Rap - Rimas Afetivas Da Periferia
Rap - Rimas Afetivas Da Periferia
Rap - Rimas Afetivas Da Periferia
Considerando a dimenso afetiva como constitutiva do agir e do pensar humano, e reconhecendo que sua presena uma constante no Rap, este estudo busca investigar como a afetividade expressa nas msicas de quatro grupos de Rap nacional: MV Bill, Thade e DJ Hum, Gog e Rappin Hood. Para tanto, foi realizada uma pesquisa exploratria, desenvolvendo a anlise de contedo das letras das msicas destes rappers a partir da perspectiva da Psicologia Scio-Histrica e das proposies epistemolgicas da pesquisa qualitativa de Gonzlez Rey (2002). A anlise das letras ocorreu num movimento que procurou problematizar os temas/contedos emergentes nos momentos em que a afetividade
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expressa nas msicas analisadas neste artigo, tomando como indicadores de anlise o sofrimento tico-poltico, via a noo de potncia de ao. Aps tomar contato com toda a obra musical dos rappers, foram eleitas quatro msicas para anlise (uma de cada autor), por considerar que estas representam de forma sinttica a riqueza e a complexidade que a dimenso afetiva ocupa nas mesmas. A escolha dos rappers foi motivada em virtude da reconhecida contribuio que estes ofereceram para a criao e o desenvolvimento do Rap nacional.
palavra no imutvel, mas (re)construdo conforme cada contexto no qual o sujeito est inserido. Mas que importncia a afetividade pode ter para o estudo do Rap? Sawaia (1998, 2000, 2001b), baseada em Espinosa, Vigotski e Heller, reconhece a condio de positividade epistemolgica que a afetividade ocupa na existncia humana, considerando-a como constitutivado pensamento e da ao, coletivos e individuais. A afetividade est sempre em processo de construo e por isso tambm histrica, configurando-se como um fenmeno objetivo e subjetivo, matria-prima bsica da condio humana. Nesta perspectiva, a afetividade no um fenmeno intrapsquico, categoria homognea que se cristaliza em sentidos nicos, pelo contrrio, ela pode adquirir qualidades libertadoras ou escravizadoras, dependendo do modo como as relaes so estabelecidas na intersubjetividade. Assim, a afetividade um fenmeno tico-poltico, da ordem do encontro, visto que no anteriormente determinada ou sentida, mas constituda conforme a maneira como o sujeito afeta e afetado pelos outros mediante as relaes socais. Vigotski (1970/1999) contribui para esta discusso ao desenvolver a sua anlise das artes a partir de um interesse especificamente voltado para os processos implicados na criao artstica de sujeitos que produzem e consomem arte. Na concepo deste autor, a arte entendida como produo humana, situada social e historicamente, e atua como sistema simblico elaborado pelo artista com o intuito de possibilitar ao seu pblico a catarse. Esta possibilita que emoes angustiantes e desagradveis sejam submetidas a uma descarga, sua destruio, capaz de transform-las em sentimentos opostos. Por isso, importante compreender o conceito de catarse em Vigotski, o qual corresponde a um curtocircuito e destruio de uma srie de sentimentos opostos que surgem por meio de uma relao esttica que o sujeito estabelece com uma obra de arte. A contradio entre os sentimentos seria prpria da reao esttica que opera, necessariamente, pelo princpio da anttese (1970/1999, p. 269). Para o autor, a catarse no a liberao dos sentimentos, mas sua destruio, transformao e superao, meio pelo qual o sujeito transcende sua situao em funo do novo, daquilo que est por vir. Neste prisma, . . . a reao esttica como tal se reduz, no fundo, a essa catarse, ou seja, complexa transformao dos sentimentos (Vigotski, 1970/1999, p. 270). preciso salientar que o objetivo final da catarse no a repetio de qualquer reao real, mas a sua superao, de maneira que uma obra de arte vivenciada esteticamente pode ampliar nossa opinio sobre as coisas, fazer-nos observar os fenmenos com outros olhos, generalizar e reunir fatos por vezes dispersos. Destarte, a catarse se configu91
Hinkel, J.; Maheirie, K. RAP Rimas afetivas da periferia: reflexes na perspectiva scio-histrica
ra numa relao que transforma os sujeitos participantes dela, mediante a implicao dos sentidos (Vigotski, 1970/ 1999, 1926/2003). Como qualquer forma de arte, a msica precisa ser compreendida como uma atividade humana inserida num determinado contexto social, histrico e poltico. A partir desta postura possvel considerar a especificidade da msica como um processo, uma forma de sentir e pensar, capaz de criar emoes e inventar linguagens (Maheirie, 2001). Do mesmo modo, preciso atentar para o fato de que cada caracterstica que compe a msica popular participa do cotidiano das pessoas, nos seus diversos gneros e estilos, pois o sujeito subjetiva tais caractersticas e as objetiva de volta, em forma de idias, posturas, modo de andar, falar, vestir, danar e de perceber o mundo que est inserido (Maheirie, 2002, p. 41). Deste modo, a partir desta perspectiva, o sujeito que est no contato com a msica precisa ser pensado como um humano situado scio-historicamente, que vive mediante as condies objetivas e subjetivas especficas de seu contexto, a partir das quais realiza suas possibilidades de relao. Isto porque, conforme Vygotski (1960/ 1995), a relao humana mediada semioticamente, o que faz do homem um ser que se constitui mediante sua relao com os outros, de forma tal que . . . passamos a ser ns mesmos atravs dos outros (p. 149). Isto implica considerar a constituio do sujeito como um processo de converso do social em singular, onde o psquico caracteriza-se como um conjunto de relaes sociais convertidas em processos psicolgicos. Nestes termos, . . . poderamos dizer que a natureza psquica do homem vem a ser o conjunto de relaes sociais transladadas ao interior e convertidas em funes da personalidade e em formas de sua estrutura (Vygotski, 1960/1995, p. 151). Importante notar que, segundo o autor, este processo de converso no se d mediante uma simples transposio do social ao singular, j que envolve um processo de transformao do social em singular (sem deixar de continuar sendo social), promovendo modificaes nos processos psicolgicos, configurando-os como construdos socialmente. Assim, segundo Bock (2001), o homem um ser social, histrico e ativo, uma vez que se constitu numa relao dialtica com as demais dimenses da vida (scio-econmica, social e cultural). Para esta autora, ao falar do homem necessrio considerar a objetividade em que este vive, pois as possibilidades de existncia se realizam mediante a relao dialtica do homem com a sociedade, na qual o homem atua e constri o mundo e este, por sua vez, propicia os elementos para a constituio da dimenso psicolgica. a partir desta perspectiva que este artigo elege o Rap como objeto de estudo,
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considerando-o como importante elemento na compreenso psicossocial de jovens em contextos de periferia e excluso social. Mas o que o Rap? Por que estud-lo? J. C. G. Silva (1999) afirma que os rappers no so apenas grupos musicais no sentido estrito, mas parte de um movimento esttico-poltico surgido no final dos anos 70, nos EUA, composto majoritariamente por jovens pobres e negros. Desta feita, falar sobre Rap remete, impreterivelmente, ao Grafite (arte plstica) e ao Break (dana), elementos que juntos formam o Movimento Hip-Hop. Este movimento juvenil possibilitou uma crtica social a respeito das questes vivenciadas no cotidiano das periferias, como a desigualdade scio-econmica, a discriminao racial e a violncia, tomando a arte como instrumento de engajamento poltico capaz de re-elaborar o cotidiano e permitir a re-construo da identidade negra. Ao procurar identificar a origem do Rap, muitos estudiosos elegem os EUA como os criadores deste estilo musical. Entretanto, outros autores afirmam que sua origem remete ao canto falado africano, adaptado msica jamaicana da dcada de 1950 e influenciado pela cultura negra dos guetos americanos no perodo ps-guerra (Magro, 2002). De acordo com Rocha, Domenich e Casseano (2001), assim como outros ritmos afro-norte-americanos, o Rap tem um sentido de resistncia cultural e constitui um captulo recente de uma histria que se inicia no sculo XIX: a constituio de uma identidade negra por meio da msica. Tella (1999), afirma que este carter de resistncia cultural da msica produzida pela populao negra no foi exclusividade dos EUA e pode ser encontrada na msica de pases caribenhos, como tambm no Brasil. Segundo Pimentel (2000), o Rap um dos galhos da grande rvore da msica negra bisneto do spiritual e do blues, neto do soul, filho do funk, irmo do rock, primo do reggae, do samba, do maracatu, da embolada... Apesar de ter suas razes no canto falado africano, o Rap adquiriu formato semelhante ao atual nas periferias de Nova Iorque, mediante a ao dos djs, mcs, b. boys e grafiteiros integrantes do Movimento Hip-Hop. A produo musical negra norte-americana dos anos 60 e 70 foi imprescindvel para o desenvolvimento do Rap, de forma que o soul e o funk exerceram grande influencia sobre os rappers, tanto nos EUA, quanto no Brasil (Pimentel, 2000). A consolidao do Rap aconteceu como fruto de um momento histrico marcado pelo embate entre a segregao racial e o movimento de luta pelos direitos civis dos negros, desencadeado a partir da dcada de 1960 nos EUA e disseminado para vrios pases do mundo. Conforme Pimentel (2000), o Rap chegou ao Brasil no incio dos anos 80 e se caracterizou como autntica
trilha sonora da periferia, sendo escolhida pela juventude pobre e afro-descendente como representante de suas idias. J. C. G. Silva (1999) cita que as letras de Rap so permeadas por expresses locais e exprimem o universo da periferia sempre a partir de uma perspectiva pessoal, de forma tal que toma a condio de excluso como objeto de denncia e reflexo. Segundo este autor, os rappers brasileiros realizaram uma crtica ao mito da democracia racial, denunciaram o racismo e a marginalizao da populao negra e pobre, procurando re-elaborar a identidade negra de forma positiva. Por isso, o Rap concebido neste estudo como um instrumento poltico de uma juventude excluda (Andrade, 1999), um manifesto, que penetra no cotidiano dos excludos para descrever com poesia aquilo que aparentemente desprovido dela (Jovino, 1999). No Rap, a poesia brota do concreto em forma de rima (Viana, 2005, p. 20).
um soldado do morro angustiante e perigosa, tem-se tambm a afirmao de outro aspecto, que inclusive parece justificar a opo por esta condio sinistra: a idia de que este jovem, pertencente ao trfico de drogas, adquire status social.
Vrias vezes me senti menos homem / Desempregado e meu moleque com fome/ muito fcil vir aqui me criticar/ A sociedade me criou, agora manda me matar . . . Seria diferente se eu fosse mauricinho, criado a sustagem e leite ninho/ Colgio particular, depois faculdade/ No, no essa minha realidade/ Sou caboclinho comum, com sangue no olho, com dio na veia, soldado do morro . . . Um pelo poder, dois pela grana/ Tem muito cara que entrou pela fama . . . Fora da lei, chamado de elemento/ Agora o crime que d o meu sustento/ J pedi esmola, j me humilhei/ Fui pisoteado, s eu sei o que eu passei/ Eu T ligado, no vai justificar/ Meu tempo pequeno no sei o quanto vai durar.
As dimenses da dialtica excluso/incluso social perversa, contidas nas reflexes de Sawaia (2001a), podem ser reconhecidas nesta msica. A desigualdade social e a dimenso tica da injustia so apontadas no momento em que MV Bill (1999) afirma que o soldado do morro fruto de uma sociedade que o criou e que manda mat-lo, sendo que seria diferente se fosse mauricinho. O rapper aponta para o fato de que a desigualdade social se sustenta perante relaes anti-ticas, isto porque o pobre constantemente includo, por mediaes de diferentes ordens, no ns que o exclui, gerando o sentimento de culpa individual pela excluso (Sawaia, 2001a, p. 9). A dimenso subjetiva, por sua vez, expressa nos momentos em que faz referncia ao sofrimento que este jovem experimenta ao se deparar com o desemprego, a fome de seu filho, a necessidade de pedir esmola, enfim, sua condio desumanizada de vida. Estas experincias, apesar de serem geradas na intersubjetividade e advindas da desigualdade social e da injustia, so personificadas e sentidas como sofrimento tico-poltico por um eu de menor valor (Sawaia, 2001b). O sofrimento ticopoltico se configura ento como aquele(s) sentimento(s) advindo(s) da negao da humanidade, das necessidades bsicas do homem: alimentao, abrigo, reproduo, assim como felicidade, alegria e liberdade (Sawaia, 2003). O sofrimento tico-poltico, mediante o sentimento de inferioridade, uma tnica nesta letra que retrata a constante vivncia de humilhao e vergonha experimentada pelo soldado do morro. Este jovem submetido e escravizado pelo olhar desqualificante do outro que imputa nele os sentimentos de vergonha e humilhao. Conforme Barreto (2003), a humilhao, um sentimento
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Neste trecho, podemos visualizar o retrato do sofrimento que advm da condio de medo, insegurana (violncia associada morte) e tenso constantes que imperam na vida dos jovens pertencentes ao trfico, de forma tal que a segurana tanto do morro, quanto do prprio soldado, garantida por ele prprio e pelas suas armas, sendo a morte uma conseqncia para quem fica de bobeira na pista. Conforme Cintra (2002), h duas qualidades de medo, o bom e o ruim. A partir desta perspectiva, pode-se compreender o medo na vida do jovem soldado do morro como um medo, ao mesmo tempo, bom e ruim. Bom porque o medo da condio sinistra o que impulsiona o sujeito a no ficar de bobeira na pista e a preservar sua vida. Ruim, pois MV Bill (1999) denuncia, nesta msica, a condio em que estes jovens vivem, de impotncia e desvalor e que, por no encontrarem outra perspectiva de vida, acabam por ingressar no trfico. Assim, ao mesmo tempo em que h a conotao de que a vida de
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de imensa intensidade que est entrelaado com mltiplas emoes, cujo ncleo o medo e a vergonha, que submetem e escravizam o homem. um sofrimento imposto pela negao do outro, legitimado no autoritarismo e no adoecimento, decorrente do fato de tratar o outro sujeito como um simples objeto. Neste prisma, esta msica apresenta a vergonha inserida no bojo da construo da identidade social subalterna, surgida atravs das condies de inferioridade que so sentidas por um eu de menor valor que se encontra entre a situao de pobreza e o olhar do outro que lhe aparece como superior ou dominante. A vergonha um sentimento moral que nos inibe, limita a nossa ao, nosso expandir, encolhe nosso corpo e pode nos reduzir ao silncio, nos excluir (Vitalle, 2002, p. 118).
Eu t ligado qual , sei qual o final/ Um saldo negativo, menos um marginal/ Pra sociedade contar um a menos na lista e engordar a triste estatstica/ De jovens como eu que desconhecem o medo/ Seduzidos pelo crime desde muito cedo.
da denncia das diversas formas de sofrimento advindas da dialtica excluso/incluso social perversa, os rappers tambm afirmam a possibilidade e a necessidade da superao desta condio de padecimento humano.
Um campo de batalha constante, por isso sei onde piso . . . Com sol ou chuva, cante o que for/ O sonho no acabou/ Temos a esperana de que tudo logo vai mudar [2x]/ Vamos quebrar o gelo pra ficar legal/ Estamos caminhando e chegando na moral/ No queremos nosso povo em desespero/ Queremos respeito, vozes ferozes e aliados para o gueto/ Mas pra comear preciso cantar . . . Eu sei que o caminho longo e h muitas turbulncias no rio/ Vou vivendo um dia aps o outro/ Pratico o amor, este meu desafio . . . Batalhando pelo desenvolvimento do meu povo/ Se fosse pra comear do zero faria tudo de novo/ O poder da msica nos uniu mais uma vez/ Sei que vocs me entendem porque eu entendo vocs/ Mais estudo, mais trabalho/ Digo isso sempre/ Minha comunidade no tem que viver como indigente/ No! Agora se liga ento nos livros e no respeito ao prximo que est a salvao/ Abrace seu irmo/ Abrace sua irm e caminhe confiante a estrada do amanh.
Fica visvel nesta letra que o jovem, ao ingressar no trfico de drogas, tem conscincia que continuar na posio dialtica excludo/includo perversamente, independente da quantidade de poder, fama e grana que possa conquistar. Isto porque sua ao como soldado do morro acaba por cair na situao de desqualificao social, pois sua condio sinistra legitima a posio de subalterno, de marginal, apesar de estar tentando construir para si aquilo que a sociedade no lhe autorizou: um projeto de vida. Deste modo, o trfico de drogas visto, contraditoriamente, como uma sada para a condio de humilhao, vergonha e medo, na medida em que permite acesso ao poder, fama e grana, ao mesmo tempo em que legitima para o sujeito a idia de que seu projeto de vida invivel. MV Bill (1999) finaliza a msica ao mostrar que o jovem soldado do morro sabe que sua hora de morrer pode estar prxima e que ele ser somente menos um marginal/ Pra sociedade contar um a menos na lista e engordar a triste estatstica. Deste modo, no lhes interessa qualquer sobrevivncia, mas uma especfica, com reconhecimento e dignidade (Sawaia, 2001b, p. 115). exatamente a necessidade de ser reconhecido como gente que move o jovem da periferia a se tornar um soldado do morro, tendo em vista que este foi o caminho que ele conseguiu visualizar para ser reconhecido perante a sociedade. O soldado do morro surge, ento, como uma tentativa de recuperar, nem que seja por meio da marginalidade, o reconhecimento social que sua condio estigmatizada lhe impossibilita. Na segunda cano estudada, Vozes e Rimas, de Thade e DJ Hum (2000), possvel perceber que alm
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Thade e DJ Hum (2000) apontam que a vida para os moradores da periferia um campo de batalha constante, o caminho longo e h muitas turbulncias no rio, e por isso preciso sempre estar atento. Esta dupla expressa a idia de que apesar de todas as dificuldades o sonho no acabou, de modo que h esperana de que tudo logo vai mudar. Importante notar que esta concepo de que preciso ter esperana e procurar superar as dificuldades colocada sob quaisquer condies, com sol ou com chuva, de forma bastante afirmativa, considerando que esta frase faz parte do refro, sendo repetida vrias vezes, o que lhe confere um certo grau de intensidade. Esta letra traz uma forte referncia ao coletivo, que pode ser identificada nos momentos em que indica que os moradores da periferia no esto sozinhos vamos quebrar o gelo pra ficar legal/ estamos caminhando e chegando na moral e, principalmente, nos instantes em que a cano aponta para o fato de no querer seu povo em desespero, mas sim aliados para o gueto, que batalham pelo desenvolvimento do povo e que esto unidos pelo poder da msica, sendo necessrio abraar o irmo e a irm, pois nos livros e no respeito ao prximo que est a salvao. Nesta cano, os rappers apresentam um discurso que entra em consonncia com as proposies de Sawaia (2001b), a respeito do conceito de potncia de ao como a fora de combate ao sofrimento e de conservao e expanso da vida. Noutras palavras, potncia a dimenso irreprimvel de luta pela emancipao (Sawaia, 2004, p. 174), como a capacidade de ser afetado pelo
outro, apontando o sujeito como causa de seus afetos. A potncia de ao possibilita agir, simultaneamente, na configurao da ao, do significado e da emoo, coletivas e individuais, o que reala o papel positivo da afetividade como elemento constitutivo do pensar e agir. Ou, como diria Thade e DJ Hum (2000), por meio do personagem da cano, batalhar pelo povo, estudar, trabalhar, se unir e praticar o amor como desafio. Nesta perspectiva, a dimenso relacional, interpessoal possui grande importncia na medida em que o objetivo de cada um rentabilizar maximamente sua potncia, diz Espinosa, ao mesmo tempo que afirma, que s o conseguimos, quando nos unimos a outros, alargando nosso campo de ao (Sawaia, 2001b, p. 116). A cano o crime, de Gog (2004), traz importantes contribuies para nossas reflexes. Nesta o rapper faz uma aluso ao fato de que o personagem da msica, assim como os demais moradores da periferia, considerado um criminoso, em virtude do preconceito. Gog fala que seu crime buscar melhores condies de vida para os moradores das favelas, representando as quebradas do Brasil.
Buscar sabedoria no poema fortalece/ Som alucinante at rejuvenesce/ Rezo a prece que leva ao corao j quase morto alegria e alguns momentos de puro conforto . . . Prego sem medo o auto-pensamento que reflete o imenso poder das palavras, que pra burguesia so malditas e macabras/ Brutalidade o pior do Super Cine/ Representar as quebradas do Brasil, esse meu crime . . . Ento reflita sobre seus conceitos/ Ento reflita sobre seus direitos/ Ento reflita/ Vem jogar no nosso time.
Buscar sabedoria, o auto-pensamento e refletir sobre conceitos e direitos, nesta perspectiva no ficam restritos ao puro ato cognitivo, pois a afetividade uma constante nesta cano. Ela evidenciada, principalmente, com as expresses: corao, alegria, conforto, sem medo. Assim, tanto na denncia, quanto na proposta de formas de ao para superar esta condio de padecimento humano, o discurso desta poesia est permeado pela afetividade, o que demarca a fala do personagem de Gog (2004) a partir de um lugar que comum a todos os moradores da periferia: o de ser humano. Nestes termos, o auto-pensamento remete a necessidade de refletir sobre as relaes que cada sujeito estabelece com os outros que lhe afetam. No como um fenmeno abstrato, mas como uma ao implicada afetivamente, como sinnimo de re-significao das possibilidades de mudanas objetivas/subjetivas na vida de cada sujeito singular/ coletivo em busca da diminuio do sofrimento ticopoltico e do aumento da potncia de ao. Importante notar que o rapper, por meio do personagem da poesia, aponta claramente para o caminho da coletividade, convidando o ouvinte a jogar no seu time.
A partir desta perspectiva, o Rap reconhecido neste estudo como uma linguagem reflexivo-afetiva, considerando que afetividade, linguagem e pensamento so conexos, mediaes que levam ao. Neste sentido, o homem a atividade que realiza, a conscincia que reflete sobre o mundo em que vive e os afetos que so vivenciados no seu cotidiano (Lane, 1995). M. Silva (1999) contribui com este debate, ao afirmar que os rappers realizam mais do que um acordo racional, pois promovem um movimento de identificao, no qual . . . o sentimento de que tal coisa tem a ver com agente implica a partilha de sentimentos e idias. A unidade de pensamento provm, em grande parte, da unidade de sentimento (p. 144). Esta letra, juntamente com a msica de Thade e DJ Hum (2000), indica para o carter afetivo que permeia o agir humano, visto que ningum muda pela informao, para que acontea uma mudana, essa informao, tem que se carregar de sentido, tem que ser assumida num contexto cultural definido de prticas sociais. A informao tem que adquirir emocionalidade . . . (Gonzlez Rey, 2001, p. 55). De acordo com Sawaia (2002, p. 126), participamos quando, em ns ou fora de ns, algo se faz do qual somos causa adequada, que podemos conhecer clara e distintamente. Quando isso no acontece, submetemonos participao. Destarte, participar trata da passagem da passividade atividade, da heteronomia autonomia e no se restringe a um processo exclusivamente racional, visto que abarca no somente a tomada de conscincia, mas o sujeito como um todo, vivida como necessidade e desejo do eu. Gog (2004) fala da autonomia quando prega sem medo o auto-pensamento, a necessidade do sujeito buscar sabedoria e refletir sobre seus conceitos e direitos. A msica de Thade e DJ Hum (2000), por sua vez, aponta para a batalha pelo desenvolvimento do povo, para o respeito ao prximo, o estudo e o trabalho. Em relao ao poder que o Rap tem de afetar os manos, Gog (2004) argumenta que o poema fortalece e rejuvenesce, levando ao corao j quase morto alegria e alguns momentos de puro conforto. Esta capacidade que o rapper afirma que a msica tem pode ser problematizada como uma possvel forma de relao esttica. Vzquez (1999), ressalta que a relao esttica concreta e singular, situada e datada historicamente. Noutras palavras, uma relao que ocorre entre um sujeito que se coloca numa postura esttica e um objeto que se mostra esttico, condicionada por fatores econmicos, sociais, culturais, entre outros. Nesta perspectiva, a base da relao esttica a desconstruo de uma relao j estabelecida para a construo de outras formas de relao, a concretizao da possibilidade de re-sig95
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nificao, visto que uma tentativa de transformao do sujeito mediante a implicao dos sentidos. Assim, conforme Zanella (2006), a esttica, enquanto dimenso sensvel, propicia um modo especfico de relao com o mundo, pautado por uma sensibilidade que permite transcender o carter prtico-utilitrio da cultura capitalstica e reconhecer a potncia criadora que afirma o ser humano em sua humanidade. Neste sentido, as msicas Vozes e rimas e o crime apontam para a possibilidade do Rap como uma mediao para o acontecimento da catarse, considerando a capacidade de submeter emoes angustiantes e desagradveis a uma descarga, transformando-as em sentimentos opostos, como, por exemplo, rejuvenescer o corao j quase morto. Assim, a catarse, como o pice do movimento de superao afetiva, possibilitada mediante a relao esttica, permite que o sujeito se posicione num outro nvel em relao a sua prpria vida, re-significando suas possibilidades de ao no mundo, a partir da implicao afetiva (Vigotski, 1970/1999). Desta feita, a msica pode proporcionar ao seu ouvinte (e ao seu produtor) um complexo universo de sentimentos e emoes, isto porque sua base psicolgica reside precisamente na capacidade de desenvolver e aprofundar os sentimentos, em reelabor-los de modo criador (Vygotski, 1930/1998). Ao tratarmos da relao esttica, culminada no ato da catarse, precisamos problematizar a relao autor/ pblico, visto que a arte precisa ser compartilhada para que de fato possa tornar-se possvel. Como bem demonstrou Vzquez (1999), quando se fecham as portas de um museu e o pblico se faz ausente, inexistindo qualquer contemplao, os objetos ficam fora da situao esttica, possuindo uma existncia muda, potencial, mas no efetivamente esttica. Da mesma maneira, uma msica que no ouvida e/ou vivenciada por um pblico, seja por meio de um show ou de um disco, no tem a possibilidade de se mostrar esteticamente e acaba por se caracterizar como um objeto potencialmente esttico. Vigotski (1970/1999) contribui neste debate ao conceber que a experincia do ouvinte com a msica um processo complexo, demarcando que ela age de modo diverso em cada sujeito. Isto significa que a relao esttica demanda um trabalho psquico rduo e difcil, de forma tal que a percepo sensorial dos estmulos no passa do impulso inicial necessrio para despertar uma atividade mais complexa efetuada pelo espectador, pois . . . com as impresses externas apresentadas, a pessoa constri e cria um objeto esttico ao qual se referem todas suas reaes posteriores (Vigotski, 1926/2003, p. 230). Este movimento de apropriao da obra de arte que o espectador realiza foi denominado segunda sntese criativa, que, segundo o autor, constitui a funo
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bsica da atividade esttica, posto que possibilita uma re-elaborao criativa do objeto percebido. A arte sempre portadora desse comportamento dialtico que reconstri a emoo e, por isso, sempre envolve a mais complexa atividade de uma luta interna que resolvida pela catarse (Vigotski, 1926/2003, p. 235). minha favela, de Rappin Hood (2005), a ltima msica a ser analisada. Aqui se tem a apresentao de duas dimenses da afetividade que costumam estar presentes nos discursos dos rappers: o amor pela favela/ comunidade e a f em Deus.
Na favela humildade fez sua morada . . . Eu conheo todo mundo ali, os aliado/ J sei at quem vai me trair, quem safado/ E vou pedindo a Deus pra iluminar a minha caminhada, que no me deixe cair na subida da estrada . . . O povo que sobe a ladeira ajuda a fazer mutiro, divide a sobra da feira e reparte o po/ Como que essa gente to boa vista como marginal?/ Eu acho que a sociedade t enxergando mal/ Favela, oh.../ Favela que me viu nascer/ Eu abro meu peito e canto o amor por voc/ Favela, oh.../ Favela que me viu nascer/ S quem te conhece por dentro pode te entender . . . Meu povo no bandido/ No s perigo/ Meu povo amigo ento escuta o que eu digo/ Meu povo s precisa de oportunidade/ Emprego e salrio justo pra comunidade/ Mais cultura/ Mais sade/ Mais tranqilidade . . . todas as favelas/ F em Deus.
Esta msica indica a importncia de atentar para uma questo assinalada por Sawaia (1999), que afirma a necessidade de superar a viso maniquesta que qualifica os espaos como bons ou ruins, libertadores ou opressores. Rappin Hood (2005) acena para esta discusso ao afirmar que na periferia no h s sofrimento, mas tambm amor, unio e solidariedade. Isto fica claro nos trechos em que o rapper, por meio de seu personagem, fala que na favela no h s bandido e perigo, mas tambm amor, que objetivado na amizade, no mutiro, na unio, na partilha da feira e do po. Assim, estes rappers procuram garantir para os manos da periferia a humanidade que lhe fora negada em virtude das desigualdades e injustias sociais a afirmao de que eles tambm so gente. Como diria Rappin Hood (2005), como que essa gente to boa vista como marginal? A favela/comunidade, a partir desta msica, pode ser considerada um lugar que promove identificao em prol do aumento da potncia de aes individuais e coletivas, satisfazendo o bem comum e a felicidade pessoal, possibilitadora de bons encontros (Sawaia, 1999). Destarte, apesar de todo o sofrimento vivenciado, a favela/comunidade tambm se constitui num lugar onde todos so aliados e se conhecem, ou, segundo Sawaia (1995), um lugar com calor, um lugar identitrio capaz de oferecer ao sujeito . . . segurana e uma forte dose do sentimento de sentir-se gente entre pares (p. 23).
Rappin Hood (2005), assim como outros rappers, reafirma constantemente, por meio da msica, o sentimento de f em Deus, caracterizando-o como um importante elemento da afetividade para os moradores da periferia. Neste ponto concordamos com Kehl (1999), quando considera que a f em Deus aparece no Rap como uma referncia simblica, capaz de sustentar e guiar as aes dos manos mesmo quando as condies de vida vivenciadas por eles so causadoras de sofrimento. Isto significa que este Deus nada tem a ver com conformismo ou desvalorizao da vida material em benefcio de recompensa espiritual. Pelo contrrio, trata-se de uma forma encontrada pelos rappers para representar e justificar a dimenso afetiva que une todos eles em prol de um bem comum. Numa anlise psicanaltica (Kehl, 1999), trata de usar a figura de Deus para ocupar a funo paterna, o que permite que todos os homens formem uma grande frtria, sejam irmos, e como tal, possam caminhar juntos.
Consideraes Finais
As msicas consideradas neste artigo so construes que expressam a realidade da periferia, como os rappers costumam enfatizar. Tal como esta realidade, estas poesias ritmadas no so homogneas, visto que se constituem dialeticamente, j que a arte no um espelho do real, mas uma de suas dimenses, mediante a qual a ao humana pode se realizar com toda a sua fora (Duarte, 1999). Estas canes, que mais parecem um cinema sonoro, considerando sua imensa capacidade de narrar e descrever os fenmenos ocorridos no cotidiano da periferia, so carregadas de afetividade, expressando com muita propriedade as vivncias advindas de uma ordem social baseada na incluso social perversa, . . . sendo a grande maioria da humanidade inserida atravs da insuficincia e das privaes, que se desdobram para fora do econmico (Sawaia, 2001a, p. 8). Para compreender a afetividade, preciso considerar os vrios momentos em que esta expressa nestas msicas. H instantes em que a tnica est no sentimento da vergonha, culpa, humilhao, tristeza, revolta e medo que assola os moradores da periferia. Tais sentimentos aparecem nestas poesias, ao encontro do referencial terico assumido nesta pesquisa, como elementos que inibem e limitam a ao e se apresentam como essenciais para a constituio de uma identidade social subalterna. Em contrapartida, estas canes propem o enfrentamento desta condio e expressam a importncia da unio, irmandade, humildade, esperana, amor, alegria e solidariedade. Desta maneira, a afetividade expressa nestas canes como uma importante dimenso da vida humana, pois representa tanto a denncia
do sofrimento tico-poltico, como a possibilidade de aumentar a potncia de ao do sujeito para a superao desta condio de padecimento humano. Sinteticamente, pode-se considerar que a msica Soldado do morro apresentou o sofrimento tico-poltico vivenciado por um jovem operrio do trfico. Vozes e rimas versou, principalmente, sobre a possibilidade de superao desta condio de padecimento humano. o crime, por sua vez, tratou da incrvel capacidade que o Rap tem de fazer fortalecer, rejuvenescer, trazer alegria e conforto para o corao j quase morto, ou seja, demarcou a possibilidade da catarse, da transmutao dos sentimentos em prol da superao do sofrimento ticopoltico. E, por fim, minha favela, apontou para a favela como uma comunidade que, apesar do sofrimento, tambm pode se configurar como um lugar identitrio, onde vive gente boa que possibilita o aumento da potncia de ao dos manos. Destarte, longe de propor uma teorizao homognea e generalista sobre o Rap, este artigo apenas produziu uma zona de inteligibilidade que se aproximou das reflexes de autores como Soares, MV Bill e Athayde (2005), que fazem referncia ao Rap e ao Movimento Hip-Hop como um modelo cultural e poltico alternativo que canaliza sabedoria, experincia, amor e dio para a arte e a poltica, valoriza a solidariedade, difunde a crena na justia e na igualdade, ligado s idias de cidadania, respeito e paz. Ao mesmo tempo, este artigo buscou articular os apontamentos tericos da Psicologia Scio-Histrica na anlise desta linguagem, indicando a msica, especialmente o Rap, como temtica importante na compreenso psicossocial do sujeito em contextos de excluso social.
Notas
1. O termo Rap vem do ingls rhytm and poetry, que significa ritmo e poesia. 2. A epistemologia qualitativa um esforo na busca de formas diferentes de produo de conhecimento em psicologia que permitam a criao terica acerca da realidade plurideterminada, diferenciada, irregular e histrica, que representa a subjetividade humana (Gonzlez Rey, 2002, p. 29). E ainda, a definio qualitativa da investigao, do diagnstico e das prticas uma opo epistemolgica, terica e ideolgica diante das prticas quantitativas dominantes em psicologia (p. 51). 3. Este artigo utiliza duas formas de escrita para o nome deste autor (Vygotski/Vigotski), respeitando o idioma de edio da obra consultada.
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Jaison Hinkel psiclogo pela Fundao Universidade Regional de Blumenau (FURB), mestrando em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). servidor pblico no municpio de Ascurra/SC, atuando como psiclogo vinculado a Secretaria de Municipal de Educao. [email protected]
Ktia Maheirie concluiu o doutorado em Psicologia Social pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP). Atualmente professora adjunta da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no Departamento e no Programa de Ps-Graduao em Psicologia. Endereo para correspondncia: Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Cincias Humanas, Programa de Ps-Graduao em Psicologia sala 18B, Campus Universitrio, Trindade, Florianpolis, SC, CEP 88010-970. [email protected]
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