Interface Morfologia Fonologia
Interface Morfologia Fonologia
Interface Morfologia Fonologia
333-355
333
INTERFACE MORFOLOGIA-FONOLOGIA:
TEORIAS, ABORDAGENS E TEMAS
Carlos Alexandre Gonalves
RESUMO
Neste artigo, descrevemos os modelos tericos para o
tratamento da interface morfologia-fonologia na lingustica contempornea at o advento da teoria da otimalidade, no incio da dcada de 1990. Ao focalizar a
diferena entre as propostas uni e bilaterais de interao
desses dois nveis, apresentamos alguns fenmenos do
portugus que podem ser abordados nessa interface.
PALAVRAS-CHAVE: morfologia; fonologia; interface.
Palavras iniciais
o dois os principais objetivos deste texto: (a) fazer uma breve retrospectiva dos enfoques sobre a interao da morfologia com a fonologia
na lingustica contempornea pr-otimalista (incios dos anos 1990) e
(b) apresentar alguns fenmenos do portugus que podem ser descritos nessa
interface. Com nfase na descrio de dois modelos sobre a interface em foco,
a fonologia lexical e a morfologia prosdica, procuramos abordar as formas de
interao dos processos morfolgicos com os fonolgicos.
334
(01)
Um fenmeno de anlise morfolgica que recebeu destaque no estruturalismo lingustico foi a alomorfia. Definida como uma alterao na conformao fsica de morfemas, a alomorfia envolve distrbio no ideal de univocidade entre forma e contedo, pois o morfema (entidade do plano do
contedo) pode aparecer representado por formas diferentes, perspectiva na
qual os chamados alomorfes constituem as representaes fonticas divergentes (variaes) de um mesmo morfema. Como a maior parte das alteraes
nos constituintes morfolgicos apresenta explicao segmental, especial nfase
foi dada s mudanas no sistema fonmico do vocbulo com repercusso no
sistema mrfico.
2
335
desmontar
desfazer
desabrigar
degelar
mortal
dorsal
escalar
escolar
ama
amamos
amei
amou
cantava
cantavas
antavam
cantveis
casas
mares
canis
lpis
sinto
sente
sentes
sentem
Nos dados em (02), observa-se, na primeira coluna, alomorfia no prefixo que indica reversibilidade, pois sua consoante final alterna, na posio de
coda, entre surda (desfazer) e sonora (desmontar) ou se realiza com alveolar vozeada em onset da slaba seguinte (desabrigar), podendo, ainda, sofrer
apagamento em contato com sibilantes (degelar, dessalgar, dessecar). Na
segunda coluna, a realizao do sufixo modal que forma adjetivos a partir
de substantivos condicionada pela existncia de /l/ no onset da slaba final:
quando essa slaba apresenta uma lateral, o sufixo se manifesta {-ar}, a exemplo
de escalar, escolar e milenar. Nos demais casos, a consoante do sufixo se
realiza como lquida lateral (p. ex., vital, mortal, constitucional). Na terceira, a vogal temtica de primeira conjugao no se realiza como /a/ em todas
as pessoas, j que assimila a altura e a zona de articulao da vogal seguinte,
a marca morfolgica de nmero/pessoa. Na quarta coluna, o elemento que
expressa tempo/modo alterna entre /va-/ e /ve-/, sendo a ltima realizao
determinada pela vogal alta que inicia o elemento responsvel pela informao
de P5, a desinncia {is}.
No caso do plural, a anexao do {-S} pode levar a uma srie de modificaes fonolgicas: desde a epntese voclica em palavras terminadas em
consoantes (mares) at o apagamento de lquidas laterais (canis) e a degeminao das sibilantes finais (lpis). Por fim, a raiz de sentir pode ter sua
vogal realizada como alta por metafonia, ou seja, por influncia da vogal alta
que manifesta P1.
Dados de alomorfia como os apresentados em (02) do mostras de que a
constituio segmental da palavra repercute na realizao dos elementos morfolgicos, o que levou os estruturalistas interpretao unilateral da interface
336
morfologia-fonologia. Pike e seus discpulos, por outro lado, nunca endossaram a hiptese da unidirecionalidade estrita, insistindo, ao contrrio, na
necessidade de reconhecer os pr-requisitos gramaticais da anlise fonmica
(PIKE, 1947: 39)3, numa clara aluso de que a morfologia tambm poderia
repercutir na fonologia.
O desenvolvimento da gramtica transformacional e, em particular, do
modelo clssico de fonologia gerativa (CHOMSKY & HALLE, 1968)4mudou
radicalmente o entendimento da relao morfologia-fonologia, assinalando a
relevncia das alteraes morfofonmicas no estabelecimento de regularidades
fonolgicas. Como resultado, a morfologia interessante anlise fonolgica
passou a ser formalizada, nas regras fonolgicas que se aplicam a representaes subjacentes abstratas, por smbolos de fronteira, deixando de existir um
componente morfolgico autnomo. Pode-se afirmar, com isso, que especial
destaque foi dado ao efeito do condicionamento morfolgico das operaes
fonolgicas, perspectiva diametralmente oposta assumida pela maior parte
dos estruturalistas. Por exemplo, observa-se, nos dados em (03), a seguir, que
uma nasal alveolar ([n]) se desenvolve quando, numa fronteira morfolgica, o
sufixo se inicia por vogal.
(03)
r > ranrio
ordem > ordenar
PIKE, K. L. Phonemics: A technique for reducing languages to writing. Ann Arbor, MI:
University of Michigan, 1974.
CHOMSKY, N.; HALLE, M. The sound pattern of English. New York: Harper and Row,
1968.
337
(04)
6
7
338
339
no-coerentes (BOOIJ, 2005)14, como -mente e -(z)inho, diferentes dos demais por preservarem a integridade fnica das bases. Nos dados a seguir, contrastam-se formas derivadas em que a neutralizao se aplica (primeira coluna)
com formas em que esse processo no tem vez (segunda coluna), o que refora
a tese de que a fonologia sensvel a informaes morfolgicas:
(05)
2. A fonologia lexical
Foi na dcada de 1980, no entanto, que surgiu um modelo de anlise
lingustica especificamente voltado para a interao das representaes fonolgicas com as estruturas morfolgicas (e vice-versa). As relaes entre morfologia e fonologia constituem o cerne da chamada fonologia lexical (KIPARSKY,
15
16
FERREIRA, A. S. S. R. Flexo de nmero dos nomes terminados em ditongo nasal luz da fonologia lexical. Dissertao (Mestrado em Lingustica). Porto: Universidade do Porto, 2009.
SZPYRA, J. The phonology-morphology interface: cycles, levels and words. London: Routledge, 1989.
340
KIPARSKY, P. From cyclic phonology to lexical phonology. In: HULST, H.; SMITH, N.
(org.). The structure of phonological representations (Parte 1). Dordrecht: Foris, p. 131-176, 1982.
MOHANAN, K. P. Lexical Phonology. Massachusetts: MIT, 1982.
BOOIJ, G. & RUBACH, J. Morphological and prosodic domains in lexical phonology.
Phonology Yearbook, n. 1, p. 1-27, 1984.
MOHANAN, K. P. The theory of lexical phonology. Dordrecht, Holland: Reidel, 1986.
CHOMSKY, N. Remarks on Nominalization. In: JACOBS, R. and ROSENBAUM, P.
(eds.). Readings in English Transformational Grammar. Ginn, Waltham: MA, 184-221, 1970.
ARONOFF, M. Word formation in generative grammar. Massachusetts: The MIT Press,
1976.
341
FONOLOGIA
MORFOLOGIA
(06)
A fonologia lexical adota o conceito de morfologia ordenada em nveis
originalmente encontrado em Siegel (1974)23. Para esse autor, o lxico de uma
lngua est organizado em nveis (ou estratos ordenados) que constituem domnios de aplicao de regras morfolgicas e fonolgicas que a encontram a
sua descrio estrutural. Essa diviso em estratos justificada pelo comportamento distinto dos afixos do ponto de vista morfofonolgico. Dito de outra
maneira, a sensibilidade que afixos despertam em regras fonolgicas pode determinar sua alocao em um nvel ou outro do lxico. Em Kiparsky (1982)24,
encontra-se a seguinte concepo de gramtica:
23
24
342
(07)
Uma importante contribuio desse modelo a postulao de dois principais tipos de regras fonolgicas: (a) as lexicais, que, entre outras caractersticas, respeitam as informaes morfolgicas e se aplicam quando a palavra
ainda est em formao e (b) as ps-lexicais, totalmente cegas a informaes
morfolgicas e aplicadas apenas quando a palavra j est pronta. O quadro a
seguir resume algumas das propriedades das regras lexicais e ps-lexicais (cf.
LEE, 1995: 07)25:
25
(08)
Cadernos
de Letras da UFF - Dossi: Dossi: Lngua em uso no 47, p. 333-355
LEXICAIS
343
PS-LEXICAIS
Quadro
1: Diferenas
entre regras
ps-lexicais
Fazem leitura
de rtulos,
ou lexicais
seja, eSo
cegas estrutura mrfica das
(08)
representao informal, bem ao estilo SPE, pode ser feita da seguinte maneira (/ l /
papel
jornal
[pa.p w])
[ o .naw])
mas
mas
[pa.pe.la.d ]
[ o .na.le.r ])
Bom
exemplo
regra
lexical
a assibilao,
observada
nos dados
da primeira
Bom
exemplo
dede
regra
lexical
a assibilao,
observada
nos dados
da pri26
meira coluna em28(10) . Nessas formas derivadas, a oclusiva final da base passa
coluna em (10) . Nessas formas derivadas, a oclusiva final da base passa a sibilante
26
diante
vogal
que inicia
o sufixo,
alta anterior
(LEE,
Essa operao
LEE, da
S. H.
Morfologia
e fonologia
lexical douma
portugus
do Brasil. Tese
de 1995).
Doutoramento.
Campinas: Unicamp, 1995.
28
344
a sibilante diante da vogal que inicia o sufixo, uma alta anterior (LEE, 1995).
Essa operao fonolgica s se aplica no interior de palavras, sendo inoperante
na sintaxe, como atestam os dados da segunda coluna:
(10)
eltrico
histrico
profeta
presidente
histrico
histrico
eletri[s]idade
histori[s]ismo
profe[s]ia
presidn[s]ia
histori[s]ice
histori[s]ista
eltrico hidrante
histrico invlido
profeta ingls
presidente intil
fraco irmo
consciente irmo
* eltri[s]idrante
* histori[s]invlido
*profe[s]ingls
*presiden[s]intil
*fra[s]irmo
*conscien[s]irmo
27
345
28
346
DETALHAMENTO E EXEMPLOS
Uma palavra (ou parte dela) redobrada, sendo o material
replicado anexado, posteriormente, sua esquerda ou sua
direita:
pega-pega, bate-bate; bolol, choror, bafaf, trelel
Subtrao
Cincunfixao
Acronmia
(12)
O portugus, como as demais lnguas indo-europias, apresenta morfologia predominantemente aglutinativa, uma vez que a grande maioria das operaes envolve concatenao de afixos ou de radicais. No entanto, h vrios processos que no operam com rigoroso encadeamento de formas (GONALVES,
2006)29. Nesses exemplos, uma forma de base pode adquirir feio fonolgica
diferente para veicular um contedo gramatical, como na flexo verbal, em que
mudanas voclicas so associadas expresso de nmero/pessoa (pude/pde)
e modo/tempo/aspecto (pde/pode), ou formar nova palavra, como ocorre
29
347
Em McCarthy (1981)32, encontram-se as bases da morfologia autossegmental. Em linhas bem gerais, esse modelo constitui desdobramento natural da
fonologia autossegmental, em sua verso apresentada em Goldsmith (1976)32.
McCarthy (1981)32 prope que mecanismos autossegmentais independentemente motivados inicialmente usados para o estudo do tom e de outros traos prosdicos sejam estendidos para o tratamento da morfologia no-concatenativa. Crucial para a proposta a ideia de que expoentes identificveis de
30
31
32
348
categorias morfolgicas so separados em diferentes planos ou dimenses de representao. Na sua aplicao da teoria autossegmental morfologia do rabe,
McCarthy (1979)33 prope que uma palavra seja dividida em tiers separados
para melodias voclicas e consonantais, que so linkadas a um template (molde)
com informaes de posies de vogais e consoantes numa sequncia-modelo.
A proposta de Morfologia Autossegmental, feita em McCarthy (1981)34,
pode ser resumida da seguinte maneira: (i) camadas autnomas de autossegmentos representam diferentes tipos de morfema e se relacionam por linhas de
associao que no podem cruzar; (ii) regras podem desligar segmentos do tier
CV e, com isso, promover a realocao do elemento flutuante em outras posies disponveis no molde; (iii) cada morfema projeta uma camada morfolgica
prpria (hiptese do tier morfmico); (iv) a ligao dos elementos de uma camada outra pode ser feita da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, conforme a direcionalidade privilegiada pela lngua; e (v) um princpio da
gramtica, chamado tier conflation, responsvel pela linearizao das formas.
Passemos, a seguir, anlise de um fenmeno da morfologia do portugus que pode ser formalmente expresso com o instrumental fornecido pela
morfologia autossegmental, a chamada mutao voclica (alternncia de vogais com fins morfolgicos). Para tanto, consideramos, aqui, apenas um padro: a alternncia voclica que ocorre no pretrito perfeito do indicativo e
o nico expoente da informao nmero-pessoal:
(13)
P1:
P3:
349
36
Estamos utilizando a proposta de Clements & Hume (1995) para representar as vogais de
nossa lngua. Em linhas gerais, o trao [+aberto 1] responsvel por indicar a altura baixa
e [-aberto 2] diferencia o nvel alto. Para se referir s mdias, preciso observar a ligao de
[aberto] na camada 3. Desse modo, verificamos que a altura mdia-baixa indicada pelo
trao [+aberto 3] e a mdia-alta, por [-aberto 3].
CLEMENTS, G. N. & HUME, E. V. The Internal Organization of Speech Sounds. In:
GOLDSMITH, J. A. (ed.). The Handbook of Phonological Theory. Oxford, Blackwell Publishers, pp. 245-306, 1995.
350
351
(16)
abertura
[+aberto 2]
tier esqueletal
x x x x
(P3)
TC
x x x
ramodadafonologia
fonologiano-linear
no-linear(NESPOR;
(NESPOR;VOGEL,
VOGEL,1986)
1986)4040, ,que,
que,aoaoabordar
abordarcom
commais
mais
ramo
/p/ /o/ /d/ /I/
radical
/p/ V /d/ /I/
[po.]
rigora aquesto
questodos
dosdomnios
domniosrelevantes
relevantespara
paraa aaplicao
aplicaodas
dasregras
regrasfonolgicas,
fonolgicas,prope
prope
rigor
Numa posterior verso da morfologia no-concatenativa, a morfologia
37
umaorganizao
organizao
hierrquica
constituintes,
comocontra
em(17),
(17),
seguir.
uma
hierrquica
dede(1986)
constituintes,
como
em
a aseguir.
prosdica,
McCarthy
argumenta
moldes
segmentais em fa-
40
ramo
fonologia
no-linear
(NESPOR;
VOGEL,
1986)
, que, aaofonoloabordar com m
vor
deda
moldes
prosdicos.
Nesse
aspecto, foi
de grande
inspirao
Numa posterior verso da morfologia no-concatenativa, a morfologia
gia prosdica, outro sub-ramo da fonologia no-linear (NESPOR; VOGEL,
rigor
a38prosdica)
domnios
relevantes
para
aplicao
das em
regras
fonolgicas,
39 >>
(17)(palavra
(palavra
>>
(p)
>>
(slaba)
>>
(mora)
(17)
prosdica)
>>
(p)
(slaba)
a(mora)
1986)
,questo
que,
aodos
abordar
com
mais
rigor
a>>
questo
dos domnios
relevantes
argumenta
contra
moldes
segmentais
favor
de moldes prop
prosdica,
McCarthy
(1986)
para a aplicao das regras fonolgicas, prope uma organizao hierrquica
uma
organizao
hierrquica
degrande
constituintes,
como
em (17),
a seguir.outro subprosdicos.
Nesse aspecto,
foi de
inspirao
a fonologia
prosdica,
de constituintes, como em (17), a seguir.
baseadaem
emtrs
trsprincipais
principaisteses:
teses:
(1990)4141, , baseada
(1990)
39
(18)
(18)
& Prin
(1990)39, baseada em trs principais teses:
41
(1990)
, Bsica
baseadadada
emMP:
trs principais
teses:
Hiptese
Bsica
MP:
Moldes(templates)
(templates)so
sodefinidos
definidosem
emtermos
termosdede
Hiptese
Moldes
(18) Hiptese Bsica da MP: Moldes (templates) so definidos em termos
p(() e)epalaepalavra
palavra
autnticas
unidades
Prosdia
mora
de autnticas
unidades
da Prosdia
mora
),slaba
slaba(((),),
),p
p
autnticas
unidades
dadaProsdia
mora
((),(),slaba
(18)
da MP:afirmao
Moldes (templates)
so definidos
em termos
fonolgicaHiptese
econstituem
constituem
gerala arespeito
respeito
estrutura
afirmao
geral
dadaestrutura
fonolgica
(() ) e Bsica
37
McCARTHY, J. Prosodic morphology. Amherst: University of Massachusetts and Brandeis
autnticas unidades da Prosdia mora (), slaba (), p ( ) e palav
University,
1986.
possvel
determinadosprocessos
processosmorfolgicos
morfolgicos(p.(p.98);
98);
possvel
dededeterminados
38
NESPOR,fonolgica
Marina; VOGEL,
Phonology.
Dordrecht: geral
Foris, 1986.
() Irene.
e Prosodic
constituem
afirmao
a respeito da estrutu
McCARTHY,
J.
&
PRINCE,
A.
Prosodic
Morphology
and
Templatic
Morphology.
In: um
CondiodedeSatisfao
SatisfaoaoaoMolde:
Molde:Processos
Processosmorfolgicos
morfolgicos
satisfazem
um
Condio
satisfazem
de determinados
processos
morfolgicos
(p.from
98);the second
EID, M.; possvel
McCARTHY,
J. J. (Org.). Perspectives
on arabic
linguistics: papers
symposium.
Amsterdam:
Benjamins.
1990,
p. 1-54. tanto
molde
especfico
quepode
podeser
serdeterminado
determinado
tantopor
porprincpios
princpiosuniversais
universaisdada
molde
especfico
que
39
prosdiaquanto
quanto
porprincpios
princpios
deboa-formao
boa-formao
lnguas
individuais;
moldepor
especfico
quede
pode
ser determinado
tanto individuais;
por
princpios
prosdia
dedelnguas
e euniversais
(18)
352
constituem
afirmao
respeito
vrafonolgica
fonolgica (()) e econstituem
afirmao
geral ageral
respeitoa da
estruturada estrutura
possvel de determinados processos morfolgicos (p. 98);
possvel de determinados processos morfolgicos (p. 98);
dede
Satisfao
ao Molde:
Processos
morfolgicos
satisfazem
Condio
Condio
Satisfao
ao Molde:
Processos
morfolgicos
satisfazem um
um molde especfico que pode ser determinado tanto por princpios unimoldedaespecfico
que pode
determinado
tanto por princpios
versais
prosdia quanto
porser
princpios
de boa-formao
de lnguasuniversais da
individuais;
e
prosdia quanto
por princpios de boa-formao de lnguas individuais; e
CircunscrioProsdica:
Prosdica:OOdomnio
domniosobre
sobreo oqual
qualdeterminadas
determinadas operaes
Circunscrio
operaes
morfolgicas
se aplicam
pode
ser mapeado
por primitimorfolgicas
se aplicam
pode ser
mapeado
por primitivos
prosdicos, da
vos prosdicos, da mesma forma que, na morfologia concatenativa,
mesma
forma que, naa morfologia
concatenativa,
afixos
circunscrevem
a
afixos
se circunscrevem
domnios morfolgicos
como
raiz,setema
e
palavra.
domnios morfolgicos como raiz, tema e palavra.
A primeira tese estabelece que o molde, na morfologia prosdica, definido pelas categorias da hierarquia prosdica (no em termos de unidades
A primeira tese estabelece que o molde, na morfologia prosdica, definido
CV), o que constitui importante novidade em relao proposta anterior. A
segunda tese requer que o molde satisfaa condies de boa-formao propelas
categorias da hierarquia prosdica (no em termos de unidades CV), o que
sdica. Sob essa condio, admite-se a presena de material fonolgico que
seja posteriormente filtrado por um conjunto de condies de boa-formao,
constitui
em relao
proposta anterior.
segunda tese requer que
como, importante
por exemplo,novidade
a obrigatoriedade
do constituinte
onset e oAlicenciamento
de determinados segmentos para a posio de coda silbica. A terceira tese
o molde
satisfaa
condies
de boa-formao
prosdica.
Sob essa condio,
a central
e demanda
que operaes
morfolgicas
sejam circunscritas
por cri- admite-se a
trios prosdicos tanto quanto por expedientes morfolgicos. Fundamental
presena
de material prosdica
fonolgico aque
sejadeposteriormente
filtrado
por um
para a circunscrio
funo
parseamento (F),
que localiza
um conjunto de
domnio prosodicamente delimitado para aplicao de uma regra morfolgica
menor que a base. De acordo com McCarthy & Prince (1990)41, a circunscri40 o pode ser tanto negativa quanto positiva.
NESPOR, Marina; VOGEL, Irene. Prosodic Phonology. Dordrecht: Foris, 1986.
Numa circunscrio negativa, algum constituinte prosdico escane41
McCARTHY,
J. & ePRINCE,
A. Prosodic
Morphology
Templatic
Morphology. In: EID, M.;
ado dissociado
a operao
morfolgica
aplica oandmaterial
remanescente.
McCARTHY,
J. J. positiva,
(Org.). Perspectives
on arabic
linguistics: papers
from the
Na circunscrio
o constituinte
prosodicamente
delimitado
de second
uma symposium.
Amsterdam: Benjamins. 1990, p.1-54.
margem serve, ele mesmo, como a base de uma operao morfolgica. Nesse
caso, a frmula O/F (C, M)+ escrita para denotar a aplicao de O para o
constituinte C, parseado na margem M por F, que ser efetivamente utilizado
no processo (+).
gor
goraaquesto
questodos
dosdomnios
domniosrelevantes
relevantespara
paraaaaplicao
aplicaodas
dasregras
regrasfonolgicas,
fonolgicas,prope
prope
o seguir.
ma
maorganizao
organizao
hierrquica
hierrquica
de
constituintes,
como
como
em
em(17),
(17),
Cadernos
de Letrasde
daconstituintes,
UFF
- Dossi: Dossi:
Lngua
em
usoanaseguir.
47, p. 333-355
353
40
42
17)
7) (palavra
(palavra(2004)
prosdica)
prosdica)
>>
>>41(p)
(p)
>>
>>(slaba)
>>
>>(2009)
(mora)
(mora)
, Vazquez
(2008)
e(slaba)
Belchor
e aludido em Sandmann
(1989)43 como encurtamento tipo refri pode ser analisado, com os instrumentos da morfologia prosdica, por meio de uma circunscrio positiva. Nos
AA teoria
teoria
dadarefrigerante
morfologia
morfologia
prosdica,
prosdica,prejuzo
desenvolvida
desenvolvida
em
em
McCarthy
McCarthy
&& Prince
Prince
dados
(19), a seguir,
de truncamento
cria
disslabos
(19) em
refri o processo
preju
tatuagem
tatu oxtonos:
profissional profi
visual visu
bijuteria
biju
baseadaem
emtrs
trsprincipais
principaisteses:
teses: paraba par
1990)
990) , ,baseada
18)
8)
4141
razovel razu
depresso depr
Hiptese
HipteseBsica
Bsicada
daMP:
MP:Moldes
Moldes(templates)
(templates)so
sodefinidos
definidosem
emtermos
termosdede
Numa anlise
morfologia
prosdica,
uma circunscrio
positiva
pela circunscrio
pela
repassado
para um
molde, prosodicamente
definido
como rasum
(),
), slaba
slaba (((),
),
pmaterial
(() ) ee palavra
palavra
autnticas
autnticas
unidades
unidades
da Prosdia
Prosdia
mora
mora
treia, da
esquerdada
para
a direita (D
E),(duas
slabas
).p
O
fonoliambo,
isto , como
um p binrio em
que a cabea
figura
direita
(. *). Como
gico
escaneado
pela circunscrio
repassado
para um
molde,
prosodicamente
definido
um iambo,
, como
p binrio
em ,que
cabea sempre
figura
resultado, como
a operao
leva aisto
formas
com um
acento
final, isto
a apalavras
direita
(. *). Como resultado,
a morfolgicos
operao
leva a(p.
formas
possvel
possvel
dededeterminados
determinados
processos
processos
morfolgicos
(p.
98);
98);com acento final, isto
dissilbicas.
,
a palavras sempre dissilbicas.
fonolgica
fonolgica (() ) ee constituem
constituem afirmao
afirmao geral
geral aa respeito
respeito dada estrutura
estrutura
Condio
CondiodedeSatisfao
SatisfaoaoaoMolde:
Molde:Processos
Processosmorfolgicos
morfolgicossatisfazem
satisfazemum
um
(20) circunscrio positiva
[input]
[ta.tu.a. j]]
[p o.fi.sjo.aw]
molde
moldeespecfico
especficoque
quepode
podeser
serdeterminado
determinadotanto
tantopor
porprincpios
princpiosuniversais
universaisdada
## D E
prosdia
prosdiaquanto
quanto
porprincpios
princpiosdedeboa-formao
boa-formaodedelnguas
lnguasindividuais;
individuais;ee
por
( . *)
[molde]
[ta.tu]
[p o.fi]
Circunscrio
CircunscrioProsdica:
Prosdica:
domniosobre
sobreooqual
qualdeterminadas
determinadas
operaes
operaes
OO
domnio
( . *)
( . *)
[output]
[ta.tu]
[p o.fi] da
morfolgicas
morfolgicas sese aplicam
aplicam pode
pode ser
ser mapeado
mapeado por
por primitivos
primitivos prosdicos,
prosdicos,
da
mesma
mesmaforma
forma
que,
que,
nana
morfologia
concatenativa,
concatenativa,
afixos
sesecircunscrevem
circunscrevem
Como
se v
emmorfologia
(21), h um nvel
intermedirioafixos
de
representao
entre o inputaea
Como se v em (21), h um nvel intermedirio de representao entre o
domnios
domnios
morfolgicos
como
como
raiz,
tema
temaeeprosdica
palavra.
palavra.
input
emorfolgicos
o output,
que
fazraiz,
da
morfologia
prosdica
modelo
fundamentalo output,
o que o faz
da
morfologia
um um
modelo
fundamentalmente
esena
resenadedematerial
materialfonolgico
fonolgicoque
queseja
sejaposteriormente
posteriormentefiltrado
filtradopor
porum
umconjunto
conjuntodede
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PHONOLOGY-MORPHOLOGY INTERFACE:
THEORIES, APPROACHES AND THEMES
ABSTRACT
In this paper, we describe the theoretical models for the
treatment of the morphology-phonology interface in
contemporary linguistics until the advent of optimality
theory (in the early 1990s). By focusing on the difference between uni and bilateral proposals to the treatment of these two levels, we present some phenomena
of Portuguese that can be described in this perspective.
KEYWORDS: morphology, phonology; interface.
Recebido em: 20/03/2013
Aprovado em: 20/20/2013
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