TB Basiloscopy Manual
TB Basiloscopy Manual
TB Basiloscopy Manual
MINISTRIO DA SADE
Maputo, 2012
REPBLICA DE MOAMBIQUE
Maputo, 2012
FICHA TCNICA Programa Nacional de Controlo da Tuberculose PNCT Instituto Nacional de Sade INS Laboratrio Nacional de Referncia da Tuberculose LNRT Ttulo: Manual de Baciloscopia da Tuberculose Coordenao: Egdio Langa Chefe do PNCT Eduardo Samo Gudo - Chefe do departamento da rede de laboratrios e servios de referncia - INS Elizabeth Coelho Chefe Nacional das Baciloscopias Sofia Viegas Coordenadora dos Laboratrios de Referncia da Tuberculose Autores: Esmeraldo Ezembro Bilogo LNRT/INS Khalid Azam Bilogo Responsvel do LNRT/INS Nureisha Cadir Biloga Responsvel Interina do LNRT/INS Colaboradores: Zaina Cuna Mdica PNCT Carla Madeira Biloga LNRT/INS Ctia Bila Biloga LNRT/INS Irene Gune Biloga LNRT/INS Salomo Maungate Tcnico Superior N1 LNRT/INS Mercedes Fernandes Tcnica de laboratrio LNRT/INS Leonel Fernando Tcnico de laboratrio LNRT/INS Joo Manuel Tcnico de laboratrio LNRT/INS Joaquim Dimande Tcnico de laboratrio LNRT/INS Josefa Melo - Biloga FHI360 Jos Machado Almeida Bilogo FHI360 Tiragem: Editor: Ministrio da Sade/PNCT & INS Apoio: Family Health International (FHI 360) Concepo Grfica: DesignPrint
Prefcio
A tuberculose constitui um srio problema de Sade Pblica em Moambique, sendo uma das principais causas de morbilidade e mortalidade da populao. Dentre os grupos mais vulnerveis destacam-se os adultos jovens entre os 15 a 49 anos de idade, as crianas com menos de cinco anos e as pessoas vivendo com o HIV/SIDA. O controlo efectivo da tuberculose depende de uma boa rede de laboratrios com a finalidade de detectar os casos bacilferos, monitorar a evoluo de tratamento e emitir resultados de cura no fim do tratamento por meio de exame microscpico ( baciloscopia ). O presente manual apresenta as directrizes essenciais para a estrutura e funcionamento das actividades de diagnstico laboratorial da tuberculose, com o objectivo de orientar os tcnicos dos laboratrios na organizao da rede de laboratrios, biossegurana e diagnstico da tuberculose por meio da biciloscopia. Portanto, uma ferramenta imprescindvel para que todos os labortatrios funcionem de forma padronizada para o xito das actividades do programa Nacional de Combate Tuberculose.
Ministro da Sade
AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Dra. Paula Samo Gudo e a todos os colaboradores, revisores e aqueles que directa ou indirectamente contriburam para que esta publicao se tornasse possvel. Um agradecimento especial ao Projecto TBCARE I da FHI360 pelo apoio na impresso do manual.
LISTA DE ACRNIMOS
BAAR BK EPI FHI HIV INS LCR LNRT MISAU PNCT PPD SIDA TB UV WHO
Bacilo lcool cido - Resistente Bacilo de Koch Equipamento de Proteco Individual Family Health Internacional Vrus de Imunodeficincia Humana Instituto Nacional de Sade Lquido Cefalo - Raquidiano Laboratrio Nacional de Referncia da Tuberculose Ministrio da Sade Programa Nacional de Controlo da Tuberculose Derivado Proteico antignico do bacilo purificado Sndrome de Imunodeficincia Adquirida Tuberculose Raios Ultravioletas World Health Organization
NDICE
01. 02. 03. 3.1. 3.1.1. 04. 4.1. 4.2. 05. 06. 07. 7.1. 7.2. 7.3. 7.4. 7.5. 7.6. 7.7. 7.7.1. 7.7.2. 7.7.3. 7.7.4. 7.7.5. 7.8. 7.9. 7.9.1. 7.9.2. 7.10. 7.11 08. 8.1. 8.2. 8.2.1. 8.2.2. 8.3. 8.4. INTRODUO........................................................................................................................................................01 CLASSIFICAO DA TUBERCULOSE............................................................................................................ 02 O AGENTE ETIOLGICO DA TUBERCULOSE.............................................................................................03 Funes dos organelos celulares.................................................................................................................... 03 Parede celular das micobactrias....................................................................................................................04 MODOS DE TRANSMISSO DO BACILO DA TUBERCULOSE............................................................ 05 Risco relativo por exposio a um caso infeccioso de tuberculose.................................................. 05 Grau de risco no laboratrio............................................................................................................................ 06 MANIFESTAES CLNICAS DA TUBERCULOSE .................................................................................... 06 MTODOS DE DIAGNSTICO DA TUBERCULOSE................................................................................. 07 A BACILOSCOPIA................................................................................................................................................. 07 Indicaes para a realizao da baciloscopia............................................................................................ 08 Importncia da baciloscopia............................................................................................................................ 08 Variao da curva de baciloscopia ao longo do tratamento............................................................... 08 Tipos de amostras no diagnstico laboratorial da tuberculose .........................................................09 Factores que determinam bons resultados da baciloscopia................................................................ 10 Factores que afectam negativamente nos resultados da baciloscopia............................................ 10 Colheita de amostras de expectorao....................................................................................................... 10 Instrues para a colheita de expectorao............................................................................................... 11 Local ideal para a colheita..................................................................................................................................12 Vantagens da colheita de amostra imediata..............................................................................................12 Desvantagens da colheita de amostra imediata.......................................................................................12 Biossegurana na colheita de amostras....................................................................................................... 13 Conservao das amostras................................................................................................................................13 Transporte de amostras...................................................................................................................................... 13 Paciente.................................................................................................................................................................... 13 Profissional de sade............................................................................................................................................14 Fluxo de envio de amostras aos Laboratrios de Referncia da Tuberculose............................... 14 Recepo das amostras...................................................................................................................................... 15 PROCEDIMENTOS TCNICOS DA BACILOSCOPIA.................................................................................16 Organizao da bancada e do material....................................................................................................... 16 Marcao de lminas...........................................................................................................................................16 Lminas de extremidades foscas.....................................................................................................................16 Lminas de extremidades lisas (no foscas)............................................................................................... 16 Preparaco de esfregao....................................................................................................................................16 Secagem e fixao de esfregaos...................................................................................................................17
8.5. 8.6. 8.7. 8.7.1. 8.7.2. 8.8. 8.9. 09. 9.1. 9.2. 9.3. 9.4. 9.5. 9.6. 9.7. 9.8. 9.9. 9.10.
Colorao do esfregao - Mtodo de Ziehl-Neelsen............................................................................. 18 Uniformidade do esfregao.............................................................................................................................. 18 Observao microscpica de esfregao.......................................................................................................19 Tcnica de contagem e leitura de lminas..................................................................................................19 Mudana de campo microscpico.................................................................................................................20 Emisso de resultados.........................................................................................................................................20 Registo de resultados.......................................................................................................................................... 21 PREPARAO DOS REAGENTES ZIEHL-NEELSEN..................................................................................21 Material e reagentes necessrios....................................................................................................................21 Especificaes e correo da pureza do corante (em p).................................................................... 22 Qualidade da gua...............................................................................................................................................23 Preparao de fucsina a 0.3%.......................................................................................................................... 23 Preparao de azul de metileno a 0.3%.......................................................................................................23 Preparao da soluo de descolorao......................................................................................................24 Soluo de descolorao alternativa..............................................................................................................25 Controlo de qualidade dos reagentes de coloraes.............................................................................25 Rotulagem e armazenamento de reagentes...............................................................................................25 Substncias qumicas usadas nos laboratrios da tuberculose como reagente ou desinfectante (Tabela 1)...................................................................... 26 O MICROSCPIO PTICO COMPOSTO......................................................................................................27 Composio do microscpio ptico composto........................................................................................ 27 Cuidados e manuteno do microscpio.....................................................................................................28 EXERCCIOS DE APLICAO........................................................................................................................... 29 Guia de Correo dos Exerccios.................................................................................................................... 39 REFERNCIAS BIBLIOGRFICA...................................................................................................................... 43
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1. INTRODUO A tuberculose (TB) uma doena infecto-contagiosa de amplitude mundial, causada pelos membros do gnero Mycobacterium, que acomete a humanidade desde a antiguidade (Isemberg, 2004; Viveiros e Atouguia, 2007). A transmisso da forma mais comum de TB, a pulmonar, ocorre pela emisso de bacilos durante a fala, espirro ou tosse. Portanto, quanto maior o nmero de pessoas com expectorao bacilfera na comunidade, maior ser a probabilidade de disseminao da TB (Ministrio da Sade, 2007; Ministrio da Sade, 2008). Cerca de um tero da populao mundial est infectada pela TB (WHO, 2003; Gueiter, 2007; Dye, 2006), ocorrendo anualmente cerca de nove milhes e oitocentos novos casos e quase quatro mil e quinhentos mortes no mundo. Apontam-se como factores que contribuem para este cenrio: o baixo nvel econmico das populaes, a emergncia da pandemia do HIV/SIDA, e o surgimento de estirpes multiresistentes aos frmacos, particularmente Rifampicina e Isoniazida (Campelo et al., 2001; Cobertt et al. 2003; Ministrio da Sade, 2007) O controlo efectivo da TB depende de vrios factores, dentre eles, a deteco precoce dos casos. Portanto, apesar de existirem vrios mtodos de diagnstico da TB, a baciloscopia pelo mtodo de Ziehl-Neelsen continua sendo o mtodo mais acessvel por ser um exame simples, rpido, barato, e no necessitar de pessoal tcnico altamente qualificado para a sua execuo (Campelo et al., 2001; Takao et al. 2005; Keeler, 2006 e Ministrio da Sade, 2008). Em pases com poucos recursos, como o caso de Mocambique, a baciloscopia pelo mtodo de Ziehl-Neelsen a tcnica de eleio recomendada pelo Programa Nacional de Controlo da Tuberculose (PNCT) para o diagnstico da TB, especialmente da forma pulmonar (MISAU, 2007). Contudo, ela deve ser realizada de maneira correcta, desde a colheita da expectorao at a leitura e interpretao dos resultados. De acordo com Souza et al. (2007), a baciloscopia, quando executada correctamente detecta 70 a 80% dos casos de TB pulmonar numa comunidade. neste contexto que o presente manual foi concebido, com o objectivo de padronizar as tcnicas para o diagnstico da TB atravs da baciloscopia pelo mtodo de Ziehl-Neelsen, e servir de guia aos Tcnicos de Laboratrio.
2. CLASSIFICAO DA TUBERCULOSE A TB uma doena que acomete principalmente os pulmes, mas tambm pode ocorrer em qualquer outro rgo ou ainda afectar vrios rgos do corpo humano simultaneamente, formando leses nodulares ou tubrculos, da o nome Tuberculose. A figura 1 mostra as formas mais comuns de TB, segundo os orgos afectados no corpo humano.
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TB Heptica
TB Renal TB ssea
Fonte: Campelo et al., 2001 Figura 1. Formas mais comuns de TB, segundo os orgos afectados no corpo humano.
Portanto, a TB pode ser classificada como sendo: Pulmonar, quando o orgo afectado o pulmo. Extra-pulmonar, quando afecta outros rgos.
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3. O AGENTE ETIOLGICO DA TUBERCULOSE O agente causador da TB foi descoberto pela primeira vez em 1882, pelo Alemo Robert Koch. Trata-se de uma bactria em forma de bastonete, da a designao bacilo (figura 2).
Citoplasma
Membrana Celular
Cromossoma
Grnulos de polifosfato
Parede Celular
Fonte: Campelo et al., 2001 Figura 2. Caratersticas morfolgicas do agente causador da TB (Bacilo de Koch)
A tuberculose humana causada por cinco espcies de bactrias pertencentes ao complexo Mycobacterium tuberculosis a saber (Ministrio da Sade, 2007): M. tuberculosis M. bovis M. africanum M. microti M. canetti
Para alm dessas espcies, existem pelo menos 81 outras espcies de micobactrias classificadas como atpicas. Estas no causam TB, mas podem causar doena em determinadas circunstncias como o caso dos imunodeprimidos (Viveiros e Atouguia, 2007). 3.1. Funes dos organelos celulares Cada organelo que constitui a bactria M. tuberculosis possui funes e caractersticas especficas: Citoplasma - produo de enzimas necessrias para a biossntese celular como o caso da enzima nitrato-redutase. Membrana celular - snteze de pigmentos carotenides e niacina. A nitrato-redutase, os pigmentos carotenides e a niacina so utilizados nos testes bioqumicos para a identificao do Complexo M. tuberculosis. Grnulos de polifosfato - localizados no citoplasma, so usados nas actividades energticas, como o caso da reproduo.
Manual de Baciloscopia da Tuberculose
Parede celular - constituida principalmente por grande quantidade de lpidos, compostos pelos cidos miclicos, que so responsveis pelas propriedades tinturiais das micobactrias. So os cidos miclicos que se ligam aos corantes fucsina ou auramina O e resistem descolorao pelo lcool-cido, da a designao de BAAR (Bacilos lcool-cido Resistentes). Tambm na parede celular onde se encontra o composto factor corda (6,6 dimicolato de trealose) responsvel pelo aspecto agregado dos bacilos na leitura microscpica ou ainda pela formao de pelculas em meios de cultura lquido. Portanto, a parede celular d a forma e confere rigidez ao bacilo.
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3.1.1. Parede celular das micobactrias A parede celular das micobactrias (figura 3) apresenta as seguintes caractersticas: No se coram com GRAM So diferentes das GRAM+ e GRAMSo grossas e com grande quantidade de lpidos Possuem cidos miclicos (60% da parede) So impermeveis.
Lipoarabinaman ( LAM )
Fonte: Campelo et al., 2001 Figura 3. Ultraestrutura da parede celular das micobactrias
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4. MODOS DE TRANSMISSO DO BACILO DA TUBERCULOSE O M. tuberculosis transmitido pelo doente com doena pulmonar activa: O doente expele os bacilos da TB em pequenas gotculas de secrees respiratrias durante a fala, expiro ou tosse (figura 4). As secrees evaporam rapidamente deixando ncleos de gotculas com menos de 5m de dimetro (aerossis). Os aerossis que contm 1 a 3 bacilos podem permanecer suspensos no ar at 6 horas. A inalao dos bacilos nos aerossis atinge os alvolos pulmonares onde estes podem ser destrudos ou permanecer em estado de latncia ou ainda multiplicarem-se produzindo doena.
4.1. Risco relativo por exposio a um caso infeccioso de tuberculose O esquema abaixo apresenta o risco relativo por exposio ao bacilo segundo o nvel de atendimento ao paciente:
4.2. Grau de risco no laboratrio No laboratrio, o grau de risco nas actividades cresce segundo a sua complexidade, pois a concentrao de bacilos tambm aumenta.Veja figura 6.
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Teste de sensibilidade
Risco
Cultura
Baciloscopia
Figura 6. Grau de risco segundo a complexidade das actividades.
Portanto, a transmisso da TB depende: Da concentrao de bacilos no ar, ou seja, de partculas infectantes produzidas ou eliminadas pelo paciente bacilfero; Do tempo de exposio; Da proximidade ou convvio em ambientes fechados; De factores imunolgicos. Nota: O ar do ambiente remove os aerssois e os bacilos neles contidos so mortos pela luz solar directa que contm raios ultravioletas (UV). O desenvolvimento da TB depende muito da competncia imunolgica do indivduo, pois apenas cerca de 10% a 20% das pessoas que entram em contacto com o bacilo desenvolvem a doena.
5. MANIFESTAES CLNICAS DA TUBERCULOSE A TB manifesta-se pelos seguintes sintomas: Tosse com expectorao por mais de trs semanas, Febre, Suores nocturnos, Falta de apetite, Cansao, Falta de ar, Emagrecimento.
Manual de Baciloscopia da Tuberculose
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Os principais mtodos para o diagnstico da TB so: a) Exame clnico: Possibilita ter o diagnstico preliminar da doena baseando-se nos sintomas apresentados pelo paciente, porm, precisa de ser confirmado por outros exames.
b) Exame radiolgico do torx: Revela imagens sugestivas da doena, tambm precisa de ser confirmado por outros exames.
c) Prova ou reaco tuberculnica (PPD): Derivado protico antignico do bacilo purificado, tambm chamado teste de Mantoux em homenagem ao cientista que aperfeiou este teste criado pelo Koch. Trata-se de uma reaco intradrmica que permite saber se o indivduo entrou em contacto com o bacilo ou no.
d) Diagnstico laboratorial (baciloscopia e cultura): Permite ter o diagnstico seguro da tuberculose. A baciloscopia a pesquisa de bacilos lcool-cido resistentes (BAAR) em esfregaos de amostras preparados e corados segundo uma metodologia padronizada, atravs do microscpio. A cultura um exame que permite o isolamento e a multiplicao de BAAR, atravs da inoculao da amostra em meios de cultura especficos para micobactrias.
7. A BACILOSCOPIA A baciloscopia a pesquisa de BAAR no esfregao da amostra atravs do microscpio. Tratase de uma tcnica simples, de fcil execuo, porm de baixa sensibilidade (25% a 65%) se comparado com a cultura, pois o nmero mnimo de bacilos para que se tenha um resultado positivo de baciloscopia varia de 5.000 a 10.000 bacilos/ml da amostra.
7.1. Indicaes para a realizao da baciloscopia Na suspeita de TB pulmonar, realizar a baciloscopia para todas as amostras quer para o diagnstico, quer para o controlo de tratamento. A cultura deve ser realizada para a confirmao diagnstica em amostras de sintomticos respiratrios com baciloscopia negativa e para casos de controlo de tratamento. Na suspeita de TB extra-pulmonar, realizar simultneamente a baciloscopia e a cultura.
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Nota: Nas amostras de sangue recomenda-se a realizao da cultura por estas serem paucibacilares.
7.2. Importncia da baciloscopia A realizao da baciloscopia no caso da tuberculose pulmonar importante pois: Detecta a maioria dos casos bacilferos (70%), Limita a cadeia de transmisso, Permite avaliar o sucesso ou falncia do tratamento, um mtodo simples, rpido e de baixo custo.
7.3. Variao da curva de baciloscopia ao longo do tratamento Ao longo do tratamento dos pacientes com TB recomendvel a realizao da baciloscopia ao final do 2 e 5 ms, e aps o tratamento. No entanto, o ideal realizar a baciloscopia mensalmente para que se possa construir a curva de baciloscopia e monitorar a eficcia do tratamento (figura 7A e 7B).
A:
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B:
Fonte: Campelo et al., 2001 Figura 7. A - Curva baciloscpica de um caso de sucesso de tratamento (Cura de doena); B - Curva baciloscpica de um caso de falncia de tratamento
7.4. Tipo de amostra no diagnstico laboratorial da tuberculose Tomando em considerao a suspeita de TB ou orgo afectado, pode-se pedir a anlise -laboratorial das amostras abaixo mencionadas:
a) Tuberculose Pulmonar Expectorao, Lavado brnquico, Lavado bronco-alveolar, Lavado gstrico, Fragmento de tecido pulmonar (bipsia pulmonar).
b) Tuberculose extra-pulmonar Urina, Lquido corporal: pleural, peritoneal, asctico, sinovial, pericrdico, lquido cefalo-raquidiano (LCR), etc. Secreces ganglionares, Fragmentos de tecidos (bipsias cutneas, de vsceras, pleura, ndulos, ossos, etc), Secreces purulentas (ps), Sangue, no caso de TB sistmica (bactermia) e aspirado de medula.
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7.5. Factores que determinam bons resultados da baciloscopia Entre os factores que determinam bons resultados da baciloscopia citam-se: Indicao correcta da pesquisa de micobactrias (hiptese diagnstica correcta); Requisio da anlise laboratorial correctamente preenchida; Seleco da amostra mais representativa; Boa preparao psicolgica do paciente para a colheita de amostras; Observao dos cuidados na colheita, conservao, transporte, e recepo das amostras; Cuidados na anlise tcnica; Interpretao correcta dos resultados e Emisso do resultado a tempo (<24H).
7.6. Factores que afectam negativamente os resultados da baciloscopia Entre os factores que podem afectar negativamente os resultados da baciloscopia citam-se: Requisio da anlise laboratorial inadequada, ou mal preenchida; Colheita, conservao e transporte de amostras inadequados; Falha tcnica na anlise; Demora na emisso do resultado (>24H) e M interpretao dos resultados.
7.7. Colheita de amostras de expectorao A colheita de expectorao deve ser feita em escarradores estreis fornecidos pela Unidade Sanitria ou pelo laboratrio. Os escarradores devem ter as seguintes caractersticas: Ter altura mnima de 40mm e dimetro de 50mm; Ter tampa com rosca e larga; De plstico transparente; Com capacidade de 35 a 50ml.
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7.7.1. Instrues para a colheita de expectorao As instrues para a colheita de expectorao devem estar disponveis por escrito em todos os laboratrios e servios de consulta de tuberculose. O profissional de sade deve conhecer perfeitamente essas instrues para explicar ao paciente, e deve dirigir-se a ele cumprimentando-o. importante manter contacto visual, concentrar-se nele, manter fisionomia receptiva, usar linguagem simples e de fcil entendimento. Informar que a melhor amostra a proveniente da rvore brnquica (pulmes); a saliva ou secrees nasais so inadequadas para o exame, e so necessrias duas amostras de expectorao para um diagnstico ideal.
Colheita da 1 amostra: Lavar a boca ou buchechar com gua corrente para retirar partculas alimentares; Inspirar o ar profundamente pelo nariz, reter o ar por alguns segundos no pulmo, e expirar lentamente pela boca (realizar este procedimento duas vezes); Na terceira vez, inspirar o ar profundamente pelo nariz, reter o ar por alguns segundos no pulmo, e expirar forando a tosse; Colher a expectorao directamente para o escarrador; Se necessrio repetir estes procedimentos at atingir um volume de 5 a 10ml de expectorao; Fechar bem o escarrador e entregar ao profissional de sade.
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Nota: A 1 amostra deve ser colhida de imediato, isto , no local da consulta; num stio arejado e distante das pessoas. Se no for possvel realizar a colheita no local da consulta, o paciente deve colher a noite, antes do jantar. O profissional de sade deve entregar os escarradores j identificados e simular a tcnica de colheita durante as orientaes de colheita.
Colheita da 2 amostra: Instruir o paciente a tomar muitos lquidos durante o dia (gua, sumos, etc.) e a se deitar sem almofada, caso tenha dificuldades de expectorar; Realizar a 2 colheita no dia seguinte, logo ao acordar, seguindo as orientaes acima descritas. Levar o escarrador at ao profissional de sade o mais rpido possvel, protegendo-o do sol.
7.7.2. Local ideal para a colheita: O local ideal para a colheita de expectorao imediata (no momento da consulta) o Centro de Sade ou o laboratrio que faz baciloscopias porque a amostra recente, a colheita supervisionada, permite repetio imediata caso necessrio. Esta deve ser realizada numa sala com condies especficas de biossegurana para colheita, caso no haja, recomenda-se que a colheita seja realizada ao ar livre num lugar arejado ou com ventilao.
7.7.3. Vantagens da colheita de amostra imediata conveniente para o doente. Est disponvel uma amostra imediata no caso do doente no voltar com a 2 amostra, para alm de ser uma amostra recente e supervisionada.
7.7.4. Desvantagens da colheita de amostra imediata Pode ser de fraca qualidade (paucibacilar). Elevado risco de no detectar um caso se a primeira amostra no for examinada correctamente.
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7.7.5. Biossegurana na colheita de amostras O doente constitui um risco maior para o pessoal do que a amostra, da que o profissional deve instruir o doente a cobrir a boca quando tosse; Nunca colher expectorao no laboratrio se no possuir sala especfica para colheita; A colheita ao ar livre vantajosa porque o ar dilui rapidamente os aerossis e a luz ultra-violeta (UV) dos raios solares inactiva rapidamente os bacilos; O profissional deve usar Equipamento de Proteco Individual (EPI): mscara, respiradores N95; luvas, bata, e no deve ficar prximo do doente durante a colheita da amostra.
7.8. Conservao das amostras Se o envio das amostras de expectorao ao laboratrio ocorrer dentro de 24 horas, ou seja no mesmo dia de colheita, as amostras podero estar a temperatura ambiente protegidas da luz solar. Se a demora for no mximo de 5 dias, ento as amostras de expectorao devero ser mantidas refrigeradas entre 2 a 8 C na geleira para armazenamento do material contaminado, ou em caixas trmicas com acumuladores de gelo. Se no for possvel enviar em 24 horas ao laboratrio, e no houver geleira para armazenamento, o ideal realizar o esfregao e fixar na chama para posterior envio ao laboratrio. A conservao de amostras extrapulmonares deve ser feita entre 2 a 8 C e processada num perodo inferior a 24 horas, ou seja no mesmo dia da colheita. Nota: Tratar todas amostras como potencialmente patognicas (causadoras de doena). 7.9. Transporte de amostras 7.9.1. Paciente Levar o escarrador voltado para cima de imediato ao laboratrio, Proteger as amostras do sol, No agitar os escarradores contendo a amostra, Levar tambm o pedido mdico (requisio) e no juntar com o escarrador, Evitar o uso de caminhos muito frequentados (mercados, lojas, etc.).
7.9.2. Profissional de sade Conferir cada uma das requisies com a amostra correspondente; Colocar os escarradores voltados para cima dentro da caixa trmica (figura 9); Escolher o caminho mais prximo e com menos obstculos; No manusear as amostras durante o transporte; No colocar a requisio mdica junto a amostra; fundamental identificar o nome completo do paciente e a data; de colheita na requisio, tampa e corpo do escarrador.
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Tampa com fechamento hermtico Grades internas para acondicionamento dos potes em p Material no poroso, rgido, resistente descontaminao
Fonte: Ministrio de Sade, 2008 Figura 9. Caixa trmica usada no transporte de amostras
7.10. Fluxo de envio de amostras aos Laboratrios de Referncia da Tuberculose O envio de amostras aos Laboratrios de Referncia da Tuberculose feito quando so necessrios exames adicionais baciloscopia como o caso da cultura, identificao de micobactrias e testes de sensibilidade antibiticos. O esquema abaixo ilustra o fluxo de envio das amostras desde os Centros de Sade dos distritos at aos Laboratrios de Referncia.
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Distrito Retroinformao Lab. Provincial
( DHL ) LRRT / LNRT (Baciloscopia - 1 dia; Cultura - 8 semanas; testes de sensibilidade - 28 dias) cultura em meio lquido 6 - 9 dias Lab. Provincial Retroinformao
Figura 10. Fluxo de envio de amostras e resultados.
7.11. Recepo das amostras No acto de recepo das amostras o profissional de sade deve seguir as seguintes instrues: Abrir as caixas e verificar se as amostras esto ntegras. Caso haja vasamento ou derrame da expectorao, anotar no livro de rejeio e na requisio correspondente, e solicitar novas amostras ao remetente, Proceder imediatamente o descarte das amostras derramadas, colocando-as num tabuleiro e envolvendo-as em papel toalha, gaze ou ainda em algodo embebido em fenol a 5%, Descartar os sacos plsticos que envolviam as amostras e descontaminar as caixas trmicas com lcool a 70% ou fenol a 5%, seguindo as normas de biossegurana, s amostras em condies de serem processadas, atribuir o nmero de registo na tampa e corpo dos escarradores, bem como nas respectivas requisies, Avaliar a qualidade das amostras (figura 11) obsevando o aspecto macroscpico das mesmas e anotar no livro de registo laboratorial.
Purulenta
Mucide
Hemoptica
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Uma vez feito o registo e atribuio do nmero de ordem laboratorial, as amostras podem ser processadas, isto , submetidas a baciloscopia ou cultura.
8. PROCEDIMENTOS TCNICOS DA BACILOSCOPIA 8.1. Organizao da bancada e do material Organizar o material necessrio: a) b) c) d) e) Lamparina, Ansa metlica de 3mm, Lminas novas e limpas desengorduradas em lcool absoluto, Frasco com areia e lcool a 70%, Tabuleiro com papel-toalha e fenol a 5%.
8.2. Marcao de lminas 8.2.1. Lminas de extremidades foscas a) Identificar correctamente cada lmina com o nmero de amostra, b) Usar lpis de carvo ou de diamante para escrever os nmeros na extremidade fosca da lmina, c) Usar uma nica lmina para cada amostra. Exemplo: 123/1 para 1 amostra e 123/2 para a 2 amostra. 8.2.2. Lminas de extremidades lisas (no foscas) a) Identificar correctamente cada lmina com o nmero de amostra, b) Usar lpis de diamante para escrever os nmeros numa das extremidades da lmina, c) Usar uma nica lmina para cada amostra. Exemplo: 123/1 para 1 amostra e 123/2 para a 2 amostra. 8.3. Preparaco de esfregao a) Mergulhar a ansa na areia com lcool a 70%, b) Esterilizar a ansa na lamparina (at a ansa tornar-se rubra/ vermelha), c) Arrefecer a ansa,
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d) e) f) g)
Colher uma parte da amostra com a ansa escolhendo a poro mais purulenta (figura 12), Colocar a amostra no centro da lmina, Fazer o esfregao o mais fino possvel cobrindo uma rea de 2x1cm, Passar a ansa no frasco contendo areia com lcool para remover resduos de expectorao e esterilizar de novo na lamparina, h) Realizar os mesmos procedimentos para a 2 amostra.
Figura 12. Parte purulenta da amostra por colher com ansa durante a execuo do esfregao.
8.4. Secagem e fixao de esfregaos a) Deixar secar os esfregaos ao ar livre, b) No usar a chama para secar os esfregaos e nem colocar ao sol, c) Aps a secagem, fixar o esfregao passando 3 vezes pela chama da lamparina ou bico de Bunsen. Ateno: a parte que contm o esfregao deve estar voltada para cima, isto , a chama deve atingir a parte de baixo do esfregao (figura 13).
8.5. Colorao do esfregao - Mtodo de Ziehl-Neelsen O princpio da colorao do esfregao pelo mtodo de Ziehl-Neelsen basea-se na resistncia descolorao da fucsina na parede celular do bacilo, aps lavagem com solues lcool-cido. Assim, proceder da seguinte maneira: a) Colocar as lminas sobre um suporte, com a parte do esfregao voltada para cima, b) Cobrir as lminas na totalidade com fucsina a 0.3%, c) Aquecer as lminas lentamente at a emisso de vapor, d) Deixar arrefecer 5-7 minutos, e) Lavar as lminas com gua corrente, f) Cobrir as lminas com a soluo lcool-cido ou cido sulfrico a 20%, g) Deixar actuar durante 2 minutos, h) Lavar com gua corrente, repetir a operao se necessrio, i) Cobrir as lminas com azul de metileno a 0.3%, j) Deixar actuar durante 2-3 minutos, k) Lavar com gua corrente e secar ao ar livre. Nota: Aconselha-se a filtrar a fucsina e o azul de metileno com papel de filtro e no deixar ferver a fucsina, nem secar as lminas durante o processo de aquecimento.
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Bom
Bom
Irregular
Figura 14. Aspectos adequados e inadequados de esfregaos (tamanho e expessura).
Demasiado fino
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8.7. Observao microscpica de esfregaos a) Limpar bem as objectivas do microscpio; b) Colocar a lmina na platina e focar com objectiva de 10x com ajuda do parafuso macromtrico e micromtrico; c) Colocar 1 gota de leo de imerso sobre a lmina; d) Usar a objectiva de 100x e focar at o aparecimento de uma imagem bem ntida; Na colorao pelo mtodo de Ziehl- Neelsen, os bacilos aparecem em forma de basto avermelhados, por vezes isolados ou agrupados ou ainda fragmentados (pacientes em tratamento), com um fundo azul (figura 15).
8.7.1. Tcnica de contagem e leitura de lminas a) Dividir mentalmente o campo em quatro quadrantes: 12, 3, 6, 9 no sentido horrio, b) Iniciar a contagem pelo quadrante superior direito entre os nmeros 12 e 3, focando e desfocando com parafuso micromtrico, c) Contar mentalmente os bacilos na superfcie e na profundidade, d) Continuar com a contagem nos outros quadrantes, no sentido horrio (figura 16).
12
6
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e) Anotar o nmero total de bacilos contabilizados no papel quadriculado de leitura microscpica, onde cada grelha corresponde a um campo (figura 17).
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8.7.2. Mudana de campo microscpico Para mudar de campo durante a leitura microscpica, procura-se um ponto de referncia, que pode ser um artefacto, uma fibra, um bacilo, etc. Partindo do ponto 3 move-se o campo at o ponto 9 do campo seguinte, como mostra a figura 18.
12
12
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8.8. Emisso de resultados Depois de preenchidas as grelhas correspondentes aos nmeros de campos observados durante a leitura microscpica, determina-se a mdia pela diviso do total de bacilos observados pelo nmero total de campo lidos: Negativo: nenhum BAAR em 100 campos,
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Contagem exacta: 1-9 BAAR em 100 campos; neste caso menciona-se o nmero de bacilos observados, Positivo +: 10 a 99 BAAR em 100 campos, Positivo ++: 1 a 10 BAAR por campo, Positivo +++: mais de 10 BAAR por campo, 1 a 4 BAAR aps 200 campos, o resultado duvidoso. Aconselha-se a pedir novas amostras!
Por exemplo:
8.9. Registo de resultados Emitir o resultado dentro de 24 horas, Lanar os resultados no livro de registo, na requisio, e no programa informatizado, se existir, Guardar as lminas positivas e negativas em laminotecas, por um perodo no superior a 6 meses, para avaliao externa de qualidade.
9.1. Material e reagentes necessrios a) Material Frasco Funil Papel de pesagem Provetas graduadas Frascos de reagentes limpos Etiquetas
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b) Reagentes qumicos Fucsina bsica Fenol lcool Azul-de-metileno cido sulfrico gua destilada
Diversos Luvas Bata de laboratrio culos de proteco Lminas de controlo de qualidade Caderno ou livro de registo
9.2. Especificaes e correo da pureza do corante (em p) As especificaes de quaisquer reagentes vem indicados no rtulo do frasco ou recipiente que contm o mesmo. Estas especificaes so indicadas pelo fabricante e a sua verificao antes da compra e uso dever de cada cliente. Uma vez verificadas as especificaes do corante, e tendo-se notado que o teor encontra-se abaixo do recomendado, necessrio proceder as correces. Por exemplo: Sabe-se que o teor recomendvel do p da fucsina bsica de 85%, para preparar uma soluo de fucsina bsica a 0.3%, a partir de 3g. Se o teor do p da fucsina bsica fr de 75%, este equivale ao decimal de 75% = 0.75. Ento 3g / 0.75 = 3.99 g = 4.0g. Portanto, ser necessrio pesar 4.0g de p de fucsina bsica para preparar uma soluo de fucsina bsica a 0.3%.
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9.3. Qualidade da gua A gua para preparao de solues deve estar livre de micobactrias, da que deve ser destilada ou purificada e esterilizada. Nota: Nunca usar gua da chuva, da torneira ou gua fervida para preparar solues pois contm impurezas.
9.4. Preparao de fucsina a 0.3% Reagentes a) b) c) d) P de fucsina bsica: 3 gramas, Fenol: 50 gramas, 100 ml de etanol ou metanol a 95%, gua destilada e esterilizada.
Preparao: a) b) c) d) Dissolver o fenol em lcool, Dissolver a fucsina completamente na mistura, Adicionar a gua at perfazer 1000ml de Soluo, Misturar bem.
9.5. Preparao de azul de metileno a 0.3% Reagentes a) P azul de metileno: 3 gramas, b) gua destilada: 1 litro. Preparao: a) Colocar 500 ml de gua num frasco de 2 litros, b) Adicionar o azul de metileno e misturar bem at ficar completamente dissolvido, c) Adicionar a gua restante, misturar bem.
9.6. Preparao da soluo de descolorao Reagentes a) cido sulfrico a 95%: 250 ml. b) gua: 750 ml. Preparao: a) Medir 750 ml de gua para um frasco de 2 litros, b) Medir 250 ml de cido sulfrico concentrado numa proveta, c) Verter lentamente para o frasco com a gua, dirigindo o fluxo do cido suavemente atravs da parede interior do frasco, d) Parar e girar o frasco regularmente dado que gerado muito calor at ser adicionar todo o cido, e) Misturar bem e deixar arrefecer antes de utilizar.
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9.7. Soluo de descolorao alternativa Reagentes a) cido clordrico (fumegante) - 30 ml, b) lcool desnaturado (ex: ethanol 96%) - 970ml.
Preparao: a) Colocar 970ml de lcool desnaturado a 95% a um frasco de 2 litros, b) Adicionar 30ml de cido lentamente, c) Misturar bem e deixar arrefecer antes de utilizar.
9.8. Controlo de qualidade dos reagentes a) b) c) d) Corar duas lminas: uma positiva e outra negativa de resultados previamente conhecidos, Verificar se o fundo azul, Registar o resultado da obsevaco microscpica, Registar os resultados no livro de controlo de qualidade de reagentes.
9.9. Rotulagem e armazenamento de reagentes Cada frasco ou recipiente com reagente deve ser rotulado pelo menos com: Nome do reagente, Data de preparao e prazo de validade (3 Meses). Armazenar todos os reagentes em local fresco e fora do alcance directo da luz solar.
9.10. Substncias qumicas usadas para o diagnstico laboratrial da tuberculose como reagente ou desinfectante (Tabela 1)
Substncias qumicas lcool PA Indicaes A 70% usado para desinfeco das mos, bancadas e preparao de reagentes A 20% ou 25% usado na descolorao no Mtodo de Ziehl - Neelsen Contraindicaes altamente inflamvel e txico Armazenamento A temperatura ambiente, longe do lume ou fascas Validade Segundo o fabricante, ou 12 meses aps a preparao Segundo o fabricante ou 3 meses aps a preparao Segundo o fabricante ou 3 meses aps a preparao 3 meses aps a preparao Mtodo de descarte* Na rede de esgoto comum em abundante gua
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cido Sulfurico PA
Ao abrigo da luz solar em frascos escuros ou de vidro esfumado e a temperatura ambiente, em local sem humidade e longe do lume Ao abrigo da luz solar em frascos escuros ou de vidro esfumado e a temperatura ambiente, em local sem humidade e longe do lume A temperatura ambiente, em local sem humidade e longe do lume Armazenamento Ao abrigo da luz solar em frascos escuros ou de vidro esfumado e a temperatura ambiente, em local sem humidade e longe do lume Ao abrigo da luz solar em frascos escuros ou de vidro esfumado e a temperatura ambiente A Temperatura ambiente
cido Clordrico PA
A 0,5% ou 3% usado como descorante no mtodo de fluorescncia e no mtodo de Ziehl - Neelsen A 3% usada como descorante no mtodo de Ziehl- Neelsen Indicaes A 0,3% ou 0,5% usado na colorao de Ziehl- Neelsen
Na rede de esgoto comum em abundante gua Mtodo de descarte* Na rede de esgoto comum em abundante gua
Azul de metileno a
txico
leo de Imerso
Usado como refratante de raios luminosos na observao microscpica A 0,01% usado no Mtodo de fluorescncia
txico
Segundo o fabricante
Na rede de esgoto comum em abundante gua Na rede de esgoto comum em abundante gua Na rede de esgoto comum em abundante gua Na rede de esgoto comum em abundante gua Na rede de esgoto comum em abundante gua
Soluo de Auramina O
Ao abrigo da luz solar em frascos escuros ou de vidro esfumado e a temperatura ambiente A Temperatura ambiente
A 0,5% usado como descorante no mtodo de fluorescncia A 0,5% usado como descorante no mtodo de fluorescncia A 5% usado como desinfectante (tabuleiros inox ou amostras biolgicas para descarte) A 2% ou a 5% usado como desinfectante (soalho ou amostras biolgicas para descarte)
txico
Ao abrigo da luz solar em frascos escuros ou de vidro esfumado e a temperatura ambiente A Temperatura ambiente
Soluo de fenol
altamente corrosivo e cancergeno (txico) altamente corrosivo e irritante. No usar em superfcies metlicas
Segundo o fabricante ou 12 meses aps a preparao Segundo o fabricante ou 3 meses aps a preparao
A Temperatura ambiente
Ateno: o descarte de substncias e resduos qumicos deve ser de acordo com as regras de proteo ambiental.
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10. MICROSCPIO PTICO COMPOSTO O microscpio um aparelho usado para ampliar e aumentar o poder de resoluo de estruturas minsculas impossveis de visualizar a olho n atravs de uma srie de lentes. micros = pequeno e skopein = ver, examinar 10.1. Composio do microscpio ptico composto
Legenda: Parte mecnica 2) Revlver; 3) Mesa ou Platina; 4) Comando; 5) Parafuso macromtrico; 6) Parafuso micromtrico; 10) Dois parafusos centralizados do condensador; Parte ptica 1) Oculares; 7) Diafragma; 8) Condensador; 9) Boto do condensador; 11) Fonte luminosa; 12) Controlo de iluminao
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10.2. Cuidados e manuteno do microscpio a) Colocar sempre o microscpio numa mesa ou bancada plana e estvel, nunca nos bordos, b) Evitar colocar o microscpio perto de reagentes qumicos, gua ou descargas de gs corrosivo, c) Quando no estiver em uso, manter o microscpio na sua caixa ou proteg-lo da poeira usando uma capa plstica, d) Evitar a exposio do microscpio humidade, e) Transportar com as duas mos, uma segurando firmemente o brao do microscpio e a outra suportando a base, f) Limpar as lentes com tecido de algodo limpo, g) Limpar as objectivas com tecido de algodo limpo, embebido em lcool, h) Limpar regularmente o microscpio com um pano de algodo seco, i) Aps observao com o leo de imerso, limpar de imediato.
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11.
EXERCCIOS DE APLICAO
Parte - I 1) 2) Dadas as figuras abaixo diga que fenmeno se trata? _____________________________ Identifique as figuras:
(1)
3 ____________________________________________________________________________ 4 ____________________________________________________________________________
5 ____________________________________________________________________________
A
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Parte - III 1- Para descobrir casos de TB na comunidade, devemos pesquisar: a) b) c) d) e) Sintomticos respiratrios, Comunicantes de casos de TB, Suspeitos radiolgicos, Pessoas com condio social e doenas que predisponham a TB, Todas alternativas esto corretas.
2. Em relao colheita de expectorao para pesquisa do Bacilo de Koch: a) Devem ser colhidas duas amostras, uma no momento da suspeita e a segunda no dia seguinte ao despertar, b) Pode ser armazenada na geleira por at 5 dias, c) um mtodo simples e barato, d) As amostras devem ser encaminhadas de preferncia no mesmo dia da colheita para o laboratrio, e) Todas as alternativas so corretas.
3. O local adequado para colheita de expectorao deve ser: a) b) c) d) e) Na casa de banho dos doentes, onde mais privativo, Na sala de medicaes, onde o profissional de enfermagem pode acompanhar e orientar, Na sala de inalao, pois se tiver dificuldade, far inalao, Em local reservado, por ser mais privativo, Em local em que haja trocas de volumes de ar, ou local aberto.
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4. Uma boa amostra de expectorao aquela que provm: a) b) c) d) e) Da rvore brnquica, Da faringe, De aspiraes de secrees nasais e pulmonares, Da faringe, de secrees nasais e da rvore brnquica, Da saliva e pulmonar.
6. A orientao para a colheita de expectorao a seguinte: a) Expectorar o quanto puder, no escarrador, b) Respirar fundo, segurar o ar o mximo possvel e por fim, expectorar no escarrador. Repetir este procedimento, se necessrio, c) Inspirar profundamente, reter o ar por alguns instantes, tossir e expectorar no escarrador. Repetir este procedimento por trs vezes at atingir a quantidade necessria, d) Inspirar profundamente, reter o ar por alguns instantes, tossir por trs vezes e expectorar no escarrador a quantidade necessria, e) Inspirar profundamente, reter o ar por alguns instantes, tossir o mximo possvel, para que se consiga o mximo de secreo e, por fim, expectorar no escarrador de colheita.
7. Na colheita de expectorao: a) b) c) d) e) Todos os doentes com secreo tm muita facilidade de colher a amostra, Independente de idade e de sexo, todos conseguem colher a amostra, Mulheres, crianas e portadores de HIV e SIDA tm dificuldade de colher a amostra, Quanto mais idoso, mais facilidade de colher a amostra, Com a orientao correcta, todos conseguem colher a amostra.
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8. A segunda amostra de colheita de expectorao deve ocorrer logo ao despertar porque: a) Deve-se ter um perodo para colher uma amostra diferente da primeira; b) Se obtm uma amostra mais abundante pois as secrees pulmonares se acumulam durante a noite; c) A quantidade de tosse maior do que no restante do dia; d) Durante o dia, quando o doente/paciente est activo, tem que tossir mais para se colher a amostra; e) Todas esto correctas.
9. Os bacilos que conseguem atingir os alvolos e causar infeco pulmonar so: a) Os provenientes da tosse, fala e espirro do doente; b) As gotculas de Flgger; c) Os ncleos de Wells (aerossis); d) Os das gotculas de Flgger e dos ncleos de Wells; e) Todas as alternativas anteriores;
Parte - IV 1. Dada a figura a baixo diga como classifica o tamanho dos esfregaos e identifique outros problemas?
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2 x 3 cm
1 x 2 cm
R: ___________________________________________________________________________________________
3. No que se refere a espessura dos esfregaos, qual deles classifica como demasiado fino, bom e demasiado espesso?
A___________________
B____________________
C_____________________
R: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________
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5. Dadas as figuras abaixo explique qual o efeito do tempo da fucsina na intensidade de BAAR?
2 min.
3 min.
5 min.
R: _______________________________________________________________________________________
6. Dada a figura abaixo explique qual o efeito do no aquecimento da fucsina at produzir vapor?
R: _____________________________________________________________________________________ 7. Qual das situaes explica a figura abaixo: descolorao por mais de um minuto e concentrao de azul de metileno maior que 0,3%?
R:________________________________________________________________________________________
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8. Que fenmeno explica as imagens das figuras abaixo: descolorao correcta, descolorao insuficiente, riscos e aranhes no vidro da lmina, fixao excessiva pelo calor, depsito de fumo na face inferior da lmina.
G R: A______________________________ B ________________________________________ C______________________________ D ________________________________________ E______________________________ F_________________________________________ G______________________________ 9. Diga quais so as possveis implicaes que esses erros da preparao de esfregaos podem ter no resultado? E como evit-los? R: ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________
Parte - V 1. Dadas as figuras abaixo que se referem aos procedimentos da baciloscopia descreva cada uma delas:
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A_____________________
B____________________
C______________________
D____________________
E_______________________
F______________________
G____________________
H_______________________
I_______________________
J____________________
L_______________________
M_______________________
N__________________
O______________________
P______________________
Q____________________
R______________________
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Parte - VI 1. Dados os papis quadriculados para leitura microscpica de lminas, preencha-os e d o resultado final.
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Legenda:
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Parte - I 1- Descrio dos procedimentos para colheita de amostras de expectorao para pesquisa laboratorial do Micobacterium tuberculosis. 2- Identificao das figuras; 2.1. Lavar a boca com gua limpa (buchechar) para retirar partculas alimentares; 2.2. Abrir o escarrador; 2.3. Inspirar, reter o ar no pulmo por alguns segundos e expirar pela boca lentamente; 2.4. Inspirar de novo, reter o ar no pulmo por alguns segundos e expirar pela boca com fora; 2.5. Inspirar e reter o ar no pulmo por alguns segundos, expirar com fora e tossir; colocar a expectorao no escarrador, fechar bem a tampa e guardar num local escuro, fora do alcance das crianas.
Parte IV 1- O tamanho regular, ou seja bom, porm o problema est no facto das lminas terem sido marcadas por um marcador tinta, em vez de serem marcadas com lpis de diamante ou de carvo; pois durante a colorao a tinta pode descorar com solues lcool-cido e perder-se a identificao das lminas.
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2 - B) 3 - A-Bom B - Demasiado fino C - Espesso 4 - 1- O problema est no facto da lmina ter sido marcada com um marcador tinta (feltro), 2 - O tamanho do esfregao no ideal, pois demasiado grande, 3 - O esfregao demasiado fino, 4 - O esfregao no se encontra no centro da lmina, 5 - Uma lmina com diferentes esfregaos aumentando a probabilidade de contaminao e de erro. 5 - A fucsina no adere s micobactrias em apenas 2 minutos; aos 3 minutos fica um pouco aderente; e aos cinco minutos fica mais aderente, tornando mais visveis as micobactrias. 6 - Quando no se aquece a fucsina fica pouco aderente parede celular das micobactrias, pois com o aquecimento, o calor faz com que a fucsina penetre atravs da parede celular (bicamada lipdica) das micobactrias para o interior (citoplasma celular). 7 - A- Descolorao por mais de um minuto; B- Concentrao excessiva de azul de metileno (maior que 0,3%). 8 - A, B e C- Descolorao insuficiente; D- Decolorao correcta; E- Fixao excessiva; F- Riscos e aranhes na lmina; G- Depsito de fumo na face inferior da lmina. 9 - As possveis implicaes desses erros resultantes da m preparao das lminas so: podem induzir a falsos positivos ou falsos negativos. Da que para evitar estes tipos de erros deve-se observar rigorosamente os procedimentos tcnicos descritos nos Procedimentos Operacionais Padro de baciloscopia. 10 - Outras situaes incorrectas acima mencionadas so: Na figura G- tamanho irregular dos esfregaos, marcao das lminas com marcadores a tinta (feltro), em vez de lpis de diamante ou de carvo.
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Parte - V 1. A - Processo de marcao da lmina, B - Retirada da expectorao do escarrador atravs da ansa, C - Preparao do esfregao, D - Fixao do esfregao na chama, E - Colocao das lminas sobre um suporte para colorao, F - Cobertura da lmina com fucsina a 0,3%, G - Passagem da chama por baixo das lminas, H - Lavagem das lminas com gua corrente, I - Retirada do excesso da gua das lminas, J - Descolorao com soluo lcool cidas ou cido sulfrico a 20%, L - Lavagem com gua corrente, M - Retirada do excesso de gua, N - Colocao da soluo de azul-de-metileno a 0,3%, O - Retirada do excesso da soluo de azul-de-metileno, P - Lavagem com gua corrente, Q - Secagem das lminas ao ar livre, R - Observao das lminas ao microscpio.
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Parte - VI
1. A) N de bacilos = 7; N de campos = 100; Mdia= 7/100 Resultado: 7 bacilos em 100 campos B) N de bacilos= 330; N de Campos = 50; Mdia= 330/50 Resultado: ++ C) N de bacilos= 389; N de Campos = 30; Mdia= 389/30 Resultado: +++ D) N de bacilos = 95; N de campos = 100; Mdia = 95/100 Resultado: + 0,07 por campo; 6,6 bacilos por campo; 12,97 bacilos por campo; 0,95 bacilos por campo;
2. Legenda: 1 - Ocular 2 - Revlver 3 - Mesa ou Platina 4 - Comando 5 - Parafuso macromtrico 6 - Parafuso micromtrico 7 - Diafragma 8 - Condensador 9 - Boto do condensador 10 - Dois parafusos centaralizadores do condensador 11 - Fonte luminosa 12 - Controlo de iluminao
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICA
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