Apostila Monitoria e Avaliação

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Monitoramento e Avaliao

de projetos
Scio-ambientais

Capacitao em Desenvolvimento Institucional

Realizao

2007

Monitoria e Avaliao
Leandro Lamas Valarelli

1. Porque monitorar?
A realidade fruto da ao de muitos atores. Isto quer dizer que a cadeia de impacto idealizada e
expressa no Quadro Lgico de um projecto no traduz o modo como as coisas se do na
realidade.
A incerteza, a complexidade, a diversidade de
situaes e as constantes mudanas na realidade
fazem do nosso projeto uma aposta, no uma
certeza. Sendo assim, no h caminhos nem
resultados certos ou garantidos. Coloca-se a
necessidade de acompanhar e aprender sobre a
dinmica social a partir da experincia
proporcionada pelo projeto. E a Monitoria e
Avaliao so parte e base do aprendizado.
Aprender, entretanto, no fruto do acaso, mas
resultado de uma inteno e de um investimento.
A sistematizao da experincia uma das aes
intencionais de aprendizado que pode promover a
interpretao crtica da experincia e gerar
conhecimento.
A monitoria e a avaliao (M&A) so tambm
fatores que reforam a transparncia, na medida
em que permitem o acompanhamento do uso dos
recursos, o cumprimento das finalidades das
organizaes e o alcance efectivo dos resultados
e objetivos pretendidos pelos seus projetos. O
M&A refora o carcter social e pblico dos
projetos sociais.
Atravs do M&A so produzidas informaes,
anlises e juzos que respondem s preocupaes
e interesses da sociedade em geral e daqueles
diretamente ou indiretamente envolvidos na implementao e apoio de um projeto. Atravs da
prestao de contas os laos e compromissos entre os atores se fortalecem.

2. Relao entre monitoria e avaliao


Monitoria

A Monitoria
se refere a
algo que est acontecendo e consiste na observao da trajetria, na explicao sobre o ocorrido,

tendo como finalidade a realizao de ajustes na execuo do projecto. Pode estar voltado para o
acompanhamento de atividades ou aes; de seus produtos, resultados e impactos; do processo
ou do contexto em que se do.
tanto um Instrumento para gerenciamento/controlo quanto para o aprendizado, na medida em
que tambm possibilita a compreenso dos fatores que influenciam o desenvolvimento do projecto
Avaliao
A avaliao refere-se, principalmente ao que j ocorreu e busca explicaes para os resultados
obtidos: como aconteceu?, Por qu aconteceu deste modo? Faz-se a anlise dos produtos, do
alcance dos objetivos, metas e dos impactos do projecto de modo a tambm aprofundar a
compreenso dos fatores envolvidos e as relaes entre eles, gerando novas bases para
planeamento futuro do projeto ou ento para nova iniciativas.
Neste sentido, a avaliao principalmente um instrumento de compreenso e de aprendizado.
Entretanto ela tambm possibilita a combinao entre aprendizado e controle quando ela se
realiza continuamente, ao longo da execuo do projeto: a chamada avaliao em processo.
Monitoria & Avaliao
A Monitoria base/instrumento para a avaliao, embora a avaliao utilize tambm outras
informaes, experincias e conhecimentos que no apenas geradas nos momentos de monitoria.
De todo modo, Monitoria e Avaliao se articulam no ciclo de Gesto mas se distinguem em
funo da periodicidade e da profundidade da anlise que realizam.

3. O que monitorar
muito comum a existncia de aces de monitoria de recursos e de atividades. Porm, h
outras dimenses de um projeto que podem e muitas vezes so as mais importantes de serem
monitoradas.
Alguns fatores determinam o que monitorar. Os diferentes atores envolvidos no projeto tm cada
um seus interesses e suas prprias perguntas. Tornar explcitos estes interesses e essas
perguntas amplia as possibilidades que se discuta e negocie as caractersticas do processo de
M&A, em relao a:
a) Os objetivos centrais do M&A, que podem estar voltados para:
Controlar, gerenciar;
Confirmar, ganhar experincia e confiana;
Aprimorar, mudar;
Divulgar, difundir;
Prestar contas;
Convencer, envolver;
Compartilhar, dividir;
Aprender e ensinar, etc.

b) Os aspectos prioritrios que ir focar:


os recursos
as atividades
os resultados
o nvel de aprendizado
a motivao dos beneficirios
a relao custo-benefcio
etc.

4. Como monitorar
Alguns passos e decises so fundamentais para se definir como ser a monitoria de um projeto.
Definir, a partir da negociao dos vrios interesses dos atores no M&A, as perguntas
mais importantes que devero orientar os momentos de acompanhamento e avaliao
do projeto. Devem ser aquelas perguntas pelas quais h realmente interesse em buscar
respostas a ponto de motivar o gasto de energia, tempo e recursos nesta procura.
Definir quem participar do processo de monitoria, com qual finalidade e com que
frequncia;
Estabelecer os momentos, os mecanismos e instrumentos do processo de monitoria:
reunies mensais, semestrais ou anuais; reunies por setores ou gerais; apoiada em
indicadores, em discusses prvias com os beneficirios, em visitas a campo;
Definir as aes, os responsveis e os recursos necessrios para viabilizar o M&A, e
incluir essas informaes no cronograma e na proposta de projecto. Preparar-se para o
tempo da equipe e para os recursos necessrios, que geralmente so esquecidos.
Deve-se levar em considerao que as caractersticas do M&A de um projecto
dependero muito da cultura e dos mecanismos de gesto das organizaes envolvidas,
que podem ser mais ou menos centralizadoras, mais preocupadas com resultados do
que com controlos, etc.
A estrutura e a quantidade de recursos disponveis tambm condicionam o tamanho e o
grau de complexidade possvel e desejvel do sistema de M&A, para que no seja
invivel e sufoque a prpria execuo flexvel e criativa do projecto. Neste sentido, a
melhor regra a de desenvolver mecanismos e instrumentos que gerem apenas as
informaes necessrias para apoiar o acompanhamento e a construo das respostas.
Deve-se evitar a tentao de gerar montanhas de dados e tabelas que depois ningum
conseguir processar e menos ainda utilizar: os conhecidos cemitrios de dados .
Antes de tudo, o M&A tem que ser til e adequado aos objectivos inicialmente
definidos.
Exemplo de quadro com os momentos e procedimentos do PMA (Planejamento,
Monitoramento e Avaliao):
Aspectos ou
dimenses

Plano
Anual de
Trabalho

Momentos e
periodicidade

Anualmente,
em Fevereiro

Envolvidos e formas de
participao
Planeamento
Coordenao executiva,
representantes das
organizaes responsveis,
4 representantes por
comuna escolhidos na
comuna

Atividades e procedimentos
o Resgate dos resultados da avaliao
do ano anterior
o Realizao de reunies de 01 dia por
resultado, para organizao das
propostas de aco do ano
o Realizao de reunio geral de dois
dias com todos os envolvidos

Aspectos ou
dimenses

Momentos e
periodicidade

Mensal

Coordenao executiva,
responsvel pela
administrao financeira

Anual - Junho

Coordenao executiva,
responsvel pela
administrao financeira e
organizaes envolvidas na
execuo

Bimensal

Envolvidos em cada linha de


actuao e coordenao
executiva

Semestral
Julho

Coordenao executiva,
organizaes e tcnicos
envolvidos administrao
comunal, sobas e lderes
nas comunas e vilas

Gesto
financeira

Implementao,
metodologia e
qualidade das
atividades e
produtos
Andamento das
aes nas
comunidades

Envolvidos e formas de
participao
Monitoria e Avaliao

Coordenao executiva,
organizaes envolvidas,
administrao comunal,
sobas e lderes nas
comunas e vilas
Resultados do
Projeto

Anual
Dezembro a
Janeiro
Coordenao executiva,
organizaes envolvidas,
administrao comunal,
sobas e lderes nas
comunas e vilas

Impactos

Aps 2 anos

Coordenao executiva,
organizaes envolvidas,
administrao comunal,
sobas e lderes nas
comunas e vilas

Atividades e procedimentos
o Reunio mensal
o Elaborao de informe para
coordenao poltica e organizaes
envolvidas na execuo das
actividades
o Coordenao executiva prepara
informe semestral para colectivo de
organizaes
o Realizao de reunio de
acompanhamento semestral
o Elaborao de relatrio financeiro
para apoiadores e coordenao
poltica
o Reunies de equipa na sede

o Reunio de acompanhamento e
avaliao das aces do projecto em
cada comuna
o Realizao de levantamento junto a
uma amostra de famlias nas vilas em
torno dos indicadores de resultado
o Realizao de reunies por comuna
para apresentar as actividades
realizadas no ano pelo projecto e
realizar avaliao de acordo com
roteiro de discusso
o Levantamento das informaes dos
indicadores de resultado e do
objectivo do projecto
o Realizao de reunio geral de
sntese da avaliao anual do projeto
na sede
o Elaborao de informe com descrio
das aces e a sntese da avaliao
anual
o Avaliao externa do projecto
utilizando-se de entrevistas e
levantamento dos indicadores de
resultado, objectivo do projecto e
objectivo geral
o Realizao de reunio geral para
apresentao e debate dos resultados
da avaliao externa

5. O Papel dos Indicadores


Os indicadores so um recurso que permite uma aproximao da realidade. Como o prprio nome
j diz, eles indicam mas no so a prpria realidade. A realidade e sua totalidade so
impossveis de se conhecer por um nico instrumento ou mtodo.
Os indicadores baseiam-se em uma varivel, ou seja, algum aspecto que varia de estado ou
situao, fenmeno que interessa e dessa forma podem expressar algum aspecto deste
fenmeno sob uma forma que possamos observ-lo ou mensur-lo.
Eles podem ser relativos a aspectos tangveis e intangveis da realidade:

Tangveis so aqueles que podem ser observveis e aferveis quantitativa ou


qualitativamente, como renda, escolaridade, sade, organizao, gesto, conhecimentos,
habilidades, formas de participao, legislao, direitos legais, divulgao, oferta.

Os intangveis so aqueles sobre os quais s podemos captar parcial e indirectamente


algumas manifestaes: conscincia social, auto-estima, valores, atitudes, estilos de
comportamento, capacidade empreendedora, liderana, poder, cidadania. So dimenses
complexas da realidade, possveis de observar apenas captando algumas de suas
manifestaes indirectas, tangveis, de modo a "cercar" a complexidade do que
pretendemos observar.

Os indicadores no tm significado em si mesmos, apenas quando situados nas relaes e


prticas sociais. Todo indicador tem por trs de suas definies sempre um pacto, um acordo em
relao viso que se tem de um determinado processo e como observ-lo. Portanto, h sempre
uma teoria ou uma concepo por trs de um indicador, por mais objectivo e neutro que possa
parecer. Por exemplo, por trs do conceito de pobreza ou de renda, aparentemente objetivos,
existe um grande debate e muitas diferenas. Qual a condio que define se uma famlia
pobre? A quantidade de renda em dinheiro que ela consegue obter? Ou alm disso tambm deve
ser considerado se esta famlia tem acesso ou no a servios de educao e sade?
Portanto, antes de tudo, um indicador s ser um instrumento vlido se os envolvidos em um
debate estiverem de acordo sobre o seu significado e sobre sua validade.
O uso de indicadores no processo de monitoria e avaliao sempre se prestou a muitos debates.
Dois deles so importantes: os critrios para um bom indicador e o papel dos indicadores em um
sistema de monitoria e avaliao
5.1. Critrios para a definio de indicadores
Quanto aos critrios, existem vrias propostas de como devem ser escolhidos e definidos,
lembrando sempre que se trata de indicadores como ferramentas auxiliares da avaliao de
projetos de interveno social, e no de centros produtores de dados e estatsticas nacionais!

Existem os conhecidos critrios EMART ou SMART (smart significa esperto em ingls),


utilizados tanto para a formulao de objectivos quanto para indicadores. Em relao aos
indicadores, estes critrios propem que um indicador possua as seguintes caractersticas:
o

Especifico um indicador deve poder especificar os efeitos e impactos directamente


resultantes de um objetivo do projecto. Cada objetivo, resultado,
pressuposto deve ter seu indicador exclusivo.

Mensurvel ele deve ser possvel de ser medido na realidade por meios
economicamente justificveis.

Alcanvel ele deve traduzir uma mudana ou efeito em uma dimenso quantitativa ou
qualitativa que possa ser gerada pelo projecto

Relevante ele deve refletir, de forma necessria e absoluta, o contedo essencial de


um objectivo ao qual se refere

Temporal deve ser possvel observar a modificao de um fenmeno ao longo de um


determinado perodo de tempo

Um outro conjunto de critrios se aproxima dos critrios EMART, mas enfatiza a utilidade e
consistncia do instrumento. Segundo esta abordagem um indicador deve ser:
o

Atribuvel as mudanas que ele pretende captar so relativas aos processos


deflagrados pelos atores que esto envolvidos nas aces do projecto.

Sensvel

ele capaz de refletir as mudanas que ocorrem no fenmeno em questo,


tanto qualitativas, quanto quantitativas, no tempo em que elas
ocorrerem

Vivel

existe disponibilidade de fontes, custo, esforo para produzir a informao


requerida pelo indicador

Confiabilidade existe qualidade e uniformidade do levantamento dos dados, o que no


quer dizer apenas objectividade. Um indicador pode se apoiar em
opinies das pessoas, um aspecto subjectivo, mas essas opinies so
captadas a partir de perguntas bem formuladas e registradas de modo
a que no exista dvida sobre o seu significado
existe transparncia em relao metodologia de construo do
indicador. Por mais simples que seja o processo de coleta e registro
das informaes do indicador, o importante que seja claro o modo
como elas foram obtidas e processadas, para que possam ser
entendidas as informaes finais do indicador bem como para permitir
a crtica e o aprimoramento do indicador.

Inteligibilidade

Comunicabilidade - a informao de um indicador tem que ser compreensvel por vrios


indivduos e grupos, e no apenas por especialistas.

5.2. Os indicadores segundo as abordagens baseadas no Marco Lgico


Os indicadores, na Matriz do Quadro Lgico, so uma espcie de marca ou sinalizador, que
busca expressar algum aspecto do objectivo ou resultado sob uma forma que possamos observlo ou mensur-lo. Eles servem para:
Especificar os objetivos do projecto;
Focalizar caractersticas importantes de um objectivo a ser alcanado e esclarecer o que se
deseja alcanar naquele objetivo;
Medir e especificar o contedo de cada nvel ao qual se relaciona;
Estabelecer as metas a serem cumpridas no decorrer do projecto, indicando qual situao
dever ser alcanada em determinado prazo;

Ajudar na construo do processo de monitoria e avaliao;


Indicar os momentos do projeto quando se faz necessria uma avaliao intermediria do
mesmo, que possa fornecer dados importantes para a gesto do projeto;
De modo geral um indicador no Quadro Lgico tem que estar especificado em relao aos
seguintes aspectos:
Ao grupo-alvo quem?
qualidade quo? como?
quantidade quanto?
Ao horizonte temporal quando?
Ao local onde?
Alm de definir o que observar, deve-se definir as fontes de verificao, isto , a indicao sobre
onde e/ou junto a quem ser buscada a informao do indicador, ou ento apontar como ela
ser produzida pelo projeto.
Indicadores de Objetivo Geral
Os indicadores no nvel do objetivo geral sero os indicadores de impacto e devero medir ou
fornecer pistas seguras sobre a influncia do projecto na ocorrncia da mudana pretendida.
Voltando ao caso de Makimbo:
Objectivo
Geral
Melhoria das
condies de
vida e sade
de crianas e
adultos do
municpio de
Makimbo

Indicador(es)

Fontes de Verificao

Reduo em pelo menos 70% do ndice


de mortalidade infantil (crianas at 5
anos) no municpio de Makimbo
Reduo pela metade da quantidade
mdia de viagens que uma famlia do
interior realiza por ms sede do
municpio

Dados existentes na
administrao municipal
Levantamento a ser
realizado pelo projeto ao
final de cada ano junto a
uma amostra de famlias
de cada vila

Indicadores de Objectivo de Projeto


Os indicadores no nvel do Objectivo do Projeto sero os indicadores de efeito ou resultado
e devero medir ou fornecer pistas seguras de que as mudanas esperadas no pblico-alvo esto
realmente acontecendo.
Objectivo do
Projeto
Baixo ndice de
doenas entre
adultos e
crianas em
Makimbo

Indicador(es)

Fontes de Verificao

Reduo em 70% do nmero anual de


adultos e crianas que receberam
atendimento nos postos de sade por
doenas causadas por vectores ligados
gua no municpio de Makimbo

Registos dos postos de


sade de Makimbo

Indicadores de Resultado
Os indicadores no nvel de resultados so os indicadores de desempenho do projecto e
devem apontar as caractersticas esperadas destes resultados em termos de Prazo, Quantidade e
Qualidade.
Resultados

1. Novas tcnicas de captao e


acesso gua potvel foram
desenvolvidas e disseminadas
junto s famlias da sede e do
interior de Makimbo

2. Est em funcionamento um
sistema de manuteno regular de
redes locais de abastecimento e de
bombas de poos artesianos

3. Kits de anlise de qualidade de


gua de rios e poos foram
produzidos e esto disponveis
para uso regular e constante em
todas as vilas e bairros do
municpio

Fontes de
Verificao

Indicador(es)
1.1. Percentual de famlias por comunas
que receberam capacitao em construo
de cisternas e cacimbas
Comuna
Comuna A
Comuna B
Comuna C

Semestre
2
3

1
10%
30%

20%
10%
50%

1.1. Registos de
presena nas
capacitaes

40%
20%
70%

70%
40%
80%

2.1. Percentual de bombas de poos


artesianos existentes que esto operando
normalmente:
Semestre
% de bombas

30

50

70

90

3.1. Percentual de vilas de Makimbo que


possuem e utilizaram o Kit de analise de
gua nos poos e rios no ltimo ms
Semestre
% de vilas

10

40

80

2.1. Relatrios de
monitoria
semestral do
projecto
3.1. Levantamento
a ser realizado
pelo projecto ao
final de cada ano
junto a uma
amostra de
famlias de cada
vila

4.1. Percentual de famlias por comuna que


receberam capacitao em tcnicas de
tratamento de gua, lixo e esgoto
Comuna
4. Famlias adquiriram novos
conhecimentos sobre as tcnicas e
procedimentos adequados em
relao ao tratamento e consumo
de gua e disposio do lixo e do
esgoto domstico

Comuna A
Comuna B
Comuna C

10%
10%
50%

30%
20%
70%

4
60%
40%
80%

4.2. Percentual de famlias por comuna que


esto a aplicar as tcnicas de tratamento
de gua com regularidade
Semestre
Comuna
1
2
3
4
Comuna A
Comuna B
Comuna C

5. Gesto eficiente e eficaz do


projeto

1
30%

Semestre
2
3

5%
5%
30%

4.1. Registos das


atividades de
capacitao
4.2. Levantamento
a ser realizado
pelo projeto ao
final de cada ano
junto a uma
amostra de
famlias de cada
vila

50%
30%
60%

5.1. Percentual de actividades planejadas


que foram iniciadas com menos de um ms
de atraso em relao ao planeado
5.2. Nmero mdio de dias de atraso no
envio de relatrios e prestaes de contas
do projecto

Relatrios da
monitoria e
avaliao
semestral do
projeto

5.3. Indicadores qualitativos e complexos


Caractersticas dos indicadores
Indicador o aspecto que queremos avaliar ou acompanhar as mudanas.
Um indicador deve ter especificado os seguintes aspectos:
Varivel(is) o corao do indicador, o(s) aspecto(s) que varia(m) e que formar(o) o
indicador.
Tipo de medida: define se o indicador ser baseado em dados, estimativas ou opinio.
Fonte onde vai se buscar, obter ou encontrar a informao.
Medida do Indicador: especifica qual medida e qual escala ser utilizada pelo indicador
para expressar o fenmeno. Aponta como se quer a informao do indicador: as
categorias, escalas e parmetros que sero utilizados na coleta e sistematizao dos
dados. Define tambm como ser construda a informao do indicador a partir das
informaes de cada varivel que o compe, isto , as formas ou frmulas de combinam
dos resutlados das variveis. A medida pode ser obtida:

Medindo ou contanto - (nmeros exatos);

Graduando ou diferenciando - (muito bom, regular, muito m);

Classificando - (sim ou no, homem ou mulher, etc.);

Descrevendo qualitativamente.

Unidade de anlise: define qual a unidade sobre a qual sero construdas e comparadas
as medidas, se indivduos, organizaes, comunidades, cidades, etc.
Instrumento(s) de coleta e registro tipos de instrumentos que sero utilizados.
Exemplos:
Coleta = Formulrio, Calendrio, Questionrio, caderno de campo, Observao,
Imagens.
Registro = Banco de dados, Planilha, quadro negro, fichas, Vdeo, etc.
Freqncia de observao, coleta intervalo de tempo que ser necessrio levantar as
informaes de modo a registrar possveis mudanas na situao.
Freqncia de sistematizao intervalo de tempo em que sero
analisadas as informaes coletadas.

sistematizadas e

Dificuldades e Erros comuns


Indicador X Meta X Produto X Resultado: Produtos ou resultados so os que se espera
gerar com as aes. A meta se refere a uma expectativa mais concreta, quantitativa ou
qualitativa destes produtos ou resultados num determinado perodo de tempo. O
Indicador o que eu utilizo como manisfestao deste produto, resultado ou meta, um
aspecto de como essa mudana se manifesta concretamente na realidade.
Indicador como Propaganda enganosa, isto , s com uma frase ttulo sem
especificao e operacionalizao
Tentar produzir Indicador para todas as questes e aspectos do projeto: caminho para a
inviabilizao do sistema de indicadores, o abandono e a burocratizao

Indicador como expresso de causa ou conseqncia do fenmeno que se pretende


observar. Ex:
o Indicador de auto-estima = melhoria no rendimento escolar
Indicador preguioso - o prprio fenmeno que se quer observar quantificado ou
medido. Isto s adia o trabalho para a especificao do indicador. Ex:
o Indicador de auto-estima = nvel de auto-estima
Indicador como a descrio detalhada de um conjunto de variveis do fenmeno, sem
indicar a medida do fenmeno de foram sinttica Ex:
o Indicador de auto-estima = Nvel de auto-estima, que ser observado atravs
da combinao das seguintes variveis: frequncia dos hbitos de asseio
pessoal; auto-cuidado, percepo sobre sua capacidade de realizar coisas e
concretizar desejos, etc.
o Se no se estabelece uma medida nica que combine as vrias situaes
possveis em cada varivel, como se chegar ao tal do nvel de autoestima? Se uma coisa acontece e outra no, o que isso significa em relao
a ela?
Exemplos
Aspecto Participao popular nas Polticas Pblicas
Indicador = Qualidade da Participao Social nos espaos de formulao de Polticas de
Segurana Alimentar e Nutricional
Varivel(eis):
a) Existncia de espaos de formulao e controle social de polticas
b) Presena de representantes eleitos da sociedade civil nestes espaos
c) Representantes da sociedade civil realizam ou participam de eventos de discusso
envolvendo outras organizaes alm da sua para analisar pautas, formular propostas e
planos de ao antes das reunies oficiais dos espaos
d) Representantes da sociedade civil apresentam propostas consolidadas em documentos ou
propostas de lei
Tipo de medida: depoimento lideranas dos municpios
Medida do indicador
a) Medida das variveis
VARIVEL

MEDIDA

Existncia de espaos de formulao e controle social de


polticas

Sim ou no

Presena de representantes eleitos da sociedade civil nestes


espaos

Todos os cargos
Mais da metade dos cargos
Menos da metade dos cargos

Representantes da sociedade civil realizam ou participam de


eventos de discusso envolvendo outras organizaes alm
da sua para analisar pautas, formular propostas e planos de
ao antes das reunies oficiais dos espaos
Representantes da sociedade civil apresentam propostas
consolidadas em documentos ou propostas de lei

Todas as vezes
Algumas vezes
raramente
Sempre / quase sempre
Algumas
Nenhuma / poucas

b) Medida do indicador
 Escala

de qualidade de participao construda a partir da combinao dos resutlados


das variveis: inexistncia de espaos, sem participao, formal, baixa, mdia, alta,
muito alta
EVENTOS
PRVIOS DE
DISCUSSO
(Peso 2)
Todas as vezes

Nenhuma
poucas

algumas

Sempre
Quase sempre

Alta

Alta

Muito alto

Algumas vezes

mdia

Alta

Muito alto

raramente

mdia

Alta

Alta

Todas as vezes
Mais
da
metade dos Algumas vezes
cargos
raramente

mdia

Alta

Alta

baixa

mdia

Alta

baixa

baixa

mdia

Todas as vezes
Menos
da
metade dos Algumas vezes
cargos
raramente

formal

baixa

mdia

formal

baixa

baixa

formal

baixa

baixa

PRESENA
(Peso 1)

Todos
cargos

os

PROPOSTAS CONSOLIDADAS (Peso 3)

Aprendizados sobre o uso de indicadores


Abaixo, algumas consideraes a partir das experincias concretas de muitas organizaes no
uso de indicadores no interior de seus sistemas de monitoria e avaliao.

Um sistema de M&A no precisa e nem pode estar unicamente apoiado em indicadores. Os


indicadores so uma ferramenta para o M&A e no o artista principal. O corao do M&A
deve estar nos aspectos e nas perguntas prioritrias que os atores envolvidos fazem em
relao ao projecto. Estas perguntas podem ser respondidas de muitas formas, sendo os
indicadores um instrumento til, mas no exclusivo. H questes para as quais no
necessrio ou relevante a produo de indicadores;

O critrio da verdade da qualidade de um indicador se ele til para a discusso em torno


das perguntas ou aspectos prioritrios e se ele capaz de fornecer informaes relevantes a
diferentes actores. Observaes em campo, pesquisas qualitativas em profundidade, grupos
focais ou mesmo um processo de debate em torno de algumas perguntas podem ser
excelentes e adequados mecanismos de confirmao dos resultados e impactos de um
projeto;

Iindicadores so necessrios quando a mera observao no capaz de fornecer as


respostas ou quando necessrio lanar mo de informaes sintticas e conceituais em
processos de dilogo com atores mais distantes;

Se no se consegue fazer um indicador, pode-se construir uma pergunta-guia para orientar


um processo de debate, observaes de campo, etc;

Um indicador no pode ser utilizado com um elemento de prova, mas uma ferramenta til,
porm limitada de contacto com a realidade e um instrumento de dilogo com outros que
esto fora do projecto. Mesmo que os resultados do indicador apresentem uma informao

considerada positiva, ele pode no ter sido capaz de captar os complexos processos da
realidade tal como esto ocorrendo. Portanto, deve-se aceit-los sempre com reservas;

Menos mais! melhor no tentar tornar perfeito o sistema de monitoria, mas sim comear
com poucos resultados e impactos que vo sendo monitorizados sistematicamente;

Tentar produzir Indicador para todas as questes e aspectos do projecto um caminho seguro
para a inviabilizao do sistema de monitoria e avaliao e para o abandono e burocratizao
do uso dos indicadores;

O objectivo final da monitoria no apenas medir o sucesso e sim ser uma ferramenta de
gesto e de aprendizagem. Ajustes estratgicos no devem ser vistos como erros. Pelo
contrrio, adaptaes de estratgias como resultado de um processo sistemtico de
observao e anlise so positivas e devem ser consideradas como tais;

A monitoria no funciona se no existirem realmente interesse e motivao, a inquietao e a


disposio de aprender e melhorar. Contudo, para que isso acontea, necessrio que
existam espaos para que as informaes geradas pela monitoria sejam discutidas e que
exista um clima de abertura que aceite a possibilidade de anlises crticas, inovaes e de
criatividade.

6 . As Perguntas Orientadoras

Devem ser significativas, no retricas, instigantes e relevantes para conhecer as atitudes com
relao s prticas, s motivaes, dificuldades e perspectivas.

Devem focar aspectos relevantes de processos que so difceis de mensurar, mas importantes
de serem conhecidos e acompanhados.

Exemplo de pergunta orientadora


As novas prticas so suficientes para promover o uso sustentado dos recursos naturais e o
desenvolvimento econmico na regio?
rea social:
Percebem-se mudanas nas relaes de gnero e nas relaes de poder na regio?
Houve mudanas na diviso familiar de trabalho, e na demanda por mo de obra? As
prticas contribuem para garantir a segurana alimentar?
rea econmica:
Percebem-se mudanas significativas em outros setores da econmica da regio?
Houve mudanas nas condies da economia familiar da regio? As novas prticas
esto gerando ou no condies suficientes para honrar os compromissos financeiros
do crdito?
rea ambiental:
Percebe-se uma relao entre os resultados do projeto e alteraes na qualidade dos
recursos hdricos superficiais na regio? As prticas garantem uma sustentabilidade
da produo mdio e longo prazo? Quais mudanas na biodiversidade da regio se
pode observar?

7. Caractersticas de um bom sistema de M&A


Um balano das experincias desenvolvidas de construo e implementao de sistemas de M&A
de programas e projetos, aponta para algumas condies que determinam um bom sistema:

coerente com a viso e com a concepo que as organizaes envolvidas tm sobre os


objectivos centrais e as dimenses que um projecto deve considerar e resulta da negociao
transparente e no impositiva dos diferentes interesses e expectativas;

No est baseado apenas em indicadores mas utiliza outros procedimentos e tcnicas de


observao e investigao da realidade que diversificam os olhares sobre os processos;

Utiliza um conjunto reduzido de indicadores bem definidos, que captam os efeitos atribuveis
s aces, servios e produtos gerados pelo prprio projecto, sem ter pretenso de dar conta
da totalidade. Forma um conjunto simples, capaz de ser compreendido por todos, e no
apenas por especialistas, sem ser simplista;

Tem bem definidos e previstos no plano de aco os momentos e procedimentos de


discusso, anlise e tomada de deciso, bem como as pessoas que participaro e sero
responsveis em cada um destes momentos;

Fornece informaes teis, relevantes e em quantidade que permite a anlise e a tomada de


deciso;

Est orientado principalmente para o aprendizado, estimulando novas reflexes;

compartilhado com os grupos e sectores da populao junto aos quais a organizao


intervm, promovendo a sua participao e a construo de parmetros e indicadores prprios
para monitorar e avaliar situaes de seu interesse;

Prev e especifica os meios de verificao que sero utilizados, bem como os responsveis
pela colecta de informao, pela anlise e tomada de decises;

vivel do ponto de vista operacional e financeiro;

Aproveita as fontes confiveis de informao existentes, poupando recursos, tempo e energia


do projecto;

Dissemina de forma clara e ampla os resultados da monitoria e da avaliao para os actores


directa e indirectamente envolvidos e interessados, fortalecendo a transparncia e o sentido
pblico do projecto e da organizao.

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