Agrofloresta e Óleos Essenciais PDF
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Expediente
Agradecemos Terra
Redao:
do Futuro/Sucia e ao
Andr Gonalves
para a Biodiversidade)
pelos recursos financeiros
que possibilitaram a
produo e impresso
desta cartilha.
Agradecemos ao
Ilustraes:
Departamento de
Assistncia Social da
Projeto grfico:
Prefeitura Municipal
de Ip e Iara Reinke
Amanda Borghetti
Fotos da capa:
atividades desenvolvidas
Amanda Borghetti
(pitangueira, goiabeira)
Cesar Volpato
(goiabeira-serrana)
Can Stock Photo Inc. /
chepatchet (conta-gotas)
Forest & Kim Starr
Wikimedia Commons
(aroeira)
Wikimedia Commons
(cereja-do-Rio-Grande)
Dezembro de 2014
Contedo
Apresentao .............................................................................
Introduo .................................................................................
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Concluso ..................................................................................
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Apresentao
Desde o incio da dcada de 1990, o Centro Ecolgico vem difundindo
a ideia dos chamados sistemas agroflorestais (SAFs) no contexto de
unidades de produo agroecolgicas, tanto na Serra quanto no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.
No cenrio nacional, o Centro Ecolgico destaca-se entre as principais organizaes que trabalham com SAFs, disponibilizando uma
srie de trabalhos cientficos, participando ativamente em redes de
promoo de SAFs e, especialmente, acompanhando e assessorando
famlias agricultoras que manejam sistemas agroflorestais.
Atravs das prticas desenvolvidas pelas famlias agricultoras na produo e comercializao de produtos agroflorestais, o Centro Ecolgico comprova que possvel produzir alimentos e, simultaneamente,
promover a conservao da biodiversidade e o sequestro de carbono
na Mata Atlntica.
Dentre as espcies que podem compor os SAFs, muitas so produtoras de leos essenciais, com reconhecidas faculdades teraputicas.
Desde 2011, o Centro Ecolgico vem trabalhando em parceria com o
Departamento de Assistncia Social da Prefeitura Municipal de Ip
no sentido de apresentar s mulheres os benefcios do uso dos leos
essenciais.
Ao estimular o uso e a incluso de espcies de plantas produtoras
de leos essenciais nos quintais agroflorestais, pretendemos contribuir para melhorar a qualidade de vida das mulheres agricultoras,
principais responsveis pelo manejo desses espaos. Acreditamos
que o cultivo e extrao de leos essenciais podem aumentar o bem-estar e a sade das mulheres, e de suas famlias, e, ainda, oferecer
Quintal agroflorestal.
Introduo
Numa definio bem ampla, sistemas agroflorestais so sistemas
de produo agrcola que combinam, em uma mesma rea, cultivos
anuais e outras plantas com rvores e/ou animais.
Ou seja, todo sistema agrcola que possui mais de uma espcie cultivada, sendo que uma delas rvore, pode ser considerado, ainda
que de forma bem genrica, como um SAF.
Um sistema que contm apenas duas espcies de plantas, como,
por exemplo, um cultivo anual e uma fileira de rvores um sistema
agroflorestal simples. Uma rea onde so cultivadas diversas espcies de plantas em conjunto, incluindo espcies de rvores, um sistema agroflorestal complexo.
Na realidade, a classificao de sistema simples ou complexo s
para facilitar o entendimento. O que existe, na prtica, um gradiente de sistemas de produo que vai desde o mais simplificado e homogneo, com poucas espcies de plantas, at o mais complexo, que
envolve diversas espcies de plantas e/ou animais.
Como regra geral, o que se pretende num SAF ampliar o nmero de
espcies cultivadas em uma mesma rea, pelos benefcios que pode
trazer para o meio ambiente e para os seres humanos.
Um sistema agroflorestal complexo o que se conhece pelo nome de
quintal agroflorestal aquele espao na unidade produtiva, via de regra manejado pelas mulheres, onde se colhe uma grande diversidade
de produtos.
Quase como um atributo inerente agricultura familiar, em todas as
regies do Brasil, os quintais agroflorestais so espaos que contm
O que so e para
que servem os leos
essenciais
Os leos essenciais so lquidos obtidos de determinadas plantas,
atravs de diferentes mtodos de extrao. Apesar de serem chamados de leos, nem sempre so gordurosos ou oleosos.
Devido a seus inmeros benefcios para o bem-estar e a sade, inclusive com efeitos curativos, a humanidade usa leos essenciais h
mais de 2 mil anos.
H cerca de 300 leos essenciais de importncia comercial no mundo. Esses compostos naturais possuem intensas propriedades aromatizantes e saborizantes que so usadas para contribuir no bem-estar
bem como para o preparo de perfumes, cosmticos, produtos de higiene pessoal, para dar gosto e cheiro a alimentos e bebidas, para a
formulao de medicamentos e na indstria de tintas e vernizes.
Os leos essenciais so substncias volteis, isto , evaporam, e so
formados por dezenas ou at centenas de componentes moleculares,
ou molculas distintas.
diretamente relacionadas s condies ambientais do local onde a planta se encontra, ao mtodo de colheita e ao mtodo de extrao usado.
Em geral, os leos essenciais tm um componente que predomina e
que determina para que ele ir servir. Mas, como cada leo essencial
composto por um grande nmero de molculas, necessrio fazer
anlises em laboratrio para identificar e classificar cada leo essencial
que ser comercializado. A composio qumica dos leos essenciais e
a porcentagem de seus princpios ativos dada pela anlise cromatogrfica, realizada em laboratrio.
A extrao pode ser feita por diversos mtodos, e o de arraste com
vapor de gua o mais comum, obtendo-se leos essenciais de excelente qualidade. O leo que foi arrastado pelo vapor de gua , depois,
separado, e a gua perfumada que sobra chamada de hidrolato ou
gua floral. Ela tem uma concentrao muito baixa de molculas ativas
e est pronta para ser usada sobre a pele, trazendo benefcios sade
e bem-estar. Os leos das cascas de frutas ctricas so extrados por um
mtodo de prensagem.
O rendimento de leo depende da espcie e tambm influenciado
pelo tempo que dura a extrao.
Os leos essenciais produzidos por cada espcie so nicos, ou seja,
nenhum tipo de planta produz leo idntico ao de outro tipo.
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sistema lmbico
bulbo-olfatrio
narinas
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1. Aroeira / 2. Goiabeira-serrana.
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Algumas espcies
de plantas com
potencial para
produo de leos
essenciais na Serra e
Litoral Norte
A composio do leo essencial varia na quantidade e na qualidade
de molculas que tem, dependendo do momento da colheita, da estao do ano e do estgio de maturidade no momento da colheita.
Amostras de plantas colhidas em diferentes perodos do dia e em
diferentes pocas do ano mostram uma variao na composio do
leo.
A seguir, uma diversidade de plantas possveis de serem cultivadas
em quintais agroflorestais ou em sistemas agroflorestais na Serra e
Litoral Norte, e das quais possvel extrair leos essenciais atravs
de sistema de arraste de vapor.
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1. Gernio / 2. Hortel.
Ervas aromticas
Alecrim (Rosmarinus officinalis L.) so utilizadas folhas e flores. O
leo estimulante, animador e ajuda a pessoa a se concentrar.
Camomila (Chamomille nobilis, Anthemis nobilis) so utilizadas flores
frescas e secas. O leo tem propriedades relaxantes.
Capim-limo (Cymbopogon citratus) tambm conhecido como
capim-cidreira ou capim-santo. So utilizadas as folhas. O leo relaxante, tranquilizante, promovendo sono profundo.
Citronela (Cymbopogon nardus) so utilizadas as folhas frescas ou
secas. repelente de insetos, e afasta moscas e mosquitos, prevenindo
picadas de mosquitos.
Gengibre (Zingiber officinalis) so utilizados os rizomas (razes) frescos. Ajuda a dissipar dvidas e afrodisaco masculino.
Gernio (Pelargonium graveolens) o leo essencial extrado quando a planta est florida. Ameniza desconfortos de TPM e climatrio.
Hortel (Mentha piperita) so utilizados as folhas e ramos secos. Promove concentrao e revigoramento.
Manjerico (Ocimum basilicum) so utilizadas as folhas e as flores.
Promove clareza mental e diminui o nervosismo.
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3. Gengibre / 4. Alecrim.
rvores e arbustos
Ara-do-campo (Psidium cattleianum) so utilizadas as folhas. Bom
para ajudar a hidratar a pele.
Aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius) so utilizadas as folhas.
uma rvore nativa da regio litornea e possui pimentas avermelhadas. Tambm conhecida como poivre-rose ou pimenta-rosa.
Cabeluda (Myrciaria glazioviana) so utilizadas as folhas frescas.
arbusto grande nativo e o nome tupi guapirijuba, que significa fruta
amarela de casca amarga e felpuda. Tambm chamada de cabeludinha, caf-cabeludo, fruta-cabeluda, jabuticaba-amarela, peludinha e
vassourinha-da-praia.
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Cereja-do-Rio-Grande (Eugenia involucrata DC.) so utilizadas as folhas. rvore frutfera nativa e o nome tupi barapiroca, que significa
fruta da rvore que se descasca. Tambm chamada de cavina e
cereja-do-mato.
Erva-mate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.) para extrair o leo da erva-mate seca, adicionar 700 ml de gua fervida a cada 100 g de erva-mate e submeter extrao por cerca de 1 h. Usada em produtos de
higiene pessoal. nativa e chamada de ca pelos indgenas.
Eucalipto-citriodora (Eucalyptus citriodora) so utilizados as folhas e
ramos finos. Usado em produtos de higiene e limpeza.
Eucalipto-globulus (Eucalyptus globulus) so utilizados as folhas e
ramos finos. Usado para tornar os ambientes mais agradveis.
Goiabeira (Psidium guajava L.) so utilizadas as folhas frescas.
Goiaba-da-serra (Acca sellowiana Berg.) so utilizadas as folhas. rvore nativa tambm conhecida como feijoa.
Guabiroba (Campomanesia xanthocarpa Berg.) so utilizadas as folhas. rvore nativa tambm conhecida como guavirova. O nome indgena wa bi rob e significa fruto amargo.
Guamirim (Myrcia multiflora) so utilizadas as folhas. rvore nativa.
Louro (Laurus nobilis) so utilizadas as folhas. Ajuda a acalmar.
Pitanga (Eugenia uniflora L.) so utilizadas as folhas. A triturao
das folhas aumenta a quantidade extrada de leo. rvore nativa cujo
nome vem do nome indgena tupi pi tg, que significa vermelho escuro. leo bom para a pele, pode ser usado em produtos de higiene
pessoal.
Uvaia (Eugenia pyriformis Camb.) so utilizadas as folhas. rvore nativa conhecida tambm como uvalha, uvaia-do-mato ou azedinha. O
nome indgena tupi iwa ya significa fruto cido.
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Concluso
Os quintais agroflorestais, em unidades de produo familiar, tm
contribudo para melhorar aspectos ambientais e de segurana alimentar, e, eventualmente, para complementar a renda das famlias.
Os quintais, normalmente, j apresentam uma grande diversidade de
plantas aromticas, medicinais e alimentcias, alm de espcies arbreas
para diferentes finalidades. Esta caracterstica torna esses espaos produtivos em ambientes adequados para introduzir ou ampliar a presena
de espcies produtoras de leos essenciais, enriquecendo a conservao dos recursos naturais. Os quintais agroflorestais tambm funcionam
como uma espcie de berrio para as famlias observarem e testarem
a adaptao de espcies novas servindo, posteriormente, como fonte
de material a ser reproduzido atravs de sementes, mudas ou estacas.
As mulheres, em especial, tm interesse crescente em conhecer a
qualidade dos produtos que consomem. Conseguir produzir e extrair
leos essenciais propicia, alm do controle do processo de obteno
de matrias-primas para complementar os produtos que consomem,
a satisfao de ter seus espaos de trabalho ainda mais valorizados
pelo estmulo ao bem-estar e sade.
Na Serra e Litoral Norte do Rio Grande do Sul, significativa a diversidade de espcies, especialmente arbustivas e arbreas, que podem
ser produzidas em sistemas agroflorestais, com boas perspectivas de
extrao de leos essencias para uso pessoal e, eventualmente, para
comercializao. O interesse por leos essenciais de rvores nativas,
muitos deles ainda pouco conhecidos, tm aumentado.
Extrair os leos essenciais para uso pessoal e familiar pode ser um
primeiro passo para consolidar o conhecimento de manejo e produo, abrindo caminho para a implantao de pequenas unidades
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realizar um inventrio ampliado das espcies potenciais, especialmente as rvores, arvoretas e arbustos nativos;
desenvolver planos de manejo para a poda das rvores, arvoretas e arbustos para permitir a regenerao e evitar a perda
desses indivduos no mdio e longo prazos;
realizar oficinas coletivas de capacitao para produo e extrao de leos essenciais a partir de sistemas agroflorestais.
indiscutvel o quanto os sistemas agroflorestais so benficos em aspectos sociais, econmicos e ecolgicos, e poder dispor de matrias-primas provenientes da agrosociobiodiversidade tem inmeras vantagens. A extrao de leos essenciais mais um passo neste sentido.
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Endereos teis
www.centroecologico.org.br
Centro Ecolgico - Ip/Serra
Rua Luiz Augusto Branco, 725
94.240-000 Ip / RS
Fone: (54) 3233-1638
Centro Ecolgico - Litoral Norte
Rua Padre Jorge, 51
95.568-000 D. Pedro de Alcntara / RS
Fone: (51) 3664-0220
Quintal agroflorestal.