Estudo Acerca Do Direito Ao Uso e Porte de Arma de Fogo
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Fundamentamos tal leitura pelo facto de a PSP j ter tentado negar a emisso de LUPA
fundamentando os indeferimentos por no considerarem a profisso de risco, logo no pode a
actividade estar sujeita a este tipo de entendimentos, mas sim a normas imperativas que no
deixem margem de dvida sobre o direito LUPA e porte de arma em servio, que feito de
forma visvel no interior do coldre estipulado na Portaria 991/2009 de 8 de Setembro anexo III
ponto 5.
O Projecto de Lei tambm no contempla o seguinte equipamento, cassetete, algemas, rdio
nem o apito, equipamento este previsto no Decreto de Lei 310/2002 de 18 de Dezembro,
republicado pelo Decreto de Lei 204/2012 de 29 de Agosto e na Portaria 991/2009 de 8 de
Setembro, sendo fcil de constatar que o referido Projecto de Lei limita a legtima defesa dos
profissionais, limitando os mesmos na sua aco, fragilizando a actividade ao ponto de
desvirtuar por completo a profisso e os princpios pelos quais sempre se regeu e sem se
conhecerem situaes graves que levem a tal deciso, seja por mau uso ou uso excessivo.
Alis, j est a PSP a indeferir pedidos de frequncia do Curso de Formao Tcnica e Cvica
para portadores de armas de fogo da classe B1 (CFTC), para posterior pedido de LUPA, com a
fundamentao que a justificao para obteno de LUPA baseada na actividade profissional
que desempenha, Guarda-Nocturno, em nada consubstancia fundamento vlido para que a
Administrao pudesse deferir a pretenso formulada, contrariando assim a PSP a legislao
em vigor que d o Direito de os Guardas-Nocturnos portarem arma de fogo em servio, ao
abrigo do Decreto-Lei 310/2002 de 18 de Dezembro, mas tambm o dever de usarem com
carcter permanente a arma de fogo em servio conforme estipulado pela Portaria 991/2009
de 8 de Setembro Anexo III ponto 5.
Tal deciso da PSP no se trata de um caso isolado, havendo mais casos de projectos de
indeferimento de pedidos de CFCTC, nomeadamente deste o princpio de 2015, sendo que no
caso em concreto o Oficio da PSP data de 16/03/2015 com a Referncia 3568/SEP/2015, que
segue em anexo, tendo o nosso associado entregue toda a documentao necessria, tendo
feito prova da qualidade de Guarda-Nocturno atravs do carto profissional e da respectiva
licena, emitida pela Cmara Municipal de Matosinhos, reunindo todos os requisitos legais
exigidos para a frequncia do CFTC e posterior emisso de LUPA, contudo a PSP nega tais
direitos e fundamentao que sempre serviu para a emisso de LUPA aos Guardas-Nocturnos.
Podemos assim afirmar e com fundamento na recente deciso da PSP, que o Projecto de Lei ao
no salvaguardar o direito e o dever dos Guardas-Nocturnos a portarem arma de fogo em
servio, assim como o porte de cassetete e algemas, estar a desarmar de vez os GuardasNocturnos, sendo que tal ir matar a profisso, colocando em causa cerca de 300 postos de
trabalho.
Do Direito:
1- Os Guardas-Nocturnos andam armados desde pelo menos 1910, conforme
Regulamento da Corporao de Guardas-Nocturnos da Figueira da Foz de 17 de Abril
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o Ministrio da Administrao interna, tambm a Guarda Nacional Republicana deixou
de entregar o Equipamento.
8- Decreto de Lei 310/2002 de 18 de Dezembro, com as alteraes introduzidas pelo
Decreto Lei 114/2008 de 1 de Julho Artigo 9.-C Ponto 1 O equipamento composto
por cinturo de cabedal preto, basto curto e pala de suporte, arma, rdio apito e
algemas.
9- A Legislao atrs mencionada resulta do facto de ter sido atribudo aos GN a condio
de funcionrio, passando mais tarde a serem tambm vistos como auxiliares das
organizaes policiais, exercendo uma actuao de serventurios, pelo que era
entregue diariamente para o desempenho de funes a arma de funo de calibre
7,65, o que veio a ocorrer at finais de 2009, sendo que era atribudo aos profissionais,
ao abrigo do Decreto Lei 316/95 de 28 de Novembro, um subsdio mensal de
fardamento equivalente ao atribudo s foras de segurana, deixando tal de existir
inerente passagem de competncias dos Governos Civis para as Cmaras Municipais
atravs do Decreto de Lei 310/2002 de 18 de Dezembro.
10- Aps deixarem de ser entregues as armas de funo por parte da PSP, foi publicada a
Portaria 991/2009 de 8 de Setembro, aprovando os modelos de uniforme, distintivos e
emblemas, equipamento e identificador de veiculo, previstos no Decreto lei 310/2002
de Dezembro, ficando assim salvaguardado o direito ao uso do equipamento a seguir
mencionado e constante do anexo III:
1) Algemas de duas argolas, de metal branco, compostas por dois semicrculos com
fechadura incorporada e ligada por dois elos metlicos;
2) Apito de metal cromado ou prateado, com zarelho, corrente e travinca
semelhantes, conforme figura;
3) Coldre de cabedal, de cor preta, a fechar com mola, conforme a figura indica;
4) Cassetete todo de borracha, com uma nervura de ao interiormente, sendo todo
coberto a calfe preto;
5) Pistola de modelo aprovado; o seu uso em servio de carcter permanente;
6) Rdio apto a comunicar permanentemente com as foras e servios de
segurana;
7) Outro material legalmente distribudo pela fora de segurana territorialmente
competente e cujo uso esteja superiormente autorizado.
Assim passaram os Guardas-Nocturnos a ter que adquirir o seu equipamento, com
excepo feita aos rdios, sendo que muitos Municpios investiram no equipamento e
os atriburam aos GN de modo a permitir uma comunicao eficaz com as foras de
segurana conforme legalmente previsto, como acontece em Lagos, Loul, Amadora,
entre outros.
11- O Decreto Lei 204/2012 de 29 de Agosto veio republicar o Decreto de Lei 310/2002 de
18 de Dezembro com as alteraes introduzidas pelo Decreto Lei 114/2008 de 1 de
Julho, no tendo introduzido alteraes, passando a profisso a estar devidamente
definida num nico diploma e regulada pela Portaria 991/2009 de 8 de Setembro,
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havendo ainda a Portaria 79/2010 de 9 de Fevereiro que veio regulamentar o carto
de identificao.
Podemos assim afirmar que os Guardas-Nocturnos sempre tiveram direito a andar
armados em servio e mais tarde tambm fora dele, inerente sua profisso de risco,
nunca ficando a emisso da Licena de Uso e Porte de Arma ao critrio de decises
administrativas, pois sempre foi um direito consagrado na Lei, pelo que o Projecto de Lei
contraria o supra mencionado ao no fazer prever o equipamento, que sempre fez parte
da profisso, e no salvaguarda os direitos que os profissionais sempre tiveram ao longo
da sua histria e na actualidade, fragilizando assim a profisso e coloca em risco os
profissionais que diariamente desempenham as suas funes na via pblica, local este
onde ocorrem os crimes mais violentos, com agravante de o servio ser efectuado de
forma individual e de madrugada logo deixando os profissionais mais vulnerveis e em
risco de vida ao se depararem com os mais variados crimes.
Dos Factos:
1- Os Guardas-Nocturnos iniciam funes nas instalaes das Foras de Segurana, o que
por si revela a terceiros que as informaes que os Guardas-Nocturnos obtm em
servio, relativamente aos mais variados crimes, so comunicados a essas foras, o
que por si s constitu um risco para o profissional.
2- O seguro de responsabilidade civil exigido, que garanta o pagamento de uma
indemnizao por danos causados a terceiros no exerccio e por causa da sua
atividade, acaba por ser o reconhecimento de uma profisso de risco, pois se a
actividade de Guardas-Nocturnos no fosse de risco no teria que prever tal norma.
3- O Guarda-Nocturno ao deparar-se com um crime ter que ter equipamento que
permita a sua defesa e de terceiros, caso no tenha ter que se limitar a observar e
comunicar os factos fora de segurana, sendo fcil para quem esteja a cometer o
delito se aperceber que foi o Guarda-Nocturno que o denunciou, deixando o GuardaNocturno numa posio muito sensvel, uma vez que pode ser vitima de um crime por
parte daquele que denunciou, seja no momento seja aps o mesmo, uma vez que o
Guarda-Nocturno trabalha exclusivamente de noite, sozinho, em ruas escuras e
isoladas, sendo muito fcil quem queira atentar contra a vida ou integridade fsica de
um Guarda-Nocturno faz-lo, sem que ningum se aperceba e que possa ir em socorro
do Guarda-Nocturno.
4- O facto de o Guarda-Nocturno trabalhar na via pblica, local onde se do muitos dos
crimes violentos, por si s constitudo um risco acrescido, por ao virar de uma esquina
poder estar a ocorrer um crime, no tendo o Guarda-Nocturno tempo de alertar
atempadamente a fora de segurana, onde ter que agir, pois se no tiver
equipamento eficaz, muitas vezes nem ter hiptese de fugir.
5- Existem dezenas de criminosos a cumprir pena de priso e outros tantos espera de
julgamento, por terem sido apanhados por um Guarda-Nocturno ou por ele
denunciados, para alm das inimizades que os Guardas-Nocturnos ganham pelo
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simples facto de auxiliarem as foras de segurana a proceder a uma deteno, a uma
identificao, ou demais intervenes policiais, imperativo que os GuardasNocturnos tenham o direito legalmente consagrado licena de uso e porte de arma
durante o servio e fora dele, sendo que no nos devemos esquecer que se o GuardaNocturno for alvo de algum atentado sua integridade fsica fora de servio, o mesmo
poder colocar em causa a segurana da sua famlia.
6- Podemos assim afirmar que o facto de o Guarda-Nocturno usar em servio e cintura,
de modo visvel, o cassetete, as algemas, a arma de fogo e at o rdio, por si s
dissuasor e transmite a quem lhe queira mal ou pretenda cometer um crime, que
aquele equipamento embora esteja cintura sem ser utilizado, ir ser utilizado pelo
Guarda-Nocturno na sua defesa e na defesa de terceiros, no mbito da legtima
defesa, sempre que tal defesa no possa ser garantida pelas foras e servios de
segurana do Estado, tal facto por si s evita muitos crimes aquando a presena de um
Guarda-Nocturno.
Na prtica:
1- Madrugada de 11 de Dezembro de 2005, dois Guardas-Nocturnos apoiam elementos
da PSP de Lagos numa barreira policial com vista a travar a fuga de um grupo de
assaltantes que j havia disparado contra um militar da GNR, tendo um dos assaltantes
disparado contra um Guarda-Nocturno e o Chefe da PSP, Srgio Martins, atingido
mortalmente este elemento policial, tendo os projecteis passado por cima da cabea
do Guarda-Nocturno, uma vez que este se havia baixado antes do disparo, tendo ainda
os Guardas-Nocturnos encetado perseguio aos assaltantes e homicida.
2- Madrugada de 26 de Agosto de 2011, um Guarda-Nocturno de Lagos detectou um
individuo com uma caadeira na mo, entre outro material, nomeadamente uma faca
de grandes dimenses, tendo o seu portador encetado fuga medida que foi largando
os objectos que transportava, inclusive a caadeira, tendo o Guarda informado a PSP e
aps uma perseguio conseguiu reter o suspeito, que assumiu de imediato que todo
o material que havia largado seria furtado. Sob o individuo havia um mandato de
deteno para cumprimento de pena, portava identificao falsa e estava referenciado
por assaltos mo armada, tendo sido presente a Tribunal e posteriormente ao
estabelecimento prisional de modo a cumprir a pena pendente. (fig.1)
3- Ano de 2011, incidentes na Ilha da Madeira que levaram Guardas-Nocturnos a serem
agredidos e amaados com armas brancas no decurso das suas funes, sendo o caso
mais grave o ataque a um Guarda-Nocturno feito com recurso a um Cocktail Molotov.
(fig. 2 e 3)
4- Madrugada de 08 de Setembro de 2012, um Guarda-Nocturno de Leiria ao ouvir um
alarme de um estabelecimento dirigiu-se ao mesmo, sendo que foi surpreendido por
um grupo de assaltantes, os mesmos aos visualizarem o Guarda-Nocturno colocaramse em fuga e tentaram atropelar o Guarda-Nocturno, sendo que este teve que efectuar
disparos para o ar de modo a evitar ser atropelado, uma vez que no tinha hiptese de
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fuga pois encontrava-se entre dois prdios. Os disparos levaram o condutor a mudar
de trajectria no tendo o Guarda sofrido quaisquer ferimentos. (fig.4)
Madrugada de 19 de Outubro de 2012, Guarda-Nocturno de Leiria ao virar uma
esquina depara-se com um grupo de assaltantes a tentar partir uma montra de um
pronto-a-vestir, sendo que um dos assaltantes tinha um machado na mo, que ficou
cravado na montra e ou outro assaltante ao visualizar o Guarda-Nocturno dirigiu-se a
este com uma marreta na mo ameaando o mesmo, tendo o Guarda efectuado um
disparo para o ar de modo a evitar ser agredido, tendo os assaltantes encetado de
imediato fuga sem terem conseguido realizar o furto. (fig.5)
Madrugada de 16 de Maio de 2013, Guarda-Nocturno de Lagos surpreende individuo a
assaltar uma anexo do Mercado Municipal de Santo Amaro, tendo este tentado atingir
o Guarda com um p-de-cabra, que se defendeu e fez recurso ao Gs Pimenta que usa
em servio, contudo e com a demora da chegada dos elementos da PSP, o Gs
Pimenta deixou de fazer efeito, no tendo nesse perodo de tempo o Guarda
conseguido manietar o seu agressor devido sua forte compleio fsica, tendo que o
Guarda-Nocturno recorrer sua arma de fogo uma vez que o suspeito fez recurso a
um objecto perfurante para o agredir, contudo o Guarda-Nocturno usou a arma
somente para intimidar o suspeito e evitar ser atingido com o objecto perfurante,
tendo nesse momento chegado a PSP. (fig.6)
Madrugada de 09 de Maio de 2014, Guarda-Nocturno do canial ameaado com uma
arma de fogo por individuo que se encontrava a furtar jornais, tendo o Guarda
conseguido desarmar o suspeito e algem-lo, entregando-o PSP. (fig.7)
Madrugada de 04 de Julho de 2014, um Guarda-Nocturno da Amadora ao ouvir uma
exploso desloca-se para o local de onde poderia ser proveniente a mesma. A exploso
deveu-se a um furto de um multibanco do banco BIC situado na Quinta do Borel,
sendo que os assaltantes quando visualizaram o Guarda-Nocturno dispararam na sua
direco, atingindo uma viatura junto a si.
Madrugada de 06 de Dezembro de 2014, toxicodependente ameaa Guarda-Nocturno
do Canio, Madeira, sem que nada o fizesse prever, tendo o Guarda-Nocturno
conseguido desarm-lo e algem-lo at chegada da PSP.
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A actividade de Guarda-Nocturno est devidamente regulamentada nos diplomas acima
mencionados, nomeadamente pelo Decreto Lei 310/2002 de 18 de Dezembro, republicado
pelo Decreto Lei 204/2012 de 29 de Agosto e pela Portaria 991/2009 de 8 de Setembro.
Face ao exposto, esta associao concorda com o Parecer emitido pela Associao Nacional
de Municpios Portugueses (ANMP), acerca do Projecto de Lei 775/XII/4, no que respeita ao
facto de o regime vigente coadunar-se com a realidade inerente ao exerccio da actividade
de Guarda-Nocturno, sendo que a nosso ver o que melhor serve os profissionais e a
populao, no havendo assim necessidade alguma de alteraes legislativas.
Tendo em conta toda a correspondncia por ns enviada aos Grupos Parlamentares, ao
acima exposto e ao parecer desfavorvel em relao ao Projecto de Lei supra mencionado,
por parte da ANMP, resta-nos assim solicitar que seja retirada a iniciativa parlamentar,
sendo que se tal no acontecer e face ao contedo da mesma, prevemos que a mdio/curto
prazo venha a provocar o desemprego de cerca de 300 profissionais.
Subscrevemo-nos com elevada estima e considerao.
Melhores cumprimentos.
Carlos Tendeiro
Presidente da Direco
Jos Santos
Vice-Presidente da Direco
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