Apostila Processamento Do Pescado I
Apostila Processamento Do Pescado I
Apostila Processamento Do Pescado I
Edio: 2006
(Setembro/2006)
FORTALEZA CEAR
saber:
A.2.1) ENGENHARIA DE PESCA
Tecnologia da pesca : onde faz-se necessrio ter conhecimentos sobre mtodos e artes de
captura do pescado, avaliao dos recursos pesqueiros, biologia da pesca, classificao,
fisiologia, anatomia, ecologia, etc.
Aqicultura : criao de peixes e outros organismos em cativeiro;
Limnologia : compreender a importncia da penetrao de luz, calor, oxignio dissolvido,
Demanda Bioqumica (DBO) e Demanda Qumica de Oxignio (DQO).
A.2.2) ENGENHARIA DE ALIMENTOS - Desenvolvimento de equipamentos e instalaes
otimizadas para processamento do pescado.
A.2.3) ENGENHARIA NAVAL - construo de barcos adequados para espcies especficas
de pescado, instalaes de cmaras frigorficas e lay-out das artes de pescas.
A.2.4) OCEANOGRAFIA - Conhecimento sobre algumas propriedades da gua do mar, tais
como, salinidade, temperatura, profundidade, estudo das correntes marinhas, etc.
A.2.5) ECONOMIA anlise dos investimentos, custos, lucros, retorno do capital envolvido na
elaborao e comercializao dos produtos processados.
A.2.6) MICROBIOLOGIA conhecimento, controle e mtodos de preveno dos principais
microrganismos envolvidos em cada produtos elaborados.
A.2.7) QUMICA E BIOQUMICA DE ALIMENTOS fornecer informaes sobre as principais
transformaes qumicas e bioqumicas que ocorrem com o pescado, desde sua captura at o
processamento e estocagem final dos diversos produtos elaborados.
A.2.8) NUTRIO ANIMAL E HUMANA conhecer informaes bsicas sobre o tipo de
alimentao preferida pela pescado e seus reflexos sobre a composio qumica e nutrientes
de importncia, tambm para a alimentao humana, que trata-se do elo final na cadeia natural
alimentar de seres vivos.
A.3) CLASSIFICAO DO PESCADO
Pescado uma denominao ampla que engloba diversos organismos animais (peixes,
mariscos, quelnios, mamferos e anfbios) e vegetais (algas) coletados vivos ou no em seus
3
ambientes aquticos (gua salgada, doce, salobra), podendo ser usado na alimentao
humana ou em outras finalidades comerciais.
Os diferentes tipos de pescado podem ser classificados em 6 grandes categorias, que
so as seguintes:
A.3.1) PEIXES
Segundo dados da FAO (1999) existem aproximadamente cerca de 28.000 diferentes
espcies de peixes identificadas. Desse total, 11.500 (~40%) espcies so peixes
exclusivamente de gua doce e cerca de 300 (1% ) so de espcies didromas, isto , de
habitat parcial em gua doce e salgada. Os peixes de gua salgada representam 58% do total,
o que equivalente a cerca de 16.200 espcies.
PEIXES MARINHOS
( ~ 60%)
GUA SALOBRA
( ~ 1%)
4
c) Tilpia niltica, Oreochromis niloticus
Fonte: http://www.marinebiodiversity.ca/shark/english/images/key3%20copy.jpg
5
(b) Caes (Lixa, Ginglymostoma cirratum; sicuri branco, Carcharhynus porosus), etc.
(c) arraias ou raias (skates; rays).
Fonte: http://www.mun.ca/biology/scarr/Fig28-12.htm
A.3..2) MARISCOS so invertebrados que apresentam uma carapaa ou concha de alguma
forma. So divididos em crustceos e moluscos.
(1) Crustceos So animais com extremidades articuladas e carapaa dura. Geralmente
apresentam cefalotrax e abdome.
Exemplos:
Lagostas
6
Caranguejos e siris
(2) Moluscos apresentam corpo mole coberto por um manto fino, carnoso e comumente
abrigado em uma concha calcria externa. Podem ser divididos nas seguintes classes:
(2.1) Cefalpodes So animais que apresentam tentculos ligados cabea, corpo mole
coberto por um manto fino e desprovido de concha, exceo de Nautilus.
Exemplos:
Polvo (a) e Choco (b)
Lula ou calamar
7
(2.2) Bivalve So animais com o corpo mole includo em uma concha rgida de duas partes.
Podem ocorrer em gua salgada ou doce.
Exemplos:
Ostra (oysters)
Vieira (scallop)
(2.3) Gastrpodes So animais que apresentam o corpo mole envolvido por apenas uma
concha, isto , so univalves. So encontrados em todos os principais habitates terrestres, de
gua doce e marinha.
Exemplos:
8
Abalone ou haliote e Escargot (snail)
Conchas
9
A.3.4) Anfbios Vivem parcialmente na gua doce e na terra. Situam-se entre os peixes e os
rpteis.
Exemplos: Rs, jias e sapos
R, Rana catesbeiana
Segundo STORER et al. (1984), as seguintes caractersticas ocorrem nestes
animais:
1) Pele: mida e glandular; sem escamas externas;
2) Esqueleto: sseo em grande extenso, podendo ter ou no costelas, dependendo da
espcie. No girino jovem, o esqueleto cartilaginoso, passando para sseo com a idade;
3) Respirao: atravs de brnquias, pulmes, pele e mucosa bucal; e
4) Sapos e rs podem ser utilisados como alimento humano.
A.3.5) Mamferos Aquticos O termo mamfero refere-se s glndulas mamrias das
fmeas, que fornecem leite para amamentar os filhotes (STORER et al., 1984).
Exemplos incluem:
Ordem cetcea:
Baleias (cachalotes ou baleia-de-espermacete; baleia-jubarte, Megaptera novaeangliae),.
Golfinho Atlantic bottlenose, Tursiops truncatus
Boto marinho, Sotalia fluviatillis
10
Algumas caractersticas interessantes incluem-se (STORER et al., 1984):
1) Presena de nadadeiras ou barbatanas;
2) Por baixo da pele apresentam uma grossa camada de gordura (panculo adiposo). A pele
tambm contm glndulas sebceas que produzem gordura lubrificante;
3) Respirao atravs de pulmes;
4) A baleia cachalote tem um grande reservatrio na cabea que produz o espermacete rico
em leo de uso lubrificante.
Principais caractersticas:
1) sua carne considerada deliciosa.
2) Chegam a atingir 4 metros de comprimento e pesar cerca de 1,5 toneladas.
3) Apresentam barbatanas ou nadadeiras.
Ordem Pinnipedia: lobos, focas, lees e elefantes marinhos.
a) Leo marinho da Califrinia, Zalophys californianus
b) Lobo marinho
Principais aspectos:
1) Pele bastante espessa e peluda, geralmente de alto valor comercial
2) Sob a pele, como os cetceos, h uma camada de gordura que funciona como isolante
trmico do corpo e reserva energtica.
11
A.3.6) Algas - So organismos vegetais fotossintticos unicelulares abundantes em guas
doce e marinha.
(1) CLASSIFICAO DAS ALGAS MARINHAS (SEAWEEDS)
As algas marinhas so classificadas em trs grandes categorias baseada na sua
pigmentao, como (1) vermelha ou Rhodophyceae, (2) marrom ou Phaeophyceae (3)
verde ou Chlorophyceae.
Estas trs categorias de algas so consideradas como MACRO-ALGAS para
diferenci-las das MICRO-ALGAS diatomceas e cianofceas (Cyanophyceae) (algas azuis
esverdeadas ou azuis) ou cianobactrias, por serem compostas principalmente algas
unicelulares microscpicas que proliferam em gua doce e marinhas.
(2) INFORMAES NUTRICIONAIS E TECNOLGICA SOBRE ALGAS
(2.1)
ALGAS VERMELHAS
Com cerca de 4.000 espcies, a maioria de habitat marinho, as algas vermelhas
12
Indicada para tratamento de cabelo, unha e pele pelo seu elevado teor de vitamina A.
Contm ainda, teores considerveis de vitamina C (equivalente ao limo) e B12.
Devido presena de vitamina E, tem sido usada na formulao de cremes faciais e como
antioxidante natural contra a oxidao lipdica e formao de radicais livres indesejveis.
Tem alto teor de protena (25 a 35% do peso seco) com75% de digestibilidade considerada
alta para seres humanos.
Seus aminocidos assemelham-se aqueles encontrados em ovos e peixes. O sabor
agradvel devido presena de aminocidos livres, em especial, cido glutmico, alanina e
glicina.
Na dieta tem sido relacionada positivamente na preveno de cncer intestinal, mamrio e
estomacal em ratos e camundongos, bem como, na reduo de colesterol no sangue.
A cor caracterstica do nori se deve aos pigmentos ficoeritrina (vermelho) e ficocianina (azul
esverdeado), que podem ser usados como marcadores fluorescentes em testes bioqumicos.
Contm quantidades apreciveis de ferro e fsforo.
2) Gelidium spp.
13
3) Chondrus spp.
14
(2.2)
ALGAS MARRONS OU PARDASAs 1.500 espcies de algas marrons so quase que exclusivamente encontradas em
habitat marinho. Seus pigmentos incluem a clorofina a e c, bem como, carotenos e xantofilas. A
cor marrom predominante devida ao pigmento fucoxantina, mas outros espectros de cores
so observados nessas algas, variando de bege plido, amarelo-amarronzada ou prximo ao
preto. Suas paredes celulares so compostas por camadas de celulose com polissacardios
(cido algnico). (www.mbari.org/staff/conn/botany/flora/browns.htm).
Exemplos:
a) Laminrias
Nos mares tropicais elas variam de filamentos microscpicos at vrios metros de
comprimentos, como em Laminarias.
15
Dados nutricionais da Laminaria digitata.
Nutrientes
Protena
Gordura
Carboidrato
Vitamina C
Vitamina B1
Vitamina B2
Vitamina B3
Vitamina B12
Laminarana
Manitol
Clcio
Iodo
Ferro
Magnsio
Mangans
Sdio
Contedo
8 a 14%
1%
48%
12 a 18 ppm
5 ppm
22 ppm
34 ppm
0,6 a 12 ppm
0 a 18%
4 a 16%
12.400 a 13.200 ppm
2.479 ppm
50 a 70 ppm
6.400 a 7860 ppm
1 a 16 ppm
2 a 5,2%
b) Fucus.
16
c) Sargassum (Ex. Sargassum fusiforme)
nome compreende
a alga
17
ALGAS VERDES
Acredita-se que existe cerca de 5.000 espcies de algas verdes de gua doce e de
18
Tambm contm altos teores de ferro, ido, alumnio, mangans e nquel.
Elas tambm contm vitaminas A, B1 e C, sdio, potssio, magnsio, clcio, nitrognio
solvel, fsforo, cloro, silcio, rubdio, brio, rdio, cobalto, boro e elementos traos.
b) Wawaieile ou codium - tambm cozida e consumida em sopas.
http://waynesword.palomar.edu/algae1.htm
c) Monostroma nitidum;
(2.4)
Spirulina platensis.
19
B) APROVEITAMENTO INTEGRAL DO PESCADO
B.1) RGOS EXTERNOS
B.1.1) Pele ou couro - A pele do peixe dividida em duas camadas, a epiderme (mais
externa) e a derme. A epiderme feita de clulas epiteliais, arranjadas umas sobre as outras.
Estas clulas so renovadas e substitudas por novas clulas. Nos espaos inter celulares das
clulas epiteliais existem clulas limosas, que produzem secrees mucides que atuam como
uma camada protetora muito importante para sobrevivncia do peixe.
A derme situa-se logo abaixo da epiderme. A parte mais profunda da derme feita de
fibroblastos (tecido conectivo), colgeno e vasos sangneos.
Alm desses aspectos, a pele pode ser utilizada para:
Extrao de Colgeno - A pele contm cerca de 40% de colgeno cola, gelatina ou
isinglass (usado na clarificao de vinhos).
Fabricao de bolsas, cintos, sapatos, roupas, etc.
Rao natural para cachorro (Snack for Dogs) Cerca de 77% da pele de peixe seca
protena e a maioria do resto fibra.
Extrao de pigmentos: As diferentes matizes coloridas da pele, vsceras e fil de pescado
so produzidas por clulas na derme. As clulas so designadas pelo nome do pigmento que
contm:
1) Eritrforos pigmentos vermelhos. Ex. carotenides.
2) Xantforos pigmentos amarelos. Ex. carotenides.
20
3) Melanforos so pigmentos preto ou marrom formados a partir da tirosina ou de outros
compostos fenlicos. Ex. melanina.
4) Os peixes podem ocasionalmente mudar de cor. Isto se deve ao movimento de gros de
melanina dentro de cada clula. Quando dispersos, eles absorvem mais luz e a rea do peixe
escurece. Quando compactos, o peixe torna-se plido.
5) Flavinas esverdeado a amarelo.
6) Iridforos contm cristais que refletem e refratam a luz, dando um aspecto metlico
pele. So pigmentos prateado a branco contendo guanina ou cido rico, por isso, tambm
so chamados de pigmentos purnicos.
Fonte de Iodo
1) % de I2 na pele de peixe gordo > % de I2 na carne.
2) % de I2 na pele de peixe magro < % de I2 na carne.
Secreo mucosa rica em mucopolissacardios, com potencial aproveitamento como
lubrificante e ao microbiana ou antimicrobiana.
Revestimento de papel fotogrfico, tela de televiso e encapsulao de medicamentos
(GILFBERG, A. 2001)
B.1.2) Barbatanas (elasmobrnquios) usado na alimentao.
A barbatana de tubaro contribui para o encorpamento gelatinoso de sopas orientais, sem
alterar o sabor original de seus condimentos
Fonte: http://www.thailandlife.com/sharkfinsoup.html).
B.1.3) Nadadeiras (telesteos)
extrao de pigmentos em peixes coloridos, a exemplo do pargo.
B.1.4) Escamas
Rica em escleroprotena do tipo queratina (ossos, unhas e cabelos).
Uso como lixa e fabricao de adornos e prolas artificiais.
Coagulante orgnico para guas residuais: as escamas so secadas, modas e utilizadas
para remover slidos suspensos em guas residuais industriais.
B.1.5) Olhos
Importante fonte de cidos graxos polinsaturados relacionados com a retina.
B.1.6) Carapaa de crustceos
Extrao de pigmentos carotenides.
21
Extrao de quitina e quitosana.
B.1.7) Valvas de moluscos
Enfeites para mesas
Cinzeiros
B.2) RGOS INTERNOS
B.2.1) Estmago, intestino e cecos pilricos
Enzimas proteolticas como TRIPSINA, QUIMOTRIPSINA, etc.
Essas enzimas so usadas em detergentes, couro e industrias de alimentos (cerveja,
vinho, cereais leites, produtos derivados do pescado, extratos de sabor, etc.).
Partes internas de um tubaro: estmago (A), cecos pilricos (B) e intestino (C).
B.2.2) Fgado
atua como rgo de estocagem de gordura e glicognio;
Fonte: http://www.marinebiodiversity.ca/shark/english/internal%20anatomy.htm
Rico em Vitaminas A e D.
Contm cidos graxos polinsaturados, em especial, da famla Omega-3.
Alugns fgados de peixes contm teres lipdicos, com importantes funes medicinais;
22
B.2.3) Gnadas masculina (testculos, esperma) e feminina (ovrios, ovas)
23
B.2.8) Vescula biliar
Produz biles que contm sais biliares, que podem atuar como agentes emulsificantes em
alimentos.
B.2.9) Estrutura ssea
1) Cartilagem uma forma especializada de tecido conectivo, consistindo de clulas
condrcitas circundada por uma matriz de fibras colagenosas (5-10%) e substncia
fundamental (sulfato de condroitina). um constituinte do esqueleto das larvas e juvenis
dos peixes. Nos peixes sseos convertido em osso com a idade. No caso dos tubares e
raias este tipo de tecido persiste at a idade adulta.
2) Coluna vertebral, espinhas e ossos So tecidos sseos
dando dureza e
24
RELACIONADOS
COM
COMPOSIO
QUMICA
gua
protenas
gordura ou lipdios
vitaminas
carboidratos
fibra alimentar
cidos graxos
aminocidos, etc.
Contudo, com relao ao significado da expresso Composio Qumica Centesimal
(CQ), entende-se apenas descrio dos nutrientes majoritrios presentes nas amostras. s
vezes estes nutrientes majoritrios so tambm chamados de macronutrientes.
No pescado, os macronutrientes que contribuem para sua CQ, quase que
exclusivamente so os seguintes:
i)
ii)
25
iv) Acompanhamento de processos industriais e pesquisas atravs de mudanas nos
componentes qumicos;
v) Seleo de equipamentos apropriados para a otimizao econmica e tecnolgica do
alimento manufaturado;
vi) Rotulagem nutricional de alimentos embalados.
C ) COMPOSIO QUMICA DO PESCADO X OUTROS ALIMENTOS
Em termos gerais, o pescado, quando comparado com outros tipos de alimentos
(Tabela 01), considerado como um alimento de elevado teor protico e de baixo teor de
lipdios.
TABELA 01 Composio Qumica Centesimal de diversos tipos de alimentos.
MACRONUTRIENTES ( % )
AMOSTRA
GUA
Leite lquido
Leite em p
Queijo
Ma
Bacalhau
Batata
Batata desidratada
Ovo
Ovo desidratado
Carne magra
Bacon
Farinha de Trigo
Macarro
PROTENA
87,0
5,0
37,0
84,1
79,2
75,8
6,5
73,4
7,0
68,3
40,9
38,3
12,4
LIPDIOS
3,4
34,5
25,4
0,3
18,0
2,1
6,6
11,9
43,4
19,3
13,1
7,8
10,7
3,7
0,3
34,5
0,1
0,9
0,1
0,3
12,3
43,3
10,5
44,6
1,4
2,0
CHOa CINZAb
4,8
49,2
--14,0
--22,9
80,3
0,7
2,6
----52,7
79,2
1,1
11,0
3,1
1,5
1,1
--6,3
1,7
3,7
1,9
1,4
-----
TOTAL
100
100
100
100
99,2
100,9
100
100
100
100
100
100,2
104,3
CHO = carboidratos
Valores obtidos por diferena.
Fonte: Duckworth, R. D. (1976) The roles of water in food. Chemistry & Industry, 18 (24) : 1039
1042.
b
Mdia (%)
Variao
Mnima
Mxima
Razo amplitudinal
(mxima/mnima)
Umidade
H2O
74,8
28,0
90,0
3,2
Protena
PB
19,0
6,0
28,0
4,7
Lipdio
LT
5,0
0,2
64,0
320
Cinza
CZ
1,2
0,4
1,5
3,8
CHO
0,3
0,1
5,0
50,0
Carboidrato
Fonte: Stansby, M. E. (1962) Proximate composition of fish. Fishing News (Books), London, p. 55 60.
26
Vrias espcies de pescado coletadas no Nordeste brasileiro foram investigados em
sua composio qumica (Tabela 03), obtendo-se os seguintes valores:
TABELA 03 Dados sobre a composio qumica de pescado marinho e de gua doce do
Estado do Cear.
Tipo de
Pescado
Fonte
Composio Qumica ( % )
H2O PB LT
CZ Total CHO
PESCADO MARINHO
Cavala
Serra
Ariac
Cioba
Pargo
Pargo
Arabaiana
Guaiba
Caranguejo
Camaro
Cabea de camaro
Cauda de lagosta
Ostra
Alga Gracilaria cearensis
76,1
76,0
77,0
76,4
77,4
81,5
70,7
77,2
77,6
80,5
74,3
73,5
83,8
15,9
20,2
19,6
17,1
16,4
17,3
17,0
19,2
16,8
17,3
17,5
16,2
24,7
7,6
16,9
2,1
1,8
1,5
1,9
1,8
0,5
7,7
2,0
0,8
1,2
4,2
1,4
2,6
-
1,3
1,4
1,2
1,3
1,3
0,7
2,3
1,4
2,0
1,1
3,6
1,6
1,5
6,3
99,7
98,8
96,8
96,0
98,1
99,7
99,9
97,4
97,7
100,3
98,3
101,2
95,5
-
0,3
1,2
3,2
4,0
1,9
0,3
0,1
2,6
2,3
1,7
4,5
-
0,3
0,5
0,3
-
80,7
75,0
75,2
75,5
75,5
69,6
Curimat
18,1 0,5
18,5 3,6
18,9 3,4
20,6 4,5
18,5
6,6
18,3 11,2*
0,4
2,4
2,2
1,2
1,7
1,9
99,7
99,5
99,7
101,8
102,3
101,0
% Protena (N x
6,25)
Peixe inteiro
16,7
Fil
18,2
Cabea
16,4
Vsceras
13,0
Carcaa
15,8
Pele
24,5
27
E ) FATORES QUE AFETAM A COMPOSIO QUMICA
Fatores da
Matria
Prima
Fatores de
Amostragem
Idade do Peixe
(alevino ou adulto)
Zona do Corpo
(cauda, cabea, etc)
poca do ano
COMPOSIO
Tipo de msculo
(claro, escuro)
QUMICA
Sexo e Desenvolvimento gonadal
Remoo eficiente
dos resduos
Espcies Diferentes
Mtodos de anlises
Designao
Teor de Lipdio
5%
5 < x 15%
> 15%
Peixe magro
Peixe semi-gordo
Peixe gordo
Teor de Lipdio
2,5%
2,5 < x
10%
> 10%
Teor de Lipdio
< 2%
2% a 4%
4% a 8%
> 8%
28
G ) CLASSIFICAO DO PESCADO QUANTO AOS TEORES DE PROTENAS
G.1) De acordo com STANSBY (1962)
Designao
Teor de Protenas
15%
15 < x 20%
> 20%
Designao
Teor de Lipdios
Teor de Protenas
BTL ATP
5%
15 < x 20%
B
C
MTL ATP
ATL BTP
5 < x 15%
> 15%
15 < x 20%
15%
BTL MATP
5%
> 20%
BTL BTP
5%
15%
Nutriente
Kilocaloria (kcal/g)
Kilojoule (kJ/g)*
Lipdios
9,0
37
Protenas
Carboidratos (exceto poliis)
4,0
4,0
17
17
Poliis
2,4
10
Polidextrose
1,0
cidos orgnicos
3,0
13
lcool (etanol)
7,0
29
29
TABELA 06 Recomendaes de requerimentos de energia para mulheres e homens
saudveis.
Nutrientes
Mulheres
Homens
Calorias {1}
Protena {2}
2000kcal
176kcal (44g)
2700kcal
224kcal (56g)
Gordura {3}
594kcal (66g)
810Kcal (90g)
Leitura complementar
Os carboidratos so considerados nutrientes energticos, pois tm como funo o
fornecimento da maior quantidade de energia necessria para o corpo realizar suas atividades
normais como andar e trabalhar. Podem ser classificados como carboidratos simples, os que
possuem uma absoro mais rpida fornecendo ao organismo uma rpida forma de energia
(glicose); e os complexos, que para serem absorvidos e utilizados como fonte de energia
devem ser quebrados em carboidratos simples. Os representantes desta classe de nutriente
so as massas, pes, cereais, tubrculos e gros. J os lipdios, apesar de tambm
fornecerem grande quantidade de energia, no tm como principal funo este fornecimento.
As gorduras auxiliam na absoro de vitaminas lipossolveis (A, D, E e k), fornecem saciedade
ao organismo, produzem hormnios, protegem e isolam rgos e tecidos. Existem dois tipos de
lipdios, os saturados, que so produtos de origem animal (carnes, manteiga, creme de leite,
requeijo) ou de origem vegetal slido (gordura vegetal hidrogenada, presente, por exemplo,
em sorvetes); e os insaturados, que so mais saudveis e so encontrados na forma lquida
como os leos de canola, soja, oliva, de milho e girassol.
(Fonte: http://www.gastronomiabrasil.com.br/Nutricao_e_Saude/Agosto_2002.htm)
30
Amostra
H2O
PT
LT
CHO
H2O
PT
LT
CHO
Leite
87,0
3,4
3,7
4,8
48,3
0,24
0,044
0,27 (acar)
Ma
84,1
0,3
0,1
14,0
46,7
0,02
0,001
0,68 (acar)
Bacalhau
79,2
18,0
0,9
-----
44,0
1,24
0,011
-----
Batata
75,8
2,1
0,1
22,9
42,1
0,15
0,001
1,12 (amido)
Geleia
29,8
0,6
0,05
69,0
16,6
0,04
0,001
3,83 (acar)
Mel
23,0
0,4
0,05
76,4
12,8
0,03
0,001
4,24 (acar)
31
Quando o pescado rico em lipdios, a umidade baixa, porm a soma destes dois
componentes est em torno de 80%. Esta relao mostrada na Figura 1 para sardinha.
% do msculo
% de gua
60
45
25
15
19
11
100
75
Fibras ou clulas
1) Fibrilas
2) Sarcoplasma
Espaos extracelulares, incluindo tecidos conectivos.
Total
Fonte: RANKEN, M.D (Chem. & Ind., v.18, n.24, p. 1052-7, 1976)
Que fenmeno faz com que 75% da gua estejam retidas numa clula muscular?
Cerca de 5% a quantidade provvel de gua ligada s protenas miofibrilares. Estudos com
RMN indicam que uma outra pequena frao encontra-se imobilizada como cristais lquidos ou
outras formas altamente ordenadas.
A quantidade de fludo que poder ser removida por presso ou centrifugao varia de
12 a 30%, sendo considerada uma gua livre ou frouxamente retida por foras capilares.
exemplo de outros de organismos vivos, o espao livre entre as fibras ou clulas
musculares do pescado preenchido com um lquido, o sarcoplasma, que uma soluo
aquosa de protenas e outros nutrientes. Os espaos entre as fibrilas ou miofilamentos tambm
so ocupados por gua. Esta gua denominada de gua intracelular, estando retida
principalmente pela membrana celulular ou sarcolema, que uma camada de tecido
32
conjuntivo de permeabilidade relativamente baixa gua. A gua restante chamada de
extracelular.
D) DENOMINAES DA GUA EM ALIMENTOS
Fonte: http://www.chem.leeds.ac.uk/People/CMR/labstuff/litreviews/solventeffects.doc
D.1) De acordo com o modo de imobilizao da gua
Durante muito tempo, os termos gua livre e gua ligada ou de constituio eram
usados para descrever como a gua encontrava-se imobilizada dentro da estrutura tissular dos
alimentos. Elas so definidas das seguintes maneiras:
D.1.1) GUA LIVRE a gua que est retida no alimento por foras meramente fsicas, ou
seja, uma gua fracamente ligada ao substrato. Ela pode ser considerada como:
a) gua adsorvida aquela retida sobre a superfcie dos slidos devido ao contato com
um ambiente mido. A quantidade de gua adsorvida por uma dada massa de slido
depende:
a.1) da umidade do slido: teor quantidade de gua adsorvida.
a.2) da temperatura do slido: temperatura
Quando aquecido a temperatura > 100C, a quantidade de gua adsorvida tende a zero.
a.3) da rea superficial do slido: rea quantidade de gua adsorvida.
b) gua absorvida a gua retida como uma fase condensada nos interstcios ou
capilares dos slidos. A quantidade de gua absorvida diminui com a elevao da
temperatura, porm, o aquecimento a 100C no garante sua completa remoo.
c) gua oclusa a gua lquida aprisionada em cavidades microscpicas irregularmente
distribudas nos cristais. A quantidade de gua oclusa tem o seguinte comportamento:
c.1) no afetada pelas variaes da umidade do ambiente;
c.2) o aquecimento do slido pode causar uma gradual difuso de umidade at a
superfcie, seguida de evaporao. Isto pode ocorrer em velocidade aprecivel em
temperatura superior a 100C.
33
A gua livre apresenta as seguintes propriedades:
Atua como solvente, isto , tem o poder de dissolver solutos solveis em gua.
AMINO: -NH2
(d) IMINO: compostos contendo o grupo NH, onde o tomo de nitrognio (N) faz
parte da estrutura de um anel ou o grupo =NH-, onde o tomo de N se encontra
ligado a um tomo de carbono atravs de uma dupla ligao (-C=NH-).
34
35
TABELA 09 Tipos de gua e alteraes caractersticas relacionadas.
Tipo de
gua
Tipo IV
Descrio
% Md
------
Ao de
Solvente
Normal
Alteraes nos
alimentos
------------
alimentos)
Tipo III
0,33
1) Membranas
Mx: 20
Min: 0,07
1) Pontes de H (H2O/soluto,
Mx: 0,l4
H2O/H2O) em multica-
0,33
0 0,07
Ligeiramente
1) Crescimento de
microrganismos
Reduzida
2) Atividade
enzimtica
3) Reaes
hidrliticas
4) Reaes
oxidativas
5) Escurecimento
no enzimtico
Substancial- 1) Escurecimento
no
mente
Enzimtico
Reduzida
2) Atividade
enzimtica
3) Reaes
hidrolticas
4) Reaes
oxidativas
Grandemente 1) autoxidao
reduzida ou
Totalmente
perdida
2) gua de hidratao
3) Pontes de H (on H/ H2O)
4) Ligao H2O /dipolo.
a
%Md = percentagem de umidade em base seca = massa (g) de gua contida em 100g de slidos.
Fonte: Fennema, O.R. (Principles of Food Science, part I Food Chemistry, p.13 39, 1976).
36
E) DETERMINAO DO TEOR DE UMIDADE
A determinao de umidade uma tcnica analtica das mais importantes que deve ser
acompanhada durante o processamento e o controle de qualidade de produtos alimentcios.
O contedo de umidade de grande significncia na determinao de caractersticas
fsicas, processos tecnolgicos, estabilidade microbiolgica, vida til e propriedades sensoriais
de alimentos, ou seja, um parmetro til e indicativo da estabilidade e qualidade de
alimentos.
O conhecimento do teor de umidade pode ser usado para quantificao de slidos e
dos rendimentos comerciais e econmicos de um dado processo tecnolgico (JOSLYN, 1970).
E.1) Mtodos para Determinao do Teor de Umidade
Vrios mtodos so disponveis para a determinao do teor de umidade, a exemplo
dos citados na Tabela 10.
TABELA 10 Mtodos usados para a determinao do teor de umidade em alimentos.
Mtodo
Principio
Tempo
Observaes
MTODOS PRIMRIOS OU DIRETOS so mtodos que medem diretamente o contedo de gua verdadeira.
1. Destilao
2. Secagem
Em estufa a 105C
Em estufa a vcuo
Infravermelho
Microonda
1 hora
No
pode
ser
usado
para
determinao de baixo teor de gua
em alimentos.
Vrias horas
Vrias horas
No um mtodo rpido.
Usada para alimentos (ex. frutas que
contm
levulose)
que
se
decompem
facilmente
em
temperaturas de 70 130C.
Recomenda-se usar vcuo de 50
100mmHg e T 70C.
A amostra aquecida sobre o prato
de uma balana com radiao
infravermelha ( = 0.7 mm at 100
mm)
A amostra aquecida num aparelho
de
microonda
com
radiao
microonda ( =10 a 0,01 cm).
CaC2 + H2O C2H2 + CaO ou CaH2
+ H2O 2 H2 + CaO
CH3OH + SO2 + base ZH+ +
CH3OSO2(Z = base: imidazlica)
ZH+ + CH3OSO2- + I2 + H2O + 2Z
3ZH+ + CH3OSO3- + 2I-
5 20 min.
2 5 min.
3. Produo de gases C2H2 Reao
(acetileno) ou H2
gua.
4. Titulao Karl Fischer
MTODOS SECUNDRIOS so mtodos que medem propriedades que dependem do contedo de gua ou
medem propriedades caractersticas da molcula de gua.
1. Densitometria
Determinao
Alguns segundos
2. Polarimetria
Mede a rotao da radiao
de propriedade
a 1 min.
3. Refratometria
Mede a refrao da radiao
4. Eltrico
fsica da gua.
5. Espectrometria RMN
Medio de propriedades
6.Espectrometria microonda
caractersticas da
7. Espectrometria NIR (regio
molcula de gua
prxima do infravermelho)
< 1 s.
< 1 s.
< 1 s.
= 800 a 2500nm
37
O mtodo mais usado para a determinao de umidade em pescado envolve a
dessecao em estufa a 105C. A quantidade de gua evaporada calculada, usualmente
aps sua remoo completa da amostra, por aquecimento sob condies padronizadas em
estufa na temperatura de 105 5C. Uma curva de secagem (Figura 4) para tilpia recm
capturada mostrada abaixo.
38
Esta maneira de expressar o teor de gua no quer dizer que toda a gua foi removida
do alimento, mas apenas feita uma previso da quantidade de gua que deve existir em 100g
de slidos da amostra mida.
Por isso, o termo base seca causa certa confuso quando relacionado com a gua; o
mesmo no acontece para expresso dos demais nutrientes em base seca. Neste caso,
entende-se que toda a gua do alimento foi removida, ficando ento, o resduo slido, isento de
gua, onde se faz uma correo dos teores de protena, lipdios, cinzas, etc., para uma
quantidade equivalente de 100g de slidos na amostra seca.
A maneira de expressar umidade em base seca usada com muita freqncia na
elaborao de curva de isoterma de soro e no conceito de atividade de gua.
Para ilustrar a aplicao das frmulas 1 e 2, analise a seguinte situao:
Um peso de 4,53g de amostra mida foi secada em estufa a 105C at obteno de um
peso constante de 1,812g. Quais so os teores de %Mu e %Ms?
Clculos:
(a) %Mu = (mH2O/ma) x 100 = (ma ms/ma) x 100 = (4,53 1,812/4,53) x 100 =
(2,718/4,53) x 100 = 271,8/4,53 = 60%.
(b) %Ms = (mH2O/ms) x 100 = (ma ms/ms) x 100 = (4,53 1,812/1,812) x 100 =
(2,718/1,812) x 100 = 271,8/1,812 = 150%.
As frmulas 3 e 4 permitem fazer a converso da %Mu para % Ms e vice-versa. Como
elas so deduzidas? (Lembre-se que: % Slidos = 100 %H2O e que ma = mH2O +
ms).
39
O coeficiente de atividade de uma espcie inica pode ser tomado como uma medida
de sua eficincia no estabelecimento do equilbrio do qual ele participa.
A atividade depende do soluto presente na soluo, porque a energia livre por mol,
conhecida com potencial qumico, uma propriedade da substncia. Por exemplo, a variao
da energia livre de Gibbs resultante da adio de 1 mol de acar diferente daquela devido a
adio de 1 mol de sal. O potencial qumico estimado aplicando-se a frmula 6.
Obs: Presso de vapor: Quando o vapor dgua entra na atmosfera as molculas de gua se
dispersam rapidamente, misturando-se com os outros gases e contribuindo para a presso
total exercida pela atmosfera. A presso de vapor simplesmente a parte da presso
atmosfrica total devida ao seu contedo de vapor dgua e diretamente proporcional
concentrao de vapor no ar.
40
Com base nos termos descritivos nas frmulas 5 a 7, deduz-se que:
(a) A atividade de gua uma medida do estatus de energia da gua no sistema;
(b) A definio mais comum para a atividade de gua, em termo fsico-qumico (frmula 7),
dada pela razo entre a presso de vapor da gua no alimento (p) e a presso de vapor da
gua pura (p0), isto , Aw = p/p0. Diversas maneiras so descritas na literatura para
expressar a atividade de gua, como por exemplo, Aw, aw, aw,, AA, Aa, Aa aa ou aa (obs:
a primeira letra a/A refere-se atividade, enquanto as outras letras esto associadas
gua, com w = water). Nesta apostila, a preferncia pelo uso de Aw.
(c) Percebe-se pela equao 7, que um aumento no nmero de moles do soluto (ns)
41
Pela frmula 9, deduz-se ento, que a atividade de gua pode ser calculada tambm
pela frmula 10.
Atividade de gua
Salinas
Temperatura (C)
5
15
NaOH
20
25
0,070
30
35
0,070
LiBr
0,074
0,069
LiCl
0,1130
0,1133
KCH3COO2
3
0,291
0,234
MgCl2
0,336
0,333
K2CO3
0,431
0,432
0,432
0,436
Mg(NO3)2
0,589
0,559
,,,,,,,
0,529
0,499
NaNO2
0,732
0,693
SrCl2
0,771
0,741
NaCl
0,757
0,756
(NH4)2SO4
0,824
0,817
KCl
0,877
0,859
BaCl2
0,910
CuSO4
K2SO4
0,064
0,112
0,113
0,655
0,328
0,654
0,979
60
70
0,045
0,020
0,113
0,110
0,110
0,110
0,110
0,317
0,317
0,305
0,295
0,216
0,325
0,321
0,635
0,628
0,615
0,600
0,590
0,590
0,755
0,749
0,755
0,745
0,740
0,740
0,820
0,810
0,800
0,795
0,709
0,755
0,753
0,803
0,853
0,843
0,907
0,903
0,973
0,985
50
0,060
0,0597
0,110
0,225
0,3320
40
0,065
0,803
0,835
0,830
0,900
0,895
0,968
0.973
0,967
0,893
0,885
0,875
0,870
0,893
0,885
0,875
0,870
42
b) Mtodos Instrumentais
b.1) Higrmetro de fibra baseia-se na mudana de comprimento de uma fibra ao adsorver ou
desorver umidade. Quando atingido o equilbrio, no ocorre mais mudana de comprimento
da fibra e a Aw lida diretamente numa escala.
b.2) Higrmetro eletrnico basicamente, existem trs tipos de medidores eletrnicos:
Baseado na capacidade que uma lmina higroscpica de cloreto de ltio tem de alterar sua
resistncia eltrica ou condutncia, induzida por uma mudana na umidade relativa devido
a presena da amostra. Essa mudana na resistncia medida em termos de corrente
eltrica num sensor de uma escala de um potencimetro.. Ex. Novasina.
FIGURA 05 Instrumento de bancada (A) e porttil (B) para medir a atividade de gua
O aparelho mede o ponto de orvalho (dew point). O sensor inclui um espelho Peltier de
ouro resfriado (Peltier colled gold mirror) para medir o ponto de orvalho e um detector de
infravermelho (IR) para medir a temperatura superficial da amostra. A amostra colocada
dento de uma cmara que ento fechada para formar uma atmosfera delgada de ar. No
sistema do ponto de orvalho em espelho resfriado, a Aw medida pelo equilbrio da fase
43
lquida da gua na amostra com a fase lquida da gua no espao superior da cmara fechada
e medio da umidade relativa do espao superior. A leitura digital aparece dentro de 1 a 2
minutos.
(2) Instrumento controlado por computao.
44
Uma isoterma de soro obtida durante o processo de secagem ou de rehidratao
de alimentos. No primeiro caso, a isoterma chamada de isoterma de desoro ou
desidratao, enquanto no ltimo, chamada de isoterma de adsoro ou rehidratao.
Geralmente, em alguma faixa de atividade de gua, as isotermas de desoro e adsoro no
se sobrepem. Este fenmeno chamado de HISTRESE, que significa a existncia de
diferena no contedo da umidade de equilbrio (URE) entre as curvas de desoro e
adsoro. Devido a este fenmeno, um alimento semi-desidratado e outro semi-hidratado,
tendo o mesmo teor de umidade podem apresentar diferentes Aw, e como conseqncia, vidas
de prateleiras diferentes por causa das diferentes possibilidades de sofrerem alteraes
qumicas e microbianas.
A preparao de uma isoterma de soro para um determinado alimento realizada
atravs do emprego dos modelos chamados de isoterma BET (Brunauer, Emmet. & Teller) e
isoterma GAB (Guggenheim, Andersen, de Boer), onde possvel determinar as trs regies
onde os diferentes tipos de gua acham-se envolvidos, em especial, a regio para a gua do
tipo I.
BET Model
aw / [(1 - aw) * m] = 1 / (mo * c) + [(c - 1)/(mo * c)] * aw,
(formula 11)
GAB Model
aw / [(1 - k * aw) * m] = 1 / (mo * c * k) + [(c - 1) / (mo * c)] * aw
ou
m = mo * c * k * aw / [(1 - k * aw)(1- k * aw + c * k * aw)
(frmula 12)
(frmula 13)
Uma isoterma pode ser dividida em trs regies (UNIDO, 2005) como mostrada na
Figura 08.
45
Regio A: representa a gua ligada (tipo I), onde as primeiras molculas esto retidas nos
grupos hidroflicos polares e carregados dos componentes dos alimentos (protena,
polissacardios, etc.). Incluem-se guas estruturais, da monocamada e de hidratao.
Regio B: as molculas de gua ligam-se menos firmemente do que a primeira. Esta gua
disponvel como um solvente para solutos de baixo peso molecular e para algumas reaes
bioqumicas. Esta classe de gua (tipo II) representa um estado de transio contnuo entre
a gua ligada (tipo I) e a gua livre (tipo III).
Regio C: as propriedades da gua nesta regio esto bastante prximas daquela da gua
livre, que preenche os espaos vazios e inter-granulares, os poros e vasos capilares,
portanto, fracamente ligados nos materiais alimentcios. uma gua mvel e retm as
propriedades da gua pura (solvente e agente dispersante).
46
F.4) IMPORTNCIA DA DETERMINAO DA ATIVIDADE DE GUA
A atividade de gua (Aw) tem sido considerada como uma propriedade fundamental no
controle de qualidade de alimentos. A Aw de um alimento no a mesma coisa que a
determinao do seu contedo percentual de gua. Informaes importantes deduzidas
atravs da medio da Aw incluem as seguintes:
a) considerada uma medida da gua que no est ligada ao alimento, isto , da gua livre.
Em outras palavras, o teor de gua livre expresso como atividade de gua.
b) Fornece uma estimativa da gua que se encontra envolvida com as alteraes qumicas e
biolgicas nos alimentos, como mostrado na Figura 10.
Bactrias: 0,80
Bactrias haloflicas: 0,75
Leveduras: 0,75
Leveduras osmoflicas (ambientes de alta presso osmtica): 0,60.
Fungos: 0,70
Fungos xeroflicos (ambientes secos): 0,65
Outras reaes caractersticas que podem ser controladas atravs da Aw so as
seguintes:
Preveno da atividade enzimtica: Aw < 0,3.
Inibio do escurecimento no enzimtico (Reao de Maillard): Aw < 0,2.
oxidao lipdica: intensa tanto na regio de alta e baixa Aw. Devido a este fato, existe
uma regio de oxidao mnima, onde a Aw em torno de 0,3 (faixa de 0,2 a 0,4). Na regio
de baixa Aw, a oxidao intensa porque a pequena quantidade de gua presente no alimento
47
atua (1) destruindo radicais livres; (2) ligando tomos de H nos hidroperxidos, como
conseqncia, diminuindo sua velocidade de converso em outros produtos oxidados; e (3)
provocando a hidratao ou reao com metais, com isto, reduzindo a ao catalisadora
oxidativa desses metais. Quando a Aw aumentada em direo da regio de alta Aw, a
oxidao lipdica aumenta, devido ao aumento da mobilidade dos catalisadores e porque novas
superfcies catalticas so expostas no alimento intumescido.
Valores de atividade de gua para algumas bactrias, leveduras e bolores individuais
so mostrados na Tabela 12.
TABELA 12 Valores da atividade de gua controlando o desenvolvimento de
microrganismos.
Aw
0,98
0,97
0,96
0,95
0,94
0,93
0,92
0,91
0,90
BACTRIA
Cl.botulinun E e Pseudomonas
Cl. botulinum A, B, C
Flavobacterium klebsiella,
Lactobacillus, Proteus,
Pseudomonas, Shigella
Alcaligenes, Bacillus, citrobacter, Cl.
Botulinum A e B, enterobacter,
Vibrio, Escherichia, Proteus,
Pseudomonas, Salmonella, ,
Serratia, Lactobacilus
Lactobacillus, Microbacterium,
Pediococcus, Streptococcus, Vibrio,
enterobacter
Lactobacillus, Streptococcus, Vibrio
Corynebacterium (anaerobiose)
Staphilococcus, Streptococucs
Micrococcus, Pediococcus,
Lactobacillus, Vibrio, Bacillus
0,88
0,87
0,86
0,85
0,80
0,75
0,62
0,605
LEVEDURA
Stachybotrysata
Rhodotorula, Picchia
Hansenula,
Saccharomyces
Candida,
Debaryomuces,
Torulopsis,
Hanseniaspora
Debaryomyces
Saccharomyces baillii
Halobacterium (halfilas)
Halococcus
BOLORES
Rhizopus, Mucur,
Botrytis
Cladosporium
Paecilomyces
Penicillium
Aspergillus, Penicillium
Eremascus
Aspergillus
48
TABELA 13 Valores da atividade de gua controlando as alteraes em alimentos.
Aw
FENMENO
EXEMPLOS
1,0
0,95
0,90
0,85
0,80
0,75
0,70
0,65
0,60
0,55
0,50
0,30
0,25
0,20
49
TABELA 14 Efeito da temperatura sobre a atividade de gua de amostras.
Amostra
6M NaCl
gua destilada
Soup mix
Toasted oats
Peanut Butter cup
Cookie
Dog Food
Coconut cake
Beef jerky
Chocolate syrup
Salsicha
10C
0,760
1,000
0,191
0,220
0,297
0,524
0,762
0,761
0,694
0,866
0.942
20C
0,760
1,000
0,239
0,242
0,292
0,529
0,769
0,764
0,697
0,866
0,943
30C
0.760
1,000
0,292
0,289
0,289
0,546
0,789
0,764
0,693
0,858
0,944
40C
0,760
1,000
0,302
0,272
0,272
0,55
0,817
0,770
0,698
0,868
0,938
50
Mecanismo de efeito: Formao de soluo.
Qualidade afetada: Todas (qualidade de comestibilidade, nutricional, processamento,
conservao
H.2) Meio de reao
Faixa de umidade dos alimentos: Todas, com exceo da faixa muito baixa.
Mecanismo de efeito: Facilita a mudana qumica.
Qualidade afetada: Todas, em especial na manuteno da qualidade.
H.3) Mobilizao de reagentes - A mobilidade dos reagentes alterada pela Aw porque
muda a viscosidade do sistema. Isto influencia o escurecimento no enzimtico, degradao de
vitaminas, desnaturao de protenas, gelatinizao do amido e retrogradao de amido.
Faixa de umidade dos alimentos: Baixa
Mecanismo de efeito: Facilita o movimento das molculas do reagente sobre as superfcies
hidratadas.
Qualidade afetada: Manuteno da qualidade de alimentos desidratados
H.4) Reagente
Faixa de umidade dos alimentos: Todas
Mecanismo de efeito: hidrlise de lipdios, protenas, polissacardios.
Qualidade afetada: Sabor, odor, textura e manuteno geral da qualidade.
H.5) Antioxidante
Faixa de umidade dos alimentos: Baixa
Mecanismo de efeito:
1)
2)
3)
4)
5)
Qualidade afetada: Alterao de sabor , odor, cor, textura e valor nutritivo, especialmente
durante estocagem.
H.6) Pr-oxidante
Faixa de umidade do alimento:
Mdia
- Mecanismo de ao:
1) Reduo na viscosidade aumentando a mobilidade dos reagentes e
catalisadores.
2) Dissoluo de precipitados catalticos.
3) Entumescimento dos slidos, expondo novos stios catalticos e grupos
oxidveis.
- Qualidade afetada: Sabor, odor, cor, textura e valor nutritivo, especialmente durante
estocagem
Mdia e alta
- Mecanismo de ao: Formao de principais fontes de radicais livres em alimentos
irradiados.
- Qualidade afetada: Especialmente sabor, odor e cor aps irradiao.
51
H.7) Estrutural - A gua retida por ligaes H, on-dipolo e outras ligaes qumicas fortes.
H.7.1) Intramolecular (participao de gua dentro de macromolculas)
Faixa de umidade dos alimentos: Todas
Mecanismo de ao: Manuteno da integridade das molculas de protenas.
Qualidade afetada: Textura e outros atributos influenciado por enzimas.
H.7.2) Intermolecular (participao de gua entre macromolculas)
Faixa de umidade dos alimentos:
Baixa
- Mecanismo de ao:
1) Pontes de H cruzadas com potenciais grupos de macromolculas.
2) Qualidade afetada: Textura (de alimentos desidratados e reconstitudos).
3) Ligao de H em grupos superficiais de partculas slidas, aumentando a frico entre elas.
- Qualidade afetada: Viscosidade em chocolate
Mdia
- Mecanismo de ao: Interaes moleculares influenciando a ligao de lipdios s
protenas de farinha de trigo.
- Qualidade afetada: Propriedades reolgicas de massas ou panificao.
Mdia e alta
- Mecanismo de ao:
1) Influncia sobre a conformao e interao de polissacardios e protenas na formao de
gel.
- Qualidade afetada: Propriedades da textura de gis.
2) Influncia sobre a estrutura de emulses pela interao com lipdios de superfcies ativas.
- Qualidade afetada: Propriedades reolgicas das emulses.
I) EFEITO DO PROCESSAMENTO SOBRE O TEOR DE GUA
O contedo de gua do peixe comea a mudar to logo foi capturado. Peixe fresco
inicialmente ganha gua se mantido em gelo ou gua do mar resfriada. Se mantido em gelo,
sob presso (excesso de gelo e peixes) por longo perodo, o peixe comea a perder peso; em
caso extremo at 15% perdido, mas nem tudo gua. Semelhantemente, todo tipo
manuseio posterior podem conduzir s mudanas no teor de gua.
A Tabela 15 relaciona algumas operaes de processamento do pescado, os efeitos e
fatores para controlar as alteraes de gua. Verifica-se que perdas de peso so mais comuns
do que ganhos.
Medidas, sobre base livre de gordura, da relao protena/gua, provavelmente dever
ser a melhor indicao da gua perdida ou incorporada.
Os interesses dos produtores e consumidores nesta rea tende a ser algo diferentes. O
produtor tende a evitar perda no peso (exceto onde necessrio, tal como, na defumao ou
52
enlatamento) e aplica tratamento com polifosfatos e glazeamento que aumentam o peso. Isto
no implica que o ganho de peso seja somente a causa principal para o tratamento. Aos
consumidores, por outro lado, no dever ser oferecido pescado que tenha sido adicionado
intencionalmente uma certa quantidade de gua. Devemos conciliar os interesses.
TABELA 15 Fatores afetando o teor de umidade em diferentes tipos de processamento de
peixe.
Fatores afetando o teor de
umidade
Variao
de peso *
Processamento
Efeito
Estocagem do peixe
inteiro em gelo
Ganho ou perda de
peso
Estocagem do peixe
inteiro em gua do mar
resfriada
Ganho de gua
(normalmente)
+3
Lavagem do fil
Tempo e temperaTura.
+1
Tempo
-2
Tratamento com
polifosfa- tos ou
imerso em salmou ra
pr-congelamento
Aumenta a capacidade
de reteno de gua.
+5
Velocidade do ar,
Temperatura e forma da
poro do peixe.
-3
Congelamento
+2 a 5
Glazeamento do peixe
congelado.
Aplicao de uma
Temperatura do peixe e da
camada de gelo sobre a gua, tempo e forma da
superfcie.
poro do peixe.
Estocagem fria e
distribuio congelada.
Desidratao por
sublimao do gelo.
Degelo
Temperatura da cmara de
estocagem, tempo de
estocagem fria e mtodo de
degelo.
Defumao
Sal ou marinhado
Perda de gua
Secagem (incluindo a
manufatura de farinha
de peixe)
Evaporao
Tempo e temperatura
- 80
(mximo)
Cozimento (incluindo
enlatamento)
Perda de lquido
Tempo e temperatura
-20
* % do peixe fresco.
+5 a +
20%
-5
-2 a - 5
-10 a 15
- 40
53
54
A.3.3) ESFINGOSINA uma base amina (NH2), contendo dois grupos hidroxlicos (OH) e
uma cadeia hidrocarbnica monoinsaturada de 15 tomos de carbono. Pode ser considerada
como um derivado do glicerol, onde o grupo OH no C-2 do glicerol foi substitudo pelo grupo
amino e o hidrocarboneto encontra-se ligado a uma extremidade do glicerol. Compostos
contendo a esfingosina so chamados de ESFINGOLIPDIOS.
apresentando-se na forma livre ou esterificado com um cido graxo. Sua cadeia pode ser
saturada ou insaturada e linear ou ramificada (iso, anteiso ou multiramificada). Apresenta a
seguinte frmula geral:
presente
em
esteris,
55
A.3.7) GRUPO FOSFATO: especialmente presente nos fosfolipdios.
56
A.4) COMPONENTES LIPDICOS
Os compostos bsicos dos LIPDIOS, individualmente ou unidos entre si, formam os
componentes lipdicos. Dentre estes, destacamos os seguintes:
(1) Acilgliceris: glicerol + cidos graxos
(2) Glicoglicerolipdios ou glicolipdios (GL): glicerol + cidos graxos + carboidrato.
(3) Esfingoglicolipdios: esfingosina + cidos graxos + carboidrato.
(4) Glicerofosfolipdios ou fosfolipdios (PL): glicerol + cidos graxos + grupo fosfato + base
orgnica.
(5) Esfingofosfolipdios: esfingosina + cidos graxos + grupo fosfato + base orgnica.
(6) Esteris: peridrociclopentanofenantreno + cidos graxos + cadeia hidrocarbnica.
(7) Pigmentos carotenides: cadeia hidrocarbnica + cidos graxos.
(8) Vitaminas lipossolveis: compostos variados.
(9) Cras: cidos graxos + lcoois graxos.
(10) cidos graxos livres.
(11) Hidrocarbonetos graxos: so HC de alto peso molecular.
A.5) EXTRAO DOS COMPONENTES LIPDICOS
Os vrios componentes lipdicos presentes numa determinada amostra so chamados
coletivamente de LIPDIOS TOTAIS (LT). Para extrao dos LT, comumente faz-se uso dos
seguintes mtodos:
(A.5.1) MTODO DE SOXHLET emprega-se o aparelho chamado de BATERIA DE
SOXHLET ou SABELLIN, composta pelos seguintes elementos (Figura 20):
57
O mtodo est baseado em trs etapas:
A - Extrao da gordura da amostra com solvente.
B - Eliminao do solvente por evaporao.
C - A gordura extrada quantificada por pesagem.
A extrao de lipdeos dos alimentos se faz na maioria dos casos por lixiviao
exaustiva por meio de solvente orgnico (ter etlico), seguida de remoo por evaporao do
solvente utilizado. O resduo seco obtido constitudo por todos os compostos que nas
condies de determinao so extrados pelo solvente: acilgliceris, glicolipdios, fosfolipdios,
esterides, vitaminas, carotenides, etc.
As seguintes observaes devem ser lembradas durante a extrao de LT pelo mtodo
de Soxhlet:
considerado um mtodo de extrao com solvente quente, cuja temperatura
(geralmente na faixa de 40 a 80C) dependente da soluo formada entre os
componentes lipdicos e o solvente utilizado. Por exemplo, cerca de 70 C, utilizando lcool
etlico como solvente para extrao de prpolis.
Envolve uma extrao slido/lquido (amostra/solvente)
De preferncia deve ser usada amostra totalmente seca (em estufa) ou semi-desidratada
(misturada com sulfato de sdio anidro). Amostra mida pode ser usada, mas o tempo de
extrao mais prolongado.
Solventes recomendados: de baixa e mdia polaridade ou apolares, tais como, hexano,
ter de petrleo, ter etlico, acetona, tetracloreto de carbono, etc. Estes solventes apolares
extraem a frao lipdica neutra que incluem cidos graxos livres, mono, di e triacilgliceris,
e alguns mais polares como fosfolipdios, glicolipdios e esfingolipdios. Esteris, ceras,
pigmentos lipossolveis e vitaminas, podem ser extrados apenas parcialmente. Contudo,
em funo do tempo prolongado de extrao, considera-se que todos os componentes
lipdicos sejam extrados por este mtodo.
Em muitos alimentos processados, como em produtos derivados do leite, po, produtos
fermentados, aucarados e produtos animais, a maior parte dos lipdeos est ligada a
protena e carboidratos, e a extrao direta com solventes no polares ineficiente. Estes
alimentos precisam ser preparados para a extrao de gordura por hidrlise cida ou
bsica, ou outros mtodos.
Eficincia da extrao a quente depende de uma srie de fatores:
1- Natureza do material a ser extrado.
2- Tamanho das partculas: quanto menor mais fcil a penetrao do solvente.
3- Umidade da amostra: a gua presente na amostra dificulta a penetrao do solvente
orgnico por imiscibilidade.
4- Natureza do solvente.
5- Semelhana entre as polaridades do solvente e da amostra.
6- Ligao dos peptdios com outros componentes da amostra.
7- Circulao do solvente atravs da amostra.
58
8- A velocidade do refluxo no deve ser nem muito alta nem muito baixa, porque pode haver
pouca penetrao do solvente na velocidade muito alta.
9- Quantidade relativa entre solvente e material a ser extrado: quanto mais solvente maior a
extrao, porm no se deve usar em excesso por causa do alto custo do solvente.
(A.5.2) MTODO DE BLIGH & DYER (1959). (Can. J. Biochem. Physiol., v. 37, p.911-917).
Este mtodo uma adaptao do mtodo de Folch para extrao de lipdios de tecidos de
peixes, que contm relativamente pouco contedo de lipdio e alta proporo de gua.
Utiliza inicialmente uma mistura de solventes metanol/clorofrmio/gua na proporo de
2:1:0,8 na primeira homogeneizao, que muda para 2:2:0,8 na segunda homogeneizao e
finalmente para 2:2:1,8 na terceira homogeneizao. Nesta seqncia de extrao, cerca de
93% dos LT so extrados.
Para extrao total dos lipdios, o resduo slido novamente extrado com mais
clorofrmio que juntado ao extrato acima. Essa mistura separada em duas fases: A
superior contendo metanol, gua e impurezas no lipdicas descartada, enquanto a
camada clorofrmica inferior contm os lipdios puros.
A.6) DIVISO DOS LIPDIOS EM CLASSES
Os lipdios abrangem um nmero muito grande de substncias, que podem ser
divididos em trs classes, que so as seguintes:
A.6.1) LIPDIOS NEUTROS (LN): abrangem os cidos graxos livres (>C12), acilgliceris,
esteris, carotenides, hidrocarbonetos, ceras e vitaminas lipossolveis.
A.6.2) GLICOLIPDIOS (GL): so os lipdios que contm como componente caracterstico um
carboidrato.
A.6.3) FOSFOLIPDIOS (PL): so os lipdios que contm como componente caracterstico um
grupo fosfato.
A separao e quantificao das classes de lipdios pode ser realizada por meio de
mtodos cromatogrficos, tais como, cromatografia em camada delgada, cromatografia lquida
de alta eficincia (CLAE ou HPLC), cromatografia de troca inica ou cromatografia em coluna
aberta.
Os teores das classes de lipdios em diferentes alimentos so mostrados na tabela 16.
Verifica-se que os lipdios neutros a classe majoritria nos alimentos. Nota-se tambm a
ausncia de glicolipdios e a presena de fosfolipdios em algumas amostras. Com poucas
excees, os fosfolipdios apresentam-se como componentes principais em alimentos (ex.
ma e amido de trigo).
59
TABELA 16 Contedos das classes de lipdios em alimentos.
Amostra
% Lipdios
%LN
Soja
20
>96
1,1-3,2
Milho
3,8
>97
1-2
22-24
>97
0,7-0,9
Arroz
2,4
>98
0,5
Amendoim
48
>98
0,3-0,4
11
90-96
4-8
86-91
8-14
1,4
66-69
30-34
89-92
7,5-10
38-67
36-55
Algodo
%GL
0,06
%PL
Leite
3,7
95-98
0,8-1,0
Gema de ovo
33
72
Amido de trigo
2,2
89
Farinha de trigo
1,1-1,8
59
26
15
Ma
0,0-0,5
36
17
47
28
abrangem
os
glicolipdios,
fosfolipdios,
esfingoglicolipdios
60
A.8.2) ESTERIS: so os componentes lipdicos que contm como estrutura bsica o
PERIDROCICLOPENTANOFENANTRENO, contendo um grupo hidroxlico livre ou esterificado
com um cido graxo no C3. Alguns compostos representativos so:
(1) Zoosteris so esteris de origem animal. Colesterol (colest-5-ene-3--ol) o principal
zooesterol, sendo o precursor de outros importantes esterides, tais como, hormnios,
cidos biliares e vitamina D.
FIGURA 22 Frmula estrutural do colesterol livre (A) e esterificado com cido graxo (B).
(2) Fitoesteris so esteris de origem vegetal.
61
Frmula geral para HC normal saturado: .
(n= 6 a 40 ou mais)
FIGURA 25 Frmula geral de hidrocarboneto aliftico normal.
Exemplos:
(a) n = 12
(b) n = 16
(c) n = 18
(d) n = 20
C14H30
C18H38
C20H42
C20H46
tetradecano.
octadecano.
eicosano ou icosano.
docosano.
62
b) HC insaturados.
Em pescado, os membros mais comuns deste tipo de HC so fitadieno (C20H38,
ismeros 1,3; e 2,4) e esqualeno (C30H50), mostrados abaixo:
63
Com anel -ionona
(2.1) BETA CAROTENO
64
2) Vitamina D livre e seus derivados esterificados ou no com cido graxo.
ou
2-metil-3-(3,7,11,15-tetrametil-2-
65
A.8.6) CERAS so formadas por cidos graxos e lcoois graxos.
66
A.9.2) SULFATDIOS So glicolipdios contendo grupo sulfato (SO4) ou sulfnico (HSO3)
ligado ao grupo carboidrato.
67
A.10.2) ESFINGOFOSFOLIPDIOS so fosfolipdios contendo ESFINGOSINA. So tambm
chamados de ceramidas. O grupo OH do C-1 da esfingosina encontra-se ligado ao grupo
fosfato dos fosfolipdios, como mostrado abaixo.
68
A nomenclatura descrita nas tabelas 17 a 21 foi elaborada a partir das recomendaes
IUPAC-IUBMB/CNB.
TABELA 17 Nomenclatura de cidos graxos saturados
Designao
Nome sistemtico
Curta (IUPAC)
(IUPAC)
10:0
cido n-decanico
11:0
cido n-hendecanico
Nome comum
Ponto de
Fuso (C)
31,3
28,6
cido cprico
cido undeclico
Ponto de
Ebulio (C)
152
---
12:0
cido n-dodecanico
cido lurico
43,6
13:0
cido n-tridecanico
cido trideclico
44,0
---
14:0
cido n-tetradecanico
cido mirstico
53,8
190
15:0
cido n-pentadecanico
cido pentadeclico
52,3
---
16:0
cido n-hexadecanico
cido palmtico
63,0
210
17:0
cido n-heptadecanico
cido margrico
61,2
227
18:0
cido n-octadecanico
cido esterico
69,9
226
19:0
cido n-nonadecanico
cido nonadeclico
70,0
---
20:0
cido araqudico
75,2
240
cido heneicoslico
74,3
---
22:0
cido n-eicosanico
(ou icosanico)
cido n-heneicosanico
(ou henicosanico)
cido n-docosanico
cido behnico
80,2
257
24:0
cido n-tetracosanico
cido lignocrico
84,2
272
26:0
cido n-hexacosanico
cido certico
87,7
---
21:0
Nome sistemtico
(IUPAC)
N tomos
Carbono
cido-10-metil undecanico
12
Iso-lurico
ai-12:0
cido-9-metil undecanico
12
Anteiso-lurico
i-13:0
cido-11-metil dodecanico
13
Iso-trideclico
ai-13:0
cido-10-metil dodecanico
13
Anteiso-trideclico
i-14:0
cido-12-metil tridecanico
14
Iso-mirstilico
ai-14:0
cido-11-metil tridecanico
14
Anteiso-mirstilico
i-15:0
cido-13-metil tetradecanico
15
Iso-pentadeclico
ai-15:0
cido-12-metil tetradecanico
15
Anteiso-pentadeclico
i-16:0
cido-14-metil pentadecanico
16
Iso-palmtilico
ai-16:0
cido-13-metil pentadecanico
16
Anteiso-palmtilico
i-17:0
cido-15-metil hexadecanico
17
Iso-margrico
ai-17:0
cido-14-metil hexadecanico
17
Anteiso-margrico
i-18:0
cido-16-metil heptadecanico
18
Iso-estearlico
ai-18:0
cido-15-metil heptadecanico
18
Anteiso-estearlico
i-19:0
cido-17-metil octadecanico
19
Iso-nonadeclico
ai-19:0
cido-16-metil octadecanico
19
Anteiso-nonadeclico
i-20:0
cido-18-metil nonadecanico
20
Iso-araqudico
ai-20:0
cido-17-metil nonadecanico
20
(fonte: http://www.universalbiologicals.ltd.uk/sphin10.htm)
Nome comum
Anteiso-araqudico
170
69
Designao de steres metlicos de cidos graxos normais e ramificados.
(1) 12-metiltridecanoato de metila (iso-14:0metil)
Total de carbono: 15;
Designao curta
(IUB)
Nome sistemtico
(IUPAC)
Nome comum
14:1(5)
14:1(9)
14:19
14:15
cido-5-tetradecenico
cido -9-tetradecenico
cido fisetrico
cido miristolico
16:1(9)
16:17
cido -9-hexadecenico
cido palmitolico
18:1(6)
18:112
cido -6-octadecenico
cido petroselnico
18:1(9)
18:19
cido -9-octadecenico
cido olico
18:1(11)
18:17
cido -11-octadecenico
cido vacnico
20:1(9)
20:111
cido -9-eicosenico
cido gadolico
20:1(11)
20:19
cido -11-eicosenico
cido gondico
22:1(11)
22:111
cido -11-docosenico
cido cetolico
22:1(13)
22:19
cido -13-docosenico
cido ercico
24:1(15)
24:19
cido -15-tetracosenico
cido nervnico
Designao
Curta (IUB)
16:26
Nome sistemtico
(IUPAC)
cido -7,10-hexadecadienico
Nome comum
18:2(9,12)
18:26
cido -9,12-octadecadienico
cido linolico
20:2(8,11)
20:29
cido -8,11-eicosadienico
-----
20:2(11,14)
20:26
cido -11,14-eicosadienico
-----
-----
70
TABELA 21 Nomenclatura de cidos graxos polinsaturados
Designao curta
(IUPAC)
Designao
Curta (IUB)
18:3(6,9,12)
18:36
18:3(9,12,15)
18:33
18:4(6,9,12,15)
18:43
20:3(5,8,11)
20:39
20:3(8,11,14)
20:36
20:3(11,14,17)
20:33
20:4(5,8,11,14)
20:46
20:4(8,11,14,17)
20:43
20:5(5,8,11,14,17)
20:53
22:4(7,10,13,16)
22:46
22:4(10,13,16,19)
22:43
22:5(4,7,10,13,16)
22:56
22:5(7,10,13,16,19)
22:53
22:6(4,7,10,13,16,19)
22:63
Nome sistemtico
(IUPAC)
Nome comum
cido -6,9,12octadecatrienico
cido -9,12,15octadecatrienico
cido -6,9,12,15octadecatetraenico
cido -5,8,11eicosatrienico
cido -8,11,14eicosatrienico
cido -11,14,17eicosatrienico
cido -5,8,11,14eicosatetraenico
cido -8,11,14,17eicosatetraenico
cido 5,8,11,14,17Eicosapentaenico
cido -7,10,13,16docosatetraenico
cido -10,13,16,19docosatetraenico
cido -4,7,10,13,16docosapentaenico
cido -7,10,13,16,19docosapentaenico
cido -4,7,10,13,16,19Docosahexanico
cido -linolnico
cido -linolnico
cido mortico
cido mead
cido -homolinolnico ou DGLA
----cido araquidnico ou AA
----EPA ou cido timnodnico
cido adrnico
DTA3 ou cido docosatetraenico.
DPA6 ou cido docosapentaenico
DPA3 ou cido clupanodnico
DHA ou cido cervnico
71
Estudos posteriores tm sugerido que os PUFAs biossintetizados de 18:26 e 18:33,
todos apresentam atividade de AGE, especialmente, os cidos araquidnico (20:46),
eicosatrienico (20:36) e eicosapentaenico (20:53), que so importantes compostos
biolgicos chamados de EICOSANIDES. Por outro lado, os PUFAs derivados de 16:17 e de
18:19 no apresentam atividade de AGE e suas respectivas biossnteses so suprimidas
quando quantidade suficiente de AGE 6 e 3 esto presentes na dieta.
A.11.3) FUNES E FONTES DE CIDOS GRAXOS
Os componentes dietrios tm sido implicados em vrias doenas em seres humanos,
particularmente, com doenas do corao, aterosclerosis ( o depsito no interior das artrias
de substncias gordurosas junto com colesterol, clcio, produtos de degradao celular e
fibrina - material envolvido na coagulao do sangue e formador de cogulos), cncer e
alergias. Modificaes no hbito alimentar, em especial, na reduo do consumo de gorduras e
colesterol e aumento na ingesto de cidos graxos polinsaturados da famlia mega-3 (3) tm
sidos sugeridos para reduzir o perigo s essas doenas.
Por outro lado, existe certa preocupao de que o consumo excessivo de AG6 poder
tambm provocar a hiper-formao de cido araquidnico (AA), acentuando assim, a formao
de substncias chamadas de eicosanides [prostaglandinas (PG), leucotrienos (LT),
tromboxanos (TX) e lipoxinas (LX)], em resposta ao estmulo normal, e como conseqncia,
exacerbando certas condies patopsicolgicas, tais como, crescimento de tumor, artrite e
trombose. Mais recentemente tem-se divulgado que o consumo de cidos graxos 3, que
competindo com os AG6, poder modificar os efeitos danosos dos AG6, consequentemente,
melhorando os efeitos indesejveis da produo excessiva de eicosanides.
Devidos aos efeitos positivos e negativos dos diversos cidos graxos importante
conhecer as principais funes desempenhadas pelos diferentes cidos graxos.
(1) CIDOS GRAXOS SATURADOS DE CADEIA MDIA (C6 a C10)
TABELA 22 Funes e fontes de cidos graxos saturados de cadeia mdia.
cido Graxo
Funes/Fontes
So utilizados principalmente como fonte imediata de energia (calorias)
Caprico (6:0), Caprlico (8:0) Fontes: gordura de leite de cabra e vaca.
e Cprico (10:0)
leos de cco e de babau.
Semente de uva.
72
(2) CIDOS GRAXOS SATURADOS DE LONGA CADEIA (C12 a C24)
TABELA 23 Funes e fontes de cidos graxos saturados de cadeia longa.
cido Graxo
Funes/Fontes
So utilizados como nutriente energtico e tambm envolvidos na reduo do nvel de
HDL-COL e aumento do nvel de LDL-COL no plasma sangneo.
Funes: Hiperlipidemico (elevao do teor de lipdios no
sangue).
Hipercolesterolmico (< 14:0 e 16:0).
Lurico (12:0)
Pr-trombtico.
Fontes: leos de sementes de Lauraceae (canela e louro) e
de Palmaceas (cco, ourio e dend).
Gordura de leite.
Funo: Hipercolesterolmico (quase prximo de 16:0)
Mirstico (14:0)
Fonte:
Gorduras animais e vegetais (noz-moscada, Myristica)
Funes: Hipercolesterolmico (maior de todos os saturados)
Palmtico (16:0)
Fontes: leos de sementes de algodo, dend
Gordura de leite
Funes: Elevao do teor de triglicerdios no plasma
sangneo.
considerado neutro como precursor de colesterol
Esterico (18:0)
Fontes: Gorduras de sementes e polpas de frutas.
leos de animais marinhos.
Gordura de leite.
(3) CIDOS GRAXOS MONOINSATURADOS
TABELA 24 Funes e fontes de cidos graxos monoinsaturados.
cido Graxo
Funes/Fontes
Participam da formao e fluidez de membranas das clulas, rgos e tecidos.
Funes:
Fontes: No ocorre em teores apreciveis em leos e gorduras.
Miristolico (14:15)
Teor elevado na cabea de espermatozide (~ 14%).
Funes:
Palmitolico (16:17) Fontes: leos de peixes (at ~20%) e cauda de esperma (~27%).
Funes: Sua deficincia, junto com o cido ercico, pode provocar
o desgaste da mielina.
Olico (18:19)
Precursor de 20:39 em insuficincia de AGE.
Fontes: o principal AG em lipdios vegetais e animais. Quase
sempre est junto com pequenos teores de 18:17 e 12.
Funo:
Gondico (20:19)
Fontes:
Funo: Participa da formao de membranas nervosas.
Sua deficincia provoca a adrenoleucodistrofia (desgaste
da mielina, cujos sintomas so: hiperatividade, irritabiliErcico (22:19)
dade, cegueira, mudez e morte em crianas. Esta doena
foi divulgada no filme leo de lorenzo.
Fontes: leo de mostarda (~42%) e colza (~50%).
Funo: Participa do controle neurolgico.
Nervnico (24:19)
73
(4) CIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS MEGA-6
TABELA 25 Funes e fontes de cidos graxos polinsaturados da famlia 6.
cido Graxo
Funes/Fontes
Principais precursores de compostos eicosanides: Prostaglandinas (PG), tramboxanos
(TX), leucotrienos (LT) e lipoxinas (LX).
Funes: cido graxo essencial.
Precursor do cido araquidnico (AA ou 20:46).
Linolico (18:26)
Hipolipidmico comparado com os AG saturados.
Aumenta a fluidez das membranas.
Consumo normal poder diminuir o teor de colesterol.
Fontes: leo de soja (53%), milho (42%), algodo (50%) e
Girassol (60%).
leo de pescado (at 15%).
Funes: Inibidor de enzimas dessaturase
20:26
Fontes:
Funo: Precursor de eicosanides da srie-1.
-homolinolnico (20: 36)
Fontes:
Funo: Fluidez das membranas
Precursor de eicosanides da srie-2:
Araquidnico (AA /20:46)
Fontes:
Funo: Alto consumo aumenta a massa de tecido adiposo.
22:26 e 22:46
Fontes:
Outras funes realizadas no corpo de animais pelos cidos graxos da famlia 6 so
as seguintes:
Estrutura das membranas: so componentes chaves da estruturas das membranas celulares,
afetando a fluidez das membranas e das propriedades de uma faixa de receptores ligados s
membranas, enzimas e canais.
Permeabilidade da pele: so requeridos para manter as barreiras caractersticas das
membranas do corpo. Por exemplo, a permeabilidade gua da pele aumentada (levando a
uma secagem mais rpida) se existe uma queda abrupta desses cidos graxos.
Movimento do Colesterol: colesterol transportado ao longo do corpo na forma de ster com
cidos graxos e em particular os 6 parecem aumentar a solubilidade do colesterol.
Precursores de molculas reguladoras:
74
efetivamente inibem a agregao de plaquetas, induzindo a vasoconstrio e reduo da
presso sangnea.
Outro exemplo, o medicamento CITOTEC que contm como princpio ativo o
misoprostol, um anlogo sinttico da PROSTAGLANDINA E1 (PGE1). Ele exerce um efeito
protetor sobre a mucosa gastrointestinal devido ao aumento de muco e da secreo de on
bicarbonato, alm do aumento do fluxo sangneo na mucosa. Em adio, o citotec inibe a
secreo cida. O PGE1 de ocorrncia natural no efetivo aps administrao oral por causa
da sua instabilidade em ambiente cido; ele tambm rapidamente degradado quando
administrado parentalmente, prejudicando sua utilidade prtica em tratamento clnico. Contudo,
a modificao estrutural do PGE1 natural conduziu ao desenvolvimento do citotec, resultando
em uma droga oralmente ativa com tempo de ao maior, o que possibilitou seu uso em
tratamentos clnicos. Quando usado em dose suficientemente alta, ele tambm provoca a
contrao uterina. Em vrios pases da Amrica do Sul, as mulheres usam altas dosagens de
citotec para induzir o aborto.
Segundo a literatura mdica, a prostadil (outro derivado da PGE1) um agente
vasodilatador que atua relaxando o msculo liso de corpos cavernosos e aumenta o dimetro
das artrias cavernosas, e como conseqncia, melhora ereo do pnis.
(5) CIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS MEGA-3
TABELA 26 Funes e fontes de cidos graxos polinsaturados da famlia 3.
cido Graxo
Funes/Fontes
Reduzem a sntese de cido araquidnico e de seus derivados eicosanides.
Funes: cido graxo essencial.
-Linolnico (18:33)
Fluidez das membranas.
Hipolipidmico.
Precursor de EPA e DHA.
Reduz a sntese de eicosanides do AA.
Fontes: leo de linhaa (50%) e soja (8%).
Ocorrem em pequenas qtes. na maioria dos
alimentos.
Funes: Precursor de eicosanides da srie 3 (PGI3, TXA3 e
EPA ou 20:53
TXB3)
PGI3 inibe a agregao de plaquetas.
Hipolipidmico.
Reduz a sntese de AA e de eicosanides.
Fontes: leos de peixes de gua fria.
Fitoplncton.
Algas marinhas.
Funo: Componente da membrana nervosa
DPA3 ou 22:53
Fontes:
Funo: Participa do desenvolvimento neurolgico.
DHA ou 22:63
Hipolipidmico.
Essencial para a viso.
Reduz a sntese de AA
Fontes: leos de peixes de gua fria
Fitoplncton.
Algas marinhas
75
B) ALTERAES DOS LIPDIOS
B.1) HIDRLISE DE LIPDIOS
Praticamente, todos os componentes lipdicos contm cidos graxos ligados a outros
compostos bsicos atravs de ligaes steres, o que resulta na formao de acilgliceris,
glicolipdios, fosfolipdios, ceras, esteris, vitaminas lipossolveis e pigmentos carotenides.
Estas ligaes steres podem sem quebradas ou hidrolisadas produzindo diversos compostos
derivados, tais como, cidos graxos livres, glicerol, esfingosina, lcoois graxos, unidade
peridrociclopentanofenantreno, etc. Todavia, de modo simplista, diz-se que a hidrlise de
lipdios (liplise) forma CIDOS GRAXOS LIVRES (AGL).
A hidrlise de lipdios pode ocorrer por ao de enzima ou por ao qumica. No
primeiro caso, diz-se que houve uma HIDRLISE ENZIMTICA, e no segundo, uma
HIDRLISE QUMICA.
B.1.1) HIDRLISE ENZIMTICA envolve a participao de enzimas no processo de
quebra da ligao ster. No estudo de lipdios vrias enzimas so importantes, destacando-se
entre elas, as LIPASES e as FOSFOLIPASES.
1) LIPASES - so enzimas que hidrolisam ligaes steres dos grupos acilos nos
acilgliceris. Por exemplo, triacylglycerol lipases (EC 3.1.1.3). Essas enzimas so encontradas
com muita freqncia em plantas e animais, especialmente, no sangue, no suco gstrico e
intestinal, na secreo pancretica e nos tecidos adiposos.
Como mostrado na reao abaixo (Figura 46), a enzima estereoespecfica sn-1,3-lipase
rompe as ligaes acilas do triacilglicerol nas posies sn1 e 3, produzindo um MAG e dois AG
livres.
76
2) FOSFOLIPASES so enzimas que hidrolisam os glicerofosfolipdios, produzindo alm de
cidos graxos livres, vrios outros compostos presentes nesta classe lipdica. Elas atuam nas
ligaes ster dos grupos acilos e fosfato, como mostrado na figura 47.
77
A legislao brasileira (RESOLUO n 482, de 23 de setembro de 1999, da ANVISA)
fixa parmetros de qualidade de leos e gorduras vegetais, onde na tabela 27 se destacam os
valores permitidos para os teores de cidos graxos livres ou ACIDEZ de leos refinados
destinados ao consumo humano.
TABELA 27 Valores mximos descritos pela ANVISA para a acidez de leos vegetais.
leo refinado
leo semi-refinado
leo bruto
Amostra
Algodo, arroz, canola, milho, soja, babau e dend
Algodo, canola, milho, soja
Arroz
Amendoim, canola, soja
Arroz
Babau, dend
Milho
ACIDEZ*
Mximo: 0,3%
Mximo: 0,5%
Mximo: 0,8%
Mximo: 2,0%
Mximo: 15%
Mximo: 5,0%
Mximo: 6,0%
* g de cido olico/100g.
B.1.2) HIDRLISE QUMICA
Duas importantes hidrlises qumicas dos cidos graxos em lipdios so descritas a seguir:
(1) HIDRLISE CIDA as ligaes steres dos grupos acilos so quebradas, atravs da
ao cataltica de um cido, produzindo CIDOS GRAXOS LIVRES.
O mecanismo da reao de hidrlise cido em um monoacilglicerol mostrado na
figura 49.
78
Nota-se pela reao de saponificao, que um sabo, nada mais do que um sal
alcalino de cidos graxos. Em outras palavras, so os cidos graxos livres os principais
responsveis pela formao de sabes e detergentes.
79
TABELA 28 - ndice de Saponificao de leos e Gorduras
Amostra
ndice de Saponificao
leo de colza
leo de menhaden
leo de milho
leo de oliva
leo de soja
Manteiga de cacau
leo de linhaa
leo de algodo
Toucinho
leo de amendoim
Sebo bovino
Azeite da polpa de dend
leo do palmiste de dend
Manteiga
leo de cco
170 179
190.6
188 193
185 196
193
193.55
192 195
193 195
195.4
192 196
193.2 200
196 205
242 250
220 233
246 260
alguns
autores
recomendam
determinar
quantidade
EQUIVALENTE
DE
80
A expresso seguinte permite calcular o valor de SE, conhecendo-se o valor do IS, ou
vice-versa.
81
Quando se usa o iodo como reagente halogenante, o nmero de gramas de iodo
absorvido por 100 gramas de lipdios chamado de NMERO, NDICE ou VALOR DE
IDO. Este valor usado como uma estimativa do grau de insaturao de leos e gorduras.
Generalizando, pode-se dizer que:
Maior ndice de iodo maior o nmero de duplas ligaes lipdios mais
insaturados maior probabilidade da amostra ser considerada como leo
do que como gordura.
Com base na definio acima, e levando em conta a composio em cidos graxos de
gorduras e leos vegetais e animais mostrados na Figura 52, percebe-se claramente, que os
peixes apresentam altos ndices de iodo por conterem maiores teores de cidos graxos
polinsaturados, enquanto as gorduras animais e vegetais, tendo altos teores de cidos graxos
saturados apresentam menores ndices de iodo.
ndice de Iodo
leo ou Gordura
ndice de Iodo
leo de linhaa
173 201
leo de amendoim
83 100
leo de menhaden
139 173
Azeite de oliva
79 88
Toucinho
46 70
leo de baleia
121 - 146.6
leo de soja
137 143
Azeite de dend
51,5 57
leo de girassol
119 135
Gordura de leite
26 50
leo de milho
111 130
Carne bovina
38 46
leo de algodo
108 110
Manteiga de cacau
32 41
94 102
Oleo de cco
8 10
Fonte: J. Lewkowitsch, Chemical Technology and Analysis of Oils, Fats, and Waxes, pp. 419-24.
82
B.4) REAO DE HIDROGENAO
Os cidos graxos insaturados tambm apresentam a propriedade de reagirem com
hidrognio (agente redutor), na presena de catalisadores metlicos apropriados, tais como,
nquel, platina ou paldio. A reao denominada de HIDROGENAO, resultando na
produo de cidos graxos saturados parcial ou totalmente. Na figura 53 abaixo se constata a
formao de ligaes simples a partir da dupla ligao. Esta reao considerada como uma
REAO DE REDUO, porque ocorre uma diminuio no nmero de oxidao (nox) dos
tomos de carbono da dupla ligao (nox = -2) e da ligao simples (nox = -3).
83
B.5.2) REAO COM METANOL/BF3
Usa o cido trifluoreto de boro (BF3 um cido de Lewis), junto com metanol para
preparao do ster metlico, conforme reao (Figura 55) abaixo.
O CH2N2 gasoso arrastado por uma corrente de nitrognio para dentro de um frasco
contendo a soluo do cido graxo em ter-metanol (9:1 v/v). A reao (Figura 56) a
seguinte:
84
Esta reao pouco usada, todavia tem sido empregada para alterao de TAG, DAG
e MAG contendo os cidos C16 e C18,
85
USU
0,1
SUS
74,2
S3
2,2
U3
0,6
SUU
8,6
SSU
4,1
Aps interesterificao
10,4
14,0
18,8
7,8
20,9
28,1
57
35
11,3
2,2
0,4
59,2
22,6
4,4
2. leo de soja
Aps interesterificao
86
B.7) PEROXIDAO OU OXIDAO LIPDICA
Diversos cidos graxos contendo duplas ligaes podem reagir com oxignio
atmosfrico (O2), produzindo compostos PERXIDOS e/ou seus derivados, tais como,
HIDROPERXIDOS, HIDRXIDOS e EPXIDOS. Por isso, coletivamente, esses compostos
so chamados de PERXIDOS, da a origem do nome PEROXIDAO.
A reao de PEROXIDAO LIPDICA definida da seguinte maneira:
PEROXIDAO LIPDICA uma alterao lipdica devido a absoro de oxignio
atmosfrico pelo cido graxo ou componentes lipdicos contendo dupla ligao, formando
compostos perxidos e derivados.
Entre os componentes lipdicos que podem sofrer oxidao, citam-se entre outros,
cidos graxos livres, acilgliceris, glicolipdios, fosfolipdios, lipoprotenas, colesterol, pigmentos
carotenides e vitaminas.
Esta alterao lipdica contribui, junto com a rancidez hidroltica (ver B.1), para a
formao do sabor e odor de rano na manteiga, e praticamente sozinho, para a formao do
sabor e odor de rano no peixe e leos vegetais. Alm disso, a oxidao de duplas ligaes de
cidos graxos pode conduzir perda de cor natural e reduo da atividade vitaminica (p.ex.,
-caroteno) em alimentos. Porm, em alguns alimentos processados, o processo de oxidao
desejvel, visto que o branqueamento dos carotenides, por exemplo, na farinha de trigo,
produz um miolo de po mais branco e atrativo ao consumidor.
Atualmente, de maior interesse, o estudo da oxidao de cidos graxos
polinsaturados (principais componentes lipdicos das membranas) e de colesterol livre ou
esterificado (abundante no plasma sangneo e nas membranas celulares), pois este processo
conduz destruio das membranas celulares, podendo prejudicar o desenvolvimento natural
de plantas e animais. fato conhecido que a danificao oxidativa de biomolculas (protenas,
lipdios e DNA) causada por radicais livres est envolvida na patognese de diferentes doenas
como cncer, aterosclerose, inflamao, formao de tumores, plaquetas e complicaes
cardiovasculares, etc.
A oxidao de cidos graxos livres a mais comum e ocorre com muita facilidade, de
modo que, os mecanismos da peroxidao foram inicialmente estudados nestes compostos.
Tais mecanismos, descritos abaixo para os cidos graxos, serviro de modelos para
acompanhar a oxidao de outros componentes lipdicos.
PEROXIDAO LIPDICA pode ocorrer atravs de ao no enzimtica e enzimtica.
B.7.1) PEROXIDAO NO ENZIMTICA
fotoxidao.
AUTOXIDAO - Os cidos graxos so oxidados com a participao de radicais livres;
FOTOXIDAO - Os cidos graxos so oxidados com a participao de oxignio singleto
1
( O2).
B.7.2) PEROXIDAO ENZIMTICA OU NZIMOXIDAO - os cidos graxos so oxidados
com a participao de enzimas.
87
A peroxidao enzimtica pode ser denominada de duas maneiras diferentes:
LIPOXIGENAO: ao da enzima LIPOXIGENASE sobre os cidos graxos insaturados.
CICLOXIGENAO: ao da enzima CICLOXIGENASE sobre os cidos graxos
insaturados.
A autoxidao o processo mais relacionado com a rea de tecnologia de alimentos,
enquanto a fotoxidao e peroxidao enzimtica acham-se mais prximas das reas
biolgica, farmacutica e medicinal.
O mecanismo de peroxidao, quer seja enzimtico ou no, envolve trs etapas,
denominadas de:
INICIAO;
PROPAGAO; e
FINALIZAO.
Antes de detalhar cada um dos trs processos oxidativos, conveniente descrever, a
priori, as origens e formaes de alguns radicais livres, que so os elementos chaves,
especialmente na autoxidao e fotoxidao lipdica.
B.7.3) RADICAIS LIVRES so tomos, ons, molculas com um ou mais eltrons
desemparelhados.
So espcies muito reativas formadas durante o metabolismo de clulas saudveis ou
doentes, tratamentos quimioterpico e energia radiante. Radicais livres so tambm produzidas
na mitocndria, como um sub-produto da gerao de energia. Se no forem neutralizados
pelos antioxidantes, os radicais livres podero danificar a mitocndria, alterar as funes do
DNA, protenas, lipdios e carboidratos e produzir mais radicais livres.
B.7.3.1) TIPOS DE RADICAIS LIVRES
Existem vrios tipos de radicais livres naturalmente presentes no corpo animal e no ar
atmosfrico. Os mais conhecidos so:
88
B.7.5) AUTOXIDAO DE LIPDIOS (RANCIFICAO OU RANCIDEZ OXIDATIVA)
Este tipo de peroxidao ocorre em lipdios que contm cidos graxos insaturados que
podem ser sofrer oxidao, degradao e polimerizao, resultando na formao de
compostos aldedos, cetonas, cidos, lcoois, epxidos, hidrocarbonetos, etc., que so
responsveis pelo sabor e odor de rano e alteraes de cor dos alimentos naturais ou
processados.
A autoxidao de alimentos afetada pelos seguintes fatores:
(1) Composio
em
cidos
graxos
(saturados,
monoinsaturados,
diinsaturados,
O processo completo de autoxidao ocorre atravs das etapas de (a) Iniciao, (b)
propagao e (c) terminao ou finalizao. Todavia, em funo da ausncia ou da presena
em escala varivel dos fatores responsveis pela autoxidao citados acima, existe um
transcurso de tempo para a autoxidao comear. Ele chamado de PERODO DE INDUO,
que definido como o tempo transcorrido antes do processo de autoxidao seja iniciado. Por
exemplo, se num alimento houver a presena em alta concentrao de um pr-oxidante, o seu
perodo de induo ser grandemente reduzido, em relao ao alimento com baixa
concentrao do pr-oxidante (Figura 61).
89
(a) INICIAO
90
graxo (R-H), gerando um radical livre lipdico do cido graxo (R). Este por sua vez, ao reagir
com o oxignio atmosfrico (O2) produz o radical perxido (ROO). Os radicais R e ROO so
chamados de RADICAIS LIVRES DE ORIGEM LIPDICA ou RADICAIS LIPDICOS.
FIGURA 63 Formao de radicais livres cidos graxos (R) e perxidos (ROO) durante a
peroxidao lipdica.
A tabela 32 mostra a facilidade relativa peroxidao dos cidos graxos com 18
tomos de carbono.
TABELA 32 - Perodo de induo e velocidade relativa oxidao de cidos graxo a 25C.
cido Graxo
N de duplas
Ligaes
0
N de H
Allicos
0
Perodo de
Induo (h)
----
Velocidade relativa
De oxidao
1
18:1(9)
82
100
18:2 (9,12)
19
1200
18:3 (9,12,15)
1,34
2500
18:0
Fonte: Belitz & Grosch (1987) Food Chemistry. Springer Verlag, Berlin.
A maioria dos cidos graxos naturais, contendo duas ou mais duplas ligaes,
apresenta o sistema 1,4-pentadieno
(tipo
No cido linolico, o tomo de hidrognio mais fcil de ser abstrado aquele ligado ao
C-11, requerendo 50 kcal/mol.
91
(b) PROPAGAO reao em cadeia dos radicais livres com cidos graxos formando
HIDROPERXIDOS, HIDROXICIDOS e novos RADICAIS [alcxido (RO), R, ROO e OHlipdico]. tambm nesta etapa que ocorre a oxidao dos pigmentos e vitaminas.
Os hidroperxidos (na sua maioria monohidroperxidos) so normalmente sem odor e
sabor, por isso no contribuem diretamente para a formao de rano dos alimentos. A reao
geral de formao de hidroperxidos mostrada abaixo:
92
Monohidroperxidos
Posio
Proporo (%)
Grupo OOH
Dupla ligao
Oxignio Tripleto
Oxignio singleto
cido olico
8
9
10
11
cido linolico
8
9
10
12
13
14
cido linolnico
9
10
12
13
15
16
Fonte: Belitz & Grosch (1987).
9
10
8
9
9, 12
10, 12
8, 12
9, 13
9, 11
9, 12
10, 12, 15
8, 12, 15
9, 13, 15
9, 11, 15
9, 12, 16
9, 12, 14
27
23
23
27
1,5
46,5
0,5
0,5
49,5
1,5
31
11
12
46
48
52
32
17
17
34
23
13
12
14
13
25
Verifica-se pelos dados acima que os teores dos ismeros hidroperxidos formados na
autoxidao e fotoxidao so diferentes. Na fotoxidao, apenas os ismeros 9 e 10hidroperxidos foram detectados como produtos do cido olico. J os ismeros 8, 9, 10 e 11hidroperxidos foram formados durante a autoxidao desse cido. Para o cido linolico,
entre os seis (6) ismeros (8, 9, 10, 12, 13 e 14) da autoxidao, os principais foram o 9
(46,5%) e o 13 (49,5%)-hidroperxidos; na fotoxidao houve uma maior distribuio entre os
ismeros 9 (32%), 10 (17%), 12 (17%) e 13 (34%)-hidroperxidos, todavia, sem a formao
dos ismeros 8 e 14. Na fotoxidao do cido linolnico, os teores foram distribudos entre os 6
ismeros (9, 10, 12, 13, 15 e 16-hidroperxidos), enquanto na autoxidao, desses os
smeros 10 e 15 no foram formados.
Veja o mecanismo de formao de hidroperxidos dos cidos olico (Figura 67) e
linolico (Figura 68). Nelas pode-se visualizar as posies dos grupos-OOH e das duplas
ligaes descritas na tabela 33. Os ismeros formados podem adquirir configuraes cis, trans
ou suas misturas, porm este fato no est sendo mostrado nessas figuras.
93
94
rano.
Para finalizao da autoxidao pelo menos as seguintes condies so necessrias:
(1) Que os cidos graxos insaturados tenham sido totalmente consumidos.
(2) Que a concentrao de oxignio no alimento seja reduzida drasticamente.
(3) Que os hidroperxidos formados na etapa de propagao sejam degradados em
PRODUTOS FINAIS, como, ALDEDOS, CETONAS, HIDROCARBONETOS, ALCOIS,
CIDOS, etc. Destes, so os compostos carbonlicos (aldedos e cetonas) os principais
responsveis pelo flavour (sabor e aroma) de rano nos alimentos.
(4) Que as condies sejam favorveis para que os radicais livres reajam entre si formando
compostos estveis ou polmeros de alto peso molecular. Geralmente, so estes polmeros
que do colorao escura e toxicidade em leos oxidados.
O mecanismo da reao de formao de produtos finais (etapa de finalizao) da
autoxidao no est totalmente estabelecido, mas aceita-se que algumas reaes qumicas
simplificadas (Figura 69) podem ser usadas para descrever a formao de polimeros gerados
na etapa de finalizao.
95
(c.1) FORMAO DE MALONALDEDO
Olico
Heptanal (50), octanal (320), nonanal (370), decanal (80), 2-tr-decenal (70)
e 2-tr-undecanal (85)
Linolico
Linolnico
Propanal , 1-penten-3-ona (30), 2-tr-butenal (10), 2-tr-pentenal (35), 2-cpentenal (45),2-tr-hexenal (10), 3-tr-hexenal (15), 3-c-hexenal (90), 2-trheptenal (5), 2-tr, 4-c-heptadienal (320), 2-tr, 4-7tr-heptadienal (70), 2-c, 5-coctadienal (20), 3,4-octadien-2-ona (30), 2-tr, 6c-nonadienal (10) e 2, 4, 7decatrienal (85).
96
ligao, o que facilita a abstrao de mais um tomo de H da dupla e absoro de outra
molcula de O2, como mostrado na figura 71.
97
Aplicando o mecanismo da -ciso (B) para os principais ismeros (9 e 13hidroperxido) do cido linolico os seguintes compostos (Figura 74) so formados:
98
B.7.6) FOTOXIDAO
um tipo de oxidao de lipdios promovido oxignio singleto.
ETAPAS ENVOLVIDAS NA FOTOXIDAO DOS LIPDIOS
B.7.6.1) INICIAO
1
O processo de peroxidao comea com a participao do oxignio singleto ( O2 ),
2
1
produzido pela ao da luz sobre o oxignio tripleto ( O3) presente no ar. O O2 uma
molcula altamente eletroflica e energtica, que reage rapidamente com cidos graxos
insaturados, abstraindo tomos de hidrognio ligados ao carbono da dupla ligao e como
3
Por exemplo, a reao com cido olico, o O2 ataca a dupla ligao 9-10, gerando dois
trans-ismeros 9 e 10 monohidrxidos (Figura 76).
muito maior do que a do O2, devido a baixa energia de ativao do singleto (Figura 77) e por
suas propriedades fsico-qumicas diferenciadas apresentadas a seguir.
FIGURA 77 Nveis de energia dos eltrons nos orbitais superiores das molculas de
oxignio.
O oxignio singleto por apresentar um orbital vazio, pode reagir diretamente com
duplas ligaes (Figura 78) ricas em eltrons sem a necessidade de formao de radicais livres
intermedirios.
99
da
enzimoxidao
so
conhecidos
principalmente
como
COMPOSTOS
No processo asmtico, atuam como constrio ou dilatao dos bronquolos dos pulmes.
100
(1) CICLOXIGENAO a peroxidao lipdica que ocorre com a participao de enzimas
CICLOXIGENASE; e
(2) LIPOXIGENAO a peroxidao lipdica que ocorre com a participao de enzimas
LIPOXIGENASE.
A participao da enzima como catalisadora de ambos os processos da enzimoxidao
mostrado na figura 79 abaixo.
INICIAO
cicloxigenase.
A enzima cicloxidase ou cicloxigenase (COX; EC 1.14.99.1), particularmente COX-2
atua sobre os cidos graxos polinsaturados, Na cicloxigenao, o CIDO PROSTANICO
(Figura 80), um composto intermedirio chave envolvido na formao dos hidroperxidos.
101
102
degradao dos hidroperxidos, prostaglandinas e
(3) FINALIZAO
tromboxanos.
INICIAO
Energia de ativao para o cido linolico mais baixa (17kJ/mol) comparado com a
3
PROPAGAO
103
FINALIZAO
hidroxicidos.
Vrias frutas e vegetais contm a enzima hidroperxido-liase, que degrada os
hidroperxidos para ALDEDOS volteis com 6 e 9 tomos de carbono. Exemplos:
flavour aromtico de pepino.
3-cis-hexenal : CH3-CH2-CH=CH-CH2-CHO
aromtico de pepino.
Degradao de hidroperxidos do cido linolico produz hidroxi-, epxi- e oxo-cidos
principal flavour
graxos.
104
podem reagem com O2, atuando assim, de forma competitiva e inibitria dos radicais livres
dos lipdios, impedindo a continuao da reao em cadeia.
Podem decompor os perxidos, formando compostos que no participam da reao em cadeia
dos radicais livres.
105
B.8.1) REAES ENTRE OS ANTIOXIDANTES E RADICAIS DA PEROXIDAO LIPDICA
As seguintes reaes simplificadas (FIGURA 86) so usadas para explicar a
efetividade dos antioxidantes (AH) na preveno da peroxidao lipdica e a formao de
compostos lipdicos e radicais (A) estveis.
106
(4) galato (propil, octil e dodecil)
complexo
vermelho
MA-TBA
(Figura
98),
que
pode
ser
quantificado
espectrofotometricamente a 530nm. Contudo, este mtodo tem sido criticado por no ser
especfico e insensitivo para deteco de baixos nveis de MA. Outras substncias reativas ao
TBA (TBARS), incluindo acares e outros aldedos interferem com a reao com TBA. Valores
extremamente baixos podero resultar se parte do MA reagir com protenas no sistema
oxidante. Em muitos casos, contudo, o teste de TBA aplicvel para comparao de amostras
do mesmo material em diferentes estados de oxidao.
107
108
Exemplo:
(1) Funcionamento do DNA (replicao, transcrio e traduo) depende de uma srie de
enzimas, que so protenas.
Componentes ativos em toxinas e venenos de animais e vegetais
Exemplos:
(1) Toxina do Clostridium botulinum de origem bacteriana causa envenenamento alimentar.
(2) Veneno de cobra, geralmente atuando com esterase.
(3) Toxina ricina presente na mamona.
Hidrlise controlada das protenas contribuem para a formao de aminocidos e peptdios
produzindo flavour (sabor e odor) caractersticos de alimentos.
Exemplos:
(1) Glicina, serina, lisina e alanina sabor adocicado.
(2) Leucina, isoleucina, arginina e histidina sabor amargo.
(3) Glutamina, cistena, asparagina e cido asprtico sabor neutro.
(4) Carnosina, anserina e balenina so responsveis, respectivamente, pelo sabor
caracterstico de msculo bovino, frango e baleia.
Formao de cor em alimentos atravs da reao de Maillard (grupos carbonlico e amino).
Elementos essenciais na definio das propriedades funcionais dos alimentos (TABELA
35).
TABELA 35 Propriedades funcionais das protenas.
Propriedade Funcional
Modo de ao
1) Solubilidade
Solvatao da protena
2) Capacidade de reteno e Ponte de Hidrognio
absoro de gua
Reteno de gua (no drip)
3) Viscosidade
Espessamento
Ligao de HOH
4) Gelificao
Formao de matrix de protena
Solidificao da protena
5) Emulsificao
Formao e estabilizao de
emulses de gordura
6) Formao de espuma
Filmes
estveis
pela
incorporao de ar
7) Adoro de gordura
Ligao de gordura na forma
livre
Tipo de alimento
Bebidas
Carnes, salsichas, po
e bolo.
Sopas e molhos
Carnes,
queijos
e
coalhada.
Salsichas, sopas e
bolos.
Clara batida, suspiro.
Salsicha,
reconstituda.
carne
109
TABELA 36 Composio elementar das protenas
Elementos qumicos
Composio percentual
Mdia
Faixa
Carbono
50
45 55
Oxignio
23
20 23
Nitrognio
16
15 18
Hidrognio
6 8
Enxofre
04
03
O teor mdio de 16% de nitrognio geralmente usado para calcular o fator geral de
converso de nitrognio total (NT) em protena total (PT) quando se usa, por exemplo, o
mtodo de Kjeldahl na determinao de NT. A seguinte frmula usada:
%PT = % NT x fator
Fator = 100 % N
%N
Fator
16,00
15,67
17,54
14,97
6,25
6,38
5,70
6,68
Para leguminosas em geral usa-se o fator de 5,70, enquanto para arroz de 5,95.
D) PRINCIPAIS FUNES QUMICAS PRESENTES NAS PROTENAS
Os elementos qumicos ligam-se entre si formando vrias funes qumicas orgnicas,
que participam da formao dos aminocidos presentes nas protenas. As funes qumicas
mais comuns presentes nas protenas so:
110
1) RNA (cidos nuclicos e suas bases) nas nucleoprotenas;
2) Fosfolipdios, colesterol e lipdios neutros nas lipoprotenas (VLDL, LDL, HDL, etc.);
3) Carboidratos (hexosaminas, galactose, manose, cido silico, etc.) nas glicoprotenas;
4) Fosfato esterificado com unidades de serina em fosfoprotenas;
5) Ferroprotoporfirina em hemeprotenas (p.ex.: hemoglobina e mioglobina);
6) Flavina-adenina-dinucleotdio em flavoprotenas; e,
7) Ferro, cobre, zinco e molibdnio em metaloprotenas (p.ex.: cobre na hemocianina).
E) AMINOCIDOS: UNIDADES FORMADORAS DAS PROTENAS
Os aminocidos (AAS) so as unidades estruturais bsicas formadoras das protenas e
peptdios. Eles so definidos como compostos orgnicos de baixo peso molecular (75 204,
mdia em torno de 135), contendo pelo menos as funes carboxlica e amina. Na maioria, os
AAs proticos apresentam o grupo carboxlico e o grupo amino ambos ligados ao mesmo
tomo de carbono, chamado de carbono-alfa (FIGURA 93). Por isso eles so conhecidos
como -aminocidos. Observe tambm que a cadeia lateral R acha-se ligada ao C-.
111
FIGURA 95 Formla estrutural da alanina, destacando a cadeia lateral contendo uma funo
hidrocarbnica.
Alm do carbono alfa, outros tomos de carbono de um aminocido tambm so
designados atravs de letras do alfabeto grego e de valores numricos, como ilustrado na
frmula estrutural da LISINA (FIGURA 96).
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C4H7NO4
Smbolo: Asp ou D.
Peso molecular: 133,10
Propriedade: aminocido cido (carga lquida
negativa em pH 6 a 7) e hidroflico devido ao grupo carboxlico livre na cadeia R.
Ponto isoeltrico: pH 2,77.
Sabor: neutro
Cadeia lateral: contendo um segundo grupo polar carboxlico livre ligado ao C-.
112
(3) L-ALANINA (cido 2-aminopropanico)
Frmula estrutural:
Smbolo: Ala ou A.
Frmula molecular: C3H7NO2
Peso molecular: 89,09.
Propriedade: o grupo metil contribui para o carter neutro (carga lquida zero ou neutra) e
hidrofbico deste aminocido.
Sabor: adocicado.
Ponto isoeltrico: pH 6,0.
Cadeia lateral: hidrocarbnica aliftica apolar.
(4) L-ARGININA (cido 2-amino-5-guanido-valrico ou 2-amino-5-guanidinopentanico)
Frmula estrutural:
Smbolo: Arg ou R
Frmula molecular: C6H14N4O2
Peso molecular: 174,20.
Propriedade: o grupo amino livre torna-o
bsico (carga lquida positiva em pH 7,0) e
hidroflico.
Ponto isoeltrico: pH 11,15.
Sabor: amargo.
Cadeia lateral: contendo um grupo polar guanidnico, derivado da guanidina: H2N-C(NH)-NH2
ligado ao C-.
(5) ASPARAGINA (cido 2-amino-succinmico ou 2-amino-3-carbomoilpropanico)
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C4H8N2O3
Smbolo: Asn ou N
Peso molecular: 132,12
Propriedade: aminocido neutro (sem carga lquida) e hidrofbico.
Sabor: neutro
Ponto isoeltrico: pH 5,41
Cadeia lateral: contendo um grupo polar amida (carbonlica + amina), denominado de
acetamida. Carboidratos podem se ligar covalentemente com o nitrognio da funo amida.
(6) L-CISTENA (cido 2-amino-3-mercaptopropanico)
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C3H7NO2S
Smbolo: Cys ou C.
Peso molecular: 121,15.
Propriedade: um aminocido neutro
(carga lquida zero) e hidrofbico.
Sabor: neutro.
Ponto isoeltrico: pH 5,02
Cadeia lateral: contendo o grupo polar sulfdrilico (-SH, tiol ou mercaptano) ligado ao C-,
formando um conjunto denominado de metil-mercaptano. Este pode sofrer oxidao
formando uma ponte de enxofre ou sulfidrlica (-S-S-), presente no aminocido CISTINA ou
estabilizando as estruturas das protenas.
(7) L-CISTINA
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C6H12N2O4S2
Smbolo: Css ou C
Peso molecular: 242,30
Propriedade: Forma oxidada da cistena
Cadeia lateral: contendo uma ponte sulfidrlica entre duas molculas da cistena.
113
(8) L-FENILALANINA (cido 2-amino-3-fenilpropanico)
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C9H11NO2
Smbolo: Phe ou F
Peso molecular: 165,19
Propriedade: Neutro e muito hidrofbico
Ponto isoeltrico: pH 5,48
Cadeia lateral: anel aromtico apolar.
(9) L-GLUTAMINA (cido 2-aminoglutarmico ou 2-amino-4-carbamoilbutanico)
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C5H10N2O3
Smbolo: Gln ou Q
Peso molecular: 146,15
Propriedade: aminocido neutro
(sem carga lquida) e moderadamente hidroflico devido ao 2 grupo amino. Note que a
funo amida acha-se ligado ao carbono-, a exemplo do cido glutmico.
Sabor: neutro.
Ponto isoeltrico: pH 5,65.
Cadeia lateral: contm o grupo polar amdico (etilamida).
(10) L-GLICINA (cido aminoactico ou aminoetanico)
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C2H5NO2.
Smbolo: Gly ou G
Peso molecular: 75,07
Propriedade: aminocido neutro.Por ser to
pequeno
anfiptico (pode existir em qualquer meio). o nico aminocido protico sem centro quiral
porque o carbono- no assimtrico, devido presena de dois tomos de hidrognio,
assim no tem ismeros estereoqumicos.
Sabor: adocicado.
Ponto isoeltrico: pH 5,97
Cadeia lateral: H (hidrognio)
(11) L-HISTIDINA [cido 2 amino 3-(1H-imidazol-4-il)-propanico];
Frmula estrutural: Os tomos de nitrognio do anel imidazol so chamados de pros
(prximo), ou 3 e tele (afastado), ou 1, para indicar sua posio relativa na cadeia lateral.
O tomo de C entre os dois tomos
de N numerado como 2.
Frmula molecular: C6H9N3O2
Smbolo: His ou H
Peso molecular: 155,16
Propriedade: aminocido fracamente bsico (com carga lquida positiva) e hidroflico devido
ao anel aromtico imidazlico.
Sabor: amargo
Ponto isoeltrico: pH 7,47.
Cadeia lateral: anel polar imidazlico ligado ao carbono-.
(12) L-ISOLEUCINA (cido 2-amino-3-metilpentanico)
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C6H13NO2
Smbolo: Ile ou I
Peso molecular: 131,17
Propriedade: neutro e hidrofbico.
Sabor: amargo.
Ponto isoeltrico: pH 5,94
Cadeia lateral: aliftica hidrocarbonica apolar.
114
(13) L-LEUCINA (cido 2-amino-4-metilpentanico)
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C6H13NO2
Smbolo: Leu ou L
Peso molecular: 131,17
Propriedade: neutro e hidrofbico
Sabor: amargo.
Ponto isoeltrico: pH 5,98
Cadeia lateral: aliftica hidrocarbonica apolar.
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C6H14N2O2
Smbolo: Lys ou K
Peso molecular: 146,19
Propriedade: Fortemente bsico (positivo) e hidroflico. Escasso em protenas vegetais.
Sabor: adocicado.
Ponto isoeltrico: pH 9,59
Cadeia lateral: contendo uma funo amina polar (butilamina).
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C5H11NO2S
Smbolo: Met ou M
Peso molecular: 149,21
Propriedade: neutra e hidrofbica
Ponto isoeltrico: pH 5,74
Cadeia lateral: contendo enxofre
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C5H9NO2.
Smbolo: Pro ou P
Peso molecular: 115,13
Propriedade: Hidrofbica e causa dobramentos das cadeias de
protenas.
Ponto isoeltrico: pH 6,30
Cadeia lateral: carbnica heterocclica apolar contendo a funo imina.
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C3H7NO3
Smbolo: Ser ou S
Peso molecular: 105,09
Propriedade: Neutra e carboidrato pode ser ligar covalentemente com sua funo OH.
Sabor: adocicado.
Ponto isoeltrico: pH 5,68
Cadeia lateral: contendo a funo OH polar.
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C9H11NO3
Smbolo: Tyr ou Y
Peso molecular: 181,19
Propriedade: Neutra e moderadamente
hidroflico devido ao grupo OH. Este por sua vez pode-se ligar covalentemente aos grupos
fosfato e sulfato.
115
Ponto isoeltrico: pH 5,66
Cadeia lateral: fenlica, aromtica e polar.
(19) L-TREONINA (cido 2-amino-3-hidroxibutanico)
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C4H9NO3.
Smbolo: Thr ou T
Peso molecular: 119,12
Propriedade: Neutra e carboidrato pode ser ligar covalentemente com sua funo OH.
Ponto isoeltrico: pH 5,64
Cadeia lateral: contendo a funo OH polar.
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C11H12N2O2.
Smbolo: Trp ou W
Peso molecular: 204,23
Propriedade: Neutro, hidrofbico e escasso na
maioria das protenas de plantas.
Ponto isoeltrico: pH 5,89
Cadeia lateral: anel aromtico indol (benzeno + pirrol) apolar.
Frmula estrutural:
Frmula molecular: C5H11NO2
Smbolo: Val ou V
Peso molecular: 117,15
Propriedade: neutro e hidrofbico.
Sabor:
Ponto isoeltrico: pH 5,96
Cadeia lateral: hidrocarboneto aliftico apolar.
F) PEPTDIOS
Os
aminocidos
ligam-se
entre
si
atravs
de
uma
reao
chamada
de
116
Exemplo: Cadeia peptdica formada pela condensao de 5 aminocidos (FIGURA 98):
117
(2) Tripeptdio (n = 3) contm trs resduos de Aas e duas ligaes peptdicas, formando
duas molculas de gua.
Exemplos:
a) Tripeptdio contendo alanina, serina e glicina (FIGURA 100)
118
polmeros com PM >10.000 Daltons (da), o que resultar em 83 aminocidos, se o PM mdio
dos aminocidos for de 120,5 da. J para LEHNINGER (1976), o peso molecular das protenas
varia de 5.000 (limite inferior arbitrrio) a 1 milho ou mais. A tabela 38 mostra que algumas
protenas so formadas por mais de uma cadeia polipeptdica.
TABELA 38 Pesos moleculares, nmero de cadeias polipeptdicas e nmero de aminocidos
presentes em algumas protenas.
Protena
PM
N de cadeias
N de AAs*
Insulina bovina
Ribonuclease do pncreas bovino
5.700
12 600
2
1
48 (24)
105
13 900
116
16 900
141
-lactoglobulina bovina
35 000
292 (146)
Hemoglobina humana
64 000
534 (133)
370 000
3083 (771)
40 000 000
2 130
119
A distribuio muscular das classes proticas acha-se esquematizada na figura 103.
120
terciria tpica de uma protena globular solvel em gua. Na estrutra secundria
prevalence a conformao da alfa-hlice.
(4) Hemoglobina tambm uma hemeprotena tetramrica, em indivduos adultos. Nas
clulas sangneas eritrcitas ela se liga com molculas de oxignio para ser transportado
pelo corpo durante o metabolismo aerbico. Trata-se de uma protena globular em termos
de estrutura terciria.
(5) Parvalbumina Trata-se de uma protena mioplasmica de baixo peso molecular. Auxilia o
relaxamento muscular ligando-se aos ons clcio livre e protena reguladora troponina.
(6) enzimas - A maioria das protenas sarcoplasmticas composta por enzimas, que atuam,
por exemplo:
hidrolase, etc.
G.1.4) FUNES E PROPRIEDADES TECNOLGICAS E NUTRICIONAIS DAS PROTENAS
SARCOPLASMTICAS
(1) So capazes de provocar alteraes nas protenas miofibrilares e estromticas;
(2) Do ponto de vista nutritivo so consideradas inferiores s protenas miofibrilares;
(3) Podem atuar favorvel ou desfavoravelmente durante processamento e estocagem de
alimentos, com alteraes no sabor, cor, textura e propriedades funcionais. Por exemplo:
ao favorvel no processo de maturao de queijos (hidrlise lipdica); ao desfavorvel
no processamento do surimi (desnaturao e textura);
(4) Perda de atividade das enzimas pode servir como indicador de mudana de qualidade
durante processamento, a exemplo da perda de atividade ATPase devido a desnaturao
da miosina e actomiosina;
(5) A composio muda quando as organelas celulares so quebradas durante o congelamento
inadequado do pescado. Isto pode ser usado como um mtodo para diferenciar peixes
fresco e congelado;
(6) A diversificao de sua composio qualitativa ou quantitativa pode servir para identificao
de diferentes espcies de peixes, usando mtodo eletrofortico.
(7) As protenas sarcoplasmticas so protenas globulares.
G.2) Protenas miofibrilares (PM)
G.2.1) DEFINIO So protenas solveis em solues salinas de alta fora inica (
0,5M). Estruturalmente, so as protenas presentes nas miofibrilares ou miofilamentos das
clulas musculares.
G.2.2) LOCALIZAO - So encontradas nos miofilamentos das clulas musculares que
formam as miofibrilas .
121
G.2.3) COMPOSIO
So menos numerosas (cerca de trs dezenas), mas contribuem com 60 a 75% das
protenas totais. Exemplos representativos desta classe de protena incluem-se:
(1) Miosina (protena contrtil, 50-55% das PMs. A regio da cabea da molcula globular,
enquanto na regio pescoo/cauda a molcula fibrosa).
(2) Actina (protena contrtil, 20-25% das PMs. Actina G = molcula globular; actina F =
molcula fibrosa).
(3) Actomiosina (protena contrtil, formada pela unio da miosina e actina na contrao
muscular)
(4) Tropomiosina (protena reguladora filamentosa, 10-15% das PMs)
(5) Troponina (protena reguladora globular)
(6) Proteinas M, C, F e I (protenas microrreguladoras)
(7) Actinina (protena microrreguladora)
G.2.4) FUNES E PROPRIEDADES NUTRICIONAIS E TECNOLGICAS DAS PROTENAS
MIOFIBRILARES
(1) So as mais importantes nutricionalmente devido ao fornecimento de aminocidos
essenciais em quantidades adequadas s necessidades dos seres humanos;
(2) So responsveis pela capacidade de reteno de gua dos alimentos;
(3) Contribuem para a capacidade de emulsificao;
(4) So as protenas fundamentais do surimi (nome de origem japonesa);
(5) No animal vivo, so responsveis pelo fenmeno de contrao e relaxamento muscular; e
(6) No animal morto, so responsveis pelo fenmeno da rigidez cadavrica e alteraes da
textura ps-morte.
G.3) Protenas estromticas, do tecido conjuntivo ou do tecido conectivo
G.3.1) DEFINIO So protenas insolveis em gua e solues salinas, porm uma frao
solvel em solues alcalinas. Estruturalmente, so protenas presentes no estroma ou do
tecido conectivo ou conjuntivo, que mantm unidas as protenas miofibrilares.
G.3.2) LOCALIZAO So encontradas no sarcolema, mioseptos, vasos sangneos, vasos
linfticos, nervos e tendes do msculo do pescado.
122
G.3.3) COMPOSIO
No pescado a classe protica presente em menor quantidade, contribuindo com
cerca de 3 a 5% na maioria dos peixes telesteos, mas podendo atingir de 9 a 10% nos peixes
elasmobrnquios (cao e arraia) e 11% no apndice locomotor do mexilho hard clam.
Exemplos representativos de protenas presentes nesta classe incluem-se:
(1) Colgeno acha-se presente nas cartilagens, tendes, pele, ossos, mioseptos, fscia,
vasos sangneos, etc. Existem mais de 19 tipos diferentes de colgenos, inclundo-se entre
os principais: tipos I, II, III e IV.
(2) Tropocolgeno a unidade bsica do colgeno. Apresenta notvel resistncia devido a
conformao da tripla hlice das cadeias polipetdicas. Sua presena favorece a reduo da
elasticidade e flexibilidade da molcula de colgeno.
(3) Elastina insolvel em cido e lcali.
(4) Reticulina Uma escleroprotena presente na malha de tecido conectivo. As fibrilas de
reticulina so extremamente finas, com um dimetro entre 0,5 e 2 um. Esto envolvidas na
manuteno da integridade estrutural em uma variedade de rgos.
(5) Elastoidina presente na cauda e barbatana de cao.
G.3.4) FUNES E PROPRIEDADES NUTRICIONAIS E TECNOLGICAS DAS PROTENAS
ESTROMTICAS.
(1) Servem de sustentao das fibras musculares.
(2) Devido ao baixo teor de protenas conjuntivas, o pescado em geral considerado tenro e de
fcil digesto.
(3) Praticamente no tem valor nutritivo.
(4) Quantidades variveis e diferentes tipos de colgenos em diferentes peixes poder ter
influncia nas propriedades relacionadas com a textura.
(5) Esto associadas com o GAPING, isto , com a separao dos mimeros do msculo do
peixe devido ao rompimento dos mioseptos.
(6) Tambm se acham envolvidas no processo de amaciamento de carnes, em especial de
carne bovina.
H) SEPARAO DAS CLASSES DE PROTENAS
O conhecimento quantitativo das classes de protenas em pescado importante para
avaliar o seu valor nutritivo e servir como um dos critrios para seleo da matria prima para
preparao de surimi e outros derivados do pescado.
Para separao das protenas em classes, a metodologia mais simples mostrada no
esquema abaixo (FIGURA 106).
123
FIGURA 106 Mtodo utilizado para separao das classes de protenas com base na
solubilidade em solues salinas.
Dados quantidativos os teores das classes de protenas em diversas amostras de
pescado so mostradas na Tabela 39.
TABELA 39 Contedos das classes proticas em diversas espcies de pescado.
Protena (%)
Tipo de pescado1
PS
PM
PE
Fonte
Arabaiana
Cavalinha
Bacalhau
32
30
21
60
67
76
3
2
3
Ogawa (1999)
Ogawa (1999)
Ogawa (1999)
Arraia
Cao
26
21
64
64
10
9
Ogawa (1999)
Ogawa (1999)
Lula
Tambaqui
12 a 20
28,8
77 a 85
49,4
2a3
23
Ogawa (1999)
Silva & Maia (1993)
Jaraqui
Curimat
30,6
27,1
64,1
67,9
6,1
5,0
Souza (1994)
Maia (sd)
Camaro rosa
Mexilho (hard clam)
- Msculo aductor
- apndice locomotor
Carne de coelho
Sardinha (pr-rigor mortis)
- Msculo escuro
- Msculo branco
Sardinha (ps-rigor mortis)
- Msculo escuro
- Msculo branco
Sardinha natural
- Msculo escuro
- Msculo branco
Cavalinha
- Msculo escuro
- Msculo branco
33,0
50,0
14,2
Mizael (2000)
Ogawa (1999)
57
33
28
41
56
52
29,0
34,7
62,4
59,2
2,4
1,6
22,5
32,8
66,1
61,3
2,5
1,4
46,0
34,0
44,0
62,0
4,0
2,0
50,0
38,0
42,0
60,0
3,0
1,0
2
11
19 -21
Ogawa (1999)
Ogawa (1999)
Ogawa (1999)
Ogawa (1999)
Ogawa. (1999)
124
I) CONTEDO DE AMINOCIDOS EM PESCADO
Sem ter informaes sobre os teores de aminocidos impressos nos rtulos dos
alimentos, a exemplo, de raes comerciais para peixes, o consumidor geralmente induzido
adquirir o produto apenas com base no teor de protena. Assim, comum, o piscicultor dizer
que os peixes foram alimentos com uma rao contendo 25, 30 ou 35% de protena bruta,
dependendo dos estgios de desenvolvimento dos peixes.
O real valor nutricional das protenas dos alimentos, incluindo-se o pescado, se deve
sua composio em aminocidos, e no smente ao teor de protena bruta. Pouca importncia
nutricional se um alimento apresenta um elevado teor de protena, mas em contrapartida, seus
aminocidos essenciais acham-se presentes em pequenas quantidades.
Da mesma maneira, o valor nutricional relativo dos alimentos tambm determinado
atravs da comparao da composio de seus aminocidos (TABELAS 40 e 41).
TABELA 40 Aminocidos Essenciais em Protenas (g/100g de protena)a
AAE
Lisina
Triptofano
Fenilalanina
Metionina
Treonina
Leucina
Isoleucina
Valina
a
Padro
da FAO
4,2
1,4
2,8
2,2
2,8
4,8
4,2
4,2
Leite
Desnatado
8,6
1,5
5,5
3,2
4,7
11,0
7,5
7,0
Soja
6,8
1,4
5,3
1,7
3,9
8,0
6,0
5,3
Carne
Bovina
8,3
1,0
3,5
2,8
4,5
7,2
4,7
5,1
Ovo
Peixe
Levedura
6,3
1,5
5,7
3,2
4,9
9,0
6,2
7,0
6,6
1,6
4,1
3,0
4,8
10,5
7,7
5,3
6,8
0,8
4,5
2,6
5,0
8,3
5,5
5,9
His
17
22
26
27
33
29
25
26
36
29
32
31
Phe
+Tyr
60
73
93
72
102
39
53
50
44
107
86
94
90
Ile
40
42
54
46
47
52
60
64
65
62
53
61
58
Leu
Lys
70
70
86
93
95
78
80
150
95
113
90
106
98
55
51
70
66
78
86
68
23
90
125
100
119
102
Met
+Cys
35
26
57
42
33
27
17
31
32
28
30
19
18
Trp
Thr
Val
10
11
17
17
14
10
14
6
12
nd
nd
nd
nd
40
35
47
43
44
44
39
37
47
58
41
50
39
50
48
66
55
64
51
53
53
60
70
59
66
63
Fonte: Sgarbieri (1987) para os alimentos 1 a 9; Maia (1992) para os alimentos 10 a 13.
125
Dados comparativos sobre a composio de aminocidos das classes proticas
dediversos fontes alimentares esto mostrados na tabela 42.
TABELA 42 Composio em aminocidos essenciais de protenas sarcoplasmticas,
miofibrilares e estromticas em alimentos.
Aminocidos essenciais (g/100g de protena)
Alimento / Padro
His
Protena padro da NRC
Migeno de carpa
Hemoglobina humana
Albumina de feijo preto
Miosina de peixe
Miosina bovina
Actina de peixe
Colgeno na pele de tubaro
Colgeno de pele de peixe
Colgeno da pele de lung fish
Tropocolgeno de pele de bezerro
Tropoelastina suna
Elastina de aorta de porco
Colgeno de escama de sardinha
1,7
4,1
7,1
1,9
2,1
1,4
3,3
1,3
1,2
0,6
0,5
0
0,1
0,7
Phe
+Tyr
7,3
9,0
7,1
6,0
5,7
5,0
10,1
2,7
2,6
1,4
1,7
4,4
4,2
1,5
Ile
Leu
Lys
4,2
6,9
0
2,9
4,6
3,8
7,7
2,7
1,7
1,0
1,2
1,9
1,6
1,1
7,0 5,1
9,8 10,2
12,8 7,8
5,2 4,7
9,4 10,6
10,8 9,8
6,6 6,5
3,3 3,8
3,2 3,7
2,2 2,8
2,7 2,5
4,6 4,8
4,5 4,3
2,2 2,5
Met Trp
+Cys
2,6
1,1
3,2
2,1
0,7
1,9
0,9
3,9
3,8
0,4
5,5
1,1
2,9
1,5
0,5
0
0
0
1,5
0
Thr
Val
3,5
5,6
6,4
3,9
4,3
4,7
6,9
3,2
0,6
2,5
1,5
1,4
1,4
2,4
4,8
6,7
9,2
3,9
5,3
4,5
5,9
2,7
2,3
2,3
2,2
12,1
13.2
1,8
126
FIGURA 107 Diviso do corpo de animal mostrando a hierarquia dos componentes macros e
microscpicos.
A.1) SISTEMAS E APARELHOS DE RGOS DO CORPO DE PEIXE
Alguns rgos presentes no corpo de um peixe telesteos so mostrados na figura
108.
127
A.1.5) SISTEMA NERVOSO coordenar e transmitir os estmulos e impulsos eltricos para os
rgos, tais como, neurnios, nervos, encfalo e crebro.
A.1.6) SISTEMA ESQUELTICO OU DE SUSTENTAO responsveis pela proteo e
suporte do corpo. Pode ser uma concha ou outra cobertura externa (exoesqueleto de corais,
moluscos e crustceos) ou interna (endoesqueleto de peixes telesteos e elasmobrnquios).
Como rgos caractersticos citam-se, a coluna vertebral, tendes, espinhas, ossos e
cartilagens;
A.1.7) SISTEMA REPRODUTIVO envolvido na reproduo e perpetuao da espcie,
composto por rgos como, testculos e ovrios.
A.2) TIPOS DE TECIDOS
Cada rgo formado por um ou mais tipos de tecidos. Um tecido uma coleo de
clulas associados com materiais intercelulares que so especializados para uma funo
particular. Existem quatro tipos bsicos de tecidos que participam da formao dos diversos
rgos do corpo animal: (1) tecido muscular; (2) tecido conectivo; (3) tecido epitelial; e (4)
tecido nervoso.
A.2.1) TECIDO MUSCULAR OU CONTRCTIL
formado por clulas musculares longas, finas e mono ou multinucleadas. Devido forma
afilada, as clulas musculares so tambm chamadas de fibras musculares;
um dos tecidos presentes nos diversos tipos de msculos dos corpos de animais. O
sistema muscular dos vertebrados consiste de trs diferentes msculos, como mostrado na
figura 109.
o msculo que se encontra ligado e revestindo o sistema esqueltico dos animais. Sendo
assim, ele pode estar presente na cabea (msculos da boca, olhos, oprculos, lngua e
crebro, etc.), tronco (msculo corporal dorsal e ventral, das nadadeiras e anal) e nadadeira
caudal de peixes.
128
de tecidos nervosos. Em funo disto, este msculo chamado de msculo voluntrio ou
msculo de contrao voluntria.
Suas fibras musculares, de forma cilndrica e no ramificada, so mais longas do que
aquelas presentes nos msculos cardaco e liso.
Sob
microscopia,
nota-se
presena
de
vrios
ncleos
achatados
localizados
perifericamente nas clulas e um aspecto estriado, sendo por isso, chamado de msculo
estriado (FIGURA 110).
129
Suas fibras musculares so fusiformes, afiladas e contm apenas um ncleo ovide
central. As miofibrilas acham-se dispostas longitudinalmente e apoiadas por tecidos
conjuntivos.
Apresenta contrao involuntria, sendo assim tratado como um msculo involuntrio.
(Obs: nos moluscos, o msculo liso considerado como um msculo de contrao
voluntria).
A.2.2) TECIDO CONECTIVO
Entre outras funes, atuam como elemento de sustentao (coluna vertebral, cartilagem,
ossos, etc.), de preenchimento (tecidos gordurosos) e de defesa (anticorpos, histamina e
heparina) do corpo de animais, podendo ser denominados de:
(1) Tecido conjuntivo rico em fibra colagenosa, liga os diferentes tecidos entre si. Ex.
Fscias, mioseptos, tendes (liga os msculos aos ossos) e aponeuroses (membrana
fibrosa, branca e resistente, que envolve os msculos) mantm juntos os ossos e
msculos.
(2) Tecido adiposo constitudo por clulas adiposas. So encontrados principalmente
nos depsitos gordurosos sob a pele, nadadeira dorsal e cavidade abdominal, bem
como, nas membranas que revestem alguns rgos viscerais.
(3) Tecido cartilaginoso formado por clulas condrcitas, um material intracelular
contendo gua e glicoprotenas, conhecido como matriz e fibras colagenosa e elstica.
Ele encontrado nas cartilagens dos esqueletos dos vertebrados.
(4) Tecido sseo constitudo por clulas ostecitas, matriz e fibra colagenosa. o
principal tecido de sustentao, participando da formao dos ossos dos esqueletos de
vertebrados.
130
TABELA 43 Mucopolissacardios presentes na substncia fundamental.
Mucopolissacardio
Componentes qumicos
Ocorrncia
cido hialurnico
Condroitina
Crnea e cartilagem
Cartilagem
Condroitina A
Condroitina C
Heparina
Dermato sulfato
Cartilagem
Pulmo e vias mucosas.
Pele
131
132
cortado longitudinalmente ou de POSTAS, quando for cortado transversalmente, como
mostrado na figura 117..
133
J os msculos lisos nas artrias e nos vasos sanguneos e linfticos ligados aos
msculos esqueltico e cardaco, ocorrem em pequenas propores e so difceis de serem
separados, por isso, so consumidos juntos com os msculos.
Em resumo: a principal parte comestvel do peixe resume-se ao MSCULO que
contm tecido muscular, conectivo e nervoso. Dos peixes ainda se consome a cabea (tecidos
conectivos, musculares, epiteliais e nervosos) e pele (tecido epitelial, conectivo e nervoso).
A.3.2) SEGMENTOS MUSCULARES
Numa anlise mais atenta, mesmo ao olho nu, percebe-se que msculo apresenta uma
estrutura segmentada (FIGURA 118), constituda por mimeros ou mitomos separados por
mioseptos ou miocomata.
(1) MIMEROS ou MITOMOS so segmentos musculares presentes no msculo
esqueltico do corpo dos peixes formados por feixes curtos de fibras musculares.
(2) MIOSEPTOS ou MIOCOMATA so camadas finas de tecido conectivo separando os
mimeros.
Os mimeros (tecido muscular) e os mioseptos (tecido conectivo) juntos so os
principais constituintes presentes na grande massa muscular do corpo dos peixes.
134
FIGURA 120 Corte transversal de uma posta de peixe e localizao alguns componentes
corporais.
Levando em conta a presena dos dois SEPTOS, o msculo lateral de peixes
telesteos pode ser dividido em quatro quadrantes. Cada quadrante preenchido por msculos
que recebem nomes especficos, como mostrado na figura 121.
135
136
Alm dos peixes da classe Osteichthyes, o arranjo W tambm ocorre, porm com
pequenas diferenas, para os peixes das classes Agnatha e Chondrichthyes (FIGURA 123).
137
138
O msculo em si pode ser dividido em feixes de fascculos, cada um, recoberto por uma
camada de tecido conectivo (TC), chamado de FSCIAS.
2) MIMEROS ou MITOMOS so segmentos contendo fibras musculares que formam os
msculos do pescado. No msculo esqueltico do tronco do animal eles se repetem em srie
ao longo do eixo do corpo do peixe, sendo separados uns dos outros pelos miosptos.
3) MIOSPTOS ou MIOCOMATAS so camadas de tecido conectivo que mantm ligados
os mimeros uns aos outros, contribuindo assim, para manuteno da integridade do
msculo.
4) SARCOMRO
distncia entre duas linhas Z adjacentes, contendo filamentos grossos (miosina) e finos
(acitna, troponina e tropomiosina).
139
FIGURA 128 Diagrama esquemtico de uma clula animal, mostrando alguns componentes
celulares.
140
9) SARCOLEMA a membrana celular ou plasmtica (citoplasmtica), que envolve a clula
muscular. Acha-se localizada logo abaixo do endomsio. uma membrana eletricamente
excitvel, composta por protenas, lipdios, polissacardios e tecido conectivo. Participa
efetivamente na contrao e relaxamento muscular nos animais vivos.
141
ncleo separado do sarcoplasma por esta membrana nuclear que contm fosfolipdios,
protenas e colesterol.
12) MITOCNDRIAS localizadas no sarcoplasma, so chamada de caldeira da clula
porque capturam energia proveniente do metabolismo dos lipdios, carboidratos, protenas, e
suprem as clulas nos requerimentos energticos.
13) LISOSOMOS so pequenas vesculas contendo internamente enzimas digestivas
(catepsinas, colagenases, lipases; fosfolipases, etc), separadas do sarcoplasma por uma
membrana simples. As enzimas so capazes de digerir a clula e seu contedo.
14) CITOESQUELETO um conjunto de filamentos presente no sarcoplasma. So fibras de
protenas filamentosas formando uma rede tridimensional que dar formas s clulas e
contribuir para seus movimentos (contrao muscular). Entre as protenas citoesquelticas
incluem-se: titina ou conectina, nebulina, C-protena, M-protena ou miomesina, desmina ou
esqueletina, Z-protena, creatina quinase, etc.
A. 5) PRINCIPAIS COMPONTENTES DAS MIOFIBRILDAS CLULAS MUSCULARES
As miofibrilas so formadas pelos filamentos grossos e finos. No msculo voluntrio
esqueltico estriado, os miofilamentos esto arranjados de maneira bastante regular dentro de
um padro preciso, tal que, na zona de superposio, os filamentos de miosina esto sempre
circundados por seis filamentos de actina (FIGURA 131).
142
(regio anisotrpica compreendida entre duas bandas I) contendo filamentos de miosina e
acitna sobrepostos.
A zona H a regio central mais clara presente na banda A do sarcmero, onde
existem apenas filamentos grossos (miosina) separados pela linha M.
A protena TITINA se extende desde a linha Z at a linha M (FIGURA 132). Ela est
ligada linha Z e ao filamento da miosina, dando elasticidade regio entre as bandas I e A.
143
TABELA 44 Dimenses tpicas das fibras do msculo esqueltico de seres
humanos
Componentes
Comprimento
Dimetro
Fibra muscular
1-30 cm
100 m
Miofibrila
1-30 cm
2 m
Sarcmero (relaxado)
2.5 m
2 m
Sarcmero (contrado)
1.25 m
2 m
Fonte:http://www.visualhistology.com/Visual_Histology_Atlas/VHA_Chpt7_Muscle.html
144
145
A miosia que contem ATP (adenosia trifosfato de sdio) ligada na sua molcula se liga
ao filamento fino. Isto provoca a hidrlise do ATP, liberando ADP, fosfato inorgnico e energia.
Esta energia provocar o giro da cabea da molcula de miosina (FIGURA 137), ligando-se
ento actina numa ligao bastante forte. Isto puxar as linhas Z em direo uma das outras,
provocando o encurtamento do comprimento do sarcmero.
146
No comeo do retorno ao estado de relaxamento muscular, o ATP se liga novamente
miosina, enfraquecendo a ligao e liberando a actina (FIGURAS 139 e 140).
147
ciclo seria capaz de gerar energia suficiente para ressintese do ATP, mas teria um efeito
indesejvel, a produo de cido ltico (um subproduto "txico" gerado no decorrer do ciclo de
ressintese do ATP), que faria com que o exerccio fosse interrompido minutos depois pela
instalao da fadiga muscular dos msculos ativos (msculos exercitados).
C) TRANSFORMAES BIOQUMICAS POST MORTEM NO PESCADO
Aps sua captura e morte, transformaes qumicas, fsicas, enzimticas e
microbiolgicas comeam a surigir nos tecidos do pescado em intensidade variavel com o
tempo, provocando a reduo do frescor e da qualidade at o limite de sua completa
deteriorao (FIGURA 141).
FIGURA 141 Diagrama das mudanas ps-morte do pescado desde a sua captura at
completa deteriorao.
C.1) TRANSFORMAO DO MSCULO EM CARNE
Do ponto de vista bioqumico, o primeiro evento que ocorre logo aps a morte do
animal, a transformao gradual do MSCULO em CARNE. Quando o animal morre, diz-se
que os MSCULOS (aqueles rgos funcionais) perdem suas funes especficas,
transformando-se ento em CARNES (aqueles rgos que se comem). No ato de
transformao de um MSCULO em CARNE, o primeiro perde suas propriedades funcionais,
como por exemplo, a habilidade de contrair e relaxar, que ocorre de maneira reversvel no
animal vivo. A carne o msculo funcionalmente morto, em condies bioqumicas adequadas
para o consumo humano.
No sentido alimentcio, geralmente a palavra carne s usada para se referir carne
de mamferos e rpteis. Nos casos de aves, anfbios e peixes, geralmente diz-se apenas o
nome do animal de onde provm (WIKIPEDIA, 2006). Para MORETTO et al. (2002), carne a
parte muscular comestvel dos mamferos e aves, com os respectivos ossos, manipulados em
148
condies higinicas proveniente de animais em boas condies de sade, abatidos sob
inspeco veterinria.
Na carne, algumas transformaes bioqumicas e fsico-qumicas ocorrem envolvendo
os diversos nutrientes, como, protenas, lipdios, carboidratos (em especial, o glicognio
muscular) e nucleotdios provocando alteraes de carter positivo ou negativo sobre a
qualidade dos alimentos. Uma viso geral dessas transformaes mostrada na figura 142.
MORTE DO ANIMAL
CAI O SUPRIMENTO
DE OXIGNIO/POTENCIAL OXI-REDUO
CESSA A AO
DOS FAGCITOS
CESSA A RESPIRAO
Glicognio --//--> CO2
COMEA A GLICLISIS
Glicognio ------> cido Lctico
REDUO DO
NVEL DE pH
INCIO DO
RIGOR MORTIS
DESNATURAO
PROTICA
CRESCIMENTO
BACTERIANO
LIBERAO DE ENZIMAS
LISOSMICAS
HIDRLISE DE
PROTENAS,
LIPDIOS, etc.
149
C..1.1) DEGRADAO PS-MORTE DO ATP
Uma das primeiras transformaes bioqumicas por ocasio da morte do pescado a
degradao do nucleotdios, representado pelo autocatabolismo do ATP (adenosina trifosfato)
mostrado na figura 143.
150
O declnio do ATP ps-morte pode ser a causa primria do desenvolvimento do rigor
mortis em animais e pescado (zoul & zoul, 2002).
FIGURA 144 - Degradao post mortem em truta estcoada em gelo e atmosfera modificada.
151
C.1.2) GLICOLSE: Degradao anaerbica do glicognio e formao de cidos pirvico e
ltico.
Na gliclise anaerbica, o glicognio transformado em cido ltico (FIGURA 145),
que na ausncia de sangue para transporta-lo para o fgado, se acumular no msculo,
provocando o abaixamento do pH, com reflexo no rompimento da membrana lisosmica e
liberao de suas enzimas, e provocando a desnaturao e hidrlise das protenas musculares.
A maioria das enzimas que atuam na converso de glicognio para cido pirvico e
cido ltico acham-se dissolvidas no fludo sarcoplasmtico.
152
C.1.3) LIBERAO DE ENZIMAS LISOSOMICAS
O rompimento da membrana lipoprotica da organela lisosmica celular provocar a
liberao de diversas enzimas que atuaro nos vrios nutritentes provocando alteraes, s
vezes drsticas dos tecidos musculares, com reflexo na qualidade dos alimentos.
Esquemticamente, o rompimento da membrada provocada por diversos fatores,
mostrada na figura 146 (de Duve, 1963).
153
mximo entre 12 a 48 horas, dependendo das condies ambientais de temperatura e outros
fatores
O rigor mortis desaparece quando os tecidos comeam a se decompor por enzimas
proteolticas lisosmicas das clulas musculares que escapam e comeam a hidrolisar os
miofilamentos.
Segundo Eskin et al. (1971), o processo inteiro envolve trs fases de transformaes
que so as seguintes:
FASE DO PR-RIGOR MORTIS ou simplesmente PR-RIGOR
FASE DO RIGOR MORTIS PLENO ou simplesmente RIGOR-PLENO
FASE DO PS-RIGOR MORTIS ou simplesmente PS-RIGOR.
(C.2.1) FASE DO PR-RIGOR compreende o tempo transcorrido entre a morte e o
estabelecimento do rigor mortis pleno. As seguintes transformaes bioqumicas e fsicas
ocorrem:
Estado onde o msculo mole e flexvel, porque a acina e miosina esto dissociadas,
ou seja, sem formao de ACTOMIOSINA.
Cessa o suprimento de oxignio nos tecidos e rgos.
No ocorre mais a sntese e regenerao de ATP como ocorrer com o animal vivo,
porisso, os nveis de ATP e fosfato de creatinia diminuem sensivelmente. Nesta fase o ATP
comea a degradar com o tempo, produzindo diversos produtos derivados, numa
transformao chamada de DEGRADAO DE NUCLEOTDIOS OU DO ATP (ver degradao
do ATP).
Ocorre a GLICLISE ANAERBICA, onde o glicognio transformado em CIDO
PIRVICO e CIDO LTICO, pela via Embden-Meyerhor.
O pH muscular inicial encontra-se em torno de 7,2 7,4 (pH fisiolgico normal) na
maioria das espcies, que vai diminuindo com o tempo, de acordo com a concentrao de
cido ltico formado.
A reteno de gua alta, no havendo exsudao (drip ou gotejamento) no msculo
sob presso, porque o pH encontrar-se no valor fisiolgico nornal.
Apresenta alta (90 a 100%) extrao das protenas com solues salinas fisiolgicas
Durao: muito varivel com a espcie, condies de estresse, temperatura, exerccio,
reservas de ATP e glicognio do pescado no momento de sua morte, entre outros fatores.
Por exemplo: teores de ATP e glicognio durao da fase de pr-rigor mais rpido
atinge o rigor pleno e a fase de ps-rigor.
Nesta fase o pescado considerado de alta qualidade, recomendado inclusive para o
consumo no estado cru in natura.
154
(C.2.2) FASE DO RIGOR MORTIS estado onde o tecido muscular encontra-se totalmente
contrado ou rgido. Os seguintes eventos bioqumicos e fsicos ocorrem:
A rigidez dos msculos se deve formao do complexo protico chamado de
ACTOMIOSINA, que envolve os miofilamentos finos (actina) e grossos (miosina) da fibra
muscular.
O pH muscular atinge o valor mnimo, que depende da espcie e das condies
fisiolgicas do animal antes da sua morte. Por exemplo,
155
Fils cortados do peixe antes de entrar em rigor, ele encolher, sua forma ficar
distorcida e a superfcie da carne ficar com aparncia enrrugada. Estas distores
permanecem ainda durante o congelamento e descongelamento. A extenso do encolhimento
depender da condies do peixe e da temperatura no qual for mantido. Por exemplo, Quando
o fil cortado de um peixe bem alimentado, no pr-rigor e mantido sob alta temperatura ante
do
congelamento,
ele
poder
encolher
at
cerca
de
30-40%
do
seu
tamanho
original.(STROUD, 1968).
Durao do rigor-mortis muito varivel pois depende de vrios fatores (espcie,
temperatura,condies de estocagem, esforo fsico, estresse, animal alimentado ou no,
tamanho do peixe, tipo de msculo claro ou escuro, etc.).
O desenvolvimento das fases do rigor mortis pode ser acompanhado pelo
desolocamento da cauda do peixe, como mostrado a figura 148.
FIGURA 148 Mtodo para acompnhamento das fases de rigor mortis em peixe.
Para o salmo, o seguinte comportamento entre o ndice de rigor e pH foi observado
(FIGURA 149).
156
Para ALMEIDA et al (2005), o incio da rigidez (IR) muscular para o tambaqui cultivado
estocado em gelo ocorreu 20 minutos (IR=80,1%) aps a morte por asfixia entre camadas de
gelo. A contrao total ocorreu aos 30 minutos (IR=99,4%) e a resoluo total do rigor cerca de
360 horas (15 dias), como mostrado na figura 150.. A concentrao de ATP diminuiu cerca de
50% aos 20 minutos. Aos 30 minutos aps a morte, ainda restavam aproximadamente 30% da
quantidade inicial de ATP. Somente aps duas horas, o teor de ATP se aproximou de zero.
FIGURA 150 Progresso do rigor mortis (%) do tambaqui, cultivado e estocado em gelo.
Fonte: ALMEIDA et al. (2005).
A Tabela 45 mostra algumas informaes sobre os tempos necessrios para atingir e
dissolver o rigor mortis em algumas espcies de peixes (STROUD, 1968)
TABELA 45 Tempo de rigor mortis para algumas espcies de peixes sob condies variadas
de captura e repouso.
Espcies
Bacalhau de
traineira
Bacalhau em
repouso de
aquario
redfish de
traineira
whiting de
traineira
plaice de
traineira
Coalfish de
traineira
Haddock de
traineira
22
120
Em gelo
20
Em gelo
7-11
54-55
Em gelo
18
110
Em gelo
53
2-4
2
37
24
157
158
O fenmeno do gaping tambm sofre variao sazonal (FIGURA 151) em funo da
temperatura, disponibilidade de alimentos, poca de reproduo, regime de chuvas.
(C.2.3) FASE DE PS-RIGOR MORTIS - estado no qual a carne gradualmente amolece com
o tempo. Esta fase pode ser considerada como a RESOLUO DO RIGOR MORTIS.
At certo ponto das transformaes bioqumicas nesta fase, podem ser consideradas
como um processo de MATURAO da carne, isto , uma condio onde os tecidos passam
da dureza mxima para uma condio mais macia (tenderizao, amaciamento).
Na maturao o amolecimento do msculo ocorre no pela dissoluo da actomiosina
em miosina e actina, mas pela ao de enzimas proteolticas liberadas do lisosomos sobre os
diversos tipos de protenas miofibrilares e estromticas.
As principais alteraes que ocorrem com as protenas do pescado logo aps sua
captura e morte influenciada por enzimas de origem endgena e bacteriana (FIGURA 153).
ATP
159
As
160
C.3.1) AO HIDROLTCA DE ENZIMAS PROTEOLTCAS SOBRE AS PROTENAS
Protenas musculares em
meio assptico
Ao de proteases
endgenas
Microrganismos
proteolticos em
nmero pequeno:
Utilizam AAs e
peptdios para se
multiplicar
O crescimento
induz a gerao
de PROTEASES
BACTERIANAS e
o consumo de
nutrientes.
Amplo predomnio
de microrganismos
proteolticos.
Aumenta a concentrao
normal de aminocidos livres
e peptdios
Microrganismos no
proteoticos utilizam
AAs e peptdios
para se multiplicar
Decrscimo de
microrganismos
no proteolticos
devido a inabilidade
para degradar
protenas.
Multiplicao de
microrganismos
no proteolticos.
ESTADO DE PUTREFAO
161
C.2.3) FORMAO DE AMNIA
(1) DEGRADAO DO ATP (AO ENZIMTICA) ver DEGRADAO DE ATP (C.1.1).
(2) DESAMINAO DE AMINOCIDOS (AO ENZIMTICA E BACTERIANA)
162
C.2.4) DEGRADAO DO XIDO DE TRIMETILAMINA E FORMAO DE COMPOSTOS
DERIVADOS
163
C.2.5) FORMAO DE POLIAMINAS NO VOLTEIS
164
C.2.6) COMPOSTOS NITROGENADOS NO PROTICOS
ESPCIES
Pacific sardine, Sardinops sagax
Common mackerel, Scomber scombrus
Jack mackerel, Trachurus symmetricus
Cavala
Tainha
Arenque (round herring)
Brushtooth lizard fish
Golfinho (dolphin)
Summer flounder, Paralichthys dentatus
Petrale sole, Eopsetta jordani
walleye pollack, Theragra chalcogramma
NT
(mg/100g)
NNP
(mg/100g)
3324
3275
3012
3149
3138
3279
3012
3283
3034
2993
2490
650
570
395
391
430
568
400
543
326
300
372
NNP x100
NT
38,7
33,6
24,3
28,5
30,1
30,1
24,6
29,1
24,2
24,2
19,9
165
C2.7) ALTERAES DA QUALIDADE DO PESCADO: FASES DE FRESCOR