Este documento discute o ciclo de produção, manejo alimentar, reprodutivo e sanitário das rãs touro em cativeiro. Apresenta informações sobre a introdução da rã touro no Brasil, seus aspectos gerais e ciclo de vida, desde a reprodução e desenvolvimento dos girinos até a fase adulta. Também aborda os principais sistemas de criação de rãs no país.
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Este documento discute o ciclo de produção, manejo alimentar, reprodutivo e sanitário das rãs touro em cativeiro. Apresenta informações sobre a introdução da rã touro no Brasil, seus aspectos gerais e ciclo de vida, desde a reprodução e desenvolvimento dos girinos até a fase adulta. Também aborda os principais sistemas de criação de rãs no país.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CINCIAS AGRRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA DISCIPLINA AQUICULTURA
RANICULTURA: Ciclo de produo, manejo alimentar, reprodutivo e sanitrio das Rs Touro
Discente: Talita Carvalho Pestana
Diamantina 2014
1. INTRODUO A importao dos primeiros casais de rs touro (Lhytobates catesbeianus), na dcada de 30, despertou enorme interesse dos produtores devido ao elevado potencial reprodutivo e produtivo do animal (FONTANELLO et al., 1988).Tal caracterstica a atividade difundiu-se pelo Brasil, onde exercida principalmente por agricultores familiares. Ao contrrio de outros pases que praticam a caa ou cultivo extensivo, o Brasil, por sua vez, procurou desenvolver a tecnologia de criao em cativeiro, primeiramente atravs dos esforos isolados de criadores independentes, mais tarde com a efetiva participao de Instituies de Pesquisas, como Universidades e outros A criao de rs em ranrios comerciais elimina os fatores estressantes que, na natureza, retardam o crescimento como, por exemplo: predadores, competio por alimento, espao, fotoperodo entre outros (FONTANELLO et al., 1988). Em ranrios comerciais pode-se direcionar toda a energia do animal para a engorda e, ou, a reproduo, atravs de manejo adequado e uso de alimento balanceado. Atualmente, existem diferentes sistemas de criao de rs a fim de conferir melhoria na tecnologia de criao. Muitas vezes, tais adaptaes fugiram das idealizaes preconizadas por seus autores e, dessa forma, os mesmos no puderam garantir os ndices zootcnicos propostos em seus trabalhos originais (FERREIRA et al., 2002). Neste contexto, importante ressaltar que a ranicultura possui uma srie de especificidades biolgicas e tcnicas em relao s demais atividades agrcolas, sendo necessria a adequao das instalaes, temperatura, alimentao e manejo das rs a fim de viabilizar tecnicamente a produo e garantir sua rentabilidade. Tais especificaes sero discutidas ao longo do trabalho.
2. RANICULTURA A ranicultura teve incio no Brasil na dcada de 30 com a introduo da espcie Lithobates catesbeianus, conhecida popularmente como r-touro (VIZZOTO, 1975). Esta espcie tem sido utilizada pelos ranicultores em razo do seu elevado potencial reprodutivos, eficincia alimentar em cativeiro, precocidade, prolificidade e rusticidade (LIMA & AGOSTINHO, 1988). A criao de rs uma alternativa de empreendimento pecurio no pas, onde uma de suas vantagens a necessidade de pouco espao em relao a outras atividades. Diferente dos pases que praticam caa predatria, no Brasil diversos sistemas de produo foram desenvolvidos para criao de rs em cativeiro, onde os mais adotados so o Anfigranja (LIMA E AGOSTINHO, 1992) e o inundado ou Ranabox (MAZZONI et al., 1995). A atividade tornou-se uma alternativa com tima possibilidade de lucro, onde novos ranrios esto surgindo devido ao retorno rpido e seguro do investimento. Com o crescimento da produo de rs potencializam-se os riscos de fugas e, consequentemente, de invases da r-touro em novas reas (CONABIO, 2006). Uma alternativa o cultivo de animais monossexos, cuja fuga no acarretaria a reproduo no ambiente (AGOSTINHO et al., 2004). A produtividade e o desenvolvimento das rs esto ligados diretamente s condies climticas, das quais dependem tambm o sucesso e o retorno financeiro da criao comercial. Um zoneamento climtico para a ranicultura muito importante para delimitar reas potenciais ou mais adequadas para a atividade. Condies climticas restritivas no impedem a prtica da atividade, mas podem reduzir significativamente a produtividade ou exigir custos adicionais para a climatizao do ambiente, o que pode tornar a atividade menos atraente financeiramente. Assim, sero abordados aspectos relacionados a adequao das instalaes, temperatura, alimentao e manejo das rs, a fim de viabilizar tecnicamente a produo e garantir sua rentabilidade.
2.1. Aspectos gerais da r-touro considerada um animal extico originria dos Estados Unidos da Amrica e Canad, onde vive em temperaturas muito baixas durante vrios meses do ano. Quando introduzida no Brasil, adaptou-se perfeitamente s condies climticas do pas, o que favoreceu seu desempenho em relao a reproduo e engorda, passando a atingir rapidamente maturidade sexual e peso de abate (LIMA & AGOSTINHO, 1992). LIMA & AGOSTINHO, 1992 relatam que o ciclo de vida das rs, como na maioria dos anfbios, inicia-se na gua onde recebem a denominao de girino. Estes so onvoros e possuem respirao cutnea, bucofarngea e principalmente branquial. Aps a metamorfose, processo no qual ocorrem transformaes fisiolgicas e anatmicas que permitiro viver tambm na terra, recebem o nome de imagos. As rs (imagos e adultas) so carnvoras e caadoras e possuem respirao bucofarngea, pulmonar e cutnea. A r-touro vive em mdia 16 anos e sua vida produtiva dura em torno de 10 anos, j os reprodutores permanece de 4 a 5 anos no ranrio. Sua postura chega a 3.000 ovos na 1 desova, sendo que no Brasil a mdia durante todo o ciclo de 5.000 a 6.000 ovos. considerada uma espcie precoce por atingir a maturidade sexual com 1ano, nesta idade seu peso pode chegar a 250 gramas de peso vivo e 30 cm de comprimento total. As rs touro possuem membranas interdigitais nas pastas traseiras, sendo esta caracterstica a principal que as diferem das rs nativas (FERREIRA et al., 2002). Segundo estes mesmos autores, importante que se tenha condies de diferenciar os machos das fmeas para adotar o manejo adequado e evitar fugas seguidas de reproduo descontrolada no meio ambiente. Estes animais so extremamente prolferos e generalistas, podendo causar desequilbrio ambiental com a extino de espcies nativas. Diante da importncia em distinguir machos e fmeas, segue as principais caractersticas que os diferem: O ouvido, membrana timpnica que fica atrs dos olhos, possui tamanho semelhante cavidade ocular na fmea; No macho a membrana timpnica maior do que a cavidade ocular. O brao do macho forte e volumoso. Os machos so menores que as fmeas. O papo do macho intensamente mais amarelado na poca do acasalamento j na fmea esbranquiado. O polegar do macho fica dilatado (verrugas nupciais) na poca do acasalamento para melhor aderncia nas fmeas nesse perodo. O macho coaxa forte no perodo reprodutivo; As fmeas emitem sons quase imperceptveis.
2.1.1. Reproduo e desenvolvimento da r touro Para o sucesso da atividade necessrio concluir o manejo adequado na nas diferentes fases de desenvolvimento do anfbio, sendo fundamental o conhecimento de cada fase como explica a seguir (LIMA, 1997): REPRODUO: feita por fecundao externa; O macho coaxa atraindo a fmea; Procurar gua limpa para a desova; O macho fica por trs da fmea e exerce presso no abdmen fazendo-a expelir os vulos. Ao mesmo tempo o macho expele o esperma fecundando esses vulos. Os ovos ficam unidos por uma espuma transparente e gelatinosa que os mantem na superfcie da gua. A reproduo feita nos chamados motis de setembro a abril. Daqui os ovos iro para o setor de Girinagem colhidos em peneiras ou cuias dgua. ECLOSO: Aps a fecundao, o ovo inicia seu desenvolvimento de embrio para larva. Os embries so de colorao negra e vivem do saco vitelino, eclodem no 3 ao 5 dia transformando-se em larvas. No 10 dia, ao iniciar a movimentao das larvas, passam a receber gradativamente rao em p, pois j esto com a boca formada sendo denominadas girinos. Esta fase tambm conhecida como G 0
GIRINOS: nesta fase ocorrem metamorfoses que levaro as os girinos a se adaptarem ao ambiente terrestre. subdividida nas fases pro-metamorfose, pr- metamorfose e clmax. Entretanto, pode ser classificada de acordo com os seguintes estdios: G 0 : Crescimento. Fase de crescimento onde ainda no se iniciou a metamorfose. Neste estdio, ocorre o desenvolvimento do pulmo, o que possibilita ao girino respirar quando vem superfcie para se alimentarem. A durao desse perodo depende da temperatura da gua, G 1 : Comea a metamorfose; As patas posteriores se desenvolvem externamente e as anteriores internamente; Os girinos se alimentam muito nessa fase, G 2 : a Pr-metamorfose; As patas posteriores esto totalmente exteriorizadas mas no formadas, G 3 : o pr-clmax da metamorfose; As quatro patas esto totalmente prontas, inclusive com as membranas interdigitais, G 4 : o clmax da metamorfose; Exteriorizao das patas anteriores; A cauda, ainda grande, afila-se e absorvida; Nessa fase o animal quase no se alimenta vivendo da absoro da prpria cauda; a respirao passa de branquial para pulmonar/cutnea. IMAGOS: a r formada, pronta para ir para o setor de recria; porem no alcanou sua maturidade sexual. RS ADULTAS: Ficam de 30 a 40 dias no setor de recria e de 2 a 4 meses no setor de engorda (dependendo da temperatura e da qualidade da rao). No setor de recria h necessidade de que a rao se mexa (com larva de mosca, cochos vibratrios etc...) afim de que ela se adapte a comer rao. Na engorda j no h necessidade. No sistema de baias inundadas e no ranabox so utilizadas raes extruzadas e flutuantes com densidade maior de rs/m. As rs ao mexerem na gua fazem a rao mexer e com isso a ingere. importante fazer uma seleo nas diversas fases da criao a fim de selecionar os melhores animais. Na fecundao observar se o macho produz boa quantidade de esperma (observando percentagem de ovos eclodidos em considerao aos vulos postos pela fmea). Na desova o nmero de vulos deve ser alto a fim de que se chegue a 5 a 6 mil ovos/desova. Os girinos mais fracos, raquticos, originrios de desovas de baixa ecloso e de casais consanguneos devem ser eliminados, assim como rs jovens fracas, defeituosos e doentes.
2.2. Ciclo de produo da r touro A produo de rs em cativeiro (ranicultura) uma atividade relativamente nova. A cadeia produtiva compreende: a criao de rs (ranrios), a indstria de abate e processamento e a comercializao dos produtos oriundos da ranicultura. As etapas da cadeia produtiva iniciam-se no ranrio, onde se processam todas as fases do ciclo de vida das rs: a desova, a fase de desenvolvimento do girino at a metamorfose e a recria (processo de engorda dos animais). Concluda a recria, as rs so levadas para o abate nos abatedouros, seguindo rigorosamente as normas higinico- sanitrias definidas pelos organismos de sade pblica. Processada e embalada, a carne enviada para o mercado consumidor (Figura 1). Porm, sero abordadas somente as fases que ocorrem no interior do ranrio. Figura 1. Ciclo de produo das rs- touro.
ADAPTADO (LIMA & AGOSTINHO, 1992)
Setor de reproduo Segundo FERREIRA et al., 2002 o setor reprodutivo o local de permanncia dos reprodutores onde so separados por sexo e tamanho (baias de mantena) e posteriormente, na poca de acasalamento, transferidos (macho e fmea) as baias de acasalamento. A baia de mantena o local onde ficam os machos e fmeas separados em celas esperando poca de acasalamento. A densidade mxima de 10 rs/m, sendo necessria a quantidade mnima de 10 casais reprodutores para o inicio da atividade. O setor requer as seguintes especificaes. Altura da construo: 2,70 m a 3 m com telhas de amianto e telas nos espaos; Muro: 0,80 a 0,90 m; Piscina: 20 cm profundidade; Altura dos abrigos: 8 cm (FERREIRA, PIMENTA, PAIVA NETO, 2002). J as baias de acasalamento ou motis, tem inicio com o perodo de postura que vai de setembro a abril porm ideal outubro a maro. indicado utilizar um macho para cada duas fmeas por motel ou 2 machos/3 fmeas com boa qualidade (LIMA, 2004). O tempo mximo de permanncia dos lotes nos motis de 15 dias (ideal de 5 dias) com densidade mdia de 3 rs/m. Para saber se ocorreu a desova, observar o abdmen da fmea, caso esteja flcido e pequeno j ocorreu a desova (LIMA & AGOSTINHO, 1992; FERREIRA et al., 2002). Ainda estes autores, relatam que a cpula acontece dentro da gua e geralmente noite sendo necessrio aguardar duas horas antes do recolhimento das desovas. Os ovos so recolhidos e depositados delicadamente no balde para seu transporte ao setor de girinos. A diferena de temperatura entre a gua do tanque de postura, do balde e do tanque de ecloso tambm deve ser observada a fim de evitar o choque trmico (FIGUEIREDO et al., 1999; FERREIRA et al, 2002). Setor de Girinos O Setor de Girinos formado por um conjunto de tanques, construdos em tamanho e nmero proporcional ao porte do empreendimento. A desova depositada em uma incubadeira, onde ocorrer o desenvolvimento embrionrio at a sada das larvas, as quais, decorridos alguns dias, daro origem aos girinos propriamente ditos, que iro se desenvolver at a metamorfose (Lima, 1997). Os tanques necessitam de um grande espelho dgua com pouca profundidade. A alimentao dos girinos s deve ser feita quando a larva absorver totalmente seu saco vitelino e ocorre em torno do 10 dia dependendo da temperatura. O movimento ativo dos girinos na gua indicao clara da necessidade de oferecer o alimento. importante nesse setor fazer triagem peridica (normalmente 2 a 3 so feitas no perodo), pois os animais que se desenvolvem mais rpido liberam hormnios na gua que inibem o crescimento dos menores (LIMA, 1997). O girino na fase G4 precisa de terra, visto que sua respirao passou de branquial para pulmonar. necessrio colocar nos tanques, flutuadores e coletores para que os imagos subam e se apoiem. Tal procedimento tambm facilita na hora da captura para transporte recria. (LIMA, 1997; MAZZONI et al., 1995). . Setor de recria e engorda O setor de recria constitudo de baias de recria inicial e baias de terminao. Essas baias consistem de abrigos, cochos e piscinas dispostos linearmente e adequados ao tamanho dos animais. As baias de recria inicial recebem os imagos aps a metamorfose oriundos ou no de uma mesma desova. Quando as rs alojadas nessas baias alcanam de 30 a 40 g, so triadas e transferidas para as baias de crescimento e terminao. A disposio das estruturas deve seguir o seguinte modelo: 1 piscina no meio, 2 cochos e 2 abrigos em disposio linear. A dimenso por baia de 2,55 x 3,40 m, lembrando que baias menores aumentam o custo mas facilitam bastante o manejo. O ideal que as baias tenham 6 m com densidade mdia de 100 rs por m, altura do abrigo de 3 cm e profundidade da piscina em torno de 8 a 10 cm (LIMA, 1997, 1994). Sero colocados 100 imagos/m com alimentao, a rao, nos cochos juntos com as larvas de moscas. Inicialmente colocar 1 kg larva/3 kg de rao e diminuir at que esta atinja 10% da rao no final do perodo (de 35 a 40 dias). A limpeza das baias simples feita diariamente com troca de gua diria. J a limpeza completa indicada semanal ou quinzenal. As rs permanecem no setor at atingirem em torno de 40 gr, permanncia de 30 a 40 dias em mdia. O uso de larvas feita de 25 a 30 dias, at que os animais estejam consumindo bem a rao. Ao passar os imagos para as baias de recria, faz-se uma seleo por tamanho nas baias para se obter lotes mais uniformes (rao a ser colocada = 12% da biomassa). Segundo LIMA et al., 1994, 1999, uma boa prtica espalhar larvas na baia ao colocar os imagos novos no local. Como eles veem com pouca energia da girinagem (passaram um bom tempo se alimentando apenas da absoro da cauda), a larva prxima a sua boca estimula o imago a se alimentar, indo progressivamente at aos cochos onde passa a consumir rao + larva (FERREIRA et al., 2002; LIMA et al., 1994). As baias de crescimento e terminao so destinadas a receberem lotes uniformes, de rs oriundas das baias de recria inicial e permanecem at atingirem o peso de abate (100 g a 180 g). Permanecem no setor em torno de 2,5 a 3,5 meses dependendo de temperatura e alimentao (FIGUEIREDO et al., 1999). Estes autores afirmam que no h necessidade de colocar larvas na rao pois as rs j esto condicionadas. A disposio das baias semelhante a da recria, com dimenses de 5,10 m X 3,40 m, onde o ideal para facilitar o manejo em torno de 10 m a 12 m com densidade de 50 rs por m, altura do abrigo 6 cm e profundidade da piscina entre 8 cm a 10 cm.
2.2.1. Manejo alimentar O objetivo da criao de rs em ranrios comerciais eliminar os fatores estressantes que, na natureza, retardam o crescimento como, por exemplo: predadores, competio por alimento, espao, etc. Desse modo pode-se direcionar toda a energia do animal para a engorda e/ou a reproduo, atravs de manejo adequado e uso de alimento balanceado e nutritivo (CASALI et al., 2005). De acordo com FERREIRA et al., 2002, a alimentao da r em cativeiro feita com rao peletizada ou extrusada para rs e imagos, e farelada para girinos. As rs e imagos utilizam-se cochos vibratrios ou indutores biolgicos para dar movimento rao, como a larva da mosca domstica. O uso de larvas de mosca criadas em ambientes fechados e consequentemente mais higinicos, muito adotado pelos ranrios comerciais devido a seu baixo custo e facilidade de manipulao. Trata-se de uma tcnica testada e quantificada cientificamente. J, o cocho vibratrio, embora seja considerada uma forte tendncia dentro dos cultivos, no amplamente aceito devido difcil adaptao das rs (FONTANELLO et al., 2003). Quanto s raes importante conhecer suas caractersticas organolpticas antes mesmo de adquiri-las. O nvel de 40% de protena bruta o recomendado para a criao de rs, j que se trata de animal carnvoro (CASALE et al., 2005). De acordo com esses autores, a flutuabilidade ou no, deve ser verificada, caso se pretenda trabalhar com baias inundadas. Os imagos necessitam de raes de tamanhos pequenos de pletes ou se necessrio mo-los. FIGUEIREDO et al., 1999, mencionam que a 20C de temperatura na gua, os girinos expressam um bom desempenho. J em temperaturas inferiores a 20C seu desenvolvimento prejudicado. Para a reteno de girinos, caso a produo seja maior que o esperado, recomenda-se esticar a metamorfose por meio de reduo da temperatura da gua. Quando o objetivo acelerar a metamorfose e consequentemente a apario dos imagos, diminui-se o volume de gua dos tanques (FERREIRA et al., 2002; LIMA & AGOSTINHO, 1988). Os girinos ao se transformarem em imagos procuram lugar no tanque para descansar, assim utiliza-se caixas coletoras flutuantes nos tanques, para que eles possam repousar alm de facilitar a coleta dos mesmos. Quanto mais se retardar a metamorfose do girino para imago, maior o desenvolvimento na fase de G2 para G3, chegando s baias de recria com bom peso e maior resistncia (FERREIRA et al., 2002). Os preos de rao no mercado variam muito, e as empresas que as comercializam podem oferecer ou no o transporte, dependendo da localizao do ranrio e da quantidade de rao adquirida (FONTANELLO et al., 2003). A qualidade do produto e o aconselhamento com quem j o conhece ou usou, so aspectos importantes para aquisio das melhores relaes custo-benefcio (FERREIRA et al., 2002). Aps os cuidados com a escolha da rao necessrio acondicion-la da melhor forma possvel. O local escolhido deve ser seco e bem ventilado e sem a presena de animais, pois sua urina e fezes podem contaminar a rao. Os sacos de rao devem ser empilhados longe do cho, sobre um estrado de madeira. O cuidado com o acondicionamento da rao essencial na ranicultura, de modo a evitar diversas doenas fornecendo uma rao em boas condies (FERREIRA et al., 2002).
2.2.2. Manejo sanitrio A qualidade e limpeza da gua usada na ranicultura seguem os mesmos pr-requisitos exigidos em criaes de organismos aquticos. So fatores essenciais para o sucesso desses empreendimentos a necessidade de gua com caractersticas fsicas e qumicas especficas. Parmetros como pH, alcalinidade, condutividade, dureza, amnia, nitrito, nitrato, fsforo, cloretos, ferro e principalmente oxignio, devem ser medidos antes de iniciar uma criao e durante a mesma (LIMA & AGOSTINHO, 2002). As rs deixam seus excretos na gua, alm de restos de pele, oriundos de trocas constantes. Por isso, so imperativas a renovao peridica da gua e a limpeza dos tanques, escovando principalmente os cantos onde ocorre maior acmulo de detritos. Os cuidados que podem ser tomados para evitar doenas so simples. Salmouras e aplicao de outras substncias profilticas so usuais. Para lavagem dos tanques e baias usam-se desinfetantes comuns, como hipoclorito (cndida), cloro diludo e biocidas, alm de bastante gua. Outros cuidados recomendados so relativos construo das instalaes evitando o uso de tintas txicas e beiradas que possam causar leses nos animais. A observao do comportamento das rs e dos girinos pode fornecer indicativos de sua sade. Eles devem estar sempre ativos e com aspecto saudvel.
3. CONSIDERAES FINAIS A ranicultura uma atividade econmica em expanso, sua implantao minimamente impactante quando comparada a outras atividades, o custo inicial para implantao da atividade relativamente baixo e o mercado consumidor promissor. A espcie de r explorada no Brasil (r touro) apresenta grande potencial biolgico que se explorado corretamente possui grande potencial na produo de alimentos. Porm, devido fragilidade da espcie em relao s variaes ambientais, torna-se necessrio o desenvolvimento de mais pesquisas referentes ao manejo, ciclo de produo e instalaes, de modo a permitir que as rs expressem o seu potencial gentico para obteno de maiores rendimentos de carcaa a baixo custo, e consequentemente maior rentabilidade na atividade.
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