Watchman Nee Oremos

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OREMOS

T.S. (Watchman) Nee


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PREFCIO O que a orao? nossa orao eficaz? Conhecemos o poder da orao? Precisamos conhecer estes e muitos outros assuntos se quisermos ter uma vida de orao verdadeira e desejarmos que nossa orao seja eficaz. Neste pequeno volume de mensagens proferidas durante um longo perodo do ministrio do autor, agora traduzidas e publicadas pela primeira vez, T.S. (Watchman) Nee partilha conosco as lies que aprendeu sobre a orao ao longo dos anos. Ele considera a orao um mistrio, embora no incompreensvel. Percebe ser a orao a maior obra qual os homens so chamados. trabalhar com Deus. Por meio da orao, o propsito de Deus realizado, as intenes de Satans so destrudas, e a pessoa que ora grandemente beneficiada. Que ns, portanto, sigamos a admoestao de nosso bendito Senhor: Levantai-vos, e orai (Lc 22:46).

NDICE
Prefcio 1 O que orao? 2 Orar segundo a vontade de Deus 3 Orao e a obra de Deus 4 O princpio de orar trs vezes 5 A orao que desafia Satans 6 Alguns fatores da orao 7 As tticas de exausto de Satans

CAPTULO 1
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O QUE E ORAO?
Watchman Nee A orao o ato mais maravilhoso do reino espiritual e tambm um assunto muitssimo misterioso.

Orao: um mistrio
A orao um mistrio; e depois de analisarmos algumas questes sobre o assunto, creio que apreciaremos ainda mais o carter misterioso que envolve a orao, pois assunto de difcil compreenso. Com isto no estamos sugerindo que o mistrio da orao seja incompreensvel ou que os variados problemas referentes orao sejam inexplicveis. Simplesmente indica que poucas pessoas realmente conhecem a fundo essas questes. Por causa disto, poucos so verdadeiramente capazes de realizar muito para Deus no ministrio da orao. O poder da orao reside no no quanto, oramos, mas no quanto nossas oraes esto de acordo com o princpio da orao. Somente as oraes que possuem esse princpio tm valor verdadeiro. A primeira pergunta que se deve fazer : Por que orar? Para que serve a orao? No Deus onisciente e onipotente? Por que espera ele que oremos para comear a operar? Uma vez que ele sabe, por que devemos contar-lhe tudo (Filipenses 4:6)? Sendo Todo-poderoso, por que Deus no opera diretamente? Por que precisa ele de nossas oraes? Por que somente os que batem entram (Mt 7:7)? Por que diz Deus: Nada tendes, porque no pedis (Tg 4:2)? Depois de fazer as perguntas acima devemos continuar a inquirir, como segue: E a orao contrria vontade de Deus? Que relao h entre orao e justia? Sabemos que Deus jamais faz algo contra a sua prpria vontade, e se abrir portas a vontade dele, por que espera at que batamos para abrir? Por que ele simples3

mente no abre segundo sua prpria vontade sem requerer que batamos? Sendo onisciente, Deus sabe que precisamos de portas abertas; por que, ento, espera que batamos para abrir? Se a porta deve-se abrir, e se abrir portas est de acordo com a vontade de Deus, e se, alm disso, ele sabe que precisamos que ela seja aberta, por que espera que batamos? Por que ele simplesmente no abre a porta? Que vantagem tem Deus em que batamos? Ainda devemos fazer as seguintes perguntas: Uma vez que a vontade de Deus abrir a porta e o abrir a porta est de acordo com a justia, abrir Deus a porta se no batermos? Ou preferiria ele atrasar a realizao de sua vontade e justia a fim de esperar por nossas oraes? Permitir Ele que sua vontade de abrir a porta seja impedida porque deixamos de bater? Se assim for, no estaremos ns limitando a vontade de Deus? Deus realmente Todo-poderoso? Se ele Todopoderoso, por que no pode abrir a porta por si mesmo por que deve ele esperar at que batamos? Deus realmente capaz de realizar sua prpria vontade? Se ele realmente e capaz, ento por que o seu abrir a porta (a vontade de Deus) governado por nosso bater (orao do homem)? Ao fazer estas perguntas compreendemos que a orao um grande mistrio. Pois aqui vemos o princpio do trabalho de Deus: seu povo deve orar antes que Deus se levante e opere sua vontade somente realizada mediante as oraes dos que lhe pertencem; as oraes dos crentes devem realizar sua vontade; Deus no cumprir sua vontade sozinho Ele operar somente depois que seu povo mostrar simpatia por meio das oraes. Tal sendo o caso, podemos dizer, portanto, que a orao nada mais que um ato do crente operando juntamente com Deus. A orao a unio do pensamento do crente com a vontade de Deus. A orao que o crente profere na terra nada mais que o expressar da vontade de Deus no cu. A orao no a expresso de nosso desejo de que Deus ceda nossa petio e que preencha nosso desejo egosta. 4

No forar o Senhor a mudar sua vontade e realizar o que no deseja. No, orao simplesmente o crente proferindo a vontade de Deus. Perante Deus, o crente pede, em orao, que se faa a vontade do Senhor. A orao no altera o que Deus determinou. Nunca muda nada; meramente realiza o que j foi pr-ordenado. A falta de orao, entretanto efetua mudanas. Deus deixar que muitas de suas resolues fiquem suspensas devido falta de cooperao dedicada de seu povo. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra, ter sido ligado no cu, e tudo o que desligardes na terra, ter sido desligado no cu (Mt 18:18). Estamos bem familiarizados com estas palavras de nosso Senhor, mas devemos compreender que elas se referem orao, e so seguidas imediatamente por esta afirmativa de Cristo: Em verdade tambm vos digo que, se dois entre vs, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes- concedida por meu Pai que est nos cus (v.19).

O Cu governado pela Terra


Aqui, afirma-se claramente o relacionamento entre a orao e a obra de Deus. Deus, no cu, somente ligar e desligar o que seus filhos, sobre a terra, ligaram ou desligaram. Muitas coisas h que precisam ser ligadas, mas Deus no as ligar sozinho. Deseja que seu povo as ligue na terra primeiro, e ento Ele as ligar no cu. Tambm h muitas coisas que devem ser desligadas; mas, de novo, Deus no deseja deslig-las sozinho: espera at que seu povo as desligue na terra, ento ele as desligar no cu. Pense nisto: Todas as aes do cu so governadas pelas aes da terra! E da mesma forma todos os acontecimentos do cu so restritos pelos acontecimentos da terral Deus tem grande deleite em colocar todas as suas obras sob o controle de seu povo. (Devese ressaltar que estas palavras de Mateus no foram ditas a pessoas carnais, porque tais pessoas no esto qualificadas 5

Para ouvi-las. Tenhamos muito cuidado aqui para que a carne no interfira, pois nesse caso estaremos ofendendo a Deus em muitos aspectos.) H uma passagem em Isaas que transmite o pensamento encontrado em Mateus: Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou: Quereis, acaso, saber as coisas futuras? quereis dar ordens acerca de meus filhos e acerca das obras de minhas mos? (45:11). Ao examinar esta palavra, possamos ns ser verdadeiramente piedosos, no permitindo que a carne entre de maneira sutil. Deus deseja homens humildes como ns para comand-Lo! Ele comea a fazer sua obra quando ordenamos! Toda a ao de Deus no cu, seja ligar ou desligar, feita de acordo com nossa ordem na terra. Primeiro e preciso que a terra ligue antes que o cu o possa fazer; a terra deve primeiro desligar para que o cu tambm o faa. Deus nunca faz nada contra sua vontade. No porque a terra ligou alguma coisa que o Senhor seja forado a ligar aquilo que no desejava. No assim. Ele figa no cu o que foi ligado na terra simplesmente porque sua vontade original sempre foi ligar o que sobre a terra foi ligado. Espera at que seu povo sobre a terra ligue o que os cus tm desejado ligar, e ento obedece sua ordem e liga para eles o que pediram. O prprio fato de Deus estar disposto a ouvir a ordem de seu povo e ligar o que foi ligado evidncia de que j era sua vontade fazer tal coisa (porque todas as vontades de Deus so eternas). Por que ele no liga antes? Uma vez que sua vontade ligar, e essa vontade eterna, por que no liga ele antes o que devia ser ligado segundo sua prpria vontade? Por que deve ele esperar at que a terra ligue para depois e ele ligar no cu? E verdade que o que no ligado na terra no pode ser ligado no cu? Se houver demora em ligar na terra, haver tambm demora no cu? Por que deve Deus esperar que a terra ligue o que ele h muito desejou ligar? Seja-me permitido dizer que e ao responder a estas perguntas o crente pode tornar-se mais til nas mos de 6

Deus. J conhecemos o motivo da criao do homem. Deus cria o homem para que possa se unir com ele e derrotar Satans e suas obras. Criado com livre-arbtrio, espera-se que o homem exera sua vontade de ter unio com a vontade de Deus em oposio vontade de Satans. Esse o propsito da criao e tambm o propsito da redeno. A vida toda do Senhor Jesus demonstra este princpio. No sabemos o motivo, entretanto sabemos que Deus no age independentemente. Se o povo de Deus falhar em mostrarlhe simpatia, cedendo-lhe sua vontade e tendo unidade mental com ele em orao, Deus prefere esperar e adiar sua obra. Ele se recusa a agir sozinho. Ao pedir que seu povo trabalhe com ele, recebe glria. Embora ele seja Todopoderoso, deleita-se em que sua onipotncia seja circunscrita por seus filhos. Embora seja zeloso de sua prpria vontade, temporariamente permitir que Satans mantenha a ofensiva se seu povo esquecer-se da vontade divina e falhar em mostrar simpatia na cooperao com Deus. Oh, que os filhos de Deus no fossem to frios como se mostram hoje! Que fossem mais dispostos a negar-se a si mesmos e submeter-se vontade de Deus tendo maior cuidado por sua glria e guardando sua palavra! Ento a vontade de Deus referente a esta poca seria realizada rapidamente; a igreja no estaria em tamanha confuso; os pecadores no estariam to endurecidos; a vinda do Senhor Jesus e seu reino chegariam mais cedo; Satans e seus poderes seriam jogados mais cedo no poo sem fundo, e o conhecimento do Senhor encheria mais rapidamente a terra. Devido ao fato de que os crentes se preocupam demasiadamente com seus prprios afazeres e falham em trabalhar com Deus, muitos inimigos e muita falta de lei no so amarrados, e muitos pecadores e muita graa no so libertados. Quo restrito fica o cu pela terra! Uma vez que Deus nos respeita tanto, no podemos ns confiar nele da mesma forma? Como que ligamos o que Deus deseja, e desligamos o que Deus quer? A resposta do Senhor Jesus : Concordarem 7

a respeito de qualquer coisa que pedirem. Ora, isto orao a orao do corpo de Cristo. O ponto alto de nosso trabalho com Deus e pedir a uma s voz que Deus realize o que deseja. O significado verdadeiro da orao que a pessoa que ora o faa pelo cumprimento da vontade daquele a quem ora. Orao a oportunidade pela qual expressamos nosso desejo da vontade de Deus. A orao significa que nossa vontade est do lado de Deus. Fora disto no existe orao.

O Ego e a Orao
Quantas oraes hoje em dia realmente expressam a vontade de Deus? Em que medida esquecemos de ns mesmos completamente e procuramos somente a vontade do Senhor? Quantos crentes esto realmente trabalhando com Deus em orao? Quantos de ns realmente estamos declarando diariamente perante ele sua vontade e derramando nossos coraes em orao para que ele possa manifestar-nos sua vontade, qualquer que ela seja? Que se reconhea claramente que o egosmo pode manifestar-se nas outras reas e tambm na orao! Quo mltiplos so os pedidos para ns mesmos! Quo fortes so nossas opinies, desejos, planos e aspiraes! Tendo tanto de ns mesmos na orao, como podemos esperar ser capazes de esquecermos de ns mesmos completamente e procurarmos a vontade de Deus em orao? A autonegao deve ser praticada em tudo. E to essencial na orao como no agir. E preciso saber que os redimidos devem viver para o Senhor aquele que morreu e agora vive para ns. Devemos viver inteiramente para ele e nada procurar para nos mesmos. A orao faz parte das coisas que devemos consagrar a Deus. Prevalece um srio erro em nossa compreenso, isto , que sempre pensamos na orao como um canal para expressar o de que precisamos como nosso pedido de socorro a Deus. No percebemos que orar pedir que Deus cumpra suas necessidades. Devemos compreender que o pensamento original de Deus certamente no permitir que 8

os crentes alcancem os prprios alvos mediante a orao; antes, Deus realizando seu propsito por meio das oraes dos crentes. Isto no quer dizer que os cristos nunca devem pedir ao Senhor que supra suas necessidades. Serve somente para indicar que primeiro precisamos compreender o significado e os princpios da orao. Sempre que o crente estiver passando por necessidades, primeiro deve inquirir: Tal falta afetar a Deus? Ele deseja que eu passe necessidade? Ou sua vontade suprir minha necessidade? Ao ver que a vontade de Deus suprir sua necessidade, ento pode pedir-lhe que supra a necessidade dele suprindo a sua. Tendo conhecido a vontade dele, voc deve orar de acordo com essa vontade. Voc ora para que ele preencha a necessidade divina. A questo j no se sua necessidade ser suprida, mas se a vontade de Deus ser feita. Embora sua orao de hoje no seja muito diferente da do passado, entretanto o que agora voc procura e que seja feita a vontade de Deus nesta questo particular e pessoal, e no que sua prpria necessidade seja suprida. E aqui registram-se muitos fracassos: os crentes, muitas vezes, do prioridade s suas necessidades; embora saibam que a vontade do Senhor , suprir-lhes as necessidades, no conseguem esquecer-se de mencionar essas necessidades em primeiro lugar em suas oraes. No devemos orar somente por nossas necessidades. No cu e na terra s uma orao legtima e aceitvel a Deus a que lhe pede que se cumpra sua vontade. Nossas necessidades deviam-se perder na vontade de Deus. Sempre que virmos a vontade de Deus concernente nossa necessidade, devemos, imediatamente, despojar-nos de nossa necessidade e pedir-lhe que cumpra a sua. Pedir ao Senhor, diretamente, que supra nossas necessidades, quaisquer que sejam, no pode ser considerada orao de alto nvel. Na orao, as necessidades, pessoais devem ser tocadas indiretamente, primeiro pedindo que a vontade do Senhor seja feita. Este e o segredo da orao, a chave para a vitria em orao. 9

O propsito de Deus que estejamos to imbudos de sua vontade que nos esqueamos de nossos prprios interesses. Ele nos chama para trabalhar com ele a fim de realizar sua vontade. O trabalho a orao. Por esse motivo ele deseja que aprendamos dele qual seja sua vontade com relao a todas as coisas para que possamos, ento, orar segundo sua vontade. A orao verdadeira trabalho real. Orar de acordo com a vontade e Deus e orar somente pedindo sua vontade deveras obra que exige a negao pessoal. A menos que nos despojemos completamente de ns mesmos, e no tenhamos o mnimo interesse prprio, mas vivamos absolutamente para o Senhor e procuremos sua glria somente, no gostaremos do que ele gosta, no procuraremos o que ele procura, nem oraremos da maneira que ele deseja que oremos. No resta dvida que trabalhar para Deus sem o interesse prprio muito difcil; mas orar sem nenhum interesse prprio e ainda mais difcil. No obstante todos os que vivem para Deus devem fazer isso. Nas geraes passadas o Senhor no fez muitas coisas que pode fazer e gosta de fazer, por causa da falta de cooperao de seus filhos. O fracasso no est em Deus, mas em seu povo. Se analisarmos nossas prprias histrias pessoais veremos mesmo triste estado. Tivssemos tido f maior e mais orao, nossa vida no teria sido to ineficaz. O que o Senhor procura agora e que seus filhos estejam dispostos a unir-se a sua vontade e expressar tal unio mediante a orao. Crente algum jamais experimentou completamente a grandeza da realizao por meio da unio com a vontade de Deus.

Orao Preparao do caminho de Deus


Um servo do Senhor disse de forma correta: A orao a estrada da obra de Deus. Deveras, a orao est para a 10

vontade de Deus assim como os trilhos esto para o trem de ferro. A locomotiva tem poder: capaz de correr milhares de quilmetros por dia. Mas se no existirem trilhos, no poder avanar um centmetro sequer. Se ousar mover-se sem eles, logo afundar na terra. Pode percorrer grandes distncias, mas no pode andar onde no existem trilhos. Tal a relao entre a orao e o trabalho de Deus. No acho necessrio explicar com detalhes, pois acredito que todos podem reconhecer o significado desta parbola. No h dvida que Deus Todo-poderoso e opera poderosamente, mas no pode trabalhar nem trabalhar se voc e eu no trabalharmos com ele em orao, se no prepararmos o caminho para sua vontade, e orarmos com toda orao e splica (Ef 6:18) para dar-lhe a capacidade de operar. Muitas so as coisas que Deus deseja fazer e gostaria de faz-las, mas suas mos esto atadas porque seus filhos no cooperam com ele e no oram a fim de preparar os seus caminhos. Deixe-me dizer a todos que se deram inteiramente a Deus: Examinem-se a si mesmos de verdade e vejam se no tm limitado a Deus nesse respeito diariamente. Da que nosso trabalho mais importante preparar o caminho do Senhor. No h outra obra que se possa comparar a esta. Com Deus h muitas possibilidades; mas estas se transformaro em impossibilidades se os crentes no abrirem caminhos para Deus. Tendo isto como alvo, nossas oraes com a mente de Deus devem ser grandemente aumentadas. Que possamos orar exaustivamente isto , que possamos orar em todas as direes para que a vontade de Deus prospere em todas as direes. Embora nossas atividades entre os homens sejam importantes, nosso trabalho com o Senhor, mediante oraes, muito mais. A orao no a tentativa de restaurar o corao do cu. totalmente errneo o conceito de que Deus muito duro, e por isso precisamos entrar no combate da orao contra ele para subjug-lo e assim fazer com que ele modifique sua deciso. Toda orao em desacordo com a vontade de Deus totalmente vazia. Que nos asseguremos de 11

estar lutando perante Deus como se em conflito pela simples razo de sua vontade estar sendo bloqueada pelos homens ou pelo diabo, e desta forma desejamos que ele execute sua vontade a fim de que ela no sofra por causa da oposio. Desejando, desse modo, a vontade de Deus e orando sim, at mesmo lutando contra tudo que se oponha sua vontade, preparamos o caminho para que ele execute sua vontade sem permitir que o que procede do homem ou do diabo prevalea temporariamente. verdade que parece estarmos lutando contra Deus; mas tal luta no contra Deus, como se quisssemos faz-lo mudar sua vontade para se acomodar a nosso prazer; , em realidade, contra tudo o que se ope a Deus de modo que ele possa cumprir sua vontade. A vista disto, percebamos que somos incapazes de orar como cooperadores de Deus, a menos que realmente conheamos sua vontade. Agora, j tendo compreendido um pouco do verdadeiro significado da orao, redobremos nosso cuidado para que a carne no interfira. Pois, note, por favor, que se o prprio Deus enviasse trabalhadores, Cristo no nos teria mandado orar ao Senhor da seara para que mande trabalhadores! Se o nome de Deus mui naturalmente fosse santificado, se seu reino viesse sem necessidade de nossa cooperao, e se sua vontade fosse feita automaticamente na terra, o Senhor Jesus jamais nos teria ensinado a orar da forma como o fez. E se ele vai voltar sem a necessidade de uma resposta da sua igreja, o Esprito do Senhor no teria movido o apostolo Joo a clamar para que ele voltasse cedo. Se Deus o Pai espontaneamente fizesse com que todos os crentes fossem um teria nosso Senhor, porventura, orado a seu Pai com esse fim? Se o trabalhar com Deus no e essencial, qual ser o valor da intercesso contnua de nosso Senhor no cu? Oh, que percebamos que a orao de lealdade a Deus mais vital do que qualquer outra coisa! Pois que Deus s pode operar nos assuntos pelos quais seus filhos mostraram simpatia. Ele se recusa a operar nas reas em que no existem oraes e nas quais a vontade de seu povo no est 12

unida com a sua. A orao de vontades unidas a resposta; unir a vontade do homem com a de Deus de modo que ele possa operar. s vezes pedimos incorretamente e, portanto, nossa orao fica sem resposta; mas se nossa vontade estiver unida vontade de Deus, ele ainda ganhar, porque mediante nossa simpatia ele pode executar sua vontade.

CAPTULO 2 ORAR SEGUNDO A VONTADE DE DEUS


Leitura Bblica: 1Jo 5:14; Sl 119:147, 148; Dn 10:1-21

Ao lermos o captulo 10 de Daniel, que nos fala de sua vida de orao, devemos notar pelo menos dois pontos.

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Primeiro
O primeiro ponto que se deve notar que aquele que ora verdadeiramente uma pessoa que no somente vai a Deus com freqncia, mas tambm cuja vontade freqentemente encaixa-se na vontade de Deus quer dizer, seu pensamento muitas vezes entra no pensamento de Deus. Este um princpio muitssimo importante da orao. H um tipo de orao que se origina inteiramente de nossa necessidade. Embora, s vezes, o Senhor oua a tais oraes, ele, no obstante, pouco ou quase nada delas aproveita. Por favor, preste ateno a este versculo: Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma (Salmo 106:15). Que significa esta passagem? Ao Israel clamar a Deus pela gratificao de sua avidez, ele respondeulhes dando o que pediram, entretanto, o resultado foi que se enfraqueceram perante ele. Oh, sim, s vezes Deus ouve e responde as nossas oraes somente para satisfazer nossas necessidades, ainda que sua divina vontade no se realize. Que compreendamos que este tipo de orao no tem muito valor. Mas h outro tipo de orao que procede da prpria necessidade de Deus. de Deus e se inicia em Deus. E tal orao de valor incalculvel. A fim de ter tal tipo de orao a pessoa que ora no somente tem de aparecer com freqncia pessoalmente perante Deus, mas tambm tem de permitir que sua vontade se perca na vontade de Deus, seu pensamento deve perder-se no pensamento de Deus. Por viver na presena do Senhor, tal pessoa pode conhecer sua vontade e pensamentos. E estas vontades e pensamentos divinos tornam-se seus prprios desejos, que ento ela expressa em orao. Oh, como devemos aprender este segundo tipo de orao! Embora sejamos imaturos e fracos, podemos no obstante achegar-nos a Deus e deixar que seu Esprito leve nossa vontade para a vontade de Deus e nosso pensamento para o pensamento de Deus. Ao nos apropriarmos um pouco 14

de sua vontade e pensamento compreendemos um pouco mais como opera o Senhor e o que requer de ns. De modo que, gradativamente, a vontade e o pensamento de Deus, que conhecemos e que fazem parte de nos, transformam-se em nossa orao. E tal orao de grande valor. Tendo entrado no pensamento de Deus e assim apropriado de sua vontade e propsito, Daniel encontrou em seu corao os mesmos desejos de Deus. O anelo de Deus foi reproduzido em Daniel e se transformou em seu desejo. De modo que, ao expressar este desejo em orao com gritos e gemidos, na verdade estava articulando o desejo de Deus. Precisamos deste tipo de orao, porque ele realmente toca o corao divino. No mais precisamos de palavras; o que necessitamos tocar mais a mente do Senhor. Que o Esprito de Deus nos faa penetrar nos Planos do corao de Deus. claro que leva tempo para aprender este tipo de orao. No comeo de tal aprendizagem no procuremos mais palavras nem mais pensamentos. Nosso esprito deve estar calmo e em repouso. Podemos levar nosso estado atual ao Senhor e examin-lo luz de sua presena, ou podemos nos esquecer de nosso estado e simplesmente meditar em sua palavra perante ele. Ou podemos simplesmente viver perante ele e tentar toc-lo com nosso esprito. De fato, no somos ns que samos para encontrar a Deus; Deus que espera por ns. E na presena dele percebemos alguma coisa e tocamos a sua vontade. A maior sabedoria vem, de fato, desta fonte. Assim, nossa vontade entra em sua vontade e nosso pensamento entra em seu corao. E da nossa orao subir a ele. Ao trazermos a Deus nossa vontade e pensamento sua prpria vontade e pensamento comeam a ser reproduzidos em ns, e ento isto se torna nossa vontade e pensamento. Este tipo de orao muitssimo valioso e de grande peso. Lembremo-nos do que o Senhor Jesus disse acerca da orao: Portanto, vs orareis assim: Pai nosso que ests nos cus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, faa-se a tua vontade, assim na terra como no cu (Mt 6:9, 10). Estas 15

palavras no so simplesmente para repetirmos. Sendo reveladoras da vontade e do pensamento de Deus, devem ser reproduzidas em ns quando o Esprito de Deus leva nossa mente para Deus. E medida que se tornam nossa vontade e pensamento, a orao que ento proferimos valiosssima e de muita autoridade. possvel fazer dois tipos diferentes de orao acerca do mesmo assunto. Um tipo procede de nossa prpria vontade. baseado em nosso prprio pensar e nossas prprias expectativas. O Senhor pode ouvir nossa orao e responder a ela, mas tal orao tem valor muito pequeno. Se, por outro lado, trazemos o assunto perante Deus e deixamos que seu Esprito una nossa vontade com a vontade de Deus e nosso pensamento com o pensamento de Deus, descobriremos dentro de ns um anseio profundo: a reproduo da vontade e, do pensamento dele. Suponhamos que o Senhor est sentido e pesaroso com a morte dos homens. Tambm ns sentiremos o urgente desejo de que alma alguma se perca. E a reproduo do corao de Deus que nos capacita a orar com gemidos interiores. Se o Senhor estiver magoado e ansioso por causa do fracasso de seus filhos, esse mesmo fardo se reproduzir em ns; e o resultado ser que teremos o mesmo anseio de no desejar ver um filho de Deus cair em trevas e pecado. Assim, orao e intercesso fluiro de ns. Ali confessaremos os pecados, suplicaremos perdo, e pediremos que Deus purifique seus filhos. Portanto, um tipo de orao apresentado de acordo, com nossa vontade; o outro tipo a vontade de Deus que se reproduziu em ns e se tornou nossa vontade. Estes dois tipos de orao so extremamente diferentes. No ltimo caso, quando qualquer crente se aproxima de Deus, a vontade de Deus se reproduzir nele. Tornar-se- sua prpria essncia. E a orao feita desta forma ter valor e autoridade. Deus tem muitas coisas que fazer na terra, em muitas reas. Como, ento, podemos orar segundo nosso prprio sentimento e pensamento? Devemos nos aproximar de Deus 16

e permitir que ele imprima em ns o que ele deseja para que possamos interceder com gemidos. s vezes, quando nos aproximamos de Deus, ele coloca em ns sua vontade de espalhar o evangelho, e isto logo se torna uma obrigao para ns. E quando oramos de acordo com essa obrigao, sentimos como que se nosso prprio gemido estivesse divulgando a vontade de Deus. O Senhor pode colocar em ns uma variedade de vontades ou reproduzir em ns diferente fardos. Mas qualquer que seja a vontade ou fardo, sempre que for reproduzido em nosso corao somos capazes de fazer a vontade do Senhor nossa prpria vontade e orar de acordo com ela. Quando Daniel se apresentou perante Deus, tocou em determinado assunto; e ento vimos que orou por isso com gemidos profundos. Tal orao e preciosa e de grande substncia. Pode santificar o nome de Deus, apressar o seu reino e fazer com que a sua vontade prevalea sobre a terra como no cu.

Segundo
O segundo ponto que devemos notar : quando fizermos este tipo de orao, sacudiremos o inferno e afetaremos a Satans. Por isto Satans levantar-se- para impedir este tipo de orao. Todas as oraes que vm de Deus tocam os poderes das trevas. Aqui se apresenta um combate espiritual. Talvez nossos corpos fsicos, nossas famlias ou qualquer coisa que nos pertena seja atacada por Satans. Pois sempre que este tipo de orao feito, ocorre ataque satnico. O inimigo ataca para que nossa orao cesse. Ele pode at tentar lanar algum obstculo que atrase a resposta nossa orao. Essa orao devia receber uma resposta rpida; entretanto, a resposta parece estar suspensa no ar. Deste mesmo modo a resposta orao de Daniel se atrasou vinte e um dias embora Deus o tivesse ouvido no dia em que comeou a orar. Nesta situao, que fez Daniel? Ajoelhou-se perante Deus e esperou at que a resposta orao chegasse. 17

Deixe-me fazer esta pergunta: Voc j se perguntou por que sua orao fica sem resposta? Talvez esteja suspensa em algum, lugar, mas dentro do prazo de vinte e um dias! possvel que a resposta do trono j tenha sido dada, mas encontra oposio e fica suspensa no ar. Por qu? Espera mais orao da terra; precisa que mais pessoa humilde e pacientemente esperem pelo Senhor. Oh, aproxime-se da presena de Deus, tenha calma perante ele, deixe de lado seus prprios pensamentos, e entre no pensamento dele. Ento voc compreender o significado da orao e ver por quantos assuntos est Deus esperando que voc ore. H coisas em volta do mundo que devem ser motivos de suas oraes, e assuntos de todos os tipos que devem receber suas oraes. Voc no ora segundo seu prprio sentimento; em vez disso, leva o desejo de seu corao ao desejo do corao de Deus e deixa que a vontade dele se transforme em sua vontade, gemido e esperana no universo. Nada da vontade de Deus jamais liberado sem passar pelo homem, e nada dessa vontade liberada atravs do homem est livre de um encontro com o poder de Satans. Para a realizao da vontade de Deus preciso haver orao; para remover a oposio de Satans preciso orao. Que exercitemos a autoridade da orao desligando o que deve ser desligado e ligando o que deve ser ligado. Que no oremos segundo nossa vontade. Aproximemo-nos de Deus e oremos segundo a vontade que ele reproduziu em ns. Quando Deus diz que isso deve ser feito, ns tambm dizemos que deve ser feito. Quando ele diz que isto no deve existir, ns tambm dizemos que no deve existir. Devemos esquecer de ns mesmos, tocar a vontade de Deus e expressar sua vontade presente por meio da orao.

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CAPTULO 3 ORAO E A OBRA DE DEUS


Com toda orao e splica, orando em todo tempo no Esprito, e para isto vigiando com toda perseverana e splica por todos os santos (Ef 6:18). Assim diz o Senhor Deus: Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel, que lhe multiplique eu os homens como rebanho (Ez 36:37). Sobre os teus muros, Jerusalm, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calaro; vs os que fareis lembrado o Senhor, no descanseis, nem deis a ele descanso at que restabelea Jerusalm e a ponha por objeto de louvor na terra (Isaas 616, 7). 19

Primeiro
Quando Deus opera, assim o faz com lei especfica e princpio definido. Embora ele possa fazer tudo o que lhe agrada, no o faz descuidadamente. Sempre atua de acordo com a lei e princpio que determinou. E inegvel que ele pode transcender a todas estas leis e a todos estes princpios, porque ele Deus e pode agir segundo lhe apraz. No obstante, descobrimos um fato maravilhoso na Bblia: apesar da excelente grandeza e capacidade de operar segundo sua vontade, Deus sempre age segundo a lei ou o princpio que determinou. Parece que ele deliberadamente se coloca sob a lei para ser controlado por ela. Ora, ento qual o princpio da obra de Deus? A obra de Deus tem em sua base um principio primrio: ele deseja que o homem ore, deseja que o homem coopere com ele por meio a orao. Existiu um cristo que sabia muito bem como orar. Declarou que todas as obras espirituais incluem quatro passos: O primeiro que Deus concebe um pensamento, sua vontade; o segundo que Deus revela sua vontade a seus filhos mediante o Esprito Santo, fazendo com que eles saibam que ele tem uma vontade, um plano, uma exigncia e uma expectativa; o terceiro passo que os filhos de Deus respondam vontade dele em orao, pois orar responder vontade de Deus se nosso corao for um com o corao dele, naturalmente proferiremos a orao que ele deseja; e o quarto passo que Deus realize o que pretende. Aqui nos preocupamos no com o primeiro ou com o segundo passos, mas com o terceiro como devemos responder vontade de Deus em orao. Por favor, observe a palavra responder. Todas as oraes de valor possuem este elemento de resposta ou retribuio. Se nossa orao tiver somente o propsito de realizar nosso plano e expectativas no ter muito valor no reino espiritual. A orao deve originar-se em Deus e devemos responder a ela. Somente tal 20

orao tem significado, pois a obra de Deus controlada por ela. H muitas coisas que o Senhor deseja fazer, mas no as faz porque seu povo no ora. Ele espera at que os homens concordem com ele, e ento opera. Este um grande princpio da obra de Deus, um dos princpios mais importantes encontrados na Bblia.

Segundo
A passagem de Ezequiel 36:37 surpreendente. O Senhor diz que tem um propsito: aumentar a casa de Israel como rebanho. Esta a vontade de Deus. O que ele ordena, faz. Entretanto, no realiza instantaneamente, mas espera um pouco. Qual o motivo da espera? Diz o Senhor: Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel. Deus j decidiu multiplicar a casa de Israel, mas deve esperar at que os filhos de Israel perquiram-no sobre o assunto. Vejamos que ainda que ele tenha resolvido realizar certas coisas, no o far imediatamente. Espera at que os homens mostrem acordo antes de prosseguir. Toda vez que opera, nunca o faz imediatamente; no, ele espera, se necessrio, que seu povo expresse o acordo em orao antes de agir. Realmente um fenmeno muito espantoso. Tenhamos sempre em mente esta verdade: todas as obras espirituais so decididas por Deus e desejadas por seus filhos todas iniciam-se em Deus e so aprovadas por seus filhos. Este o grande princpio da obra espiritual. Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel, diz o Senhor. A obra de Deus espera a petio dos filhos de Israel. E um dia os israelitas, com efeito, pediram e Deus, sem tardar, o executou. Vemos este princpio da obra de Deus? Depois de iniciar algo, faz pausa em sua execuo para que oremos. Desde a fundao da igreja, no h nada que Deus faa sobre a terra sem a orao de seus filhos. Desde o instante que tem seus filhos, faz tudo segundo a orao deles. Coloca tudo em sua orao. No sabemos por que ele age assim; mas 21

sabemos que isto um fato. Deus est disposto a chegar posio de se deleitar em cumprir sua vontade por meio de seus filhos. Isaas 62 ilustra este fato: Sobre os teus muros, Jerusalm, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calaro; vs os que fareis lembrado o Senhor, no descanseis, nem deis a ele descanso at que restabelea Jerusalm e a ponha por objeto de louvor na terra (v.6, 7). Deus pretende restabelecer Jerusalm e p-la por objeto de louvor na terra. Como o faz? Pe guardas sobre os muros para que clamem a ele. Como devem eles clamar? No descanseis nem deis a ele descanso devemos clamar a ele incessantemente e no dar-lhe descanso. Devemos continuar orando at que realize sua obra. Embora o Senhor j tenha desejado colocar Jerusalm por objeto de louvor na terra, entretanto pe guardas sobre os muros. Por sua orao ele opera. Insta-os a orar no somente uma vez, mas a orar sem cessar. Continuar a orar at que sua vontade seja feita. Em outras palavras, a vontade de Deus governada pelas oraes do homem. O Senhor espera que oremos. Compreendamos claramente que quanto ao contedo da vontade de Deus o prprio Deus quem decide; nesta deciso no tomamos parte. Entretanto, o fazer sua vontade governado por nossa orao. Certa vez um irmo observou que a vontade de Deus como um trem de ferro, enquanto nossa orao e como os trilhos. O trem pode ir a qualquer lugar, se tiver trilhos sobre os quais correr. Tem poder tremendo para ir ao leste, oeste, sul e norte; mas somente pode ir a lugares onde existam trilhos. Portanto, no porque Deus no tenha poder (ele, como o trem, tem poder, grande poder); mas escolheu ser governado pela orao do homem. Portanto, todas as oraes de valor (como os trilhos do trem) preparam o caminho de Deus. Conseqentemente, se no tomarmos a responsabilidade da orao, impediremos o cumprimento da vontade de Deus. 22

Terceiro
Ao criar o homem Deus deu-lhe livre-arbtrio. Portanto, no universo existem trs vontades diferentes, a saber: a vontade de Deus, a vontade de Satans, o inimigo, e a vontade do homem. As pessoas podem indagar por que, o Senhor no destri Satans em um instante. O Senhor podia, mas no o fez. E por qu? Porque deseja que o homem coopere com ele ao lidar com Satans. Ora, Deus tem sua vontade, Satans a dele e o homem a sua. Deus procura que a vontade do homem se una sua. No destruir a Satans sozinho. No sabemos por que Deus escolheu proceder desta maneira, mas sabemos que ele se deleita em atuar assim: a saber, que no agir independentemente; procura a cooperao do homem. Esta responsabilidade da igreja sobre a terra. Quando o Senhor deseja fazer uma coisa, primeiro ele coloca seu prprio pensamento em nos mediante o Esprito Santo. Somente depois de tornarmos esse pensamento em orao ele o executa. Tal o procedimento da operao divina; Deus no operara nada de outra forma. Ele precisa da cooperao dos homens. Ele precisa de uma vontade que seja una com a sua; que lhe seja favorvel. Se Deus fizer tudo sem envolver a ns, os homens, ento no h absolutamente nenhuma necessidade de estarmos aqui na terra, nem precisamos conhecer a vontade dele. Mas toda a vontade de Deus deve ser feita por ns, pois ele pede que nossa vontade seja una com a sua. Portanto, o primeiro passo para fazermos a vontade de Deus e que expressemos sua vontade em orao. A vontade de Deus expressa mediante nossa orao. Bom seria que percebamos que a orao deveras um trabalho. No h obra mais importante do que a orao porque esta realiza e tambm expressa a vontade de Deus. Donde se depreende que toda orao que procede da vontade do ego e intil. As oraes de acordo com a vontade de Deus originamse em Deus, so-nos reveladas pelo Esprito Santo, e voltam 23

para Deus quando oramos. Toda orao de acordo com a vontade de Deus deve originar-se na vontade dele: os homens meramente reagem a essa vontade e a transmitem. Tudo que comea conosco so oraes sem valor espiritual. Ao lermos a histria da igreja crist, notamos que todo grande reavivamento resultado de orao. Isto nos mostra como a orao capacita o Senhor a fazer o que deseja. No podemos pedir-lhe que faa o que no deseja, embora certamente possamos atrasar o que ele deseja fazer. Deus absoluto; portanto, no podemos mud-lo, nem podemos for-lo a fazer o que no deseja. Ainda assim, quando somos chamados para ser canais de sua vontade podemos sem dvida bloquear a obra de Deus se no cooperarmos com ele. Por isso, nossa orao nunca deve ser no sentido de pedir que o Senhor faa o que no deseja ou tentar mudar sua vontade. simplesmente orar segundo sua vontade, desta forma capacitando-o a fazer o que deseja. No caso de implorarmos com a expectao de for-lo a fazer o que no tem inteno de fazer, estamos desperdiando nosso esforo, pois nossa orao no tem valor algum. Se Deus no deseja agir, quem pode faz-lo agir? S podemos fazer uma coisa, isto , podemos orar segundo o desejo de Deus. Ento ele realizar sua obra porque somos um com ele. Tome, como exemplo, a vinda do Esprito Santo no dia de Pentecostes. Centenas de anos antes do dia de Pentecostes, no tempo de Joel, Deus j havia mencionado esta vinda. Mas o Esprito Santo somente desceu depois de muitos discpulos terem-se reunido e orado. Embora o advento do Esprito tivesse muito tempo atrs sido determinado por Deus, no aconteceu at que seu povo orou. O Senhor capaz de fazer muitas coisas; ainda assim ele gosta de faz-las depois que os homens tenham orado. Ele espera nosso consentimento. Ele j est pronto e disposto, mas quer que tambm estejamos. Muitas so as coisas que ele decidiu fazer, e ainda assim espera, porque ainda no lhe expressamos nosso acordo. Que possamos ver que embora no tenhamos o poder de forar Deus a fazer o que ele no deseja, 24

entretanto podemos pedir-lhe que faa o que deseja. Freqentemente perdemos bnos espirituais porque falhamos em expressar a vontade de Deus em orao. Quo excelente ser se algum se devotar exclusivamente ao trabalho da orao. Deus espera que pessoas tais operem com ele a fim de capacit-lo a terminar sua obra. Alguns crentes podem perguntar por que o Senhor no salva mais pecadores, porque leo faz com que cada crente triunfe. Sinceramente creio que ele faria tais coisas se seu povo tosomente orasse. Ele est disposto a operar, mas primeiro deseja obter um povo que trabalhe com ele. Sempre que o povo comea a trabalhar com ele, ele imediatamente age. Em todas as obras espirituais, o Senhor est sempre esperando uma expresso do desejo de seus filhos. Se determinada coisa ser feita ou no, depender da orao de seus filhos. Ns, portanto, devemos declarar nossa cooperao com ele. Deus espera para abenoar-nos. A pergunta : Oraremos? Os que no conhecem, a Deus podem retorquir desta forma: Se Deus deseja fazer algo, por que ele simplesmente no faz, por que deseja ele que os homens orem? No sabe ele tudo? Tanta orao no incomodar a Deus? Tenhamos em mente, entretanto, que ns, seres humanos, temos o livrearbtrio. Da mesma forma que o Senhor no pode negar sua prpria vontade, ele tambm no pode forar-nos. Ele espera que apresentemos sua vontade em orao. Ainda assim no quer ele que sua vontade seja feita na terra como no cu? Ento, por que no vai em frente e a realiza? Por que o Senhor pede que seus discpulos orem: Pai nosso que ests nos cus,... faa-se a tua vontade, assim na terra como no cu? Se ele deseja que seu reino venha, por que no vem automaticamente? Por que devem os discpulos orar: Venha o teu reino? Por que, se indubitavelmente Deus deseja que seu nome seja santificado por todos, ele no o faz sozinho em vez de exigir que seus discpulos orem: Santificado seja o teu nome? A razo de tudo isto no outra seno o fato de que Deus no deseja fazer nada independentemente; porque escolheu ter a cooperao dos homens. Ele tem o poder, mas 25

precisa que nossas oraes coloquem os trilhos para que o trem de sua vontade possa correr. Quanto mais trilhos colocarmos, tanto mais abundantes sero as obras de Deus. Nossas oraes, portanto, devem servir o propsito de lanar uma enorme rede espiritual de linhas. Quanto mais, melhor.

Quarto
Como devemos colocar trilhos para a vontade de Deus? Resposta: Com toda orao e splica, orando em todo tempo no Esprito (Ef 6:18). Nossa orao deve-se espalhar em muitas direes. Devemos orar constantemente. Faa oraes especficas e tambm gerais. Muitas de nossas oraes so por demais difusas; h buracos em demasia pelos quais Satans tem a oportunidade de penetrar. Se nossas oraes fossem bem feitas e bem guardadas, ele no poderia causar prejuzo. Quando, por exemplo, um irmo sai para pregar, devemos colocar trilhos para ele a fim de que a vontade de Deus se realize por intermdio dele. Se proferirmos somente algumas palavras de orao no especfica, pedindo ao Senhor que abenoe esse irmo, que o proteja e supra suas necessidades, tal rede de orao por demais difusa. Se desejamos orar por uma pessoa em particular, devemos estender para ela uma rede compacta de modo que Satans no possa encontrar brecha alguma pela qual possa penetrar. Como, ento, devemos orar? Enquanto o irmo estiver se preparando para partir, devemos orar por sua sade, bagagem, pelo trem em que vai viajar, at mesmo pelo horrio do trem, pelo descanso e alimento em viagem, e pelas pessoas com quais encontrar no seu caminho. Devemos tambm orar por tudo o que ele fizer depois de desembarcar: orar pelo lugar onde vai ficar, por seus vizinhos, at mesmo pelas coisas que ele vai ler; tambm oremos por seu trabalho; pelo tempo que levar e tambm pelas outras coisas relacionadas com o trabalho. Se orarmos por ele desta forma, ser muito difcil Satans encontrar 26

uma brecha pela qual atac-lo. A obra da orao , portanto, um trabalho real. Os preguiosos, tolos e descuidados no podem fazer tal obra. Entretanto, muitas vezes quando oramos com fervor por uma determinada coisa, isso feito. H outra lio que devemos aprender aqui. Satans to ardiloso que realmente e difcil passarmos frente dele. Somos incapazes de orar por todos os detalhes, e portanto, somente podemos orar desta forma: Senhor, possa teu precioso sangue responder a tudo que vier de Satans. Compreendamos que o precioso sangue de Cristo a resposta para todas as obras do inimigo. Tal orao a melhor que pode ser oferecida contra ele, de modo que jamais ele possa passar atravs desta rede para assaltar o povo de Deus. Toda vez que orarmos, precisamos perceber trs aspectos: primeiro, precisamos, ver a quem oramos; segundo, devemos saber por quem oramos; e terceiro devemos compreender contra quem oramos. Muitas vezes lembramos somente dois aspectos da orao os que se referem a Deus (a quem oramos) e aos homens (por quem oramos). E assim deixamos de perceber o aspecto do inimigo. Na orao devemos no somente saber a quem oramos, mas tambm contra quem oramos. Devemos saber por quem oramos, mas tambm saber que h um inimigo a espreita, pronto a atacarnos. Nossa orao dirigida a Deus, pelos homens, contra Satans. Se cuidarmos destes trs aspectos, Deus certamente operar por ns. Todo aquele que verdadeiramente trabalha para o Senhor deve espalhar uma rede de orao para que ele possa trabalhar mediante essa pessoa. No que Deus no esteja disposto a trabalhar: ele simplesmente espera que seu povo ore. Ele espera ansiosamente que os homens tenham uma vida de orao; sua vontade espera pelas oraes dos homens. Muitas vezes, sem ter determinado um perodo de orao, a pessoa sente a necessidade de orar, como se fora um fardo. Isto indica que h um item na vontade de Deus que requer sua orao. Ore quando sentir o fardo da orao isto orar de acordo com a vontade de Deus. o Esprito. 27

Santo que constrange a fazer a orao segundo a vontade de Deus. Quando o Esprito Santo lev-lo a orar, ore. Se no orar, sufocar-se- por dentro como se alguma coisa tivesse ficado por fazer. No caso de voc ainda no orar, sentir-se- at muito, mas afadigado. Finalmente, se voc no orar d modo nenhum, o esprito da orao e o fardo dela ficaro to embotados que lhes r difcil conseguir de novo tal sentimento fazer a orao segundo a vontade de Deus. Toda vez que Deus coloca um pensamento de orao em ns, seu Esprito Santo primeiro nos leva a sentir a necessidade urgente de orar por esse assunto particular. Assim que recebamos tal sentimento devemos entrega-nos imediatamente orao. Devemos pagar o preo de orar bem por esse assunto. Quando o Esprito Santo nos move, nosso prprio esprito instantaneamente percebe a necessidade como se um grande fardo tivesse sido removido de nossos ombros. Mas, se no levarmos tal fato em orao, ficaremos com o sentimento de algo por fazer. Se no expressarmos tal coisa em orao, no estaremos em harmonia com o corao de Deus. Devemos ser fiis na orao; isto , se orssemos assim que a necessidade chegasse, a orao no se tornaria um peso, em vez disso seria leve e agradvel. uma pena que tanta gente apague o Esprito Santo a. Eles extinguem a sensao que o Esprito Santo d para mov-los a orar. Depois disso, poucas sensaes desse tipo lhes viro. Portanto, j no so vasos teis perante o Senhor. O Senhor nada pode conseguir mediante eles porque j no podem respirar em orao a vontade de Deus. Oh, se cairmos ao ponto de no termos o tardo da orao, ter-nos-emos deveras afundado numa situao demasiadamente perigosa; por j termos perdido a comunho com Deus ele no mais capaz de nos usar em seu servio. Por esse motivo, devemos ter cuidado extra ao lidar com o sentimento, que o Esprito Santo nos d. Sempre que tiver uma necessidade de orao devemos imediatamente inquirir do Senhor: , Deus, pelo que desejas que eu ore? O que desejas realizar que necessita de minha orao? E se orarmos a respeito disso, Deus nos 28

confiar a prxima orao. Se no nos desincumbirmos do primeiro fardo, seremos incapazes de lidar com o segundo. Peamos que o Senhor nos torne parceiros fiis da orao. Assim que o fardo chega, descartamo-lo orando a respeito dele. Se o fardo ficar pesado demais a ponto de no poder ser descartado pela orao, ento devemos jejuar. Quando a orao no pode desfazer o fardo, deve-se seguir o jejum. Mediante o jejum, o fardo da orao pode ser rapidamente vencido, pois o jejum capaz de ajudar-nos a desfazer os fardos mais pesados. Se a pessoa continuar a realizar o trabalho da orao, tornar-se- um canal para a vontade de Deus. Sempre que o Senhor tiver algo para fazer, procurar essa pessoa. Deixeme dizer isto: a vontade de Deus sempre procura uma maneira de se expressar. O Senhor sempre est apreendendo algum ou algumas pessoas para que sejam a expresso de sua vontade. Se muitos se levantarem para fazer esta obra, o Senhor far muitas coisas por intermdio de suas oraes.

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CAPTULO 4 O PRINCPIO DE ORAR TRS VEZES


Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras (Mt 26:44). Por causa disto trs vezes pedi ao Senhor cue o afastasse de mim (2Co 12:8).
H um segredo particular acerca da orao que devemos conhecer, isto , orar trs vezes ao Senhor. Esta orao trplice no fica limitada a somente trs vezes; pode ser feita muitas vezes. O Senhor Jesus implorou a Deus trs vezes no jardim do Getsmani at que sua orao foi ouvida nesse ponto ele parou. Paulo tambm orou a Deus trs vezes, e parou de orar quando recebeu a palavra de Deus. Da que todas as oraes devem obedecer ao princpio triplo. Esta orao trplice no significa que precisados orar somente uma, duas e trs vezes e ento parar. Simplesmente significa que antes de pararmos devemos orar completamente por esse assunto at que Deus nos oua. Este princpio das trs vezes muitssimo significante. Devemos prestar ateno a tal princpio no somente em nossa orao pessoal, mas tambm em nossas reunies de orao. Se esperamos que nossa orao numa reunio cumpra o ministrio da igreja em realizar o que quer que Deus deseja que faamos, devemos lembrar-nos desse princpio importante. 30

O princpio de orar trs vezes . orar completamente, orar at que saibamos com clareza a vontade de Deus, at obtermos sua resposta. Numa reunio de orao, nunca pense que por algum j ter orado por um assunto este no mais necessita de minha orao. Por exemplo, certa irm est doente e oramos por ela. No porque um irmo j orou por essa irm que eu j no precise acrescentar a minha orao dele. No, esse irmo orou uma vez, eu devo orar a segunda vez e outra pessoa a terceira. Isso no implica que cada orao deva ser feita por trs pessoas. A orao deve ser oferecida com fardo. As vezes precisamos de orar cinco ou dez vezes. O importante que h necessidade de orao at que o fardo seja desfeito. Este o princpio de orar trs vezes. Este o segredo do xito de uma reunio de orao verdadeira e proveitosa. No permitamos que nossa orao salte ao derredor como um gafanhoto: pulando a outro assunto antes que o primeiro seja totalmente esgotado, e antes que o segundo assunto tenha recebido a ateno total, pois ento nos encontramos de volta ao primeiro assunto. Tal orao saltitante no desfaz fardos, e, portanto, difcil conseguir as respostas de Deus. Tal orao de pouca utilidade e no preenche o ministrio da orao. A fim de preencher o ministrio da orao devemos ter um fardo de orao perante Deus, No pretendemos ditar leis; somente desejamos apresentar aqui este princpio. Reconheamos isto: o fardo o segredo da orao. Se a pessoa no sente dentro de si o fardo para orar por um assunto em particular, dificilmente ter xito em orao. Numa reunio de orao alguns irmos podem mencionar muitos pedidos de orao. Mas se voc no for tocado interiormente, no pode orar. Portanto, cada irmo e irm que yem a uma reunio de orao deve ter um fardo de orao a fim de orar. Ao mesmo tempo no se absorva totalmente na considerao de que fardo voc possui; deve tambm perceber o fardo dos outros irmos e irms que esto na reunio. Por exemplo, uma irm pode estar tendo problemas com o 31

marido; outro irmo pode estar doente. Se na reunio de orao uma pessoa pede que Deus salve o marido dessa irm, e seguida por outra pessoa que pede que Deus cure a doena desse irmo, e por sua vez seguida por outro indivduo que lembra perante Deus algo mais, ento cada pessoa est orando somente por seu assunto em particular. Tal orao no est de acordo com o princpio do orar trs vezes. Pois no exemplo que acabamos de dar, o que est acontecendo que antes que um assunto tenha sido totalmente esgotado, o segundo tpico j est sendo motivo de orao. Conseqentemente, numa reunio de orao os irmos que se reuniram devem notar se um fardo de orao pelo primeiro assunto j foi desfeito. Se todos orarem por essa irm e o fardo da orao for desfeito, os crentes podem ento orar pelo irmo doente. Antes que o fardo da orao do primeiro tpico seja desfeito, os que esto orando juntos no devem mudar para o segundo ou o terceiro pedidos de orao. Suponha que o grupo inteiro ainda esteja envolvido em um assunto particular. Ento ningum presente deve tentar acrescentar orao que seja somente segundo seu prprio sentimento pessoal. Os irmos devem aprender a fazer contato com o esprito da reunio toda. Devem entrar no sentimento da assemblia. Percebamos que por alguns assuntos precisamos orar somente uma vez e o fardo desfeito. Mas outros assuntos talvez necessitem de mais orao, ao passo que s vezes devemos orar trs ou cinco vezes por outros assuntos antes que os diversos fardos sejam desfeitos. Sem levar em considerao o nmero de vezes, o fardo deve ser desfeito antes que a orao a respeito de certo item seja concluda. O princpio de orar trs vezes no nada mais que orar at que o fardo seja levantado. Em tudo isto, claro, os crentes devem tambm compreender a diferena entre a orao pessoal e a orao coletiva. Quando a pessoa est orando sozinha, pensa somente em seus fardos; mas na orao coletiva todos deviam notar o fardo da reunio em vez de prestar ateno 32

aos seus prprios. Portanto, numa reunio de orao os irmos devem aprender a perceber o sentimento da reunio, Para algumas coisas, orar uma vez suficiente. No h necessidade de orar outra vez, pois a assemblia no mais tem o fardo. Mas por outras coisas, orar uma nica vez no o suficiente. Talvez precisemos orar outra vez, a terceira ou a quinta vez por esses assuntos. Antes que um fardo seja desfeito, ningum deve comear a orar acerca de outro. Todos devem esperar que o primeiro fardo seja levantado; erigia algum pode mudar para outro assunto medida que o Senhor apresentar o fardo para orao. De modo que na reunio de orao, aprendamos a orar por certo assunto permitindo que uma, duas, trs ou cinco pessoas orem conforme necessrio. No no sentido de cada um fazer sua prpria orao, mas orar de comum acordo enquanto nos reunimos. A orao de comum acordo algo que devemos aprender. Certa pessoa pode ser capaz de orar por si mesma, cinco pessoas podem ser capazes de orar respectivamente, mas todos ns, quando nos reunimos devemos aprender um novo tipo de orao, que a orao de comum acordo. Percebamos que a orao pblica ou coletiva no vem automaticamente; deve ser aprendida. Se dois dentre vs, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes concedida por meu Pai que est nos cus (Mt 18:19). Isto no algo insignificante. Devemos aprender a perceber o sentimento dos outros, aprender a tocar o que chamado de orao da igreja, e aprender a discernir quando o fardo levantado. Ento saberemos como realizar o ministrio da orao na reunio.

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CAPTULO 5 A ORAO QUE DESAFIA SATANS


Leitura Bblica: Lc 18:1-18

Os trs aspectos da orao


Nossa orao possui estes trs aspectos: (1) ns mesmos, (2) o Deus a quem oramos, e (3) nosso inimigo, Satans. Toda orao verdadeira possui os trs aspectos. Quando oramos, naturalmente o fazemos por nosso prprio bem-estar. Temos necessidades, desejos e expectativas e ento oramos por eles. Oramos a fim de suprir nossos pedidos. Mesmo assim, na orao verdadeira no devamos simplesmente pedir as coisas relacionadas com o nosso prprio bem-estar; devemos tambm orar para a glria de Deus e para que o cu governe a terra. Embora as respostas s nossas oraes nos tragam benefcios, a realidade do reino espiritual mostra da mesma forma que o Senhor obtm glria e que sua vontade feita. Resposta orao d ao Senhor muita glria, pois revela a grandeza excelente de seu amor e poder ao atender ao pedido de seus filhos. Tambm indica que sua vontade seja feita. No precisamos examinar isto com detalhes, pois todos os fiis filhos do Senhor que tm alguma experincia na orao conhecem a relao entre estes seus dois aspectos. Mas o que gostaramos de lembrar aos crentes de hoje o fato de que se na orao atentarmos para estes dois aspectos somente, Deus e o homem, nossa orao ainda imperfeita. Embora possa ser bastante eficaz, entretanto, existe derrota porque ainda no dominamos o verdadeiro significado da orao. Sem dvida, todos os crentes espirituais esto cnscios da relao absoluta entre a orao, a glria e a 34

vontade de Deus. A orao no visa apenas ao nosso prprio bem. Ainda assim, tal conhecimento incompleto, devemos tambm notar o terceiro aspecto: que enquanto oramos ao Senhor, o que pedimos e o que Deus promete inexorvelmente feriro o inimigo. Sabemos que o regente do universo Deus. No obstante, Satans chamado de o prncipe deste mundo (Jo 14:30) pois que o mundo todo jaz no maligno (1Jo 5:19). Assim, vemos que h duas foras diametralmente opostas neste mundo, cada uma procurando vencer a outra. verdade que Deus tem a vitria final; entretanto, nesta era antes do reino milenar, Satans continua a usurpar poder neste mundo para opor-se obra, vontade e aos interesses de Deus. Ns que somos filhos de Deus pertencemos a ele. Se ganharmos qualquer coisa sob sua mo, naturalmente significar que seu inimigo sofrer a perda. A soma de ganho que temos a quantia da vontade de Deus realizada. E a quantia vontade de Deus realizada , por sua vez a soma a perda sofrida por Satans. Uma vez que pertencemos a Deus, Satans procura frustrar-nos, afligir-nos ou suprimir-nos e no deixar que nos firmemos. Este seu objetivo, embora tal meta possa no ser alcanada porque podemos chegar ao trono da graa pelo precioso sangue de nosso Senhor Jesus, pedindo a proteo e o cuidado de Deus. medida que Deus ouve nossa orao, o plano de Satans definitivamente derrotado. Ao responder nossa orao Deus subverte a vontade maligna de Satans, e, conseqentemente, este no pode maltratar-nos segundo este esquema. Tudo o que ganhamos em orao perda do inimigo. De modo que nosso ganho a glria do Senhor esto em proporo inversa: perda de Satans. Um ganha, o outro perde; um perde, o outro ganha. vista disto, em nossa orao no devamos considerar somente nosso bem-estar e a glria e a vontade de Deus, mas tambm observar o terceiro aspecto o que pertence ao inimigo, Satans. A orao que no leva em considerao os trs aspectos, superficial, de pequeno valor, e pouco realiza. 35

No temos necessidade de falar acerca das oraes superficiais; no fazem sentido e no procedem do corao pois no tm efeito algum sobre qualquer dos trs aspectos da orao. No caso de um cristo carnal, at mesmo sua orao sensvel enfatiza somente o aspecto de seu prprio bem-estar. Seu motivo na orao beneficiar-se a si mesmo. O que tem em mente apenas suas prprias necessidades e desejos. Se to-somente puder fazer com que o Senhor responda sua orao e lhe conceda o que o seu corao deseja, ento est satisfeito. No reconhece que existe tal coisa como a vontade de Deus, nem est cnscio do que seja a glria de Deus. E claro que no tem a menor idia a respeito do aspecto da presena de Satans. Mas nem todos os crentes so carnais. Agradecemos ao Senhor e louvamo-lo porque muitos dentre seus filhos so espirituais. Quando oram, seu propsito no egosta de tal forma que fiquem satisfeitos se o Senhor to-somente responder sua orao suprindo-lhes as necessidades pessoais. Tambm do grande ateno glria e vontade de Deus. Esperam que ele lhes responda orao no porque desejam conseguir algo para si mesmos, mas porque Deus ser glorificado na resposta sua orao. Ao orar, no insistem em receber aquilo pelo que oram, porque tm cuidado somente da vontade de Deus. Quanto a essa vontade, no h questo em saber se o Senhor se agrada em conceder sua petio, mas se a resposta orao no entrar em conflito com a vontade da obra, do governo e do plano de Deus. D-se ateno no somente orao em si mesma, mas tambm ao relacionamento de tal orao com a perspectiva ampla da obra do Senhor. Portanto, sua orao cobre os dois aspectos: Deus e o homem. Entretanto, muito poucos cristos consideram o terceiro aspecto o de Satans em sua orao. O objetivo da orao verdadeira toca no somente o ganho pessoal (s vezes nem se pensa neste aspecto), mas tambm a glria de Deus e a perda do inimigo. No consideram que seu prprio bem-estar seja de importncia maior. Em vez disso, conside36

ram sua orao altamente eficaz se fizer que Satans perca e que Deus seja glorificado. O que procuram em orao a perda do inimigo. Sua viso no est restrita ao seu ambiente imediato, mas tem como perspectiva a obra de Deus e sua vontade no mundo inteiro. Deixe-me acrescentar que com isso no quero sugerir que somente levam em considerao os aspectos de Deus e Satans e esquecem inteiramente do aspecto pessoal da orao. De fato, quando a vontade de Deus feita e Satans sofre perda, estas pessoas inexoravelmente tero benefcio. O progresso espiritual do santo pode, portanto, ser julgado pela nfase dada em sua orao.

A parbola de Lucas 18
Na parbola registrada em Lucas 18:1-8, nosso Senhor Jesus abrange os trs aspectos da orao sobre os quais estamos falando. Com relao a isto, note, por favor, que encontramos meno de trs pessoas na parbola, a saber, (1) o juiz, (2) a viva e (3) o adversrio. O juiz (de um modo negativo) representa a Deus, a viva representa a igreja de hoje ou os cristos fiis, enquanto o adversrio representa nosso inimigo, o diabo. Quando explicamos esta parbola, muitas vezes damos ateno somente relao entre o juiz e a viva. Notamos que o juiz, que no teme a Deus nem respeita aos homens, finalmente decide o caso da viva por causa de sua petio incessante; e, conclumos, que uma vez que nosso Deus no como este juiz inquo, por certo nos atender rapidamente se orarmos. Ora, isto quase tudo o que explicamos com respeito a esta parbola. Mas muitos de ns estamos inconscientes do fato de estarmos negligenciando outra pessoa importante da parbola. Vejamos que se no houvesse o adversrio esta viva no teria necessidade de comparecer perante o juiz. Porm ela levada a procurar o juiz porque est sendo oprimida pelo adversrio. Especialmente quando consideramos suas palavras ao juiz no podemos deixar de reconhecer 37

o lugar que o adversrio tem nesta histria. Para ser breve, as Escrituras meramente registram estas poucas palavras: Julga a minha causa contra o meu adversrio, mas esta curta sentena contm muito! No representa ela uma situao agonizante? Ao pedir justia revela que houve erros cometidos. De onde vm tais erros e tais ofensas? Procedem da opresso do adversrio: e assim descobre-se a profunda inimizade que existe entre ele e a viva. Fala tambm do severa sofrimento que esta viva tem passado nas mos do adversrio. O que reclama perante o juiz deve ser indubitavelmente uma recapitulao de suas experincias passadas e sua situao atual. E ela pede que o juiz julgue os atos errados cometidos contra ela e que lhe faa justia. Em certo sentido, este adversrio a figura central da parbola. Sem ele no haveria a perturbao da viva e ento ela no compareceria perante o juiz estaria mui comodamente vivendo em paz. Sem dvida, no havendo o adversrio no haveria nem histria nem parbola, pois o que ocasiona todos os problemas esse adversrio: ele o instigador de todas as confuses e aflies. E assim deve ser o foco de nossa ateno enquanto examinamos os trs personagens desta parbola, um a um.

O Juiz
Este juiz a nica autoridade numa determinada cidade. Governa-a inteiramente. Em certo sentido esta uma figura do poder e autoridade de Deus. Embora no presente Satans reine temporariamente sobre o mundo, ele somente um usurpador que ocupou o mundo pela fora. Quando o Senhor Jesus morreu na cruz, lanou fora o prncipe deste mundo. Em sua morte ele despojou os principados e as potestades, publicamente os exps ao desprezo, triunfando deles na cruz (Cl 2:15). Embora o mundo ainda esteja no maligno, e totalmente ilegal. E Deus j determinou um dia quando o reino ser retomado e seu Filho ser o Rei deste mundo por mil anos, e da para frente, 38

ento para a eternidade. Mas antes que este tempo chegue, Deus somente permite que Satans permanea ativo, enquanto Deus mesmo detm as rdeas do governo deste mundo. Satans pode governar sobre tudo o que pertence a si mesmo, e pode at perseguir todos os que pertencem a Deus; entretanto, tudo isto s por pouco tempo. E mesmo neste curto perodo, Satans est inteiramente restrito por Deus. Ele pode perturbara os santos, mas somente dentro de certos limites. parte do que Deus permite, o inimigo no tem autoridade alguma. Podemos perceber isto claramente na histria de J. Assim como este juiz governa uma cidade inteira, tambm Deus reina sobre o mundo todo. E assim como altamente imprprio que as pessoas que estejam sob a jurisdio de um juiz perturbem os outros, desta forma tornando-se adversrios, tambm extraordinrio, at mesmo monstruoso, que Satans, que esta sob o governo de Deus, persiga os santos. O carter deste juiz revelado por suas prprias palavras: Bem que eu no temo a Deus, nem respeito a homem algum. Deve ser uma pessoa verdadeiramente imoral, pois no tem respeito por Deus nem pelos homens. Mas por causa das vindas incessantes da viva pedindo justia, ele fica to perturbado e cansado de suas peties que finalmente lhe concede vingana. O Senhor Jesus emprega esse juiz em termos negativos para sublinhar a bondade de Deus: pois Deus no igual ao juiz inquo da parbola; pelo contrrio, ele o nosso Pai gracioso e nos protege; como ele gosta de dar-nos as melhores coisas; e no como o juiz da parbola que no se relaciona com a viva. Ora, se um juiz como o da parbola est disposto a julgar a causa da viva para livrar-se de sua incessante importunao, quanto mais Deus, que todo virtude e bondade, e que se relaciona to intimamente conosco, julgar a causa de seus filhos que orem a ele incessantemente! Se um juiz imoral julga a causa de uma mulher por seu contnuo clamor, no operar Deus por seu prprio povo? O motivo de a viva finalmente obter o consentimento do juiz 39

de julgar sua causa deve ser encontrado em sua petio incessante. Ela no pode ter esperana no prprio juiz, pois sabe que ele imoral e sem virtude. Entretanto, devemos reconhecer que a resposta nossa orao a Deus no vem somente por causa de nosso orar sem cessar o que em si mesmo deve ser suficiente para obter o que pedirmos mas tambm por causa da bondade de Deus. por isso que o Senhor Jesus termina a parbola dizendo: No far Deus justia aos seus escolhidos? Estas palavras: no far Deus, implicam uma comparao. Assim como a viva depende inteiramente de sua petio incessante como meio de conseguir o que pede, no receberemos tambm o que pedimos por causa de nossa orao constante a Deus e por causa de sua bondade?

A Viva
A viva no tem a quem recorrer. A prpria palavra viva trai o fato de seu isolamento. O marido de quem ela sempre dependeu est morto. Agora est viva. Ela verdadeiramente serve como um tipo para ns, os cristos, no mundo. Nosso Senhor Jesus j subiu aos cus; de modo que, falando simplesmente do ponto de vista fsico, os cristos esto sem amparo como qualquer viva. O ensinamento de Mateus 5 revela as condies dolorosas dos cristos. Devemos ser os mais mansos de todos, e no devemos oferecer resistncia de qualquer tipo; e, portanto, sofremos perseguio e at humilhao em todos os lugares. O Senhor, Jsus seus apstolos nunca instruram os crentes a procurar poder e posio neste mundo; em vez disso, ensinam-nos a ser humildes, e mansos, aceitando o desprezo e a perturbao deste mundo e recusando-nos a reivindicar qualquer coisa segundo o direito ou, a lei. Tal a posio dos cristos e o caminho que nosso Senhor mesmo delineou para ns. Da mesma forma que o Filho Deus deve morrer na cruz sem nenhuma resistncia ou murmurao, podem seus discpulos esperar tratamento melhor da parte do mundo? A 40

vista de tudo isto, viva deveras uma boa ilustrao de ns os cristos, nesta era.

O adversrio
Assim como a viva tem seu adversrio tambm ns, os cristos, temos o nosso. E nosso adversrio Satans. Pois o significado da palavra Satans adversrio, que significa um inimigo: O diabo, vosso adversrio (1Pe 5:8). Devemos, portanto, reconhecer claramente quem nosso inimigo. Saberemos assim como nos achegar ao nosso juiz que nosso Deus e acusar nosso inimigo. Se desejarmos examinar a raiz do motivo da inimizade que existe entre ns e o diabo descobriremos que por trs dela jaz uma longa histria. Em termos simples, esta inimizade comeou no jardim do den. Depois da queda do homem, disse Deus: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendncia e o seu descendente. Este te ferir a cabea, e tu lhe ferirs o calcanhar (Gn 3:15). Por haver o diabo fendo, a ns, os seres humanos, Deus colocou inimizade em nossos coraes e tambm no corao de Satans. Sabemos que a semente da mulher mencionada aqui em Gnesis refere-se ao Senhor Jesus Cristo: ele e o diabo esto em inimizade eterna. Isto algo que o prprio Deus determinou. Ns que cremos no Senhor Jesus estamos, do lado do Senhor; portanto, no podemos deixar de reconhecer que o inimigo do Senhor tambm nosso inimigo. Da mesma forma, Satans, o inimigo de nosso Senhor no nos deixar de lado facilmente nem deixar de se opor a ns. Considera o Senhor Jesus seu inimigo, de modo que no tem outra alternativa seno considerar os discpulos do Senhor como seus inimigos tambm. Mas os que no creram no Senhor Jesus so filhos do diabo (ver Joo 8:44), e naturalmente o diabo ama aos seus. Entretanto, cremos no Senhor Jesus e estamos unidos com ele; incorremos, pois, no dio do diabo por causa do seu dio a nosso Senhor. 41

Tal inimizade se aprofunda dia a dia. Uma vez que o inimigo to forte e ns somos to pobres e desamparados como a viva da parbola, ele usa todos os seus poderes para oprimir-nos causando-nos grande perda. Temos sofrido tanto em suas mos que, por mais que faamos, no enfatizamos o suficiente o quanto os cristos hoje so perturbados pelo diabo. E se estes erros no forem vingados, sofreremos perda permanente. Pena que muitos dos filhos de Deus ainda esto inconscientes da opresso de Satans.

Satans e os Santos
Da mesma forma que o adversrio maltratou a viva, assim tambm o diabo hoje maltrata a ns, os crentes. Quem sabe o quanto j sofremos em suas mos? claro que, ao nos perseguir, ele no se manifesta nem age diretamente. Todas as suas obras so feitas mediante pessoas ou Coisas. Ele no faz questo de aparecer; pelo contrrio, instiga pessoas a agirem por ele enquanto ele dirige em secreto. Da mesma forma que o diabo se disfarou em serpente para seu primeiro trabalho, assim tambm se disfara toda vez que opera hoje. Por causa do disfarce, os filhos de Deus muitas vezes no conseguem reconhecer seu verdadeiro inimigo. s vezes ele enfraquece os corpos dos crentes, causando doena e dor (ver Atos 10:38), e os crentes podem pensar que seu estado de sade se deva a problemas de higiene ou de fadiga, sem compreender que o diabo est operando nos bastidores. Quanto os cristos sofrem em suas mos nesse respeito somente! s vezes o inimigo incita pessoas a perseguir os crentes (ver Apocalipse 2:10), sendo, portanto, atacados por sua comunidade, amigos e membros da famlia. Pensam, porm, que isto devido ao dio que as pessoas tm para com o Senhor; o que no percebem que o diabo realmente instiga os ataques. s vezes o maligno opera no meio ambiente envolvendo os crentes em durezas e perigos. Freqentemente ele 42

cria mal-entendidos entre os cristos de modo a separar os amigos mais queridos e causar muita dor de corao e lgrimas. s vezes o inimigo corta os suprimentos de bens materiais dos crentes, reduzindo-os penria e at mesmo a morrer de fome. Outras vezes ele lhes oprime o esprito e flos sentirem-se deprimidos, inquietos e sem objetivos. Ou pode afligir a vontade dos crentes, fazendo com que percam o poder da livre escolha e desta forma no sabem o que fazer. Ou injeta temor irracional nos coraes dos crentes. Ou Satans amontoa as coisas sobre eles para faz-los cansar sobremaneira, ou lhes tira o sono para esgot-los. Ou instila pensamentos impuros ou confusos em suas mentes para lhes enfraquecer a resistncia ou apresenta-se como um anjo de luz para enganar e desviar os crentes. impossvel esgotar a lista das do diabo. Em breve, o inimigo criar qualquer coisa que faa com que os crentes sofram espiritual ou fisicamente, que os faa cair em pecados ou sofrer perda e danos. Infelizmente, muitos dos filhos de Deus no tm conscincia das obras de Satans quando sofrem em suas mos. Tudo o que lhes acontece, atribuem ao natural, ao acidental, e ao humano no discernindo que em muitas ocorrncias naturais reside o sobrenatural satnico, como em muitos episdios acidentais reside o enredo diablico, e como em muitas lides humanas esto envolvidas as manobras malignas do inimigo.

Identificar o Inimigo
A coisa mais importante que temos pela frente identificar o inimigo. Devemos ter a certeza de quem nosso adversrio, quem que nos causa tanto sofrimento. Quo freqentemente pensamos que nossos sofrimentos vm dos homens. A Bblia nos diz que a nossa luta no contra o 43

sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as foras espirituais do mal, nas regies celestes (Ef 6:12). Por isso, toda vez que sofremos pelas mos dos homens, precisamos lembrar que por trs da carne e sangue Satans e seus poderes das trevas podem muito bem estar l dirigindo tudo. Devemos ter a viso espiritual necessria para discernir entre a obra de Deus e manobra de Satans. Devemos distinguir o que natural do sobrenatural. Devemos exercitar nossa vida interior de modo a conseguir o conhecimento do reino espiritual para que nenhuma das obras ocultas de Satans possa escapar nossa observao. Tal sendo o caso, no devemos ns reconhecer que o que geralmente consideramos acontecimentos incidentais; e naturais possam envolver as obras do inimigo nos bastidores? fcil ver que Satans realmente est tentando frustrar-nos a todo instante e oprimir-nos em todas as coisas. Que pena havermos sofrido tanto da mo dele no passado sem saber que era ele quem nos fazia sofrer. Agora, parte da nossa obra mais urgente hoje gerar um corao de dio para com Satans por causa de sua crueldade. No precisamos temer que nossa inimizade com Satans se torne demasiadamente profunda. Antes de haver a possibilidade de nossa vitria devemos manter em nosso corao uma atitude hostil para com ele, no mais dispostos a submeternos sua opresso. Devemos compreender que o que temos sofrido nas mos de Satans real e deve se vingado. Ele no tem direito de nos perturbar, mas o faz. Isto deveras injustia, perturbao que no pode ficar sem se vingada.

Clamor por vingana


Ora, depois de a viva ter sofrido tanto, vem ao juiz suplicando justia. Isto algo que devemos aprender a fazer. No vamos a juzes terrenos, implorando que ajam a nosso favor. No, pedimos a nosso juiz, que no outro seno nosso Deus Pai que est nos cus. As armas de nossa batalha no so da carne (2Co 10:4), portanto no empregaremos 44

nenhum meio terreno o carnal contra os instrumentos , a carne sangue utilizados por Satans. Muito pelo contrrio, em vez de mostrar impacincia, raiva ou mesmo hostilidade para com eles, devemos ter piedade deles, porque so somente instrumentos de Satans. Percebamos que na guerra espiritual as armas da carne so totalmente inteis. No so somente inteis, mas todo aquele que as usar, sem dvida ser vencido por Satans. Segundo est registrado em Efsios 6, as armas espirituais so de muitos tipos. E a mais eficaz dentre essas armas a orao, mencionada no versculo 18. Em verdade, estamos sem fora e, portanto, incapazes de fazer justia contra nosso adversrio. Mas podemos orar a nosso Deus pedindo-lhe que nos vingue. A orao a melhor arma ofensiva contra nosso inimigo. Mediante ela podemos preservar intacta nossa linha de defesa. Mediante a orao tambm podemos atacar nosso inimigo e infligir grande perda em seu plano, obra e poder. Esta viva compreendeu que se lutasse sozinha contra seu adversrio no venceria, porque ela, sendo viva e fraca, no podia jamais levar vantagem contra um vilo como ele. Da mesma maneira, se os filhos de Deus lutarem independentemente sem confiar, por meio da orao, no poder de Deus e no seu apoio para acusar o inimigo e pedir a Deus vingana, eles tambm sero feridos pelos dardos inflamados. Nesta parbola o Senhor Jesus ensina-nos a melhor maneira de vencer o adversrio, que orar dia e noite a Deus pedindo-lhe que julgue nossa causa contra o inimigo.

Orao que resiste a Satans


A Bblia d-nos muita ajuda nesta questo de orar contra Satans. Aqui examinaremos algumas destas passagens para aprendermos como oferecer tal orao. Lembramos como em Gnesis 3 Deus puniu e amaldioou o diabo depois de sua primeira operao maligna. Nessa maldio divina Deus predisse claramente que a cabea do diabo seria esmagada pelo Senhor Jesus na cruz. E 45

assim sempre que sofrermos nas mos do diabo poderemos nos aproveitar do castigo que lhe foi infligido, orando: Deus, amaldioa a Satans de novo para que no possa fazer o que deseja. Tu o derrotaste no jardim do den. Peo-te que, amaldioes de novo, colocando-o novamente sob o poder da cruz a fim de imobiliz-lo. O que o diabo mais teme a maldio de Deus. No momento em que Deus amaldioa, Satans no nos ousa ferir. Est registrado em Marcos, captulo 1, que quando o Senhor Jesus expulsava os demnios no lhes permitia falar. Portanto, quando Satans usa pessoas para proferirem muitas palavras de incompreenso ou violncia, podemos pedir ao Senhor que feche a boca e que no lhe permita falar por meio delas. s vezes, quando pregamos o evangelho ou ensinamos as pessoas, podemos pedir ao Senhor que proba o diabo de falar a nosso auditrio, para que ele no induza as pessoas a duvidarem da palavra de Deus, nem resistam a ela. Lembramo-nos da histria de Daniel na cova dos lees. Eis uma orao bastante eficaz: Senhor, fecha a boca do leo; no permitas que ele fira teu povo. Mateus 12 d-nos outro bom exemplo de orao do Senhor: Como pode algum entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarr-lo? e ento lhe saquear a casa (v. 29). Sabemos que o valente a que se refere o Senhor Satans. A fim de vencer a Satans primeiro precisamos amarr-lo, assim imobilizando-o. Ns mesmos, claro, no temos a fora para amarrar o valente e fazer com que perca sua liberdade de resistir a nossas obras. Mas podemos orar. Em nossa orao podemos pedir a Deus que amarre Satans e o torne impotente. Toda vez que comearmos uma obra, se primeiro amarrarmos Satans em orao, nossa vitria certa. Devemos sempre orar: O Senhor, amarra o valente. Para isto se manifestou o Filho de Deus, para destruir as obras do diabo (1Jo 18). Assim que percebermos que certa obra do diabo, podemos orar como segue. Deus teu Filho se manifestou para destruir as obras do diabo. Agradeo-te 46

ele ter destrudo as obras do diabo na cruz. Mas o diabo est operando novamente. Por favor, destri sua obra em ns, destri a sua manipulao de nossa obra, destri seus artifcios em nosso ambiente e destri todas as suas obras. Quando oramos, podemos orar segundo a situao na qual nos encontramos. Se notarmos que Satans est trabalhando em ns, em nossa famlia, em nossa emprego, em nossos estudos ou em nosso pas, podemos pedir que Deus destrua sua obra nessa rea particular. Judas registra o que o arcanjo Miguel disse a Satans: O Senhor te repreenda (v. 9). Depois de tal mensagem, Satans j no ousou resistir. Portanto, podemos usar esta mesma palavra para nossa orao contra ele. Pedimos ao Senhor que repreenda o inimigo. Devemos saber que o Senhor d ouvidos a esse tipo de orao. Se pedirmos que ele repreenda, ele repreender. Devemos tambm crer que depois que o Senhor tiver repreendido a Satans, o inimigo j no e capaz de resistir, pois teme a repreenso do Senhor. Quando nosso Senhor repreendeu o vento e o mar, estes elementos deram ouvidos sua voz e imediatamente o vento cessou e o mar se acalmou. Sua repreensao produz o mesmo efeito sobre Satans. Ao ler os salmos, veremos quo eficaz a repreenso do Senhor! Ento se viu o leito das guas, e se descobriram os fundamentos do mundo, pela tua repreenso, Senhor, pelo iroso resfolgar das tuas narinas (18:15). Ante a tua repreenso, Deus de Jac, paralisaram carros e cavalos (76:6). Est queimada de fogo, est decepada. Perecem pela repreenso do teu rosto (80:16). tua repreenso fugiram, voz do teu trovo bateram em retirada (104:7). Repreendeu o Mar Vermelho e ele secou (106:9). Estes versculos bblicos mostram-nos o poder da repreenso do Senhor. Se o Senhor repreender a Satans, este jamais poder resistir. Quando o inimigo nos oprime, devemos pedir que Deus o repreenda. Est escrito em Mateus 16 que por amor da afeio humana Pedro desejou impedir que Jesus fosse cruz. O Senhor o repreendeu dizendo: Arreda! Satans (v. 23). 47

Sempre que o diabo fizer uso de nossos amigos e parentes para impedir-nos por amor da afeio humana de fazer a vontade de Deus, podemos pedir que Deus afaste Satans de ns. Est registrado em Mateus 6 que o Senhor Jesus nos ensina a orar desta maneira: Livra-nos do mal (v. 13). Como no sabemos o maligno vir para importunar-nos, devemos sempre fazer essa orao. Nosso Senhor Jesus, despojando os principados e as potestades, publicamente os exps ao desprezo, triunfando deles na cruz (Cl 2:15). Sempre que virmos o poder do diabo operando, devemos permanecer sombra da cruz, pedindo ao Senhor que exponha o diabo ao desprezo uma vez mais. O diabo j sofreu a vergonha na cruz; de modo que, baseado em sua primeira humilhao, podemos pedir ao Senhor que o exponha ao desprezo novamente. Humilhado, ele no ousa levantar a cabea. Ento como poder importunar-nos de novo? Portanto, oremos: Senhor, agora estamos firmados aos ps da cruz, pedindo-te que novamente desfaas a terrvel arrogncia do diabo.

A durao da orao
Por quanto tempo devemos fazer tal orao? Sabemos que h muitas oraes que precisam ser feitas somente uma vez. Mas nunca ser demais fazer a orao que ataca a Satans. O propsito desta parbola de nosso Senhor que oremos sempre (Lc 18:1). Este juiz julga a causa da viva no pelo amor da justia nem por outra razo qualquer, mas porque no pode suportar a contnua importunao dela. No diz ele a si mesmo: Julgarei a sua causa, para no suceder que, por fim, venha a molestar-me? Conseqentemente, este tipo de orao deve ser oferecido de modo ininterrupto. A orao contra o adversrio no meramente para os tempos de necessidades especiais; deve ser mantida como uma atitude e sussurrada incessantemente no esprito em dias comuns, quando tudo est calmo. O Senhor Jesus, ao 48

explicar esta parbola, pergunta: No far Deus justia aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite? Este tipo de orao deve, portanto, ser feito dia e noite sem cessar. Devemos acusar nosso inimigo perante Deus incessantemente, pois Apocalipse 12 nos diz que Satans os acusa [aos irmos] de dia, e de noite, diante do nosso Deus (v. 10). Se ele nos acusa de dia, e de noite, no devemos tambm ns acus-lo noite e dia? Esta a verdadeira vingana: como o diabo nos trata, tambm devemos trat-lo. O clamor da viva continuou at que o adversrio foi julgado e punido e ela foi vingada da importunao que sofria. Enquanto houver outro dia no qual Satans ainda usurpa o mundo, e enquanto ele no for aprisionado no poo sem fundo ou jogado no lago do fogo, no cessaremos de orar contra ele. No devemos parar de orar at que Deus nos tenha feito justia e Satans tenha verdadeiramente cado do cu como um relmpago. E grande o desejo de Deus que mostremos dio mais profundo para com o diabo. J no sofremos demais nas mos dele? Ele tem mostrado sua inimizade para conosco a cada passo do caminho; tem-nos feito sofrer terrivelmente tanto no corpo como no esprito; ento, por que aguentamos sua perseguio sem reclamar ou orar? Por que no nos levantamos para acus-lo perante nosso Deus com palavras de orao? Devemos procurar vingana. Por que no nos aproximamos continuamente de Deus e acusamos o inimigo, desta forma liberando a exasperao h tempo reprimida? O Senhor Jesus nos chama hoje para nos opormos ao diabo com orao.

O efeito da orao
Qual o efeito de tal orao? Seu efeito visto em duas ocasies diferentes. Primeiro o efeito imediato. Toda vez que o inimigo acusado, ele de novo restringido por Deus e no nos pode ferir. Embora depois de algum tempo ele possa retornar, entretanto, nesse perodo em que est sendo acusado, no ousa causar nenhuma violncia; pois 49

toda vez que reivindicarmos a vitria da cruz, essa vitria se nos torna real uma vez mais. Toda vez que oramos contra o inimigo/ sua obra de novo destruda pelo Senhor e ele de novo repreendido pelo Senhor. Se orarmos uma vez mais, Satans sofrer urna perda a mais. Quando Deus ouve nossa orao uma vez mais, Satans perde seu lucro uma vez mais. Mas este efeito vai alm do tempo presente. O Senhor Jesus d nfase aqui a vingana ltima. Ao orarmos vezes sem conta, o Senhor repreende e destri o diabo vezes sem conta. Mas esta orao ainda no final, isto , de uma vez por todas; porque o diabo fica restringido somente temporariamente; ele ainda deve sofrer a consequncia de sua derrota final. No far E)eus justia aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, pergunta o Senhor, embora parea demorado em defend-los? Isto se refere destruio final de Satans. Sabemos como o inimigo ser aprisionado no poo sem fundo durante o reino milenial. Depois ele ser jogado, pelo Senhor Jesus, no lago do fogo. Ento ser a vingana ltima dos crentes. Por isso, os crentes hoje devem orar muito contra o diabo, a fim de que suas perturbaes sejam para sempre vingadas. Agora o tempo da misericrdia de Deus. Embora ele realmente oua as oraes dos crentes e restrinja as obras do diabo, contudo ainda no lanou fora o diabo totalmente de forma que ele no nos possa molestar. Logo, hoje tambm o tempo de os crentes orarem a fim de apressar o amanhecer desse dia. A esse respeito, nossa orao teria o efeito de acelerar a obra de Deus. Se a viva no tivesse orado pedindo sempre, quem poderia saber quando o juiz teria julgado sua causa contra o adversrio? Seu pedido constante apressou o dia de sua vingana. Hoje tambm devemos agir da mesma forma. Digo-vos, prossegue o Senhor, que depressa lhes far justia. Parece que o Senhor aqui est querendo dizer que a rapidez da obra de Deus determinada pela frequncia de nossa orao. Se sempre acusarmos o diabo em orao, Deus nos vingar rapidamente. Quando o Senhor Jesus voltar outra vez, expulsar 50

Satans dos cus de modo a tirar-lhe todo o poder. A orao que acusa a Satans apressar o dia da volta do Senhor.

Trabalhando com Deus


Sempre pensamos que Deus faz tudo segundo sua vontade. Sem dvida, isto correto. Entretanto, somente um lado da verdade, no a verdade toda. Deus opera segundo sua vontade certamente este seu princpio; mas quando ele realmente comea a operar, sempre espera que seus filhos expressem sua simpatia para com sua vontade mediante a orao antes que ele faa qualquer coisa. Corno Deus precisa de homens para trabalhar com ele! Verdadeiramente ele tem sua prpria vontade, mas deseja que os homens peam segundo sua vontade. Ento ele rapidamente realizar a obra que sua vontade j determinou. Sem a orao de seus filhos, que indica que esto trabalhando com ele, Deus no operar sozinho o que deseja fazer. Destruir o diabo a inteno de Deus. Fazer justia aes crentes , indubitavelmente, sua vontade. Entretanto, espera que seus filhos orem. Assim como o juiz da parbola no teria julgado a causa da viva se no tivesse ela vindo e implorado, assim tambm Deus hoje no julgar a causa dos crentes rapidamente se no orarem contra Satans. No sabemos exatamente por que isto assim, mas sabemos o quanto Deus gosta que seu povo trabalhe juntamente com ele. natural que a acusao deva ser baseada em fato. Mas como os cristos esto sendo frequentemente perturbados por Satans, podem acus-lo perante Deus pelo mau tratamento que tem recebido. Isto causar-lhe- a morte.

Os ltimos dias
Ao terminar o Senhor Jesus de propor esta parbola, concluiu com uma palavra final: 'Contudo, quando vier o Filho do homem, achar porventura f na terra? A julgar 51

por esta pergunta, parece que na poca de sua volta haver grande falta deste tipo de orao entre seu povo. No fazem este tipo de orao por no terem f. Especulam que coisa grande demais e demasiadamente difcil lanar Satans fora do cu, no poo sem fundo e depois no lago do fogo. Como a promessa de que o Deus da paz em breve esmagar debaixo dos vossos ps a Satans (Rm 16:20) depois de vinte sculos ainda no foi cumprida, como posso esperar que Deus destrua a Satans mediante minha orao? O que o Senhor Jesus quer dizer com esta palavra que no tempo de sua volta iminente as pessoas tero falta de f para orar acerca deste assunto. Entretanto, nos ltimos dias que devemos orar. Podemos ns ser os poucos fiis que, nos dias quando tal orao for to rara, oraremos contra o diabo de forma a fazer com que ele perca a posio e o poder? Sabemos que nos ltimos dias Satans e seus espritos malignos estaro ativamente operando. Portanto, devemos orar mais do que nunca contra ele e derrubar seu governo. Para falar a verdade, no h maior obra que os filhos de Deus possam fazer hoje do que esta. Quem est disposto a orar contra Satans pelo amor de Deus e por amor de si mesmo? Contende, Senhor, com os que contendem comigo; peleja contra os que contra mim pelejam. Embraa o escudo e o broquel, e ergue-te em meu auxlio. Empunha a lana, e reprime o passo aos meus perseguidores; dize minha alma: Eu sou a tua salvao. Sejam confundidos e cobertos de vexame os que buscam tirar-me a vida; retrocedam, e sejam envergonhados os que tramam contra mim. Sejam como a palha ao lu do vento, impelindo-os o anjo do Senhor. Tornese-lhes o caminho tenebroso e escorregadio, e o anjo do Senhor os persiga. Pois sem causa me tramaram laos, sem causa abriram cova para a minha vida. ...Acorda, e desperta para me fazeres justia, para a minha causa, Deus meu e Senhor meu (Sl 35:1-7, 23).

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CAPTULO SEIS ALGUNS FATORES DA ORAO


Primeiro, Deus nos deu proviso suficiente para a orao? Sim, Deus nos deu proviso suficiente em seu Filho pelo Esprito Santo. Sem tal proviso adequada podamos relegar nosso privilgio e dever da orao. Mas graas ao Senhor, ele providenciou-nos todas as condies ideais para nos achegarmos a ele e vivermos em sua presena. Podemos resumir sua proviso em duas palavras: confiana e ajuda. Vamos examinar confiana primeiro. Confiana significa ter a capacidade de confiar, depender ousadamente de algum, segurana completa de depender de algum, e assim por diante. Na verdade, engloba muita coisa. O esprito de confiana essencial orao e vida crist total. 53

Se nosso relacionamento com o Senhor flutuar continuamente e no tivermos segurana nem confiana nossa vida toda ser fatalmente ferida. Examinemos as seguintes passagens bblicas: Tendo, pois, irmos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo vu, isto , pela sua carne, e tendo grande sacerdote, sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero corao, em plena certeza de f ... (Hb 10:19-22). Por intermdio de quem obtivemos igualmente acesso, pela f, a esta graa na qual estamos firmes (Rm 5:2). Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Esprito (Ef 2:18). Pelo qual temos ousadia e acesso com confiana, mediante a f nele (Ef 3:12). A confiana verdadeira tem base em um fator, isto , o prprio Cristo. Temos o privilgio absoluto de achegarmos a Deus porque o prprio Cristo o privilgio que possumos. Esta a proviso de Deus. Em nome de Cristo podemos ir ao Pai a qualquer hora e em qualquer lugar. Nunca nos achegamos ao Pai em nosso nome ou condio porque isto simplesmente impossvel. Vamos ao Pai em nome do Filho somente. Diz Efsios 3:12 que em Cristo Jesus nosso Senhor temos intrepidez e acesso com confiana mediante nossa f nele. No vamos a Deus levando nossa indignidade a, ele, antes, Cristo que nos toma pela mo e nos conduz ao Pai. Ele leva presena de Deus todos os que foram lavados pelo sangue como se tivessem ressuscitado dos mortos, porque estamos vestidos com ele como nosso manto de justia. Da que nossa confiana o prprio Cristo. Em seguida vamos examinar o termo ajuda. Bemaventurados so os que podem chegar a Deus com ousadia e confiana! Embora possuamos to alto privilgio, todavia percebemos tanto de nossa prpria incapacidade, fraqueza e estultcia que no sabemos como orar. Quo bom Pode ser se a esta altura conhecermos e experimentarmos a ajuda do Esprito Santo! 54

Tambm o Esprito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque no sabemos orar como convm, mas o mesmo Esprito intercede por ns sobremaneira com gemidos inexprimveis. E aquele que sonda os coraes sabe qual a mente do Esprito, porque segundo a vontade de Deus que ele intercede pelos santos (Rm 8:26, 27). Nossa fraqueza manifesta-se mais facilmente na orao. Nada no reino espiritual revela nossa fraqueza mais do que esta atividade. Todos ns estamos conscientes da grande dificuldade que os discpulos experimentaram em orao no jardim do Getsmani. No puderam vigiar nem orar. Mas, graas a Deus, temos o Esprito Santo Todo-poderoso para ajudar-nos. Devemos confiar no Esprito Santo que em ns habita, que opera em ns com poder, pois ele nossa ajuda em tempos de enfermidade e ignorncia. Embora no saibamos orar, ainda assim, o Esprito Santo que em ns habita, que conhece a vontade de Deus, ensinar-nos- a orar segundo a mente de Deus. Alm disso, dar significado nossa comunho com Deus e assim nos levar realidade da comunho. Quando orarmos, portanto, dependamos de Cristo em quem cremos e do Esprito Santo que nossa ajuda. Segundo, por que Satans tenta resistir orao? Satans est resolvido a cortar nossa comunho com os cus; conseqentemente, est disposto a pagar qualquer preo para impedir a orao verdadeira. Estejamos cnscios do fato de que ele ataca com persistncia as oraes da igreja e tambm as oraes dos crentes. Se tiver xito no ataque orao ele sabe que pode descansar em paz. Devemos, portanto, estar vigilantes e em guarda contra o inimigo, especialmente quando vamos orar. Ao lidar com o ataque satnico devemos dar particular ateno s seguintes reas: (1) Satans atacar nossa confiana no Senhor. Ele sabe que se puder fazer-nos sentir indignos, incapazes e que estamos perdendo a confiana no Senhor, tirar nosso corao da orao. 55

(2) s vezes ele tambm ataca nosso corpo, at mesmo nosso pensamento, nervos ou outras partes de nosso corpo. Quando nos sentimos cansados e sem foras no gostamos de orar. Guardemo-nos contra isto e venamos esta situao. Quanto s coisas que esto alm de nosso controle, o Senhor ser responsvel. (3) s vezes o diabo atacar a hora que reservamos para orao, tanto em particular quanto na igreja. Muitos tm experimentado isto. Quo sutil o inimigo! Se ele no conseguir preencher nosso tempo de orao com outras coisas, certificar-se- de que no faamos a orao verdadeira nesse perodo. Muitas vezes somos capazes de conservar o perodo de orao, mas falta-nos a vida de orao. (4) s vezes Satans ataca nossa comunho constante com o Senhor criando uma camada pesada que se interpe entre ns e nosso Senhor, de modo que no podemos fazer contato. Parece que uma nvoa misteriosa nos separa do Senhor. (5) Finalmente, ele intenta empurrar-nos para as trevas de modo que no possamos ver a necessidade de orao. Constantemente distrair nossa ateno para outras coisas, assim prejudicando nossa vida de orao. Que jamais caiamos nessa armadilha. Devemos olhar para o Senhor, juntar muitos materiais para orao, e prestar bastante ateno aos interesses e necessidades de Deus. Nossa responsabilidade na orao no pequena portanto, vigiemos e oremos. Terceiro, alm da orao pessoal, que outro tipo de orao devemos fazer, de acordo com a palavra de Deus? Devemos fazer a orao coletiva, que e a orao da igreja. Ao falar da orao da igreja no significa que releguemos a segundo plano a orao, particular nem significa que demos importncia orao pessoal. Vejamos, porm, que uma regra do reino de Deus que o que certa pessoa incapaz de fazer em algumas reas deve ser feito mediante a ajuda mtua, e coletiva. Especialmente no 56

assunto da orao, preciso haver reciprocidade. Todos os que seguem ao Senhor de perto freqentemente percebem a necessidade de orar com outros crentes. s vezes sentem a insuficincia de sua prpria orao. Particularmente ao orar por um assunto to grande como o reino de Deus, isto requer a fora de uma igreja toda. A minha casa, diz o Senhor Ser chamada casa de orao. Mateus 21:13. A isto podemos acrescentar a qual casa somos ns (Hb 3:6). Em verdade tambm vos digo, declara o Senhor, que, se dois dentre vs, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes concedida por meu Pai que est nos cus. Porque onde estiverem dois ou trs reunidos em meu nome, ali estou no meio deles (Mt 18:19, 20). O fato e a experincia dizem-nos que a poro de Cristo maior na reunio dos crentes em nome do Senhor do que e cada indivduo, porque o Senhor est no meio da igreja e no pode estar no meio de um indivduo (no h no meio de um indivduo porque o Senhor est no indivduo. Essa poro de Cristo que est no meio o que a pessoa no pode ter, individualmente). Quando estamos verdadeiramente reunidos no Senhor, sentimos muito mais a largueza do horizonte em orao, e somos muito mais fortalecidos na batalha da orao. Alm disso, muitas vezes experimentamos na reunio de orao a mente de Deus que se revela mediante o Esprito Santo que nos d tanto o fardo como a capacidade de orar. No h dvida que h muitas coisas que podemos dizer acerca da orao da igreja, mas talvez devssemos parar aqui e simplesmente dizer uma coisa importante. Que a orao da igreja jamais pode ser um substituto para a orao particular, embora ao mesmo tempo devemos notar que a orao pessoal est continuamente ficando para trs da orao da igreja e jamais poder alcan-la. Quarto, quais so os aspectos vrios na obra da orao que precisam de ateno? Muitas coisas exigem nossa ateno na obra da orao, dentre elas as seguintes: 57

(1) Comunho com o Senhor em todas as coisas. Devemos levar todas as coisas de nossa vida ao Senhor, pois no h nada comum ou insignificante na vida crist Nosso hbito natural e dirio devia ser a comunho com o Senhor em todas as coisas (ver Filipenses 4:6). (2) Pea e continue a Pedir, pois o Senhor se deleita no pedido de seu povo. Ele o Doador rico; portanto, deseja que os homens peam. Se, porm, algum de vs necessita... pea a Deus que a todos d liberalmente, e nada lhes impropera; e ser-lhe- concedida. Pea-a, porm, com f, em nada duvidando (Tg 1:5, 6). Nada tendes, porque no pedis; pedis, e no recebeis, porque pedis mal (Tg 4:2b, 3). O pedir inclui confiana e desejo. Se o motivo de nosso pedido for puro, nada h melhor. (3) Meditar e interceder. Estamos perante o Senhor para orar pelos outros. Na realidade isto comunho com o Senhor em sua funo de sumo sacerdote. Ele mesmo intercede incessantemente por seu povo e por suas necessidades (Hb 7:25; cf. Colossenses 4:12). (4) Orar sempre. Ao falar de orar com importunao, primeiro precisamos livrar-nos de um conceito errneo que diz que nosso Deus relutante em responder orao. Orar com persistncia simplesmente significa que, tendo reconhecido com clareza a necessidade de Deus, a pessoa continua a orar. Por que o Senhor no responde imediatamente? Por que devem se prolongar os dias do seu silncio? Eis, pelo menos, duas razes: (a) que Deus precisa de uma reao total de seu povo concernente a coisa pela qual ele tem interesse profundo; e (b) que s vezes tal orao constante necessria devido a certo tipo de necessidade ou ambiente por causa das fortalezas que Satans constri, necessrio mais orao intensa para destru-las (ver Mateus 7:7, 8; Marcos 9:28, 29). (5) Orao executiva. Estando unidos com o Senhor que est sentado no trono (pois ele o Senhor de todos), podemos orar em seu nome que est acima de todos os nomes (Fp 2:9). 58

(6) Batalha da orao. Mediante a orao levantamos a vitria da cruz ao lidar com todas as coisas. O movimento da orao segue a vitria do Senhor (ver Efsios 6:10-20). (7) A orao da f. Sob certas circunstncias, o Esprito Santo nos concede um tipo de segurana interior, fazendo com que conheamos a vontade de Deus. Assim veremos nossa orao instantaneamente assegurada (ver Atos 9:40). (8) O fardo da orao. A orao um tipo de trabalho do parto espiritual, o qual a entrada na comunho com o sofrimento de Cristo, com o corao do Pai, e com o gemido do Esprito Santo at o dia da glria (ver Glatas 4:19). Quinto, qual o objetivo central da orao? Deus deseja ter uma igreja gloriosa. O propsito central da orao preparar para Cristo uma igreja gloriosa que seja conforme ele. Esta a revelao da Bblia toda. a idia central de Deus. Precisamos dar ateno especial a isto, pois o desejo do prprio Senhor. Antes de ser crucificado, ele expressou este pensamento em sua grande orao sacerdotal registrada em Joo 17. Nas epstolas de Paulo este desejo de seu corao torna-se muitssimo evidente. Isto, no sugere, entretanto, que as oraes por outras coisas devem ser diminudas. Simplesmente, serve para dar um foco central a todos os tipos de orao. Tendo este objetivo em mente, nossas oraes sero elevadas a um nvel mais alto. Se percebermos que pregar o evangelho mais do que fazer com que as pessoas passem da morte para a vida e que tambm, e mais centralmente, traz-las a uma unio eterna e maravilhosa com o Cristo glorioso, ento nossa orao intercessora pelo mundo s pode aumentar e jamais diminuir. Alm disso, h uma grande necessidade hoje de fazer com que o mundo veja a glria de Cristo mediante a igreja. Pelo poder do Esprito Santo a igreja deve impressionar o mundo com o fato de ser deveras o canal de bnos para o mundo. Finalmente, a vontade declarada de Deus que devemos ter comunho mais inteligente e ntima com ele. Ele 59

deseja que ns seus muitos filhos nos cheguemos a ele em seu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Ele deseja que muitos sacerdotes acompanhem o grande Sumo Sacerdote (aquele que vive sempre para interceder por eles - Hebreus 7:25) na obra da intercesso. E nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai (Ap 1:6). Vs, porm, sois sacerdcio real (1Pe 2:9).

CAPTULO SETE A TTICA DE EXAUSTO DE SATANS


Proferir palavras contra o Altssimo, magoar os santos do Altssimo (Dn 7:25). Satans tem uma obra, que atacar os filhos de Deus. Seu ataque pode no vir repentinamente; muitas vezes, vem gradual e lentamente. Daniel 7:25 menciona como Satans esgota os santos do Altssimo. De fato, Satans tem um plano contra os santos do Altssimo, que esgot-los. Portanto, reconheamos claramente que a obra de Satans na vida dos filhos de Deus freqentemente, no muito perceptvel, pois sua obra esgot-los lentamente. Qual o significado da frase esgotar? Traz em si a idia de reduzir um pouco agora, depois reduzir um pouco mais. Reduzir um pouco hoje e reduzir um pouco mais amanh. De forma que o esgotamento seja quase imperceptvel; entretanto, uma reduo. Quase nem percebemos aatividade do esgotamento, mas o resultado final que nada 60

sobra. Portanto, este princpio da obra de Satans na vida dos filhos de Deus esgot-los at que estejam completamente acabados. Esgot-lo- um pouco hoje e depois um pouco mais no dia seguinte. Far com que voc sofra um pouco agora e mais tarde um pouco mais. Voc pode pensar que isto seja algo insignificante, entretanto Satans sabe que a conseqncia de tal esgotamento acabar com o santo completamente. Por este motivo, a Bblia indica que o amor se esfriar de quase todos (Mt 24:12), o que significa um esfriamento gradual. A Bblia tambm menciona que certa jovem, com um esprito de adivinhao clamou aps Paulo e seus colegas por muitos dias (ver Atos 16:17, 18). Alm disso, as Escrituras registram que quando Flix esperava que Paulo lhe desse dinheiro, muitas vezes mandava buscar Paulo e com ele conversava (At 24:26). E o Antigo Testamento tambm descreve como Dalila pressionou Sanso diariamente com sua palavra e instava com ele continuamente de forma que sua alma sentiu-se triste at morte (Jz 16:16). dessa forma que Satans gradativamente, e por muitos dias, muitas vezes esgotar os filhos de Deus. O dia mau de que fala Efsios 6:13 refere-se s tticas de esgotamento de Satans. Devemos pedir que Deus nos abra os olhos para que possamos discernir o modo pelo qual Satans nos esgota e o devemos combater sua ttica de esgotamento.

Esgotando o corpo fsico


Especialmente com respeito ao corpo humano, podemos facilmente ver como o inimigo esgota os filhos de Deus. Vm-nos mente dois exemplos: o ataque ao corpo de J (J 17, 8) e o espinho da carne de Paulo (2Co 12:7). Estes so casos clssicos de esgotamento dos corpos humanos por Satans. Muitos cristos sofrem doenas e enfraquecimento do corpo depois de serem salvos, ao passo que antes tinham bastante sade. Se o Senhor nos abrisse os olhos veramos que h algum tramando contra os filhos de Deus o tempo 61

todo, e esse algum Satans. Nesta mesma linha de pensamento, devemos ressaltar que muitos dos servos do Senhor, antes de sarem para pregar o evangelho, tinham boa sade, mas depois de terem sado a trabalhar para o Senhor sua sade foi enfraquecida num curto perodo de trs a cinco anos. o inimigo enfraquecendo os santos do Altssimo. Faz com que o filho de Deus coma um pouco menos hoje e durma um pouco menos amanh. Faz com que se sinta um pouco cansado hoje e um pouco mais cansado amanh Assim, acrescentando um pouco de cada vez, a sade do crente finalmente pode ser abalada por completo. Tal a obra de Satans.

Esgotando o corao do homem


Satans no opera somente no corpo, mas tambm no corao humano. A princpio, quando creu no Senhor, voc pode ter-se sentido feliz, alegre e em paz. Mas se no se cuidar se estiver ignorante do que o inimigo possa fazer pode encontrar-se certo dia misteriosamente em desconforto. Sente-se um tanto inquieto hoje, um tanto infeliz amanh, e um tanto deprimido no dia seguinte. Pouco a pouco, sua paz completamente retirada e sua alegria totalmente desfeita. desta forma que o diabo o leva a um estado de fadiga e desespero.

Esgotando a vida espiritual


Satans tambm esgota sua vida espiritual. Ele desfar sua vida espiritual pouco a pouco, far com que voc confie em Deus cada vez menos e confie em si mesmo mais e mais, um pouco de cada vez. Far com que voc se sinta um pouco mais inteligente que antes. Passo a passo voc levado a confiar em seu prprio talento, e passo a passo seu corao afastado do Senhor. Ora, se Satans atacasse os filhos de Deus com grande fora de uma vez, eles saberiam como resistir ao inimigo, Pois reconheceriam imediatamente sua 62

obra. Mas o que sutilmente mau acerca de Satans, entretanto, que ele no ataca de um golpe em vez disso, ele emprega a ttica de esgotar os santos por um grande perodo de tempo, assim fazendo com que, os filhos de Deus se afastem e caiam no pecado um pouco de cada vez. Ele usa o mtodo gradativo para esgotar o povo de Deus.

Esgotando nosso tempo


Satans tambm esgotar nosso tempo. Flix muitas vezes mandava buscar Paulo para com ele conversar. Depois de dois anos de conversa com o poderoso e talentoso apstolo, Flix ainda era incrdulo. O inimigo usa este artifcio para esgotar o povo. Hoje, Paulo convidado a falar sem nenhum resultado; amanh convidado de novo a falar, e ainda no tem resultado; e no dia seguinte novo convite para falar, e depois outra vez, sem nenhum resultado. Paulo foi levado a se envolver em uma obra infrutfera por dois anos. Como o inimigo esgota o tempo e a energia do homem! Se os filhos de Deus no discernirem os engodos de Satans, podem facilmente cair em sua armadilha. Como devemos remir nosso tempo e aproveitar cada hora! Devemos impedir que Satans esgote nosso tempo e devemos resistir a ele, no deixando que ele nos faa trabalhar em coisas que no tenham resultado.

Esgotando a consagrao de Sanso


Sanso teve fracassos, mas no devia ter perdido sua consagrao nem seu testemunho de separao. Pois a perda de consagrao significa perda de poder, e a perda do testemunho significa perda da presena de Deus. Sanso era nazireu, uma pessoa consagrada a Deus. Satans sabia que a fonte do poder deste homem estava em sua consagrao. Portanto, a fim de tocar a fonte de vida de Sanso, ele deve retirar sua consagrao. Como o fez? Usou Dalila que 63

Importunando-o ela todos os dias com as suas palavras, e molestando-o, apoderou-se da alma dele uma impacincia de matar. Descobriu-lhe todo o seu corao (Jz 16:16, 17). Assim Sanso revelou o segredo de seu poder. E subseqentemente caiu na armadilha de Satans: perdeu sua consagrao, poder, testemunho de separao e a presena de Deus. Tal pressionamento dirio feito pelo inimigo. Se nossos olhos estiverem abertos por Deus seremos capazes de ver que quando Satans esgota as pessoas ele emprega todos os tipos de recursos. Esgota o corpo, o corao dos homens, e a nossa vida espiritual. Ele no ataca com violncia; esgota lentamente. Devemos, portanto, guardarnos contra as tticas de exausto de Satans. No devemos permitir que ele nos esgote. Em vez disso, devemos resisti-lo a cada passo.

Devemos detestar a obra de exausto de Satans


Quando Paulo pregava na Macednia encontrou certa jovem que tinha um esprito de adivinhao. Ela o seguia clamando: Estes homens so servos do Deus Altssimo, e vos anunciam o caminho da salvao. E isto ela fez por muitos dias at que Paulo ficou to perturbado que, voltando-se, disse ao esprito: Em nome de Jesus Cristo eu te mando: Retira-te dela. E o esprito mau saiu na mesma hora. (Ver Atos 16:16-18) No reino espiritual devemos ter o desgosto que Paulo mostrou aqui. No devemos detestar os homens, mas detestar os espritos maus. Paulo, com certeza, se enojou do esprito maligno, mas no da jovem. Ele ordenou que o esprito sasse dela. No caso, tratou-a como uma terceira pessoa. Que tenhamos o tipo de averso que Paulo tinha, sempre que o esprito estiver esgotando os homens. Se voc realmente souber como Satans tenta esgotlo, pedir que Deus lhe d este senso de desgosto isto , detestar Satans e irar-se contra ele! Muitos sabem perder a 64

pacincia com os homens, mas estranho que no saibam jogar sua ira sobre Satans. Ao serem incomodados pelas pessoas, perdem a pacincia, mas no tm conscincia de como o inimigo os est esgotando. Dia aps dia Paulo estava sendo importunado por Satans at que ficou to exasperado que abriu a boca para resistir ao esprito mau, e assim o esprito deixou a jovem. Da mesma forma no fique em silncio o tempo todo. Que se levante a voz em resistncia. Se os filhos de Deus ficassem irados e abrissem a boca para opor-se a Satans, tudo estaria bem. Se as pessoas ficarem com raiva do diabo, gritaremos aleluia, que maravilha! de dar pena, que alguns sejam to fracos que permitam ao inimigo esgot-los o tempo todo. Os filhos de Deus deviam ter raiva de Satans e detest-lo. Tendo raiva e mostrando aborrecimento, eles cessam a atividade e esgotamento do inimigo. Freqentemente, medida que voc est sendo importunado por Satans voc se conserva silente, pacientemente suportando e quietamente sofrendo at que se sente to desgostoso que comea a ficar com raiva e declara: Oponhome a isto, no mais o suporto! Simplesmente ao dizer isto, ao ficar furioso com isto, voc libertado e o processo de esgotamento cessa. Os filhos de Deus devem, portanto, levantar-se para repudiar e reprovar o inimigo. Algumas pessoas falham em receber alvio porque ainda tm fora para suportar. A pessoa que continua suportando o desgaste de Satans, permitindo que o diabo lhe desperdice a energia, a alegria e a vida espiritual, caiu na artimanha do inimigo. Que seja claro, entretanto, que no devemos ficar com raiva das pessoas que Satans usa; pelo contrrio, devemos ser pacientes com elas, at mesmo amorosos. Mas devemos nos opor e resistir conspirao oculta de Satans. Se resistirmos ao que ele faz, logo estaremos livres. O poder de resistir ao maligno vem do discernir sua presso. Muitos crentes, ao serem manipulados e assaltados, realmente resistem a Satans; mas no encontram fora em si mesmos. Isto acontece porque falham em perceber a 65

presso de Satans. Embora resistam, parece que no tm a fora de erguer a voz contra o inimigo. Se voc resiste a ele ou no, depende de quanto o detesta. Se voc no estiver bastante chateado com ele, suas palavras se esvairo no ar. Mas se estiver realmente exasperado, ficar com raiva dele. Esta ira torna-se em poder. Ao abrir a boca, far com que ele fuja. Tal aborrecimento vem da revelao Ao perceber como o diabo continua a desgast-lo, voc lhe resiste. No momento em que voc percebe isto, Satans sabe que sua ttica foi descoberta e perde a esperana. Que Deus possa realmente ter misericrdia de ns para que possamos reconhecer a obra de esgotamento de Satans. Compreendamos que se suportarmos pacientemente, a obra de Satans por certo continuar; mas se nos enraivecermos, imediatamente ele nos deixar em paz. Que compreendamos que todos os meios de resistncia so inteis se no decidirmos a resistir; se, porem, resistirmos, ento veremos que Satans forado a bater em retirada. Se um dia reconhecermos o que Satans est fazendo que realmente ele planeja tudo levantar-nosemos ousadamente e declararemos: Rejeito isso; oponho-me a isso! E medida que Deus nos d tal resistncia, ela instantaneamente torna-se eficaz. Em concluso, devemos ler Efsios 6:13, onde Paulo escreve que tendo feito tudo devemos ficar firmes; devemos ficar firmes, e no permitir que Satans continue a esgotar-nos. Devemos pedir que o Senhor no abra os olhos para vermos a obra de exausto que Satans est realizando nos filhos de Deus. Que nos levantemos para resistir e falar contra o inimigo. Que possamos declarar: Resisto, oponhome a esse esgotamento e no o aceito. Se rejeitarmos e resistirmos a toda ttica de esgotamento que Satans possa estar usando conosco, testemunharemos da salvao do Senhor e da libertao da estratgia de esgotamento de Satans. Tal palavra precisa da cobertura do sangue. Possa Deus cobrir-nos com o sangue 66

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