Iracema 2
Iracema 2
Iracema 2
O foco narrativo é em 3a. pessoa e o narrador é onisciente. O narrador participa da história: "Uma história que me
contaram nas lindas vargem onde nasci".
01. O romance, na definição de Machado de Assis, é uma "poema em prosa", é um poema épico-lírico (para Machado de
Assis, é um poema essencialmente lírico).
O texto é épico por ser narrativo. José de Alencar narra os feitos heróicos dos portugueses na figura de Martim.
Iracema, também, é transformada em heroína. É o vinho de Tupã que permite a posse de Iracema (presença do
"maravilhoso"). Além disso, temos, também, a presença dos deuses indígenas representando as forças da natureza.
02. A narrativa se fundamenta em pesquisas históricas ou em lendas da tradição oral? Como o autor define o romance?
Comparar ficção propriamente dita e as "notas".
Conclui-se que "Iracema" se fundamenta tanto na história do Brasil quanto no relato oral. Segundo seu autor, é uma
lenda: "Quem não pode ilustrar a terra natal, canta as suas lendas" (em carta ao Dr. Jaguaribe, sobre "Iracema"). "Este
livro é irmão de Iracema. Chamo-lhe de lenda como ao outro" (Ubirajara).
Martim Soares Moreno e Filipe Camarão são vultos da história do Brasil. Ambos lutaram contra a invasão holandesa.
Martim é considerado, realmente, o fundador do Ceará e Poti recebeu a comenda de Cristo e o cargo de capitão-mor dos
índios pelos seus méritos. Alencar prefere acreditar no relato oral quando se refere à tribo tabajara cruel e sanguinária que
habitava o interior, quando a história diz ser uma tribo litorânea.
03. A narrativa se estrutura em "flash back". Comprove ( reveja o 1o. e o 32o. capítulos).
O texto se abre pelo fim. Iracema, no 1o. capítulo, já está morta, e Martim, Moacir e o cachorrinho Japi vão embora
na jangada. O 32o. capítulo narra a morte de Iracema e o 33o. conta o retorno de Martim para fundar o Ceará.
• Fato
• Sentido Simbólico
O dilema de Martim: oscila entre a fidelidade a seu amigo pitigura (Poti) e seu amor por Iracema (tabajara).
Iracema não poderia ser desvirginada, pois era uma espécie de sacerdotisa.
Irapuã, cacique da tribo, desejava Iracema e funciona como obstáculo à realização de Martim.
4.3. Desfecho
Martim volta à terra selvagem para fundar a Mairi (refúgio) dos Cristãos (Ceará). Com ele, vem o sacerdote da sua
região. Poti ajoelha-se ao pé da cruz para receber o mesmo Deus de Martim. Além de perder a sua religião, perde também
a sua cultura e o seu próprio nome.
Segundo Alencar, finalmente "germinou a palavra do Deus verdadeiro na terra selvagem". Para ele, a cultura do
branco e o Deus do branco são colocados como superiores aos dos indígenas.
A cerimônia do batismo de Martim é episódica e superficial, não havendo nenhuma transformação básica em
Martim, o que não ocorre com Poti.
Capítulo 2: É a Natureza que serve para pintar Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros
que as asas da graúna, mais longos do que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como o seu sorriso, nem a
baunilha recendia no bosque como o seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem...
Seria o símbolo secreto do romance de Alencar, que é o poema épico definidor de nossas origens históricas, étnicas
(miscigenação, formação do povo brasileiro) e, sociologicamente, segundo Afrânio Peixoto.
Iracema é o símbolo da terra brasileira virgem e exótica (Iracema morre assim como os índios - mostra a docilidade
dos índios).
Como Iracema se entrega a Martim e é destruída, a terra brasileira, por permissão dos índios ( que sofrerão uma
aculturação), passara a ser de posse portuguesa.
Há proibição de se tocar o corpo de Iracema. O gesto transgressor seria punido com a morte. Martim só procura
Iracema sobre os efeitos da droga. Martim não tem o corpo de Iracema em seus braços, tem apenas a sua imagem. A
virgindade de Iracema é justificada pela sua situação dentro da taba, onde ocupa o lugar de sacerdotisa de Tupã. Qualquer
atitude dela para unir-se a Martim transgride os valores tabajaras. Mas o amor se revela mais forte e a postura de Iracema
é, desde o início, de desobediência.
O licor de Jurema é a droga que servirá como intermediário, isto é, que servirá para derrubar as barreiras entre os
dois, remetendo a relação para o nível do inconsciente.
Moacir simboliza o 1o. brasileiro nascido da miscigenação índio X português. Duas vezes filho da dor de Iracema:
dela nascido e, também, dela nutrido. Tal mescla de vida e morte, de dor e de alegria, acha-se tematizada pelo leite
branco, ainda rubro do sangue de que se formou.
Alencar tenta concretizar a proposta do Romantismo de construir uma linguagem brasileira. Tenta, então, escrever
um romance usando termos indígenas, o que revela uma linguagem autenticamente nacional.
Obs.: a busca de uma linguagem brasileira era reflexo de uma lusofobia que invadiu o Brasil na época do
Romantismo.
10. Identifique exemplos da Linguagem não verbal (rever capítulos II, X, XI, XXVI)
I. Para Alencar, desta relação que se processou por permissão do índio, provocou o surgimento do povo brasileiro.
Para Osvald de Andrade, a relação foi de antropofagia e aculturação: o português aproveitou-se da fragilidade do índio
para a dominação.
II. O índio, para Alencar, era a possibilidade de despertar, no povo brasileiro recém-independente, o amor pela pátria
(nacionalismo ufanista). Para Osvald de Andrade, é a forma de criticar o absurdo da dominação portuguesa, a aculturação
e a destruição de um povo (nacionalismo crítico).