Intervalos
Intervalos
Intervalos
Apostila de Intervalos
Por Eduardo Élleres
©2001
Era uma bela manhã de quarta-feira. Eu tinha na época nove anos de experiência como professor de
guitarra, estudava como um louco, treinava horas a fio, mas não estava saindo do lugar. Resolvi voltar no tempo e
re-aprender tudo. Estava certo de que o problema estava em algum ponto mal aprendido.
Comecei a estudar do zero mesmo, nome das notas, tom e semitom, etc... Pensei bastante sobre tudo o que
eu realmente sabia. Mas veja bem: saber mesmo, não só entender e capengar para lembrar. Saber como a gente sabe
quanto é dois mais dois, qual o nosso nome; coisas assim considero sabidas mesmo.
Pouco tempo depois, me dei conta de que não sabia tão bem assim coisas que achava que dominava. E a
mais importante delas vou apresentar nessa apostila. Sejam bem vindos ao maravilhoso mundo dos intervalos....
Bom, intervalos. Primeira coisa: intervalo é só uma distância. Só isso. Ele é uma distância entre duas notas.
Agora, a importância disso fica clara quando pensamos que acordes e escalas são formados por grupos de notas e se
alterarmos uma nota que seja, alteramos totalmente o som desse acorde ou escala. É exatamente essa arquitetura do
som, esse posicionamento, essa distância entre uma nota e outra que vai nos dar os diferentes sons das escalas e
acordes.
A primeira coisa que a gente vê em música é a escala de Dó maior, sempre! A gente vai ver todos os
exemplos de tudo em Dó maior, por um motivo bem óbvio, é tudo branquinho, não tem acidentes, não tem
problemas. E os tais dos intervalos vêm exatamente da escala maior.
A gente vai usar a escala maior como régua para medir tudo. Ela não é a primeira coisa que a gente estuda?
A escala mais simples e tal? Então pronto. É dela que vamos partir. Primeiro, escreva a escala de Dó maior:
C D E F G A B C
C D E F G A B C
Tônica 2 3 4 5 6 7 8
O primeiro grau é chamado de tônica, ele é a nota mais importante da escala, a partir dela vamos medir
todas as distâncias e relações entre ela e as outras notas da escala. Não é à toa que ela é a nota que dá nome à escala.
A tônica é sempre o nosso ponto de partida para medição dos intervalos. Nesse caso, Dó é o nosso ponto inicial.
Então, temos Tônica, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8. Essa é a escala maior, certo? Pois chamemos as distâncias de maiores
também. Fica:
C D E F G A B C
Mas temos um probleminha aqui... É que alguns desses intervalos não podem ser chamados de maiores.
Existem alguns intervalos cujas ondas vibram de uma maneira muito perfeita, muito coerente. Eles funcionam em
quase perfeita sincronia e têm uma qualidade sonora que não aparece em nenhum dos outros intervalos. Por isso,
eles foram denominados "perfeitos" ou "justos". Esses intervalos perfeitos são a primeira, a quarta, a quinta e a
oitava.
A primeira justa é um intervalo que vai de uma nota até ela mesma. Por exemplo, quando afinamos uma
corda de violão, estamos fazendo um intervalo de primeira justa. Tocamos uma nota e afinamos a outra até que elas
estejam emitindo a mesma vibração. Bom, voltemos ao quadro, agora renomeando 4, 5 e 8...
C D E F G A B C
Agora, vamos preencher as lacunas. Sabemos que existe um semitom entre as notas Mi-Fá e Si-Dó, e um
tom entre os outros pares adjacentes (Dó-Ré, Ré-Mi, Fá-Sol, Sol-Lá e Lá-Si).
Entre as noras Dó e Ré, temos um intervalo de 2maj. Confere? Afinal, acabamos de nomear esses
intervalos a partir da escala maior. Qualquer dúvida, é só rever os parágrafos anteriores. Veja isso aqui.
C - Db - D
Se entre Dó e Ré é uma segunda maior, qual seria o intervalo entre Dó e Ré bemol? A chave para entender
teoria é lembrar que ela é sempre mais simples do que parece... Qual o contrário de maior? Menor!!!
Se temos duas bolas "o" e "O", e eu digo que a segunda bolinha é maior, o lógico é que a primeira bolinha
vai ser menor. Bola maior e bola menor, segunda maior e segunda menor. É simples assim.
Seguindo essa lógica para os intervalos maiores, nosso quadro fica assim:
C Db D Eb E F G Ab A Bb B C
( 1J)
Vamos fazer uma pausa para dar uma olhadinha em um problema que pode aparecer agora. Lembram de
enarmonia? É quando temos duas notas com nomes diferentes, mas com o mesmo som. Por exemplo, Dó sustenido e
Ré bemol. Há um detalhe a ser lembrado aqui. A primeira parte do nome de um intervalo é o número; depois vem a
qualidade do intervalo (menor, maior, justo, etc.)
A primeira coisa a ser vista é o número. Não importam acidentes na contagem; só o número de notas
envolvidas. Se tivermos que calcular, por exemplo, o intervalo entre C e Db, contamos quantos nomes de nota estão
envolvidos, no caso dois, C e D. Portanto, esse intervalo C-Db é algum tipo de segunda.
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Agora, se o intervalo fosse C-C# em vez de Cdb, ele seria uma primeira, porque só estamos usando um
nome de nota. Lembre-se que acidentes não contam ainda; só estamos contando nomes de nota. C e C# usam o
mesmo nome. Portanto esse intervalo é uma primeira alguma coisa. Não se preocupe com que tipo de primeira ela é.
Vamos ver isso mais tarde, o.k.?
A úmica lacuna a ser preenchida é a nota entre F e G. O intervalo seria C-F# ou C-Gb. Se ele for C-F#, o
processo é o seguinte: C-F é uma quarta justa, quando eu coloco o sustenido no F, ele se afasta do C, certo? O efeito
disso é que o intervalo entre elas aumenta. Não podemos dizer que esse intervalo agora é uma quarta maior porque
não existe quarta menor, muito menos quarta maior!
A quarta, como a quinta, a oitava e a primeira, são intervalos perfeitos, justos. Lembra que eu disse que
tudo em teoria é mais simples do que parece? Qual seria o nome desse intervalo agora que ele foi aumentado?
Quarta aumentada (escrevemos 4#, 4aum ou 4aug). Simples assim!
Se o intervalo for C-Gb, o processo é o contrário, C-G é uma quinta justa. Quando colocamos o bemol no
G, ele se aproxima do C, fazendo com que o intervalo diminua. Era uma quinta justa, vira uma quinta diminuída ou
diminuta (escrevemos 5b ou 5dim). Tudo o.k.?
Antes de voltarmos ao quadro, saiba do seguinte: precisamos tanto da quarta aumentada quanto da quinta
diminuta no quadro, por razões que eu vou explicar em detalhes mais à frente. òr enquanto, a única enarmonia de
intervalos que vamos usar í essa entre quarta aumentada e quinta diminuta, mas lembre-se que elas representam o
mesmo som. Vai haver momentos em que precisaremos chamar esse som de quinta diminuta, em outros da quarta
aumentada. A escolha vai ser feita de acordo com a função que cada intervalo tem na melodia/harmonia. Vamos ao
quadro?
C Db D Eb E F F#/Gb G Ab A Bb B C
(1J)
Gaste algum tempo com essa sequência, só prossiga quando ela estiver entendida e aprendida. Conheça-a
de trás pra frente e de frente pra trás. Basta lembrar que a quarta, a quinta e a oitava são justas, temos a quarta
aumentada/quinta diminuta entre a quarta e a quinta justas e o resto é menor e maior.
C D E F G A B C
Vamos resumir isso? Todos os intervalos que podem ser justos são justos, todos os intervalos que podem
ser maiores são maiores. Em vez de lembrar de "Tônica, segunda maior, terça maior, quarta justa, quinta justa, sexta
maior, sétima maior, oitava justa" como a fórmula para a escala maior, que tal "tudo maior e justo"?
Vamos calcular alguns intervalos tendo o C como tônica e ver como isso funciona?
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Qual a terça maior de C? A fórmula de C é tudo maior e justo, certo? Então a terça já vem maior! É só
contar três notas a partir de C: C, D, E. A resposta é E. O processo é o mesmo para qualquer intervalo maior ou justo
a partir de C.
E se o intervalo não for maior ou justo? Que tal a sexta menor de C? C é tudo maior e justo, então a sexta é
maior. Para chegar a sexta menor, coloco um bemol nela, agora é só contar: C, D, E, F, G, A. Se A é a sexta maior,
Ab é a sexta menor!
E a quinta diminuta de C? C é tudo maior e justo, então a quinta é justa. Para fazê-la diminuta, coloco um
bemol. Agora é só contar: C, D, E, F, G. Coloco o bemol e pronto, a resposta é Gb.
O cálculo para qualquer intervalo com o C como Tônica é simples, e quanto a C# ou Cb? Quase a mesma
coisa, é só um detalhe a mais. Vamos ver um pouco de matemática.
C-D é uma segunda maior. Se C-D é uma segunda maior, C#-D# e Cb-Db também são segundas maiores!
Se a Tônica C tiver um acidente, coloque em todas as notas da escala o mesmo acidente (C#, D#, E#, F#, G#, A#,
B#, C# ou Cb, Db, Eb, Fb, Gb, Ab, Bb, Cb), que a relação entre as notas permanecerá a mesma, tudo maior e justo.
Outro exemplo, que tal a sétima maior de C#? C é tudo maior e justo, é só contar até a sétima que
chegaremos a sétima maior. Mas lembre-se, nossa Tônica dessa vez é C#, então todas as notas terão sustenido
também para manter as mesmas distâncias entre as notas. Agora é só contar: C#, D#, E#, F#, G#, A#, B#. Pronto, a
sétima maior de C# é B#!
E se fosse a quarta aumentada de Cb? C é tudo maior e justo, contamos a escala com bemóis e quando
chegarmos à quarta, teremos que subi-la meio tom, certo? Cb, Db, Eb, Fb. Subo Fb meio tom tirando o bemol dele e
a resposta é F.
Se todos os intervalos fossem contados a partir de C, C# ou Cb, era o fim da estória. Mas temos ainda que
ver como vamos fazer para calcular intervalos a partir de outras tônicas.
Vamos ver se conseguimos achar as fórmulas para as outras Tônicas? Primeiro passo: escrever as outras
séries de notas...
C D E F G A B C
D E F G A B C D
E F G A B C D E
F G A B C D E F
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G A B C D E F G
A B C D E F G A
B C D E F G A B
Agora, contamos os intervalos entre cada uma das tônicas e as notas de suas respectivas séries. Vamos usar o D
como exemplo...
D Eb E F F# G G#/Ab A Bb B C C# D
Tônica 2min 2maj 3min 3maj 4J 4#/ 5b 5J 6min 6maj 7min 7maj 8J
Não é necessário colocar todas as notas, só as naturais. Só coloquei as notas com acidentes para fechar os
doze semitons e completar a oitava. Lembre que entre cada intervalo da série há um semitom (menos entre 4# e 5b,
eles representam o mesmo som!!).
C D E F G A B C
D E F G A B C D
E F G A B C D E
F G A B C D E F
G A B C D E F G
A B C D E F G A
B C D E F G A B
Lembram que nós resumimos a fórmula de C como "tudo maior e justo"? Vamos procurar outra série que
possa ser resumida com essa simplicidade. Dê uma olhada no E. Que tal chamá-lo de tudo menor e justo? Olhando
as outras séries, quase todas seguem um caminho ou outro, ou são predominantemente maiores ou menores, menos o
D. No caso do D as coisas se complicam um pouco, porque ele pode ser Tudo maior e Justo com 3min e 7min ou
Tudo menor e justo com 2maj e 6maj. Vamos deixar esse problema de lado por enquanto e resumir as outras séries.
De volta ao quadro...
C D E F G A B C
D E F G A B C D
D => Tudo maior e Justo com 3min e 7min ou Tudo menor e justo com 2maj e 6maj
E F G A B C D E
F G A B C D E F
G A B C D E F G
A B C D E F G A
B C D E F G A B
Tudo bem? Não fizemos nada diferente do que já estava escrito, só resumimos as fórmulas. Agora vamos
resolver o problema do D. Para isso, precisamos nos adiantar um pouco e falar sobre harmonia, a arquitetura dos
acordes.
A esmagadora maioria das músicas que se escuta no ocidente obedece a um sistema de montagem de
acordes chamado "harmonia tertiana", que consiste no seguinte: nossos acordes serão montados usando terças
sobrepostas. Veja só...
Como tudo em teoria, é mais simples do que parece. Escolhemos uma Tônica, no caso C. Seguindo a
escala, a terça (não importa por enquanto se essas terças são menores ou maiores) de C é E. Depois colocamos a
terça do E, que é G, depois a terça do G, que é B e pronto, montamos um acorde!
Essas quatro primeiras notas, Tônica, 3, 5 e 7, são as mais importantes na montagem de acordes, são elas
que caracterizam que tipo de acorde ele vai ser. Dessas quatro notas, a que vai ter mais importância (fora a Tônica) é
a terça, a partir dela caracterizam-se dois grandes grupos, os acordes com terça maior (maiores) e os acordes com
terça menor (menores). E o que isso tem a ver com o D? Vamos ver que intervalos teria o acorde montado só com
notas naturais tendo o D como Tônica...
D E F G A B C D
Agora, compare os intervalos desse acorde com os intervalos que montariam os acordes a partir das nossas
outras Tônicas (C, E, F, G, A, B)...
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C D E F G A B C
D E F G A B C D
E F G A B C D E
F G A B C D E F
G A B C D E F G
A B C D E F G A
B C D E F G A B
Tudo tranquilo? Usamos a regra de terças sobrepostas, tiramos os intervalos do nosso já velho conhecido
quadro e tudo certo. Vamos agrupá-los pela semelhança entre eles...
C D E F G A B C
F G A B C D E F
G A B C D E F G
A B C D E F G A
B C D E F G A B
Em qual deles o D (T, 3min, 5J, 7min) encaixa melhor? A escolha é simples, ele tem 3min e 7min, se
parece mais com a família menor do que com a maior, lembra que 3 e 7 são importantes? Então está definida a
última fórmula: D é Tudo menor e Justo com 2maj e 6maj. Mas duas exceções? Tudo bem, de um jeito ou de outro
ele teria duas exceções, mas na família menor ele tem mais compatibilidade, então é lá que ele fica. Fechamos o
quadro, vamos vê-lo?
C D E F G A B C
D E F G A B C D
E F G A B C D E
F G A B C D E F
G A B C D E F G
A B C D E F G A
B C D E F G A B
Bom, a partir daí, qualquer intervalo vai ser calculado usando-se a fórmula para cada nota. Já está claro que
precisaremos muito dessas fórmulas, certo? Então vamos resumir mais ainda isso. Tirando todas as informações
redundantes, podemos organizar o novo quadro assim...
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Bom, dividimos o quadro em dois grupos, maiores e menores. Já que E é o único todo menor e justo, achei
lógico colocar essa definição nele e apenas as exceções para o A, o B e o D. Não indiquei intervalos maiores e/ou
diminutos porque segundas e sextas ou são menores ou maiores e quintas são justas ou diminutas. Então, A2
significa "A tudo menor e justo com segunda maior". Na mesma moeda, o B5 indica que ele vai ter todos os
intervalos menores e justos menos a quinta, que é diminuta. O D26 é todo menor e justo com segunda e sexta
maiores.
No lado dos maiores, o mesmo raciocínio. C ganha o "maj&J" por não ter exceções, F4 é maior e justo com
quarta aumentada e o G7 é maior e justo com sétima menor.
Bem, o que temos em mãos agora? Uma maneira rápida e fácil de calcular intervalos! Vamos recapitular?
Temos três passos para calcular um intervalo:
Segundo, se a Tônica tem # ou b, todas as notas também terão # ou b para que a fórmula seja verdadeira.
Verificamos se o intervalo que queremos já "vem de fábrica" ou se teremos que alterá-lo para cima ou para baixo;
Terceiro, contamos nos dedos, se necessário, até chegarmos ao intervalo que queremos. Subimos ou
descemos meio tom, se preciso, e pronto.
Qual a sétima maior de Gb? G é maj&J 7min, vou ter que subir a sétima meio tom;
A Tônica tem bemol, todo mundo tem bemol;
Gb, Ab, Bb, Cb, Db, Eb, Fb. Subo meio tom e a resposta é F.
Qual a sexta maior de A#? A é min&J 2maj. A sexta vem menor, vou subi-la meio tom;
A tem sustenido, todo mundo tem sustenido;
A#, B#, C#, D#, E#, F#. Subo F# meio tom, Fx (lê-se Fá dobrado sustenido). Lembre-se que não
chamaremos essa nota de G, precisamos de uma sexta, não de uma sétima, certo? Por mais estranhos que possam
parecer certos nomes de notas, precisamos usá-los senão vamos ter problemas na hora de analisar mais a findo tanto
harmonia quanto melodia.
Qual a sexta menor de D#? D é min&J 2maj 6maj, a sexta vem maior de fábrica, baixamos meio tom pra
chegar à sexta menor;
D tem sustenido, todo mundo tem sustenido;
D#, E#, F#, G#, A#, B#. A sexta menor de D# é B.
Bom, agora vem a parte divertida... Dever de casa!!! Se vamos ser grandes entendedores da teoria musical,
o cálculo imediato de intervalos é uma habilidade indispensável. Como qualquer outra habilidade, vamos treiná-la
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até que fique automática. A coisa mais importante é estudar todos os dias, mas de uma maneira ordenada, planejada.
A primeira coisa a ser feita é rever toda essa apostila e refazer cada um dos passos que nos levaram ao
quadro final de intervalos em uma folha separada, de preferência sem consultar a apostila.
Depois, quando o processo todo tiver sido totalmente compreendido e interiorizado, vamos ao treinamento
de velocidade. Vamos calcular todos os intervalos com as sete Tônicas bemóis, as sete Tônicas naturais e as sete
Tônicas sustenidas, um intervalo de cada vez. Vamos ver como fica no papel?
Segundas menores
Cb-Dbb Db-Ebb Eb-Fb Fb-Gbb Gb-Abb Ab-Bbb Bb-Cb
Segundas maiores
Cb-Db Db-Eb Eb-F Fb-Gb Gb-Ab Ab-Bb Bb-C
Terças menores
Cb-Ebb Db-Fb Eb-Gb Fb-Abb Gb-Bbb Ab-Cb Bb-Db
Terças maiores
Cb-Eb Db-F Eb-G Fb-Ab Gb-Bb Ab-C Bb-D
Quartas Justas
Cb-Fb Db-Gb Eb-Ab Fb-Bbb Gb-Cb Ab-Db Bb-Eb
Quartas aumentadas
Cb-F Db-G Eb-A Fb-Bb Gb-C Ab-D Bb-E
Quintas diminutas
Cb-Gbb Db-Abb Eb-Bbb Fb-Cbb Gb-Dbb Ab-Ebb Bb-Fb
Quintas Justas
Cb-Gb Db-Ab Eb-Bb Fb-Cb Gb-Db Ab-Eb Bb-F
Sextas menores
Cb-Abb Db-Bbb Eb-Cb Fb-Dbb Gb-Ebb Ab-Fb Bb-Gb
Sextas maiores
Cb-Ab Db-Bb Eb-C Fb-Db Gb-Eb Ab-F Bb-G
Sétimas menores
Cb-Bbb Db-Cb Eb-Db Fb-Ebb Gb-Fb Ab-Gb Bb-Ab
Sétimas maiores
Cb-Bb Db-C Eb-D Fb-Eb Gb-F Ab-G Bb-A
Notem que não existe lógica em treinar calcular primeiras justas e oitavas justas, o resultado é a própria
Tônica para as primeiras e a mesma nota oito notas acima no caso da oitava.
Esse é o nosso exercício básico para intervalos. Depois que você tenha feito essa série algumas vezes no
papel, devemos fazê-la mentalmente, só usando a lista escrita para correção.
Aqui entra um novo intervalo, a quinta aumentada. Usemos lógica pura: C-G é uma quinta justa, que nome
daremos então à C-G#? A distância aumentou, então o chamaremos de quinta aumentada! Escreve-se 5aug, 5aum ou
5#. Existem outros intervalos, mas com a adição da quinta aumentada, nossa série está completa. Vamos às quintas
aumentadas...
Quintas aumentadas
Cb-G Db-A Eb-B Fb-C Gb-D Ab-E Bb-F#
Obs: A quinta aumentada de B# não existe. Precisaríamos de três sustenidos no F, o que é inviável. Imagine
se algum louco começasse a usar triplicados sustenidos e triplicados bemóis! Ia ser uma grande confusão e não ia
melhorar em nada a teoria musical.
Recomendo que a série completa seja feita pelo menos uma vez por dia. Marque quanto tempo foi gasto em
cada uma das séries, fica mais fácil ver o seu desenvolvimento assim. O nosso tempo ideal para acabar a série toda
deve ficar ao redor de dez minutos. É realmente necessário fazer isso tão rápido assim? Só se você quiser ser
realmente bom. Se você quiser um desafio, tente completar a série em menos de cinco minutos!!
Vamos ver agora os outros aspectos pertinentes aos intervalos. Existem várias classificações para os
intervalos. Não se preocupe tanto com essas classificações, o mais importante é saber nossa série com segurança. A
esmagadora maioria dos intervalos que vamos precisar calcular estão na série.
Se as duas notas soam juntas, o intervalo é harmônico, se as notas soam separadas, ele é melódico. Quanto
aos intervalos melódicos, se a Tônica é a nota mais grave, o intervalo é ascendente, se a Tônica é a mais aguda, o
intervalo é descendente.
Os intervalos que aprendemos a calcular funcionam como intervalos harmônicos ou como intervalos
melódicos ascendentes. Para calcular os intervalos descendentes, o processo é o seguinte:
Qual a sexta menor descendente de B? Primeiro, contamos seis noras pra baixo... B, A, G, F, E, D. Agora,
usamos a fórmula do D(min&J26), mas se alguma alteração tiver que ser feita, será feita na nota mais grave. D-B é
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Apostila de Intervalos
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sexta maior, quero sexta menor, coloco sustenido no D e pronto. A sexta menor descendente do B é D#.
Intervalos simples são os que ficam entre Tônica e oitava, ou seja, todos os intervalos que vimos até agora
estão neste grupo. Intervalos compostos, são os que passam da oitava. Vamos ver seu funcionamento.
A oitava tem o mesmo nome de nota que a Tônica. Depois da Tônica vem a segunda, depois da oitava vem
a nona. Os nomes e comportamento desses intervalos compostos seguem a mesma lógica que os intervalos simples,
só mudam os números, veja só...
8J 9min 9maj 10 min 10 maj 11J 11#/ 12b 12J 13 min 13 maj 14 min 14 maj
15J etc...
O cálculo é simples, basta diminuir 7 ou múltiplos de 7 do número para descobrir qual o intervalo simples
correspondente à ele. Ex: Qual a 24maj de C? 24-21=3; então estamos buscando a terça maior de C, que é E.
Vamos agora dar uma olhada em alguns casos extremos, por exemplo, qual seria o intervalo entre Gb e C#?
Bom, G é tudo maior e Justo com 7min, conto G, A, B, C. G tem bemol, então todo mundo tem bemol. Cb é a quarta
Justa de Gb, C é a quarta aumentada e C# é a... e agora? Nunca esqueçam, a teoria musical é totalmente lógica e
simples! Gb-Cb 4J, Gb-C 4#, Gb-C# 4 duas vezes aumentada!! E que tal C#-Eb? C é tudo maior e Justo, Tônica tem
sustenido, todo mundo tem sustenido, conto C#, D#, E#. C#-E# 3maj, C#-E 3min, C#-Eb...e aí? Terça diminuta é a
resposta.
Funciona assim: quando se diminui um intervalo Justo ou menor, ele se torna diminuto, quando se aumenta
um intervalo Justo ou maior, ele se torna aumentado. Podemos aumentar um intervalo aumentado ou diminuir um
intervalo diminuto, é só contarmos quantas vezes ele foi diminuído ou aumentado. Os casos mais extremos são Fbb-
Bx e Bx-Fbb.
F-B 4#, Fb-B 4 duas vezes aumentada, Fbb-B 4 três vezes aumentada, Fbb-B# 4 quatro vezes aumentada,
Fbb-Bx 4 cinco vezes aumentada!
B-F 5b, B#-F 5 duas vezes diminuta, Bx-F 5 três vezes diminuta, Bx-Fb 5 quatro vezes diminuta, Bx-Fbb 5
cinco vezes diminuta!
Os intervalos duas vezes aumentados ou duas vezes diminutos também são chamados respectivamente de
super aumentado e super diminuto.
Podemos também inverter os intervalos simples, da seguinte maneira: C-E é uma terça maior, se subirmos
o C uma oitava, o intervalo passa a ser E-C, que é uma sexta menor.
A regra é simples: Quando invertemos intervalos maiores, eles viram menores, os justos permanecem
justos e os diminutos viram aumentados e vice-versa. Quanto aos números, a soma deles sempre dá 9.
MAIORES MENORES
JUSTOS JUSTOS
AUMENTADOS DIMINUTOS
2 7
3 6
4 5
A única exceção é a inversão de oitavas aumentadas, que daria uma primeira diminuta, que é um intervalo
incoerente. A inversão na verdade não ocorre. Vejam...
C-------------------C# 8#
C-C# 1dim???
Segundo a teoria tradicional, o intervalo entre C# e C é uma primeira aumentada descendente, não uma
primeira diminuta. Só se invertem intervalos até a oitava justa, qualquer intervalo que passe de uma oitava justa não
pode ser invertido.
Bom, é isso. Estude muito intervalos, você vai ver os resultados muito mais rápido do que pode imaginar!
Eu escrevi essa apostila para ser a resposta à qualquer dúvida que possa aparecer, mas se mesmo depois de reler tudo
a dúvida ainda existir, mande-me um e-mail, terei prazer em resolver o problema. Um forte abraço e muita música
pra você!
Eduardo Élleres
Eduardo Élleres©2001
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