Monografia História Do Cinema
Monografia História Do Cinema
Monografia História Do Cinema
SUMRIO
INTRODUO
..............................................................................................................01
INTRODUO
partir dos relatos orais de alguns de seus freqentadores, possvel conhecer histrias que
ainda em permanncia do anonimato.
Com o auxlio de registros bibliogrficos encontrados sobre os edifcios em que
funcionavam as projees, este trabalho vem dar contribuio a historiografia parintinense,
visto que, o cinema no atendeu a populao durante um breve perodo, mais sim, a vrias
geraes que gostariam que este veculo cultural retornasse a funcionar e que as novas
geraes pudessem conhecer sua histria e relevncia no decorrer do tempo. Assim, com os
referenciais bibliogrficos que abordam o cinema partindo de sua histria geral, tramitando
pelo espao brasileiro e amazonense, a pesquisa teve o embasamento necessrio sobre a
stima arte e como esta se delineou no municpio de Parintins. Com depoimentos orais de
cidados que tiveram o privilgio de ter contato com os cinemas, pde-se conhecer a
importncia das memrias referentes a essas salas para a populao local, e o que significam
hoje para os que viveram naquelas pocas.
Assim, para a melhor compreenso da realidade investigada esta pesquisa apropria-se
da Histria Oral, tcnica que vem dar suporte aos registros desvendados, assim como, analisar
atravs destes relatos uma nova perspectiva sobre a trajetria dos cinemas que funcionaram
em Parintins entre as dcadas de 60 a 80. Atravs da descrio oral de homens e mulheres que
prestigiaram as exibies dos filmes e que preservaram em suas memrias o convvio nas
salas de projeo, foi possvel desvendar, conhecer e estudar detalhes importantes,
despercebidos e ainda no registrados como/ou atravs dos documentos escritos. Esta
monografia constar de trs captulos, o primeiro intitula-se Os Caminhos da Stima Arte:
Histria do Cinema onde ser abordado o desenvolvimento do cinema no decorrer da
Histria Mundial, no Brasil e no mbito amazonense. Com este captulo, inicia-se a temtica
que mostrar o papel do cinema na vida humana, sua relao na sociedade, o interesse
despertado pelas produes flmicas.
O segundo captulo intitula-se Memria, Histria e Oralidade com esse ttulo ser
abordada relevncia da memria na construo deste trabalho.
O captulo III, intitulado O intercmbio cinematogrfico: Os cinemas na memria
dos parintinense, cujo propsito uma breve anlise sobre como se delineou a histria dos
cinemas na cidade de Parintins, atravs da memria dos parintinenses. A respeito do resgate
da memria buscaram-se, por meio de relatos dos mais velhos ou mesmo adultos que
vivenciaram o perodo, encontrar subsdios para o registro dos acontecimentos que giravam
em torno dos cinemas dando a eles a oportunidade de expressar todo o acontecimento vivido e
que muitas vezes torna-se negligenciado ou sufocado pelos documentos escritos. Sobre o
trabalho cinematogrfico realizado na cidade, a abordagem feita atravs de obras de autores
locais fundamentando assim a temtica.
Ficar registrado esse momento histrico para que outros interessados na histria e
cultura parintinense possam encontrar nos relatos orais subsdios para que o cinema no fique
somente reservado na memria do povo, correndo riscos de cair no esquecimento, mais que,
possa ser uma realidade no cotidiano da populao, visto que, existe na atualidade um grande
anseio de colocar em funcionamento um prdio destinado a exibio de filmes.
Em suma, esta monografia ressalta o valor do cinema na cidade de Parintins, cuja
importncia tornou-se significativa para vidas dos comunitrios modificando todo um modo
de vida existente entre eles. O cinema tornou-se movimentador de sonhos, diverso, cultura
em meio a uma sociedade simples e pacata. Entretanto, o que muitos no esperavam que os
prdios de cinema fossem desativados, no mais funcionando para o atendimento dos
moradores da cidade de Parintins, repentinamente, sem explicaes satisfatrias. E, na
tentativa de dar resposta aos questionamentos, de muitos moradores que viram suas aspiraes
acabadas inesperadamente a presente monografia torna-se relevante a sociedade cientifica e
pertinente, no apenas por recontar a trajetria dos cinemas mais conhecidos que funcionam
no municpio, mas por possibilitar que os marginalizados pela histria tenham a possibilidade
de recontar atravs de suas vises a histria em que vivenciaram, contribuindo desta maneira,
para o engrandecimento da histria de Parintins com o registro atravs da Histria Oral de
Vida e fontes bibliogrficas, criando um relacionamento recproco com a comunidade, para
que sua memria no se torne perdida pelo tempo.
CAPTULO I
OS CAMINHOS DA STIMA ARTE: HISTRIA DO CINEMA
cinematogrfica
aconteceram
primeiramente
nas
grandes
metrpoles
que
sinta-se parte de algo maior e mais complexo. Na busca de suas definies, verificamos que o
cinema :
Dessa poca, fim do sculo XIX, incio deste, datam a implantao da luz
eltrica, a do telefone, do avio, etc., etc., e, no meio dessas mquinas todas, o
cinema ser um dos trunfos maiores do universo cultural. A burguesia pratica a
literatura, o teatro, a msica, etc., evidentemente, mas estas artes j existiam antes
dela. A arte que ela cria o cinema.
disco fez orifcios. Ao serem girados na mesma velocidade, ambos os discos davam a
impresso de que os desenhos se moviam para quem olhasse atravs dos orifcios feitos no
disco1.
Ainda no final do sculo XIX, inventores franceses, ingleses e americanos tentaram
descobrir modos de fazer e projetar filmes; depois de vrios fracassos, o sucesso veio para
vrios deles, quase ao mesmo tempo.
Em 1887, Thomas Edison comeou a trabalhar em um aparelho para fazer com que
as fotografias parecessem mover-se e s obteve sucesso dois anos depois, quando um norteamericano, Hannibal Goodwin, desenvolveu, um filme base de celulide transparente que
era resistente, mas flexvel. Esta base podia ser coberta por uma pelcula de produtos
qumicos sensveis luz. Podia-se tirar uma srie de fotos com esse filme, que se movia
rapidamente dentro da cmara. George Eastman, um pioneiro na fabricao de equipamento
fotogrfico, produziu o filme.
Utilizando o filme de Eastman, Edison e seu assistente William Dickson inventaram
o cinetoscpio. Era uma espcie de gabinete onde 15 metros de filme rodavam em carretis; a
pessoa olhava atravs de um visor para o interior do gabinete e podia ver as fotos em
movimento. Em 1894 o cinetoscpio era exibido em Nova York, Londres e Paris e surgiram
ento novos inventores que, se utilizando dos mesmos princpios daquele aparelho,
desenvolveram cmaras e equipamentos de projeo mais aperfeioados.
Em dezembro de 1895, pela primeira vez um filme foi projetado publicamente em
uma tela, por meio de um invento chamado cinematgrafo 2. Esta projeo foi realizada pelos
irmos Lumire e aconteceu num caf parisiense. Foram cenas simples, entre elas a de um
trem chegando a uma estao. Porm, a imagem do trem, mesmo sem rudos, deixou na
platia a impresso de ser real. Houve a divulgao que de acordo com Bernardet:
1
S podia ser uma iluso. a que residia a novidade: na iluso. Ver o trem
na tela como se fosse verdadeiro. Parece to verdadeiro - embora a gente saiba que
de mentira - que d para fazer de conta, enquanto dura o filme, que de verdade.
Um pouco como num sonho: o que a gente v e faz num sonho no real, mas isso
s sabemos depois, quando acordamos. Enquanto dura o sonho, pensamos que
verdade. Essa iluso de verdade, que se chama impresso de realidade, foi
provavelmente a base do grande sucesso do cinema. O cinema d a impresso de
que a prpria vida que vemos na tela, brigas verdadeiras, amores verdadeiros
(1980, p.125).
ser exibido em outro. Como o cinema era mudo, no havia problema de diferena de idiomas,
era s trocar a legenda.
Em 1898, o cinema passou a contar histrias; eram pequenas cenas filmadas numa
seqncia. Por vrios motivos o cinema exerceu uma grande influncia nas sociedades
Ocidentais na primeira metade do sculo XX, principalmente nos Estados Unidos, onde se
tornou o mais popular dos meios de comunicao de massa, obtendo no incio, um grande
apoio das classes populares. Em meio a transformao em sociedade industrial,
predominantemente urbana os Estados Unidos encontrou no cinema um meio de
entretenimento celebrado entre as massas. As primeiras grandes salas de cinema surgiram no
ambiente de estratificao das novas cidades americanas, onde houve a separao de classes o
que acabou por colocar a grande camada de imigrantes na periferia, constituindo a classe
baixa,
imigrantes
trouxeram
grandes
conhecimentos
em artes
Os nickelodeons tambm eram conhecidos como poeiras, por serem grandes galpes, nem sempre limpos e
sem nenhum conforto.
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passou a ser tambm uma forma de lazer da burguesia americana, no entanto, sofrendo uma
srie de mudanas em suas estruturas.
Nos primeiros anos da dcada de 1900, a maioria dos filmes americanos era feita em
Nova York, mas logo viram que Los Angeles possua clima e natureza mais favorveis para a
produo de filmes. Em 1911, foi construdo pelo fornecedor de filmes Carl Laemmele, o
primeiro estdio em um distrito chamado Hollywood. Este distrito desenvolveu uma
verdadeira fbrica de estrelas, seriam estas, pessoas que incorporariam personagens
marcantes na histria do cinema.
Carl Laemmele passou do fornecimento produo de filmes que engrandeceriam
atores e atrizes, favorecendo e distribuindo riqueza indstria cinematogrfica. Laemmele
criou a Independ Motion Picture Company (IMP), a Universal Pictures entre outros estdios
que foram aparecendo tornando Hollywood conhecida como a capital mundial do cinema.
Os primeiros atores do cinema no eram identificados pelo nome na tela; preferiam
manter-se no anonimato. Ser ator de cinema era ser considerado um artista muito inferior ao
do teatro. Entretanto, quando a famosa estrela teatral, Sarah Bernhardt, apareceu em um filme,
trabalhar no cinema passou a ser uma profisso respeitvel. Charles Chaplin, Buster Keaton,
Theda Bara e Rodolfo Valentino foram entre outros, artistas famosos do cinema mudo.
A partir de 1912, os americanos tentaram ampliar seu mercado de trabalho, atraindo a
classe mdia para o cinema. Comearam ento a filmar peas e romances mais conhecidos e
contrataram grandes nomes do teatro.
Durante a 1 Guerra Mundial, a produo europia quase parou por falta de matria
prima e de energia, mas os europeus queriam muito ver filmes, principalmente alegres, e
assim os americanos aproveitaram-se da situao e entraram no mercado europeu.
Por volta de 1920, a maioria dos estdios como a Columbia, a Metro, a Warner e a
Universal tinham preocupao com os grandes lucros; os chefes dos estdios eram homens de
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negcio e no artistas e assim houve uma queda grande de criatividade. Por isso, a maioria
das inovaes ocorridas nesta dcada se deu na Europa. A Alemanha ficou conhecida pela
brilhante utilizao da tcnica fotogrfica: introduziu o uso do subjetivo nos filmes,
possivelmente sua maior contribuio. Enquanto isso, os soviticos tornaram-se os pioneiros
em novas tcnicas de montagem.
O ps-guerra e as variadas produes cinematogrficas marcam os anos 20
americano, onde grandes nomes da comdia como Charles Chaplin, Harold Lloyd e Buster
Keaton se destacam. No espao europeu os ensaios vanguardistas de Man Ray e Luis Bunuel
marcam o cenrio artstico francs no ps-guerra e a sociedade alem vivenciava a era de ouro
do seu expressionismo. O cinema sovitico torna-se num centro criativo, aps anos de filmes
de propaganda. Os expoentes mximos da criatividade cinematogrfica sovitica so
encontradas nas obras de Sergei Eisentein. Outra indstria cinematogrfica de destaque na
poca a indiana. A ndia vivia dez anos bastante positivos, produzindo cerca de 100 filmes
por ano.
Nesse perodo, a moda no mundo capitalista e o comportamento social,
principalmente da juventude, foram ditados pelo cinema. Foi o primeiro perodo em que a
cultura norte-americana se imps sobre o mundo. As mulheres copiavam as roupas e os
trejeitos das atrizes famosas, como Gloria Swanson, Greta Garbo e Mary Pickford. O cinema
passou a influenciar o comportamento das massas, e mais que influenciar, serviu de veculo
para a expanso cultural norte-americana.
Em meados da dcada de 1920, foi criado um sistema que coordenava, com sucesso,
o som de um disco com o projetor. Em 1922 foi lanado o primeiro filme totalmente a cores,
Toll of the Sea; em 1926 a vez de Don Juan, que chegou acompanhado por efeitos
sonoros e msica. Poucos filmes usaram som antes de 1900; eles dependiam de uma ligao
mecnica a um fongrafo e era difcil sincronizar o som com a ao passada na tela.
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Depois passou a ser usado um filme silencioso, com msica e efeitos sonoros
gravados em disco. At que a Warner produziu em 1927, o filme O Cantor de Jazz (The Jazz
Singer) com Al Jolson, um ator branco que se caracterizou como um negro. No era para ser
falado, teria s efeitos sonoros e msicas. Porm, durante o processo de sonorizao, Jolson
pegou o microfone e disse o que costumava falar em seus shows: "Vocs ainda no ouviram
nada". O incidente convenceu, os diretores da Warner a substituir os quadros legendados do
filme por dilogos falados. Al dublou quatro cenas e as canes, entre elas a cano Blue
Skies.
Nos primeiros anos, o filme sonoro constituiu um retrocesso: o cinema mudo estava
no auge e com alta qualidade, enquanto os falados eram grosseiros e inseguros. Muitos astros
e estrelas tambm tiveram problemas: suas vozes no se adaptavam ao cinema falado, ou pelo
sotaque ou por serem, s vezes, muito agudas. Em 1929, ocorre a primeira edio do prmio
Oscar.
No incio da dcada de 30, nos Estados Unidos, eram os filmes musicais, os de
gangsteres e os filmes de terror que faziam um grande sucesso. Os mtodos de som foram
aprimorados, os atores comearam a dar mais ateno voz, os estdios de cinema buscaram
no teatro atores mais expressivos, os autores foram coagidos a determinar os personagens
atravs de palavras e os escritores de cartes (interttulos) foram descartados, e a partitura
musical tornou-se muito importante, pois o som permitiu tambm o nascimento do gnero
musical, surgindo estrelas como Maurice Chevalier, Fred Astaire e Ginger Rogers.
Nesse perodo se produziu os primeiros filmes coloridos: em 1933, o desenho
animado Flowers and Trees da Walt Disney, e o longa-metragem Becky Sharp, de 1935. Nesta
mesma dcada, surgiram movimentos que tinham como objetivo lutar contra a dominao do
cinema americano: foi a poca do surrealismo cinematogrfico, representado por Lus Buel,
nos filmes Co Andaluz (1938) e A Idade do Ouro (1930).
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Ainda em 1939, Orson Wells, o menino prodgio do rdio e do teatro, foi chamado
para ir a Hollywood. Ele dirigiu filmes que marcaram a histria do cinema e mostraram o
caminho certo para os filmes sonoros, Cidado Kane e Soberba. Neles foram usadas novas
tcnicas fotogrficas, uma nova iluminao com sombras e a cmara acentuava o personagem
e seus gestos. Wells tambm revolucionou o uso da trilha sonora: anteriormente, as partituras
que serviam apenas como acompanhamentos do filme passaram ento a ser feitas para os
filmes, refletindo mudanas no clima da histria e para unir as cenas.
Grandes astros e estrelas surgiram nesta poca e esta dcada terminou triunfalmente
com o filme E o Vento Levou, dirigido por Victor Fleming, com Clark Gable e Vivien Leigh,
nos papis principais. Foi o mais longo feito at aquela poca.
Na dcada de 40, a 2 Guerra Mundial contribuiu com o surgimento na Itlia de um
estilo conhecido como neo-realismo, onde usavam cenrios naturais e atores no
profissionais. Eram filmes realistas, que mostravam as misrias da guerra e o problema da
volta paz. Surgiu ento Roberto Rossellini, com Roma- a Cidade Aberta (1945) e Vitorio de
Sica, com Ladro de Bicicletas, seguidos por Antonioni e Fellini.
Na Frana, o acontecimento mais importante do ps-guerra foi o aparecimento de um
grupo de jovens e talentosos diretores que iniciaram a "nouvelle vague". Tratavam da vida
moderna francesa e colocavam os jovens como ponto central dos filmes; estes tinham um
custo baixo e o estilo individual de seu diretor. Era um cinema de qualidade, comercial e de
contedo existencialista. Seus representantes mais famosos foram: Jean Luc Goddard e
Franois Truffant.
Esta quantidade variada de estilos espalhou-se pelo mundo chegando tambm
Europa Socialista, que apresentou uma grande renovao cinematogrfica, em 1960.
O cinema nas dcadas seguintes fica um pouco parado; a televiso tinha tirado
grande parte de seu pblico. Mas no fim da dcada de 80, o cinema americano ressurge com o
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filme de Steven Spielberg, ET. O filme arrecada milhes, o cinema ganha caractersticas mais
populares e os produtores que tinham trocado o cinema pela televiso retornam sua produo,
com o auxlio da propaganda e das novas tecnologias.
Segundo Tapajs, a partir de uma mquina curiosa, passatempo de cientistas e
pesquisadores, no decorrer de mais de cem anos de realizaes e progressos, o cinema se
distingue das outras formas de arte por suas caractersticas prprias e distintas das outras
reas, bipolarizou-se em duas direes ntidas e demarcadas: o cinema-arte e o cinemaindstria, se transformando num imenso e complexo sistema industrial cujos tentculos
penetram em todos os pases do mundo 5 .
O cinema produzido dentro dos interesses de mercado, se atrelando ao gosto
particular de cada pessoa da platia por determinado tipo de gnero. Abrangendo as relaes
entre produtoras e distribuidores de filmes, a indstria cinematogrfica realiza um processo
desde a criao de um filme, necessrio investimentos realizados por meio de alianas
comerciais, tendo um custo alto ou baixo, dependendo da viso objetivada do diretor do filme,
alm do mais, produo e divulgao de um filme requer publicidade e salas de exibio
apropriadas para a sua projeo.
O cinema se integra primeiramente a um conjunto de interesses pessoais e
comerciais, e suas exibies flmicas trazem mltiplas mensagens e temticas que ficam
armazenadas na memria a quem transmitido.
Deste modo, a histria do cinema necessariamente a histria de uma indstria, e
tambm a histria de uma arte.
populao. Sua primeira sesso pblica, paga pela platia data o nascimento do cinema como
uma indstria.
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assim, durante trs ou por volta de quatro anos, o Rio de Janeiro conheceu um perodo que se
pode considerar a perodo aurfero ou Era do ouro do Cinema Brasileiro.
Com o desenvolvimento da indstria cinematogrfica nas potncias mundiais o
perodo de ouro do cinema brasileiro enfraquecido. Conforme afirma Paulo Emlio Salles
Gomes:
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do cenrio humano do Rio de Janeiro, ento capital federal e modelo para as outras cidades.
Segundo Catani e Souza:
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1961 surge Glauber Rocha que estreou com o filme Barravento e a seguir realizou o filme
Deus e o Diabo na terra do Sol.
Com o surgimento do Cinema Novo, movimento notadamente do Rio de Janeiro que
envolve de forma pouco diferenciada tudo o que se fez de melhor no moderno cinema
brasileiro, ocorre, nesse perodo, a premiao de diretores como Glauber Rocha, Paulo Csar
Sarraceni, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Carlos Diegues, Walter Lima Jr entre
outros.
O estilo boca do lixo surgido na dcada de 1970 traz novas tendncias ao cinema
brasileiro aproveitando a lei que exigia a exibio de filmes nacionais.
Os filmes dessa poca eram de baixo custo oramentrio, de ingressos baratos,
podendo ser patrocinados e financiados at pelos mais simples brasileiros. Os filmes que
caracterizaram esse perodo so os de faroestes (bang bang), sobre cangaos, kung-fus,
melodramas e aventuras de segunda linha, revelando atores como David Cardoso, Tony Vieira
e Jean Garret. Os filmes boca-do-lixo eram especializados em porno-chanchada, filmes de
humor que tinham toques de erotismo, sem serem pornogrficos. Nesse perodo, os cinemas
em Parintins exibiam filmes como os Trapalhes, prestigiados pelo pblico infantil como
tambm pelos adultos. A decadncia do cinema boca-do-lixo comeou com o filme Imprio
dos Sentidos, de arte, com cenas explcitas, ou seja, pornogrficas. A partir dele, vrios outros
foram liberados e o mercado foi dominado por produes porn estrangeiras. Outra causa foi
a diminuio da fiscalizao da lei de obrigatoriedade de passar filmes nacionais.
Sobre o perodo cinematogrfico nos anos 70 e 80, Salvyano Cavalcanti de Paiva
(1989), afirma que o cinema alimentava-se das verbas do Instituto Nacional do Cinema e da
Embrafilme. Essa poca foi caracterizada pelas pornochanchadas, que eram uma mistura de
erotismo com uma qualidade no to boa. Com o golpe de 1964 e o incio da ditadura militar
e uma crise que atingiu severamente o mercado caiu o nmero de produes. At os famosos
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Trapalhes estavam perdendo pblico. Mas, foi nesta poca que os filmes coloridos
expulsaram da tela os rivais preto-e-branco. Ao se falar da Embrafilme 7, Almeida e Butcher,
(2003, p. 21) afirmam que, durante 20 anos, a Embrafilme foi o grande motor do cinema no
Brasil (excluindo os filmes produzidos pela pornochanchada carioca e pela chamada Boca de
Lixo de So Paulo). Seu modelo se baseava na concentrao das etapas de produo e
distribuio dos filmes brasileiros, com uma grande influncia na exibio.
As metas de expanso de mercado pretendidas pela Embrafilme fracassaram no
proporcionando estabilidade do cinema brasileiro no mercado interno. As crises foram
invariveis, possibilidades de atuao da Embrafilme como distribuidora e exibidora foram
fechadas por questes polticas. Segundo Carlos Augusto Calil em palestra promovida pela
Educine em Julho de 2002, a empresa ficou fadada ao fracasso por esta restrio de seu
campo de atuao:
A dcada de 80 foi a dcada que o cinema brasileiro colecionou todas as
crises possveis. A primeira crise, de cunho poltico, a de sucesso de Roberto
Farias, que queria continuar como diretor geral. O diretor da distribuidora, Gustavo
Dahl, se candidatou, o cinema brasileiro, que estava unido em torno desta gesto,
rompeu-se em dois, o grupo do Gustavo Dahl e o grupo do Roberto Farias, isso
significou que um grupo neutralizaria o outro e a poltica estava tomando o lugar
principal na vida dos cineastas. Quando chega o Ministro Viriato Portela, assumindo
no governo Figueiredo, ele se deparou com o fato de ter uma classe dividida,
portanto ele procurou o chamado trcios, tese clssica em teoria poltica, o trcios
foi chamado do Itamaraty para administrar a Embrafilme. O Celso Amorim achou
que o melhor que tinha a fazer era chamar os dois e dar, a cada um deles, um projeto
para que eles tivessem os nimos acalmados durante um certo tempo. E contratou
junto a Roberto Farias, nada menos que Pra Frente Brasil e junto a Gustavo Dahl,
Tenso no Rio. (2002 p. ).
Calil afirma que os dois filmes Pra Frente Brasil e Tenso no Rio desgastaram
profundamente a Embrafilme, um derrubou o outro, Pra Frente Brasil quando lanado, foi
considerado uma profunda inconvenincia para o governo militar, o SNI 8, pediu a demisso
do diretor geral da Embrafilme, pois o regime exigia divulgar o governo por meio dos filmes,
o que no aconteceu. Em Pra frente Brasil era percebido a insatisfao a respeito do governo
militar. E Tenso no Rio, que de um ano depois, Celso Amorim j tinha sado da presidncia
7
(Empresa Brasileira de Filmes S/A). surge no cenrio do cinema brasileiro sob a gide da ditadura militar,
atravs do Decreto-Lei n862 de 12 de Setembro de 1969
8
Sistema Nacional de Informaes, criado pelo governo militar.
21
Empresa pblica criada em 1952, e tem o objetivo financiar, em longo prazo, empreendimentos que contribuam
para desenvolvimento econmico social do pas
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O Cine Guarany fazia parte da vida cultural de Manaus, mas sua trajetria
de vida artstica foi de constantes mudanas. Outrora, fora batizado como Cassino
Julieta em 21 de maio de 1907, momento em que a cidade de Manaus vivia as
loucuras e excessos da Belle poque do Ciclo da Borracha e quando a elite
extrativista fazia sua festa (COSTA, 1983, p.5)
Em 1908, o Salo Amazonas foi inaugurado como uma nova sala de cinema de
qualidade reconhecida, sendo fechado sete meses depois. Novas casas de diverses surgem
em meio a crise gomfera fazendo concorrncia com os cinemas. Em 1909 surgem o Recreio
Amazonense, o Cinema Avenida e o Teatro Alhambra sendo que o ltimo funcionou de
dezembro de 1909 metade de 1913, exibindo filmes brasileiros e amazonenses,
posteriormente iniciou soires infantis das 7 s 8 da noite.
Apareceram em 1912 o Cinema Rio Branco, o Polytheama, o
Cinema Olympia e o Cinema Rio Negro. Surge o Odeon em 1913,
glamoroso, cheio de ostentao, mostrando o ambiente do cinema como
um fantstico mundo de sonhos. Dos cinemas inaugurados somente o
Cine Guarany, o Polytheama e o Odeon conseguiram funcionar por mais
tempo, chegaram dcada de 70, gerenciados pela Empresa Fontenelle &
Cia. Na dcada de 20, alm dos cinemas Alcazar (Guarany), Polytheama e
Odeon - surgiram outras salas com presena marcante por longos anos, o
Cine-Teatro Manaus, o Cine Popular e o Cine Glria, e no final de 1921,
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trabalho de Litaif, e Almir Pereira, em 1966, em 16 mm, e que nunca mais fizeram uso da
cmera. Os jovens cineclubistas Felipe Lindoso, Roberto Kahan, Raimundo Feitosa, Aldsio
Filgueiras, Djalma Batista e Domingos Demasi, do Grupo de Estudos Cinematogrficos
comearam a pontificar nos dois festivais de cinema. Desse modo, o cineclubismo estimulou
tambm a produo de Cinfilo (1966-1968), uma revista de cinema do crtico Jos Gaspar.
O romance A selva, de Ferreira de Castro, foi adaptado para o cinema em 1972 por
Mrcio Souza, um dos tericos do Cinema amaznico. Sob liderana do cinfilo 10 Joaquim
Marinho havia um grande projeto que visava a criao de um plo de cinema em Manaus, em
meio aos primeiros anos de estabelecimento da Zona Franca, que recebia bastantes
investimentos para desenvolver a indstria, logo assim, Joaquim Marinho objetivava atrai
financiamentos para a indstria cinematogrfica amazonense. No entanto, o projeto cultural
no teve continuidade, fazendo o sonho ficar quase inerte.
Por volta de 1970 a 1990, a produo flmica ficcional e de alguns documentrios
recebem a colaborao do Estado, que financia e d logstica aos filmes da regio. Nesse meio
de trabalho conjunto entre governo e produtores, surgem, por exemplo, os longas-metragens 11
Ajuricaba, o rebelde da Amaznia (1976), do carioca Osvaldo Caldeira, e o premiado Mater
dolorosa (1980) do amazonense Roberto Evangelista.
Em 1987, o governo promoveu tambm o Primeiro Festival Internacional de Cinema
Amaznico e, em 2001, criou a Amazon Film Comission, que produziu frutos como Tain I e
II. Em 2004, realizou o Amazonas Film Festival Filme de Aventura. O Estado do Amazonas,
como tambm a regio amaznica foram utilizados inicialmente como cenrio para o cinema
documentalista com produes destinadas a propaganda favorecendo o turismo. Muitos
produtores buscam na Amaznia suas mais belas e exticas paisagens para servir de cenrio a
produes fictcias que criam mundos com criaturas dotadas de exageros na viso dos
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11
Amante do cinema, que nutre uma grande paixo pela stima arte
Filme de longa durao
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CAPTULO II
MEMRIA, HISTRIA E ORALIDADE
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Na ausncia de fontes escritas, o historiador deve procurar em tudo que puder extrair
respostas, o que quer que represente a ao humana, como por exemplo, relatos pessoais,
cartas, utenslios que possam dar informaes. A histria vivida nos traz inmeras
informaes sobre o homem, e no se deve restringir apenas a fontes escritas como se estas
fossem as nicas, mas que o homem a maior fonte de informaes para a Histria, atravs
da sua prpria vivncia. A histria de vida do homem mantm uma ligao mtua com o
conhecimento cientfico, e o historiador deve trabalhar para o aprimoramento da cincia
histrica, edificando-a com vrios direcionamentos crticos, contribuindo para a realizao de
uma verdadeira Nova Histria.
Pelo exposto, observa-se que a histria de vida do homem, ainda no escrita, pode
nos fornecer ricas informaes atravs da sua memria, que armazena conhecimentos
importantes para o universo histrico. As informaes presentes na memria de cada
individuo s pode ser conhecida e compartilhada atravs de relatos orais.
Para o sucesso deste trabalho, a Histria Oral se tornou indispensvel, sendo que,
poucos registros escritos abordam sobre os cinemas que funcionaram na cidade, e a carncia
do conhecimento sobre tais lugares pde ser diminuda graas memria pessoal e coletiva de
pessoas que conheceram o espao e os contedos existentes nos cinemas que funcionavam
entre as dcadas de 1960 aos anos de 1980. Deste modo,
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Vemos, atravs das ponderaes de Thompson que a Histria Oral permite dar voz
aos marginalizados pela histria, que muitas vezes foram negligenciados pelos documentos
oficiais, como os idosos, as lavadeiras, prostitutas, negros, etc, que, segundo a historiografia
oficial, no teriam muito a contribuir para o entendimento do processo histrico. Assim, esses
homens e mulheres atravs de seus relatos orais contribuem para que se conhea o outro lado
da histria at ento desconhecido. E o pesquisador oral deve est atento aos seus relatos,
manter uma relao de respeito e confiana, para que mais tarde ao transcrever sua entrevista,
ele possa confrontar com o que foi dito pela fonte, ou fazer perguntas sobre o que no ficaram
satisfatrias. Deste modo, ele poder confrontar-se com situaes que no esperava e perceber
que houveram contradies histricas, ocorrendo muitas vezes na mudanas de perspectiva da
pesquisa.
Assim, a metodologia adotada como planejamento de todo o estudo utilizou todos os
procedimentos necessrios propostos pela Histria Oral definida por Jos Carlos Sebe Bom
Meihy, que nos demonstra que:
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no pode deixar de ser notada. Deste modo, a memria tornou-se fundamental para o
conhecimento sobre os cinemas parintinenses, pois,
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Outra questo a respeito da memria a sua sociabilidade. Devido seu carter de dar
voz aos excludos, atravs da memria social que se pode ter conhecimento das mudanas
ocorridas nas sociedades. Le Goff destaca, por exemplo, as tribos que no conheciam a escrita
e que era atravs da memria dos mais velhos puderam transmitir suas tradies pelos relatos
orais passados de pai para filhos. Caso no houvesse essa transmisso ns no teramos
conhecimento de muitas culturas existente ao longo da histria, da sua importncia histrica
e temporal j que consegue resistir ao tempo.
Existem tambm memrias propensas ao esquecimento, sobretudo as lembranas
ruins ao qual o indivduo ou grupo decide esquecer. Muitas vezes, essas memrias no se
encontram to disponvel as pesquisas orais. Recordar fatos negativos traz muita dor aos que
lembram (como aconteceu com os judeus presos em campos de concentraes), sendo muito
difcil relembrar o que aconteceu, naquele perodo possibilitando assim um bloqueio em suas
memrias, ou mesmo um enfraquecimento da memria social. Porm, tambm existem os que
desejam narrar suas memrias para demonstrar suas situaes difceis e motivar a no
repetio do fato ocorrido.
A contemporaneidade tambm coloca em destaque as memrias digitais, e isso
coloca dificuldades na preservao das memrias individuais e coletivas, visto que, o avano
da tecnologia ficou dificulta os ensinamentos ou tradies orais, sendo que a maioria dos
jovens passam boa parte do seu tempo em lan house, frente ao computador, gravam seus
compromisso em agendas eletrnicas entre outros recurso possuidores de memria virtual, o
que torna-se difcil o conhecimento do cotidiano atravs dos relatos orais.
Nisso, o termo memria nos transmite muitos direcionamentos, no entanto, ao
conhecermos sobre o cinema na cidade de Parintins, buscamos nas pessoas, ou melhor, na
sociedade, as memrias reveladoras do assunto.
34
35
maneira (SAMARAN apud LE GOFF, 1990, p.540). Assim, pesquisa histrica consolidada
pela Nova Histria privilegia o cinema como fonte, apreendido em sua especificidade, e,
incorporao dos problemas trazidos pela recente historiografia por aquele que se dedica
anlise esttica.
O questionamento que permeia o relacionamento Histria e Cinema diz respeito ao
que a imagem reflete, ou seja, se a imagem transmite realidade ou representao. A esse
respeito, indaga-se o potencial manipulador de um filme, pois, no exerccio da investigao
dos fatos e no ensino, o historiador se depara com a complexidade do objeto cinema, como
fonte, pois h a pr-concepo de que o filme, o cinema traz fantasia, iluso, irrealidade ao
estudo da histria.
A contribuio que o filme pode oferecer a histria advm das diversas formas de
reproduo da sociedade, ou seja, quando um filme retrata um fato, costumes e caractersticas
de determinada sociedade ou poca, estes ficam registrados e a histria pode analisar se
correspondem adequadamente a realidade, no esquecendo que a idia de verdade
subjetiva. No entanto, se no identificarmos, por meio da anlise dos filmes, o discurso que a
obra cinematogrfica levanta sobre o meio social a qual est inserido, apontando para seus
equvocos, improbabilidades e conflitos, o cinema perde a sua efetiva dimenso de fonte
histrica.
Atravs da avaliao do cinema por meio da Histria, vemos a significncia da
stima arte para a sociedade mostrando a importncia das produes flmicas como
recuperao de caractersticas e vises de mundo das sociedades e tambm como reproduo
da realidade tendo base na fico e seu relacionamento com o documental, pois, de suma
importncia para a compreenso do processo histrico e como este entendido e reproduzido
nos roteiros flmicos, se a realidade dos fatos manipulada ou apresentada adequadamente,
para assim o filme ser utilizado como fonte.
36
Deste modo, o filme passa a adquirir um estatuto de fonte preciosa para a Histria a
fim de se ter a compreenso dos comportamentos, das concepes de mundo, identidades,
ideologias, e dos valores de uma sociedade ou de um momento histrico.
37
Refletindo o cinema, sua trajetria oficialmente iniciada no final do sculo XIX, nos
deparamos com muitas questes, comeando pela primeira impresso que a exibio
transmite. Imagina-se a primeira sesso pblica executada pelos irmos Louis e Auguste
Lumire; a pessoa que se assenta na cadeira ou poltrona da sala de exibio; apagam-se as
luzes, e no escuro surge a luz do telo branco onde as imagens comeam a ganhar vida, e os
olhos do expectador captam as figuras em s, subconsciente onde variadas representaes se
misturam a percepes, e nas imagens do filme, como por exemplo, um trem fazendo sua rota
pelos trilhos, o expectador se reporta ao cenrio visualizado, sentindo o aconchego da
poltrona do veculo fazendo assim, o processo de integrao do cenrio. O filme termina, e o
expectador volta ao cenrio inicial, a sua realidade concreta. Nessa breve fantasia, vemos que
o filme nos introduz ao seu contexto, fazendo o conjunto de imagens se tornarem por
determinado tempo de durao a realidade. Deste modo,
O cinema nos leva a reflexo. No apenas a anlise de suas idias, mas tambm a sua
forma de refletir. H o retorno da imagem, como Narciso vendo seu semblante refletido nas
guas, o homem tendo um espelho. Porm, nesse espelho, visualizada a imagem que cada
um gostaria de ver refletida, o imaginrio infinito e varivel em cada um. E esse espelho vem
a ser o cinema.
A exibio de um filme causa um frenesi, excitao diante da situao exibida na
tela. Muitas vezes no coloca no lugar da personagem. Conforme a temtica do filme, o
expectador, muitas vezes, se apropria de caractersticas da personagem, o ator ou a atriz
38
passam ser modelo para quem assiste. Das grandes produes flmicas, Hollywood constri s,
glamour tendo base nos grandes astros do cinema, homens e mulheres que atravs de
personagens, inspiram tendncias, moda, comportamentos entre outras influncias. De acordo
com Morin13:
Ver MORIN, Edgar. As estrelas: mito e seduo no cinema. Rio de Janeiro: Jos Olympio, p. 8-9 e p.50.
39
40
CAPTULO III
OS CINEMAS E SUAS EXIBIES PRESERVADAS NA MEMRIA
PARINTINENSE
3.1 Consideraes gerais da pesquisa
Para a anlise e discusso dos resultados da pesquisa a partir das peculiaridades de
Parintins, considerando que o mtodo de abordagem o dedutivo, chegamos enfim as
particularidades cinematogrficas deste municpio. Da, os procedimentos histricos,
principalmente a Histria do ponto de vista dos Analles, ou seja, a Histria vista de baixo,
considerando os annimos da histria, dando nfase a narrativa de pessoas com a
oportunidade de apresentar sua biografia e assim desvendar os meandros e obscuridades
existentes na Histria.
O municpio de Parintins constitudo de vrios atrativos com relao a sua cultura,
folclore, artes e religiosidade. Nas primeiras ruas da cidade nos deparamos com prdios,
igrejas antigas e residncias que transpiram muitas histrias dos seus antigos moradores.
Reportamo-nos ao passado, e observamos um cenrio parintinense dotado de
diferenas tpicas, como por exemplo, mentalidades e linguagens dessemelhantes da atual
realidade. As prticas sociais tambm eram diferentes. Havia outras opes de lazer as quais
no encontramos no tempo presente. Em uma poca peculiar, os parintinenses desfrutavam da
tranqilidade do espao ainda em processo de urbanizao. Homens e mulheres faziam o
curso para o trabalho nos mercados, feiras, pequenas lojas entre outros ofcios que existiam no
perodo. Dentre as formas de sair do rotineiro trajeto e aproveitar os momentos para a
diverso individual ou coletiva estava o cinema. Conforme nos relata o senhor Raimundo Jos
da Silva Neto, 52 anos, contabilista, um dos depoentes colaboradores para a pesquisa:
41
Assim surgia o Cine Brasil, cinema idealizado por trs homens mas que
proporcionava alegria a populao parintinense, exibindo grandes clssicos do cinema
mundial como E o vento levou e Casablanca. So notrios os efeitos causados pelo contato
com as salas de exibio. A empolgao com os filmes dos anos dourados brasileiros, o
42
sucesso das estrelas de cinema internacionais, a diverso com os filmes da chanchada, por
meio de personagens marcantes como Oscarito. Assim, muitos parintinenses prestigiavam os
filmes exibidos pelo Cine Teatro Brasil.
Entre as dcadas de 1960 e 1980, os parintinenses prestigiaram a stima arte atravs
de prdios com caractersticas peculiares. Em algumas fontes bibliogrficas de autoria
parintinense, soube-se que nesse perodo havia dois cinemas em funcionamento: Cine Saul e
Cine Oriental. Ao indagarmos sobre qual desses cinemas funcionava a mais tempo e o senhor
Raimundo Jos da Silva Neto que freqentava nos anos da dcada de 1970 nos informa que:
O cine Saul [...] acho que sim, ele era, Cine Saul por que antes era o Cine
Moderno, na poca, Cine Moderno no,Cine era o Cine [...] como o nome, se , no
me engano,[...] no era Cine Moderno, era Cine Brasileiro,uma coisa assim, [...]
Cine Brasil. Acho que pra mim foi um dos primeiros que Parintins possuiu,na poca
como cinema n, por certo tempo eu gostava mais do Cine Oriental.
O relato do senhor Raimundo Silva demonstra o Cine Saul como um o antigo Cine
Teatro Brasil, o que confirmado por Silva (2008, p. 163) ao revelar que outro empresrio
procurou investir no cinema, fazendo funcionar no mesmo prdio do Cine Brasil um outro
cinema:o Saul, nome este em referencia ao seu novo dono o empresrio Jos Saul.
Posteriormente passou a funcionar o Cine Oriental em outro ponto da cidade.
O Cine Saul detalhado pelo depoente que evidencia at sua localizao ali na Joo
Melo, [...] esquina com a Joo Melo e a Faria Neto, onde hoje [...] o Show dos calados,
fazendo uma ligao o passado e presente mostrando que no mesmo local onde hoje um
comrcio, j abrigou um lugar de grande importncia para ele, a qual s restou as lembranas.
O lugar representa o interesse do depoente, mesmo que hoje tenha outra estrutura, o espao
sempre vai representar o Cine Saul. A respeito da relao passado/presente, Le Goff 14 afirma
que:
14
LE GOFF, Jacques. Histria e Memria. Traduo Bernardo Leito, et all. 2 Ed. Campinas: UNICAMP,
1992.
43
[...] o prdio, o cine Saul mesmo que era, eles demoliram, foi demolido
[...] como ele era na poca n,hoje j ta tudo diferente, demoliram. Quem conheceu,
na poca, hoje olha pra l s lembrana, s lembrana, do prdio que era, era um
prdio estilo naquele estilo bem antigo n, e hoje se v uma coisa que muito
diferente, quem lembra hoje j passa por l diz que nunca existiu o Cine Saul pra
estrutura que tinha era assim.
Com esta narrao percebe-se que difcil a crena de ter existido um cinema no
ponto em que j funcionou o Cine Teatro Brasil e que posteriormente se tornou o Cine Saul.
Como o prprio depoente retrata, ao olhar para o prdio atual, quem no tem conhecimento da
existncia do cinema nessa rea nem imagina a ocorrncia desse fato. Esta descrena se firma
pela estrutura que o prdio possua, conforme o depoente evidencia:
Era diferente, era bem diferente, ele tinha uns pilares [...] tipo aqueles
prdios romanos, muito bonitos os pilares e aquilo ali foi demolido, e ficou, eu acho,
no sei muitas pessoas na poca foram contra a demolio daquele prdio ali deveria
ser um marco histrico pra Parintins, e eles demoliram aquilo ali e no se sabe qual
foi a idia que os donos tiveram, mais se at hoje existisse aquele prdio, pra mim
seria uma fonte histrica pra Parintins,entendeu, aquele prdio, por que era muito
bonito,era muito bonito o prdio, quem conheceu, sabe.
44
Ao evidenciar que o Cine Saul poderia ser uma fonte, o senhor Raimundo
demonstra que caso o cinema funcionasse, ou mesmo, fosse conservado, este lugar poderia ser
um patrimnio, marco da histria parintinense. Porm, os que vivenciaram a experincia
das salas de cinemas indagam a demolio do cine Saul. Conforme afirma SILVA (2008,
p.163):
Outro cinema que funcionou em Parintins entre os anos de 1960 a 1980 foi o Cine
Oriental. A respeito do Cine Oriental, foi fundado no dia 26 de dezembro de 1964 pelo senhor
Alberto Kasunori Kimura, nipnico apaixonado por fotografias.
Localizado sito a rua Faria Neto, prximo a rua Senador lvaro Maia, o Cine
Oriental inicialmente se resumia, a princpio, em um salo apenas. Posteriormente foi
ganhando investimentos em sua estrutura fsica, dando mais conforto e comodidade
populao que prestigiava os filmes.
45
FILHO, Alberto Kimura.O Cinema em Parintins. Parintins, UEA, s/d, 2007. Os primeiros passos do Cine
Oriental. Entrevista concedida a Maria de Jesus Muniz de Souza.p.27-28.
46
47
Assim, o senhor Raimundo Barbosa demonstra sua preferncia pelo cinema mudo,
em imagem preta e branca, cujo cone desse estilo flmico o humorista Charles Chaplin, que
encantou e encanta geraes que assistem seus filmes. O depoente ainda fala sobre a
paralisao das exibies com melancolia. Sobre o fim do cinema, o senhor Raimundo
Batalha pondera que o dono faleceu e no tinha outra pessoa pra continuar [...] acabou
fechando [...] Triste. Percebe-se que o funcionamento do cinema, para o depoente, estava
profundamente ligado a presena do dono, idealizador do Cine Oriental, como se a ausncia
do mesmo no desse motivo para o cinema funcionar. O ex freqentador, ele relembra como o
cinema atraa a populao:
Contribua pra cultura. [...] Corria naquela poca corria muito dinheiro. O
preo do ingresso [...] Eles faziam aquelas promoo. Colocavam os cartaz na
frente. Pra chamar ateno da juventude, adolescente, naquela poca, o pessoal
gostava. De ingresso. Ai a vez era 100 cruzeiro naquela poca, eles baixavam pra 50
cruzeiros naquela poca, gostavam muito, e era muito divertido. (Raimundo Barbosa
Batalha, 55 anos)
48
[...] eles colocavam uma msica que at hoje quando o Parintins sai, eles
colocam sabe, sei l aquela musica me chamava a ateno, eu achava to legal,to..
no sei nem te explicar bem s sei que , gostava, bem a partir das 5 horas j comea
a tocar a musica e aquilo me atraia sabe, me chamava ateno, eu gostava. Era no
Cine Oriental que tocava essa msica. (Ilza de Azevedo Batalha)
Logo, se percebe que, assim como o senhor Raimundo Barbosa, a senhora Ilza de
Azevedo encontra na msica do Cine Oriental as emoes vivenciadas no cinema,
evidenciando como este local traz inmeras recordaes de seu funcionamento. A depoente
demonstrou grande insatisfao com o fechamento dos cinemas. A respeito da viso que ela
possua sobre o cinema, a senhora Ilza coloca que o cinema representava, uma diverso, por
que nesse tempo pelo menos a gente que trabalhava no tinha outra diverso, ia ao cinema
pelo menos pra se distrair. Desse modo, a entrevista nos afirma que sua freqente ida ao
cinema era em funo de se divertir, sair da rotina, sendo que a mesma trabalhava e
necessitava de lazer.
Ao questionar se ela tinha algum conhecimento sobre o que poderia ter contribudo
para a desativao dos cinemas em Parintins, a senhora Ilza Batalha informa que na poca as
49
pessoas comentavam sobre vrios pontos de vista, ela prpria tem suas concepes baseadas
nos acontecimentos do perodo, conforme menciona:
Ento os cinemas que existiam, que era o Cine Saul Cine Moderno e
depois Cine Oriental [...] eles terminaram, porque at mesmo assim, , acho por que
devido, depois com o desenvolvimento, veio a televiso entendeu,depois que
apareceu, a televiso j foi caindo mais o cinema porque todos os filmes que
passavam no cinema a televiso comeou tambm a mostrar,ento geralmente o
pessoal j no ia mais pagar ou ento sair de casa pra assistir no cinema,e isso foi,
digamos assim, tornou-se mais difcil pro cinema, foi se acabando, se acabando e pra
mim isso ai foi mais a televiso fez com que os cinemas fechassem as portas na
poca.
50
Conforme a senhora Helena, existia primeiramente 1 (um) Cine Oriental. Mas devido
a grande procura, a lotao do prdio, dona Adelaide mandou organizar outro Cine Oriental, o
segundo prdio, localizado na mesma rua, porm situado na esquina, que, segundo o relato da
depoente, era uma fbrica de guaran pertencente a famlia. Nisso, constituiu-se dois Cinemas
Orientais: o Cine Oriental Primeiro e o Cine Oriental Segundo, o ltimo satiricamente
denominado buraco quente, devido seu espao ser menor e a sua constante lotao, o que
deixava o ambiente abafado.
51
Olha faltava. Por que quando o cinema fechou, ele fechou duas vezes.
Quando ele fechou foi na poca que [...] prima casou primeiro, depois , casei, ai
profissionais no tinha. Pra ele tornar a funcionar a minha tia teve que chamar minha
prima. ento era muito complicado, a gente casa, passa a ter a nossa famlia,e tudo, e
l o marido as vezes no quer, no deixa, mais mesmo assim a minha prima foi e
voltou a funcionar, [...]. (Helena Silva, 52 anos)
52
Ele era amplo, ele era bem grande tambm, ele era bem grande, mais s
com os ventiladores, o Cine Saul no possua o ar refrigerado, como possua o Cine
Oriental n, era no ventilador na poca e as cadeiras de madeira, entendeu? de
madeira. (Raimundo Jos da Silva Neto, 52 anos)
O depoente considera que o Cine Saul tinha um espao e tamanho amplos, fazendo
comparao com o Oriental ele evidenciou que os donos do Cine Oriental investiam bastante
em conforto, exemplo disso o ar refrigerando, climatizando de maneira agradvel o
ambiente da sala de exibio, conforme:
53
O Cine Oriental ele depois, por certo tempo, a dona comeou a digamos
assim a expandir mais dentro do cinema, colocar , colocar refrigerao dentro, o ar
refrigerado as poltronas todas acolchoadas, ela procurou assim dar mais conforto as
pessoas que assistiam o filme n, j no cine Saul j no vi isso ai, eram cadeiras boas
mas com menos conforto do que no Cine Oriental, pra mim o Cine Oriental ele deu
mais conforto para as pessoas que gostavam, que eram amantes do cinema, que eram
at hoje, quem quiser digamos assim dar uma olhada no salo at hoje existe,,
acredito que ainda existem aquelas cadeiras l, por que os donos morreram, e aquilo
fechou e as mquinas ainda existem l, acredito que existem as maquinas l n, no
devem t muito boas por que com certeza no tem manuteno, no tem pessoas que
tomem de conta das mquinas. (Raimundo Jos da Silva Neto)
Os dois cinemas so estimados por suas caractersticas fsicas, pelas pelculas que
exibiam e as memrias dos bons momentos de diverso que proporcionam aos parintinenses.
Assim, sua importncia reside num fato: o cinema faz parte da histria, no apenas da histria
cultural e social, mas como da histria de cada pessoa que vivencia ou vivenciou o cinema.
54
CONSIDERAES FINAIS
55
cinema faz parte da histria da cidade, e sua importante memria deve ser preservada e
perpetuada.
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Fontes Orais: Entrevistas (histrias de vidas) de pessoas que vivenciaram o cinema em
Parintins nos anos de 60 a anos 80.
Iconografias (Fotos)
57
ANEXOS
58
FOTOS
59
60
Roteiro de Entrevista
1.
Nome:
2.
Idade:
3.
Nasceu em Parintins?
4.
5.
Qual (is) cinema (s) freqentou? Com que freqncia assistia s sesses?
6.
O preo do ingresso era acessvel? O (A) senhor (a) trabalhava neste perodo?
7.
8.
9.
10. Qual
11. Os
filmes eram exibidos todos os dias? Quais tipos de filmes eram exibidos?
12. Em
13. O cinema
14. Como
15. Preferiria
16. O
que mais lhe atraia no cinema? O que esperava encontrar quando ia assistir a um
filme?
17. Como
definiria o cinema?
18. Considera
20. O que
21. O que
22. Gostaria
Entrevista Cinema 1
61
Data: 03/04/2010
Entrevistado: Raimundo Barbosa Batalha.
Idade: 55 anos
Naturalidade: Parintins
Eu passei no ano de 1978 e 79. 78 e 79. Era o Cine Oriental. No final de semana.
Final de semana. Trabalhava na Fabril Juta. Lembro que era 50,50 cruzeiros naquela poca,
naquela poca. Mais ou menos. Era, parece, um japons. No lembro o nome dele agora. Cine
Oriental e Cine Saul. No mesmo perodo. No. A gente ia mais, a gente gostava mais de ir no
Cine Oriental. No, eu ia com a minha namorada que agora minha esposa. Era s uma.
Enchia. Era um movimento muito bom, todo final de semana. No, funcionava todo dia.
De segunda a segunda. S que eu assistia no final de semana, que era meu dia de
folga.Sbado. Naquela poca era o. Charles.Charplim. , Charles Chaplin. Naquela poca, era
o Bang Bang. Preto em branco, naquela poca. Gostava. Era, era,naquela poca era a nossa
diverso. Era o, que acabou de falar, o Charles. Charles Chaplin. E, no falava no cinema
no?Era tudo legendado? Era tudo legendado. Era tudo legendado, mais era legal. No filme.
Cinema. achei legal. Por que ali no quando, ali na, quando estudava nesse ano que passou,eles
passaram esse mesmo vdeo, me lembrei, eu estudava ali no Ryota,ns fomos uma vez, ver
uma noite l j assistimos esse filme. Cinema. Por causa da emoo. Por causa do trabalho,
que eles faziam, daquela movimentao com as mquinas e tal. Era tipo um mais era muito
legal. A emoo de ta l, parecia grande, assim a mquina. Emoo. . Ficava emocionado em
viver aquele filme que assistia naquela poca era muito legal. O cinema uma, um, cinema
assim acho que muito legal, uma diverso. No tem mais o Cine Oriental, mas nem o Cine
Saul, no tem mais. Contribua pra cultura. Fazia. Corria naquela poca corria muito dinheiro.
O preo do ingresso, o pessoal a.. Eles faziam aquelas promoo. Colocavam os cartaz na
frente. Pra chamar ateno da juventude, adolescente, naquela poca, o pessoal gostava. Ai a
62
vez era 100 cruzeiro naquela poca, eles baixavam pra 50 cruzeiros naquela poca, gostavam
muito, e era muito divertido. Era bom. Ele era bastante assim meio, prdio muito legal sim. E
dava muita gente, muitas pessoas, confortvel, muito confortvel, o pessoal ia e ficava a
vontade assistindo o cinema e quando tocava aquela musica a gente tava, a gente morava ali
na Raimundo Almada, Itaguatinga, Quando tocava aquela musica sempre dava uma emoo
na gente, antes de , quando antes de comear o cinema, tocava uma musica assim. anunciando
que j ia comear o filme. No lembro mais ou menos, mais chega tocava no corao da
gente. Era muito legal. Chamava a ateno do povo.
Fechou por que naquela poca no tinha quase televiso, era bem difcil ter televiso
era s que tinha. Ah depois, era s preto branco naquela poca. Naquela poca que tinha era
preto e branco, preto e branco, agora no, agora tem televiso, j tem fita de filme, acabou, foi
caindo, foi caindo foi..ai acabou. Preferiram j assistir em casa do que o cinema.
No, no acho que no foi por causa tanto do ingresso. Acho que por causa que,
porque o velho, velho faleceu. Ah, quem era dono do cinema, que era dono do filme,do do
filme. E no teve ningum pra continuar o trabalho e foi acabando devagar ai tinha naquela
poca tinha tambm o que vendia picol, o Brasa, era na frente, picol, era uma sala de
picol,que vendia dava muito movimento l e ai, contribua por cinema com picol, por que a
gente comprava ai A gente fazia aquelas, a gente fazia aquelas filas pra comprar, cada um
comprava s, picol, comprava seus, bombom, naquela poca. Tinha pipoca? Pipoca. Aquela
rua l do Cine Oriental l era muito movimentada no final de semana. S tinha um. Era
de1978 e 79. No auge j. Ai o dono faleceu e no tinha outra pessoa pra continuar. Acabou
fechando. Triste. Quando desse. quem sabe a gente no ia?.. seria muito bom. J nem pra
mim, pros filhos assistirem. , queria, mais infelizmente no..
Entrevista Cinema 2
Data: 03/04/2010
Horrio: 18:00 horas
63
64
gente ia ao cinema n, porque esse filmes que passa na televiso, de vez em quando tudo
repetido,repetido n passa uma semana l vem o mesmo filme que passou na semana passou
numa semana, final de semana n, , acho assim que se existisse o filme, seria muito legal a
gente ir, no final de semana n, participar. Com a famlia, mesmo com os filhos n era to
legal se ainda existisse.
O filme mesmo, por que, gostava porque no tinha outra diverso n. , trabalhava,
quando era final de semana ia ao cinema. Tinha pipoca, tinha picol. Nesse tempo existia um
bar por nome... Brasa a modo, Bar..Era o nico bar, que vendia essas coisas, negcio de
picol. Parece que ficava bem em frente ao cinema. No me lembro, dessas coisas, mais ,
acho que nesse tempo no tinha essas coisas no, to lembrada, no , acho que no existia , no
me lembro . Sentava assim, no meio, gostava nem na frente nem ficar muito atrs tambm.
. Cinema representava, representa n, uma diverso uma, uma por que nesse tempo n pelo
menos a gente trabalhava no tinha outra diverso,ia ao cinema pelo menos pra se distrair n,
divertir, certo, Trabalhava na Fabril,de l , trabalhava em casa de famlia n, no final de
semana era a nica diverso quando no ia ao estdio.que , gostava de assitir jogo quando no
ia ao estdio ia ao cinema. Com certeza, se pudesse ter de novo era to bom o cinema olha ai
nessas outras cidades como tem, S na nossa que no. importante pra cultura com
certeza.Tinha uma boa estrutura, bem limpinho s um salo mesmo cheio de cadeiras era
muito bonito mesmo, muito legal bem confortvel? Era bem confortvel mesmo, tanto faz-se
um como outro. mais no cine oriental mais a senhora chegou a ir no Cine Saul. Cheguei a ir
no Cine Saul.A mesma coisa. Bem participado tambm as pessoas faziam fila pra entrar.
Gostava mais de ir no Cine Oriental. No sei, s eles colocavam uma msica que at hoje
quando o cidade Parintins sai eles colocam sabe, sei l aquela musica me chamava a ateno, ,
achava to legal,to.. no sei nem te explicar bem s sei que , gostava, bem a partir das 5
horas j comea a tocar a musica e aquilo me traia sabe, me chamava ateno , gostava. Com
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certeza. Era no Cine oriental que tocava essa musica. Olha acho que depois que comearam a
chega as televises ai pronto o pessoal foram se afastando. Ficar em casa do que ir ao cinema
n, acho que por esse motivo fechou n. com certeza depois que comeou a chegar a
televiso, pronto o pessoal. . Abandonaram o cinema n pra assitir s em casa a televiso.
acho que foi por isso que fechou tanto fazia um como o outro. todos os dois fecharam, foi o
tempo que os donos morreram n, os filhos...Os donos do cinema morreram. No faz muito,
muito tempo, que eles morreram no sei te dizer o ano, mas no faz muito tempo. Com
certeza.Televiso, a televiso depois DVD, pronto, ento abandonaram no tinha como os
donos sustentar n foi o jeito fechar. , acho que sim, que tivesse. Seria bom n?Seria bom.
Com certeza Sair um pouco da rotina no fim de semana. Ainda mais se Passasse um filme
legal que a gente gostasse tinha certeza que muita gente deixava um pouquinho de lado a
televiso e ia ao cinema n. Pouca gente sabe que sabe mesmo. Seria importante ter. S pode
ter n um livros que contam a histria. Pelo menos um que tivesse funcionando ai, pelo menos
um, que tivesse funcionando ai, seria bom. Muito obrigada pela entrevista.
Entrevista Cinema 3
Nome: Raimundo Jos da Silva Neto
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Idade: 52 anos
Naturalidade: Barreirinha, mora em Parintins desde 1968.
Ah, na poca assim, que quando , cheguei pra Parintins, naquela poca Parintins
ainda era bem menos desenvolvida n, uma cidade ainda que a gente via que era Parintins ainda
era bem pequena e os divertimentos na poca era realmente os cinemas n, os cinemas que
existiam os cinemas como o Cine Oriental mesmo n,e o Cine Moderno na poca, depois o
Cine Saul, so os dois cinemas realmente que divertiam a populao parintinense, e era o que
tinha de divertimento na poca era esses dois cinemas n, que, mais o pessoal se divertiam na
poca no muita n no tinha tanto divertimento, ento o pessoal dava mais valor n no cinema
n da poca a gente ia muito ao cinema, , pelo menos gostava muito do cinema, ento os
cinemas que existiam n que era o Cine Saul e o Cine Moderno e depois Cine Oriental a
depois que eles terminaram, porque at mesmo assim, , acho por que devido, depois com o
desenvolvimento, veio a televiso depois que apareceu a televiso j foi caindo mais o cinema
porque todos os filmes que digamos assim passavam no cinema a televiso comeou tambm a
mostrar,ento geralmente o pessoal j no ia mais pagar ou ento sair de casa pra assistir no
cinema,e isso foi, digamos assim, tornou-se mais difcil pro cinema, foi se acabando, se
acabando e pra mim isso ai foi mais a televiso fez com que os cinemas fechassem as portas na
poca.
Foi, quando na poca primeiro foi o Cine Oriental mesmo, foi Cine Oriental mesmo
que , comecei, o cinema que mais , ia, na poca era o Cine Oriental, assisti alguns filmes no
Cine Moderno mais muito pouco,depois passou o Cine Saul tambm passei a freqentar, ,
gostava muito de filmes inclusive esses filmes da poca era de terror que , gostava,filmes de
ao, filme de cowboy assim aqueles filmes na poca que hoje a gente no v mais, , adorava
assistir.
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O cine Saul... acho que sim, ele era, Cine Saul por que antes era o Cine Moderno, n
na poca, Cine Moderno no,Cine era o Cine n...como o nome, se , no me engano,... no
era Cine Moderno, era Cine Brasileiro,uma coisa assim, no lembro direito como era antes,
Cine Brasil n, acho que pra mim foi um dos primeiros que Parintins possuiu,na poca como
cinema n, por certo tempo , gostava mais do Cine Oriental entend,?
Foi, antes do Cine Oriental, foi,at porque a dona do Cine Oriental ela morr, a pouco
tempo ela morr, em maro,ela t uns 5 ou 6 anos que falec,, quando ela ainda era viva,ainda
funcionou bem,muitos anos o Cine Oriental, e depois que o esposo dela morr,,ainda funcionou
muito o Cine Oriental, , acho que quase 7 ou 8 anos mais ou menos, isso , praticamente o
Cine Oriental fechou as portas de uma vez. nessa poca, na Dcada de 70, isso, a nessa
dcada de 70, 68 pra 70,e 80,assisti muitos filmes mesmo , ia muito no cinema com certeza.
No , geralmente gostava de ir com os amigos, colegas, naquela poca a gente era todos
pequenos, , Tava de, nessa faixa de, nessa faixa etria de 12 a 13 anos, , era jovem, n
adolescente, a gente ia gostando assim, de tarde, depois que peguei uma idade maior j ia de
noite, mas geralmente a gente ia a tarde, ainda era criana, jovem n, e at fugia muitas vezes
pra ir ao cinema,caso a mame no deixava a gente sair mais , gostava de assitir esses filmes n
que passavam, muito legal esses filmes de cowboy, n, , gostava de assistir, muitas vezes fugia
pra ir, at pra ir ao cinema. No, no , no trabalhava ainda, era dependente dos m,s pais, e ,
no trabalhava ainda, dependia ainda dos m,s pais na poca.
No, At o cinema fechar, ai , j trabalhava, j no dependia do m, pai, j trabalhava,
j ia por minha conta, , mesmo j iria por minha conta.
Olha, pra poca, a gente achava caro assim e tal n, por que em vista de hoje, se fosse
hoje n, no, no era to caro no, na poca no os ingressos achava que eram, na poca os
ingressos eram de um preo bem acessveis, na poca que , tava, os trabalhos aqui em Parintins
ainda eram muito difceis n, no era todo mundo que era empregado n, ento a gente
dependia dos pais, e pra gente ir no cinema a gente dependia do dinheiro dos pais ento nessa
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poca, mais no era que fosse caro no, era um preo bom sim, dos dois, inclusive dos dois
cinemas.
Olha, a fabrica que tinha aqui, a empresa que tinha aqui mesmo era a conhecida Fabril
Juta, essa ai foi ela imperou muito anos aqui em Parintins, ela d, muito emprego, a muitos pais
de famlia n, a muitas, a muitos jovens, que trabalhava naquele mundo, a Fabril Juta, tinha
algum comercio tambm, mais comrcios pequenos n, e Parintins na poca no possua, como
at hoje no possui empresas, sabe que Parintins no possui empresas grandes que d emprego
pra tipo,hoje em dia aposentado, pensionista, trabalho no comrcio, o trabalho bancrio,
at hoje os empregos no so tantos n, ento era assim, no tinha muito emprego no na poca
tambm,eram bem poucos mesmo,era mais fcil as coisas,mais emprego era difcil,at hoje
ainda ta difcil.Voc sabe disso n.
exatamente, at por que, a Fabril Juta,na poca, ela empregava , acredito, ela
empregava mais de 500 ou 600 pais de famlia na poca, era grande, era bem grande a Fabril
Juta,ela era o que erma 3 turnos direto de manha, tarde e noite, ela, Fabril Juta era uma empresa
que gerava dia e noite, ento eram por turnos, turno da manha, turno da tarde quem no
trabalhava a tarde,trabalhava da noite e era assim, ela virava dia e noite.
, , no conheci do Oriental , no conheci o dono, quando ,..quer dizer conheci,
conheci,mas logo, logo, , no tinha conhecimento. Minha esposa que era de l, ns
freqentvamos, no tinha muito conhecimento com ele, ele morr, logo, entend, ele
morr,,quando , comecei a freqentar o Oriental,, comecei a conhecer o pessoal do Oriental, ele
falec, o dono, proprietrio n, finado Kimura que chamavam,e depois conheci a dona Ded,
dona Adelaide tambm, tia da minha esposa,conheci os filhos dela,o Ademar, a Almerinda, a
finada Aldair Kimura,esse pessoal n, parti a comear a me dar com eles e conhecer. Do Cine
Saul, conheci tambm o s, Saul, o Z Raimundo, o Z Antonio irmo dele, aquele pessoal n,
conheci tambm, funcionrios assim do cinema , no me lembro, mais os donos sim , ainda me
lembro bastante.
69
Ela era funcionria l do cinema, do Oriental, trabalhou muitos anos desde 70 acredito
at 80 e tal, acho acredito que ela tenha trabalhado.
Com certeza, com certeza os dois cinemas na poca eles eram bem freqentados, at
como , falei,eram as duas diverses que tinha na poca n no tinha outra lotava tinha filmes
que tinha filmes to bons que lotava. Inclusive o Oriental , ainda vi tinha noite que passava 3
sesses s numa noite passava 3 sesses devido lotava e saia aquele pessoal entrava ali, bem
movimentado mesmo, , ainda presenciei isso ai.
Com certeza, com certeza os dois cinemas concorriam,e todos os dois lotavam, eram
bem projetados, por que quando uma passava um tipo de filme que passava no outro, as vezes a
populao, a gente olha, na poca a gente era novo, bor ver o que ta passando ali, bor ver o
que vai passar naquele outro ali, a gente ficava naquela viu pra ver aonde era melhor os filmes
onde fosse melhor o pessoal ia.
Nessa poca a, faz tempo de 60 pra 70, de 60 at a dcada 80, mais ou ainda existia o
cinema, no faz muito tempo no que deixou de existir, no faz tanto muito tempo no. Todo
dia, todo dia, todos os dias a tarde, chamava de Matin, a tarde pras crianadas que iam pras
crianas,e a noite pra adulto, tinha filmes que eram muitas vezes era imprprio pra criana,
ento criana no assistia, nessa poca, ento no como hoje,a televiso, na televiso qualquer
criana assiste, no naquela poca no, quando era filme imprprio as crianas no entravam
mesmo, era bem rgido mesmo. Pra criana como , to dizendo, esses filmes de cowboy, de
tira, o pessoal que curumim gosta, que as crianas gostam, filme de era vive, filme de Tarzan,
sabe aqueles filmes que a criana, os jovem gosta, trapalhes, filme do Teixeirinha, que
passava na poca tambm n, muitos filmes que a gente no ver hoje, a gente via antes e a
gente no ver mais passar na televiso, todos j so filmes diferentes, entend,?que , pelo
menos no vi mais, nem na televiso aqueles filmes que , assistia, , no ah..vi mais n nem na
televiso, filme de ao, aqueles filmes de ao que o pessoal gosta, terror, aqueles filmes de
70
terror que o pessoal gosta, Drcula, naquela poca existia filmes entend, que o pessoal gostava,
esses filmes eram bem freqentados o pessoal gostava demais, , pelo menos gostava , nunca
perdi uns filmes assim, que , gostava demais.
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filme era ruim pouca gente assistia nem toda vez lotar, depende, dependia muito do filme que
passava. Os filmes, os filmes claro,os filmes mais os colegas que assistiam comigo,que a
gente na poca se juntava dois,duas, trs pessoas, ai a gente ia junto, com amigos, colegas e
naquela diverso a gente n acabava se conhecendo, conhecendo as outras pessoas l dentro do
cinema at dentro do cinema a gente conhecia outras pessoas e aquela coisa assim sabe muito
bacana que a gente na poca tinha n, a gente fazia amigos l mesmo dentro do
cinema,conhecia as pessoas e era assim, isso a gente chama a ateno n da gente, a gente ia
participar, a gente gostava mesmo, com os colegas e era assim. Olha, o cinema em primeiro
lugar, ele , ele muito assim, cultural pra mim, o cinema ele muito cultural por que tinha
muitos filmes que realmente chamavam ateno das pessoas n. Filmes bons, filmes que voc
realmente trazia pra casa idias boas entend,, coisas boas, alm da diverso que realmente era
n, tudo isso ai o cinema pra mim se existisse pra mim, at hoje , ainda dava valor ao cinema,
por que realmente eram filmes bons que vinham n, hoje na TV tem muitos filmes que
realmente at pornogrficos, filmes que no se deve a populao, no traz cultura e no como
antigamente, dificilmente os cinemas passavam filmes porn, ento isso a a gente trazia como
pra casa como a cultura, como a lembrana, muitos filmes que dava pra assitir duas, trs vezes
por que quando o filme era bom, , pelo menos, quando o filme era bom, , gostava de assistir 2
at 3 vezes, por que muitas vezes eram filmes que marcavam na gente, at hoje, tem aquele
filme que marca, que marcou pra gente, tem aquele filme Corao de Luto, aquele filme com o
Teixeirinha, marcou at hoje, at hoje quando , escuto aquelas musicas, do Teixeirinha, Corao
de Luto, me d aquele arrepio, me d aquela tristeza, por que era um filme muito triste sabe,
no sei se muita gente acho que assistiu aquele filme, no sei no assisti mais quem assistiu na
poca realmente chorava por que era um filme muito bonito, muito triste, o nome dele era
Corao de Luto, com o Teixeirinha.
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, com certeza, se tivesse um cinema hoje, ainda at hoje funcionando n com certeza
que o jovem eles procuravam a n, eles procurava o cinema, muitas vezes vai a pessoa, vai
com o namorado, namorada, vai o jovem n, vai a esposa, vai o marido entend,, pra mim, seria ,
acho o cinema ele era uma diverso ainda at hoje pra mim ainda uma diverso muito boa,
pelos menos se tinha como voc sair de casa, entend, tinha como sair de casa com os amigos,
como acabei de falar,com os amigos, com a esposa, namorado, namorada, pra l uma questo
muito boa,de voc passar um momento de lazer, entend,, cinema isso,, acho interessante, o
cinema isso pra mim muito interessante, se existisse hoje se ainda existisse o cinema hoje ,
daria o maior valor por que pelo menos a televiso em casa , no acho que ela passe filmes
muito bons no, pra mim os filmes da poca pra mim eram o melhores, do cinema eram melhor.
Com certeza, , por que no cinema a gente tinha como escolher os filmes, na televiso
a gente assiste aquilo que a televiso passa, e no cinema no, no cinema eles colocavam, eles
colocavam os psteres assim dos filmes, com os nomes dos filmes, como era e o dia que
passava, a gente ia l e escolhia, quando a gente via que eram filmes bons, se no passassem
naquele dia, a gente esperava pra passar no dia que fosse passar, por isso que , te digo,que no
cinema a gente tinha opo de escolha na televiso no a gente tem que assistir o que a
televiso passar entend,.
Com certeza, com certeza, com certeza absoluta mesmo, por que pra mim o cinema
cultural, por que alm da diverso, traz cultura, traz divertimento, traz lazer pras pessoas.
O cine oriental ele depois, por certo tempo, a dona comeou a digamos assim a
expandir mais dentro do cinema, colocar , colocar refrigerao dentro, o ar refrigerado as
poltronas todas acolchoadas, ela procurou assim dar mais conforto as pessoas que assistiam o
filme n, j no cine Saul j no vi isso ai, eram cadeiras boas mas com menos conforto do que
no Cine Oriental, pra mim o Cine Oriental ele d, mais conforto para as pessoas que gostavam,
que eram amantes do cinema, que eram at hoje, quem quiser digamos assim dar uma olhada
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no salo at hoje existe,, acredito que ainda existem aquelas cadeiras l, por que os donos
morreram, e aquilo fechou e as mquinas ainda existem l, acredito que existem as maquinas l
n, no devem t muito boas por que com certeza no tem manuteno, no tem pessoas que
tomem de conta das mquinas, devem tarem todas deixoradas,devem tarem todas pra ver at
desmontadas, Mas acredito que dentro do salo mesmo onde funcionava ainda deva ta bem
ainda bem compacto as cadeiras, devem existir at hoje aquelas cadeiras, no Oriental.
Tinha, tambm, ele era amplo,ele era bem grande tambm, ele era bem grande, mais s
com os ventiladores,o Cine Saul no possua o ar refrigerado, como possua o Cine Oriental
n,era no ventilador na poca e as cadeiras de madeira,entend,, de madeira.
Olha Ali ...ali na Joo Melo, quer dizer Joo Melo com a Faria Neto, esquina com a
Joo Melo e a Faria neto, ali onde hoje ali, aquele aloja, aonde ..como o nome ali daquela
loja, onde o Show dos calados,ali na esquina, naquela esquina l era o Cine Saul na poca
existia l.
Ali na rua Faria Neto, no mesmo local tambm, onde at hoje ta l s os equipamentos
que existem l,no mesmo lugar nenhum mudou de lugar, os dois onde eles existiram at hoje
ainda existe os prdios.
No, o prdio, o cine Saul o prdio mesmo que era foi, eles demoliram n foi
demolido que como voc ainda tem alguma foto que mostra como ele era na poca n,hoje j ta
tudo diferente,
lembrana, do prdio que era, era um prdio estilo naquele estilo bem antigo n, e hoje se v
uma coisa que muito diferente, quem lembra hoje j passa por l diz que nunca existiu o Cine
Saul pra estrutura que tinha era assim.
Era diferente, era bem diferente, ele tinha uns pilares tipo assim romano, aqueles
pilares ele tinha formato tipo aqueles prdios romanos, muito bonitos os pilares e aquilo ali foi
demolido, e ficou, , acho, , no sei muitas pessoas na poca foram contra, a demolio daquele
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prdio ali deveria ser um marco histrico n pra Parintins, e eles demoliram aquilo ali e no se
sabe qual foi a idia que os donos tiveram, mais se at hoje existisse aquele prdio,pra mim
seria uma fonte histrica pra Parintins,entend,, aquele prdio, por que era muito bonito,era
muito bonito o prdio, quem conhec, sabe
Ah, o oriental tinha o Oriental mesmo e o oriental segundo que chamavam, o pequeno,
na esquina,bem na esquina tambm, logo prximo,era o Oriental segundo que chamavam n,,
ainda assisti muitos filmes nesse pequeno Oriental,chamavam Oriental segundo tambm,
passavam filmes bons l, lotava tambm, era menor do que o Oriental mesmo, o cine Oriental
mesmo, era um segundo, uma filial do Cine Oriental que eles na poca eles passavam tambm
l no Oriental segundo pra ajudar o primeiro porque como , t te falando muitas vezes lotava
o Cine Oriental grande ento eles passavam no segundo pra suprir n...
muitas vezes o mesmo filme passava num e passava no outro pra ajudar entend,?e
era assim e l cabia menos pessoas claro, mais chegou, muitas vezes lotava tambm, lotava
mesmo.
Tinha, no lado, do lado existia o Brasa Bar, , no sei se voc conhec,, talvez sim talvez
no, mais quem conhec, sabe que at hoje quem quiser presenciar no lado do cine oriental
existe l o Brasa Bar que o dono at hoje ainda vivo, o Edmilson Seixas ele sempre na poca
que existia o cinema tambm existia esse bar o Brasa naquela poca era um dos bares melhores
que Parintins tinha em termos de bons atendimentos,e d, em termos de picols, sorvetes eram
gostosos, o pessoal dava o maior...tava no auge, o Brasa Bar era o bar que Parintins, era o
melhor ento existia bem no lado do Oriental o Brasa Bar at hoje ainda existe, mas no
funciona mais entend,.
Com certeza,com certeza, muitas vezes as pessoas saiam e iam direto pra l tomar
sorvete, refrigerante, picol e tudo mais, ele vendia bastante entend,, na poca tambm.
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Olha, no, os donos eles no anunciaram que o cinema ia fechar, comeando pelo
Oriental, o Oriental como , te falei, primeiro morr, o dono, ele era o chefe, Alberto Kasunori
Kimura, o nome dele, o nome do dono mesmo sabe. Ento Ai ento depois que ele morr, a dona
Ded, finada, Ded Kimura esposa dele ainda muitos anos ainda tocou pra frente o cinema,
antes dela morrer o cinema j tinha tido aquela decadncia, decadncia j tinha praticamente
parado, por que era assim, os filmes eram muito caro pra vir os filmes n por que os filmes vem
de So Paulo era muito caro pra chegar pra c tinha que vir e ser devolvido tinha despesa com
certeza ai depois , te falei depois veio a televiso e o pessoal a no mais freqentar os cinemas
ai o que acontec,
Com certeza foi isso o cinema foi, o pessoal foram deixando de ir freqentar o cinema
e como no tendo mais aquele rendimento que poderia ter pra suprir o pagamento dos filmes a
tendncia foi que era ter que fechar os cinemas seno o dono no ia ter como pagar os filmes
n. Ento o que acontec, foi a mesma coisa acredito no outro, foi a mesma coisa, acontec, o
mesmo caso que o outro, com a vinda da televiso pra mim foi a vinda da televiso que
realmente acabou com os cinemas.
por que, por exemplo, depois que veio a televiso a gente no ia mais sair de casa
pra ver o filme n no iam mais sair de casa com certeza iam pagar depois de assistir em casa
um filme, ento o pessoal eles foram deixando,deixando de participar e a tendncia do cinema
foi fechar,tinha que fechar com certeza. Pra mim foi isso ai.
No, depois que surgiu a televiso onde passava os filmes as pessoas iam ao cinema
pagar uma coisa que podiam assitir dentro de casa.Pra mim foi isso ai. A decadncia um dos
motivos pra fechar foi isso ai foi a televiso
A televiso... ela chegou pra Parintins deixa , ver..em 70 ainda no existia, deve ter
chegado pra Parintins,l pra 78,77 depois da copa do mundo, depois da copa de 70, comeou a
aparecer as televises, as primeiras televises de Parintins, como , t te dizendo, depois que
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filmes at tenho aqui em casa, , tenho os DVD, eram aqueles filmes de Kung fu, Bruce Li tudo
mais, adorava filmes de kung fu, adorava esses filmes,, no perdi at hoje. Olha esses filmes
quando passava no Cine Oriental, lotava. Esses filmes de Kung fu Bruce Li revolucionaram
Parintins.
Entrevista Cinema 4
Data:13 de abril de 2010
Hora: 19:30
Entrevistada: Maria [...] de Souza Silva
Idade: 52anos
Naturalidade: Urucar? Mora em Parintins desde 1975 quando morar na casa da dona do
cinema Cine Oriental.
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A partir de 1975, desde ai comecei a..claro que , j conhecia antes n, mais assim pra
conhecer mesmo, pra participar das sesses, a partir desse ano,1975.
porque, na poca, m,s pais no tinham casa em Parintins, e como ela era minha tia,
irm do m, pai e a , vim pra morar com ela, ai , morei uns anos...estudei, l me formei,casei,
dentro nove anos, .irm do m, pai, Adelaide de Souza Teixeira Kimura casada com s,
Alberto Kasunori, era japons. Cine Oriental. [...]: ah,morei nove anos. [...] no, morava,
estudava, e trabalhava como operadora cinematogrfica, mesmo de mquina, entende? e os
filmes que passavam eram de que tipos? [...] olha, os filmes eram assim de todos os tipos, na
poca assim era muito kung fu,entend, muito bang bang, , muitos filmes brasileiros
tambm que vinha n, filmes brasileiros, e tambm tinha filme de romance, de amor, tinha
todos os tipos de filme. [...]: A imagem ela era cinemascope, tinha uns filmes pelo
cinemascope, que era aquelas telas maiores, e, mais a maioria era cinemascope mesmo.
colorido,: colorido n [...]: por que antes era em preto e branco quando era aquelas fitas de 16
mm, depois que passou pra 33, 36 mm melhorou[...]: porque antes era 16 mm que era, era
preto e branco mesmo entend, era menor a tela e sabe que com a evoluo da tecnologia e
tudo n aquelas coisas vo se modificando, e nos anos 70 houve uma mudana muito grande
com relao ao cinema, ento quando as fitas vinham elas j eram em 33, entende, era
colorido a tela bem maior, ficou muito diferente, melhor mesmo, [...] olha, segundo
informaes assim da famlia n, o cinema inaugurou dia 24 de dezembro de 1967. [...]
funcionava na rua Faria Neto. [...]: s, no eram dois. Cine Oriental primeiro e Cine Oriental
segundo. [...]: no primeiro o Cine Oriental primeiro depois assim porque tinha muita
procura naquela poca, pois o cinema tava no auge, entend,, ento era muitas pessoas,muita
gente, ento a minha tia ela organizou outro que no era bem um cinema era uma fbrica,
mais eles organizaram, uma fbrica de guaran, [...]: na mesma rua, no canto...esquerdo?
Direito, direito [...]: , na esquina bem na esquina, aonde tem um terreno l.[...]: hoje aquele
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terreno ele do filho da minha tia, do Ademar [...]:ento no funciona mais nada s mesmo
o terreno. Ademar Kimura..ento as mquinas operavam com quanto milmetros. [...]: 16 [...]:
aumentou 33 milmetros. Ia s no Cine Oriental, fazia visita pra minha tia , depois passei a
morar l, morava, trabalhava, estudava, entende? [...] no, na verdade, fui uma vez, no
conhecia o cine Saul, n , fui uma vez l, por que assim , na poca era muita concorrncia
entre os dois cinemas, ento a famlia que no gostava muito que a gente fosse assim pra no
dar aquela m impresso, por que a gente trabalhava num cinema, e tava freqentando outro
cinema ento , lembro que fui acho que duas vezes, escondida claro. no tenho muita certeza
mais pelo que as pessoas falam n, o cine Saul j funcionava a muito antes. [...] os filmes que
vinham pro cine oriental os filmes eram bem parecidos, ou passava primeiro no Cine Oriental
ou passava primeiro l, mais eram bem parecidos mesmo, tipo assim, passavam um kung fu l
ai passavam um melhor l no cine oriental eram bem parecido [...]:ele era acessvel, os
estudantes tinham prioridade, meia entrada era bem acessvel mesmo, podia ir no cinema a
partir de que idade [...]:na poca, tinha muito controle sobre isso, sobre isso ai,o cinema
funcionava em dois horrios, a tarde era mais criana, e quando era um filme proibido tinha o
cuidado de colocar, tinha o pessoal da, eles ficavam na porta fiscalizando,comissariado de
menores [...]:a primeira sesso as 4 horas,a outra sesso mas geralmente era as 16 horas, as 22
horas, todos os dias, no importava se tinha uma pessoa a gente tinha que passar praquela
pessoa [...]:s tem uma pessoa, ah , no todas as pessoas [...]:se tivesse uma pessoa so essa
pessoa ia assistir,ela tinha o respeito pelas pessoas [...]:olha s,quando , fui morar com a
minha tia, o m, tio dela tava doente, ele veio a falecer logo em seguida, o Almir estudava em
Belm, a almria estudava em Belm as pessoas que moravam com elas a sobrinha e ela [...]
75 abril de 75, ela sabia no sabia nas maquinas nos sabamos quando o Almir vinha ele
repassava, que o dono do cinema, ele eletrnico, qualquer jeito, o s, Jair Mendes, ele
morava quase em frente, no que ele fosse mecnico, ele ia l e ajeitava, era s mulher,
80
depois, depois que a a minha tia trouxe um homem pra ajudar [...]:quando [...]:ento o Jair era
como se fosse da famlia, era assim q funcionava, depois a minha tia contratou minha tia
sempre viajava pra So Paulo [...] Adelaide de Souza Teixeira Kimura [...] 3 pessoas, que
tomavam conta das maquinas era ela, mais 3, casou uma e ela chamou um rapaz pra nos
ajudar lembro, a Bete e a Maria do Carmo, [...]:uma mora em Manaus, a outra mora aqui em
Parintins [...] as salas de projeo caso era s uma n?s uma bem grande [...]:no era to
grande no [...]:olha, recebia, quando cheguei l pra estudar e trabalha, minha tia procurou
assim, climatizar ventuna [...] Sim, teve uma poca que os filmes passaram a vir de Santarm,
primeiro passava em Santarm no cinema de Santarm, depois que ns recebamos aqui para
passar aqui, mas mesmo assim, muita despesa, e muito compromisso o filme, por que assim
se por um acaso o cinema estragar alguma cena, ns tnhamos, nesse tempo, que pagar [...]
Olha faltava. Por que quando o cinema fechou,ele fechou duas vezes. Quando ele fechou foi
na poca que ,, a minha... prima casou primeiro, depois , casei, ai profissionais no tinha. Pra
ele tornar a funcionar a minha tia teve que chamar minha prima. ento era muito complicado,
a gente casa, passa a ter a nossa famlia,e tudo, e l o marido as vezes no quer, no deixa,
mais mesmo assim a minha prima foi e voltou a funcionar, depois disso que como , te falei
que surgiram os mesmos filmes que passavam no cinema passava na Globo e nas outras TVs e
a ficava complicado [...] mais no fim de semana que tinha os filmes que as pessoas
gostavam mesmo, no interessava o dia no [...] Os dez mandamentos, o longa metragem, se
no me lembro, eram 4 horas de projeo, deixa eu ver...viu como eu te amo,passava muitos
filmes de kung fu, era muitos filmes que passavam[...] defino assim com muita tristeza, , por
que, hoje, vejo: Parintins cresceu, Parintins se desenvolveu, e ns no temos assim um lugar
aonde ns pudssemos sair n, aos sbados, aos domingos, encontrar um amigo, onde os
amigos se encontravam [...] A gente percebia Mesmo l de cima d pra perceber assim a
alegria das pessoas, ento , defino assim com muita tristeza mesmo, hoje , vendo assim, t
81
fazendo um m ano q , entrei no Cine Oriental e ento , fao uma comparao do passado com
o presente, a minha tia de morrer ela tinha uma esperana muito grande, [...] ela gostava muito
daquele cinema, por que o m, tio antes de morrer [...] quando ele morr,, que ela continuasse
aquele cinema era tudo pra ele, e [...] A minha tia antes de morrer, ela gostava muito daquele
cinema [...] Que ela continuasse [...] Ela continuou, mesmo com a idade, ela reabrir o cinema,
ela tava sim reorganizando a estrutura, ela mandou colocar esponja, as metades das cadeiras
esto com esponja por que ela queria dar conforto as pessoas [...] Hoje, o teto t caindo, chove
no cinema, por que na poca o cinema est abandonado, e tu passa l [...] Quando o Almir
veio aqui, (narrando: estou voltando pra Parintins, voc sabe que esse cinema era a vida da
minha me) [...] Era mais no fim de semana [...] No tem uma pessoa pra dirigir [...] no tem
profissionais [...] Por que que o cinema no volta a funcionar [...] No tem uma pessoa que
possa dirigir [...] Quem ia La botar pra funcionar? [...] Se fosse funcionar o cinema hoje, ou
eu ou a bete ou o Almir mesmo poderia ensinar [...] muito recurso, muito alta a energia, o
preo muito alto pra trazer os filmes de fora [...] As mquinas tm uma despesa muito alta
[...] Um materialzinho, Carvo, positivo e negativo, s em so Paulo que tem [...] Voc liga
pra ter aquela tela clara, se no tiver aquilo, no funciona [...] O cinema do jeito que t, tem
que reformar [...] Tinha condies, acredito que sim, que Parintins uma cidade folclrica,
conhecida mundialmente, no verdade?pela cultura e porque que no no cinema? por que t
faltando o olho de algum, uma iniciativa, e esse algum, pra mim no m, ver seria assim
mesmo do poder executivo,no caso,ento chamaria, quem o dono? Ir chamar, vamos ver o
por que que o cinema fechou [...] acabei de esclarecer [...] Por exemplo, fechou por causa
disso, das piratarias, so responsveis, o alto custo de um filme, se esse filme extraviar no
caminho, deve ser muito alto, talvez , tenho uma vasta.[...] O povo de Parintins est com sede,
isso, com uma boa reforma, acredito que o cinema voltaria a funcionar [...] Uma realidade.
Mais a resposta bem clara, [...] eles no gostam de falar desse assunto, muito complicado
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APNDICES
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Jssica Dayse Matos Gomes
Acadmico
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Rooney Augusto Vasconcelos Barros
Docente Orientador
Parintins, __de junho de 2010