A Possibilidade Da Teologia
A Possibilidade Da Teologia
A Possibilidade Da Teologia
Um pr-requisito para se construir um sistema teolgico provar que o conhecimento teolgico possvel. Jesus diz que Deus Esprito (Joo 4:24); ele transcende a existncia espao-temporal do homem. A questo que ento se levanta diz respeito a como os seres humanos podem conhecer algo sobre ele. Deuteronmio 29:29 tem a resposta: As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a ns e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei (Deuteronmio 29:29). Teologia possvel porque Deus se revelou a ns atravs das palavras da Bblia. Deus revelou sua existncia, atributos e exigncias morais a todo ser humano, incluindo tal informao dentro da mente do homem. A prpria estrutura da mente humana inclui algum conhecimento sobre Deus. Esse conhecimento inato, conseqentemente, faz com que o homem reconhea a criao como a obra de um criador. A grandeza, magnitude e o desgnio complexo da natureza servem para lembrar ao homem de seu conhecimento inato sobre Deus. Os cus esto declarando a glria de Deus. A vasta expanso mostra o seu trabalho manual. Um dia fala disso a outro dia; uma noite mostra conhecimento a outra noite. No h discursos, no h palavras; Nenhum som ouvido delas. Sua voz estendese por toda a terra, suas palavras at os confins do mundo (Salmo 19:1-3). 1 Portanto, a ira de Deus revelada dos cus contra toda impiedade e injustia dos homens que suprimem a verdade pela injustia, pois o que de Deus se pode conhecer manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criao do mundo os atributos invisveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, tm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens so indesculpveis; porque, tendo conhecido a Deus, no o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graas, mas os seus pensamentos tornaram-se fteis e o corao insensato deles obscureceuse (Romanos 1:18-21). 2 Embora o testemunho da natureza concernente ao seu criador seja evidente, o conhecimento do homem sobre Deus no vem da observao da criao. A ltima passagem em Romanos nos informa que o conhecimento de Deus no vem de procedimentos empricos, mas do que tem sido diretamente escrito na mente do homem um conhecimento inato: De fato, quando os gentios, que no tm a Lei, praticam naturalmente as coisas requeridas pela lei, tornam-se lei para si mesmos, embora no possuam a Lei; pois mostram que os requerimentos da Lei esto escritas em seu corao. Disso do testemunho tambm a sua conscincia e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os (Romanos 2:14-15). Os telogos chamam isso de REVELAO GERAL. Esse conhecimento de Deus inato na mente do homem e no se origina da observao do mundo externo. O homem no infere do que ele observa na natureza que deve existir um Deus; antes,
ele conhece o Deus da Bblia antes de ter acesso a qualquer informao emprica. A funo da observao estimular a mente do homem a recordar esse conhecimento inato de Deus, que foi suprimido pelo pecado, e tambm por esse conhecimento inato que o homem interpreta a natureza. Toda pessoa tem um conhecimento inato de Deus, e para onde quer que ele olhe, a natureza lembra disso. Todos os seus pensamentos e todas as suas experincias do testemunho irrefutvel da existncia e dos atributos de Deus; a evidncia inescapvel. Portanto, aqueles que negam a existncia de Deus so acusados de suprimir a verdade pela sua perverso e rebelio, e ao reivindicaram ser sbios, tornaram-se loucos (Romanos 1:22). Em outras palavras, a revelao geral de sua existncia e atributos por toda a sua criao isto , o conhecimento inato do homem e as caractersticas do universo deixam aqueles que negam a sua existncia sem escusa, e assim eles so justamente condenados. Embora uma pessoa tenha um conhecimento inato da existncia e dos atributos de Deus, e o universo criado sirva como um lembrete constante, a revelao geral insuficiente para conceder conhecimento salvfico de Deus e de informao impossvel de ser assim obtida. Assim, Deus revelou o que Lhe agradou nos mostrar atravs da revelao verbal ou proposicional isto , a Escritura. Essa a sua REVELAO ESPECIAL. Atravs dela, ganha-se informao rica e precisa concernente a Deus e s suas coisas. tambm atravs da Escritura que uma pessoa pode obter um conhecimento salvfico de Deus. Uma pessoa que estuda e obedece a Escritura ganha salvao em Cristo: Quanto a voc, porm, permanea nas coisas que aprendeu e das quais tem convico, pois voc sabe de quem o aprendeu. Porque desde criana voc conhece as Sagradas Letras, que so capazes de torn-lo sbio para a salvao mediante a f em Cristo Jesus. (2 Timteo 3:14-15) O conhecimento de Deus tambm possvel somente porque ele fez o homem sua prpria imagem, de forma que h um ponto de contato entre os dois, a despeito da transcendncia de Deus. Animais ou objetos inanimados no podem conhecer a Deus como o homem, mesmo se lhes fosse dada sua revelao verbal. Deus preferiu nos revelar informao atravs da Bblia em palavras, ao invs de imagens ou experincias. A comunicao verbal tem a vantagem de ser precisa e acurada, quando propriamente feita. Visto que esta a forma de comunicao que a Bblia assume, um sistema teolgico digno deve ser derivado de proposies encontradas na Bblia, e no de quaisquer meios de comunicao no-verbais tais como sentimentos ou experincias religiosas. Ora, todo sistema de pensamento parte de um princpio primeiro, e usa o raciocnio dedutivo ou indutivo, ou ambos, para derivar o restante do sistema. Um sistema que usa raciocnio indutivo no confivel e desbanca para o ceticismo, 4 visto que a induo sempre uma falcia formal, que freqentemente depende de informao
emprica, e produz concluses universais a partir de particularidades. A certeza absoluta vem somente de raciocnio dedutivo, nos quais particularidades so deduzidas de universalidades por necessidade lgica. Contudo, visto que o raciocnio dedutivo nunca produz informao que j no esteja implcita nas premissas, o princpio primeiro de um sistema dedutivo contm todas as informaes para o resto do sistema. Isto significa que um princpio primeiro por demais estrito no conseguir produzir um nmero suficiente de proposies para providenciar aos seus partidrios uma quantidade significativa de conhecimento. Assim, induo e princpio primeiro inadequados tornam ambos impossvel o conhecimento. Mesmo que um primeiro princpio parea ser amplo o suficiente, devemos providenciar justificativa para afirm-lo. Sua justificao no pode vir de uma autoridade ou princpio mais altos, porque ento ele no seria o primeiro princpio ou a autoridade ltima dentro do sistema. Uma autoridade ou princpio menor dentro de um sistema no pode verificar o primeiro princpio, visto que deste prprio princpio primeiro que esta autoridade ou princpio menor depende. Portanto, um primeiro princpio de um sistema de pensamento deve ser auto-autenticador ele deve provar a si mesmo verdadeiro. A autoridade ltima dentro do sistema cristo a Escritura; portanto, nosso princpio primeiro a infalibilidade bblica, ou a proposio, A Bblia a palavra de Deus. Embora haja argumentos convincentes para apoiar um tal princpio mesmo se algum fosse empregar mtodos empricos, de forma que nenhum incrdulo poderia refutlos, o cristo deve consider-los como inconclusivos, visto no serem os mtodos empricosconfiveis. Alm do mais, se fssemos depender da cincia ou de outros procedimentos empricos para verificar a verdade da Escrituras, estes testes permaneceriam ento como juzes sobre a prpria palavra de Deus, e assim, a Escritura no mais seria a autoridade ltima em nosso sistema. Como Hebreus 6:13 diz, Quando Deus fez a sua promessa a Abrao, por no haver ningum superior por quem jurar, jurou por si mesmo. Visto que Deus possui autoridade ltima, no h nenhuma autoridade maior pela qual algum possa pronunciar a Escritura como infalvel. Entretanto, nem todo sistema que reivindica autoridade divina tem dentro do seu princpio primeiro o contedo para provar a si mesmo. Um texto sagrado pode contradizer a si mesmo, e auto se destruir. Outro pode admitir a dependncia da Bblia crist, mas por outro lado, essa condena todas as outras alegadas revelaes. Ora, se a Bblia verdadeira, e ela reivindica exclusividade, ento todos os outros sistemas de pensamento devem ser falsos. Portanto, se algum afirma uma cosmoviso nocrist, ele tem de, ao mesmo tempo, rejeitar a Bblia. Isto gera um confronto entre as duas cosmovises. Quando isto acontece, o cristo pode estar confiante que seu sistema de pensamento impenetrvel aos ataques alheios, e que o prprio sistema bblico fornece o contedo para tanto defender como atacar em tais embates. O cristo pode destruir a cosmoviso de seus oponentes questionando o princpio primeiro e as proposies subsidirias do sistema. O
princpio primeiro do sistema se contradiz? Ele falha em satisfazer aos seus prprios requerimentos?7 O sistema se desmorona por causa de problemas fatais de empirismo e induo? As proposies subsidirias contradizem uma a outra? Ele se apropria de premissas crists no dedutveis de seu prprio primeiro princpio?8 O sistema d respostas adequadas e coerentes para as questes ltimas, tais como aquelas concernentes epistemologia, metafsica e tica? Para repetir, o princpio primeiro do sistema cristo a infalibilidade bblica, ou a proposio, A Bblia a palavra de Deus. Deste princpio primeiro, o telogo pe-se a construir um sistema de pensamento inclusivo baseado na revelao divina infalvel. At onde este raciocnio correto, toda parte do sistema deduzido por necessidade lgica do princpio primeiro infalvel, e , assim, igualmente infalvel. E, visto que a Bblia a revelao verbal de Deus, que requer nossa adorao e comanda nossa conscincia, um sistema de teologia deduzido com validade lgica autorizado e obrigatrio. Portanto, at onde este livro for acurado na apresentao do que a Escritura ensina, seu contedo resume o que todos os homens devem crer, o que os cristos esto comprometidos a crer, e o que objetivamente verdadeiro.