Senai Cetiqt Referencias Pesquisa de Moda
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Senai Cetiqt Referencias Pesquisa de Moda
Rafael Lucchesi
Diretor Geral do Departamento Nacional do SENAI
Conselheiros
Antonio Carlos Dias
Clvis Gonalves de Souza Jnior
Luiz Augusto Caldas Pereira
Maria Lcia Alencar de Rezende
Maria Lcia Paulino Telles
Oscar Augusto Rache Ferreira
Pierangelo Rossetti
Rolf Dieter Bckmann
Administrao do SENAI/CETIQT
Alexandre Figueira Rodrigues
Diretor Geral
Eleonora Alves
Hilaine Yaccoub
SENAI/CETIQT
Rio de Janeiro, 2010
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Copyright
2010. SENAI/CETIQT
Nenhuma parte desta obra poder ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrnico,
mecnico, por fotocpia e outros sem prvia autorizao, por escrito, do SENAI/CETIQT e do(s) autor(es).
Equipe Gestora
Simone Aguiar C. L. Maranho
Coordenadora Acadmica
Equipe tcnica
Coordenao Geral: Ana Paula Abreu-Fialho
Consultora tcnica: Glucia Centeno
Design Educacional: Cristina Mendes
Reviso: Paulo Alves
Projeto Grfico: Nobrasso Branding, design & web
Diagramao: Rejane Megale Figueiredo
Ilustraes e edio de imagens: Jos Carlos Garcia
Normalizao: Biblioteca Alexandre Figueira Rodrigues SENAI/CETIQT
Impresso e acabamento: MCE Grfica
Apoio
Departamento Nacional do SENAI
Ficha catalogrfica
Alves, Eleonora.
Referncias para pesquisa de moda / Eleonora Alves, Hilaine Yaccoub. Rio de Janeiro:
SENAI/CETIQT, 2010.
166 p.: il.
ISBN: 978-85-60447-40-4
Inclui bibliografia.
1. Pesquisa de moda. I. Yaccoub, Hilaine. II. Ttulo.
CDU 391:659
SENAI/CETIQT
Rua Dr. Manuel Cotrim, 195 Riachuelo
20960-040 Rio de Janeiro RJ
www.cetiqt.senai.br
Sumrio |
Apresentao
Aula 1
Aula 2
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Aula 3
59
Aula 4
71
Aula 5
107
Aula 6
Pesquisa de cores, texturas e tecidos a
partir do foco da marca, produto ou proposta
141
Apresentao |
Nesta disciplina, voc aplicar conhecimentos de Antropologia e Metodologia de Pesquisa para o mercado e desenvolvimento de colees de Moda.
Distinguiremos o que tendncia e propenso de consumo, mostraremos como coletar dados e analis-los para ajudar a consolidar ideias e propostas de abordagem, posicionamento de marca e produto.
Ao procurar olhar e entender o consumidor, conhecendo seus desejos,
valores, comportamentos, voc encontrar dicas para que possa implementar
em seus produtos ou at mesmo em marcas prprias ou de uma empresa para
que trabalha.
Durante esta disciplina, mostraremos algumas ferramentas para que
voc possa utilizar, at mesmo para sustentar conceitualmente e dar argumentos decisrios de esttica, prticas e operacionais. Dessa forma, esperamos
contribuir para que voc desenhe o seu prprio mtodo e atenda demanda
do mercado.
Hilaine Yaccoub e Eleonora Alves
Aula
Seus Objetivos:
Ao final desta aula, esperamos que voc seja capaz de:
1. sensibilizar em como construir referenciais de pesquisa em moda;
2. identificar a aplicao de cada um dos tipos de abordagem
de pesquisa;
3. identificar cada uma das etapas da pesquisa para a abordagem
quantitativa;
4. aplicar um tipo de pesquisa de moda.
Pr-requisitos:
Para melhor acompanhamento desta aula, reveja o conceito de campo simblico na Aula 2, da disciplina
Antropologia do Consumo.
At uma coleo ser exibida ao pblico, muita coisa aconteceu antes. Voc consegue imaginar o que se passou?
Tendo em vista estas perguntas, voc j pde perceber que muita pesquisa necessria para a criao de um produto de moda.
Nesta aula, iremos fazer apenas um recorte dos mtodos e das tcnicas
de pesquisa que sero melhor trabalhados posteriormente.
Futuramente, voc ter um mdulo para se aprofundar no tema Metodologia de Pesquisa, onde entrar em contato com todas as tcnicas, formas,
abordagens, bem como suas aplicaes e maneiras de empregar para diferentes finalidades (inclusive para escrita do seu TCC - Trabalho de Concluso de
Curso). No entanto, como estamos iniciando uma aula que faz referncia
pesquisa, relevante fazer uma pequena introduo, a fim de antecipar um
pouco o assunto.
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Aula 1
2. O que pesquisa?
A pesquisa no se reduz apenas a mtodos, um conjunto de atividades
focalizado para a busca e produo de um determinado conhecimento, um
saber. Ela exige criatividade, intuio, organizao e disciplina do pesquisador,
para realizar uma investigao.
Para que uma pesquisa acontea, essencial que haja uma pergunta a
ser respondida, um objetivo que norteie todo o investimento. A palavra de or-
Revistas podem ser timas fontes de pesquisa, assim como jornais, TV, ruas, internet, lojas etc, depende para o
tipo de pesquisa que voc est voltado e o que ser mais fcil para voc aplicar.
Atravs da curiosidade, da necessidade de responder a uma problemtica que se desenvolve a pesquisa. a pesquisa que nos atualiza frente
realidade do mundo. Embora seja uma prtica cientfica, a pesquisa atrela pensamento e ao, ou seja, responde questes da vida prtica, e essas esto relacionadas a interesses e circunstncias socialmente condicionadas.
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?
?
Perguntas
Definies dos
objetivos
Definies o tipo de
pesquisa
Definies as etapas
da sua pesquisa
Atividade 1 objetivo 1
Aqui vamos fazer um exerccio para pensar a respeito dos referenciais
possveis de se utilizar na construo de um produto de Moda.
Tomando como exemplo uma lingerie, pense em trs perguntas que
voc se faria para construir uma coleo desse produto de Moda.
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Comentrio
Pensar sobre isso algo que faremos ao longo desta aula. Veja a seguir
algumas perguntas que podem ter vindo sua cabea.
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Aula 1
uma lingerie?
Conforto? Seduo?
Esconder pequenos defeitos e valorizar o corpo?
Quais cores e tecidos essas clientes mais procuram na hora de
adquirir um item? Quais seriam os defeitos e problemas dos produtos
adqu
que j se encontram nas prateleiras ou em suas gavetas?
Temos de focar no nosso objetivo e cerc-lo de possveis perguntas.
A primeira pergunta que fazemos :
Para que e por que vamos investir nesta pesquisa?
Ou o que queremos descobrir?
Devemos investir nos porqus... ou seja, as razes que levam essas
mulheres a agirem conforme agem, as razes que a influenciam na hora da
escolha e compra, ou seja, devemos entender como essas mulheres pensam.
Aps obter essas respostas, a segunda etapa descobrir como faremos
isso. Precisamos saber qual o melhor mtodo de pesquisa para desenvolver
essa pesquisa, devemos, portanto, escolher qual deles melhor se encaixa.
Como saber qual ser o melhor mtodo de pesquisa?
Devemos pensar em meios (maneiras) de aplicao do mtodo, custo
que a pesquisa ter, o tempo disponvel para sua aplicao.
Veremos a seguir, de maneira introdutria, as possibilidades de pesquisa
e suas possveis aplicaes, tomando como parmetro o exemplo dado (lingerie), a pesquisa aplicada moda e prospeco de desenvolvimento de produto ou coleo.
Nas aulas seguintes, elegeremos um mtodo, o que normalmente mais
aplicado pesquisa de moda e iremos aprofund-lo, para que voc possa de
fato, realizar a sua pesquisa de maneira a auxiliar na elaborao do seu produto.
Nesta disciplina, utilizaremos a pesquisa como ela aplicada para as
Cincias Sociais. Moda expresso, comunicao, um fenmeno social;
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portanto, iremos pensar moda como uma forma dos indivduos e sociedade
demonstrarem muito sobre si, sobre seu grupo, sobre seu papel social, ou status sociocultural e econmico dentro do seu grupo.
Ou seja, entendemos moda no s como meio de produo, mas tambm como uma forma dos indivduos informarem uma serie de questes relativas a si e ao grupo que pertencem.
Para elaborar e realizar uma pesquisa, precisamos estar atentos a essas
especificidades!
3. Abordagens de pesquisa
Basicamente, existem duas formas de abordagens de pesquisa:
a quantitativa e
a qualitativa.
Antes de ver as possveis abordagens de pesquisa, importante que
voc saiba o conceito de amostra. Voc sabe o que uma amostra?
A amostragem um procedimento estatstico, onde atravs de informaes de uma poro representativa de uma populao em estudo tiramos
concluses do todo.
Ou seja, a amostra um subconjunto, necessariamente finito de uma
populao, no qual todos os elementos sero examinados para efeito da realizao do estudo estatstico desejado.
Um exemplo da utilizao da amostragem durante as eleies. Nas
pesquisas de inteno de voto de um poltico, uma poro da populao de
um municpio, estado, ou pas entrevistada. O esperado que o restante da
populao acompanhe os resultados da pesquisa.
Formas de amostragem
A escolha da amostra e seu tamanho feito por um estatstico experiente para que o resultado possa ser mais fiel possvel, existem algumas formas de amostragem, para saber
mais, acesse o artigo http://www.pucrs.br/famat/cecilia/Amostragem_e_estimacao.doc
As pesquisas podem ser realizadas com o uso de questionrio (instrumentos) ou no, por exemplo, utilizando anotaes a partir da observao
(veremos mais adiante essa modalidade).
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Aula 1
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O mtodo quantitativo pode ser aplicado em tudo que pode ser mensurado (traduzido em nmeros e percentual), como idade, renda, gnero entre
outros, requerendo recurso e tcnicas estatsticas, como percentagem, desviopadro, mdia, entre outras.
As etapas para a realizao da pesquisa quantitativa so as seguintes:
Seleo da amostra
Anlise de dados
Estruturao da produo
Estratgia de marketing
Aula 1
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O agrupamento de dados leva a interpretaes e concluses sobre a sua pesquisa. Esses dados podem ser representados por grficos.
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Aula 1
Em relao aos filtros, eles podem ser utilizados dentro da prpria ficha
cadastral das lojas, atravs de uma infinidade de possibilidades, como aplicar
o questionrio em clientes que:
utilizam cartes de crdito, ou que j tm cadastro anterior;
compram vista ou atravs de parcelamentos;
compram vrias peas de uma s vez;
voltam loja e fazem suas compras mais de uma vez ao ms; ou
aplicar em clientes de uma determinada faixa etria, e por ai vai.
So infinitas as possibilidades de se desenhar o seu pblico-alvo, que
certamente ser essencial para que voc conhea o seu cliente, ao fazer sua
pesquisa de moda.
Levando em conta todo este complexo sistema para pesquisa quantitativa, muitos pesquisadores acabam por escolher a pesquisa qualitativa, que
veremos a seguir, pois atravs do contato direto com os pesquisados se pode
investir mais em entrevistas em profundidade ou observao in loco.
Atividade 2 objetivos 2 e 3
A Bahia o segundo maior produtor brasileiro do algodo tradicional.
Entretanto, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrcola inicia um trabalho
visando produo do algodo colorido, que poupa o planeta dos efluentes
usados no tingimento e 30% mais valorizado. Este tipo de algodo muito
utilizado em pases, como o Japo, por ser ecolgico e antialrgico.
Sob a perspectiva da informao citada acima, cite um exemplo onde se
pode utilizar a pesquisa quantitativa na Moda.
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Aula 1
Resposta
Lembre-se que a aplicao de questionrio uma forma de conhecer
melhor o seu pblico-alvo. Ser que pessoas antenadas com causas socioambientais prefeririam adquirir produtos que no poluem o meio ambiente?
Como saber isso melhor? Baseado em tudo que vimos at agora, o que voc
faria e por qu da sua escolha? Aplicaria um questionrio, por exemplo? De
que forma voc extrairia essa informao do seu pesquisado?
No coincidncia, geralmente as pessoas tendem a se agrupar com outras de mesma identidade visual.
Neste tipo de pesquisa, a preocupao no com a representao numrica, mas com o aprofundamento da compreenso (GOLDENBERG, 1997)
de grupos sociais, seus comportamentos, gostos, estilos de vida, hbitos de
consumo, entender os seus porqus.
A pesquisa qualitativa permite que se aprofunde alm dos dados coletados para que se possa entender o campo simblico pertencente, o que
h entre o mundo real (prtico e racional) e valores interiores dos indivduos
(aquilo que perceptvel, mas est nos detalhes, que as pessoas no respondero racionalmente), grupos etc. nessa relao construda que se pretende
captar, perceber seus significados, atribuies de valor, e para isso necessrio
a interpretao dos dados e fenmenos, entendendo como o pblico-alvo interpreta suas aes e quais so seus pontos de vista.
Vejamos como o conceito de campo simblico se aplica ao exemplo das
calas da Gang, reconhecidas nacionalmente como a cala do funk do Rio de
Janeiro. Mas porque virou a cala do funk? Tente experimentar uma e ver como
se sente, voc ver como ficar fcil danar funk, que exige flexibilidade na
hora de agachar e ir at o cho. Se no puder, pergunte a algum que tenha
adquirido este produto.
Alm disso, essa cala representa sensualidade devido modelagem
que d ao corpo. Quem dana funk valoriza esses atributos: corpo modelado,
bumbum arrebitado e brilho. O brilho, seja na forma de cola com glitter ou
cristais, agregou valor ao produto.
Agora, imagine qual foi o impacto que causou a primeira mulher que
usou essa cala no baile funk. Certamente, chamou a ateno de todos, destacando atributos que so valorizados por aquele determinado grupo. Na linguagem do funk: bombou geral.
E, depois de conquistar as pistas de funk, veio uma msica sobre essas
calas, que caiu no gosto popular e agregou mais valor ao produto, levando
seu nome a todos os cantos.
O que conclumos desse caso sem entrarmos em muitos detalhes? Se eu
for desenhar uma coleo de moda e/ou um produto para o grupo que dana
funk, devo considerar que alguns dos seus atributos valorativos e simblicos so:
sensualidade,
corpo a mostra ou modelado,
brilho em determinados lugares para valorizar certas partes do corpo,
possibilidade de flexibilizao dos movimentos e
compra de um item reconhecidamente caro para demonstrar diferenciao social dentro do mesmo grupo.
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Aula 1
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Atualmente percebemos uma multiplicidade de estilos, isso torna a observao um desafio interessante.
Aula 1
Vejamos um exemplo de observao participante: ao descrever o consumo de celulares por jovens de camadas populares que frequentam a praa
de alimentao em um determinado shopping center tambm popular, o pesquisador dever estipular uma srie de visitas por um determinado tempo a
esta praa de alimentao. L, ele dever observar como esse pblico-alvo se
comporta, como se veste, como conversa, como interage um com os outros.
Aos poucos, ele poder se aproximar do grupo, para iniciar uma interao com
o prprio grupo.
Podemos substituir celulares por saias gods, ou botas de cano longo,
ou ainda, focalizar o target (pblico-alvo) para quem o estilista deseja vender
suas roupas. preciso conhecer seu cliente, seus hbitos e valores antes de tomar qualquer deciso, seja a escolha dos tecidos, cores, modelagens para uma
nova coleo ou at mesmo um tema. O seu cliente deve se identificar com o
tema, esta a palavra chave: identificao.
O principal desafio dessa tcnica conseguir a aceitao (insero) e a
confiana dos indivduos observados, pois nem sempre ser fcil ganhar sua
confiana.
O pesquisador pode, tambm, apenas interagir de forma annima, estar
l, ou seja, estabelecer algum tipo de vnculo mesmo que visual. Este estar l,
na Antropologia chamado de trabalho de campo, e tem sido cada vez mais utilizado no marketing, na moda e em outros campos onde o objetivo final entender os hbitos e comportamentos de consumo do outro: o nosso pblico-alvo.
Iremos aprofundar essa metodologia, mais adiante, aplicada especificamente para a moda e veremos como ela poder ser frutfera e diferenciada ao
que se faz hoje.
A significncia de um trabalho de observao dessa natureza evidenciada pela riqueza, profundidade e singularidade das descries obtidas do
que foi observado. E este o grande desafio dos pesquisadores que buscam
este mtodo, sob o risco de produzir um relatrio do cotidiano sem acrescentar nada de novo e, geralmente, superficial. O pesquisador deve ter cuidado
com as impresses superficiais, sensaes vagas, projees psicolgicas, que
so caractersticas prprias do senso comum, e acabar se repetindo, sem grandes aprofundamentos de sua observao.
Na hora de fazer uma observao participante, o maior desafio entender:
de fato a cabea do seu cliente,
de quem usar o seu produto,
o que ele valoriza na hora da escolha,
o que ele considera belo, frutfero e prioritrio.
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Devemos nos permitir fazer experimentaes, pesquisar ousar, transpor limites, encontrar novos caminhos, novos conhecimentos e dados originais. olhar e realmente ver, enxergar alm da descrio visual e do bvio.
Desenvolveremos com mais profundidade o Mtodo da Observao Participante e o sua forma de aplicao na Aula 5. Aguardem!
a.2) A entrevista
A entrevista uma possibilidade para aprofundar a compreenso do
universo do outro, pode-se criar um roteiro de perguntas, estruturadas, ou
semiestruturadas (esta com alguns temas que iro direcionar o entrevistado a
responder suas questes).
As entrevistas ajudam ao pesquisador a entrar no universo do entrevistado, de um modo mais ntimo, mais objetivo e intenso, uma vez que so
direcionadas, sem possibilidades de intervenes externas.
As perguntas da entrevista so semiestruturadas em torno do objetivo
de pesquisa. Conforme o pesquisador observa que h dificuldade ou algum
ponto mais interessante do que havia pensando antes, ele tem independncia
para mudar a ordem ou contedo das perguntas.
Recomenda-se realiz-la em condies favorveis, lugares tranquilos,
deixar o entrevistado confortvel e calmo para responder pacientemente as
questes. Pode-se tambm entrevistar uma mesma pessoa mais de uma vez,
criando assim um banco de informaes, pois muitas vezes nem todas as questes so sanadas de uma nica vez.
Ao pensar no nosso exemplo da linha de lingerie, mulheres de 30 a 45
anos, com filhos, podemos tomar como parmetro que uma mulher com filhos
no est to preocupada com sensualidade na hora de comprar um lingerie, e
sim com conforto e praticidade, pois trabalha fora e fica muito tempo se dedicando ao trabalho e precisa de conforto para o dia a dia.
Mas de repente, ao entrevistar algumas mulheres, algumas afirmam que
querem aliar conforto com beleza e sensualidade, que gostariam de lingerie
que fosse rendada e bordada. No entanto, buscam por materiais mais confortveis, como algodo, que no prejudicam a transpirao, inclusive. Ser que
no haveria possibilidade para esse grupo de lingerie feito com fibras naturais,
algodo, por exemplo, com rendas bordadas e aplicadas nas peas de forma a
tornar a lingerie sensual?
Muitas vezes, o que pensamos ao entrar em campo, ao entrevistar nosso pblico-alvo, est parcial ou totalmente disforme com a realidade, criamos
pr-noes sobre os mais variados costumes, inclusive os de compra.
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Aula 1
Atividade 3 objetivos 1, 2 e 3
Tomando o mesmo exemplo da atividade 1,
A Bahia o segundo maior produtor brasileiro do algodo tradicional,
entretanto a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrcola inicia um trabalho
visando produo do algodo colorido, que poupa o planeta dos efluentes
usados no tingimento e 30% mais valorizado. Este tipo de algodo muito
utilizado em pases como o Japo, por ser ecolgico e antialrgico.
Sob a mesma perspectiva da informao citada na atividade 1, elabore
hipoteticamente um filtro (faixa etria, gnero, renda, nacionalidade, naturalidade), e depois crie algumas perguntas, cerca de 5, que constariam na sua
entrevista, presente na pesquisa qualitativa. Justifique em seguida o que pretende descobrir com cada pergunta.
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Resposta
Aprendemos outras tcnicas de pesquisa, que perguntas voc faria a seu
pblico-alvo para saber se ele compraria produtos ecolgicos? As perguntas feitas so imprescindveis para obtermos determinadas respostas, bom treinar pra
na hora da prtica no perguntar algo que no te oferecer a resposta adequada!
Exemplo de perguntas:
Voc pratica alguma ao cotidiana onde presta ateno na questo
ecolgica? Qual? Por qu? (com esta pergunta podemos verificar se
o entrevistado na hora de responder no est apenas no campo das
ideias, mas ele de fato pratica uma ao ecolgica.)
Voc procura ensinar ou dar dicas de aes ecologicamente corretas
aos seus amigos ou familiares? Se sim, de que maneira? Como eles respondem a esta ao? (atravs destas perguntas, pode-se perceber se
esta questo to relevante para o entrevistado que chega ao ponto de
querer mudar o mundo a sua volta atravs de aes sciopedaggicas).
2. A pesquisa na moda
SAIA DO BVIO!
29
Aula 1
E continua...
O estilista deve consultar diversas fontes de informao para apoiar suas
ideias no que est acontecendo, alm disso, precisa decodificar, interpretar e adaptar as informaes aos parmetros da empresa, quanto tecnologia disponvel e mo de obra disponveis.
A autora, afirma que no se deve tomar a pesquisa como um processo temporrio, uma vez que o acompanhamento do mercado, das novas tecnologias disponveis, assim como mudanas socioeconmicas e culturais so
constantes, e serviro para orientar pesquisas futuras das prximas colees.
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Para ela, apenas a pesquisa para levantamento de referncias para desenvolvimento de uma coleo deve ser temporria. Pesquisadores j tm se voltado
para questes ligadas economia, sociologia, cincia, cultura, tecnologia etc,
diferentes reas que podem e esto influenciando o mundo da moda.
Treptow (2007, p.78) elaborou um quadro norteador que identifica os
tipos de pesquisas realizados por designers:
Tipos de Pesquisa
Caractersticas
Pesquisa de
Comportamento
Pesquisa de Mercado
Pesquisa de Tendncias
Pesquisa de Vocaes
Regionais
gares que est frequentando, dolos da msica, cinema, televiso, temas de interesse.
Estilos e preos praticados pela concorrncia, produtos paralelos direcionados ao mesmo pblico-alvo, novas marcas (futuros concorrentes).
Identifica temas de referncia de outros designers, informaes sobre cores, tecidos,
aviamentos, elementos de estilos.
Visa obter fontes para materiais e tcnicas alternativas, conforme a disponibilidade de
insumos ou mo de obra. Ex: produo de couro de ltex na Amaznia, trabalho das
rendeiras em Florianpolis etc.
A partir da referncia escolhida, rene informaes que possam ser usadas criativa-
Pesquisa de Temas de
Colees
Mulheres-girafa da Tailndia
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Aula 1
Ao olhar as fotos das mulheres-girafa, alguns podem simplesmente estranhar outros podem ter um sentimento de desconforto. No entanto, para
estes grupos especficos, uma forma de beleza e status social exatamente ter
o pescoo longo, por isso investem em seu alongamento.
Da mesma forma que atualmente, muitas mulheres alisam seus cabelos
com produtos qumicos fortssimos e muitas outras acabam queimando seus
couros cabeludos em chapas eltricas quentes que servem para passar o cabelo, deixando-os lisos.
Temos muitos outros exemplos de beleza, onde nos submetemos... o
que pode ser belo para um grupo, pode ser estranho ou feio para outros.
Por exemplo: fazer um relato do que viu uma forma de apreender informaes, detalhar cores, tecidos, cores, formas, lugares etc. Criar seu prprio
banco de dados uma maneira de se fazer um histrico de influncias, uma
catalogao de informaes que podero ser resgatadas, mesmo que para referenciar novos conceitos, a partir da interpretao dos referenciais ou dados
que foram analisados anteriormente.
Durante o movimento de contracultura nos EUA, durante a Guerra do
Vietn, onde hippies participaram do Festival de Woodstock, surgiram referenciais de moda utilizados at hoje, como calas boca de sino, batas, bordados
feitos mo, androgenia, liberdade sexual etc. Todos estes cones no so apenas resqucios de uma moda que deu certo, pois se perpetuou e recebe releituras at hoje. Mas, porque antes de qualquer senso esttico, havia toda uma
ideologia que embasava todas aquelas atitudes e escolhas. Como o prprio
nome diz, contracultura, aquilo que vai de encontro ao que o senso comum
exerce e pratica. Naquele tempo, os hippies no eram bem vistos, sofriam preconceitos, at virarem moda muitos anos depois, e, hoje em dia, compramos
roupas hippies em lojas da moda em shopping centers, os chamados hippies de
boutique, que no tm nada a ver com a ideologia defendida naquela ocasio,
naquele determinado momento.
O valor simblico est agregado roupa que se associa ao sentido especfico impresso
s atividades e indentidade dos indivduos.
Atividade 4 Objetivos 2 e 4
Pesquisa de Moda familiar
Voc j realizou uma atividade parecida com esta na Disciplina Moda,
Cultura e Identidade, mas nesta voc aplicar ferramentas da pesquisa qualitativa e experimentar um tipo de pesquisa em Moda.
Procure e selecione uma foto de algum ente mais velho que voc, me, pai,
c
e: Fli
Font
Font
e: Pic
asa |
Foto
: Hall
ey Pa
c
heco
d
e Oli
tes
spor
er-De
Hunt
:
o
t
r | Fo
veira
avs... aps isto, veja o ano que foi tirada, perceba o estilo, anos 40, 50, 60, 70.
Faa uma descrio detalhada da foto, quem era, em que ocasio a foto
foi tirada, como era a roupa (cores, detalhes, cortes, modelagens), no esquea
dos cabelos e acessrios. Depois, faa uma busca na internet sobre a poca da
foto, quais acontecimentos sociais e polticos estavam evidentes? O que era
moda na poca?
Se tiver oportunidade, faa uma pequena entrevista com o personagem
selecionado, mostre a foto e pea para lhe explicar detalhes.
33
Aula 1
Resposta
Atravs desta atividade, voc estar exercitando e percebendo nuances
de uma pesquisa de moda dentro da sua prpria famlia, poder com isso perceber uma poca, um estilo, a classe social, os gostos etc.
Esse tipo de atividade permitir a voc comear a treinar o olhar para
depois aplic-lo em dimenses maiores e mais amplas.
Concluso
Qual metodologia de pesquisa escolher: quantitativa ou qualitativa?
Dependendo da sua finalidade da pesquisa, possvel aplicar as duas
metodologias: quantitativa ou qualitativa e, normalmente, dentro das pesquisas de mercado isto que ocorre. Primeiro, seleciona-se o pblico-alvo atravs
de questionrio, aplicando-se um filtro, depois de bem fechado o grupo, podese realizar entrevistas com determinados indivduos, aprofundando os conhecimentos e assim chegando aos porqus.
Pra termos uma melhor aplicabilidade, lembre-se do exemplo dos dados
cadastrais de clientes de uma loja. Aps o filtro, onde apontaremos exatamente quem iremos focar, podemos marcar entrevistas, ou ento, levantar pontualmente os lugares que a(o) cliente gosta de freqentar, quando quer obter
lazer. Tendo esta resposta em mo e vendo estatisticamente qual a mais citada,
pode-se elaborar uma observao participante e ir at local para ver como interagem esses indivduos.
Mas tambm pode-se fazer o contrrio. Ao fazer observao participante em um lugar e perceber algo que chamou ateno, algo que voc entenda
que precise ser quantificado, aps interagir como grupo e estabelecer uma
relao de confiana, aplica-se um questionrio elaborado exatamente para
esse pblico-alvo.
Portanto, o que se presume e que o mais importante, conhecer o
pblico-alvo e ter em mente o que se quer descobrir ou mensurar (medir), ou
seja, a finalidade da pesquisa.
Na prxima aula, abordaremos melhor quais as etapas e formas para
desenvolver uma pesquisa de moda, quais as fontes possveis que esto disponveis e como utiliz-las a seu favor.
34
Referncias
BUENO, Francisco da Silveira. Grande dicionrio etimolgico prosdico da lngua
portuguesa. So Paulo: LISA S.A, 1988. V.6
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em cincias
sociais. Rio de Janeiro: Record, 1997.
MYNAIO, Maria Ceclia de Souza (org). Pesquisa Social: teoria, mtodo e criatividade.
Petrpolis: Vozes, 1994.
35
Aula 1
NAVALON, Eloize. Design de moda: interconexo metodolgica. Dissertao de Mestrado. Mestrado em Design. Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu da Universidade Anhembi Morumbi, So Paulo, 2008.
SHIRMER, Mauryn. A pesquisa de moda e as cincias sociais: um dilogo necessrio.
Monografia apresentada na Universidade Federal de Santa Catarina, Curso de Moda,
Florianpolis, 2007.
TREPTOW, D. Inventando Moda: planejamento de coleo. - 4 ed. Brusque: Do Autor,
2007.
Sites pesquisados
FLICKR. Disponvel em: <http://www.flickr.com>. Acesso em:16 jun. 2010.
PICASA. Disponvel em: <http://picasaweb.google.com>. Acesso em:16 jun. 2010.
STOCK.XCHNG. Disponvel em: <http://www.sxc.hu/photo/>. Acesso em:16 jun. 2010.
WIKIMEDIA COMMONS. Disponvel em: <http://commons.wikimedia.org>. Acesso em:
16 jun. 2010.
36
Aula
Seus Objetivos:
Ao final desta aula, esperamos que voc seja capaz de:
1. conceituar tendncia;
2. identificar fatores que indicam a tendncia;
3. diferenciar os conceitos tendncia e macrotendncia;
4. aplicar o conceito de tendncia e macrotendncia no campo
da moda, e em Pesquisa de Moda.
O conceito de tendncia tem sido amplamente utilizado, mas nem sempre da forma correta. Voc como um profissional deve ter este conceito em
mente ao realizar pesquisa em Moda e sobre isto que falaremos nesta aula.
2. O que so tendncias?
O conceito:
Aula 2
O auge de sucesso dos cadernos de tendncia deu-se em 1970, mas ainda hoje eles servem de material de apoio para o sistema da moda. A dcada
de 70 foi caracterizada pelo streetwear, despojamento, e pelas variadas formas
de se vestir. A moda passou a ser embasada por uma escolha poltica, como os
hippies com sua forma ldica e livre de se expressarem, os cabelos compridos
e a androgenia muito latente.
Houve uma acelerao no ritmo de mudanas na moda, na dcada de
1980, devido ao ps-guerra do Vietn, quebrando as ditaduras da moda, a TV
contribuiu muito para a democratizao desses novos estilos. Como consequncia, uma velocidade na produo de tendncias e na definio de novos estilos se deu. Como observa Dario Caldas (2004, p.58), as tendncias deixaram
de ser unvocas e de funcionarem em bloco para todo o mercado, e sofreram
um processo de acelerao, chegando mais rapidamente a diversos grupos ao
mesmo tempo. Isto fez com que novos sinalizadores fossem adicionados aos j
existentes, dividindo-se pelos seguintes segmentos:
na moda institucional (alta costura, prt--porter, indstrias de corantes, fibras, fios e tecidos, capitais da moda, sales, escritrios de estilo,
mdia, grandes magazines);
nas subculturas jovens e movimentos de rua;
na elite social (artistas, novos-ricos, celebridades);
no prprio indivduo (personalizao, customizao).
A partir de 1990 e com a chegada do novo
sculo, a complexidade e multiplicidade nos caminhos e escolhas aumentaram ainda mais. AsFonte: Flickr | Adaptado de: Adam UXB Smith
Aula 2
42
O ciclo da moda possui algumas etapas, ou seja, existe primeiro um lanamento do produto, nesta hora h todo um trabalho de marketing e publicidade para divulgar aquela pea. Logo depois, haver o consenso, ou seja,
as pessoas passaro a ver aquele produto com simpatia, vo criar desejo em
consumi-lo, atravs da exposio e apresentao daquele produto (por exemplo, atravs de uma novela). Haver assim uma busca pelo novo produto, todos vo querer. Vrias fbricas passaro a produzi-lo e imit-lo, o consumo
exacerbado se dar, possibilitando a sua massificao, ou seja, o produto que
era novo, passa a ser popular e comum, permitindo um desgaste e cansao,
havendo descarte por muitos. At que um novo modismo aparea e cumpra o
ciclo novamente.
O ciclo da moda
Dentro do ciclo da moda os produtos passam por etapas, veja a seguir:
Lanamento
Consenso
Para Dario Caldas (2004), ao longo dos anos, a palavra tendncia ganhou novos sentidos e, entre os usos que se fizeram deste conceito, o que mais
se generalizou, foi o de construo de uma viso de futuro. Fazer previses,
especular sobre o que est por vir algo normal ao homem, uma forma de
controlar a vida. No entanto, ainda segundo este autor, quanto mais complexa
se torna nossa sociedade, mais se tem a necessidade de planejar e prever a
vida e, ao mesmo tempo, fica mais difcil. Assim, no mundo da moda pensar
em tendncias pensar em futuro, ou melhor, em possibilidades de futuros
que podem ou no se concretizarem.
43
Aula 2
Atividade 1- objetivos 1 e 2
Escreva um pequeno texto de at uma lauda, conceituando tendncia,
seu modo de pesquisa e forma de apreenso. Alm de identificar fatores que
indicam tendncia. Para dar suporte a esta atividade, acesse o link:
http://www.leiamoda.com.br/leiamoda/content/materia.php?idText=22
48&secao=leiaartigos
E leia o artigo De onde vm as tendncias? - Where do the trends come
from?, de Alessandra Marins.
A atividade dever ser enviada atravs do ambiente virtual de aprendizagem.
Resposta Comentada
H muita banalizao relacionada ao significado de tendncia e, por
conseguinte, sua pesquisa e anlise. A ideia deste exerccio dar a voc
ferramentas para conseguir definir o conceito e futuramente conseguir diferenciar o seu olhar ao realizar uma pesquisa.
44
to de em mobilidade,
liberdade etc.
45
Aula 2
tnico estilizado.
47
Aula 2
A tecnologia cada vez mais inserida no cotidiano um fator fundamental para entender a nossa sociedade. A tecnologia virou extenso da roupa, j
se criam casacos que escondem fios de telefone ou Ipod. Bolsas de grife renderam-se e foram preparadas para carregar laptops, alm do nosso exemplo das
mochilas e maxibolsas.
48
d) Sustentabilidade
um dos assuntos mais falados na atualidade. Questionam a necessidade
de se ter tantas coisas que poluem o planeta, que exploram trabalho infantil etc.
Marcas politicamente corretas, que valorizam fibras naturais e reaproveitamento de produtos, tica no trabalho, pagamento justo pela mo de obra
agregam valor aos seus produtos.
A marca Osklen com o Brigade e tambm a Stella McCartney que possui
uma linha de cosmticos naturais e no usa couro ou pele em suas roupas. A
linha Brigade aposta em produes sustentveis, sem tingimento de tecidos
ou estampas que poluem rios e mares, bem como apostam em uma relao de
trabalho mais justa, sem explorao de mo de obra barata.
Atividade 2 objetivo 3
Aps ler a entrevista com Dario Caldas, no site:
http://julianadornelles.com.br/texts/noticias_ver/id/232/
Faa uma diferenciao entre macrotendncias e tendncias, dando
exemplos.
Aps reunir essas informaes, v ao ambiente virtual de aprendizagem
para completar e realizar a continuao dessa atividade.
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Aula 2
Resposta Comentada
H muita confuso com os conceitos de tendncia e macrotendncia, a
ideia deste exerccio oferecer a voc a oportunidade de conhecer os conceitos para lhe possibilitar descobrir a diferena entre um movimento cultural e
um modismo.
4. A pesquisa de tendncias
Quanto ao pesquisador de tendncias, importante observar que ele
no um ser fantstico, cujo olhar atua como uma bola de cristal que enxerga
imagens ocultas e misteriosas em toda parte.
Muito pelo contrrio, um profissional que realiza o difcil exerccio de
compreender e traduzir as foras dinmicas que esto por trs dos sinais com-
Voc como um bom profissional deve entender o conceito de tendncia e aplic-lo em sua pesquisa. No espere
encontrar as respostas facilmente como se as visse em uma bola de cristal.
Na prospeco de tendncias, Cidda Siqueira (2006) aponta que o pesquisador assume a tarefa de interpretar a cultura de seu tempo, decifrando informaes, fazendo recortes que tenham relevncia e, como numa montagem
de quebra-cabeas, construindo novas narrativas.
Segundo a autora, o processo de pesquisa deve ser manipulado com
cuidado e preciso, a fim de que possam ser detectados tanto os mnimos comportamentos como os grandes impactos que acontecem no mundo da moda.
50
Brasil, a autora Francisca Danielle Araujo De Souza conta a histria da Santana Textil do Brasil e como a empresa posicionou-se no mercado do Denin, atravs do discurso de modernidade e inovao. Para isto,
investiu capital na rea de pesquisa de tendncias. O artigo conta
como se deu este processo.
Acesse: http://fido.palermo.edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_
auspicios_publicaciones/actas_diseno/articulos_pdf/015A7.pdf
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Aula 2
52
53
Aula 2
Atividade 3 objetivo 4
Vamos colocar em prtica uma das formas de pesquisar o esprito do
tempo?
Para esta atividade, voc precisar escolher um jornal de grande circulao da sua cidade ou Estado. Escolha o de domingo que costuma ser mais
completo e conter um resumo do que aconteceu na semana. Este jornal pode
ser acessado on-line ou impresso.
Primeiro, sua tarefa ser analisar todo o contedo do jornal, ou seja, em
cada parte do jornal, caderno de esportes, moda e comportamento, caderno
cultural, scioeconmico, assim como caderno de cinema e TV, ou a publicidade utilizada. Para depois, selecionar algumas reportagens que mais te chamaram ateno.
Escolha 4 referncias, podendo ser notcias ou imagens, gravuras ou ilustrao. Justifique a razo da sua escolha em poucas linhas, fazendo um pequeno resumo da notcia que te chamou ateno ou analisando, se for uma figura,
o porqu de t-la escolhido.
Se o jornal for impresso, escaneie a manchete da notcia, faa um pequena montagem no Power Point, se for on-line, utilize o recurso copiar e colar,
envie atravs do ambiente virtual de aprendizagem.
Resposta Comentada
Para pescar o esprito do tempo, aquele que ir influenciar as macrotendncias diretamente, podemos recorrer observao e tambm aos meios
de comunicao de massa.
O jornal pode nos oferecer muito mais que as notcias que acabam durando muito pouco, ele retrata uma prtica sciocultural da sociedade. T-lo
em mo e ficar atento aos assuntos abordados, de que forma eles so apresentados, assim como a linguagem no verbal, imprescindvel para captarmos
54
Concluso
Moda no apenas uma pea do vesturio, mas trata-se tambm de elementos invisveis (signos) por ela representados e que os indivduos atribuem
agregaram naquele pedao de tecido moldado e costurado.
O Sistema de Moda compe-se de engrenagens complexas que interligam lgicas sociais, antropolgicas, sociolgicas, histricas e econmicas,
para tanto preciso estar atento a todas estas questes quando se pretende
absorver o esprito do tempo, aquilo que ir definir quem somos e como nos
expressamos naquele determinado perodo.
A tendncia de moda a base do que fazer em termos de vesturio,
ajudando assim a entender e definir colees de moda. desenvolvida por
um conjunto de protagonistas, que tm alm dos interesses econmicos, a
afirmao de criadores reconhecidos e de sinais captados sobre os desejos e as
necessidades dos clientes e consumidores.
Segundo Siqueira (2006), Nos dias atuais, a internet aparece como um
meio eficaz de auxlio nas leituras de tendncias scioeconmicas, uma vez
que surge como modo potencializador da velocidade e democratizador das
tendncias e informaes do mundo da Moda.
A autora ainda aponta que Com surgimento da blogsfera, cada vez mais
a moda que emerge das ruas e divulgada via internet, serve como potente
energia inspiradora para pesquisadores, criadores a at mesmo os prprios
consumidores.
V-se que a observao, anlise e interpretao de signos o que orienta os grandes setores sobre os desejos e anseios da populao consumidora.
Aponta-se a internet como meio auxiliar de prospeco de tendncias.
Desde os populares sites especializados em moda at as pginas das distintas
marcas e criadores, existe muito material que possibilita analisar tendncias.
Tanto em sites especficos do setor como em blogs, pginas pessoais
ou noticirios, na internet, as informaes fluem com mais rapidez e tornam
a pesquisa de tendncias mais veloz, consistente, democrtica e globalizada.
Conclui-se que a internet e seus mais variados meios de comunicao e
informao podem ser ferramentas prticas para a apreenso de dados importantes para conhecer as mudanas que o mundo da moda vem absorvendo.
Perguntas essenciais que se deve ter em mente ao pesquisar tendncias:
55
Aula 2
Referncias
CALDAS, Dario. Observatrio de sinais: teoria e prtica da pesquisa de tendncias.
Rio de Janeiro: Senac Rio, 2004. 224 p.
LAGE, Sergio. Palestra. In: SEMINRIO MODA + VISAO 2008. Evento realizado pelo
SENAC.
LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade do hierpconsumo. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1994.
56
Sites pesquisados
FLICKR. Disponvel em: <http://www.flickr.com>.
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Aula
Seus Objetivos:
Ao final desta aula, esperamos que voc seja capaz de:
1. identificar sinais de tendncias nas colees como
profissionais dos desfiles internacionais;
2. aplicar o processo identificador de tendncias.
Pr-Requisitos
Para esta aula, necessrio que voc tenha um caderno ou bloco de
anotaes e que tenha acesso internet.
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Aula 3
62
Estao
Prt--porter
Feminino
Nova York Londres
Milo Paris
Prt--porter
Masculino
Milo e Paris
Alta Costura
Paris
Moda Brasileira
Fashion Week
So Paulo e
Rio de Janeiro
Colees
primavera-vero
Setembro / Outubro
Junho / Julho
Janeiro
Junho
Colees outonoinverno
Fevereiro /
Maro
Janeiro /
Fevereiro
Julho
Janeiro
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Aula 3
www.style.com (internacional)
www.ffw.com.br (desfiles nacionais e internacionais)
Erika Palomino http://erikapalomino.ig.com.br/erika2006/index.php
Lilian Pacce http://msn.lilianpacce.com.br/
Quanto s revistas:
entre as profissionais: a Collezioni italiana e a Sportswear International
Vogue, Elle, LOfficiel: todas tm verses nacionais e internacionais, e so excelentes.
Para saber mais sobre as capitais da moda e o calendrio, v ao site:
http://estilo.uol.com.br/moda/calendario/
Veja:
Atividade 1 objetivos 1 e 2
A seguir, daremos alguns exemplos, para acompanhar, siga os seguintes
passos:
1. Acesse o site indicado, ele tambm estar disponvel na plataforma;
2. Veja o desfile, repare nos itens do processo identificador e faa suas
anotaes.
3. Compare suas anotaes com a sistematizao de tendncias que fiz e
com a de outros especialistas na rea.
a) Desfile de Marc Jacobs Outono 2009/10:
http://www.style.com/fashionshows/complete/F2009RTW-MJACOBS
b) Desfile Prada Outono 2009/10:
http://www.style.com/fashionshows/complete/F2009RTW-PRADA
c) Desfile Balenciaga Outono 2009/10:
http://www.style.com/fashionshows/complete/F2009RTW-BALENCIA
Resposta Comentada
Voc pode recorrer a sites que possuem comentrios de pesquisadores
especialistas. No entanto, procure perceber as cores, nuances, as referncias
que aparecem com mais constncia, foque nos detalhes, compare diferentes
desfiles, o que eles possuem em comum? Qual sentimento e impacto te causou? No esquea de olhar para penteados, cenografia, maquiagem, o estilista
pensa em todo o contexto na hora de transmitir uma mensagem, uma informao; portanto, preste ateno nelas!
a) Desfile de Marc Jacobs Outono 2009/10
Influncias: noite e boates dos anos 80, em Nova York
Cores: cinza, preto, dourado, pink, roxo, vermelho, verdes e azuis
Estampas: arabescos, formas geomtricas
Formas: minissaias, minivestidos, ombros marcados, calas de pregas,
jaquetas amplas, volumes localizados
Tecidos: l, cetim, plush, rendas, tafet
Materiais complementares: bordados, aplicaes de pedras
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Aula 3
2.1.3. Dicas
A seguir, apresento uma lista de fontes de informao que podero auxiliar o pesquisador que procura analisar referenciais para pesquisa de moda.
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Desfiles
Ruas (pedestres, outdoors, vitrines)
Mdia especializada: internet, revistas, jornais e TV
Atualidades e manifestaes artsticas em geral
Como proceder a pesquisa? Podemos utilizar algumas ferramentas, veja:
Viagens
Visitas a sales e feiras, como Premire Vision, Pitti Filati, Bread and
Butter, Francal...
Bureaux de tendncia (WGSN, Stylesight, Trend Union, Faith PopcornBrain Reserve)
Sites e blogs, como Style.com e The Sartorialist (http://thesartorialist.
blogspot.com/)
Observao diria nas ruas, mdia, novelas, TV etc.
Arquivo de informaes-chave (por exemplo, cadernos de ideias com
tudo que voc viu at hoje, pequenos recortes, matrias de jornais
e revistas, especializados ou no, que podero inspirar novas ideias,
novos formatos e conceitos.)
Atividade 2 Objetivos 1 e 2
Acesse o site da jornalista Lilian Pacce, onde h um link DESFILES
http://msn.lilianpacce.com.br/ss_desfiles.php
L voc encontrar uma srie de possibilidades de pesquisa, escolha a
seguinte opo:
BUSCA POR DESFILES
Primeiro exerccio:
Primeiro quadrante, voc escolher a Cidade de: PARIS
Segundo quadrante, voc escolher a Marca/Estilista: Givenchy
Terceiro quadrante, voc escolher a temporada: nesta voc poder
escolher a mais recente, ou seja, a ltima da listagem.
Segundo exerccio:
Primeiro quadrante, voc escolher a Cidade de: Milo
Segundo quadrante, voc escolher a Marca/Estilista: Versace
Terceiro quadrante, voc escolher a temporada: nesta voc poder
escolher a mais recente, ou seja, a ltima da listagem.
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Aula 3
Terceiro exerccio:
Primeiro quadrante, voc escolher a Cidade de: So Paulo
Segundo quadrante, voc escolher a Marca/Estilista: Isabela Capeto
Terceiro quadrante, voc escolher a temporada: nesta voc poder
escolher a mais recente, ou seja, a ltima da listagem.
Neste exerccio, iremos aplicar o processo identificador para que voc
possa exercitar o seu olhar, preste ateno em todos os itens, veja os exemplos
que foram dados no mdulo e depois faa o mesmo com os desfiles separados
para o exerccio.
Resposta Comentada
Utilize o processo identificador e crie sua lista de percepes, faa anlises, ateno aos detalhes, as formas, aos acessrios e no se esquea dos
sapatos!
Concluso
Ficar de olho no calendrio da moda mundial imprescindvel para se
realizar pesquisa de moda com o foco nas estaes certas. A passarela deve
ser encarada com o ponto de observao privilegiado, fruto de um extenso
processo de pesquisa.
Observar as caractersticas dos estilistas, bem como de suas coleoes
um exerccio importante para se pensar em sua prpria coleao. Como se dar
o seu tema? O enredo da historia que dever contar atravs da ludicidade das
roupas e acessrios. Moda linguagem e expresso que traduzida nos desfiles e ensaios.
Comportamentos so expressos atravs de pequenas mudanas que
podero ser transforamadas em tendncias de moda e de consumo, para que
possamos alcan-los devemos estar de olhos, ouvidos, boca bem abertos,
para que o esprito do tempo possa ser entendido e apreendido pelos pesquisadores.
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Referncias
MODALOGIA. Disponvel em: <http://www.modalogia.com.br/index.
php?s=tendencias>. Acesso em: 20 maio 2010.
MODALOGIA. Disponvel em: <http://www.modalogia.com/inspiracoes/>. Acesso em:
12 ago. 2010.
ROGAR, Silvia. Xadrez chique da trincheira passarela: a histria da marca que saiu
da chuva para os desfiles de moda e o gosto dos modernos em geral. Veja Moda &
Estilo, So Paulo, maio 2005. Edio Especial Mulher. Disponvel em: <http://veja.abril.
com.br/especiais/estilo_2005/p_056.html>. Acesso em: 8 jun. 2010.
STOCK.XCHNG. Disponvel em: <http://www.sxc.hu/photo/959917>.
UOL Estilo Moda. Disponvel em: <http://estilo.uol.com.br/moda/calendario/>. Acesso
em: jul. 2010.
69
Aula
Seus Objetivos:
Ao final desta aula, esperamos que voc seja capaz de:
1. identificar as ferramentas mais comuns para o desenvolvimento de pesquisa de moda;
2. selecionar dados relevantes e informaes importantes em
um determinado momento histrico;
3. reconhecer as diferenas entre fontes institucionais e fontes
inspiracionais para pesquisas conceituais, produtos etc.;
4. aplicar as ferramentas em Pesquisa de Moda;
5. realizar uma pesquisa de moda personalizada.
Pr-Requisitos
A Aula 1 deste curso apresenta diferentes mtodos
de pesquisas cientficas, comumente aplicadas
pesquisa de tendncias.
1. Antes de comearmos...
Nesta aula, voc vai conhecer ferramentas aplicadas na indstria do vesturio, para identificar tendncias e ser apresentado aos principais canais de
propagao das tendncias, para o desenvolvimento estratgico e criativo no
setor de moda.
Antes de nos embrenharmos no campo das informaes - que aqui sero
chamadas tendncia -, fundamental o entendimento de algumas particularidades sobre o surgimento e propagao destas novidades.
2. A fbrica de tendncias
As tendncias ocupam o grande espectro do consumo, onde se localizam
pensamentos polticos, fenmenos sociais, estratgias econmicas, o linguajar
corrente, costumes locais, a vida cultural, as evolues demogrficas, avanos
cientficos, usos e atitudes. Aqui residem reas suscetveis de influncia sobre
indivduos, mercado e, claro, sobre o andamento do mundo. Desde que haja
um impulso, um movimento ou uma propenso em um destes territrios,
possvel perceber a ecloso de uma tendncia que, por sua vez, depender de
sucessivas selees para se desenvolver e massificar-se.
Em ambientes contemporneos, como os centros nervosos das grandes
metrpoles, as tendncias apresentam-se midiatizadas, fortalecidas pelos mecanismos da TV, das pginas dos jornais financeiros, dos blogs influentes. Ainda se concretizam atravs do comportamento de personalidades e de annimos, de mercados consumidores emergentes e de lifestyles especficos. Todos
entendidos aqui como fontes de informaes instigantes que influenciam o
gosto e a criao de produtos e servios.
Na prtica da indstria da moda, essas informaes so traduzidas em
cores, fibras e fios que, mais tarde, so transformados em tecidos. Estes ganham formas especficas, so cobertos por estamparia discreta ou exuberante
e ajudam a construir um visual complementado tambm por acessrios - ora
ornamentais, ora funcionais. Um conjunto de elementos como este , de tempos em tempos, divulgado atravs de surpreendentes aes de marketing e
apresentado de modo sedutor como novidade nos pontos de vendas.
Esta engrenagem, bastante conhecida do mercado de confeces, ilustra
o mecanismo que determina tendncias na indstria da moda. Para compreender melhor esta dinmica, pode-se criar uma analogia com a realidade de
uma fbrica ou outra organizao qualquer. Uma fbrica utiliza uma srie de
73
Aula 4
Anlise Mercadolgica
seleo de dados
Anlise Mercadolgica
estratgia de projeto
estratgia de projeto
organizao de informaes
revelao de demandas a
serem supridas
(ferramentas, informao, matria
prima, know-how)
Referenciais Estticos
calendrios e prazos (timing)
estratgia de projeto
seleo de abordagem
determinao de linguagem
desenvolvimento de produto/
servio
Na fbrica de tendncias, os recursos acessados sob forma de informao crua passam por processos de transformao, ou seja, eles mudam o estado das informaes, a fim de produzir dados estratgicos.
74
Os relatrios cientficos, tambm chamados reports, tm formatao repleta de nmeros, valores estatsticos e exemplos comparativos.
75
Aula 4
Veja como exemplo, os resultados desse tipo de pesquisa, apresentados nos relatrios cientficos da Cotton Inc., visitando o site www.cottoninc.com/Reports
Este site pertence a uma organizao no governamental, sem fins lucrativos, que
tem o objetivo de manter o algodo como a primeira escolha dos consumidores de
roupas e artigos de casa.
A produo de relatrios, como os que so apresentados no site, motivada pelo
ideal de fortalecer o mercado de algodo, atravs de pesquisa e promoo da fibra
em diferentes setores. Para isto, atravs do Lifestyle Monitor, inmeras pesquisas so
desenvolvidas com consumidores dos EUA. O estudo macro subdividido em micro
abordagens que semanalmente so divulgadas em publicaes especializadas, como o
Womens Wear Daily (WWD) e postadas no portal da Cotton Inc.
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4. presta ateno aos fatos ou acontecimentos de alto impacto na sociedade (como por exemplo, o aumento do ndice de escolaridade ou
de conscincia ambiental; um atentado, como o de 11 de Setembro;
catstrofe natural que atinja grande rea; inflao...).
Utilizando este tipo de ferramenta, o pesquisador estar munido de informaes que o ajudaro a sustentar propostas, para adotar determinados
tipos de matria-prima, explorar cores ou formas inusitadas e, como acontece
na maioria dos casos, implementar novas estratgias para o negcio, visando
melhor ao posicionamento diante dos concorrentes.
Vamos observar um exemplo de como este tipo de anlise transforma-se
em ferramenta til para o negcio de moda.
Desde o final dos anos de 1980, muitas atas de encontros polticos, editorias de economia de grandes jornais e revistas financeiras apontavam questes
ambientais, como assuntos que deveriam ganhar espao nos setores industriais e na sociedade. A Eco-92, por exemplo, mobilizou diferentes frentes em
torno da responsabilidade e sustentabilidade scioambiental.
Empresas de grande porte, como a Nike e a C&A, prestaram ateno
aos reports, porque perceberam que aquele movimento, apesar de embrionrio, demandaria uma forte mudana nos processos de fabricao, distribuio e comercializao. E isto exigiria tempo. A partir daquela poca,
ambas deram os primeiros passos em direo a um novo tipo de adminis-
77
Aula 4
No confunda o uso estratgico desse tipo de informao com ferramenta de marketing. O marketing verde foi amplamente utilizado por empresas de diversos segmentos,
ao longo da virada do milnio, at que se percebeu sua ineficincia diante de consumidores mais bem informados e atentos.
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79
Aula 4
(a)
(c)
(b)
As cidades litorneas, como Barcelona (a), Miami (b) ou Rio de Janeiro (c) representadas nas fotos tm uma
natural vocao balneria que conduz o lifestyle e a moda de grande parte da populao.
Beachwear: Roupa de
praia em ingls.
Must have: Expresso em
ingls que designa tem
de ter; imprescindvel.
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O mesmo ambiente, em cidades diferentes, apresenta particularidades do vestir que podem revelar novidades para o pesquisa-
O valor de originalidade daquelas peas, quando aprovadas por determinado grupo, deixa de ser objeto de tendncia e garante a noo do est na moda.
O cenrio da praia (ou qualquer outro ambiente a ser pesquisado) oferece, ento, pelo menos dois suportes para a pesquisa de moda:
A ferramenta de observao de iniciativas polarizadas, criativas e autorais que inspiram alteraes de objetos e servios (podemos exemplificar estas
iniciativas com a atitude de uma banhista amarrar de maneira inusitada a parte
de cima do biquni ou a maneira como ela customiza o chapu);
B - ferramenta de constatao de alteraes tcnicas, tecnolgicas e estticas, apresentada sob forma de objetos e servios especficos - neste caso, o
beachwear, o servio de emprstimo de cadeiras e guarda-sol, o uso de ncessaire para proteger equipamentos, como aparelhos de mp3 e smartphones.
Se por um lado, a praia oferece-nos a tendncia criada ali por seus usurios, ela tambm evidencia que uma outra parcela dos banhistas adotou
cores, estampas e modelagens, ditadas pelo sistema da moda, certa vez reveladas como tendncias por parte da indstria txtil e das marcas de beachwear.
Atividade 1 objetivos 1 e 2
Escolha um ambiente de integrao coletiva (o hall de entrada de um
cinema, uma sala de exposies ou rea de convivncia do Campus Universitrio), para colocar em prtica a observao e a constatao.
Antes de qualquer coisa, defina o que voc vai pesquisar. Por exemplo, penteados femininos, calados masculinos etc.
Relacione o que mais lhe chamar a ateno indique se o fato est
isolado ou se repete naquele ambiente.
Fotografe (preferencialmente a distncia, sem contato com o objeto
de pesquisa).
Em seguida, dirija-se a outro local com caractersticas semelhantes e
faa a mesma coleta de dados.
Por fim, compare os dados que voc recolheu, analisando se eles se
repetem e em que percentual. Tambm veja se so originais e, portanto, passveis de serem entendidos como tendncia, ou se j so
fruto de uma tendncia previamente determinada por algum outro
movimento ou gosto.
81
Aula 4
Resposta Comentada
Em algumas pesquisas como esta, comum detectar objetos ou servios inspiradores que, aos olhos menos treinados, podem parecer novos. Por
isto, faz-se necessrio o entrelaamento de dados, rastrear a origem daquela
aparente novidade. Em uma pesquisa de penteados femininos, por exemplo,
fique atento faixa etria e tente vislumbrar os referenciais culturais e estticos das meninas que esto sendo pesquisadas. Estes elementos podem render
informaes que ajudam a vislumbrar a origem daquele gosto ou mesmo a
motivao para usar o cabelo daquela maneira.
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Aula 4
Fila A em semana de moda marcada pela presena de formadores de opinio, compradores e jornalistas.
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Promostyl: www.promostyl.com
Carlin International: www.carlin-groupe.com
PeclersParis: www.peclersparis.com
Nelly Rodi: www.nellyrodilab.com
As empresas listadas acima so referncias em servios de tendncias e seus sites so
canais de promoo dos servios que prestam, assim como tambm servem de plataforma para a venda dos cadernos direcionais. O acesso a estes endereos gratuito e d
uma boa noo do tipo de produto comercializado por eles.
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Aula 4
Pgina do caderno inspiraciona, produzido pela empresa de consultoria Elefante Amarelo. Aqui, um dos caminhos de tendncias para o inverno 2011 ilustrado por imagens que mostram a atmosfera do conceito apontado.
No deixe de conhecer:
Cadernos de tendncias das instituies, como Senai e Senac;
Books e Cds direcionais, lanados sazonalmente por sindicatos e demais rgos de
suporte ao setor txtil, como a Abest, em So Paulo, e o Sindivest, do Rio Grande do Sul;
DVD ou CD-Rom, produzido por Luxt, Denimwork, Elephante Amarelo, Renata Abranchs, entre outros.
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Aula 4
Board inspiracional
Voc pode ver um exemplo de board inspiracional, preparado pela TrendUnion.
Nele h uma colagem de imagens que foi apresentada por Li Edelkoort, durante o seminrio de tendncias na frica do Sul, no incio de 2010. Na ocasio, a pesquisadora
mostrou, entre outras, a tendncia dos Folded Volumes (ou volumes dobrados) para o
vero 2011.
Converter 2D em 3D.
Palavras-chave: origami, papel, amassado, enrugado, dobrado, amarrado, geomtrico, plissado, alfinetado, estruturado, perfurado, vazado, branco, azul claro, rosado.
Confira: http://www.ifashion.co.za/index.php?option=com_content&task=view&id=
1623&Itemid=237
Fonte: www.ifashion.co.za, pesquisado em 02 de outubro de 2010 (traduo livre
por Eleonora Alves).
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Iniciativas, como a de Li Edelkoort, atualizaram o trabalho do pesquisador de tendncias, a partir dos anos de 1990, e criaram um precedente para
que outros setores da indstria da moda como tecelagens e indstrias qumicas assumissem o papel de geradores de ferramentas, igualmente inspiracionais. Hoje so raras as tecelagens que no produzem books de tendncias,
baseados em boards inspiracionais.
Grupos que exercem influncia global, como Tavex e Lenzing, ou empresas de projeo nacional, como as brasileiras Promex e Menegotti, tambm produzem materiais muito sofisticados para seduzir designers e jornalistas especializados.
O material informativo e inspiracional, produzido por estas empresas,
, antes de qualquer coisa, uma ferramenta de marketing. Books, painis, palestras e hotsites so apresentados ao pblico (designers, pesquisadores e jornalistas) na ocasio do lanamento dos produtos em feiras especializadas do
setor. O material informativo e inspiracional, produzido por estas empresas, ,
antes de qualquer coisa, uma ferramenta de marketing.
Este tipo de material tambm produzido por organizaes do setor,
como a ABEST (Associao Brasileira de Estilistas). Com o fomento de rgos
governamentais, eles preparam cadernos de tendncias que ajudam a organi-
Book INSPIRAAO BRASIL, vero 2009. Este material composto por imagens de diversos fotgrafos, ilustradores
e estilistas, selecionados pela equipe do bureau ABEST e distribuda para os associados.
89
Aula 4
Visite as homepages das empresas para conhecer as iniciativas e produtos informacionais, oferecidos pelos fabricantes e distribuidores de fibras, fios e tecidos. Grupo
Promex, Tavex e Menegotti so tecelagens - as duas primeiras multinacionais e a ltima
nacional com forte operao no mercado brasileiro. Elas comandam o fornecimento
de jeans e malhas para muitas confeces. A fim de proporcionar mais informaes
sobre seus produtos e com o intuito de divulgar as apostas direcionais da empresa, eles
preparam materiais de alta qualidade sobre tendncias e sobre o mercado. A saber:
Rhodia: www.rhodia.com.br,
Lenzig: www.lenzing.com/en e
Clariant: http://www.latam.clariant.com - At novembro de 2010, o acesso a este
site permitia a navegao em portugus, porm, os downloads de reports e informativos so disponveis apenas na lngua inglesa;
Tavex: www.santistatextil.com.br,
Grupo Promex: www.grupopromex.com.br e
Menegotti: www.menegotti.com.br
Em todos os continentes, acontecem feiras especializadas que inspiram designers e servem de fonte de pesquisa
para trendhunters. A mais famosa delas a francesa Premire Vision. Fundada h mais de 35 anos, atualmente
congrega expositores internacionais e realiza verses no Japo e, desde 2009, em So Paulo. Imagens da ColombiaTex, uma das feiras de maior importncia na Amrica Latina (Medelln, janeiro de 2009).
Informativo de tendncias, oferecido aos visitantes da Premire Vision, em setembro de 2010. Este e outros
materiais semelhantes so distribudos nas feiras e renem informaes tcnicas que traduzem o mood da
estao, a fim de ajudar pesquisadores, designers e jornalistas a decodificarem as novidades que se apresentam
nos produtos e na sociedade. Foto: Eleonora Alves.
91
Aula 4
Na Amrica do Sul, destaca-se a ColombiaTex, em Medelln, na Colmbia. Nos Estados Unidos, ateno CurveNY, que exerce grande influncia no
setor de lingerie e realizada em vrias cidades do pas. Na sia, os holofotes
da mdia e bons expositores escolhem Dongguan Chine shoes e China Shoetec,
especializado na indstria caladista.
93
Aula 4
Algumas marcas internacionais promovem lanamentos on-line, em tempo real, com o desfile que acontece com apenas convidados em local especfico. Na rede, qualquer usurio pode participar! Na ltima semana de moda de
Milo, em setembro de 2010, a marca italiana Dolce&Gabbana fez uso desta
tecnologia. Amantes da grife, jornalistas que no compareceram ao evento,
blogueiros curiosos e os pesquisadores de planto tiveram acesso s novidades.
Em outros tempos, tomar conhecimento sobre o que os criadores lanavam era bem mais complicado. Os desfiles eram dirigidos estritamente a
compradores e alguns poucos jornalistas especializados. Os canais de divulgao ficavam restritos aos veculos tradicionais de grande mdia, como jornais e
revistas de alta circulao, e ao interlocutor consumidor, curioso e, claro, ao
pesquisador de moda restava aguardar o que seria anunciado, ao longo dos
meses seguintes aos desfiles.
No item 4.5 desta aula, voc ver que essa histria teve seu rumo completamente alterado a partir da revoluo digital.
O acesso ao universo virtual, a melhoria da tecnologia dos computadores domsticos e a facilidade de uso dos dispositivos mveis palms, netbooks,
smartphones etc fizeram a Moda ser experimentada em uma dinmica jamais
imaginada. Tanto marcas quanto consumidores passaram a explorar novos territrios virtuais. Consequentemente, os usurios das redes digitais, como fonte de pesquisa, tiveram de reaprender a selecionar dados e a posicion-los na
linha do tempo (que, por sua vez, tambm parece estar mais veloz).
94
Atividade 2 objetivos 3 e 4
Nesta atividade, vamos transportar os conceitos apresentados anteriormente para a realidade do mercado brasileiro. Siga os seguintes passos para a
realizao desta tarefa:
1) Selecione trs marcas de ponta, originais e influentes, com operaes
no mercado nacional.
2) Assista ao desfile destas marcas em um dos portais de divulgao de
desfiles, relacionados na bibliografia da aula.
3) Enumere suas impresses, realizando novamente uma identificao
de tendncias, conforme ensaiado na Aula 3.
4) Em seguida, acompanhe o que e como a coleo foi divulgada.
95
Aula 4
Resposta Comentada
Mais do que se concentrar na busca de produtos que voc viu na passarela, a visita ao ponto de venda deve ser motivada pela deteco das interpretaes comerciais e de elementos que no foram notados, durante sua avaliao dos desfiles. Associando os dados desta pesquisa ao que voc observou,
analisando jornais e revistas, voc estar munido de ferramentas para afirmar
que aquela novidade ainda pode ser entendida como realmente nova ou deve
ser descartada, porque j est muito saturada em todos os mercados.
96
Glossy Magazine: um
jargo que designa revistas de moda publicadas
por grandes editoras,
como alguns ttulos internacionais da Conde
Nast e da Editions Jalou.
Esta expresso faz sentido, ao observarmos que
estes ttulos tm capa
lustrosa, com excelncia
de papel e qualidade de
impresso.
O WWD, por exemplo, um jornal dirio, publicado pela americana Fairchild, e tem todo seu contedo voltado para a indstria da moda. Conhecido
como a bblia da moda, tem edies em papel, desde 1910, e pode ser acessado on- line, atravs de assinatura paga.
A evoluo e popularizao da Fashion Weeks incentivou o desenvolvimento de novos veculos ainda mais concentrados, no objetivo de revelar
as tais novidades do setor. E, atualmente, pesquisadores e designers podem
contar com revistas que publicam especificamente o que os designers mostram
em passarelas, como os 10 ttulos da Collezionni, do Grupo Logos, e a ShowDetails, com close-ups de roupas e acessrios.
Aula 4
98
Fonte Flickr
Fonte Flickr
Fonte Flickr
Fonte Flickr
Fonte Flickr
Foto: Babelglyph
Adaptado de: Barry Meyer
Foto: elston
Adaptado de: Dendroica cerulea
Adaptado de: Nefi
Wear.
Importante: quase todos estes ttulos podem ser acessados on- line, mediante a compra
de um passe (o que na vida real chamamos de assinatura).
Homepage: a pgina de
abertura ou introduo
de um site. Muitas empresas usam a homepage
como carto de visitas
virtual, com dados prticos como endereo, telefone, e-mail para contato
etc., vista do internauta.
Site: Pode ser explicado
como um lugar ou, como
se diz em Portugal, um
stio, com um grande
arquivo virtual. Ali, a informao apresenta-se
de modo organizado, em
estrutura hierarquizada,
a fim de facilitar o acesso.
Portal: Muitas pessoas
pensam que um portal
um site grande. Portal
um espao virtual com
contedo produzido para
um pblico especfico. Ali
h ferramentas que constroem um real relacionamento entre quem produz
e que consome a informao, como fruns, pesquisas on-line srias e chats.
Fonte: http://webinsider.
uol.com.br/index.php/
2005/04/18/site-ou-portal/
Em tempos de mdia mvel, com os netbooks, smartphones e pdas, acessar as fontes de informao em todos os lugares, virou mania entre os profissionais de moda.
Aula 4
Os bureaux virtuais GuiaJeansWear, StyleSight, WGSN e MudPie oferecem diversos produtos que auxiliam no desenvolvimento estratgico e de produtos em empresas do setor criativo, principalmente moda e beleza. Atravs
de acesso pago (os valores variam de alguns Reais mensais a dezenas de mil
Dlares anuais!), o usurio recebe notcias econmicas, novidades do setor
de comunicao, lanamentos da indstria do entretenimento e vrias outras
atualidades, alm das informaes especficas do mercado de Moda e beleza.
Divididas em editorias, essas empresas (tambm conhecidas como bureaux de tendncias on-line) geram contedo produzido por caadores de novidades. Eles divulgam relatrios sobre o que foi lanado em feiras do setor, por
exemplo, e compilam macro tendncias em grandes reportagens, chamadas
trend report. As informaes estratgicas vo se traduzindo ao longo de um
perodo de tempo que varia em torno de oito meses e ganham formas, texturas, cores, desenhos, linguagem plstica etc., apresentados em muitas, muitas
mesmo, imagens inspiracionais. Os produtos e conceitos mostrados por estes
bureaux so provenientes de passarelas, streetstyle, showrooms e ambientes
das artes visuais, como museus, galerias de arte, por exemplo.
100
O desenrolar da histria da ferramenta digital ganha um novo elemento a cada dia, uma vez que suportes e prticas so substitudos diariamente
na vida dos usurios da rede. A grande novidade no final da primeira dcada
do sculo XXI a chamada Internet 2.0 e, com ela, a chegada da participao
ativa do usurio da web. importante ressaltar que o avano tecnolgico
acarretou uma profunda mudana no comportamento de quem interage no
ambiente de rede e instaurou uma nova e potente ferramenta para o pesquisador de tendncias.
Para entender como este processo desenvolve-se, lembre-se que, atualmente, qualquer convidado de um desfile ou um visitante de showroom, por
exemplo, pode registrar o que est vendo com um dispositivo simples, como
um telefone celular, e imediatamente publicar em algum site da rede. O mtodo de observao participante, que trataremos mais detalhadamente na prxima aula, mostra-se ainda mais elaborado nesta prtica que incita a produo
de contedo para uma rede onde se est inserido e revigora o que se entende
por opinio crtica, divulgao, tempo e tantos outros poderes que durante
muitos anos foram privilgio de poucos.
Atravs de redes sociais e blogs de diferentes estilos e variadas propostas, o usurio da rede na maioria das vezes, apenas um indivduo curioso gera informaes que so de grande valia para encadear conceitos e desenvolver novas propostas na rea estratgica e criao de produtos e servios, pois
refletem o modo de pensar e o que est chamando a ateno de determinados
grupos de consumo. Muitos so viciados em novidades e fazem questo de
compartilhar suas descobertas com os demais usurios.
Diante destas novas prticas, identificamos que no apenas os portais
especializados em moda so destinos importantes para o pesquisador on- line.
O ambiente digital como um todo, com suas alteraes constantes e as diversas formas de utiliz-lo, os sites institucionais, as e-boutiques, os acervos de
organizaes de pesquisa e estatstica como IBGE, por exemplo, e a informalidade das redes sociais e blogs, tornam-se ferramentas das mais relevantes nas
pesquisas para os setores criativos que se destinam a encantar um determinado pblico-consumidor.
101
Aula 4
Atividade 3 objetivo 5
Nesta atividade, simularemos uma pesquisa prtica para o desenvolvimento de produtos de vero para uma empresa de moda jovem feminina. Para
tal, siga os passos abaixo:
A - Para realizar o exerccio, determine o perfil do consumidor da empresa e escolha um tema (assunto) que ser sua inspirao central. Por exemplo:
festas populares, o filme a Noiva Cadver, o trabalho de Helio Oiticica.
B - Com estas duas pr-definies, indique os dados que quer encontrar
e escolha as ferramentas de pesquisa que ir usar, a partir do contedo apresentado nesta aula. Alm destas ferramentas, veja se voc j tem alguma outra
fonte de pesquisa primria (uma imagem, uma reportagem sobre assuntos cotidianos, um pedao de tecido ...) que gostaria de utilizar neste trabalho.
C - Monte uma seleo de dados encontrados em uma pasta de documentos no seu computador, com fotos e textos, ou organize o que encontrou
em um caderno, onde voc juntar imagens e anotaes sobre o que coletou.
D - Revise todo o material pesquisado, a fim de detectar se as informaes repetem-se, se so complementares ou antagnicas; veja se os dados
podem ser interpretados analogamente (por exemplo, ao comparar uma superfcie de uma edifcio com a textura de um tecido.); certifique-se que os resultados obtidos so satisfatrios para suas dvidas iniciais.
E- chegada a hora de fazer uma organizao final da pesquisa. Descarte
aquilo que no lhe parece til, evidencie a origem, a motivao e a traduo dos
dados que sero utilizados para o desenvolvimento dos produtos e apresenteos em um ou em vrios painis, a fim de tornar sua pesquisa visvel e atraente!
Observaes importantes:
Estes painis sero apresentados em documento do Power Point que
dever conter:
capa com titulo da pesquisa e identificao do aluno;
slide 2 com breve conceito do trabalho;
slide 3 com objetivo (para que e a quem servir esta pesquisa);
slides 4 e 5 com seleo de imagens conceituais do tema (veja que
necessrio ser conciso na ocasio de apresentar os dados conceituais);
slides 6 a 8 com cores, materiais, texturas, ou formas especficas, caso
haja pesquisado pois isto no exigido neste exerccio, contudo,
quando se desenvolve uma pesquisa, o pesquisador no descarta
oportunidades e inspiraes. Assim, se voc houver selecionado algo
que merea destaque, apresente-o; caso contrrio, detenha-se na pesquisa do tema e finalize o trabalho com 5 slides.
Voc dever enviar esta atividade pelo AVA.
102
Resposta Comentada
A pesquisa de moda s se torna eficaz, se estiver focada no perfil do consumidor (podendo ser a empresa que consume as informaes geradas pelo
pesquisador; depois o pblico que consome as informaes, contidas nos produtos desenvolvidos pelo designer), suas demandas e preferncias; portanto, a
escolha de um tema a ser pesquisado j um grande desafio, pois deve conter
elementos que sensibilizem este tal consumidor.
Tenha bastante clareza sobre que dados que pesquisar. Se seu foco cor,
ou textura, ou forma, e isto estiver claro para voc, seu olhar ficar em alerta e
ele se tornar ainda mais capaz de detectar elementos novos.
Todos os dados que, de uma forma ou de outra, apareceram em sua
pesquisa, precisam ser considerados, mesmo que sejam descartados mais tarde. Eles sero facilitadores de anlises mais conclusivas, onde voc apontar o
quanto se repetem, como se inter-relacionam com as demais informaes da
pesquisa etc. Na pr-seleo, podem aparecer imagens ou conceitos que s
faro sentido na organizao final dos dados.
A apresentao final das informaes e os resultados da pesquisa so
to ou mais importantes do que a seleo de dados. Experimente diferentes
maneiras de compilar os dados e veja qual melhor representa o que voc quer
defender ou qual tem o aspecto mais sedutor para o uso dos resultados que
voc obteve.
Lembre-se: Esta pesquisa, usada por voc ou por um cliente, por exemplo, deve ser atraente todos os dias, pois baseado nela que voc dar continuidade a um projeto ou ao desenvolvimento de um produto e servio.
Concluso
Aps conhecer as principais ferramentas que auxiliam na pesquisa de
tendncias de Moda, pode-se concluir que as propenses de consumo geram
dados que so cuidadosamente decodificados e organizados sob forma de informao.
medida que so analisados, sob a ordem de pesquisas cientficas, anlises mercadolgicas e referenciais estticos, estas informaes transformamse em resultados da pesquisa e fomentam a inovao de produtos e servios.
Bureaux de estilo, escritrios de tendncia, revistas e sites especializados
e as feiras do setor ajudam na divulgao destas informaes, e servem de instrumento de identificao de resultados da pesquisa, entendidos, ento, com
tendncia de moda.
103
Aula 4
Referncias
CURVILLIER, Dominique. Comprende les tendances. Paris: ditions du Chne, 2008.
ERNER, Guillaume. Vctimas de la moda: cmo se crea, por qu la seguimos. Barcelona: Editorial Gustavo Gilli, 2008.
FLYNN, Juddy Zaccagnini; FOSTER, Irene M. Research Methods for the Fashion Industry. New York: Fairchild Books, 2009.
104
MENDES, Valerie; LA HAYE, Amy de. A moda do sculo XX. So Paulo: Martins Fontes, 2003.
STEELE, Valerie. (Ed.) The encyclopedia of clothing and fashion. Farmington Hills:
Thomson Gale, 2005. V. 3.
Peridicos
POCA NEGCIOS. So Paulo: Editora Globo, n. 36, jan. 2010.
ECO TEXTILE. MCL Global, n. 37, set. 2010.
ZOOM ON FASHION TRENDS. Bologna: Nuova Libra Editrice, n. 44.
105
Aula
Seus Objetivos:
Ao final desta aula, esperamos que voc seja capaz de:
1. definir o que e a que se destina o Coolhunting;
2. selecionar um rede inovadora;
3. definir o perfil e local de atuao de um Coolhunter;
4. desenhar uma pesquisa qualitativa destinada a Coolhunting;
5. identificar um polo de influncia.
4 horas de aula
1. Comeando do Comeo
fato conhecido que os produtos tm ciclos de vida cada vez mais curtos
e os consumidores esto dispostos a uma constante atualizao e alterao
de hbitos. Com isto, a indstria inclui em suas funes e responsabilidades
a antecipao de tendncias, a fim de preparar-se para rpidas mudanas que
possam acontecer no ambiente comercial. Apesar de termos verificado uma
srie de ferramentas e fontes de pesquisa de Moda na Aula 4, faz-se necessrio
agora decifrarmos o modo como elas so construdas, o perfil dos profissionais
envolvidos neste tipo de atividade, a observao participante e os principais
polos de investigao espalhados mundo a fora.
Ao detectar alteraes comportamentais (no campo social, econmico e
poltico) e gerar dados para modelar novas aes futuras, o pesquisador oferece ferramentas que podem ser usadas no suporte s decises estratgicas de
negcios. Com isto, investigar novos gostos e propenses de consumo - ainda
que embrionrios -, o modo como se difundem e a chance de virarem moda
ganha status estratgico e demanda profissionais capacitados. Emerge, ento,
um novo especialista, o Coolhunter.
Esta aula apresenta o profissional de Coolhunter e investiga suas prticas
na atividade de caar tendncias. Voc ver que esta atividade revela um mtodo multidisciplinar que, desde o final do sculo XX, tornou-se procedimento
comum para detectar propenses no comportamento de consumo.
2. O significado de Coolhunter
Do ingls, COOL quer dizer tranquilo e calmo, mas tambm significa
aquilo que tem frescor, arrojado, legal (MICHAELIS, 2005). O verbete permitiu
a inveno da expresso coolhunter, ou seja, caador daquilo que cool.
Em Portugus, convencionou-se traduzir como Caador de Tendncias.Tal expresso, por sua vez, abriu as premissas para a prtica da busca do que legal,
fresco, novo. Na linguagem de marketing, passa a ser chamado de Coolhunting. Expresso que designa, afinal, a ao de ir atrs do cool.
109
Aula 5
3. A Rede Social
Apesar do uso do termo rede social ter se tornado bastante comum nos
ltimos anos para designar a febre de portais, como: Orkut, Facebook, Twitter,
Flickr, entre outros, na prtica de Coolhunter seu conceito amplificado.
Vamos entender que uma rede social conecta indivduos que, em comum, exercem atividades ou desenvolvem ideias. Eles podem ser chamados
110
A comparao dos dados e sua interpretao elucidaro as tais novidades que, mais
tarde, depois de um extenso processo que voc conhecer ao longo desta aula, podero
ser apresentadas como tendncia.
A ilustrao a seguir demonstra como gostos e ideias podem ser propagadas em derivao das novidades adotadas por um grupo restrito.
Amigas das
namoradas
dos
SKATISTAS
namoradas
dos
SKATISTAS
SKATISTAS
Vamos tomar como exemplo uma gria usada por um grupo de skatistas.
Este exemplo anlogo aos casos de influncia de gostos sobre uma cor, uma
determinada forma de cala, uma marca de tnis etc.
111
Aula 5
O verbo EMBAAR, com significado original de ofuscar, passa a ser usado pelos praticantes do esporte na Cidade de So Paulo como algo que atrapalha ou estraga alguma coisa. Assim, no convvio em territrio especfico, no
caso rampas ou ruas, embaar torna-se linguagem comum para se referir a
algum ou alguma coisa que no est seguindo o fluxo esperado. Fora daquele
ambiente, esta gria transforma-se em um cdigo detectado em dilogos de
usurios de skate. Este cdigo passa a ser ouvido pelas pessoas de convvio
direto dos skatistas. Estas, por uma questo de afinidade, passam a utilizar a
mesma expresso. Em sequncia, ou mesmo simultaneamente, a gria comea
a ser ouvida por pessoas de convvio indireto dos skatistas que, por sua vez,
apropriam-se da nova expresso e comeam aplic-la em dilogos com interlocutores que no praticam skate, estabelecendo uma conexo em rede, onde
a novidade propaga-se.
O convvio em territrios especficos, como rampas de skate, cria cdigos e linguagens que, ao serem propagadas fora destes ambientes, podem se tornar moda. Veja por exemplo, os modelos de tnis, usados pelos
praticantes desse esporte. Os calados tm laterais acolchoadas, que servem de proteo para o esportista. Estes
modelos tornaram-se moda entre os jovens depois que marcas renomadas comearam a propagar o estilo em
suas colees de tnis. Assim, o item deixou de ser visto como exclusivo para prtica esportiva e passou a ocupar
a lista de desejos de rapazes e moas que, de modo geral, no eram praticantes de skate.
112
Atente para o fato de que o ambiente urbano o primeiro meio escolhido pelos Coolhunters para a busca por sinais, comportamentos, atitudes e
novos desejos do consumidor. Dentro da urbe, ele seleciona as redes sociais
majoritariamente jovens. Sim, jovens! Estudos preciosos de Antropologia e Sociologia, mais constataes de fatos histricos comprovam que so os jovens
que formam e disseminam as principais alteraes comportamentais na era
Ps-Moderna. Assim, detectar sinais e cdigos em meio aos indivduos que
tm entre 18 e 30 anos uma prtica condicionante para a pesquisa de tendncias, de acordo com Hernndez G. (2004).
113
Aula 5
Pulsao urbana
O territrio urbano pulsante e vigoroso cenrio para as grandes transformaes do comportamento sociopoltico. No final dos anos de 1950 e ao
longo das duas dcadas seguintes, as aparncias, o modo de vida ou mesmo a msica
que se ouvia nas ruas, por exemplo, entraram no hall das alteraes protagonizadas
e experimentadas por jovens lideres de uma revoluo anti-burguesa. Abandonando
adereos e ornamentos na Frana existencialista, vestindo-se com roupas extravagantes
do London Swing London ou trajando tnicas tnicas indianas no auge do movimento
hippie nos Estados Unidos, os jovens trapacearam o Sistema da Moda e estabeleceram a
necessidade de uma reviso dos processos que ditavam modos e modas. A rua passara
a borbulhar novidades que seriam absorvidas pela indstria para, mais tarde, voltarem
s ruas como moda pronta para ser consumida (CUVILLIER, 2008).
Veja que este rpido resumo da histria aponta para a importncia de reconhecer
os fatores que influenciam o comportamento dos protagonistas metropolitanos e d
pistas sobre a efetiva participao jovem na gerao de dados e informaes sobre suas
propenses e desejos.
4. Coolhunting e as marcas
Inicialmente, o Coolhunting uma tarefa da rea de marketing. Desde
o final dos anos de 1990, a atividade vem sendo realizada com o suporte de
escritrios de tendncias, agncias de publicidade e centros de pesquisa. Esta
atividade inaugurou um processo menos cartesiano e mais abstrato para a anlise de dados na rea de pesquisa de tendncias e de mercado. Sua aplicao
na observao de mercados e no desenvolvimento de inovaes revigorou prticas clssicas para a construo e posicionamento de marcas e produtos.
De acordo com Mark Batey (2010), em O significado da Marca, uma marca
uma rede de associaes de caractersticas simblicas e semnticas que criam
um significado. O significado de marca define e definido pelo territrio em
que o significado gerado pelas diversas associaes marca corresponde s necessidades e s aspiraes do consumidor. onde as qualidades concretas do
produto encontram as qualidades abstratas da marca. Uma frase dita por Charles
Revlon ficou muito famosa: Na fbrica, fazemos cosmticos. Nas lojas, vendemos
esperana. Cosmticos e esperana a Revlon significa os dois (BATEY, 2010).
Ao aplicar o Coolhunting em mercados-alvo, as empresas desvendam redes de associaes, vislumbram propenses de comportamento de consumo,
analisam seu territrio de insero e inspiram-se para a criao de significados
114
junto aos consumidores. Estes fatores facilitam tomadas de decises estratgicas no tocante ao posicionamento de mercado, desenvolvimento e lanamento de novos produtos (GLOOR, 2007).
Atividade 1 Objetivos 1 e 2
Vamos escolher uma rede de inovao colaboradora para, hipoteticamente, aplicarmos o Coolhunting. Esta atividade ter continuidade ao longo
da aula. Para melhor aproveitamento, sugere-se a seleo de um mercado-alvo, ou se preferir, uma marca com perfil de consumidor j definido que dever
ser mantido at a atividade final desta aula.
Antes de qualquer coisa, descreva as caractersticas do mercado-alvo que
voc escolheu pesquisar. Estas anotaes serviro para destacar caractersticas
minuciosas e sero usadas para anlises posteriores.
De acordo com as consideraes apresentadas at este ponto da aula,
relacione redes sociais (aqui chamadas de campo de observao) que voc encontra no mercado-alvo escolhido. (Lembre-se que neste campo que novidades, surpresas e o fora do comum tm grande probabilidade de acontecer).
Entre as redes de inovao que voc relacionou, escolha 3 e descreva
suas caractersticas.
Resposta Comentada
Este exerccio tem o objetivo de realar a primeira ao de um Coolhunting e fazer voc exercitar a seleo de redes de inovao colaboradora. As
redes escolhidas devem influenciar efetivamente no processo de criao de
tendncia para seu mercado-alvo. Com isto, j d para perceber que uma rede
pode ser interessante para uma determinada pesquisa e pode no servir como
rede inovadora para pesquisa com outro foco de mercado.
Veja se as redes que voc identificou so, de fato, influentes e de que
modo, direto ou indireto, os atores envolvidos nesta rede podem influenciar
seu objeto de pesquisa.
Alm disto, verifique se as 3 redes escolhidas tm as mesmas caractersticas ou se tm caractersticas complementares, tanto no que diz respeito
sua configurao (podendo ser uma rede real, como frequentadores de uma
academia de Ginstica, ou uma rede virtual, como fs de Guerra nas Estrelas,
por exemplo) e a seus integrantes.
115
Aula 5
A anlise dos comportamentos da sociedade e suas respectivas transformaes prtica implementada no mundo industrial, desde o sculo XIX. A indstria txtil, siderrgica, automobilstica, de telefonia etc adota futurlogos especializados em identificar
e avaliar as consequncias da liberdade criativa que passa, ento, a ganhar espao na
vida dos indivduos. A Voltage, uma das agncias brasileiras dedicada ao Coolhunting,
apresenta-se como uma empresa que nasceu com a ideia de energizar as marcas, a
partir de insights aplicveis ao negcio.
Atravs de uma equipe transdisciplinar, buscamos compreender profundamente o
mundo em que vivemos, as mudanas na sociedade contempornea e os condutores
que Iro moldar o comportamento das pessoas. www.voltage.com.br
De acordo com a diretora de pesquisas da PeclersParis, Franoise Serralta, esta uma tarefa que exige cultura, senso agudo de anlise e uma ginstica interminvel por parte dos neurnios, para se agarrarem aos novos ventos
(CURVILLIER, 2008).
A afirmao da francesa d pistas sobre o perfil do Coolhunter. Pode-se
dizer em outras palavras que este profissional deve ser atualizado com o que
acontece no ambiente cultural (entende-se por isto constantes inputs em sua
bagagem de conhecimentos, recargas tericas, curiosidade sobre as novidades
na cena do entretenimento e das artes), exercitar a perspiccia da observao,
descrever signos tnues e revelar propenses fortes.
Mas, como constata Serralta (apud CURVILLIER 2008), ele deve se agarrar
aos novos ventos, ou seja, deve ser livre de preconceitos e statements pr-formatados porque assim, e s assim, o pesquisador vai se tornar apto a perceber
que a novidade pode residir na estranheza, na esquisitice e no fora do comum.
116
Statement: palavra em
ingls, usada para designar afirmaes, declaraes ou verdades.
117
Aula 5
Imagine uma pesquisa que investiga o comportamento de consumo masculino de jovens universitrios. A
pesquisa aborda uma rede inovadora composta por estudantes da rea criativa
(design, arquitetura, publicidade).
Depois de averiguar sua insero em habitats comuns a estes atores,
como museus, galerias, campus universitrio, o pesquisador sente necessidade de verificar se esta rede tambm ocupa espaos menos tpicos, ou melhor,
bvios. Para isto, dirige-se a uma praa de um bairro influente de sua cidade.
L h uma tima banca de jornais muito movimentada aos domingos, pela manh. Ciente desta informao, ele vai para frente da banca com sua cmera e
fica observando o que se passa nos arredores. Ele discreto, pois sua presena
no deve gerar nenhum tipo de modificao no comportamento da sua rede
de observao.
Aps algumas horas, ele percebe que um considervel nmero de rapazes apareceu na companhia de cachorros de raas com tamanho mdio ou pequeno e quase todos compraram jornal e uma gua de coco durante o passeio.
Quantidades e especificidades foram anotadas e ou fotografadas. Destes dados, o pesquisador pode extrair quatro hipteses:
(1) se os cachorros no so grandes, isto indica que estes jovens vivem em casas ou apartaacomodar o morador e o animal;
(2) bom, da pode-se ter um ideia de que a
renda mensal/anual destes indivduos no deve
ser muito alta, porque se no j estariam morando
em locais mais espaosos;
118
(3) o outro dado que, se eles passeiam sozinhos com seus cachorros
na manh de domingo, ento fica implcito que esto livres dos compromissos
sociais (famlia, namorada) e
(4) que podem e tm tempo para usufruir de prazeres individuais.
Certamente, estas hipteses sero confirmadas com o entrelaamento
de outros dados provenientes de outras observaes. No entanto, apenas uma
coleta inicial de informaes como esta j permite o esboo de referenciais de
lifestyle e propenso de consumo. A anlise final dos dados gerar um resultado capaz de mostrar possibilidades de inovao de produtos e servios atraentes para estes homens que ocupam um determinado mercado-alvo.
6. Realizando a caada
Caar tendncias leva o pesquisador para perto do objeto de pesquisa,
coloca-o na rua, faz com que ele viaje por cidades e obriga-o a se inserir na
cultura jovem que permeia ambientes muitas vezes estranhos ao seu olhar. A
tarefa de produzir informaes na rea de Moda e em diversos outros setores - ganha legitimidade ao apresentar resultados provenientes de pesquisas
desenvolvidas em diversos campos do saber, tanto especfico e tcnico, quanto
complementar e subjetivo. A diretora de pesquisas da PeclersParis, Franoise
Serralta afirma: O pesquisador de tendncias nunca improvisa (apud CURVILLIER, 2008).
Com experincia de muitas dcadas na pesquisa de moda, Serralta diz
que apesar de ser necessrio analisar o contexto daquilo que pesquisado,
fundamental desenvolver argumentos iniciais que iro construir as intuies
do pesquisador sobre bases pragmticas (apud CURVILLIER, 2008). Em outras
palavras: a tarefa de Coolhunting exige que se levante uma questo, a fim de
se descobrir a resposta.
Vamos retomar o exemplo da pesquisa com rapazes universitrios. Para
iniciar o trabalho, o pesquisador havia estabelecido uma srie de caractersticas hipotticas, para desenhar o perfil daqueles homens. Estas caractersticas
foram confirmadas, conforme a pesquisa desenvolvia-se ou foram descartadas, quando no se comprovava sua existncia no modo de agir e pensar dos
pesquisados. As caractersticas hipotticas geraram questes sobre o que eles
apreciam, o que fazem nas horas vagas, como vivem e em que gastam seu
dinheiro. Estas, por sua vez, foram - ou no - respondidas medida que a pesquisa evoluiu, gerou dados e provocou anlises.
119
Aula 5
Os Coolhunters fazem parte do grupo de profissionais que realizam pesquisas, em sua maioria, utilizando mtodos qualitativos e/ou quantitativos
para descreverem e interpretarem dados. De acordo com Judy Flynn, cada tipo
de pesquisa baseia-se em uma perspectiva diferente. A autora explica que a
metodologia deve atender demanda da pesquisa, deve ser um instrumento
que ajude o pesquisador a responder suas questes e hipteses. Analogamente a pesquisa pode ser comparada a um banquete. Pesquisar no ir a um
banquete onde o sujeito vai provar todas as comidas que estiverem na mesa.
Escolher o mtodo de pesquisa como olhar cada prato que est servido e
procurar entender o que ele acrescenta refeio (FLYNN; FOSTER, 2009).
Voc j viu os estudos geralmente apresentados por jornais, revistas e blogs que
mostram inmeras imagens de mulheres, usando um determinado tipo de casaco, ou
o mesmo estilo de sandlia? Este material um exemplo de pesquisa qualitativa, que
lana mo do fenmeno da repetio e agrupa-os em torno de um mesmo dado.
Este tipo de pesquisa bastante usado para apresentar uma tendncia que vem
ganhando popularidade no mercado de consumo de moda. Confira o trabalho que o
americano Bill Cunningham realiza nas ruas de Nova York e publica semanalmente no
The New York Times: http://www.youtube.com/watch?v=hB6RmLtEgHA
120
e-commerce? Esta pesquisa coletar dados em um territrio de verdade, conhecido tambm como mundo emprico e gerar informaes importantes
para a indstria da moda preparar-se, para se comunicar com estas consumidoras, desenvolver produtos que tenham elementos e caractersticas valorizadas por elas e, consequentemente, suceder de modo positivo em possveis
operaes on line.
121
Aula 5
e-commerce?
Voc at pode no conhecer este nome, mas provavelmente j teve contato com este tipo
de comrcio. O e-commerce o processo de negociao on line, tambm conhecido por comrcio eletrnico. Utiliza a Internet para gerar rentabilidade. Funciona como uma loja virtual, aberta 24 horas por dia. Pode fazer a funo de fornecedor para negcios variados ou
pode ser formatada para atender o consumidor final, como uma loja de varejo. Tem grande
potencial de retorno financeiro, pouca interferncia humana e baixo custo de manuteno.
Para conhecer melhor este processo, acesse o site da IKEDA (www.ikeda.com.br), uma das
maiores empresas brasileiras especializadas em vendas pela Internet.
A metodologia qualitativa abrange pesquisa histrica e estudo etnogrfico, baseados em fenmenos prprios de seus ambientes e sem manipulao.
A) Pesquisa histrica
A pesquisa histrica olha para o passado, cuidadosamente avalia acontecimentos e fenmenos e utiliza os fatos para descrever, analisar e interpretar evidncias que so coletadas no estudo em curso (FLYNN; FOSTER, 2009).
Acontecimentos e dados histricos como, por exemplo, as atividades que as
meninas praticavam quando no estavam na escola (e agora foram substitudas pelo uso do computador), acrescentam novas perspectivas experincia
do olhar e criam um melhor entendimento sobre o que est acontecendo e
poder acontecer no futuro.
Ainda devemos lembrar que os resultados de uma pesquisa histrica podem estar diretamente ligados alterao nas formas do vestir, como a mudana nos comprimentos das saias, a
altura dos saltos, ou as consequncias geradas ao vesturio com a
entrada das mulheres no mercado
122
de trabalho.
Hiptese
Coleta de dados
Anlise de dados
- Problema prenunciado
- Entrevista oral
- Codificao de dados
- Questes levantadas
- Registro da observao
- Organizao de dados
- Embasamento terico
- Coleta de documentos e
generalizado
reviso
- Descrio
As pesquisadoras americanas Judy Flynn e Irene Foster fizeram uma adaptao do plano de pesquisa, apresentado por Wiersma e Jurs, no livro Research
Methods in Education, em 2005, para desenharem um quadro de trabalho que foi publicado em Research Methods for the Fashion Industry (FLYNN;
FOSTER, 2009). Em traduo livre, Eleonora Alves fez uma nova interpretao do quadro, a fim de torn-lo apropriado para a tarefa de Coolhunting.
Aula 5
O pesquisador deve escrever os pensamentos e ideias que lhe passaram pela cabea,
antes de ir a campo. Estas relaes mentais, que incluem as impresses que se tem
sobre o objeto que ser pesquisado e o que o pesquisador espera encontrar com a pesquisa, so definitivas, para que se alcance resultados satisfatrios. Afinal, preciso ter
clareza sobre o que se vai pesquisar.
Atividade 2 Objetivos 3 e 4
Incorpore um caador de tendncias! Primeiro faa uma reviso dos dados extrados da Atividade 1 desta aula e selecione uma das redes.
Voc vai criar um plano de pesquisa, a fim de observ-la com os olhos
de um Coolhunter.
Desenhe a pesquisa com base nas quatro etapas e funes de uma pesquisa qualitativa. Este trabalho deve ser apresentado sob forma de um relatrio com todas as etapas do planejamento, considerando os dados da rede
escolhida, uma questo principal e possveis hipteses, mtodo de observao
e prazo para realizao do estudo.
Voc dever entregar esta atividade via Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Resposta Comentada
Voc j conhece a dimenso de influncia deste grupo, sob o ponto de
vista de suas relaes na rede avaliada na Atividade 1. Naquela atividade, voc
tambm pde traar algumas caractersticas tangveis desses participantes da
rede, bem como pde se certificar de que h questes a serem respondidas
125
Aula 5
126
127
Aula 5
Atividade 3 Objetivo 5
Este exerccio tem a meta de criar um mapeamento do territrio ocupado pelo grupo de inovao colaboradora selecionado por voc na Atividade 1.
A partir dos resultados obtidos com o plano de pesquisa, criado na Atividade 2,
voc ampliar a prtica da observao de Coolhunter e desvendar o ambiente
onde podem surgir as novidades em propenses de consumo.
Portanto, recapitule todos os dados obtidos nas Atividades 1 e 2 e refresque
a memria com as informaes sobre o grupo seu objeto de estudo at ento.
Nesta atividade, voc situar este grupo em um ambiente que deve ser
totalmente investigado, a fim de identificar ali um polo mesmo que seja pequeno de influncia. Os novos dados que sero levantados agora devero ser
reunidos em um pequeno guia sobre este tema.
Para isso, considere a cidade, sua localizao geogrfica e seus usurios/
visitantes e a cultura de varejo local (que inclui pequenas boutiques e atelis, restaurantes de comida tpica, entretenimento especfico), entre outros
dados. (Se voc escolheu pesquisar frequentadores de academia de ginstica,
por exemplo, a investigao do ambiente inclui tudo aquilo que estiver no
entorno destas academias, assim como hbitos dos frequentadores, a saber:
lojas de material esportivo, spas com tratamentos de beleza, restaurantes com
pratos energticos etc..).
Relacione tambm algumas informaes sobre a cultura local que te parecem nicas. (seguindo o exemplo da pesquisa em academias de ginstica,
dados demogrficos podem indicar quantos habitantes daquela localidade esto inscritos em academias de ginstica.)
Resposta Comentada
Para que seu pequeno guia faa sentido, mostre o que h de to importante, influente e novo neste campo que foi observado. Ao escrever suas
observaes, lembre-se que elas sero utilizadas por uma pessoa que ainda
128
no conhece o local e, por isto, as informaes devem ser claras, atraentes e repletas de servios funcionais, como endereos, horrio de funcionamento etc.
Concluso
Realizar o Coolhunting atravs de uma pesquisa qualitativa exige um
processo aberto, realizado em constante adequao situao que est sendo pesquisada e s questes que foram inicialmente levantadas. Vimos que
uma questo evidencia o fenmeno, um determinado grupo escolhido para
ajudar a responder a pergunta da pesquisa, hipteses surgem medida que
a pesquisa desenvolve-se, dados variam entre o que foi observado e o que
constatado em fotografias, anotaes e entrevistas. Aps codificar e organizar
as informaes, a anlise de dados torna-se possvel. Esta anlise gera resultados que descendam o que fresco e novo, contudo a validade da pesquisa s
se d se estes resultados completarem o propsito do estudo e provocarem a
inovao de produtos e servios.
Aula 5
Referncias
BATEY, Mark. O significado da marca: como as marcas ganham vida na mente dos
consumidores. Rio de Janeiro: Best Business, 2010.
CURVILLIER, Dominique. Comprende les tendances. Paris: ditions du Chne, 2008.
FLICKR. Disponvel em: <http://www.flickr.com/photos/solidal/4032556672/>.
FLYNN, Judy Zaccagnini; FOSTER, Irene M. Research Methods for the Fashion Industry.
New York: Fairchild Books, 2009.
GLOOR, Peter A.; COOPER, Scott M. Scott. Coolhunting: chasing down the next big
thing. New York: Amacom, 2007.
GLOOR, Peter A. Coolhunting e suas ferramentas. Vdeo-aula Santa Mnica / Estados
Unidos, em 2007. Disponvel em:
<http://www.youtube.com/watch?v=2eq1S8MPKeM>. Acesso em: 20 out. 2010.
HERNNDEZ G., Mariana. Coolhunting: nuevas propostas en la investigacin de
mercados, em 2004. Master-Net, Oct. 2004. Disponvel em: http://www.masterdisseny.
com/master-net/publicidad/0008.php3. Acesso em: 12 ago. 2010.
MICHAELIS moderno dicionrio ingls. So Paulo: Editora Melhoramentos, 2005.
SOUTHGATE, Nick. Coolhunting with Aristotle. International Journal of Market Research
Society, v.. 45, n. 2, 2003.
VALLADARES, Licia. Os dez mandamentos da observao participante. Revista brasileira de cincias sociais, So Paulo, v. 22, n. 63, Feb. 2007. Resenha da edio brasileira
do livro Street Corner Society, de William Foote Whyte.
WIKIPEDIA. Disponvel em: <http://en.wikipedia.org/>.
Anexo 1 - Miniguia
Neste miniguia, a localizao dada entre parnteses com nmero do
local, nome da rua ou avenida e rea da cidade. Por exemplo: (1540 Broadway
,Times Square).
1. Nova York
A cidade que no para um dos principais destinos tursticos e de negcios nos Estados Unidos da Amrica. Repleta de galerias de arte contempornea e grandes museus, donos de acervos para todos os gostos e interesses,
a vida cultural de Nova York traduz a vibrao da cidade. Faclima para se deslocar e com bairros com caractersticas muito bem definidas, a cidade considerada um grande polo global para pesquisa de moda. As principais maisons
internacionais e boutiques de marcas renomadas dividem a ateno do consu130
A) O que ver?
Upper
West Side
Upper
East Side
Map of
New York City
We
st
Th
Diseatre
tric
Central Park
t
Tim
South
Squ es
are
Ga
Midtown
r
Dis men
East
tric t
t
Mu
r
Hil ray
l
Chelsea
Mi
dto
wn
comercial e prtica.
Flatiron District
& Gramercy Park
Greewich
Village
SoHo
East Village
TriBeCa
Financial
District
Battery
Park
Lower
East Side
South Street
Seaport
Brooklyn
John F Kennedy
Airport
mdia e mix de produtos para toda a famlia. Destaque para a rea de Cosmticos (59th Street & Lexington Avenue, Uptown).
Bergdorf Goodman Loja com foco no consumidor tradicional e uma
extensa seleo de produtos grifados. O andar destinado moda jovem merece ateno (754 Fifth Avenue, entre as ruas 57th e 58th, uptown, www.bergdorfgoodman.com).
Barneys NY - Nesta loja, h uma aposta em novos designers e fcil descobrir ali roupas, acessrios e objetos que no esto
em nenhum outro lugar. Sofisticao e luxo esto por
toda parte (660 Madison Avenue, na altura da 61st
Street, Uptown).
www.barneys.com
Redes de lojas que nasceram sob a vibrao da cultura jovem americana:
Urbanoutfitters Multimarcas com destaque
para o estilo pop urbano, masculino, feminino e deFoto: Eleonora Alves.
131
Aula 5
Anthropologie Irm bomia da Urbanoutiffiters, tem uma incrvel seleo de objetos e roupas artesanais, com aspecto de feito mo, mas totalmente
contemporneos (375 West Broadway, Soho,www.
anthropologie.com).
Abercrombie&Fitch Meca dos amantes do visual college e do lifestyle, descontrado da costa oeste
americana. A marca espalha-se pelo pas e tem uma
flagship store no centro de Nova York. (720 Fifth Avewww.abercrombie.com
Vitrine da Anthropologie.
nue, Midtown)
Templo do Jeanswear
Scoop Multimarcas de jeans com foco nas labels californianas (473 475 Broadway, Soho, www.scoopnyc.com)
Lio de Fast Fashion
Forever 21 Rede popular com lojas gigantescas espalhadas por toda
a cidade. a verso americana do fast fashion agressivo e muito jovem. (1540
Broadway, Times Square, www.forever21.com)
B) Onde ir?
Museus: certamente, h um museu especfico dedicado sua rea
de pesquisa em NYC. Entre a infinidade de
Museus que a cidade oferece, destacamos
aqueles que so imperdveis.
Museum of Modern Art MOMA - arte conobras de Henri Matisse, Jackson Pollock, Jasper Johns, Frida Kahlo e Picasso, entre outros. Confira o
calendrio das mostras especiais.
(11 West 53 Street, MidTown, www.moma.org)
MOMA
132
Metropolitan Museum of Art MET Este museu um mundo, reunido em 19 reas distintas, onde se destacam as colees de arte americana
e bizantina e o Fashion Institute, com suas exposies temticas super bem
montadas (1071 Fifth Avenue, Uptown, http://www.metmuseum.org/)
Chelsea Conhecida como capital das artes novaiorquinas. um bairro
que rene cerca de 200 espaos dedicados s artes visuais e mostra-se bastante
renovado no final da primeira dcada do sculo XXI. Alm de restaurantes de
primeira linha, a vida noturna empolgante.
Soho A rea localizada ao sul da ilha de Manhattan conhecida
como a maior vila do mundo. Tudo ali grandioso, o ritmo metropolitano
e o conjunto de ruas a Oeste da Broadway forma um enorme shopping a cu
aberto, contudo a atmosfera de cidade pequena, onde as pessoas andam a
p e o jornaleiro conhece os moradores do bairro pelo nome. Prepare-se para
explorar atelis, restaurantes e cafs charmosssimos, multimarcas descoladas
e megalojas de renome internacional.
Williamsburg, Brookling A vizinhana bomia e jovem fica a poucos
minutos de Manhattan, do outro lado do East River, no Brookling. Em poucas
quadras, espalham-se muitos cafs e restaurantes, galerias de arte, pequenos
centros comerciais e boutiques com mix de produtos diferenciados. Vale a visita
e serve de desculpa para escapar do frenesi novaiorquino por algumas horas.
2. Paris
Conhecida como capital da Moda, Paris cenrio clssico para pesquisas
de moda e tendncias. Apesar do comportamento tradicional da maioria dos
franceses, no tocante ao consumo de roupas e acessrios, a cidade territrio
frtil para a constante reinveno de dois conceitos: o luxo e o despojamento
urbano, chamado pelos especialistas de nonchalance francesa. Os bairros Le
Marais, com sua vibrao jovem, e Saint-German-des-Prs, com ritmo provinciano e atraes metropolitanas, traduzem perfeitamente o esprito parisiense.
Junte a estes dois destinos a experincia deluxe de uma caminhada pelas
Avenue Montaigne e George V, a fim de visitar as famosas maisons do prt-porter, com Chanel, Louis Vuitton e Dior. Reserve algumas horas para templo
do consumo das grandes lojas de departamento Printemps e Galleries Lafayette. Arte e Cultura saturam vrias reas da cidade e, para aproveitar Paris como
um francs legtimo, explore museus etnogrficos, salas de pequenos centros
culturais e livrarias especializadas (sempre h uma boa livraria por perto. Infor133
Aula 5
Confira os endereos mais convenientes para a visita no link store locator nos sites:
Girbaud: www.girbaud.com
Vanessa Bruno: www.vanessabruno.com
Isabel Marant: www.isabelmarant.tm.fr
Zadig&Voltaire: www.zadig-et-voltaire.com
B) Onde ir?
Para levantar dados histricos (e deleitar-se com obras de arte de todos
os tempos):
Muse Du Louvre Um dos mais famosos museus do mundo, guarda
um acervo de obras-primas de diferentes perodos histricos. Anexo, fica o
Muse Les Arts Dcoratifs, com espao dedicado Moda e ao tecido, e s
exposies temporrias que valem a visita.
135
Aula 5
136
ecletismo londrino.
Alta Moda As lojas de departamentos Harvey Nichols e Liberty, localizadas nas reas de Knightsbridge e Regent Street, respectivamente, guardam uma incrvel seleo
de roupas, acessrios e objetos de decorao assinados por
marcas renomadas ou pinados das colees de novos designers. As colees de moda de ambas merecem ateno
137
Aula 5
All Saints a jovem marca inglesa tem estilo underground, com muitas caveiras, superfcies rasgadas e
cores desbotadas. A atmosfera dos pontos de venda envolvente, o produto sensual e o conjunto inspirador.
B) Onde ir?
para atualizar o repertrio cultural visite os Museus Victoria&Albert,
Tate Modern e Design Museum.
Victoria & Albert Museum - Apresenta a maior coleo de objetos de
arte e decorao do mundo, abrangendo perodos bizantinos e sacros. Regularmente, h mostras de moda e design, desenvolvidas pelo Custume Institute,
ncleo pertencente ao museu (Cromwell Road, www.vam.ac.uk).
Tate Modern - Abriga coleo de Arte Moderna e Contempornea no
prdio que j foi uma estao de energia e uma das principais atraes s
margens do Tamisa. Tem uma tima livraria (25 Summer Street, www.tate.org.
uk/modern)
Design Museum - Dedicado ao design, apresenta exposies de moda
contempornea imperdveis. Em sua coleo permanente, conta com moblias,
trajes, aparelhos eletroeletrnicos e objetos diversos (28 Shad Thames, designmuseum.org)
Para experimentar Londres, como os londrinos, v aos bairros do Soho
e a Notting Hill.
Soho - O mais londrino dos bairros, tem uma badalada vida noturna.
Bares, clubes e livrarias so lugares para ver e serem vistos.
138
139
Aula
Seus Objetivos:
Ao final desta aula, esperamos que voc seja capaz de:
1. compreender a influncia da pesquisa, no processo
criativo do designer;
2. diferenciar os componentes das pesquisas primria e secundria;
3. desenvolver um caderno visual inspirador;
4. interpretar um tema sob a ordem do desenvolvimento de produto ou coleo;
5. enumerar caractersticas de um pblico-alvo e uma marca;
6. relacionar as caractersticas anteriores com informaes
de cores, materiais, texturas, formas e estamparia, assim como possibilidades de abordagens que serviro como inspirao para o desenvolvimento da
coleo.
1. Mudando o foco
Na aula de hoje, exploraremos a pesquisa sob o foco do designer. Diferente da abordagem das aulas anteriores, quando concentramos a atividade na
funo do pesquisador e sua prtica, agora abordaremos o processo criativo
e a aplicao individualizada da pesquisa: da concepo do produto seleo
de materiais, do estudo de formas composio de cores. Estas etapas do
desenvolvimento de uma coleo compem um tipo de pesquisa especfica e
sistematizada pela prtica do designer, comprometido com o direcionamento
da marca (ou empresa) que est por trs de seu nome ou com o objetivo final
para aquele produto que est assinando.
2. A Pesquisa e a Criao
A criao de Moda e de diversas outras reas do design est diretamente
relacionada reunio inovadora e surpreendente de elementos j conhecidos,
a fim de criar produtos originais. Esta atividade tambm est associada explorao profunda de todo o potencial de um briefing, caso haja, e de uma
pesquisa previamente realizada.
O briefing pode ser considerado o ponto de partida para a maioria dos
processos criativos com cunho comercial, ou seja, aqueles que se destinam a
produzir produtos, servios ou imagens que sero veiculadas ou comercializadas por determinada empresa. As instrues provenientes de um briefing
podem ser resumidas e aparecer sob a forma de uma palavra, um tema, uma
foto, um sentimento, entre outras coisas, mas tambm podem ser bastante
complexas e aparecer envoltas em limitaes conceituais, dados histricos, referenciais estticos ou filosficos etc. Independente do quanto as informaes
so superficiais ou profundas, o briefing sugere a primeira ideia que permear
toda a pesquisa e por onde o trabalho ser conduzido.
Como esta aula se prope a fazer um estudo sob o ponto de vista do designer de Moda, vamos destacar as situaes mais comuns em que ele recebe
um briefing:
a. quando trabalha para uma empresa as organizaes tm, em norma geral, uma identidade esttica e dedicam-se a atender determinados pblicos consumidores. Estas duas caractersticas exigem que o
estilista seja norteado pela esttica e pelo pblico-alvo de tal empresa.
Veja o que acontece com marcas, como a brasileira Ellus, por exemplo.
Sua identidade ou DNA, como pode ser chamada, fundamentada
143
Aula 6
www.ellus.com.br
b. quando desenvolve produtos para aes de marketing a maioria destas atividades tem um propsito especfico e o briefing revela
conceitos e caractersticas a serem explorados. Um bom exemplo o
desenvolvimento de uniformes para recepcionistas ou equipe de funcionrios de restaurantes, em eventos de Moda. As empresas usam o
visual dos funcionrios como ferramenta de divulgao da identidade
da empresa e, por isto, o uniforme delas deve carregar esta caracterstica, alm de ser utilitrio e vestir diferentes biotipos.
c. quando desenvolve produtos em parceria com outras empresas
como via de regra, o designer seguir apenas o briefing tcnico da
empresa com a qual est fazendo a parceria. Este briefing tcnico estabelece normas, procedimentos e limites operacionais criao. Tome
como exemplo, os estilistas que assinam modelos exclusivos de sandlias Melissa. Eles no podem modificar o material. Alguns alteram
as formas previamente desenvolvidas pela empresa
apenas inserem acessrios, como um lao ou uma
flor, e assim personalizam a pea.
Melissa Flower por Isabela Capeto, vero 2011. A estilista carioca Isabela Capeto
personaliza a Melissa atravs do desenvolvimento de nova forma e cabedal, mas o
material o plstico tpico dos calados desenvolvidos pela empresa.
144
Aula 6
O estilista mineiro Ronaldo Fraga traduz referncias literrias em roupas de moda. Neste vdeo do programa Entrelinhas, da TV Cultura, voc conhecer seu processo criativo,
um pouco sobre suas colees e ver exemplos de como a criao narrativa no feita
de tradues literais.
Processo criativo Ronaldo Fraga: http://www.youtube.com/watch?v=nhCFCwmjKaY&p=
782AA50AC4951A5F&playnext=1&index=50
b) Trabalho conceitual
No trabalho conceitual, a pesquisa pode explorar uma enorme variedade de fontes visuais e tericas que so agrupadas em funo de suas semelhanas. A combinao das informaes tambm pode apresentar semelhanas com formas, volumes, texturas, entre outros, que podero ser traduzidos,
ento, em produto. Por exemplo, veja o ensaio de um sketchbook conceitual
na foto a seguir.
146
A imagem de um fssil, o registro genealgico, um amontoado de folhas, a pele de um animal, a associao da palavra
vida com histria, o trabalho de texturas do artista plstico Raimondo Rimondi e volumes rsticos de uma pea de
roupa dirigem a criao para uma abordagem temtica interligada por seus referenciais semelhantes. Este exemplo
simula um caderno visual, a partir de imagens de acervo pessoal, fotos de revistas, obras de arte e interferncia digital.
c) Trabalho abstrato
No trabalho abstrato, a pesquisa vai alm do fato de ser ferramenta informativa ou relacional, com a qual o designer criar derivaes e interpretaes. Com base nas ideias de abstrao, adotadas pelas artes visuais no sculo
XX, pode-se afirmar que a abordagem do designer no
busca demonstrar o mundo que est ao seu redor. A
abordagem constitui a substncia da criao, total-
As vertentes de trabalhos narrativo, conceitual ou abstrato so inspiradas por metdicos planejamentos de pesquisa, a fim de desvendar novas
ideias e abordagens adequadas aos propsitos de cada designer. Segundo o
professor da Parsons New School, Steven Faerm (2010), os fundamentos para
a prtica do design de moda so baseados em pesquisa primria e secundria.
A pesquisa primria o material original coletado e sintetizado pelo
designer. Este material pode ser selecionado ao visitar um museu ou galeria
de arte, ao observar objetos em uma feira livre ou mesmo ao folhear um livro
de indumentria histrica.
147
Aula 6
FESTA JUNINA
identifica
a festa
origem Imperial
encantada
os participantes
integra
a tradio
ornamentado
famlia Real
cinema
expresso histrica
O Baile Perfumado
dinmica social
lua cheia
barracas
regio Nordeste
casais
rea externa
fantasia
terreno seco
terra batida
noivos
bandeirinhas
mulher
quadrilha
valores
conflitos
sculo XIX
dana
homem
saia ampla
blusas femininas
estampa floral
contraste de cores
rendas
sapatos barreados
palha bambu
comida tpica
trajes tpicos
jeans puido
camisaria
terno justo
sapato com desgaste
cores empoeiradas
Grupo Corpo
estrias de amor
literatura
Guimares Rosa
Ariano Suassuna
Patativa do Assar
148
Atividade 1 Objetivos 1, 2 e 3
Nesta atividade, voc deve construir um mapeamento de ideias em torno da palavra Carnaval. O Mind Map deve considerar elementos reais e concretos, assim como referenciais intangveis, relacionados a esta palavra. Monte
uma rede com o mximo de referncias visuais possveis e atente para o fato
de que sua conexo deve ser diversificada e rica como fonte inspiracional.
Guarde o resultado desta atividade, pois ele ser retomado no final desta aula.
Resposta Comentada
Esta atividade servir de exerccio para organizar ideias em torno de um
conceito pr-estabelecido. Certamente, cada pessoa far um Mind Map diferente da outra, em funo da memria, referenciais culturais, carga de conhecimento sobre o assunto e vivncias no Carnaval. As ideias no devem ser descritivas apenas. essencial que este mapeamento tambm englobe elementos
complementares, como filmes, obras de arte, livros e uma lista de personagens
que, por exemplo, ajudam a caracterizar a maior festa popular brasileira.
Verifique se seu mapeamento investigou cones e smbolos do carnaval,
como fantasias, instrumentos musicais, alegorias e adereos de blocos carnavalescos, o confeti e a serpentina, as cores das Escolas de Samba, o amor de
carnaval, entre outras coisas que podero se utilizadas como fonte inspiradora
para cores, texturas, formas, estampas e materiais, durante o desenvolvimento
de uma coleo.
Aula 6
Pracha-conceito para coleo de inverno de uma marca jovem, cujo tema a ser desenvolvido liberdade.
150
Desvendaremos a partir daqui as ferramentas comumente usadas por estilistas para realizarem a interpretao de um conceito ou tema. Estas ferramentas, traduzidas pelos elementos que compem os Mood boards, so cores,
formas, texturas e materiais, elementos caracterizadores do tema e estampas.
3.1. Cores
As cores normalmente criam a primeira impresso sobre o produto ou
coleo. Sua escolha no deve ser descritiva, ou seja, no tem a obrigao de
reproduzir as cores do objeto inspirador ou os tons reais de uma paisagem. Na
maioria dos casos, sua escolha tem a responsabilidade de imprimir um carter
emocional criao. Os artistas, por exemplo, sempre usaram cores para sustentar e definir sensaes e sentimentos.
Como voc se sente diante de um quadro de Claude Monet
com suas cores suaves e apasteladas?
Quais so as sensaes que voc tem diante de uma
Da mesma maneira que temos sensaes e impresses, reveladas ao visitarmos uma galeria de arte ou museu, podemos desvendar estas percepes
ao analisarmos com ateno o material de pesquisa, durante o processo de
criao. Para explorar profundamente as possibilidades de utilizao de cores
que aparecem na pesquisa, sugere-se ao estilista que ele responda algumas
questes estratgicas:
Como ele se sente ao olhar as imagens da pesquisa?
151
Aula 6
Qual a escala cromtica daquela pesquisa e como esta escala converte-se em clima podendo ser romntico, agressivo, leve, futurista etc.?
Quais cores alterariam este clima? Tais cores devem ser apenas uma
variao de tom ou devem ter outra gama cromtica?
Como o clima que aparece na pesquisa seria alterado, caso o estilista mudasse a proporo de cada cor ou tom que est ali?
A seleo de cores abre alas para a comunicao de
conceitos e ideias que podem ser complementares ao tema
central, utilizado como inspirao para aquele produto (Faanteriormente, uma conexo com os desejos do pblico-alvo.
Vamos analisar a seguinte proposio:
Um designer trabalha para uma marca feminina que
tem adolescente como pblico-alvo. Ele est desenvolvendo
uma coleo inspirada na histria do Soldadinho de Chumbo,
conto de Hans Christian Andersen.
O estilista adotar os cones que aparecem no conto e no quer se limitar s referncias militares bvias que aparecem inicialmente na pesquisa,
como o uso de tons de verde- escuro, por exemplo.
O estilista poder optar por privilegiar os tons delicados que aparecem
na pesquisa, criando uma sensao mais leve sobre os produtos e o conjunto
da coleo. A interpretao da cartela de cores pode acontecer apenas em torno dos tons que, ao mudarem de gama cromtica, mudam completamente a percepo sobre os produtos.
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Foto-montagem a partir de uma imagem de Eleonora Alves, registrada durante decises do processo criativo em uma fbrica de roupas femininas, 2009.
Vale observar ainda que alguns designers adotam formas pouco ornamentais para suas criaes e o trabalho valorizado atravs do uso original
das cores em composies no design de superfcie, formado por estampas e
texturas. Para conhecer este mtodo de trabalho, pesquise colees passadas
das marcas Maria Bonita e Marni, por exemplo. H tambm aqueles estilistas
que privilegiam a construo dos looks com uso harmnico de cores que, atravs de sobretons, evidenciam detalhes e formas. As marcas Huis Clos e Calvin
Klein so exemplos que merecem ser estudados.
Algumas colees das marcas anteriormente mencionadas podem ser vistas nos endereos www.mariabonita.com.br/inverno_2010.html, www.marni-international.com,
www.huisclos.com.br e www.calvinkleininc.com/collection/women.aspx.
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Aula 6
Para aprofundar o conhecimento sobre este mtodo, sugere-se um estudo dos trabalhos dos estilistas Sophia Kokosalaki e Manish Arora. Ela se inspira fundamentalmente
nas tradies gregas, sua origem e nas formas naturais; ele busca referenciais na cultura
indiana e traduz o exagero de ornamentos daquele pas em texturas bastante originais.
Ambos participam de Semanas de Moda e suas colees podem ser vistas nos links:
http://www.style.com/fashionshows/review/S2007RTW-SKOKOLAK
http://www.style.com/fashionshows/review/S2011RTW-MARORA
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Pesquisa de materiais conduz o olhar e a abordagem para elementos naturais, que formam um conjunto diferenciado de pesos, texturas, toques e aparncias.
Foto: Eleonora Alves
Alm de ajudar a evidenciar elementos conceituais e temticos, esta pesquisa ainda destaca possibilidades de novas construes e modelagens surpreendentes, uma vez que o uso experimental dos materiais pode vir a revelar
Georgette: tecido levemente transparente, feito com fibras naturais,
como a seda, ou artificiais, como o Polister.
Apresenta uma superfcie suavemente encrespada e menos lustroso
que o Chiffon. Recebeu
este nome como homenagem costureira francesa Madame Georgette
de la Pante, famosa no
incio do sculo XX.
formas e silhuetas ainda pouco exploradas. Para que a pesquisa realmente funcione como ferramenta de criao, considere sobretudo caimento, aparncia
lisa ou texturizada, opacidade e transparncia dos tecidos. Atente para o fato
de que, se o material brilhante, como o cetim, formas torcidas e drapeadas
ajudam a refletir sua luz. J tecidos transparentes e leves, como georgettes e
chiffons, funcionam em silhuetas construdas com volumes, cheias de ar, que
maximizaro seu carter levssimo.
Conhecer profundamente as propriedades dos tecidos apenas uma das
exigncias para aplicao eficaz do material pesquisado no desenvolvimento
de uma coleo. Apesar de todas as quebras de padres experimentadas na era
Ps-Moderna (a partir dos anos de 1950), os tecidos ainda devem ser pensados,
quanto sua funo e performance. Afinal, cientistas trabalham arduamente
para oferecer ao mercado de criao materiais melhorados e com acabamentos extremamente funcionais. Devemos lembrar o jeans levssimo, apropriado
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Aula 6
Em tempos de repensar a vida de modo ecologicamente correto, a moda recorre a ferramentas diversificadas para a criao e produo de roupas e acessrios
que agridam cada vez menos o Meio Ambiente. Entre as inmeras inovaes
tecnolgicas aplicadas diretamente na produo de materiais e nas tcnicas de produo,
aparece um movimento simples e bastante eficaz: o reaproveitamento de materiais.
O uso de resduos da indstria (como sobras de tecidos, por exemplo) e a reciclagem, e customizao de trajes encontrados em brechs e feiras de antiguidades so
prticas que vm se tornando populares entre jovens designers, responsveis por seu
papel na engrenagem da moda sustentvel.
Uma reportagem sobre este assunto foi publicada no site JC Report, em outubro
de 2010, e contm dados interessantes sobre esta tendncia no desenvolvimento de
produtos de Moda. http://jcreport.com/features/fashion-features/2010/10/27/fashionremade-old-materials-new-looks/
Fonte: Coelho
A seleo de motivos, cores, formas, detalhes e texturas encadeiam uma narrativa sobre o tema que inspira a
coleo.
No item 3.2, voc viu que o uso dos materiais especialmente selecionados em funo de determinados temas ou conceitos agrega alto valor aos
produtos e os legitima sob o ponto de vista da originalidade. Entretanto,
muito comum encontrar estilistas que enfrentam restries para o uso de determinados materiais, em funo da acessibilidade da matria, tcnica de pro157
Aula 6
Ao longo da pesquisa, certamente voc coletar informaes e referncias visuais repletas de padres naturais e elementos decorativos, depositados
em superfcies de materiais (de todo tipo e no apenas txteis), estruturas (objetos, construes arquitetnicas, partes de uma planta etc), registros antropolgicos etc... Aos olhos de estilistas treinados, estas informaes passam
a exercer o papel inspirador para estamparia, bordados e aplicaes, e toda
ordem de design de superfcie.
muito comum principalmente no Brasil encontrar designers que
privilegiam o uso da estamparia, como fio condutor do processo criativo. O
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Aula 6
Esta foto ilustra a seleo de elementos, sua composio e como o resultado final em um processo de desenvolvimento de estamparia. Este exemplo parte do que foi preparado para a coleo de inverno 2010, da marca
Espao Fashion. O ttulo da coleo era Galaxy.
2. O que deve ser considerado durante o desenvolvimento de estampas para uma coleo?
O designer que desenvolve um projeto grfico para estamparia tem de
levar em conta os atributos e caractersticas conceituais da marca, a temtica
da coleo (os cones e a linguagem grfica que sero usados so desenvolvidos e pensados de acordo com o tema), se a imagem criada ou caminho grfico
escolhido possui qualidade esttica, para ser aplicado sobre os materiais. No
necessariamente toda imagem que bela no papel ou na tela do computador ir funcionar na estamparia. muito importante levar em conta a aplicao da arte (a caracterstica esttica da roupa, o tecido, o conjunto das pecas...)
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Em um processo de desenvolvimento de colees, a estamparia dividese entre corrida e localizada. A estampa corrida aquela que cobrir inteiramente o rolo de tecido plano ou malha com determinado desenho, delimitado
por um quadro que se repete de tempos em tempos. Este quadro permite um
encaixe nos quatro lados, procedendo a tcnica denominada raport. O desenho do quadro dividido em cores. Pode-se Basso&Brooke estampar em vrias
cores, com diferentes efeitos cor firme, tons em degrad, efeito com corroso
(o tecido sofre um processo de reao qumica e o desenho surge, a partir da
descolorao do tecido) etc.
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Aula 6
Para conhecer as pinturas artesanais aplicadas em colees das marcas Maria Bonita e
da Huis Clos, acesse:
www.huisclos.com.br
www.mariabonita.com.br
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Atividade 2 - Objetivos 4 e 5
Para realizar esta atividade, tenha em mo o Mind Map, executado na
Atividade 1 desta aula.
Defina hipoteticamente para qual pblico-alvo / marca voc desenvolver uma coleo cujo tema Carnaval. Enumere as principais caractersticas que
definem pblico e marca.
A partir do resultado obtido com a Atividade 1, prepare uma pesquisa
para o desenvolvimento de uma coleo. Esta pesquisa deve conter informaes de cores, materiais, texturas, formas e estamparia, assim como possibilidades de abordagens que serviro como inspirao para o desenvolvimento da
coleo. Considere o que foi apresentado sobre cada um destes itens ao longo
da aula.
A apresentao deste exerccio pode ser feita de duas maneiras:
1. prepare pranchas/slides com as informaes coletadas para cada item
a ser explorado no desenvolvimento de coleo; ou
2. prepare pginas duplas de um sketchbook com as informaes coletadas, divididas em categorias, ou seja, cada pgina dupla comportar
um item a ser considerado no desenvolvimento de coleo.
Lembre-se de apresentar uma breve introduo para a pesquisa, mostrando:
a finalidade do trabalho,
Mind Map previamente realizado,
definies do pblico-alvo/ marca pra qual a coleo est sendo
preparada.
Resultado da atividade
Neste exerccio, voc teve a chance de visualizar o desenrolar de um Mind
Map e sua aplicao real na interpretao de um tema para o desenvolvimento
de coleo. Alm disto, pde ver que nem sempre o que aparece como atraente
no Mind Map interessante ou deve ser usado neste seu trabalho. (Afinal, voc
deve ter selecionado elementos capazes de sensibilizar pblico-alvo e revelar
identidade da marca para qual voc est desenvolvendo a coleo.)
Os elementos cores, materiais, texturas, formas e estampas devem
ter coerncia com o objetivo do trabalho, sugerir novidades e provocar uma
leitura do tema Carnaval. Atente para usar as melhores imagens que conseguir, pois elas ajudam a criar interesse no espectador e fazem com que a abor163
Aula 6
Concluso
Apos conhecer a influncia da pesquisa no processo criativo do designer,
pode-se concluir que fundamental o entrelaamento de informaes provenientes de fontes primrias e secundrias, ao longo do desenvolvimento de
um produto ou coleo. Assim, a interpretao de briefing, temas e ou propostas ganha abordagem original e atraente, e consequentemente provocam o
senso de novidade to necessrio Moda.
Ferramentas como Mind Map ou brainstorming auxiliam na construo
da base para o desenvolvimento de trabalhos que podem ser tanto narrativos,
quanto conceituais ou abstratos. Em qualquer um dos casos, o mapeamento
de ideias proporcionar uma introduo seleo de cores, materiais, texturas,
formas e estampas, entre outros, que definiro a linguagem esttica da coleo e/ ou do produto.
A utilizao dos elementos previamente selecionados fica diretamente
atrelada ao foco da marca, ao pblico-alvo para o qual ela est dirigida e s intenes com aquele produto/coleo. O resultado da pesquisa torna-se positivo
quando atende a estas especificidades e ainda surpreende o espectador-consumidor com o carter de novidade e originalidade, embutidos no produto/coleo.
chamados sketchbooks, que funcionam como norte para o desenvolvimento do restante do trabalho do designer.
O desenvolvimento de produto ou coleo para uma marca deve
traduzir a identidade da empresa, manter o foco no pblico-alvo e
considerar o histrico de aceitao de estilos, cores, estamparia e ou
formas e materiais sob a tica de vendas. A coerncia entre estes elementos d clareza e objetividade ao processo criativo que, afinal, deve
resultar em um produto concreto e atraente.
As cores sugerem sensaes e os materiais e texturas do forma coleo. Segundo Seivewright (2007), estes elementos podem ser derivados de pesquisas em paisagens naturais, ambientes urbanos, viagens
a lugares nunca visitados ou locais de convvio cotidiano, como feiras
ou parques.
Por fim, entre as informaes importantes que devem aparecer na
pesquisa do designer esto os referenciais para estamparia. Deve-se
atentar para a preferncia do pblico pelo uso de estampas em detrimento variao radical de formas de roupas em sociedades tipicamente coletivas, como o caso do Brasil, onde o consumidor caracterizado por ser seguidor e no inovador. Com isto, a indstria acaba
por valorizar e investir em estamparia. Assim, a busca e o desenvolvimento de novas linguagens nesta rea tornou-se fundamental para o
trabalho do estilista.
Referncias
COELHO, Letcia Correia. Caderno visual. 2010. Estudante de Design de Moda.
ELEFANTE amarelo. Preview de inverno 2010.
FAERM, Steven. Fashion design course. Principles, practice and techniques: the ultimate guide for aspiring fashion designers. Londres: Thames&Hudson, 2010.
GARCIA, Hayala; PECCI, Bernardo. Entrevista. Entrevistadora: Eleonora Alves. 2010.
JONES, Sue Jenkyn. Fashion design: manual do estilista. So Paulo: Cosac Naif, 2005.
SEIVEWRIGHT, Simon. Research and design. Lausanne: Ava Publishing SA, 2007.
Sites consultados
CALVIN Klein. Disponvel em: <www.calvinkleininc.com/collection/women.aspx>.
ELLUS. Disponvel em: <www.ellus.com.br>.
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