Analise Sistema de Viveiro Florestal
Analise Sistema de Viveiro Florestal
Analise Sistema de Viveiro Florestal
ISSN 0100-3453
CIRCULAR TCNICA No 168
JUNHO 1989
VIVEIRO DE MUDAS FLORESTAIS ANLISE DE UM SISTEMA
OPERACIONAL ATUAL E PERSPECTIVAS FUTURAS
Jos Zani Filho*
Edson A. Balloni*
Jos Luiz Stape *
INTRODUO
Nos ltimos 5 anos os viveiros florestais evoluram significativamente, buscando
racionalizar a produo de mudas, atravs da melhoria das condies de trabalho dos
funcionrios, aumento dos rendimentos operacionais, bem como melhorando a qualidade
fisiolgica das mudas. Dentro deste contexto, a Ripasa S/A Celulose e Papel, promoveu
profundas alteraes em seus viveiros, concentrando 70% de sua produo num viveiro de
tubetes plsticos sobre mesa de tela, mantendo-se entretanto 30% da produo de mudas
num viveiro tradicional de sacos plsticos. Essa evoluo para o viveiro de tubetes foi feita
com base em adaptaes do sistema tradicional, o que trouxe inmeros problemas de ordem
tcnica e operacional.
Esses problemas foram solucionados no ano de 1988, aps uma mudana radical no
sistema operativo do viveiro. Essa experincia permitiu que a empresa desenvolvesse o
projeto de um novo viveiro, no Qual foi incorporado todo o conhecimento adquirido nos
ltimos anos, com a produo de mais de 100 milhes de mudas.
O objetivo do presente trabalho analisar o sistema operacional de produo de
mudas em tubetes inicialmente instalado na empresa, comparando-o ao novo sistema
operacional implantado, bem como apresentar o projeto "Futuro Viveiro da Empresa" com
No de Recipientes
Mesa
1.739
1.147
870
-
m
912
602
456
(500)
Espaamento (cm2)
11.0
16.6
21.9
(20.0)
3.4 Irrigao
A irrigao efetuada por bombas de 10 hp, que irrigam separadamente
conjuntos de canteiros.
O encanamento principal subterrneo e paralelo ao lado dos canteiros. A
cada 12 metros, a uma altura de 2 m, existe um bico de asperso tipo Subcopaque irriga
os canteiros.
3.5 Adubao
A adubao das mudas ocorre de duas maneiras: uma de base e outra de
cobertura: A adubao dos recipientes, na proporo de 1 kg de superfosfato simples por
100 litros de composto. A adubao de cobertura consiste na aplicao de nitrognio e
potssio ao recipiente a partir de 15 dias aps a semadura e em intervalos de 10 dias, at
atingir o crescimento desejado. A soluo de cobertura composta de 1 kg de sulfato de
Cap. Nominal
Produo (1) (x
1000)
6.290 (*)
14.889 (*)
Semadura Efetiva
(2) (x 1000)
Eficincia (2) /
(1) (%)
Muda Produzida
(3) (x 1000)
4.380
11.379
69,63
76,42
3.593
8.393
57,12
56,37
(*) 3 Rotaes
- Havia dificuldade no transporte e encanteiramento das mesas em todos os
pontos do viveiro.
- Os canteiros, lado a lado, com mudas em estgio diferente de
desenvolvimento recebiam a mesma irrigao.
- Haviam mesas ociosas aguardando a liberao total do canteiro para nova
semeadura.
- A operao de repicagem de mudas em tubetes no era eficiente e
apresentava mudas de m qualidade.
- Havia dificuldade na coordenao e controle de qualidade das operaes
que ocorriam simultaneamente em pontos dispersos no viveiro.
5. SISTEMA OPERACIONAL SETORIZADO (S.O.S.)
Para sanar os pontos falhos constatados no Sistema Operacional Tradicional
(S.O.T.) props-se um Sistema Operacional Setorizado (S.O.S.).
O sistema operacional proposto baseia-se na setorizao das operaes e na
movimentao dos recipientes nas diferentes fases de formao das mudas. Nesse processo
de movimentao torna-se sistemtico o descarte dos recipientes no produtivos, criando-se
novos espaos a recipientes produtivos, aumentando assim a produtividade do viveiro.
Para operacionalizar esse novo sistema o viveiro foi dividido fsica e
funcionalmente em 4 setores: Setor I enchimento, Setor II semeadura/germinao, Setor
III crescimento e Setor IV rustificao/expedio.
5.1 Diviso Fsica do Viveiro
Para aplicao do sistema operacional utilizou-se as mesmas estruturas
fsicas e materiais do viveiro tradicional, porm estabeleceu-se um novo lay-out para
atender o sistema.
5.1.1 Distribuio dos Canteiros
As mesas foram reencateiradas mantendo-se carreadores laternados
de 0,50 e 1,10 m. A rea de 1,69 h do viveiro foi dividida em 3 partes, de modo que uma
parte foi destinada a semeadura/germinao (Setor II), outra ao crescimento (Setor III) e a
outra a rustificao/expedio (Setor IV). O enchimento de recipiente (Setor I) ficou
localizado no barraco de servios.
As mesas que compem os canteiros do Setor II
(semeadura/germinao), prximos do Setor I (enchimento), so removidas e
Perodo (dias)
No Mesa
Recipiente/Mesa
Lotao (%)
II
III
IV
Total
40
35
15
90
1.414
2.102
811
4.327
1.739
870
870
-
100
50
50
-
X1 =
X2.L2.P1
n12.L1.P
X2 =
XT.L1.L3.P 2.n12
P1 L2L3 + P2 L1L3 n12 + P3 L1L2 n12 n23
X3 = XT - X1 - X2
Onde:
X1, X2, X3 = Nmero mesa nos Setores II, III e IV
L1, L2, L3 = Lotao das mesas nos Setores II, III e IV
P1, P2, P3 = Perodo de permanncia das mudas nos Setores II, III e IV
n 12 = Eficincia da formao de mudas do Setor II para III
n 23 = Eficincia da formao de mudas do Setor III para IV
XT = Total de mesas
Exemplo: Determinar o nmero de mesas em cada Setor.
XT = 4327 mesas
L1 = 1739 tubetes
L2 = 870 tubetes
L3 = 870 tubetes
P1 = 40 dias
P2 = 35 dias
P3 = 15 dias
Cap. Nominal de
Produo
2.458.946
1.828.740
705.570
4.993.256
X2 =
X2 = 2102
X1 =
2101 . 870 . 40
= 1414 mesas
0,85 . 1739 . 39
X1 = 1414 mesas
X2 = 2101 mesas
X3 = 811 mesas
Pelo exposto verifica-se que a capacidade nominal de produo de mudas pelo novo
sistema de 4.993 mil mudas por rotao ou 14.979 mil mudas anuais (3 rotaes).
5.2 Diviso Funcional do Viveiro
Com a diviso fsica do viveiro houve tambm a diviso funcional do
mesmo, de modo que as atividades operacionais foram setorizadas e as equipes organizadas
de maneira a manter um fluxo normal de trabalho.
5.2.1 Organograma e Descrio de Cargos
Setor II Semeadura/Germinao
O canteiro previamente irrigado e semeado com ajuda das seringas de semeadura.
As sementes so cobertas com uma fina camada da mistura de terra de subsolo e
composto orgnico. Em seguida, o canteiro recebe nova irrigao e coberto com sombrite
50%, o qual permanece em contato direto com os tubetes at o incio da germinao, sendo
posteriormente suspensos a uma altura de 15 cm.
Para facilitar a operao de remoo dos sombrites sobre os canteiros, um de seus
dados fixado nas mesas e outro preso por pequenos ganchos (Figura 2). Desta forma, os
canteiros so descobertos antes das irrigaes, pulverizaes e adubaes. Essa remoo
tambm facilita o controle de fungos e algas atravs de raios solares.
Setor IV Rustificao/Expedio
As mudas selecionadas no setor anterior tambm so acondicionadas em
caixa de plstico (180 mudas/caixa) e transportadas em carrinhos especiais que trafegam
nos carreadores de 1,10 m.
Os lotes por altura so reencanteiradas separadamente, em quinquncio num
lotao de 870 mudas/mesa (50%).
As mudas permanecem neste setor por um perodo de 15 dias para completar
a rustificao. Posteriormente as mudas so novamente acondicionadas nas caixas
identificadas e expedidas ao campo.
Nesta operao de expedio no mais necessrio se fazer a seleo das
mudas, pois as mesmas j se encontram reencanteiradas em lotes padronizados a mesma
altura.
5.3 Anlise de Rendimento do Sistema Operacional Setorizado (S.O.S.)
O Sistema Operacional Setorizado apresentou um aumento substancial no padro
dos servios prestados pelas equipes operacionais, refletindo diretamente na qualidade e
padro de mudas produzidas.
S.O.T.
Rend. Tubetes/HD
20.000
11.000
20.000
15.000
2.000
8.000
6.000
6.000
5.000
710
S.O.S.
Rend. Tubetes/HD
20.000
24.000
30.000
20.000
10.000
8.000
6.000
25.000
65.000
970
(376)
(970)
Pessoas/Equipe
05
05
02
03
02
08
06
08
01
-
Aumento Relativo
(%)
0
118
50
33
25
33
0
400
37
(158)
S.O.T.
Tubetes/kg Sementes
70.000
60.000
65.000
65.000
S.O.S.
Tubetes/kg Sementes
137.000
107.000
123.000
122.000
Cap. nominal de
produo (1)
(x 1000)
14.889 (*)
9.216 (**)
Semeadura
efeitva (2)
(x 1000)
11.379
8,745
Eficincia (2) /
(1) (%)
Muda produzida
(3) (x 1000)
Eficincia (3) /
(1) (%)
76,42
94,89
8.393
6.244
56,37
67,75
Setor IV Rustificao/Expedio
As mudas permanecero neste setor at completarem o processo de rustificao. A
expedio das mudas ocorrer nas prprias bandejas, que sero colocadas em contineres
tipo prateleiras e transportados por caminhes auto-carregveis (Figura 11). Os contineres
sero distribudos nas frentes de plantio e podero permanecer no campo por alguns dias,
servindo de viveiro vertical de espera (prateleiras).
6.2.3 Custo
A empresa vem estudando diferentes alternativas para construo dos novos
canteiros, cujo custo mdio da ordem de 12 OTN/m linear de canteiros. Entretanto, com o
estudo de novas alternativas incluindo-se bandejas plsticas estima-se que este custo poder
ser reduzido em 30%.
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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In: ENCONTRO TCNICO FLORESTAL, 3, Montes Claros, 1987. 8p.
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CIRCULAR TCNICA
Esta publicao editada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, em convnio
com a Universidade de So Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
Departamento de Cincias Florestais.
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