Revista Cristã de Espiritismo - O Que É Cura Espiritual
Revista Cristã de Espiritismo - O Que É Cura Espiritual
Revista Cristã de Espiritismo - O Que É Cura Espiritual
Editora
PROGRAMA
Victor Rebelo
Msicas espritas e espiritualistas, entrevistas, auto-ajuda e estudo das religies Aos sbados, s 16 horas Rdio Mundial 95,7 FM (SP)
ndice
1 - Introduo 2 - O que so doenas? 3 - Tratamentos espirituais 4 - Mediunidade de cura 5 - Remdios Espirituais 6 - As curas de Jesus 7 - Dr. Bezerra de Menezes 8 - Torne-se receptivo cura 9 - Irm Scheilla 10 - A prece e a reforma ntima 08 11 25 39 57 75 85 103 115 125
Introduo
Um dos aspectos que tem despertado o interesse das pessoas em relao doutrina esprita a questo do tratamento espiritual que os centros espritas oferecem. Quando falamos em tratamento espiritual, temos que entender no apenas a cura do corpo fsico, mas sobretudo, a cura da alma. Os ensinamentos que os espritos elevados nos transmitem tm como objetivo despertar a conscincia humana para seus potenciais divinos. Os distrbios emocionais e psquicos, conforme nos ensinam, causam desequilbrios energticos que acabam desestruturando a harmonia celular, culminado assim, nas doenas comumente diagnosticadas peloas mdicos. Portanto, devemos entender que a proposta maior do centro esprita no a de substituir o hospital. Isso seria, at mesmo, contra a legislao brasileira. A misso maior do centro esprita fornecer subsdios para que a criatura humana encontre condies para efetuar o seus amadurecimen8
to e equilbrio espiritual, o que trar, como conseqncia, o bem-estar e sade fsica. Para tanto, muitas vezes se faz necessrio o uso de determinados recursos, como sesses de desobsesso, passes e magnetizao de gua. Jamais um dirigente esprita dever recomendar a suspenso do acompanhamento mdico.
Mdiuns curadores
So os mdiuns que possuem o organismo em condues mais propcias para a doao de fluidos responsveis pela manuteno da vitalidade fsica. Existem, tambm, aqueles que, atravs da mediunidade de incorporao, atuam realizando cirurgias, com ou sem cortes. Lembramos que, ser mdium no significa, necessariamente, ser esprita. No indicamos, neste livro, nenhum centro esprita. Apena fornecemos uma base de conhecimentos para que o leitor possa fazer sua escolha de forma consciente. Victor Rebelo Editor
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O QUE SO DOENAS?
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Antes de se falar em cura espiritual, importante definirmos o que uma doena. Seria ela um mal de fato? No livro Mos de Luz, a curadora norte-americana Barbara Ann Brennan apresenta um raciocnio muito interessante: Toda doena uma mensagem direta dirigida a voc, dizendo-lhe que no tem amado quem voc e nem se tratado com carinho, a fim de ser quem voc . De fato, todas as vezes que nosso corpo apresenta alguma doena, isto deve ser tomado como um sinal de que alguma coisa no est bem.
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A doena no uma causa, uma conseqncia proveniente das energias negativas que circulam por nossos organismos espiritual e material. O controle das energias feito atravs dos pensamentos e dos sentimentos, portanto, possuimos energias que nos causam doenas porque somos indisciplinados mental e emocionalmente. Em Nos Domnios da Mediunidade, Andr Luiz explica que assim como o corpo fsico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, tambm o organismo perispiritual absorve elementos que lhe degradam, com reflexos sobre as clulas materiais. Permanentemente, recebemos energia vital que vem do cosmo, da alimentao, da respirao e da irradiao das outras pessoas e para elas imprimimos a energia gerada por ns mesmos. Assim, somos responsveis por emitir boas ou ms energias s outras pessoas. A energia que irradiamos aos outros estar impregnada com nossa carga energtica, isto , carregada das ener13
gias de nossos pensamentos e de nossos sentimentos, sendo necessrio que vigiemos o que pensamos e sentimos.
Tipos de doenas
Podemos classificar as doenas em trs tipos: fsicas, espirituais e atradas ou simbiticas. As doenas fsicas so distrbios provocados por algum acidente, excesso de esforo ou exagero alimentar, entre outros, que fazem um ou mais rgos no funcionarem como deveriam, criando uma indisposio orgnica. As doenas espirituais so aquelas provenientes de nossas vibraes. O acmulo de energias nocivas em nosso perisprito gera a auto-intoxicao fludica. Quando estas energias descem para o organismo fsico, criam um campo energtico propcio para a instalao de doenas que afetam todos os rgos vitais, como corao, fgado, pulmes, estmago etc., arrastando um corolrio de sofrimentos.
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As energias nocivas que provocam as doenas espirituais podem ser oriundas de reencarnaes anteriores, que se mantm no perisprito enfermo enquanto no so drenadas. Em cada reencarnao, j ao nascer ou at mesmo na vida intra-uterina, podemos trazer os efeitos das energias nocivas presentes em nosso perisprito, que se agravam medida que acumulamos mais energia negativa na reencarnao atual. Enquanto persistirem as energias nocivas no perisprito, a cura no se completar. J as doenas atradas ou simbiticas so aquelas que chegam por meio de uma sintonia com fluidos negativos. O que uma criatura colrica vibrando sempre maldades e pestilncias pode atrair seno as mesmas coisas? Essa atrao gera uma simbiose energtica que, pela via fludica, causa a percepo da doena que est afetando o organismo do esprito que est imantado energeticamente na pessoa, provocando a sensao de que a doena est nela, pois
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passa a sentir todos os sintomas que o esprito sente. A, a pessoa vai ao mdico e ele nada encontra. Andr Luiz afirma que se a mente encarnada no conseguiu ainda disciplinar e dominar suas emoes e alimenta paixes (dio, inveja, idias de vingana), ela entrar em sintonia com os irmos do plano espiritual, que emitiro fluidos malficos para impregnar o perisprito do encarnado, intoxicando-o com essas emisses mentais e podendo lev-lo doena.
Devido densidade, estas energias nocivas no conseguem descer de imediato ao corpo fsico e vo se acumulando no perisprito. Com o passar do tempo, as cargas energticas nocivas que no forem dissolvidas ou no descerem ao corpo fsico formam manchas e placas que aderem superfcie do perisprito, comprometendo seu funcionamento e se agravando quando a carga deletria acumulada aumentada com desatinos da existncia atual. Em seus tratados didticos, a medicina explica que, no organismo do homem, desde seu nascimento fsico, existem micrbios, bacilos, vrus e bactrias capazes de produzirem vrias doenas humanas. Graas quantidade nfima de cada tipo de vida microscpica existente, eles no causam incmodos, doenas ou afeces mrbidas, pois ficam impedidos de ter uma proliferao alm da cota mnima que o corpo humano pode suportar sem adoecer. No entanto, quando esses germes ultrapassam
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o limite de segurana biolgica fixado pela sabedoria da natureza, motivados pela presena de energias nocivas no corpo fsico, eles se proliferam e destroem os tecidos de seu prprio hospedeiro. Partindo das estruturas energticas do perisprito na direo do corpo, em ondas sucessivas, essas radiaes nocivas criam reas especficas nas quais podem se instalar ou se desenvolver as vidas microscpicas encarregadas de produzir os fenmenos compatveis com os quadros das necessidades morais para o indivduo. Elas se alimentam destas energias nocivas que chegam ao fsico, conseguindo se multiplicar mais rapidamente e, em conseqncia, causando as doenas. A recuperao do esprito enfermo s poder ser conseguida mediante a eliminao da carga txica que est impregnada em seu perisprito. Embora o pecador j arrependido esteja disposto a uma reao construtiva no sentido de se purificar, ele
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no pode se subtrair dos imperativos da Lei de Causa e Efeito. Para cada atitude corresponde um efeito de idntica expresso, impondo uma retificao de aprimoramento na mesma proporo, ou seja, a pessoa tem que dispender um esforo para repor as energias positivas da mesma maneira que dispende esforos para produzir as energias negativas que se acumulam em seu perisprito.
Quando o esprito no consegue expurgar todo o contedo venenoso de seu perisprito durante a existncia fsica, ele desperta no alm sobrecarregado de energia primria, densa e hostil. Em tal caso, devido prpria lei dos pesos especficos, ele pode cair nas zonas umbralinas pantanosas, onde submetido teraputica obrigatria de purgao no lodo absorvente. Assim, pouco a pouco vai se libertando das excrescncias, ndoas, venenos e crostas fludicas que nasceram em seu tecido perispiritual por efeito de seus atos de indisciplina vividos na matria. Os charcos pantanosos do umbral inferior so do mesmo nvel vibratrio das manchas e placas, por isso servem para drenar essas energias nocivas. Embora sofram muito nesses locais, isso os alivia da carga txica acumulada na Terra, assim como seu psiquismo enfermo, depois de sofrer pela dor cruciante, desperta e se corrige para viver existncias futuras mais educativas ou
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menos animalizadas. Os espritos socorristas s retiram dos charcos purgatoriais os pecadores que j esto em condies de uma permanncia suportvel nos postos e colnias de recuperao perispiritual adjacentes crosta terrestre. Cada um tem certo limite que pode agentar em meio a estes charcos, ento eles so resgatados mesmo que ainda no tenham expurgado todas as placas, reencarnando em corpos onde permanecero expurgando e drenando essas energias atravs das doenas que se manifestaro no corpo fsico.
Ajuda da medicina
A doutrina esprita no prega o conformismo, por isso lcito procurar a medicina terrena, que pode aliviar muito e curar onde for permitido. Se a misericrdia divina colocou os medicamentos ao nosso alcance, porque podemos e devemos utiliz-los para combater as energias nocivas que
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migraram do perisprito para o corpo fsico, mas no devemos esquecer que os medicamentos alopticos combatem somente os efeitos da doena. Isto quer dizer que, quando as doenas esto presentes no corpo fsico, devemos combat-la, buscar alvio. Muitas vezes, estas doenas exigem tratamentos prolongados, outras vezes necessitamos at de cirurgia, mas tudo faz parte da Lei de Causa e Efeito, que tenta despertar para uma reforma moral atravs deste processo doloroso. Qualquer medida profiltica em relao s doenas tem que se iniciar na conduta mental, exteriorizando-se na ao moral que reflete o velho conceito latino: mens sana in corpore sano. Estados de indisciplina so os maiores responsveis pela convocao de energias primrias e daninhas que adoecem o homem pelas reaes de seu perisprito contra o corpo fsico. Sentimentos como orgulho, avareza, cime, vaidade, inveja, cal22
nia, dio, vingana, luxria, clera, maledicncia, intolerncia, hipocrisia, amargura, tristeza, amor-prprio ofendido, fanatismo religioso, bem como as conseqncias nefastas das paixes ilcitas ou dos vcios perniciosos, so tambm geradores das energias nocivas. Ou seja, a causa das doenas est na prpria leviandade no trato com a vida. Analisando criteriosamente o comportamento, ver-se- que os males que atormentam as pessoas persistiro enquanto no forem destrudas as causas. Portanto, solues superficiais so enganosas. preciso lutar contra todas as aflies, mas jamais de forma milagrosa. Procuremos sempre pensar e agir dentro dos ensinamentos cristos, a fim de alcanarmos a cura integral.
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TRATAMENTOS ESPIRITUAIS
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De modo geral, denomina-se como cura espiritual o restabelecimento da sade por mtodos executados no pela medicina oficial, mas por meios paranormais. de muito tempo que o trabalho do homem, crente ou no, tem infludo na sade de seu prximo. As tribos, os povos no desenvolvidos e os sacerdotes e pitonizas da antiguidade restabeleciam a sade de seus semelhantes por meios desconhecidos at por eles mesmos. S com a vinda de Jesus que estes atos foram executados de forma consciente.
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No Brasil, em 1900, Leopoldo Cirne fez o primeiro relato escrito sobre o assunto, a fim de lev-lo para Paris, no IV Congresso Esprita. Na Europa, naquela poca, j se realizavam tratamentos de doenas atravs de magnetizao praticada por espritas, martinistas, rosa-cruzes, positivistas, teosofistas etc., que defendiam a imortalidade da alma, o intercmbio entre vivos e mortos e a reencarnao. Depois de Allan Kardec, apareceram os mdiuns curadores, at que, em 1888, os espritas da Espanha fizeram demonstraes prticas na presena de cientistas e investigadores. Estes trabalhos foram realizados por J. Fernandes, discpulo de Kardec. Em 1889, nas comemoraes do primeiro centenrio da Revoluo Francesa, reuniu-se em Paris o II Congresso Esprita, agora representado por espritas e espiritualistas em geral. de conhecimento geral que os sacerdotes faziam sesses de cura em seus conventos, invocando o Esprito Santo. Porm,
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perde-se na noite dos tempos o momento em que a cura por processos no mdicos foi utilizada, como benzeduras, mesinhas, sacrifcios de animais e outros tantos processos usados pelo homem para socorrer seus semelhantes. Vemos isto principalmente entre tribos brasileiras e africanas, fatos que deram lugar expresso irnica de Bocage: Unta-se num instante, a perna torna a crescer e fica melhor que dantes. Isto fere o princpio de minha querida ortopedia.
Condies necessrias
Antes de tudo, h que se ter uma f sincera, atuante, no vacilante. Um dos motivos pelo qual, muitas vezes, a cura espiritual no se realiza simplesmente a falta de f. Entenda-se aqui que esta f a convico, no o fanatismo. Foi o prprio Jesus quem sentenciou: Tudo possvel para aquele que cr. No somente f em quem pratica o ato da cura, mas tambm em quem recebe. As vibraes fecundas de um e de
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outro se traduzem em um ajustamento energtico que, mesmo fora do campo espiritual, produz resultados prodigiosos. A medicina oficial est cheia de processos psicossomticos e de placebos, todavia, o mdium curador no deve se entusiasmar demais, para no ser vtima de animismo e nem da empolgao de que ele agente. Todos sabemos que mesmo na cura por mtodos puramente fsicos, somos intermedirios. Este conceito ainda no est arraigado nos mdicos, o que tiraria deles a empfia de curadores e salvadores. Falta a muitos a humildade de compreender que no obteremos sucesso sem a presena de Deus e a intermediao dos bons companheiros. justamente isso que tem feito o fracasso de um lado e de outro do tratamento, quer espiritual, quer medicamentoso. este conceito de f que prova o tratamento e o diagnstico a distncia nas curas espirituais, o que alguns rotulam de tratamento por ausncia.
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Alm disso, exige-se do mdium de cura uma conduta ilibada, alimentao adequada, pontualidade, humildade, senso de autocrtica, instruo espiritual precisa, renovao de seus conhecimentos espirituais, disciplina, bom relacionamento com outros mdiuns e respeito afetuoso com quem vai curar. Sem essas qualidades, um mdium curador no obtm xito.
Sucesso e fracasso
Existe sucesso na cura espiritual mais do que pensamos ou sabemos. Em nosso modo de ver, o merecimento o elemento primordial para uma cura espiritual, alm da harmonia mental do mdium e do doente, a assistncia espiritual requerida ou apresentada, a correta manipulao dos fluidos, a vontade e o desejo de se curar. Baseado no harmonioso conjunto mente e corpo, traduz uma possibilidade indiscutvel de xito. Essa harmonia justifica muitas vezes o
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tratamento a distncia, confirma o valor mental do mdium e assegura a confiana do doente. Isto se confirma inmeras vezes nas doenas tidas como incurveis, nas quais at a recomposio de rgos est provada atravs de exames especficos. Diagnsticos imediatos, tratamento espetacular, informes dos pacientes e atestados de observadores e de profissionais da rea comprovam firmemente o sucesso das curas espirituais e a sobrevida dos beneficiados. As operaes realizadas em condies precrias e inadequadas, assistidas por quem entende, provam esses sucessos e consolidam a crena de quem se dedica a elas. Entretanto, h fracassos e muitos na cura espiritual. A descrena, a impontualidade e a desdia concorrem muito para isto. preciso saber e conveniente dizer que as leis csmicas no podem ser superadas pelos homens. Logo, em uma doena crmica, s Deus pode curar. Ambrsio Par, que no era esprita, dizia aos seus doentes: Eu te
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operei, Deus te curar. Se ele, que fazia uma amputao de coxa em sete minutos, tinha humildade, avaliamos hoje que, com todo conhecimento de que dispomos, no temos nem podemos ter a pretenso de curar. Somos instrumentos da vontade de Deus, pois se no fosse assim, se a cura se realizasse s por nosso saber, todas as doenas seriam curveis. H outros fatores que concorrem para o fracasso da cura espiritual, como o ambiente desarmonioso, a falta de compostura do mdium, a indisciplina do doente e o defeito na reforma ntima. indiscutvel que quem se aventura a fazer cura espiritual tem que se precaver com uma srie de cuidados, a fim de no ser surpreendido por chantagens, simulaes, ciladas e tantos outros recursos daqueles que descrem e acusam o espiritismo de mistificao. Assim, necessitamos de um bom diagnstico cientfico, tanto quanto possvel, da assistncia de um mdico esprita e
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de provas necessrias de doenas verdicas. As doenas psicossomticas, mesmo que possam parecer duvidosas, tm respaldo cientfico e orientao espiritual, para que o mdium no seja chantageado. A presena de pessoas discordantes, obsediadas ou inconvenientes outro motivo de precauo para o tratamento espiritual. Somos partidrios de um ambiente reservado exclusivamente para este mister. O mdium curador deve evitar a todo custo a recompensa espiritual, principalmente a pecuniria, para no misturar indesejavelmente as coisas. Dar de graa o que se recebe de graa deve ser uma constante na cabea de quem faz cura espiritual. O amor de Deus e a presena de Jesus so recompensas maiores que o ouro do mundo.
fazer cura espiritual. Porm, como em matemtica, isto necessrio, mas no o suficiente. A aptido para realizar tal atividade vem com o indivduo desde o nascimento e desenvolv-la indispensvel quando h vontade de se dedicar a este trabalho. Assim, o mdium que instruido, esclarecido, informado ou treinado para isto no deve se eximir desta misso. Alguns centros espritas preparam certos mdiuns para a cura. necessrio muito critrio por parte do prprio dirigente e dos mdiuns que vo se dedicar a isto, pois o fato de querer no justifica a indicao, preciso poder, ter aptido, ser preparado. H centros que exigem cursos de at quatro anos, exigncia que revela o escrpulo e o respeito que estes locais tm pelo trabalho de seus mdiuns e de sua reputao. Portanto, precisamos ser exigentes na prtica da cura espiritual. O que ocorre sempre que um mdico desencarnado incorpora em um mdium,
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que geralmente no diplomado, para a realizao da cura espiritual. Comumente tambm, no somente um, mas um grupo de mdicos desencarnados que se une a fim de levar ao doente a influncia de seus conhecimentos e apresentar a habilidade de transmitir ao mdium a possibilidade de ser utilizado para este fim. A gua fluidificada e o prprio magnetismo do mdium colaboram de maneira eficiente na realizao do ato de cura, principalmente quando este operatrio. No se infira da que isto no possa acontecer a distncia. Pode sim, pois o transporte da equipe curadora no tem obstculo para ir aonde necessrio o benefcio da cura. O ritmo e o nmero de vezes que isso tem ocorrido prova tal afirmativa. Uma outra condio para o poder da cura a facilidade de saber manejar o ectoplasma, porque este dever ser usado como substituto de um rgo ou de parte dele e isto quem vai doar o prprio mdium.
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zer curas, mas estas no so duradouras e so feitas para espetculos pblicos. A influncia do mdium curador preparado suficientemente consegue, dizem os entendidos, afastar um pouco o perisprito, que onde justamente reside a doena, para melhor agir nele e, por uma ao reflexa, agir no corpo. Assim sendo, atuando sobre o perisprito, o mdium vai alterar sua constituio perturbada, restabelecendo sua organizao natural e fazendo com que a justaposio do perisprito ao corpo restabelea a harmonia necessria para a recuperao da sade do paciente. sabido que no h doena que no deixe de agir no perisprito e no h doena do corpo fsico que no se reflita naquele. Para isto, basta que o vidente desdobre a aura de seu paciente. Quando se faz uma operao espiritual em um rgo ou se retira um tumor deste, o ectoplasma do mdium enviado para aquela regio para recompor o rgo e restabelecer toda
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a sua funo. por isto que a cura definitiva, a funo recuperada e o aspecto do paciente modificado. A imposio das mos revela a transmisso do fluido curador para seu paciente e Jesus fez isto muitas vezes, ensinando este modo de agir. Entretanto, temos confirmado a cura a distncia ou a chamada cura por ausncia, na qual as mos do mdium no chegam l, mas chegam os fluidos conduzidos por sua fora mental e pelos mensageiros do bem atravs do Fluido Universal. O mundo est cheio de mdiuns que realizam tais faanhas. A discusso da veracidade das curas espirituais est apenas no campo terico. Para quem deseja se informar, o Espiritismo, especificamente no Brasil, pode responder aos descrentes. A doutrina esprita est aberta para dar o testemunho srio e honesto deste procedimento.
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MEDIUNIDADE DE CURA
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A mediunidade de cura a capacidade possuda por certos mdiuns de curarem molstias por si mesmos, provocando reaes reparadoras de tecidos e rgos do
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corpo humano, inclusive as oriundas de influenciao espiritual. Assim como existem mdiuns que emitem fluidos prprios para a produo de efeitos fsicos concretos (ectoplasmia), temos igualmente os mdiuns que emitem fluidos que operam todas as reparaes acima referidas. Na essncia, o fluido sempre o mesmo, uma substncia csmica fundamental. Mas suas propriedades e efeitos variam imensamente, conforme a natureza da fonte geradora imediata, da vibrao especfica e, em muitos casos (como este de cura, por exemplo), do sentimento que precedeu o ato da emisso. A diferena entre os dois fenmenos que no primeiro caso (ectoplasmia), o fluido pesado, denso, prprio para elaborao de formas ou produo de efeitos objetivos por condensao, ao passo que no segundo (curas), ele sutilizado, radiante, prprio para alterar condies vibratrias j existentes.
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Mdium curador
Alm do magnetismo prprio, o mdium curador goza da aptido de captar esses fluidos leves e benignos nas fontes energticas da natureza, irradiando-os em seguida sobre o doente, revigorando rgos, normalizando funes, destruindo placas e quistos fludicos produzidos tanto por auto-obsesso como por influenciao direta. O mdium se coloca em contato com essas fontes ao orar e se concentrar, animado pelo desejo de fazer uma caridade evanglica. Como a lei do amor a que preside todos os atos da vida espiritual superior, ele se coloca em condies de vibrar em consonncia com todas as atividades universais da criao, encadeando foras de alto poder construtivo que vertem sobre ele e se transferem ao doente. Por sua vez, este se colocou na mesma sintonia vibratria por meio da f ou da esperana. Os fluidos radiantes interpenetram o corpo fsico, atingem o campo da vida ce42
lular, bombardeiam os tomos, elevam-lhes a vibraco ntima e injetam nas clulas uma vitalidade mais intensa. Em conseqncia, acelera as trocas (assimilao, eliminao), resultando em uma alterao benfica que repara leses ou equilibra funes no corpo fsico. Nas operaes cirrgicas feitas diretamente no corpo fsico, os espritos operadores incorporam no prprio mdium que dispe desta faculdade. Ele, como autmato, opera o paciente com os mesmos instrumentos da cirurgia terrena, porm sem anestesia e dispensando qualquer precauo de assepsia. Em certos casos, embora raros, o esprito incorporado logra o mesmo resultado cirrgico utilizando objetos de uso domstico (facas, tesouras, garfos ou estiletes comuns) como instrumentos operatrios, igualmente sem quaisquer cuidados anti-spticos. O cirurgio invisvel incorporado no mdium corta a carne do paciente, extirpa
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excrescncias mrbidas, drena tumores, desata atrofias, desimpede a circulao obstruda, reduz estenoses ou elimina rgos irrecuperveis. Semelhantes intervenes, alm de seu absoluto xito, so realizadas em um espao de tempo exguo, muito acima da capacidade do mais abalizado cirurgio do mundo fsico. Em tais casos, os mdicos desencarnados fazem seus diagnsticos rapidamente, com absoluta exatido e sem necessidade de chapas radiogrficas, eletrocardiogramas, hemogramas, encefalogramas ou quaisquer outras pesquisas de laboratrio. Nessas operaes medinicas processadas diretamente na carne, os pacientes operados tanto podem apresentar cicatrizes ou estigmas operatrios como ficarem livres de quaisquer sinais cirrgicos. Em seguida operao, eles se erguem lpidos e sem qualquer embarao ou dor, manifestandose surpreendidos por seu alvio inesperado e a eliminao sbita de seus males.
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Quando opera incorporado no mdium, o esprito sempre auxiliado por companheiros experimentados na mesma tarefa, que cooperam e ajudam no controle da interveno cirrgica, no diagnstico seguro e rpido e no exame antecipado das anomalias dos enfermos a ser operados. Entidades experimentadas na cincia qumica transcendental preparam os fluidos anestesiantes e cicatrizantes, transferindoos depois do mundo oculto para o cenrio fsico atravs da materializao na forma lquida ou gasosa, conforme seja necessrio.
Cirurgias a distncia
Embora o xito das operaes medinicas dependa especialmente do ectoplasma a ser fornecido por um mdium de efeitos fsicos e controlado pelos espritos de mdicos desencarnados, h circunstncias em que, devido ao teor sadio dos prprios fluidos do enfermo, as operaes produzem resultados miraculosos no corpo fsico, ape45
sar de processadas somente no perisprito. O processo de refluidificao, com o aproveitamento dos fluidos do prprio doente, lembra algo do recurso de cura adotado na hemoterapia praticada pela medicina terrena, na qual o mdico incentiva o energismo da pessoa debilitada extraindolhe algum sangue e, em seguida, injetando-o novamente nela, em um processo que acelera a dinmica do sistema circulatrio. No entanto, mesmo que se tratem de operaes medinicas feitas diretamente na carne do paciente ou mediante fluidos irradiados a distncia pelas pessoas de magnetismo teraputico, o sucesso operatrio exige sempre a interferncia de espritos desencarnados, tcnicos e operadores, que submetem os fluidos irradiados pelos vivos a um avanado processo de qumica transcendental nos laboratrios do lado espiritual. E quais so as diferenas entre as cirurgias realizadas com a presena do paciente
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e as realizadas a distncia? No primeiro caso, os tcnicos desencarnados utilizam o ectoplasma do mdium de efeitos fsicos e tambm os fluidos nervosos emitidos pelas pessoas presentes. Esta aglutinao polarizada sobre o enfermo presente possibilita resultados mais eficientes e imediatos. No segundo caso, os espritos operadores procuram reunir e projetar sobre o doente os fluidos magnticos obtidos pelas pessoas que se encontram reunidas a distncia, no centro esprita. Porm, como se tratam de fluidos bem mais fracos do que os fornecidos pelo mdium de fenmenos fsicos, eles so submetidos a um tratamento qumico especial pelos operadores invisveis, a fim de se obterem resultados positivos. Mesmo assim, os fluidos transmitidos a distncia servem apenas para as intervenes de pouco vulto, pois, sendo fluidos heterogneos, exigem a purificao qual nos referimos. Existem alguns fatores que impedem as
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cirurgias a distncia de serem to eficazes e seguras como as intervenes diretas. Para muitos desses voluntrios doadores de fluidos, faltam a vontade disciplinada e a vibrao emotiva fervorosa, que potencializam as energias espirituais. Alm disso, alguns deles no gozam de boa sade, fumam em demasia, ingerem bebidas alcolicas em excesso ou abusam de alimentao carnvora. Alis, nos dias destinados a esses trabalhos espirituais, os mdiuns deveriam se submeter a uma alimentao sbria, j que, depois de uma refeio por vezes indigesta, o indivduo no tem disposio para tomar parte em uma tarefa que exige concentrao mental segura.
srias dificuldades no servio de socorro aos pacientes cujos nomes esto inscritos nas listas dos centros espritas, pois alm das dificuldades tcnicas resultantes de certo desequilbrio mental do ambiente onde eles atuam, outros empecilhos os aguardam, em virtude do estado psquico dos prprios doentes. s vezes, o enfermo tem a mente saturada de fluidos sombrios, em face de conversas maledicentes, intrigas, calnias e fofocas. Em outros casos, l est ele em excitao nervosa por causa de alguma violenta discusso poltica ou desportiva, bem como encontrado envolto na fumarada intoxicante do cigarro ou na bebericagem de um alcolatra. Outras vezes, os fluidos irradiados das sesses espritas penetram nos lares enfermos, mas encontram o ambiente carregado de fluidos agressivos, provenientes de discusses ocorridas entre seus familiares. evidente que os desencarnados tm pouco xito em sua
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tarefa abnegada de socorrerem os enfermos quando estes vibram recalques de dio, vingana, luxria, cobia ou quaisquer outros sentimentos negativos.
tece que a transferncia reflexa das reaes produzidas por essas operaes se processa muito lentamente, levando semanas ou at meses para manifestarem seus efeitos benficos no organismo. Alm disso, h casos em que o enfermo recebe assistncia de seus guias espirituais devido circunstncia de emergncia, que no altera o determinismo de seu resgate crmico. Toda cura se d pela ao fludica, j que o esprito age atravs dos fluidos. Tanto o perisprito como o corpo fsico so de natureza fludica, embora em diferentes estados, havendo relao entre eles. O agente da cura pode ser encarnado ou desencarnado e nela podem ser utilizados ou no processos como passes, gua fluidificada e outros, alm da interveno no perisprito ou no corpo. Na cura por efeitos fsicos, a alterao orgnica no corpo fsico imediatamente visvel ou passvel de constatao pelos sentidos ou aparelhamentos materiais. Na ao fludica sobre o perisprito, a
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cura ser avaliada depois, pelos efeitos posteriores no corpo fsico. Agindo atravs dos centros anmicos, rgos de ligao com o perisprito, atinge-se este, que tambm se beneficia ao se purificar pela acelerao vibratria, tornando-se, assim, incompatvel com as de mais baixo padro. desta forma que se operam as curas de perturbaes espirituais, na parte que se refere ao perturbado propriamente dito. Sabemos que a maior parte das molstias de fundo grave e permanente no podem ser curadas porque representam resgates crmicos em desenvolvimento, salvo quando h permisso do Alto para cur-las. Entretanto, h benefcios para o doente em todos os casos, porque se conseguir, no mnimo, uma atenuao do sofrimento.
A cura na mo de todos
A faculdade de curar pela influncia fludica muito comum e pode se desenvolver por exerccio. Todos ns, estando
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saudveis e equilibrados, podemos beneficiar os doentes com passes, irradiaes, gua fluidificada etc. Aprendendo e exercitando, desenvolvemos nosso potencial de ao sobre os fluidos. O poder curativo est na razo direta da pureza dos fluidos produzidos, como qualidades morais ou pureza de intenes, da energia da vontade, quando o desejo ardente de ajudar provoca maior fora de penetrao, e da ao do pensamento, dirigindo os fluidos em sua aplicao. A mediunidade de cura, porm, bem mais rara, espontnea e se caracteriza pela energia e instantaneidade da ao. O mdium de cura age pelo simples contato, pela imposio das mos, pelo olhar, por um gesto, mesmo sem o uso de qualquer medicamento. No evangelho, existem numerosos relatos em que Jesus ou seus seguidores curam por ao fludica, alguns deles examinados por Allan Kardec no livro A Gnese, captulo XV.
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lcito buscar a cura, mas no se pode exigi-la, pois ela depender da atrao e fixao dos fluidos curadores por parte daqueles que devem receb-los. A cura se processa conforme nossa f, merecimento ou necessidade. Quando uma pessoa tem merecimento, sua existncia precisa continuar ou as tarefas a seu cargo exigem boa sade, a cura poder ocorrer em qualquer tempo e lugar, at mesmo sem intermedirios (aparentemente, porque ajuda espiritual sempre haver). No entanto, s vezes, o bem do doente est em continuar sofrendo aquela dor ou limitao, que o reajusta e equilibra espiritualmente, o que nos faz pensar que nossa prece no foi ouvida. Para tanto, vejamos o que diz Emmanuel no livro Seara dos Mdiuns, no captulo Orao e Cura: Lembremo-nos de que leses e chagas, frustraes e defeitos em nossa forma externa so remdios da alma que ns mesmos pedimos farmcia de Deus. A cura s se dar em carter dura54
douro se corrigirmos nossas atuais condies materiais e espirituais. A verdadeira sade e equilbrio vm da paz que em esprito soubermos manter onde, quando, como e com quem estivermos. Empenhemonos em curar males fsicos, se possvel, mas lembremos que o Espiritismo cura sobretudo as molstias morais. De uma maneira primorosa, Allan Kardec nos situa sobre o assunto: A cura se opera mediante a substituio de uma molcula mals por uma molcula s. O poder curativo est, pois, na razo direta da pureza da substncia inoculada, mas depende tambm da energia da vontade, que, quanto maior for, mais abundante emisso fludica provocar e tanto maior fora de penetrao dar ao fluido. Depende ainda das intenes daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou esprito. Da ento se depreende que so quatro as condies fundamentais das quais depende o xito da cura: o poder curativo
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do fluido magntico animalizado do prprio mdium, a vontade do mdium na doao de sua fora, a influenciao dos espritos para dirigir e aumentar a fora do homem e as intenes, mritos e f daquele que deseja se curar.
Todos ns, estando saudveis e equilibrados, podemos beneficiar os doentes com passes, irradiaes, gua fluidificada etc
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REMDIOS ESPIRITUAIS
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Os remdios espirituais so elementos que atuam diretamente sobre as manchas perispirituais, onde se encontram os focos das doenas. As manchas perispirituais so provocadas por fluidos impuros assimilados pelo organismo ou que se produziram nele, causados por pensamentos e sentimentos afins, gerando focos que se instalam no perisprito e formam doenas ou pioram as enfemidades crmicas. O remdio material cura o corpo e no o perisprito. Desta forma, se a doena tem sua origem no perisprito, a cura ser apenas momentnea. Enquanto persistir a mancha de fluidos impuros, a doena sempre
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se manifestar, de uma forma ou de outra. J o remdio espiritual se dirige especialmente ao perisprito, pois se este est curado, necessariamente o corpo material tambm estar. Ou seja: um corpo espiritual saudvel igual a um corpo material saudvel, enquanto que um corpo espiritual doente igual a um corpo material doente. Os remdios espirituais consistem em fluidos, que so ministrados aos doentes por meio do passe, da prece, da irradiao e da gua fluidificada. O passe uma transfuso de fluidos, a irradiao uma transmisso mental de fluidos a distncia e a gua fluidificada uma gua comum fortemente impregnada com fluidos. Na prece, ocorre uma concentrao fludica. Os doentes incurveis encontraro alvio e resignao para a prova ou expiao que esto enfrentando por meio da calma interior que passaro a desfrutar. Alguns deles precisam de uma reencarnao dolorosa, a fim de que as manchas crmicas
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possam ser curadas. O ambiente familiar fica impregnado pelos resduos de pensamentos emitidos pelos moradores, os quais podem ser bons e maus. Alm disso, vivemos assistidos por entidades atradas pela lei de afinidade. Assim, as entidades que trazem perturbaes no ambiente podem ser retiradas atravs da mudana vibratria, conseguida por meio de pensamentos bons, leituras sadias, compreenso, entendimento, tolerncia entre os familiares etc. Um mtodo eficaz de melhorar o ambiente familiar a prtica do Evangelho no Lar.
Atmosfera psquica
Estamos mergulhados em uma atmosfera fludica da qual absorvemos energias automaticamente, as quais metabolizamos e damos caractersticas particulares, conforme nossos pensamentos e sentimentos. Sendo assim, existem variadas categorias de fluidos, pois cada uma serve como vestimenta
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dos sentimentos, pensamentos e aes de cada um de ns. Portanto, vivemos na atmosfera psquica que criamos. Todavia, preciso salientar que no vivemos isolados, mas que agimos e reagimos uns sobre os outros. Essa ao, porm, se subordina lei de afinidade, segundo a qual os semelhantes se atraem e os contrrios se repudiam. Cada um de ns um dnamo-psiquismo emissor e perceptor permanente. Assim, no apenas recebemos influncias dos outros, mas mantemos sobre eles nossas influenciaes. Como absorvemos automtica e involuntariamente as energias que esto nossa volta, temos que aprender a aceitar as que nos fazem bem e repelir as que nos fazem mal. Para isso, temos que perceber os tipos de energia que esto ao nosso redor. Entre perceber e absorver existe uma diferena muito grande e esta diferena que nos possibilita ter o controle de nossa
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harmonia fludica. Perceber sentir o tipo de vibrao nossa volta, enquanto que absorver no apenas perceber, mas atrair para si a corrente fludica. Devemos sempre avaliar as vibraes com as quais nos sintonizamos, absorvendo-as quando positivas e rechaando-as quando negativas. Esse rechaamento se faz de maneira automtica ou voluntria, lembrando-se que foras contrrias se repelem e foras afins se atraem e se somam. Quando estamos impregnados de fluidos perniciosos, estes neutralizam a ao dos fluidos salutares. Ento, so desses fluidos maus que nos importa ficarmos livres. Um fluido mau no pode ser eliminado por outro igualmente mau, preciso expelir um fluido mau com o auxlio de um fluido melhor. A fluidoterapia, como o prprio nome indica, o tratamento feito com fluidos, ou seja, atravs da prece, do passe, da irradiao e da gua fluidificada.
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A prece
A prece uma manifestao da alma em busca da presena divina e deve ser despida de todo e qualquer formalismo, pois se trata de uma conversa com Deus ou seus prepostos. Ela ter mais eficcia se partir de uma criatura de bons sentimentos. necessrio que nos despojemos da ignorncia e da perturbao que o mal engendra em ns para descobrirmos que, pela prece, conseguiremos muita coisa para o benefcio espiritual prprio e de nossos semelhantes, que acionaremos com naturalidade o mecanismo do auxlio que ela nos propicia. Por depender fundamentalmente da sinceridade e da elevao com que feita, devemos encarar a prece como uma manifestao espontnea e pura da alma, no apenas como uma repetio formal de termos alinhados convencionalmente, de peditrio interminvel ou de frmula mgica para afastar o sofrimento e o problema que nos atinge.
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O passe
O passe uma transfuso de energias espirituais e vitais, isto , a passagem de energias de um indivduo para o outro. A transfuso se d atravs da imposio das mos sobre a cabea do paciente, sem a necessidade de tocar o corpo, pois a fora energtica se projeta de uma aura para outra, estabelecendo uma verdadeira ponte de ligao. O fluxo energtico se mantm e se projeta pela vontade do mdium passista, como tambm de entidades espirituais que auxiliam na composio dos fluidos necessrios ao paciente. A aplicao do passe um ato de amor em sua expresso mais sublimada. uma doao ao paciente daquilo que o mdium passista tem de melhor, enriquecido com os fluidos dos espritos benfeitores, o que forma uma nica vontade e expressa o mesmo sentimento de amor. Por isso, ele traz benefcio imediato. O doente, sentindo-se aliviado mesmo por alguns momentos, ter
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condies de lutar na parte que lhe compete no tratamento. Aos poucos, a constncia da aplicao da fluidoterapia propiciar ao enfermo as energias de que carece e o alvio que tanto busca. A atividade de passes um servio de conjunto. Os fluidos vitais dos mdiuns se associam aos fluidos espirituais, beneficiando as criaturas em nvel material, emocional e espiritual. Porm, importante lembrarmos que a disposio psquica de quem recebe o passe que garantir uma maior ou menor assimilao das energias. A vontade e a disciplina mental so a base do fenmeno de transfuso e absoro de energias. Quando a pessoa que vai receber o passe est no clima de meditao e de prece, permite um afrouxamento dos laos vitais que unem o esprito ao corpo. Em conseqncia disso, experimenta a expansibilidade do perisprito ou corpo espiritual, que se utiliza da inerente propriedade de
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absoro para assimilar os fluidos, como uma esponja em contato com um lquido qualquer. Como o perisprito est unido ao corpo fsico, essas energias tambm alcanam a roupagem orgnica, propiciando-lhe um grande alvio. A absoro dos fluidos ocorre particularmente atravs dos centros vitais ou centros de fora, onde a ligao do perispirito ao corpo acontece de uma forma mais intensa e completa.
Irradiao
Na irradiao, transmitimos a carga de fora vital que dispomos para doar ao paciente atravs do mecanismo da fora mental. A irradiao se faz a distncia, projetando nosso pensamento e sentimento em favor de algum, movimentando as foras psquicas atravs da vontade. A pessoa que irradia fluidos deve cultivar bons sentimentos, pensamentos e atos. Isto vai formar uma atmosfera espiritual po66
sitiva, criando uma tonalidade vibratria e uma quantidade de fluidos agradveis e salutares, que podero ser dirigidos para outras pessoas atravs da vontade. A pessoa deve focalizar mentalmente o paciente para quem vai fazer a irradiao e transmitir para ele aquilo que deseja, como paz, conforto, coragem, sade, equilbrio, pacincia etc. Todas as nossas aes e atitudes refletem nossas disposies mentais e emocionais. Quando escrevemos, no apenas alinhamos no papel nossas idias, mas grafamos tambm nossas disposies ntimas. Isto significa que podemos escrever com a luz dos sentimentos nobres ou com as tintas escuras do negativismo. Portanto, quando escrevermos os nomes de irmos que necessitam de ajuda, que faamos isto movidos pelo desejo sincero de auxiliar e socorrer e no apenas com o propsito de nos libertar do dever de orar em benefcio do semelhante.
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gua fluidificada
A gua um condutor fludico por excelncia, refletindo o teor e as vibraes normais daqueles que dela se servem para todos os fins. A prpria cincia terrestre reconhece que a gua um excelente condutor de energias. Sua simbologia est presente em quase todas as iniciaes religiosas, com o significado de limpar o homem da capa de seus pecados e torn-lo um novo ser. Um dos corpos mais simples e receptivos da Terra, a gua como uma base pura, na qual a medicao espiritual pode ser impressa atravs de recursos substanciais de assistncia ao corpo e alma. O processo invisvel aos olhos mortais, por isso, a confiana e a f do paciente so essenciais para os bons efeitos do tratamento. Atualmente, estamos mais livres de atos ou gestos ritualsticos, pois conhecemos mais as propriedades efetivas da gua, muitas das quais j comprovadas em labo68
ratrio. A gua fluidificada expande os tomos fsicos, ocasionando a entrada de tomos espirituais ainda desconhecidos e que servem para auxiliar em nossa cura. Essa noo racional que permitiu sua utilizao nos templos do Espiritismo como um meio condutor de energias de sade e harmonia orgnica. Mas como a gua pode ser fluidificada? Recebendo-a para fluidificar, basta ao mdium coloc-la na cmara de passes e os espritos magnetizadores, utilizando-se dos recursos dos prprios mdiuns passistas e da natureza vegetal e fludica, vo imprimir nela combinaes medicamentosas para aliviar e at curar enfermidades. No entanto, havendo um mdium dotado com o dom da cura no grupo, ele tambm poder fluidificar a gua, bastando direcionar suas mos em direo ao recipiente e projetar os prprios fluidos ou, melhor ainda, captar pela prece os fluidos espirituais e projetlos sobre a gua.
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No necessrio abrir os recipientes para fluidificao, j que, para as energias radiantes, a matria no representa obstculo e, portanto, os fluidos salutares manipulados pelos espritos podem atravess-la com facilidade. Lembremo-nos que a cincia terrestre j demonstrou que a matria compacta a juno de diversas molculas e entre essas existe sempre um espao, embora invisvel aos olhos humanos. Se os espritos podem agir na intimidade de corpos fsicos, impregnando seus rgos com os fluidos e estabelecendo o equilbrio orgnico, o que os impediria de agir em uma pequena garrafa lacrada por uma tampa de cortia ou material plstico? Todos os recipientes colocados para fluidificao recebem os eflvios balsmicos e revigorantes, que atuaro como um tnico reconstituinte nas organizaes somticas dos que fizerem uso da gua. Quando for destinada a um determinado enfermo, justo que dela s se sirva a pessoa
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indicada, a fim de que os espritos magnetizadores possam combin-la ao caso particular em tratamento. Quando no houver um motivo especial, seu uso poder ser generalizado entre todos os familiares, sem qualquer tipo de inconvenincia.
Atendimento fraterno
O atendimento fraterno consiste em receber fraternalmente a pessoa que busca o centro esprita, proporcionando-lhe oportunidade de expor livremente suas dificuldades em carter privativo. O que denominamos como atendimento fraterno nada mais do que um verdadeiro gabinete de anlises psico-espirituais para auxiliar as crialturas. Quase todos que buscam orientao amiga desejam, antes de tudo, falar de suas lutas e aflies, desabafar com algum. Por isso mesmo, muitas vezes a tarefa do mdium que est nesta atividade ofertar ateno e carinho, ouvindo os dramas huma71
nos. Muitas pessoas, ao narrarem seus conflitos existenciais, realizam uma catarse que, em psicanlise, significa uma tcnica psicoterpica atravs da exteriorizao verbal e emocional dos conflitos, da a sensao de bem-estar que elas sentem aps a entrevista. No podemos esquecer que, durante a conversa, a assistncia espiritual muito efetiva. O orientador fraterno, aps ouvir atentamente a pessoa que est sendo atendida, dever orientar e transmitir os estmulos que ela est precisando, podendo at, conforme o caso, oferecer-lhe ligeiras noes doutrinrias para a compreenso de seus problemas. Ele deve ser simples e objetivo ao falar, lembrando-se do exemplo de Jesus, que, com poucas palavras bem colocadas, trazia ensinamentos profundos. No se deve querer fazer um resumo de toda a codificao esprita em poucos minutos, nem falar de tudo o que est contido no evangelho. O remdio se d em doses, tom-lo todo de uma vez
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pode matar. Pense nisto! O Evangelho no Lar deve ser uma prtica adotada como regra salutar e higienizadora do ambiente familiar, porque ali, no seio da famlia, que se encontra o cadinho redentor das almas endividadas, como diz Emmanuel. um momento de confraternizao entre os familiares e os espritos afins sob a bandeira do Cristo, sendo uma atividade muito importante para melhorar o clima espiritual dentro de casa.
Dificuldades na cura
Ao estar doente, a pessoa deve, acima de qualquer medicao, aprender a orar, entender, auxiliar e preparar o corao para a mudana. As doenas fsicas so as que causam menos sofrimentos e que apresentam mais facilidade para se obter a cura. J as enfermidades morais so as mais graves, causam os maiores sofrimentos e so as mais difceis e demoradas de curar, porque elas precisam ser resolvidas de dentro para fora,
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ou seja, deve-se primeiro curar a causa que est no esprito. O ensinamento de Jesus em relao s curas se resume em duas afirmaes: A tua f te curou, ou seja, voc acreditou e mudou, eliminou a causa, e Vai e no peques mais, isto , agora no repita os erros que te levaram doena. Desta forma, indispensvel que o paciente, por sua parte, faa o necessrio para destruir em si mesmo a causa da atrao de maus fluidos. Que gnio milagroso doar o equilbrio orgnico se a pessoa no sabe calar nem desculpar, no ajuda nem compreende, no se humilha e nem procura harmonia com os outros? A moralizao condio essencial para se libertar das aflies, porque, se nada fizer para eliminar a causa de seus males, no haver tratamento que cure. a prpria pessoa que tem de fazer sua parte, dedicando-se com vontade sua reforma moral.
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AS CURAS DE JESUS
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A histria dos povos e das civilizaes antigas traz em sua trajetria diversos relatos sobre a prtica do magnetismo. Na antigidade, seu uso foi considerado por muito tempo como magia, desenvolvida apenas pelos chamados iniciados enviados de Deus. As cincias secretas que detinham o poder sobre o fenmeno, mas pouco se falava a respeito, pois o sigilo era a maior arma de domnio sobre o povo. Inmeras correntes iniciticas pesquisaram e transmitiram diferentes linhas de pensamento. No entanto, talvez a grande dvida que paira sobre as mentes humanas at hoje : de onde surgiram as curas espirituais? Seriam milagres? A doutrina esprita nos d as ferramentas necessrias para compreender que no se trata de bruxaria ou magia, mas apenas a utilizao do fluido vital universal a favor da humanidade. Mas como tudo comeou? No existe nenhuma prova concreta e exata, embora mais uma vez o Espiritismo d a resposta,
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atravs do conceito de vidas sucessivas e de imortalidade da alma. O plano espiritual superior e os habitantes de outros planetas mais evoludos que a Terra, como Atlntida e Lemria, sempre inspiraram novas descobertas, conforme o caminhar da evoluo. Voltando aos fatos histricos, acreditase que, h mais de 15 mil anos, diversas civilizaes terrestres vm utilizando as foras do magnetismo. Segundo registros deixados por hierglifos e ideogramas, ndia, Egito e China teriam sido os primeiros. Os conhecimentos dos egpcios foram herdados por diversos povos, como os druidas, os gregos, os romanos, os hindus, entre tantos outros. Durante sculos, o magnetismo curador foi visto como um dom dos santos, praticado por sacerdotes, imperadores e reis.
Estudando o magnetismo
Os gregos avanaram nos conhecimentos sobre o magnetismo. Hipcrates (460359 a.C), considerado o pai da medicina,
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reconhecia que os resultados de sua cincia vinham de indicaes obtidas em sonho e eram inspiradas por espritos. Depois dele, vieram os conceitos do clebre Asclepades de Pruse (124-96 a.C), que tambm fundou uma grande escola mdica. Foram muitos os estudiosos que marcaram a histria do magnetismo curador com novos conceitos, integrando-se posteriormente civilizao ocidental. A partir de 1850, com o surgimento da doutrina codificada por Allan Kardec, ocorreu uma reviso dos valores aceitos at ento. Com o estudo da mediunidade, foi possvel compreender como acontece a ligao entre encarnados e desencarnados, alm de entender que o passe nada mais que a transmisso do fluido vital. Na questo 555 de O Livro dos Espritos, encontramos um esclarecimento sobre o sentido dos chamados feiticeiros: Aqueles a quem chamais de feiticeiros so pessoas que, quando de boa f, gozam de cer79
tas faculdades, como a fora magntica ou a dupla vista. Ento, como fazem coisas geralmente incompreensveis, so tidas por dotadas de um poder sobrenatural. Vossos sbios tm passado muitas vezes por feiticeiros aos olhos dos ignorantes. O espiritismo e o magnetismo nos do a chave de uma imensidade de fenmenos sobre os quais a ignorncia teceu um semnmero de fbulas, em que os fatos se apresentam exagerados pela imaginao. O conhecimento lcido dessas duas cincias que, a bem dizer, formam uma nica, mostrando a realidade das coisas e suas verdadeiras causas, constitui o melhor preservativo contra as idias supersticiosas, porque revela o que possvel e o que impossvel, o que est nas leis da natureza e o que no passa de ridcula crendice.
Jesus e as curas
Inmeros casos de curas foram realizados ao longo da evoluo humana. Porm,
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sem dvida alguma, Jesus foi o maior curador do corpo e do esprito que j conhecemos no planeta Terra, pois Ele foi capaz de nos mostrar a cura atravs da f. Jesus sempre dizia: Tua f te curou. Para compreendermos algumas dessas curas, citemos alguns dos chamados milagres feitos pelo Mestre e que so citados no livro A Gnese, captulo XV, sob o ttulo Os milagres do Evangelho: Jesus, havendo tomado um barco, atravessou o lago e veio sua cidade (Cafarnaum). E como lhe apresentassem um paraltico deitado num leito, Jesus, vendo sua f, disse ao paraltico: Meu filho, tende confiana, vossos pecados vos sero perdoados. O paraltico se levantou logo e foi para sua casa. E o povo, vendo este milagre, encheu-se de temor e rendeu graas a Deus, por haver dado um tal poder aos homens (Mateus, cap. IX, v. 1 a 9). Um dia, indo para Jerusalm e passando pelos confins da Samria e da Galilia,
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estando perto de entrar em uma cidade, dez leprosos vieram diante dele e, mantendose afastados, elevaram suas vozes e lhe disseram: Jesus, nosso mestre, tende piedade de ns. Quando Ele os percebeu, disselhes: Ide vos mostrar aos sacerdotes. E enquanto iam, foram curados. Um deles, vendo que estava curado, voltou sobre seus passos glorificando a Deus em altas vozes e veio se atirar aos ps de Jesus, o rosto contra a terra, rendendo-lhe graas. E este era samaritano. Ento Jesus disse: Todos os dez no esto curados? Onde esto, pois, os outros nove? S se encontrou um que voltou e rendeu graas a Deus e este estrangeiro. E Ele lhe disse: Erguei-vos e ide, vossa f vos salvou (Lucas, cap. XVII, v. 11 a 19). Jesus ensinava na sinagoga todos os dias de sbado. Um dia, ali viu uma mulher possuda de um esprito que a tornava doente j h dezoito anos. E ela estava to encurvada que no podia olhar para cima. Jesus, ao v-la, chamou-a e lhe disse: Mu82
lher, ests livre de tua enfermidade. Ao mesmo tempo, fez-lhe a imposio de mos e logo ela se endireitou, dando graas a Deus. Porm, o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus havia curado a mulher num dia de sbado, disse ao povo: H seis dias destinados para trabalhar. Vinde em tais dias para serdes curados e no nos de sbado. O Senhor, tomando a palavra, disse: Hipcritas, haver entre vs algum que no desamarra seu boi da canga ou seu jumento em dia de sbado e no o leva a beber? Por que, pois, no devia libertar dos laos, num dia de sbado, esta filha de Abrao, a quem Satans tinha assim amarrada durante dezoito anos? Com tais palavras, todos os seus adversrios ficaram confusos e todo o povo ficou encantado de v-lo praticar tantas aes gloriosas (Lucas, cap. XIII, v. 10 a 18). Em todos esses casos de cura e em tantos outros, como o do profeta bblico Elias (que ressuscitou o jovem filho da viva de
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Serapta), o do cientista Asclepades de Pruse (que fez reviver um fretro) e de Jesus, que fez com que Lzaro de Betnia se erguesse do tmulo aps quatro dias dentro do sepulcro, o que permitiu realizar a cura foi a f e o poder da vontade dos enfermos. Vale lembrar que o embasamento da doutrina esprita nos mostra que o fato da volta vida corporal de um indivduo realmente morto seria contrrio s leis da natureza. Portanto, trata-se de casos de erros e acidentes relacionados letargia e sncope, mais comuns em uma poca que faltavam recursos suficientes.
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Ao abordarmos a questo das curas espirituais, no podemos nos esquecer de falar mais detalhadamente de uma grande figura, um grande esprito que viveu entre ns e que hoje atua no plano espiritual para orientar todo um trabalho competente de auxlio mdico. Estamos falando do dr. Bezerra de Menezes, conhecido por muitos como o mdico dos pobres, um dos nomes mais significativos na histria do Espiritismo.
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Alm de grande mdico, Bezerra de Menezes sempre foi um homem de reputao ilibada, um poltico de atitudes dignas e de grande honradez. Mas, fundamentalmente, foi ao abraar os pobres necessitados e dividir com eles sua vida e trabalho que a pureza desse esprito de escol aflorou, dando exemplos e mais exemplos de amor e dedicao ao prximo. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu em uma pequena localidade do interior do Cear, Riacho do Sangue (hoje Jaguaretama), em 29 de agosto de 1831. Aos sete anos, ingressou na escola pblica, levando cerca de 10 meses apenas para ficar bem instrudo. Aos 11, j cursava humanidades e, aos 13, dava aulas de latim, substituindo a ausncia do professor. Por questes de ordem poltica, sua famlia se mudou para o Rio Grande do Norte, de onde s regressou em 1846, passando a morar em Fortaleza. Bezerra de Menezes era filho de Ant87
nio Bezerra de Menezes, um tenente-coronel da antiga Guarda Nacional que legou ao filho toda a sua carga de carter e honradez. Seu pai tinha um corao muito bom, usando sua grande fortuna para ajudar muitas pessoas, mas diante da explorao de amigos e parentes, o velho coronel viu sua riqueza minguar. Acabou por se tornar um administrador de suas prprias posses, como se fossem apenas emprestadas, utilizando o suficiente para manter sua famlia dignamente. Foi assim que o coronel teve uma conversa com Bezerra de Menezes, pois sabia do sonho do filho de se formar em medicina. Disse-lhe que no podia, por dever de conscincia, usar as posses que tinha para custear sua formao, j que cuidava de seus bens como um verdadeiro emprstimo. Foi essa demonstrao de probidade que deu mais nimo para Bezerra de Menezes lutar como nunca para realizar sua vontade e justificar o merecimento de
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ter um pai com tamanha nobreza de esprito. Com uma quantia razovel, partiu em 1851 para o Rio de Janeiro, pronto para estudar e se tornar mdico. Com a coragem e a honradez herdadas do pai, Bezerra de Menezes fez de tudo para custear seus estudos. Dava aulas particulares para sustentar suas despesas com moradia e taxas do curso, at que, em 1856, conseguiu o diploma de mdico com as melhores notas da faculdade em todo o perodo que l passou. Um ano depois, entrou no exrcito graas indicao de seu professor, o dr. Manuel Feliciano Pereira de Carvalho, sendo nomeado cirurgio-tenente. E, em 1858, casou-se com Maria Cndida de Lacerda, com quem teve dois filhos. Apesar das recomendaes de seu pai para que no entrasse na poltica, alm de estar atarefado com seus doentes, Bezerra de Menezes foi procurado para que fizesse parte da lista de candidatos a vereador
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do Partido Liberal (o mesmo partido ao qual seu pai sempre esteve ligado ideologicamente) nas eleies de 1860 . Foi eleito, mas teve seu mandato impugnado por ser integrante do exrcito. Entretanto, ele no pensou duas vezes para abandonar o cargo militar e poder, assim, assumir sua vaga na Cmara. Como poltico, sempre se preocupou em trabalhar para trazer benefcios ao povo que o elegeu. Sempre bateu de frente com o poder, atitude que lhe trouxe problemas tanto com o governo como com integrantes de seu prprio partido, mais interessados em fazer aes convenientes politicamente. Em 1867, Bezerra de Menezes foi eleito deputado pelo Rio de Janeiro, quando ento seu nome tomou uma projeo nacional. Porm, com a ascenso do Partido Conservador e a dissoluo da Cmara dos Deputados, ele se afastou um pouco da poltica, retornando somente em 1876, novamente como vereador.
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ao exerccio de seu sacerdcio mdico e ser caridoso com todos os infelizes. O jovem Bezerra de Menezes havia sido criado no seio de uma famlia catlica, porm, chegando ao Rio de Janeiro, passou a deixar de lado essa crena, pois, segundo ele, no era firmada em uma f raciocinada. S voltou a se interessar mais por questes religiosas quando sua esposa faleceu, em 1863. De um amigo, recebeu um exemplar da Bblia, que passou a ler e ficar interessado, mas depois teve a necessidade de crer em algo firmado na razo. Era uma poca em que o espiritismo comeava a ganhar forma, afinal de contas, a codificao da doutrina realizada por Allan Kardec havia acontecido em 1857. Inicialmente, Bezerra de Menezes repudiava as idias espritas, por temer que elas desarranjassem os pensamentos que haviam lhe conduzido novamente religio de sua famlia. Porm, foi um colega de profisso, o dr. Joaquim Carlos Travassos, quem lhe
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abriu as portas dessa doutrina consoladora e esclarecedora. Ao ter em mos a traduo em portugus de O Livro dos Espritos, o dr. Joaquim presenteou Bezerra de Menezes com a obra, gentilmente aceita por este. Certo dia, ao tomar um bonde, o mdico dos pobres passou a ler o livro para se distrair durante a viagem. Apesar de repudiar o Espiritismo, considerava que deveria ao menos estudla, como fazia com outras doutrinas. Ficou to absorvido com o contedo de O Livro dos Espritos (dizia encontrar ali nada que fosse novo para o esprito, mas novo para ele) que chegou concluso de que parecia ser um esprita inconsciente ou, como se diz vulgarmente, de nascena, conforme palavras dele mesmo. Mas foi ao sofrer de dispepsia que Bezerra de Menezes pde comear a comprovar e se encantar com a doutrina esprita. Ele no conseguia obter melhoras por meio da medicina oficial e, depois de cinco anos
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de tratamentos infrutferos, resolveu procurar um mdium de nome Joo Gonalves do Nascimento. Bezerra no acreditava muito, achava se tratar apenas de um especulador, mas queria tambm ter uma convico mais fundamentada sobre o que acabava de conhecer. Um mdico amigo seu quem foi presena desse mdium e depois, ao ler o que este havia escrito, surpreendeu-se com o teor da mensagem, que trazia uma descrio de quem ele era (apesar de ter se identificado apenas com seu primeiro nome, pouqussimo conhecido) e do mal que sofria. Em trs meses de tratamento espiritual, Bezerra de Menezes estava completamente curado e pronto para voltar a seus afazeres. Para impression-lo ainda mais, tempos depois, sua segunda esposa tambm ficou seriamente doente, chegaram a conden-la como tuberculosa. Recorreu novamente ao mdium, que diagnosticou que o problema estava no tero, o que refletia nos pul94
mes. Tratada espiritualmente, ela ficou curada e no apresentou mais problemas. Bezerra de Menezes se sentia um novo homem, havia encontrado no espiritismo o porto seguro onde aportar, algo em que podia crer depois de tanto procurar. Segundo ele, no encontrava onde assentar minha crena porque o ensino de Jesus me era oferecido sob um aspecto impossvel de se acomodar com um sentimento ntimo, instrutivo, exato, que me desse a razo e a conscincia de ali estar a verdade. Em 16 de agosto de 1886, diante de cerca de 2 mil pessoas da alta sociedade reunidas no salo da Guarda Velha, o dr. Adolfo Bezerra de Menezes declarava solenemente e cheio de orgulho que havia aderido ao espiritismo. A partir de ento, passou a ser um dos maiores divulgadores e defensores da doutrina em nosso pas. Trabalhou incansavelmente para levar a palavra dos espritos para todos os cantos e todas as pessoas, sobretudo, aos enfermos.
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Lutou contra aqueles que detratavam a doutrina, virando-se contra atos como a condenao das prticas espritas contida no Cdigo Criminal promulgado quando da proclamao da Repblica. Usava pginas de jornais como O Paiz para publicar seus artigos em favor do Espiritismo, gerando grandes e acalorados debates. Em 11 de abril de 1900, Adolfo Bezerra de Menezes partiu para o mundo espiritual, causando muita comoo em todos os amigos e admiradores. Sua misso terrena chegava ao fim, mas o trabalho no plano superior tinha muito ainda a se realizar. Bezerra de Menezes passaria a inspirar a divulgao da doutrina e trabalhar para curar espiritualmente muitas almas necessitadas do amor e dedicao que caracterizavam o mdico dos pobres.
Os trabalhos de cura
Quando encarnado, Bezerra de Menezes disse certa feita: Um mdico no
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tem o direito de terminar uma refeio nem de perguntar se longe ou perto quando um aflito qualquer lhe bate porta. O que no acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e se achar fatigado ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que, sobretudo, pede um carro a quem no tem com que pagar a receita, esse no mdico, negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Sendo assim, nunca teve pudores de cuidar e curar quem quer que fosse, na hora e no lugar que fosse, sempre tendo em mente que fora da caridade no h salvao. Trabalhava de graa, levando sua palavra de conforto, seus recursos de mdico e sua bolsa de remdios para minorar o sofrimento das pessoas. Medicamentos, alis, que eram fornecidos gratuitamente na Pharmcia Cordeiro, no Rio de Janeiro, onde costumava fazer seus atendimentos.
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Mas ao partir para o plano espiritual, Bezerra de Menezes manteve viva a vontade e a disposio de trabalhar pela cura dos enfermos. Por meio de cirurgias espirituais, traz conforto e sade para aqueles que tanto necessitam. No livro Lindos Casos de Bezerra de Menezes, de Ramiro Gama, podemos encontrar vrios relatos sobre casos de cura promovidos pelo mdico dos pobres, como este que transcrevemos a seguir: Este caso quem nos contou foi o prezado amigo e irmo Manuel Epaminondas, residente em Trs Rios, Estado do Rio de Janeiro. Sua sobrinha Luzia se achava atacada h quase dois anos por uma sinusite crnica, segundo o diagnstico de seu mdico assistente. Em meados do ano anterior, 1941, a doena se agravou, complicando-se com outras velhas enfermidades. Seu mdico, depois de lanar mo de todos os recursos de sua cincia, desenganou-a, tanto mais que a operao que lhe poderia salvar era contraindicada, dada sua fraqueza orgnica, que
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progredia diariamente. Foi quando, residncia da irm dele, que residia no Rio nesta poca, na qual estava sua sobrinha, chegou uma senhora esprita. Observou a doente desenganada e aconselhou: Por que no levam a Luzia a um grupo esprita e no a tratam pelo espiritismo? Tenho a intuio de que ficar boa, tanto mais que a medicina da Terra se mostra impotente para cur-la. Sua irm e o cunhado eram catlicos, se bem que eram simpticos doutrina esprita tambm, e ficaram indecisos. Mais tarde, apareceram outras visitas que aconselharam a teraputica esprita. Dormiram, pois, todos apreensivos com as recomendaes. Pela manh, sua irm, o cunhado e a prpria doente contaram seus sonhos. Eram idnticos. Sonharam os trs que o dr. Bezerra de Menezes havia lhes aparecido e dito: O caso de operao. Amanh, no fim da tarde, s 18h, concentrem-se porque vou oper-la. Tenham f em Jesus.
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A perplexidade era geral. Ento o caso era mesmo srio e haveria de dar bom resultado. Confiaram e esperaram. Neste interim, entra a senhora esprita que os visitara na vspera e os aconselhara a procurar um grupo esprita, contando-lhes: Esta noite sonhei com Luzia e o dr. Bezerra. Ouvi nitidamente ele dizer que vai oper-la hoje tarde. Era demais. A comoo invadiu a todos. A graa lhes parecia alm de seus merecimentos. E tarde, s 18h, de acordo com as recomendaes do dr. Bezerra de Menezes nos quatro sonhos, concentraramse. Oraram com respeito e emoo. A doente foi colocada na cama e esperaram todos, temerosos, apreensivos. Da em diante, a enferma dormiu para acordar minutos depois, gritando emocionadssima: Fui operada por um velhinho de branco, que aqui esteve, fez-me dormir e, depois, senti que me operava, que abria minha testa e limpava. Despediu-se me abraando e ouvi que dizia: vo lhe aparecer na
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testa algumas feridinhas, mas no se incomode, depressa desaparecero e depois voc ficar completamente curada. D graas a Deus! Eleve seu corao para Jesus, o divino mdico do corpo e da alma, que, por intercesso de Maria Santssima, permitiu a operao. E partiu. Isto se deu, concluiu nosso caro amigo Nonda, h 17 anos e sua sobrinha Luzia se acha hoje completamente curada. Tudo se realizou como o dr. Bezerra lhe disse, pequenas feridas apareceram-lhe na testa e, depois, desapareceram como que por encanto.
Mesmo ao partir para o plano espiritual, Bezerra de Menezes manteve viva a vontade e a disposio de trabalhar pela cura dos enfermos
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Para concluir, vejamos as palavras de Sylvio Brito Soares, em seu livro Vida e Obra de Bezerra de Menezes, sobre o mdico dos pobres: Bezerra de Menezes , para todos os que mourejam em terra do corao do mundo, a ncora de salvao quando a borrasca do infortnio os atinge. Milhes de vozes pedem diariamente seu socorro. Milhes de coraes a todo instante agradecem a esse grande benfeitor as ddivas de seu amor. Bezerra de Menezes vive nos coraes de todos os espiritistas do Cruzeiro do Sul.
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Geralmente, as pessoas que procuram tratamento espiritual j esto fazendo algum tipo de recuperao por meios mdicos convencionais (alopatia, fisioterapia, quimioterapia etc.) ou esto se submetendo a tratamentos com acupuntura, homeopatia e outras tcnicas naturalistas. Muitas dessas pessoas s procuraram a cura por mtodos espritas porque no estavam satisfeitas com seus tratamentos, porque estes se prolongavam muito, sem resultados satisfatrios, ou porque, em alguns casos, a situao era desesperadora e sem expectativas de cura. Os consulentes de centros espritas buscam, alm da cura fsica, a vital, a emocional e a psquico-espiritual para resolverem seus conflitos familiares, problemas amorosos, problemas de negcios, questes judiciais etc. Essas pessoas ficam sabendo, atravs de amigos ou parentes, de algum centro que faz excelentes trabalhos de cura espiritual e, assim, quando chegam a esse
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centro, j esto com uma atitude positiva, esperanosa e confiante. E isto j um dos requisitos para estar receptivo cura. Habitualmente, o paciente, no centro esprita, passa por uma triagem, uma consulta e s ento estabelecido algum tipo de tratamento espiritual adequado para cada tipo de desequilbrio ou doena. O tratamento bsico prescrito geralmente conta com desobsesso, passes, doutrinao esprita e a leitura do Evangelho Segundo o Espiritismo. Quando h necessidade de cirurgia espiritual, recomendado tambm algum tipo de alimentao especial e moderao de vcios como cigarro e lcool. O paciente aconselhado, ainda, a evocar o auxlio do dr. Bezerra de Menezes e de outros mdicos do plano espiritual, alm de orar a Jesus. Todas essas orientaes so muito importantes, entre outras razes, porque, desta forma, o paciente obrigado a fazer sua parte. Com essa participao ativa no tra106
tamento, ele se torna mais receptivo cura. Algumas recomendaes muito importantes para se facilitar a obteno da cura so: a reforma ntima, a leitura de carter espiritual, os entretenimentos sadios, a manuteno daquela atitude que Jesus denominou como vigiai e orai, praticar o silncio e a prece e ter moderao em tudo que fizer.
prtica, poderamos dizer que algumas pessoas de condio social, intelectual e financeira acima da mdia de repente se vem sentadas ao lado de pessoas simples e pobres, sentindo-se deslocadas. Deus sabe o que faz! Essas diferenas, quando reunidas, tm uma razo especial: o sofrimento no faz distino, a lio a ser aprendida a da humildade e da convivncia solidria. E isto torna a pessoa receptiva cura. A compreenso vem antes do perdo, pois primeiro necessrio entender a si prprio, conhecer as motivaes pessoais, para ento ser capaz de compreender o outro, as limitaes e os erros de ambos, abrindo o caminho para a melhora. Ser compreensivo torna o paciente receptivo cura. O perdo, como j falamos, vem depois da compreenso, pois se compreendemos nossos erros, os do prximo e todas as questes envolvidas, ento somos capazes de perdoar a ns mesmos e ao nosso irmo. Jesus falou exaustivamente da neces108
sidade do perdo incondicional. O perdo verdadeiro no de natureza intelectual, tem que estar impregnado dentro de nossos sentimentos. A compreenso mental auxilia, mas no tudo. Exercer o perdo abre campo para a pessoa ficar receptiva cura.
Praticando a caridade
Para entender a necessidade da caridade, vejamos as palavras de So Paulo: Quando mesmo que se tivesse a linguagem dos anjos, o dom da profecia que penetrasse todos os mistrios e ainda tivesse f, se no tiver caridade no somos bons cristos. Atualmente, ouvimos muito na mdia a convocao para sermos voluntrios. Ser voluntrio ser caridoso. A grande maioria dos trabalhadores dos centros espritas so voluntrios. E que tipo de caridade um doente poder fazer? Poder, ao adentrar na casa, dar um bom dia sorrindo, ser gentil com os presentes, sentar-se silenciosamen109
te, orar e pedir a Jesus e a Deus que abenoe essa casa esprita, todos os mdiuns, os guias espirituais e as outras pessoas que tambm esto l buscando tratamento. Estas so pequenas atitudes que melhoram seu campo energtico e facilitam a recepo das energias de cura. Alm disso, a pessoa pode se informar sobre as necessidades da casa e colaborar com aquilo que lhe for possvel. Se o paciente se predispor a prestar a caridade a todos no centro e em seu prprio mundo (famlia, amigos , trabalho etc), estar se tornando mais receptivo cura. Sobre o amor, o Evangelho Segundo o Espiritismo, no captulo XV, afirma que ele o maior mandamento. Jesus disse: Amars ao Senhor, teu Deus, de todo o seu corao, de toda a tua alma, de todo o teu esprito. Esse o maior e o primeiro mandamento. O segundo mandamento semelhante ao primeiro: Amars ao teu prximo como a ti mesmo. Na verdade, a mai110
oria das pessoas confundem o amor verdadeiro (amor divino, espiritual) com paixo, apego, controle, algo muito pessoal e separatista. Se quisermos aprender e desenvolver o sentimento do amor em ns, que comecemos a ler e a pensar sobre o assunto, orando e pedindo a Deus que purifique nossos sentimentos e transforme nosso amor. O amor cura, salva, faz milagres, o maior poder do universo. Todo aquele que busca a cura espiritual deve se esforar para desenvolver o amor uno, o amor universal, pois assim estar se tornando receptivo cura.
dadeira no h dvidas, ainda que tudo parea impossvel. Lembrem-se de algumas parbolas de cura, onde Jesus dizia para a pessoa que foi curada: A tua f te curou. Ainda que no tenhamos uma f to grande, podemos orar ardorosamente e pedir a Jesus e a Deus que nos dem a graa desta. Se voc quer ser curado espiritualmente, no fique criticando, julgando ou procurando encontrar coisas que impediro sua cura. Tenha f, busque-a incessantemente, pois assim voc se abrir para as benos da cura espiritual. Torne-se receptivo cura! A gratido uma condio indispensvel para o processo no s de cura espiritual, mas de toda a trajetria evolutiva. Ore, agradea e abenoe a tudo e a todos, no somente os que esto prximos, mas tambm o planeta, a galxia e o universo! Agradecer tornar voc apto para receber a cura. Enfim, se voc deseja ser curado, desenvolva todas as virtudes aqui citadas e muitas outras encontradas na literatura es112
prita. Desta forma, voc ficar bem espiritualmente e bastante receptivo cura. Que Deus abenoe sua busca espiritual e seu trabalho de cura!
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IRM SCHEILLA
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Apresentamos aqui uma pequena biografia de Irm Scheilla, uma das mentoras de nosso trabalho junto s gestantes no Ncleo Fraterno Samaritanos. Em sua ltima encarnao, nasceu na Alemanha, foi enfermeira e desencarnou em 1943, em um bombardeio ocorrido em Hamburgo durante a 2 Guerra Mundial. Scheilla um esprito muito conhecido e querido no movimento esprita brasi116
leiro. As primeiras manifestaes datam de pouco tempo depois de seu desencarne, em um grupo esprita da cidade de Maca (RJ), por meio do mdium Peixotinho. Chegou inclusive a se materializar e produzir belos fenmenos de efeitos fsicos, como apport, transporte e distribuio de flores e pequenos objetos e a impregnao do ambiente com ter ou perfumes. Seu retrato medinico a revela com um belo semblante, profundos olhos azuis e cabelos loiros. Desde o incio de suas manifestaes, Irm Scheilla demonstrou devotamento aos enfermos, procurando amenizar seus sofrimentos ou recuperar a sade deles o quanto possvel, trabalho no qual prossegue atuante junto a equipes espirituais socorristas por todo o Brasil, atravs de diferentes mdiuns. Simultaneamente, faz ouvir sua voz com caracterstico sotaque alemo, pregando a excelncia do Evangelho e conclamando a todos para que sigam o Cristo.
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Encarnaes anteriores
Temos notcia de apenas duas encarnaes de Irm Scheilla, conforme informaes de Francisco Cndido Xavier: uma na Frana, no sculo XVI, e outra na Alemanha. Na existncia francesa, chamou-se Joana Francisca Frmiot e nasceu em 28 de janeiro de 1572, na cidade de Dijon. Entrou para a histria como Santa Joana de Chantal (canonizada em 1767) ou Baronesa de Chantal, pois casou-se aos 20 anos de idade com o Baro de Chantal. Perdeu seu marido muito cedo, vivendo com seus quatro filhos, partilhando seu tempo entre as oraes, as obras piedosas e seus deveres de me. Em 1604, juntamente com o bispo de Genebra, So Francisco de Salles, fundou em Annecy a Congregao da Visitao de Maria e dirigiu, como superiora, a casa que havia fundado no bairro de Santo Antnio, em Paris. Passaram por grandes dificuldades na capital francesa e,
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em 1619, Santa Joana de Chantal deixou o cargo de superiora da Ordem da Visitao e retornou para Annecy, sede da Ordem. Em 13 de dezembro de 1641, na cidade de Moulins, ela veio a desencarnar. A outra encarnao conhecida de Irm Scheilla aconteceu na Alemanha. Corriam os anos e as guerras, os conflitos eram vividos por todos os povos. Aflies e angstias assolavam a cidade de Berlim, capital alem, onde Scheilla j atuava como enfermeira, socorrendo onde quer que fosse chamada. Seu estilo simples e sua meiguice espontnea ajudavam muito em sua profisso. Bonita, a tez clara e o cabelo muito loiro davam-lhe um ar de graa muito suave e mostrava nos olhos azul-esverdeados um brilho intenso, que refletia a grandeza de seu esprito. Com estatura mediana e usando seu inseparvel avental branco, l estava Scheilla preocupada em ajudar sempre. Esquecia-se de si mesma e pensava somente
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em sua responsabilidade. Via primeiro a dor, depois a criatura. Essa moa no ouvia as terrveis exploses partidas das armas destruidoras, pois o que ela ouvia era a voz de algum que gemia de frio e dor. Por essa razo, em uma tarde onde os soldados se misturavam ao dio gerado por almas sedentas de guerra, eis que tomba no solo de sua ptria a jovem enfermeira que, atravs de sua coragem, atravessava os campos perigosos de batalha para socorrer e sanar os gritos que lhe vinham de encontro. Pelo toque triste de um clarim, muitos viram cair junto aos sofridos soldados da 2 Guerra Mundial o corpo da enfermeira fiel, destemida e amiga. Morreu nos campos de luta aos 28 anos de idade para, depois de muitos anos, surgir nas esferas superiores com seu mesmo estilo, com seu carinho e dedicao ainda mais aprimorados. Irm Scheilla, a Enfermeira do Alto, desce agora em outra condio.
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mento. (...) No silncio e na escurido, surgiu a figura luminosa de mulher, vestida de tecidos de luz e ostentando duas belas tranas. Era Scheilla, entidade que na ltima encarnao animou a vida de uma moa alem. Nas mos trazia um aparelho semelhante a uma pedra verde-claro e ao qual se referiu dizendo que era um aparelho ainda desconhecido na Terra, emissor de radioatividade. (...) Fez aplicaes com o aparelho em Dona L. (...) A simplicidade e a beleza do esprito nos falava das regies benditas da perfeio. Depois de alguns minutos, levantou-se da cadeira e fez uma belssima pregao evanglica com sotaque alemo e voz de mulher. Em vrios grupos espritas brasileiros, alm de sua atuao na assistncia sade humana, Irm Scheilla sempre se caracterizou por trazer s reunies certos objetos (fenmenos de transporte) e distribuir ter ou perfume. por isso que fica no ambiente um encantador aroma de flores.
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Chico Xavier nos conta de um depoimento de Joaquim Alves (J), com a presena de Scheilla: Chico aplicava passes. Ao nosso lado, ocorreu um rudo, como se algum objeto de pequeno porte tivesse sido arremessado sem violncia. Disse um mdium: J, Scheilla deu-lhe um presente. Logo mais, procuramos ao nosso redor e vimos um caramujo grande e adoravelmente be-lo, estriado em deliciosas cores. Apanhamo-lo rapidamente e verificamos nele gua martima, salgada e gelada, com restos de uma areia fresca. Scheilla o transportara para ns. Estvamos a centenas de quilmetros de uma nesga de mar, em manh de sol abrasador que crestava a vegetao e, em nossas mos, o caramujo que o esprito nos ofertara. (...) vivemos, algum tempo depois, outro raro instante. Bissoli, Gonalves, Isaura, entre outros, compunham a equipe de beneficiados, agrupando-se numa das salas da casa de Andr, tendo Chico se retirado para o dormitrio do ca123
sal. Em uma onda de perfume, corporificase Scheilla, loira e jovial, falando com seu forte sotaque alemo. Bissoli estabeleceu o dilogo: Eu me sinto mal, diz Bissoli. Voc come muita manteiga, vou tirar uma radiografia de seu estmago, informou Scheilla. A seu pedido, nosso companheiro levantou a camisa. O esprito corporificado aproxima-se e entrecorre, num sentido horizontal, os seus dedos semi-abertos sobre a regio do estmago de nosso amigo. E tal se lhe incrustasse uma tela de vidro no abdomem, podamos ver as vsceras em funcionamento. Pronto!, diz Scheilla, apagando o fenmeno. Agora levarei a radiografia ao plano espiritual, para que a estudem e lhe dem um remdio. Ao trmino destes singelos apontamentos biogrficos, com muito respeito por esse esprito missionrio de tanta dedicao e amor em nome de Jesus, s nos resta agradecer a assistncia e amor doados por Irm Scheilla.
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A PRECE
EA REFORMA NTIMA
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No evangelho, os espritos nos dizem: A forma no nada, o pensamento tudo. Orai, cada um, segundo as vossas convices e o modo que mais vos toca; um bom pensamento vale mais que numerosas palavras estranhas ao corao. Mesmo sabendo dos benefcios e qualidades da prece, a soluo de nossos problemas requer muito mais do que vontade e f ardente. indispensvel o esforo no sentido da melhoria ntima. Evocar a inspirao dos bons espritos e pensar que eles resolvem tudo no assumir sua responsabilidade como parte do processo. Essa atitude tende levar acomodao. necessrio querer mudanas e faz-las acontecer de forma direta, objetiva, consciente e responsvel. Isto significa colocar em prtica a modificao de certas atitudes, pensamentos e emoes negativas. Revitalizar o nimo e modificar as imagens do inconsciente que carregam tristeza, rancor, dio, mgoa e medo uma
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maneira de reorganizarmos essas emoes que nos fazem tanto mal. Esse recondicionamento ntimo no se refere apenas ao ganho de virtudes interiores, como amar e perdoar, mas conquista do comando consciente de ns mesmos e descoberta dos potenciais que temos na mente, na vontade e na emoo. Para conseguir isso, no bastam leituras e conhecimentos, necessria a ao programada e permanente, isto , disciplina e controle dos impulsos. Caminhar com passos firmes assegurados na f imprescindvel, utilizar-se da prece durante a jornada indispensvel, mas estar atento ao lema orai e vigiai prudente e de bom senso.
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