Linhas de Transmissão
Linhas de Transmissão
Linhas de Transmissão
Linha bifilar
Cabo coaxial
Microfita (microstrip)
vL(t)
Considere que a onda eletromagntica de tenso se propaga sem atenuao e com v = 3108 m/s.
2
a) l = 5 m e f = 60 Hz:
Por teoria de circuitos (diviso de tenso):
v L t 5 cos2f t .
5 106 m
2
5 2 106 rad
6
5
10
0,00036o
Portanto:
v L t 5 cos 2f t 0,000360 .
b) l = 1000 km e f = 60 Hz:
2
2 2
106
rad
6
5
5 10
Assim:
72o
v L t 5 cos 2f t 720 .
c) l = 5 m e f = 10 MHz:
v 3 108
30 m
f 10 106
2 2
5
3
30
Portanto:
60o
v L t 5 cos 2f t 600 .
Concluso: A teoria de circuitos, que uma aproximao da teoria mais geral de Linhas de
Transmisso, apresenta bons resultados somente quando l << .
3
4 - Parmetros Primrios de uma LT:
Modelo T
Modelo
Ou seja,
VS
1
(R jL)IS R jLIS .
z
2
(1)
A equao (1) mostra que a variao da tenso proporcional impedncia srie da linha e
corrente nos condutores.
LTK (lao interno):
L
1
R
VS IS j z
IS 0.
2
(G jC)z
2
Ou seja,
IS
1
(G jC)VS (G jC)R jLISz.
z
2
(2)
Como esperado, equao (2) mostra que a variao da corrente proporcional admitncia
paralela da linha e diferena de potencial entre os condutores.
A partir de (1) e (2), possvel obter uma equao nica em termos apenas de uma varivel (a
tenso, por exemplo). Para isso, deriva-se (1) em relao a z:
2 VS
I
(R jL) S .
2
z
z
Utilizando (2), tem-se:
2 VS
(R jL)(G jC)VS .
z 2
(3)
5
A equao anterior uma equao diferencial linear a coeficientes constantes, a qual pode ser
reescrita como:
2 VS
2 VS ,
2
z
onde:
(R jL)(G jC) j
(constante de propagao).
(4)
Solues de (3):
Soluo completa:
Como a equao linear, a soma de duas solues tambm uma soluo vlida. Assim:
VS VS VS .
(domnio da frequncia).
No domnio do tempo:
(5)
OPU
LT
E xS
jH yS
z
H yS
( j)E xS
z
2 E xS
j( j)E xS
z 2
VS
(R jL)IS
z
IS
(G jC)VS
z
2 VS
(R jL)(G jC)VS
z 2
Desta forma, verifica-se que existe uma grande semelhana entre as equaes que regem a
propagao numa linha de transmisso e as equaes que regem a propagao de uma onda plana
uniforme.
6
6.2 - Analogia entre as grandezas:
OPU
ExS
HyS
LT
VS
IS
Assim, as equaes e definies associadas s linhas de transmisso podem ser obtidas por
analogia com as equaes obtidas anteriormente para as OPUs.
OPU
LT
1 - Campo eltrico
1 - Tenso
E xS E x 0e z E x 0e z
2 - Constante de Propagao
VS V0 e z V0e z
2 - Constante de Propagao
j( j) j
3 - Impedncia Intrnseca
(R jL)(G jC) j
3 - Impedncia Caracterstica
E xS
j
H yS
j
VS
R jL
Z0
IS
G jC
4 - Campo Magntico
4 - Corrente
H yS
E x 0 z E x 0 z
e
e
5 - Velocidade de Fase
vf
V0 z V0 z
e
e
Z0
Z0
5 - Velocidade de Fase
IS
vf
LC
OPU
LT
6 - Coeficiente de Reflexo
6 - Coeficiente de Reflexo
E x10 2 1
E x10 2 1
meio 1
V0 Z L Z0
V0 Z L Z0
Meio 1: linha
meio 2
OI
Meio 2: carga
+
OT
VL
Z0(LT)
ZL
OR
0 - linha de transmisso;
L - carga (ex.: antena, circuito receptor, etc.).
7 - Coeficiente de Transmisso
7 - Coeficiente de Transmisso
E x 20
22
E x10 2 1
SWR
E x mx
E x mn
E xS1
H yS1
1
z
VSWR
2 j1tg1
1 j2 tg1
Zin
VS
IS
Z0
z
carga
Z0
Zin
z0
ZL jZ 0 tg
Z0 jZ L tg
in
z
Vmx 1
Vmn 1
Meio 2
VL
2ZL
V0 ZL Z0
in
z=-
ZL
z=0
Constante de propagao:
j LC
Impedncia caracterstica:
Z0
e LC
L
.
C
(6)
(7)
Assim, para uma linha sem perdas, as ondas de tenso e corrente esto em fase (no tempo e no
espao) e se propagam sem atenuao.
Coeficiente de reflexo:
Vref Z L Z 0
Vinc Z L Z 0
VSWR
(8)
Vmin
Vinc Vref 1
(1 VSWR < )
(9)
9
Mdulo da tenso ao longo da linha: (para Vinc = 1 V e = 0,3).
Potncia refletida:
Pref Pinc
Ptra PL 1
(10)
2
inc
(11)
[dB]
P
ref . loss 10 log inc 10 log 1 2
Ptra
P
ret. loss 10 log inc 20 log [dB].
Pref
ZL = Z0
VSWR = 1
ref. loss = 0 dB
ret. loss =
VSWR =
VSWR =
ref. loss =
ret. loss = 0 dB
ZL =
ref. loss =
ret. loss = 0 dB
(12)
(13)
10
8.3 - Impedncia de entrada: razo entre os fasores tenso e corrente na entrada da linha.
Z in
V
I
Z0
z l
Z L jZ 0 tg l
Z 0 jZ L tg l
Casos particulares:
a) linha casada (ZL = Z0): Zin Z 0 Z L
b) linha terminada em curto-circuito (ZL = 0):
Zin jZ0 tg l
Zin
d) l = /2:
e) l = /4:
l = (2/)(/2) =
l = (2/)(/4) = /2
tg l = 0
tg l =
jZ 0
tg l
Z in Z L
Z 02
Z in
ZL
(transformador de /4)
(14)
11
EXERCCIOS
Exerccio 1: Uma linha de transmisso sem perdas (usada como fio de descida de antenas de TV) possui
impedncia caracterstica Z0 = 300 . Em 82 MHz, o comprimento de onda na linha de 2 m. Calcular os
valores de L e C (por unidade de comprimento) da linha.
LT sem perdas: R = 0 e G = 0
vf
1
f 3 82 106 2,46 108 m / s
LC
Z0
L
300
C
v f Z0
1
LC
L 1
C C
1
1
C 13,6 pF / m
L 1,22H / m .
Exerccio 2: Em que condies uma linha de transmisso com perdas tem impedncia caracterstica real?
Z0
R jL
LR L j
L
G jC
CG C j
C
R G
L C
R L j
.
G C j
(condio de Heaviside)
L
j LC .
C
Portanto:
L
R
G
RG
C
G
LC
vf
LC
12
Desta forma, verifica-se que quando a condio de Heaviside obedecida, tanto a atenuao quanto a
velocidade de propagao da onda na linha so independentes da frequncia. Portanto, neste caso, sinais com
diferentes componentes de frequncia se propagam sem distoro.
Em linhas telefnicas, de maneira geral tem-se que R/L >> G/C. Assim, a condio de Heaviside pode ser
atendida aumentando-se artificialmente a indutncia distribuda da linha. Isso pode ser feito inserindo
bobinas regularmente espaadas ao longo da linha.
Essa tcnica conhecida como pupinizao, em homenagem ao fsico srvio-americano Mihajlo Pupin,
que a props em 1899. Atualmente, as linhas telefnicas transmitem sinais digitais, menos sujeitos a efeitos
da distoro. Por conta disso, as linhas no so mais pupinizadas, pois a pupinizao diminui a largura de
faixa do sistema, limitando as taxas de transmisso.
Exerccio 3: Uma linha com Z0 = 50 alimenta uma carga composta por um resistor de 20 em srie com
um capacitor C, produzindo um coeficiente de onda estacionria VSWR = 4. Se a frequncia de operao
de 600 MHz, calcule o valor de C.
VSWR
1
1
ZL Z0 20 jX C 50
ZL Z0 20 jX C 50
302 X C2 3
702 X C2 5
C
1
2fXC
3 5
C 7,2 pF .
30 jX C 3
70 jX C
5
X C 36,74
1
C
13
Exerccio 4: Uma linha de transmisso sem perdas, com 2,0 m de comprimento, conecta uma antena a um
receptor FM. A linha tem Z0 = 300 e vf = 2,5 108 m/s. A impedncia de entrada do receptor FM de
300 e a antena receptora pode ser modelada por seu equivalente de Thvenin: fonte de tenso alternada
com amplitude de 0,6 mV e impedncia interna de 300 , com f = 100 MHz. Determinar a tenso, a corrente
e a potncia ativa (mdia): a) na entrada da linha; b) na carga.
vg(t) = 0,6 cos(2 108t) [mV]
Zg = ZL = Z0 = 300
l=2m
VS, IS, VL e IL
a) Zin
VS
Z jZ0 tg l
Z0 L
Z0 300
IS
Z0 jZ L tg l
fasores
Corrente:
IS
Vg
Zg Zin
0,6 103 00
106 00 A
300 300
is t 1 cos 2 108 t
PS VS ef IS ef cos S
2 cos 0
2
mV
b) Como no h reflexo (linha casada), h uma nica onda na linha, propagando-se da fonte para a carga.
Uma vez que a linha sem perdas, essa onda sofrer apenas um atraso de fase ao longo do comprimento da
linha.
2 108
( = 0)
Assim, a propagao ao longo dos 2 m da linha introduz um atraso de fase de 2 144 = 288. Portanto:
14
mV
I L 106 2880 A
cos 00
PL VL ef I L ef cos L
2 2
Exerccio 5: Refazer o exerccio anterior supondo que a carga agora formada por dois receptores FM
idnticos, cada um com impedncia de entrada de 300 , ligados em paralelo na sada da linha.
vg(t) = 0,6 cos(2 108t) [mV]
ZL = 300 // 300 = 150
l=2m
a) Zin Z0
l = 288
ZL jZ0 tg l
150 j300 tg(2880 )
300
509,71 23,790 466,4 j205,6 .
0
Z0 jZL tg l
300 j150 tg(288 )
IS
0,6 103 00
7,56 107 15,020 A
300 466,4 j205,6
mV
15
Observa-se que a potncia que entra na linha menor do que no exerccio anterior. Isso ocorre porque
antes se tinha mxima transferncia de potncia da fonte pra linha (Zin = Zg =300 ), o que no acontece no
caso presente (Zin Zg). Alm disso, agora se tem duas ondas propagando-se na linha (uma da fonte para a
carga e outra no sentido oposto). Assim, a tenso na entrada da linha corresponde soma das tenses das
duas ondas em z = -l. e, do mesmo modo, a tenso na carga corresponde soma das tenses das duas ondas
em z = 0. Por essa razo, no se pode usar o mesmo procedimento do exerccio anterior para calcular a
tenso e a corrente na carga.
Entretanto, como a linha sem perdas, tem-se:
PL PS 1,331010 W .
VL ef
PL
VL ef2
RL
I L pico
VL pico
RL
0,2 103
150
VL pico 0,2 mV
IL pico 1,33A .
Neste caso particular, como a linha sem perdas, ainda foi possvel calcular os valores de pico da tenso
e da corrente na carga. O equacionamento geral do problema ser feito na prxima seo.
(A)
(B)
cosh
1
e e
2
senh
1
e e
2
tgh
senh
.
cosh
(C)
16
Identidades:
cosh 2 senh 2 1
(D)
(E)
(F)
cos
1 j j
e e
2
jsen
(G)
1 j j
e e .
2
(H)
cosh j cos
(I)
senh j j sen
(J)
cos j cosh
(K)
sen j j senh .
(L)
(M)
(N)
17
9.2 Equacionamento:
Seja o sistema de transmisso:
Zg
IL
IS
I
+
VS
-
Vg +
~
-
+
V
-
z =
LT: Z0
+
VL
-
ZL
z=0
V V V V0 e z V0 ez .
(15)
I I I
V0 z V0 z
e
e .
Z0
Z0
(16)
VL V0 V0
IL
V0 V0
Z0 Z0
(17)
Z0 IL V0 V0 .
(18)
V0
VL Z0 I L
2
(19)
V0
VL Z0 I L
.
2
(20)
18
Substituindo (19) e (20) em (15) e (16):
V Z0 I L z VL Z0 I L z
V L
e
e
2
2
(21)
V Z I
V Z I
I L 0 L e z L 0 L e z .
2
2
(22)
V VL
I IL
1
1
e e Z0 I L e e
2
2
(23)
1 VL 1
e e
e e .
2
Z0 2
(24)
V VL cosh() Z0ILsenh()
I I L cosh( )
(25)
VL
senh ( ) .
Z0
(26)
As equaes (25) e (26) permitem calcular a tenso e a corrente em qualquer ponto da linha em
funo da tenso e da corrente de carga.
Zin
V
I
VL cosh Z0 I Lsenh
,
VL
I L cosh
senh
Z0
com
VL ZL IL .
Zin Z0
ZL Z0 tgh ( )
Z0 ZL tgh ( )
(LT genrica).
(27)
19
Para uma linha sem perdas ( 0 e j ):
Neste caso, tem-se:
tgh ( ) tgh ( j)
senh( j) jsen ()
jtg() .
cosh( j) cos()
Portanto:
Zin Z0
ZL jZ 0 tg()
Z0 jZ L tg()
(28)
Essa mesma equao j tinha sido obtida anteriormente usando a analogia entre a propagao das
OPUs (em que o meio 1 era sem perdas) e a propagao nas linhas de transmisso.
Zin Z0 ZL .
V VL cosh() Z0ILsenh() VS
I I L cosh( )
(29)
VL
senh ( ) IS .
Z0
(30)
As equaes (29) e (30) representam um sistema linear com duas equaes e duas incgnitas (VL
e IL), o qual pode ser facilmente resolvido para se obter:
VL VS cosh() Z0 IS senh()
I L IS cosh()
(31)
VS
senh ( ) .
Z0
Obviamente, a corrente pode ser calculada mais facilmente usando a Lei de Ohm: I L
(32)
VL
.
ZL
20
EXERCCIOS
Exerccio 6: No Exerccio 5, calcular a tenso e a corrente na carga usando as equaes hiperblicas das
linhas de transmisso.
f = 100 MHz
Z0 = 300
ZL = 300 // 300 = 150
VL VS cosh() Z0 IS senh()
Portanto:
VL VS cosh() Z0 ISsenh()
mV
A .
Verifica-se que os valores calculados concordam com os que foram obtidos no Exerccio 4.
21
Exerccio 7: Uma linha telefnica com = 100 km, Z0 = 685 j92 e = 0,00497 + j0,0312 Np/km em
1kHz, alimenta uma carga resistiva de 2000 . A fonte tem tenso de pico de 102 V e impedncia interna
de 700 . Determinar:
a) a tenso, a corrente e a potncia ativa na entrada da linha;
b) a tenso, a corrente e a potncia ativa na carga.
Vg 10 200 V
Zg = 700
ZL = 2000
l = 100 km
a) Z0 685 j92 691,15 7,650
com
Z L Z0 tgh( )
,
Z0 Z L tgh( )
tgh
0,59830,450 .
0
cosh 1,063 169,64
Assim,
22
Circuito equivalente (visto pela fonte):
IS
Vg
Zg Zin
10 2 00
8,87 103 11,650 A
0
700 920,25 20,48
mA
2
2
PS 33,9 mW .
VL 8,16 8,830 1,063 169,640 691,15 7,650 8,87 103 11,650 0,636 139,190
VL 6,42156,870 V
IL
VL 6,42156,870
3,21103 156,870 A
ZL
2000
2
2
mA
PL 10,3 mW .
Como a linha tem perdas, a potncia na carga menor do que a potncia na entrada da linha. A potncia
total perdida ao longo da linha igual a 23,6 mW (PS - PL).
23
Exerccio 7: Uma linha de transmisso com Z0 = 683 j138 tem 200 km de comprimento e alimentada
por um gerador senoidal com tenso de 10 Vrms e resistncia interna de 500 . A impedncia da carga igual
impedncia caracterstica da linha e a constante de propagao = 0,0074 + j0,0356 Np/km. Determinar
os valores eficazes da tenso e da corrente bem como a potncia mdia (ativa): a) na entrada da linha; b) na
carga.
Vg 1000 Vrms
Zg = 500
ZL = Z0
l = 200 km
Z L Z0 tgh( )
.
Z0 Z L tgh( )
Mas a linha est casada com a carga (ZL = Z0). Nesse caso, tem-se:
IS
10 00
8,40 103 6,650 A rms
0
500 696,8 11,42
IS ef
8,40 mArms
VS ef
5,85 Vrms
PS 48,2 mW .
b) Para calcular a tenso na carga, pode-se usar a equao (31). Entretanto, como neste caso a linha est
casada, h apenas uma nica onda propagando-se na linha, da fonte para a carga. Por isso, a tenso na carga
pode ser obtida mais facilmente a partir da tenso de entrada levando em conta a atenuao e o atraso de fase
totais ao longo do comprimento da linha.
24
VL VS e
IL
VL 1,33 52,720
VL ef
1,33 Vrms
IL ef
PL 2,49 mW
1,91 mArms
10 Npers e Decibis
At aqui, a atenuao nas linhas de transmisso foi dada em npers por metro (Np/m).
Entretanto, particularmente em linhas de transmisso usadas em telecomunicaes, mais usual
exprimir a atenuao na linha em decibis por metro. O objetivo aqui de definir decibel e fazer a
transformao de npers em decibis.
Ganho em decibis:
P
G (dB) 10 log L
PS
(33)
Atenuao em decibis:
P
D(dB) 10 log S G(dB) .
PL
(34)
Por exemplo, se a potncia na sada for 1000 vezes maior que a potncia na entrada, tem-se que
o ganho de 30 dB. Tambm, caso a potncia na sada seja 100 vezes menor que a potncia na
entrada, a atenuao ser de 20 dB.
25
10.2 Atenuao numa linha de transmisso:
Seja o sistema de transmisso de sinais:
Como a potncia ativa desenvolve-se apenas na parte real (resistiva) das impedncias, tem-se:
2
1 VL
PL
RL
2 ZL
1 VS
PS
R in .
2 Zin
2
PS
D(dB) 10 log 10 log
PL
1
2
VS
R in
Zin
.
2
VL
RL
ZL
(35)
Para uma linha sem reflexo, tem-se que Zin = Z0 = ZL e Rin = RL. Assim, as potncias na entrada
e na sada desenvolvem-se sobre impedncias de mesmo valor. Nesse caso, tem-se:
V
D(dB) 10 log S
VL
20 log VS .
V
(36)
(37)
26
Atenuao em Npers:
N
VL VS e N .
(38)
Por exemplo, uma atenuao de 1 Np corresponde a uma reduo na amplitude da tenso por um
fator e-1, 2 Np corresponde a uma atenuao da tenso por um fator e-2, etc.
Atenuao em decibis:
A partir de (36) e (37), vem:
VS
V
20 log e 20 log e .
D(dB) 20 log S 20 log
VL
VS e
(39)
Ou seja,
D(dB)
8,686 .
(40)
Tem-se, portanto, que uma atenuao de 1 Np/m corresponde a uma atenuao de 8,686 dB/m.
Dessa forma, a converso feita usando as equaes abaixo:
1 Np / m 8,686 dB / m
1 dB / m 0,1151 Np / m .
(41)
Exerccio: Uma linha de transmisso com = 50 m, terminada em sua impedncia caracterstica, fornece
1250 W carga. Se a potncia na entrada da linha de 1600 W, determinar:
a) o rendimento (eficincia) da transmisso;
b) a constante de atenuao da linha;
c) a relao entre as amplitudes da tenso no ponto mdio da linha e nos terminais de entrada.
a)
PL 1250
PS 1600
0,781 78,1%
27
P
1600
b) D(dB) 10 log S 10 log
1,072dB .
1250
PL
Assim, a atenuao por unidade de comprimento na linha de 1,072 dB/50 m = 0,02144 dB/m. Como
no h reflexo, pode-se usar (40):
D(dB) 0,02144
8,686
8,686
2,47 103 Np / m .
c)
VPM VS e / 2
VPM
e / 2
VS
VPM
0,94 .
VS
3
VPM
e 2, 4710 25
VS
11 Casamento de Impedncias
A figura abaixo mostra um sistema de transmisso de sinais, incluindo dois dispositivos para
adaptao de impedncias.
Dispositivo de casamento 1: tem a funo de casar a linha com a carga, de modo a no haver ondas
refletidas na linha de transmisso.
Condio: Zin1 = Z0.
Dispositivo de casamento 2: sua funo possibilitar a mxima transferncia de potncia da fonte
para a entrada da linha e, consequentemente, para a carga.
Condio: Zin2 = Zg*.
Na prtica, os circuitos de transmisso so projetados para terem impedncia Zg com o mesmo
valor da impedncia caracterstica da linha (Z0), o qual geralmente corresponde a algum valor
padronizado (50 , por exemplo). Assim, o dispositivo de casamento 2 geralmente desnecessrio.
28
11.1 Exemplos de dispositivos de casamento
a) Transformador de quarto de onda: segmento de uma linha de transmisso sem perdas, com
impedncia caracterstica Z0' e comprimento ' / 4, colocado entre a linha principal e a carga.
jZ '0
Z jZ tg
tg
,
Zin Z'0 'L
Z'0
'
Z0
Z0 jZ L tg
jZ L
tg
'
0
com
2 '
' 4 2
tg tg .
2
Assim,
Z' ( Z' ) 2
Zin Z'0 0 0 .
ZL
ZL
(42)
Z'0 Z0 ZL .
(43)
Portanto, a impedncia caracterstica do transformador de quarto de onda tem que ser igual
mdia geomtrica entre a impedncia da linha principal e a impedncia de carga.
29
Exemplo: Projetar um transformador de quarto de onda para casar uma linha sem perdas, cujos parmetros
primrios so L = 1,22 H/m e C = 13,6 pF/m, com uma carga resistiva de 560 .
Z0
L
1,22 106
C
13,6 1012
Z0 300
Z'0 410 .
Por exemplo, pode-se projetar a linha de transmisso a ser usada como transformador de quarto de onda
de modo que seus parmetros primrios sejam L' = 2,05 H/m e C' = 12,2 pF/m ( Z0' L' C' 410 ).
Caso a frequncia de operao seja de 100 MHz, o comprimento do casador calculado conforme abaixo.
' v' f
1
1
0,5 m .
Desta forma, um segmento de linha Z0' com l = 0,5 m, intercalado entre a carga e a linha principal, faz o
casamento de impedncias na frequncia de 100 MHz.
Exemplo: Uma linha sem perdas, com impedncia caracterstica Z02 = 600 e l = 0,2, terminada numa
carga ZL = 200 . A linha de 600 carga de uma outra linha de transmisso, com Z01 = 300 . Que
impedncia deve ser conectada (em paralelo) na juno das linhas de modo que no haja ondas refletidas na
linha de 300 ?
30
A onda, vindo da esquerda, propaga-se na linha de impedncia Z01 = 300 . Ao chegar ao ponto de
juno, enxerga o paralelo de Z com Zin. Assim para que no haja reflexes no ponto de juno entre as
linhas, deve-se ter:
Zin // Z Z01
1
1
1
.
Zin Z 300
ZL jZ02 tg l
,
Z02 jZ L tg l
2
com 0,2 0,4 rad 72o .
Assim:
Zin 600
Portanto:
1
1
1
o
1.296,5638,08 Z 300
Observa-se que a impedncia requerida para o casamento tem uma parte resistiva. Na prtica, isso deve
ser evitado, pois a parte resistiva est associada dissipao de potncia. Assim, deve-se usar um elemento
puramente reativo (indutor ou capacitor). Isso no foi possvel neste caso porque j se fixou previamente a
posio a partir da carga onde a impedncia seria conectada. Num caso prtico, tanto a posio quanto o
valor do elemento reativo devem ser calculados simultaneamente.
31
c) Acoplamento com Linha em Derivao (stub ou toco)
Conforme visto anteriormente, possvel obter o casamento de impedncias usando um
elemento reativo conectado num dado ponto a partir da carga. Entretanto, particularmente em
frequncias mais elevadas, o comportamento dos elementos de circuito bastante diferente de seu
comportamento ideal. Por exemplo, para um indutor, as capacitncias entre espiras podem ser mais
significativas do que a prpria indutncia. Para um capacitor, a indutncia de seus terminais pode
tambm ser bastante relevante. Alm disso, podem-se ter perdas devido ao efeito pelicular e a
radiaes indesejveis. Por isso, pode ser vantajoso simular o comportamento de um elemento
reativo usando um segmento de linha de transmisso terminado num curto-circuito (ou num circuito
aberto). Stubs ou tocos so trechos de linhas de transmisso terminadas em curto-circuito ou
em circuito aberto cujas impedncias de entrada so puramente reativas. A figura abaixo ilustra um
stub terminado em curto-circuito.
Zstub jZ0 tg d 2 .
(44)
Como a funo tangente assume valores entre - e +, pode-se simular qualquer elemento
reativo usando um stub. Para isso, basta escolher o valor de d2 de modo que Zstub tenha o valor
requerido.
O casamento com um stub feito conforme a figura abaixo.
32
Exemplo: Determinar os menores valores de d1 e d2 para casar uma linha com impedncia caracterstica
Z0 = 100 com uma carga ZL = 150 + j50 . Considerar que o comprimento de onda na linha e no stub
= 10 m.
Para que no haja reflexes no ponto de juno entre a linha e o stub, deve-se ter:
Zin1 // Zstub Z0
Mas
Zin1 Z0
1
1
1
.
Zin1 Zstub Z0
ZL jZ0 tgd1
150 j50 j100 tgd1
100
Z0 jZ L tgd1
100 j150 j50 tgd1
Assim:
100 j150 j50 tgd1
1
1
.
1.
3 j1 2tgd1
j2tgd 2
B tgd 2 .
Tem-se, portanto:
2 A j3A
1
1
3 j1 2A j2B
B2 A j3AB 3B 2A 1 j3 B2A 1 .
Igualando parte real com parte real e parte imaginria com parte imaginria nos dois lados da igualdade,
obtm-se:
B2 A 3B 2A 1
3AB 3 B2A 1.
Tem-se ento um sistema (no linear) de duas equaes e duas incgnitas. Para resolv-lo, pode-se isolar
B nas duas equaes:
B
2A 1
A 1
Igualando:
3
.
A 1
33
2A 1
3
A 1 A 1
A 2 2A 2 0 .
A equao anterior tem duas razes: A = 1+3 = 2,732 e A = 1-3 = -0,732. Uma vez que A = tg(d1) e
como se quer o menor valor positivo de d1, apenas a soluo positiva vlida (a soluo negativa levaria a
um ngulo d1 no segundo ou no quarto quadrante, sendo maior que o d1 no primeiro quadrante obtido com
a soluo positiva). Assim:
A tgd1 1 3 2,732
2
d1 1,22
d1 0,194 1,94 m .
Igualmente:
B tgd 2
2
d 2
3
3
3
3 1,732
A 1 1 3 1
d 2 / 6 1,67 m .
Da mesma maneira que ocorre com os exemplos vistos anteriormente (transformador de quarto
de onda e casamento com elemento localizado), o casamento com stub apresentado de banda
estreita. De fato, os valores de d1 e d2 so calculados em funo do comprimento de onda, de modo
que haver ondas refletidas caso a frequncia de operao no seja exatamente igual quela usada
no projeto. Entretanto, pode-se mostrar que a largura de banda do casamento pode ser aumentada
com o uso de mais de um stub, conforme ilustra a figura abaixo.
Uma das vantagens do casador com stub a no necessidade de ter que projetar uma linha
especfica para o casamento, o que o caso do transformador de quarto de onda. De fato, para fazer
o stub, usa-se um segmento do prprio cabo usado como linha principal.
34
12 Clculo dos Parmetros Primrios das Linhas de Transmisso
Conforme visto anteriormente, calcula-se a constante de propagao e a impedncia
caracterstica de uma linha de transmisso a partir do conhecimento de seus parmetros primrios
(R, L, G e C por unidade de comprimento). Estes dependem dos aspectos construtivos da linha
(geometria e materiais usados) e podem tambm variar com a frequncia. Nesta sesso, sero
apresentadas as equaes para o clculo dos parmetros primrios dos principais tipos de linhas de
transmisso. O equacionamento completo no ser apresentado, mas segue o procedimento descrito
na sequncia.
Clculo de R: Para calcular a resistncia distribuda da linha de transmisso, usa-se a equao
abaixo.
R
2
,
S
(45)
onde l o comprimento total da linha de transmisso e S a rea da seo transversal por onde flui
a corrente, O fator 2 no numerador deve-se ao fato de a resistncia por unidade de comprimento da
linha incluir a resistncia dos dois condutores que a compem. A rea da seo transversal deve
levar em conta o efeito pelicular, caso seja relevante.
Clculo de L: Para calcular a indutncia distribuda, aplica-se uma corrente na linha, a qual produz
um campo magntico. A partir do clculo do fluxo magntico total (m) entre os condutores,
calcula-se a indutncia conforme abaixo:
L
m
.
I
(46)
Vale lembrar que m inclui tanto o fluxo magntico no espao entre os condutores (fluxo
externo) quanto o fluxo dentro dos prprios condutores (fluxo interno). Assim, a indutncia total
por unidade de comprimento dada por:
L
int ext
Lint Lext .
I
(47)
q
.
V
(48)
Clculo de G: Para calcular a condutncia distribuda, aplica-se uma diferena de potencial (V)
entre os condutores e calcula-se o campo eltrico resultante. A partir do campo eltrico, obtm-se a
35
corrente de conduo no dieltrico (Jc = d E), o que permite calcular a corrente I (por unidade de
comprimento, em A/m) que flui entre os dois condutores da linha. Assim, a condutncia distribuda
dada por:
G
I
.
V
(49)
12.1 - Cabo Coaxial: Consiste num par de condutores concntricos preenchidos com um
dieltrico. Sua principal vantagem reside no fato de no apresentar campos externos (ou seja,
autoblindado). Por isso, no interfere em circuitos prximos nem sofre interferncia de campos
externos.
Parmetros:
Condutor: c , 0
b
c
Dieltrico: d , 0 ,
2
b
ln
a
[F/m]
(50)
36
L ext
0 b
ln [H/m]
2 a
2 d
b
ln
a
(51)
[S/m].
(52)
Observao: Pode-se mostrar que, para qualquer linha de transmisso, as seguintes relaes so
vlidas:
Lext C 0
(53)
C G
.
(54)
Portanto, basta calcular apenas um parmetro (C, Lext ou G) e os outros dois podem ser obtidos
diretamente a partir de (53) e (54).
Em baixas frequncias: Neste caso, o efeito pelicular desprezvel. Assim, pode-se considerar que
as correntes tm distribuio uniforme na seo reta dos condutores.
1 / f0c
Condio: a
e
c b
1 1
1
2 2
[/m]
c a
c b2
Lint
2
0
0
4b 4
c
2
3
b
ln [F/m].
2
2
2
2
8 8(c b )
c b b
(55)
(56)
Em altas frequncias: Neste caso, o efeito pelicular intenso e as correntes fluem pela periferia
externa do condutor interno e pela periferia interna do condutor externo.
c b
Condio: a
e
R
1 1 1
[/m]
2 c a b
(57)
0 1 1
[F/m].
4 a b
(58)
Lint
Como diminui com o aumento de frequncia, R aumenta e Lint diminui para frequncias mais
elevadas.
37
Exerccio: Seja um cabo coaxial oco (preenchido com ar), com condutores de alumnio (r = 1 e
c = 4 107 S/m), tendo a = 0,5 mm, b = 4 mm e c = 4,5 mm. Que percentagem da indutncia total a
indutncia interna representa em a) f = 0; b) f = 10 MHz e c) f = 100 MHz.
L ext
0 b 4 107 4
ln
ln
2 a
2
0,5
Lext 416nH / m
a) Em f = 0:
Lint
2
0
0
4b 4
c
2
3
b
ln
2
2
2
2
8 8(c b )
c b b
Lint
4 107
4 107 2
4 44
4,5
2
4
,
5
ln
2
2
2
2
8
8(4,5 4 )
4,5 4 4
Lint
57,4
0,121
L total 57,4 416
Portanto:
Lint 57,4 nH / m
b) Em f = 10 MHz:
1
f 0 c
Lint
1
10 4 107 4 107
7
0 1 1 4 107 0,025 1 1
4 a b
4
0,5 4
Lint
5,63
0,0134
L total 5,63 416
Portanto:
0,025mm
Lint 5,63nH / m
0,00796mm
Lint 1,79 nH / m
c) Em f = 100 MHz:
1
f 0 c
Lint
1
108 4 107 4 107
0 1 1 4 107 0,00796 1 1
4 a b
4
0,5 4
Portanto:
Lint
1,79
0,0043
L total 1,79 416
De maneira geral, para qualquer tipo de linha, observa-se que a indutncia interna pode ser desprezada em
frequncias mais elevadas. Entretanto, em frequncias baixas (60 Hz, por exemplo), a indutncia interna
pode representar uma parcela significativa da indutncia total. Por essa razo, geralmente a indutncia
interna no levada em conta nos clculos dos parmetros em frequncias usadas em telecomunicaes, mas
considerada em clculos envolvendo linhas de transmisso de potncia.
38
12.2 - Linha Bifilar Paralela: Consiste num par de condutores paralelos. Sua principal
vantagem a facilidade de construo e o baixo custo. Entretanto, apresenta campos externos,
podendo assim ter problemas de interferncia com circuitos prximos, alm de perdas por radiao.
Parmetros:
C
d
arccos h
2a
L ext
[F/m]
0
d
arccos h [H/m]
2a
d
d
arccos h
2a
[S/m].
(59)
(60)
(61)
2
c a 2
L int
[/m]
0
[F/m].
4
(62)
(63)
39
R
1
[/m]
c a
Lint
0
2a
(64)
[F/m].
(65)
Observao: Como arccoshx ln x x 2 1 , tem-se que arccoshx ln2x para |x| >>1.
d
d
ln para d >> a. Por essa razo, comum ver as equaes dos parmetros
2a
a
Assim, arccosh
12.3 - Linha do Tipo Microfita (ou Microstrip): composta por um plano condutor (plano
de terra) e uma fita condutora de espessura W, separados por uma camada dieltrica (substrato) de
espessura h e constante dieltrica relativa r. de fcil construo (utiliza os mesmos processos que
os circuitos impressos convencionais) e tem vasta gama de aplicaes, no s como linhas de
transmisso, mas tambm como filtros, antenas, acopladores, etc. As linhas de microfita apresentam
baixo perfil, peso reduzido e so de fcil integrao com outros componentes na mesma placa
(componentes eletrnicos, antenas impressas, etc.). Suas principais desvantagens so a baixa
capacidade de transmisso de potncia, as perdas elevadas e a possibilidade de interferncias com
circuitos prximos.
A principal dificuldade de anlise reside no fato de os campos existirem em dois meios com
propriedades diferentes (o ar e o substrato dieltrico). Desta forma, anlises precisas envolvem a
resoluo das equaes de Maxwell, geralmente feita atravs de mtodos numricos. Aproximaes
analticas tambm podem ser obtidas, permitindo uma anlise mais simples e direta. As equaes
dadas abaixo so aproximaes bastante simples, servindo apenas como referncia.
40
Impedncia caracterstica:
Z0
377
W
r ( 2)
h
[].
(66)
Verifica-se que diferentes valores de impedncia caracterstica da linha de microfita podem ser
facilmente obtidos simplesmente ajustando a largura da trilha (W). Isso pode ser bastante til, por
exemplo, no projeto de transformadores de quarto de onda.
Permissividade efetiva da linha microfita (r'): Como os campos existem em dois dieltricos com
permissividades diferentes, necessrio calcular a permissividade efetiva (ou equivalente) da linha.
1 1 10 h
r r 1
W
2 2
'
r
1/ 2
(67)
v f f
c
'r
[m/s].
(68)
Atenuao: A onda se propaga atravs da linha de microfita e sofre atenuao basicamente devido a
trs fatores: perdas nos condutores (por conta de sua condutividade finita), perdas no substrato
dieltrico (por ter condutividade no nula) e perdas por radiao. Desconsiderando as perdas por
radiao, a atenuao numa linha de microfita pode ser calculada conforme abaixo.
8,686
Rs
' 1 r tg
27,3 r
WZ 0
r 1 'r
[dB/m],
onde R s
1
c W
tg
d
r 0
(69)