O Esprito das Leis

RESUMO Montesquieu foi um brilhante filsofo iluminista e, como todos os filsofos iluministas, buscavam incansavelmente a liberdade. Faz-se mister salientar que a palavra liberdade e seus muitos conceitos constituram um dos pilares do Iluminismo. Para se chegar a tal ponto chave da existncia humana, Montesquieu parte de um extremo ao outro do pensamento existente em sua poca. Trata de assuntos to diversos, que ele vai d msica religio e, de forma brilhante, depois de relacionar e correlacionar assuntos ligados sociedade poltica, dentre outros, chega a sensacional teoria da tripartio do poder, desenvolvida em "O Esprito das Leis". Tal teoria, denominada tambm de sistema de freios e contrapesos consiste em o fato de o poder deter o prprio poder, evitando abuso de autoridade. A evoluo dessa teoria permite-nos observar que cada funo do poder, desde a Executiva, a Legislativa e Judiciria possui atribuies atpicas, como idealizou Montesquieu. De qualquer modo, pode-se considerar a obra "O Esprito das Leis" de Montesquieu o arqu da poltica moderna, tal a sua importncia.

INTRODUO I- VIDA DE MONTESQUIEU Charles Louis de Secondat, conhecido como o Baro de Montesquieu, escritor e filsofo francs conhecido por ter desenvolvido na sua principal obra "O Esprito das Leis", o conceito sobre as diversas formas de governo, a famosa Teoria da Tripartio das Funes do Poder e por ter revelado que as especificidades de determinada populao intervm diretamente na essncia das normas jurdicas. Nasceu em 18 de janeiro de 1689 no castelo de La Brde, perto de Bordus, Frana, membro de uma famlia da aristocracia provincial e morreu em Paris em 10 de Fevereiro de 1755. Filho de um oficial da guarda do rei da Frana, neto e sobrinho de um Presidente do Parlamento de Bordus, ficou rfo de me aos 11 anos de idade. Em 1705 realizou seus estudos jurdicos para que pudesse ingressar-se no Parlamento de Bordus. Quando seu tio morreu, tornou-se baro de Montesquieu e presidente do Parlamento. Em 1726 renunciou o cargo no Parlamento e foi viver em Paris. L, aceitou em 1728, realizar um Grand Tour por toda a Europa que, certamente, ajudou que Montesquieu percebesse o grande relativismo cultural existente e a sua influncia para com as normas

jurdicas de cada regio. O desenvolvimento de sua tica filosfico-sociolgica foi crucial para toda a qualidade da anlise crtica que realiza em "O Esprito das Leis". II- OBRAS Ao longo de sua vida, publicou: Cartas Persas, em 1721, obra de enorme sucesso, aproveitando o gosto da poca pelas coisas orientais que analisou as instituies, usos e costumes, satiricamente. A Causa das Grandezas dos Romanos e da sua Decadncia em 1734. Mera apresentao do Esprito das Leis. E, finalmente, "O Esprito das Leis" em 1748. Obra vista como revolucionria para a poca que ainda tinham uma viso unilateral e limitada acerca do Direito, uma vez que ainda consideravam o Estado como nico elemento produtor do mesmo. III- APRESENTAO DO ESPRITO DAS LEIS O Esprito das Leis inspirou a Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, elaborada em 1789, durante a revoluo francesa, e a constituio dos Estados Unidos, de 1787, que substituiu a monarquia constitucional pelo presidencialismo. Com o fim do absolutismo, diversos pases europeus adotaram a monarquia constitucional e muitas delas sobreviveram at depois da primeira guerra mundial. Em suas constituies atuais, a maioria das naes do Ocidente adota o princpio da separao dos poderes e em muitas delas vigora o presidencialismo ao estilo americano. Uma das primeiras coisas que vem a mente quando se inicia a leitura do livro o "porqu" do seu ttulo. Afinal, o que o termo "Esprito" est representando? O Aurlio define "Esprito" como: "sm. 1. A parte imaterial do ser humano; alma. 2. Entidade sobrenatural ou imaginria, como os anjos, o diabo, os duendes. 3. Inteligncia". No livro, a questo do esprito ter todos esses significados, mais precisamente, adequando-se ao conceito de representao simblica. O Esprito ser uma espcie de "Causa Primeira" sobre a origem do Direito. Assim como o Arqu foi outrora para a Filosofia, a origem do Direito passa a ser procurada por Montesquieu. Essa resposta dada progressivamente em cada livro: o comrcio, a religio, as especificidades culturais, morais, o sistema de governo, todos sero elementos sobre o qual o Direito ir se desenvolver e ser influenciado. Uma espcie de infra-estrutura (especificidades de cada Estado) e a superestrutura (o Direito desenvolvido, no caso). A estrutura de apresentao ficar dividida da seguinte maneira: Inicialmente ser realizada a interdisciplinaridade com Cincia Poltica e Teoria Geral do Estado. Evidentemente que O Esprito das Leis representou alicerces para a doutrina poltica. Nesse sentido, ser realizada uma anlise da formao da Repblica Federativa, os conceitos das diversas formas de governo e uma relao com o Estado de Polcia na qual valia o brocardo "The King can not be worong" "O rei no pode estar errado".

Em seguida, a correlao com Sociologia Jurdica iniciar-se- mostrando o direito relativista em oposio ao direito racionalista e a influncia de Montesquieu que ajudou a montar o quebra-cabea da pergunta socrtica: "O que o Direito?" com a escola positivista de carter sociolgico. Em conseguinte, ser feita uma abordagem filosfica da obra, aprofundando a questo da representao simblica do ttulo e sua relao com a matria, a preocupao com a tica, Moral e Poltica como requisitos para uma repblica virtuosa, a questo da liberdade em uma sociedade e a lgica capitalista como geradora de vcios em uma repblica. A apoteose da apresentao est alicerada na Teoria da Tripartio das Funes do Poder. Ser feita uma explanao dos elementos da teoria, seguida por uma crtica e adaptao realidade brasileira.

SOCIOLOGIA JURDICA I- AS TRANSFORMAOES RESULTANTES DE O ESPRITO DAS LEIS Diversos filsofos, socilogos e juristas formularam a sua reposta para a questo socrtica: "O que Direito?".

Como instrumento de controle social, como profetizou Thomas Hobes. Como mero ramo da Sociologia ligado observao de Fatos Sociais como Durkheim sugeriu. Como unicamente norma jurdica que Hans Kelsen relatou em "Teoria Pura do Direito". Na Teoria da Tridimensionalidade de Miguel Reale - fato, valor e norma. Ou o Direito como linguagem.

O livro "O Esprito das Leis" de Montesquieu representou um rompimento com as Escolas eminentemente Positivistas que viam no Direito um instrumento de influenciar e mudar o comportamento da sociedade. At ento, a nica fonte do direito era o Estado. Por trs das leis havia apenas uma vontade poltica, a vontade do legislador. Mas como o Direito poderia ser considerado meramente norma jurdica (teoria de Hans Kelsen) se ele no Japo uma coisa, na China outra, e na Sua tambm completamente desigual? Essa pergunta fomentou a teoria de Montesquieu de o Direito ser o reflexo de diversas especificidades sejam elas de ordem natural (caractersticas climticas e solo), ou de ordem social (hbitos, religio, organizao econmica e poltica). Essa observao representou uma verdadeira revoluo para a poca, e o rompimento com a Escola Positivista transformando-as em Escolas Positivistas de Carter Sociolgico. Em funo dessa multiplicidade de situaes, o ideal da busca por um modelo jurdico de direito justo e adequado entrar em decadncia, haja vista que as diferenas culturais faro com que o modelo jurdico considerado como adequado para um determinado povo, poder revelar-se incompatvel com as peculiaridades de outros povos.

A Semitica ensina que as realidades sociais e culturais podem modificar drasticamente o conceito de justia, injustia, bondade, maldade, virtude e vcio. Nesse sentido, haver o incio da oposio do direito racionalista com o direito relativista. Enquanto o primeiro era visto como expresso dos mandamentos universais da razo humana ou como resultado do Contrato Social e da vontade do monarca, Montesquieu afirma que eram os elementos sociais as causas da diversidade das legislaes. II- ANLISE SOCIOLGICA Analisar-vos-emos os diversos elementos que proporcionam as divergncias na legislao relativas aos livros IX a XI. De acordo com Montesquieu, a organizao poltica de determinado Estado influenciar na essncia das normas jurdicas que tem por objetivo a estratgia de defesa. As Repblicas tero leis defensivas que possuiro como objetivo conseguir o maior nmero de Estados associados para defender-se. A valer o princpio "a unio faz a fora". O objetivo fundamental das repblicas ser a paz e a moderao. Nos governos despticos, a essncia das leis ter, ironicamente, a destruio do prprio Estado, haja vista que utilizar-se- a estratgia de Terra-Rasada. Isto , como os prncipes no podem confiar a defesa do Estado a nenhum membro deste, para defender-se, restou a alternativa de destruir as extremidades do territrio para que o exrcito inimigo sofra com a ausncia de meios de subsistncia em uma considervel extenso territorial. S para ilustrar, tal estratgia defensiva foi utilizada pela Rssia, quando Hitler quebrou o Pacto de No Agresso Germano-Sovitico. J na Monarquia, apesar de no se auto-destruir como os dspotas, mas, como a sua centralizao poltico-administrativa um empecilho para a sua defesa, revela-se necessrio a construo de praas forte para que defendam suas fronteiras e exrcitos para a defesa das suas praas fortes. Dessa forma, Rousseau escreve em "O Contrato Social" um raciocnio que ilustra grande parte das idias que Montesquieu desenvolve em "O Esprito das Leis": "Assim como o arquiteto, antes de erguer um grande edifcio, observa e sonda o cho, examina se pode sustentar o peso da construo, assim o sbio instituidor no principia a formar boas leis em si mesmas antes de ter observado se o povo a quem ele as destina capaz de suport-las".

FILOSOFIA I- MONTESQUIEU E O ILUMINISMO Montesquieu foi um dos filsofos mais importantes para o perodo histrico conhecido como Iluminismo. Durante a poca na qual essa corrente de pensamento era a que preponderava, o conceito de Liberdade foi amplamente discutido.

Antes de analisar o conceito de Liberdade, uma das maiores contribuies do Iluminismo foi a crtica ferrenha ao perodo denominado como "Idade das Trevas", poca na qual a Igreja estava intrinsecamente ligada ao Estado. As crticas de Montesquieu giravam em torno, principalmente, do fato de que as leis, entendidas como produto da vontade divina, serviam para legitimar diversas atrocidades que no deviam ser admitidas. S para ilustrar, ele relata que, devido influncia da religio, determinado povo, os chamados bactrianos, tinham o costume de assassinar as pessoas velhas entregando-as para os cachorros violentos. Em outro momento do livro, Montesquieu alfineta: "Os homens so livres e enquanto seres inteligentes violam constantemente as leis que Deus estabeleceu, modificando tambm as que eles prprios criaram". Essas crticas de Montesquieu correspondem nova necessidade filosfica de separar a f da razo. Basta recordar de So Thomas de Aquino e sua frase " preciso crer para compreender e compreender para crer" na sua tentativa de tentar explicar a f mediante a razo. Era mediante esta que o homem poderia conquistar a liberdade e a felicidade social e poltica Todavia, mediante uma anlise materialista-histrica marxista, verifica-se que no so os valores ou as aspiraes dos seres humanos que so o motor das mudanas da histria e sim, os aspectos econmicos. Ainda no perodo do Feudalismo, a classe burguesa encontrava-se em uma posio incompatvel com os seus interesses, haja vista que eram obrigadas a bancar os privilgios da corte e do clero. As crticas de Montesquieu, no caso, cairo como uma luva para os interesses dos capitalistas em ascenso. A Igreja detinha aproximadamente dois teros das propriedades da Alemanha e outro um tero das propriedades de toda a Europa impedindo que a burguesia chegasse ao status de primeiro Estado. Esses ideais de crtica Igreja, apesar de interessantes sob a tica de desvirtuar o Estado da influncia do clero, tinham suas verdadeiras razes em transferir o domnio da propriedade para a burguesia, romper com o modo de produo feudal e com as Monarquias Absolutistas. Foram esses os elementos considerados como as diretrizes da Revoluo Francesa em 1789. A Fraternidade! Entre os membros do Primeiro Estado. A Igualdade! Entre os componentes do grupo oligrquico que comandaro as decises do Estado e, principalmente, a liberdade que no vai impor limites de acmulo de capital para burguesia. A felicidade, que para os filsofos da Antiguidade Clssica seria alcanada praticando reiteradamente atos de Justia e mantendo uma vida virtuosa distante de vcios, torna-se nessa nova etapa, sinnimo de Liberdade. Esta, por sua vez, apresentar uma espcie de anemia significativa em seu significado de base e, por conseqncia, partes das diretrizes Iluministas estaro voltadas para a sua conceituao: Liberdade de escolha, liberdade de pensamento, liberdade de profisso. Em "O Esprito das Leis", Montesquieu caracteriza como liberdade o direito de fazer tudo aquilo que as leis facultam, tendo em vista que, se um cidado puder fazer tudo que elas probem, no possuir mais liberdade, uma vez que os outros tero tambm esse poder. Tambm conceitua a liberdade poltica ao desenvolver a Teoria da Tripartio das Funes do Poder e pregar que a liberdade dentro de uma organizao poltica se faz mediante o sistema de freios e contrapesos, requisitos bsicos para o sucesso de uma

repblica que, inclusive, inspirou a constituio de praticamente todos os pases democrticos. II- A VIRTUDE COMO REQUISITO PARA UMA BOA REPBLICA Analisar-vos-emos outro princpio fundamental para que uma repblica possa ter uma srie de condies que possibilitem a busca pelo bem comum: a Virtude. Mesmo que exista um sistema de governo que, em teoria, seja capaz de conduzir o Estado da maneira mais democrtica possvel, ele no ter o efeito desejado se a populao no possuir a capacidade de discernir o que justo e injusto, bom e mau e fazer tal discernimento refletirem em suas aes. Nesse sentido, imprescindvel retomar a preocupao dos filsofos da Antiguidade Clssica com a tica, Moral e Poltica. Mas como costumava dizer o prprio Marx: "Tudo o que era estvel e slido desmancha no ar; Tudo o que era sagrado profanado e os homens so obrigados a encarar com olhos desiludidos seu lugar ao mundo" para ilustrar a efemeridade de todas as coisas existentes. A preocupao com a questo da tica, da Moral e da Poltica inaugurada por Scrates e seguida por Plato e Aristteles tambm entraram em declnio, desmanchando-se no ar com a ascenso do modelo econmico capitalista. Ora, na Antiguidade Greco-Romana o tempo era um dos elementos mais precioso para a sociedade que, quase que invariavelmente, utilizava-o para desenvolver sentimentos e aes virtuosas e preocupando-se com a poltica. Posteriormente, o Tio Sam nasceu proclamando o "Time is Money" "Tempo Dinheiro" e toda a sociedade passa a orientar-se sob essa mxima. Tal mudana refletiu-se principalmente nos valores morais e ticos do indivduo que, quando comparados com os da Antiguidade Clssica, parecem estar em crise nos dias de hoje: Ningum mais se preocupa em desenvolver seu senso moral e tico, salvo rarssimas e honrosas excees... Observamos que at o conceito de felicidade desenvolvida por Aristteles que seria alcanada mediante a prtica reiterada de atos de justia, hoje, o prprio sistema capitalista tratou de naturalizar a idia de injustia, promovendo a coisificao dos sujeitos sociais. A felicidade est associada unicamente ao acmulo deliberado de riquezas: a famosa liberdade burguesa oriunda ainda da Revoluo Francesa: Pode-se tudo, embora a esmagadora maioria no pode absolutamente nada. III- O ESPRITO DAS LEIS: ANLISE FILOSFICA Por fim, revela-se necessrio uma abordagem filosfica mais aprofundada do sentido do ttulo do livro: No perodo denominado como Cosmologia, a Filosofia preocupava-se pela causa primeira - qual era o elemento da natureza que teria originado todas as outras coisas existentes. Nesse sentido, iniciado por Tales de Mileto que afirma ser a gua (hydor) o elemento primordial. Seus sucessores, Anaxmenes e Anaximandro, adotaram respectivamente o ar e o aperon (um elemento indefinido). Herclito dizia ser o fogo, Demcrito o tomo e assim sucessivamente. Ento, Empdocles falar que esse elemento , na verdade, uma fuso dos quatro elementos principais gua, fogo, terra e

ar. Levando para o campo do Direito e O Esprito das Leis, verifica-se uma espcie de busca pela Causa Primeira, pelo elemento originador do Direito. Muitos falaro que ele fruto da vontade do Estado, outros que reflexo das caractersticas sociais. Montesquieu ser uma espcie de Empdocles do Direito: ele , na realidade, uma fuso da vontade do Estado, das especificidades de ordem natural e cultural e da organizao poltica e econmica de determinado povo. Por fim, o prprio Montesquieu ir responder o motivo do ttulo: " isto que pretendo realizar nesta obra. E examinarei todas essas relaes; formam elas no conjunto, o que chamamos de Esprito das Leis. No separarei de modo algum as leis polticas das civis, pois, como absolutamente no trato de leis, mas do Esprito das Leis e como esse esprito consiste nas diferentes relaes que as leis podem Ter com diversas coisas, devo seguir menos a ordem natural das leis, que a dessas relaes e dessas coisas".

TEORIA GERAL DO ESTADO E CINCIA POLTICA I- A ORIGEM DA FEDERAO SEGUNDO MONTESQUIEU Na obra-prima de Montesquieu, ele vai elaborar conceitos sobre formas de governo e exerccios de autoridade que se tornaram pontos doutrinrios bsicos da Cincia Poltica. Suas teorias exercero profunda influncia no pensamento poltico moderno, sendo de suma importncia para os princpios das Constituies Federais das principais repblicas, alm de contribuir para a formao das Federaes. No livro denominado "Das Leis em Relao com a sua Fora Defensiva", Montesquieu mostrar que a Federao surge como produto da necessidade de expandir a fora defensiva dos Estados. Antes de tudo, a Federao uma forma de Estado. a partir dela que ser possvel entender como o poder do Estado relaciona-se com o territrio. Ela surge porque um grande inconveniente faz-se presente em todos os Estados envolvendo o seu tamanho: Se for pequeno demais, revela-se muito frgil aos ataques de outrem; Se for grande demais, no ter capacidade para se auto-administrar. Partindo do princpio que a estrutura de uma repblica a mais apta a revolver este ltimo problema e que uma monarquia mais eficaz para solucionar o primeiro, Montesquieu falar que a Repblica Federativa capaz de reunir as vantagens internas da repblica e a fora externa de um governo monrquico. preciso ressaltar que no perodo que Montesquieu escreveu "O Esprito das Leis", os Estados encontrava-se em uma espcie de "homo homini lupus" em estado selvagem. Os limites territoriais, as fronteiras no eram respeitadas, salvo rarssimas excees. Logo, essas disputas revelavam-se constantes. As Federaes seriam um instrumento de preservao do Estado e, principalmente, tudo aquilo que existisse de propriedade dos homens. Montesquieu tambm fala da incompatibilidade das repblicas com as monarquias em uma Federao. Ora, o princpio da repblica a paz e a moderao, enquanto o da

monarquia a guerra e o engrandecimento. Querer junt-las ter um resultado frustrado. A Repblica Federativa da Alemanha tentou fazer isso e acabou por criar uma das formas de Estado mais imperfeitas que Montesquieu conheceu. A partir do momento em que os Estados se unem em uma Confederao, delegam grandes parte de seus poderes Unio, de modo que no podero decidir sozinhos sobre nenhum assunto que seja do interesse desse sistema, tomando como exemplo, o que ocorreu na Repblica Holandesa. II- COMO RESOLVER AS DIFERENAS DE TAMANHO NOS ESTADOSMEMBROS Nesse momento, Montesquieu realiza outro grande raciocnio que encontrar repercusso no mundo inteiro. Evidentemente que o processo que envolve as decises da Unio e que so de interesse de todos os Estados-Membros, pressupe a forma mais democrtica possvel de ser finalizada. E por democracia, nesse contexto, entender-se- a participao de todos os outros membros da Federao. E o ponto alvo das discusses aqui no que diz respeito ao poder que cada um deles ter para decidir sobre esses assuntos, uma vez que os Estados-Membros no tero o mesmo poder e tamanho. Na seqncia, Montesquieu revelar que, ao passo que a Holanda composta por sete provncias, entre grandes e pequenas, as quais cada uma tem o direito de um voto, na Repblica da Lcia, isso variar de acordo com a proporo dos Sufrgios. A influncia dos Estados-Membros nos assuntos relativos Unio, nos dias atuais, ser uma sntese dessas duas diretrizes distintas. Basta observar que, no Brasil, por exemplo, verifica-se que o nmero de Deputados Federais est associado ao princpio estabelecido pela Lcia, uma vez que sofre influncia da proporo de Sufrgio, enquanto o nmero de Senadores est fixado em trs por cada Estado-Membro, nmero inexorvel por estar associado ao princpio da Holanda. importante observar que um os Estados Unidos valorizou o entendimento de Montesquieu no relativo Repblica da Lcia (sendo que esta foi valorizada por Montesquieu). Tendo em vista que este usa os mesmos mecanismos utilizados pela Lcia, onde cada, estado tem um peso de voto que varia com a proporo de sufrgios. III- A CRTICA DE MONTESQUIEU AO CONCEITO ARISTOTLICO DE FORMA DE GOVERNO importante salientar que Montesquieu faz uma crtica ao conceito Aristotlico das formas de governo. Aristteles, no seu livro "Poltica", cria o princpio das Formas de Governo Puras e das Formas de Governo Degeneradas: Formas puras de governo Monarquia Aristocracia Democracia Formas degeneradas de governo Tirania Oligarquia Demagogia

Ele estabelece cinco espcies de monarquia e no as distingue pela forma de constituio, mas pelas coisas acidentais, tais como as virtudes ou os vcios do prncipe ou pelas coisas estranhas: a usurpao da tirania ou a sucesso desta. Dessa forma, ele

afirma que Aristteles comete um erro fatdico em sua anlise, concluindo que: "Os antigos, que no conheciam a diviso dos trs poderes no governo de um s, no podiam formar uma idia correta da Monarquia". Isto , Aristteles desconhecia uma verdadeira Monarquia, haja vista que no perodo em que formulou as formas de governo, a diviso em Legislativo, Judicirio e Executivo no era conhecida. IV- O SUFRGIO RESTRITIVO Ora, vemos que por um lado Montesquieu comunga da idia de Maquiavel, onde este defende o sufrgio restritivo. Chegando a afirmar que os analfabetos no teriam direito ao voto, haja vista que no teriam conscincia poltica para decidir que candidato seria o melhor para a administrao do Estado. Desta forma, estamos diante de um dualismo, onde por um lado encontramos o preconceito do mesmo (tendo em vista que nem todo analfabeto desprovido de conscincia poltica e nem todo alfabetizado possui a mesma) por outro lado vemos uma certa coerncia se adaptarmos a nossa sociedade: pelo fato de que os analfabetos se mostram geralmente uma classe desfavorecida de entendimento e de fcil manipulao.

TEORIA DA TRIPARTIO DAS FUNES DO PODER I- ANLISE A grande contribuio do livro "O Esprito das Leis" do Baro de Montesquieu, foi o desenvolvimento da famosa Teoria da Tripartio das Funes do Poder. Tal doutrina influenciar todas as Constituies dos Estados Democrticos modernos, de modo que nenhum Estado poder julgar-se democrtico se sua Constituio no respeitar os princpios elementares de seus ensinamentos. Faz-se mister salientar que a as diretrizes da corrente anlise, consistir em uma apresentao da doutrina, seguida por uma crtica e uma observao de como a Tripartio das Funes do Poder est sendo empregada - ou no - no Brasil. " preciso que o poder contenha o poder". Com essa frase, Montesquieu sintetizar a necessidade de existir um sistema de freios e contrapesos para a efetivao da liberdade poltica de um Estado. Segundo ele, "a experincia eterna nos mostra que todo aquele que detm o poder sempre tentado a abusar dele, e assim ser seguindo at que encontre limites". E por limites, entender-se- a distribuio do poder de julgar, legislar e administrar que, outrora, estava concentrado nas mos dos monarcas, delegando a cada esfera do Estado a sua funo e finalidade. No momento em que Montesquieu desenvolve a Teoria da Tripartio das Funes do Poder, a esmagadora maioria da Europa encontrava-se na forma embrionria de organizao poltica, o denominado Estado de Polcia, onde valia o brocardo "The King can not be worong" "O Rei no pode estar errado", na qual a vontade e os desejos do monarca tinham a fora de lei. Nesse sentido, o princpio da liberdade poltica que, segundo Montesquieu, deve ser um dos objetivos do Estado, no eram respeitados, pois encontravam-se concentrados em um s rgo.

Toda essa aspirao por liberdade poltica revelava-se a mscara perfeita para a classe burguesa que tinham seus interesses ameaados pela figura da monarquia absolutista que impedia a sua ascenso ao Primeiro Estado. A Teoria da Tripartio das Funes do Poder, apesar de ser um princpio fundamental para as Constituies democrticas, at hoje, no teve outro efeito seno revelar-se como uma iluso legislativa para ocultar a hegemonia das elites no Executivo, Legislativo e Judicirio. Todavia, antes de partir para as crticas sobre a eficcia, seja sob a tica poltica ou social da doutrina de Montesquieu, necessrio explicitar os elementos que constituem a sua teoria, assim como a forma como foi elaborada. Os objetivos dos Estados podem ser separados em: geral e especfico. O primeiro, normalmente, conservar-se. J o ltimo revela-se como relativo: Pode ser o engrandecimento, a guerra, a navegao ou, como nas organizaes selvagens, a liberdade natural. No obstante, a Inglaterra considerada por Montesquieu como uma nao cuja constituio possui por objetivo a liberdade poltica. Em sua teoria, Montesquieu deixa explcito que cada "poder" apesar do termo "funes do poder" adequar-se melhor, tendo em vista que o poder nico, indivisvel e emana do povo devem atuar de forma harmnica e se reter a atuar na sua esfera de abrangncia, saindo dele em rarssimas e extraordinrias situaes. H, em casa Estado, o Executivo, o Legislativo e o Judicirio. Um governo classificado como desptico quando essas trs funes encontram-se concentradas em um s corpo. classificado como moderado quando o primeiro e o segundo poderes esto sob tutela do prncipe e o Judicirio sob a tutela dos seus sditos. Analisar-vos-emos a delimitao que Montesquieu faz de cada uma das funes do poder. Legislativo So os responsveis pela elaborao das leis. Montesquieu se ope democracia direta sob o argumento de que impossvel para os grandes Estados, pois o povo no de modo algum apto para discutir as questes poltica, a exemplo do que ocorria nas grandes repblicas. Judicirio Segundo Montesquieu, "ao passo que os tribunais no devem ser fixos, e os julgamentos devem s-lo a um tal ponto, que nunca sejam mais que um texto fixo da lei". Qualquer inteno do Judicirio em legislar, deve ser eliminada. Executivo Segundo Montesquieu, o Executivo governar-se- melhor sob o comando de uma s pessoa do que de vrias, tendo em vista que ele pressupe agilidade. O nico momento em que o Executivo deve interferir no processo de elaborao das leis na possibilidade concedida a ele em aprovar ou no as leis elaboradas pelo Legislativo. II- CRTICA DOUTRINA A eficcia dessa fabulosa teoria desenvolvida por Montesquieu no se pode postergar ou mesmo irrelevar as crticas existentes em relao mesma. Dalmo de Abreu, em um de seus livros, relata de forma brilhante uma dessas anlises.

Uma das falhas de Montesquieu foi limitar extremamente as atribuies de cada uma das trs funes do poder. Isso pode ser compreendido at certo ponto pela realidade scio-poltica pela qual o mesmo passava. Neste momento, queria-se desvirtuar a to comum monarquia em favor de um governo que partisse do povo ou no. Na poca da Ditadura Militar, havia no Brasil uma forma do Executivo intervir no Legislativo que se denominava Decreto Lei. O presidente da repblica poderia a todo o momento criar um projeto de lei que comearia a valer imediatamente sem que, ao menos, fosse apreciado pelo Legislativo, o que facilitava o abuso de poder. Isso, efetivamente, feria o princpio da separao dos poderes, sendo este de suma importncia para evitar esse autoritarismo por parte do Executivo. Por outro lado, Montesquieu no foi capaz de prever que o Estado passasse a ficar responsvel por uma srie de atribuies as quais no possua no perodo do Estado Liberal de Direito e, muito menos, no Estado de Polcia. Ainda, o prprio processo de Globalizao (leia-se: Globaritarismo), evoluo dos meios de comunicao, transporte e at mesmo no conceito de tempo que o sistema capitalista promoveu, trouxe a necessidade de maior agilidade no que envolve as trs funes do poder. Nesse sentido, surgem as Medidas Provisrias, as quais, em uma anlise simplista, so uma forma mais "democrtica" e, visto as especificidades dos "Tempos Modernos", necessria para efetivar as leis que o Executivo tem maior urgncia. III- AS MEDIDAS PROVISRIAS E A TEORIA DE MONTESQUIEU A histria das Medidas Provisrias no Brasil tambm passou por alteraes. Ora, no incio da redemocratizao do pas, as MPs podiam ser renovadas quantas vezes o presidente da repblica desejasse, o que dava grandes poderes ao Presidente FHC governou praticamente com Medidas Provisrias, houveram algumas que foram renovadas mais de 200 vezes. A partir de 2001, querendo que aplicasse no Brasil um sistema que se adequar-se mais aos princpios estabelecidos por Montesquieu e, principalmente, prevendo que Lula j venceria as eleies presidncia da repblica e receosos que aplicasse no Brasil, efetivamente, um governo de esquerda, foi permitida s MPs a possibilidade de serem renovadas apenas duas vezes. Muitas crticas so feitas hoje em relao s MPs. Muitas oportunistas e outras que vem nelas um desrespeito ao princpio da separao dos poderes. No obstante, dada a morbidez do Congresso Nacional em aprovar leis que no so de seu interesse, as Medidas Provisrias revelam-se como uma espcie de "mal necessrio" para adequar-se agilidade imposta pelo sistema capitalista. IV- A INDICAO DOS MINISTROS DO STF E A DOUTRINA DE MONTESQUIEU Entretanto, uma forma de interveno do Executivo em uma esfera do poder diferente da sua que, sob qualquer tica que se analise, s traz prejuzos sociedade a possibilidade conferida ao Presidente da Repblica em indicar os Ministros do Supremo Tribunal Federal. Em se tratando de uma repblica onde os poderes no podem estar subordinados, os ministros indicados pelo presidente dificilmente se manifestaro contra ele. Lula, por exemplo, jamais indicaria algum ministro que no tivesse a mesma ideologia que a sua, ou, pior, no indicaria algum ministro que no esteja disposto a

manter uma relao clientelista com ele. O Judicirio que deve ser um rgo fiscalizador do Executivo, dificilmente o far. Fernando Collor at j indicou um primo seu para o STF... Como se no bastasse no Executivo e Legislativo, existe filhotismo at no Judicirio brasileiro. A Bahia, que para alguns est no caminho certo, possui o Executivo controlando com o chicote em uma mo e o dinheiro na outra, o Legislativo e o Judicirio. Temos aqui um exemplo de governo que Montesquieu classificaria como desptico. O Governador do Estado pode indicar os juzes dos Tribunais Regionais e chegou-se a tal ponto que o Senador Antnio Calos Magalhes declarou que: "O Judicirio da Bahia sou eu!". Hoje, nenhum dos processos contra o Governo do Estado deixa de ser arquivado. A Bahia, no limiar do Sculo XXI, tem uma organizao poltica oriunda do Sculo XVI e um misto de Monarquia Absolutista com o coronelismo da Repblica Velha. As conseqncias de tamanho despotismo esto presentes em todos os indicadores sociais do estado que, se analisado como um pas separado seria classificado como pas de quarto mundo. Desse modo, verifica-se que o princpio da autonomia do Executivo, Legislativo e Judicirio deve comear a ser respeitado no Brasil, independentemente de aquele que estiver no "jogo" jogar pela direita ou pela esquerda. Outros critrios de promoo devero ser estabelecidos, a exemplo da ascenso pela antiguidade ou pelo trabalho realizado. V- A ESCOLA DO DIREITO LIVRE E AS SMULAS VINCULATES LUZ DA TEORIA DA TRIPARTIO DAS FUNES DO PODER Outras formas de interveno do Judicirio no Legislativo que Montesquieu se oporia, dada o radicalismo de sua teoria, so a Escola do Direito Livre e as Smulas Vinculantes. A Escola do Direito Livre, apesar de invivel para o Brasil, onde o sistema legislativo oriundo do sistema Romano-Germnico, d a possibilidade do juiz, ao verificar que determinada lei no corresponde busca por justia e igualdade, menosprezar o contedo dos cdigos e julgar de acordo com a sua ideologia. O grande problema que isso transformar o sistema judicial brasileiro em algo bastante instvel. Ao mesmo tempo em que poder haver juzes de ideologia de base marxista, existiro outros extremamente conservadores. O que deve haver aqui uma espcie de equilbrio do papel atribudo por Montesquieu ao Judicirio e a escola do Direito-Livre. Isto , os magistrados no podem reter-se a reproduzir a mens legis ou mens legislatoris, nem legislar e julgar ao mesmo tempo. J as Smulas Vinculantes so algo que contraria a Tripartio das Funes do Poder, mas que podem apresentar efeitos positivos para a sociedade. As Smulas Vinculantes nasce de um problema elementar do Direito, principalmente o enfrentado no Brasil: A lei no a mesma para todo mundo. As possibilidades de interpretao e os inmeros recursos utilizados, normalmente, s esto disponveis para os setores mais abastados da populao brasileira. O sistema

judicirio acaba ficando sem credibilidade e adquirindo aspectos de mais um instrumento de controle social. As Smulas Vinculantes, em uma anlise simplista, uma forma de o Judicirio legislar, mas sem as iminentes oscilaes da Escola do Direito Livre. Basicamente, consistem em fazer com que o Supremo Tribunal Federal pr-determine a forma com a qual todos os demais tribunais julgaro determinada matria, evitando que inmeros recursos (disponveis a quem pode pagar) sejam utilizados. Um caso recente foi a do ex-prefeito Paulo Maluf, depois de comprovada a denncia de desvio de quase um bilho de dlares para o exterior, o STF deu uma liminar para que sasse da priso com um argumento deplorvel. Muito diferente do tratamento conferido a um ladro de galinhas. Entretanto, luz da Teoria da Tripartio das Funes do Poder, tal qual Montesquieu desenvolveu, esta seria uma espcie de "Ditadura do Judicirio". Evidentemente que essa separao incompatvel com as especificidades de um Estado Democrtico de Direito. Alis, o prprio Montesquieu tem uma posio um tanto "maquiavlica" em relao ao papel do Judicirio. Em determinado momento do livro, sugere que os nobres devem ter um tratamento diferente do praticado com a populao, pois os magistrados poderiam julgar por inveja. Isso o Judicirio brasileiro, at ento, tem seguido risca...

O PODER MODERADOR I- A HISTRIA POLTICA DO BRASIL LUZ DA TEORIA DE MONTESQUIEU As empreitadas antidemocrticas no Brasil, invariavelmente tinham como primeiro objetivo concentrar a funo de administrar, julgar e legislar sob a tutela de um s rgo. Historicamente, verificar-se- tal inteno no Estado Novo de Getlio Vargas, at hoje eternizado com o esteretipo de "pai dos pobres", mas que nunca esconderam a sua admirao nazi-fascista. Um efmero momento de "harmonia" entre os "trs poderes" no Brasil vigorou at meados de 1963 quando assume um comunista de nome Joo Goulart que, logo que assumiu o poder, anunciou uma tmida Reforma Agrria e a sua inteno de estatizar todas as multinacionais presentes no Brasil, oriundas ainda da abertura econmica promovida por Juscelino Kubstichek. No demorou muito para que a Direita Brasileira promovesse um Golpe de Estado e, mais uma vez, tem-se no Brasil todas as funes do poder nas mos-garras de um s corpo. O Ato Institucional N 5, posteriormente, ainda mais eficiente para concentrar todo esse poder nas mos dos ditadores. Em conseguinte, o movimento das "Diretas J" e a luta pelos princpios democrticos do Brasil tomam as ruas promovendo eleies diretas e o respeito Tripartio das Funes do Poder.

Houve tambm, na histria do Brasil, formas curiosas de controlar o Executivo, Legislativo e Judicirio. O mais interessante foi o Poder Moderador na poca do Imprio. Um rgo que, em teoria, receberia a finalidade de no permitir o abuso do poder, mas que, na prtica, seria o que mais teria abusado do mesmo. Nada se faria no Brasil sem que passasse pela aprovao do "PODER MODERADOR"... Frase um tanto familiar para os que conhecem a histria da Rede Globo!

UM PAS GOVERNADO POR UMA EMISSORA DE TV I- A REDE GLOBO E O PODER MODERADOR O controle do Executivo, Legislativo e Judicirio idealizado por D. Pedro I, apesar de ter falhado em sua poca, foi posta em prtica pelo seu "tataraneto imperialista" que atendia pelo nome de D. Roberto Marinho. A Rede Globo o maior grupo de interesses que j existiu no Brasil e h quem no discorde de que tal afirmao se confirme a nvel mundial. Sua programao atinge cerca de 99,8% das residncias dos brasileiros, fato que ela soube aproveitar muito bem para alterar a conscincia de classe da populao e fazer as alteraes que desejasse na organizao poltica do Brasil. Leonel Brizola costuma dizer que "Ele (Roberto Marinho) era uma espcie de Stlin das telecomunicaes: Quem no concordava com ele, ele mandava para a Sibria do gelo, para a Sibria do esquecimento". E Chico Buarque desabafa: "Ele muito mais poderoso do que o Cidado Kane. O Cidado Kane, pelo menos no imaginava que tinha esse poder todo. Hoje, nada se faz no Brasil sem consultar o Roberto Marinho... assustador!". E no faltam histrias para ilustrar a forma com a qual a Globo atuou como uma espcie de Poder Moderador e influenciou a opinio pblica para o lado que a favorece. Desde o "debate" de 1989 entre Lula e Collor quando o prprio Roberto Marinho o censurou diretamente de modo a favorecer o seu candidato neoliberal, at o apoio da emissora a Ditadura Militar, ilustrada na frase de Ernesto Geisel: "Costumam dizer que a situao do Brasil est ruim, mas todas as noites quando assisto o Jornal Nacional vejo que estamos no melhor pas do mundo". A emissora est chantageando o governo para que o BNDES lhe entregue a quantia de 1 bilho de reais no intuito de sanear suas contas fraudulentas. Muito desse rombo financeiro deveu-se m administrao e falta de planejamento. Acreditando no canto da sereia do Plano Real, a empresa monopolista esperava 10 milhes de assinantes da Net. Conseguiu 1,2 milho. No projeto de democratizao dos meios de comunicao, enviada por Jos Mentor (PT) em 1997, a prpria Globo foi flagrada comprando deputados para votarem contra esse projeto.

Dessa forma, fica a pergunta se a Rede Globo pode se libertar do seu passado, condenado por manipulaes descaradas, controle do Executivo e Legislativo e apoio da Ditadura Militar, ou se o Brasil deve se libertar da influncia neonazista da Globo.

CONCLUSO Analisando o livro em relao s disciplinas, observa-se a grande contribuio que o livro d a cada disciplina. Em Sociologia Jurdica observa-se que a sociedade e no somente o Estado so elementos que influem na essncia do Direito. Em Cincia Poltica observamos a origem da Federao e a concepo crtica do conceito Aristotlico sobre as formas de governo. Em Filosofia vemos, alm da questo aristotlica, o conceito filosfico aplicado ao livro, deste a aplicao do ttulo at a elaborao do mesmo. Logo, conclui-se que a Teoria da Tripartio das Funes do Poder revelou-se imprescindvel para os princpios democrticos. Em determinado momento, ela consegue ser eficiente para evitar o autoritarismo. E, ironicamente, em outros consegue ser um pano de fundo para o mesmo, evitando a busca por agilidade, igualdade e justia social.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS MARCONDES, Danilo. Iniciao Histria da Filosofia: Dos Pr-Socrticos a Wittgenstein. CHAU, Marilena. Convite Filosofia. MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. WARAT, Luis Alberto. O Direito e a Sua Linguagem.