Beat Scheneider - Design Uma Introdução - Cap 1 PDF
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1. INDUSTRIALIZAO E
PRIMRDIOS DO DESIGN
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Expoentes
Design e industrializao
O processo de industrializao que se iniciou em fins do
sculo XVIII e envolveu todo o sculo XIX levou a mudanas muito profundas no universo material e espiritual da
Europa e da Amrica do Norte. A marcha triunfal das mquinas a vapor no podia ser contida, e, na segunda metade do sculo XIX, a tcnica festejava triunfos em cada vez
mais campos da atividade humana. A consequncia foi
um crescimento cada vez mais acelerado da indstria e da
economia. A produo industrial de bens de produo e de
consumo ampliava-se incessantemente. O novo modo de
produo industrial mudou fundamentalmente a maioria
dos aspectos da vida.
Mecanizao e diviso do trabalho
A industrializao mecanizou muitas das atividades que
at ento eram realizadas manualmente. A mecanizao
foi acompanhada por uma radical diviso do trabalho, pois
nos produtos fabricados industrialmente a unidade artesanal entre projeto e execuo ficou cada vez mais cindida.
A criao dos objetos (trabalho mental) e a sua produo
(trabalho das mquinas) tornaram-se atividades distintas.
Aqui, na diviso industrial do trabalho, surgiu a moderna
atividade de projeto de produtos, surgiu o design industrial. J no eram os artesos que produziam a maioria dos
objetos e lhes davam forma. Os empresrios, em suas manufaturas ou fbricas, encarregavam os chamados projetistas ou fazedores de amostras (tambm chamados
de desenhistas ou modeladores) de desenvolverem
os produtos que depois seriam produzidos pelas mqui-
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mercadorias imaginveis, com as quais seja possvel auferir lucros adicionais. O capital, portanto, no est interessado, em primeira instncia, pelo gnero das mercadorias,
pelo seu valor de uso, mas sobretudo pelo seu valor de
troca. Sem um crescimento permanente, sem um aumento constante do volume de trocas, a taxa de lucro no pode
ser aumentada e o capital investido no voltar de forma
lucrativa. A produo em massa, ou seja, a produo em
srie de objetos padronizados a preos favorveis, faz parte da essncia do capitalismo. Ela o motivo do surgimento da cultura de massas.
Para convencer os consumidores a comprarem cada vez
mais objetos de uso em forma de mercadoria, esses objetos
no podem apenas cumprir uma funo, mas precisam ter
formas atraentes e sedutoras, para se diferenciarem positivamente dos produtos concorrentes. Por isso, a indstria
orientada pelas vendas reconheceu bem cedo as grandes
possibilidades que a conformao dos produtos pode criar
para incentivar eficientemente as vendas. Porque os produtos industrializados ganham em atratividade para serem
comprados mediante mudanas permanentes de sua forma
externa, sem que isso esteja forosamente ligado a uma
melhora de sua capacidade de uso. Aqui est a origem do
design de produtos, de uma boa parte do design grfico
e do design corporativo, desenvolvido no sculo XX. Atravs do processo de criao de novas formas, os designers
revolucionam constantemente os produtos como um todo
ou meramente na sua superfcie; conferem-lhes constantemente, em outras palavras, a mesma mensagem conservadora: compre-me!! (cf. a este respeito as sees Design e
esttica das mercadorias e A tarefa do design industrial,
neste mesmo captulo).
Resumo: Design significa, em primeira instncia, integrao da esttica na produo e comercializao de mercadorias e prestao de servios com o fim de incentivar as
vendas. Serve para defender a prpria posio diante dos
concorrentes e para tirar mais proveito do capital.
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Fig. 1: Joseph Paxton: O Palcio de Cristal em Londres, construdo para a Exposio Mundial de 1851, depois
de sua reconstruo em Sydenham, em 1854. Aqui foram expostos pela primeira vez mveis patenteados,
produzidos industrialmente. Fonte: Peter Gssel, Gabriele Leuthuser, Architektur des 20. Jahrhunderts,
Colnia, 1990, p. 29.
Historicismo
A palavra historicismo refere-se, entre
outras coisas, a uma tendncia generalizada
de readotar estilos de perodos culturais
do passado. O historicismo, no sentido
mais concreto, foi uma corrente do sculo
XIX que perdurou at o fim da Primeira
Guerra Mundial. As obras historicistas na
arquitetura, nas artes plsticas e no artesanato
artstico derivavam o seu vocabulrio de
formas estilsticas de pocas anteriores
(neorromntico, neogtico, neorrenascentista
etc.). Esses estilos eram amide levemente
modificados ou combinados com outros estilos
(pluralismo estilstico). O artesanato artstico
orientava-se preferencialmente pelos modelos
extraeuropeus (por exemplo, pela arte indiana
ou japonesa).
Mas o historicismo tambm expresso
de incertezas estilsticas e de fraqueza na
orientao cultural da sociedade burguesa do
sculo XIX (cf. a seo Aspectos econmicos
e sociais, neste mesmo captulo). Mediante o
recurso a padres estilsticos j consagrados,
queria-se contrapor a essa insegurana uma
srie de valores mais estveis.
Feitos culturais do passado gozavam, pois,
de maior prioridade que os esforos por criar
formas artsticas novas, correspondentes ao
seu tempo.
1. No sculo XX, Le Corbusier ir louv-lo por ser sadio e msculo, ativo e til, equilibrado e
feliz (Citado a partir de: Beat Schneider, Penthesilea, Berna, 1999, p. 267).
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2. At hoje no ficou claro se o Biedermeier foi apenas uma concepo burguesa de valores; o
fato de muitos mveis nesse estilo estarem inicialmente em lares aristocrticos contrape-se a
essa tese (cf. tambm: Dieter Weidmann, Design des 20. Jahrhunderts, Berlim, 1998, p. 12).
3. Esta posio defendida por Thomas Hauffe, em: Design Schnellkurs, Colnia, 2000, p. 22.
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