O Teatro Da Magia
O Teatro Da Magia
O Teatro Da Magia
A Magia mais que uma necessidade hoje, e tem um alcance muito maior que no seu
perodo xamanstico; suas aplicaes e funes no sculo XX so mais abrangentes. Ela pode
ser utilizada como: 1) terapia; 2) antdoto; 3) religio; 4) disciplina; 5) caminho; 6) teatro,
ou qualquer combinao destas seis utilizaes.
Como toda forma de teatro, quanto melhor a interpretao de algum, mais interessante
ser. E, quanto mais interessante for, mais provvel ser o aperfeioamento da
interpretao de algum. O objetivo do magista fazer com que sua interpretao atinja o
potencial mximo de sua capacidade, e com isto na mente que se oferece as seguintes
improvisaes que podero ajudar o futuro magista a obter uma maior flexibilidade no
Teatro da Magia.
Anonimato
A utilizao de mscaras sem rosto num ritual traz muitas vantagens.
1) Qualquer pessoa que deseje ficar no anonimato poder valer-se de sua utilizao.
2) Em local cuidadosamente escolhido ou indicado, a utilizao de mscaras pelos
celebrantes far com que o tempo e as descrenas sejam mais facilmente abolidos. Ver um
rosto conhecido, do mesmo modo que ver um objeto familiar, traz algum de volta ao aqui e
agora.
3) A sonoridade da voz ampliada por uma mscara bem-feita.
Efeitos Sonoros
A utilizao de rudos incomuns pode ter um efeito surpreendente, especialmente naqueles
que desconheam a origem destes rudos. Msica eletrnica ou msica tocada de trs para
frente pode ser til, mas o magista achar mais benfico para si e seus companheiros se ele
mesmo criar sons estranhos no prprio local da magia. Por exemplo, uma bola de gude
rolada lentamente no interior de um pandeiro pode causar um efeito desorientador quando
corretamente utilizada num local externo, do mesmo modo que um bamb ou um cano de
metal com gua suavemente balanado de um lado para o outro. O som de um chifre para
chamar boi cria uma gnose prpria.
Caracterizaes
1) Adote uma postura de conexo total com o universo e de sucesso em todos os seus
empreendimentos e atividades. Isto produz efeitos extraordinrios.
2) Adote uma postura do tipo "sou o ser mais afortunado do planeta". A sorte ser uma
conseqncia lgica para este tipo de postura mental.
3) Mude seus hbitos. Por exemplo, pare de roer suas unhas ou de fumar por dois meses.
Ento volte aos antigos hbitos. Por mais dois meses altere arbitrariamente outros hbitos
como, por exemplo, a utilizao da mo esquerda para realizar atos normalmente praticados
com a direita ou vice-versa. Quem for ambidestro pode experimentar fazer isto com os ps.
Caminhar ao contrrio
Passe um dia inteiro por ms andando e correndo de costas. No olhe para onde voc est
indo, para desenvolver uma tcnica que lhe permita evitar grandes objetos ou buracos. As
prticas seguintes podero ser teis neste sentido.
Viso s cegas
Os cegos freqentemente desenvolvem um sentido extra que os ajuda a evitar objetos em
seu caminho. possvel para pessoas que enxergam desenvolver este sentido a um ponto
to formidvel que elas consigam, por exemplo, guiar uma bicicleta de olhos vendados.
Inicialmente, a tcnica consiste em memria e visualizao detalhada do lugar a ser trilhado
com os olhos vendados, enquanto se tenta ver com o corpo inteiro ao invs de apenas com
os olhos. Aps alguma prtica, ser possvel para qualquer um diferenciar as cores desta
forma. Peritos neste tcnica, depois de passar dez anos ou mais aperfeioando-a, podem at
ler livros desta forma. Caminhar em terreno acidentado em noites sem lua, longe da
iluminao das cidades, ajuda a desenvolver esta habilidade.
Adrenalina
Coloque-se em situaes precrias ou perigosas o mais freqentemente possvel. Da mesma
forma que chamar sua ateno sobre como a vida tem sido boa para voc at agora, esta
atividade amplia a capacidade de premonio. Este fenmeno mental impossvel de
explicar ou descrever. Ele tem que ser experimentado. Ainda por cima, ele aumenta a
atividade liminar espontnea, durante a qual os lampejos de premonio acontecem com
maior probabilidade.
O Fantasma da pera
Este processo traz poucos benefcios alm do interesse acadmico de observao de seus
resultados e ser necessria a prtica muito bem-feita de um ritual de banimento posterior
ao mesmo.
Teoria: um poltergeist um aglomerado de energia indirecionada criada espontaneamente
por adolescentes de ambos os sexos.
Fato: se a ateno de um grupo de adolescentes for inteligentemente direcionada por um
indivduo carismtico para a possibilidade da existncia de uma presena num local
especfico, a atividade do poltergeist inevitvelmente acontecer.
Nota: no tente isto se voc no for capaz de controlar as energias pouco sutis que sero
criadas nem se voc no conseguir manter a calma do grupo durante a atividade do
poltergeist. Embora inicialmente seja divertido e sem maiores conseqncias, o
comportamento de um homnculo deste tipo pode facilmente fugir ao controle. Durante a
experincia mantida pelo autor deste texto, janelas foram quebradas e vrios objetos foram
destrudos. Alm disto, no apenas as pessoas relacionadas experincia foram afetadas por
ela. Pessoas adultas que no tiveram nada a ver com a experincia e que nem souberam
dela posteriormente contaram-me que mantiveram contatos realistas comigo, incluindo
viso e voz, sem que eu soubesse. Outras pessoas sensveis foram afetadas de maneiras
muito diversas para que se consiga descrever.
Uma poderosa tcnica de banimento foi necessria para livrar a casa de seu hspede
indesejado e o autor diz que preferiria caminhar um milho de quilmetros sobre cacos de
vidro antes de realizar novamente a experincia em questo.
Cristais
O poltergeist poderia ter sido acalmado de outra forma. H uma tradio mgica que diz que
os demnios podem ser aprisionados pelos cristais e o autor fez bom uso desta informao
para resgatar o poder de um aglomerado de energia instvel de origem desconhecida que o
afligia. improvvel que ningum tenha conseguido trabalhar adequadamente o sistema de
Abra Melin em virtude de ele ter encapsulado uma energia reconhecida e descrita pelo
Magista sob um nome especfico. Tais energias so excrees ou extenses de Kia do mesmo
modo que braos e pernas; elas so arqutipos, essncias expelidas pelo ser corretamente
estimulado. A tcnica da magia reconhecer e ordenar estas energias, algumas das quais
parecem ser mais poderosas que o prprio organismo. Os cristais, entretanto, so os seres
mais geomtricamente ordenados do universo, quer sejam naturais, como o quartzo, ou
qumicos, e esta sentido natural de ordem pode ser aproveitado com sucesso.
Aglomerados de energia turbulenta (demnios) podem ser concentrados em cristais slidos e
ali mantidos at que o magista seja capaz de reabsorv-los sem efeitos colaterais
indesejados. Tradicionalmente, o cristal pode ser limpo em gua corrente.
De modo anlogo, energias ou poderes deficientes no magista podem ser trabalhados pela
utilizao de formas cristalinas de crescimento rpido, como cloreto de cobalto em placas de
vidro, como sigilos; sigilos slidos que podem ser observados em seu crescimento e que
podem ser facilmente destrudos pela absoro do poder gerado pelo ritual. Do mesmo
modo, elementos qumicos de cores variadas podem ser utilizados para tipificar funes
diversas.
Armas Mgicas
Invente novas armas mgicas e confira a elas poder mgico para fins especficos. Uma
bengala ou cajado para auxili-lo em caminhadas noturnas pode ser um bom comeo. Evite
ao mximo as armas tradicionais (espada, basto, taa, adaga, pantculo), a no ser que
realmente surtam o efeito desejado.
Ganho atravs de sacrifcio
Cuidadosamente, sem poupar detalhes, construa uma arma mgica de qualquer tipo. A
confeco ter sido correta se: a) a arma mgica for de uso puramente pessoal e b) se a
mesma assisti-lo com sucesso na realizao de alguma funo mgica especfica.
Em tempo: voc construiu uma arma mgica pessoal utilizando toda a sua habilidade. Ela
bela, poderosa e uma extenso de voc mesmo. Durante algum tempo voc a utilizou e
aumentou o seu carisma de modo a j estar quase confiando nela.
Ento, quando uma grande quantidade de energia para uma determinada operao mgica
for necessria, destrua a arma mgica ou d a mesma de presente a algum. A energia
liberada por este sacrifcio muito maior que o poder gerado pelo uso da arma. claro que
as operaes que exigem tal quantidade de energia no acontecem o tempo inteiro. Muitos
magistas morreram sem jamais terem feito uso dos instrumentos que construram para esta
finalidade.
Objetos como Sigilos
Um pedao de pau, uma pea de joalheria, qualquer objeto que possa ser carregado pode
ser utilizado como sigilo. Este ser programado pela funo subconsciente da mesma forma
que qualquer outro sigilo, exceto pelo fato de ter sido desenhado para exercer sua influncia
apenas sobre um determinado tipo de situao ou quando segurado de uma forma especial.
Em virtude disto, ele pode ser multi-funcional. Quanto mais livre for a mente do magista,
tanto mais verstil ser a arma mgica.
Perfumes como Sigilos
Fabrique voc mesmo os seus perfumes e transforme-os em sigilos para a ampliao de
funes especficas como poder pessoal, magnetismo, atrao sexual, capacidade intelectual
e assim por diante. Ao proceder assim, mantenha em mente a teoria que prega que o
sentido olfativo fala subliminarmente ao organismo. As essncias devem ser escolhidas
apenas aps terem sido previamente experimentadas e as atribuies tradicionais das
mesmas terem sido completamente alteradas. O magista poder concluir, por exemplo, que
alfazema excita a pele e no o esprito (como popularmente dito), e que cnfora aumenta
o desejo de matar insetos voadores ao invs de ampliar as clssicas propriedades da esfera
da Sefira Netzach.
A Meditao da Escadaria (para uso na gnose liminar).
Imagine-se no topo de uma enorme escada em espiral cujas dimenses sejam to vastas
que sua curvatura mal possa ser percebida. Vestido de manto cerimonial ou nu, armado de
seus instrumentos mgicos ou desarmado, comece a caminhar lentamente, observando
detalhes como a textura do tapete ou a suavidade do mrmore. Quando a gnose acontecer,
observe as pessoas que passam por voc no caminho de subida ou de descida, bem como
quaisquer outros detalhes.
Esta uma meditao muito til para se voltar no tempo, isto , para treinar a memria
mgica, sendo que cada degrau representa um perodo de tempo. As imagens recebidas
durante o estado de gnose podem ser examinadas posteriormente e utilizadas como chaves
para outras experincias liminares.
A Espiral Astral (para uso na gnose liminar).
Imagine a escurido vazia do infinito, sendo voc um ponto invisvel num ponto invisvel.
Imagine uma vasta espiral para a qual voc est sendo atrado e pela qual voc ser
inevitavelmente tragado, uma espcie de buraco negro. A espiral conduz a um universo
paralelo ou a qualquer outro lugar que voc gostaria de ir e um instrumento valioso para
se experimentar aquilo que se chama popularmente de viagem astral. medida que voc
for sendo sugado pela espiral, construa uma forte imagem do lugar onde voc quer estar e
ento a gnose acontecer. A evidncia prtica pode ser utilizada no exame dos resultados
obtidos.
Adivinhao
Invente novos mtodos de adivinhao, quanto mais bizarros e incomuns, melhor. Exemplo:
examine a sombra projetada por uma mulher nua numa tela iluminada de computador e
prognostique as principais notcias do dia seguinte para o continente sul-americano.
Todos os esquemas de adivinhao so arbitrrios, servindo apenas para disparar uma
habilidade especfica normalmente adormecida. A questo se resume a encontrar o gatilho
que exera o maior efeito possvel sobre sua capacidade pessoal.
Antemas Zoolgicos (com justificaes qumicas)
Capture um sapo e coloque-o em sua boca. H duas razes para isto.
1) A repulsa absoluta causada pelo fato de ter um anfbio tentando sair de sua boca trar-lhe-
uma tremenda liberao de energia idntica que usada em bruxaria.
2) Um sapo aterrorizado expele bucofilina, uma droga alucingena cujos efeitos so bastante
conhecidos pelos Xams do mundo inteiro. Solte o sapo aliviado com os seus
agradecimentos.
Colecione um certo nmero de caracis ou lesmas e permita que se alimentem por vrios
dias de plantas com virtudes mgicas, como, por exemplo, a beladona. Coloque-os depois
numa caixa com cevada para remover o lodo e ento ferva-os em gua com o sabor que
quiser. Quando o lquido tiver sido reduzido metade, deixe-o esfriar e beba-o.
Ambos os procedimentos podem ser utilizados com sucesso em magia do tipo dos grimrios
medievais, sendo que as criaturas utilizadas tipificam os demnios descritos nos textos
antigos.
Vinho Sacramental
Uma garrafa de vinho tinto no ser suficiente. O vinho concede ao magista uma boa
oportunidade de exercer sua habilidade alqumica. O vinho pode ser inteiramente feito pelo
magista atravs da utilizao de ervas adequadas a trabalhos especficos, alucingenos
naturais fermentveis ou coces com efeitos semelhantes. De qualquer modo, seu sabor
deve ser incomum e provocante.
Missa Negra
A missa negra tradicional, embora tenha pouco valor mgico em si, deveria ser realizada
pelo menos uma vez por todo magista de qualquer orientao; no como um ato de
blasfmia, mas como um antdoto para o psicosmo pervertido dos dogmas medievais
persistentes da igreja catlica, aos quais, todos ns ocidentais, de uma forma ou de outra,
fomos condicionados.
Sigilos
O magista pode necessitar de algo que ele incapaz de obter atravs de canais normais.
Algumas vezes possvel provocar o contecimento necessrio pela interveno direta da
vontade contanto que isto no provoque uma tenso muito grande sobre o universo. O mero
ato de querer raramente efetivo, a medida que a vontade torna-se envolvida em um
dilogo com a mente. Isto dilui a habilidade mgica de muitas maneiras. O desejo torna-se
parte do ego complexo; a mente torna-se ansiosa de falha. A vontade de no realizar o
desejo surge para reduzir o medo de falha. Logo o desejo original uma massa de idias
conflitantes. Freqentemente os resultados desejados surgem apenas quando eles tiverem
sido esquecidos. Este ltimo fato a chave para os sigilos e muitas outras formas de feitios
mgicos. Os sigilos trabalham por que estimulam a vontade trabalhar subconscientemente,
evitando a mente objetiva.
Existem trs partes para a operao com um sigilo:
O sigilo construdo;
O sigilo perdido para a mente;
O sigilo carregado.
Na construo de um sigilo, o objetivo produzir um glifo do desejo, estilizado para no
sugerir o desejo de imediato. No necessrio utilizar sistemas de smbolos complexos. A
figura abaixo mostra como os sigilos podem ser construdos a partir de palavras, de imagens
e de sons. Os assuntos de tema destes feitios so arbitrrios e no recomendados.
Para perder o sigilo com sucesso, a forma do sigilo e o desejo associado devem ser expulsos
do estado de conscincia normal. O magista esfora-se contra qualquer manifestao dele ou
volta sua ateno fora para outros. Algumas vezes o sigilo pode ser queimado, enterrado
ou jogado no oceano. possvel perder uma palavra de poder de um feitio pela constante
repetio a medida que isto eventualmente esvazia a mente do desejo associado. O sigilo
carregado nos momentos que a mente tiver atingido a quietude atravs do transe mgico,
ou quando uma forte emoo paralisa o seu funcionamento normal. Nestes momentos a
ateno concentrada sobre sigilo, ou como uma imagem, ou mantra, ou como um
desenho. Alguns dos momentos em que os sigilos podem ser carregados so os seguintes:
durante o transe mgico; no momento do orgasmo ou grande exaltao; em momentos de
grande medo, raiva ou embarao; ou em momentos quando intensa frustrao ou
desapontamento surgem. Alternativamente, quando outro desejo forte surge, este desejo
sacrificado (esquecido) e o sigilo concentrado ao invs do primeiro. Aps manter o sigilo na
mente pelo tempo que for possvel, sbio ban-lo pela evocao do riso.
Um registro deve ser guardado de todo os trabalhos com sigilos, mas de tal forma que no
cause a deliberao consciente sobre o desejo sigilizado.
Sonhar
O estado onrico prove um conveniente egresso nos campos da divinao, entidades e
exteriorizao ou "experincias fora do corpo". Todos os humanos sonham a cada noite de
suas vidas, mas poucos podem recontar suas experincias mesmo uns poucos minutos aps
acordar. As experincias onricas so to incongruentes que o crebro aprende a preveni-las
de interferir com a conscincia desperta. O magista objetiva ganhar acesso completo ao
plano onrico e assumir o controle dele. A tentativa de fazer isto, invariavelmente envolve o
magista em uma batalha bizarra e mortal com o seu prprio censor psquico, que usar
quase qualquer ttica para negar estas experincias ele.
O nico mtodo de ganhar acesso completo ao plano onrico manter um livro e
instrumentos de escrita prximos ao lugar de dormir em todos os momentos. Neste livro,
registre os detalhes de todos os sonhos to logo quanto possvel aps acordar.
Para assumir o controle consciente sobre o estado onrico, necessrio selecionar um tpico
para sonhar. O magista deve comear com experincias simples, tais como o desejo de ver
um objeto em particular (real ou imaginrio) e dominar isto antes de tentar a divinao ou
exteriorizao. O sonho fixado pela forte visualizao do tpico desejado em uma mente,
pelo contrrio, silenciada, imediatamente antes de dormir. Para experincias mais complexas
o mtodo dos sigilos pode ser empregado.
Um registro de sonhos melhor guardado separado dos registros mgicos j que eles
tendem a tornar-se volumosos. Entretanto, qualquer sucesso significante deve ser
transferido para o dirio mgico.
Embora a pessoa possa temer a viso dele, um registro mgico guardado apropriadamente
o fiador mais seguro do sucesso no trabalho do Liber MMM: ele ambos, um trabalho de
referncia com que avaliar o progresso e, mais significativamente, uma injeo de nimo
para esforos adicionais.
Caos: O Segredo do Universo
Ser que Conscincia, Magia e Caos no so a mesma coisa? A conscincia faz com que as
coisas aconteam espontaneamente sem uma causa anterior. Geralmente, isto acontece no
crebro, onde aquela parte da conscincia que chamamos de "Vontade" agita o sistema
nervoso para fazer com que certos pensamentos e aes aconteam. Ocasionalmente, a
conscincia capaz de fazer com que coisas aconteam espontaneamente fora do corpo
quando ela est fazendo magia. Qualquer ato de vontade magia. De modo anlogo,
qualquer ato de percepo consciente tambm magia; uma ocorrncia em matria nervosa
espontaneamente percebida pela conscincia. Algumas vezes esta percepo pode
acontecer diretamente sem o uso dos sentidos, como na clarividncia.
A magia no pode ser confinada conscincia. Todos os eventos, inclusive a origem do
universo, acontecem basicamente por magia. Isto quer dizer que eles acontecem
espontaneamente sem uma causa anterior. A matria nos d a impresso de ser regida por
leis fsicas, mas estas so apenas aproximaes estatsticas. No possvel dar uma
explicao final de como coisa alguma acontece em termos de causa e efeito. Em algum
ponto, sempre chegaremos concluso de que tal evento "simplesmente aconteceu
espontaneamente", seja ele a exploso inicial do universo (a teoria do Big-Bang) ou qualquer
outra coisa. Isto parece levar-nos a um universo completamente aleatrio e desordenado,
mas no assim. Jogue um dado e voc poder obter qualquer resultado de um a seis;
jogue-o seis milhes de vezes e voc obter quase exatamente um milho de seis. No
existe razo alguma para representarmos as leis do universo pela estrutura do dado; elas
tambm so fenmenos que simplesmente aconteceram de modo espontneo e podero
deixar de ser assim um dia se a espontaneidade produzir algo diferente.
Entretanto, fica muito difcil imaginar os eventos acontecendo espontaneamente sem uma
causa anterior mesmo que isto ocorra toda vez que algum exerce sua vontade. Por esta
razo, pareceu prefervel chamar a essncia deste fenmeno de Caos, posto que a parte de
nosso ser que entende as coisas constituda de matria que, predominantemente, obedece
forma estatstica da causalidade. De fato, todo o nosso pensamento racional est
estruturado na hiptese de que uma coisa causa outra. Assim, nosso pensamento incapaz
de apreciar a natureza da conscincia ou do universo como um todo pois estes so
espontneos, mgicos e caticos por natureza. Entretanto, seria injustificado deduzir que o
universo consciente e pode pensar da mesma maneira que ns: o universo os
pensamentos do Caos, se preferirmos. Podemos compreender os seus pensamentos, mas
no o Caos do qual eles se originam. De modo anlogo, podemos estar acostumados a usar
nossa conscincia e exercer a nossa vontade, mas jamais compreenderemos o que estas so
exatamente.
Todos os maiores ramos da filosofia tentam responder a pergunta especfica sobre a
existncia. A cincia pergunta "como" e descobre cadeias de causalidade. A religio pergunta
"por qu" e acaba inventando respostas teolgicas. A arte pergunta "qual" e chega aos
princpios da esttica. A pergunta que a magia tenta responder "o que" e, assim, ela um
exame da natureza do ser. Se formos diretamente ao mago da questo e perguntarmos
magia qual a natureza da conscincia, do universo e de tudo o mais, obteremos a resposta
de que so fenmenos espontneos, mgicos e caticos. A fora que inicia e move o
universo a mesma fora que est no centro da conscincia, e ela arbitrria e aleatria,
criando e destruindo sem qualquer outro objetivo alm de divertir-se. No h nada moralista
ou espiritual sobre Caos e Kia. Vivemos num universo onde nada verdadeiro, embora
alguma informao possa ser til para finalidades especficas. Somos ns, individualmente,
que devemos decidir aquilo que desejamos considerar como bom, mau, significativo ou
divertido. O universo se diverte constantemente e convida-nos a fazer o mesmo. Se
houvesse uma razo de ser para a vida, o universo seria muito menos divertido. Tudo o que
podemos fazer segui-lo placidamente ou lutar uma batalha herica e intil contra ele.
Assim, somos livres para alcanar toda a liberdade disponvel e fazer o que sonharmos com
ela.