Resumo Comentado

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Universidade Federal de So Paulo UNIFESP

Escola de Filosofia Letras e Cincias Humanas - EFLCH

RUANA CASTRO MARIANO

Estado e polticas da educao no Imprio brasileiro


No texto de Machado Estado e polticas da educao no Imprio brasileiro
realizado um apanhado histrico no perodo em questo, apresentando as principais
legislaes brasileiras acerca da educao no pas. importante compreender que para a
autora a status poltico do pas nessa poca a chave de compreenso dos debates
educacionais, uma vez que as ideologias presentes no Imprio so o que vai fomentar a
construo do projeto social para as instituies de ensino o Brasil. Desde o incio do
perodo imperial houve uma preocupao com a instruo pblica, tornando os debates
envoltos a necessidade da difuso da educao assunto de importncia nacional para o
desenvolvimento do pas. A gratuidade da educao expressa na primeira constituio
denota esse carter emergencial da educao para o desenvolvimento do pas, uma vez
que grande parte da mo de obra no brasil era de carter escravista.

Entretanto at o

ano de 1834 quando foi promulgado o Ato adicional houve uma srie de desencontros
no desenvolvimento da educao pblica e principalmente a primria que no recebeu
tanta ateno quanto ao plano do ensino superior, que ganhou suas primeiras instituies
isoladas no ano de 1827. A preocupao dos legisladores era o nivelamento educacional
no pas, que garantia constitucionalmente a instruo pblica e gratuita para todos os
cidados, incluindo mulheres.
A difuso da instruo pblica nesse perodo no se restringia apenas ao
territrio brasileiro, mas fazia parte de uma tendncia global que enxergava na educao
um potencial humanizador e civilizador para as camadas sociais no educadas. O papel
fundamental na educao nessa poca era a criao de um esprito de unidade nacional e
manuteno de uma harmonia entre os cidados, potencialmente eleitores e
trabalhadores. A dificuldade de se constituir uma unidade nacional para os legisladores
da poca poderia ser resolvida com uma instruo fundamentada nos preceitos cristos,
vista como elemento agregador. Combinado a moral catlica o mtodo empregado na
educao brasileira durante o imprio era o mtodo Mtuo e Lancasteriano por vezes

confundido, mas com razes diferentes. As questes polticas em relao a centralizao


e descentralizao do Imprio no ps Ato Adicional, contriburam para ampliar os
debates acerca das diretrizes da educao bsica.

Depois da emenda de 1834 as

provncias passam a ter mais autonomia e a serem responsveis pela educao primria,
o que resultou nos anos posteriores em um aumento significativo na ampliao de oferta
educacional, dentre elas a criao do Colgio Pedro II para a educao da elite do pas.

A Reforma Couto Ferraz no ano de 1854 foi um marco para a regulamentao do


ensino primrio e secundrio, orientando as diretrizes para a educao brasileira que
ainda no possua um formato padronizado. Ainda sob o signo da escola civilizatria
que difundiria as luzes para a populao leiga, a escola ainda que pblica e gratuita
no se estendia a todos, sendo restrita a negros escravizados, portadores de doenas
contagiosas e no vacinados, situao que s se modifica no ps-abolio e surge a
preocupao com a educao dos ingnuos. Nesse momento a educao mtua passa
a no ser mais a proposta hegemnica e o ensino simultneo tambm orientado como
uma das formas de instruo. Entretanto a legislao no bastou para que a proposta se
efetivasse, de modo que o projeto para a educao primria no se consolidou como
havia sido planejado no primeiro momento, o que s ocorre no ano de 1873 com o
projeto de Reforma de Cunha Leito. Nos anos posteriores ao Ato Adicional houveram
estudos, mapeamentos e novas propostas para encontrar a soluo para a ausncia de um
sistema educacional eficiente que moralizasse a sociedade brasileira e contribusse para
o progresso da nao, entretanto a aprovao na Assembleia Legislativa era a
dificuldade maior pela infinidade de propostas diversas.
O decreto de Couto Feraz o Decreto de Lencio de Carvalho no ano de 1879 teve
um grande peso em seus debates pois a educao do filhos da escravido possuam um
enorme peso nos rumos do pas, uma vez que at ento os escravos eram proibidos de
receber educao. Ainda que necessrio essa questo foi silenciada no decreto,
mantendo um ar de ambiguidade quanto ao destino educacional dos ingnuos. As
demais diretrizes de Carvalho se pautaram na segmentao do ensino primrio em
graus, a livre frequncia dos estudantes e a no-obrigatoriedade do ensino religioso para
todos, inclusive os acatlicos, alm de pela primeira vez ser determinado um currculo
com disciplinas bsicas. O decreto em questo orientava as diretrizes educacionais do
ensino primrio ao superior foi apreciado por Rui Barbosa como uma questo de

extrema urgncia para o futuro da nao, entretanto assim como outras essas propostas
tambm no saram do papel.
A principal tese defendida por todos os legisladores e suas propostas durante o
imprio se referenciavam educao como motor gerador de mudanas e progresso na
sociedade, com fortes influncias positivistas em todas as propostas apresentadas, de
modo que a instruo remetia a formao de uma moral e carter nacionalista de
unidade, ou mesmo para civilizar e transformar em dceis os cidados leigos, uma
vez que uma nao s poderia se consolidar com uma populao bem educada.

A organizao pedaggica da escola primria no Brasil: do modo individual,


mutuo, simultneo e misto escola graduada (1827 - 1893)

No texto em questo Souza aponta o caminho percorrido pela educao


brasileira e os diversos mtodos utilizados durante esse processo da educao, at a
adoo da escola graduada e o mtodo simultneo como parte da cultura escolar no pas.
A preocupao com o progresso do pas salientada nas primeiras legislaes do
imprio, tal como a Constituio de 1824 que estabeleceu a gratuidade da educao, A
lei geral de ensino de 1827 que gerou as primeiras diretrizes para a criao de
instituies de ensino e principalmente o Ato Adicional de 1834 que descentralizou as
funes administrativas do imprio em relao as provncias quanto a educao
primria. Segundo Souza o mtodo simultneo apresenta o carter modernizador da
cultura da escola elementar no sculo XIX.
Segundo a autora as primeiras tentativas de sistematizao da educao no pas
aconteceram com a vinda da corte portuguesa para o pas, poca em que o ensino mtuo
comea a ser difundido. Esse mtodo consiste na partilha do domnio do espao
escolar entre professor e monitores, que so nada menos que estudantes com maior
domnio da disciplina, de modo que existem diferentes graus de conhecimento, as
classes, para que cada aluno se desenvolva de acordo com um ritmo comum, mas cada
qual dentro de suas habilidades. Esse mtodo se mostrava vivel para a universalizao
da educao, uma vez que seus custos eram baixos e flexvel para acompanhar as
diferenas entre os estudantes. O mtodo mtuo se fundamentava tambm na

moralizao das camadas populares e na busca de valores nacionais. Entretanto grandes


dificuldades impediram a eficincia do mtodo mtuo, como a ausncia de preparo,
materiais e instalaes adequadas para ensino, tornando o mtodo individual j
tradicional se sobressasse a outras formas de ensino durante praticamente todo o sculo
XIX. Ainda que no totalmente eficaz para a educao no pas o mtodo mutuo foi
influente na organizao pedaggica e a algumas noes de desenvolvimento escolar.
No contexto francs pelas mos de Lassalle, segundo aponta a historiografia da
educao a prtica do ensino simultneo comeou a ser difundida nas escolas crists,
mas no substitui totalmente o mtodo individual, pois havia um movimento de
experimentao e combinao entre os mtodos, principalmente em relao ao mtuo.
No Brasil no o ensino simultneo torna-se oficial no ano de 1840, entretanto essa
orientao no totalmente acatada pois existem dificuldades enfrentadas em relao ao
mtodo, o que em algumas provncias se reflete em mtodo diferentes para o ensino.
Foi em meados do sculo XIX que o mtodo simultneo passa a ter mais destaque para
a adoo, uma vez que se mostra uma alternativa eficiente e econmica. A diferena, as
vantagens e desvantagens de cada mtodo foi explorada em um relatrio da Provncia
de Gois que foi enviado para a corte pelas mos do professor Feliciano P. Jardim
Durante praticamente todo o sculo XIX o ensino simultneo disputa espao
com outros mtodos de ensino e principalmente pela fora da tradio ele se combina ao
mtodo mtuo na maior parte das instituies de ensino. Ao final deste mesmo sculo o
ensino simultneo comea a sua fase de consolidao e se estabiliza como mtodo
oficial, conjuntamente a obrigatoriedade escolar, fixao de perodos de matrcula,
estabelecimento de tempo para a concluso do primrio, fatores que contriburam para a
adoo do mtodo.
A Escola graduada se refere ao modelo de organizao escolar surgido no sculo
XIX e que era visto como modernizador para a poca, pois suas caractersticas de
classificao para os estudantes, tornavam a escola mais eficiente em termos de
configurao das classes que se tornam mais homogneas. Esse modelo escolar reuniu
todo o aparato racionalizado de uma escola mais orgnica e padronizada, combinando
vrias caractersticas dos demais mtodo j utilizadas e mesmo assim sendo o modo
mais eficiente de se conduzir a educao.

Questes para debate

1. No atual panorama poltico a educao ainda marcada pela herana da


proposta civilizatria para as massas?
2. A escola desempenhava um papel pequeno no processo de modernizao da
sociedade (p.179). Essa colocao afirma que a educao no protagonista na
transformao social?
3. O mtodo simultneo foi adotado como universal principalmente pela sua
viabilidade econmica, mas j foi questionado antes mesmo de ser aceito e
posteriormente pela sua estrutura rgida (Como apontou Foucault). Existem
modelos alternativos no Brasil para a educao ou a Escola graduada de mtodo
simultneo obrigatria apesar das crticas?

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