Reflexões Espirituais para Uma Nova Terra
Reflexões Espirituais para Uma Nova Terra
Reflexões Espirituais para Uma Nova Terra
Capa:
Design e execuo tcnica por Pedro Elias
Fotografia por Ixhumni - www.ixhumni.com
Paginao electrnica: Pedro Elias
Reviso do texto: Isabel Sousa e Paula Elias
Direitos reservados por:
Caminhos de Pax, Unipessoal Lda.
Rua da Fonte
6110-101 gua Formosa
E-mail: [email protected]
1 Edio - Julho de 2005 - Anjo Dourado
2 Edio - Revista e Ampliada - Novembro de 2010 - Caminhos de Pax
3 Edio - Novo Formato - Fevereiro de 2014 - Caminhos de Pax
ISBN: 978-989-96780-1-9
Depsito Legal n xxxxxx/aa
ndice
Prefcio ............................................................. 7
Uma Reflexo para os Tempos de Hoje ........... 9
A Verdadeira Razo de Ser de uma Semente .. 17
Deixar Fluir ...................................................... 21
Um Ltus que se Abre ...................................... 25
O Silncio ......................................................... 29
Impessoalidade .................................................. 31
Servio ............................................................... 35
Dualidade .......................................................... 39
SIM ...................................................................... 43
Retiros ............................................................... 47
Transcendendo o Espao e o Tempo ................ 51
Novos Trajes ..................................................... 55
Em Busca da Coerncia ................................... 59
Ascenso ............................................................ 61
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Prefcio
Enquanto compilava os textos para esta nova edio,
pude perceber que todos eles traziam um Aroma prprio,
facilmente reconhecido, que estava muito para alm de tudo
aquilo que alguma vez eu pudesse ter compreendido do mundo
atravs da experincia directa ou do conhecimento adquirido.
Percebia, nas palavras, um timbre inconfundvel e, embora
pudesse observar uma evoluo e um amadurecimento na
escrita - estes textos foram escritos ao longo dos ltimos dez
anos -, havia algo intocvel que estava para alm da mesma.
Compreendi ento, que existe em ns um Som e um Aroma
que no so tocados pelos cheiros e pelos rudos da civilizao.
Algo que permanece como sempre foi, com o mesmo timbre,
com a mesma fragrncia, inalterado. Esse Som, a nossa
Essncia, e o Aroma, o Amor com que esta se expressa.
Por mais que nos possamos emaranhar nos caminhos do
mundo, e permitir que este polua a nossa personalidade com
os seus cheiros e os seus rudos, l dentro, no mais Profundo
do Ser, existe algo imperturbvel.
Saber reconhecer esse Som e permitir que, atravs da sua
presena, o Aroma da Alma se faa presente, a nica coisa
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Deixar Fluir
Em muitos seres existe hoje uma urgncia, uma necessidade
existencial de corrigir o mundo, de sarar as feridas de uma
civilizao esquecida de si mesma, distante dos propsitos
maiores que a ela estavam destinados. Uma urgncia que se
torna cada vez mais presente em todos aqueles que assumiram
um compromisso para com a humanidade. O compromisso de
caminhar de corao aberto diante do olhar cego daqueles que
s acreditam naquilo em que podem tocar, mostrando que esse
tocar mais profundo, mais vasto; que tocar com o corao
sentir a unidade de todas as coisas na fora transmutadora
dessa energia maior a que chamamos AMOR.
Mas essa urgncia deixa-nos inquietos, confusos quanto ao
caminho a percorrer. Como poderemos ter a certeza de que
caminhamos pelos trilhos do nosso destino? Que todas as
experincias vividas nos conduziro ao momento certo,
tarefa exacta, ao lugar que nos corresponde num Plano Maior
do qual somos um elemento essencial? A resposta simples e
resume-se, tal como se de um mantra se tratasse, na seguinte
frase: Deixar Fluir. O efeito destas palavras deveria ser
mgico para todos ns, trazendo, com o simples acto de as
pronunciar, a PAZ.
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Se hoje estamos no lugar onde nos percebemos, se por caminhos misteriosos nos foi dado encontrar pessoas importantes
para o nosso processo tridimensional, viver situaes inesperadas e regeneradoras de energias estagnadas em ns, porque
foi esse mesmo fluir que nos levou at l. Nenhum estratagema
mental, nenhum plano por mais elaborado que seja, nos levar
ao destino que nos compete cumprir, pois, se assim fosse, essa
conduo estaria nas mos da personalidade e no da Alma.
A personalidade como uma pessoa perdida dentro de um
labirinto que ela julga conhecer ao pormenor e onde, para
seu prprio desespero, se disso tiver conscincia, repete constantemente os mesmos erros, passando pelos mesmos lugares,
tropeando nos mesmos obstculos, batendo infindveis vezes
com a cabea nos mesmos becos sem sada, numa encenao
dolorosamente repetida na iluso de quem julga saber por
onde caminha. Pois no sabe! Quando mais a personalidade
procura, mais perdida fica nesse emaranhar de corredores.
Apenas quando ela parar de procurar e entregar essa conduo
Alma que, por cima do labirinto, v todos os caminhos,
que, finalmente, num doce fluir de quem conduzido por
mos mais sbias, ela encontrar o trilho do seu destino.
No foi esse fluir sem aparente rumo que, tal como folha sobre
as guas de um rio, nos conduziu ao lugar onde nos encontramos? No deveramos, uma vez mais, confiar nessas mos
sbias que sabem exactamente a tarefa que nos est destinada
cumprir; o espao e o tempo certo de uma vivncia contnua no olhar de quem antes mesmo de encarnar tudo pde
testemunhar de um caminho por si predestinado e escolhido? Porqu a ansiedade, ento? Porqu a dvida e a incerteza
que tantas vezes se instalam? No caminhamos pelo trilho de
uma existncia dedicada a Deus, de uma misso de quem se
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O Silncio
O silncio a nota profunda e imaculada do nosso estado
original. a Voz da eternidade debruada sobre o tempo;
um doce murmrio que Deus sussurra em nosso ouvido.
uma suave fragrncia da Alma que preenche o vazio onde
tudo se manifesta. Um aroma sagrado que abre nos nossos
coraes o espao necessrio para que possamos ouvir a Voz da
Eternidade... aquela que nos fala do Verdadeiro Ser que somos
e da Morada que nunca deixmos.
Cultivar o silncio procurar em ns o rosto de Deus, essa
expresso de Fogo que somos ns verdadeiramente. Ali,
todas as foras que controlam os planos tridimensionais so
suspensas, despertando um estado de quietude profunda onde
nada de irreal pode penetrar. Nesse Templo Vivo de Luz Pura
em que nos transformamos, nada mais permanecer do que
a realidade dos planos supra-civilizacionais. O silncio a
antecmara do contacto com o Divino em ns, com a verdade
para alm de todas as iluses.
Estar em silncio, no entanto, muito mais que a ausncia de
palavras: um estado de conscincia que se manifesta em cada
gesto, em cada atitude e em cada momento da nossa existncia
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Impessoalidade
No desenrolar do processo humano, na sua crescente
no identificao com as coisas deste mundo, no pela sua
negao, mas pela superao em ns de todos esses apelos,
a impessoalidade essencial como forma de transcender
apegos e cortar as teias relacionais que nos escravizam por no
sabermos, ainda, ver no outro o seu verdadeiro rosto.
A impessoalidade o nico caminho para que, em todos ns,
possa despertar o Amor Incondicional, j que passaremos a ver
no outro um reflexo da nica Vida existente, sem que nenhum
tipo de apego esteja presente. Nenhuma distino feita entre
aqueles que esto prximos e os outros que, embora distantes
fisicamente, esto to presentes quanto estes.
A impessoalidade um espelho que reflecte a Luz da nossa
Essncia Profunda, permitindo clarear, desanuviar, limpar
e subtilizar os relacionamentos entre Seres. Nada mais nos
dever ligar quele Ser que o Amor profundo que nos une a
toda a Humanidade por igual.
Assim sendo, deixaremos de reagir de acordo com os protocolos
civilizacionais que convencionam comportamentos e atitudes,
para passarmos a nos relacionar com o rosto que est por
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Servio
Ao contrrio do que a mente colectiva da actual
civilizao possa definir como sendo o Servio, servir no
fazer coisas, no ajudar de uma forma cega movido pela
vontade humana e pelas ideias institudas sobre como essa
vontade deve ser direccionada ou aplicada. E basta olhar o
mundo onde vivemos para observarmos o triste cenrio do
resultado dessa mesma vontade.
Servir to simplesmente irradiar para este plano dimensional
a Luz interna da Alma, sendo esse fluir de energia a expresso
real daquilo que o verdadeiro servio. Um pastor no alto
de um monte a guardar as suas ovelhas pode estar bem mais
prximo dessa energia do servio do que algum no sop desse
mesmo monte a construir um centro espiritual.
Devemos, por isso mesmo, eliminar da nossa mente qualquer
ideia pr-concebida do que servir, de como se deve servir,
pois nada disso, sem esse fluxo Interno de radiao pura,
servio, mas apenas o resultado, tantas vezes, da aco do
ego que busca protagonismo e reconhecimento, mesmo que
disfarado de outras coisas.
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Dualidade
A dualidade uma refraco no tempo e no espao da
realidade estacionria do Universo Imaterial onde tudo Uno.
um mecanismo que o Divino usa para permitir a sustentao
do Universo-Me onde o Fogo Fricativo um dos motores da
evoluo.
Sem dualidade no h frico e sem frico no h como elevar
a substncia a patamares superiores da existncia Csmica.
essa frico que permite, pelo atrito gerado entre a matria
ascendente e a conscincia descendente, que o Fogo do Esprito
possa gerar a Sntese de toda a existncia neste Universo.
No entanto, apesar de ser um instrumento de Deus, a
dualidade no deixa de ser uma iluso se observada luz da
nossa Essncia Profunda. Nenhum ser pertence a este Universo;
estamos aqui apenas para transubstanciar a matria que nos d
expresso, queimando-a com o Fogo do nosso Esprito. H
que, por isso mesmo, saber posicionar a conscincia no ponto
de realidade onde verdadeiramente nos encontramos, e no
no imenso palco do drama tridimensional em que este planeta
est mergulhado.
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Por outro lado, muitas das coisas que tomamos como profanas,
por as julgarmos indignas de serem apresentadas aos olhos do
Divino, passariam a sagradas se realizadas em Sintonia com
esse princpio imaterial que nos habita.
Sim, porque estar sentado num templo em orao pode ser
um acto do mais profano se a nossa conscincia no estiver
polarizada no Divino, enquanto que o acto simples de varrer
as folhas secas no ptio desse mesmo templo, pode ser algo
profundamente sagrado, se feito com Amor e em honra do
nico Ser.
No entanto, toda a dualidade se dilui na certeza profunda de
que internamente tudo Luz, sendo o grau de sintonia com os
Planos Internos do Ser aquele que alimenta ou anula a prpria
dualidade.
Se j estamos despertos, que no nos deixemos, pois, enredar
nas teias desse imenso palco onde as nossas conscincias
tridimensionais ainda se polarizam na vida do personagem
que nos foi dado representar, j que nos planos Superiores
de Conscincia, para alm dos limites desse mesmo palco onde a pea escrita pelo punho de Deus se desenrola -, tudo
Unidade, tudo Inalterncia.
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SIM
Quando assumimos de uma forma consciente a direco
por ns h muito determinada, quando o Sim interno ressoa
profundamente na antecmara do Eu Superior, assumindo
uma forma esfrica e cristalina, todas as foras contrrias a
esse movimento despertam de uma longa sonolncia.
Esse despertar sincronizado - j que muitas dessas foras
no se manifestavam h sculos de uma forma directa por
se sentirem confortveis dentro do ritmo inconsciente dos
nossos comportamentos -, deve-se ao facto do Sim por ns
vivido e pronunciado Internamente, ter implicaes Reais na
nossa vida humano e tridimensional, o que significa mudar
em ns hbitos e aspectos ancestrais: os tais onde essas foras
sempre se acomodaram no conforto de saberem que nenhuma
vontade humano, por si s, poderia desaloj-las.
Esse Sim a autorizao interna para que Entidades de outros
planos de Conscincia possam actuar e transmutar dos nossos
corpos todos esses ndulos antigos. Esse Sim, um reflexo da
nossa entrega profunda ao aspecto feminino do Cosmos, o
sustentador da prpria Criao, o motor de arranque que
nos resgatar desta dimenso linear rumo a uma dimenso
circular e, por isso mesmo, visto por essas foras como um
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Retiros
Um retiro no deve ser visto por ns como uma
oportunidade para nos isolarmos do mundo na busca da tranquilidade que nos falta nos meios urbanos onde vivemos. Um
retiro no um passeio pelo campo, um retorno natureza e
muito menos um meio de fugir dos problemas do mundo, na
iluso de que estes sero resolvidos se permanecermos isolados.
Que possamos compreender que, sempre que vamos para um
verdadeiro retiro, todas as expectativas humanas sobre a forma
que o retiro dever ter so varridas pela energia actuante na rea
em questo. Se vamos na expectativa do retorno natureza, a
tenda no alto do monte, o sol, a brisa, os pssaros, todo esse
cenrio romntico ento, o mais certo que este se transforme
exactamente no oposto, como forma de testar a nossa entrega,
mostrando-nos que estar em retiro nada dever ter a ver com
as condies externas do espao onde nos encontramos, mas
com a postura que devemos assumir em conscincia pelo
trabalho interno a ser realizado naquele momento.
Estejamos, por isso mesmo, preparados para tudo. uma
oportunidade nica de transmutar foras ancestrais que
necessitam sair para que novos passos possam ser dados. Um
retiro proporciona-nos a oportunidade de contactarmos o
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Transcendendo o
Espao e o Tempo
Como seres encarnados numa dimenso espao-temporal
submersos na luminosidade doce desse manto materno que
nos acolheu desde que deixmos os patamares superiores da
existncia infinita , encontramo-nos, tantas vezes, presos
nas teias desse jogo tridimensional onde a memria nos
escraviza nas imagens por ela retidas e cristalizadas no medo e
na incerteza de sermos confrontados com essa Identidade de
Fogo que nos habita e que v para alm das mscaras e para
alm do tempo.
Perceber que este planeta est em constante mutao, que
toda a imagem retida nada mais que um fardo que, somado
a tantos outros, apenas nos traz o conforto daquilo que j
foi observado, daquilo que j foi vivido e experimentado,
estagnando o nosso processo na inrcia da resultante,
o primeiro passo para que possamos viver no presente e a,
verdadeiramente, como um agente alqumico, mexer com a
matria que nos compete trabalhar.
muito importante no ficarmos presos no tempo, escravos
desses momentos passados que no podem mais ser vividos.
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Novos Trajes
Certa vez, numa aldeia, vivia algum em conflito com
a vida que levava. A razo desse conflito vinha do cheiro que
ele sentia em todos os lugares onde se encontrava. Um cheiro
entranhado em tudo, que o deixava agoniado, provocando
todo o tipo de mal-estares. Para ele, esse cheiro era o resultado
da decadncia de todo o sistema onde ele vivia: um trabalho
vazio e sem sentido, uma vida familiar onde o conflito e a
indiferena se tinham instalado e um mundo violento onde o
dio e a violncia eram regra e no a excepo.
Resolveu ento deixar o emprego e a famlia; quebrar com
aquela vida que alimentava esse cheiro e partir na busca de
outros aromas. Encontrou uma nova companheira e um novo
emprego, mas o cheiro permanecia, impregnando o trabalho
e a casa onde morava. No conseguia encontrar a paz, apenas
aquele cheiro que tanto o agoniava.
Acabou por deixar a nova companheira e o novo emprego,
entrando numa ordem monstica de silncio total. Certamente
que ali, longe desse mundo que tudo impregnava com aquele
cheiro agoniante, outros aromas ele iria encontrar. Mas para
seu desespero, aquele mesmo cheiro permanecia. At aqui,
neste lugar, a corrupo do mundo chegou, poluindo tudo,
pensava para consigo mesmo.
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Em Busca da Coerncia
No passado, os grupos emergentes lapidavam as muitas
arestas existentes, pelo confronto directo dos seus defeitos,
pelo apontar dos erros observados nos outros de forma a
buscar uma base comum de equilbrio e harmonia. Este era
um processo desgastante devido ao atrito gerado e ao facto
de se abrir uma porta para que foras negativas pudessem
interferir no avivar de reaces do ego que, ao contrrio da
harmonia buscada, s trazia o atrito resultante do estimular
dos fogos fricativos. Em ltima anlise, se a base interna fosse
slida, at se poderia chegar harmonia desejada, no entanto,
custa de muito desgaste.
Nos tempos de hoje a proposta diferente. No se trata mais
de apontar nos outros o que est errado, mas implementar
a atitude contrria a esses erros. Ser pelo exemplo de quem
percebeu o erro e em silncio tentou corrigi-lo, que os outros
iro, eles prprios e no seu devido tempo, compreender esse
mesmo erro e harmonizar-se com a nota que passaremos a
emitir atravs do exemplo de quem, sem criticar ou apontar
o defeito de uma forma externa, o fez internamente pelo
exemplo manifestado.
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Ascenso
Um novo olhar necessrio sobre este tema. Uma nova
compreenso necessita ancorar em ns, de modo a que possamos compreender a razo primeira e ltima do processo ascensional.
Na verdade ningum ascende. Essa uma das muitas iluses
nas quais estamos mergulhados. E ningum ascende porque
j somos plenamente Divinos. Para onde queremos ascender,
afinal? Ns j estamos, como Essncia, no ponto mais elevado
da estrutura deste Universo Vertical. Somos unos com o
Absoluto. Somos o Divino dentro do tempo, cumprindo
parte de uma tarefa que tem como funo nica a elevao
da substncia universal at ao Centro Gerador que lhe deu
expresso.
O processo de ascenso no diz respeito nossa conscincia
profunda, mas sim substncia que nos compete trabalhar em
sucessivas etapas da existncia temporal. a Substncia que
ascende, no a Conscincia.
Assim sendo, conceitos como Mestre Ascenso, por exemplo,
tm que ser completamente redefinidos. Na verdade, no
existem Mestres Ascensos, mas sim Mestres de substncia
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Retorno ao Centro
Quando pela primeira vez os nossos olhos se abriram e
pudemos contemplar a expressividade do terceiro aspecto do
Divino, quando os contornos exteriores desse rosto materno,
num sorriso temporal, nos acolheram nos braos fsicos do
espao tridimensional, deu-se o nosso verdadeiro parto.
Foi ali que, pela primeira vez, numa lufada de Vida inspirada
num choro sacrificial, vimos, num relance atemporal, a razo
dessa Encarnao Maior. Ali comeou o vir-a-ser no tempo de
uma tarefa que nos trouxe do Universo Estacionrio Superior,
onde ramos Um com Deus e onde, em Essncia, ainda
continuamos a ser, para os Universos espao-temporais onde
uma misso nos aguardava.
Atravs do manto temporal desse aspecto a que do o nome
de Me Divina, aquela que sustenta toda a criao, nascemos
para uma dimenso em formao onde a substncia busca o
caminho de retorno quele que lhe deu expresso.
Ns somos esse caminho. Ns somos o veio de Luz Csmica
que possibilitar a reintegrao da Substncia Universal,
depois de devidamente refinada pelo Fogo do nosso Esprito,
at ao trono do Supremo Ser. Compete-nos regressar a casa
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Rumo ao Sublime
Ao olhar Daquele que debruado sobre o espao-tempo
espreita o desenrolar do drama humano onde nos encontramos,
toda a forma de dualidade inexistente. Ele v a unidade de
todas as coisas, Ele v a completude de todos os caminhos, Ele
v a realizao plena do tempo e do espao nesse momento
eterno que nunca deixou de ser a verdadeira e a nica
Realidade. A, nessas imensas varandas da Eternidade, de onde
se observam as bolsas temporais, tudo aquilo que sempre
FOI. Livre arbtrio e destino so to ilusrios quanto o bem
e o mal, quanto o conceito de evoluo. Tudo inalterncia.
Ns no existimos para evoluir, para ascender. Essa mais uma
das muitas iluses nas quais nos encontramos mergulhados, j
que fora do espao e do tempo, onde a nossa verdadeira essncia
se encontra, no existe evoluo mas apenas a Realidade. Ns
somos como tochas sagradas que tm a funo nica de incendiar
a substncia universal pela fora e pela intensidade do seu Fogo
Csmico. Essa a razo primeira e ltima porque estamos aqui.
No entanto, enquanto mergulhados dentro da iluso do
tempo, importante compreendermos as regras desse imenso
jogo, dessa dana csmica que a Me Divina tem consigo
mesmo, promovendo dentro do seio do seu manto temporal,
a transubstanciao da sua prpria natureza.
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essa PAZ que nos dever guiar pelo mar de iluses em que
esta civilizao se transformou. essa PAZ que deveremos
ouvir como a nica Voz capaz de nos conduzir meta por ns
determinada antes mesmo de termos encarnado. essa PAZ
que define o caminho que temos que trilhar e que cria o cordo
de Luz que nos ligar Essncia Csmica que nos habita desde
sempre e com a qual nos fundiremos num despertar h muito
aguardado.
Nada mais deveremos ouvir que essa PAZ Profunda.
Ela o nosso nico farol enquanto estivermos mergulhados
dentro da iluso do tempo, ela a Voz silenciosa que vem
da eternidade para mostrar o caminho de retorno ao lugar
que nunca deixmos, reforando em ns os laos com a nica
Realidade existente: aquela que se encontra para alm do
limiar deste Universo temporal e das muitas iluses que lhe
do expresso.
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Trajes de Palha,
Coraes de Ouro
Um corao de ouro s pode reluzir na simplicidade da
palha; esse era o material que revestia o bero do menino.
tambm essa a imagem e a viso daquilo em que todos ns
nos devemos transformar.
Na histria do passado daquele a quem deram o nome de
Jesus, est a codificao interna para os tempos de hoje. No
se trata, por isso mesmo, apenas de um relato histrico, mas
da matriz programtica para a actual dispensao planetria.
Na multidimensionalidade da expresso do Verbo, esse
relato codifica em si mesmo tudo aquilo que estamos a viver
individualmente e colectivamente neste perodo da histria do
planeta e no apenas os factos histricos da vida de Jesus e do
contexto onde estes se desenrolaram.
Um desses cdigos-programa est no Baptismo de Jesus.
Depois das vrias tribulaes passadas no deserto, das
tentaes, do desespero, da solido, da ausncia de propsito
aparente, Jesus deixou as areias vazias e despidas de vida, onde
jejuara aps receber o baptismo, lanando-se na sua misso.
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Na Senda do Discpulo
A senda do discpulo, como vem sendo referido ao longo
dos tempos em toda a tradio esotrica que vem desde
Blavatsky, sempre foi um trilho estreito. Um trilho de muitas
provaes em que esse mesmo discpulo era testado na sua
f, entrega e aspirao, at se encontrar com o Mestre e neste
se integrar. A estadia no deserto no apenas uma metfora
bblica, onde Jesus foi tentado nos seus prprios desejos at se
limpar de todos eles e assumir a tarefa que lhe correspondia,
mas uma realidade interna em todos ns. Estar nesse deserto
estar na solido de uma dor ancestral que transportamos de
muitas encarnaes e que precisa de ser curada. Mas este
um processo solitrio, por mais que sejamos acompanhados
de outros planos.
No certamente fcil para o discpulo, aquele que aspira
a ser um servidor do plano evolutivo, confrontar-se com os
relatos de abundantes e luxuriantes osis de Paz, quando sua
volta apenas as areias quentes do deserto, a secura da paisagem
e o desconforto de uma caminhada sem aparente rumo, se
apresenta.
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Soltando a Dor
Este vazio que nos toca sempre que a Alma se apresenta
diante das dores, sorrindo-nos como que percebendo a aco
benigna desse grande alquimista que tudo transforma, a
maior graa que um ser pode receber, pois est ali a Cura de
toda a sua ancestralidade e o resgate final que o consagrar no
altar do Amor.
Tantas vezes fugimos desse vazio, tentando preench-lo
com tudo aquilo que encontramos nossa volta e, com isso,
anestesiamos essa dor que no deve ser ignorada, mas sentida
em toda a sua presena, respeitada no seu espao e no seu
tempo, para que dali possam brotar os novos frutos.
A dor, esse alquimista profundamente sagrado, presena
constante em tantas encarnaes acumulada nas memrias
que a Alma foi registando em suas mltiplas experincia ,
pede apenas que tenhamos a coragem de a olhar nos olhos,
num olhar compassivo e amoroso, para que, nesse amor, ela
possa expressar tudo num ltimo grito, e libertar-se de um
crcere to antigo.
E, ento, o nosso verdadeiro resgate acontecer quando do p
dos ciclos essa dor antiga se elevar louvando aquele olhar que
a aceitou, que chorou a seu lado e que, num ltimo abrao, a
soltou, soltando-se.
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O Arqueiro ZEN
No silncio do ser, na expresso terna desse momento
que tudo pacifica quando aprendemos a no resistir Vida
mas, atravs desta, fluir com o tempo e com o espao, deixando
que seja Ela a viver em ns, tudo regressa nota primordial
da nossa encarnao, e no mais ser necessrio lutar, impor,
procurar, pois ali, no momento presente onde nada falta, o
Universo tudo far para nos nutrir com a sua manifestao de
Abundncia, Harmonia e PAZ.
Tal como o arqueiro Zen que, no esticar do arco, sem forar
os seus msculos, mantm essa tenso at que algo dispare a
flecha sem que este se preocupe com o alvo nem com o tempo
certo de soltar a corda, pois a Vida que conduzir essa seta
onde ela tiver que chegar e que determinar o momento exacto
disso acontecer, tambm ns teremos que chegar um dia a esse
momento de silenciar toda a nossa expresso, vivendo tudo
sem tenso, sem um alvo e sem um tempo determinado por
ns, e a, a Alma, liberta do rudo e da vontade dos corpos, se
manifestar com toda a sua potncia e nos consagrar a essa
Vida que somos em essncia e que aguarda, da nossa parte, a
entrega e a rendio integral ao Pai.
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Do Grupo ao
Contexto Grupal
Na trilha do discpulo, quando este busca o encontro
consigo mesmo e depois com o cosmos, vrias so as fases
nesse caminhar. Depois do despertar para a sua condio de
Ser Espiritual, depois do levantar dos primeiros vus que lhe
revelam uma realidade para alm do jogo tridimensional, o
discpulo aquele que aspira a se tornar um Servidor deixa
os grupos gregrios do mundo e parte na busca de outros caminhos mais de acordo com a sua nova condio.
Nessa busca, ele encontra outros grupos, grupos de natureza
espiritual, e aqui comea a sua saga, onde ele ter que aprender
a quebrar os primeiros espelhos, compreendendo que esses
grupos, supostamente evolutivos e capazes de satisfazer as suas
novas necessidades, so igualmente gregrios, condicionadores
da sua prpria evoluo, capazes, por isso mesmo, de o estagnar
na caminhada por ele empreendida.
Quando o discpulo toma conscincia que a travessia desse
deserto interno solitria, quando percebe que o grupo ao
qual se vinculou no poder ajud-lo nessa caminhada,
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Da Canalizao
Sintonizao
Durante muito tempo, a forma mais usada pelas
entidades de outros planos para fazerem chegar informao
a esta realidade tridimensional era atravs da canalizao.
O ser encarnado funcionava como canal para transmitir a
informao que era necessrio fazer passar naquele momento;
informao essa qual, muitas vezes, nem ele mesmo estava
filiado internamente. Embora canalizando, esse ser no tinha
um vnculo interno com a fonte de onde a informao era
proveniente. Ele era apenas um instrumento passivo, nada
mais.
Hoje no nos mais pedido este tipo de procedimento, j que
os novos tempos pedem uma evoluo na forma de transmitir
informao de outros planos. A canalizao algo antigo e
perigoso para os tempos de hoje, j que, pela facilidade de
canalizar as informaes mais variadas - e hoje as portas esto
todas abertas e a informao tropea nos nossos ps, repetindose at exausto, tal a abundncia de fontes, seja nas mensagens
recebidas, nos livros escritos ou at mesmo no acesso aos
akashas de outros planos -, tanto podemos canalizar a luz como
as trevas. Hoje, qualquer ser ou egrgora do plano astral, com
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Da Terapia Cura
Cada vez mais se faz necessria a formao de curadores
dentro da humanidade encarnada. Seres que, despojados de
qualquer vontade humana de curar e entregues vontade de
Deus, possam funcionar como verdadeiros agentes dessa cura
to urgente e necessria nos tempos de hoje. Seres que no so
formados por nenhuma tcnica humana, por nenhum mtodo
espiritual ou teraputico, mas que, na entrega incondicional
ao mais alto se colocaram, de forma silenciosa e despojada, ao
servio do plano evolutivo.
Enquanto terapeutas, ns agimos na superfcie dos sintomas,
aliviando-os, direccionando-os, remanejando-os, dando um
conforto tantas vezes necessrio para que a pessoa possa seguir
em frente com mais confiana e segurana. No h nada de
errado na terapia. um instrumento que deve ser usado
dentro dos limites do campo da sua aco. Contudo, no
estamos ainda no domnio da cura. como se eu tivesse uma
mangueira por onde passasse leo e, num determinado ponto
dessa mangueira, existisse um furo. Esse furo, ao verter leo
para o cho, formou uma mancha de sujidade, sendo um risco
para quem ali puder vir a escorregar. O terapeuta vai agir sobre
o cho, permitindo que este seja limpo do leo que ali est.
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Da Observao
Contemplao
Quantas no foram as vezes que dissemos para ns
mesmos que somos seres despertos, seres que deixaram a
ignorncia de uma vida virada para as coisas materiais e
passaram a se interessar por temticas espirituais, sem nos
apercebermos que o verdadeiro despertar no vem do interesse
que possamos ter neste tipo de assuntos, nem nas prticas ou
tcnicas que possamos praticar, mas sim no sentir do pulsar da
Vida em tudo aquilo que nos cerca. Poderemos saber tudo de
espiritualidade, praticar todas as tcnicas existentes e sermos
algum to adormecido quanto aqueles que se ocupam apenas
de coisas materiais.
Sentir e perceber essa Vida que pulsa em tudo, e com essa
percepo, podermos dizer, finalmente, que somos seres
despertos, significa colocar toda a nossa ateno no momento
presente e em tudo aquilo que ali acontece, sem deixar que
a mente se disperse nas memrias daquilo que foi ou nas
projeces daquilo que o nosso desejo pretende que seja.
Trazer toda a nossa ateno para aquele instante, tornandonos verdadeiramente conscientes, o nico caminho para
o Despertar Espiritual. No existe outro. ali que a nossa
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Da Lei da Atraco
Lei da Abundncia
Enquanto seres encarnados todos ns estamos sujeitos
a vrias Leis. Desde as Leis materiais que tentam regular a
vida dentro do universo manifestado, como o caso da Lei
do Carma, at s Leis Espirituais que nos impulsionam para
fora deste universo atravs da sintonia com a Vida que nele se
manifesta.
A Lei da Atraco, to divulgada hoje, uma Lei que
opera dentro do circuito da Me e por isso mesmo uma
Lei material, prpria do universo planetrio onde nos
encontramos encarnados. Essa Me, que a substncia lcida
do universo manifestado, e por isso material, reage aos nossos
pensamentos e sentimentos, que so matria, devolvendo-nos
aquilo que desejmos, no na forma de um impulso espiritual
ou de uma expanso de conscincia, j que isso do domnio
do circuito do Filho, mas atravs das formas por ns desejadas.
Essa Lei possibilita, unicamente, pela compreenso do seu
funcionamento e dos seus mecanismos de aco e reaco,
encontrarmos um equilbrio de foras dentro deste universo a
que chamamos Planeta Terra.
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A Funo Espelho
No cosmos, a comunicao feita por aquilo que se
conhece como sistema de espelhos, que permite que a energia
flua sem distoro, imaculada, mantendo o seu timbre e a sua
nota programtica e arquetpica. Este sistema o ponto de
equilbrio do prprio universo onde nos encontramos, seja
um planeta, um sistema solar, uma galxia ou o cosmos como
um todo. Ele a garantia de que a Voz do Pai se faz ouvir em
cada recanto da sua manifestao. Todos os outros sistemas
de comunicao so falveis e passveis de ser interferidos por
ncleos involutivos, mas no os espelhos. por essa razo
que a Hierarquia apenas usa o sistema de espelhos para a sua
comunicao.
Os espelhos funcionam em planos supra-mentais e dessa forma
no h como interferncias de planos inferiores poderem
contaminar a comunicao. Ele realizado de corao a
corao, seja o corao da Galxia ou de um ser humano.
No planeta terra existem vrios desses espelhos de amplitude
csmica, que conhecemos como centros Intraterrenos e que
na verdade nada mais so que vlvulas doseadoras da Vontade
do Pai, defraccionando essa vontade na cor necessria para a
consecuo da Tarefa.
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A Verdadeira Liberdade
A vida feita de escolhas e a cada instante temos que pesar
em ns o que realmente importante e essencial para a nossa
caminhada neste mundo.
Podemos optar pelos belos fogos de artifcio que nos
deslumbram e fascinam mas que, de to efmeros, logo
desaparecem sem que as nossas mos os possam tocar, ou
podemos optar pelas sementes que se lanam terra e das
quais no temos notcia por algum tempo, mas que um dia se
transformaro em rvores robustas de onde brotaro os frutos
que nos nutriro.
Nos fogos temos o fascnio e o deslumbre do momento, o
estmulo de quem busca satisfazer um prazer momentneo e
fugaz, um prazer que nos alimenta o ego, numa alegria forada
que logo se transforma num imenso vazio. Saltamos assim, de
espectculo em espectculo saciando-nos com momentos que
nada nos trazem, para alm dos aplausos extasiados do cessar
dos fogos, que logo se calam no vazio de um cu que se tornou
negro depois de todas as cores que nos inebriaram.
Nas sementes temos a promessa de algo que no se desfaz,
mesmo que ali nada esteja diante dos nossos olhos que apenas
a terra lavrada. No h fogos nem luzes, no h nenhum
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A Verdade
Certa vez um peregrino, na busca da Verdade, escalou
uma montanha e ali ficou pedindo aos deuses que lhe
mostrassem essa Verdade. Em resposta ao seu pedido, uma
criana chegou junto de si e disse-lhe:
Eu sou a Verdade que procuras.
Os olhos do peregrino ficaram em gua de tanta comoo.
Finalmente ele tinha encontrado a verdade.
Fica comigo disse ele para a criana. Que eu te possa ter junto
de mim para sempre.
No posso ficar respondeu a criana. Ainda sou jovem, preciso
crescer.
O peregrino, no compreendendo as suas palavras, perguntoulhe se poderia tirar uma fotografia. A criana concordou e a
partir de ento ele passou a caminhar pelo mundo com uma
fotografia da Verdade que fazia questo de mostrar a todos,
dizendo:
Vejam o que trago comigo! a Verdade! Depois de muito procurar
eu encontrei-a finalmente!
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A Nova Famlia
Uma nova forma de relacionamento entre dois seres,
que em conjunto do expresso a um casal, est aos poucos a
despertar na conscincia de muitos, no pelo desejo emocional
de o concretizar mas pela nota interna emitida por esses seres
que percebem que nenhuma outra forma de relacionamento,
que no este, poder sustentar e estruturar a sua existncia em
conjunto.
Com a Nova Terra iro surgir novas famlias, novos hbitos
relacionais entre aqueles que iro dar expresso a esse ncleo
sagrado que aos poucos ir sendo revelado na aco e na
vivncia que muitos iro manifestar.
Com o novo Homem, uma nova sociedade ser criada
imagem desse arqutipo que nos compete materializar. Nesta
estar contida a expresso interna de um programa que
ficou por concretizar no passado e que agora, com o retorno
simblico de Ado e Eva ao paraso perdido, ir finalmente
manifestar-se no plano material.
Com a nova famlia, novas energias iro dar expresso a esse
ncleo que ir finalmente cumprir a funo estabilizadora de
todo um processo civilizacional. O Ncleo familiar ser uma
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A Orao
A orao um dos momentos de maior intimidade que um ser
pode experimentar. a respirao necessria para que, atravs
da vontade, nos possamos ligar a Deus na espontaneidade de
um corao que busca a sua Alma, para que atravs desta, de
forma amplificada, esse dilogo com Deus possa acontecer.
Dilogo esse que sempre de corao a corao.
Na orao ns entramos nesse Templo Interno, o recinto sagrado da Alma e, ali, plenamente entregues, nos unificamos
com a presena de Deus. Nada deveria interferir na intimidade desse momento, nem forc-lo a acontecer sobre o ritmo de
outras vontades que no a nossa.
Mas nem sempre assim.
Na Grcia antiga, atravs da sua mitologia que retrata realidades atlantes, os deuses alimentavam-se da devoo dos Homens. Era da orao destes que eles retiravam o seu poder.
Quando os Homens deixavam de orar e o poder desses deuses
diminua, estes abriam as portas do submundo e soltavam os
tits que vinham para superfcie aterrorizar as populaes que
movidas pelo medo regressavam aos templos onde voltavam
a orar a esses mesmos deuses. Com o novo poder que lhes
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consegui-lo com uma caminhada pelo campo, com a concentrao numa tarefa diria, com o simples acto de me sentar em
silncio, sempre no ritmo interno da minha prpria Alma e
nunca pela vontade de foras externas a mim.
A redeno da Humanidade uma parte desse jogo que os
deuses sempre quiseram alimentar no fomentar da culpa e
do medo, uma iluso fabricada para levar as pessoas aos templos onde oram em seu nome. Apenas existe a redeno de
cada ser individual, e isso acontece dentro desse Templo Sagrado que nos habita e que apenas aguarda que, de ps descalos, decidamos, de uma vez por todas, largar todas as bengalas,
todos os alforges, para que de ps firmes e despidos possamos
caminhar para o Centro desse Templo conduzidos pela nica mo que nos pode guiar: a do Ser Divino que Somos que
nunca deixou de Ser aquilo que Sempre Foi.
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Amor Incondicional
O amor incondicional como o plen lanado ao vento, sem
destino, sem morada, livre nos caminhos deixados em trilhos
onde este se deixa conduzir, permitindo que o fluir desse vento
o encaminhe aonde necessrio. A planta de onde emanou
nunca saber o lugar do seu pouso, as consequncias da sua
aco, nem conhecer as novas plantas por ele fertilizadas. De
si, apenas se pede que se abra e se entregue, para que esse plen
possa expressar-se em liberdade, cumprindo a sua funo.
Assim o Amor Incondicional. Solta-se de ns pela vontade
da nossa Alma, e segue os caminhos do seu destino sem que
o possamos encaminhar. De nada serve ficarmos s voltas na
tentativa de compreend-lo, pois o Amor no reside na mente,
nem esta tem como alcan-lo, e tudo o que a mente possa
dizer ou pensar sobre este, ser sempre coisa nenhuma face
sua natureza ilimitada e transcendente.
Perceber o que esse Amor verdadeiramente significa esqueclo, pois o pensamento prende-o e impede que este se solte,
tal como o plen que tudo fertiliza. Que no lhe coloquemos
uma trela ou tentemos adivinhar ou predestinar a sua aco.
Que possamos soltar e entregar o processo nas mos da Vida,
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Palavras Finais
Todos somos capazes de compreender o mundo em ns,
de interpretar a vida pelos nossos olhos, num esforo que d
sentido a esse acto de existir. Embora o conhecimento possa
ser transmitido, propagado pela palavra escrita de um livro,
pela palavra falada de um mestre, a sabedoria, essa, grande
demais para comportar tais limitaes. No a podemos pedir
emprestada e muito menos aprend-la em escolas; ela , e
sempre ser, o resultado da compreenso que fizermos do
mundo, na vivncia dessa realidade a que chamamos Vida,
que na sua essncia somos ns prprios.
No devemos, por isso mesmo, subordinar o nosso pensamento
ao pensamento de um outro sem uma reflexo que nos
permita compreender em ns, esse mesmo pensamento,
pois, se o fizermos, estaremos a trair a nossa conscincia; a
atalhar caminho para nos tornarmos joguetes em mos
alheias, pois quando no sabemos quem somos, outros se
encarregaro de o dizer por ns. E esse o primeiro passo para
o fundamentalismo, para a intolerncia, para o fanatismo cego
de quem tomou o mundo pela palavra de um outro e no pela
sua prpria palavra como resultado de uma compreenso que
fosse sua.
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nos tem por irmos. E isso algo que est ao alcance de todos.
Digo-vos, tambm, para no tomarem os caminhos dos
outros como sendo piores que os vossos. Aparentemente o
trabalho de um missionrio que dedicou toda a sua vida ao
servio da humanidade parece ser mais nobre que o trabalho
de um agricultor, no entanto, se no existisse esse agricultor, o
missionrio morreria de fome por no haver quem cultivasse
a terra. Para que o missionrio possa cumprir a sua misso,
importante que os outros tambm cumpram a sua, porque se
assim no fosse a humanidade ficaria privada da plenitude da
sua existncia.
Que o aceitar das diferenas nos permita compreender que
um dia tambm fomos ou iremos ser como aqueles que nos
so diferentes; que julg-los por essas diferenas julgarmonos a ns prprios pelo facto de tambm sermos diferentes
dos demais. Deixemo-nos de andar com um espelho na mo
virado para o rosto dos outros tentando revelar as suas falhas e
defeitos, para que o possamos virar para ns e reconhecer no
nosso rosto, falhas e defeitos idnticos.
No nos cristalizemos, tambm, em dogmas que tantas vezes
invalidam um esforo bem-intencionado. No suficiente
saber cada palavra de uma escritura sagrada, mas viv-las na
aco que lhes corresponde como forma de materializar a
energia ali contida. Dizer que se ama porque est escrito num
qualquer livro, porque tal mestre assim o disse, de nada serve.
Temos que transformar essa palavra numa aco, mesmo que
silenciosa, para que possamos expressar esse mesmo amor.
Repetir rituais, dizer de memria as palavras de homens
sbios, e depois no praticar essas mesmas palavras nos gestos,
nas atitudes, na postura sincera e humilde diante dos homens,
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Posfcio
Nestas ltimas palavras, resta-me apenas deixar o
convite para que todos ns nos possamos recolher ao mais
Profundo do Ser e ali, verdadeiramente, nos reencontrarmos
com a nossa prpria Essncia cujo aroma aguarda, h muito,
ser reconhecido por ns.
Essa fragrncia pulsa no corao profundo de cada Alma,
chamando-nos para o encontro h muito anunciado. o
alento que nos eleva pela fora da aspirao, da vontade firme
e precisa, da devoo ardente e compenetrada, da ousadia
daqueles que no temem dizer SIM.
Nos tempos de hoje terminou o ciclo da instruo nada
mais h a dizer, mesmo que muito se possa transmitir. E nada
mais h a dizer, porque do contacto directo com essa fonte de
Vida Imaculada, todo o conhecimento se desfaz na radiao
plena da verdadeira sabedoria que silenciosa e exacta.
Esse Reino Sagrado que nos habita, aguarda, no silncio
profundo, que deixemos os caminhos dos nossos egos, para
que em mos despojadas possa colocar o diamante mais
precioso e, finalmente, dar-se a conhecer na sua verdadeira
face que se ocultou durante tanto tempo dos nossos olhares
cobiosos e to pouco humildes.
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