O Nosso Mestre
O Nosso Mestre
O Nosso Mestre
Ofereo aos educandos do sculo 21 esta verso digital do livro adotado como leitura nas escolas pblicas em quatro estados brasileiros, nos anos 40. Que o maior dos Mestres de ontem possa orientar os caminhos dos meninos e meninas de hoje e sempre. ris Helena Gomes
HUBERTO ROHDEN
NOSSO MESTRE
VIDA E DOUTRINA DE JESUS CRISTO CONTADAS COM AS PALAVRAS DOS QUATRO EVANGELHOS
ADOTADO COMO LIVRO DE LEITURA NAS ESCOLAS PBLICAS DE DIVERSOS ESTADOS DO BRASIL 5.a EDIO - 1962
Meus pequenos leitores. Estais habituados a ler livros de histrias divertidas e ilustradas com lindas gravuras. Ora, a mais interessante e mais verdadeira de todas as histrias a histria dum menino que nasceu, h quase dois mil anos, numa caverna escura e fria, fugiu para terras estranhas,voltou, fez-se homem, trabalhou numa oficina de carpinteiro; depois percorreu o pas, falando em coisas misteriosas, fez estupendos prodgios, ensinou verdades sublimes e acabou morrendo por amor daqueles que o odiavam... Acabou? Oh no, no acabou! O mais estupendo precisamente aquilo que aconteceu depois da morte desse homem de Nazar que no era simples homem. No terceiro dia depois da sua morte, esse homem, com o corao varado por uma lana, reapareceu vivo e de perfeita sade, conversou com seus amigos, comeu com eles e encarregou-os de continuar a ensinar aos homens o que ele tinha ensinado. Este homem subiu ao cu, vista dos seus amigos, e prometeu voltar no fim do mundo. Um dia, ns o veremos... Todos os homens que creem na doutrina desse Homem-Deus que se chamava Jesus e vivem conforme essa doutrina so amigos dele. A vida humana, s vezes to cheia de trabalhos e sofrimentos, sempre bela quando a gente cr firmemente na religio de Jesus e se esfora cada dia por fazer o que ele mandou. Quem cr em Jesus e vive segundo esta f ama a Deus, porque ele nosso Senhor e nosso Pai. Quem amigo de Jesus quer bem a todos os homens, vive em paz com seus companheiros, obedece a seus pais e superiores, trata com delicadeza os pobres e aleijados, respeita a honra, o bom nome, os bens e a vida do prximo; amigo da verdade, da pureza, da justia e da caridade. O verdadeiro amigo de Jesus nem precisa ter medo da morte, porque morrer no outra coisa seno chegar ao termo da nossa jornada. Por isso, meus pequenos leitores, necessrio saber tudo o que Jesus disse e fez quando vivia no mundo. Quatro homens que viveram no tempo de Jesus Mateus, Marcos, Lucas e Joo escreveram a vida e doutrina do grande Mestre. So os "quatro Evangelhos", livros sagrados, livros divinamente inspirados. Tirei dos quatro Evangelhos tudo o que h de mais importante e lindo e o mandei imprimir nas pginas deste livro "NOSSO MESTRE", que tendes nas mos. Quem, pois, escreveu este livro "NOSSO MESTRE" no fui propriamente eu; foram os apstolos e companheiros de Jesus Cristo, homens que conheceram a Jesus, que viram os seus milagres e ouviram a sua doutrina. Lede, pois, este livro, estudai-o, meditai-o e fazei tudo o que Jesus mandou. Assim sereis amigos de Deus, verdadeiros cristos e timos brasileiros.
Numa pequena cidade serrana, chamada Nazar, vivia uma jovem por nome Maria. Como ela era muito boa, mandou Deus um dos seus anjos dizer a Maria que a tinha escolhido para ser me do Salvador do mundo, Jesus Cristo. So Lucas, que viveu naquele mesmo tempo e, certamente, falou com Maria, conta do seguinte modo este acontecimento:
Foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazar, a uma virgem desposada com um varo, por nome Jos, da casa de Davi. E o nome da virgem era Maria. Entrou o anjo onde ela estava e disse: "Eu te sado, cheia de graa; o Senhor contigo, bendita s tu entre as mulheres". A estas palavras se assustou ela e refletiu o que significaria essa saudao. Disse-lhe o anjo: "No temas, Maria; pois achaste graa diante de Deus. Eis que concebers e dars luz um filho, a quem pors o nome de Jesus. Ser grande e chamado Filho do Altssimo; Deus, o Senhor, lhe dar o trono de seu pai Davi; reinar eternamente sobre a casa de Jac, e o seu reino no ter fim". Tornou Maria ao anjo: "Como se far isto, pois que no conheo varo?" Volveulhe o anjo: "O Esprito Santo descer sobre ti e a virtude do Altssimo te far sombra. Por isso, o santo que nascer de ti ser chamado Filho de Deus. Tambm tua parenta Isabel concebeu um filho em sua velhice e j est no sexto ms, ela, que passa por estril; porque a Deus nada impossvel". Disse ento Maria: "Eis aqui a serva do Senhor; faa-se em mim segundo a tua palavra". E o anjo deixou-a. (Lc. l, 26-38).
Ps-se Maria a caminho e dirigiu-se com presteza s montanhas, em demanda de uma cidade de Jud. Entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel. E, assim que Isabel ouviu a saudao de Maria, exultou-lhe o menino no seio; e Isabel, repleta do Esprito Santo, exclamou em altas vozes: "Bendita s tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu seio! Em que mereci eu que viesse visitar-me a me do meu Senhor? Pois, logo que a tua saudao me soou aos ouvidos exultou de prazer o menino nas minhas entranhas. Bem aventurada que acreditaste que se cumprir o que te foi dito pelo Senhor!"
Disse ento Maria: "Minha alma glorifica ao Senhor, e meu esprito rejubila em Deus, meu Salvador. Lanou olhar benigno sua humilde serva. Eis que desde agora me chamaro bem-aventurada todas as geraes. Grandes coisas me fez o poderoso santo o seu nome. Vai de gerao em gerao a sua misericrdia sobre os que o temem. Manifesta o poder do seu brao. Aniquila os coraes soberbos. Derriba do
trono os poderosos e exalta os humildes. Sacia de bens famintos e despede de mos vazias os ricos. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericrdia para com Abrao e seus descendentes para sempre, conforme prometera aos nossos pais". Ficou Maria uns trs meses com Isabel; depois regressou para casa (Lc. l, 39-6). 3. Uma criana diferente das outras
Tinha o mesmo anjo Gabriel anunciado a Zacarias, marido de Isabel, que eles teriam um filho e que este seria o precursor de Cristo. Mas, como Zacarias havia duvidado do fato, ficara mudo, e s quando nasceu o filho que recuperou a fala e louvou a Deus.
Chegou o tempo em que Isabel devia dar luz; e deu luz um filho. Ouviram os vizinhos e parentes que o Senhor lhe fizera grande misericrdia, e congratularam-se com ela. No oitavo dia vieram para circuncidar o menino, e quiseram pr-lhe o nome de seu pai Zacarias. "De modo nenhum replicou a me. O seu nome ser Joo". Ao que lhe observaram: "Mas no h ningum em tua parentela que tenha esse nome". Perguntaram ento por acenos ao pai do menino como queria se chamasse. Pediu ele uma tabuinha e escreveu as palavras "Joo seu nome". Pasmaram todos. No mesmo instante desimpediu-se-lhe a boca e soltou-se-lhe a lngua, e falava, bendizendo a Deus. Ento se encheram de temor todos os vizinhos, e por todas as montanhas da Judeia se divulgaram estes fatos. E todos os que deles tiveram notcia ponderavam-nos consigo mesmos, dizendo: "Que ser deste menino? Porque a mo do Senhor estava com ele". Seu pai Zacarias ficou repleto do Esprito Santo e rompeu nestas palavras profticas: "Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo! Suscitou-nos um Salvador poderoso na casa de seu servo Davi; assim como desde sculos prometera por boca dos seus santos profetas: de livrar-nos dos nossos inimigos e das mos de todos os que nos odeiam; de fazer misericrdia aos nossos pais e recordarse da sua santa aliana, do juramento que fez a nosso pai Abrao; de conceder-nos que, libertados de mos inimigas, o servssemos sem temor, em santidade e justia, todos os dias da nossa vida. E tu, menino, sers chamado profeta do Altssimo; irs ante a face do Senhor para preparar-lhe o caminho, e fazer conhecer ao seu povo a salvao que est na remisso dos pecados, graas entranhvel misericrdia de nosso Deus; pois
que das alturas nos visitou o sol nascente; a fim de alumiar aos que jazem nas trevas sombrias da morte, e dirigir os nossos passos ao caminho da paz". O menino crescia e fortalecia-se no esprito. Vivia no deserto at ao dia em que havia de manifestar-se a Israel. (Lc. l, 57-80).
Apareceu um dito de Csar Augusto para ser recenseado todo o pas. Foi este o primeiro recenseamento. Efetuou-se debaixo de Cirino, governador da Sria. Foram todos para se inscrever cada um sua cidade ptria. Tambm Jos partiu de Nazar, cidade da Galileia, para a cidade de Davi, chamada Belm pois era da casa e estirpe de Davi a fim de se fazer alistar com Maria, sua esposa.
Quando a se achavam, chegou o tempo em que ela devia dar luz; e deu luz a seu Filho primognito; envolveu-o em faixas e reclinou-o em uma manjedoura; porque no havia lugar para eles na estalagem (Lc. 2, 2-7). 5. O que um anjo disse aos pastores...
Perto de Belm h umas plancies cobertas de capim, para onde costumam os pastores levar os seus rebanhos de ovelhas e cabras. Na noite em que Jesus nasceu, diversos pastores estavam passando em claro nessas plancies guardando os seus rebanhos quando lhes apareceu um anjo de Deus e lhes deu a notcia do nascimento de Jesus. Foram logo visitar o recm-nascido.
Havia naquela mesma regio uns pastores que passavam a noite em claro, guardando os seus rebanhos. De sbito, apareceu diante deles um anjo do Senhor e a glria de Deus cercou-os de claridade. Tiveram grande medo. O anjo, porm, lhes disse: "No temais! Eis que venho anunciar-vos uma grande alegria, que caber a todo o povo: que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que o Cristo e Senhor. E isto vos servir de sinal: encontrareis um menino envolto em 8
faixas e deitado em uma manjedoura". E logo associou-se ao anjo uma grande multido da milcia celeste, que louvava a Deus, dizendo: "Glria a Deus nas alturas, e na terra paz aos homens de boa vontade". Foram a toda pressa, e acharam Maria e Jos, e o menino deitado numa manjedoura. vista disso conheceram o que lhes fora dito a respeito deste menino; e todos os que o ouviam admiravam-se do que lhes diziam os pastores. Maria, porm, conservava todas estas coisas, meditando-as no seu corao. Voltaram os pastores, louvando e glorificando a Deus por tudo o que acabavam de ouvir e de ver, assim como lhes fora dito (Lc. 2, 8-20). 6 Jesus apresentado a Deus no templo
Era lei que todo filho homem mais velho fosse levado ao templo de Jerusalm, quarenta dias depois do nascimento, para ser oferecido a Deus.
Terminados os dias da purificao prescritos pela lei de Moiss, levaram o menino a Jerusalm para apresent-lo ao Senhor, conforme est escrito na lei do Senhor: "Todo primognito masculino seja consagrado ao Senhor". Foram tambm oferecer o sacrifcio ordenado na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos (Lc. 2, 22-24). 7. Um ancio profere palavras misteriosas
Quando o menino Jesus foi apresentado no templo, um velho muito piedoso, de longas barbas e cabelo branco, tomou-o nos braos e se sentiu imensamente feliz, porque conheceu que era o Salvador do mundo.
Vivia em Jerusalm um homem por nome Simeo, que era justo e temente a Deus e esperava a consolao de Israel; e o Esprito Santo estava nele. Revelara-lhe o Esprito Santo que no veria a morte sem primeiro contemplar o Ungido do Senhor. Impelido pelo Esprito veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino para nele cumprirem os dispositivos da lei. Simeo tomou-o nos braos e glorificou a Deus, dizendo: "Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque os meus, olhos contemplaram o teu Salvador, que suscitaste ante a face de todos os povos: para os gentios uma luz iluminadora, para o teu povo Israel uma glria". Pasmaram o pai e a me das coisas que se diziam do menino. Bendisse-os Simeo, e dirigiu a Maria, sua me, estas palavras: "Eis que este destinado para runa e ressurreio de muitos em Israel, e para ser alvo de contradio e tua alma ser traspassada de uma espada para que se manifestem os pensamentos de muitos coraes" (Lc. 2, 25-35) . 8. ltima alegria duma velhinha
Apareceu na mesma ocasio tambm uma velhinha de 84 anos, qual Deus revelou que aquele menino de 40 dias era o Messias esperado havia milhares de anos.
Havia tambm uma profetisa chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade avanada e vivera sete anos com seu marido, depois da sua virgindade; viva, contava oitenta e quatro anos. No saa do templo, servindo a Deus com jejuns e oraes, dia e noite. Compareceu tambm na mesma ocasio, glorificou a Deus e falou dele a todos os que esperavam a redeno de Israel (Lc. 2, 36-38).
Depois de cumprirem tudo conforme a lei do Senhor, regressaram para a Galileia, sua cidade de Nazar. O menino, porm, foi crescendo e robustecendo-se, cheio de sabedoria, e pousava sobre ele a complacncia de Deus (Lc. 2, 39-40). 10. Reis do Oriente prestam as suas homenagens ao menino Jesus
Cerca de dois anos mais tarde entrou em Belm uma deslumbrante caravana do Oriente: trs sbios e soberanos de povos, guiados por uma estrela, vinham em procura de Jesus. O rei Herodes temia que esse menino, mais tarde, subisse ao trono da Judeia, pelo que tratou de o matar quanto antes; mas, como era um grande hipcrita, disse aos trs reis que tambm ele queria adorar o menino.
Quando Jesus tinha nascido em Belm de Jud, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do Oriente uns magos a Jerusalm, e perguntaram: "Onde est o rei dos judeus que acaba de nascer? Pois vimos a sua estrela no Oriente, e viemos ador-lo". A esta notcia se aterrou o rei Herodes e toda Jerusalm com ele. Convocou todos os prncipes dos sacerdotes e escribas do povo e indagou deles onde devia nascer o Cristo. "Em Belm da Judeia responderam eles porque assim est escrito pelo profeta: E tu, Belm, na terra de Jud, no s de forma alguma a menor dentre as cidades principais de Jud; porque de ti sair o chefe que h de governar o meu povo Israel". Ento Herodes 10
chamou secretamente os magos e inquiriu deles o tempo exato em que lhes aparecera a estrela. Enviou-os a Belm, dizendo-lhes: "Ide e informai-vos solicitamente a respeito do menino, e, logo que o houverdes encontrado, fazei-mo saber, para que v tambm eu ador-lo". Eles, depois de ouvir o rei, partiram.
Camelo usado como cavalgadura pelos orientais. Os trs magos que procuravam o menino Jesus vinham em animais desses. (captulo 10)
E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, seguia adiante deles, at que, chegando sobre o lugar onde estava o menino, parou. Ao verem a estrela, foi sobremaneira grande a alegria que sentiram. Entraram na casa, e viram o menino com Maria, sua me, prostraram-se em terra e o adoraram; depois abriram os seus tesouros e lhe fizeram oferta: ouro, incenso e mirra. Em sonho, porm, receberam o aviso para no voltarem presena de Herodes; pelo que regressaram a seu pas por outro caminho (Mt. 2, 1-12).
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Depois da partida dos magos, eis que um anjo do Senhor apareceu, em sonho, a Jos e disse-lhe: "Levanta-te; toma o menino e sua me e foge para o Egito, e fica l at que eu te avise; porque Herodes vai procurar o menino para o matar". Levantou-se ele, e, ainda noite, tomou o menino e sua me e retirou-se para o Egito. L ficou at a morte de Herodes. (Mt 2, 13-15). 12. Corre em Belm o sangue de pequenos mrtires
Quando Herodes soube que os reis do Oriente tinham voltado s suas terras sem lhe dizerem onde estava o tal menino, encheu-se de raiva e mandou matar todos os meninos que tivessem mais ou menos a idade de Jesus. Pensava ele que um desses meninos fosse Jesus mas enganou-se.
Entrementes, reconheceu Herodes que fora enganado pelos magos. Encheu-se de grande ira e fez matar em Belm e arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo que colhera dos magos (Mt. 2, 16-7). 13. O pequeno exilado em terras pagas
Passou a sagrada famlia alguns anos ao norte da frica, no meio dos gentios, saudosa da ptria, at que, numa noite, um anjo avisou a Jos para voltar terra natal, porque tinha morrido o rei Herodes. Em vez de voltar a Belm foram morar em Nazar, na Galileia.
Depois da morte de Herodes, eis que um anjo do Senhor apareceu, em sonho, a Jos, no Egito, e disse-lhe: "Levanta-te; toma o menino e sua me e vai para a terra de Israel; porque morreram os que procuravam matar o menino". Levantou-se Jos, tomou o menino e sua me e foi em demanda da terra de Israel. Ouvindo, porm, que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para l; e, avisado em sonho, retirou-se para as regies da Galileia. Estabeleceu-se numa cidade de nome Nazar (Mt. 2, 19-22). 14. Primeiro lampejo do esprito do menino Jesus
At aos doze anos de idade viveu Jesus em Nazar, ajudando a sua me nos trabalhos caseiros e a Jos na oficina de carpintaria. A partir dos doze anos tinha todo menino israelita obrigao de ir ao templo de Jerusalm. Jesus tambm foi, mas ficou no templo, porque tinha ordem de Deus para ficar. Seus pais no sabiam disto e sofreram muito nesses dias. No templo deu Jesus umas respostas to sbias a uns velhos doutores que eles ficaram admiradssimos de ver tanta sabedoria em menino dessa idade; pois no sabiam quem era Jesus.
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Iam seus pais todos os anos a Jerusalm para a festa da Pscoa. Quando Jesus completou doze anos, subiram a Jerusalm, segundo costumavam por ocasio da festa. Terminados os dias, regressaram. O menino Jesus, porm, ficou em Jerusalm, sem que seus pais o percebessem. Julgando que viesse com os companheiros de viagem, andaram caminho de um dia, e procuraram-no entre os parentes e conhecidos. Mas, como no o encontrassem, voltaram a Jerusalm, em busca dele. Depois de trs dias, o acharam no templo, sentado entre os doutores, a escut-los e fazer-lhes perguntas. Todos os que o ouviam pasmavam da sua inteligncia e das respostas que dava. Vendoo, admiraram-se, e sua me disse-lhe: "Filho, por que nos fizeste isto? Eis que teu pai e eu andamos tua procura cheios de aflio". Respondeu-lhes ele: "Por que me procurveis? No sabeis que tenho de estar na casa de meu Pai?" Eles, porm, no atinaram com o sentido destas palavras. Jesus crescia em sabedoria, idade e graa diante de Deus e dos homens (Lc. 2, 41-52). 15. Um homem, vestido de pele de camelo, s fala em Jesus
Quando Jesus tinha uns trinta anos e ainda trabalhava na oficina de Nazar, desconhecido de quase toda gente, apareceu s margens do Jordo um vulto estranho vindo do deserto Joo Batista. Era enviado por Deus para dizer a todo o povo que em breve apareceria Jesus Cristo, o Salvador do mundo. Mandou que todos se convertessem dos seus pecados, dessem disto prova pblica e praticassem boas obras. S assim que seriam amigos de Jesus.
Era no dcimo quinto ano de reinado do imperador Tibrio; Pncio Pilatos era governador da Judeia; Herodes, tetrarca da Galileia; seu irmo Filipe, tetrarca da Itureia e da provncia de Traconitis; Lisnias, tetrarca de Abilene. Ans e Caifs eram sumos sacerdotes. Foi ento que a palavra de Deus se dirigiu a Joo, filho de Zacarias, no deserto. E ps-se ele a andar por todas as terras do Jordo, a pregar o batismo de penitncia para perdo dos pecados conforme vem escrito no livro das palavras do profeta Isaas: "Uma voz ecoa no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas; encher-se- todo o vale e abater-se-o todos os montes e outeiros; tornar-se- reto o que tortuoso, e o que escabroso se far caminho plano; e todo homem ver a salvao de Deus" (Lc. 3, 2-6) . Usava Joo uma veste de pelos de camelo e um cinto de couro em volta do corpo; gafanhotos e mel silvestre formavam o seu alimento (1). Jerusalm, a Judeia em peso e todas as terras do Jordo foram ter com ele. Faziam-se por ele batizar no Jordo, confessando os seus pecados. Quando Joo viu que afluam tambm numerosos fariseus e saduceus para dele receber o batismo, disse-lhes: "Raa de vboras! Quem vos disse que escapareis ao juzo da ira que vos ameaa? Produzi frutos de sincera converso, e no digais: Temos por pai a Abrao! Pois, eu vos digo que destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abrao. O machado j est raiz das rvores: toda rvore que no produzir fruto bom ser cortada e lanada ao fogo". Ao que lhe perguntaram as turbas: "Que nos cumpre, pois, fazer?" Respondeulhe ele: "Quem possui duas vestes d uma a quem no tem; e quem tem que comer faa o mesmo". -------------------(1) esta a opinio geral. Entretanto, h documentos antigos que falam em "rvore do gafanhoto", de cujos frutos Joo se alimentava. Como essa rvore no fosse asss conhecida, prevaleceu a ideia geral de se ter Joo alimentado de gafanhotos.
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Apresentaram-se-lhe tambm publicanos para que os batizasse; e perguntaramlhe: "Mestre, que devemos fazer?" Respondeu-lhes: "No exijais mais do que vos foi ordenado". Vieram tambm soldados a interrog-lo: "E ns, que faremos?" Disse-lhes: "No useis de violncia nem de fraude para com ningum, e contentai-vos com o vosso soldo" (Mt. 3, 4-7; Lc. 3, 7-14). 16. Batismo de gua batismo de fogo
O batismo que Joo administrava no era seno uma confisso pblica que o convertido fazia dos seus pecados; era um ato de humildade que dispunha os homens para receberem o fogo divino da graa santificante, que s o Cristo podia dar.
Estava o povo em grande suspenso. Todos pensavam de si para si que talvez Joo fosse o Cristo. Ao que Joo declarou a todos: "Eu vos batizo com gua; mas vir outro mais poderoso do que eu, e a quem nem sou digno de desatar as correias do calado. Ele que vos batizar com o Esprito Santo e com fogo. Traz a p na mo e h de limpar a sua eira, recolhendo o trigo em seu celeiro e queimando a palha num fogo inextinguvel". Ainda muitas outras exortaes dirigia ele ao povo, anunciando-lhe a boa nova (Lc. 3, 15-18). 17. Jesus batizado por Joo como se fosse pecador...
No meio dos ouvintes de Joo apresentou-se tambm Jesus para ser por ele batizado. Joo recusou-se a batiz-lo, pois sabia que Jesus no tinha pecado, que era de absoluta pureza e santidade. Jesus, porm, insistiu em ser batizado pelos pecados dos homens; pois era o "cordeiro de Deus que tirava os pecados do mundo". Ento Joo o batizou e deram-se fenmenos estranhos...
Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galileia para o Jordo e foi ter com Joo para ser por ele batizado: Joo, porm, quis dissuadi-lo, dizendo: "Eu que devia ser batizado por ti
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e tu vens a mim?" Respondeu-lhe Jesus: "Deixa por agora; convm cumprirmos tudo que justo". Ento ele deixou. Depois de batizado, Jesus logo saiu da gua. E eis que se lhe abriu o cu, e viu o Esprito de Deus, que descia em forma de pomba e vinha sobre ele; e do cu uma voz clamava: "Este meu Filho querido, no qual pus a minha complacncia" (Mt. 3, 13-17).
Foi Jesus levado pelo Esprito ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois teve fome. Ento se aproximou dele o tentador e disse-lhe: "Se s Filho de Deus, manda que estas pedras se convertam em po". Respondeu-lhe Jesus: "Est escrito: Nem s de po vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus". Ao que o diabo o levou cidade santa, colocou-o sobre o pinculo do templo e disse-lhe: "Se s Filho de Deus, lana-te daqui a baixo; porque est escrito: Recomendou-te a seus anjos que te levem nas palmas das mos, para que no tropeces com os ps em alguma pedra". Replicou-lhe Jesus: "Tambm est escrito: No tentars o Senhor, teu Deus".
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Ainda o diabo o transportou a um monte muito elevado, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glria, e disse-lhe: "Todas estas coisas te darei, se, prostrando-te em terra, me adorares". Ordenou-lhe Jesus: "Vai para trs, satan! Porque est escrito: ao Senhor, teu Deus, adorars e s a ele servirs!" Ento o diabo o deixou, e eis que vieram os anjos e o serviram (Mt. 4, 1-11). 19. Nem as correias do calado...
Era to grande a santidade de Joo Batista que o povo pensava que ele fosse o prprio Cristo. Joo, porm, protestou contra essa ideia, dizendo que nem era digno de ser o ltimo escravo de Jesus; at seria honra demais para ele desatar-lhe as correias das sandlias.
Foi este o testemunho que Joo deu, quando os judeus lhe enviaram sacerdotes e levitas de Jerusalm com a pergunta: "Quem s tu?" Confessou sem negar, declarando: "Eu no sou o Cristo". Perguntaram-lhe eles: "Quem s, pois? s Elias?" "No sou" respondeu. "s o profeta?" "No" tornou ele. Responderam eles: "Quem s, pois? Para podermos dar resposta aos que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?" Tornou ele: "Eu sou a voz que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, conforme disse o profeta Isaas".
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Ora, os embaixadores pertenciam aos fariseus. E continuaram a interrog-lo: "Por que batizas, pois, se no s o Cristo, nem Elias, nem o profeta?" Respondeu-lhes Joo: "Eu batizo com gua; mas no meio de vs est, desconhecido de vs, aquele que vir aps mim; e que, todavia, anterior a mim. Eu nem sou digno de lhe desatar as correias do calado". Deu-se isto em Betnia, para alm do Jordo, onde Joo batizava (Jo. l, 19-28). 20. "Mestre, onde moras?"
Dois dos amigos de Joo Batista, ouvindo as palavras dele, foram seguindo a Jesus e ficaram com o Mestre todo aquele dia. E tanto gostaram de Jesus que logo convidaram seus amigos, mais tarde, se tornaram apstolos dele. Eram Andr e Joo Evangelista.
No dia seguinte estava Joo outra vez com dois dos seus discpulos. Quando viu passar a Jesus, disse: "Eis o Cordeiro de Deus!" Ouvindo os dois discpulos as suas palavras, logo foram em seguimento de Jesus. Voltou-se Jesus, e, vendo que o seguiam, perguntou-lhes: "Que procurais?" Ao que lhe responderam: "Rabi que quer dizer: Mestre onde moras?" Tornou-lhes ele: "Vinde e vede". Acompanharam-no e viram onde morava; e ficaram com ele esse dia. Era pela hora dcima (Jo. l, 35-40). 21. O homem que tinha f como um rochedo
Tinha Andr um irmo chamado Simo. Mas, assim que Jesus o viu, logo lhe conheceu o carter e a f inabalvel e lhe chamou homem-pedra, ou Cefas, na lngua de Jesus.
Um dos dois que, s palavras de Joo, seguiram a Jesus era Andr, irmo de Simo Pedro. Este encontrou primeiro a seu irmo Simo, e disse-lhe: "Encontramos o Cristo" que significa: o Ungido. E conduziu-o a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: "Tu s Simo, filho de Joo, e sers chamado Cefas" que quer dizer: pedra (Jo. l, 41-42). 22. "Poder l vir coisa boa de Nazar?. . .
Quando Natanael ouviu que Jesus vinha de Nazar, deu uma risada de escrnio e respondeu com um gesto de pouco caso que desse lugarejo das montanhas no podia vir coisa que prestasse. Mas, quando chegou a conhecer Jesus, mudou de parecer...
No dia imediato, ia Jesus partir para a Galileia, quando se lhe deparou Filipe; e disse-lhe: "Segue-me!" Era Filipe natural de Betsaida, ptria de Andr e de Pedro. Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: "Acabamos de encontrar aquele de quem escreveram Moiss, na lei, e os profetas: Jesus de Nazar, filho de Jos". Retrucou-lhe Natanael: "Poder sair coisa boa de Nazar?" "Vem e v" disse Filipe. Vendo Jesus chegar a Natanael, observou a respeito dele: "Eis um israelita de verdade, no qual no h falso". "Donde que me conheces?" perguntou Natanael. Tornou-lhe Jesus: "Antes que Filipe te chamasse, te via eu, debaixo da figueira". "Mestre! exclamou Natanael tu s o Filho de Deus; tu s o Rei de Israel. Respondeu-lhe Jesus: "Crs, porque te disse que te vira debaixo da figueira? Vers coisa maior que isto. E prosseguiu: "Em verdade, em verdade vos digo que doravante vereis o cu aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do homem" (Jo. l, 43-51).
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23. Jesus assiste a uma festa de casamento e faz converter gua em vinho
Casavam-se uns jovens, que eram parentes da me de Jesus. Maria foi ajudar nos preparativos da festa, a qual durava ao menos trs dias. Foram convidados tambm Jesus e seus discpulos. Durante o jantar acabou o vinho, e Jesus, advertido por sua me, converteu em timo vinho uns 600 litros de gua. Mostrou assim o seu poder divino e a sua humana caridade.
Trs dias depois, celebravam-se umas bodas em Can da Galileia. Estava presente a me de Jesus. Tambm Jesus e seus discpulos foram convidados s bodas. Quando chegou a faltar o vinho, disse-lhe a me de Jesus: "No tm vinho". Respondeu-lhe Jesus: "Senhora, que tem isso comigo e contigo? Ainda no chegou a minha hora". Disse ento a me de Jesus aos serventes: "Fazei o que ele vos disser". Ora, estavam a seis talhas de pedra, destinadas s purificaes usadas pelos judeus, cabendo em cada uma dois ou trs almudes (1). Ordenou-lhes Jesus: "Enchei de gua estas talhas". Encheram-nas at em cima. Ento lhes disse: "Tirai agora e levai ao mestre-sala". Levaram-na. O mestre-sala provou a gua feita vinho, e no sabia donde era; s o sabiam os serventes que tinham tirado a gua. O mestre-sala chamou o esposo e disse-lhe: "Toda a gente serve primeiro o vinho bom, e, depois que os convidados beberam bastante, apresenta o que inferior; tu, porm, reservaste o vinho bom at agora". Com isto deu Jesus princpio a seus feitos poderosos, em Can da Galileia; manifestou a sua glria, e os seus discpulos creram nele (Jo. 2, 1-11).
(1) 1 almude oriental = 35-40 litros.
Desceu Jesus a Cafarnaum, em companhia de sua me, seus irmos e seus discpulos. Demoraram-se a uns poucos dias. Estava prxima a festa pascal dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalm. No templo encontrou gente a vender bois, ovelhas e pombas; e cambistas, que l se tinham estabelecido. Fez um azorrague de cordas e expulsou-os todos do templo, juntamente com
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as ovelhas e os bois; arrojou ao cho o dinheiro dos cambistas e derribou-lhes as mesas. Aos vendedores de pombas disse: "Tirai daqui essas coisas e no faais da casa de meu Pai casa de mercado". Recordaram-se ento os discpulos do que diz a Escritura: "O zelo pela tua casa me devora". Os judeus, porm, protestaram, dizendo-lhe: "Com que prodgio provas que tens autoridade para fazer isto?" Respondeu-lhes Jesus: "Destru este templo, e em trs dias o reedificarei". Disseram os judeus: "Quarenta e seis anos levou a construo deste templo, e tu pretendes reedific-lo em trs dias?" Ele, porm, se referia ao templo de seu corpo. Depois de ressuscitado dentre os mortos, lembraram-se os discpulos do que dissera, e creram na Escritura e nas palavras que Jesus proferira (Jo. 2, 12-22). 25. Jesus d instruo religiosa a um doutor que o veio procurar de noite
Nicodemos, homem de idade e muito preparado, desejava saber o que era o "reino de Deus" de que Jesus falava todos os dias, e o que se devia fazer para nele entrar. Altas horas da noite foi pedir esclarecirnentos a Jesus. E Jesus disse a Nicodemos que, para pertencer ao reino de Deus, era preciso receber uma vida espiritual alm da vida material que todos recebem no nascimento.
Havia entre os fariseus um homem, por nome Nicodemos, um dos principais entre os judeus. Foi este ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: "Mestre, sabemos que vieste de Deus para ensinar; porque ningum pode fazer esses milagres que tu fazes, a no ser que Deus esteja com ele". Respondeu-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade te digo: quem no nascer de novo no pode ver o reino de Deus". Tornou-lhe Nicodemos: "Como pode um homem nascer de novo, sendo velho?" Replicou-lhe Jesus: "Em verdade, em verdade te digo: "Quem no nascer de novo pela gua e pelo esprito santo no pode entrar no reino de Deus. O que nasce da carne carne; mas o que nasce do esprito esprito. No te admires de eu te dizer: necessrio nascerdes de novo. O sopro sopra onde quer; bem lhe ouves a voz; mas no sabes donde vem nem para onde vai. O mesmo se d com todo aquele que nasceu do esprito. "Como isto possvel?" perguntou Nicodemos. Respondeu-lhe Jesus: "Tu s mestre em Israel, e no compreendes estas coisas?" A tal ponto amou Deus o mundo que entregou o seu Filho unignito, para que todo o que nele crer no perea, mas tenha a vida eterna. Porquanto, Deus no enviou seu Filho ao mundo para julgar o mundo; mas para que o mundo se salve por ele. Quem nele crer no ser julgado; mas quem no crer j est julgado, por no crer no nome do Filho
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unignito de Deus. Nisto que est o juzo: A luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram ms. Pois, quem pratica o mal odeia a luz, para que no sejam reveladas as suas obras. Mas quem pratica a verdade chega-se luz, para que se manifeste que suas obras so feitas em Deus" (Jo. 3, 1-21). 26. Jesus conhece os pecados duma mulher que tivera cinco maridos
Atravessando o pas meio pago de Samaria, senta-se Jesus, ao meio-dia, beira dum poo. Pede um gole dgua a uma mulher muito mundana e promete dar-lhe gua para matar a sede da alma. A mulher corre cidade e chama muita gente. Escutam a doutrina de Jesus e muitos deles se tornam amigos dele.
Quando o Senhor soube que se noticiara aos fariseus que ele, Jesus, granjeava maior nmero de discpulos e batizava mais do que Joo embora no fosse Jesus mesmo quem batizava, mas os seus discpulos deixou a Judeia e voltou para a Galileia. Ora, tinha de atravessar a Samaria; e chegou a uma cidade da Samaria, por nome Sicar, vizinha ao prdio que Jac dera a seu filho Jos. Achava-se a o poo de Jac. Fatigado da jornada, sentou-se Jesus sem mais beira do poo. Era por volta do meiodia. Nisto veio uma samaritana para tirar gua. Jesus pediu-lhe: "D-me de beber". Pois, os seus discpulos tinham ido cidade comprar mantimentos. Respondeu-lhe a samaritana: "Como? Tu, que s judeu, me pedes de beber a mim, que sou samaritana?" que os judeus no se do com os samaritanos. Tornou-lhe Jesus: "Conheceras tu o dom de Deus e aquele que te diz: D-me de beber pedir-lhe-ias que te desse gua viva". "Senhor replicou-lhe a mulher no tens com que tirar, e o poo fundo. Donde tiras tu essa gua viva? s, acaso, maior do que nosso pai Jac, que nos deu este poo, do qual bebeu ele mesmo, como tambm seus filhos e rebanhos?" Volveu-lhe Jesus: "Quem bebe desta gua tornar a ter sede; mas, quem beber da gua que eu lhe der no mais ter sede eternamente. A gua que eu lhe der se tornar nele uma fonte que jorra para a vida eterna". Pediu-lhe a mulher: "Senhor, d-me essa gua para que no tenha mais sede nem precise de vir c tirar gua". Disse-lhe Jesus: "Vai chamar teu marido e volta c". "No tenho marido" respondeu a mulher. Tornou-lhe Jesus: "Disseste bem: No tenho marido. Cinco maridos tiveste, e o que agora tens no teu marido. Nisto falaste verdade". "Senhor exclamou a mulher vejo que s profeta. Nossos pais adoraram a Deus sobre esse monte, e vs dizeis que em Jerusalm o lugar onde se deve adorar a Deus". Respondeu-lhe Jesus: "Acredita-me, senhora, vir a hora em que nem nesse monte nem em Jerusalm adorareis o Pai. Vs adorais o que desconheceis; ns adoramos o que conhecemos; porque a salvao vem dos judeus. Mas chegar a hora e j chegou em que os verdadeiros adoradores adoraro ao Pai em esprito e em verdade. So esses os adoradores que o Pai procura. Deus esprito, e em esprito e em verdade o que devem adorar os que o adoram". Replicou a mulher: "Sei que vir o Cristo, que quer dizer o Ungido e, quando vier, anunciar-nos- todas as coisas". Disse-lhe Jesus: "Sou eu, que estou falando contigo" (Jo. 4, 1-26) .
27. A alma de Jesus tem mais fome do que o seu corpo
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Quando os apstolos voltaram da cidade ofereceram comida a Jesus. Mas ele no quis comer, porque sentia na alma uma vontade imensa de levar ao conhecimento de Deus todos os homens.
Neste momento chegaram os seus discpulos e admiraram-se de estar falando com uma mulher. Mas ningum perguntou: "Que queres dela?" ou: "Que falas com ela?" A mulher abandonou o seu cntaro, correu cidade, e disse gente: "Vinde e vede um homem que me disse tudo o que tenho feito! No ser ele o Cristo?" Saram da cidade e foram ter com ele. Entrementes, insistiam com ele os discpulos: "Come, Mestre". Ele, porm, lhes respondeu: "Eu tenho um manjar que vs no conheceis". Ao que os discpulos disseram uns aos outros: "Ser que algum lhe trouxe de comer?" Declarou-lhes Jesus: "O meu manjar cumprir a vontade daquele que me enviou para levar a termo a sua obra" (Jo. 4, 27-34).
Desceu Jesus a Cafarnaum, cidade da Galileia, e a ensinava aos sbados. Pasmavam da sua doutrina, porque a sua palavra era poderosa. Ora, havia em Cafarnaum um funcionrio real cujo filho jazia doente. notcia de que Jesus regressara da Judeia para a Galileia, foi o funcionrio ter com ele, suplicando-lhe que descesse e lhe curasse o filho; porque estava prestes a morrer. Respondeu-lhe Jesus: "Vs, quando no vedes sinais e prodgios, no credes". "Senhor rogou o funcionrio desce antes que meu filho morra". Tornou-lhe Jesus: "Vai, que teu filho vive". Creu o homem na palavra que Jesus lhe dissera, e partiu. E, de caminho para casa, vieram-lhe ao encontro os criados com a notcia de que seu filho vivia. Informouse ele da hora em que comeara a achar-se melhor; ao que lhe disseram: "Ontem, por volta de uma hora da tarde, a febre o deixou". Reconheceu o pai que era a mesma hora em que Jesus lhe dissera: "Teu filho vive". E creu ele com toda a sua casa. Foi este o segundo feito poderoso que Jesus operou depois de voltar da Judeia para a Galileia (Jo. 4, 56-64). 29. A palavra de Jesus mais poderosa do que o demnio
A uma simples ordem de Jesus, sai o demnio do corpo de um homem possesso e professa a santidade de Jesus. Mas este o manda calar.
Havia na sinagoga um homem possesso dum esprito impuro. Ps-se a gritar: "Fora! que temos ns contigo, Jesus de Nazar? Vieste para nos perder? Sei quem s: o Santo de Deus!" Jesus ordenou-lhe "Cala-te e sai dele!" Ao que o esprito o arrojou ao meio, e saiu dele, sem lhe fazer mal. Todos se encheram de estupefao e diziam uns aos outros: "Que palavra, essa! Manda com grande autoridade aos espritos impuros, e eles saem!" E sua fama correu por todas as regies circunvizinhas (Lc. 4, 31-37).
30. Uma velhinha, ardendo em febre, levanta-se de perfeita sade e serve mesa
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A sogra do apstolo Simo Pedro, velhinha, estava com febre muito alta e quase a morrer. Mas, assim que Jesus a tomou pela mo, ela se levantou dum salto, de perfeita sade, e logo, contente e agradecida, foi servir uma refeio a Jesus e seus discpulos.
Da sinagoga dirigiu-se Jesus casa de Simo. Estava a sogra de Simo doente com febre muito alta. Pediram-lhe para socorr-la. Jesus inclinou-se sobre ela e deu ordem febre: e a febre deixou-a. Imediatamente se levantou ela e os serviu. Ao pr do sol, todos lhe levaram os seus enfermos atacados de diversas molstias. Jesus punha as mos sobre cada um e curava-os. Muitos havia de que saam demnios, bradando: "Tu s o Filho de Deus!" Ele, porm, os ameaava e no lhes permitia dissessem que sabiam ser ele o Cristo (Lc. 4, 38-40). 31. Jesus, mdico do corpo e da alma
Todo o gosto de Jesus estava em fazer bem aos outros, tanto no corpo como na alma. Curava os doentes com os seus poderes e iluminava as almas com os fulgores do seu Evangelho.
Ao romper do dia saiu Jesus e se retirou a um lugar solitrio. As turbas, porm, foram procura dele, e encontraram-no. Queriam det-lo e impedir que seguisse avante. Jesus, porm, lhes observou: "Tambm s outras cidades tenho de anunciar o Evangelho do reino de Deus; porque a isso que fui enviado". E foi pregando nas sinagogas da terra judaica (Lc. 5, 42-44). 32. O pregador sobre o azul das ondas e o auditrio na alvura da praia,
s vezes era to numeroso o povo que aflua para ouvir a doutrina de Jesus que apertavam e atropelavam o Mestre. Ento subia ele a uma embarcao, afastava-se um pouco da margem e assim falava aos ouvintes agrupados na praia ou sentados nas pedras do litoral. Jesus, o grande mestre da Verdade, era tambm o grande poeta da Beleza.
Estava Jesus s margens do lago de Genesar, enquanto o povo se apinhava em torno dele, para ouvir a palavra de Deus. Viu ento dois barcos praia; os pescadores tinham saltado em terra e limpavam as suas redes. Entrou em um dos barcos, que pertencia a Simo, e pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra. Sentou-se e ensinou o povo de dentro do barco (Lc. 5, 2-3). 33. Peixe e mais peixe quando menos se esperava
Quando Jesus acabou de falar ao povo de dentro do barco, mandou a Simo Pedro que se fizesse ao largo e lanasse as redes. E logo as redes se encheram de tanto peixe que s a custo as puderam puxar fora dgua. Jesus prometeu aos apstolos que, mais tarde, pela pregao do Evangelho, apanhariam ainda muito maior nmero de almas para o reino de Deus.
Depois de acabar de falar, disse Jesus a Simo: "Faze-te ao largo e lanai as vossas redes para a pesca". "Mestre replicou-lhe Simo trabalhamos a noite toda e nada apanhamos. Mas sob tua palavra lanarei as redes". Feito isto, apanharam to grande multido de peixes que as redes se lhes iam rompendo. Fizeram por isso sinal aos companheiros do outro barco para que viessem ajud-los. Acudiram e encheram ambos os barcos a ponto de se irem quase a pique. vista disso, lanou-se Simo Pedro de joelhos aos ps de Jesus, dizendo: "Retirate de mim, Senhor, porque sou homem pecador!" que estavam aterrados, eles e todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. O mesmo se deu com Tiago e Joo, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simo. Disse Jesus a Simo: "No temas; daqui por diante sers pescador de homens".
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Atracaram os barcos praia, abandonaram tudo e seguiram-no (Lc. 5, 4-11). 34. "Se quiseres", disse o leproso "Eu quero", respondeu Jesus
Um pobre leproso, com as carnes podres e a morte no sangue, apela para a boa vontade de Jesus, e este, com um simples "quero", lhe restitui sade perfeita.
Estava Jesus em certa cidade onde havia um homem todo coberto de lepra. Assim que ele viu a Jesus, lanou-se-Ihe aos ps, de rosto em terra, suplicando: "Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo". Estendeu Jesus a mo, tocou-o e disse: "Quero, s limpo". No mesmo instante desapareceu a lepra. Ordenou-lhe Jesus: "No o digas a ningum; mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificao o sacrifcio prescrito por Moiss, para que lhes sirva de testemunho". Divulgava-se cada vez mais a notcia do fato; afluam grandes multides para ouvir a Jesus e serem curados das suas enfermidades. Jesus, porm, se retirou a um lugar solitrio para orar (Lc. 5, 12-16). 35. Desce do teto, aos ps de Jesus, um leito com um doente desenganado
To grande era o aperto no interior da casa onde Jesus falava que no era possvel romper caminho. Por isso, os quatro homens que carregavam sobre uma padiola um homem entrevado tiveram a ideia estranha de subir ao terrao da casa e, por uma abertura, arriar o doente bem aos ps de Jesus. E Jesus curou primeiro a alma do pecador e depois o corpo do paraltico.
Certo dia, estava Jesus ensinando. Achavam-se sentados a tambm uns fariseus e doutores da lei, vindos de todas as povoaes da Galileia, da Judeia e de Jerusalm. Nisto, a virtude do Senhor o impeliu para curar. Uns homens trouxeram um paraltico deitado num leito. Procuraram introduzi-lo na casa e coloc-lo diante dele; mas, no achando por onde entrar, devido s multides, subiram ao telhado e arriaram-no pelas telhas, juntamente com o leito, bem defronte a Jesus. vista da f que os animava, disse Jesus: "Homem, os teus pecados te so perdoados". Ento os escribas e fariseus pensaram l consigo: "Quem esse que profere blasfmias? Quem pode perdoar pecados seno Deus somente.
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Jesus, porm, conhecia os pensamentos deles, e disse-lhes: "Que estais a pensar a em vossos coraes? Que mais fcil dizer: os teus pecados te so perdoados? Ou dizer: levanta-te e anda? Ora, haveis de ver que o Filho do homem tem o poder de perdoar pecados sobre a terra". E disse ao paraltico: "Eu te ordeno: levanta-te, carrega com o teu leito e vai para casa!" Levantou-se imediatamente, vista deles, pegou no leito em que estivera deitado, e foi-se para casa, glorificando a Deus. Encheram-se todos de pasmo, e louvavam a Deus, dizendo, aterrados: "Vimos hoje coisas estupendas" (Lc. 5,17-26). 36. Como um grande negociante se tornou um grande apstolo
Levi, chefe da alfndega, no pensava seno em como fazer bons negcios e encher os bolsos; mas, quando recebeu o convite de Jesus, abandonou negcios, dinheiro e tudo e foi seguindo o Mestre na maior pobreza. E, de to contente, deu um banquete de despedida, para o qual convidou a Jesus e os seus antigos colegas de profisso. Tornouse assim o grande apstolo Mateus, que escreveu o primeiro Evangelho.
Viu Jesus um publicano, de nome Levi, sentado na alfndega. "Segue-me!" disse-lhe. Levantou-se ele, deixou tudo e seguiu-o. Preparou-lhe Levi um grande banquete em sua casa. Numerosos publicanos e outros estavam mesa com eles. Murmuraram disto os fariseus e escribas e disseram aos discpulos de Jesus: "Por que que corneis e bebeis em companhia de publicanos e pecadores?" Respondeu-lhes Jesus: "No precisam de mdico os que esto de sade; mas, sim, os doentes. No vim para chamar converso os justos, porm os pecadores" (Lc. 5, 27-32). 37. Um doente que durante 38 anos esperava ser curado recupera a sade
Centenas de doentes rodeavam todo o ano um grande tanque para saltar gua quando um anjo de Deus a agitasse. Mas como podia saltar gua um pobre entrevado? Jesus oferece-lhe a sade de graa e inesperadamente, porque o seu poder divino to grande como a sua caridade humana.
Ocorria uma festa dos judeus. Subiu Jesus a Jerusalm. Ora, h em Jerusalm, prxima porta das ovelhas, uma piscina que em hebraico se chama Betesda. Tem cinco prticos, nos quais jazia grande nmero de enfermos: cegos, coxos, tsicos, que esperavam pelo movimento da gua. Porque, de tempo a tempo, descia piscina um anjo e agitava a
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gua e quem primeiro descesse piscina, para dentro da gua agitada, saa curado, fosse qual fosse o seu mal. Ora, achava-se a um homem doente havia trinta e oito anos. Jesus, vendo-o prostrado e sabendo que desde longo tempo sofria, perguntou-lhe: "Queres ser curado?" "Senhor respondeu o enfermo no tenho homem algum que me desa, quando se agita a gua; e, enquanto vou, desce outro antes de mim". Disse-lhe Jesus: "Levanta-te, toma o teu leito e anda". No mesmo instante, o homem ficou so, tomou o leito e ps-se a andar. Era, porm, sbado esse dia. Pelo que os judeus disseram ao que fora curado. " sbado; no te lcito carregar teu leito". Respondeu-lhes ele: "Aquele que me curou disse-me: Toma o teu leito e anda". Perguntaram-lhe: "Quem esse homem que te disse: Toma o teu leito e anda?" Mas o que fora curado no sabia quem ele era; porque Jesus se retirara, por ser grande a multido que l estava. Mais tarde, encontrou-o Jesus no templo, e disse-lhe: "Olha, que foste curado; no tornes a pecar, para que no te suceda coisa pior". Ao que o homem foi comunicar aos judeus que era Jesus que lhe restitura a sade (Jo. 5, 1-15). 38. Matando a fome com gros de trigo verdes...
Estavam os discpulos de Jesus com muita fome. De tanto trabalho, nem tiveram tempo para comer. Passando por um trigal, arrancavam umas espigas de trigo, descascavam-nas entre as mos e comiam os grozinhos. Alguns judeus escandalizaram-se, por ser dia de sbado, que era para eles o que para ns o domingo. Jesus, porm, defende os discpulos, mostrando que no pecado procurar o necessrio alimento, mesmo em dia santificado.
Num sbado, ia Jesus passando pelas searas. Os seus discpulos arrancavam espigas, machucavam-nas entre as mos e comiam-nas. Observaram ento alguns fariseus: "Por que fazeis o que proibido em dia de sbado?". Respondeu-lhes Jesus: "No lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros estavam com fome? Como entrou na casa de Deus, tomou os pes de proposio, que s os sacerdotes podem comer, comeu-os e deu aos seus companheiros?" E acrescentou: "O Filho do homem senhor tambm do sbado" (Lc. 6, 1-5).
Em outro sbado entrou Jesus na sinagoga e ps-se a ensinar. Havia a um homem com a mo direita atrofiada. Os escribas e fariseus observaram-no, a ver se curava em dia de sbado, para acharem motivo de acusao. Jesus, porm, lhes conhecia os pensamentos e disse ao homem com a mo atrofiada: "Levanta-te e passa para o meio!" Levantou-se ele e colocou-se ao meio. Interpelou-os Jesus: "Pergunto-vos se permitido fazer bem ou mal em dia de sbado? Salvar uma vida ou deix-la perecer?" Cravou o olhar em todos os que estavam roda, e disse ao homem: "Estende a mo". Estendeu-a e estava restabelecida a mo. Fora de si de furor, deliberaram uns com os outros o que fariam a Jesus (Lc. 6, 6-11).
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Resolveu Jesus escolher dentre os seus discpulos doze homens destinados a serem os seus amigos mais ntimos e continuar, mais tarde, a pregao do seu Evangelho. Todos eles eram bons, a princpio; mais tarde, um deles, por culpa prpria, se tornou grande pecador.
Naqueles dias, subiu Jesus a um monte para orar. E passou a noite toda em orao com Deus. Ao romper do dia, convocou os seus discpulos e escolheu doze entre eles, aos quais ps o nome de apstolos: Simo, a quem deu o apelido de Pedro, e seu irmo Andr; Tiago e Joo; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tome; Tiago, filho de Alfeu; Simo, apelidado o Zelador; Judas, irmo de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o seu traidor (Lc. 6, 12-16). 41. Quem so os homens felizes aos olhos de Jesus?
Depois de eleger os seus doze discpulos, sentou-se Jesus numa pedra no meio do relvado e disse ao povo umas coisas to belas e estranhas como nunca ningum ouvira no mundo: chamou felizes a todos aqueles que trabalham, sofrem, choram, so injuriados, caluniados, perseguidos por causa de Deus, porque, se compreenderem o sofrimento recebero grande felicidade.
Desceu com eles e parou em uma esplanada. Grande nmero de seus discpulos e enorme multido de povo de toda a Judeia, de Jerusalm e das regies martimas de Tiro e Sidon, tinham afludo para ouvi-lo e serem curados das suas enfermidades. Foram curados os que estavam vexados de espritos impuros. Todo o povo procurava toc-lo, porque saa dele uma virtude que curava a todos.
E disse Jesus: Bem-aventurados os pobres pelo esprito, porque deles o reino dos cus.
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Bem-aventurados os tristes, porque sero consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuiro a terra, Bem-aventurados os que tm fome e sede da justia, porque sero saciados Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcanaro misericrdia. Bem-aventurados os puros de corao, porque vero a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque sero chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguio por causa da justia, porque deles o reino dos cus. Bem-aventurados sois vs, quando vos injuriarem e perseguirem e caluniosamente disserem de vs todo o mal, por minha causa; alegrai-vos e exultai, porque grande a vossa recompensa no cu. Pois do mesmo modo tambm perseguiram aos profetas que antes de vs existiram (Mt. 5, 3-12). 42. A quem que Jesus considera infeliz?
Infelizes e dignos de compaixo considera Jesus aqueles que s do valor aos bens materiais e no se importam com os bens espirituais
Continuou Jesus, dizendo: Ai de vs, que sois ricos j tendes a vossa consolao. Ai de vs, que estais fartos sofrereis fome. Ai de vs, que agora rides haveis de andar com luto e chorar. Ai de vs, quando toda a gente vos lisonjear; pois isto mesmo fizeram seus pais para com os falsos profetas (Lc. 6, 20-26). 43. "Luz do mundo e sal da terra"
Depois de falar ao povo em geral, voltou-se Jesus para os seus apstolos e lhes disse o que deviam ser. Usou de duas comparaes to profundas quo encantadoras, dizendo que o apstolo deve iluminar as inteligncias com a luz da verdade, e com o sal da austeridade preservar as almas da corrupo moral. Para comunicar aos outros essa luz e esse sal deve o apstolo possu-los primeiro em si mesmo, no mais alto grau.
Disse Jesus aos seus apstolos: Vs sois o sal da terra. Mas, se o sal se desvirtuar, com que se lhe h de restituir a virtude? Fica sem prstimo algum; lanado fora e pisado pela gente. Vs sois a luz do mundo. No pode permanecer oculta uma cidade no monte. Nem se acende uma luz e se mete debaixo do alqueire, mas, sim, sobre o candelabro para alumiar a todos os que esto na casa. Assim tambm brilhe diante dos homens a vossa luz, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai celeste (Mt. 5, 13-16). 44. preciso evitar o pecado no s pela rama, mas extirp-lo pela raiz
Para merecer o ttulo de verdadeiro discpulo de Cristo no basta evitar o ato externo do pecado, mas necessrio evitar tambm o pensamento interno e o desejo voluntrio do mal, porque do interior que nasce o exterior.
Tendes ouvido que foi dito aos antigos: No matars! E: Quem matar ser ru em juzo! Eu, porm, vos digo que todo homem que se irar contra seu irmo ser ru em juzo; e quem chamar a seu irmo "insensato" ser ru diante do conselho; e quem o apelidar de "desgraado" ser ru do fogo do inferno. Se, por conseguinte, estiveres ante o altar para apresentar tua oferenda, e te lembrares de que teu irmo tem queixa de ti, deixa a tua oferenda ao p do altar e vai reconciliar-te primeiro com teu irmo; e depois vem oferecer o teu sacrifcio. No hesites em fazer as pazes com teu adversrio, enquanto estiveres em caminho com ele, para que no te v entregar ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial da justia, e sejas
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lanado ao crcere. Em verdade, te digo que da no sairs enquanto no houveres pago o ltimo vintm (Mt. 5, 18-26). 45. Amar os amigos humano amar os inimigos divino
O verdadeiro cristo quer bem aos amigos e aos inimigos, porque todos so filhos de Deus e destinados eterna felicidade. Quase toda a inimizade nasce da ignorncia, da fraqueza ou de mal-entendidos; por isso, em face de qualquer ofensa, deve o verdadeiro discpulo de Cristo dizer sempre com o grande Mestre: "Pai, perdoa-lhes, porque no sabem o que fazem".
Amai vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; abenoai aos que vos amaldioam e orai pelos que vos caluniam. Se algum te ferir numa face, apresenta-lhe tambm a outra; e, se algum te roubar o manto, cede-lhe tambm a tnica. D a quem te pede. Se algum levar o que teu, no o reclames. O que quereis que os homens vos faam, fazei-o tambm a eles. Se s amardes aos que vos amam, que prmio mereceis? Tambm os pecadores tm amor queles de quem so amados. Se s fizerdes bem aos que vos fazem bem, que prmio mereceis? O mesmo fazem os pecadores. Se emprestardes s queles de quem esperais receber algo, que prmio mereceis? Tambm os pecadores emprestam uns aos outros para tornar a receber outro tanto. Amai antes vossos inimigos; fazei bem e emprestai sem esperar retribuio. Ento ser grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altssimo, porque tambm ele benigno para com os ingratos e os maus. Sede, portanto, misericordiosos, assim como vosso Pai misericordioso (Lc. 6, 27-36).
No julgueis, e no sereis julgados; no condeneis, e no sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Dai, e dar-se-vos-; derramar-vos-o no seio uma boa medida, cheia, recalcada e acogulada; porque, com a medida com que medirdes, medirvos-o". Props-lhes tambm uma parbola: "Poder acaso um cego conduzir a outro cego? No viro ambos a cair num barranco? No est o discpulo acima do mestre; todo aquele que aprender com perfeio iguala-se a seu mestre. Porque vs o argueiro no olho de teu irmo, e no enxergas a trave em teu prprio olho? Ou como podes dizer a teu irmo: Meu irmo, deixa-me tirar o argueiro de teu olho, e no enxergas a trave em teu prprio olho? Hipcrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e depois vers como tirar o argueiro do olho de teu irmo. Nenhuma rvore boa produz frutos maus, e nenhuma rvore m produz frutos bons. Cada rvore se conhece pelo seu fruto peculiar; pois no se colhem figos dos abrolhos, nem se vindimam uvas dos espinheiros. O homem bom tira coisa boa do bom tesouro do seu corao, ao passo que o homem mau tira coisa m do mau tesouro; porque da abundncia do corao que a boca fala (Lc. 6, 37-45).
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Se alguma criatura, por mais querida ou necessria, nos levar ao pecado, melhor separarmo-nos dela do que perdermo-nos com ela.
Se teu olho direito te for ocasio de pecado, arranca-o e lana-o de ti; porque melhor te perecer um dos teus rgos do que ser todo o teu corpo lanado ao inferno. E, se tua mo direita te for ocasio de pecado, corta-a e lana-a de ti; porque melhor te perecer um dos teus membros do que ir todo o teu corpo para o inferno (Mt. 5, 29-30). 48. Sim ou no?
No se deve jurar nunca. Para o homem honesto, basta uma simples afirmao, uma simples negao.
Alm disso, ouviste que foi dito aos antigos: No jurars falso! E: Cumprirs o que juraste ao Senhor! Eu, porm, vos digo que no jureis de forma alguma; nem pelo cu, porque o trono de Deus; nem pela terra, porque o escabelo dos seus ps, nem por Jerusalm, porque a cidade do grande rei; nem jurars por tua cabea, porque no s capaz de tornar branco nem preto um s cabelinho. Seja o vosso modo de falar um simples "sim", um simples "no"; o que passa da vem do mal (Mt. 5, 33-37) . 49. No saiba a mo esquerda o que faz a direita!
Toda obra boa se torna m quando nascida de motivo desonesto. Todos os nossos atos de culto ou de caridade devem inspirar-se no desejo sincero de agradar a Deus. Embora nem sempre consigamos subtrair-nos publicidade, em caso nenhum devemos praticar o bem para sermos admirados ou elogiados pelos homens. Tal inteno tira ao ato o valor moral e o torna imoral.
Cuidado que no pratiqueis as vossas boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles. Do contrrio, no tereis merecimento aos olhos de vosso Pai celeste. Quando deres esmola, no te ponhas a tocar a trombeta, a exemplo do que fazem os hipcritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pela gente. Em verdade, vos digo que receberam a sua recompensa. Quando, pois, deres esmola, no saiba a tua mo esquerda o que faz a direita, para que tua esmola fique s ocultas; e teu Pai, que v o que oculto, te h de recompensar (Mt. 6, 1-4).
50. Com os olhos em Deus e no nos homens!
Deus abomina toda e qualquer ostentao de virtude ou santidade. Nunca devemos orar por motivo de vaidade ou vanglria. So boas e meritrias as prticas de piedade e o culto em pblico, quando nascidas da reta inteno. Jesus orou tanto s ocultas como em pblico. O que valoriza ou desvaloriza o ato a inteno.
Quando orardes, no procedais como os hipcritas, que gostam de se exibir nas sinagogas e nas esquinas das ruas, fazendo orao a fim de serem vistos pela gente. Em verdade, vos digo que receberam a sua recompensa. Tu, porm, quando orares, entra no teu aposento, fecha a porta, e ora a teu Pai s ocultas; e teu Pai, que v o que oculto, te h de recompensar. Nem faleis muito quando orais, como fazem os gentios, que cuidam ser atendidos por causa do muito palavreado. No os imiteis! Porque vosso Pai sabe o que haveis mister, antes mesmo de lho pedirdes (Mt. 6, 5-8).
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Ensinou Jesus a seus amigos uma linda orao. Nela pedimos tudo que precisamos para a vida espiritual e corporal; e acima de tudo est a maior glria de Deus. Todas as outras oraes devem ter por norma a que Jesus nos ensinou.
Assim que haveis de orar: Pai nosso, que ests nos cus; santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos cus; o po nosso de cada dia nos d hoje; perdoa-nos as nossas dvidas, assim como ns perdoamos aos nossos devedores; e no nos induzas em tentao; mas livra-nos do mal... Se perdoardes aos homens as faltas deles, tambm vosso Pai celeste vos perdoar as vossas faltas. Se, pelo contrrio, no perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoar as vossas faltas (Mt. 6, 5-15).
Pedi, e dar-se-vos-; procurai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-. Pois todo o que pede recebe; quem procura acha; e a quem bate abrir-se-lhe-. Haver entre vs quem d a seu filho uma pedra, quando lhe pede um po? Ou quem lhe d uma serpente, quando lhe pede um peixe? Se, pois, vs, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dar coisa boa queles que lhe pedirem! Tudo que quereis que os homens vos faam, fazei-o tambm a eles; pois nisto que consistem a lei e os profetas (Mt. 7, 7-2) . 53. Deus amigo de penitentes risonhos
Assim como Deus aborrece a ostentao e vangloria em matria de piedade e caridade, assim abomina tambm o esprito de exibicionismo nas prticas da mortificao e austeridade.
Quando jejuardes no andeis tristonhos, como os hipcritas, que desfiguram o rosto para fazer ver gente que esto jejuando. Em verdade, vos digo que receberam a sua recompensa. Tu, porm, quando jejuares, unge a cabea e lava o rosto, para que a gente no veja que ests jejuando, mas somente teu Pai, presente ao oculto; e teu Pai, que v o que oculto, te h de recompensar (Mt. 6, 16-18). 54. Tesouros materiais duram pouco tesouros espirituais so eternos
O homem sensato e cristo pe o maior empenho na aquisio de riquezas espirituais, como as oferece a religio de Cristo, porque so as nicas que podemos levar conosco depois da morte. Das riquezas materiais nem um tomo podemos levar conosco para alm-tmulo.
No acumuleis para vs tesouros na terra, onde a traa e a ferrugem os destroem, onde os ladres penetram e os roubam. Acumulai para vs tesouros no cu, onde nem a traa nem a ferrugem os destroem, onde os ladres no penetram nem os roubam. Pois, onde est o teu tesouro a tambm est o teu corao (Mt. 6, 19-21). 55. As avenidas do mundo e as veredas de Deus
O homem mundano vive larga, gozando, folgando, pecando o homem espiritual vive em disciplina, renunciando, meditando, orando. As largas e cmodas avenidas da vida mundana terminam no abismo da perdio temporal e eterna os trilhos estreitos e ngremes da vida crist conduzem s alturas serenas da felicidade, neste ou no outro mundo.
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Entrai pela porta estreita. Pois larga a porta e espaoso o caminho que conduz perdio e so muitos os que o trilham. Quo apertada a porta e quo estreito o caminho que conduz vida! e poucos so os que acertam com ele (Mt. 7, 13-14). 56. Lobos em pele de ovelha
Cuidado com certos mestres e amigos que, com palavras melfluas e atitudes humildes, vos levam ao abismo da desgraa. Examinai-lhes a vida particular e vede se eles vivem de fato conforme as suas palavras ou no.
Cuidado com os falsos profetas que se vos apresentam em pele de ovelha, mas por dentro so lobos roubadores! Pelos seus frutos que os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda rvore boa d frutos bons, e toda rvore m d frutos maus, No pode a rvore boa produzir frutos maus, nem a rvore m pode produzir frutos bons. Toda rvore que no produzir bons frutos ser cortada e lanada ao fogo. Pelos seus frutos, pois, que os conhecereis (Mt. 7, 15-20). 57. Obras e no palavras!
Deus julgar os homens, no segundo as belas palavras que houverem proferido, mas segundo os atos reais que tiverem praticado. O amor de Deus manifesta-se pela observncia dos seus mandamentos.
Nem todo aquele que me disser: Senhor! Senhor! Entrar no reino do cu; mas somente aquele que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse, sim, entrar no reino do cu. Naquele dia, muitos me diro: Senhor! Senhor! Pois no profetizamos em teu nome, e em teu nome expulsamos demnios, e em teu nome fizemos tantos milagres? Eu, porm, lhes direi: No vos conheci jamais, apartai-vos de mim, malfeitores (Mt. 7, 21-23). 58. Edifcio sobre a areia ou sobre rochedo?
Quem apenas ouve a palavra de Deus, mas no a toma como norma da vida prtica, edifica a sua vida espiritual sobre areal movedio e no tardar a presenciar a runa desse edifcio. Mas quem vive a sua f levanta a sua casa sobre a solidez dum rochedo inabalvel.
Por que que me chamais: Senhor! Senhor! E no fazeis o que digo? Mostrar-vos-ei com quem se parece aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pe em prtica: parece-se com um homem que foi edificar uma casa: cavou bem fundo e assentou os alicerces sobre rocha. Vieram as enchentes, e as guas deram de rijo contra essa casa; mas no conseguiram abal-la, porque estava construda sobre rocha. Quem, pelo contrrio, ouve as minhas palavras, mas no as pratica, esse se assemelha a um homem que edificou a sua casa sobre a terra e sem alicerces; logo ao primeiro embate das guas, desabou e ruiu por terra com grande fragor (Lc. 6, 4-49). 59. O que um oficial romano pensava de Jesus
Um oficial romano, pago, comandante da guarnio de Cafarnaum, tinha em casa um servo doente. Foi ter com Jesus, cientificando-o do fato. Quando Jesus estava perto da casa, o oficial pediu-lhe que apelasse para o Verbo, isto , o Esprito Divino nele encarnado, e certamente a doena sairia do corpo do rapaz, porque todas as molstias obedeciam a Jesus assim como os soldados da guarnio obedeciam ao comandante. Jesus ficou encantado com a f viva desse oficial gentio e elogiou-o diante de toda a gente.
Depois de terminar as suas palavras ao povo atento, dirigiu-se Jesus a Cafarnaum. L estava mortalmente enfermo, o servo de um centurio, muito querido dele. Quando teve notcia de Jesus, mandou-lhe pedir, por intermdio de ancios judeus, que viesse curar-lhe o servo. Foram eles ter com Jesus e rogaram-lhe encarecidamente: Ele bem
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merece que lhe prestes esse favor; porque quer bem ao nosso povo e edificou-nos a sinagoga. Foi Jesus com eles. Quando j no vinha longe da casa, mandou-lhe o centurio dizer por uns amigos: "No te incomodes, Senhor; pois eu no sou digno de que entres sob o meu teto; por esta razo tambm no me julguei digno de vir tua presena. Fala to somente ao Verbo, e ser curado meu servo. Tambm eu, embora sujeito a outrem, digo a um dos soldados que tenho s minhas ordens: vai acol! E ele vai; e a outro: vem c! E ele vem; e a meu servo: faze isto! E ele o faz". Ouvindo isto, Jesus admirou-se dele, e, voltando-se para os que o acompanhavam, disse: "Em verdade, vos digo que no encontrei to grande f em Israel!" De volta para casa, os mensageiros encontraram de sade o servo que estivera doente. (Lc. 7, 1-10).
Centurio romano. Um deles, ainda que pago, teve tanta confiana no poder de Jesus, que lhe pediu que curasse um servo doente, mesmo de longe. E Jesus louvou a f viva desse oficial (captulo 59).
Seguiu Jesus viagem e chegou a uma cidade por nome Naim. Vinha em companhia dos seus discpulos e numeroso povo. Ao aproximar-se da porta da cidade, levavam para fora um defunto, filho nico de uma mulher que era viva; muita gente da cidade vinha com ela. Vendo-a o Senhor, teve pena dela, e disse-lhe: "No chores". Aproximou-se e tocou no fretro, e os que o levavam pararam. Disse Jesus: "Moo, eu te ordeno, levanta-te!" Sentou-se o que estivera morto e comeou a falar. E Jesus restituiu-o sua me. Aterraram-se todos e glorificaram a Deus, dizendo: "Apareceu entre ns um grande profeta, e Deus visitou seu povo". Correu a notcia deste fato por toda a Judeia e arredores (Lc. 7, 11-17).
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Comeou Jesus a falar s turbas, a respeito de Joo, dizendo: "Por que sastes ao deserto? Para ver um canio agitado pelo vento? Por que sastes? Para ver um homem em roupas delicadas? No, os que vestem roupas delicadas e vivem com luxo se encontram nos palcios dos reis. Por que sastes, pois? Para ver um profeta? Sim, digovos eu, e mais que profeta; porque este de que est escrito: Eis que envio a preceder-te o meu arauto a fim de preparar o caminho diante de ti! Declaro-vos que entre os filhos de mulher no h profeta maior do que Joo Batista; e, no entanto, o menor reino de Deus maior que ele". Toda a gente, que o ouvia, como tambm os publicanos, reconheceram a justia de Deus e receberam o batismo de Joo; ao passo que os fariseus e doutores da lei desprezaram os desgnios de Deus, e no se fizeram batizar por ele (Lc. 7, 24-30). 62. Uma pecadora convertida lava os ps de Jesus com as suas lgrimas e enxuga-os com a sua cabeleira
Estava Jesus jantando em casa dum fariseu, quando entrou, de improviso, uma jovem que tinha sido grande pecadora, mas se convertera com a pregao de Jesus. Para provar ao Mestre a sua grande gratido prostrou-se aos ps dele, desfeita em pranto. O dono da casa escandalizou-se com esta liberdade da mulher e a tolerncia de Jesus. Jesus, porm, mostrou ao fariseu que essa mulher era mais santa do que ele.
Certo fariseu pediu a Jesus que fosse comer sua casa. Dirigiu-se, pois, casa do fariseu e sentou-se mesa. Ora, vivia na cidade uma mulher pecadora. Sabendo que ele estava mesa em casa do fariseu, veio com um vaso de alabastro cheio de blsamo, e colocou-se, chorando, por detrs de seus ps. Banhou-lhe os ps com suas lgrimas e enxugou-os com os cabelos da sua cabea. Beijou-lhe os ps e ungiu-os com o blsamo.
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vista disso, o fariseu que o convidara pensou de si para si: "Se esse homem fosse profeta, bem saberia quem essa mulher que o toca e de que qualidade uma pecadora". "Simo disse-lhe Jesus tenho a dizer-te uma coisa. "Fala Mestre" tornou aquele. "Certo credor tinha dois devedores. Um devia-lhe quinhentos denrios, o outro cinquenta. Mas, no tendo eles com que pagar, perdoou-lhes ele a dvida a um e outro. Quem deles lhe ter maior amor?" Respondeu Simo: "Aquele, julgo, a quem mais perdoou". "Julgaste bem" disse-lhe Jesus. Em seguida, voltando-se para a mulher, disse a Simo: "Vs esta mulher? Entrei em tua casa, e no me deste gua para os ps; ela, porm, banhou-me os ps com suas lgrimas e enxugou-os com seus cabelos. No me deste o beijo; ela, porm, no cessou de beijar-me os ps, desde que entrou. No me ungiste a cabea com leo; ela, porm, ungiu-me os ps com blsamo. Pelo que te digo que lhe so perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; ao passo que a quem menos se perdoa pouco ama". E disse a ela: "Os teus pecados te so perdoados" Ao que os seus companheiros de mesa pensaram de si para si: "Quem este que at perdoa pecados?" Ele, porm, disse mulher: "A tua f te salvou; vai-te em paz" (Lc. 7, 36-50). 63. Histria de uns grozinhos de trigo
Acontece s palavras de Jesus o que acontece aos grozinhos de trigo que um semeador lana terra: uns encontram terreno bom, outros ruim. A religio de Jesus sempre a mesma, mas os terrenos em que ela cai, isto , os coraes humanos, no so todos iguais; por isso, alguns homens aproveitam as palavras divinas, e outros no.
Como tivesse afludo numerosa multido de povo, e cidades acudissem a Jesus, pressurosos, passou ele a propor a seguinte parbola: "Saiu um semeador a semear o seu gro. E, ao lanar a semente, parte caiu beira do caminho, e foi pisada aos ps e comeram-na as aves do cu. Outra caiu em solo pedregoso, nasceu, mas secou por falta de umidade. Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram com ela e sufocaram-na. Outra ainda caiu em bom terreno, nasceu e deu fruto a cem por um". Dito isto, exclamou: "Quem tem ouvidos, oua!" Perguntaram-lhe ento os discpulos o que significava esta parbola. Respondeu Jesus: "A vs dado compreender os mistrios do reino de Deus ao passo que aos outros s se lhes fala em parbolas, para que, de olhos abertos, no vejam, e, de ouvidos abertos, no compreendam. O sentido da parbola este: A semente a palavra de Deus Est beira do caminho nos que a ouvem; mas logo vem o demnio e tira-lhes a palavra do corao para que no creiam nem se salvem. Est em solo pedregoso nos que escutam a palavra e a recebem com alegria, mas no tem razes, creem por algum tempo, e no tempo da tentao tornam atrs. Est entre espinhos nos que a ouvem, mas vo sufoc-la por entre os cuidados, as riquezas e os prazeres da vida, e no chegam a dar fruto. Est em terreno bom nos que escutam a palavra, a guardam em corao dcil e bom e do fruto com perseverana" (Lc. 8, 4-15).
64. A sementeira cresce silenciosa, de dia e de noite
Depois de semear o seu Evangelho, Jesus o deixa crescer at ao fim do mundo, e o Evangelho cresce sempre, porque h dentro da religio de Jesus Cristo uma fora muito grande e mais misteriosa que a vida dentro dum grozinho que brota, cresce, floresce e frutifica.
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Disse ainda Jesus: "D-se com o reino dos cus o que acontece ao homem que deita a semente ao campo. Durma ou vigie, de dia e de noite, a semente vai germinando e crescendo sem que ele o perceba. De si mesma que a terra produz, primeiro o p da planta, depois a espiga, e, por fim, o gro cheio dentro da espiga. E, mal aparece o fruto, logo lhe mete a foice, pois chegado o tempo da colheita" (Mt. 4, 26-29). 65. Erva daninha no meio da plantao
Assim como no meio dum trigal h muita erva daninha, s vezes bem parecida com o trigo, assim vivem tambm na igreja de Jesus muitos cristos que por fora parecem bons, mas por dentro so maus. Mas Deus paciente e deixa viver os bons e os maus. S no fim do mundo que ele far a grande e eterna separao.
Props-lhes Jesus ainda outra parbola: "O reino dos cus semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas, quando a gente dormia, veio seu inimigo e semeou joio (1) no meio do trigo; e foi-se embora. Quando, pois, cresceu a semente e comeou a espigar, apareceu tambm o joio. Chegaram-se ento os servos ao dono da casa e lhe perguntaram: "Senhor, no semeaste boa semente no teu campo? Donde lhe vem, pois, o joio?" Foi o inimigo que fez isto respondeu-lhes ele. Perguntaram-lhe os servos: Queres que vamos e o arranquemos? No replicou ele para que no suceda que, arrancando o joio, arranqueis com ele tambm o trigo. Deixai crescer um e outro at a colheita; e no tempo da colheita direi aos ceifadores: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para queimar; o trigo, porm, recolhei-o no meu celeiro". ---(1) O joio, antes de espigar, no se distingue do trigo.
Em seguida, despediu o povo e foi para casa. Ento se chegaram a ele os seus discpulos com este pedido: "Explica-nos a parbola do joio no campo". Respondeu-lhes Jesus: "Quem semeia a boa semente o Filho do homem. O campo o mundo; a boa semente so os filhos do reino; o joio so os filhos do mal, o inimigo que o semeou o diabo; a colheita o fim do mundo; os ceifadores so os anjos. Do mesmo modo que o joio se recolhe e se queima no fogo, assim h de tambm acontecer no fim do mundo. O Filho do homem enviar seus anjos, que reuniro do seu reino todos os sedutores e malfeitores, lanando-os fornalha de fogo; a haver choro e ranger de dentes. Ento os justos resplandecero como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, oua!(Mt. 13, 24-30; 36-43). 66. Vamos procura do tesouro misterioso!
O homem que encontra no fundo da terra uma caixa cheia de ouro d por bem empregado todos os seus trabalhos e nenhum sacrifcio demasiado grande quando se trata de conhecer a religio de Jesus Cristo, que tesouro infinitamente precioso.
O reino dos cus semelhante a um tesouro oculto num campo. Um homem descobriu esse tesouro, escondido, vendeu tudo que possua e comprou aquele campo (Mt. 13 44).
67. Pescadores de prolas preciosas
Quando algum, mesmo com perigo de vida, encontra no fundo do mar uma conchinha com uma dessas prolas de lei que valem uma fortuna julga-se um homem feliz mais feliz ainda aquele que encontra o reino de Deus, que vale infinitamente mais, que todas as prolas do mundo.
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O reino do cu semelhante a um negociante que procurava prolas preciosas. Descobriu uma prola de grande valor, foi vender tudo que possua e a comprou (Mt. 13 45-46). 68. Peixinhos de Cristo na rede do Evangelho
Os apstolos e missionrios so pescadores de Jesus que lanam a rede divina do Evangelho, a fim de apanhar almas para o reino de Deus.
Disse Jesus: "O reino dos cus ainda semelhante a uma rede de pescar, que foi lanada ao mar e colheu peixes de toda espcie. Quando cheia, os homens puxaram-na praia, e, sentando-se, recolheram os bons em vasos e deitaram fora os maus. Assim h de tambm acontecer no fim do mundo: sairo os anjos e separaro os maus do meio dos justos, lanando-os fornalha do fogo; a haver choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isto?" "Compreendemos" responderam eles. Disse-lhes Jesus: "Pelo que todo mestre instrudo na doutrina do reino do cu se parece com um pai de famlia que tira do seu cofre coisas novas e coisas velhas" (Mt. 13, 49-52). 69. Contra Jesus nada podem ventos nem mares
J estavam Jesus e seus apstolos no meio do lago de Genesar, quando desabou sobre eles furioso temporal. Jesus dormia de cansado, mas ao mesmo tempo sabia de tudo. Os apstolos gritavam de medo, pensando que iam todos a pique. Levantou-se Jesus, censurou a falta de confiana dos discpulos e, com uma simples ordem, acalmou num instante a terrvel tempestade. que todas as coisas obedecem ao Cristo.
Certo dia, entrou Jesus num barco, em companhia dos seus discpulos, e disselhes: "Passemos outra banda do lago". Partiram. Durante a travessia Jesus adormeceu. Desabou ento uma tormenta sobre o lago, de maneira que eles ficaram cobertos das vagas e corriam perigo. Chegaram-se a ele e despertaram-no aos brados: "Mestre! Mestre! Vamos a pique!" Levantou-se Jesus e deu ordem ao vento e s guas revoltas. Acalmaram-se e fez-se uma grande bonana. Disse ento aos discpulos: "Que da vossa f?" 36
Aterrados e cheios de admirao, diziam uns aos outros: "Quem este que manda aos ventos e s guas, e eles lhe obedecem?" (Lc. 8, 22-25). 70. Um bando de demnios sai dum homem e entra numa manada de porcos
Encontrou Jesus um pobre homem possesso de milhares de espritos maus. Expulsou os demnios, que logo se apoderaram duns porcos e os afogaram nas guas dum lago. O homem ficou curado e todo o povo se encheu de assombro.
Aproaram para o pas dos gerasenos, que fica fronteiro Galileia. Mal tinha Jesus saltado terra, quando lhe veio ao encontro um homem da cidade possesso de demnios. Havia muito tempo que no vestia roupa, nem habitava em casa, mas nos sepulcros. Assim que avistou a Jesus, prostrou-se diante dele com este grito estridente: "Que temos ns contigo, Jesus, Filho do Altssimo? Rogo-te que no me atormentes!" que Jesus ordenava ao esprito impuro que sasse do homem. Desde largo tempo o tinha em seu poder. Haviam-no j trazido preso, ligado de ps e mos; mas ele rompia os liames e era impelido ao deserto pelo esprito maligno. "Como teu nome?" perguntou-lhe Jesus. "Legio" respondeu ele; porque eram muitos os demnios que nele tinham entrado. Pediram-lhe estes que no os mandasse para o abismo. Ora, andava pastando perto, no monte, uma grande manada de porcos. Rogaramlhe que lhes permitisse entrar neles. Jesus permitiu-lho. Saram, pois, do homem os espritos malignos e entraram nos porcos; e a manada precipitou-se monte abaixo para dentro do lago, onde se afogou. Vendo os pastores o que acabava de acontecer, fugiram e contaram o caso na cidade e no campo. Saiu a gente, para ver o que tinha sucedido. Foram ter com Jesus e encontraram, sentado a seus ps, vestido e de juzo, o homem do qual tinham sado os espritos malignos. Encheram-se de terror. Os que tinham presenciado o fato foram contar-lhes como o possesso fora curado. Ao que toda a populao do pas dos gerasenos lhe rogou que se retirasse do meio deles; porque estavam transidos de grande terror. Embarcou, pois, Jesus e regressou. O homem de quem tinham sado os espritos malignos solicitou-lhe a permisso de ir com ele; Jesus, porm, o despediu com as palavras: "Volta para casa e conta que grandes coisas te fez Deus". Retirou-se ele e foi apregoando em toda a cidade o quanto lhe fizera Jesus (Lc. 8, 26-39).
71. Jesus cura uma mulher desenganada dos mdicos e ressuscita da morte uma menina
Um homem rico e poderoso pediu a Jesus que lhe curasse uma filhinha que estava a morrer. Enquanto Jesus ia casa do homem, veio uma mulher atacada dum mal que nenhum mdico podia curar; tocou na ponta do manto de Jesus e ficou logo curada. Depois entrou Jesus em casa da menina, que acabava de morrer, e deu ordem para se levantar e ela logo se levantou viva e de perfeita sade.
volta foi Jesus recebido com alvoroo pelas massas populares; porque todos estavam sua espera. Veio ento um homem de nome Jairo, chefe da sinagoga; prostrou-se aos ps de Jesus, suplicando-lhe viesse sua casa; porque sua filha nica, de uns doze anos, estava a morrer. De caminho para l apertavam-no as multides. Achava-se a uma mulher que, havia doze anos, sofria dum fluxo de sangue; gastara com os mdicos toda a sua fortuna, sem encontrar quem a pudesse curar. Chegou-se ela a Jesus por detrs e tocou-lhe numa das borlas do manto e no mesmo instante cessou o fluxo de sangue. Jesus, porm, insistiu: "Algum me tocou; senti que saiu de mim uma fora".
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Vendo a mulher que no passara despercebida, veio, toda trmula, prostrou-selhe aos ps e declarou perante todo o povo por que o tocara e como imediatamente ficara curada. Disse-lhe Jesus: "Minha filha, a tua f te curou; vai-te em paz". Ainda no acabara de falar, quando veio algum da casa do chefe da sinagoga com o recado: "Tua filha acaba de morrer; no incomodes mais o Mestre". Ouvindo Jesus estas palavras, disse-lhe: "No temas; s teres f, e ela ser salva". Chegando casa, no permitiu que algum entrasse com ele, afora Pedro, Tiago e Joo, como tambm o pai e a me da menina. Todos choravam e lamentavam. Jesus, porm, disse: "No choreis! A menina no est morta, dorme apenas". Riram-se dele, porque sabiam que ela estava morta. Ento Jesus a tomou pela mo e bradou: "Menina, levanta-te! Nisto voltou-lhe o esprito, e ela se levantou imediatamente. Mandou que lhe dessem de comer. Os pais estavam fora de si de assombro. Jesus, porm, ordenou que a ningum falassem do ocorrido (Lc. 8, 40-56). 72. To grande a messe e to poucos os operrios!
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Quando Jesus viu em derredor milhares de homens que precisavam de instruo religiosa, e apenas um grupinho de apstolos para os ensinar, comparou aquele mundo de almas a um campo coberto de trigo, e os seus discpulos com uma dzia de trabalhadores, que no podiam dar conta do servio .
Ia Jesus percorrendo todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando toda molstia e enfermidade. vista das turbas do povo sentia-se tomado de compaixo por elas, porque andavam entregues misria e ao abandono, como ovelhas sem pastor. Dizia ento a seus discpulos: "A messe grande; mas os operrios so poucos. Rogai, pois, ao senhor da seara que mande operrios sua messe" (Mt. 9, 35-38). 73. Doze heris saem conquista do mundo
Quando Jesus mandou seus apstolos pela primeira vez pelo mundo afora, deu-lhes sbias instrues e conselhos paternais, ordenando que, por ento, no pregassem ainda aos gentios; que trabalhassem de graa e se contentassem com o necessrio para a vida.
Enviou Jesus os doze apstolos com as instrues seguintes: "No tomeis rumo aos gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos; mas ide antes s ovelhas que se perderam da casa de Israel. Ide, pois, e anunciai: Est prximo o reino do cu! Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, tornai limpos os leprosos e expulsai os demnios. Dai de graa o que de graa recebestes. No adquirais ouro, nem prata, nem dinheiro para as vossas cintas; no leveis bolsa, nem duas tnicas, nem calado, nem bordo; porque o operrio bem merece o seu sustento. Quando entrardes numa cidade ou aldeia, informaivos quem h nela que seja digno; e deixai-vos ficar a at seguirdes viagem. Quando entrardes numa casa, saudai: A paz seja com esta casa; e, se essa casa for digna, desa sobre ela a vossa paz; se, porm, for indigna, torne a vs a vossa paz. Mas onde no vos receberem nem ouvirem as vossas palavras, deixai essa casa ou cidade e sacudi o p dos vossos ps. Em verdade, vos digo que melhor sorte caber, no dia do juzo, terra de Sodoma e Gomorra do que a uma cidade dessas" (Mt. 10, 5-15). 74. Quem quiser ser apstolo tem de ser mrtir
Apesar de todo o carinho paternal, no ocultou Jesus aos apstolos o muito que haviam de sofrer por causa da religio: seriam odiados, perseguidos, martirizados por judeus e pagos, pelas autoridades civis e religiosas, e at pelos prprios pais, irmos e filhos; mas que se lembrassem sempre de que eles, servos e discpulos, no podiam esperar sorte melhor que Jesus, seu senhor e mestre.
Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos. Sede, portanto, prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Cuidado com os homens! Porque vos ho de entregar aos tribunais e aoitar-vos nas sinagogas. Por minha causa sereis levados presena de governadores e reis, para dardes testemunho diante deles e dos gentios. Quando, pois, vos entregarem, no vos inquieteis com o modo nem as palavras que tiverdes de dizer; porque nessa hora vos ser dado o que haveis de dizer; porquanto no sois vs que falais, mas o esprito de vosso Pai que fala em vs. H de o irmo entregar morte o irmo, e o pai ao filho; ho de os filhos revoltar-se contra os pais e tirar-lhes a vida. Por causa de meu nome sereis odiados de todos; mas quem perseverar at ao fim ser salvo. Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. No o discpulo superior a seu mestre, nem o servo mais que seu senhor. H de o discpulo contentar-se com a sorte de seu mestre, e o servo com a de seu senhor. Se chamaram belzebu (1) ao pai de famlia, quanto mais aos seus domsticos! (Mt. 10, 16-25).
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No temais aqueles que matam o corpo, mas no podem matar a alma; temei antes aquele que pode lanar perdio do inferno tanto a alma como o corpo. No se compram, porventura, dois pardais por cinco vintns? E, no entanto, nenhum deles cai em terra sem a vontade de vosso Pai. At os cabelos da vossa cabea esto todos contados. No temais, pois, porque maior valor tendes vs do que numerosos pardais. Quem me confessar diante dos homens tambm eu o confessarei diante de meu Pai celeste. Mas quem me negar diante dos homens tambm eu o negarei diante de meu Pai celeste (Mt. 10, 28-33). -----(1) Belzebu nome de um dolo pago, aplicado pelos judeus ao diabo. ---------
76. Um rei covarde e uma rainha perversa matam um santo no meio dum banquete
Fazia anos o rei Herodes. Durante o jantar, entrou na sala uma menina e ps-se a danar com tanta graa que o rei prometeu dar-lhe tudo quanto pedisse. E a menina, por ordem da me, pediu a cabea de Joo Batista sobre uma bandeja. Herodes mandou cortar a cabea a Joo e entregar danarina. Assim morreu o grande e santo precursor de Jesus Cristo.
Por aquele tempo, teve o tetrarca Herodes notcia de Jesus. E disse aos seus cortesos: "Esse Joo Batista; ressurgiu dos mortos; por isso que nele atuam virtudes milagrosas!" que Herodes mandara prender, lanar em ferros e meter no crcere a Joo, por causa de Herodade, mulher de seu irmo Filipe; porque Joo lhe lanara em rosto: "No te permitido possu-la". Bem o quisera matar; mas temia o povo, que o tinha em conta de profeta. No aniversrio natalcio de Herodes, ps-se a filha de Herodade a danar no meio dos convivas, e caiu tanto no agrado de Herodes, que ele prometeu com juramento dar-lhe tudo quanto lhe pedisse. Disse ela, instigada pela me: "D-me aqui, numa bandeja, a cabea de Joo Batista". Entristeceu-se o rei; mas, por causa do juramento, e dos convivas, mandou que lha dessem. Deu, pois, ordem que Joo fosse degolado no crcere. Foi trazida a cabea numa bandeja e entregue menina, a qual a levou a sua me. Vieram ento os seus discpulos buscar o corpo, e sepultaram-no. Em seguida, foram dar parte a Jesus (Mt. 14, 1-12). 77. Jesus farta milhares de homens com cinco pezinhos e dois peixes
O povo, de tanto que gostava de ouvir a Jesus, acompanhou-o, deserto adentro, o dia todo. noite estavam todos com muita fome. Ento realizou Jesus um dos seus feitos poderosos: mandou distribuir de cinco pezinhos e dois peixes a mais de cinco mil homens; todos comeram e ficaram fartos e sobrou ainda muito mais do que havia a princpio.
Regressaram os apstolos e referiram tudo o que tinha feito. Ao que Jesus os tomou parte e retirou-se com eles a uma solido no territrio da cidade Betsaida. As multides, porm, deram pelo fato e foram-lhe no encalo; ele recebeu-os amigavelmente e falava-lhes do reino de Deus e restitua a sade a todos que necessitavam de cura.
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Ia declinando o dia. Chegaram-se ento a ele os doze e disseram: "Despede o povo, para que se v s aldeias e fazendas circunvizinhas em busca de pousada e comida; porque estamos em regio inspita". Ao que Jesus lhes replicou: "Dai-lhes vs de comer". Responderam eles: "No temos seno cinco pes e dois peixes; teramos de comprar, pois, mantimento para todo esse povo". Eram uns cinco mil homens. Disse ele a seus discpulos: "Mandai que se sentem em ranchos de cinquenta pessoas". Foi o que fizeram: mandaram todos sentar-se. Ao que Jesus tomou os cinco pes e os dois peixes, ergueu os olhos ao cu e abenoou-os; em seguida, partiu-os e deu-os aos discpulos para que os servissem ao povo. Comeram todos e ficaram fartos e recolheram ainda doze cestos de pedaos que sobraram (Lc. 9, 10-17). 78. No era um fantasma era Jesus
Depois da multiplicao dos pes, mandou Jesus que os apstolos embarcassem e passassem para a outra banda do lago. Ele mesmo subiu a um monte e passou a noite em orao. Pela madrugada desceu e ps-se a andar sobre as guas do lago como se fosse em terra firme. Os apstolos pensavam que fosse um fantasma. Quando souberam que era Jesus, quis tambm Pedro andar sobre as guas. Andou mesmo; mas, duvidou um pouco, e logo foi a pique. Jesus apanhou-o pela mo e salvou-o.
Sem tardana impeliu Jesus os discpulos a que embarcassem e lhe tomassem a dianteira para a outra banda, enquanto ele ia despedir o povo. Depois de despedido o povo, subiu a um monte, a fim de orar, ele s. J era tarde, e ainda se achava a sozinho. Entrementes, andava o barco a meio caminho do lago e sofria violento embate das ondas, porque tinha vento contrrio. Por volta das trs horas da madrugada foi Jesus ter com eles, caminhando sobre as guas. Quando os discpulos o avistaram a andar sobre as guas, perturbaram-se e bradaram, cheios de terror: " um fantasma!" Jesus, porm, se apressou a falar-lhes, dizendo: "Tende nimo; sou eu; no temais!" "Senhor! exclamou Pedro se s tu, manda que eu v sobre as guas at onde ests". "Vem" disse ele. Pedro saltou do barco e caminhou sobre as guas em direo a Jesus. Reparando, porm, no vento rijo, teve medo e comeou a submergir. E bradou: "Senhor, salva-me!'' De pronto estendeu Jesus a mo, apanhou-o e disse-lhe: "Por que duvidaste, homem de pouca f?" Embarcaram; e logo cessou o vento. Os que estavam no barco vieram lanar-se aos ps de Jesus, dizendo: "Tu s, realmente, o Filho de Deus!" (Mt. 14, 22-23).
No dia seguinte, o povo que ficara na outra margem do lago advertiu que l no ficara seno um nico barco e que Jesus no embarcara com seus discpulos, mas que os discpulos tinham partido sozinhos. Entrementes, chegaram de Tiberades outras embarcaes perto do lugar onde o Senhor proferira a ao de graas e onde eles haviam comido o po. Ora, vendo a gente que Jesus e seus discpulos j no estavam l, embarcaram e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus. Deram com ele, na outra margem, e perguntaram-lhe: "Mestre, quando foi que chegaste aqui?" Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: Andais minha procura, no porque vistes milagres, mas porque comestes dos pes e ficastes fartos.
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No vos afadigueis por um manjar perecedor, mas, sim, pelo manjar que dura para a vida eterna e que o Filho do homem vos dar; pois, a ele que Deus Pai acreditou". Perguntaram-lhe: "Que nos cumpre fazer para praticarmos as obras de Deus?" Respondeu-lhes Jesus: "A obra de Deus est em que tenhais f naquele que ele enviou". Replicaram-lhe eles: "Que sinal nos ds para que o vejamos e te demos f? Qual a tua obra? Nossos pais comeram o man, no deserto, conforme est escrito: Do cu lhes deu po a comer". Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: No foi Moiss que vos deu o po do cu; meu Pai que vos dar o verdadeiro po do cu. Porque o po de Deus aquele que desce do cu e d a vida ao mundo" (Jo. 6, 22-34). 80. Quem no cr nas palavras de Jesus no amigo de Deus
Os judeus pensavam que Jesus fosse simples homem como outro qualquer: por isso no quiseram crer que tivesse vindo do cu e se recusaram a aceitar-lhe a doutrina.
Murmuravam os judeus por ter Jesus dito: "Eu sou o po vivo que desceu do cu". Diziam: "No este, porventura, Jesus, filho de Jos, cujo pai e me conhecemos? Como diz, pois: Eu desci do cu?" Tornou-lhes Jesus: "No murmureis entre vs. Ningum pode vir a mim, se no o atrair o Pai que me enviou. E eu o ressuscitarei no ltimo dia. Est escrito nos profetas: Sero todos ensinados por Deus. Quem ouve o Pai e lhe aceita a doutrina vem a mim. No que algum tenha visto ao Pai; somente quem de Deus que viu ao Pai. Em verdade, em verdade vos digo: Quem cr em mim tem a vida eterna" (Jo. 6, 35-47). 81. Po vivo e fonte de vida eterna
Disse Jesus que o po que ele daria aos homens para alimento das suas almas era ele mesmo. Este po vivo daria vida espiritual e vida eterna aos que o recebessem com f.
"Eu sou o po da vida. Vossos pais comeram o man, no deserto, porm, morreram. Mas o po que desce do cu tal que quem dele comer no morre. Eu sou o po vivo que desceu do cu. Quem comer deste po viver eternamente. O po que eu darei a minha carne para a vida do mundo". Disputaram ento entre si os judeus, dizendo: "Como pode este dar-nos a comer a sua carne?"
Runas da sinagoga de Cafarnaum, onde Jesus proferiu as memorveis palavras: O po que eu darei a minha carne... (Captulo 81)
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Replicou-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: Se no comerdes a carne do Filho do homem e no beberdes o seu sangue no tereis a vida em vs. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu ressuscitarei no ltimo dia; porque a minha carne verdadeiro manjar, e o meu sangue verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica em mim e eu nele. Do mesmo modo que o Pai me enviou e
como eu vivo pelo Pai, assim tambm viver por mim quem me receber em alimento. Este o po que desceu do cu; no como o man que vossos pais comeram, porm morreram. Quem come este po viver eternamente" (Jo. 6, 48-58) 82. A ignorncia humana protesta contra a sabedoria de Deus
Quando os judeus ouviram palavras to misteriosas escandalizaram-se. At muitos dos discpulos de Jesus protestaram e no quiseram mais saber dele. Os apstolos, porm, Pedro frente, creram nas palavras do Mestre. Apenas um no creu Judas Iscariotes.
Estas palavras, disse Jesus, ensinando na sinagoga de Cafarnaum. Muitos dos seus discpulos que o tinham escutado disseram: "Dura esta linguagem; quem a pode ouvir?" Sabia Jesus que disto murmuravam seus discpulos; pelo que lhes disse: "Isto vos escandaliza? E que tal, quando virdes subir o Filho do homem para onde estava antes? O esprito que vivifica; a carne nada vale. As palavras que acabo de dizer-vos so esprito e vida. Mas h entre vs alguns que no creem". que Jesus sabia desde o princpio quem eram os descrentes e quem o havia de entregar. E prosseguiu: "Por isso que vos disse que ningum pode vir a mim, se no lhe for dado por meu Pai". A partir da, muitos dos seus discpulos se retiraram e no andavam mais com ele. Perguntou Jesus aos doze: "Quereis tambm vs retirar-vos?" "Senhor respondeu-lhe Simo Pedro a quem havamos de ir? Tu tens palavras de vida eterna; e ns cremos e sabemos que s o Cristo, o Filho de Deus". Tornou-lhes Jesus: "No vos escolhi a vs doze? E, no entanto um de vs um diabo!" Referia-se a Judas, filho de Simo, de Cariot. Este, um dos doze, o havia de entregar (Jo. 6, 59-71). 83. Como uma mulher inteligente respondeu a Jesus
Atravessava Jesus um pas de gentios, quando uma mulher pag correu atrs dele, pedindo aos gritos e lamentos que lhe curasse uma filha possessa dum demnio. vista de tanta humildade e tanta f, Jesus logo curou a menina, que ficou livre do demnio.
Partiu Jesus da e se retirou para as regies de Tiro e Sidon. E eis que veio uma mulher cananeia daquelas terras e se ps a clamar: "Senhor, filho de Davi, tem piedade de minha filha, que est muito atormentada dum esprito maligno! Jesus, porm, no lhe respondeu palavra. Chegaram-se a ele seus discpulos e lhe pediram: "Despacha-a, porque vem gritando atrs de ns". Respondeu ele: "No fui enviado seno s ovelhas que se perderam da casa de Israel!" Aproximou-se ela e prostrou-se-lhe aos ps, dizendo: "Ajuda-me, Senhor!" Tornou Jesus: "No convm tirar o po aos filhos e lan-los aos cachorrinhos".
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"De certo, Senhor revidou ela mas tambm os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos". Ento disse Jesus: " mulher! Grande a tua f; seja feito conforme o teu desejo". E a partir desta hora estava de sade a filha (Mt. 15, 21-28). 84. Pedro recebe de Deus uma revelao, sobre a qual promete Jesus fundar1 a sua igreja
Simo Pedro recebe a revelao divina de que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus, e sobre este alicerce divino fundou Jesus o reino de Deus, que jamais cair vtima das foras do mal.
Chegou Jesus s bandas de Cesareia de Filipe e dirigiu a seus discpulos esta pergunta: "Quem diz a gente ser o Filho do homem?" Responderam-lhe: "Dizem uns que Joo Batista; outros, Elias; ainda outros, Jeremias, ou alguns dos profetas". "E vs -- perguntou-lhes - quem dizeis que sou eu?" Respondeu Simo Pedro: "Tu s o Cristo, o Filho de Deus vivo!" Tornou-lhe Jesus: "Bem-aventurado s, Simo, filho de Jonas, porque no foi a carne e o sangue que to revelou, mas, sim, meu Pai que est no cu. Digo-te eu que tu s Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno no prevalecero contra ela; eu te darei as chaves do reino do cu; tudo o que ligares sobre a terra ser tambm ligado no cu, e tudo o que desligares sobre a terra ser tambm desligado no cu". Em seguida, inculcou aos discpulos que a ningum dissessem ser ele o Cristo (Mt. 16, 13-20).
Comeou Jesus a declarar aos seus discpulos que tinha de ir a Jerusalm, padecer muito da parte dos ancios, escribas e sumos sacerdotes e ser morto; mas que ao terceiro dia havia de ressurgir. Ento Pedro o tomou de parte e entrou a fazer-lhe recriminaes, dizendo: "De modo nenhum, Senhor! Que isto no te h de suceder!" Jesus, porm, voltou-se e disse a Pedro: "Vai para trs, sat! (*) Que me ds escndalo; o teu modo de pensar no de Deus, mas dos homens" (Mt. 16, 21-23).
-----(*) A palavra hebraica "Sat" (em grego: "dibolos") quer dizer: "adversrio".
Disse Jesus a seus discpulos: "Quem quiser ser meu discpulo renuncie a si mesmo, carregue a sua cruz e siga-me. Quem quiser salvar a sua vida perd-la-; mas quem perder a sua vida por minha causa encontr-la-. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se chegar a sofrer prejuzo em sua alma? Com que preo h de o homem resgatar a sua alma? Porque o Filho do homem vir na glria de seu Pai, em companhia de seus anjos, e retribuir a cada um segundo as suas obras. Em verdade, vos digo, entre os presentes h alguns que no provaro a morte sem que presenciem o advento do Filho do homem no seu reino" (Mt.16, 24-28).
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Uns oito dias depois destas palavras, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e Joo, e subiu ao monte para orar. Enquanto orava mudou-se-lhe a expresso do semblante, e as suas vestes tornaram-se de resplandecente alvura. Vieram falar com ele dois vares: Moiss e Elias. Apresentavam aspecto majestoso e falavam da morte que Jesus ia padecer em Jerusalm. Pedro e seus companheiros tinham sido dominados pelo sono; ao despertar, viram a glria de Jesus e os dois vares que com ele estavam. Quando estes se iam retirar, disse Pedro a Jesus: "Mestre, que bom estarmos aqui! Vamos armar trs tendas: uma para ti, outra para Moiss, e outra para Elias!" No sabia o que dizia. Estava ainda falando, quando veio uma nuvem e os envolveu. Aterraram-se quando aqueles entraram na nuvem. De dentro da nuvem, porm, ecoou uma voz: "Esse meu Filho eleito; ouvi-o!" Mal soara esta voz, estava Jesus sozinho. Calaram-se eles e naqueles dias no falaram a ningum desta viso (Lc. 9, 28-36). 88. Um menino, maltratado pelo demnio, curado por Jesus
Ao descer do monte Tabor, onde se tinha transfigurado, encontrou Jesus um menino possesso dum demnio to furioso que quase dava cabo dele. Jesus teve pena da pobre vtima e do pai aflito, e mandou ao esprito mau que sasse do corpo do menino e ele logo saiu.
Ao descerem do monte, no dia seguinte, veio-lhes ao encontro grande multido de gente. Clamou um homem do povo: "Mestre, suplico-te que atendas a meu filho, que o nico que tenho; apodera-se dele um esprito maligno e f-lo soltar gritos; atira com ele para c e para l, fazendo-o espumar; s a custo o larga e deixa-o todo exausto. Pedi a teus discpulos que o expulsassem; mas no o puderam". Respondeu Jesus: " raa descrente e perversa, at quando estarei convosco e vos suportarei? Traze c teu filho". Enquanto ele vinha chegando, maltratava-o e agitava-o violentamente o esprito maligno. Jesus ameaou ao esprito impuro, curou o menino e restituiu-o a seu pai. Pasmaram-se todos da grandeza de Deus (Lc. 9, 37-43). 89. Jesus paga imposto com o dinheiro tirado da boca dum peixe
Jesus tambm pagava imposto. Mas, como no tinha uma moeda no bolso, mandou que Simo Pedro lanasse o anzol gua e abrisse a boca ao primeiro peixe que apanhasse, que nela encontraria uma moeda para pagar o imposto. E assim aconteceu. Jesus sabe mesmo tudo...
Depois da chegada a Cafarnaum, foram ter com Pedro os cobradores das duas dracmas (*) e lhe perguntaram: "Vosso mestre no paga as duas dracmas?" "Decerto" respondeu Pedro. Mal entrara ele em casa, quando Jesus lhe atalhou a palavra, perguntando: "Que achas, Simo de quem cobram os reis da terra imposto ou tributo, de seus filhos, ou dos sditos?" "Dos sditos" respondeu Pedro.
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"Por conseguinte acrescentou Jesus so isentos os filhos. Entretanto, no lhes demos motivo de escndalo; vai ao lago, lana o anzol e toma o primeiro peixe que apanhares; abre-lhe a boca, que nela encontrars um estter; com ele paga por mim e por ti" (Mt. 17, 24-27).
---(*) l dracma alguns cruzeiros; 2 dracmas faziam l estter.
Chegaram-se a Jesus os discpulos com esta pergunta: "Quem o maior no reino dos cus? Ao que Jesus chamou uma criana, colocou-a ao meio deles e disse: "Em verdade, vos digo, se no vos converterdes e vos tornardes como as crianas, no entrareis no reino dos cus. Mas, quem se tornar humilde como esta criana, esse o maior no reino dos cus" (Mt. 18, 1-4). 91. Ai de quem levar ao pecado uma criana!
To grande era o amor que Jesus tinha s crianas que ameaou com as mais terrveis penas ao homem que fizesse cair em pecado uma alma inocente. Cada criana tem o seu anjo, que a guarda e encaminha para Deus.
Quem acolher, em meu nome, uma criana assim, a mim que acolhe, mas quem der ocasio de pecado a um desses pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que lhe suspendessem ao pescoo uma m e o abismassem nas profundezas do mar. Ai do mundo por causa dos incitamentos ao pecado! inevitvel que venham incitamentos ao pecado; mas ai do homem por quem vierem! Se tua mo ou teu p te forem ocasio de pecado, corta-os e lana-os de ti; melhor te entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mos ou dois ps, seres lanado ao fogo eterno. Se teu olho te for ocasio de pecado, arranca-o e lana-o de ti; melhor te entrares na vida com um olho do que, tendo dois, seres lanado ao fogo do inferno. Vede que no desprezeis a nenhum desses pequeninos; pois digo-vos que seus anjos contemplam sem cessar a face de meu Pai celeste; porque o Filho do homem veio para salvar o que perecera (Mt. 18, 5-1). 92. Nada de invejas e cimes!
Quando os apstolos ainda eram homens mundanos, pensavam que s eles tinham o direito de realizar feitos poderosos, e mais ningum. Jesus, porm, aceita o bem, venha donde vier.
Disse-lhe Joo: "Mestre, vimos um homem que expulsava demnios em teu nome, e lho proibimos; porque no te segue conosco". Respondeu-lhe Jesus: No lho proibais; pois quem no contra vs por vs" (Lc. 9, 49-50). 93. Devemos perdoar aos outros, assim como Deus nos perdoa
Para mostrar que sempre devemos perdoar as ofensas quando o ofensor se arrepende e pede perdo, contou Jesus a histria de um homem mau que tinha sido perdoado por seu amo, mas no queria perdoar a seu semelhante. "Perdoai-nos as nossas dvidas dizemos a Deus assim como ns perdoamos aos nossos devedores".
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Chegou-se Pedro a Jesus com esta pergunta: "Senhor, quantas vezes terei de perdoar a meu irmo que me tenha ofendido? At sete vezes?" Respondeu-lhe Jesus: "Digo-te eu, no sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. O reino do cu semelhante a um rei que quis tomar contas a seus servos. E, ao comear com a tomada de contas, apresentaram-lhe um que lhe devia dez mil talentos (*); mas, como no tivesse com que pagar, ordenou seu senhor que o vendessem, a ele, a sua mulher e a seus escravos e todos os seus haveres, e com isto saldassem a dvida. O servo, porm, lanou-se-lhe aos ps, suplicando: Senhor, tem pacincia comigo, que te pagarei tudo! Compadecido do servo, p-lo em liberdade e lhe perdoou a dvida. Saindo fora, encontrou o servo um dos seus companheiros, que lhe devia cem denrios (*), deitou-lhe as mos e estrangulava-o, dizendo: Paga o que me deves! O companheiro prostrou-se-lhe aos ps, suplicando: Tem pacincia comigo, que te pagarei tudo. O outro, porm, no quis; mas foi-se e o mandou lanar ao crcere at que houvesse pago toda a dvida. Contristaram-se profundamente os outros servos que tinham presenciado o caso e foram dar parte a seu senhor de tudo que acabava de suceder. Ento o senhor o mandou vir sua presena e lhe disse: Servo mau! Perdoei-te toda a dvida, porque me pediste; no devias, pois, tambm tu ter compaixo de teu companheiro, assim como eu tive compaixo de ti? E, indignado, o senhor o entregou aos carrascos at que houvesse pago toda a dvida. Assim vos h de tratar meu Pai celeste, se do ntimo do corao no perdoardes uns aos outros" (Mt. 18, 21-35). ......
(*) l talento cerca de 10 mil cruzeiros. (hoje reais) (*) l denrio Cr$ 1,00 mais ou menos.
Quando se aproximavam os dias do seu passamento, encarou Jesus resolutamente a sua ida a Jerusalm, e despachou mensageiros adiante de si. Partiram e chegaram a uma povoao dos samaritanos a fim de lhe preparar pousada. Mas no foi recebido, porque ia rumo a Jerusalm. A esta notcia observaram os discpulos Tiago e Joo: "Senhor, queres que mandemos cair fogo do cu para devor-los?" Jesus, porm, voltando-se, repreendeu-os, dizendo: "No sabeis que esprito vos anima; pois, o Filho do homem no veio para perder vidas, mas, sim, para salv-las". E foram em demanda de outra povoao (Lc. 9, 51-56).
95. Quisera, quisera mas no quero
Alguns homens, encantados com a doutrina de Jesus, ofereceram-se para serem discpulos dele. Jesus, porm, no os aceitou, porque sabia que eles no tinham a coragem para renunciar s comodidades da vida e entregar-se de corpo e alma ao servio de Deus. Quem quer ser apstolo deve s-lo por inteiro, e no pela metade.
Quando prosseguiam caminho, disse-lhe algum: "Seguir-te-ei para onde quer que fores". Respondeu-lhe Jesus: "As raposas tm cavernas e as aves do cu tm ninhos; mas o Filho do homem no tem onde reclinar a cabea". A outro disse: "Segue-me!"
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Ao que este pediu: "Permite-me, Senhor, que v primeiro sepultar meu pai". Tornou-lhe Jesus: "Deixa os mortos sepultar os seus mortos; tu, porm, vai e anuncia o reino de Deus". Ainda outro disse: "Seguir-te-ei, Senhor; mas permite que v primeiro a casa despedir-me". Respondeu-lhe Jesus: "Quem empunha o arado e torna a olhar para trs, no idneo para o reino de Deus" (Lc. 9, 57-62). 96. Uma pecadora acusada por pecadores e absolvida por Jesus
Arrastaram os fariseus aos ps de Jesus uma mulher apanhada em pecado de adultrio. Queriam saber se Jesus a mandava apedrejar, como prescrevia Moiss, ou absolver. Mandou Jesus que a pecadora fosse apedrejada, mas por um homem que no tivesse pecado e logo todos os fariseus se foram embora, porque eram todos pecadores. E Jesus perdoou pecadora arrependida.
Dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras. Bem de madrugada, voltou ao templo. Todo o povo aflua a ele. Jesus, sentando-se, ensinava-os. Nisto trouxeram os escribas e fariseus uma mulher apanhada em adultrio. Colocaram-na ao meio e disseram a Jesus: "Mestre, esta mulher acaba de ser apanhada em adultrio. Ora, na lei ordenou-nos Moiss que apedrejssemos semelhantes mulheres. E tu, que dizes?" Com estas palavras queriam p-lo prova para terem de que acus-lo. Inclinou-se Jesus e escreveu com o dedo no cho. E, como eles continuassem a insistir com perguntas, ergueu-se e disse-lhes: "Quem de vs for sem pecado atire-lhe a primeira pedra. E, tornando a inclinar-se, escrevia no cho. Eles, porm, ouvindo isto, retiraram-se um aps outro, os mais velhos frente. Ficou Jesus s com a mulher, que estava no meio. Erguendo-se ento Jesus, perguntou-lhe: "Mulher, onde esto os que te acusavam? Ningum te condenou?" "Ningum, Senhor" respondeu ela. Disse-lhe Jesus: "Nem eu te condenarei; vai e no tornes a pecar" (Jo. 1-11). 97. Um cego de nascena enxerga pela primeira vez.
Curou Jesus um homem cego de nascena. Os inimigos de Jesus no quiseram crer nessa manifestao de poder, que era to evidente. M vontade deles!
Deparou-se a Jesus um homem que era cego de nascena. "Mestre perguntaramlhe os discpulos quem pecou para ele nascer cego: ele ou seus pais?" Respondeu-lhes Jesus: "Nem ele nem seus pais pecaram; mas para que nele se manifestem as obras de Deus. Tenho de levar a efeito as obras daquele que me enviou, enquanto dia. Vem a noite, quando ningum mais pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo". Dito isto, cuspiu na terra, fez um lodo com a saliva, untou com o lodo os olhos do cego e disse-lhe: "Vai e lava-te no tanque de Silo" que quer dizer "Enviado". Foi, lavou-se e voltou vendo. Disseram ento os vizinhos e os que outrora o tinham visto mendigar: "No este o mesmo que estava sentado a pedir esmolas?" "Sim, ele diziam uns. Outros: "No ; apenas se parece com ele". Ele, porm, declarou: "Sou eu mesmo". Ao que lhe perguntaram: "Como foi que se te abriram os olhos?" Respondeu ele: "O homem que se chama Jesus fez um lodo, untou-me os olhos, e disse-me: "Vai e lava-te no tanque de Silo. Fui, lavei-me, e vejo". "Onde est o homem?" perguntaram-lhe. "No sei" respondeu (Jo. 9, 1-12).
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98. O cego de nascena enxerga mais que certos homens com dois olhos
Os inimigos de Jesus perguntam ao cego curado e aos pais dele se tinha nascido cego e como que fora curado. Ele explica tudo direitinho. Mas os judeus no querem dar a Jesus a honra de ele saber realizar obras poderosas assim. Rogam pragas ao que fora curado e expulsam-no da sinagoga.
Levaram ento aos fariseus o homem que fora cego. Ora, era sbado quando Jesus fizera o lodo e lhe abrira os olhos. E novamente inquiriram dele os fariseus como que recuperara a vista. Referiu-lhes ele: "Ps-me um lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo". Observaram ento alguns fariseus: "Esse homem no de Deus, pois no guarda o sbado". Outros, porm, diziam: "Como pode um pecador fazer semelhantes prodgios?" E havia dissenso entre eles. Pelo que tornaram a interrogar o cego: "E tu, que dizes dele? Pois que te abriu os olhos?"... " um profeta" respondeu ele. Ento os judeus no acreditaram mais que estivera cego e recuperara a vista, enquanto no chamassem os pais do que fora curado. Fizeram-lhes esta pergunta: " este vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como , pois, que agora v?" Responderam os pais: "Sabemos que este nosso filho e que nasceu cego; mas de que modo agora v que no sabemos; tampouco sabemos quem foi que lhe abriu os olhos; interrogai-o a ele mesmo: tem idade para dar informaes de si". Assim falaram os pais com medo dos judeus; porque j tinham os judeus decretado expulsar da sinagoga a quem confessasse Jesus como sendo o Cristo. Por esta razo disseram os pais: "Tem idade; interrogai-o a ele mesmo". Ao que tornaram a chamar o homem que fora cego e disseram-lhe: "D glria a Deus. Ns sabemos que esse homem pecador". Tornou-lhes ele: "Se pecador, no sei; uma coisa, porm, sei: que eu era cego, e agora vejo". Inquiriram eles: "Que foi, pois, que te fez? Como te abriu os olhos?" "J vo-lo disse respondeu-lhes ele. No o ouvistes? Por que quereis ouvi-lo mais uma vez? Acaso quereis tambm vs ser discpulos dele?" Ao que o cobriram de injrias, dizendo: "Discpulo dele sejas tu! Ns somos discpulos de Moiss. Sabemos que Deus falou a Moiss; mas, quanto a esse tal, no sabemos donde ". "Pois, estranho tornou o homem que no saibais donde ele , quando me abriu os olhos. Ora, sabemos que Deus no atende aos pecadores; mas quem teme a Deus e lhe cumpre a vontade, a esse que atende. Desde que o mundo existe, nunca se ouviu que algum abrisse os olhos a um cego de nascena. Se este no fosse de Deus, no poderia fazer coisa alguma". "Nasceste todo em pecados revidaram-lhe eles e pretendes dar-nos lies a ns?" E expulsaram-no (Jo. 9, 13-34). 99. A cegueira da alma pior que a cegueira do corpo
Encontrou-se Jesus com o homem que fora curado por ele e excomungado pelos judeus, e revelou-lhe a sua divindade. O homem creu. Depois disse Jesus aos fariseus que eles eram mais cegos do que aquele homem que fora cego de nascena, porque no queriam enxergar um fato to evidente como esse e isto era grande pecado.
Soube Jesus que acabavam de expuls-lo, e, encontrando-se com ele, perguntou-lhe: "Crs no Filho de Deus?" "Quem , Senhor respondeu o outro para eu crer nele?"
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Tornou-lhe Jesus: "Ests a v-lo; quem fala contigo, esse ". "Creio Senhor!" exclamou ele, prostrando-se-lhe aos ps. Disse Jesus: "Para exercer juzo que vim ao mundo, a fim de que os cegos vejam, e os que veem se tornem cegos". Ouviram isto alguns dos fariseus que o cercavam, e perguntaram: "Porventura, tambm ns somos cegos?" "Se fsseis cegos respondeu-lhes Jesus no tereis pecado; mas, como afirmais: Ns vemos subsiste o vosso pecado" (Jo. 9, 35-41). 100. Jesus, o bom pastor, d a prpria vida pelas suas ovelhas
Jesus como um pastor bondoso que deseja conduzir as suas ovelhas, as almas humanas, ao paraso da eterna felicidade. O bom pastor, quando v chegar um inimigo, no foge de medo, mas defende as ovelhas e prefere morrer a entregar o rebanho ao inimigo. Foi o que fez Jesus morrendo na cruz para nos salvar.
"Em verdade, em verdade, vos digo: Quem no entra no aprisco das ovelhas pela porta, mas penetra por outra parte, ladro e salteador. Mas quem entra pela porta, esse pastor de ovelhas; a ele o porteiro lhe abre, e as ovelhas lhe escutam a voz. Chama pelo nome as suas ovelhas e condu-las fora. E, depois de fazer sair todas as suas, vai diante delas; e as ovelhas seguem-no, porque lhe conhecem a voz. Mas no seguem o estranho, antes fogem dele, porque no conhecem a voz do estranho". Esta parbola props-lhes Jesus; eles, porm, no atinaram com o sentido das suas palavras. Prosseguiu Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta para as ovelhas; quem entrar por mim ser salvo; entrar e sair, e encontrar pastagens. O ladro no vem seno para roubar, matar e perder. Eu vim para que elas tenham a vida, e a tenham abundante. Eu sou o bom pastor. O bom pastor d a prpria vida pelas suas ovelhas. O mercenrio, porm, que no pastor e a quem no pertencem s ovelhas, abandona as ovelhas e foge, quando v chegar o lobo. E o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenrio foge, porque mercenrio, e no tem cuidado das ovelhas. Eu sou o bom pastor. Conheo as minhas e as minhas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheo ao Pai. Dou a prpria vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda
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outras ovelhas, que no so deste aprisco; tambm a essas devo conduzi-las; daro ouvidos minha voz, e haver um s rebanho e um s pastor (Jo. 10, 1-16). 101. Saem pelo mundo fora setenta e dois bandeirantes de Deus
Alm dos 12 apstolos, enviou Jesus pelo mundo 72 discpulos com a ordem de ensinar o Evangelho ao povo. Deu-lhes instrues sobre o seu modo de proceder e conferiu-lhes grandes poderes.
Depois disto designou o Senhor mais setenta e dois outros discpulos e mandou-os, dois a dois, adiante de si, a todas as cidades e povoaes que tencionava visitar. Dizia-lhes: "A messe grande, mas os operrios so poucos. Rogai, portanto, ao senhor da seara para que mande operrios sua messe. Ide, pois! Eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos. No leveis alforje, nem bolsa, nem calado, nem saudeis a pessoa alguma pelo caminho. Toda vez que entrardes em uma casa, dizei primeiro: A paz seja com esta casa! E, se a houver um filho da paz, repousar sobre ele a vossa paz; se no, tornar a vs. Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tenham; porque o operrio bem merece o seu sustento. No andeis de casa em casa. E, quando entrardes em uma cidade onde vos recebam, comei o que vos servirem; curai os doentes que a houver e dizei: Chegou a vs o reino de Deus. Mas, se entrardes numa cidade onde no vos recebam, sa rua e dizei: "Sacudimos contra vs at o p da vossa cidade, que se nos pegou aos ps; entretanto, ficai sabendo que chegou o reino de Deus. Digo-vos que sorte melhor caber a Sodoma, naquele dia, do que a uma cidade assim" (Lc. 10,1-12). 102. Ai de quem desprezar a graa de Deus!
Continuavam na sua vida mundana os habitantes de algumas cidades onde Jesus tinha ensinado o Evangelho e realizado prodgios de poder. Por isso tero castigo pior do que as cidades pagas onde Jesus no ensinou.
"Ai de ti, Corozain! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidon se tivessem realizado as obras poderosas que em vs se realizaram, desde h muito teriam feito penitncia em cilcio e cinzas. Entretanto, Tiro e Sidon tero sentena mais benigna, no dia do juzo, do que vs. E tu, Cafarnaum, elevar-te-s at ao cu? At ao inferno sers abismada! Quem vos ouve a mim me ouve; quem vos despreza a mim me despreza, mas quem me despreza, despreza aquele que me enviou" (Lc. 10, 13-16) . 103. Devemos aliviar o sofrimento de qualquer pessoa, mesmo desconhecida
Para mostrar que a nossa caridade deve abranger, no s os amigos e parentes, mas todos os homens, conta Jesus a histria dum viajante que foi roubado e ferido pelos ladres e socorrido por um homem estranho, que lhe prestou todos os favores sem esperar recompensa alguma. Assim deve ser a nossa caridade: universal, sincera, desinteressada.
Levantou-se um doutor da lei para pr Jesus prova, com esta pergunta: "Mestre, que hei de fazer para alcanar a vida eterna?" Respondeu-lhe Jesus: "Que est escrito na lei; como que ls?" Tornou aquele: "Amars o Senhor, teu Deus, de todo o teu corao, de toda a tua alma, com todas as tuas foras e de toda a tua mente; e a teu prximo como a ti mesmo". "Respondeste bem disse-lhe Jesus. Faze isto e ters a vida". Ele, porm, quis justificar-se e perguntou a Jesus: "E quem meu prximo?" Ao que Jesus tomou a palavra e disse: "Descia um homem de Jerusalm a Jeric, e caiu nas mos dos ladres, que o despojaram, cobriram de feridas, e, deixando-o meio morto, se foram embora. Casualmente, descia um sacerdote pelo mesmo caminho; viu-o
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e passou de largo. Igualmente, chegou ao lugar um levita; viu-o e passou de largo. Chegou perto dele tambm um samaritano, que ia de viagem; viu-o e moveu-se compaixo; aproximou-se, deitou-lhe leo e vinho nas chagas e ligou-as; em seguida, f-lo montar no seu jumento, conduziu-o a uma hospedaria e teve cuidado dele. No dia seguinte, tirou dois denrios (*) e deu-os ao hospedeiro, dizendo: Tem-me cuidado dele, e o que gastares a mais pagar-to-ei na volta. Qual destes trs se houve como prximo daquele que cara nas mos dos ladres?" "Aquele que lhe fez misericrdia" respondeu o doutor. Tornou-lhe Jesus: "Vai e faze tu o mesmo" (Lc. 10, 25-37). .........
(*) l denrio Cr$ 5,00 mais ou menos.
Certa vez, por ocasio de uma jornada, entrou Jesus em uma povoao, e uma mulher, chamada Marta, o hospedou em sua casa. Tinha ela uma irm, por nome Maria. Esta sentou-se aos ps do Senhor a escutar-lhe a palavra. Marta, porm, andava atarefada com muitos servios. Apresentou-se e disse: "No te importa, Senhor, que minha irm me deixe s com o servio? Dize-lhe, pois, que me ajude".
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Respondeu-lhe o Senhor: "Marta, Marta, andas solcita e irrequieta com muitas coisas; entretanto, uma s necessria. Maria escolheu a parte boa, que no lhe ser tirada" (Lc. 10, 38-42). 105. Pedir, e pedir sempre de novo
Para mostrar que a gente deve continuar a pedir e orar, mesmo quando no consegue logo o que pede, contou Jesus a histria de um homem que, altas horas da noite, foi casa dum amigo pedir-Ihe emprestasse uns pes. S depois de muito bater e pedir que recebeu os pes.
Prosseguiu Jesus: "Algum de vs tem um amigo. Vai ter com ele, em plena noite, com o pedido: Amigo, empresta-me trs pes; porque um amigo meu chegou da viagem a minha casa, e no tenho o que servir-lhe. Mas o de dentro responde: No me incomodes! A porta est fechada e meus filhos esto comigo no quarto; no posso levantar-me para atender-te. O outro, porm, continua a bater. Digo-vos que, embora no se levante e lhe d por ser seu amigo, no deixar, contudo, de levantar-se por causa da importunao, e dar-lhe quanto houver mister" (Lc. 11, 5-8). 106. gua mole em pedra dura...
Mais outra histria contou Jesus para mostrar que no devemos desanimar quando os nossos pedidos no so logo atendidos por Deus: uma pobre viva, explorada por um homem mau, tanto incomodou o juiz que este, mesmo contra a vontade, acabou por lhe fazer justia.
Fez Jesus ver, numa parbola, que importa orar sempre, e no desfalecer. Disse: "Vivia numa cidade um juiz que no temia a Deus nem respeitava homem algum. Havia na mesma cidade uma viva. Foi ter com ele e lhe disse: Reivindica os meus direitos contra meu adversrio. Negou-se ele a atend-la por muito tempo. No fim de contas, porm, disse consigo mesmo: Verdade que no temo a Deus nem respeito homem algum; mas essa viva tanto me importuna que lhe farei justia, para que no acabe por meter-me as mos na cara". Prosseguiu o Senhor: "Escutai o que diz o juiz inquo! E Deus no faria justia a seus eleitos, quando, dia e noite, clamarem a ele? Deix-los-ia esperar muito tempo? Digo-vos que bem depressa lhes far justia. Entretanto, quando o Filho do homem vier, encontrar f sobre a terra?(Lc. 18, 1-8). 107. O homem que confessava as suas virtudes e os pecados dos outros
Para mostrar que a gente no deve confiar nas suas boas obras, mas to-somente na misericrdia de Deus, contou Jesus do orgulho dum fariseu e da humildade dum publicano. O fariseu acha que ele um santo, e todos os outros homens uns pecadores. O publicano no diz nada dos outros homens, mas confessa que pecador e pede perdo a Deus. Jesus gostou deste, e no do outro.
Props Jesus mais esta parbola a alguns que se tinham em conta de justos e desprezavam os outros: "Dois homens subiram ao templo para orar. Um era fariseu, o outro publicano. O fariseu, em p, orava assim consigo mesmo: Eu te dou graas, meu Deus, por no ser como o resto dos homens, como os ladres, injustos e adlteros, nem como esse publicano. Eu jejuo duas vezes por semana e pago o dzimo de tudo quanto possuo. O publicano, porm, conservava-se distncia e no ousava sequer levantar os olhos ao cu; mas batia no peito, dizendo: Deus! Tem piedade de mim, pecador! Digo-vos que este voltou para casa justificado, e no o outro. Porque quem se exalta ser humilhado; e quem se humilha ser exaltado (Lc. 18, 9-14).
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Pedi, e recebereis; procurai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-. Porque quem pede recebe, quem procura acha, e a quem bate abrir-se-lhe-. Quando algum dentre vs pede po a seu pai, ser que este lhe dar uma pedra? Ou, quando lhe pede um peixe, lhe dar em vez do peixe uma serpente? Ou, quando lhe pede um ovo, lhe dar um escorpio? Se, pois, vs, apesar de maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dar o Esprito Santo aos que lho pedirem (Lc.11, 9-13) . 109. Ser santo e no s parecer!
Muitos judeus, querendo parecer piedosos, copiavam mandamentos de Deus em umas tiras de couro e as enrolavam no brao ou encerravam numa caixinha presa testa. Jesus, porm, lhes declarou que nada valiam as cerimnias exteriores se dentro da alma faltasse o amor de Deus manifestado pela caridade do prximo (cap. 109)
Jesus repreende os fariseus porque s rezavam com os lbios, e no com a alma; davam muita importncia s cerimnias exteriores e no faziam caso da virtude interior.
Ainda estava Jesus falando, quando um dos fariseus o convidou a jantar em sua casa. Foi, e sentou-se mesa. Reparando o fariseu que Jesus no se lavara antes da refeio, admirou-se. Ao que o Senhor lhe disse: "Vs, fariseus, limpais a parte exterior da taa e do prato, ao passo que por dentro estais cheios de rapina e iniquidade. Insensatos! Acaso, quem fez o exterior no fez tambm o interior? Dai antes de esmola o que est por dentro, e tudo vos ser limpo. Mas, ai de vs, fariseus! Que pagais o dzimo da hortel, da arruda e de toda a casta de hortalias; mas no fazeis caso da justia e do amor de Deus. Uma coisa se deve fazer, e a outra no omitir. Ai de vs, fariseus, que gostais de ocupar lugar de honra nas sinagogas e receber cumprimentos nas praas pblicas. Ai de vs! Que sois como sepulcros que no aparecem e sobre os quais a gente passa sem o saber" (Lc. 11, 37-44). 110. No tem que temer a morte corporal quem possui a vida espiritual
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Pouco importa que o corpo sofra ou morra, contanto que a alma tenha sade e felicidade. preciso que tenhamos uma grande confiana em Deus, porque ele nosso Pai solcito e carinhoso.
"A vs, meus amigos, advirto: No temais aqueles que matam o corpo, e nada mais podem fazer. Mostrar-vos-ei a quem que deveis temer: Temei aquele que, alm de matar, pode tambm lanar ao inferno. Este, sim, temei-o, digo-vos eu. No se compram cinco pardais por dez vintns? E, no entanto, nenhum deles est em esquecimento perante Deus. At os cabelos da vossa cabea esto todos contados. No temais, pois: mais valor tendes vs do que numerosos pardais" (Lc. 12, 4-7). 111. Ser vergonha ser amigo de Jesus?
Quem no tem a coragem de se declarar cristo em pblico no amigo de Cristo e despreza a graa do Esprito Santo, sem a qual no h perdo nem salvao.
Declaro-vos que quem me confessar diante dos homens, tambm o Filho do homem o confessar diante dos anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens, tambm ser negado diante dos anjos de Deus. Quem proferir uma palavra contra o Filho do homem ser perdoado; mas quem injuriar o Esprito Santo no ser perdoado. Quando vos arrastarem s sinagogas e presena de magistrados e autoridades, no vos deem cuidados o modo nem as palavras com que responder, nem o que tiverdes de dizer; porque o Esprito Santo vos ensinar na mesma hora o que deveis dizer (Lc. 12, 812). 112. Que adianta acumular tesouros se amanh temos de morrer?
Quando um homem mundano pediu a Jesus que lhe arranjasse bens materiais, o Mestre contou a histria de um rico fazendeiro que morreu de repente, justamente no dia em que comeava a gozar a sua fortuna e apareceu mendigo no outro mundo.
Disse a Jesus algum do povo: "Mestre, dize a meu irmo que divida comigo a herana". "Homem! respondeu-lhe ele quem me constituiu juiz ou partidor sobre vs?" E prosseguiu: "Cuidado e cautela com toda cobia! Ainda que algum viva em abundncia, no da sua fortuna que depende a sua vida". E props a seguinte parbola: "Um homem rico possua um campo que lhe produzira fruto abundante. Ao que ele se ps a pensar consigo mesmo: "Que farei? No tenho onde recolher os meus frutos. Isto que farei, disse: vou demolir os meus celeiros e constru-los maiores, para abrigar toda a colheita e todos os meus bens. E ento direi alma: Agora, sim, minha alma, tens em depsito grande quantidade de bens para largos anos; descansa, come, bebe, regala-te! Deus, porm, lhe disse: Insensato! Ainda esta noite tirar-te-o a vida! E as coisas que amontoaste, de quem sero? Assim acontece a quem acumula tesouros para si, em vez de enriquecer aos olhos de Deus" (Lc. 12, 13-21) . 113. O que ensinam os passarinhos e as flores...
Jesus quer que trabalhemos para ganhar o necessrio vida; mas no nos esqueamos de que estamos nas mos da Divina Providncia. Se Deus d de comer aos passarinhos do mato e reveste de beleza as flores da campina, ser que abandona seus filhos queridos pelos quais derramou o seu sangue na cruz? Trabalhemos, pois, como se tudo dependesse de ns e confiemos em Deus, como se tudo dependesse dele!
Disse Jesus aos seus discpulos: "No vos d cuidados a vida, o que haveis de comer; nem o corpo, o que haveis de vestir. Porque mais vale a vida que o alimento, e mais o corpo que o vesturio.
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Considerai os corvos: no semeiam, nem ceifam, no tm despensa nem celeiros Deus que lhes d de comer. Quanto mais no valeis vs do que eles! Quem de vs pode, com todos os seus cuidados, prolongar a sua vida por um palmo sequer? Se, portanto, nem sois capazes de coisa to pequenina, porque vos dais cuidados do mais? Considerai os lrios do campo, como crescem: no trabalham, nem fiam; e, no entanto, vos digo que nem Salomo, em toda a sua glria, se vestiu jamais como um deles. Se, pois, Deus veste assim a erva que hoje est no campo, e amanh ser lanada ao forno, quanto mais a vs, homens de pouca f! No pergunteis, por conseguinte, o que haveis de comer ou de beber, nem vos deis a inquietaes. Os pagos que andam com todos esses cuidados. Vosso Pai bem sabe que disto haveis mister. Procurai, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e sua justia, e tudo aquilo vos ser dado de acrscimo" (Lc. 12, 22-31). 114. "Onde est o teu tesouro a est o teu corao"
Mais uma vez insiste Jesus em que os seus verdadeiros amigos pouco se importem com os bens terrestres; se tm o necessrio para viver e se vestir estejam satisfeitos. Mas, ponham todo o cuidado em adquirir tesouros espirituais, que tm valor eterno.
No temas, pequenino rebanho! Pois que aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. Vendei os vossos haveres e dai esmola. Tratai de adquirir bolsas que no envelheam, e um tesouro imperecvel no cu, onde os ladres no penetram nem as traas o corrompem: porque onde est o vosso tesouro a est tambm o vosso corao (Lc. 12, 32-34) . 115. Ai do homem que no produzir boas obras!
Israel, tratado com tanto carinho durante muitos sculos, no produzira as boas obras que Deus podia dele esperar; por isso foi derribada essa rvore estril, e plantada em seu lugar a rvore do paganismo, mais fecunda. Ai do homem que no produzir boas obras!
Passou Jesus a propor a seguinte parbola: "Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Veio procurar-lhe fruto; mas no o achou. Disse ento ao viticultor: H trs anos que venho procurar fruto nesta figueira, e no encontro. Corta-a; para que ocupa ainda o terreno? Senhor, respondeu-lhe aquele, deixa-a ainda este ano. Vou cavar em derredor e deitar estrume; talvez chegue a dar fruto; se no, mandars cort-la" (Lc. 13, 6-9) . 116. No podia olhar para o cu, havia 18 anos
Uma mulher, por influncia de satans, sofria duma enfermidade que a obrigava a andar sempre encurvada olhando para a terra. Jesus curou essa mulher num sbado, dia santo dos judeus. Alguns se escandalizaram com isto. Jesus, porm, lhes deu uma resposta terrvel, que ps todos calados e envergonhados.
Estava Jesus ensinando numa sinagoga em dia de sbado. E eis a uma mulher que, havia dezoito anos, tinha um esprito de enfermidade; andava encurvada, sem poder aprumar-se de modo algum. Jesus, vendo-a, chamou-a a si e disse-lhe: "Senhora, ests livre da tua enfermidade". Imps-lhe as mos, e logo ela se aprumou, glorificando a Deus. Indignado de que Jesus curara em dia de sbado, disse o chefe da sinagoga ao povo: Seis dias h para trabalhar; neles vinde e fazei-vos curar; mas no em dia de sbado". Replicou-lhe o Senhor: "Hipcrita! No solta cada um de vs e seu boi ou burro da manjedoura, em dia de sbado, para lev-lo a beber? E esta filha de Abrao, que Satans trazia presa j por dezoito anos, no devia ser libertada desse vnculo, em dia de sbado?"
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A estas palavras envergonharam-se todos os seus adversrios. O povo, porm, alegrava-se de todos os gloriosos feitos que ele realizava (Lc. 13, 10-17). 117. To pequenina e to poderosa!
O reino de Deus na terra comeou pequenino e humilde que nem um grozinho de semente; mas agora abrange todos os pases do mundo e oferece consolao espiritual a centenas de milhes de almas humanas. As coisas de Deus so sempre assim: pequenas e insignificantes por fora grandes e poderosas por dentro.
Disse Jesus: "Com que coisa se parece o reino de Deus? A que o compararei? semelhante a um gro de mostarda, que um homem tomou e semeou em sua horta; cresceu e fez-se uma grande rvore; e vieram as aves do cu aninhar-se nos seus ramos" (Lc. 13, 18-19). 118. Atividade silenciosa, mas irresistvel
O Evangelho de Jesus penetra o mundo e as almas humanas como um fermento, que no faz rudo algum, mas vai aos poucos levedando e transformando toda a massa dentro da qual se encontra.
Continuou Jesus dizendo: "Com que hei de comparar o reino de Deus? Assemelha-se a um fermento que uma mulher tomou e meteu em trs medidas de farinha, at ficar tudo levedado" (Lc. XIII, 20-21). 119. Jesus morre quando ele quer e no quando os homens querem
Preveniram Jesus de que Herodes procurava mat-lo. Continuou o Mestre a trabalhar tranquilamente no mesmo lugar, porque ningum o podia matar antes da hora marcada pelo Pai celeste.
Chegaram alguns dos fariseus e disseram a Jesus: "Sai e retira-te daqui; porque Herodes te quer matar". Respondeu-lhes Jesus: "Ide e dizei a essa raposa: Eis que vou expulsando demnios e fazendo curas, hoje e amanh; e s no terceiro dia terminarei. Mas hoje, amanh e depois de amanh tenho de caminhar; porque no convm que um profeta perea fora de Jerusalm" (Lc. 13, 31-33). 120. Gemidos de um amor desprezado
Queria Jesus defender Jerusalm dos seus inimigos com a mesma solicitude com que uma galinha abriga debaixo das asas os seus pintinhos; Jerusalm, porm, desprezou o amor de seu grande amigo e por isso foi castigada por Deus e destruda por seus inimigos.
Jerusalm, Jerusalm! Que matas os profetas e apedrejas os que te so enviados! Quantas vezes tenho querido reunir os teus filhos, assim como a galinha recolhe a sua ninhada debaixo das asas; tu, porm, no quiseste. Eis que vos ser deixada deserta a casa! Declaro-vos que j no me vereis at que chegue o tempo em que digais: Bendito seja o que vem em nome do Senhor! (Lc. 13, 34-35). 121. Tinham mais caridade com os animais do que com os homens
Se se pode tirar do poo um animal que nele caiu em dia de sbado, por que no se poderia curar, nesse dia, um homem doente? Foi o que Jesus fez, mas os fariseus se escandalizaram.
Achando-se Jesus, num sbado, em casa de um dos mais notveis fariseus para tomar refeio, estavam eles a observ-lo. Apareceu diante dele um homem hidrpico. 57
Perguntou Jesus aos doutores da lei e aos fariseus: " lcito curar em dia de sbado ou no?" Eles, porm, permaneceram calados. Ento tomou Jesus o homem, curou-o e mandou-o embora. Em seguida, disse-lhes: "Se a algum de vs cair no poo um burro ou um boi, no o tirar logo, mesmo em dia de sbado?" No sabiam que replicar-lhe a isto (Lc. 14, 1-6). 122 . Escolher lugar de honra ofende as leis da moral e da civilidade
Vendo Jesus que os convidados a um banquete escolhiam os melhores lugares mesa, observou que isto era contra a boa educao. Deve a gente escolher sempre o pior para si e deixar o melhor para os outros o que agrada a Deus e aos homens.
Reparando Jesus como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propslhes esta parbola: "Quando fores convidado para alguma festa nupcial, no ocupes o primeiro lugar; porque pode ser que outra pessoa de mais considerao do que tu, tenha sido convidada pelo dono da casa e, vindo o teu e seu hospedeiro, te diga: cede o lugar a este; e tu, cheio de vergonha, deverias ocupar o ltimo lugar. No; quando fores convidado, vai tomar o ltimo lugar. Se ento vier o teu hospedeiro e te disser: Amigo, passa mais para cima ser isto uma honra para ti, aos olhos de todos os companheiros de mesa. Porque todo o que se exalta ser humilhado, e todo o que se humilha ser exaltado" (Lc. 14, 7-11). 123. Praticar o bem sem interesse pessoal!
Quem convida algum mesa no o deve fazer com a inteno de ser tambm ele convidado. O bem que fizermos ao prximo deve ser desinteressado; do contrrio perde o seu valor.
Disse Jesus ao hospedeiro: "Quando deres algum jantar ou ceia, no convides os teus amigos, nem teus irmos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos; para que no te convidem eles, por seu turno, e assim te paguem; no, quando deres algum banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; feliz de ti! Porque esses no tm com que te retribuir; mas ters a tua retribuio na ressurreio dos justos" (Lc. 14, 1214). 124. Porque certos homens recusam comparecer ao banquete espiritual...
Convidou Jesus os judeus para o banquete divino do seu Evangelho. Eles, porm, lhe preferiram os seus negcios mundanos: bois, quintas e prazeres de casamento, ao passo que muita gente pobre e sofredora aceitou o convite. Assim acontece tambm, muitas vezes, nos dias de hoje: quem vive desapegado dos bens materiais sabe estimar melhor os bens espirituais.
Quando um dos convivas ouviu as palavras de Jesus, exclamou: "Feliz de quem se banquetear no reino de Deus!" Tornou-lhe Jesus: "Um homem preparou um grande banquete e convidou muita gente. Chegada a hora do banquete, enviou seu servo a dizer aos convidados: Vinde, est tudo pronto! Mas, todos a uma comearam a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei uma quinta, e preciso ir v-la; rogo-te me tenhas por escusado. Outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experiment-los; rogo-te me tenhas por escusado. Um terceiro disse: Casei-me e por isso no posso ir. Voltou o servo e referiu isto a seu senhor. Indignou-se o dono da casa, e ordenou a seu servo: Sai depressa pelas ruas e becos da cidade, conduze-me aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
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"Senhor noticiou o servo est cumprida a tua ordem, e ainda h lugar". Disse o senhor ao servo: "Sai pelos caminhos e cercados, e obriga a gente a entrar, para que se encha a minha casa. Pois, declaro-vos que nenhum daqueles homens que tinham sido convidados provar o meu banquete" (Lc. 14, 15-24). 125. L vai o pastor no encalo da ovelha fugitiva
O homem pecador uma ovelha que foge do curral seguro procura da liberdade. Mas corre perigo de perecer. Ento vai o bom pastor no encalo da infeliz e a reconduz carinhosamente ao redil. Assim procede Deus com o pecador arrependido da sua ingratido e resolvido a viver na graa de Deus.
Aproximava-se de Jesus toda espcie de publicanos e pecadores para o ouvir. Murmuravam disto os fariseus e escribas, dizendo: "Este homem acolhe os pecadores e come com eles". Ao que Jesus lhes props a seguinte parbola: "Se um de vs possuir cem, ovelhas, e perder uma, no deixa as noventa e nove no deserto e vai no encalo da que se perdeu, at a encontrar? E, tendo-a encontrado, pe-na aos ombros, cheio de alegria; e, de volta a casa, rene os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Congratulai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha que se perdera. Digo-vos que, do mesmo modo, haver maior jbilo no cu por um pecador que se converte do que por noventa e nove justos, que no necessitam de converso" (Lc. 15, 1-7). 126. To grande o valor da alma...
Assim como uma pobre mulher, possuidora de dez moedas apenas, no cessa de procurar a que perdeu at encontr-la, assim no cessa Deus de chamar o pecador para o caminho da salvao.
Se uma mulher possuir dez dracmas, e perder uma, no acende a candeia, no varre a casa e procura com afinco, at encontr-la? E, tendo encontrado a dracma, convoca suas amigas e vizinhas dizendo: Congratulai-vos comigo; porque encontrei a dracma que perdera. Do mesmo modo, digo-vos eu, haver jbilo entre os anjos de Deus por um pecador que se converte" (Lc. 15, 8-10). 127. "Pai, pequei contra o cu e diante de ti"...
Deus como um pai extremoso que concede perdo e amizade ao filho ingrato que, humilde e contrito, volta de terra inspita do pecado para o lar convidativo do Pai celeste.
Prosseguiu Jesus, dizendo: "Um homem tinha dois filhos. Disse o mais novo ao pai: Pai, d-me o quinho dos bens que me toca. Ao que ele lhes repartiu os bens. Passados poucos dias, o filho mais moo juntou tudo e partiu para uma terra longnqua. A esbanjou a sua fortuna numa vida dissoluta. Depois de tudo dissipado, sobreveio uma grande fome quele pas; e ele comeou a sofrer necessidade. Retirou-se ento e ps-se ao servio de um dos cidados daquela terra. Este o mandou para os seus campos guardar os porcos. Ansiava ele por encher o estmago com as vagens que os porcos comiam; mas ningum lhas dava. Ento entrou em si e disse: Quantos trabalhadores, em casa de meu pai, tm po em abundncia, e eu aqui morro de fome. Levantar-me-ei e irei ter com meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o cu e diante de ti; j no sou digno de ser chamado teu filho; trata-me to-somente como um dos teus trabalhadores. Levantou-se, pois, e foi em busca de seu pai. O pai avistou-o de longe, e, movido de compaixo, correu-lhe ao encontro, lanou-se-lhe ao pescoo e beijou-o. Disse-lhe o filho:
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Pai, pequei contra o cu e diante de ti; j no sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porm, ordenou a seus servos: Depressa, trazei a veste mais preciosa e vesti-lha; ponde-lhe um anel no dedo e sapatos nos ps. Buscai tambm o novilho gordo e carneai-o. Celebremos um festim e alegremo-nos; porque este meu filho estava morto, e ressuscitou; andava perdido, e foi encontrado. E comearam a celebrar um festim. Entrementes, estava o filho mais velho no campo. Quando voltou e se aproximou da casa, ouviu msica e danas. Chamou um dos criados e perguntou-lhe o que era aquilo. Respondeu-lhe ele: Chegou teu irmo, e teu pai mandou carnear o novilho gordo; porque o recebeu so e salvo. Indignou-se ele e no quis entrar. Saiu ento o pai e procurou persuadilo. Ele, porm, respondeu ao pai: H tantos anos que te sirvo, e nunca transgredi nenhum mandamento teu; e nunca me deste um cabrito para eu me banquetear com os meus amigos. Mas, logo que chegou este teu filho, que dissipou os teus bens com mulheres de m vida, lhe mandaste carnear o novilho gordo. Meu filho tornou-lhe o pai tu ests sempre comigo, e tudo que meu teu. Mas no podamos deixar de celebrar um festim e banquete; porque este teu irmo estava morto, e reviveu; andava perdido, e foi encontrado" (Lc. 15, 11-32).
Ramo e vagem da alfarrobeira, fruta que, no Oriente, se d aos porcos e com a qual o filho prdigo queria matar a fome, como diz Jesus (captulo 127).
Disse Jesus aos seus discpulos: "Havia um homem rico, que tinha um feitor. Este foi acusado perante ele de lhe defraudar os haveres. Mandou-o, pois, chamar e lhe disse: Que isto que ouo dizer de ti? D conta da tua administrao, porque j no poders ser meu feitor. Disse ento consigo o feitor: Que farei? Pois que meu amo me tira a administrao? Cavar a terra no posso, e de mendigar tenho vergonha. Sei o que vou fazer para que, quando for removido da administrao, haja quem me receba em sua casa. Mandou, pois, chamar, um aps outro, os devedores de seu amo. E perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu senhor? Cem jarros de azeite respondeu ele. Toma os teus papis disse-lhe senta-te a depressa e escreve cinquenta. Perguntou a outro: E tu, quanto deves? Cem alqueires de trigo respondeu ele.
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Toma os teus papis disse-lhe e escreve oitenta. E o senhor reconheceu que o feitor infiel procedera com tino. que os filhos deste mundo so mais atilados, no trato com seus semelhantes, do que os filhos da luz. Tambm eu vos digo: granjeai-vos amigos com as riquezas vs, para que, quando vierdes a falecer, vos recebam nos tabernculos eternos. Quem fiel nas coisas mnimas fiel tambm no muito; e quem infiel em coisas mnimas infiel tambm no muito. Se no administrardes fielmente as riquezas vs, quem vos confiar os bens verdadeiros? E, se no administrardes fielmente os bens alheios, quem vos entregar o que vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores; ou ter dio a um e amor a outro, ou aderir a um e no far caso do outro. No podeis servir a Deus e s riquezas" (Lc. 16, 1-13) . 129. Histria de um ricao que acabou mendigando uma gatinha dgua
Quem se serve da sua fortuna apenas para satisfaes pessoais e no socorre aos indigentes comete pecado to grave que sua alma, aps a morte corporal, sofrer horrveis tormentos e no ter refrigrio algum ao passo que o pobre que sofre com pacincia e resignao entrar no reino da eterna felicidade.
Havia um homem rico que se vestia de prpura e linho finssimo e se banqueteava esplendidamente todos os dias. sua porta jazia um mendigo, de nome Lzaro, todo coberto de lceras. De bom grado se fartaria com as migalhas que caam da mesa do rico; mas ningum lhas dava. Vinham at os ces e lambiam-lhe as lceras. Faleceu o mendigo, e foi levado pelos anjos ao seio de Abrao. Morreu tambm o rico, e foi sepultado. No inferno ergueu os olhos, do meio dos tormentos, e avistou ao longe a Abrao, e Lzaro no seio dele. E ps-se a clamar: Pai Abrao, tem piedade de mim e manda a Lzaro para que molhe na gua a ponta do dedo e me refrigere a lngua; porque sofro grandes tormentos nestas chamas. Replicou-lhe Abrao: Lembra-te, filho, de que passaste bem durante a vida, enquanto Lzaro passou mal. Agora ele consolado aqui, e tu atormentado. Alm disto, medeia entre ns e vs um grande abismo, de maneira que ningum pode passar daqui para vs, nem da para c, ainda que quisesse. Tornou aquele: Rogo-te, pai, que o mandes minha casa paterna; tenho cinco irmos; que os previna para que no venham tambm eles parar neste lugar de tormentos. Respondeu-lhe Abrao: Tm Moiss e os profetas; que os ouam. No, pai Abrao replicou ele mas, se um dos defuntos for ter com eles, ho de converter-se. Disse-lhe Abrao: Se no do ouvido a Moiss e aos profetas, to pouco acreditaro quando algum ressuscitar dentre os mortos (Lc. 16, 19-31). 130. Quem ensina aos outros deve ele mesmo cumprir o que ensina
Dar bom exemplo aos outros, perdoar as ofensas, ter f em Deus todas estas virtudes devem encontrar-se em alto grau, no mestre da vida espiritual.
Disse Jesus a seus discpulos: " inevitvel que venham incitamentos ao pecado; mas ai do homem por quem vm! Melhor lhe fora que lhe atassem ao pescoo uma m e o lanassem ao mar, do que ser ele ocasio de pecado a um desses pequeninos. Tende cuidado de vs mesmos! Se teu irmo cometer falta contra ti, repreendeo; e, se se arrepender, perdoa-lhe. E, se faltar contra ti sete vezes por dia, e vier ter contigo sete vezes, dizendo: Estou arrependido perdoa-lhe". Pediram os apstolos ao Senhor: "Aumenta-nos a f". 61
Respondeu o Senhor: "Se tiverdes f, como um gro de mostarda que seja, e disserdes a esta amoreira: Desarraiga-te e transplanta-te para o mar obedecer-vos-" (Lc. 17, 1-6). 131. "No separe o homem o que Deus uniu"
Deus amor, e o casal unido pelo amor unido por Deus, e no h divrcio.
Depois de rematar estes discursos, partiu Jesus da Galileia e foi em demanda das regies da Judeia alm do Jordo. Muita gente o foi seguindo, e ele os curou. Ento se aproximaram dele alguns fariseus a fim de o porem prova, perguntando: " permitido ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?" Respondeu-lhes Jesus: No tendes lido que o Criador, a princpio, fez os homens como varo e mulher, e disse: Por isso deixar o homem ao pai e me para aderir sua mulher, e sero os dois uma s carne? Portanto, j no so dois, mas uma s carne. Ora, o que Deus uniu, no o separe o homem". Objetaram eles: "Por que, pois, mandou Moiss dar carta de divrcio e repudiar a mulher?" Respondeu-lhes Jesus: "Por causa da dureza dos vossos coraes que Moiss vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas de princpio no foi assim. Eu, porm, vos declaro: quem repudiar sua mulher salvo em caso de adultrio e casar com outra, comete adultrio, e quem casar com a repudiada comete adultrio" (Mt. 19, 1-9). 132. O que Jesus pensa dos que no casam...
Todo homem e toda mulher tem o direito de casar, mas no tem obrigao. Se algum deixa de casar por amor de Deus e para melhor trabalhar pela religio, faz coisa boa e muito agradvel a Deus.
Disseram a Jesus os discpulos: "Se tal a condio do marido e da mulher, melhor no casar". Tornou-lhes Jesus: "Nem todos compreendem isto, seno somente aqueles a quem foi dado. H quem deixe de casar porque por natureza incapaz; h quem deixe de casar, porque os homens o puseram nesse estado; e h quem renuncie ao matrimnio por amor ao reino do cu. Quem for capaz de compreend-lo compreendao" (Mt. 19, 10-12). 133. "Ide tambm vs trabalhar na vinha do Senhor"
Somos todos operrios de Deus. Quem trabalhar na vinha do Senhor ser recompensado. O grau de recompensa celeste depende no s do tempo do trabalho, mas tambm da medida da graa que Deus conceder a cada um, e da nossa cooperao com essa graa. Deus d a todos os homens graa suficiente para se poderem salvar, e d a alguns graas extraordinrias. Aqueles so os "chamados", estes os "escolhidos".
O reino dos cus semelhante a um pai de famlia que, mui de madrugada, saiu a contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com os trabalhadores o salrio de um denrio por dia, e os mandou para a sua vinha. Pelas nove horas saiu outra vez, e viu outros na praa, ociosos. Disse-lhes: Ide tambm vs para a minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo. Foram-se. Por volta das doze horas e das trs da tarde tornou a sair, e procedeu da mesma forma. E, quando, pelas cinco horas da tarde, saiu mais uma vez, encontrou outros que l estavam; e disse-lhes: Por que estais aqui o dia todo sem fazer nada? Ao que lhe
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responderam: que ningum nos contratou. Ordenou-lhes ele: Ide vs tambm para a minha vinha. Ao anoitecer, disse o dono da vinha a seu feitor: Vai chamar os trabalhadores e paga-lhes o salrio, a comear pelos ltimos at aos primeiros. Apresentaram-se, pois, os que tinham entrado pelas cinco horas, e recebeu cada qual um denrio. Chegando, porm, os que tinham sido os primeiros, calculavam que iam receber mais; mas tambm esses no receberam seno um denrio cada um. E, ao receb-lo, murmuravam contra o pai de famlia, dizendo: Esses ltimos trabalharam apenas uma hora, e os igualaste a ns, que suportamos o peso e o calor do dia. Meu amigo respondeu ele a um da turma no te fao injustia. Pois no ajustaste comigo um denrio? Toma, pois, o que teu e vai-te. Mas quero dar tambm a este ltimo tanto quanto a ti. Ou no me ser lcito fazer dos meus bens o que quero? O teu olhar mau porque eu sou bom? Assim que os ltimos sero os primeiros, e os primeiros sero os ltimos; porque muitos so os chamados, mas poucos os escolhidos (Mt. 20, 1-16). 134. "No houve quem desse glria a Deus?"
De dez leprosos curados por Jesus apenas um se lembrou de lhe agradecer o grande benefcio da sade. Os outros, satisfeitos com o benefcio, esqueceram-se do benfeitor.
De caminho para Jerusalm, passou Jesus entre a Samaria e a Galileia. Ao entrar em certa aldeia, saram-lhe ao encontro dez leprosos. Pararam ao longe e bradaram: "Jesus, Mestre, tem piedade de ns!" Ao v-los, disse-lhes Jesus: "Ide e mostrai-vos aos sacerdotes". E aconteceu que, pelo caminho, ficaram limpos. Mas s um deles, vendo-se curado, voltou atrs, louvando a Deus em altas vozes. Veio prostrar-se de face em terra, aos ps de Jesus, agradecendo-lhe. Era samaritano. Perguntou Jesus: "No foram dez os que ficaram limpos? E os nove, onde esto? No houve quem voltasse e desse glria a Deus, seno s este estrangeiro?" E disse-lhe: "Levanta-te e vai; a tua f te salvou" (Lc. 17, 11-19). 135. Jesus, amigo das crianas
O homem adulto que no se tornar por virtude e esforo moral como a criana por natureza pura, humilde, dcil, obediente, sincera no entrar no reino dos cus.
Levaram a Jesus umas crianas para que as tocasse. Vendo isto os discpulos, repeliam a gente. Jesus, porm, chamou-as a si, dizendo: "Deixai que venham a mim as crianas, e no lho embargueis; porque de tais o reino de Deus. Em verdade, vos digo: Quem no receber o reino de Deus como uma criana, no entrar nele" (Lc. 18, 15-17). 136. Porque um jovem amado por Jesus se retirou, triste e pesaroso...
Encontrou-se Jesus com um jovem que, alm da observncia dos mandamentos, queria fazer tudo o que agradasse a Deus. Jesus convidou-o a abandonar tudo e segui-lo como os apstolos em voluntria pobreza. Ao que o jovem se retirou, aflito, porque trazia o corao muito apegado aos bens da terra.
Apresentou-se algum a Jesus com esta pergunta: "Mestre, qual o bem que devo praticar para alcanar a vida eterna?" Respondeu-lhe Jesus: "Por que me perguntas sobre que bom? Um s bom: Deus. Mas, se queres entrar na vida, guarda os mandamentos". "Quais? perguntou-lhe ele. Tornou Jesus: "No matars, no cometers adultrio, no furtars, no levantars falso testemunho, honrars pai e me, e amars ao prximo
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como a ti mesmo". Replicou-lhe o jovem: "Tudo isto tenho observado desde pequeno; que me falta ainda?" Contemplou-o Jesus com amor e disse-lhe: "Se queres ser perfeito, vai, vende todos os teus bens e d-os aos pobres e ters um tesouro no cu depois vem e segue-me". A estas palavras retirou-se o jovem, pesaroso; porque era possuidor de muitos bens. Quando Jesus o viu assim to triste, disse: "Como difcil entrarem no reino de Deus os que possuem riquezas! Mais fcil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no reino de Deus". Ao que os ouvintes observaram: "Quem pode ento salvar-se?" Respondeu ele: "O que aos homens impossvel possvel a Deus" (Mt. 19, 16-22; Lc. 18, 18-37; Mc. 10, 21). 137. S uma alma de muita riqueza espiritual capaz de renunciar s riquezas materiais
Renunciar a todos os bens terrestres no mandamento de Deus, apenas um conselho para almas generosas. Quem se fizer pobre por amor de Deus ser largamente recompensado, j neste mundo, e muito mais ainda no mundo futuro.
Disse Pedro a Jesus: "Eis que ns deixamos os nossos bens e te seguimos". Tornou-lhes ele: "Em verdade, vos digo: Todo aquele que pelo reino de Deus abandonar casa, pais, irmo, mulher ou filhos, receber muito mais neste mundo, e no mundo futuro a vida eterna" (Lc. 18, 28-30). (Jo. 11, 1-16). 138. Por que faz Jesus sofrer as almas mais suas amigas...
Apesar de amigo ntimo de Lzaro, Marta e Maria, permite Jesus que aquele morra e que estas sofram profundamente. Deus purifica pelo sofrimento as almas. Como difcil compreender os planos de Deus!
Estava doente um homem, chamado Lzaro, de Betnia, povoao de Maria e sua irm Marta. Maria era a mesma que ungira o Senhor com blsamo e lhe enxugara os ps com os cabelos. Estava, pois, doente seu irmo Lzaro. Pelo que as irms lhe mandaram dizer: "Senhor, eis que est enfermo aquele que amas". Ouvindo este recado, disse Jesus: "Esta enfermidade no de morte; mas pela glria de Deus, para que por ela seja glorificado o Filho de Deus". Ora, amava Jesus a Marta, sua irm Maria e, a Lzaro. Entretanto, sabendo-o enfermo, deixou-se ficar ainda dois dias no lugar onde estava. Em seguida, disse a seus discpulos: "Voltemos para a Judeia". "Mestre disseram-lhe os discpulos ainda h pouco queriam os judeus apedrejar-te, e vais l outra vez?" Respondeu-lhes Jesus: "No so doze as horas do dia? Quem caminha de dia no tropea, porque lhe brilha a luz deste mundo; mas quem caminha de noite tropea, porque lhe falta a luz". Assim dizia. E acrescentou: "Nosso amigo Lzaro dorme; mas vou para despert-lo do sono". "Senhor acudiram os discpulos se dorme, vai ser curado". Jesus falara da morte dele; eles, porm, entenderam que se referia ao repouso do sono. Pelo que Jesus lhes declarou abertamente: "Lzaro morreu; e folgo por causa de vs de no ter estado presente, para que tenhais f. Mas vamos ter com ele". Disse ento Tom, apelidado o gmeo, aos outros discpulos: "Vamos tambm ns e morramos com ele!" (Jo. 11, 1-16).
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Ao chegar, encontrou Jesus a Lzaro j com quatro dias de sepultura. Betnia ficava perto de Jerusalm, distante uns quinze estdios. Muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria para as consolar da morte de seu irmo. Assim que Marta soube da chegada de Jesus, saiu-lhe ao encontro, enquanto Maria se conservava em casa. "Senhor disse Marta a Jesus se estiveras aqui, no teria morrido meu irmo. Mas tambm agora sei que Deus te conceder tudo que lhe pedires". Respondeu-lhe Jesus: "Teu irmo ressurgir". "Bem sei tornou Marta que ressurgir na ressurreio do ltimo dia". Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreio e a vida; quem cr em mim viver, ainda que tenha morrido; e todo aquele que em vida cr em mim no morrer eternamente. Crs isto?" "Sim, Senhor - respondeu-lhe ela eu creio que tu s o Cristo, o Filho de Deus vivo, que devia vir ao mundo". Dito isto, retirou-se e foi chamar sua irm Maria, dizendo-lhe baixinho: "Est a o Mestre e chama-te". Ouvindo isto, levantou-se Maria com presteza e foi ter com ele; pois Jesus ainda no entrara na povoao, mas achava-se no ponto em que Marta lhe sara ao encontro. Quando os judeus que com ela estavam em casa a consol-la viram que Maria se levantava pressurosa e saa, cuidaram que fosse ao sepulcro chorar, e seguiram-na. Assim que Maria chegou onde estava Jesus e o viu, prostrou-se-lhe aos ps, dizendo: "Senhor, se estiveras aqui no teria morrido meu irmo". Vendo-a Jesus em pranto, e em pranto tambm os judeus que a acompanhavam, sentiu-se profundamente comovido e abalado, e perguntou: "Onde o pusestes?" "Vem, Senhor, e v" disseram-lhe. E Jesus chorou. Disseram ento os judeus: "Vede como o amava". Alguns, porm, observaram: "No podia ele, que abriu os olhos ao cego de nascena, impedir que este aqui morresse?" Tornou Jesus a comover-se profundamente, e foi ao sepulcro. Era uma gruta com uma pedra sobreposta. "Tirai a pedra" ordenou Jesus. "Senhor disse-lhe Maria, irm do defunto j cheira mal; est com quatro dias..." Tornou-lhe Jesus: "No te disse eu que vers a glria de Deus, se creres?" Tiraram, pois, a pedra. Jesus levantou os olhos ao cu e disse: "Pai, graas te dou, porque me atendeste; bem sabia eu que sempre me atendias; mas por causa do povo em derredor que o disse, para que creiam que tu me enviaste". Dito isto, bradou: "Lzaro, vem para fora!" Saiu o que estivera morto, trazendo os ps e as mos ligados com ataduras, e o rosto envolto num sudrio. Ordenou-lhes Jesus: "Desenleai-o e deixai-o andar" (Jo. 11, 17-44).
140. Querem matar o autor da vida...
Quando ou inimigos de Jesus viram to grande prodgio encheram-se de inveja, porque eles no eram capazes de ressuscitar defuntos. E, em vez de adorar o poder divino de Jesus, resolveram dar cabo da sua vida humana.
Muitos judeus que tinham vindo visitar Maria e Marta e presenciado o que Jesus fizera, creram nele. Alguns deles, porm, foram ter com os fariseus e os inteiraram do que
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Jesus acabava de fazer. Pelo que os pontfices e os fariseus convocaram o conselho e disseram: "Que faremos? Pois que esse homem faz tantos milagres? Se o deixarmos nesse andar, acabaro todos por crer nele; e ento viro os romanos e nos tiraro a nossa terra e a nossa gente". Um deles, porm, Caifs, que era pontfice naquele ano, disse-lhes: "Vs no sabeis nada, nem considerais que melhor para vs morrer um homem pelo povo do que perecer a nao toda". Isto no disse ele de si mesmo, mas, antes, na qualidade de pontfice daquele ano, profetizou que Jesus havia de morrer pelo povo; e no somente pelo povo, mas tambm para congregar os filhos de Deus que andavam dispersos (Jo. 11, 45-52). 141. Avanam as trevas da morte...
Sabia Jesus que lhe restavam poucas semanas de vida. E disto avisou de novo a seus discpulos para que se convencessem de que ele morria livre e espontaneamente, e no obrigado pelos homens.
Chamou Jesus parte os doze e disse-lhes: "Eis que vamos para Jerusalm, e cumprir-se- tudo quanto os profetas escreveram a respeito do Filho do homem. Vai ser entregue aos pagos; ho de escarnec-lo, maltrat-lo e cuspir nele. Depois de o aoitarem, ho de mat-lo. No terceiro dia, porm, ressurgir". Eles, todavia, no compreenderam nada disto. Era-lhes obscura essa linguagem, e no atinaram com o sentido das suas palavras (Lc. 18, 31-34). 142. A felicidade est em fazer felizes os outros
Um pobre cego beira da estrada. Passa um tropel de gente, e ningum faz caso do infeliz. Jesus, porm, interrompe a marcha, fala carinhosamente com o cego e restitui-lhe a luz dos olhos.
Quando Jesus se aproximava de Jeric, achava-se um cego sentado beira da estrada, pedindo esmola. Ouvindo o tropel da gente que passava, perguntou o que era aquilo. Disseram-lhe que vinha passando Jesus de Nazar. Ao que ele se ps a clamar: "Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim!" Os que vinham frente repreenderam-no para que se calasse. Tendo chegado, perguntou-lhe: "Que queres que te faa?" "Senhor, que eu torne a ver" respondeu ele. "Torna a ver disse-lhe Jesus. A tua f te salvou". No mesmo instante via, e o foi seguindo, glorificando a Deus. Tambm todo o povo que isto presenciara louvava a Deus (Lc. 18, 35-43).
Chegou Jesus a Jeric e atravessou a cidade. Havia ali um homem de nome Zaqueu. Era chefe de publicanos e rico. Desejava conhecer Jesus de vista; mas no lhe foi possvel por causa da multido; porque era pequeno de estatura. Pelo que correu adiante e subiu a um sicmoro para v-lo; porque devia passar por a. Chegando ao lugar, Jesus levantou os olhos, viu-o e disse-lhe: "Desce depressa, Zaqueu; porque hoje tenho de ficar em tua casa". Desceu ele a toda pressa e recebeu-o com satisfao. Todos os que isto viram murmuravam, dizendo: "Hospedou-se em casa dum pecador". Zaqueu, porm, apresentou-se ao Senhor e disse: "Eis, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e, se defraudei algum, restituo o qudruplo".
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Disse-lhe Jesus: "Hoje entrou a salvao nesta casa; porque tambm ele filho de Abrao. Pois o Filho do homem veio para procurar e salvar o que se perdera" (Lc. 19, 1-10). 144. ltima caridade duma alma amiga de Jesus
Seis dias antes da sua morte jantou Jesus em casa dum amigo, em Betnia. Entrou ento na sala Maria, irm de Marta e de Lzaro, e ungiu com precioso blsamo os ps de Jesus, provando-lhe assim, em silncio, o seu grande amor.
Seis dias antes da Pscoa, veio Jesus a Betnia, onde residia Lzaro, que morrera e que Jesus ressuscitara dentre os mortos. A lhe ofereceram um banquete. Marta servia, enquanto Lzaro fazia parte dos convivas. Tomou Maria uma libra de precioso blsamo de nardo genuno, ungiu com ele os ps de Jesus e enxugou-os com os seus cabelos. Encheu-se toda a casa com o perfume do balsamo. Observou ento um dos discpulos, Judas Iscariotes, que havia de entreg-lo: "Por que no se vendeu este blsamo por trezentos denrios para distribu-los aos pobres?" Isto, dizia ele, no porque lhe interessavam os pobres, mas porque era ladro, e, de posse da bolsa, surripiava o que entrava. Replicou Jesus: "Deixai-a! Que ela guarde o blsamo para o dia da minha sepultura. Pobres sempre os tendes convosco; a mim, porm, nem sempre me tendes" (Jo. 12, 1-8).
Quando Jesus chegou perto de Betfag e de Betnia, ao chamado monte das Oliveiras, enviou dois dos seus discpulos com esta ordem: "Ide aldeia que tendes em frente. entrada da mesma encontrareis um jumentinho amarrado, no qual ainda ningum montou; desatai-o e conduzi-mo aqui. Se algum vos perguntar por que o soltais, respondei-lhe: Porque o Senhor precisa dele".
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Partiram os enviados e encontraram como lhes dissera. Quando iam desatando o jumentinho, perguntaram os donos do mesmo: Por que soltais esse jumentinho? Responderam: Porque o Senhor precisa dele. E conduziram-no a Jesus. Em seguida, lanaram as suas vestes sobre o jumentinho e fizeram Jesus montar nele. sua passagem, a gente estendia os seus mantos sobre o caminho. Outros cortavam verde folhagem das rvores e com ela juncavam o solo. J vinha Jesus chegando descida do Monte das Oliveiras, quando toda a multido dos seus discpulos, em transportes de alegria, comeou a louvar a Deus em altas vozes, por causa de todas as maravilhas que tinha presenciado. Clamavam: "Bendito seja o rei que vem em nome do Senhor! Paz no cu e glria nas alturas!" Disseram-lhe ento alguns dos fariseus que se achavam no meio da multido: "Mestre, chama ordem os teus discpulos". Respondeu-lhes ele: "Digo-vos que, se eles se calarem, clamaro as pedras" (Lc. 19, 29-40; Mc. 11, 8). 146. Lgrimas de dor em plena apoteose de glrias
No meio de toda a festa que o povo lhe fazia, derramou Jesus lgrimas de grande sofrimento, porque bem sabia o que havia de acontecer em breve...
Aproximando-se e vendo a cidade, chorou Jesus sobre ela, dizendo: "Ah! Se tambm tu conhecesses, e neste teu dia, o que te poderia trazer a paz! Entretanto, est oculto a teus olhos. Viro dias sobre ti em que teus inimigos te cercaro de trincheiras, te ho de assediar e apertar de todos os lados; derribar-te-o por terra, a ti e a teus filhos que em ti esto, e no deixaro em ti pedra sobre pedra; porque no reconheceste o tempo da tua visitao" (Lc. IX, 41-44). 147. Aclamado pelas crianas e injuriado pelos inimigos
Quando Jesus entrava triunfalmente em Jerusalm, saram-lhe ao encontro numerosas crianas cantando hinos de louvor, ao: passo que os sacerdotes do Israel, cheios de dio e inveja, procuravam mat-lo.
Entrou Jesus no templo. Chegaram-se a ele cegos e coxos, e Jesus os curou. Mas quando os prncipes dos sacerdotes e os escribas viram os meninos clamarem: "Hosana ao filho de Davi!" indignaram-se e lhe disseram: "Ests ouvindo o que esses clamam?" "Estou ouvindo, sim respondeu-lhes Jesus e vs nunca lestes: Pela boca de meninos e de crianas de peito fars cantar os teus louvores?" Ensinava todos os dias no templo. Os prncipes dos sacerdotes, os escribas e chefes do povo procuravam mat-lo; mas no achavam o que fazer-lhe, porque todo o povo estava fascinado das suas palavras (Lc. 19, 47-48). 148. At os pagos querem ver a Jesus...
To grande era a celebridade de Jesus que at alguns pagos queriam conhec-lo. Disse Jesus que em breve ia ele ter a sorte de um gro de trigo, que s produz vida nova depois de morto e enterrado assim ia tambm ele, Jesus, dar a todos os homens vida espiritual com a sua prxima morte na cruz. E logo o cu aplaudiu as palavras de Jesus.
Entre os que tinham subido a Jerusalm para adorar, no dia da festa, encontravam-se tambm alguns gentios. Dirigiram-se a Filipe, natural de Betsaida, na
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Galileia, e lhe fizeram este pedido: "Senhor, quisramos ver Jesus". Filipe foi falar com Andr; ao que Filipe e Andr informaram a Jesus. Respondeu-lhes Jesus: " chegada a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o gro de trigo no cair em terra e morrer, fica a ss consigo; mas, se morrer, produzir muito fruto. Quem ama a sua vida perd-la-; mas, quem neste mundo odeia a sua vida, salv-la- para a vida eterna. Quem quiser servir-me, siga-me; porque, onde eu estiver, a estar tambm meu servidor. Quem me serve ser honrado por meu Pai. Agora est minha alma abalada. Que direi? Pai, salva-me desta hora? Mas foi precisamente para isto que me sobreveio esta hora. Pai, glorifica o teu nome". Ecoou ento uma voz do cu: "Tenho-o glorificado, e tornarei a glorific-lo". O povo que estava presente, e ouvira isto, dizia: "Foi um trovo". Outros afirmavam: "Um anjo lhe falou". Jesus, porm, disse: "No foi por causa de mim que esta voz se fez ouvir, mas, sim, por causa de vs. Agora que o mundo entrar em juzo; agora ser lanado fora o prncipe deste mundo. E eu, quando for suspenso acima da terra, atrairei todos a mim". Com estas palavras designava ele de que morte havia de morrer. Replicou-lhe o povo: ns temos ouvido na lei que o Cristo permanece eternamente; como , pois, que tu dizes: Importa que o Filho do homem seja suspenso? Que Filho do homem esse?" Tornou-lhe Jesus: "Ainda um pouco de tempo estar convosco a luz; andai na luz, enquanto a tendes, para que no vos envolvam as trevas. Quem anda em trevas no sabe para onde vai. Enquanto tendes a luz crede na luz, para que sejais filhos da luz". Dito isto, retirou-se Jesus e ocultou-se deles (Jo. 12, 20-36).
149. Que vale toda a folhagem sem o fruto?
Israel era qual figueira folhuda e estril: muitas cerimnias exteriores e quase nenhuma virtude interior. Por isso foi por Deus amaldioada. O mesmo acontecer a todo cristo que se contentar com vs exterioridades sem uma f viva e ativa.
Quando, muito de madrugada, Jesus voltou cidade, teve fome. Viu uma figueira ao p do caminho, aproximou-se dela, mas no lhe encontrou seno folhas. Disse ento a ela: "Nunca jamais nasa em ti fruto algum!" Imediatamente a figueira secou. vista disso observaram os discpulos, cheios de admirao: "Como secou to depressa a figueira!" Replicou-lhes Jesus: "Em verdade, vos digo que, se tiverdes f e no vacilardes, no somente fareis o que sucedeu figueira; mas, se disserdes a este monte Sai daqui e lana-te ao mar assim acontecer. Tudo que pedirdes com f, na orao, alcan-lo-eis" (Mt. 21, 18-22). 150. Amor divino e crueldade humana
Durante muitos sculos mandou Deus os seus mensageiros para falar aos homens das coisas do cu. Por fim, lhes enviou seu prprio Filho Jesus Cristo. Os judeus, porm, perseguiram e mataram esses enviados de Deus. Pelo que a boa nova da salvao lhes ser tirada e levada aos gentios. Ai do homem que desprezar a graa de Deus! Deus paciente, mas tambm justo.
Props Jesus ao povo a seguinte parbola: "Um homem plantou uma vinha e arrendou-a a uns lavradores; e ausentou-se do pas por muito tempo. Chegado o tempo, mandou aos lavradores um servo para que lhe entregassem o quinho dos frutos. Os lavradores, porm, espancaram-no e despediramno de mos vazias. Enviou mais outro servo; mas espancaram tambm a este, cobriramno de afrontas, e despediram-no de mos vazias. Enviou ainda um terceiro; mas feriram
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tambm a este e lanaram-no fora. Disse ento o dono da vinha: Que farei? Mandarei meu filho querido; a esse no deixaro de respeitar. Mas, quando os lavradores o avistaram, disseram entre si: Este o herdeiro. Vamos mat-lo, e ser nossa a herana. Lanaram-no, pois, fora da vinha e o mataram. Ora, que lhes far o dono da vinha? Vir e dar cabo daqueles lavradores e arrendar a sua vinha a outros. Ouvindo isto, disseram eles: "Tal no permita Deus!" Jesus, porm, os fitou e disse: "Que quer, pois, dizer a palavra da Escritura: A pedra que os arquitetos rejeitaram, esta se tornou pedra angular? Quem cair sobre esta pedra ser espedaado; e sobre quem ela cair, ser esmagado". Ainda na mesma hora procuraram os escribas e prncipes dos sacerdotes deitarlhe as mos; mas temiam o povo. que tinham reparado que a parbola se referia a eles (Lc. 20, 9-19). 151. "Como entraste aqui sem a veste nupcial"
O reino de Deus oferece s almas um lauto festim de iguarias espirituais. Os que se recusam a aceitar o convite sero castigados por Deus. Tambm ser castigado o cristo que, pertencendo, externamente ao reino de Deus, no estiver internamente puro.
Continuou Jesus a falar-lhes em forma de parbolas, dizendo: "O reino dos cus semelhante a um rei que celebrava as npcias de seu filho. Mandou os seus servos para chamar s npcias os convidados. Estes, porm, no quiseram vir. Ento mandou outros servos com esta ordem: Dizei aos convidados: Eis que tenho pronto o meu banquete; mandei carnear os meus bois e animais cevados; est tudo pronto; vinde s npcias! Eles, todavia, no ligaram importncia, e foram-se embora, um para seu campo, outro para o seu negcio; os restantes prenderam os servos, maltrataram-nos e os mataram. Indignou-se ento o rei, mandou os seus exrcitos, deu cabo daqueles assassinos e ps fogo sua cidade. Em seguida, disse a seus servos: Est pronto o banquete nupcial; mas os convidados no foram dignos dele. Ide, pois, pelas encruzilhadas e convidai s npcias a quantos encontrardes. Saram os servos estrada em fora; ajuntaram todos que encontraram, bons e maus; e encheu-se de convivas a sala do banquete . Nisto entrou o rei para ver os que estavam mesa. E deparou-se-lhe um homem que no trajava a veste nupcial. Amigo disse-lhe como entraste aqui sem teres a veste nupcial? Aquele, porm, ficou calado. Ordenou ento o rei aos servos: Atai-o de mos e ps e lanai-o s trevas de fora; a haver choro e ranger de dentes. Porque muitos so os chamados, mas poucos os escolhidos" (Mt. 22, 1-14).
152. A Csar o que de Csar a Deus o que de Deus
Tentaram os judeus emaranhar a Jesus numa perigosa questo poltica, perguntando se eles deviam ou no pagar imposto ao governo romano, que era ento o senhor daquela terra. Respondeu Jesus com muita inteligncia que eles deviam dar o que era justo tanto autoridade humana como autoridade divina.
Os fariseus no perdiam de vista a Jesus. Enviaram espies que se dessem ares de homens de bem, a ver se o apanhariam em alguma palavra para entreg-lo autoridade e ao poder do governador. Disseram-lhe, pois: "Mestre, sabemos que falas e ensinas o que reto, no fazes acepo de pessoas, mas ensinas na verdade o caminho de Deus. -nos lcito dar tributo a Csar, ou no?" Jesus, porm, percebendo a astcia deles, respondeu-lhes: "Por que me tentais? Mostrai-me um denrio! De quem a imagem e a inscrio que leva?" "De Csar"
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responderam. Tornou-lhes ele: "Dai, pois, a Csar o que compete a Csar, e a Deus o que compete a Deus". No conseguiram apanh-lo em palavra alguma diante do povo. E calaram-se, cheios de admirao pela resposta que dera (Lc. 20, 20-26).
Denrio, moeda de prata com o busto do imperador Tibrio de um lado e uma figura simblica do outro. Foi esta moeda que os judeus mostraram a Jesus quando perguntaram se era lcito pagar tributo a Csar (captulo 152)
Chegaram-se a Jesus alguns dos saduceus que negam a ressurreio e lhe propuseram a seguinte questo: "Mestre, Moiss nos prescreveu: Se morrer o irmo de algum e deixar mulher sem filhos, case com ela seu irmo e d descendentes ao irmo. Ora, havia sete irmos. Casou-se o primeiro, e morreu sem filhos. Casou-se o segundo com a mulher, e morreu sem filhos; depois casou com ela o terceiro. E assim todos os sete. Morreram sem deixar descendentes. Por fim, faleceu tambm a mulher. A quem pertencer a mulher, na ressurreio? Pois que todos os sete a tiveram por esposa?" Respondeu-lhes Jesus: "Os filhos deste mundo casam e do em casamento; mas os que forem julgados dignos daquele outro mundo e da ressurreio dos mortos, no casam nem do em casamento; porque j no podem morrer; so semelhantes aos anjos e so filhos de Deus, por serem filhos da ressurreio. Mas, que os mortos hajam de ressuscitar, indicou-o igualmente Moiss, a propsito da sara ardente, quando chama ao Senhor: Deus de Abrao, Deus de Isaac e Deus de Jac. Ora, Deus no Deus dos mortos, mas, sim, dos vivos; porque para ele todos so vivos". Disseram ento alguns dos escribas: "Mestre, falaste bem". E no mais ousavam fazer-lhe perguntas (Lc. 20, 27-40). 154. Se Jesus senhor de Davi, como que seu filho?
Ignoravam os judeus, apesar de lerem a Sagrada Escritura, que o Messias como homem era descendente de Davi, e como Deus era senhor de Davi.
Perguntou Jesus aos Judeus: "Por que dizem que o Cristo Filho de Davi? Quando o prprio Davi diz no livro dos Salmos: Diz o Senhor a meu Senhor: senta-te minha direita, at que eu reduza os teus inimigos a escabelo dos teus ps? Se, pois, Davi lhe chama Senhor, como seu filho?" E no houve quem lhe soubesse responder palavra. A partir desse dia, ningum mais ousava fazer-lhe perguntas (Lc. 20,41-44; Mt. 22, 46).
155. Quanto valem os vintenzinhos duma viva...
Duas moedazinhas de cobre, oferecidas com simplicidade e amor por uma pobrezinha, tm mais valor aos olhos de Deus do que fartos punhados de ouro dados por vaidade e ostentao. A inteno que valoriza ou desvaloriza a ddiva.
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Levantou Jesus os olhos e viu que os ricos lanavam as suas oferendas no cofre. Viu tambm uma viva pobrezinha a oferecer dois vintns. Disse Jesus: "Em verdade, vos digo que esta pobre viva deu mais que todos; porque todos esses fizeram a Deus oferta do que lhes sobrava, ao passo que ela deu da sua indigncia tudo o que tinha para seu sustento" (Lc. 21, 1-4). 156. O amigo de Cristo anda tranquilo e seguro no meio dos horrores finais
Grandes calamidades naturais e perversidades humanas precedero o fim do mundo. Os amigos de Deus sofrero grandes perseguies mas que importa a vida do corpo se a alma imortal?
Falavam alguns do templo, lembrando as belas pedras e os preciosos donativos de que estava ornado. Ao que Jesus observou: "Dias viro em que destas coisas que a vedes no ficar pedra sobre pedra ser tudo arrasado". Perguntaram-lhe eles: "Mestre, quando ser isto? E por que sinal se conhecer o princpio desses acontecimentos?" Respondeu ele: "Cuidado que ningum vos iluda. Muitos viro com o meu nome, dizendo: Sou eu; chegado o tempo. No andeis atrs deles. Quando ouvirdes falar de guerras e revolues, no vos aterreis; necessrio que primeiro aconteam estas coisas; mas no vir logo o fim". E prosseguiu: "Levantar-se- nao contra nao, e reino contra reino. Haver grandes terremotos por toda parte, peste e fome; aparecero no cu fenmenos terrficos e sinais estupendos. Antes de tudo, porm, vos ho de deitar as mos; ho de perseguir-vos, entregar-vos s sinagogas e aos crceres e arrastar-vos presena de reis e governadores, por causa do meu nome. Ento dardes testemunho. No vos preocupeis, pois, dantemo com as respostas a dar; porque eu vos darei eloquncia e sabedoria a que no podero contradizer nem resistir todos os vossos adversrios. Sereis entregues at pelos prprios pais e irmos, pelos parentes e amigos, e faro morrer muitos de vs. Por causa de meu nome que sereis odiados de todos. Entretanto, no se perder um s cabelinho da vossa cabea. Se perseverardes, salvareis as vossas almas" (Lc. 21, 5-19).
Medalha que os romanos mandaram cunhar em comemorao da tomada de Jerusalm, no ano 70 depois de Cristo. Dum lado est escrito, em latim: Judea Capta (Judeia tomada); do outro: Victoria Augusti (Vitria de Augusto, o imperador). Jesus predisse esta catstrofe (Captulo 157).
Quando virdes Jerusalm cercada de exrcitos, sabei que est prxima a sua runa. Fujam ento para as montanhas os que estiverem na Judeia; saia quem se achar na cidade; e quem se encontrar no campo no entre na cidade. Esses so os dias da retribuio, em que se h de cumprir o que est nas Escrituras. Ai das mulheres que nesses dias andarem grvidas ou com filhinho ao peito! Porque haver grande angstia sobre a terra, e o
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juzo da ira vir sobre este povo. Uns perecero ao fio da espada, outros sero levados cativos a todas as naes. Jerusalm ser calcada pelos gentios, at expirarem os tempos 158. "Com grande poder e majestade..."
Depois de destrudo o mundo atual, vir Jesus Cristo sobre as nuvens do cu, com imensa glria, para julgar publicamente a humanidade.
Haver sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, reinaro angstia e consternao entre os povos, por causa do confuso bramido das vagas do mar. Desfalecero os homens de ansiosa expectao das coisas que viro sobre o mundo inteiro; porque sero abaladas as energias do firmarnento. Ento se ver o Filho do homem vindo sobre uma nuvem com grande poder e majestade. Quando, pois, comearem a suceder estas coisas, erguei-vos e levantai a cabea; porque se avizinha a vossa redeno (Lc. 21, 25-28).
159. "Quando virdes brotar a figueira..."
Assim como o brotar das folhas novas indica a proximidade do vero, assim tambm ser a revoluo da ordem natural e social indcio do advento do Juiz divino.
Props Jesus uma parbola: "Considerai a figueira e as demais rvores. Quando as virdes brotar, sabei que se aproxima o vero. Da mesma forma, quando virdes suceder isto, sabei que se aproxima o reino de Deus. Em verdade, vos digo que no passar esta gerao sem que tudo isto acontea. Passaro o cu e a terra, mas no passaro as minhas palavras" (Lc. 21, 29-33). 160. Alerta!
O que importa que o homem no durma o sono do pecado, mas persista na viglia espiritual, para poder com serenidade aguardar os terrveis acontecimentos.
"Guardai-vos de no carregardes os vossos coraes com demasias de comer e beber e com os cuidados terrenos, para que aquele dia no vos colha de improviso. Vir como um lao sobre todos os habitantes da terra. Vigiai, portanto, e orai a todo o tempo, para que possais fugir a tudo quanto h de acontecer e subsistir ante o Filho do homem" (Lc. 21, 3436). 161. Lmpadas acesas e lmpadas extintas em plena noite
Deve o homem trazer sempre acesa na alma a luz da graa divina. Para frisar esta necessidade contou Jesus a histria dramtica dumas jovens que, em plena noite, aguardavam o cortejo nupcial, umas sem azeite, outras com azeite nas suas lmpadas. Estas foram admitidas, aquelas excludas do salo do banquete nupcial.
O reino dos cus semelhante a dez virgens, que, empunhando as suas lmpadas, saram ao encontro do esposo. Cinco delas eram tolas, e cinco sbias. As cinco tolas tomaram as suas lmpadas, mas no levaram azeite consigo; ao passo que as sbias levaram azeite nas suas vasilhas juntamente com as lmpadas. Ora, como o esposo tardasse a vir, ficaram todas com sono e adormeceram. meia-noite, soou o grito: Eis que vem o esposo; sa ao seu encontro! Ento se levantaram todas aquelas virgens e aprontaram as suas lmpadas. Pediram as tolas s sbias: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lmpadas se apagam. No possvel responderam as prudentes no chegaria para ns e para vs; ide antes aos vendedores, e comprai para vs. Enquanto iam comprar, chegou o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele na sala de npcias, e fechou-se a porta. Mais tarde chegaram as outras virgens e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos!
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Ele, porm, replicou: Em verdade, vos digo que no vos conheo. Ficai, pois, alerta! Porque no sabeis nem o dia nem a hora (Mt. 25, 1-13).
Lmpadas do feitio das que usavam as dez virgens de que fala Jesus (Captulo 161)
Certo homem estava prestes a partir para terras longnquas. Chamou os servos e lhes confiou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro, dois, ao terceiro um, a cada um segundo a sua capacidade. E partiu imediatamente. Ora, o que recebera cinco talentos logo entrou a negociar com eles, e ganhou mais cinco. Do mesmo modo, o que recebera dois talentos ganhou mais dois. Mas o que recebera um talento foi-se e enterrou no cho o dinheiro do seu senhor. Passado muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e os chamou a contas. Apresentou-se o que tinha recebido cinco talentos, trouxe mais cinco talentos e disse: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui mais cinco que ganhei. Muito bem, servo bom e fiel respondeu-lhe o senhor j que foste fiel no pouco constituir-te-ei sobre o muito; entra no gozo de teu senhor. Apresentou-se o que tinha recebido os dois talentos e disse: Senhor, entregasteme dois talentos; eis aqui mais dois que ganhei. Muito bem, servo bom e fiel respondeu-lhe o senhor j que foste fiel no pouco constituir-te-ei sobre o muito; entra no gozo de teu senhor. Apresentou-se, por fim, o que recebera um talento e disse: Bem te conheo, senhor; s homem rigoroso; colhes onde no semeaste, e ajuntas onde no espalhaste. Pelo que tive medo de ti e fui enterrar o teu talento; a tens o que teu. Respondeu-lhe o senhor: Servo mau e preguioso! Sabias que colho onde no semeei, e ajunto onde no espalhei; devias, por conseguinte, colocar o meu dinheiro no banco, e eu, na minha volta, teria recebido com juros o meu capital. Tirai-lhe, pois, o talento, e entregai-o a quem tem os dez talentos. Porque, ao que tem dar-se-lhe- at aquilo que possui. A esse servo intil, porm, lanai-o s trevas de fora; a haver choro e ranger de dentes (Mt. 25, 14-39).
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Quando vier o Filho do homem na sua majestade, em companhia de todos os anjos, sentar-se- no trono da sua glria. E ho de reunir-se diante dele todos os povos. E ele os separar uns dos outros, assim como o pastor separa dos cabritos as ovelhas. Colocar sua direita as ovelhas, e esquerda os cabritos. Ento dir o rei aos que se acharem sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos est preparado desde o princpio do mundo. Porque eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede e me destes de beber; andava forasteiro e me agasalhastes; estava nu, e me vestistes; estava doente, e me visitastes; estava preso, e me viestes ver. Ento lhe perguntaro os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome, e te demos de comer? Quando com sede, e te demos de beber? Quando te vimos forasteiro, e te demos agasalho? Quando, nu, e te vestimos? Quando te vimos doente ou preso, e te fomos ver? Responder-lhes- o rei: Em verdade, vos digo que o que fizestes a algum destes meus irmos mais pequeninos, a mim que o fizestes. Em seguida, dir aos que estiverem sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado ao demnio e seus anjos! Porque eu estava com fome, e no me destes de comer; estava com sede, e no destes de beber; andava forasteiro, e no me agasalhastes; estava nu, e no me vestistes; estava doente e preso, e no me visitastes. Perguntar-lhe-o tambm estes: Quando foi, Senhor, que te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro, ou nu, ou doente, ou preso, e deixamos de acudir-te? Ao que ele lhes responder: Em verdade, vos digo que o que deixastes de fazer a algum destes mais pequeninos, a mim que deixastes de o fazer. E iro estes para o suplcio eterno; os justos, porm, para a vida eterna (Mt. 25, 3146).
164. Ao encontro da morte...
Tranquilo e sereno, continua Jesus a ensinar no templo, enquanto os seus inimigos lhe decretam a morte. Entre esses inimigos avulta Judas, um dos doze apstolos.
De dia ensinava Jesus no templo; de noite, porm, saa e passava no monte chamado das Oliveiras. E todo o povo madrugava para ir ter com ele e ouvi-lo no templo. Aproximava-se a festa dos pes zimos, que se chama Pscoa. Procuravam os prncipes dos sacerdotes e escribas ensejo para matar a Jesus. que temiam o povo. Entrou ento Satans em Judas, por sobrenome Iscariotes, um dos doze. Foi tratar com os prncipes dos sacerdotes e as autoridades sobre o modo de lho entregar. Alegraramse eles e concordaram em lhe oferecer dinheiro. Ele aceitou e foi procurando oportunidade de entreg-lo sem amotinar o povo (Lc. 21, 21-37; 22, 6). 165. A ltima ceia na intimidade dos amigos
Em recordao da sada da escravido do Egito, celebravam os judeus, todos os anos, a festa do cordeiro pascal. Na quinta-feira que precedeu sua morte comeu Jesus, pela ltima vez com seus apstolos, o cordeiro pascal, e falou abertamente do seu prximo martrio.
Chegara o dia dos pes zimos, em que se devia imolar o cordeiro pascal. Enviou Jesus a Pedro e Joo com esta ordem: "Ide e preparai-nos a refeio do cordeiro pascal". Onde queres que o preparemos? Perguntaram-lhe. Respondeu-lhes ele: "Vede, ao entrardes na cidade encontrareis um homem com um cntaro dgua. Segui-o at a casa onde entrar, e dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde o aposento em que hei de comer o cordeiro pascal com os meus discpulos? E ele vos mostrar uma sala espaosa, guarnecida de almofadas. A fazei os preparativos".
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Foram, e encontraram como lhes dissera; e prepararam o cordeiro pascal. Chegada a hora, ps-se ele mesa com os doze apstolos. E disse-lhes: "Ansiosamente tenho desejado comer convosco este cordeiro pascal, antes que padea. Pois, digo-vos que no mais o comerei at que ache o seu cumprimento no reino de Deus". Em seguida, tomou um clice, deu graas e disse: "Tomai e distribu-o entre vs; porque vos digo que doravante no mais beberei do fruto da videira, at que venha o reino de Deus" (Lc. 22, 7, 18). 166. O mestre desempenha servio de escravo
Durante a ceia pascal suscitou-se entre os apstolos uma contenda; cada um se julgava com direito a lugar de honra. que nesse tempo os apstolos ainda no eram santos. Ento lhes deu Jesus eloquente lio de humildade, e, para maior realce, lavou-lhes os ps, ele, pessoalmente.
Era na vspera da festa pascal. Sabia Jesus que era chegada a hora de passar deste mundo para o Pai, e, como amava aos seus que estavam no mundo, at ao extremo os amou. Suscitou-se entre os discpulos uma questo sobre quem deles seria o maior. Disse-lhes Jesus: "Os reis dos gentios so dominadores. Entre vs, porm, no h de ser assim. Quem dentre vs for o maior faa-se como o mais pequenino; e quem for chefe seja como servo. Pois, quem maior, quem est sentado mesa ou quem serve? No quem est sentado mesa? Ora, eu estou no meio de vs como servo". Fizeram a ceia. J o demnio insinuara no corao de Judas Iscariotes, filho de Simo, que o entregasse. Conquanto Jesus soubesse que o Pai lhe entregara tudo s mos, e que de Deus sara e para Deus tornaria: levantou-se da ceia, deps o manto, tomou uma toalha, e cingiu-se com ela; depois deitou gua numa bacia e principiou a lavar os ps aos discpulos, enxugando-os com a toalha de que estava cingido. Veio a1 Simo Pedro. Este, porm, lhe disse: "Senhor, tu me lavas os ps?" Respondeu-lhe Jesus: "O que eu fao, ainda agora no o compreendes; mais tarde, porm, o compreenders". Tornou-lhe Pedro: "No me lavars os ps eternamente". Disse-lhe Jesus: "Se no te lavar, no ters parte comigo". Respondeu Pedro: "Senhor, no somente os ps, mas tambm as mos e a cabea". Replicou-lhe Jesus: "Quem tomou banho, no precisa seno de levar os ps, e todo ele est limpo. Vs tambm estais limpos, mas nem todos". que conhecia o seu traidor; por isso disse: "Nem todos estais limpos" (Jo. 13, 1-1; Lc. 22, 24-26). 167. "Isto o meu corpo isto o meu sangue"
Na vspera da sua morte cumpriu Jesus o que prometera um ano antes, na sinagoga de Cafarnaum (veja-se captulo 81): celebrou o mistrio do seu corpo e sangue e ordenou aos seus discpulos que perpetuassem esse mistrio em lembrana da sua morte.
Enquanto estavam a cear, tomou Jesus o po, benzeu-o, partiu-o e deu-o a seus discpulos, dizendo: "Tomai e comei, isto o meu corpo, que ser entregue por vs. Fazei isto em memria de mim". Depois, tomou o clice, deu graas e o apresentou aos discpulos, dizendo: "Bebei dele todos; porque isto o meu sangue, do novo testamento, que ser derramado por muitos, em remisso dos pecados. Digo-vos, todavia, que a partir de hoje no mais beberei deste fruto da videira, at o dia em que convosco o beber, novo, no reino de meu Pai" (Mt. 26, 26-39; Lc. 22, 19).
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Saiu Jesus, como de costume, para o monte das Oliveiras. Acompanharam-no os seus discpulos. Chegado a, disse-lhes: "Orai para no cairdes em tentao". Arrancouse deles, cerca de um tiro de pedra, ps-se de joelhos e orou: "Pai, se for da tua vontade, aparta de mim este clice; contudo, no se faa a minha, mas, sim, a tua vontade! Nisto apareceu-lhe um anjo do cu e confortou-o.
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Ento entrou em agonia. E orou ainda com maior instncia. Tornou-se-lhe o suor como gotas de sangue que corriam por terra. Levantou-se da orao a foi ter com os seus discpulos; mas achou-os adormecidos de tristeza. Como? disse-lhes estais dormindo? Levantai-vos e orai, para no cairdes em tentao" (Lc. 22, 39-46). 169. Na hora do perigo Jesus abandonado de todos os seus discpulos
Judas, o apstolo infiel, d no Mestre o beijo da traio. Permitiu Jesus que os inimigos o prendessem, porque era chegada a hora em que ele queria morrer pela redeno do gnero humano. Sozinho, sem um amigo, principia ele a sua dolorosa paixo.
Ainda estava Jesus falando, quando chegou um tropel de gente. frente ia Judas, um dos doze. Aproximou-se de Jesus e beijou-o. Disse-lhe Jesus: "Judas, com um beijo atraioas o Filho do homem?" (Lc. 22, 47-49). Jesus, sabendo tudo o que estava para suceder-lhe, adiantou-se e perguntou-lhes: "A quem procurais?" "A Jesus de Nazar" responderam-lhe. Disse-lhes Jesus: "Sou eu". Tanto que lhes disse: "Sou eu", recuaram e caram por terra. Tornou a perguntar-lhes: "A quem procurais?" "A Jesus de Nazar" responderam. "J vos disse replicou Jesus que sou eu. Se, pois, me procurais a mim, deixai ir a esses". Devia assim cumprir-se a palavra que proferira: "No perdi nenhum dos que me deste" (Jo. 18, 4-9). Quando os seus companheiros viram o que ia suceder, exclamaram: "Senhor, batemo-los espada?" E um deles vibrou um golpe contra um servo do prncipe dos sacerdotes e cortou-lhe a orelha direita. "Deixa! Basta" disse Jesus, e, tocando a orelha, sarou-a. Em seguida, disse aos prncipes dos sacerdotes, autoridades do templo e ancios que avanavam sobre ele: "Sastes como se fora a um ladro, com espadas e varapaus. Dia a dia estava eu convosco, no templo, e no me deitastes as mos. Esta, porm, a vossa hora e o poder das trevas" (Lc. 22, 47-58). 170. "No conheo esse homem..."
Jesus perante o tribunal. Pedro, no meio do ptio, com medo da morte, nega trs vezes conhecer a Jesus. Depois dessa lamentvel fraqueza, olhou Jesus para Pedro, e este caiu em si, arrependeu-se do pecado, chorou amargamente, e ficou fiel ao Mestre por toda a vida.
Prenderam a Jesus e conduziram-no casa do prncipe dos sacerdotes. Pedro seguia-o de longe. Tinham acendido uma fogueira no meio do ptio e sentaram-se roda. Pedro sentou-se no meio deles. Viu-o uma criada sentado ao fogo, fitou nele um olhar e disse: "Este tambm estava com ele". Mas Pedro o negou, dizendo: "No, senhora, no o conheo". Da a pouco, viu-o outro e disse: "Tu tambm s dos tais". "Homem, no sou" respondeu Pedro. Passada quase uma hora, afirmou outro: "Realmente, este tambm estava com ele; pois, s galileu". "Homem! Replicou Pedro no sei o que ests a dizer". E no mesmo ponto, quando ainda estava falando, cantou o galo. Nisto voltou-se o Senhor e ps os olhos em Pedro. E Pedro lembrou-se da palavra que o Senhor lhe dirigira:
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"Antes que o galo cante, trs vezes me negars". Saiu, e chorou amargamente (Lc. 22, 5562). 171. "s tu o Filho de Deus?" "Sim, eu o sou"
Diante do Sindrio (supremo tribunal religioso de Israel) Jesus escarnecido e maltratado. E no meio desta grande humilhao afirma ele que Filho de Deus.
Os homens que traziam preso a Jesus faziam escrnio dele e maltratavam-no. Vendavam-lhe os olhos, davam-lhe no rosto e diziam: "Adivinha quem foi que te deu?" E muitas outras afrontas lhe faziam. Ao clarear do dia, reuniram-se os ancios do povo, os prncipes dos sacerdotes e escribas, e mandaram-no comparecer sua assembleia. Disseram: "Se tu s o Cristo, dizeno-lo". Tornou-lhes ele: "Se vo-lo disser, no me dareis f, e, se vos fizer uma pergunta, no me respondereis nem me poreis em liberdade. Doravante, porm, estar o Filho do homem sentado direita de Deus onipotente". "Logo, tu s o Filho de Deus?" acudiram. "Sim, eu o sou" respondeu ele. Ao que todos bradaram: "Que necessidade temos ainda de testemunho? Pois que da sua prpria boca acabamos de ouvi-lo" (Lc. 22, 63-71). 172. O traidor trado...
Judas, depois de receber o dinheiro da traio, viu com estranheza que Jesus no se libertava das mos de seus inimigos, como outras vezes, mas que ia ser morto. Ento, cheio de remorsos e de desespero, arrojou o maldito dinheiro ao meio do templo e confessou o seu crime. Mas, em vez de pedir perdo a Jesus e confiar na misericrdia de Deus, desesperou da salvao e foi se enforcar.
Quando Judas, o traidor, viu que Jesus estava condenado, sentiu-se tomado de arrependimento e foi devolver as trinta moedas de prata aos prncipes dos sacerdotes e ancios, dizendo: "Pequei, entreguei sangue inocente!" Replicaram eles: "Que temos ns com isso? Avm-te l contigo mesmo!" Ento lanou ele as moedas de prata ao templo, foi-se embora e enforcou-se com uma corda. Os prncipes dos sacerdotes recolheram as moedas e disseram: "No lcito lan-las ao cofre, do templo, porque preo de sangue". Deliberaram comprar com elas o campo de um oleiro para servir de cemitrio aos forasteiros. Por esta razo chamado aquele campo, at o presente dia, Hacldama, isto : campo de sangue (Mt. 27, 3-8).
Levantou-se a assemblia em peso e conduziu Jesus a Pilatos. Comearam a acus-lo, dizendo: "Verificamos que este homem amotina o nosso povo, probe de dar tributo a Csar e diz que o Cristo, o Rei". Interrogou-o "Pilatos: "s tu rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: "Sim, eu o sou". Ao que Pilatos declarou aos prncipes dos sacerdotes e ao povo: "No acho crime neste homem". Eles, porm, insistiram: "Amotina o povo com a sua doutrina, em toda a Judeia, a comear pela Galileia at aqui". Ouvindo falar da Galileia, perguntou Pilatos se o
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homem era galileu; e, informado de que era da jurisdio de Herodes, remeteu-a a Herodes, que naqueles dias tambm se achava em Jerusalm (Lc. 23, 1-7). 174. Jesus escarnecido por Herodes
Sabendo Pilatos que Jesus era da Galileia, enviou-o a Herodes, soberano desse pas. Herodes, homem ftil e escandaloso, esperava de Jesus algum interessante milagre para divertir a corte. Jesus, porm, no fez nenhum milagre nem proferiu uma s palavra. Pelo que Herodes o tratou como um idiota e o remeteu a Pilatos.
Herodes folgou muito ao ver a Jesus; porque desde longo tempo desejava v-lo, por ter ouvido falar muito dele, e esperava v-lo fazer algum milagre. Fez-lhe, pois, muitas perguntas: Jesus, porm, no lhe deu resposta. Estavam presentes os prncipes dos sacerdotes e escribas, acusando-o sem cessar. Herodes com os da sua guarda fez dele ludibrio, vestindo-lhe uma veste branca. E reenviouo a Pilatos. Neste mesmo dia tornaram-se amigos Herodes e Pilatos, quando antes eram inimigos um do outro (Lc. 23, 8-12).
175. Jesus considerado pior que um bandido
Pilatos, convencido da inocncia de Jesus, quis p-lo em liberdade. E, como era praxe soltar um preso por ocasio da Pscoa, mandou colocar Jesus ao lado dum grande bandido, Barrabs, na certeza de que o povo preferiria o seu grande benfeitor ao terrvel assassino. Exigiram, porm, a liberdade de Barrabs e a morte de Jesus.
Convocou Pilatos os prncipes dos sacerdotes, os membros do Sindrio e o povo, e disse-lhes: "Apresentastes-me este homem como sendo amotinador do povo. Ora, submeti-o a um interrogatrio em vossa presena, e no achei fundada nenhuma das acusaes que fazeis a este homem. Nem tampouco Herodes, pois que no-lo remeteu. Vede que nada se apurou contra ele que merecesse a morte. Mand-lo-ei, pois, castigar e pr em liberdade". Era obrigado a soltar-lhe um criminoso por ocasio da festa. A multido em peso ps-se a clamar: "Fora com este! Solta-nos Barrabs!" Estava este tal preso por causa de um motim que houvera na cidade, e de um homicdio. Mais uma vez lhes falou Pilatos; porque queria pr Jesus em liberdade. Eles, porm, gritaram: "Crucifica-o! Crucifica-o!" Perguntou-lhes Pilatos pela terceira vez: "Pois que mal fez ele? Eu no lhe acho crime que merea a morte. Mand-lo-ei, pois, castigar e pr em liberdade". Mas eles exigiam, com clamores cada vez mais impetuosos, que fosse crucificado e prevaleceram os seus clamores. Decidiu Pilatos que se lhes fizesse a vontade. Soltoulhes o homem que estava preso por causa dum motim e dum homicdio, conforme reclamavam (Lc. 23, 13-25). 176. Jesus acusado de crime religioso
Tornou Pilatos a apresentar em pblico a Jesus, flagelado, coroado de espinhos e completamente desfigurado, na esperana de que o povo se satisfizesse com esse horroroso castigo. Eles, porm, instigados pelos seus chefes, acusaram Jesus de blasfemo por se dizer Filho de Deus. Pilatos, ouvindo tal coisa, encheu-se de terror e procurou por todos os meios libertar Jesus da morte.
Mandou Pilatos levar Jesus e aoit-lo. Teceram os soldados uma coroa de espinhos e puseram-lha sobre a cabea, e vestiram-lhe um manto escarlate. Chegavam-se a ele, dizendo: "Salve, rei dos judeus!" E davam-lhe bofetadas. Tornou Pilatos a sair e disse-lhes: "Eis que vo-lo apresento, para que saibais que no encontro nele crime".
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Saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto escarlate. Disse-lhes Pilatos: "Eis o homem". Mas, quando os servos o viram, clamaram: "Crucifica-o! Crucifica-o!" Retrucou-lhes Pilatos: "Tomai-o vs e crucificai-o. Eu no encontro nele crime". Bradaram os judeus: "Ns temos uma lei e segundo a lei deve morrer, porque se fez filho de Deus".
Instrumento de flagelao iguais queles com que Jesus foi aoitado (captulo 176)
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Ouvindo Pilatos esta palavra, temeu ainda mais. Tornou a entrar no pretrio e perguntou a Jesus: "Donde s tu?" Jesus, porm, no lhe deu resposta. Disse-lhe Pilatos: "No me respondes? No sabes que tenho poder de crucificar-te, e poder de pr-te em liberdade?" Respondeu-lhe Jesus: "No terias poder algum sobre mim, se no te fora dado do alto. Por isso, quem me entregou s tuas mos tem maior pecado" (Jo. 19, 1-11). 177. Jesus, vtima dos interesses pessoais de Pilatos
Vendo os judeus que nem as acusaes de carter poltico nem religioso decidiam a questo, ameaaram a Pilatos denunci-lo em Roma e faz-lo perder seu cargo de governador. Ento cedeu Pilatos e condenou Jesus morte da cruz.
A partir da, procurava Pilatos soltar Jesus. Os judeus, porm, clamaram: "Se soltares a esse, no s amigo de Csar; porque quem se faz rei adversrio de Csar". Quando Pilatos ouviu estas palavras, conduziu Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Litstrotos em hebraico: Gbata. Era o dia dos preparativos da Pscoa, por volta do meio-dia. Disse ento aos judeus: "Eis o vosso rei!" Eles, porm, clamaram: "Fora, fora com ele! Crucifica-o!" Volveu-lhes Pilatos: "Pois, hei de crucificar o vosso rei?" Responderam os pontfices: "No temos outro rei seno a Csar!" Ao que lhes entregou Jesus para ser crucificado (Jo. 17,4-15). 178. Caminho do Calvrio
Carregando pesada cruz, foi Jesus subindo ao monte Calvrio. Pelo caminho encontrou-se com um homem, que o ajudou a carregar a cruz. Viu tambm umas mulheres que o lamentavam entre lgrimas; disse-lhes Jesus que mais dignos de compaixo do que ele, eram elas e seus filhos, porque em breve viria sobre Jerusalm terrvel castigo de Deus.
Enquanto iam conduzindo a Jesus, angariaram um tal Simo de Cirene, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz s costas para que a levasse ao encalo de Jesus. Acompanhava-o grande multido de povo, entre eles tambm mulheres, que o pranteavam e lamentavam. Voltou-se Jesus para elas e disse: "Filhas de Jerusalm, no choreis sobre mim; chorai sobre vs e sobre vossos filhos. Eis que chegaro dias em que se dir: Felizes as estreis, cujas entranhas no geraram e cujos seios no amamentaram! Ento se dir aos montes: Ca sobre ns! E aos outeiros: Cobri-nos! Pois, se tal acontece ao lenho verde, que ser do seco?" Juntamente com ele levaram dois malfeitores para a execuo (Lc. 23, 36-42) . 179. Jesus suspenso entre dois criminosos
Crucificaram a Jesus no meio de dois salteadores, como se fosse o maior deles. Jesus sofria em silncio pela salvao da humanidade.
Tomaram a Jesus e conduziram-no para fora. Carregava ele mesmo a sua cruz para um lugar que se chama Calvrio em hebraico: Glgota. A o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado. A Jesus, porm, no meio. Mandara tambm Pilatos compor um letreiro e colocou-o sobre a cruz. Dizia: JESUS NAZARENO, REI DOS JUDEUS. Muitos dos judeus leram este letreiro; porque o lugar onde Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. Estava redigido em hebraico, latim e grego. Disseram os pontfices dos judeus a Pilatos: "No escrevas: Rei dos judeus; mas que ele disse: Eu sou rei dos judeus".
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Chegados ao lugar que se chama Calvrio, a o pregaram na cruz. Igualmente os malfeitores, um direita, outro esquerda. Jesus, porm, orava: "Pai, perdoa-lhes; porque no sabem o que fazem" (Lc. 23, 3334). Depois de crucificarem a Jesus, os soldados lanaram mo das suas vestiduras e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado; alm disto, a tnica. A tnica, porm, era sem costura, toda tecida de alto a baixo. Pelo que disseram entre si: "No a cortemos, mas lancemos sortes, a ver a quem toca". Cumpriu-se assim o que diz a Escritura: "Repartem entre si as minhas vestiduras, e lanam sorte sobre a minha tnica". Foi o que fizeram os soldados (Jo. 19, 23-24). 181. Insultado at ao derradeiro suspiro...
Todos injuriaram a Jesus moribundo, sem excetuar os dois malfeitores crucificados com ele. De repente, um deles, tocado pela graa divina, muda de sentimentos e pede a Jesus que dele se lembre quando entrar no seu reino. E Jesus promete-lhe o paraso.
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O povo l estava a olhar. Escarneciam-no os membros do Sindrio, dizendo: Salvou a outros; pois que se salve a si mesmo, se que o Ungido de Deus, o Eleito". Tambm o insultavam os soldados. Chegando-se a ele, apresentaram-lhe vinagre, dizendo: "Se s rei dos judeus, salva-te a ti mesmo". Um dos malfeitores, que estava suspenso na cruz, injuriava-o, dizendo: "No s tu o Cristo? Pois, salva-te a ti e a ns". O outro, porm, o repreendia, dizendo: "Nem tu temes a Deus, quando sofres o mesmo suplcio? Ns, verdade, sofremos o que justo, porque estamos recebendo o castigo merecido das nossas obras; este, porm, no fez mal algum". E pedia a Jesus: "Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino". Respondeu-lhe Jesus: "Em verdade te digo, ainda hoje estars comigo no paraso" (Lc. 23, 33-43). 182. ltima vontade de Jesus
Vendo Jesus sua me to abandonada e sem mais ningum no mundo, recomendou-a ao discpulo predileto, Joo, o qual, da por diante, a considerou como sua me.
Junto cruz de Jesus estavam sua me, e Maria, irm de sua me, mulher de Cleofas; e Maria Madalena. Vendo Jesus sua me, e ao lado dela o discpulo a quem amava, disse sua me: "Senhora, eis a teu filho". Depois disse ao discpulo: "Eis a tua me". Desde essa hora, o discpulo a levou em sua companhia (Jo. 19, 25-27). 183. O cu e a terra choram a morte de Jesus
Depois de Jesus proferir as ltimas palavras, estremeceu a terra, escureceu o sol, partiram-se os rochedos, ressuscitaram defuntos, rasgou-se o vu do templo e Jesus inclinando a cabea, expirou...
Sabia Jesus que assim estava tudo consumado. Pelo que, para dar cumprimento Escritura, disse: "Tenho sede". Havia ali um vaso cheio de vinagre. Ensoparam no vinagre uma esponja e, prendendo-a em uma cana de hissope, chegaram-lha boca. Jesus provou o vinagre e disse: "Est consumado". (Jo. 19, 28-30). Era por volta do meio-dia, quando todo o pas se cobriu de trevas, que duraram at pelas trs horas da tarde. Escureceu o sol, e rasgou-se pelo meio o vu do templo. Jesus deu um grande brado, dizendo: "Pai, em tuas mos encomendo o meu esprito!" Com estas palavras expirou. Quando o centurio viu o que acontecia, glorificou a Deus, dizendo: "Em verdade, este homem era justo!" E todo o povo que presenciava o espetculo e via o que se passava, batia no peito e voltava para casa. A certa distncia estavam todos os seus conhecidos, e as mulheres que desde a Galileia o haviam seguido, observando estas coisas (Lc. 23, 44-49). 184. O corao de Jesus aberto pela lana dum soldado romano
Pela lei dos judeus, no podiam os sentenciados ficar na cruz depois do pr do sol, por ser vspera da Pscoa judaica. Por isso, foram os dois malfeitores mortos a marteladas. A Jesus, como j estava morto, abriram-lhe o lado com uma lana, cuja ponta lhe varou o corao.
Estava-se em dia de preparativos. Para que os corpos no ficassem na cruz durante o sbado porque era de grande solenidade aquele sbado foram os judeus pedir a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e os tirassem da. Vieram, pois, os soldados e quebraram as pernas a um e a outro que tinham sido crucificados com ele. Chegando, porm, a Jesus e verificando que j estava morto, no
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lhe quebraram as pernas; mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lana, e imediatamente saiu sangue e gua. Quem isto presenciou d testemunho do fato, e o seu testemunho verdico. Ele sabe que diz a verdade, para que tambm vs creiais. E isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura: "No se lhe h de quebrar osso algum"; diz em outro lugar a Escritura: "Contemplaro aquele que traspassaram" (Jo. 19, 31-37). 185. Jesus, to pobre, repousa em sepulcro de luxo
Um homem rico, amigo de Jesus, mandou depositar o corpo do Crucificado no belo sepulcro que para si mesmo abrira em rocha. Almas amigas lavaram e embalsamaram carinhosamente o corpo de Jesus e o sepultaram, fechando o jazigo com uma grande pedra.
Um dos membros do Sindrio, por nome Jos, homem reto e justo, natural de Arimateia, cidade da Judeia, aguardava o reino de Deus e no aprovara o plano de procedimento deles. Foi ter com Pilatos e requereu o corpo de Jesus. Desceu-o, amortalhou-o num lenol e colocou-o num sepulcro aberto em rocha, no qual ainda ningum fora depositado. Era o dia de preparativos, e ia comeando o sbado. Assistiram tambm as mulheres que tinham vindo da Galileia com Jesus; observaram o tmulo e o sepultamento do corpo dele. Depois regressaram e prepararam aromas e unguentos. E descansaram no sbado, conforme a lei (Lc. 23, 50-56). 186. Mesmo morto, Jesus inquieta os1 seus inimigos
Depois da morte e sepultamento de Jesus, mandaram os judeus selar o tmulo e postaram entrada do mesmo uma sentinela, com medo de que os discpulos roubassem o corpo. Deus assim disps as coisas para que fosse mais evidente o fato da ressurreio.
No outro dia aps o dia dos preparativos reuniram-se os prncipes dos sacerdotes e fariseus em casa de Pilatos e disseram: Senhor, estamos lembrados de que aquele embusteiro, quando vivo, afirmou: Depois de trs dias ressurgirei. Manda, pois, guardar o sepulcro at ao terceiro dia; do contrrio, poderiam os seus discpulos vir furt-lo e dizer ao povo: Ressuscitou dentre os mortos. E assim o ltimo embuste viria a ser pior que o primeiro". Respondeu Pilatos: "Tereis uma guarda; ide e guardai o sepulcro como entendeis". Foram-se e seguraram o sepulcro, selando a pedra e postando uma sentinela diante dele (Mt. 27, 62-66). 187. Jesus, redivivo, manda os anjos proclamar a jubilosa notcia da ressurreio
Domingo, mui de madrugada, foram umas piedosas discpulas de Cristo ao sepulcro para melhor embalsamar o corpo. Com grande surpresa, encontraram o sepulcro vazio. Dois anjos comunicaram-lhes que Jesus ressuscitara e lhes ia aparecer.
No primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando os aromas que tinham preparado. Encontraram a pedra revolvida do sepulcro. Entraram. Mas no acharam o corpo do Senhor Jesus. Consternadas pelo fato eis que viram diante de si dois homens em vestes radiantes. Aterradas, baixaram os olhos. Aqueles, porm, lhes disseram: "Por que procurais entre os mortos o vivo? No est aqui; ressuscitou. Lembrai-vos do que vos disse, quando ainda estava na Galileia: "O Filho
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do homem deve ser entregue s mos dos pecadores e ser crucificado; mas ressurgir ao terceiro dia".
Ento se recordaram elas das suas palavras, voltaram do sepulcro e contaram tudo isto aos onze e a todos os mais. As que levaram este recado aos apstolos foram Maria Madalena, Joana, Maria, me de Tiago, e outras companheiras delas. Aos apstolos, porm, pareceu esta notcia como uma fbula, e no lhes deram f (Lc. 24, 1-11). 188. Guardas dormentes enxergam tudo e no impedem o roubo...
Os inimigos de Jesus, para impedir a notcia da ressurreio, encarregaram os guardas do sepulcro de espalhar este absurdo: Enquanto eles dormiam, vieram os discpulos e roubaram o corpo. Ridculo! Guardas no podem dormir! E, se dormiam, como que viram os discpulos? E, se viram, por que no impediram o roubo?
Depois da partida das mulheres, foram alguns dos guardas cidade e deram parte aos prncipes dos sacerdotes de tudo quanto acabava de suceder. Convocaram estes os ancios e deliberaram. Deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, e intimaram-nos: "Dizei assim: De noite, enquanto ns dormamos, vieram os seus discpulos e o roubaram. Se isto chegar aos ouvidos do governador, trataremos de apazigu-lo e advogar a vossa causa". Tomaram, pois, o dinheiro e procederam conforme as instrues recebidas. E at ao presente dia anda esse boato entre os judeus (Mt. 28, 11-15).
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Na madrugada do primeiro dia da semana, ainda noite, dirigiu-se Maria Madalena ao sepulcro e viu que a pedra estava revolvida do tmulo. Foi s pressas ter com Simo Pedro e o outro discpulo a quem Jesus amava e disse-lhes: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e no sabemos onde o puseram. Ao que Pedro e o outro discpulo saram e foram ao sepulcro. Corriam os dois porfia, mas aquele outro discpulo corria mais depressa que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Inclinando-se, viu a colocados os lenis, como tambm o sudrio que estivera sobre a cabea de Jesus; no estava com os outros lenis, mas dobrado num lugar parte. Nisto entrou tambm o discpulo que chegara primeiro ao sepulcro; viu, e creu. que ainda no tinham compreendido a Escritura, segundo a qual devia ele ressuscitar dentre os mortos. Voltaram os discpulos para casa (Jo. 20, 1-10). 190. "Maria!" "Mestre!"
Estava Maria Madalena sentada ao p do sepulcro, chorando, por no saber onde se achava o corpo do Mestre querido. Aparece-lhe Jesus, e ela, cheia de alegria se lana aos seus ps. Queria ficar com Jesus para sempre. Ele, porm, lhe diz que s mais tarde que seria possvel essa unio eterna. E manda-a dizer aos apstolos que ressuscitou.
Estava Maria ao p do sepulcro, do lado de fora, a chorar. E, enquanto chorava, inclinou-se e olhou para dentro do sepulcro e viu dois anjos em alvejantes vestes, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um cabeceira e outro aos ps. Disseram-lhe: "Por que choras, senhora?" Respondeu ela: " que tiraram o meu Senhor, e no sei onde o puseram". A estas palavras voltou-se e viu, em p, a Jesus, mas no sabia que era Jesus. "Senhora disse-lhe Jesus por que choras? A quem procuras?" Ela, cuidando que fosse o jardineiro, disse-lhe: "Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste; e eu o levarei".
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Disse-lhe Jesus: "Maria". Voltou-se ela e disse-lhe em hebraico: "Raboni!" que quer dizer: Mestre. Tornou-lhe Jesus: "No me segures, porque ainda no subi para meu Pai; mas vai ter com meus irmos e dize-lhes que subirei para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus". Foi Maria Madalena e noticiou aos discpulos: "Vi o Senhor e ele me disse isto". (Jo. 20, 11-18). 191. Como uma grande tristeza se converteu numa grande alegria...
No mesmo domingo da ressurreio andavam dois amigos de Jesus muito tristes porque nada sabiam da ressurreio dele. Ento lhes aparece Jesus em caminho, falando com eles, sem que os dois o reconhecessem. E, quando o reconheceram, desapareceu-lhes dos olhos. E eles voltaram a Jerusalm, cheios de alegria.
No mesmo dia iam dois deles para uma aldeia de nome Emas, distante de Jerusalm sessenta estdios (1). Vinham conversando um com o outro sobre tudo o que acabava de suceder. Enquanto assim falavam e conferenciavam entre si, aproximou-se deles o prprio Jesus e foi com eles. Eles, porm, estavam com os olhos tolhidos, de maneira que no o reconheceram. Perguntou-lhes ele: "Que conversas so estas que entretendes um com o outro, pelo caminho?" Calaram-se eles, tristes. Um deles, de nome Cleofas, respondeu: "s tu o nico forasteiro em Jerusalm e ignoras o que a se passou nestes dias?" "Que foi?" inquiriu ele. --------(1) 60 estdios 12 quilmetros.
"Aquilo de Jesus, o Nazareno responderam-lhe. Era um profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. Mas os sumos sacerdotes e os nossos magistrados entregaram-no pena de morte e crucificaram-no. Ns, porm, espervamos que fosse ele o salvador de Israel. De mais a mais, j agora o terceiro dia que se deu tudo aquilo. Verdade que algumas das nossas mulheres nos aterraram; tinham ido ao sepulcro, mui de madrugada; mas no acharam o corpo. E voltaram com a notcia de lhes terem aparecido anjos, que declararam que ele estava vivo. Ao que alguns dos nossos foram ao sepulcro, e encontraram confirmado o que as mulheres tinham dito; a ele mesmo, porm, no o viram". Respondeu-lhes ele: " homens sem critrio! Quo tardos de corao para crer tudo o que os profetas disseram! No devia ento o Cristo padecer aquilo e assim entrar em sua glria?" E, principiando por Moiss, discorreu por todos os profetas, explicando-lhes o que a respeito dele se diz em todas as Escrituras. Iam chegando aldeia que demandavam. Ele fez meno de passar adiante. Eles, porm, insistiram grandemente com ele, dizendo: "Fica conosco; j declinou o dia; vai anoitecendo". Entrou com eles. Enquanto estava com eles mesa, tomou o po, benzeu-o, partiu-o e deu-lho. Nisto abriram-se-Ihes os olhos e reconheceram-no. Ele, porm, desapareceu dos seus olhos. Diziam um para o outro: "No se abrasava o corao dentro de ns quando, pelo caminho, nos falava e nos explicava as Escrituras?" Ainda na mesma hora partiram e regressaram a Jerusalm, e encontraram reunidos os onze com seus companheiros, que lhes declararam: "O Senhor ressuscitou realmente e apareceu a Simo". Ento referiram eles o que acontecera no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o po. (Lc. 24, 13-35).
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Ainda estavam os discpulos comentando os fatos quando se apresentou Jesus no meio deles, e disse-lhes: "A paz seja convosco, sou eu; no temais". Tomados de medo e terror, cuidavam ver um esprito. Jesus, porm, lhes disse: "Por que esse medo? E por que essa dvida nos vossos coraes? Vede as minhas mos e os meus ps; sou eu mesmo; apalpai e vede; um esprito no tem carne e osso, como vedes que eu tenho". Com estas palavras mostrou-lhes as mos e os ps. Eles, todavia, de to contentes e admirados, no acabavam ainda de crer. Pelo que lhes perguntou Jesus: "Tendes aqui alguma coisa que se coma?" Disse-lhes Jesus pela segunda vez: "A paz seja convosco. Assim como meu Pai me enviou, tambm eu vos envio". Depois destas palavras, soprou sobre eles, dizendo: "Recebei o Esprito Santo; a quem vs perdoardes os pecados, ser-lhes-o perdoados, a quem vs os retiverdes, ser-lhes-o retidos" (Lc. 24, 36-43; Jo. 20, 21-23) .
193. "Crs, Tom, porque viste..."
Tom, que no presenciara a apario de Jesus, recusa-se pertinazmente a crer na ressurreio. S crer se com suas prprias mos tocar nas chagas do Crucificado. Reaparece Jesus e Tom cr vencido pela evidncia do fato.
Tom, um dos doze, chamado o gmeo, no estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discpulos: "Vimos o Senhor". Ele, porm, lhes respondeu: "Se no lhe vir nas mos a marca dos cravos, se no meter o dedo no lugar dos cravos, e no lhe introduzir a mo no lado, no acreditarei". Passados oito dias, achavam-se os discpulos outra vez portas adentro, e Tom com eles. Entrou Jesus, de portas fechadas, colocou-se no meio deles e disse: "A paz seja convosco". Depois disse a Tom: "Introduze teu dedo aqui, e v minhas mos; vem com tua mo e mete-a em meu lado; e no sejas descrente, mas crente". "Meu Senhor e meu Deus!" exclamou Tom. Advertiu-lhe Jesus: "Crs, Tom, porque me viste; bem aventurados os que no veem, e, contudo creem". (Jo. 20, 19-29). 194. Um almoo na praia do lago
De improviso, aparece Jesus na praia do lago de Genesar e manda os apstolos lanar a rede. Apanham abundncia de peixe. Almoam e conversam com o Mestre. E Jesus torna a desaparecer misteriosamente.
Mais tarde, tornou Jesus a manifestar-se aos discpulos margem do lago de Tiberades. Foi do seguinte modo que apareceu: Achavam-se reunidos Simo Pedro, Tom, apelidado o gmeo, Natanael, natural de Cana da Galileia, os filhos de Zebedeu, mais outros dois dos seus discpulos. Disse-lhes Simo Pedro: "Vou pescar". Responderam-lhe os outros: "Vamos tambm ns contigo". Saram, pois, e embarcaram. Mas no apanharam coisa alguma naquele dia. Ao romper da manh estava Jesus na praia. Os discpulos, porm, no sabiam que era Jesus. Disse-lhes Jesus: "Filhos, no tendes nada que comer?" "Nada" responderam-lhe. Disse-lhes ele: "Lanai a rede direita do barco, e apanhareis alguma coisa".
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Lanaram, pois, a rede, e j no a podiam tirar para fora, de tantos que eram os peixes. Observou ento a Pedro o discpulo a quem Jesus amava: " o Senhor!" Assim que Pedro ouviu que era o Senhor, cobriu-o com o manto pois estava nu e lanou-se ao mar. Os outros discpulos foram seguindo-o no barco, arrastando a rede com os peixes; no estavam distantes da terra seno uns duzentos cvados. Saltaram em terra, e viram um braseiro com um peixe em cima, e po. Disse-lhes Jesus: "Trazei os peixes que acabais de apanhar". Entrou Simo Pedro no barco e puxou terra a rede repleta de cento e cinquenta e trs grandes peixes; e, com serem tantos, no se rompeu a rede. "Vinde almoar" disse-lhes Jesus. Nenhum dos discpulos ousou perguntar-lhe quem era; porque sabiam que era o Senhor. Tomou Jesus o po e serviu-lho, e igualmente o peixe. Foi esta a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discpulos depois de ressuscitado dentre os mortos. (Jo. 21, 1-14).
Refeio moda dos orientais. Jesus, certamente, comeu muitas vezes assim, com os seus discpulos (captulo 194)
A fim de reparar a trplice negao, tem Simo Pedro de protestar trs vezes o seu amor ao Mestre, e dele recebe a incumbncia de pastorear o seu rebanho.
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Terminado o almoo, perguntou Jesus a Simo Pedro: "Simo, filho de Joo, amasme mais do que estes?" Respondeu-lhe ele: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta os meus cordeiros". Tornou a perguntar-lhe: "Simo, filho de Joo, amas-me?" Respondeu-lhe ele: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta os meus cordeiros". Perguntou-lhe pela terceira vez: "Simo, filho de Joo, amas-me?" Entristeceu-se Pedro por lhe perguntar pela terceira vez: "Amas-me?" E respondeu-lhe: "Senhor, tu sabes todas as coisas; sabes tambm que te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta as minhas ovelhas". (Jo. 21, 15-17). 196. "Ide pelo mundo inteiro e pregai o Evangelho..."
Jesus, de caminho para o monte das Oliveiras, d as ltimas instrues aos seus discpulos, explicando-lhes a Sagrada Escritura e ordenando que fiquem em Jerusalm at receberem o Esprito Santo. Depois profere palavras sublimes e envia seus discpulos pelo mundo afora a pregar o Evangelho a todos os povos.
Disse-lhes Jesus: "As palavras que vos dirigi quando ainda estava convosco foram estas: Importa que se cumpra tudo o que est escrito, a meu respeito, na lei de Moiss, nos profetas e nos Salmos". E passou a abrir-lhes o entendimento para a compreenso das Escrituras, e prosseguiu: "Assim que est escrito: O Cristo deve sofrer, e ressurgir dentre os mortos ao terceiro dia. Em seu nome se h de pregar a penitncia e remisso dos pecados a todos os povos, principiando por Jerusalm. Vs sois testemunhas de tudo isto. E eis que eu vos enviarei aquele que meu Pai prometeu. Ficai na cidade at que sejais munidos da fora do alto". (Lc. 24, 44-49). Dirigiram-se os onze discpulos Galileia, ao monte que Jesus lhes designou. Quando o viram, adoraram-no; alguns, todavia, duvidavam. Disse-lhes Jesus: "A mim me foi dado todo o poder no cu e na terra. Ide, pois, e fazei discpulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Esprito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que eu vos tenho mandado. E eis que estou convosco todos os dias, at a consumao dos sculos". (Mt. 28, 16-20).
Elevou-se Jesus vista deles, e uma nuvem o ocultou a seus olhos. Enquanto ia subindo, e estavam todos com os olhos fitos no cu, eis que apareceram junto deles dois vares vestidos de branco, que lhes disseram: "Homens da Galileia, que estais a a contemplar o cu! Esse Jesus que acaba de ser levado ao cu voltar do mesmo modo que ao cu o vistes subir". Ao que eles regressaram para Jerusalm, do monte que se chama das Oliveiras e fica perto de Jerusalm, distncia de um caminho sabatino. Chegando a, dirigiram-se a uma sala superior, onde ficaram. Eram Pedro, Joo, Tiago, Andr, Filipe, Tom, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simo o zelador, e Judas, irmo de Tiago. Todos eles perseveraram unnimes em orao, em companhia das mulheres, de Maria, me de Jesus, e dos irmos dele. (At. l, 9-14).
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Quando chegou o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do cu um rudo semelhante ao soprar de impetuoso vendaval e encheu toda a casa onde estavam congregados. E apareceram-lhes umas lnguas como de fogo, que se destacaram e foram pousar sobre cada um deles. Encheram-se todos do Esprito Santo e comearam a falar em lnguas estranhas, conforme o Esprito Santo os impelia a que falassem. (At. 2, 1-4). 199. Aparece em pblico a Igreja de Cristo
Logo aps a vinda do Esprito Santo, milhares de pessoas pediram admisso ao reino do Cristo.
Apresentou-se Pedro e, erguendo a voz, disse: "Homens de Israel, ouvi as minhas palavras! Jesus de Nazar, que foi entre vs acreditado por Deus com prodgios, sinais e milagres, Deus o ressuscitou dentre os mortos. Disto somos ns testemunhas. E, depois de exaltado pela direita de Deus. derramou o Esprito Santo prometido pelo Pai, conforme estais vendo e ouvindo... Saiba, pois, toda a casa de Israel, com certeza, que a este mesmo Jesus, que vs crucificastes. Deus o constituiu Senhor e Messias". A estas palavras, sentiram eles o corao despedaado, e perguntaram a Pedro e aos demais apstolos: "Que faremos, irmos?" Respondeu-lhes Pedro: "Convertei-vos e seja cada um de vs batizado em nome de Jesus Cristo, e recebereis o perdo dos vossos pecados e o dom do Esprito Santo". Ainda com muitas outras palavras os conjurava ele e exortava. Os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, de modo que naquele dia houve um acrscimo de umas trs mil almas". (At. 2, 14-41).
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NDICE
Para os educandos.......................................................................................................................... 3 1. Um anjo de Deus visita uma jovem........................................................................................... 5 2. A jovem vai casa de sua prima............................................................................................... 6 3. Uma criana diferente das outras.............................................................................................. 7 4. Nasce o menino Jesus na gruta de Belm.................................................................................. 8 5. O que um anjo disse aos pastores.............................................................................................. 8 6. Jesus apresentado no templo................................................................................................... 9 7. Um ancio profere palavras misteriosas.................................................................................... 9 8. ltima alegria duma velhinha................................................................................................... 9 9. Na solido das montanhas....................................................................................................... 10 10. Reis pagos prestam homenagem a Jesus............................................................................. 10 11. O menino Jesus foge para terras estranhas............................................................................ 10 12. Corre o sangue de pequenos mrtires.................................................................................... 11 13. O pequeno exilado em terras pags...................................................................................... 11 14. Primeiro lampejo da inteligncia de Jesus............................................................................. 11 15. Um homem, vestido de pele de camelo, s fala em Jesus..................................................... 13 16. Batismo de gua batismo de fogo..................................................................................... 14 17. Jesus batizado por Joo como se fosse pecador.................................................................. 14 18. O demnio quer saber se Jesus o Filho de Deus................................................................. 15 19. Nem as correias do calado................................................................................................... 16 20. "Mestre, onde moras?.......................................................................................................... 17 21. O homem que tinha f como um rochedo............................................................................. 17 22. "Poder l vir coisa boa de Nazar?.................................................................................... 17 23. Jesus assiste a uma festa de casamento e faz um milagre..................................................... 18 24. Jesus no quer saber de negcios na casa de Deus............................................................... 18 25. Jesus d instruo religiosa a um doutor............................................................................... 19 26. Jesus conhece os pecados duma mulher de cinco maridos.................................................... 20 27. A alma de Jesus tem mais fome do que seu corpo................................................................ 21 28. Jesus cura de longe um doente.............................................................................................. 21 29. A palavra de Jesus mais poderosa do que o demnio......................................................... 21 30. Uma velhinha doente levanta-se de perfeita sade................................................................ 22 31. Jesus, mdico do corpo e da alma......................................................................................... 22 32. O pregador sobre o azul das ondas........................................................................................ 22 33. Peixe e mais peixe, quando ningum esperava..................................................................... 22 34. Se quiseres "Eu quero".................................................................................................. 23 35. Desce do teto um leito com um doente desenganado............................................................ 23 36. Como um grande negociante se tornou apstolo................................................................... 24 37. Um doente havia 38 anos recupera a sade........................................................................... 24 38. Matando a fome com gros de trigo verdes........................................................................... 25 39. Jesus cura um homem aleijado e atacado pelos judeus...................................................... 25 40. Jesus escolhe a sua guarda de honra...................................................................................... 26 41. Quem so os felizes aos olhos de Jesus? .............................................................................. 26 42. A quem que Jesus considera infeliz?................................................................................ 27 43. "Luz do mundo e sal da terra"............................................................................................... 27 44. Evitar o pecado pela raiz....................................................................................................... 27 45. Amar os amigos humano, amar os inimigos divino......................................................... 28 46. Faze aos outros o que queres que te faam............................................................................ 28 47. Melhor sofrer prejuzo temporal que eterno.......................................................................... 29 48. Sim ou no? ..................................................................................................................... 29 49. No saiba a mo esquerda o que faz a direita! ..................................................................... 29 50. Com os olhos em Deus, e no nos homens........................................................................... 29 51. A mais bela das oraes........................................................................................................ 30 52. Pedir bem, e pedir o que convm! ........................................................................................ 30
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53. Deus amigo dos penitentes risonhos................................................................................... 30 54. Tesouros naturais e tesouros espirituais................................................................................ 30 55. As avenidas do mundo e as veredas de Deus........................................................................ 30 56. Lobos em pele de ovelha....................................................................................................... 31 57. Obras, e no palavras....... ..................................................................................................... 31 58. Edifcio sobre areia ou sobre rochedo? ................................................................................ 31 59. O que um oficial romano pensava de Jesus........................................................................... 31 60. Um jovem ressuscitado porta do cemitrio........................................................................ 32 61. O homem que no era nenhum canio.................................................................................. 33 62. Uma pecadora lava os ps de Jesus com as suas lgrimas.................................................... 33 63. Histria de uns grozinhos de trigo....................................................................................... 34 64. A sementeira cresce silenciosa, dia e noite.......................................................................... 34 65. Erva daninha no meio da plantao....................................................................................... 35 66. Vamos procura do tesouro misterioso................................................................................ 35 67. Pescadores de prolas preciosas............................................................................................ 35 68. Peixinhos de Cristo na rede do Evangelho............................................................................ 36 69. Contra Jesus nada podem ventos nem mares........................................................................ 36 70. Demnios saem dum homem e entram nos porcos............................................................... 37 71. Jesus cura uma mulher e ressuscita uma menina................................................................... 37 72. To grande a messe e to poucos os operrios...................................................................... 38 73. Doze heris saem conquista do mundo.............................................................................. 39 74. Quem quiser ser apstolo tem de ser mrtir.......................................................................... 39 75. O amigo de Jesus no deve temer os homens........................................................................ 40 76. Um rei e uma rainha matam um santo num banquete........................................................... 40 77. Jesus farta milhares de homens com cinco pozinhos........................................................... 40 78. No era um fantasma, era Jesus............................................................................................. 41 79. Jesus promete aos homens um po misterioso...................................................................... 41 80. Quem cr amigo de Deus.................................................................................................... 42 81. Po vivo e fonte de vida eterna.............................................................................................. 42 82. A ignorncia humana protesta contra a sabedoria divina...................................................... 43 83. Como uma mulher inteligente respondeu a Jesus.................................................................. 43 84. O homem com as chaves do reino do cu............................................................................. 44 85. O amigo do Crucificado deve carregar a sua cruz................................................................. 44 86. Cristo, modelo dos cristos.................................................................................................... 44 87. Jesus mostra um vislumbre da sua glria.............................................................................. 45 88. Um menino, maltratado pelo demnio, curado por Jesus................................................... 45 89. Jesus paga imposto com o dinheiro da boca dum peixe........................................................ 45 90. Quem no for como criana no entra no cu....................................................................... 46 91. Ai de quem levar ao pecado uma criana! ............................................................................ 46 92. Nada de invejas e cimes! .................................................................................................... 46 93. Perdoemos aos outros, assim como Deus nos perdoa........................................................... 46 94. Mais vale a bondade que o rigor............................................................................................ 47 95. Quisera, quisera mas no quero........................................................................................ 47 96. Uma pecadora absolvida por Jesus........................................................................................ 48 97. Um cego de nascena enxerga pela primeira vez.................................................................. 48 98. O cego enxerga mais que certos homens com dois olhos..................................................... 49 99. A cegueira da alma pior que a cegueira do corpo............................................................... 49 100. O bom pastor d a prpria vida pelas suas ovelhas............................................................. 50 101. Saem pelo mundo 72 bandeirantes de Deus........................................................................ 51 102. Ai de quem desprezar a graa de Deus! ............................................................................. 51 103. Deve interessar-nos o sofrimento de qualquer pessoa......................................................... 51 104. Ouvindo a Jesus e trabalhando por Jesus............................................................................ 52 105. Pedir, e pedir sempre de novo............................................................................................. 53 106. gua mole em pedra dura.................................................................................................... 53 107. Confessava as suas virtudes e os pecados dos outros.......................................................... 53
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108. O pai humano bom, o Pai divino melhor....................................................................... 54 109. Ser santo e no s parecer! ............................................................................................ 54 110. No teme a morte corporal quem possui a vida espiritual................................................... 54 111. Ser vergonha ser amigo de Jesus?......................................................................................55 112. Para que acumular tesouros incertos? ................................................................................. 55 113. O que nos ensinam os passarinhos e as flores..................................................................... 55 114. "Onde est o teu tesouro a est o teu corao"................................................................... 56 115. Ai da alma que no produzir boas obras!............................................................................ 56 116. No podia olhar para o cu, havia 18 anos.......................................................................... 56 117. To pequenina e to poderosa!....................................................................................... 57 118. Atividade silenciosa, mas irresistvel.................................................................................. 57 119. Jesus morre quando ele quer e no os homens.................................................................... 57 120. Gemidos de um amor desprezado........................................................... ............................ 57 121. Mais caridade com os animais do que com os homens....................................................... 57 122. No escolher lugar de honra! .............................................................................................. 58 123. Praticar o bem sem interesse pessoal................................................................................... 58 124. Porque alguns no comparecem ao banquete espiritual...................................................... 58 125. L vai o pastor no encalo da ovelha fugitiva! ................................................................... 59 126. To grande o valor da alma! ............................................................................................ 59 127. "Pai, pequei contra o cu e diante de ti".............................................................................. 59 128. No somos donos, mas administradores.............................................................................. 60 129. Um ricao que acabou mendigando uma gotinha de gua.................................................. 61 130. Quem ensina aos outros deve ele mesmo cumprir.............................................................. 61 131. "No separe o homem o que Deus uniu"............................................................................. 62 132. O que Jesus pensa dos que no casam................................................................................. 62 133. "Ide trabalhar na vinha do Senhor"...................................................................................... 62 134. "No houve quem desse glria a Deus?"............................................................................. 63 135. Jesus, amigo das crianas........................................................... ........................................ 63 136. Um jovem, amado por Jesus, se retira triste........................................................................ 63 137. Riqueza espiritual para renunciar s riquezas materiais...................................................... 64 138. Porque Jesus faz sofrer as almas amigas............................................................................. 64 139. Lgrimas humanas e prodgio divino.................................................................................. 65 140. Querem matar o autor da vida............................................................................................. 65 141. Avanam as trevas da morte............................................................................................... 66 142. A felicidade est em fazer felizes os outros........................................................................ 66 143. "Hospedou-se em cada dum pecador"................................................................................. 66 144. ltima caridade duma alma amiga de Jesus........................................................................ 67 145. Vivas e hosanas preludiando morras e maldies............................................................... 67 146. Lgrimas de dor em plena apoteose de glrias.................................................................... 68 147. Aclamado pelas crianas e injuriado pelos inimigos......................................................... 68 148. At os pagos querem ver a Jesus....................................................................................... 68 149. Que vale toda a folhagem sem o fruto? .............................................................................. 69 150. Amor divino e crueldade humana........................................................................................ 69 151. "Como entraste aqui sem a veste nupcial?......................................................................... 70 152. "A Csar o que de Csar a Deus o que de Deus"...................................................... 70 153. Jesus mais inteligente que seus inimigos.......................................................................... 71 154. Jesus, senhor e filho de Davi............................................................................................... 71 155. Quanto vale os vintenzinhos duma viva............................................................................ 71 156. O amigo de Cristo tranquilo entre os horrores.................................................................... 72 157. Destruio de Jerusalm..................................................................................................... 72 158. "Com grande poder e majestade"........................................................................................ 73 159. "Quando virdes brotar a figueira"....................................................................................... 73 160. Alerta! ........................................................... .................................................................... 73 161. Lmpadas acesas e lmpadas extintas em plena noite......................................................... 73 162. "Porque no colocaste o dinheiro no banco?..................................................................... 74
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163. Fora da caridade no h salvao........................................................................................ 74 164. Ao encontro da morte.......................................................................................................... 75 165. A ltima ceia na intimidade dos amigos.............................................................................. 75 166. O Mestre desempenha servio de escravo........................................................................... 76 167. "Isto o meu corpo, isto o meu sangue"........................................................................... 76 168. "Pai, aparta de mim este clice".......................................................................................... 77 169. Jesus abandonado por seus discpulos................................................................................. 78 170. ''No conheo este homem"................................................................................................. 78 171. "s tu o Filho de Deus? Sim, eu o sou"............................................................................... 79 172. O traidor trado............................................................. ...................................................... 79 173. Jesus acusado de crimes polticos........................................................................................ 79 174. Jesus escarnecido por Herodes............................................................................................ 80 175. Jesus considerado pior que um bandido.............................................................................. 80 176. Jesus acusado de crime religioso......................................................................................... 80 177. Jesus, vtima de interesses pessoais de Pilatos.................................................................... 82 178. Caminho do Calvrio........................................................... ............................................... 82 179. Jesus suspenso entre dois criminosos.................................................................................. 82 180. "Pai, perdoa-lhes, porque no sabem"................................................................................. 83 181. Insultado at ao derradeiro suspiro...................................................................................... 83 182. ltima vontade de Jesus...................................................................................................... 84 183. O cu e a terra choram a morte de Jesus............................................................................. 84 184. O corao de Jesus aberto por lana.................................................................................... 84 185. Jesus, to pobre, repousa em sepulcro de luxo.................................................................... 85 186. Mesmo morto, Jesus inquieta os seus inimigos................................................................... 85 187. Jesus, redivivo, encarrega os anjos...................................................................................... 85 188. Guardas dormentes enxergam tudo e no impedem nada................................................... 86 189. Pedro e Joo, perplexos....................................................................................................... 87 190. "Maria!" "Mestre!........................................................... ............................................. 87 191. Uma grande tristeza convertida em grande alegria............................................................. 88 192. "A paz seja convosco"......................................................................................................... 89 193. "Crs, Tom, porque viste"................................................................................................. 89 194. Um almoo na praia do lago............................................................................................... 89 195. "Apascenta os meus cordeiros, as minhas ovelhas"............................................................ 90 196. "Ide pelo mundo inteiro pregar o Evangelho"..................................................................... 91 197. Jesus voltar, assim como subiu.......................................................................................... 91 198. Vinda do Esprito Santo........................................................... ........................................... 92 199. Aparece em pblico a igreja de Cristo................................................................................ 93
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