6 filhotes grandes (I. Lamas).

23/09/2001

Crrego Grande (cachoeira Cerrado)

Confirmado: 1 indivduo (R. de Paula / AER).


Referncia segura: 1 casal (Joo Branco).

24/09/2001

Crrego Rolinhos (fora do Parque)

Confirmado: 1 casal com 4 filhotes (Dante Buzzetti e


outros / AER).

25/09/2001

Rio Santo Antnio (Norte)

No confirmado.

26/09/2001

Rio Sambur

No confirmado *.

27/09/2001

Crrego Faz. Fundo

Confirmado: 1 casal (I.Lamas em 18/10/2001).

15/10/2001

Crrego Boa Vista

No confirmado.

16/10/2001

Rio Araguari

Referncias seguras*.

17/10/2001

Crrego da Parida

No confirmado*.

18/10/2001

Crrego da Joana

Confirmado: 1 fmea e 2 filhotes mdios (I.Lamas).

12/11/2001

Ribeiro da Babilnia

Confirmado: 1 casal (I.Lamas).

13/11/2001

Ribeiro do Engano

Referncia segura.

14/11/2001

Ribeiro Bom Jesus

Referncia segura (Sr. Agnaldo).

15/11/2001

Crrego Claro

No confirmado. H possibilidades de abrigar a espcie,


mas muito visitado por turistas.

16/11/2001

Rio Santo Antnio (Sul)

Confirmado: 1 indivduo (R. Antonelli-Filho / AER) *.

06/12/2001

Ribeiro Grande

Referncia segura: 1 indivduo (R. Murta).

07/12/2001

Crrego Fumal

Confirmado: 4 indivduos em novembro/2001


(L. Bed / AER).

08/12/2001

Ribeiro da Capetinga

No confirmado.

09/12/2001

Crrego da Cabeceira

No confirmado.

10/12/2001

Ribeiro da Formiga

Confirmado: 4 indivduos (I.Lamas).

11/12/2001

Ribeiro das Bateias

No confirmado.
Continua...

31

DATA

CURSO DGUA

CONFIRMAO SOBRE OCORRNCIA DE


MERGUS OCTOSETACEUS

05/01/2002

Ribeiro do Turvo

No confirmado.

06/01/2002

Ribeiro Quebra Anzol

No confirmado *.

07/01/2002

Ribeiro Grota Feia

No confirmado.

08/01/2002

Crrego Rolinhos #

Referncia segura (M. Guimares).

09/01/2002

Rio So Francisco (parte baixa) #

Confirmado: 1 casal com 6 filhotes grandes


observados em agosto de 2001 (I.Lamas).

10/01/2002

Rio So Francisco #

Confirmado: 1 casal sem os filhotes (I.Lamas). Esse


casal havia sido visto com 2 filhotes pequenos em
agosto e tambm em novembro (segundo informaes
de moradores locais).

11/01/2002

Crrego dos Cochos #

Confirmado: 2 indivduos vistos em setembro de 2001


(D. Buzzetti e outros / AER).

12/01/2002

Rio do Peixe #

Confirmado: 1 indivduo (R. de Paula / AER).

23/02/2002

Crrego da Picada

Confirmado: 1 casal (I.Lamas).

24/02/2002

Ribeiro das Capivaras

No confirmado.

25/02/2002

Ribeiro da Prata

No confirmado *.

26/02/2002

Ribeiro Fumal (bacia do Turvo)

No confirmado.

27/02/2002

Rio So Francisco (nascente)

Confirmado: 3 indivduos (I. Lamas).

21/03/2002

Ribeiro das Lavras

No confirmado.

22/03/2002

Ribeiro das Posses (nascente)

No confirmado *.

23/03/2002

Crrego da Cachoeirinha

Referncia segura (funcionrio da Minerao do Sul).

24/03/2002

Crrego das Pedras

No confirmado.

25/03/2002

Ribeiro da Usina

No confirmado.

20/04/2002

Ribeiro das Posses

No confirmado *.

21/04/2002

Crrego da Matinha

No confirmado *.

22/04/2002

Crrego dos Coelhos

No confirmado *.

23/04/2002

Crrego dos Pombos

No confirmado *.

25/04/2002

Crrego da Fazenda

No confirmado.

26/04/2002

Ribeiro dos Pinheiros

No confirmado *.

18/05/2002

Rio Araguari (baixo)

No confirmado.

19/05/2002

Rio Araguari (alto)

Confirmado: 2 indivduos em novembro/2001 (L.


Bed / AER).

26/06/2002

Crrego Quilombo

Referncia segura: casal em set/2001 (Jean P. Santos).

27/06/2002

Crrego Coelhos (alto)

Referncia segura (Wagner L. Moreira).

Confirmado: 1 casal, com a fmea chocando em fenda


na rocha (I.Lamas).
* Curso dgua onde considera-se altamente provvel a ocorrncia de Mergus octosetaceus, embora a
espcie no tenha sido detectada.
# reas amostradas em agosto de 2001, quando os pontos de amostragem no puderam ser marcados devido a
um defeito no GPS.

29/06/2002

Crrego da Matinha (alto)

32

Tabela 2: Cursos dgua e pontos amostrados para confirmao da ocorrncia


de Mergus octosetaceus e para caracterizao de hbitat.
DATA

CURSO DGUA

PONTO

LONGITUDE
(UTM)

LATITUDE
(UTM)

20/08/2001*

So Francisco
So Francisco
So Francisco

1
2
3

341067
341999
?

7754880
7755269
?

21/08/2001*

Crrego Rolinhos**
Crrego Rolinhos

1
2

?
338603

?
7766536

22/08/2001*

Crrego da Casa de
Pedra
Crrego dos Cochos
Crrego da Casa de
Pedra

2
3

?
?

?
?

23/08/2001*

Rio do Peixe
Rio do Peixe

1
2

356035
?

7760593
?

24/08/2001*

Rio So Francisco
Rio So Francisco
Rio So Francisco

1
2
3

?
?
?

?
?
?

23/09/2001

Crrego Grande
Crrego Grande
Crrego Grande
Crrego Grande
Crrego Grande

1
2
3
4
5

353598
354310
355111
356039
?

7765492
7765602
7766629
7766991
?

24/09/2001

Crrego Rolinhos
Crrego Rolinhos
Crrego Rolinhos
Crrego Rolinhos

1
2
3
4

337883
338090
338534
337960

7771923
7771778
7772123
7770675

25/09/2001

Rio do Peixe
Rio Santo Antnio (N)
Rio Santo Antnio (N)
Rio Santo Antnio (N)
Rio Santo Antnio (N)
Rio Santo Antnio (N)
Rio Santo Antnio (N)

3
1
2
3
4
5
6

?
349101
348691
348072
347721
346857
345870

?
7771500
7771251
7771885
7772300
7772340
346857

26/09/2001

Rio Sambur
Rio Sambur
Rio Sambur
Rio Sambur
Rio Sambur

1
2
3
4
5

364241
363128
362596
360691
359905

7771087
7771755
7773435
7776414
7776826

27/09/2001

Crrego Faz. Fundo


Crrego Faz. Fundo
Crrego Faz. Fundo

1
2
3

332516
332453
331526

7768370
7769040
7769659

Continua...

33

DATA

CURSO DGUA

PONTO

LONGITUDE
(UTM)

LATITUDE
(UTM)

15/10/2001

Crrego Boa Vista


Crrego Boa Vista
Crrego Boa Vista

1
2
3

316467
316414
315869

7775008
7775836
7776612

16/10/2001

Rio Araguari
Rio Araguari
Rio Araguari
Rio Araguari
Rio Araguari

1
2
3
4
5

315188
315923
316416
316833
317198

7784501
7784571
7784575
7784177
7783843

17/10/2001

Crrego da Parida
Crrego da Parida
Crrego da Parida

1
2
3

307465
307893
308327

7776799
7777192
7777680

Crrego da Joana
Crrego da Joana
Crrego da Joana

1
2
3

300519
299900
299474

7778360
7778296
7777550

18/10/2001

Crrego Faz. Fundo

19/10/2001

Crrego da Joana
Crrego da Joana

4
5

299605
300217

7779492
7779027

12/11/2001

Ribeiro da Babilnia
Ribeiro da Babilnia
Ribeiro da Babilnia
Ribeiro da Babilnia
Ribeiro da Babilnia
Ribeiro da Babilnia

1
2
3
4
5
6

323873
324549
325168
322925
322211
321670

7753033
7752649
7752336
7753242
7753749
7754046

13/11/2001

Ribeiro do Engano
Ribeiro do Engano
Ribeiro do Engano

1
2
3

291972
292378
291293

7766295
7766607
7766194

14/11/2001

Crrego Bom Jesus


Crrego Bom Jesus
Crrego Bom Jesus
Crrego Bom Jesus
Crrego Bom Jesus

1
2
3
4
5

298191
298461
298595
298096
297645

7762159
7761877
7761468
7760891
7760105

15/11/2001

Crrego Claro
Crrego Claro
Crrego Claro
Crrego Claro
Crrego Claro
Crrego Claro

1
2
3
4
5
6

311711
312111
312800
313358
313912
314790

7749739
7750024
7749845
7749750
7749057
7749450

16/11/2001

Rio Santo Antnio (S)


Rio Santo Antnio (S)
Rio Santo Antnio (S)
Rio Santo Antnio (S)
Rio Santo Antnio (S)

1
2
3
4
5

304278
304737
304974
305290
305799

7756547
7757203
7758057
7758874
7759621

Continua...

34

DATA

CURSO DGUA

PONTO

LONGITUDE
(UTM)

LATITUDE
(UTM)

06/12/2001

Ribeiro Grande
Ribeiro Grande
Ribeiro Grande
Ribeiro Grande
Ribeiro Grande

1
2
3
4
5

346173
345592
344865
344462
343631

7734354
7734861
7734896
7734691
7734407

07/12/2001

Crrego Fumal
Crrego Fumal
Crrego Fumal
Crrego Fumal
Crrego Fumal

1
2
3
4
5

354963
354848
354753
354101
354323

7728837
7728080
7727249
7726658
7725791

08/12/2001

Ribeiro da Capetinga
Ribeiro da Capetinga
Ribeiro da Capetinga
Ribeiro da Capetinga

1
2
3
4

345512
346000
346942
347531

7725392
7725894
7726097
7726472

09/12/2001

Crrego da Cabeceira
Crrego da Cabeceira
Crrego da Cabeceira
Crrego da Cabeceira
Crrego da Cabeceira
Crrego da Cabeceira

1
2
3
4
5
6

349952
350123
350137
350780
351272
351760

7734331
7734697
7734929
7734985
7735280
7735684

10/12/2001

Ribeiro da Formiga
Ribeiro da Formiga
Ribeiro da Formiga
Ribeiro da Formiga
Ribeiro da Formiga

1
2
3
4
5

330992
331738
332258
332282
332587

7734638
7734597
7734863
7734401
7733871

11/12/2001

Ribeiro das Bateias


Ribeiro das Bateias
Ribeiro das Bateias
Ribeiro das Bateias
Ribeiro das Bateias

1
2
3
4
5

324442
324139
324095
323367
323304

7740523
7740992
7741620
7741552
7742137

05/01/2002

Ribeiro do Turvo
Ribeiro do Turvo
Ribeiro do Turvo
Ribeiro do Turvo
Ribeiro do Turvo

1
2
3
4
5

371980
372079
372125
371924
371871

7721162
7720541
7719951
7719026
7718218

06/01/2002

Ribeiro Quebra-Anzol
Ribeiro Quebra-Anzol
Ribeiro Quebra-Anzol

1
2
3

362108
361794
361262

7719163
7719979
7720505

07/01/2002

Ribeiro Grota Feia


Ribeiro Grota Feia
Ribeiro Grota Feia
Ribeiro Grota Feia
Ribeiro Grota Feia

1
2
3
4
5

381335
381787
382669
383049
383631

7721066
7721230
7721164
7720927
7720594

Continua...

35

DATA

CURSO DGUA

PONTO

LONGITUDE
(UTM)

LATITUDE
(UTM)

08/01/2002

Crrego Rolinhos**
Crrego Rolinhos
Crrego Rolinhos
Crrego Rolinhos

1
2
3
4

336966
336956
337298
337789

7768930
7768209
7767588
7767112

09/01/2002

Rio So Francisco
Rio So Francisco
Rio So Francisco
Rio So Francisco
Rio So Francisco

1
2
3
4
5

341181
340777
341473
342333
342895

7753521
7752911
7752627
7752298
7751994

10/01/2002

Rio So Francisco
Rio So Francisco
Rio So Francisco

1
2
3

341156
341973
342106

7754889
7755257
7756032

11/01/2002

Crrego dos Cochos


Crrego dos Cochos
Crrego dos Cochos
Crrego dos Cochos
Crrego dos Cochos

1
2
3
4
5

332704
332662
332956
333279
333462

7766835
7766112
7765517
7764898
7764053

12/01/2002

Rio do Peixe
Rio do Peixe
Rio do Peixe
Rio do Peixe
Rio do Peixe

1
2
3
4
5

353168
353929
354810
355509
356068

7759928
7760147
7760095
7760066
7760583

23/02/2002

Crrego da Picada
Crrego da Picada
Crrego da Picada

1
2
3

363881
363736
363905

7732163
7731562
7730721

24/02/2002

Ribeiro das Capivaras


Ribeiro das Capivaras
Ribeiro das Capivaras
Ribeiro das Capivaras
Ribeiro das Capivaras

1
2
3
4
5

351999
352309
352444
352705
352785

7746486
7746966
7747549
7748202
7748874

25/02/2002

Ribeiro da Prata
Ribeiro da Prata
Ribeiro da Prata
Ribeiro da Prata

1
2
3
4

354818
355414
355799
356268

7736063
7736445
7737055
7737379

26/02/2002

Ribeiro do Fumal
Ribeiro do Fumal
Ribeiro do Fumal

1
2
3

372196
372629
373189

7726196
7725634
7725188

27/02/2002

So Francisco
(nascente)
So Francisco (nasc.)
So Francisco (nasc.)
So Francisco (nasc.)
So Francisco (nasc.)

348849

7760779

2
3
4
5

347968
347190
346472
345587

7761207
7761234
7760862
7760702

Continua...

36

DATA

CURSO DGUA

PONTO

LONGITUDE
(UTM)

LATITUDE
(UTM)

21/03/2002

Ribeiro das Lavras


Ribeiro das Lavras
Ribeiro das Lavras
Ribeiro das Lavras
Ribeiro das Lavras

1
2
3
4
5

350362
350741
351001
350244
349768

7753539
7754102
7754856
7755217
7755812

22/03/2002

Ribeiro das Posses


Ribeiro das Posses
Ribeiro das Posses
Ribeiro das Posses

1
2
3
4

330101
330916
331673
332281

7759302
7758775
7758199
7757660

23/03/2002

Crr. da Cachoeirinha
Crr. da Cachoeirinha
Crr. da Cachoeirinha

1
2
3

334803
339397
338844

7752189
7751506
7750791

24/03/2002

Crrego das Pedras


Crrego das Pedras
Crrego das Pedras
Crrego das Pedras
Crrego das Pedras

1
2
3
4
5

358346
357788
357409
356656
355989

7745012
7744729
7744139
7743685
7743012

25/03/2002

Ribeiro da Usina
Ribeiro da Usina
Ribeiro da Usina

1
2
3

355543
354673
353840

7758832
7758705
7758507

20/04/2002

Ribeiro das Posses


Ribeiro das Posses
Ribeiro das Posses

1
2
3

319951
319510
318852

7762799
7762632
7762701

21/04/2002

Crrego da Matinha
Crrego da Matinha
Crrego da Matinha

1
2
3

319623
319254
319004

7766189
7765582
7764910

22/04/2002

Crrego dos Coelhos


Crrego dos Coelhos
Crrego dos Coelhos

1
2
3

317536
317964
318420

7764361
7763911
7764009

23/04/2002

Crrego dos Pombos


Crrego dos Pombos
Crrego dos Pombos
Crrego dos Pombos

1
2
3
4

320617
319976
319930
319448

7764922
7764827
7764488
7764007

25/04/2002

Crrego da Fazenda
Crrego da Fazenda
Crrego da Fazenda
Crrego da Fazenda
Crrego da Fazenda

1
2
3
4
5

351008
350969
350840
350608
350509

7773570
7772930
7772417
7771863
7771313

26/04/2002

Ribeiro Pinheiros
Ribeiro Pinheiros
Ribeiro Pinheiros
Ribeiro Pinheiros
Ribeiro Pinheiros

1
2
3
4
5

338784
338666
338592
338129
337319

7775240
7775767
7776254
7776621
7776284

Continua...

37

DATA

CURSO DGUA

PONTO

LONGITUDE
(UTM)

LATITUDE
(UTM)

18/05/2002

Rio Araguari (baixo)


Rio Araguari (baixo)
Rio Araguari (baixo)
Rio Araguari (baixo)
Rio Araguari (baixo)

1
2
3
4
5

304432
303548
303414
302887
302174

7783654
7783613
7783857
7783595
7783745

19/05/2002

Rio Araguari (alto)


Rio Araguari (alto)
Rio Araguari (alto)
Rio Araguari (alto)
Rio Araguari (alto)

1
2
3
4
5

326170
326074
325672
325602
325427

7778211
7777714
7777116
7776692
7776026

26/06/2002

Crrego Quilombo
Crrego Quilombo
Crrego Quilombo
Crrego Quilombo

1
2
3
4

343447
344338
344971
345762

7767588
7767365
7766562
7766051

27/06/2002

Crrego Coelhos (alto)


Crrego Coelhos (alto)
Crrego Coelhos (alto)

1
2
3

308015
308946
309806

7768251
7767827
7767519

28/06/2002

Crrego Matinha (alto)


Crrego Matinha (alto)
Crrego Matinha (alto)

1
2
3

319622
319543
319367

7766452
7767443
7768136

? Coordenadas no definidas devido ao mal funcionamento do GPS.


* Todos os cursos dgua amostrados em agosto de 2001 foram novamente
amostrados em janeiro de 2002.
** Crrego denominado como Crrego da Mata nas cartas topogrficas do IBGE.

38

ANEXO II
FOTOS

Foto: Carlos Eduardo Carvalho/TERRA BRASILIS

39

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

b) Rio So Francisco.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

a) Crrego da Picada.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

d) Ribeiro da Babilnia.

c) Crrego da Joana.
Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Fotos 1 (a, b, c, d): Cursos dgua com ocorrncia confirmada do pato-mergulho (Mergus
octosetaceus).

40

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

a) Rio Araguari.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

b) Crrego Cachoeira.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

c) Crrego Quilombo.
Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

d) Crrego Rolinhos.
Foto 2 (a, b, c, d): Cursos dgua para os quais foram obtidas referncias seguras da
ocorrncia do pato-mergulho (Mergus octosetaceus), mas sem confirmao nos trabalhos
de campo.

41

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

a) Ribeiro da Prata.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

b) Rio Sambur.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

d) Ribeiro das Posses.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

c) Ribeiro Quebra-Anzol.

Foto 3 (a, b, c, d): Exemplos de cursos dgua com alta probabilidade de ocorrncia do pato-mergulho
(Mergus octosetaceus), sem confirmao nos trabalhos de campo.

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Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 4: Trecho degradado do crrego da Formiga,


prximo ao local onde foram observados quatro patosmergulhes.

Foto: Jean P. Santos/ TERRA BRASILIS

Foto 5: Fmea de pato-mergulho (Mergus octosetaceus)


chocando em cavidade de paredo rochoso.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 6: Penugem colocada sobre os ovos pela fmea


quando esta saa do ninho.

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Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 7: Paredo rochoso onde foi descoberto o


ninho do pato-mergulho (Mergus
octosetaceus).

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 8: Um dos locais utilizados para alimentao pelo casal


de pato-mergulho que estava nidificando.

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Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Fotos 9 e 10: Ovos de pato-mergulho encontrados no ninho


abandonado pela fmea.

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Foto: Alexandre Godinho/UFMG

Foto 11: Um dos ovos com embrio relativamente conservado, do


qual foi possvel extrao de material para preservao de DNA. A
foto foi tirada com o ovo no ovoscpio.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 12: Embrio de pato-mergulho ainda conservado, utilizado para


coleta de material gentico.

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Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Fotos 13 e 14: Rodrigo Redondo e Gisele Dantas coletando


material gentico dos ovos de pato-mergulho.

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Foto: Alexandre Godinho/UFMG

Foto 15: Ovo de pato-mergulho, visto atravs do ovoscpio, onde o


embrio j encontrava-se em estgio avanado de decomposio.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 16: Ovo de pato-mergulho sendo perfurado para retirada de seu


contedo, para conservao da casca.

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Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 17: Contedo do ovo de pato-mergulho sendo retirado para


conservao da casca.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 18: Procedimentos de conservao da


casca de ovo do pato-mergulho sendo
executados pelo professor Germn Mahecha.

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Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 19: Represa de Peixoto.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 20: Trecho do rio Santo Antnio (no norte do Parque)


desprovido de mata ciliar.

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Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 21: Material de desmate de mata ciliar sendo jogado no


ribeiro das Capivaras.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 22: Margem erodida do crrego Cachoeira.

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Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 23: Gado em pasto avanando para a mata ciliar do


ribeiro da Prata.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 24: Cerca de arame farpado atravessando o rio Araguari.

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Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 25: Aparas de quartzito sendo lanadas no leito do


ribeiro Quebra-anzol.

Foto: Ivana Lamas/TERRA BRASILIS

Foto 26: Formao de pastagem estendendo-se at a calha do


ribeiro da Capetinga.

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