Samba - Wikipédia, A Enciclopédia Livre
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Samba
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O samba um gnero musical, do qual deriva de um tipo de dana, de razes africanas, surgido no Brasil e considerado uma das principais manifestaes culturais populares brasileiras.1 2 3 4 Dentre suas caractersticas originais, possui uma forma na qual a dana acompanhada por pequenas frases meldicas e refres de criao annima, alicerces do samba de roda nascido no Recncavo Baiano.5 Embora houvesse variadas formas de samba no Brasil (no apenas na Bahia, como tambm no Maranho, em Minas Gerais, em Pernambuco e em So Paulo), sob a forma de diversos ritmos e danas populares regionais que se originaram do batuque, o samba como gnero musical entendido como uma expresso musical urbana do Rio de Janeiro, ento capital do Brasil Imperial, onde chegou durante a segunda metade do sculo XIX levado por negros oriundos do serto baiano. No Rio de Janeiro, a dana praticada pelos escravos libertos entrou em contato e incorporou outros gneros musicais populares entre os cariocas, como a polca, o maxixe, o lundu e o xote, adquirindo um carter totalmente singular nas primeiras dcadas do sculo XX. Um marco dentro da histria moderna e urbana do samba ocorreu em 1917, no prprio Rio de Janeiro, com a gravao em disco de "Pelo Telefone" , considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil (segundo os registros da Biblioteca Nacional). O sucesso alcanado pela cano contribuiu para a divulgao e popularizao do samba como gnero musical.nota 1 A partir de ento, esse estilo de samba urbano surgido no Rio comeou a ser propagado pelo pas e, na dcada de 1930, foi alado da condio "local" smbolo da identidade nacional brasileira.2 6 Inicialmente, foi um samba associado ao carnaval e posteriormente adquirindo um lugar prprio no mercado musical. Surgiram muitos compositores como Heitor dos Prazeres, Joo da Baiana, Pixinguinha e Sinh, mas os sambas destes compositores eram amaxixados, conhecidos como sambas-maxixe. Os contornos modernos desse samba urbano carioca viriam somente no final da dcada de 1920, a partir de inovaes em duas frentes: com um grupo de compositores dos blocos carnavalescos dos bairros do Estcio de S e Osvaldo Cruz e com compositores dos morros da cidadem como em Mangueira, Salgueiro e So Carlos.7 No por acaso, identifica-se esse formato de samba como "genuno" ou "de raiz". A medida que o samba no Rio de Janeiro consolidava-se como uma expresso musical urbana e moderna, ele passou a ser tocado em larga escala nas rdios, espalhando-se pelos morros cariocas e bairros da zona sul do Rio de Janeiro. Inicialmente criminalizado e visto com preconceito, por suas
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Samba
Maxixe, lundu, semba, batucada, jongo, modinha e choro Incio do sculo XX, no Rio de Janeiro
Instrumentos Diversos instrumentos de cordas (como cavaquinho tpicos e vrios tipos violo) e variados instrumentos de percusso (como pandeiro, surdo e tamborim); Algumas vertentes utilizam instrumentos de sopro Popularidade Muito popular no Brasil, especialmente na Bahia, no Rio de Janeiro,no Recife e em So Paulo; bem-conhecido no exterior. Bossa nova, Pagode, Samba-cano, Sambaenredo e Samba de partido-alto Subgneros Bossa nova, Pagode, Samba-batido, Samba de breque, Samba-cano, Sambacorrido, Samba-enredo, Samba-exaltao, Samba de partido-alto, Samba-raiado, Samba de roda, Samba de terreiro, Sambalano
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Formas derivadas
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Gneros de fuso Samba-choro, Samba-funk, Samba de gafieira, Samba-jazz, Samba-maxixe, Samba-rap, Samba-reggae, Samba-rock, Sambalada, Sambolero
O samba moderno urbano surgido a partir do incio do sculo XX, no Rio de Janeiro, tem ritmo basicamente 2/4 e andamento variado, com aproveitamento consciente das possibilidades dos estribilhos cantados ao som de palmas e ritmo batucado, e aos Formas regionais quais seriam acrescentados uma ou mais partes, ou estncias, de 1 versos declamatrios. Tradicionalmente, esse samba tocado por Bahia, Rio de Janeiro, So Paulo,Minas Gerais instrumentos de corda (cavaquinho e vrios tipos de violo) e variados instrumentos de percusso, como o pandeiro, o surdo e o Outros tpicos tamborim. Com o passar dos anos, outros instrumentos foram Carnaval do Brasil, Escola de samba sendo assimilados, e se criaram novas vertentes oriundas dessa base urbano carioca de samba, que ganharam denominaes prprias, como o samba de breque, o samba-cano, a bossa nova, o samba-rock, o pagode, entre outras. Em 2005, o samba de roda se tornou um Patrimnio da Humanidade da Unesco.9
ndice
1 Histria 1.1 Antecedentes 1.1.1 Origens do termo samba 1.1.2 Favela e Tias Baianas 1.1.3 Cenas baiana e paulista 1.1.3.1 Samba baiano antigo 1.1.3.2 Samba paulista antigo 1.2 O moderno e urbano samba 1.2.1 Primeira gerao: Donga, Sinh e cia 1.2.2 Segunda Gerao: Turma do Estcio e sambistas do morro 1.2.3 Difuso e "nacionalizao" do samba carioca 1.2.4 Novos formatos dentro do samba carioca 1.2.5 Escolas de samba e oficializao do desfile de Carnaval 1.2.6 A influncia do Estado na promoo do samba carioca 1.2.7 Influncias externas no samba urbano 1.2.8 Reaproximao com o morro 1.2.9 Revalorizao comercial do samba urbano 1.2.10 Pagode: samba consolida-se como produto 1.2.11 Samba urbano contemporneo 2 Instrumentos de samba 2.1 Instrumentos bsicos 2.2 Em vertentes 3 O samba na cultura popular 4 Samba em outras partes do mundo 5 Notas 6 Referncias 7 Bibliografia 8 Ver tambm
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Histria
Antecedentes
Origens do termo samba Existem vrias verses acerca do nascimento do termo "samba". Uma delas afirma ser originrio do termo "Zambra" ou "Zamba" , oriundo da lngua rabe, tendo nascido mais precisamente quando da invaso dos mouros Pennsula Ibrica no sculo VIII.10 Uma outra diz que originrio de um das muitas lnguas africanas, possivelmente do quimbundo, onde "sam" significa "dar" , e "ba" "receber" ou "coisa que cai" . Ainda h uma verso que diz que a palavra samba vem de outra palavra africana, semba, que significa umbigada. No Brasil, acredita-se que o termo "samba" foi uma corruptela de "semba" (umbigada), palavra de origem africana possivelmente oriunda de Angola11 ou Congo, de onde vieram a maior parte dos escravos para o Brasil.
O batuque praticado durante o Brasil do sculo XIX, em pintura de Johann Moritz Rugendas.
Um dos registros mais antigos da palavra samba apareceu na revista pernambucana O Carapuceiro, datada de fevereiro de 1838, quando Frei Miguel do Sacramento Lopes Gama escrevia contra o que chamou de "samba d'almocreve" - ou seja, no se referindo ao futuro gnero musical, mas sim a um tipo de folguedo (dana dramtica) popular de negros daquela poca. De acordo com Hiram da Costa Arajo, ao longo dos sculos, as festas de danas dos negros escravos na Bahia eram chamadas de "samba". Em meados do sculo XIX, a palavra samba definia diferentes tipos de msica introduzidas pelos escravos africanos, sempre conduzida por diversos tipos de batuques, mas que assumiam caractersticas prprias em cada Estado brasileiro, no s pela diversidade das tribos de escravazos, como pela peculiaridade de cada regio em que foram assentados. Algumas destas danas populares conhecidas foram: bate-ba, sambacorrido, samba-de-roda, samba-de-chave e samba-de-barravento, na Bahia; coco, no Cear; tambor-decrioula (ou ponga), no Maranho; trocada, coco-de-parelha, samba de coco e soco-travado, no Pernambuco; bambel, no Rio Grande do Norte; partido-alto, miudinho, jongo e caxambu, no Rio de Janeiro; samba-leno, samba-rural, tiririca, miudinho e jongo em So Paulo. Favela e Tias Baianas A partir da segunda metade do sculo XIX, a medida que as populaes negra e mestia na cidade do Rio de Janeiro - oriundos de vrias partes do Brasil, principalmente da Bahia, bem como de ex-soldados da Guerra de Canudos do final daquele sculo - cresciam, estes povoavam as imediaes do Morro da Conceio, Pedra do Sal, Praa Mau, Praa Onze, Cidade Nova, Sade e Zona Porturia. Estes povoamentos formariam comunidades pobres que estas prprias populaes denominaram de favela (posteriormente, o termo se tornaria sinnimo de construes irregulares das classes menos favorecidas). Estas comunidades seriam cenrio de uma parte significativa da cultura negra brasileira, especialmente com relao ao candombl e ao samba amaxixado daquela poca. Dentre os primeiros destaques, estavam o msico e danarino Hilrio Jovino Ferreira - responsvel pela fundao de vrios blocos de afox e ranchos
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carnavalescos - e das "Tias Baianas" - termo como ficaram conhecidas muitas baianas descendentes de escravos no final do sculo XIX. Dentre as principais "tias baianas", destacaram-se Tia Amlia (me de Donga), Tia Bebiana, Tia Mnica (me de Pendengo e Carmem Xibuca), Tia Prisciliana (me de Joo da Baiana), Tia Rosa Ol, Tia Sadata, Tia Veridiana (me de Chico da Baiana). Talvez a mais conhecida delas tenha sido Hilria Batista de Almeida - a Tia Ciata (Aciata ou ainda Asseata).3 Assim, o samba propriamente como gnero musical nasceria no incio do sculo XX nas casas destas "tias baianas", como um estilo descendente do lundu, das festas dos terreiros entre umbigadas (semba) e pernadas de capoeira, marcado no pandeiro, prato-e-faca e na palma da mo.4 Existem algumas controvrsias sobre o termo samba-raiado, uma das primeiras designaes para o samba. Sabe-se que o samba-raiado marcado pelo som e sotaque sertanejos/rural baiano trazidos pelas tias baianas ao Rio de Janeiro. Segundo Joo da Baiana, o samba raiado era o mesmo que chula raiada ou samba de partido-alto. J para o sambista Caninha, este foi o primeiro nome teria ouvido em casa de tia Dad. Na mesma poca, surgiram o samba-corrido que possua uma harmonia mais trabalhada, mas ainda com o sotaque rural baiano e o samba-chulado, mais rimado e com melodia que caracterizariam o samba urbano carioca. Cenas baiana e paulista O samba urbano carioca se firmaria no sculo XX como o "samba brasileiro" por excelncia. No entanto, antes desse tipo de samba se consolidar como o "samba nacional" em todo o Brasil, havia formas tradicionais de sambas na Bahia e em So Paulo.1
Samba baiano antigo
O samba baiano rural adquiriu denominaes suplementares, conforme as variaes coreogrficas - por exemplo, o "samba-de-chave" , em que o danarino solista fingia procurar no meio da roda uma chave, e quando a encontrava, era substitudo. A estrutura potica do samba baiano obedecia forma verso-e-refro composto de um nico verso, solista, a que se segue outro, repetido pelo coro de danarinos de roda como estribilho. No havendo refro, o samba denominado samba-corrido, variante pouco comum. Os cantos tirados por uma cantador, que um dos instrumentistas ou o danarino solista.1 Outra peculiaridade do samba baiano era a forma de concurso que a danas s vezes apresenta, que era uma disputa entre os participantes para ver quem melhor executava seus detalhes solistas. Afora a umbigada, comum a todo o samba, o da Bahia apresentava trs passos fundamentais: corta-a-joca, separa-o-visgo e apanha-obago. H tambm outro elemento coreogrfico, danado pelas mulheres: o miudinho (este tambm aparecia em So Paulo, como dana de solistas em centro de roda.).1 Os instrumentos do samba baiano eram o pandeiro, o violo, o chocalho e, s vezes, as castanholas e os berimbaus.
Samba paulista antigo
Em So Paulo, o samba passou do domnio negro para o caboclo. E, na zona rural, pode se apresentar sem a tradicional umbigada. H tambm outras variantes coreogrficas, podendo os danarinos se dispor em fileiras opostas - homens de um lado, mulheres de outro. Existem referncias a este tipo de samba de fileiras em Gois, com a diferena de que l foi conservada a umbigada. possvel que a disposio primitiva de roda, em Gois, tenha sido alterada por influncia da quadrilha ou do cateret. De acordo com o historiador Lus da Cmara Cascudo, possvel observar a influncia da cidade no samba pelo fato de ele ser tambm danado por par enlaado.1 Os instrumentos do samba paulista eram as violas, os adufes e os pandeiros.
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O grande propulsor de mudanas dentro do samba urbano carioca foi o bairro de Estcio de S. O Estcio de S era um bairro popular e com grande contingente de pretos e mulatos. Segundo o historiador Jos Ramos Tinhoro, era reduto de malandros - considerados pelas classes altas - "perigosos". nota 2 Foi nesse bairro que se gestaria o novo e definitivo samba urbano carioca, com a chamada "Turma do Estcio", onde surgiria a Deixa Falar, a primeira escola de samba brasileira.nota 3 Inicialmente um rancho carnavalesco, posteriormente um bloco carnavalesco e por fim, uma escola de Samba, a Deixa Falar teria sido a primeiro a desfilar no carnaval carioca ao som de uma orquestra de percusses formada por surdos, tamborins e cucas, aos quais se juntavam pandeiros e chocalhos. Formada por alguns compositores do bairro do Estcio, entre os
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quais Alcebades Barcellos (o Bide), Armando Maral, Ismael Silva, Nilton Bastos e mais os malandrossambistas Baiaco, Brancura, Mano Edgar, Mano Rubem, a "Turma do Estcio" marcaria a histria do samba brasileiro por injetar ao gnero uma cadncia mais picotada, que teve endosso de filhos da classe mdia, como o ex-estudante de direito Ary Barroso e o ex-estudante de medicina Noel Rosa. Este conjunto instrumental foi chamado de "bateria" e prestava-se ao acompanhamento de um tipo de samba que j era bem diferente dos de Donga, Sinh e Pixinguinha, ou seja, um samba que adquiria uma caracterstica de msica mais "marchada" e que fosse devidamente ritmado de forma que pudesse ser acompanhado no desfile de carnaval. Assim, essa acelerao rtmica distanciava-se, sem deixar de ser batucado, do andamento amaxixado de figuras proeminentes da "primeira gerao" do samba urbano carioca, que no se conformavam com o estilo que ganhava mais e mais adeptos. Para essa primeira gerao, as modificaes da Turma do Estcio eram uma deturpao ao samba.7 Outra mudana estrutural decorrente do samba da Turma do Estcio foi a valorizao das segundas partes da letra e msica das composies. Em lugar de usar a tpica improviso das rodas de samba de partido-alto, houve a a consolidao de seqncias preestabelecidas, que teriam um tema (por exemplo: o cotidiano carioca, o amor) e a possibilidade de se encaixar tudo dentro dos padres de gravaes fonogrficas da poca, de 78 rpm (algo em torno de trs minutos).7 As inovaes rtmicas dos sambistas da Estcio de S foram assimiladas por blocos carnavalescos em Osvaldo Cruz e tambm alcanaram os morros da Mangueira, Salgueiro e So Carlos, j que suas rodas de samba eram freqentadas por compositores dos morros cariocas, como Cartola e Gradim (da Mangueira), Canuto (do Salgueiro), Ernani Silva, o Sete (do subrbio de Ramos), e posteriormente outros futuros bambas como Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaa e Geraldo Pereira, Paulo da Portela, Alcides Malandro Histrico, Manac, Chico Santana, Molequinho, Aniceto do Imprio Serrano. Acompanhados por um pandeiro, um tamborim, uma cuca e um surdo, estes compositores terminariam por influenciar e lapidar as caractersticas essenciais desse novo samba carioca urbano.1 Esse samba feito moda do Estcio de S e dos sambistas dos morros cariocas firmaria-se como o samba carioca "por excelncia", e com o passar do tempo, "de raiz", "autntico".15 Difuso e "nacionalizao" do samba carioca Entre o final da dcada de 1920 e meados da dcada de 1940, o samba urbano carioca deixaria de ser considerado expresso local (como so tidos sambas em outras partes do pas) para ser elevado, com auxlio do Estado, a um status de smbolo "nacional".nota 4 6 Esse samba oriundo de uma regio do Rio de Janeiro espalhava-se por outras reas da cidade, no apenas com os sambas de carnaval, mas tambm com novas formas dentro do estilo moderno carioca, como o samba-cano e o samba-exaltao. Difundidos pelas ondas do rdio, estes estilos cariocas seriam conhecidos em outras partes do Brasil, que, com a influncia do governo federal brasileiro (mais propriamente partir dos projetos poltico-ideolgicos do Estado Novo de Getlio Vargas), elevaria o samba local da cidade do Rio de Janeiro condio de samba "nacional" - muito embora existam outras formas e prticas do samba no pas.nota 5 2 A aproximao do Estado brasileiro com a msica popular deu-se tambm pela oficializao, em 1935, do desfile de carnaval pela Prefeitura do ento Distrito Federal. No perodo de consolidao do samba carioca como "samba nacional", surgiram uma nova safra de interprtes, que obtiveram grande sucesso radiofnico, como Francisco Alves, Mrio Reis, Orlando Silva, Silvio Caldas, Carmen Miranda, Aracy de Almeida, Dalva de Oliveira, entre outros, e despontaram muitos compositores oriundos da classe mdia, como Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, Braguinha (conhecido tambm como Joo de Barro) e Ataulfo Alves. E mais tarde, Assis Valente, de Ataulfo Alves, de Custdio Mesquita, de Dorival Caymmi, de Herivelto Martins, de Pedro Caetano, de Synval Silva, que conduziram esse samba para caminhos ao gosto da indstria musical.4 Novos formatos dentro do samba carioca
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Um dos carros-chefes das programaes das emissoras de rdios na dcada de 1930 eram as composies de samba-cano, lanado inicialmente em 1928 com a gravao "Ai, Ioi" (de Henrique Vogeler), na voz de Aracy Cortes. Tambm conhecido como samba de meio do ano, o samba-cano se firmou na dcada seguinte. Era uma forma mais lenta e cadenciada do samba e tinha como nfase musical uma melodia geralmente de fcil aceitao. Esta vertente foi influenciado mais tarde por ritmos estrangeiros, primeiramente pelo fox e, na dcada de 1940, pelo bolero de enredos sentimentais. Se o samba carioca moderno dos sambistas da Estcio e dos morros tratava de temas diversos como malandragem, mulheres comportadas, favelas, o samba-cano destacava os sofrimentos amorosos. Alm de "Ai, Ioi" , alguns outros clssicos do samba-cano foram "Risque" , "No Rancho Fundo" , "Copacabana" e "Ningum Me Ama" . Com o passar dos anos, outros artistas ganharam notoriedade no estilo, como Antnio Maria, Custdio Mesquita, Dolores Duran, Fernando Lobo, Henrique Vogeler, Ismael Neto, Lupicnio Rodrigues e Batatinha. O sambacano seria ainda uma das principais fontes de inspirao da bossa nova no final da dcada de 1950. Outra variante que surgia na dcada de 1930 era o samba-choro, que como aponta o nome, misturava o fraseado instrumental do choro (com flauta) ao batuque do samba. Entre as primeiras composies no estilo, figuram "Amor em excesso" (de Gad e Valfrido Silva, em 1932) e "Amor de parceria" (de Noel Rosa, em 1935). Ainda naquele perodo, Heitor dos Prazeres lanou o samba "Eu choro" e o termo "breque" (do ingls break ), ento popularizado com referncia ao freio instantneo dos novos automveis. Era o surgimento do samba-de-breque, variante do samba-choro caracterizada por um ritmo acentuadamente sincopado com paradas bruscas, os chamados breques, durante a msica para que o cantor fizesse uma interveno geralmente frases apenas faladas, dilogos ou comentrios bem humorados do cantor, que confere graa e malandragem na narrativa. Lus Barbosa foi o primeiro a trabalhar este tipo de samba, que conheceu em Moreira da Silva o seu expoente mximo. Outro destaque desta vertente foi Germano Mathias. Escolas de samba e oficializao do desfile de Carnaval Depois da fundao da Deixa Falar, o fenmeno das escolas de samba tomou conta do cenrio carioca. Juntamente com as escolas de samba que galgaram estgios de aceitao, admirao e paternalizao atravs dos anos, o samba-enredo se tornou um dos smbolos nacionais. Inicialmente, o samba-enredo no tinha enredo, mas isso mudou quando o Estado - notadamente durante o Estado Novo de Getlio Vargas - assumiu a organizao dos desfiles e obrigou o sambas-enredo a ser sobre a histria oficial do Brasil. A letra do sambaenredo conta uma histria que servir de enredo para o desenvolvimento da apresentao da escola de samba. Em geral, a msica cantada por um homem, acompanhado sempre por um cavaquinho e pela bateria da escola de samba, produzindo uma textura sonora complexa e densa, conhecida como batucada. Durante a dcada de 1930, era costume em um desfile de escola de samba que, na primeira parte, esta apresentasse um samba qualquer e, na segunda parte, os melhores versadores improvisassem, geralmente com sambas sados do terreiros das escolas (atuais quadras). Estes ltimos ficaram conhecidos como sambas-deterreiro. Iniciadas nos moldes dos ranchos carnavalescos, as escolas de samba inicialmente com Mangueira, Portela, Imprio Serrano, Salgueiro e, nas dcadas seguintes, com Beija-Flor, Imperatriz Leopoldinense e Mocidade Independente cresceriam ao logo das dcadas seguintes at dominarem o Carnaval carioca, transformando-o em um grande negcio com forte impacto no movimento turstico. A influncia do Estado na promoo do samba carioca O presidente Getlio Vargas deu grande suporte a popularizao e consolidao do samba carioca urbano, em detrimento a outras variedades de samba cultivadas em outras regies do pas (assim como de outros gneros musicais bastante populares regionalmente, como emboladas, cocos, a msica caipira paulista). Principalmente durante o Estado Novo, o governo brasileiro patrocinava apresentaes pblicas de intrpretes populares desse samba em eventos badalados - como o "Dia da Msica Popular" e a "Noite da Msica Popular". Smbolo da elite carioca, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro passou a receber artistas renomados do samba.
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Em uma ao para promover o estilo como produto genuinamente "nacional", as transmisses radiofnicas oficiais incumbiam-se de levar o samba carioca urbano ao exterior. Houve at programas irradiados para a Alemanha nazista diretamente do terreiro da escola de samba Mangueira. Alguns cantores tambm integravam comitivas presidenciais em viagem ao estrangeiro. Alm de ganhar status de "msica nacional" durante a Era Getlio Vargas, o samba (carioca urbano) passou a ter tambm reconhecimento dentro de setores da elite cultural nacional. Entre eles, o maestro Heitor VillaLobos, que ajudou a organizar uma gravao com o maestro erudito norte-americano Leopold Stokowski no nvio Uruguai, em 1940, do qual participaram Cartola, Donga, Joo da Baiana, Pixinguinha e Z da Zilda. Cassinos e o cinema foram outros instrumentos que ajudaram a consolidar a posio do samba (carioca urbano) como smbolo musical nacional - a cantora luso-brasileira Carmen Miranda, bastante popular poca, conseguiu projetar esse samba Carmen Miranda no filme The Villa-Lobos foi internacionalmente a partir de filmes. Gang's All Here. Cantora lusobrasileira ajudou a divulgar o samba em nvel internacional.
A ideologia do Estado Novo de Getlio Vargas ajudou a retirar a imagem de marginalidade samba carioca, outrora negativamente associada "como antro 17 de malandros e desordeiros", O Departamento de Imprensa e Propaganda procurava coagir compositores a abandonarem a temtica da malandragem nos seus sambas, atravs de polticas de aliciamento ou na base da censura. do final dos anos trinta do sculo XX que surgiria um estilo de samba de "carter legalista", conhecido mais tarde como samba-exaltao (ou tambm "samba da legalidade").4 O samba-exaltao caracterizava-se por composies em exaltao ao trabalho (como na notria letra de "O Bonde So Janurio" , parceria de Ataulfo Alves) com o "malandro consagrado" Wilson Batista, sucesso do carnaval de 1941) ou ao pas (como "Aquarela do Brasil" , de Ary Barroso, gravada por Francisco Alves em 1939, e que se transformou no primeiro sucesso musical brasileiro no exterior). Apesar da atuao do Estado na cooptao de sambistas, havia compositores que tentavam driblar o poder censrio ditatorial, com letras carregadas de sutilezas e ironias (como em "Recenseamento", de Assis Valente, que embora parea reproduzir o discurso de exaltao ao "Brasil grande e trabalhador" , desmonta os argumentos oficiais).18 Influncias externas no samba urbano Promovido pelo governo federal, pelo carnaval das escolas de samba e pela radiodifuso, o samba consolidouse no apenas como um dos gneros mais aceitos da populao brasileira, mas tambm como sinnimo da identidade nacional do Brasil. No incio da dcada de 1940, o mundo inteiro v o Brasil como bero do carnaval e do samba." 19 No entanto, esse samba entronizado pela indstria fonogrca ficava cada vez mais distante das matizes cultivadas nos morros cariocas.20 Ao longo dos anos quarenta e cinquenta, ritmos latinos e estadunidenses influenciaram esse samba "radiofnico", de onde surgiram as variaes danantes e sincopadas samba-choro e samba de gafieira.nota 6 O samba-de-gafieira nasceu sob influncia das grandes orquestras norte-americanas, que tocavam msica geralmente instrumental adequada para danas praticadas em sales pblicos, gafieiras e cabars, que chegavam ao Brasil em meados da dcada de 1940 e se espalharam ao longo da dcada de 1950. Dentro do samba-cano nasceu a sambalada, com letras romnticas e ritmo lento como as baladas lanadas no mercado brasileiro.
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No final da dcada de 1950, nasceria o principal a Bossa Nova. Nascida na zona sul do Rio de Janeiro e fortemente influenciado pelo jazz, a Bossa Nova marcaria a histria do samba e da msica popular brasileira com uma acentuao rtmica original - que dividia o fraseado do samba e agregava influncias do impressionismo erudito e do jazz - e um estilo diferente de cantar, intimista e suave.21 Aps precursores como Johnny Alf, Joo Donato e msicos como Lus Bonf e Garoto, este sub-gnero foi inaugurado por Joo Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e teria uma gerao de discpulos-seguidores como Carlos Lyra, Roberto Menescal, Durval Ferreira e grupos como Tamba Trio, Bossa 3, Zimbo Trio e Os Cariocas. Tambm no final da dcada de 1950, surgiria o sambalano, uma ramificao popular da bossa nova (que era mais apreciada pela classe mdia). Tambm misturava o samba com ritmos norte-americanos como o jazz. O sambalano foi muito tocado em bailes suburbanos das dcadas de 1960, 1970 e 1980. Este estilo projetou artistas como Bebeto, Bedeu, Copa 7, Djalma Ferreira, Os Devaneios, Dhema, Ed Lincoln e Seu Conjunto, Elza Soares, Grupo Joni Mazza, Luis Antonio, Lus Bandeira, Luiz Wagner, Miltinho, entre outros. Reaproximao com o morro Com a bossa nova, o samba tocado nas rdios estava ainda mais longe de suas razes populares. A influncia do jazz aprofundou-se e foram incorporadas tcnicas musicais eruditas. A partir de um festival no Carnegie Hall de Nova York, em 1962, a Bossa nova alcanou sucesso mundial. Mas ao longo das dcadas de sessenta e setenta, muitos artistas que surgiam - como Chico Buarque de Holanda, Billy Blanco, Martinho da Vila e Paulinho da Viola defenderam o retorno do samba a sua batida tradicional, com a reapario de veteranos como Candeia, Cartola, Nelson Cavaquinho e Z Kti. No incio da dcada de 1960 foi criado o "Movimento de Revitalizao do Samba de Raiz" , promovido pelo Centro Popular de Cultura, em parceria com a Unio Nacional dos Estudantes. Foi o tempo do aparecimento do bar Zicartola, dos espetculos de samba no Teatro de Arena e no Teatro Santa Rosa e de musicais como "Rosa de Ouro" . Produzido por Hermnio Bello de Carvalho, o "Rosa de Ouro" revelou Araci Cortes e Clementina de Jesus.
Dentro da bossa nova surgiram dissidncias, e parte do movimento, juntamente com artistas da ento nascente Msica Popular Brasileira, se aproximou de sambistas tradicionais, especialmente de Cartola, Nelson Cavaquinho, Z Kti e, mais adiante, Candeia, Monarco, Monsueto e Paulinho da Viola.3 A exemplo do sambista Paulo da Portela, que intermediou as relaes do morro com a cidade quando o samba era perseguido, Paulinho da Viola - tambm da Portela - seria uma espcie de embaixador do gnero tradicional diante de um pblico mais vanguardista, entre os quais os tropicalistas. Tambm do interior da bossa nova apareceria Jorge Ben para dar sua contribuio autoral mesclada com o rhythm and blues norte-americano, que mais adiante suscitaria o aparecimento de um subgnero apelidado sungue (ou samba-rock).4 Durante os anos sessenta, apareceram grupos formados por sambistas com experincias anteriores no universo do samba, entre os quais, Os Cinco Crioulos (composto por Anescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Jair do Cavaquinho e Paulinho da Viola, substitudo mais tarde por Mauro Duarte), A Voz do Morro (composto por Anescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento, Oscar Bigode, Paulinho da Viola, Z Cruz e Z Kti), Mensageiros do Samba (Candeia e Picolino da Portela), Os Cinco S (Jair do Cavaquinho, Velha, Wilson Moreira, Zito e Zuzuca do Salgueiro). Fora da cena principal dos chamados festivais de Msica Popular Brasileira, o samba encontraria na Bienal do Samba, no final dos anos sessenta, o espao destinado a grandes nomes do gnero e seguidores. Ainda naquele final de dcada, aparecia o chamado "samba-empolgao" dos blocos carnavalescos Bafo da Ona
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Nelson Sargento em show no Sesc Esquina, Curitiba, em 2007. Artista integrou o conjunto A Voz do Morro.
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(Catumbi), Cacique de Ramos (Olaria) e Bomios de Iraj (Iraj).3 Ainda na dcada de 1960, surgiu o samba-funk. O samba-funk surgiu no final da dcada de 1960 com o pianista Dom Salvador e o seu Grupo Abolio, que mesclavam o samba com o funk norte-americano recmchegado em terras brasileiras. Com a da definitiva de Don Salvador para os Estados Unidos, o grupo encerrou as atividades, mas no comeo da dcada de 1970 alguns ex-integrantes como Luiz Carlos Batera, Jos Carlos Barroso e Oberdan Magalhes se juntaram a Cristvo Bastos, Jamil Joanes, Cludio Stevenson e Lcio da Silva para formar a Banda Black Rio. O novo grupo aprofundou o trabalho de Don Salvador na mistura do compasso binrio do samba brasileiro com o quaternrio do funk americano, calcado na dinmica de execuo, conduzida pela bateria e baixo. Mesmo aps o fim da Banda Black Rio, em 1980, DJs britnicos passaram a divulgar o trabalho do grupo e o ritmo fora redescoberto em toda a Europa, principalmente na Inglaterra e Alemanha.3 Revalorizao comercial do samba urbano A dcada de 1970 marcaria um perodo de revalorizao do samba, com a projeo comercial de uma nova gerao de artistas, como Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes,nota 7 Bezerra da Silva, Joo Nogueira, Nei Lopes, Roberto Ribeiro e Wilson Moreira, que juntamente com Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Elton Medeiros se firmariam como a nova gereo do samba brasileiro, enquanto sambistas da chamada "velha guarda", como Candeia, Cartola e Nelson Cavaquinho, se consagraram com a gravao de seus prprios trabalhos individuais. Como o samba passou a ser novamente muito executado nas emissoras de rdio, muitos destes artistas chegaram at a alcanar os primeiros lugares nas paradas, com grande destaque para sua vertente partidoalto e ao que alguns chamaram como samba-jia.
Embora o termo tenha surgido no incio do sculo XX nas rodas na casa da Tia Ciata, inicialmente para designar msica instrumental, samba-de-partido-alto passou a ser difundido comercialmente, durante a dcada de 1970, como um estilo de samba marcado por uma batida de pandeiro altamente percussiva, com uso da palma da mo no centro do instrumento para estalos. Sua harmonia sempre em tom maior, geralmente tocado por um conjunto de instrumentos de percusso (normalmente surdo, pandeiro e tamborim) e acompanhado por um cavaquinho e/ou por um violo.13 Um de seus principais expoentes foi Martinho da Vila, tido como responsvel no apenas por trazer o estilo partido-alto - ento cultivado quase que exclusivamente pelos moradores dos morros cariocas ligados s escolas de samba - ao pblico em geral, como tambm por ter suavizado suas formas, dando-lhe mais musicalidade e lhe conferindo versos mais concisos, embora esse partido-alto assimilado pela indstria fonogrfica feito de solos escritos, e no mais improvisados e espontneos, segundo os cnones tradicionais.13 22 Paralelo ao samba de partido-alto comercializado pela indstria fonogrfica, um outro grupo de artistas desenvolveu uma produo comercial importante. Representados por Agep, Antonio Carlos e Jocafi, Benito Di Paula, Luiz Ayro, Jorginho do Imprio, Os Originais do Samba e Tom e Dito, esse tipo de samba ficou conhecido pela pejorativa de samba-jia ou sambo-jia.nota 8 Em um cenrio marcado pelo samba sofisticado e engajado da MPB representantes como Joo Bosco e Aldir Blanc, o sambo-joia foi muito utilizado por crticos musicais que atacavam uma suposta qualidade duvidosa desse samba por ser mais romntico ou despolitizado.23 Outros crticos, no entanto, valorizavam o fato deste estilo de samba recoloc-lo nas principais emissoras de rdio e TV do pas, ajudar a impulsionar vendas expressivas de discos de samba naquela dcada e at de contribuir com de alguma forma com a linha evolutiva da msica popular do Brasil.3 23
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Na cidade de So Paulo, Geraldo Filme, um dos principais nomes do samba paulistano - ao lado de Germano Mathias, Osvaldinho da Cuca, Tobias da Vai-Vai, Aldo Bueno e Adoniran Barbosa, este ltimo j devidamente reconhecido nacionalmente antes de ser relembrado e regravado com mais frequncia nos anos setenta. Sambista da Barra Funda, um reduto do samba paulistano, Firme era tambm freqentador das rodas de "Tiririca" , no Largo da Banana, e montou os espetculos "Balbina de Yans" e "Pagodeiros da Paulicia" , em parceria com Plnio Marcos. Em Salvador, compositores como Riacho, Panela, Batatinha, Garrafo e Goiabinha, foram seguidos por Tio Motorista, Chocolate, Nlson Balal, J. Luna, Edil Pacheco, Ederaldo Gentil, Walmir Lima, Roque Ferreira, Walter Queiroz, Paulinho Boca de Cantor e Nelson Rufino, que mantiveram a tradio dos sambas-de-roda e samba-coco. Pagode: samba consolida-se como produto Depois de um perodo de esquecimento onde as rdios eram dominadas pela Disco Music e pelo rock brasileiro, o samba consolidou sua posio no mercado fonogrfico na dcada de 1980, especialmente impulsionado por um novo estilo, que foi batizado de pagode. Com caractersticas do choro e um andamento de fcil execuo para os danarinos, o pagode basicamente dividido em duas tendncias. A primeira delas mais ligada ao partido-alto, tambm chamada de pagode de raiz, que conservava a linhagem sonora e fortemente influenciada por geraes passadas. A segunda tendncia, considerada mais "popular" , ficou conhecida como "pagode-romntico" e passou a ter grande apelo comercial na dcada de 1990 em diante. Nascido no final da dcada anterior, por meio das rodas de samba que um grupo de cantores e compositores faziam embaixo da tamarineira da quadra do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, o pagode era um samba renovado, que utilizava novos instrumentos que davam uma sonoridade peculiar quele grupo, como o banjo com brao de cavaquinho (criado por Almir Guineto) e o tant (criado por Sereno), e uma linguagem mais popular.
Pontuado pelo banjo e pelo tant, o pagode seria uma resposta ao ocaso do samba no incio dos anos oitenta, que teria obrigado os seus seguidores a se reunirem em fundos de quintal para mostrar suas novas composies diante de uma platia de vizinhos. Este ramal do samba, movido a partido-alto, revelaria inicialmente nomes como Almir Guineto, Jorge Arago, Jovelina Prola Negra e Zeca Pagodinho (o nico que se firmaria ao fim da onda inicial) - alm do Grupo Fundo de Quintal, que revelaria ainda a dupla Arlindo Cruz e Sombrinha. Tambm partideiro, da dcada anterior, Bezerra da Silva emplacaria seus chamados "sambandidos" , canes com enredos que documentavam a guerra civil da sociedade partida.4 Em meio da euforia consumista do Plano Cruzado, os pagodeiros se mostraram excelentes vendedores de discos - sempre mais de 100 mil cpias por lanamento - e conquistaram seu espao na grande mdia, de onde no saram mais do rdio e da TV. Esse pagode, cujo auge mercadolgico verificou-se exatamente em 1986, teve como mola mestra esttica a ampla exposio e revalorizao do partido-alto, modalidade de samba, at ento de pouqussima visibilidade. Assim, as rodas de samba de "fundos de quintal" revelaram ou confirmaram o talento de muitos bons versadores, cultores da velha arte, como a dupla que reunia o conhecido Zeca Pagodinho e o desconhecido Deni de Lima, sobrinho de Osrio Lima, legendrio compositor do Imprio Serrano.13 De uma curtio exclusivamente suburbana, os pagodes (tanto a festa, com suas comidas e bebidas, quanto o novo estilo) se tornaram moda tambm nos bairros da zona sul do Rio e em diversos localidades do Brasil. O mpeto aos poucos diminuiu, com a consequente queda de poder aquisitivo do seu maior pblico consumidor
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as classes menos abastadas. Mas logo, uma nova modalidade desse subgnero, bem mais comercial e desvinculada das razes, passaria a ser conhecida como pagode.24 No final da dcada de 1980, o pagode enchia sales e, no incio dos anos noventa. A indstria fonogrfica, j amplamente orientada para a globalizao pop, usurpou o termo pagode, batizando com ele uma forma diferente de fazer samba que guardava poucos elementos com o samba inovador da dcada anterior, massificando-o de forma enganosa. Essa diluio partia majoritariamente da cidade de So Paulo, o que engendrou o rtulo equivocado de "pagode paulista" .13 E seus principais arautos foram os msicos de um grupo que, inclusive, segundo as edies em partitura de seus primeiros lanamentos, pretendia estar fazendo o que se chamava de "samba-rock" , mas na verdade eram mais uma variao mais pop do samba-rock.24 Assim, as grandes gravadoras criaram um novo tipo de pagode, que muitos chamariam de "pagoderomntico" , "pagode comercial" , ou simplesmente tachado de "pagode" . Vertente mais distanciada do pagode "de raiz" do final dos anos setenta, esse pagode "romntico" se tornaria um fenmeno comercial, com o lanamento de dezenas de artistas e grupos paulistas, mineiro e carioca, entre os quais se destacou inicialmente o grupo Raa Negra e tambm os grupos Raa, S Pra Contrariar, Katinguel, S Preto Sem Preconceito, Negritude Jnior, Art Popular, Exaltasamba, Irradia Samba, Ka do Samba, Os Travessos, Soweto e Molejo entre outros. Sua massificao nas emissoras de rdios e TVs ajudou a melhorar a arrecadao de direitos autorais e fez com que as msicas norte-americanas ficassem em segundo lugar em arrecadao durante aquela dcada, algo indito no Brasil. A maioria desses grupos se desfizeram, mas outros apareceram nos ltimos anos, de forma que ainda um dos ritmos mais ouvidos no Brasil. Apesar disso, este tipo de pagode desagrada grande parte da crtica musical, que questiona especialmente a qualidade das msicas.3 Ainda nos anos noventa, apareceram mais duas fuses de samba com outros gneros musicais. O primeiro deles foi o samba-rap, criado nas favelas e presdios paulistanos e cariocas. O outro foi o sambareggae, este surgido a partir de manifestao de grupos baianos, cariocas e paulistas em modificar o pagode tradicional e o transformar em um samba suingado. Em meados dos anos noventa surgiu no Estado da Bahia o que se chamava "Samba da Bahia", que mais tarde ficou conhecido como Suingueira. Este estilo caracterizado como uma mistura de Pagode e rtmos regionais da Bahia, principalmente com os tocados durante o carnaval e o que se intitula, popularmente, como Ax Music.[carece de fontes?] Este tipo de msica ficou famosa pela intensa vendagem de discos de grupos como o Tchan (antigo Gera Samba), Companhia do Pagode, Harmonia do Samba, Terra Samba, Patrulha do Samba, Tchakabun, Psirico e muitos outros que se destacara na cena musical baiana.[carece de fontes?] Samba urbano contemporneo A partir do ano 2000, surgiram alguns artistas que buscavam se reaproximar do samba mais vinculado estilo consolidado nos morros cariocas, muitas vezes chamado "samba de raiz". Foram os casos de Marquinhos de Oswaldo Cruz, Teresa Cristina e Grupo Semente, entre outros, que contriburam para a reabilitao da regio da Lapa, no Rio de Janeiro. Outros nomes surgiram nesse tradicional reduto do samba, como o compositor Edu Krieger, que foi gravado por nomes como Roberta S e Maria Rita, a cantora Manu Santos, novata revelada no festival mais importante da Lapa nos dias atuais, a Mostra de Talentos do Carioca da Gema - que tambm trouxe nomes como Eliza Ador, Roberta Espinosa, Moyseis Marques entre vrios outros. Em So Paulo, o grupo Quinteto em Branco e Preto desenvolve o evento (no bairro de Santo Amaro) "Samba da Vela" - no qual seus participantes s cantam sambas inditos de compositores desconhecidos da indstria musical.25 26 Isso tudo contribuiu para atrair vrios artistas do Rio de Janeiro que, alm de shows, fixaram residncia em bairros da capital, como So Mateus.3 J grupos como o Funk Como Le Gusta e Clube do Balano deram continuidade aos bailes inspirados na poca do sambalano e do samba-rock.
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Em 2004, o ento ministro da cultura Gilberto Gil apresentou Unesco o pedido de tombamento do samba como Patrimnio Cultural da Humanidade, na categoria "Bem Imaterial", atravs do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional.27 28 A data foi criada por iniciativa de um vereador de Salvador, Luis Monteiro da Costa, em homenagem a Ary Barroso, que havia composto "Na Baixa do Sapateiro" embora sem ter conhecido a Bahia. Assim, 2 de dezembro marcou a primeira visita de Ary Barroso a Salvador. Inicialmente, o Dia do Samba era comemorado apenas em Salvador, mas acabou transformado em data nacional.29 No ano seguinte, o samba-de-roda do Recncavo Baiano foi proclamado "Patrimnio da Humanidade" pela Unesco, na categoria de "Expresses orais e imateriais" .9 Em 2007, o IPHAN conferiu registro oficial, no Livro de Registro das Formas de Expresso, s matrizes do samba do Rio de Janeiro: samba de terreiro, partido-alto e samba-enredo.27 28
Instrumentos de samba
O samba tocado basicamente por instrumentos de percusso e acompanhado por instrumentos de corda. Em vertentes como o samba-exaltao e o samba-de-gafieira, foram acrescentados instrumentos de sopro.
Instrumentos bsicos
Cavaquinho Violo Pandeiro Surdo Tamborim Tant Bandolim
Em vertentes
Cuca Trompete
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Alm de ser um dos gneros musicais mais populares do Brasil, o samba bastante conhecido no exterior. reconhecido tambm como smbolo brasileiro, ao lado do futebol e o carnaval. Esta histria comeou com o sucesso internacional de "Aquarela do Brasil" , de Ary Barroso, seguiu com Carmen Miranda (apoiada pelo governo Getlio Vargas e a poltica da boa vizinhana norte-americana), que levou o samba para os Estados Unidos, passou ainda pela bossa nova, que inseriu definitivamente o Brasil no cenrio mundial da msica. O sucesso do samba na Europa e no Japo apenas confirma sua capacidade de conquistar fs, independente do idioma. Atualmente, h centenas de escolas de samba constitudas em solo europeu (espalhada por pases como Alemanha, Blgica, Holanda, Frana, Sucia, Sua). J no Japo, as gravadoras investem maciamente no lanamento de antigos discos de sambistas consagrados, que acabou por criar um mercado formado apenas por catlogos de gravadoras japonesas.
Notas
1. Na verdade, "Pelo Telefone" era uma criao coletiva de msicos que participavam das festas da casa de tia Ciata, mas acabou registrada por Ernesto dos Santos, mais conhecido como Donga, com coautoria atribuda a Mauro de Almeida, um ento conhecido cronista carnavalesco. Embora reconhecido como o "primeiro samba", sua primeira gravao guarda muitas similaridades com um maxixe. 2. "Em seus botequins reuniam-se os representantes da massa flutuante da populao, que, figurando como excedente de mo-de-obra num quadro econmico-social acanhado, dedicava-se a biscates, ao jogo e explorao de mulheres da regio do Mangue, que lhe ficava prxima." 14 3. "Esses "bambas", como eram conhecidos na poca os lderes dessa massa de desocupados ou de trabalhadores precrios, eram, pois, os mais visados no caso de qualquer ao policial. Assim, no de estranhar que tenha partido de um desses representantes tpicos das camadas mais baixas da poca - Ismael Silva, Rubens e Alcebades Barcelos, Slvio Fernandes, o Brancura, e Edgar Marcelino dos Santos - a ideia de criar uma agremiao carnavalesca capaz de gozar da mesma proteo policial conferida aos ranchos e s chamadas Grandes Sociedades, no desfile pela Avenida, na tera-feria gorda." 14 4. "(...)a transformao do samba em msica nacional no foi um acontecimento repentino, indo da represso louvao em menos de uma dcada, mas sim o coroamento de uma tradio secular de contatos(...) entre vrios grupos sociais na tentativa de inventar a identidade e a cultura popular brasileiras" 2 5. Segundo Jos Miguel Wisnik, o samba abria "o espectro de repertrio da Rdio Nacional em cujas ondas o imaginrio do pas viajava." 16 6. As concentraes urbanas provocaram o aparecimento das primeiras danceterias populares, as chamadas gafieiras, palco para estes dois novos estilos que surgiriam dentro do seio do samba urbano moderno radiofnico 7. No final da dcada de setenta, surgiria o termo "ABC do samba" , relacionado as trs cantoras, por conseguiram bater recordes de venda. Interessante assinalar que tambm no foram vistas com bons olhos por muitos crticos por ter direcionado seus repertrios para ritmos afro-brasileiros, principalmente o samba, pois como est grafado na histria de cada uma delas, nenhuma comeou exatamente como sambista. 8. Segundo Luiz Ayro, o termo "sambo-jia" apareceu em uma coluna do jornal O Estado de S.Paulo, no final da dcada de 1970, e atribua pejorativamente Beth Carvalho o ttulo de "Rainha do sambojia", o que causou um grande estigma e mgoa para alguns desses artistas. 9. No livro "O samba na realidade", de Nei Lopes, o autor enumera quatro princpios bsicos para o Grmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, do qual era diretor. Um desses princpios diz respeito movimentao dos sambistas da escola no desfile, o que serve para explicitar a "dana" do samba: "Samba mesmo no passo curto, drible de corpo, 'no faz que
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vai, mas no vai', no passo largo cheio de ginga, no balanar dos braos, no girar constante da cabea, mostrando um sorriso contagiante, uma combinao improvisada de movimentos que ningum do mundo consegue fazer igual ao brasileiro".3
Referncias
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