Discurso Religioso
Discurso Religioso
Discurso Religioso
INTRODUO
Das Teorias do Discurso e Anlise do Discurso, selecionamos
as funes e caractersticas dos discursos institucionais, especificamente, do discurso religioso e teolgico como base terica do desenvolvimento deste artigo. As abordagens tericas sero acompanhadas
de indicaes de quando, onde ou como pode ocorrer o aspecto mencionado.
ESPECIFICIDADES
DO DISCURSO ESOTRICO E EXOTRICO
E necessrio, primeiramente, entendermos o que significa esotrico nesse contexto de discurso. Esotrico aqui um termo tcnico para designar o discurso destinado aos membros de uma instituio (Rodrigues, 2002: 220, nota de rodap). Assim, para sua compreenso, exige-se o domnio de representaes simblicas, por isso,
esse discurso se torna opaco para os que no pertencem ao corpo
dessa instituio. Essa e uma boa orientao para que membros de
um corpo religioso que esto acostumados com sua prpria linguagem simblica se preocupem em alternar o cdigo lingstico quando por ocasio de servios litrgicos para os que no apresentam o
mesmo pertencimento religioso.
Um outro conceito chave, pertinente a este contexto, exotrico, diz respeito s modalidades discursivas que no pertencem
exclusivamente a um corpo institucional, porm a todos indiscriminadamente. O entendimento desses dois conceitos-chave pode ajudar
a membros de uma comunidade ou instituio religiosa serem mais
eficazes em sua comunicao.
s vezes, os membros de uma instituio esto to imbudos
de seu vocabulrio e construes lingsticas que no se apercebem
da opacidade lexicolgica, da especificidade da linguagem inerente
ao seu mundo religioso. A simbologia que se constri a partir de
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A interpretao da palavra de Deus regulada. Os sentidos no podem ser quaisquer sentidos: o discurso religioso tende fortemente para a monossemia (Orlandi, 1996: 246).
Os discursos religiosos, como j vimos, se mostram com estruturas rgidas quanto aos papis dos interlocutores (a divindade e
os seres humanos). Os dogmas sagrados, por exemplos, f e Deus,
so intocveis (Setzer, 1987: 91). Segundo Althusser (apud Orlandi,
1996: 241), Deus define-se (...) a si mesmo como sujeito por excelncia, aquele que por si e para si (Sou aquele que ) e aquele que
interpela seu sujeito (...) eis quem tu s: Pedro.
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ENLEVO
- Identificao
com os propsitos divinos.
Processo de ultrapassagem do
mundo temporal para o espiritual.
SALVAO
- Constituda do pedido ou agradecimento
feita pelo representante.
- culminao do propsito do Sujeito
(Deus) e dos sujeitos
(os interlocutores). (acrscimo nosso)
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Resumidamente, o DR se caracteriza por trs fatores: a assimetria entre os planos temporal e espiritual e a no-reversibilidade; o
emprego de anttese; e o mecanismo de negao. Esses fatores apontam para o seguinte quadro:
Quadro 2: caracterizao do discurso religioso
PERFIL
DOS FATORES
PROPRIEDADE
TRAOS
SITUAO
TEXTO
GRAMTICA
Negao, perfrase,
parfrase etc
Assimetria entre os
planos espiritual e
temporal (noreversibilidade)
Ainda as marcas podem se individualizar nos diferentes espcies de discurso religioso, por exemplos em diferentes religies, diferentes prticas, distintas cerimnias. No entanto, o papel da propriedade seria oferecer estabilidade, ou mais consistncia em relao a
dissimetria e a no-reversibilidade dos planos desse discurso.
CONCLUSO
A Anlise do Discurso oferece instituio Igreja uma anlise de seu discurso que caminha por uma interface que beneficia no
s aos analistas do discurso mas, principalmente, aos representantes
dessa instituio; pois conseguem redimensionar a leitura que fazem
de sua prtica.
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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