Aritmética Racional 2ed José Júlio Soares - 1942
Aritmética Racional 2ed José Júlio Soares - 1942
Aritmética Racional 2ed José Júlio Soares - 1942
NOGUEIRA SOARES
Engenheiro Civil e Antigo Professor Efectivo do Liceu
ARITMTICA
RACIONAL, 1,
A.PBOV A.DA. OFICIALMENTE
PA.BA. O '1.
0
A.NO DOS LICEUS
a. I!DIOAO
11 a
Edies M A R N U S
174, R. dos Mrtires da Liberdade, 178
Telefone 2798- Prto
ARITMTICA RACIONAL
MARNUS
Composto e impresso na EMPRSA
IND. GRFICA DO PRTO, L.
0
A
174, R. Mrtires da Liberdade, 178
.. : : : : : Telefone 2798 : : : : : : :
JOS JLIO M. NOGUEIRA SOARES
Engenheiro Civil e Antigo Prolas .. :or Eleclivo do Liceu
J..\RJ T J\JlT J CA
ftt\ CJ O 1'1 t\l
PARA O 7.
0
ANO DOS LICEUS
2.a EDIO
1942
Edies MARNUS
174, R. dos Mrtires da Liberdade, 178
Telefone 2798 - Prto
PROGRAMA
Teoria dos nmeros inteiros, conside-
rados como representando coleces de
objectos idnticos, e das suas operaes.
Divisibilidade. Nmeros primos. Mximo
divisor comum e menor mltiplo comum.
Teoria dos nmeros fraccionrios e das
suas operaes.
A Matemtica representa um dos mais
elevados exerccios do esprito e o instru-
mento mais eiicaz para o progresso mental
e moral do homem.
H. WIELEITNER.
PRIMEIRA PARTE
NMEROS INTEIROS E SUAS OPERAES
CAPTULO I
Definio de nmeros inteiros. Numerao.
1. Tdas as cincias tm por fundamento a obser-
vao e estudo do mundo que nos rodeia. varivel a
extenso dste fundamento; se cincias h que qusi se
limitam a verificar a existncia dos fenmenos, to com-
plexos les se nos afiguram, outras j conseguem formu-
lar leis ou princpios com maior ou menor generalidade.
Entre tdas, a que menor nmero de noes necessita
do mundo exterior a matemtica.
2. O edifcio da aritmtica pode basear-se exclu-
sivamente na noo de nmero inteiro. Para definir
nmero inteiro consideramos intuitivas as noes de:
Coleco ou grupo de objectos (
1
).
Ausncia completa de objectos (o que corres-
ponde no existncia da coleco).
(L) A expresso coleco de objectos traduz j a verificao
duma propriedade ou circunstncia comuns a todos os objectos, quer
sejam relativas semelhana, localizao (no espao ou no tempo),
ao fim a que se destinam, etc.
10 ARITMTICA RACIONAL
Objecto isolado.
Correspondncia entre objectos de coleces
diferentes.
inexistncia da coleco, ou ausncia de objectos,
dizemos que corresponde o nmero zero; ao objecto
isolado fazemos corresponder o nmero um.
Se a um objecto juntarmos outro, diremos que
resulta uma coleco de dois objectos, teremos o nmero
dois; se coleco de dois objectos juntarmos ainda
outro, teremos uma coleco de trs objectos, resultar
o nmero trs.
Pela adio sucessiva dum objecto criaremos os
nmeros quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, etc.; forma-
remos assim a chamada srie natural dos nmeros,
sucesso ilimitada pois que a operao se pode repetir
indefinidamente (
1
).
3. Fazemos assim corresponder a uma coleco de
objectos um nmero. Como vimos, partindo dum objecto
isolado e adicionando-lhe sucessivamente um objecto,
podemos obter uma determinada coleco a que corres-
ponde tambm um determinado nmero ; inversamente,
dada uma coleco, podemos destacar um objecto e
juntar-lhe sucessivamente todos os outros; diz-se que
contamos os objectos. O resultado da contagem dos
(1) Se considerarmos o nmero inteiro afastado da sua signifi-
cao concreta, tomando-o assim apto para representar no s uma
determinada coleco, mas outras, teremos o nmero abstracto, ele-
mento da sucesso natural, enfim o nmero natural.
PRIMEIRA PARTE 11
objectos duma coleco pois o nmero que lhe corres-
ponde.
4. Para contar teremos de seguir uma certa ordem;
a noo de ordem, fundamental em matemtica, est
pois intimamente associada definio de nmero
inteiro (
1
).
5. A igualdade e desigualdade de nmeros inteiros
fundamenta-se na noo de correspondncia de objectos.
Se duas coleces so tais que a cada objecto duma cor-
responde um objecto da outra e reciprocamente, diremos
que os nmeros que lhe atribumos so iguais; as colec-
es tm o mesmo nmero de objectos. Caso contrrio,
so desiguais; se na primeira coleco h objectos que
no tm correspondentes na segunda, diremos que aquela
tem mais objectos que esta; o nmero correspondente
primeira maior que o correspondente segunda, ou
ste menor que aquele.
Exprime-se que dois nmeros, representados pelas
(l) Na srie natural: um, dois, trs, quatro, cinco, seis .. o
nmero quatro (cardinal) o quarto (ordinal), figura em quarto lugar;
o nmero cinco o quinto, etc.
Os nmeros naturais podem assim ser considerados no sentido
colectivo (cardinal), e no sentido ordinal- tendo em vista o lugar que
ocupam na srie natural- (sentido local). Esta libertao da pluralidade
representa mais uma abstraco, por assim dizer uma primeira extenso
da ideia de nmero. Para determinar o nmero correspondente a um
grupo, bastar ento comparar ste com a sucesso natural, isto ,
cont-lo; pode interessar-nos muitas vezes o nmero cardin.al, mas ste
exprime-se segundo o modo ordinal.
12 ARITMTICA RACIONAL
{etras a e b (ou mais simplesmente os nmeros a e b)
so iguais, pela relao (igualdade}
a= b (1)
Se os nmeros so desiguais- a maior que b, ou
menor que a- escreveremos as desigualdades
a > b ou b < a (
2
)
Numerao
6. Consiste a numerao no estabelecimento de
smbolos e convenes que facilitem inteligncia a con-
preenso e percepo dos nmeros, permitindo a sua
fcil leitura e escrita (3).
Exporemos por agora o sistema de numerao cha-
mado decimal.
A numerao diz-se escrita ou falada conforme as
regras que a estabelecem se destinam a escrever ou pro-
nunciar um nmero dado.
(I) O sinal =, exprimindo igualdade, foi proposto pelo ingls
Robert Recorde em 1557 na sua lgebra The Whetstone oj Wite.
Anteriormente empregavam-se para ste fim palavras como aequales,
nequantur, jaciunt e tambm a forma abreviada aeq.
(2) Os sinais de desigualdade (> e <) aparecem pela primeira
vez no livro Artis Analyticae Praxis do ingls Thomas Harriot, publi-
cado em 1631.
(3) evidente a necessidade da numerao, dada a impossibili-
dade de se fixarem muitas palavras e smbolos para designar os dife-
rentes nmeros.
PRIMEIRA PARTE 13
Conhecemos j a significao dos nmeros zero, um,
dois, trs, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove. Se juntar-
mos um, unidade de ordem zero, ou simplesmente a
unidade a nove, obtemos um nmero a que chamaremos
dez, uma dezena, ou uma unidade de primeira ordem;
um grupo de dez dezenas chamaremos cem, uma centena
ou uma unidade de segunda ordem; um grupo de dez
centenas ser um milhar ou uma unidade de terceira
ordem, e assim sucessivamente.
Os nmeros correspondentes a uma determinada
coleco podero pois exprimir-se simplesmente por
nmeros inferiores a dez (nmeros dgitos), representando
unidades de diferentes ordens. Ex.:
Quatro milhares, trez centenas, duas dezenas e sete
unidades.
7. Resta estabelecer as normas da numerao escrita.
Em primeiro lugar representaremos os nmeros
zero, um, dois, trs, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove,,
respectivamente pelos smbolos (algarismos) (
1
):
o 1 2 3 4 5 6 7 8 9
(1) O nome de algarismo deriva de AI karismi ou tambm
Alhwarazmi, diferentes nomes por que foi conhecido Mohamed Ben
Musa, matemtico rabe, astrnomo e gegrafo do califa de Bagdad,
AI mansur (813 a 833); foi autor da famosa obra Algebr W'al muqabalah
(o que significa aproximadamente ampliaes e igualdades) de cujo
ttulo nasceu o nome de lgebra.
De AI lmrismi deriva tambm algoritmo, actualmente significando
processo geral de clculo ou raciocnio, actividade operatria.
14 ARITMTICA RACIONAL
Para escrever um nmero maior que nove, coloca-
. remos os algarismos representativos das unidades de
.diferentes ordens a seguir uns aos outros, sendo a sua
posio regulada pela seguinte conveno:
Um algarismo representar unidades de ordem i m ~
diatamente superior s representadas pelo que se lhe segue
imediatamente direita. Ex. :
O nmero 845 representar: oito centenas, quatro
dezenas e cinco unidades.
O nmero 304 representar: trs centenas e quatro
unidades.
Os algarismos 1 a 9 denominam-se significativos.
Zero no significativo; utiliza-se, no caso de ausncia
de algumas unidades, para marcar a posio relativa dos
outros algarismos de modo a manter-se a conveno
acima referida.
8. Chama-se decimal ste sistema de numerao (
1
),
ou de base dez, porque as unidades de diferentes ordens
representam dez unidades de ordem imediatamente infe-
rior; (uma dezena tem dez unidades, uma centena tem
dez dezenas, etc.), utilizando portanto dez algarismos
(O a 9).
(1) O sistema actual de numerao decimal tornou-se conhecido
na Europa no sculo XII por intermdio dos rabes. Estes trouxeram-no
da ndia, no se podendo porm precisar a data em que neste pas
comeou a ser usado ; contudo j o era em 662, pois a le se refere,
nesta data, o sbio rabe Severo Sabokht.
O valor relativo dos algarismos conforme a sua posio, valor de
posio, constitua j uma noo aplicada pelos babilnicos e pelos
mayas da Amrica Central; porm, a sua aplicao ao sistema decimal,
com o emprgo de nove algarismos e zero, veio da ndia.
PRIMEIRA PARTE 15
9. A Aritmtica (
1
) a ctencia dos nlimeros, das
suas operaes e das suas propriedades.
EXERCCIOS
1 - (Qual o nmero total de algarismos necessrios para nume-
rar as primeiras 100 pginas dum livro?
R. Nmeros com 1 algarismo 9, donde 9 algarismos;
2 algarismos 90, 180
, 3 1, 3
Total . 192
2- Entre os algarismos considerados no exerccio anterior, diga
(quantos so iguais a 1 ?
R. Algarismos iguais a 1 representando unidades 10
dezenas 10
centenas
Total 21
Diga ainda, (quantos so os algarismos iguais a O, e os iguais a 2?
3- (Qual o nmero total de algarismos necessrios para numerar
as primeiras 500 pginas dum livro?
R. 1932.
4- <'.Quantos nmeros h de 3 algarismos?
R. 900.
5- <'.Quantos nmeros h de 7 algarismos?
R. 9.ooo.ooo.
(1) De arithmos, em grego -nmero.
CAPTULO II
Adio
10. Dadas duas ou mais coleces de objectos, se
as renirmos numa s, diremos que o nmero que cor-
responde a esta ltima a soma dos nmeros que corres-
pondem s primeiras; a soma tem pois tantas unidades
quantas as dos nmeros que se somam ou adicionam.
Chama-se adio a operao pela qual se obtm a soma
de dois ou mais nmeros; estes so os termos da opera-
o, a soma o seu resultado. Os termos da adio cha-
mam-se parcelas.
A noo da adio est estreitamente ligada noo
de nmero inteiro: como se viu, partindo do nmero
um e adicionando sucessivamente uma unidade, podem
formar-se todos os nmeros inteiros.
11. Propriedades da adio.
a) A adio uma operao uniforme, isto , conduz
a um nico resultado bem determinado.
Decorre imediatamente da definio.
b) A adio uma operao comutativa (
1
), o que
(L) Designao introduzida por F. Servois (181.5).
PRIMEIRA PARTE 17
quere dizer que o valor da soma no depende da ordem
das parcelas. Tambm da definio se deduz imediata-
mente que se obtm sempre a mesma coleco, e por-:-
tanto o mesmo nmero, qualquer que seja a ordem
seguida na juno das coleces que correspondem s*
parcelas.
Adicionando 3 a 4 obtm-se o mesmo resultado que
adicionando 4 a 3; adicionando 8 a 7 e o resultado a 5,
obtm-se o mesmo nmer que adicionando 5 a 8 e o
resultado a 7.
3+4=4+3;
(8 + 7) + 5 = (5 + 8) + 7 (I)
ou simplesmente
c) A adio uma operao associativa (2), isto ,
numa soma de muitas parcelas podemos substituir duas
ou mais parcelas pela sua soma. Justifica-se esta proprie-
dade pela definio e propriedade comutativa.
a+ b + c+ d +e= a + (b + c + d} +e,
(1) Os parntesis indicam que se consideram efectuadas as opera-
es no seu interior; empregam-se curvos ( ), rectos [ ] e chavetas { }
conforme necessrio. Os parntesis rectos aparecem pela primeira vez
na edio manuscrita da lgebra de R. Bom bel li (1550); os curvos foram
empregados por N. Tartaglia (General tratatto di numero e misure-1556),
Clavius (1608), Girard (1629), etc.
(2) Designao introduzida por W. R. Hamilton (1846).
2
18 ARITMTICA RACIONAL
pois que
a+b+c+d+e=b+c+d+e+a=
= (b + c+ d) + e+ a= a+ (b + c+ d} + e
d} O mdulo da adio zero. Chama-se mdulo
de uma operao um nmero, que, considerado como
trmo da operao, no tem influncia no seu resultado.
12. Regra da adio. Consideremos os nmeros
484 e 753, que desejamos adicionar. Pelas propriedades
comutativa e associativa poderemos adicionar primeira-
mente os algarismos que representam unidades da mesma
ordem, e em seguida juntar os resultados. Na prtica,
colocam-se os nmeros uns debaixo dos outros de modo
que as unidades da mesma ordem fiquem na mesma
coluna, e procede-se como ficou dito; para simplificar,
quando a soma dos algarismos de certa ordem perfaz
uma unidade de ordem superior ou um nmero maior,
junta-se aquela unidade aos algarismos da mesma ordem
484
753
1237
13. Prova da adio. Chama-se prova de uma ope-
rao uma outra operao,- que no convir ser menos
simples que a primeira,- e pela qual se pretende verificar
PRIMEIRA PARTE 19
------------------- ~
a exactido do seu resultado. Compreende-se que nunca
poder haver uma certeza absoluta em face dos resulta-
dos concordantes da prova, pois esta se pode errar tam-
bm j contudo provvel que assim no suceda. As pro-
priedades comutativa e associativa podem utilizar-se para
prova da adio.
CAPITULO III
Subtraco
14. Chama-se diferena entre dois nmeros a e b
um nmero a-b = r (
1
) (tambm denominado resto,
excesso ou complemento) tal que
(a-b) + b= a
A operao que tem por fim determinar a diferena
a- b tem o nome de subtraco; a o diminuendo ou
aditivo; b o diminuidor ou subtractivo.
Da definio resulta imediatamente que a subtraco
resolve o seguinte problema: dada a soma de duas par-
celas e uma delas, determinar a outra: diz-se que a
subtraco a operao inversa da adio.
15. J vimos que por definio
a-b +b=a;
(l) A mais antiga obra impressa onde se vm os sinais + ou -
(Behennde Vnnd hhsche Rechnug auf allen Kanffmanschafften) de
Johann Widmann, data de 1489.
PRIMEIRA PARTE 21
pois que
(11 d)
ser
o=b-b (14)
donde, adicionando a a ambos os membros:
ou
16. Propriedades da subtraco.
a) uma operao uniforme: deduz-se imediata-
mente da definio, em vista da uniformidade da adio.
b) Para subtrair uma soma de um nmero, podem
subtrair-se sucessivamente do nmero tdas as parcelas
da soma.
Ter de demonstrar-se a igualdade
(o:) a- (b +c)= a- b- c
Realmente, acrescentando a qualquer dos seus mem-
bros b + c ou c + b, vir
a- (b +c) + (b +c)= a
a-b-c+c+b=a-b+b=a
Lendo a igualdade (x) da direita para a esquerda,
dir-se-:
Para subtrair de um nmero sucessivamente muitos
nmeros, pode subtrair-se a sua soma.
22 ARITMTICA RACIONAL
c) O resto no se altera quando se adiciona ou
subtrai ao diminuendo e ao diminuidor o mesmo nmero.
Como
a+ e--c= a
ser subtraindo b a ambos os membros e atendendo
alnea b)
a- b =a+ c- c- b = (a+ c)- (b + c)
d} Para subtrair uma diferena, pode juntar-se o
diminuidor e subtrair o diminuendo, ou, se fr possfvel,
subtrair o diminuendo e juntar o diminuidor.
Com efeito, pela alnea anterior, temos
a-{b-c) =a+ c- (b -c+ c)......:. a+ c-b;
se partirmos da igualdade
e juntarmos c a ambos os membros
vem, subtraindo b
a-b+c+b-b=a+c-b
ou
PRIMEIRA PARTE 23
------------------
e) Para adicionar uma diferena, pode adicionar-se
o diminuendo e subtrair o diminuidor, ou, sendo possfvel,
subtrair o diminuidor e adicionar o diminuendo:
Com efeito, de
(b-- c)+ c=b
vem, juntando a a ambos os membros
a+ (b-c} + c=a+b
e subtraindo c
a+ (b-c}= a +b-c
Partindo agora da igualdade
a-c+ c= a
e, "juntando b a ambos os membros
vem, subtraindo c
a-c+b=a+b-c
f) Para subtrair uma soma de outra soma pode
subtrair-se, sendo possivel, cada parcela duma de cada
parcela da outra, e somar as diferenas parciais.
24 ARITMTICA RACIONAL
Com efeito pelas alneas b) e c)
(a+ b)- (c+ d) =a+ b- c- d =a- c+ b- d =
=(a-cJ+(b-d).
17. Regra da subtraco. Considere-se a diferena
de dois nmeros quaisquer. Ex.: 847-395.
Podemos escrever:
847-395 = 800 + 40 + 7 -(300 + 90 + .5)=
= 700 + 140 + 7- (300 + 90--+- 5) =
= (700- 300) + (140- 90) + (7- 5)
18. Prova da sublraco. Resulta imediatamente da
definio:
(a-b)+b=a;
adicionando o resto ao diminuidor, deve obter-se o
diminuendo.
19. Complemento aritmtico. Chama -se comple-
mento aritmtico de um nmero a diferena entre ste
nmero e a unidade decimal imediatamente superior.
O complemento aritmtico de 4830 ser
10.000-4830 = 5170
Prticamente calcula-se o complemento aritmtico,
subtraindo o primeiro algarismo significativo da direita
de dez e todos os outros de nove.
Para efectuar a diferena a- b, pode juntar-se a a
o complemento aritmtico de b, e subtrair em seguida
PRIMEIRA PARTE 25
ao total a unidade decimal utilizada para a determinao
do complemento. Representando por 10
11
a unidade deci-
mal imediatamente superior a b
a- b =a- 10
11
+ 10
11
- b =a- 10!1 + (10
11
- b) =
=[a+ (10
11
- b)] -10
11
Ex.:
84- 7 + 197 - 30 = (84 + 3 + 197 + 70)-
- 10 - 100 = 354 - 1 10 = 344
EXERCCIOS
6- Achar dois nmeros inteiros consecutivos cuja soma 8437
R. 4218, 4219.
8437 - 1 = 8436
1
-X 8436 = 42!8
2
7- Achar dois nmeros consecutivos cuja soma igual a 872.
S-Achar 3 nmeros tais que a soma dos 2 primeiros igual
a 32, a soma dos 2 ltimos 54 e a soma do 1.
0
e do 3.
0
46.
R. a + b = 32 b + c= 54 a + c= 46
a+ b+ c- (a+ b)=c=66 -32 =34
a+b+c-(b+c)=a=66-54= 12
a+ b +c-(a+ c)= b = 66-46=20
26 ARITMTICA RACIONAL
9-Achar 3 nmeros tais que a soma dos dois primeiros igual
a 55, a diferena dos mesmos 25 e a diferena dos dois ltimos 5.
R. 40, 15, 10.
1 O-- Calcular a expresso :
8-!3.5 - 23 + 8.f9 - 1528 + 30- 250
usando os complementos aritmticos.
ll- Dados dois nmeros a e b (a> b), i_ o que ser necessrio
fazer para os tornar iguais, sem alterar a sua soma?
R. Bastar juntar a b e subtrair a a a sua semi-diferena:
a-b a-b
b+----+a-- ---=a+b
2 2
12- Aplicar a propriedade do exerccio anterior aos nmeros.
74 e 14, 428 e 36.
13-Demonstrar que a soma de dois nmeros, aumentada da sua
diferena o dbro do maior.
R. a+b+(a-b)=a+b-b+a=2xa.
14- Demonstrar que a soma de dois nmeros diminuda da sua
diferena o dbro do menor.
15- Dadas duas diferenas, iguais respectivamente a 16 e 13,
achar todos os seus termos, sabendo que a soma dos diminuidores 11,
e que os diminuendos so iguais.
R. a=a'=20
{/ -b =16
a'-b'=13
b=4 b
1
=7.
CAPTULO IV
Multiplicao
20. Considere-se uma soma de b parcelas iguais a a
ata+a+a+a+a+ ........ =P
A adio toma neste caso particular o nome de mul-
tiplicao.
Chama-se a P o produto, a a e b os factores; a o
multiplicando e b o multiplicador.
O produto uma soma de tantas parcelas iguais ao
multiplicando quantas so as unidades do multiplicador;
fo_rma-se do multiplicando como o multiplicador da
unidade.
P=aXb=a+a+a+ a+ a .... .
b= 1+1+1+1+1 .... .
21. Produto de muitos factores. Produto de muitos
factores o resultado que se obtm multiplicando os
(1) O sinal X foi utilizado em primeiro lugar por William Ough-
tred no seu livro Clavis Matlzematicae em 1631.
28 ARITMTICA RACIONAL
dois primeiros factores, a seguir multiplicando o resul-
tado pelo terceiro, ste pelo quarto e assim sucessi-
vamente.
aXbXcXdXeX .... = [(aXb) X c)Xd]XeX ....
22. Propriedades de multiplicao.
a) uma operao uniforme: do mesmo modo
que a adio.
b) uma operao distributiva em relao adio
e subtraco.
~ ~ X 3 = ~ ~ ~ ~ ~ ~ =
=(a+a+ a)+(b+b+bJ =aX3+ bX3
~ - ~ X 3 = ~ - ~ ~ - ~ ~ - ~ =
=(a+a+.aJ+(b+b +- b)= aX3-bX3
"Para multiplicar uma soma (ou uma diferena) por
um mmero pode multiplicar-se cada uma das pareelas da
soma (ou cada trmo da diferena) pelo nmero, e depois
somar (ou subtrair) os resultados".
"Inversamente, tendo uma soma ou diferena de
produtos em que h am factor comum, pode pr-se sse
factor em evidncia, multiplicando-o pela soma ou dife-
rena dos restantes,.
c) uma operao comutativa; o valor do produto
no depende da ordem dos factores.
1) Produto de dois factores.
aXb=(l + 1 + 1 + 1 + ... )Xb=
=b +b+b +b+ ... =bXa
PRIMEIRA PARTE 29
2) Produto de muitos factores.
Num produto de 3 factores pode alterar-se a ordem
dos dois ltimos:
=4X3+4X3+4X3+4X3+4X3=
= (4 X 3) X 5 = 4 X 3 X 5
Num produto de muitos factores pode alterar-se a
ordem dos dois ltimos, pois que pela definio aquele
se pode reduzir sempre a um produto de 3
aXbXcx ... XnXpXq=
= (a X b X c X ... X m) X p X q = P X p X q
Da definio deduz-se imediatamente ser possvel
mudar a ordem dos dois primeiros factores ; final-
mente de
aXbXcXdX ... Xq=(aXbXcXd)>< ... Xq=
-(aXbXdXc)X ... Xq= aXbXdXc ... Xq
se reconhece a possibilidade de alterar a posio de dois
quaisquer intermdios.
Conclui-se pois que, por mudanas sucessivas, se
pode alterar a ordem dos factores de qualquer maneira.
NoTA- Segundo a definio de multiplificao, aos
produtos
aXl e axo
no possvel atribuir qualquer significado:- o multi-
plicador dever ter pelo menos duas unidades.
30 ARITMTICA RACIONAL
Convenciona-se, porm, que
aXO=OXa=O+O j.-0+ ..... =0
a X 1 = 1 X a= 1 + 1 + 1 + ..... = a,
o que implica a vantagem de se manter a propriedade
comutativa nos casos referidos.
d} uma operao associativa. Num produto de
muitos factores pode substituir-se um nmero qualquer
deles pelo seu produto efectuado.
Pela propriedade comutativa podem considerar-se
como os primeiros quaisquer factores do produto; nesta
conformidade deduz-se a propriedade associativa imedia-
tamente da definio de produto:
aXbXcXdXe=bXcXdXaXe=
= (b>(c)< d} X aXe=aX(bXcXd}Xe
e) O mdulo da multiplicao a unidade:
aXbX1=aXb
23. Definio. Chama-se mltiplo dum nmero o
seu produto por qualquer nmero inteiro. Deduz-se
desta definio que
1) Um produto mltiplo de qualquer dos seus
factores.
2) Um nmero mltiplo de si mesmo: a X 1 =a.
3) Zero mltiplo de qualquer nmero: a X O= O.
24. justificao da regra da multiplicao.
PRIMEIRA PARTE 31
/.
0
caso. O multiplicando e o multiplicador so
algarismos.
A operao faz-se mentalmente.
2.
0
caso. O multiplicando tem mais de um alga-
rismo, e o multiplicador tem somente um.
Aplica-se a propriedade distributiva. Exemplo:
7538 X 5 = (7000 + 400 + 30 + 8) X 5 =
= 7000 X 5 + 400 X 5 + 30 X 5 + 8 X 5
Prticamente associa-se a multiplicao adio.
3.
0
caso. O multiplicando e o multiplicador tm
ambos mais de um algarismo.
Aplica-se igualmente a propriedade distributiva,
ficando-se reduzido ao 2.
0
caso.
8438 X 524 = 8437 X (500 + 20 + 4) =
= 8437X 500 + 8437X20 + 8437X4
As parcelas desta soma so os produtos parciais.
CAPTULO V
Diviso
25. A diviso procura resolver o seguinte problema:
Dados dois nmeros a e b (a:::; b) determinar um
nmero q, que, multiplicado por b, conduza a um resul-
tado igual a a.
Nem sempre se encontra um nmero q que satisfaa
questo. No caso de possibilidade dizemos que a divi-
so exacta ou simples e escreveremos :
a: b= q; (
1
)
a o dividendo, b o divisor e q o quociente.
26. Da definio resulta imediatamente:
a=bXq,
isto , a diviso exacta tem por objectivo: dados um pro-
duto de dois factores e um deles, determinar o outro.
(1) O sinal : como smbolo de diviso, foi usado pela primeira
vez por Leibnitz em Acta Eruditorum, 1684. utilizado tambm o
sinal -;. que foi introduzido por Johann Heinrich Rahn na sua Teutsche
Algebra (1659).
PRIMEIRA PARTE :n
O dividendo, que ser assim mltiplo do divisor e do
quociente, diz-se tambm divisvel por qualquer deles.
Resulta ainda da definio que a diviso exacta a
operao inversa da multiplicao e portanto uniforme.
27. No caso de impossibilidade da resoluo do
problema atrs referido diz-se que a diviso de a por b
no exacta. O seu fim ento determinar dois nme-
ros q e r (quociente e resto) tais que:
a= b ~ q +r sendo r< b.
A diviso no j simples; tem dois resultados,
embora perfeitamente determinados. Procura-se agora o
maior nmero que, multiplicado pelo divisor, conduz a um
resultado inferior ao dividendo.
28. Casos particulares da diviso.
1) a : 1 =a
2) O: a=O
3) a : O sendo
aXI=a
O X a= O
a+O.
No tem ste ltimo quociente qualquer significado,
para nmeros finitos, pois no possvel obter um nmero,
que, multiplicado por zero, conduza a um produto dife-
rente de zero; representa um smbolo de impossibilidade.
4) O:O=a ou b, ou c ... aXO=O, bXO=O ...
Representa qualquer nmero; constitui um smbolo
de indeterminao.
3
34 ARITM.TICA RACIONAL
29. Propriedades da diviso:
1) Para dividir uma soma (ou lll!W diferena) por
um nmero pode dividir-se pelo mmero cada uma das
parcelas da soma (ou cada tmlo da diferena) e a seguir
somar (ou subtrair) os resultados. (Propriedade dis-
triativa).
De facto deduz-se imediatamente:
(a+ b):c= a:c+ b:c,
atendende> a que:
(a: c+ b:c)Xc= a: c X c+ b:cxc= a+ b
2) Multiplicando (ou dividindo) o dividendo e o divi-
sor por um nmero, o quociente no se altera e o resto
vem multiplicado (ou dividido) por sse nmero.
Da definio resulta:
e multiplicando ambos os membros da igualdade por c
=(bXc)Xq+r X c.
3) Um produto divisvel por qualquer dos seus
factores.
aXbXcXd=(aXb c)Xd.
PRIMEIRA PARTE 35
4) Se um factor de um produto divisvel por um
nmero, o produto divisvel por sse nmero.
Seja
P=aXbXc e C=dXq;
vir
P= a X b X dX q= (a X bX d)X,q.
5) No se altera o resto da diviso quando se adi-
ciona (ou subtrat) ao dividendo um mltiplo do divisor.
Com efeito, adicionando a ambos os membros da
igualdade
o mltiplo do divisor b :::<c, vem:
6) Para dividir um nmero por um produto de
muitos factores, pode efectuar-se a diviso sucessivamente
por cada um dos factores.
De
deduz-se
N: (aXbXc)= q
N =a X b X c X q e sucessivamente
N: a=bXcXq
N: a: b=cXq
N: a : b : c=q
NoTA- A diviso no uma operao comutativa,
No tambm associativa:
N: a: b igual a N:(aXb)
e portanto diferente de N: (a: b).
ARITMTICA RACIONAL
30. justificao da regra da diviso.
O quociente poder obter-se de dois modos:
1) Subtraindo sucessivamente o divisor do divi-
dendo at se encontrar um resto menor que o divisor;
ste resto ser tambm o resto da diviso e o nmero
de subtraces possveis representar o quociente.
2) Multiplicando o divisor pelos nmeros inteiros
(2, 3, 4 ... ) at se obter um produto maior que o divi-
dendo. O penltimo multiplicador ser o quociente; o
resto obtm-se subtraindo do dividendo o produto do
divisor pelo quociente.
Na prtica aplica-se com facilidade o segundo modo
quando o quociente tem um s algarismo ; se o quociente
tem mais de um algarismo, qualquer dos processos indi-
cados seria trabalhoso se fsse aplicado isoladamente.
Adopta-se ento uma combinao dos dois, cuja justifi-
,cao decorre imediatamente do exemplo que segue:
5782:21
5782 = 57 X 100 + 82 = (2 X 21 + 15) X 100 + 82 =
= 2 X 21 X 100 + 15 X 100 + 82 = 200 X 21 + 1582
5782: 21 = (200 X 21 + 1582): 21 =
= 200 X 21 : 21 + 1582: 21 = 200 + 1582: 21.
O quociente tem um certo nmero de centenas,
sendo 2 o seu primeiro algarismo. Para se obter os
outros algarismos do quociente vai efectuar-se a diviso:
1582: 21,
sendo
1582 = 5782-200 X 21 1.
0
dividendo parcial.
PRIMEIRA PARTE
----
Do mesmo modo como anteriormente, temos :
1582 = 158 X 10 + 2 = (7 X 21 + 11) X 1 O + 2 =
= 7 X 21 X 10 + 11 X 10 + 2 = 70X 21 + 112
1582:21 = (70X21 + 112):21 = 70+ 112:21
37
Ser 7 o algarismo das dezenas do quociente; o
algarismo das unidades obtm-se efectuando a diviso
sendo
112= 1582-70X21 2.
0
dividendo parcial;
teremos
112=5X21+7
e finalmente
5782 = 200 X 21 + 70 X 21 + 5 X 21 + 7 =
= (200 + 70 + 5)X21 + 7 = 275><21 + 7.
31. Prova da diviso. Utiliza-se s a multiplicao,
ou a multiplicao combinada com a adio, conforme a
diviso exacta ou no, o que decorre imediatamente da
definio.
Inversamente a diviso pode ser utilizada na prova
da multiplicao. Para a prova da multiplicao so
tambm utilizadas as propriedades comutativa e asso-
ciativa.
38 ARITMTICA RACIONAL
EXERCfCIOS
16- Achar um nmero, que, adicionado ao seu produto por 8, d
nm resultado igual a 54.
R. a+ax8=54
ax9=54
ax(l + 8) =54
a=54:9=6
17- Calcular dois nmeros cuja soma igual a 375, e o quociente
da sua diviso 14.
R. a=350 b=25.
18- Calcular dois nmeros cuja diferena 508, sendo o maior
igna! a 5 vezes o menor.
R. a=635 b=127.
19- Mllltiplicar 21 por 5, 25 e 125, efectuando divises respecti-
vamente por 2, 4 e 8.
R. 2Ix5=2lxl0:2=210:2=105
21 X 25 = 21 X 100: -l = 2100: 4 = 525
21 X 125 = 21 X 1000: 8 = 21000: 8 = 2625
20 -- Dividjr 9250 por 5, 25 e 125, efectuando multiplicaes res-
pectivamente por 2, 4 e 8.
21 - Calcular o produto 834 X 599, fazendo uma multiplicao de
!lm s algarismo.
834 X 599 = 834 X (600- 1) = 834 X 600- 834
22 - Como no exerccio anterior, calcular o produto 5432 X 9999.
23 - t Qual o maior nmero que pode juntar-se ao dividendo
sem que se altere o quociente?
R. d-r-- 1.
24 --Em qualquer diviso o resto sempre menor que metade do
dividendo.
R. D=dxq+r
PRIMEIRA PARTE 39
No caso mais desfavorvel de ser q = 1
vir
Como d sempre maior que r, resulta
[) > 2 r
Oll
25- (Quais so os nmeros, que, divididos por 25, do um quo-
ciente igual no resto?
R. So os nmeros iguais a 26 X 11, sendo n qualquer nmero
menor que 2.5.
Generalizar para qualquer divisor.
CAPTULO VI
Potenciao
32. Chama-se potncia a um produto de factores
iguais. A operao pela qual se determina o valor duma
potncia- potenciao- constitui pois um caso particu-
lar da multiplicao.
O factor que se repete toma o nome de base da
potncia, e o nmero de factores iguais chama-se expoente
ou grau. Para indicar o produto de n factores iguais a a
(a potncia n de a, ou ainda a elevado potncia n),
usa-se a notao :
an (1)
a
11
= axaxa . .. (n vezes)
A segunda potncia tem a denominao particular
de quadrado; terceira potncia chama -se tambm
cubo.
(1) Esta notao para designar potncias, devida a Descartes
que a empregou no seu livro La Gomtrie, 1637.
PRIMEIRA PARTE 41
Clculo das potncias
Teorema
33. O produto de potncias da mesma base U!ll(l
potncia da mesma base cujo expoente a soma dos
expoel?tes.
p vezes q vezes
aPXaq =(aXaXaX ..... )X(aXaxax ..... ) =
(p + q vezes)
=aXaXaX .... =aP+Q
Teorema
34. A potncia de outra potncia tem a mesma base,
e o expoente igual ao produto dos expoentes.
q vezes q vezes
( aP )q = aP X aP X aP X .... = aP + P + P + ... = aP x q
Teorema
35. O produto de potncias do mesmo expoente
uma potncia do mesmo expoente, cuja base o produto
das bases, ou inversamente,
a potncia de um produto igual ao produto das
potncias dos factores.
p vezes p vezes
aP X bP =(a X a X a X ... ) X (b X b X b X ... ) =
p vezes
=(a X b) (a X b) X (a X b) X .... =(a X b) P
42 ARITMTICA RACIONAL
Teorema
36. O quociente de potncias da mesma base uma
potncia da mesma base cujo expoente a diferena dos
expoentes.
Pois que
a P - q X aq = aP - c + q = aP
deduz-se
Teorema
37. O quociente de potncias do mesmo expoente
uma potncia do mesmo expoente cuja base o quociente
das bases, ou inversamente,
a potncia de um quociente igual ao quociente
das potncias dos seus termos (dividendo e divisor).
Pois que
deduz-se:
38. Casos particulares. A definio de potncia
exige que o expoente tenha o mnimo de 2 unidades;
dste modo no tm significao :
e
PRIMEIRA PARTE 43
Por definio atribumos-lhes os valores :
o que se justifica, pois :
aPXa=aP+I=aPXal
aP:aP=l=aP-P=ao.
Considera-se portanto um nmero como a primeira
potncia de si mesmo, e a potncia zero de qualquer
nmero sempre igual unidade.
CAPTULO VII
Radiciao
39. A radiciao ou extraco de razes a ope-
rao inversa da potenciao. Pretende resolver o
seguinte problema:
Dados um nmero A e um iumero n, determinar
outro nmero, a, que, elevado potncia n, reproduza o
nmero A.
a
11
=A
Chama-se a a raiz de indice n de A, designando-a
pela notao
ll
a={A
O sinal V- (1) denomina-se radical; A o radicando.
40. O problema acima exposto no sempre
possvel.
(1) O sinal
1
;- foi introduzido no clculo no sculo XVI; repre-
senta provvelmente a transformao de r, a primeira letra de raiz
(lat. radix).
PRIMEIRA PARTE 4.5
No caso afirmativo diremos que:
ll
a={A
uma raiz exacta, ou que o nmero A admite uma rai;;:'
exacta.
Em geral, porm, um dado nmero A no tem raiz
exacta. Neste caso o objectivo de radiciao ser :
"Determinar o maior nmero a, que, elevado potn-
cia n, conduza a um resultado inferior a A".
Chamar-se- agora a a a raiz inteira de ndice n, ou
a raiz de ndice n com a aproximao de uma unidade.
Ser
e
(a+ 1)
11
>A
A diferena A- a
11
=r chama-se o resto da operaao.
De definio decorre imediatamente que
ll ll
JT= 1
{0=0
Raiz quadrada. Regra para a extraco
da raiz quadrada inteira
41. A raiz de ndice 2 tem o nome particular de
raiz quadrada. o caso que iremos estudar em especial,
justificando a regra prtica da operao, conhecida da
Aritmtica elementar.
Os nmeros com raiz quadrada exacta chamam-se
quadrados perfeitos; estes nmeros so, at 100;
o 1 4 9 16 25 36 49 64 81 100;
46 ARITMTICA RACIONAL
as suas razes so respectivamente
o 1 2 3 4 5 6 1 8 9 10.
42. A raiz quadrada inteira de um nmero A, ou
a raiz quadrada do maior quadrado contido A, ser
definida pela dupla desigualdade
43. Se um nmero dado inferior a 100, o clculo da
sua raiz quadrada inteira por assim dizer imediato, to
fcil a fixao dos quadrados perfeitos atrs indicados.
Para o caso de um nmero superior a 100, o esta-
belecimento da regra para a determinao da sua raiz
quadrada necessita do estabelecimento de algumas pro-
posies.
Atenda-se em primeiro lugar a que, pela aplicao
da propriedade distributiva da multiplicao, se deduz:
(a+ b)
2
= (a+ b)X (a+ b)= a
2
+ 2X aXb + b
2
Teorema
44. A diferena dos quadrados de dois nmeros
inteiros consecutivos obtm-se adicionando uma unidade
ao dbro do menor.
Com efeito
donde
PRIMEIRA PARTE 47
Se a representa a raiz quadrada inteira de A, decorre
imediatamente que o resto da operao
A - a
2
< (a + 1)
2
-- a
2
no pode exceder 2 X a, isto , o dbro da raiz inteira.
Teorema
45. O nmero de dezenas do raiz quadrada inteira
do nlmero A igual raiz quadrada inteira das cente-
nas de A.
Designando por C, D e U respectivamente os nme-
ros das centenas, dezenas e unidades de A, teremos
A= CX IOO+DXIO+ U
Representemos por d a raiz quadrada inteira de C.
Ser
donde
d
2
X 1 0
2
;: C X I 00 < (d + 1 )2 X 10
2
ou
l)X10)2.
Atendendo a que a diferena entre os membros
extremos desta dupla desigualdade nunca ser inferior a
uma centena, esta ainda se manter se adicionarmos a
CX 100 o nmero DX 10 + U. Logo
dX
a+ a' (a +a) X c=
b b d b d bXd
=aXc+a'Xc=aXc
bXd bXd bXd b d b d
O mdulo a unidade:
112 ARITMTICA RACIONAL
---------------- ~ ~ ~
A operao uniforme. O resultado da muHiplicao
sempre o mesmo qualquer que seja a forma que
tenham os factores.
Consideremos as fraces:
a A
-
b B
e
e demonstremos que
aXa' AXA'
---
bXb' BXB'
Da igualdade das fraces resulta
aXB=bXA
a' X B' = b'/;: A'
donde, multiplicando membro a membro,
a X B X a' X B' = b X A X b' X A'
ou
(aXa')X (BXB') =(bXb')X{A X A'),
que a condio de igualdade das fraces
aXa' AXA'
-bXb' e BXB'
145. Casos particulares.
TERCEIRA PARTE 113
Para multiplicar uma fraco por um inteiro, ou um
inteiro por uma fraco, multiplica-se o numerador da
fraco pelo inteiro.
2) Seja b=cXd. Teremos
. a a axc axc a
cX7i=7iXc=- b -= cXd- d
Para multiplicar uma fraco por um inteiro, ou um
inteiro por uma fraco, divide-se, caso seja possvel, o
denominador pelo inteiro.
3) ~ X b = aXb = ~ = a
b b 1
A1ultiplicando uma fraco pelo seu denominador,
obtm-se o numerador.
146. Da igualdade
a
-Xb=a
b
deduz-se imediatamente que : representa o quociente
exacto da diviso de a por b:
pois : o nmero, que, multiplicado pelo divisor b,
conduz a um produto igual ao dividendo a.
8
114 ARITMTICA RACIONAL
Com a introduo dos nmeros fraccionrios a divi-
so torna-se pois sempre uma operao simples, ainda
que o dividendo no seja divisvel pelo divisor: o quo-
ciente da diviso de dois nmeros uma fraco cujo
numerador o dividendo e cujo denominador o divisor.
ste resultado, da maior importncia, s por si justifi-
caria a definio dos novos nmeros.
147. Se a fraco : imprpria, poder ainda o
quociente exacto que ela representa exprimir-se por uma
outra forma.
Efectuando a diviso de a por b, e designando por
q e r respectivamente o quociente e o resto, ser:
donde
Uma fraco imprpria : pode pois decompor-se
numa soma de duas parcelas: uma o quociente inteiro ou
parte inteira do quociente, outra uma fraco prpria com
o mesmo denominador, cujo numerador o resto da
diviso de a por b.
A esta decomposio d-se o nome de extraco dos
inteiros. A soma q + constitue o quociente completo da
diviso de a por b, estando posta em evidncia a sua
parte inteira. Por ser a soma de um nmero inteiro e
duma fraco diz-se um nmero mixto.
TERCEIRA PARTE 115
Diviso
148. O quociente de duas fraces um nmero,
que, multiplicado pela fraco divisor, d um resultado
igual ao dividendo.
Para dividir fraces multiplica-se a fraco divi-
dendo pela fraco divisor com os termos invertidos.
pois que
a.Xb' a' a Xb'X a' a
bXa'X b' = bX a'Xb'=b
A diviso de fraces pois em todos os casos uma
diviso exacta, e sempre a operao inversa da multipli-
cao. Assim os teoremas que enuncimos relativamente
diviso de nmeros inteiros (os que interessam) apli-
cam-se imediatamente diviso de fraces.
149. Casos particulares
Para dividir uma fraco por um inteiro, multipli-
ca-se o denominador pelo inteiro.
2) Seja
a=cXd.
Teremos
a. a cXd d
- C'----=--=-
b' bXc bXc b
llti ARITMTICA RACIONAL
Para dividir uma fraco por um inteiro,
caso seja possvel, o numerador pelo inteiro.
Significado da multiplicao de fraces
150. Dissemos, por definio, que
axa'
fcil verificar que o produto b X 7} se forma do
multiplicando como o multiplicador se forma da unidade,
conforme tambm j foi dito na multiplicao de nme-
ros inteiros.
1 b' X a'= _!_X a'= a' (1)
. b' b'
!!_ b'X a'= ___ a __ X a'=
b. bXb' bXb'
Assim a regra dada para a multiplicao de fraces
est de acrdo com a definio j conhecida de produto
de dois nmeros, definio que agora se reconhece ser
mais geral que a que considera o produto como uma
soma de parcelas iguais. Esta s seria aplicvel no caso de
o multiplicador ser um nmero inteiro, como por
(1) Dispensamos o parntesis em (I : b') X at porque- se supe
executarem-se as operaes dos monmios pela ordem em que esto
indicadas, da esquerda para a direita.
TERCEIRA PARTE 117
Potenciao
151. A potncia de expoente n duma fraco um
produto de n factores iguais, e pode calcular-se elevando
ambos os termos da fraco ao mesmo expoente.
Teorema
152. A potncia duma fraco irredutfvel tambm
uma fraco irredutivel.
Porque, se a fraco dada irredutvel, os seus ter-
mos so primos entre si, e do mesmo modo as suas
potncias (98).
Corolrio
153. Se uma fraco no representa um nmero
inteiro, tambim no ser um inteiro qualquer das suas
potncias.
Reduzindo a fraco dada sua expresso mais
simples, o denominador no poder ser a unidade; assim
qualquer das suas potncias ser uma fraco irredutvel
com o denominador diferente da unidade, isto , no
poder representar um nmero inteiro.
Radiciao
154. A radiciao de fraces tambm a operao
inversa da potenciao.
A raiz de ndice n duma fraco um nmero, que,
118 ARITMTICA RACIONAL
elevado potncia n, igual fraco dada. Calcula-se
extraindo as razes do mesmo ndice aos dois termos da
fraco.
Por definio,
ser ento
porque
n n
~ =:a
{b
a
b
"CAPTULO I I
Segunda e terceira definies de nmeros
fraccion rios
APLICAO DAS FRACES MEUIO
DAS GRANDEZAS CONTNUAS
155. Consideremos um segmento de recta A B, a
mais simples das grandezas contnuas. Se o imaginarmos
descontnuo, e constitudo por uma coleco ou conjunto
de segmentos iguais entre si e a um outro a b, podere-
mos fazer-lhe corresponder um nmero inteiro.
A
~ L ~ ~ ~ ~
No caso da figura o segmento A B pode decom-
por-se em 3 outros iguais a a b; dir-se- que o segmento
A B contm 3 vezes o segmento a b, ou igual a 3 vezes
o segmento a b. Se chamarmos a a b a unidade de com-
primento, diremos que A B tem 3 unidades, ou que a
medida do segmento A B igual a 3.
120 ARITMTICA RACIONAL
156. A medio duma grandeza resulta pois da sua
comparao com outra tomada para unidade; exprime-se
por um nmero que indica quantas vezes a unidade
contida na grandeza a medir.
157. Como se compreende, nem sempre ser pos-
svel que um segmento dado se possa dividir em partes
iguais a uma unidade previamente escolhida. Sejam, por
exemplo, os segmentos C D e c d, ste tomado para
unidade.
A unidade c d no neste caso contida exactamente
no segmento C D; o resultado da medio C D no
pode pois ser um nmero inteiro.
158. Para a medio de determinadas grandezas
haver assim que recorrer a uma nova espcie de nme-
ros, pois se revela insuficiente a noo de nmero inteiro.
Procedamos da seguinte forma:
Se a unidade no contida exactamente no segmento
C D, dividimo-la em partes iguais e consideramos uma
dessas partes como uma nova unidade. Aumentando
suficientemente o nmero de partes em que se divide a
primitiva unidade, poderemos sempre na prtica (I) encon-
(I) Pode conceber-se que, por maior que seja o nmero de partes
em que se divide a unidade, isto , por menor que seja a parte que se
toma da unidade, no possa encontrar-se uma que mea exactamente a
TERCEIRA. PARTE 121
trar uma bastante pequena que se contenha exactamente
em C D. Teremos assim o problema resolvido.
159. Para determinao do novo nmero, fraco
ou mimero fraccionrio, que mede o comprimento do
segmento C D, sero assim necessrios dois nmeros
inteiros que desempenham funes diferentes, os termos
da fraco:
1) O denominador, que indica o nmero de partes
em que se divide a unidade.
2) O numerador, que indica o nmero de partes que
se toma da unidade.
No nosso exemplo, se dividirmos o segmento
unidade em 4 partes iguais, verifica-se que a quarta
parte da unidade mede exactamente o segmento dado
c I ' I I I I I l I ! I I I I I I I I J)
. C I t ' s 'd
O comprimento do segmento C D pois igual a 22
quartas partes da unidade
22
4'
grandeza dada. A geometria d-nos exemplos destas grandezas que
chamaremos incomensurveis com a unidade; quelas cuja medida
pode ser expressa por um nmero inteiro ou fraccionrio, chamaremos
comensurveis.
122 ARITMTICA RACIONAL
160. No caso (155) em que a unidade escolhida se
contm exactamente no segmento A B a medir, no
haver que a dividir em partes iguais; equivale a dizer
que o denominador 1. Ser :
3
T=3.
161 D d t C D
. d"d ' 22
. a o o segmen o , cuJa me 1 a e
4
, se
dividirmos a unidade em 4 X 2 = 8 partes iguais, o
nmero das novas partes da unidade (oitavos) que cons-
titue o segmento C D ser evidentemente 22 >< 2 = 44,
quer dizer as fraces
22
4
e
22X2 44
4X2 8
so iguais porque medem o mesmo segmento.
16Z. De igual maneira, se dividirmos a unidade em
4 X n partes iguais, o nmero das novas partes que
formam o segmento ser 22Xn, concluindo-se que
22 22 X n
4= 4xn
O valor duma fraco no se altera quando se mul-
tiplicam os seus termos pelo mesmo nmero.
163. As fraces
a aXd
-
b bXd
e
c
d
cXb
dXb
TERCEIRA PARTE 123
---------------"--------
so iguais, se fr
aXd=cXb (condio de igualdade)
Decorreria a noo de desigualdade, a reduo ao
mesmo denominador, etc ...
Operaes sbre fraces
Adio e subtraco
164. Se as fraces que medem (com a mesma uni-
dade) determinadas grandezas, esto reduzidas ao mesmo
denominador, a sua soma reduz-se soma dos numera-
dores e portanto de nmeros inteiros. Evidentemente
que, por estarem reduzidas ao mesmo denominador, os
seus numeradores representam coleces de unidades
idnticas, partes aliquotas da primitiva unidade.
Do mesmo modo para a subtraco, operao inversa
da adio.
Multiplicao e diviso
165. Se o multiplicador um nmero inteiro,
clara a significao do produto: uma soma de parcelas
iguais ao multiplicando. Multiplica-se pois o numerador
pelo inteiro.
A diviso por um inteiro ser a operao inversa.
Para dividir uma fraco por um inteiro multiplica-se o
denominador pelo inteiro, ou, se fr possvel, divide-se
por ste o numerador:
a axn a
bXnXn=bxn=b
a: n a:nXn a
-b-Xn= b =li
124 ARITMTICA RACIONAL
---
No caso do multiplicador ser uma fraco, j disse-
mos que s aplicvel a definio: o produto forma-se do
multiplicando como o multiplicador se forma da unidade.
Assim
4Xl
5
significar as trs quintas partes de 4, pois que o multi-
plicador representa os trs quintos da unidade. E, como
para obter ~ se divide a unidade em 5 partes iguais e
se tomam 3
para obter o produto
1 3
-X3=-
5 5
4Xl
. 5
se dividir em 5 partes iguais ( 4: 5 = :) e se tomaro
3 partes
x
3
= 4X3.
5 5
166. Do mesmo modo o produto
~
3 7
significar as duas stimas partes de ~
4 2 _ 4. _ 4 v _4X2
3X7-3
7
X
2
-3X7/'-,
2
-37
TERCEIRA PARTE 125
----------------------
Potenciao e Radiciao
167. Nada haver a acrescentar quanto potencia-
o, que um caso particular da multiplicao, e radi-
ciao, sua operao inversa.
Terceira definio de fraces
168. Acabamos de ver que a medio de determi-
nadas grandezas contnuas nos conduziu exactamente
criao dos nmeros fraccionrios, tais como tinham sido
definidos duma forma abstracta, independente de qual-
quer outra noo que no fsse a do nmero inteiro.
Mas as fraces podem ainda introduzir-se no clculo
de um outro modo, partindo da sua fundamental aplicao
--a representao em todos os casos do quociente exacto
de dois nmeros inteiros.
Definio
_169. Chama-se fraco ou mmero fraccionrio um
nmero que se designa pela notao
a
li'
sendo a e b dois nmeros inteiros (b=/= o), que satisfaz
relao
a '-/b-
7i .r--, -a
126 ARITMTICA RACIONAL
170. Desta definio resulta imediatamente, aten-
dendo definio de diviso
171. Pois que
ser
172. Se
ser
a "b
7i=a.
~ > l = a
a
-=a
1
a: b =c,
a "b
7i=a. =c
Se a divisvel por b, a fraco representa um
nmero inteiro.
173. De
vem, multiplicando por !l
donde
a axn
-
b bXn
TERCEIRA PARTE
Adio e Subtraco
174. Pois que
e
a:bXd=a+b,
resulta
175.
a+b_a+b
([-([--d-
Multiplicao e diviso
X
!!__ X .b_cxa
c b -c a. - b
a . . cxa
b X c= a. b X c= c X a. b = -b-
: : d = a : b : d = a: (b X d} = b ;_ d
X ~ = Xc: d=a>;jc: d= ~ ~
a . c aXd aXdX c a
b d - b X c por ser b X c d = b
127
176. Os trs aspectos que acabmos de estudar na
definio de nmeros fraccionrios podem igualmente
ser considerados na definio dos nmeros irracionais,
128 ARITMTICA RACIONAL
negativos e imaginrios, sucessivas generalizaes da idea
de nmero.
Pode partir-se: 1) de um ponto de vista puramente
formal; 2) da necessidade de medir determinadas gran-
dezas (grandezas incomensurveis para os nmeros irra-
cionais, grandezas com dois sentidos opostos para os
nmeros negativos e grandezas vectoriais para os nme-
ros imaginrios); 3) da convenincia de fazer desapa-
recer casos de impossibilidade das operaes (da sub-
traco para os nmeros negativos e da extraco de
razes para os nmeros irracionais e imaginrios).
Como se viu para os nmeros fraccionrios, verifi-
car-se-ia que em todos os novos nmeros as operaes
gozariam das mesmas propriedades das operaes dos
nmeros inteiros. o princfpio da permanncia das regras
do clculo ou de Hankel (
1
).
Os nmeros inteiros podem considerar-se como
casos particulares dos nmeros fraccionrios, estes como
casos particulares dos nmeros irracionais, etc. (2)
(1) Hermann Hankel (1839-1873), matemtico alemo, autor de
algumas obras sbre histria da matemtica, nmeros complexos, etc.
~ ) Podemos tomar trs atitudes (R. Poirier) tdas concorrendo
para a definio do nmero.
}.a Formalista- Pela criao axiomtica de smbolos numricos
e imposio de princpios gerais. Essencialmente so os nmeros abs-
tractos.
2. Intuicionista, ou melhor experimental -com fundamento na
srie natural deduzida dos conjuntos ou grupos e generalizada para
outras espcies de grandezas. Teremos assim o nmero concreto, aplica-
o e ilustrao do nmero abstracto.
3.a Operatria- Pela considerao dos nmeros operatrios,.
instrumentos do pensamento aritmtico, combinados e confundidos com
os nmeros abstractos na tcnica do clculo.
TERCEIRA PARTE 129
EXERCCIOS
76-- ~ P o r que nmero se dever multiplicar um nmero qualquer
3
A para o diminuir dos seus
5
?
3 2
R. Bastar multiplicar A por 1 -5 = 5
77 ~ P o r que nmero se dever dividir nm nmero A para o
3
dimimiir dos seus 7?
R. Bastar multiplicar A por *' o que equivale a dividir por I
2 3
78- Calcular um nmero wjos
5
dos
4
valem 12.
R. 40.
79- Dada uma sucesso de fraces iguais, obtm-se ainda um<F
fraco igual tomando para numerador a soma dos numeradores e para
denominador a soma dos denominadores.
R. Seja a sucesso
deduz-se
a'=b' Xq a
11
=b'
1
Xq
.donde
a+ a
1
+ a"= (b + bJ + b") X q
ou
a+ a'+ a
1
1
b+ b
1
+ b
11
=q
.80- t Que nmeros se podem adicionar aos dois termos duma
fraco sem lhe alterar o valor?
R. Deduz-se imediatamente do exerccio anterior.
9
130 ARIT:'IlTlCA RACIONAL
--------------------
81 que ;1 soma de duas fraces irredutveis sej<l um
nmero inteiro, condio necessria que os seus denominadores
sejam
R. De
O li
deduz-se qne:
1) b divid<: d (porque primo com a).
2) d diYide b (porque primo com c).
Esta conclus<lo smente possvel quando lr b = d.
82 -- Se os denominadores de duas fraces irredutveis so primos
entre si, il soma das fraces tambm uma fraco irredutvel.
R. Considere-se a som<J
a+c ___ axd+bxc.
7i
se a x d + b >< c e b X d no fssem primos entre si, admitiriam um
divisor primo comum p; ste divisor, dividindo necessriamente b ou d,
por exemplo b, dever dividir a parcela a X d do numerador. No
poder, porm, p dividi.r a porque a e b so primos entre si (a fraco
irredutvel); no poder tambm dividir d porque b e d so por
hiptese primos entre si; pois absurdo supor que a x d + b x c e
b X d n;1o so primos entre si.
83 --,:_A que condio devem satisfazer os termos de duas fraces
irredutveis para que o seu produto seja tambm uma fraco irredutvel?
R.
Se a x c e b x d admitem um divisor primo comum p, ste divi-
sor, dividindo, por exemplo, b, dever dividir o numerador a X c; como
TERCf:IRA PARTE 131
il
b so primos entre sl (a fraco
1
,- irredutvel), p ten de dividir c.
a
Portanto, para que
b
minador duma das
seja irredutvel, ser<i necessrio que o deno-
seja primo com o numerador da
84-- (A que condies devem satisfazer os termos de duas
irredutveis pam que o seu quociente seja tambm uma fraco irredutvel?
R. necessrio que os seus numeradores, e igualmente os seus
-denominadores, sej;nn primos entre si.
85 --c_ A que condies devem satisfazer os termos de duas frac-
es irredutveis para qLle o seu produto seja um nmero inteiro?
R. necess;irio que o numerador da primeira fraco seja divi-
.svd pelo denominador da segunda, e que o numerador da
seja divisvel pelo denominador da primeira.
CAPTULO I I I
fraces decimais
177. As fraces cujo denominador uma potncia
de 10, chamam-se fraces decimais. Por exemplo, as
fraces
45
100
384
10
47
1000
respectivamente quarenta e cinco centsimas, trezentos
e oitenta e quatro dcimas e quarenta e sete
so decimais.
178. O intersse especial que apresentam estas frac-
es reside na possibilidade de se apresentarem com a
forma de nmeros inteiros. Com efeito, pois que
1 = IOX-
1
-
10
-
1
-= 10X
10 100
1 1
-Too =
10
x 1oo etc.
e qualquer fraco decimal, por exemplo
67485
wo'
TERCEIRA PARTE 133
se pode decompor da forma seguinte
= -Z_400 + __ 80 + __ 5 __ =
674
+ ____ + ___ 5 __ _
- 100 100 100 100 10 100
' 1 1
= 674 + sx
10
+ 5 x -
100
-.
podemos generalizar as convenes da numerao (7) e
escrever
67485 = 674 85
100 ' .
A vrgula servir para separar o conjunto das uni-
dades, dezenas, etc. (a parte inteira) do conjunto das
dcimas, centsimas, etc. (a parte decimal). A uma frac-
o representada por esta forma chama-se ntmero deci-
mal. Chamam-se fraces ordinrias as que no so
decimais.
179. A parte inteira ou algum dos algarismos da
parte decimal podem ser zero. Exemplo:
91
o 091 =---
1 1000
A juno de zeros direita do ltimo algarismo da
parte decimal no altera o valor do nmero decimal.
Exemplo:
') - 275 __ 27500 -
75 - 100 - 10000 - 2, 7500
134 ARITMTICA RACIONAL
180. s unidades das diferentes ordens que consi-
deramos nos nmeros inteiros, podemos fazer corres-
ponder unidades decimais, menores que 1 :
.... 10!1 .... 103 102 10 1
Assim como nos nmeros inteiros:
1 milhar superior a 999 unidades, ou com maio-
ria de razo a um nmero menor que 999.
1 centena superior a 99 unidades ou a um
menor, etc.
Tambm nos nmeros decimais:
1 milsima ser superior soma ele tdas as unida-
des decimais representadas pelos alg-arismos que est'io
sua direita (dcimas milsimas, centsimas milsimas, etc.)
ainda que sejam todos iguais a 9.
1 centsima ser superior soma de tdas as unida-
des representadas pelos algarismos decimais 2t sua direita.
De um modo geral, uma unidade decimal sempre
superior soma das unidades representadas por todos os
algarismos seguintes.
Nesta conformidade, dado um nmero decimal
3,14159,
se supmmrmos os algarismos decimais a partir de 5"
e tomarmos somente o nmero
3,141,
cometemos um rro menor que 0,001.
TERCEIRA PARTE
Diremos que
3,141
um valor a,'Jroximado por defeito com um rro inferior
a uma milP,sima ou a menos duma milsima.
Diremos tambm que
3,142
um valor aproximado por excesso com nm rro inferior
a uma milsima, ou a menos de uma milsima.
OPERAES DE NMEROS DECIMAIS
181. Justificam-se fcilmente as regras conhecidas
da Aritmtica elementar para a-s operaes de nmeros
decimais. Bastar ter em conta a sua forma originria de
fraces.
Adio
182. Sejam os nmeros
4,54 0,037 e 3,8
que se pretende somar. Como podem juntar-se zeros
direita dos ltimos algarismos decimais, imediata a
reduo das fraces decimais ao mesmo denominador;
resulta
4,54 + 0,037 + 3,8 = 4,540 + 0,037 + 3,800 =
= 4 ~ ~ -1- _]}_ + ~ 0 = 4540 + 37 + 3800
1000 I 1000 1000 1000
1:36 ARITMTICA RACIONAL
isto
Os nmeros decimais somam-se como se fssem
inteiros, colocando-se no clculo uns debaixo dos outros
os algarismos que representam a mesma ordem decimal.
Na prtica dispensa-se escrever os zeros; para o nosso
exemplo ser:
4,54
0,037
3,8
8,317
A regra de subtraco justifica-se de modo seme-
lhante.
183. A noo de complemento aritmtico generali-
za-se tambm para os nmeros decimais.
O complemento aritmtico de 0,0452 ser:
10- 0,0452 = 9, 9548
O complemento aritmtico de 42,309 ser:
100-42,309 = 57,691
Se a parte inteira zero, o complemento sempre
tomado para 10.
Multiplicao
184. Da relao
24 35
X
7 439
= 2435 X _7439 = _ 2435 X7439
' ' 100 1000 100 X 1000
TERCEIRA PARTE 137
deduz-se imediatamente que:
Os nmeros decimais multiplicam-se como se fssem
inteiros, separando no produto tantas casas decimais
quantas as do multiplicando e as do multiplicador.
185. Para multiplicar um nmero decimal por uma
potncia de 10, bastar mudar a vrgula tantas casas para
a direita quantas forem as unidades do expoente da
potncia.
Exemplo:
4
S?
5
, lOO = 4825,/ lOO = 4826X 100 = =
48
? _
I j< 1000 /X.., 1000 10
186. Da igualdade precedente deduz-se
482,5: lCO = 4,825
Para dividir um nmero decimal por uma potncia
de 10, bastar mudar a vrgula tantas casas decimais para
a esquerda quantas forem as unidades do expoente da
potncia.
Diviso
187. Uma regra geral para dividir nmeros deci-
mais consistir em multiplicar o dividendo e o divisor por
uma mesma potncia de 10 tal que os nmeros deci)nais
se reduzam a inteiros.
Exemplo:
85,749:4,25 = 85749:4250
1:38 AR!T:VITICA RACIONAL
A idntico resultado se chegaria pela considerao
das fraces decimais:
85 7J9. 4 'J5 = 425 v 100 =
) .. 1000 . 100 1000 /'--._ 425 4250
188. Para alguns casos particulares podero esta-
belecer-se regras especiais.
1) O divisor inteiro. Seja a diviso
84,32: 25
Se se atender a que o dividendo representa centsi-
mas, e que portanto um certo nmero de centsimas a
dividir por 2S conduzir forosamente a centsimas,
deduz-se que neste caso: a diviso se pode efectuar corno
se ambos os nmeros fssem inteiros, separando no
quociente tantos algarismos decimais a partir da direita
quantos so os do dividendo, isto , reduzindo o quo-
ciente mesma unidade decimal do dividendo.
2) O divisor decimal. Poderemos multiplicar
ambos os termos da diviso por uma potncia de 10 que
torne o divisor inteiro. ficar-se- reduzido ao caso pre-
cedente (dividendo decimal e divisor inteiro) ou ao da
regra geral (dividendo e divisor inteiros).
189. Acabmos de ver que na diviso de nmeros
decimais se pode considerar sempre o divisor inteiro.
E, sendo assim, compreende-se fcilmente que o quociente
de dois nmeros quaisquer, inteiros ou decimais, pode
ser expresso em qualquer unidade decimal, isto , com
qualquer aproximao.
Exemplo:
84,352: 3,9 = 843,52: 39 = 843,520:39
TERCEIRA PARTE 139
Efectuando a ltima diviso, o quociente ser expresso
en1
843,520 39
"-::::-::-::"="
63 21,628
245
112
340
28
O resto ser expresso nas unidades decimais do dividendo.
47: 29 = 47,0000: 29
Efectuando a indicada no segundo membro,
o quociente ser expresso em dcimas milsimas.
47,0000
180
60
200
26
29
1,6206
190. A determinao dos valores aproximados da
fraco (ou quociente) !/,- constitue uma operao deno-
minada: converso ou reduo da fraco em dizima (
1
).
(I) Reservamos para 3 dzima somente esta significao,
ou seja a de nmeros decimais que representem um quociente exacto
ou nprox.imado,
140 ARITMTICA RACIONAL
Dois casos se podem considerar:
1) Para uma determinada aproximao encontra-se
um resto zero; o quociente a exactamente um nmero
ou fraco decimal
1
~ n . Diz-se que a dzima limitada.
2} Por maior que seja a aproximao nunca se
encontra um resto igual a zero. Neste caso apenas ser
possvel determinar valores decimais aproximados do
quociente; diz-se que a dzima ilimitada.
Teorema
191. Para qae uma fraco irredutvel ~ possa
converter-se em dizima limitada, necessrio e suficiente
que o seu denominador no contenha factores primos
diferentes de 2 e 5.
1} condio necessria.
Com efeito, se
a m
b 10n
1
b ter de ser submltiplo de 10
11
= (2 X 5)
11
2) condio suficiente.
Porque, se b no contm factores primos diferentes
de 2 e 5, poderemos multiplicar os dois termos da frac-
o por uma potncia conveniente dum dstes factores
TERCEIRA PARTE 141
ele modo que os expoentes do denominador Sjam iguais,
isto , de modo que ste se transforme numa potncia
de 10. Exemplo:
47 47 >( 5 135 . ~
2 ~ x 5 = 22 x52 = 100 =
2
,.J:J
Corolrio
192. O niimero de algarismos decimais dizima
limitada igual ao maior dos expoentes dos factores 2
ou 5 que formam o denominador da fraco ir redutvel
que lhe deu origem.
Teorema
193. Uma dizima ilimitada sempre peridica, isto ,
haver no quociente um grupo de algarismos que se
repete indefinidamente.
Seja : a fraco genetriz duma dzima ilimitada.
Como os restos so todos diferentes de zero e
menoreg que o divisor, um deles ter de repetir-se pelo
menos ao fim ele b- 1 divises parciais. Ora os dividen-
dos parciais formam-se todos elo mesmo modo, acres-
centando um zero aos restos; assim se um dstes se
repete, os seguintes repetir-se-o segundo a mesma
ordem dos anteriores, e o mesmo suceder aos algaris-
mos do quociente.
194. O grupo dos algarismos que se reproduzem
no quociente chama-se perlodo. O perodo pode comear
142 ARITMTICA RACIONAL
a seguir vrgula- dzima peridica ou no-
dizima periddica mixta. Neste ltimo caso o grupo de
algarismos colocados entre a vrgula e o ,perodo cons-
titue o anle-periodo.
fracl!s genetrizes
195. Estudaremos agora o problema da determina-
o da fraco que gera uma dzima dada. Consideremos
somente as dzimas ilimitadas, pois as fraces genetrizes
das dzimas limitadas, assunto a que j,1 nos referimos
(191) se determinam imediatamente escrevendo as dzi-
mas sob a forma de fraco decimaL
Teorema
196. A fraco gene triz duma dizima peridica sim-
ples, sem parte inteira, tem por rwmerador o per iodo e por
flenominador um nmero formado por tantos naves quan-
tos os algarismos do perodo.
Seja a dzima
0,45 45 45 ...
que designaremos mais simplesmente pela notao
0,(45).
a
Para que uma fraco b gere esta dzima, neces-
srio evidentemente que:
dividindo a X 100 por b, se encontre um quociente igual
a 45 e um resto igual a a, isto :
""
a lOO=b 45 +a
TERCEIRA PARTE
ou sucessivamente
a X 100- a= b X 45
a X (1 00 - 1) = b X 45
aX99=b 45
a 45 5
b 99 11
Corolrio
197. A fraco genetriz duma dzima peridica
simples com parte inteira tem por numerador a dife-
rena entre o n!mero formado pela parte inteira seguida
do periodo e a mesma parte inteira, e por denominador
um nmero formado por tantos naves quantos os algaris-
mos do periodo.
Considere-se a dzima
Ser
8
'.JJ ......
8,(352) = 8 + 0,(252) = 8 + =
8>:::999 + 312 _ 8 X(lOOO- I)+ 352
999 -
8000-8+352
999
Corolrio
8352-8
---
999
198. O denominador duma fraco irredutvel, gene-
triz dama dzima peridica simples, no cont-m os facto-
res 2 e 5.
144 ARITMTICA RACIONAL
Porque um nmero formado s por noves no
divisvel por 2, nem por 5.
Teorema
199. A fraco genetriz duma dizima peridica
mixta, sem parte inteira, tem por numerador a diferena
entre o nmero formado pelo ante-perfodo seguido do
perfodo e o mesmo ante-perfodo, e por denominador um
nmero formado de tantos noves quantos os algarismos
do perfodo seguido de tantos zeros quantos os algarismos
do ante-periodo.
Seja a dzima
0,42 (375)= 0,42 375 375 ...
Se a fraco genetriz desta dzima, dever suce-
der que:
1) Efectuando a diviso
ax 100: b,
se encontre o quociente 42 e um certo resto r;
2) Efectuando a diviso
ax 100 000: b,
se encontre o quociente 42375 e o mesmo resto r da
diviso anterior.
Resultar assim:
a X 100000= bX42375 +r
aX100=bX42+r
TERCEIRA PARTE
donde, subtraindo
a>< (100000- 100) = b >< (42375- 42)
a>< 99900 = b >< ( 42375 - 42)
a 42375-42
b 99900
Corolrio
145
200. A fraco genetriz duma dizima peridica
mlxta com parte inteira tem por numerador a diferena
entre o nlimero formado pela parte inteira seguida da
ante-perodo e perodo, e o nmero formado pela parte
inteira seguida do ante-perodo, e por denominador um
nmero formado por tantos naves quantos algarismos do
perodo seguido de tantos zeros quantos os algarismos do
ante-perodo.
Seja a dzima
5,42(8)
Teremos
428-42
5,42(8) = 5 + 0,42(8) = 5 +
90
--a- =
5 >< 900 + 428-42 5 >< (1000 -100) + 428-42
= 9 0 0 = ~ 900 =
5000 - 500 + 428 - 42 5428- 542
900 900
Corolrio
201. Dada uma fraco irredutvel, genetriz duma
dizima peridica mixta, o seu denominador conter sempre
pelo menos um dos factores 2 ou 5, e o maior expoente
lO
146 ARITMTICA RACIONAL
dstes factores indicar o nmero de algarismos do n t e ~
-per iodo.
Com efeito, na simplificao da fraco genetriz
duma dzima peridica mixta, tal como acaba de ser
determinada, no haver possibilidade de dividir ambos
os termos por uma potncia de 10, pois a diferena que
constitue o numerador nunca poder terminar em um ou
mais zeros. Assim, depois da simplificao, haver no
denominador pelo menos uin dos factores 2 ou 5, que
permanecer com o expoente igual ao nmero de zeros
do primitivo denominador, e portanto igual ao nmero
de algarismos do ante-perodo.
Corolrio
202. Se o denominador duma fraco irredutvel no
contim os factores primos 2 nem 5, a fraco genetriz
duma dzima peridica simples.
A dzima no poderia ser limitada (191), nem peri-
dica mixta (201).
Corolrio
203. Se o denominador duma fraco irredutivel
contm, alm doutros, os factores 2 ou 5, a fraco
genetriz duma dizima peridica mi:da.
A dzima no poderia ser limitada (191) nem peri-
dica simples (198).
Raiz quadrada dum nmero decimal.
Raiz quadrada com uma dada aproximao
Teorema
204. A raiz quadrada intelra dum nmero decimal
a raiz quadrada inteira da sua parte inteira.
TERCEIRA PARTE 147
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Seja N o nmero dado, n a sua parte inteira, e r a
raiz quadrada inteira de n. .
Temos:
e por ser
vem
205. A raiz quadrada do nmero N com a apro-
. d
1
A f
0 1
d fi
xnnao e IOn, ou com um erro 111 enor a
1011
, e ne-se
de forma semelhante raiz quadrada inteira; represen-
tar o maior nmero de unidades decimais de ordem n
cujo quadrado seja inferior a N.
A definio aplica-se tanto a um nmero inteiro
como a um nmero decimal.
Teorema
206. A raiz quadrada dum nmero N com a apro-
ximao de i6n a raiz quadrada inteira de NX IQ2n
dividida por 1 on .
Se designarmos por
1
n a raiz procurada, ser pela
definio
(
r )2 (r+l\2
,}Qn ~ N 1Qrl)
ou
r
2
(r+ 1)2
102n ~ N < 1Q2n
148 ARITMTICA RACIONAL
e finalmente
Exemplos:
1.
0
A raiz quadrada de 28,453 com a aproximao
de 0,01 =
1
~
igual raiz quadrada inteira de 284530
dividida por 100.
2.
0
A raiz quadrada de 0,0852 com a aproximao
de 0,1 igual raiz quadrada de 8,52 (ou de 8) divi-
dida por 10.
3.
0
A raiz quadrada de 31 com a aproximao
de 0,001 a raiz quadrada de 31000000 dividida por 1000.
207. Se o nmero N se apresenta com a forma de
fraco ordinria, pode converter-se esta dzima.
Exemplos:
3
1.
0
A raiz quadrada de S = 0,375 com a aproxi-
mao de 0,01 a raiz quadrada inteira de 3750 divi-
dida por 100.
2.
0
A raiz quadrada de ~
3
= 2, 1(6) com a aproxi-
mao de 0,001 a raiz quadrada inteira de 2166666
dividida por 1000.
208. No mesmo caso de o nmero N se apresentar
com a forma de fraco ordinria, pode extrair-se a raiz
TERCEIRA PARTE 149
quadrada a ambos os termos, depois de os multiplicar
por um nmero que torne o denominador um quadrado
perfeito.
Exemplos:
Divide-se por 4 a raiz quadrada de 6 com a aproxi-
mao pedida.
Divide-se por 6 a raiz quadrada de 78 com a apro-
ximao pedida.
209. A aproximao da raiz quadrada de N pode
de um modo geral ser expressa num nmero qualquer a.
Raciocinando como no caso da aproximao ser dada
por uma unidade decimal, teremos, designando por r X a
a raz procurada
(r X a)
2
~ N <[(r+ 1) X a)2
r
2
X a
2
~ N <(r + 1 )
2
X a
2
r
2
~ ~ < r + 1 ) ~
A raiz quadrada de N com a aproximao de a ser
a raiz quadrada inteira de "':' multiplicada por a.
a
150 ARITMTICA RACIONAL
Exemplos:
1.
0
A raiz quadrada de 7 com a aproximao de
2
' . . t . d
7
7
52
lt" 1' d
2
5
e a ratz m etra e (
2
)
2
= X
22
, mu 1p tca a por
5
5 /
(ou dividida por ) .
2.
0
A raiz quadrada de 22 com a aproximao de
-} a raiz inteira de 22 X 3
2
, multiplicada por (ou divi-
dindo por 3).
Nmeros irracionais
210. Se um nmero inteiro N no quadrado perfeito, nunca
poder obter-se uma raiz exacta expressa nyma unidade decimal, isto ,
a raiz quadrada dum nmero inteiro nunca pode ser um nmero fraccio-
nrio; como j se viu (152), a potncia duma fraco irredutvel no
pode ser um nmero inteiro.
De modo semelhante para um nmero decimal; se se esgotaram
os algarismos decimais dum nmero dado sem se obter uma raiz
exacta, no possvel encontr-la aumentando a aproximao.
Estamos, pois, em face dum resultado que apenas pode tornar-se
conhecido por valores aproximados, se bem que a aproximao se
possa levar to longe quanto se quiser. Considerem-se, por exemplo,
os valores aproximados da raiz quadrada de 2 :
1,4 1,41 1,414 1,4142 .
Estes nmeros cujos quadrados so sempre menores que 2, so
tam prximos quanto se quiser da raiz quadrada de 2. Dstes valo-
res, aproximados por defeito, podemos deduzir imediatamente os
seguintes, aproximados por excesso:
2 1,5 1,42 1,415 1,4143 .... ,
TERCEIRA PARTE 151
que so tambm tam prximos quanto se quiser da raiz quadr<Jda de 2,
mas cujos quadrados so sempre maiores que 2.
A raiz quadrada de 2 estaria assim compreendida entre os valo-
res dos dois grupos ou cl<Jsses, podendo sempre encontrar-se dois
nmeros, um de cada classe, cuja diferena seja tam pequen<J quanto
se queira.
As referidas classes poderiam ainda ser completadas por valo-
res cuja aproximao fsse dada por um nmero qualquer a: caberlam
assim nelas todos os nmeros inteiros ou fraccionrios. Estas
-uma constituda por todos os nmeros cujos quadrados so meno-
res que 2, outra por todos os nmeros cujos quadrados so maiores
que 2-representam o nico processo do conhecimento da miz qua-
drada de 2, e gozam das seguintes propriedades:
1) Os nmeros da primeira classe so todos menores que os
nmeros da segunda classe.
2) Na primeira classe no h um nmero maior que todos os
outros: dado um nmero qualquer desta classe, haver sempre outm
maior cujo quadrado seja menor que 2.
3) Na segunda classe no h um nmero menor que todos
os outros.
4) Haver sempre dois nmeros, um de cada classe, cuja
diferena seja tam pequena quanto se queira :
Os. nmeros, que, como {2, s podem ser conhecidos por inter-
mdio de classes semelhantes s que acabam de ser definidas, com
idnticas propriedades, chamam-se irracionais: os nmeros inteiros
e fraccionrios denominar-se-o agora racionais.
211. A definio por classes no privativa dos nmeros iml-
cionais; qualquer nmero racional n divide ou separa a totalidade
dos nmeros racionais em duas categorias que gozam das propriedades
j referidas: a primeira constituda por todos os nmeros numores
que n, a segunda por todos os nmeros maiores que n. Tdas as
vezes, porm, que fr possvel repartir a totalidade dos nmeros racio-
nais em duas destas classes, e no haja nenhum nmero racion:1! que
as separe, isto , que seja maior que os nmeros da primeira e menor
que os nmeros da segunda- diremos que essas classes definem um
152 ARITMTICA RACIONAL
nmero. irracional. Estes nmeros correspondem pois a uma lei de
repartio, e no tm outro qualquer significado.
212. A medio de certas grandezas pode conduzir conside-
rap. fos nmeros irracionais. Vejamos o caso clssico da medio
da diagonal dum quadrado, tomando o lado como unidade.
vem
De
e
~ = l ~ + l ~ = 2 lt
D2
fi=2
D
-=v'2
A diagonal e o lado do quadrado so grandezas incomensurveis.
EXERC(CIOS
.. ga --Sem efectuar a diviso, dizer qual o nmero de algarismos
decimais que se obtm convertendo em dzima as fraces
5 21 ll 7
4 28 40 16
R. .2, 2, 3, 4.
TERCEIRA PARTE 153
87 --- Calcular as fraces irredutveis iguais aos nmeros decimais
R.
2,9 0,2.5 0,02 8,.54
29 213
To T' so -25
88-- Calcular as fraces genetrizes das seguintes dzimas
R-
0,(43) 0,.52(4) 3,2(83) 1,(.542)
43 472 118 32.51 1.541
99' 900 = 22.5' -990' 999.
89 --,;,Que espcie de dzimas geram as seguintes fraces?
-1 3 7 12 25 18
T' Tf' 15' 18' 30' 210
R. Limitada, peridica simples, p. mixta, p. simples, p, mixta,
p. mixta.
90-- Calcular o quociente de dois nmeros A e B com a aproxi-
maciio de !!___ Designa-se por x X !!_ o quociente procurado; ser
. q q
dond;:
xx!!_s-i<(x+ 1)xf!_
q-B q
<AXq___. +I
x_B------...x
- Xp
91 -A soma (ou diferena) de duas fraces irredutveis genetri-
zes de dzimas peridicas simples, ainda uma fraco genetriz duma
dzima peridica simples.
R. Porque o denominador a X d da fraco
pode conter nenhum dos factores 2 ou 5.
154 ARITMTICA RACIONAL
92- O produto de duas fraces genetrizes de dzimas peridicas
simples ainda uma fraco genetriz duma dzima peridica simples.
93- t Que dzima pode gerar uma fraco igual ao produto de du;;s
fraces gene trizes de dzimas peridicas mixtas?
94- Calcular:
R.
/115,
v 252
5 7
6' 2'
5
95 - Calcular as razes
/392,
v 32
. 1 4o5o
v 162
;-
v+
com a aproximao duma unidade, duma dcima e de -}.
R. ap. de 1 : 2 4
,
deO,l: 2,8 4,9 1,6
de 1 : 14 24 8
5 5 5 5
NDICE
PRIMEIRA PARTE
NMEROS INTEIROS E SUAS OPERAES
CAPTULO l
Definio de nmeros inteiros. Numerao.
CAPTULO ll
Adio
<=APTl'LO lll
Subtraco
CAPTULO IV
Mult}plicaiio
CAPTULO V
Diviso.
CAPTULO VI
Potenciao.
CAPTULO VII
Radiciao
CAPTULO VIII
Sistemas de numerao
Pg.
g
16
20
27
32
. --10
4-l
51
156 ARITMTICA RACIONAL
SEGUNDA PARTE
PROPRIEDADES DOS NMEROS INTEIROS
CAPTULO I
Divisibilidade
CAPTULO 11
Nmeros primos
CAPTULO III
Mximo divisor comum e menor mltiplo comum.
TERCEIRA PARTE
Nl1MEROS PRACCIONR.IOS
CAPTULO I
Primeira definio de nmeros fraccionrios
CAPTULO II
75-
99
Segunda e terceira definies de nmeros fraccionrios 119
CAPTULO III
Fraces decimais.
132
ACABADO DE IMPIUM!R
NA EMP. INDUSTRIAL GRFICA DO PRTO, L.DA
!74, RUA DOS MRTIRES DA LU:JER.DADE, 178
NO ANO DE 1942
I I
.. ,
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...
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