Trilogia Do Amor Divino

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Paramhansa Yogananda

Uma Trilogia do Amor Divino


Sri Durga Mata (Ma Durga)

Joan Wight Publications Beverly Hills, California

Copyright 1992 Joan Wight Material previamente registrado em 1978 e em 1992. Todos os direitos deste livro esto reservados. Exceto para citaes em resenhas literrias, nenhuma parte de A Paramhansa Yogananda Trilogy of Divine Love pode ser reproduzida, em qualquer forma, sem permisso da editora: Joan Wight, Post Office Box 17582, Beverly Hills, California, 90209, USA. Primeira edio. Primeira impresso em 1992/1993 Composio/layout de pgina por William Yanes/WYSIWYG Publishers, Santa Monica, California Impresso nos EUA por Griffin Printing, Glendale, CA Library of Congress Catalog Card Number: 93-060050 ISBN o-9635838-o-8

Uma Trilogia do Amor Divino

DEDICATRIA Este livro amorosamente dedicado ao nosso Guru, Paramhansa Yogananda, com a silenciosa prece de que trar um novo despertar dos seus ensinamentos nos coraes e mentes de seus discpulos, uma prece que cresceu sempre em amor e intensidade no corao de Sri Durga Mata nos mais de 65 anos de servio a seu Guru e ao principal discpulo dele, Rajasi Janakananda. Este livro dedicado tambm a Sri Durga Mata por ns, suas crianas, que durante anos amorosamente a conhecemos simplesmente por Ma. Pelos ltimos 35 dos seus 65 anos de servio, ela devotou sua vida a extensivos aconselhamentos pessoais e conduo de meditaes em grupo e aulas a respeito dos ensinamentos de Paramhansa Yogananda e de Patnjali. A editora

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IN MEMORIAM Sri Durga Mata 1903-1993 Minha inteno era publicar a autobiografia de Durga Ma na primeira semana de janeiro. Eu j havia sido informada que sua sade estava piorando, e minha maior esperana era a de que ela fosse ver terminado o produto final antes de sua morte. Seis queridas e lindas almas (as crianas de Ma) trabalharam dia e noite para tornar este sonho realidade, mas o homem prope e Deus dispe. Meu tipgrafo, um jovem amvel e compassivo, tinha uma cpia manuscrita do livro de Ma, com a bela aparncia que apenas a tipografia e o desenho das letras podem providenciar. Eu fui capaz, por meio de seus esforos, de mostrar a Ma quo bonito o seu livro seria. Enquanto ela estava de cama, ergui o livro para que ela pudesse v-lo. Um grande e bonito sorriso brilhou em sua face e seus olhos luziram de aprovao. Minha promessa final para Ma seria de que o livro estaria pronto e venda ao redor de maro ou abril deste ano. Ela sorriu aprovando, e aproximadamente s 8h15min da manh de sbado, 16 de janeiro de 1993, no incio das celebraes em Mt. Washington, Sede Internacional da Self-Realization Fellowship, pelo centenrio de Paramhansa Yogananda, nossa amada Ma entrou em Mahasamadhi, a sada final e consciente de um iogue de seu corpo. Ela deixou este mundo para acompanhar seu Amado Guru e outros discpulos que j haviam partido antes. Eu consegui permisso para v-la uma vez pela manh, ao redor das 10 horas, e outra vez no incio da noite, com seu corpo deitado em sua cama, no quarto. Sua pele estava macia, bonita e to radiante quanto estava pela manh quando a vi pela primeira vez. De incio sua boca estava levemente aberta. Fui informada mais tarde que, aps eu haver deixado o local, sua boca se fechou, formando um lindo e amoroso sorriso. Seus olhos estavam abertos, e muito embora sua expresso fosse alheia, estavam claros e refulgiam com a profundidade e a beleza condizentes com a imagem que todos que a conheciam faziam dela. Para onde nos movssemos no quarto seus olhos pareciam nos seguir, como podem testemunhar as monjas que foram prestar suas ltimas homenagens. Suas cinzas foram depositadas numa cripta sem identificao, no cemitrio Forest Lawn, em Glendale, Califrnia, juntamente com outras irms que faleceram no servio Self-Realization Fellowship, na sala Slumber Room, prxima ao lugar de descanso final de Paramhansa Yoganandaji. J houve casos de devotos que testemunharam haver visto Ma fora de seu corpo, mesmo antes de saberem que ela havia falecido, e estou certa de que, com o passar do tempo, haver muitos outros testemunhos de ajuda e bnos sendo sentidos por muitos discpulos de vrios lugares. Nas palavras daquele belo cntico, One thousand Vedas do declare, Divine Mothers everywhere (Mil Vedas dizem, claramente: a Me Divina onipresente). Abenoa a todas essas belas e devotadas almas que, de forma to amvel e altrusta, dedicaram seu tempo, energia e todo o seu ser para completar esse empreendimento divino. Obrigado, amada Ma, pelos muitos anos de treinamento que deste a esta alma e pelo tempo que me permitiste servir-te, e por todos aqueles que tiveram o benefcio do teu darshan. No amor do Mestre, ns nos encontraremos novamente. Jai Guru, Jai Ma

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PREFCIO Sri Durga Mata dedicou mais de 65 anos de sua vida em amoroso servio e obedincia a seu Guru. com humildade e gratido que ns, seus filhos, aproveitamos esta oportunidade, o centsimo aniversrio do nascimento de Paramhansa Yogananda, para apresentar o livro dela aos discpulos de todo o mundo. Esperamos sinceramente que voc, leitor, receba a mesma inspirao, conselho e alegria espiritual que tivemos ao imprimir o livro. A presente obra uma jornada espiritual com Durga Ma, seu Guru e principal discpulo, Rajasi Janakananda. A vida de Durga Ma no terminou quando o Mestre e Rajasi deixaram este mundo, muito embora ela pensasse que tambm partiria. Ao invs disso, sua vida tomou novo rumo e, durante os ltimos 35 anos, ela se tornou me, amiga, psicloga e confidente para muitos discpulos do Mestre. Durante muitos anos, seu telefone ficava ocupado dia e noite, atendendo queles que precisavam de ajuda fsica, mental e espiritual. Ela nunca negou um pedido sincero de ajuda, independentemente de raa, religio ou gnero. Seu amor e perdo estavam sempre l, tudo o que precisvamos fazer era pedir. Ela dizia freqentemente: No importa quantas vezes voc caia, desde que se levante e comece novamente. Ma dizia: Ele sempre me manda pessoas de vontade forte, os rebeldes, aqueles que ningum consegue dar jeito. Eu tambm era um desses rebeldes que Ma, aps muitos anos, conseguiu domar. Alm do aconselhamento pessoal e coletivo, Ma se tornou mestre em diferentes formas de arte. Ela utilizava com grande destreza tcnicas de pintura a leo e acrlica, sendo que desta ltima ela gostava mais. Com o passar dos anos, comps e escreveu muitas msicas. Algumas aparecem neste livro. Esculpiu belas esttuas dos Mestres, de Rajasi (a que se encontra agora com Marjorie BenVau), do Mestre e da Amada Me, Sri Ananda Moyi Ma. Os escritos de Ma no tm comparao em beleza e sincera devoo ao Mestre. Ma jamais gostou de costurar, pois considerava entediante e que consumia muito tempo, mas ela se disciplinou e tornou-se excelente costureira. Ningum pode dizer nada contra as habilidades de Ma na cozinha. Ela poderia pegar a pior comida e com um toque c, outro toque l (seu toque francs), transformava-a numa delcia para o paladar. Agora, no apagar das luzes, quando sua vida est se esvaindo, uma criana est aqui chorando mais uma vez, clamando pelos ternos e amorosos braos de sua me, para abra-la e proteg-la. Ela prometeu que, juntamente com o Mestre, estar sempre pronta para nos ajudar. Tudo o que precisamos fazer chamar: Ma, Ma, e ela estar ali para nos ajudar, aliviar, e algumas vezes nos disciplinar e admoestar, conduzindo-nos de volta ao lar. Eu te amo, minha Ma, agora e para sempre. Tu s minha, eu sou tua. Joan Wight Los Angeles 17 de dezembro de 1992

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Freqentemente louvamos os santos mortos e perseguimos os vivos. Autor desconhecido

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NOTAS DA EDITORA A palavra Mestre nestas pginas refere-se a Paramhansa Yogananda, a menos que esteja expressamente indicando outra pessoa. Paramhansa Yogananda um grande iogue e avatar que chegou na Amrica em 1920, para divulgar a luz da Kriya Yoga e os ensinamentos da Auto-realizao. Ele ensinou e treinou discpulos neste pas por mais de 30 anos, antes de seu falecimento. Sri Durga Mata uma das principais discpulas de Paramhansa Yogananda e serviu como secretria e membro do Conselho de Diretores da Self-Realization Fellowship/Yogoda Satsanga Society por mais de 50 anos, at sua aposentadoria em 1986. Ela escreveu estes livros em 1958 e 1959. Desde ento, alguns dos nomes de pessoas mencionados nos captulos sofreram alteraes, pois vrios receberam os votos de sannyasi (renunciante) ou foram renomeados por Sri Daya Mata, presidente da Self-Realization Fellowship. Os nomes originais dessas pessoas na poca em que o livro foi escrito so usados nesta edio. Rajasi o nome utilizado em todo este texto para designar James J. Lynn, o principal discpulo de Paramhansa Yogananda. Ao conceder os votos para Rajasi, Paramhansaji lhe conferiu, originalmente, o ttulo de Rajarsi Janakananda, que ainda utilizado pela Self-Realization Fellowship. Logo aps essa nomeao, o Mestre descobriu a sutil diferena entre os significados de Rajasi e Rajarsi, e o renomeou como Rajasi Janakananda. Sri Durga Mata estava com o Mestre quando ele explicou a diferena entre os dois nomes, e ela anotou as palavras do Mestre: Rajarsi significa rei santo, mas sem o r significa Rei dos Santos, o que faz uma grande diferena para mim, pois o que eu sinto que ele . Sri Durga Mata disse que alguns indianos criticam a forma de soletrar o nome Rajasi sem o r, mas era assim que o Mestre queria. Mataji nestas pginas refere-se a Ananda Mata, porque o nome que o Mestre deu a Virginia Wright, irm de Sri Daya Mata e membro do Conselho de Diretores da SRF/YSS. Na poca em que o livro foi escrito, ela era conhecida oficialmente por Mataji. Seu nome foi posteriormente modificado por Sri Daya Mata para Ananda Mata. Mataji no deve ser confundida com Sri Ananda Moyi Ma, que costuma ser chamada de Mataji por seus discpulos, ou com a irm de Mahavatar Babaji, Mataji, conforme mencionado na Autobiografia de um Iogue. O Mestre chamava Sri Durga Mata de Ma Durga, desde a primeira vez que ele a viu na Sede Central da SRF, em 1929, quando ela se mudou para Mount Washington. Eles haviam se encontrado pela primeira vez dois anos antes, em Michigan, o estado natal dela. Ele tambm se referia a ela pelo apelido: Duj. O prprio Mestre escolheu os nomes de trs das irms da ordem: Irm Gyanamata, Ma Durga e Mataji. Outras renunciantes mulheres s foram conhecidas pela alcunha de irm aps haverem recebido os votos de sannyasi. Nos anos de 1960, a presidente da SRF/YSS, Irm Daya, como era conhecida na poca, aps haver retornado da ndia onde observou certos costumes, resolveu mudar o ttulo de Irm para Mata, no seu prprio nome e nos nomes das outras irms que tinham conhecido o Mestre enquanto ele estava no corpo. Na poca em que este livro foi escrito, essas mudanas ainda no haviam ocorrido. Em todo este volume, Sri Durga Mata se refere com freqncia a seus colegas renunciantes por seus primeiros nomes. Isso no significa de maneira alguma qualquer desrespeito; pelo contrrio, indica a familiaridade que os discpulos mais ntimos desfrutavam uns com os outros. O leitor pode perceber que os trs livros contm certas histrias em comum, com algumas variaes. Preferimos mant-las em sua forma original, ao invs de compilar ou apagar algumas partes. Originalmente estava planejado publicarmos estes livros separadamente, na forma que Sri Durga Mata os escreveu. Entretanto, foi necessrio compilar os trs livros em um s, por medidas econmicas e de tempo.

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Carta para Sri Durga Mata de Paramhansa Yogananda 24 de junho de 1936 Bombaim, ndia. Querida Durga, Eu no sei dizer se j fiquei to satisfeito com algum quanto estou com So Lynn. Entre meus discpulos homens, o Sr. Lynn tem o primeiro lugar no cu e em meu corao. Entre as discpulas, voc ter o primeiro lugar no cu juntamente com a Irm (Gyanamata). O seu comportamento e trabalho me vm agradando muito e fico me perguntando como algum sem instruo conseguiu se tornar to proficiente em tudo. Comigo aconteceu a mesma coisa, eu li muito pouco, mas escrevi muito. Isto para deixar voc lisonjeada? no mas digo isto porque brota de meu ntimo, devido maravilhosa cooperao que voc me tem dado. Medite e dedique-se a Deus! E d o melhor de si interiormente e para os outros, Paramhansa Yogananda

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Carta para Sri Durga Mata do Dr. M. W. Lewis Querida Durga, Primeiro, gostaria de dizer que ns a amamos muito. Quando o Mestre pediu para voc cuidar do meu tornozelo, anos atrs, senti a presena da Me Divina em voc naquela poca. E agora novamente, nas coisas maravilhosas que voc tem feito para ns. Eu sempre pensei em voc com grande reverncia, pois sei dos muitos sacrifcios que tem feito em obedincia aos desejos do Mestre. E isso tem sido uma inspirao para mim. Tambm no posso esquecer os sacrifcios que voc fez pelo Mestre, naqueles dias l no incio. E como voc construiu as igrejas e, claro, o eremitrio e outros projetos. Mas haver colocado a SelfRealization Fellowship em uma base slida foi sua maior vitria. Sei que foi uma tarefa muito difcil, mas voc conseguiu, e isto o que importa. Voc prestou um servio inestimvel para seus irmos e irms pelo mundo afora. Tenho uma sugesto que voc descanse um pouco de seus afazeres, que certamente esto em ordem voc tem feito tanto. Mais uma vez, Durga, obrigado por jogar leo em guas turbulentas, por sua atitude, nascida do Amor Divino que est em voc. Se houver qualquer coisa que eu possa fazer, voc sabe, tudo o que precisa fazer pedir. Como o Mestre me disse, um pouco antes de nos deixar, Doutor, assim como ns comeamos no Amor Divino assim vamos terminar. Meu mais profundo amor para voc, Durga. Dr. M. W. Lewis

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Carta de Irmo Sarolananda1 7 de junho de 1960 Encinitas Amada e Reverenda Irm Durga: Por um longo tempo venho sentindo que lhe devo uma mensagem de gratido, amor e encorajamento. Pela muita bondade, aconselhamento espiritual e ajuda que voc me tem dado. Mas at agora eu no sabia como chegar at voc sem causar embarao ou ainda mais problemas. Se no fosse pelo seu aconselhamento e bondade, e tambm de Rajasi e do Dr. Lewis e Mama Lewis (e o Mestre por detrs de todos) eu no sei o que teria feito. Mas, agora, uma tremenda fora me arrebata e eu sei que posso permanecer inabalvel em meio ao estrondo dos mundos em coliso. Minha nica ambio servir de maneira humilde e levar o amor de Deus e do Mestre, esperana e encorajamento para quem eu puder. Meu corao est com voc, pois sei que voc no tem tido uma vida fcil. Mas voc pode se confortar com o fato de que entre aquelas almas puras e verdadeiras, que se prontificam a sofrer incompreenses e perseguio, que Deus faz os Seus santos e os envolve em Seu Amor. Se no fosse por seus longos anos de servio fiel e devotado para Rajasi e o Mestre, a SRF talvez no estivesse com a condio financeira estvel de que agora desfruta. Eu a sado, envio o meu amor e lhe digo que ns somos um. Um em Deus, no amor do Mestre, de Rajasi & do Dr., e no amor de todos aqueles que amam a Deus. Que voc possa receber a fora para perseverar, e que seu corao seja repleto at transbordar do Seu amor e compaixo incomparveis. No amor e servio Dele, Bro. Sarolananda

Irmo Sarolananda ajudou Sri Durga Mata a servir Rajasi nos ltimos dias deste. J faleceu e no deve ser confundido com qualquer outra pessoa que tenha o mesmo nome.
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Contedo
LIVRO I Minha Vida e Servio a Meu Guru .............................................................................................................. 12 LIVRO 2 Biografia de So Lynn: Milionrio Espiritual ............................................................................................. 73 LIVRO 3 Histrias de Meu Guru, Paramhansa Yogananda...................................................................................... 148 ILUSTRAES Fotografias....................................................................................................................................................... 176 Msicas............................................................................................................................................................. 177

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Minha Vida e Servio a meu Guru

Uma Autobiografia de Sri Durga Mata

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ndice: Livro I
PARTE 1 Memrias da infncia.................................................................................................................................16 Apego minha me ...................................................................................................................................17 Casamento ...................................................................................................................................................18 Mudana de meus hbitos alimentares....................................................................................................18 Ouo falar do Mestre pela primeira vez..................................................................................................19 As experincias espirituais de minha me...............................................................................................20 O ltimo derrame de minha me vises no seu leito de morte ......................................................20 A morte de minha me ..............................................................................................................................20 Minha me aparece para mim aps a morte...........................................................................................21 A morte de meu pai ...................................................................................................................................21 Meu sobrinho Ted......................................................................................................................................22 A primeira vez que o Mestre me curou antes de me conhecer ...........................................................22 A segunda vez que o Mestre me curou antes de me conhecer............................................................22 PARTE 2 Minha primeira visita Sede Central da SRF .........................................................................................24 O Mestre d um jantar em honra minha chegada ..............................................................................25 Meu primeiro quarto na Sede Central .....................................................................................................25 Dormindo ao relento a apario de um espanhol ao Mestre ...........................................................26 O Mestre me d o nome espiritual ..........................................................................................................26 Eu me torno cozinheira e governanta do Mestre ..................................................................................26 Minhas experincias pessoais com o Mestre no Natal..........................................................................27 Meu primeiro Ano Novo em Mt. Washington ......................................................................................31 Meu irmo Dufour deixa Mt. Washington .............................................................................................32 O Sr. Darling chega Califrnia ..............................................................................................................33 Meu primeiro piquenique na praia...........................................................................................................33 No recebemos salrio...............................................................................................................................33 Viagens de treiler ........................................................................................................................................33 Algumas profecias do Mestre para mim .................................................................................................36 Banquetes ....................................................................................................................................................37 O Mestre toca o rgo...............................................................................................................................37 Sankirtan o Mestre me apresenta como musicista ..............................................................................37 Toco o grande tambor pela primeira vez................................................................................................38 Os votos de Irm........................................................................................................................................38 A tnica ocre ...............................................................................................................................................38 Projetos diferentes......................................................................................................................................39 O Mestre promete levar-me consigo para a ndia .................................................................................39 A viagem do Mestre para a ndia .............................................................................................................39 Muitas tarefas ..............................................................................................................................................41 O conserto do pequeno Taj Mahal..........................................................................................................41 Peo para fazer cem Kriyas ........................................................................................................................41 Fios grisalhos no meu cabelo so arrancados ........................................................................................42 Minhas diferentes encarnaes.................................................................................................................42 Correes.....................................................................................................................................................42

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Guardo uma noite de silncio...................................................................................................................42 PARTE 3 Minha mudana para Encinitas ................................................................................................................43 Construo meu quarto no Eremitrio.......................................................................................................43 Servios para o Mestre no Eremitrio.....................................................................................................43 Fao um colcho para o Mestre ...............................................................................................................44 Minhas viagens de ida e volta para Los Angeles....................................................................................44 A viso que o Mestre teve de Jesus e do clice ......................................................................................45 Projetos ........................................................................................................................................................45 A Fora Vital tenta deixar meu corpo.....................................................................................................47 Sempre pronta quando o Mestre est doente.........................................................................................47 PARTE 4 Meus servios a Rajasi Janakananda conforme as ordens e os desejos do Mestre ...........................48 Vestindo um casaco ...................................................................................................................................48 O sentido olfativo de Rajasi......................................................................................................................49 Aprendo a dirigir ........................................................................................................................................49 Eu levantava pesos alm da minha fora................................................................................................49 Idas praia...................................................................................................................................................50 Os suprimentos de Rajasi, compras.........................................................................................................51 No aceitar dinheiro...................................................................................................................................51 Servial .........................................................................................................................................................51 Apenas uma governanta ............................................................................................................................52 Deveres de secretria .................................................................................................................................52 Lavando roupa............................................................................................................................................53 Jardinagem...................................................................................................................................................53 Prestao de contas ....................................................................................................................................53 Uma lio de altrusmo..............................................................................................................................53 Usar a razo e no a emoo com Rajasi ................................................................................................54 A cura de resfriados ...................................................................................................................................54 Uma lio em negatividade .......................................................................................................................54 Pedindo a ajuda de Rajasi para diferentes projetos ...............................................................................54 Expresses utilizadas .................................................................................................................................55 As previses feitas pelo Mestre em 1948................................................................................................55 Os hbitos alimentares de Rajasi..............................................................................................................56 O amor do Mestre por Rajasi ...................................................................................................................57 O Mestre diz que eu sofro pelo carma alheio ........................................................................................57 O Mestre me avisa que Rajasi corre perigo ............................................................................................57 O Mestre me fala de sua encarnao como Arjuna...............................................................................57 O Mestre me fala de suas preocupaes.................................................................................................58 Minha conversa com o Mestre em maro de 1952 ...............................................................................59 A notcia da morte do Mestre...................................................................................................................59 Tentando trazer o Mestre de volta...........................................................................................................60 Os primeiros sinais da doena de Rajasi .................................................................................................60 Rajasi vai para o hospital pela primeira vez............................................................................................61 Tratamentos com raios-x ..........................................................................................................................62 Fogo no apartamento de Encinitas..........................................................................................................62 Nossa viagem de 1953 ...............................................................................................................................63 Rajasi fala em doar milhes para a SRF ..................................................................................................64

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Indianos visitam Rajasi ..............................................................................................................................64 Os votos de Atmanandaji..........................................................................................................................64 Eu intercedo em favor da SRF.................................................................................................................65 A segunda operao de Rajasi ..................................................................................................................65 O apartamento de Rajasi na Sede Central...............................................................................................65 Rajasi compra um carro novo...................................................................................................................66 Eu consigo que outros me ajudem ..........................................................................................................66 A terceira operao de Rajasi....................................................................................................................67 Os ltimos dias de Rajasi...........................................................................................................................67 A morte de Rajasi .......................................................................................................................................69 Fui convidada para ser presidente............................................................................................................69 Volto para a Sede Central..........................................................................................................................70 Invernos em Borrego.................................................................................................................................71 Eu sirvo ao Mestre trs anos aps seu Mahasamadhi .............................................................................71 O meu sonho de dificuldades futuras .....................................................................................................71

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Minha Vida e Servio a meu Guru


Parte 1
O nome de solteira de minha me era Elizabeth Nault. Ela nasceu em St. Pierre, Canad, em 26 de agosto de 1874, e se mudou para este pas em 1886, aos doze anos de idade. No sei a cidade em que viveu, mas foi no estado de Nova Iorque. Ela morreu em 26 de janeiro de 1928, em Detroit, Michigan, aos 54 anos. Meu pai, Adolphe Dufour, nasceu em St. Paul Bay, Canad, em 15 de outubro de 1864. Ele chegou aos Estados Unidos em 1883, aos 19 anos. Morou na mesma cidade de minha me. Meus pais moraram neste pas at o fim de suas vidas. Meu pai morreu em 20 de fevereiro de 1957, aos 93 anos de idade. Ambos eram de origem francesa. Sua unio trouxe ao mundo cinco meninos e cinco meninas. A primeira a nascer foi Ida. Aps, vieram Arthur, Alcide, Frank, Victoria, Alice, Felix, Cedha, Ernest e eu. Um dcimo primeiro filho nasceu, mas viveu apenas trs dias. Eu nasci em 8 de novembro de 1903, na pennsula de Michigan, em uma vila chamada Iron Mountain. Recebi o nome de Florina Alberta. No momento em que estou escrevendo este livro, apenas trs de meus irmos esto vivos. Todas as minhas irms morreram ao redor dos cinqenta anos, exceto Ceclia, que morreu com dezesseis. Quando eu tinha mais ou menos um ano, minha famlia mudou-se para Escanaba, Michigan, para um assentamento francs. A populao falava francs, de maneira que meus pais, especialmente minha me, no aprenderam a falar ingls, embora meu pai pudesse falar um pouco no seu trabalho. Memrias da infncia Eu no me recordo de nada de minha infncia, exceto o que minha me me contou. Quando eu ficava doente, minha me colocava tijolos quentes sob meus ps, ou meias de l para mant-los aquecidos. Quando ela me dava as costas, eu tirava as meias de l. Meu tato sensvel no me permitia usar coisa alguma de l em contato com a pele. O mdico costumava dizer para minha me: Por que no d a ela um pedao de torrada queimada e a deixa morrer? Eu era muito difcil de se lidar. Em anos posteriores, minha tia costumava brincar comigo, dizendo: Quando eu a estava levando para seu batizado, tive pena de sua pobre me e falei para seu av: Se ao menos eu pudesse, acidentalmente, escorregar no gelo e lanar essa menina para longe, seria um problema a menos para minha irm, mas agora estou feliz de no ter feito isso, porque no sei o que sua me faria sem a sua ajuda. Como eu era a mais nova, sempre recebia roupas de segunda mo. Ainda consigo ver minha me costurando e cuidando do fogo que estava assando umas panquecas francesas. Ela costurava nossas meias, cachecis e bons. Essa atividade a mantinha ocupada, procurando manter a famlia bem agasalhada. Quando eu estava com oito anos, ns nos mudamos para St. Sault Marie, Ontario. Foi l que a famlia inteira sofreu de difteria e minha irm de dezesseis anos morreu da doena, havendo eu, portanto, perdido a minha bab. Fui estudar em uma escola pblica. Moramos apenas um ano e meio naquela cidade e fomos para Limoilue, Quebec, no Canad. L estudei em uma escola paroquial fran-

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cesa. Muitas vezes, nevando, tinha que andar a p at a escola e sentava-me com as roupas molhadas na sala, tmida demais para falar para a freira que eu estava encharcada. Apego minha me Minha me, catlica fervorosa, ia missa todas as manhs. Eu no suportava v-la indo para a igreja sozinha, nas manhs escuras e frias de inverno, ento eu a acompanhava, temendo que se algo lhe acontecesse eu jamais me perdoaria. Embora a sade de minha me parecesse estar boa, no h dvida de que era o meu profundo apego a ela que me fazia temer perd-la. Se eu acordasse durante a noite, ia na ponta dos ps at sua cama para verificar se ela estava respirando e, ento, voltava feliz para a cama; ou, antes de ir dormir, eu respingava gua benta na sua cama, pensando que isso evitaria que ela morresse durante o sono. Desde a primeira infncia at minha adolescncia, no deixei uma s noite de rezar: Por favor, Deus, mantm minha me viva at amanh. Em meu corao infantil, eu imaginava que se Deus pudesse mant-la viva durante a noite, eu cuidaria dela durante o dia. Eu costumava rezar para que Deus me levasse primeiro, mas ento pensei que se eu fosse antes, no haveria quem cuidasse de minha me quando ela ficasse doente, pois todas as minhas irms estavam casadas e tinham suas prprias famlias. Ento, pedi a Deus que me deixasse viva at que minha me se fosse, e ento Ele poderia vir e me levar. Esse desejo, nascido do apego, quase se concretizou, pois aps a morte de minha me fiquei muito doente e minha vida s foi poupada graas interveno do Mestre. Muitos anos depois, perguntei ao Mestre se meu desejo de morrer depois de minha me tinha sido a causa de eu quase ter morrido. Ele respondeu: Sim. Vou falar dessa experincia mais tarde, neste livro. Resumindo, aonde quer que minha me fosse, eu estava junto. Alm do meu irmo Ernest, que era apenas dois anos mais velho e brincava comigo jogando hockey, esquiando, etc., minha me era minha nica companhia constante. Ela era tudo o que eu precisava e queria como amiga, de modo que nunca tive outra amizade feminina. Passamos trs anos no Canad. Em 1916, meu pai nos deixou em Quebec para buscar emprego em Detroit e, quando conseguiu economizar dinheiro suficiente, alugou uma casa e nos trouxe. Eu tinha quase treze anos na poca, e no sabia falar ingls. As pessoas queriam falar comigo apenas para ouvir meu sotaque francs, mas se eu os visse primeiro, saa do meu caminho para evit-los, pois tinha vergonha de no saber falar muito bem o ingls. Estudei em uma escola paroquial germnica em Detroit. Devido a eu no saber falar ingls, as freiras me colocaram na segunda srie, mas minha aritmtica era boa o suficiente para a quarta, ento uma das freiras ficou com pena e disse que iria me manter na quarta srie, pois eu me sentiria deslocada entre as crianas menores. De alguma forma, sa-me bem e at consegui a aprovao para a quinta srie com a ajuda dela. Foi uma batalha e no me custou muito para abandonar a escola e ficar ajudando minha me no trabalho domstico. As leis escolares no eram to rgidas naquela poca como so hoje, pois eu s tinha quinze anos quando larguei a escola. Para ajudar com os gastos, minha me fazia roupas para os amigos de meus irmos. Eu costumava fazer o trabalho de casa, passando roupa e lavando loua. Minha me fazia toda a comida. Algumas vezes, pensando que estava enganando minha me, eu me trancava na cozinha, e fazia todo o servio de limpeza durante a noite. Ela se fazia de surpresa na manh seguinte. Fervamos nossas roupas no fogo a gs, deixando as roupas dentro de um panela sobre o queimador. A fumaa que saa, alm da falta de ar no ambiente, me fazia passar muito mal. Eu precisava sair para tomar ar puro vrias vezes antes que o servio ficasse pronto. Mas tudo valia a pena se minha me ficasse feliz e surpresa. Mame e eu caminhvamos at o cinema todas as tardes, quando mudava a sesso. Fazamos a pipoca em casa, pois era muito melhor do que a que comprvamos no cinema. Na volta, parvamos na lanchonete de sempre e aprecivamos nosso costumeiro sundae Mutt and Jeff; depois voltvamos para casa para fazer o jantar.

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Quando eu via minha me chegando em casa com grandes pacotes de compras, corria para ajudla a carregar. Quando eu era uma menina muito nova, um dos meus parentes me perguntou o que eu queria ser quando crescesse. Sem hesitar, respondi: Quero ser freira. Casamento Quando eu tinha dezesseis anos, fiquei noiva de um francs. Minha me, porm, muito sbia que era, conhecia a natureza humana suficientemente bem para saber que o fruto proibido sempre parece mais doce e, sabendo do meu apurado senso de observao, ela escolhia um mau hbito do rapaz e criava uma histria sobre ele, como se o conhecesse. Pouco a pouco, graas a suas sbias aes e conselhos, vi como ele realmente era e rompi o noivado. Em meu dcimo nono aniversrio, casei-me com um homem muito distinto. Seu nome era Orta L. Darling. No era catlico. Embora eu nunca tivesse pedido, ele achou que iria me agradar convertendo-se ao catolicismo. Durante seu aprendizado, o padre disse que ele deveria ter tantos filhos quanto a natureza providenciasse. O Sr. Darling respondeu: Se, para ser catlico, eu tiver que fazer minha esposa sofrer em dar luz muitas crianas, ento no me converterei, e saiu do local, demonstrando seu altrusmo. Aps o casamento, eu e meus dois irmos continuamos a morar com nossos pais, e meu maior amor continuava a ser minha me. Muitos anos mais tarde, perguntei ao Mestre por que me casei nesta vida, mesmo sendo contra a minha prpria natureza. Ele respondeu: Por causa do ambiente em que voc estava. Se tivesse me encontrado antes, jamais teria se casado, pois no era necessrio para voc. O Mestre me disse tambm que a razo pela qual nasci em uma famlia catlica era a minha devoo. O Sr. Darling continuou a boa, generosa e amvel pessoa de sempre, como mais tarde provou que era. Mudana de meus hbitos alimentares Em 1927, Alvin, filho de meu irmo Ernest, tinha poucos meses de idade quando terrveis pstulas surgiram em suas mos, ps e face. O garotinho sofreu muito. Minha cunhada Florence tentou todos os recursos da medicina, mas nada parecia ajudar. Ento, ela ouviu que deveria aliment-lo apenas com suco de laranja. Experimentou isso e, em poucos dias, a pele e as mos do menino comearam a sarar consideravelmente. Esse foi o incio de nossa mudana de hbitos alimentares, pois pensamos que se um suco de laranja fez isso por aquele pequeno corpo, tambm poderia fazer bem para ns. Ns quatro, em cada refeio, ingeramos carne, bebamos ch e caf, comamos doces, etc., mas abandonamos tudo isso de uma hora para a outra. No conhecamos os substitutos alimentares da carne, como queijo, ovos, leite e nozes, para suprir a falta de protenas. Eu me lembro que muitas vezes ficvamos tontos e no sabamos o que fazer, mas no perdemos a coragem. Logo aps, ouvimos falar de diferentes cursos de alimentao vegetariana. Eu no me recordo agora quais cursos ns fizemos, mas eles ajudaram a balancear nossa alimentao, com frutas adequadas e os suprimentos que nossos corpos necessitavam. Gradualmente nossas mentes ficaram mais puras e nosso modo de pensar se tornou mais idealstico. Aps termos feito o curso Yogoda, ns nos mudamos da casa de meu pai, e eu fiquei muito doente. Depois daquela cura feita pelo Mestre, fiquei fantica quanto a meus hbitos alimentares e comecei a fazer jejuns. Eu costumava jejuar freqentemente e por longos perodos de tempo, entre trs at um mximo de vinte e um dias. Devido a isso, quando cheguei pela primeira vez a Mount Washington, em 1929, eu estava muito magra. O Mestre costumava me alimentar com muito arroz e curry, e ento comecei a ganhar peso. Mas quando ele saa para algum lugar, em campanha, eu jejuava e fica magra de novo. Aps vrias dessas situaes, o Mestre me perguntou: O que voc tem feito, pois eu a alimento e quando volto voc est magra novamente? Eu lhe contei que jejuava. Ele respondeu com uma voz grave: Jejum no bom para a sua sade; o seu corpo ficar melhor se for um pouco mais robusto.

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Ento, parei de jejuar e graas sua direo e treinamento em um estilo de vida equilibrado, perdi meu fanatismo e fiz o que ele me mandava. Ouo falar do Mestre pela primeira vez Um dia, em 1927, meu irmo Ernest chegou do trabalho e me falou sobre um homem que conhecera um certo professor hindu que havia chegado a Detroit. Meu irmo me falou das coisas que ele ensinava e das curas que realizava. Fiquei fascinada ao ouvir sobre esse Swami. Cada vez que meu irmo voltava do trabalho, ele me falava das conversas que teve com um tal de Sr. Bone que trabalhava no mesmo departamento de desenho que ele, e que havia estudado o Curso Yogoda de Swami Yogananda, mas ele no estava na cidade naquele momento. Um dia depois, meu irmo chegou excitadssimo em casa para me contar que Swami Yogananda estava voltando a Detroit para uma noite de palestra, e acrescentou: Ns perdemos da ltima vez, mas agora que ele est voltando, vamos ouvi-lo. Ns quatro meu irmo Ernest, sua esposa Florence, Sr. Darling e eu fomos assistir quele maravilhoso instrutor. A primeira vez que vi Guruji foi em 19 de dezembro de 1927. Sentamo-nos olhando deslumbrados para o mais belo homem que jamais vi, em sua tnica ocre e longos cabelos negros flutuando sobre os ombros, bem como seus olhos de ltus, grandes, escuros e expressivos. Ele tocava em seu harmnio O God Beautiful ( Formoso Deus). Eu nunca havia escutado um cntico indiano antes, e fiquei fascinada at o fundo de minha alma. (Esse mesmo harmnio me foi dado pelo Mestre, em 1932.) Eu nunca antes tinha visto Deus ser expresso dessa maneira. Estava acostumada a pensar em Deus como Jesus, e sem a menor chance de alcan-Lo. Embora fosse catlica e ouvisse que Jesus era o nico Salvador, eu jamais tivera muita devoo por Ele. Esse cntico me atraiu profundamente e me deu a idia diferente de um Deus palpvel. O Mestre depois falou que tinha ido a uma plantao de vegetais naquela tarde e colhido com as mos um repolho fresco, comendo-o naquele instante, e que estava delicioso e macio; por isso ele no deu as mos para cumprimentar a platia naquela noite. Depois disso, ele deixou a cidade. Brahmachari Nerode era, naquela poca, o instrutor responsvel pelo Centro de Detroit. Ele fazia os servios todas as quintas e domingos, noite. Ns quatro continuvamos indo toda semana. Na poca do Natal, o Centro realizou um bazar. Ns fomos, e foi quando comprei minha primeira fotografia do Mestre. No incio de janeiro de 1928, ficamos sabendo que Nerode estava se mudando para Los Angeles e iria assumir a direo de Mt. Washington. No Natal de 1927, Sr. Darling me dera vinte e cinco dlares de presente para eu poder me inscrever no curso Yogoda. Quando soubemos que Nerode estava para partir logo, ns quatro decidimos nos matricular antes que ele se fosse, para que pudssemos receber aulas pessoalmente. Na noite de 5 de janeiro de 1928, fomos para o quarto de hotel onde estava Nerode, e ele nos ensinou de uma vez todos os ensinamentos Yogoda. Ele nos demonstrou os exerccios, e as tcnicas de concentrao e meditao. Tudo veio muito naturalmente para mim. Na primeira vez que tentei, j fui capaz de fazer a postura de ltus, como se eu a tivesse conhecido toda a minha vida. Entretanto, no recebemos a Iniciao em Kriya naquela noite. Eu recebi a tcnica diretamente do Mestre, em Mt. Washington. Contudo, os planos de Nerode sofreram uma mudana e ele ficou na cidade at maio de 1929. Nesse meio tempo, ns praticvamos. Eu tinha um cantinho separado em meu quarto, e transformei-o em um altar. No havia ento as fotos dos outros Mestres, apenas a do Mestre. Recordo-me da primeira experincia que tive, diante do meu pequeno altar no quarto. Eu estava sentada praticando as tcnicas. Senti uma imensa quietude tomando conta de mim. Eu realmente sentia que meu corpo no era feito de carne, mas de pedra, e me sentei como uma esttua. Ns no vimos o Mestre novamente at 24 de abril de 1928. Minha me no tentou dissuadir-me de receber as lies. A foto do Mestre que comprei estava pendurada em nossa sala. Uma de minhas cunhadas, Aurora, fez gozao com a foto. Seus coment-

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rios magoaram minha me. Ela me disse para no deixar a foto dele l: Ele um homem bom demais para ficar exposto a risadas. Levei a foto para meu quarto. As experincias espirituais de minha me Eu consegui permisso para ensinar a minha me os exerccios Yogoda e as tcnicas de concentrao e meditao. Ela j tivera um derrame antes. Eu notava que, s vezes, ela ficava parada na porta ou apoiando-se na mesa. Se eu perguntasse o que estava fazendo, ela respondia: Estou praticando os exerccios que voc me ensinou. Certa manh, ela me contou sua experincia, dizendo: Na noite passada, vi o cu azul se abrir e brilhou uma luz muito clara. Eu nunca tinha visto algo assim antes. Havia outras luzes muito bonitas tambm. Em outra oportunidade, ela me contou que tinha visto um homem em um halo de luz, e que ele tinha cabelos negros e compridos. Eu sabia que ela tinha visto o Mestre, e que ele a estava ajudando. Minha me continuou a praticar meditao, mas no teve muito tempo, pois eu a ensinei em 6 de janeiro e, no dia 22, ela teve seu derrame final e morreu no dia 26. O ltimo derrame de minha me vises no seu leito de morte Na manh do dia 22, eu estava no andar superior fazendo a limpeza quando ouvi Florence me chamar: Florina, sua me. Desci e vi meu pai e Florence colocando minha me em uma cadeira. Seus olhos brilhantes estavam baos e ela me fitava com expresso pattica. Ajoelhei-me a seu lado, encostei minha testa na sua, pus meu dedo em seu bulbo raquidiano e rezei. No sei por que fiz isso. Ns ento levamos mame at sua cama e chamamos um mdico. Ela entrou em coma, mas algumas vezes podia nos ver e ouvir. Quando olhei para sua face plida, magra e desdentada, no pude notar qualquer semelhana com o rosto anterior de minha me. Pus meus dedos em seu bulbo raquidiano e olhei para ela novamente; para minha surpresa, vi seu rosto astral, sorridente, familiar, olhando para mim. Embora s tivesse durado alguns segundos, fiquei feliz ao ver aquela linda face que eu conhecia e amava tanto. Em outro momento, enquanto eu estava orando a seu lado, um objeto iluminado apareceu na parede, acima dela. Eu no descobri o que era aquilo. Parecia-se metade de uma noz. Era branco com uma mancha preta no topo. Eu vi a mesma coisa mais tarde, pela segunda vez, s que agora a mancha se movera mais para baixo, para perto do bulbo raquidiano. Logo aps esse episdio, minha me faleceu. A morte de minha me Quando minha me morreu, eu no sabia que a causa era hemorragia cerebral. Mesmo que tivesse ouvido na poca, eu no saberia o que significava. Algum tempo depois, aconteceu de eu ver a foto de um crebro e me veio cabea o aquilo que eu vira duas vezes, na parede do quarto de minha me, como um objeto iluminado e que parecia uma noz. Era o Senhor me mostrando uma imagem do crebro de minha me, sendo que a mancha preta no topo da cabea era o cogulo sangneo. A segunda viso, com a mancha preta prxima do bulbo raquidiano, mostrava-me que o cogulo havia se transferido para um ponto vital do crebro, tirando a vida de minha me. Logo aps o funeral, queimei alguns incensos que tinha comprado no armarinho, para afastar os odores da casa. Meu pai pegou o incensrio e o jogou fora. Perguntei-lhe o que estava fazendo e ele me respondeu: Isso entorpecente. A pobre alma pensava que estvamos tentando fugir da realidade porque nos filiamos a Yogoda. Toda a minha famlia se virou contra mim aps o enterro de minha me e praticamente me renegou. Todos tentaram me criar problemas, porque sabiam que mame tinha feito um testamento e eles o queriam. Trs dias aps o enterro dela, estvamos nos preparando para a meditao de quinta-feira noite. Percebemos que, um a um, meus irmos e irms estavam se reunindo na casa. Pensamos que
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tinham vindo para ver papai, e samos. Quando voltamos, ficamos sabendo por meu sobrinho Ted o que ocorrera. Parece que eles pediram para o advogado vir em casa para ler o testamento, sem nos avisar. Depois que samos, eles ligaram para o advogado e cancelaram a reunio, e isso os deixou furiosos. Eu nada sabia naquela poca sobre assuntos legais. Ted fora esperto o suficiente para esconder nossas lies Yogoda em um lugar onde no pudessem encontrar, mas o que eles procuravam era o testamento, que eu j havia escondido tambm. Quando retornamos, meu pai estava furioso por causa da influncia que sofrera do resto da famlia. Ele mandou Ernest ir embora e, depois, olhou para mim e disse: Voc tambm. Sem hesitao, comeamos a fazer as malas naquela noite. Meu pai disse: Vocs no precisam fazer isso hoje. No dia seguinte, alugamos uma casa e nos mudamos alguns dias depois. Minha me aparece para mim aps a morte Certa noite, logo aps nos mudarmos, eu estava em meu quarto meditando. Senti, mais do que vi, minha me no quarto, comigo. Ela estava to vividamente presente que eu quase podia sentir o vestido preto que ela usava. Mentalmente, falei com ela. Na terceira noite que ela veio, eu lhe falei que seu apego a mim estava atrasando sua evoluo espiritual, bem como a minha. Disse para ela praticar as tcnicas que eu havia ensinado. Eu tambm as praticaria e, algum dia, iramos nos encontrar de uma maneira muito melhor. Embora eu realmente no soubesse a verdade de minhas palavras, ainda assim meu corao, mente e alma o sabiam. Minha me no voltou mais naquela forma. Em uma de minhas meditaes em Mt. Washington, vi uma pequena luz e me levantei para alcan-la e, medida que entrava em contato com ela, minha alma sentiu e minha intuio me disse: Mame. Em outra ocasio, eu estava profundamente absorta pensando em minha me quando, diante de meus olhos abertos, apareceu um beb dentro de um tero. Quando perguntei ao Mestre acerca dessas duas experincias, ele me disse: No h dvida de que voc fez contato com a alma de sua me naquela luz e, mais tarde, no momento em que ela estava renascendo. Assim, o Senhor manteve minha promessa de que iramos nos encontrar de um jeito melhor, ao invs de ela permanecer presa s vibraes telricas, por meio de seu apego a mim. Minha me me deixara duas casas e tudo o mais. Anos mais tarde, quando eu j era discpula em Mt. Washington, meu pai queria vender as casas, mas no podia porque, legalmente, estavam em meu nome. Aps haverem me tratado daquela maneira rude, tinham medo que eu no fosse transferir a propriedade para ele, mas no precisavam temer nada, pois eu tinha dedicado minha vida para Deus. Assinei o documento e o mandei de volta pelo correio, junto com uma carinhosa carta. Aquele foi um evento decisivo; eles no tinham mais nada contra mim. Durante o tempo em que meu pai morou em Los Angeles, eu ia v-lo de tempos em tempos. A cunhada que fora responsvel pelo incio da confuso agora me dizia que eu era a nica da famlia que se lembrava de meu pai com ajuda em dinheiro. Ele morou com ela e meu irmo at sua morte. A morte de meu pai No dia 18 de fevereiro de 1957, eu estava em Borrego. Meu irmo me ligou para avisar que papai estava doente e no sabia quando tempo ainda estaria conosco na terra. Fui para sua casa na noite seguinte, um sbado. Ele ficou feliz de me ver. Perguntei para essa pequena criatura desdentada, de 93 anos, no seu leito de morte, como estava, e ele apenas respondeu: No me sinto muito bem. Eu estava sozinha com ele. Ele comeou a ficar inquieto. Eu alisava sua cabea enquanto repetia, em francs: Durma em Jesus. De repente, ele olhou para mim e disse em francs: Jesus, Maria e Jos. E continuou repetindo isso. Quando minha cunhada o ouviu dizer isso, ficou surpresa porque, conforme me contara, o padre esteve l antes e tentou faz-lo repetir essa mesma orao, mas ele o instruiu em ingls. Quando eu disse em francs, papai compreendeu e a repetiu. Pouco depois, quando eu ainda o fitava e ele, a mim, percebi que ele via uma luz vindo da minha cabea e se misturando com a sua prpria luz. Sua face se iluminou e formou a mais doce expresso
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que eu jamais vira nele. Eu soube naquela hora que o Mestre tinha vindo atravs de mim para ajudar meu pai em sua ltima jornada. No fui a nica a presenciar isso. Darin [Irm Shanti], sua me e Aurora estavam paradas porta. Elas tambm viram, vividamente, a face iluminada de papai. Aurora me contou posteriormente: Ele s estava esperando para ver voc. Fui para Mt. Washington mais tarde, naquela noite. Disseram-me que papai repetiu Jesus, Maria e Jos e fez o sinal da cruz durante a noite inteira. Para um catlico, essa considerada uma morte santa. Embora eu no tomasse conta fisicamente de meu pai, o Mestre contudo fez, atravs de mim, o que ningum mais poderia fazer: dar a paz e luz para iluminar o caminho dele atravs dos portes da vida e da morte, em 20 de fevereiro, s 7 horas da manh. Depois que samos da casa de meu pai, eu no o vi novamente at ele se mudar para Los Angeles. No me lembro em que ano foi, mas sei que foi aps 1943 ou 1944. Meu sobrinho Ted Meu irmo Ernest, sua esposa Florence e seu filho Alvin, Sr. Darling, eu e Ted vivamos juntos na mesma casa e dividamos as despesas. Criei meu sobrinho Ted, filho de minha irm, desde que ele nasceu. Tambm criei sua irmzinha desde que nasceu. Minha irm casou-se novamente e o padrasto gostou da menina, tomando-a para criar quando j tinha sete anos, mas ele no gostava de Ted e o maltratava. O Sr. Darling foi caridoso o suficiente e quis adot-lo. A primeira vez que o Mestre me curou antes de me conhecer Como j mencionei antes, fiquei muito doente aps me mudar. Quando estava no pior momento da doena, cheguei a pensar que iria me encontrar com o Criador. Naquela noite, tive o que se pode chamar de um sonho verdadeiro; era mais uma viso do que um sonho. Vi uma mulher, pois a pessoa tinha um cabelo negro longo e um robe. Mais tarde, soube que foi o Mestre, que veio me curar. Ele se sentou na cadeira ao lado de minha cama e me segurou em seus braos, erguendo-me de maneira que meu corao ficasse no mesmo nvel que o dele. Ao fazer isso, senti uma onda de eletricidade vinda de seu corao at o meu e passando por todo o meu corpo, at sair por meus dedos dos ps. Vagarosamente, ele me colocou de volta na cama e eu lhe perguntei: Estou morta? Ele respondeu: No, voc no est morta. No dia anterior, eu estava to fraca que no conseguia sequer ir ao banheiro sozinha mas, naquela manh, levantei-me sem ajuda e caminhei. Estava andando, quando o Sr. Darling disse: Voc est caminhando sozinha. Eu respondi: Esta no sou eu; estou naquela urna, apontando para a cama que eu havia acabado de deixar. Eu tinha acordado naquela manh com a conscincia de que estava em um caixo funerrio e ainda estava consciente disso quando me levantei. Daquele momento em diante, fiquei cada vez mais forte. Continuvamos indo para o Centro, meditvamos juntos, fazamos os exerccios e falvamos sobre as Lies constantemente. Em maio de 1929, Brahmachari Nerode foi chamado para ser o instrutor residente em Mt. Washington, porque o lder, Swami Dhirananda, tinha deixado o aprisco de seu Guru. O Mestre continuava suas campanhas. Antes de partir, Nerode me encarregou da tesouraria do Centro da Yogoda e me deixou responsvel pela conduo das meditaes. Mas eu fiquei muito doente para continuar, e o grupo foi dissolvido. A segunda vez que o Mestre me curou antes de me conhecer No vero de 1929, tivemos que nos mudar para uma casa mais barata. Aps nos instalarmos, tive outro sonho superconsciente com o Mestre. O mdico pensava que meus pulmes estavam infectados, mas, nesse sonho, ao invs de auscutar o meu peito, o Mestre me disse: No h nada de errado com seus pulmes, no seu sistema nervoso central que est o problema. Aps dizer isso, ele juntou as ponta dos dedos polegar e indicador, e os colocou sobre o meu umbigo, dizendo: Eu farei a cura onde o problema est. Ao dizer isso, novamente senti aquela corrente eltrica percorrendo todo o meu corpo. O Mestre olhou para mim e disse: Qual o problema com seus olhos? Na mesma hora, ele

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pressionou seus dois primeiros dedos diretamente sobre meus olhos, com a mesma corrente eltrica passando por mim. Eu no sabia que tinha um problema fsico nos olhos. Bem, essa cura serviu para dois propsitos, pois at hoje no uso culos e tive meu olho espiritual despertado. Comecei a sentir que estava vivendo em uma casa estranha. Eu caminhava como em sonho, vivendo em uma atmosfera qual j no pertencia. Minha sade comeou a falhar novamente, mas o mdico nada achava de errado comigo. Perguntei-lhe se a mudana para um clima mais quente iria me ajudar. Ele respondeu: Penso que sim. Conhecamos alguns amigos que iriam em breve para a Flrida. Era uma boa oportunidade de ir com eles para um clima mais quente. Procurei na revista EastWest para ver se havia um centro da Yogoda na Flrida, mas naquela poca no havia. Eu queria morar em um lugar onde pudesse freqentar as reunies e, por isto, decidi ir para Los Angeles. Depois disso, tudo aconteceu de forma rpida. Em outubro de 1929, o Mestre chegou em Detroit e proferiu uma palestra no auditrio. Estava tentando reunir um grupo para ir ndia com ele. Aps a palestra, cumprimentou pessoalmente a platia, um por um. Quando chegou minha vez, eu lhe disse que estava indo em breve para Los Angeles e ele falou: Quando voc for, faa uma visita a Mt. Washington. Fiquei muito feliz por ele me ter convidado. Eu no sabia naquela poca que o Mestre estava retornando para Mt. Washington para assumir totalmente, ele mesmo, a direo da Sede Central.

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Parte 2
Minha primeira visita Sede Central da SRF Como presente de aniversrio, o Sr. Darling me deu uma passagem para Los Angeles. Parti para a viagem, que significaria uma nova vida para mim, no dia 8 de novembro de 1929. Tomei um nibus convencional, pois no podamos pagar um melhor. Viajei continuamente por cinco dias e noites sem parar. Quando cheguei estao rodoviria de Los Angeles, saltei do nibus, conferi a bagagem e perguntei onde poderia encontrar a ACM (Associao Crist de Moas). Eles me encaminharam para o Hotel Figueroa, mas algum me informou o caminho errado e perguntei novamente a direo. Peguei outro bonde e achei a ACM prxima a Westlake Park. Tive que dividir o quarto que aluguei, mas, para a minha satisfao, a outra moa nunca aparecia. Peguei o bonde de volta para a rodoviria, recuperei minhas bagagens e voltei de txi para a ACM. Quando fui dormir, minha cama balanava tanto que eu no consegui pegar no sono. Meus nervos estavam to abalados pelos cinco dias e noites naquele nibus que meu corpo no parava de tremer. Na dia seguinte aps minha chegada, liguei para Mt. Washington perguntando pelo Brahmachari Nerode. Ele atendeu e perguntou: Por que no sobe at aqui hoje noite, para os servios? Depois Swamiji vai conduzir as meditaes. Perguntei como chegar at l. Ele me deu instrues, mas eram to imprecisas que no consegui encontrar o lugar. Perguntei ao condutor onde ficava San Rafael, ele olhou para o mapa e apontou que eu caminhasse vrias quadras at encontrar a rua que procurava. Consegui encontr-la, mas eu estava no outro extremo da rua. Comecei a subir a colina. Jamais tinha feito isso antes. Aps vrias quadras, alcancei um jovem casal que estava mexendo em um carro. Parei para perguntar se eu ainda estava longe da sede central, e me disseram: Voc ainda precisa andar mais cinco quilmetros de estrada sinuosa. Suspirei: Ai, que longo caminho. Quero comparecer aos servios no centro. Eles me viram reiniciar a subida e, ento, o rapaz me chamou: Ei, espere um minuto: quero ver se meu pai me empresta o carro e, ento, eu levo voc. O pai dele consentiu e fui salva daquela longa caminhada, pois o rapaz e sua esposa amavelmente me conduziram at a porta de Mt. Washington e para o incio de uma vida nova. Quando o devoto comea a seguir adiante em sua marcha para Deus, Ele remove todos os obstculos no caminho do devoto. Posso mostrar, passo a passo, como o Senhor clareou meu caminho. Primeiro, Ele removeu meu maior apego, minha me, ao alivila de seu sofrimento fsico. Ela me havia apegado a meu pai dando-me duas casas, na inteno de que eu cuidasse dele pelo resto da vida. Deus utilizou meu prprio pai para livrar-me dessas amarras. Se ele no me tivesse expulsado de casa por causa da Yogoda, eu teria que ficar cuidando dele, devido promessa que fizera a minha me. Ele chegou aos 93 anos de idade, e eu acabaria perdendo todos aqueles anos vividos com o Mestre em sua misso divina. O homem prope, mas Deus dispe. Ento, o Senhor fez meu corpo ficar doente para me trazer a Mt. Washington em busca de um clima mais quente e, da, fazendo-me sair de uma vida de sete anos de casamento para uma outra, dedicada apenas ao servio de Deus e do Mestre. O Sr. Darling me deixou ir, de boa vontade. Assinei um documento doando para ele a propriedade que tnhamos em conjunto, deixando-me livre de qualquer apego pessoal e posses materiais para dedicar a ateno completa ao meu objetivo: Deus. Meu sobrinho-filho adotivo foi removido, e meu irmo e sua famlia saram por si mesmos de minha vida, devido a suas prprias aes malvadas. Veja como o Senhor cuida daqueles que Lhe pertencem, bastando apenas abrirmos nossos coraes, mentes e almas para receb-Lo.

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Quando entrei em Mt. Washington pela primeira vez, fui saudada na porta por uma pessoa com mais idade, a Sra. Schramm, que foi muito gentil e me levou at a capela. Nerode estava falando. Aps quinze ou vinte minutos, o Mestre entrou. Eu estava sentada numa cadeira na primeira fila. Enquanto olhava para ele, ouvindo suas palavras de sabedoria, fui novamente acometida daquela sensao de completa quietude, e fiquei imvel como uma esttua. Eu no me movi durante o resto da reunio. O Mestre d um jantar em honra minha chegada Poucos dias depois, retornei a Mt. Washington, subindo a colina outra vez. No vi ningum no saguo e ento fui at a cozinha. Vi o Mestre e Rachid, seu secretrio, parados perto do fogo. Quando passei pela porta, o Mestre me saudou, dizendo: Ora, ora, onde voc tem estado? Respondi: Na ACM. Fui em direo ao Mestre apertar sua mo. Senti a mesma corrente eltrica atravessando todo o meu corpo at sair pelos dedos dos ps. Tempos depois, o Mestre me contou que, naquele momento, havia reconhecido meu rosto como um dos que ele tinha presenciado em uma viso, antes de desembarcar nas praias da Amrica pela primeira vez, em 1920. O Mestre pediu que eu ficasse para jantar naquela noite. Mais tarde, chegaram alguns discpulos para ajudar o Mestre a cozinhar. Ajudei lavando panelas, pratos, etc. De repente, passei muito mal. Tentei afastar o mal estar, mas ele persistiu e deixei a cozinha. Encontrei Nerode na sala e lhe disse que estava indo embora. Ele perguntou por que, e eu respondi que no estava me sentindo bem e no gostaria de ficar se no pudesse ser til. Ele sugeriu que eu fosse descansar num dos quartos at a hora do jantar. Eu realmente temia que minha condio piorasse e no queria incomodar ningum, especialmente aqui. Por isso, respondi que era melhor eu ir para casa e que voltaria em outro dia qualquer. O Mestre me contou mais tarde: Fiquei muito desapontado quando soube que voc havia sado. Eu pensei: O que significa isto, Senhor? Por que ela saiu justo agora que voltou para casa? Mas logo que soube por Nerode a razo de sua sada, eu me senti melhor, pois eu estava fazendo aquele jantar em honra de seu retorno ao lar aps encarnaes de ausncia. claro que se soubesse que ele estava preparando o jantar para mim eu teria ficado, mesmo que isso houvesse custado a minha vida. Foi uma hora em que ignorncia no era bem-aventurana. Fiquei alguns dias de cama. Logo aps, vi que poderia alugar um quarto na Penso Bethel, no sop da colina. Eu iria ficar bem mais prxima da Sede Central. Esse lugar agora chamado de Hotel Marmion Way. Meu primeiro quarto na Sede Central Aps uma semana na ACM, mudei-me para meu novo quarto. Eu me sentia melhor e estava mais prxima de casa. Subia a rodovia at Mt. Washington todos os dias, para ajudar no Centro. No momento em que eu comeava a subir, j me sentia melhor e podia ouvir o Om. Morei naquele quarto durante quase um ms, antes de tomar coragem para perguntar ao Mestre se podia mudar-me para Mt. Washington. Pensei que era melhor pagar aluguel l, do que em um lugar estranho. O Mestre me chamou sua biblioteca e pediu para que eu me sentasse. Ainda posso ver em minha mente o Mestre andando para l e para c, enquanto me dizia que desejava apenas pessoas harmoniosas. Perguntei quanto deveria pagar, e ele respondeu: Voc pode resolver isso mais tarde, no escritrio. Ele no queria falar sobre dinheiro. No dia seguinte, 17 de dezembro de 1929, mudei-me para meu lar natural, nossa abenoada Sede Central. Dickenson veio buscar-me de carro e ajudar a carregar as malas, e me disse para ir ao segundo andar. Ao subir, vi que o Mestre e Tony estavam empurrando um novo tapete para dentro do quarto. O Mestre sorriu e disse: Este ser o seu quarto; estou colocando um novo tapete para voc. Abenoado Mestre! S de pensar que ele se fez to humilde carregando um tapete para uma de suas chelas (discpulas), perdida h muito tempo e que, agora, estava voltando para servir seu Guruji. Uma cama de madeira e um colcho tambm foram colocados no quarto. Mais tarde, fui para uma loja de artigos usados e comprei armrio, mesa e cadeira. Do outro lado do corredor, Consuela e sua tia Cavazos dividiam um quarto. Elas tinham somente dois engradados de laranja, de cada lado da cama, para apoiar os estrados dos colches, e mais engradados servindo de guarda-roupas e prateleiras. Alguns dos quartos eram mobiliados com os prprios mveis das
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pessoas, e outros estavam vazios. Havia poucas pessoas aqui naquela poca, apenas umas quinze ou dezesseis. Dormindo ao relento a apario de um espanhol ao Mestre Quando cheguei, eu pensava que pelo fato de estar na ensolarada Califrnia poderia dormir ao relento e, de fato, tentei isso durante vrias semanas, na varanda do segundo andar; mas a neblina era to espessa que minhas roupas e a cabea ficavam molhadas pela manh, e meu corpo no podia suportar isso. O Mestre aconselhou-me a no dormir do lado de fora ou perto de uma janela aberta. O Mestre tambm dormia no lado de fora, no terceiro andar, e eu senti falta de ouvir seus passos acima, quando no pude mais dormir l fora. Foi nessa poca que o Mestre nos contou que, enquanto ele estava deitado, algum lhe apareceu na beirada da varanda. Ele teve que olhar duas vezes para ter certeza do que via. Era um alto e bem estruturado espanhol, vestido em roupas de soldado, com espada e tudo o mais, suplicando ao Mestre para libert-lo. O Mestre disse que no poderia faz-lo naquele momento, mas que o faria quando chegasse a hora certa. O Mestre me d o nome espiritual Na primeira meditao noturna de quinta-feira que participei em Mt. Washington, o Mestre conduziu o servio e, aps, reuniu os membros residentes ao redor da lareira. O Mestre sentou-se no cho, com as costas apoiadas num pilar em frente lareira, e todos ns nos sentamos em crculo ao redor dele, no cho. Ele nos falava informalmente e contava histrias. Ao ficar tarde, ele pediu para todos irem dormir, mas pediu-me que ficasse. Sentei-me em silncio a seu lado. Ele olhou para mim e disse: Ma Durga. Um arrepio inexplicvel percorreu meu ser. Quando perguntei o que significava o nome, ele s respondeu que contaria algum dia. A explicao no me veio por vrios anos. Ele disse que Durga era o nome que me dera na encarnao anterior, quando eu estava com ele em seu eremitrio na ndia. Ele tambm confidenciou que eu cozinhava para ele e era uma renunciante. Para o Mestre, tudo era apenas uma continuao da vida anterior. Eu me torno cozinheira e governanta do Mestre Ele logo me colocou para ajud-lo a cozinhar em sua prpria cozinha, que na verdade no era bem uma cozinha, mas um arranjo provisrio. Ele utilizava um de seus quartinhos como despensa e cozinha. Tinha um tapete no cho e um pequeno lavatrio. No fora feito para receber fumaa e gordura, j que tudo que o Mestre colocava nos seus temperos precisava ser frito primeiro e a gordura sempre entupia a pia. Ele s tinha um fogo gasolina, que se apagava com freqncia e precisava ser bombeado, criando fumaa. Ele tinha vrias caixas de madeira; uma era usada como mesa, outra, para preparar os vegetais e outra, para o fogo. Karla Schramm costumava passar em Mt. Washington o seu dia de folga como professora particular de piano, e ns trs o Mestre, ela e eu cozinhvamos e comamos juntos. Quando ela conseguiu algum dinheiro extra, colocou prateleiras na cozinha e encerou o cho. Uma nova pia e um fogo a gs foram doados por outros estudantes e, tambm, uma mesa circular com cadeiras, at que sua despensa se tornou a cozinha que o Mestre e seus discpulos mais prximos usaram at o fim de sua vida, e ainda hoje utilizada por ns. Ele tambm me designou como recepcionista nas noites de sbado e quinta-feira, para receber o pblico porta e aps os servios, bem como trabalhar na venda de livros. Quando me disse o que gostaria que eu fizesse, ele falou: Lembre-se que receber visitantes uma tarefa muito sagrada, pois voc nunca sabe quando Deus chegar porta. Eu limpava seu apartamento, consertava e lavava suas roupas, cuidava em geral da casa, arrumava e desfazia suas malas quando ele ia e voltava de suas viagens. Transcrevo agora alguns trechos das cartas do Mestre, referentes a meus servios para ele:
11 DE JUNHO DE 1935 Que palavras poderia eu dizer, querida Durga, por tudo que voc tem feito pelo trabalho e por mim; o seu toque est em tudo. Encontro tudo em ordem. Uma Trilogia do Amor Divino 26

13 DE JULHO DE 1935 Voc iria morrer de rir se pudesse ver que baguna incrvel tive que arrumar. Seu mtodo, completa obedincia e ordem ao fazer as coisas como se estivesse lendo a minha mente com certeza me deixaram mal acostumado. 5 DE JANEIRO DE 1936 Quem poderia cozinhar para mim melhor do que voc? Sinto falta dos seus prstimos, mas obviamente voc no pode abandonar o trabalho que est fazendo.

Essas cartas foram escritas durante a viagem do Mestre Europa e ndia, em 1935 e 1936. Fiz as malas para a viagem e ele estava muito feliz por encontrar tudo em ordem. Eu sou uma pessoa que precisa ter ordem e mtodo para trabalhar corretamente. Quando o Mestre se ausentava de Mt. Washington, eu ajudava Consuela e sua tia na cozinha e, tambm, no escritrio, despachando livros e atendendo ao telefone. S dispnhamos de um telefone, e eu tinha que andar por todo lugar para chamar algum que recebia uma ligao. Em 1934, o Mestre parou de palestrar em cidades distantes e fixou-se na Sede Central, mas continuou palestrando nas cidades vizinhas. Minhas experincias pessoais com o Mestre no Natal Primeiro, deixe-me esclarecer que havia muitos outros alm de mim que se envolviam com as atividades de Natal durante os muitos anos em que estive com o Mestre; mas cada indivduo pode contar melhor a sua prpria histria. Eu s posso escrever a parte que representei no drama de Natal de Mt. Washington. Lembro-me do Natal de 1929 como se fosse ontem, pois foi o meu primeiro em Mt. Washington. O Mestre me pediu para ajud-lo, juntamente com Karla Schramm, a empacotar os presentes para os membros residentes, amigos e convidados. Quando se aproximou a manh, ele me disse boa noite e colocou em minhas mos no um colar de contas de rudraksha, mas apenas uma nica conta. Eu ainda tenho aquela conta pendurada em outro colar de Kriya, que o Mestre me trouxe da ndia, em 1936. No carto de Natal que mandou para todos os membros da Yogoda, amigos e para mim, ele escreveu uma promessa extrada do livro Whispers from Eternity (Sussurros da Eternidade), que estava prestes a ser publicado pela primeira vez. Um dos membros confeccionou a mais bela rvore de Natal que jamais vi. Ela umedecia vrios quilos de sal e o espalhava pelos ramos at que estivessem totalmente cobertos. Parecia mesmo neve. O Mestre estava muito orgulhoso e satisfeito com a rvore. As mesas foram colocadas no saguo e todos tiveram bons momentos de alegria. No Natal seguinte, acompanhei o Mestre em suas compras de ltima hora. Quando chegamos em casa no comeo da noite, descemos at a cozinha para comear os preparativos do jantar no dia seguinte. J era quase 1 ou 2 da manh quando terminamos. Ento, eu e o Mestre comeamos a embrulhar os presentes. Ele me passava um para embrulhar enquanto escrevia nos cartes. Aps terminarmos e quem sabe algumas horas de sono, voltamos cozinha para finalizar o jantar para os membros e os muitos convidados. O Mestre adorava festas. Quanto mais pessoas houvesse, tanto mais ele gostava. Parecia uma criana naquele dia, pois o Natal sempre foi um evento muito especial e alegre para o Mestre. Ele gostava de decoraes detalhadas e sempre fez questo de ter uma enorme rvore no saguo. Tempos depois, ele tinha uma rvore menor no seu quarto, pois o Mestre chamava seus discpulos mais ntimos que diariamente o serviam para celebrarem um Natal particular com ele, e era quando trocvamos nossos presentes. Para a mentalidade do indiano, jias so consideradas uma segurana, e ele tem por elas a mesma considerao que ns temos pela conta bancria. Portanto, os presentes do Mestre consistiam sempre de alguma jia. Para ele, era como se estivesse nos dando segurana, a mesma que um pai deixa de herana para sua famlia, algo em que podemos contar em caso de dificuldades financeiras. No eram
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jias caras, pois ele no podia compr-las, mas ele passava o ano todo procurando por barganhas, e realmente conseguia algumas coisas muito boas, conforme nos dizia: Eu consegui esta quase de graa. O Mestre era apaixonado por opalas e dava vrias dessas pedras para os outros, menos para mim. Quando lhe perguntei por que, ele respondeu: No so boas para voc, mas em um Natal, para minha surpresa, ele me deu um lindo anel de opala. Ele respondeu minha interrogao, dizendo: Agora voc j pode usar uma. Nem preciso mencionar como fiquei feliz. Eu ainda guardo o anel, alm de muitos outros presentes. Que emoo foi receber uma esttua de Lahiri Mahasaya, numerosos outros presentes e experincias, durante o tempo em que estive com o Mestre neste plano terreno. Ele costumava provocar: No vale espiar os presentes, ou dizia brincando: Papai Noel no vai trazer presentes para Duj no Natal, e depois descobramos que ele j tinha comprado nossos presentes. O Mestre gostava de dar seus presentes pessoais para ns por ltimo, e sempre guardava o melhor para o final. Em 1934, num dia em que eu estava fazendo compras com o Mestre, passamos na frente de uma vitrine e eu vi um ursinho de pelcia. Surgiram ento memrias de minha infncia, e falei para o Mestre: Quando eu era garotinha, meu irmo tinha um ursinho de pelcia, mas nunca me deixava brincar. Por causa disso, cresci com a vontade de ter um. Seguimos adiante e esqueci o assunto. Naquele Natal, como de costume, reunimo-nos no cho da biblioteca do Mestre, e ele passou a distribuir os presentes, comeando comigo. Quando abri meu pacote, vendo o que tinha dentro, no me contive e soltei um grito: Um ursinho! Como se no fosse suficiente o abenoado Mestre ter comprado para mim, eu ainda coloquei o ursinho no colo dele para uma bno adicional. Aps segur-lo por alguns instante, ele o passou para Irm Gyanamata, dizendo: Aqui, Irm, segure ele um pouco. Eu ainda tenho aquele ursinho abenoado. O Mestre quis satisfazer um desejo meu de infncia, que havia permanecido irrealizado durante vrios anos. Daquela ocasio em diante, o Mestre descobriu uma enorme alegria em dar brinquedos para todas as suas crianas e, especialmente, para Rajasi, seu pequenino. O Mestre comprava e guardava objetos durante o ano inteiro e os mantinha no seu cofre, na biblioteca. Quando chegava o Natal, ele abria sua arca de tesouros e dava para as pessoas. Lembro-me especialmente de um Natal em que, aps embrulhar um presente aps o outro, olhei do meu lugar no cho para o Mestre, querendo saber se havia mais algum para embrulhar. Ele parou repentinamente na porta e pude perceber, pela expresso no seu rosto, que ele havia se esquecido de mim. Voltou correndo at seu cofre quase vazio, pois naquela hora todos os seus melhores itens j tinham sido empacotados. Ele encontrou um longo pingente de gata. Voltou at onde eu estava e me deu o pingente para embrulhar. Ele estava triste, pois havia me esquecido, e os melhores presentes j tinham ido. Comeou a me explicar o quo valioso era o pingente. Quanto mais ele falava, pior eu me sentia. Eu no queria que ele, um Cristo, sentisse que era necessrio avaliar um presente que estava dando para uma pessoa to insignificante quanto eu. No importaria que ele me desse uma tampinha de garrafa, s o fato de ele se sentir mal por me haver esquecido era o presente mais valioso que poderia me dar. Por causa desse sentimento, eu valorizo mais esse pingente do que qualquer outra coisa. Essa jia tambm teve um outro significado, que eu iria descobrir no dia seguinte. Aps o jantar e todos os presentes terem sido dados, Salter, uma das residentes naquela poca, foi at o Mestre e disse, chorando: O senhor se esqueceu de mim. O Mestre me chamou ao lado deles e disse para ela: Duj embrulhou presentes a noite inteira para eu dar a todos e olhando para mim, ele me dirigiu sua pergunta: e, Duj, eu no me esqueci de voc tambm? Eu respondi: Sim, senhor. Salter disse: Bem, j no me sinto to mal, j que ele tambm se esqueceu de voc. Algumas vezes outra pessoa precisa pagar o preo para que alguns fiquem satisfeitos. Eu me lembro muito bem do Natal de 1948 porque, no dia da meditao longa, o Mestre estava em xtase e fez diversas profecias a respeito de muitas pessoas presentes na capela. De repente ouvi meu nome ser mencionado, e o Mestre dizer: Duj, a Me Divina abenoou muito voc hoje; o seu trabalho est feito. (Explicarei esse incidente mais tarde nesta autobiografia.)

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O Mestre tinha comprado um presente para mim. Nesse nterim, eu havia feito algo que o desagradara. Mais tarde, ele me disse: Eu no ia dar o presente para voc, mas a Me Divina me disse: Sim, d o presente, ela vai mudar. Quando o Mestre me deu, disse-me: Este presente um smbolo e tem um significado muito profundo. Descobri o significado na ltima vez que o Mestre veio ao eremitrio, antes de seu Mahasamadhi. Explicarei isso mais tarde, em minha autobiografia. O presente era e , pois ainda o mantenho num lugar onde posso v-lo o tempo inteiro uma pequena carruagem dourada, puxada por um cavalo, com um anjo na frente como condutor, e outro anjo atrs. Um pequeno relgio no centro forma a cabine da carruagem. smbolo de uma de minhas encarnaes passadas e da associao com meu Amado Guru naquela e nesta vida. Na ltima meditao de Natal em que o Mestre ainda estava conosco, estive doente o dia inteiro, mas fui capaz de vir para Mt. Washington nas celebraes. Quando cheguei, o Mestre ficou to satisfeito que disse: Eu sabia que a Me Divina faria voc ficar bem para vir aqui neste Natal. E aquele acabou sendo o ltimo com nosso Amado Mestre. Naquele ano, ele deu um anel de diamantes em forma de cruz para Daya e Mildred Lewis. Eu estava admirando aqueles anis enquanto o Mestre me olhava como se tivesse escolhido o presente errado para mim, e quando ele me deu minha cruz de diamantes, perguntou-me: Voc preferiria ganhar um anel como elas? Eu disse: Oh, no, senhor, gostei muito mais desta, e fiz tanta algazarra com o meu presente que ele ficou feliz. Ele sorriu, dizendo: Voc no usa jias ou anis, e ento pensei que gostaria de usar essa cruz quando fosse conduzir grupos de meditao. Costumvamos celebrar nosso Natal particular com o Mestre aps o jantar e as entrevistas dele com os convidados. Acabava ficando to tarde que, posteriormente, ele transferiu a nossa celebrao para a manh seguinte, antes de descermos para terminar de cozinhar, etc. Mas essa medida fez com que tivssemos que andar depressa, pois o jantar tinha hora marcada e havia poucas de ns para cozinhar e terminar a decorao. Ns discpulas tambm trocvamos presentes umas com as outras na frente do Mestre. Ele se rejubilava ao ver os presentes teis e prticos que eram dados, e ficava feliz com o amor que partilhvamos e expressvamos entre ns. Era esse ltimo sentimento, dizia ele, que o deixava mais feliz. Mais tarde, abandonamos essa troca na frente do Mestre, porque tomava muito tempo, alm do que havia alguns presentes tipicamente femininos, e no queramos deixar o Mestre e ns mesmas embaraadas. Ento, enquanto o Mestre ainda estava com os convidados no andar de baixo, celebrvamos nosso Natal juntas. Entretanto, era somente aps o jantar que todos conseguiam se reunir. Os presentes para os residentes da casa eram deixados porta de cada um, na vspera de Natal. Era e ainda um sentimento maravilhoso ouvir os rudos de ps caminhando sorrateiramente para deixar os presentes na frente das portas. Os presentes para o Mestre eram colocados debaixo da rvore, no saguo. Aps o jantar e uma meditao, o Mestre colocava seu cachecol alaranjado sobre os ombros e bancava o Papai Noel, dando presentes para cada um e abrindo seus prprios presentes doados pelos amigos e membros. Esse ritual todo levava horas. Um de ns lhe dava o presente e contava para que servia, e ele por sua vez chamava pelo nome aqueles a quem iria dar um presente. Se no abrissem rpido os seus presentes, o Mestre puxava o lao ou rasgava o papel para ajud-los, e ficava feliz quando a pessoa demonstrava alegria pelo presente. Se houvesse mais convidados do que presentes, o Mestre sussurrava algumas instrues para pegarmos uma coisinha aqui outra l, embrulhar e trazer de volta para a distribuio. Ningum saa de mos vazias. Nos ltimos anos de vida do Mestre, os presentes que recebia de amigos e devotos eram muitos numerosos para serem abertos de uma s vez. Eram colocados debaixo de sua rvore particular e ele os abriria nos momentos de folga. Dessa maneira, ele gostava muito mais, pois teria tempo para realmente ver e apreciar o que ganhara, para depois guard-los. Embora aqueles dias fossem cansativos para os discpulos mais ntimos, que tinham de ir s compras, empacotar presentes e cozinhar, ainda assim o entusiasmo do Mestre e seu esprito festivo eram contagiosos e todos ns ajudvamos no que fosse preciso. Sua alegria se espalhava pela casa. O Natal com o Mestre era algo memorvel. Mount Washington tinha a reputao de ter a mais alegre e festiva

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atmosfera de Natal, pois todos sentiam o verdadeiro Esprito de Cristo, j que, na verdade, ns tambm tnhamos um verdadeiro Cristo vivo em nosso meio. Aps o Natal de 1936, o Mestre me pediu para ir morar em Encinitas com a Irm Gyanamata. Assim sendo, minhas tarefas de Natal com o Mestre passaram a ser feitas por Mataji e outras pessoas. Mas eu ainda tinha as tarefas natalinas a fazer para Rajasi. Ele no sabia do que o Mestre precisava, e ento me dava dinheiro e instrua para comprar qualquer coisa que o Mestre precisasse, como sendo seu presente de Natal. O Mestre ficou to feliz com um presente de Rajasi, uma grande cadeira dourada, que ainda est na sua sala em Mt, Washington, sentado na qual ele entrava em xtase.
12 DE JANEIRO DE 1942 Querida Durga: Estou adorando o presente do Pequenino e abeno voc por ter sido o instrumento na escolha da cor que eu gosto. P.Y.

E a cadeira reclinvel que o Mestre utilizou em 29 Palms para ditar o Gita, etc. Era difcil encontrar algo para dar para Rajasi, que j tinha tudo. Mesmo os seus associados no escritrio costumavam me perguntar o que lhe poderiam dar no Natal e no aniversrio. O mesmo acontecia com o Mestre: todos vinham at mim para saber o que poderiam dar para ele ou para Rajasi em seus respectivos aniversrios ou no Natal. Celebrar o Natal na Sede Central era uma tradio. O Mestre no celebrou nem celebraria o Natal em qualquer outro lugar. O mesmo valia para a meditao longa de Natal. Ele comeou essa atividade no dia 24 de dezembro de 1932. Era um evento to bonito, espiritual, que o Mestre fez dele uma tradio. Em anos posteriores, algum sugeriu que ficaria mais fcil decorar, embrulhar os presentes e preparar o jantar se a meditao fosse feita no dia 23. Aps muita persuaso, o Mestre condescendeu em faz-la uma vez no dia 23. Naquele dia, Jesus apareceu para o Mestre mais do que em qualquer outro dia e sua experincia foi to maravilhosa que o Mestre sentiu que o dia 23 era definitivamente mais satisfatrio para Jesus do que o 24. Ento, esse dia foi permanentemente estabelecido. O Mestre estabeleceu o padro que seguido at hoje. Quando ele orava, o magnetismo de suas palavras penetrava nossas mentes e, quando tocava o harmnio e cantava, puxava nossos coraes juntamente com o dele para as mais distantes profundezas. Eu tocava o grande tambor e Daya, os cmbalos. Ele sinalizava quando queria que tocssemos e quando era para tocarmos mais alto e rpido. Isso se tornou uma tradio, bem como eu cantar a cano do Mestre Divine Love Sorrows (Tristezas do Amor Divino). Aqueles dias de meditao com o Mestre no apenas ficaram impressos profundamente em nossas mentes conscientes, mas tambm nos arquivos do subconsciente e, ainda mais profundamente, na mente superconsciente, de modo a erradicar nossos numerosos emaranhados psicolgicos do passado, do presente e, espero, do futuro. Tnhamos que estar passando muito mal para no comparecermos meditao. Lembro-me que num dia de meditao, contra um severo resfriado. Estava passando realmente mal durante todo o primeiro perodo de meditao. Quando chegou o intervalo, escrevi uma nota para o Mestre, contando sobre meu estado e perguntando o que deveria fazer, na esperana de que ele me mandasse para meu quarto e repousar. Quando li sua resposta, estava escrito: Faa o que achar melhor. Eu nunca fiz nada sem seu consentimento, portanto voltei para o segundo perodo da meditao. Quando ele me viu retornar, sorriu. Os sintomas do resfriado no me incomodaram mais durante o resto do tempo, e embora eu no pudesse me juntar s celebraes posteriores, ainda assim coloquei uma mscara e participei de nosso Natal particular sob a rvore do Mestre. Sempre que o Mestre mencionava ter visto Jesus, meus cabelos se arrepiavam e as vibraes espirituais eram enormes. Uma vez, enquanto cantvamos Glria, Aleluia, senti Jesus fazendo o sinal da cruz em minha testa. Daquele momento em diante, cada vez que entovamos aquela cano, eu volta-

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va a sentir aquela cruz na minha testa. Em outra ocasio, senti definitivamente a onipresena de Jesus em minha mente, corao e alma. Eu ficava imaginando se aquilo que estava sentindo era real. Quando o Mestre tomou novamente a palavra, disse: Alguns vem Jesus e sei que outros sentem a onipresena dele. Fiquei feliz por ter confirmada a minha percepo. As experincias vividas durante nossas meditaes longas de Natal com o Mestre so muito numerosas e profundas para se mencionar ou expressar. A primeira das duas ocasies em que no passei o Natal em Mt. Washington foi aps o Mahasamadhi do Mestre. Eu tive que ficar com Rajasi em Encinitas, pois o ltimo dos seus tratamentos com raios-x caiu no dia 24 de dezembro. Tambm aconteceu que eles fizeram a meditao longa naquela data. Foi um dia extremamente triste, pois foi o meu primeiro Natal sem o Amado Mestre em seu corpo, e tambm longe de Mt. Washington. A Sra. Lewis gentilmente decorou uma bela rvore no quarto de Rajasi, para que eu pudesse ver e apreciar. Ela havia colocado uma rosa cor-de-rosa no meu guarda-roupas. Eu estava muito triste naquele dia e, vendo a rosa ao invs das decoraes de Natal, tive muita pena de mim mesma e reclamei mentalmente para o Mestre, dizendo: Sem decoraes para mim... e a rosa nem mesmo vermelha. Os pensamentos mal tinham sido formulados quando ouvi, mentalmente, a voz do Mestre dizer: No ligue, Duj, eu lhe darei uma rvore de Natal. Aps algumas horas, Rajasi queria alguns sucos e eu me sentei numa cadeira, perto dele. Enquanto estvamos sentados, ouvi a voz do Mestre em uma gravao, vindo da sala. Isso foi demais para eu agentar; coloquei a cabea sobre os braos que estavam sobre a mesa e dei vazo aos soluos de tristeza de minha alma. De repente, tive uma viso de luzes em forma de uma bela rvore, em meu olho espiritual. O Mestre cumpriu rapidamente sua promessa de me dar uma rvore, uma que ficou e ir permanecer comigo at o resto de minha vida. No apenas a viso satisfez meu desejo de ver uma rvore como tambm enxugou as lgrimas de meu corao e de minha alma, enquanto eu sentia tambm as vibraes de sua Presena Divina. Quantas bnos ele concedeu a esta concha vazia, oca sem a presena dele, mas repleta at transbordar quando ele resolve preench-la com a Graa de seu Amor Divino. Desde que nosso Amado Mestre partiu deste plano terreno, ele se faz sentir nos dias santos e uma presena definitivamente palpvel entre ns. Tenho certeza, sem a menor sombra de dvida, que ele aparece para os puros de corao e mente, e enche suas almas com o seu amor onipresente. Meu primeiro Ano Novo em Mt. Washington No meu primeiro Ano Novo em Mt. Washington, 1 de janeiro de 1930, o Mestre pegou Schramm, a mim e o motorista Dickenson (o Mestre o apelidou de Comprido, porque era muito alto e grande). Fomos ao Laurel Canyon e fizemos um piquenique perto de um riacho, que estava com pouca gua. Schramm tirou algumas fotos do Mestre sentado e cantando. Essa foto est agora na rea dos dormitrios no eremitrio. O Mestre tambm me apelidou de Resmungona, porque se algo no sasse do jeito que deveria, ou, se eu no gostasse do que estava fazendo, eu costumava protestar resmungando. Fazia pouco tempo que eu estava aqui quando o Mestre me pediu para trazer Ted, o sobrinho que eu adotara, para que ele pudesse cuidar do menino em meu lugar. Mas esse menino no estava adaptado para morar em uma casa espiritual. Havia herdado alguns dos maus hbitos de seu pai natural e teve que ser devolvido. O Sr. Darling o levou, juntamente com a me, para Huntington Beach, por algum tempo, mas, novamente, o menino foi de mal a pior. Finalmente, Sr. Darling teve que devolvlo para a me e irm. Mas l, ele tambm no se deu bem, e foi encaminhado a seu verdadeiro pai, no Canad. Durante a guerra, serviu ao exrcito e casou-se com uma moa inglesa. Vive agora na Inglaterra com uma tima famlia. Fui informada que ele est se saindo bem como bom pai e marido.

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Meu irmo Dufour deixa Mt. Washington Logo depois que Ted chegou, Ernest, a esposa e o filho vieram morar aqui tambm. Ela cuidava da biblioteca e fazia servio de escritrio. Meu irmo mais tarde se tornou zelador de Mt. Washington e trabalhava pela casa fazendo manuteno. Eles moraram aqui por dois anos. Os Dufours e eu ramos muito chegados, porque recebemos as Lies juntos e moramos na mesma casa por muito tempo. Agora tambm estvamos servindo mesma causa. Eles demonstravam grande entusiasmo e trabalhavam dia e noite para viver nos ideais do Mestre em cada detalhe. O Mestre at deixou que ele dormisse no seu apartamento, no sof. Mais tarde, quando perguntei se o Mestre sabia que Dufour no iria durar, por que lhe dera tanta ateno, ele respondeu: Porque ele estava comigo em uma vida anterior. Se voc se lembrar, quando Guilherme, o Conquistador, caiu ao desembarcar na Inglaterra, um de seus homens lhe disse: Essa queda um mau pressgio, vamos voltar. Aquele homem era o meu irmo nesta vida. O Mestre estava tentando ajudar meu irmo, e procurou descobrir, enquanto Dufour dormia, o que estava no seu subconsciente e em seu corao. claro que a mente de Dufour no estava totalmente pura e tinha ambies pessoais, pois quando chegou a tentao de Sat, ele sucumbiu seriamente. Algum tempo depois, meu irmo, sem saber que sementes de carrapateira eram venenosas, ingeriu doze delas e ficou muito doente. Sua vida foi poupada pela graa do Mestre, mas, durante seu perodo de convalescncia, meu irmo deu ouvidos a Sraddha Devi, que pensava em autopromoo. Eles costumavam ficar juntos e falar contra os ensinamentos e o Mestre. Um dia, meu irmo recebeu a visita de um membro que ele prprio havia encorajado a receber as Lies. Esse homem veio para ouvir mais palavras encorajadoras sobre os ensinamentos, mas ao invs disso meu irmo falou contra as Lies e contra o Mestre. Ouvi apenas algumas palavras ao entrar no quarto. Esperei at o homem sair e comecei a discutir com meu irmo por falar contra o trabalho e o Mestre. S tive a chance de dizer umas poucas palavras quando meu irmo foi at a porta, pegou-me pelo pescoo e me jogou contra a parede do outro lado do corredor. Fiquei roxa por causa do seu forte aperto. Isso foi em maio de 1932; o Mestre estava em Santa Mnica, numa casa de praia alugada. Pedi para Tony Diegel me levar at o Mestre. Chegando l, tive que esperar na praia at uma hora da manh, at que o Mestre retornasse, pois ele havia sado naquela noite. Ento lhe contei minha histria. Quando voltamos para Mt. Washington, o Mestre chamou meu irmo para uma conversa. Meu irmo estava to perturbado em seus pensamentos malignos que avanou em direo ao Mestre para bater nele, mas o Senhor protegeu o Mestre, arremessando uma chama fulgurante na direo de Dufour. Ele sentiu imediatamente o impacto. A sensao de ardncia foi to forte que Dufour correu para fora do quarto, desceu as escadas e se jogou na grama fresca, tentando aliviar a sensao de queimadura. Acho que aquela sensao no durou muito tempo, contudo foi o suficiente para lhe ensinar uma boa lio. Minha cunhada precisou encontrar um quarto numa casa vizinha, com pessoas com quem tinham feito amizade em sua busca de camaradas que tambm compartilhassem de seus maus pensamentos sobre o trabalho e o Mestre. Dufour ento exigiu que o Mestre lhe pagasse quinhentos dlares, pois disse que no tinha um centavo para procurar por emprego, alugar uma casa, etc. O Mestre no tinha muito dinheiro, mas como Dufour era meu irmo, acabou dando. Quando chegou a hora de entregar o dinheiro, Dufour no quis entrar na casa para receber, mas disse para o Mestre ir at o meio da quadra de tnis. Eu estava acompanhando o Mestre quando meu irmo me viu. Enlouquecido, ele gritou: Diga para ela ficar fora disto. Eu no a quero por perto. Pea para ela dar o fora. O Mestre fez sinal para eu ficar de lado. Perguntei a ele por que Dufour no me queria l. O Mestre respondeu: Porque o demnio no gosta da presena de um anjo. Ora, pensei, por causa de dinheiro Dufour iria desafiar um Cristo na pessoa do Mestre! Eu nada tinha para lhe oferecer, por isso ele no me queria por perto. O casal ficou por algum tempo em Los Angeles, mas posteriormente voltou para Detroit. Eles agora vivem em Indiana, ainda muito amargos em esprito e agarrando-se a seu falso orgulho. Transcrevo um trecho de uma carta que o Mestre me escreveu em 20 de maio de 1933, enquanto estava em Detroit.

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20 DE MAIO DE 1933 Querida Durga, tive uma reunio interessante com Dufour; ele veio para o hotel a meu pedido; a velha briga est terminada. Eu disse que voc iria lhe escrever. Por favor, escreva para ele depois que nos encontrarmos. O endereo dele Box 173 Utica, Michigan. P.Y.

Em 1938, o Mestre me mandou para minhas primeiras frias sozinha. Ele queria que eu vestisse as melhores roupas e ficasse no melhor hotel, o Book Cadillac, de Detroit, para mostrar aos Dufours que minha escolha de vida era muito melhor do que aquela que ele havia escolhido para si e sua famlia. Antes de meu irmo deixar Los Angeles, disse que eu poderia ir junto e morar com ele, mas minha resposta foi que o meu lar era aqui e onde vou ficar at o resto de minha vida. O Sr. Darling chega Califrnia Mais tarde, Sr. Darling chegou Califrnia, mas no ficou em Mt. Washington, e foi morar com sua me e irmo em Huntington Beach. O Mestre me disse posteriormente que o Sr. Darling lhe havia confessado: Eu sabia que ela (eu) no permaneceria na vida mundana e, se o senhor curar o corpo dela, darei de boa vontade permisso para que ela dedique sua vida para servi-lo e a Deus. Meu primeiro piquenique na praia Quando o Mestre voltava de suas viagens de campanha, precisava afastar-se das multides. Ele levava Dickenson, Schramm e a mim para fazer piqueniques na praia. Lembro-me do primeiro piquenique na praia, logo abaixo da Torrey Pines. Ele levou Nerode, Dickenson, Schramm, a mim e alguns outros. Tenho fotos desse dia. No recebemos salrio Ningum recebeu salrio em 1930 e 1931. Quando o Mestre estava fora, ns nos reunamos e costumvamos brincar, dizendo: Tenho dinheiro suficiente para comprar uma casquinha de sorvete, ou ento: Tenho o suficiente para um malte. Ns nos divertamos mais do que se tivssemos gastado um dlar com alguma distrao. O grande regalo do Mestre para ns eram picols Esquim, um tipo de sorvete coberto com chocolate. Ele adorava aquilo. Para regalar toda a sua grande famlia, comprava uma caixa inteira desses picols e dava um para cada. O maior prazer do Mestre era comprar coisas ou guloseimas para comer e, com suas sagradas mos, entregar para todo mundo. Cada mordida carregava consigo uma bno. Em 1935, ns ainda recebamos apenas um dlar por semana, para as despesas. Isso deixou uma impresso muito profunda em Rajasi, quando soube que comprvamos nossas prprias roupas com aquele minguado ordenado, alm de vrios outros gastos casuais. claro que naquela poca o dinheiro durava mais. Conseguamos comprar um vestido e outros itens por menos de um dlar. Tambm conseguamos roupas de segunda mo. Schramm obtinha algumas roupas que eram de suas irms e amigas. Ele pegava o que precisava e dava o resto para mim. Em anos posteriores, nosso salrio aumentou para cinco dlares por ms e gradualmente foi subindo at o padro de hoje, vinte dlares por ms; para os diretores, vinte e cinco. Viagens de treiler O Mestre comprou seu primeiro treiler em 1930. Era do tipo antigo, bem diferente desses modernos de hoje em dia, mas do tipo em que a carroceria fica junto com o chassi e o motor, tudo numa pea s. Eu tenho muitas memrias maravilhosas daquele treiler, as quais gostaria de partilhar com vocs. O Mestre usava muito esse treiler para fugir de telefonemas e entrevistas, aproveitando para viajar, fazer piqueniques e escrever. Nem sempre podamos pagar hotis, albergues ou restaurantes. Aonde quer que fssemos, tnhamos nosso equipamento de cozinha em mos. Podamos parar num lugar agradvel ou sob uma rvore, arrumar nossos utenslios e as comidas, preparando as refeies em nosUma Trilogia do Amor Divino 33

so fogo a gasolina, que precisava ser bombeado vrias vezes para conseguir preparar qualquer coisa, e aquilo fazia um monte de fumaa. Depois, demorava sculos para tirarmos as manchas negras do fundo das panelas. O Mestre apreciava cada detalhe dessas viagens, assim como ns. O Mestre dormia no treiler, que tinha uma cama. Carson, ou os demais motoristas, dormiam fora, ao lado do carro; Karla e eu, em nossos sacos de dormir (o meu, ela comprou para mim), ficvamos a uma boa distncia. Lembro-me que a primeira vez que dormi assim, passei muito frio. Podem acreditar que, posteriormente, comecei a trazer roupas quentes para dormir. Ns sempre dirigamos at tarde da noite. S parvamos quando o Mestre queria, qualquer que fosse o lugar. Algumas vezes j estava to escuro que nem sabamos onde estacionamos e, na manh seguinte, descobramos que estvamos no quintal de algum. O Mestre adorava ir para a praia. Certa vez, fomos para Dana Point, Califrnia, e estacionamos num penhasco cuja vista dava para o mar. Ficamos l por vrios dias. Numa tarde, estvamos ns quatro ou seja, o Mestre, Karla Schramm, Carson e eu lado a lado contemplando o mar. Enquanto olhvamos o mar, vrios raios de luz, que se inclinavam sobre o oceano, apareceram no cu. Eram como raios de sol rasgando atravs das nuvens. Um de ns mencionou o fato para o Mestre. Ele disse com regozijo: Estou feliz que todos estejam vendo este milagre de Deus. Foi essa ocasio que inspirou o Mestre a compor o cntico Come, Listen to My Soul Song (Vem Ouvir a Cano de Minha Alma). Outra vez, fomos para Palm Springs. Estacionamos no Palm Canyon e acampamos l por vrios dias. Num desses dias, o Mestre e eu caminhvamos pelo canyon e ele me pediu que cantasse Divine Love Sorrows. Ao ver as rvores e rochas centenrias, senti o profundo significado das palavras da cano do Mestre: Sculos e sculos... Teu nome tenho invocado. Outra vez, naquele mesmo canyon, o Mestre lavou sua cabeleira no riacho e sentou-se numa grande pedra para meditar, enquanto o calor do sol secava seu cabelo. Ele entrou num xtase muito profundo. Karla estava sentada numa outra rocha, a curta distncia do Mestre, e eu estava a uma boa distncia, numa grande pedra, meditando tambm. Ele chamou ns duas para voltarmos ao treiler. Quando cheguei perto, enquanto caminhava atrs dele, fui alcanada por uma imensa sensao de quietude. Era como se todos os movimentos do corpo e, particularmente, da mente tivessem parado, e eu estava consciente apenas dessa quietude onipresente. Eu estava consciente de estar caminhando, tendo o cuidado de me desviar dos obstculos no caminho. Ao me aproximar do carro, o Mestre se virou e pediu-me que pegasse alguma lenha. Ajuntei algumas sem perder aquela bem-aventurada sensao de quietude. Deixei a madeira no cho e segui o Mestre at o treiler. Ele parou no degrau e, virando-se para me encarar, disse: A quietude Deus. Essa ocasio tambm inspirou o Mestre a escrever e compor outro cntico: Come Out of the Silent Sky (Vem do Silencioso Cu). Logo no incio de 1931, o Mestre deixou Los Angeles para sua campanha em Denver. Ele embarcou no trem e instruiu a mim, Karla e meu irmo para irmos de treiler e nos juntarmos a ele em Denver. Aps as palestras, fomos a Colorado Springs, tirar umas frias. O Mestre alugara uma casa, a residncia de um pastor que estava passando o ms fora. Era uma casa agradvel. Quando partimos, eu e Karla limpamos minuciosamente a casa, de maneira que ficasse to limpa quanto no dia em que chegamos. O Mestre deixou seu livro Science of Religion (A Cincia da Religio) com uma dedicatria e uma nota de agradecimento para o pastor e sua esposa. Mais tarde, o pastor agradeceu ao Mestre pelo livro e disse que ficou tremendamente satisfeito ao encontrar a casa em melhor estado do que havia deixado antes de partir. Durante esse tempo, alguns dos membros ajudaram o Mestre a comprar um Ford conversvel, de quatro lugares. Como o Mestre gostava de sentar no alto, apoiando os ps no banco de trs, tirando o mximo benefcio das bonitas paisagens do Colorado! Diversos devotos queriam voltar para Los An-

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geles com o Mestre. Ele estava glorioso, com uma caravana a segui-lo, apreciando os belos cenrios de Bryce, Zion e outras paisagens no trajeto. Nos fins de 1930, o Mestre reuniu um grande grupo para um passeio no treiler. Antes de irmos embora, no final do piquenique, era o hbito do Mestre meditar com todos. Os bancos no treiler, quando estavam inclinados, transformavam-se numa cama para o Mestre durante a noite. Isso foi feito nessa ocasio, para aumentar a capacidade do veculo. O Mestre sentou-se no centro com as costas apoiadas no corpo do treiler. Vrios de ns estvamos sentados na beira da cama, a seu lado. O Mestre entrou num xtase muito profundo. Durante a meditao, sentiu calor, tirou o casaco e o deixou perto dele. Muito mais tarde, Ettie Bletch, recm-chegada a Mt. Washington e que estava sentada prxima a mim, desconhecendo que jamais se deve usar a roupa do Guru em si mesmo ou em outra pessoa, percebeu que estava frio e colocou o casaco do Mestre sobre meus ombros. Na hora em que o casaco tocou meu corpo, senti uma corrente eltrica percorrendo todo o meu ser. Quando vi qual era o casaco que ela colocou em mim, sem hesitao comecei a tir-lo, mas o Mestre me interrompeu, dizendo: No tire. Que incontveis bnos eu e outras pessoas recebemos na presena dessa alma semelhante a Cristo vivo; e o referido incidente nos mostra que as vibraes permanecem impregnadas nas roupas e no ambiente daquele que est imerso em Deus. Esse treiler foi mais tarde doado aos Nerodes, para servir de transporte e casa durante suas campanhas na Costa Leste e no Centro do pas. Mais tarde, eles o venderam. Em 1934, aps o Mestre ter dado seu treiler para os Nerodes, Karla o ajudou a comprar outro. Esse era quase igual ao primeiro, s que tinha mais acessrios, como chuveiro, fogo, banheiro, etc. Era bem fabricado, mas o chassi e o motor no eram muito bons. Em maro de 1935, o Mestre comprou o chassi novo de um Dodge. Ele estava planejando como a carroceria poderia ser transferida para o novo chassi. Olhou para mim e disse: Voc vai arm-la. Desolada, respondi: Mas, senhor, eu no sei nem o bsico dessas coisas. Ele respondeu: "Voc saber como fazer; eu trabalharei com voc. Castillo tambm vai ajudar. Pedi a Castillo que arrumasse uma garagem que tivesse um elevador para erguer a carroceria do velho chassi e coloc-la sobre o novo. Ele descobriu um lugar na 60 Avenue, em Highland Park, que era perfeito para nosso propsito. Trabalhei dia sim, dia no, junto com Castillo, sujando-me de graxa e leo dos ps cabea. Quando comeamos a retirar a carroceria do chassi, vimos com espanto que esse era mantido preso por apenas dois parafusos. Meu corao disparou ao pensar como esse treiler subiu e desceu pela 43 Avenida, nossa ladeira no monte, lotado de pessoas e, tambm, com o Mestre. O que teria acontecido se um desses parafusos se houvesse partido numa subida? Veio-me imagens da carroceria escorregando por cima do chassi e caindo montanha abaixo, enquanto o motor continuava subindo. Felizmente, todos estavam seguros na fortaleza da proteo divina. E, agora, estvamos removendo aquela ameaa, fixando com segurana vrios parafusos. Mas ento, descobrimos que a nossa carroceria era grande demais para o chassi. Ainda bem que havia um velho ferreiro por perto. Eu lhe fiz uma consulta, e ele fez os reparos necessrios, soldando uma emenda forte no chassi. Um dia de quinta-feira, Castillo precisou ir para outro lugar. Naquela manh, ele me levou at a oficina e me deixou l, afirmando que Mt. Washington viria me pegar ao redor das cinco da tarde. Aps trabalhar por conta prpria durante o dia inteiro, eu estava toda suja de graxa e no havia banheiro feminino no local para eu me lavar. No havia problemas quando era Castillo que me levava de volta no final do dia, mas dessa vez eu estava esperando outro carro de Mt. Washington. Como eu sabia que eles sempre atrasavam, esperei uma hora antes de telefonar para o Mestre. Ele me disse que o carro j estava vindo e que levaria apenas dez minutos para me pegar. Esperei mais meia hora e nada de aparecer o carro. Cansada, suja e zangada, liguei novamente para o Mestre, reclamando que eles ainda no tinham chegado. Ele respondeu: No posso fazer nada se o carro que mandei ainda no chegou. Ento minha voz expressou todo o meu descontentamento: O que devo fazer agora, se j est quase na hora da meditao, e ainda estou aqui esperando? Sua nica resposta foi: Bem, ento
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venha andando. Perguntei para o mecnico se me podia levar at o p da montanha, pois de l nosso carro iria me pegar. Ele disse que no poderia, porque estava sozinho na oficina e no tinha como deix-la sem ningum por tanto tempo. Devo ter aparentado muita tristeza e, sem dvida, o Mestre enviou pensamentos para a cabea dele, pois, aps refletir um pouco, ele concordou em levar-me de carro at o incio da subida da colina. Desnecessrio dizer como fiquei feliz, pois no estava apropriadamente vestida para tomar o bonde ou at mesmo para andar na rua. Felizmente, havia apenas uma pessoa, tambm esperando nosso carro para nos levar at o topo da montanha para os servios. Como eu a conhecia bem, no passei vergonha. Mais tarde, fiquei sabendo que o carro que o Mestre havia mandado teve um pneu furado e eles no tinham um de reserva. Devido ainda a outras interrupes, eles nem chegaram e deixar a casa. Essa foi uma boa lio para mim, pois demonstrou que quando a pessoa est trabalhando para Deus ou para o Mestre, ela no deve esperar favores em troca. No fundo da mente, eu pensava: Eu estava trabalhando duro para ele, num tipo de trabalho que deveria ter sido feito por um homem, e pelo menos tenho o direito de receber alguma recompensa. A resposta do Mestre me colocou de volta ao meu devido lugar e, daquele momento em diante, no importava o quanto fosse difcil qualquer trabalho, aprendi a no esperar por favores especiais em troca. Aps levarmos o treiler de volta para casa, pintei seu interior e o lado de fora. O Mestre ento queria forrar os assentos. Eu mesma fiz o servio, depois de estof-los, e coloquei novas cortinas; finalmente, estava pronto para novas viagens e piqueniques. O Mestre ficou muito feliz com os resultados. Rajasi andou no treiler apenas num pequeno passeio ao redor de Encinitas, com o Mestre e alguns de ns. Ainda temos a carroceria, que esperamos dedicar como um santurio. Ele est agora localizado nos fundos do SRF caf, em Encinitas. Se Deus quiser, ser feito algum dia.2 Algumas profecias do Mestre para mim Em 1930, o Mestre estava em campanha no lado leste do pas. Certa manh, recebi uma carta que ele havia escrito muitos dias antes, pois veio do correio por trem, alm dos dias para a entrega. Estou fornecendo esses detalhes apenas para convenc-los dos poderes profticos do Mestre. No final da carta, ele escreveu: Hoje voc ver milhes de pequenas luzes. Ao olhar para o cu, havia luzes sobre a minha cabea. Como ele sabia em qual dia eu iria receber a carta para poder ter escrito hoje? Em outra ocasio, em 1930, alguns de ns estvamos sentados na cozinha do andar de baixo ou mesa de jantar. Algum perguntou ao Mestre o que estava reservado para a vida de cada um. No me recordo o que ele disse para cada um dos presentes, mas lembro-me do que disse quando lhe perguntei se eu teria que dar palestras e ensinar como ele. Ele respondeu: No, o seu caminho o ensino individual e o canto, embora muitos anos depois ele me disse que eu daria uma boa palestrante. Lembro-me muito bem do primeiro banquete que o Mestre deu logo aps eu ter-me mudado para Mt. Washington. Ele tinha inventado o glten, e no permitia que ningum ficasse perto, exceo daqueles que ele havia ensinado como fazer. Naquela noite de sbado, ele me pediu para que ficasse com ele na sala de jantar, enquanto Tony e Dickenson trabalhavam no glten. O Mestre pediu que eu me sentasse mesa com ele. Pegou uma faca de po e pediu que eu segurasse uma corda com ambas as mos e, com um rpido movimento, cortou a corda em duas. Ento, pegou uma batata e me fez arremess-la no ar enquanto ele atirava a faca cortando a batata em duas. Continuei jogando a batata para cima at que ela tivesse sido cortada em diversos pedacinhos. Durante as preparaes para um banquete, o Mestre estava sempre muito feliz. De repente, ele podia danar em estilo hindu, movimentando os braos e a cabea; embora fosse apenas por alguns segundos, j era suficiente para me arrepiar, pois, mesmo sem eu saber, o gesto estava reavivando memrias de vidas passadas. Quando algum procura Deus com todo o corao, Ele Se manifesta na abenoada forma do Guru. Uma vez eu estava junto pia, preparando os vegetais para um banquete e cantando Door of My
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Esse treiler ainda hoje est localizado em Encinitas.

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Heart (A Porta do Meu Corao). Assim que repeti as palavras Wilt Thou come, just for once come to me (Vem a mim, vem ao menos uma vez), percebi o Mestre parado do meu lado, e ele disse: Eu vim. Eu era to nova aqui que apenas a minha alma reconheceu a profundidade de suas sagradas palavras. Banquetes O Mestre adorava banquetes e providenciava a realizao de um todo ms. No incio, ele me encarregou da decorao da sala de jantar, que agora o escritrio central. Tnhamos que decorar o teto, as paredes e as mesas. O tampo das mesas era feito de papelo bem grosso, e era apoiado sobre cavaletes. Estes eram feitos de uma madeira to tosca que as mulheres acabavam prendendo as meias neles, mas era o melhor que podamos adquirir naquela poca. No tnhamos toalhas de mesas. Usvamos rolos de papel branco, semelhantes aos papis de embrulho das lojas, e flores no centro da mesa. Para ns, parecia bonito de qualquer forma. O Mestre no podia fazer tudo, mas ficava observando cada detalhe. Ele tambm me encarregou da cozinha. Eu fazia a decorao de tarde, e cozinhava a noite inteira antes do banquete, seguindo as instrues do Mestre. Ele, obviamente, punha seu toque final nos temperos, que ficavam perfeitos. O Mestre, naqueles tempos, costumava ferver todos os vegetais antes de coloc-los no curry. Fazamos a fervura na noite anterior e, aps algumas horas de sono, descamos para terminar de cozinhar. Fazamos chatney (um doce picante), pats ou alguma outra coisa que o Mestre havia inventado para a ocasio. O Mestre era um excelente cozinheiro, tudo precisava estar perfeito para satisfazer a seu paladar. Ele trabalhava na comida at conseguir o resultado que almejava. Cozinhvamos a comida em panelas altas, e eu, pequena em estatura, tinha de subir numa cadeira para poder trabalhar. Em nossos coraes e mentes, o banquete s era um sucesso se nosso Mestre ficasse satisfeito. O Mestre toca o rgo O Mestre adorava tocar o pequeno rgo com pedais que ns tnhamos. De noite, costumvamos nos reunir ao redor do Mestre, junto ao rgo, e cantar de todo o corao. Quando ele comprou o grande rgo de pistes, costumava tocar at tarde da noite, e quanto mais alto, tanto mais ele gostava. Os vizinhos ligavam para que abaixssemos um pouco o volume, pois no conseguiam dormir.

Sankirtan o Mestre me apresenta como musicista


O Mestre costumava nos chamar sua biblioteca para nossas meditaes matutinas e um sankirtan; ns todos nos sentvamos no cho. Lembro-me de como o pesado tambor sobre minhas pernas cruzadas cortava a circulao. Felizmente, eu tinha esse tambor como apoio quando o Mestre nos mandava levantar, pois pelo menos uma de minhas pernas ficava dormente por falta de circulao. Era difcil perceber em minha mente limitada o quanto a alma se expandia naquelas maravilhosas meditaes com nosso Amado Guruji. Falando em cantar, um dia, em 1930, o Mestre nos levou a Schramm e a mim, juntamente com Carson como motorista do treiler, at Phoenix, para visitar uma devota que tinha um retiro no deserto. O Mestre apresentou Schramm para a anfitri como musicista, e a mim tambm ele apresentou dessa forma. A mulher tinha um piano na casa e meu primeiro pensamento foi: O que acontecer se ela me pedir para tocar? To logo tive uma chance, perguntei ao Mestre: Por que disse que sou musicista? Sabe que no sei distinguir uma nota de outra. De maneira rpida, mas definitiva, ele respondeu: Era dessa maneira que eu queria voc. Mais tarde, ele me explicou em detalhes: Embora Schramm tenha contato com a msica desde criana, ela no consegue tocar um dos meus cnticos, porque no tem as notas. Ela poderia toc-lo perfeitamente se tivesse as notas, mas no viria do seu corao. Eu quero que voc cante com o corao e a mente, e que flua naturalmente de mim para voc. As primeiras notas para alguns dos seus cnticos foram escritas pelo filho de Minie Christmas Mayo, durante a ausncia do Mestre, em sua viagem ndia, em 1935-36. Embora alguns dos cnticos

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no hinrio atual no estejam corretos, j alguma coisa. Foi por causa disso que o Mestre comentou, quando voltou da viagem: Duj manteve meus cnticos vivos. Eu toco o grande tambor pela primeira vez Em 1930, o Mestre foi convidado para a inaugurao de um templo sikh, em Stockton, na Califrnia. O Mestre levou consigo Nina Parshell, Kamala, Tony Diegle, Schramm e a mim. Tivemos que ficar de p na porta do templo por duas horas, at que a direo deles resolvesse se iria ou no haver cadeiras no templo e se era necessrio tirar ou no os sapatos. Finalmente se decidiram, e todos entraram descalos. Ns seguimos o Mestre e nos sentamos ao redor dele no cho, no centro do templo. Para minha surpresa, percebi que ramos as nicas mulheres no templo, pois os sikhs no as admitem em seus templos. O Mestre me havia treinado para tocar os cmbalos, enquanto ele tocava o harmnio ou, algumas vezes, seu grande tambor. Quando chegou a vez de o Mestre executar seu canto, ele me pediu para dar os cmbalos a Tony. Ento, sem hesitar, o Mestre pegou seu grande tambor e o colocou no meu colo, dizendo: Aqui, voc toca isto. Nunca fiquei to alarmada. Ele cantou Oh God Beautiful em bengali, e eu toquei o tambor como se o tivesse tocado minha vida inteira. Muito mais tarde, ele me contou que eu havia tocado o tambor em uma encarnao anterior, em seu eremitrio na ndia. Por isso toquei to naturalmente. Daquele dia em diante, at o Mahasamadhi do Mestre, toquei o tambor em todos os seus sankirtans e meditaes. E se ele quisesse tocar o tambor ou os cmbalos, eu tocava o harmnio, pois conseguia acompanhar o seu andamento. Ele tocava to bem os instrumentos, que fazia todos os nossos esforos, sem dvida, parecerem amadorsticos para ele. Os votos de Irm O Mestre disse que, na ndia, os diferentes votos so sempre proferidos depois de uma iniciao, pois as vibraes e o altar so propcios para a ocasio. A Sra. E. P. Bissett tornou-se Irm Gyanamata no dia 20 de julho de 1931. Eu estava no andar trreo, decorando o local para a iniciao que o Mestre iria dar noite. Ele tinha dito a ela, vrios dias antes, que fosse preparando a mente para a ocasio. Mais ou menos uma hora antes do incio da cerimnia, o Mestre me chamou em seu quarto e perguntou: Que acha de se tornar uma Irm hoje noite? Minha resposta foi: Est bem, mas acho que proferir os votos de Irm algo muito sagrado e, em meu corao e mente, desejo muito me tornar uma; mas no acha que eu deveria ter tido alguns dias de preparao para essa ocasio solene? Agora faltam poucos momentos para o incio do servio; estou suja do trabalho, que ainda no terminei, mas farei qualquer coisa que o senhor disser. Ele respondeu: Tem razo. Voc deveria ao menos ter alguns dias de preparao. Vamos deixar sua cerimnia pblica para outro dia. Ele disse pblica porque eu j tinha recebido os votos privativamente, junto com Schramm, tendo apenas uma a outra como testemunha. Desde ento, nem sei quantas vezes j proferi os votos de Irm, pois sempre que uma nova discpula chegava e ele dava seus votos individuais, eu estava sempre includa no crculo em que todas ns dvamos as mos ao redor do Mestre, enquanto repetamos os votos aps ele. Ele costumava dizer: Vocs no precisam usar uniformes, hbitos ou saris enquanto eu estiver aqui. Essas coisas podem vir depois que eu partir para o Infinito. A Irm Gyanamata foi quem deu incio idia de vestir um hbito branco. Ela tinha dificuldades em vestir o sari, por isso usava hbitos brancos que eram mais fceis de colocar e tirar; e, por ela no lavar e cortar sempre o cabelo, comeou a usar tambm um vu branco. A tnica ocre Muitos anos atrs, o Mestre me deu uma de suas tnicas ocre e disse que eu tinha o direito de vestir essa cor. Eu entendo por que no podamos usar tnicas ocre enquanto ele estava vivo, tanto porque era ele quem usava a tnica ocre e, tambm, por muitas outras razes. Mas desde o ltimo ano e meio, ele quer que usemos hbitos ocre. Ele me deu autorizao, e por isso que uso essa cor nas reunies de meditao e nas entrevistas.

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Projetos diferentes Em 1933 o Mestre pintou a Sede Central pela primeira vez (vejam no arquivo de Mt. Washington a minha parte no projeto). E em 1934, adquiriu o segundo templo, na West 7th Street, 711 (vejam o arquivo deste projeto tambm). Tambm foi nessa poca que o Mestre contratou um advogado para organizar e completar os processos legais para estabelecimento do nosso status jurdico como igreja. O Mestre era o presidente, Irm Gyanamata, a vice-presidente; Richard Wright, o secretrio; eu, a tesoureira; e todos ns formvamos o Conselho de Diretores, junto com Karla Schramm. Eu sou a nica desse grupo original de diretores que ainda continua no cargo. Em 1934-5, o Mestre tinha um programa na rdio todos os domingos, s 4:15 da tarde. Falava durante quinze minutos. Ele abria o programa tocando o harmnio, Daya, os cmbalos e eu, o tambor. O motorista e todos ns cantvamos Pole Star (Estrela Polar). O Mestre promete levar-me consigo para a ndia Durante meus primeiros anos com o Mestre, ele costumava dizer: Vou lev-la para a ndia quando eu for para l. Eu lhe mostrarei o eremitrio onde voc viveu comigo como Irm no uma irm de sangue em sua encarnao anterior. Um dia, em 1930, ele levou a mim, Schramm e Carson para uma viagem de treiler at Phoenix. Uma de suas estudantes lhe havia convidado para conhecer seu retiro no deserto. Ele parecia estar particularmente ansioso para que eu visse o lugar. Era um belo prdio em estilo espanhol, com um ptio no meio. Eu estava l no ptio, apreciando-lhe a atmosfera. O Mestre chegou ao meu lado e perguntou: O que acha deste lugar e como ele a faz sentir? Respondi que me parecia familiar, como se j estivesse estado ali antes. Ele acrescentou: E deveria mesmo sentir-se assim, pois este lugar uma rplica quase exata do eremitrio na ndia onde voc viveu comigo, e do qual lhe falei. A viagem do Mestre para a ndia Quando finalmente o Mestre foi capaz de ir para a ndia, em 1935, ele com tristeza me disse que no poderia levar-me consigo; em primeiro lugar, porque no tinha dinheiro suficiente e, em segundo, no tinha mais ningum para cuidar da organizao enquanto estivesse fora. A razo pela qual ele havia nomeado oficialmente a Irm Gyanamata era o fato de ela ser mais velha, sendo melhor que uma irm de mais idade assumisse. A pobre Irm no tinha habilidades de escritrio, nem resistncia fsica para cuidar dos milhes de detalhes financeiros e legais que estavam por vir durante o ano e meio de ausncia do Mestre. A Irm Gyanamata e eu ramos muito prximas e nos considervamos parceiras. Eu a consultava em assuntos que eu sabia que ela, em sua grande sabedoria, seria capaz de me ajudar. Ela e eu recebemos procurao do Mestre para os assuntos legais. Eu comandava Daya, Mataji e Sailasuta, as nicas aqui naquela poca, e a Irm era superior a todas ns. O Mestre ficou muito feliz ao saber, por intermdio de minhas cartas, que eu consegui pagar muitos dbitos antigos. E que, dentro de nosso pequeno oramento, consegui economizar o suficiente para mandar-lhe uma certa quantia para a ndia. Quando o Mestre me disse pela primeira vez que eu no poderia viajar com ele, perguntei: O senhor acha que alguma vez conseguirei ver seu Mestre? Ele no pde responder, pois sabia que Sri Yukteswarji estava planejando deixar o corpo, como a carta do Mestre para Rajasi ir indicar (vejam o arquivo da viagem ndia). O Mestre me contou mais tarde que ele sabia que eu no veria Sri Yukteswar nesta vida, por isso me disse: Pedi para Sri Yukteswar lhe enviar uma bno especial. E ele o fez: quando deixou seu corpo, ele apareceu para mim em um sonho superconsciente. Tocou-me a testa e eu senti a mesma onda eltrica vinda de sua mo em meu corpo, criando uma luz de bnos. Ele desapareceu, e ento vi Jesus de costas, caminhando. Chamei: Mestre Jesus. Ele se voltou para mim e fez um pronam, mencionando meu nome. Tudo isso demonstrou que no preciso necessariamente ir para a ndia para receber bnos dessas grandes almas. Foi tambm nessa poca, num dia em que Rajasi estava nos visitando e meditvamos juntos, que abri meus olhos e vi Lahiri Mahasaya saindo do corpo de Rajasi e voltando para ele novamente. Embora eu no fosse com o Mestre para a ndia, tive a satisfao de saber que ele gostaria que eu estivesse l, como indicam suas cartas, no arUma Trilogia do Amor Divino 39

quivo Cartas do Mestre a Durga. (Foi nessa poca tambm que Rajasi doou e construiu o eremitrio de Encinitas; vejam tambm o arquivo com esse ttulo, onde encontraro a minha parte nesse projeto.) Em 1950 e 1951, o Mestre fez planos de retornar para a ndia. Novamente ele me disse que no poderia me levar, porque minha sade no permitia, mas eu tambm sabia que precisava ficar para continuar e concluir o dever que ele me dera, o de cuidar do bem-estar de Rajasi. Como a histria demonstra, o Mestre tambm no pde ir para a ndia, pois a Me Divina planejara outra coisa. J tive muitas ofertas para viajar para a ndia desde a morte de Rajasi, mas o Mestre quer que eu termine o trabalho que me ordenou que fizesse antes de eu ir para l, ou antes que esta alma escape para juntarse a ele em sua morada infinita, onde quer que ele esteja. Nem preciso dizer o quanto sentimos a falta de nosso abenoado Guruji durante sua ausncia. ramos como crianas perdidas, tentando cumprir os deveres que todos os dias chegavam nossa ateno, e procurando fazer tudo o que podamos, em todos os sentidos, para agrad-lo. Voc nem precisa usar sua imaginao para imaginar nossa reao quando o Mestre, finalmente, voltou da viagem. Transbordvamos de jbilo, a casa estava limpa de cima a baixo. O Mestre j havia mandado as caixas e malas na frente, que ns colocamos na biblioteca, aguardando seu retorno. Ele ligou de Nova Iorque; Rajasi estava aqui naquele dia. Que alegria ouvir sua amada voz novamente! O Mestre tinha planejado encontrar-se conosco em Salt Lake City, Utah, no dia 16 de novembro de 1936. Marquart levou de carro Sailasuta, Daya, Mataji e a Sra. Wright. Eu peguei o trem alguns dias depois, porque tinha que resolver alguns detalhes de ltima hora, no eremitrio. Fui para Salt Lake na noite do dia 15 e, na manh seguinte, fomos para a estao pegar o Mestre. Mal podamos esperar. Chegamos l numa hora boa. A estao parecia estranhamente calma para um trem que estava para chegar. Quando chegou a hora, vimos o Mestre se esconder atrs de um poste. Ns gritamos todos juntos: L est ele! e corremos to depressa quanto nossas pernas conseguiam. Ns todos voltamos para a estao; o Mestre nos fez sentar num banco e ele se sentou na nossa frente, brincando com a ansiedade dos Wrights, dizendo que Dick e Ettie no tinham voltado, e outras estrias. O Mestre os escondera em outra parte da estao. Jamais esquecerei como o Mestre se sentou fitando a cada um com sua viso penetrante, como se estivesse adentrando em nossas prprias almas para verificar que mudanas ocorreram durante sua ausncia. Ento, apareceram Dick e Ettie, e os Wrights pularam de surpresa para cumprimentar seu irmo e filho. Havamos reservado um quarto para o Mestre no Hotel Newhouse, onde ele j tinha ficado antes. Ele pediu sorvete com calda de chocolate derretido para todos. Sentamo-nos no cho, agarrando-nos a cada palavra que ele pronunciava, mas ele no falou muito porque estava interiormente ocupado, analisando nossas almas. Foi quando perguntou sobre a propriedade de Encinitas e entrevistou a cada um separadamente. Eu me sentei com a coluna ereta, pronta para responder a qualquer questo que ele disparasse, mas tudo o que ele perguntou foi: Duj, voc me ama?. Joguei-me a seus ps e dei minha resposta com lgrimas. Ele ficou satisfeito. Ficamos em Salt Lake City por alguns dias e, ento, nos dirigimos a Zion Canyon e vimos as lindas paisagens durante o caminho de volta para Los Angeles. O Mestre queria ir para San Francisco, ver se conseguia persuadir Tara a retornar para Mt. Washington e trabalhar nos livros dele. Apenas eu e o Mestre tomamos o trem em Barstow. Passamos aquela noite at tarde falando sobre muitas coisas. Na manh seguinte, eu estava ocupada arrumando minha mala e a do Mestre. Quando o Mestre saiu do sanitrio pblico, viu Tara sentada num dos assentos, pois ela tinha tomado o trem em Oakland para estar com ele em San Francisco. Eles se cumprimentaram como amigos que no se viam h muito tempo, e conversaram durante o resto do caminho, enquanto eu continuava arrumando as coisas para nossa chegada em San Francisco. Almoamos com Truth Burberry. estranho: eu, que tenho boa memria, no consigo recordar quanto tempo ficamos e o que mais fizemos em San Francisco, mas sei que no permanecemos l por muito tempo, pois o Mestre j tinha alcanado seu objetivo. Voltamos a Los Angeles para o banquete de boas vindas ao Mestre. D para imaginar a elevao que todos sentiam quando viram nosso Amado Mestre novamente.

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Nossa prxima grande emoo foi quando o Mestre abriu todas as caixas e malas. Ele sempre pensava em todos; as caixas estavam repletas de lembranas dos vrios lugares pelos quais passou. Naquele Natal, ele realmente nos encheu de presentes vindos da ndia e de vrios outros lugares. Deume trs saris, uma amarelo com bordado negro, um de seda branca com costura vermelha e o nosso favorito (meu e dele), o sari que eu uso em cada Natal desde aquele memorvel de 1936. Lembro-me bem como o Mestre abenoou a cada um de seus discpulos, tocando suas testas com o dedo, dizendo: Kali est escrevendo o nome Dela, com letras de fogo, em suas testas. Que bnos! Como poderiam, seres insignificantes como ns, compreender a grandeza dessa alma semelhante a Cristo? Muitas tarefas A minha vida foi sempre uma tarefa depois de outra. Trabalhei como carpinteira, projetista, desenhista, eletricista, encanadora, pedreira, jardineira, faxineira e empreiteira. Gosto de mquinas. Trabalhei na grfica. Acho que no existe muitas tarefas ou linhas de trabalho com as quais eu no tenha trabalhado durante meus anos de treinamento com o Mestre, e mesmo aps seu Mahasamadhi. O Mestre costumava dizer-se: Duj est vivendo muitas vidas nesta agora. Quando ele estava muito satisfeito com meu trabalho ou com meu comportamento, costumava me chamar de Duj Gag, outras vezes me chamava de Durga ou, mais freqentemente, Duj, abreviando. Ele freqentemente me dizia que eu estava vivendo com tempo emprestado. O conserto do pequeno Taj Mahal Em 1941, aps haver retornado da Costa Leste, o Mestre trouxe consigo uma delicada rplica do Taj Mahal, que est agora no entrada principal em Mt. Washington. Ele alertou para quem dirigisse o carro ficar muito atento a buracos, para que no houvesse solavancos que pudessem quebrar o Taj Mahal que ele tinha na mala. Quando Rajasi veio visitar o Mestre aps sua chegada, o Taj Mahal estava na escrivaninha do Mestre, na biblioteca. O Mestre me pediu para fechar as cortinas para que pudesse mostrar a Rajasi o Taj iluminado. Ao pegar a corda da cortina, meu brao esbarrou no canto do Taj e o jogou no cho. O som que fez foi como se ele tivesse se partido em milhes de pedaos, assim como meu corao. Ao recolher os cacos, realmente pareciam milhes deles. O Mestre no disse uma palavra. Mais tarde, eu disse ao Mestre que encontraria algum lugar que consertasse e eu pagaria por isso. Mas eu no sabia aonde ir, ento levei os pedaos at meu quarto e tive a idia de usar adesivo plstico. Colei as peas que pude e fiz outras. O Mestre entrou no quarto enquanto eu estava trabalhando. June Adams estava comigo e perguntou a ele: Como que ela consegue? O Mestre respondeu: Duj consegue fazer qualquer coisa que pe na cabea, porque ela aplica o princpio da concentrao. Aps a fixao com o adesivo, as partes coladas ficaram meio embaadas, mas o resto estava brilhante. Tive a idia de usar cera de parafina transparente. Derreti um pouco de cera e cobri as partes embotadas com ela. Ningum podia dizer onde os reparos haviam sido feitos, para a enorme satisfao minha e do Mestre. Peo para fazer cem Kriyas Eu ouvia com freqncia o Mestre elogiar um homem que fazia muitas Kriyas por dia. Pensei que se o Mestre estava satisfeito com ele, talvez eu pudesse fazer o mesmo. Um dia, cheia de alegria, perguntei ao Mestre: Senhor, posso fazer cem Kriyas por dia? Seus olhos se alargaram e ele exclamou: Voc est louca? Bem, eu disse: O senhor sempre elogiou o Sr. Marcus por ele fazer mais Kriyas. Ele respondeu: Essa quantidade no para voc; apegue-se ao nmero que est fazendo, isso tudo. Nunca mais pedi aquilo novamente.

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Fios grisalhos no meu cabelo so arrancados Numa ocasio, em 1941, eu estava sentada no cho em frente ao Mestre. Ele estava conversando conosco. De repente, percebeu que meu cabelo estava ficando grisalho. Enquanto falava, ele puxou um cabelo grisalho na parte de frente de minha cabea, e depois outro. Continuou a fazer isso por quase duas horas. Mais tarde, ele costumava relembrar com alegria: Os cabelos negros de Duj ainda esto l, porque eu arranquei os grisalhos com a minha fora de vontade. O cabelo grisalho no voltou a crescer at depois do seu Mahasamadhi. Minhas diferentes encarnaes Falando de reencarnao, o Mestre me contou certa vez que eu fora danarina em um templo, e que, tambm, em certa vida, fui guilhotinada em nome da religio. Nos meus primeiros tempos em Mt. Washington, o Mestre costumava dar-me uma ma ou banana para que eu segurasse e comesse. Nunca soube o porqu durante muitos anos. Depois, ele me falou a razo. Era porque ele gostava de me ver segurar essas coisas com apenas meus trs primeiros dedos, e os outros dois ficavam esticados para fora. Isso lhe trazia memrias de minhas atividades no templo, quando eu vivia na ndia oferecendo incenso e flores no altar. Correes Eu me recordo de uma vez em que o Mestre estava me dando uma bronca no me lembro exatamente por qual motivo, pois havia tantos e eu realmente os merecia mas, nesse incidente em particular, respondi: Afinal de contas, senhor, eu j sou uma mulher crescida. Sua expresso se abateu e ele respondeu: Eu gostaria que voc no tivesse dito isso, porque eu nunca vejo vocs todas como mulheres crescidas, mas como crianas de Deus. Acreditem-me, eu jamais disse aquilo novamente. Eu no ficava sem a minha quota de repreenses, pois tinha muitos ns para desatar. Como o Mestre costumava dizer, seu prprio Guru quebrou cada osso psicolgico em seu corpo, e agradeo a Deus pelo Mestre ter sido bondoso e sbio o suficiente para quebrar todos os ossos psicolgicos de minha mente. Recebi muitas e muitas correes merecidas, e se no fossem por elas e a constante vigilncia do Mestre, eu no estaria aqui hoje, porque sem correes imparciais, impessoais e justas, a pessoa no consegue progredir no caminho espiritual, mental ou fsico. Na verdade, eu merecia muito mais broncas do que realmente recebi, pois ele era misericordioso e sempre perdoava, mesmo que no pedssemos perdo, bastando que lhe mostrssemos arrependimento e provssemos nossos sinceros esforos para melhorar. Guardo uma noite de silncio Aps ler sobre o dia de silncio de Mahatma Gandhi, decidi guardar um desses tambm. Com alegria, fui contar ao Mestre sobre meus planos. Eu queria fazer das quintas-feiras meu dia de silncio. Sua resposta foi: O qu? Tomar um dia inteiro de trabalho! Ao invs disso, faa das seis da tarde at meia-noite. Comecei essa prtica e, aps algumas semanas, o Mestre decidiu guardar uma noite de silncio tambm. Ele escolheu as noites de sbado. Mudei a minha noite para ajustar-me com a dele. Se ele perdesse o sbado, fazia no domingo seguinte. Sua vida, entretanto, no lhe pertencia. E desde que cada momento de sua vida era dedicado ao servio de Deus e meditao, realmente no era necessrio que o Mestre fizesse essa prtica, mas ele continuou por um longo tempo.

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Parte 3
Minha mudana para Encinitas O fato de Rajasi haver comprado um apartamento prximo ao do Mestre, no eremitrio, era uma indicao clara de que ele faria do apartamento sua futura morada e escritrio, o que muito agradou ao Mestre, pois era uma garantia de que Rajasi faria retiros em Encinitas, em vez de ir para a Flrida. Portanto, o Mestre estava determinado a lhe dar todo o conforto, sendo que me indicou para cuidar do bem-estar de Rajasi no incio de dezembro de 1936. No comeo de 1937, o Mestre mandou que eu e a Irm Gyanamata fssemos morar no eremitrio. Lembro-me muito bem desse incidente. Eu estava sentada no cho de meu quarto, em Mt. Washington, o que fica ao lado do dormitrio do Mestre e que passei a ocupar alguns meses depois de mudar-me para a Sede Central. Eu estava guardando algumas coisas necessrias quando o Mestre entrou, passou a mo de leve sobre a minha cabea, com simpatia, e disse: No ligue, Duj, voc ter muitos quartos para morar algum dia. No eremitrio, me foi dado o melhor quarto na parte norte, onde Mataji e os convidados agora ocupam. Entretanto, eu no podia ficar nele muito tempo, pois o Mestre convidava muitos hspedes e gostava que tivessem o melhor tratamento. Assim, l saa eu com mala na mo to freqentemente, que raramente ocupava aquele adorvel quarto. De 1937 a 1939, morei literalmente em todos os quartos da casa que estavam disponveis, ou em quartinhos, na sala de visitas, no toalete feminino, ou em qualquer lugar onde houvesse um espao grande o suficiente para esta concha se deitar. Eu realmente no possua um lugar que pudesse chamar de meu para meditar. Eu construo o meu quarto no Eremitrio Um dia, tive a brilhante idia de cavar uma gruta para mim, para que ao menos tivesse um lugar para meditar, pois at mesmo as cavernas de meditao j estavam ocupadas. Contei ao Mestre o que eu estava fazendo. Ele me perguntou: Onde? e eu disse que amarrava uma corda grossa na cerca e descia com ela pela encosta da praia at um local no meio do penhasco, onde ningum me poderia alcanar. Nunca me esquecerei da extrema surpresa nos olhos do Mestre quando ele exclamou: Voc est maluca! Poder quebrar o pescoo ou cair nas rochas da praia l embaixo. Posso garantir que jamais desci naquela corda novamente, mas esse episdio deu incio ao movimento para que fosse construdo um quarto para mim, em algum lugar. O Mestre me disse que procurasse encontrar no eremitrio um local onde eu poderia construir um quarto para mim. Descobri que o poro abaixo do apartamento de Rajasi era adequado a meu propsito e barato, e o encanamento serviria para fazer um banheiro. Castillo, Manuel e eu cavamos o cho e colocamos um trilho de bonde como suporte. Colocamos concreto no cho e nas paredes, fizemos uma escada de acesso, um banheiro, colocamos um telefone e at um interfone. Eu finalmente tinha um quarto que no precisaria deixar, porque o Mestre no queria convidados na parte em que ele e Rajasi ficavam. Eu tambm poderia vigiar aquele lado do eremitrio, enquanto a Irm observava a outra ponta. Meu quarto ficou pronto em julho de 1939. Lembro-me da primeira noite em que iria dormir no meu novo quarto. Era um dia extremamente quente. O Mestre desceu ao meu novo quarto e ficou l o dia inteiro, pois era o quarto mais fresco na casa; dessa forma, meu quarto foi divinamente inaugurado por sua presena sagrada. Servindo o Mestre no Eremitrio Permaneci continuamente no eremitrio durante sete anos. Nesses primeiros anos, o Mestre costumava vir freqentemente e por longos perodos de cada vez, enquanto Rajasi fazia relativamente poucas
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visitas e apenas por uma semana ou dez dias de cada vez. Mesmo quando Rajasi estava no eremitrio e no ocupava todo o meu tempo, eu continuava meus servios pessoais ao Mestre: cozinhava para ele e, todo domingo, o Mestre convidava vinte a vinte e cinco pessoas para almoar, aps o servio de meditao. Eu limpava o templo e recebia os visitantes e convidados que vinham conhecer o eremitrio. Aps Rajasi ir dormir, eu costumava ir ao escritrio do Mestre, at que ele me pedisse para ir dormir tambm, que s vezes j era 3 ou 4 da manh. Havia muitos outros afazeres quando Rajasi no estava no eremitrio. Era meu privilgio sair com o Mestre em suas viagens de passeio ou de visita s sementeiras, ou ir praia com ele e ajud-lo a trazer pedras marinhas; fazer sua comida e acompanhlo em suas caminhadas; remar na lagoa artificial junto do templo; nadar na piscina com o Mestre e outros discpulos. Trabalhei lado a lado com o Mestre durante a construo do Golden Lotus Temple (ver arquivo com este nome) e cuidava de tudo durante suas ausncias, quando ele ia para Los Angeles. Eu alimentava os peixes quando ele no tinha tempo ou estava longe, cuidava dos convidados, pintava a moldura enferrujada das janelas e conferia e pagava as contas. O corretor de imveis, Sr. Willis, e eu trabalhvamos juntos na aquisio de lotes e de propriedades em geral. Aps alguns anos, Daya passou a cuidar do pagamento das contas e, muitos anos depois, Sraddha assumiu essa tarefa e a de cuidar das propriedades. Os homens pintavam as falhas nas paredes do prdio, poupando-me assim dessa tarefa. Quando o primeiro deslizamento de terra aconteceu, trabalhei com os homens e supervisionei os trabalhos. Eu estava em Mt. Washington quando o templo desabou. Retornei para cuidar de que tudo fosse recuperado e tive de arrumar as coisas nos seus devidos lugares. (Veja o arquivo sobre as propriedades de Encinitas, etc., para conferir a minha participao nesses projetos.) Fao um colcho para o Mestre O Mestre reclamava to raramente sobre qualquer assunto que, quando o fazia, ns prestvamos logo ateno. Ouvi ele dizer: Por que as fbricas no fazer colches maiores? Entendi o que ele quis dizer; ento, enquanto ele estava em Los Angeles, comprei os materiais, pedi para Castillo fazer uma extenso na sua cama de Iogue e fiz um acrscimo ao colcho, com molas e tudo o mais. Castillo e eu ainda estvamos trabalhando e mal havamos terminado quando o Mestre entrou no quarto. Castillo e eu fizemos a surpresa para ele. Ah, como ele ficou feliz e satisfeito por usar o novo colcho, e como apreciou o amor que motivou aquele ato. Minhas viagens de ida e volta para Los Angeles Quando o Mestre estava em Mt. Washington, eu costumava fazer vrias viagens por ms para v-lo e estar com ele. Se ele estivesse no eremitrio, mandava-me a Los Angeles procurar diferentes coisas teis para o eremitrio ou o templo. Transcrevo agora uma nota que o Mestre me escreveu.
12 DE JULHO DE 1938 Querida Duj: Amanh, segunda-feira tarde, quero que voc comece o seu trabalho por aqui, pois assuntos importantes esto esperando para ser resolvidos. Quando voc chegar estao, telefone-me e iremos busc-la. Tente chegar ao redor de uma hora da tarde. Muitas bnos. Atenciosamente, P. Yogananda

Em uma dessas ocasies, eu estava com uma forte gripe. O Mestre desceu at meu quarto; ainda consigo v-lo sentado na cadeira. Ele me olhou por um momento e perguntou se eu poderia ir para Los Angeles comprar, em determinada loja, algumas coisas que ele desejava para o templo. Ele acrescentou: Castillo ir dirigir. Voc pode ficar deitada no banco de trs, e volte imediatamente. Concordei em ir. Depois de deixar meu quarto, ele mandou Woody para ajudar a me vestir e aprontar. Fui com lenis, travesseiros e me deitei no banco de trs. Castillo estava preocupado; eu conseguia v-lo me olhando pelo retrovisor. Quando chegamos em Los Angeles, entrei na loja. Levou apenas alguns minutos e voltei para o carro, assumi minha posio no banco de trs, e retornamos para o eremitrio. Eu j estava praticamente curada quando chegamos.

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A viso que o Mestre teve de Jesus e do clice Eu estava presente quando o Mestre nos contou sobre a viso que ele teve de Jesus com o clice. O Mestre disse: Gostaria de saber por que Jesus me fez beber do clice? As palavras brotaram de minha boca, antes que eu me desse conta, dizendo: porque o senhor est bebendo da mesma taa de sabedoria que Cristo bebe. O Mestre olhou para mim e disse: Jesus me respondeu atravs de voc. Projetos Em 1942, o Mestre queria que eu o ajudasse na construo da igreja em Hollywood, ento fiquei em Mt. Washington para trabalhar at a inaugurao do templo (veja o arquivo sobre a igreja de Hollywood para encontrar a minha parte no projeto). Aps, em 1943, comecei a trabalhar na igreja de San Diego, de forma que eu ia e voltava diariamente do eremitrio para San Diego, at a inaugurao (veja o arquivo sobre a igreja de San Diego para encontrar a minha parte no projeto). Em 1941 o Mestre trouxe consigo da costa leste R. K. Das, e o colocou como chefe do escritrio. Era uma pessoa ambiciosa pelo trabalho e o fazia muito bem. Ele fez muitas mudanas boas e maravilhosas. O Mestre estava bastante satisfeito com ele. Em 1944, durante a fome na ndia, o Mestre criou o Fundo para os Famintos na ndia, e queria que centenas de cartas fossem enviadas, pedindo doaes. Sri Das encaminhou as cartas por algum tempo. Quando ele viu o dinheiro aparecendo em grande fluxo, quis guard-lo para o escritrio e no mandava para a ndia, nem mesmo quis continuar a enviar as cartas. O Mestre, que sempre teve uma considerao especial por sua amada ndia, ficou desgostoso com a atitude de Das. O Mestre sabia do meu amor pela ndia. Ele me chamou de Encinitas, dizendo: Quero que voc assuma aquele departamento da ndia, e envie o mximo de cartas que puder. Eu trabalhava de manh noite apenas com as cartas, centenas por dia, pois era muito rpida. O Mestre estava mais do que satisfeito com o meu trabalho e os resultados que alcancei, mas Das no estava to feliz assim, e tambm no gostava nada dos meus olhos aguados no escritrio. Ele se queixou ao Mestre de que eu nada fazia alm de enviar aquelas cartas e que eu deveria fazer outro trabalho. O Mestre lhe respondeu: Essa a razo pela qual eu a coloquei naquele departamento: para realizar o meu desejo, pois voc no quer fazer. Das tornou-se arrogante e tentou assustar o Mestre, dizendo: Ento est certo, coloque-a na chefia do escritrio; estou indo embora. O Mestre imediatamente concordou, e Das respondeu: Muito bem, vou-me embora. Fiquei estupefata quando o Mestre me contou tudo isso e que ele estava me colocando como responsvel pelo escritrio. As atividades do escritrio cresciam continuamente. Falei ao Mestre que eu faria o melhor que pudesse, mas que ele teria de trabalhar atravs de mim, porque muitas coisas haviam mudado. Eu era boa em cumprir ordens, trabalhar, gerir e tinha criatividade, mas achava que no seria capaz de tratar de negcios e dos procedimentos do escritrio, e avisei o Mestre quanto a isso. Ele respondeu: Tudo o que quero que voc siga as minhas instrues da melhor maneira possvel, e deixe o resto comigo. Eu disse: Tudo bem ento; eu no entendo muito do servio para achar que este seja o meu lugar e no me sentirei mal se a qualquer hora o senhor encontrar algum com capacidade para me substituir. Transcrevo agora algumas das cartas do Mestre para Rajasi, comentando o meu trabalho no escritrio.
28 DE ABRIL DE 1944 surpreendente como Duj est ajudando no escritrio e como eu no havia pensado nisso antes. Ela prepara tudo e no tem desejos para si mesma que pudessem obstruir a minha vontade pelo bem do trabalho. Estou muito satisfeito. P.Y. 12 DE MAIO DE 1944 Duj est se saindo maravilhosamente bem ao conduzir seu trabalho diariamente. Eu sempre me pergunto por que no havia pensado nisso antes; ela humilde, conscienciosa e d o maior exemplo de humildade e practicidade ao meu Amado que reside em voc. Duj organiza as coisas e nunca falha com a palavra dada ou tenta esquivar-se das promessas. Eu gostaria que todos os outros antes dela tivessem agido assim, pois este trabalho estaria espalhado por toda a terra. P.Y.

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Trabalhei no escritrio de 1944 at 1948. Durante esse tempo, meu corpo me dava mais e mais problemas, e depois de maio de 1946, Rajasi passava em Encinitas pelo menos quatro a cinco meses do inverno, e trs ou mais meses do vero. Eu tinha que deixar o escritrio naqueles perodos e voltar ao ponto de onde deixei, mas essa no a maneira de se conduzir um escritrio. O Mestre percebeu que eu no conseguiria fazer ambas as tarefas com perfeio, ento decidiu colocar Daya na direo do escritrio, o que devo dizer foi uma deciso muito sbia. Eu, novamente, mudei-me para Encinitas e deixei o meu quarto. O meu era o que a Sra. Wright est ocupando agora. Foi tambm em 1948 que todos ns tivemos uma experincia memorvel. O Mestre entrou num xtase extremamente profundo. Era meio-dia, ali pelo dia 16 de junho. Eu fora nossa pequena cozinha para comer, mas no consegui. Deixei a mesa e fui direto ao quarto do Mestre. Ele estava sozinho, no sof, e me sentei perto dele, mas ele falou: Sente-se um pouco mais afastada; a Me Divina no quer que ningum me toque. Ele comeou a falar de seu amor pela Me Divina. Um por um, seus discpulos mais prximos foram chegando. Ele nos contou, mais tarde, que no queria chamar ningum, e seria a Me Divina que teria de chamar aqueles que Ela prpria quisesse, e assim foi. Depois de mim, chegaram Daya, Mataji, Sailasuta e Woody. Ele nos fez chamar o casal Lewis tambm; era a primeira vez que ns o vimos em um xtase to diferente. Ele falava em voz alta com a Me Divina, e Ela respondia utilizando a prpria voz do Mestre, para que ns tambm pudssemos ouvir tudo. A Me Divina chamava a cada um de ns pelo nome e apontava quais eram os erros de cada um, mas o Mestre, cheio de ternura, falava em nossa defesa. Daya fez algumas anotaes. A Me Divina nos repreendia severamente e, tambm, a alguns que no estavam presentes, de acordo com o que cada um merecia. Lembro-me muito bem do meu sermo. Eu deveria deixar meu quarto para os hspedes em Mt. Washington e, particularmente, em Encinitas. Pouco tempo antes, eu tinha sido solicitada a emprestar novamente meu quarto em Mt. Washington para um convidado, e, pela primeira vez, eu havia criado uma confuso. A Me Divina estava me dando um pito por causa desse incidente, dizendo: Duj foi egosta e no cedeu seu quarto. O Mestre respondeu: Por favor, Me, no a castigues. Ela sempre foi altrusta e minha parceira, e Tu sabes que ela carrega o pecado dos outros. No a castigues, Me. Todos, sem exceo, receberam uma lio da qual jamais se esqueceram. D para imaginar como essa situao nos fez ficar com um tremendo remorso? Choramos tanto e por tanto tempo que estvamos inconsolveis. Aps trs dias e noites dessa choradeira e ouvindo as conversas entre o Mestre e a Me Divina, tive que ir para Encinitas durante a noite. Ele continuou as conversas da mesma maneira, durante o tempo em que eu estava ausente. Bem cedo naquela manh, Daya me ligou para dizer que eu deveria vir imediatamente, pois temiam que o Mestre estava deixando o corpo. Dirigi to rpido que cheguei em pouco tempo. Nem senti o tempo passar. Quando eu disse para ele: Desculpe, eu no estava aqui na noite passada, ele olhou para mim e respondeu: Voc estava aqui, eu a vi. Sempre havia um ou mais de ns cuidando dele, dia e noite. Um dia, enquanto eu estava trabalhando no escritrio, o Mestre recebeu uma carta de uma das funcionrias, reclamando de minhas aes e ainda acrescentando que eu no tinha instruo e era ignorante. Quando ele leu a carta para mim, respondi que ela estava certa, eu no tenho instruo. Ele respondeu, indignado: Voc pode no ter instruo, mas no ignorante. Olhe para mim, eu no conheo o ingls alm da conversao bsica, mas veja o que o Senhor escreve atravs de mim. Algum dia voc tambm ir escrever. Eu no havia percebido o quanto aquela carta o havia magoado, porque at naquela noite do grande xtase do Mestre, quando era a minha vez de tomar conta dele, algum havia chamado uma de suas crianas de ignorante. Eu me sentei no cho e ele comeou a ditar para mim. Havia apenas uma fraca luz vinda de uma fresta no quarto para iluminar meu bloco de anotaes, e eu tinha que escrever mo. Ele ditou por muito tempo. No final do ditado, ele disse, e eu transcrevo agora: 20 de junho de 1948. Uma Deusa ignorante porm amorosa secretamente foi escolhida para transcrever estas palavras ditadas por mim prprio, um ignorante. Ele tambm disse: A Me Divina queria que eu ditasse tudo isso para voc, a fim de provar quela pessoa que voc no ignorante, pois voc quem est fazendo esse trabalho, e no ela. Eu ainda tenho minhas anotaes

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originais bem como a transcrio datilografada que fiz imediatamente depois, para no esquecer o que ele ditara enquanto tudo ainda estava fresco na minha mente. A fora vital tenta deixar meu corpo Nessa poca, o Mestre no se importava em comer, nem mesmo mangas, que ele gostava tanto. Durante as semanas seguintes, a mais sutil reminiscncia despertava seu samadhi exttico. O seu querido corpo estava sofrendo a dor de outra pessoa. Ao se levantar para sair do quarto, seu corpo oscilou e eu rapidamente o segurei, para que no casse. Ao fazer isso, rezei fervorosamente para a Me Divina transferir o sofrimento dele para mim. Vrios dias mais tarde, apareceram no meu corpo os mesmos sintomas que ele tinha, e o seu corpo ficou curado. No dia 1 de julho, ao redor das cinco da manh, senti uma grande tremedeira no meu corpo, parecia um calafrio, mas era muito mais grave e diferente. Tentei chamar a Sra. Wright, que cuidava de mim e vivia no outro lado do corredor, mas no obtive resposta. A tremedeira se tornou mais violenta. Falei para mim mesma: Voc precisa controlar isto, ou isto acabar dominando voc. A violncia parou, mas voltava a intervalos regulares. Mais tarde naquela manh, quando Mataji, a pedido do Mestre, veio ver como eu estava, falei a ela de minha experincia. Ela foi contar para o Mestre. Ele veio ao meu quarto usando uma mscara. Eu lhe implorei: Por favor, melhor no entrar; minha doena pode ser contagiosa, e eu no gostaria que a pegasse. Ele permaneceu na entrada da porta quando perguntei o que era aquela tremedeira. Ele respondeu: Era a Fora Vital tentando deixar o seu corpo. Acabei dizendo: A qualquer hora que a Me Divina quiser me levar, estarei pronta para ir. Ele olhou para mim com tristeza, e disse: No, voc ainda tem bastante trabalho para fazer. O abenoado Guruji mais uma vez salvou este corpo de deixar este mundo. Ele tinha suas razes, e agora sei de maneira muito clara quais so elas. Sempre pronta quando o Mestre est doente Em 1950, permaneci outros seis meses para tomar conta do Mestre, enquanto ele sofria no prprio corpo o carma de outras pessoas; eu estava sempre disposio quando ele estava sofrendo. Cito agora um trecho de uma nota que ele me escreveu.
13 DE OUTUBRO DE 1942 Fiquei deitado durante 8 dias, com meu velho problema do p inflamado. Eu gostaria que voc estivesse aqui para cuidar de mim com sua maneira incomparvel. P.Y.

O Mestre costumava me chamar a especialista em sensaes, porque eu conseguia achar o problema e tinha um toque delicado. Ele sempre dizia: Deixe Duj fazer, ela sabe. Eu, deliberadamente, mantive separados, nesta autobiografia, meus servios pessoais ao Mestre e ao trabalho da SRF em Mt. Washington e em Encinitas, para que o leitor possa entender melhor meus deveres com Rajasi, que o Mestre me deu, os quais identifico nas pginas seguintes, bem como meus sentimentos pessoais pelo Mestre, que escrevi na minha biografia do Mestre, no ltimo captulo deste livro.

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Parte 4
Meus servios a Rajasi Janakananda conforme as ordens e os desejos do Mestre Em dezembro de 1936, aps o Mestre me haver designado para cuidar do conforto e bem-estar de Rajasi em Encinitas e Mt. Washington, perguntei: Por que eu? Ele me relatou o que j havia deixado transparecer nas primeiras entrevistas que teve com Rajasi em 1932, em Kansas City. O Mestre disse: Eu estava conversando com Sr. Lynn (Rajasi) e ele me contava sua vida domstica e os servios que lhe eram prestados pelos empregados, etc. e, enquanto ele falava, a Me Divina mostrou-me a sua face astral prxima dele; foi quando eu disse a Sr. Lynn: Algum dia, eu lhe mostrarei o que um servio verdadeiramente desinteressado. Eu sabia que a Me Divina estava me dizendo que voc deveria tomar conta dele, e que voc seria capaz de me ajudar a cuidar dele. Espero muito de voc, e confio em voc com a minha vida. Sei que voc passar por muitos momentos difceis, mas eu a guiarei e protegerei. Voc no deve me decepcionar, nem Me Divina. Quando o Mestre viajou para a ndia, ele me instruiu como suas cartas indicaro para servir a Sr. Lynn, tendo Daya como assistente; mas depois que o Mestre voltou, servi a Rajasi sozinha, porque o Mestre estava aqui e era a minha maior proteo. Ele me observava e me dirigia, de acordo com sua vontade em todos os aspectos. Quo grata eu fui, e ainda sou, por seus olhos sempre vigilantes, tanto fsica como psicologicamente, mas acima de tudo espiritualmente. Esse servio envolvia muitas tarefas, tais como cozinhar, fazer compras, fazer e desfazer as malas. O Mestre me deixou muito consciente de como Rajasi era meticulosamente limpo e asseado. Portanto, eu fazia o maior dos esforos para deixar seu apartamento sem um nico gro de poeira. Eu varria, passava o aspirador, limpava o cho e as janelas, polia os mveis, arrumava as flores, etc. Quando ele estava presente, eu tinha que mudar os lenis diariamente. De vez em quando, eu recebia uma ajudinha da esposa de Manuel para limpar a casa. Vestindo um casaco As tentativas de manter o apartamento de Rajasi livre dos odores da cozinha, especialmente do curry, era definitivamente um trabalho. Ele no se importava com os odores de suas prprias comidas, pois eram muito leves, mas todas as janelas e portas eram mantidas bem abertas, mesmo nos dias mais frios de inverno, para que o ar fresco circulasse constantemente. Eu sentia tanto frio que precisava me vestir pesadamente, para manter minhas pernas aquecidas. Eu usava grandes casacos at os tornozelos. Um dia, o Mestre me perguntou: Por que voc sempre usa esses vestidos longos? Fica to engraada com eles. Eu respondi: Sinto frio, senhor. As outras moas usam calas para manter suas pernas aquecidas, mas eu no gosto de us-las; alm do mais, Rajasi mantm seu apartamento muito mais frio do que o resto da casa, por isso preciso de roupas quentes. Um dia, logo aps esse incidente, o Mestre entrou no quarto de Rajasi para meditarem juntos. Ele estava vestindo seu casaco e se sentou, esperando Rajasi sair do banheiro. O Mestre me pediu para buscar seu cachecol, dizendo: Por que ele deixa ficar to frio aqui? Eu rapidamente aproveitei a oportunidade para defender meus vestidos longos. Viu s? O senhor est aqui nesta sala fria h pouco tempo e j deseja outra coisa, mais quente, para vestir. Eu visto esses casaces para me manter aquecida. O Mestre nunca mais comentou sobre meus longos vestidos. Ele enxergou meu ponto de vista e estava satisfeito com meu argumento.

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O sentido olfativo de Rajasi Rajasi tinha um sentido de olfato muitssimo aguado, e no hesitava em me falar que no gostava de certos odores, especialmente se vinham do outro lado do eremitrio. Eu tinha que me manter sempre limpa e nem mesmo usava perfumes, pois tudo ao redor de Rajasi tinha que ser natural. Para evitar conflitos devido aos odores da cozinha, tive a idia de construir uma parede. Isso, pensei, tambm daria mais privacidade ao Mestre em relao aos discpulos, nas idas e vindas dele, entre um aposento e outro, durante as horas noturnas. Aprendo a dirigir Antes de 1943, eu no sabia dirigir um carro. O Mestre freqentemente manifestara o desejo de que eu aprendesse a dirigir, mas desde que ele no tinha dado uma ordem nesse sentido, eu no queria acrescentar mais uma tarefa minha j pesada agenda de trabalhos. Entretanto, durante a guerra contra o Japo em 1943, a gasolina e os pneus estavam racionados. Rajasi no tinha seu prprio carro em Encinitas, naquela poca. Quando ele nos informava que viria fazer uma visita, eu pegava o trem para Los Angeles e ia comprar suprimento de comida. Ento Sailasuta ou Castillo dirigiam at l, para me levar ao aeroporto ou estao de trem para recebermos Rajasi e lev-lo para Encinitas. Depois, quem dirigisse tinha de tomar o trem ou um nibus de volta para Los Angeles. Esse procedimento se repetia quando chegava a hora de Rajasi ir embora. Um dia, Rajasi e eu comentvamos sobre os problemas que tudo isso acarretava ao Mestre e aos motoristas. Rajasi se ofereceu para me ensinar a dirigir e me encorajou, acrescentando: Manteremos isso em segredo, e na prxima vez que o Mestre quiser que eu v para Mt. Washington, voc poder me levar e surpreender o Mestre, dizendo que voc dirigiu at l. Daquele momento em diante, todos os dias, ele me fazia dirigir. Era um bom professor. Rodvamos nas estradas rurais de Encinitas, para evitar no incio a rodovia. Ele no me deixava perder um s dia, pois dizia: Ficaria mais difcil comear novamente. Aprendi no velho Buick, cujo banco estava ajustado para motoristas com pernas compridas, e Rajasi se esqueceu de me dizer que o banco poderia ser adequado a qualquer estatura. Minhas pernas so to curtas que eu tinha dificuldade em alcanar o acelerador. Pensei: Jamais gostarei de dirigir, se tiver de me esticar toda vez que precisar mudar do acelerador para o freio. Eu no me sentia segura ao volante. Bem mais tarde, Rajasi percebeu que o assento estava muito longe para mim. Pressionou a alavanca para ajustar o banco, e devo dizer que fiquei muito aliviada de poder tocar os pedais apropriadamente com os ps. Quando Rajasi contou ao Mestre que eu dirigi para ele, o Mestre gritou de alegria, pois afastou de sua mente a preocupao de contratar um motorista, alm dos custos que isso implicaria. Daquele dia em diante, o dever de motorista foi acrescentado aos meus servios para Rajasi. Dia e noite, eu o levava aonde ele desejasse, levando-o a aeroportos e estaes de trem, e buscando-o. O Mestre tinha seus prprios motoristas, portanto s dirigi para ele em poucas ocasies. Durante a guerra, no podamos exceder o limite de 60 quilmetros por hora nas rodovias. Isso me ajudou a aprender minuciosamente a arte de dirigir antes que o limite fosse aumentado. Nunca me esquecerei do dia em que deixei minha bolsa e o carto de racionamento de gasolina sobre o pra-lamas, enquanto colocava bagagens no carro. Foram-me devolvidos no dia seguinte, certamente devido s oraes do Mestre, pois eu realmente precisava daquele carto de racionamento de gasolina. Eu levantava pesos alm da minha fora O Mestre no permitia que Rajasi carregasse qualquer peso, fosse leve ou pesado. A pessoa que dirigia para ele tambm deveria carregar suas malas, caixas de comida, etc., para dentro e para fora do carro, at o destino. Alm de eu dirigir o carro, tambm deveria carregar e descarregar o carro, subir e descer escadas, levando os pesos sozinha. Na maioria das vezes, as cargas excediam em muito a minha fora, mas as bnos do Mestre e minha fora de vontade tornavam-me capaz de carreg-las. A Irm Gyanamata me dizia com freqncia: Quando a vejo curvada pelo peso das malas, meu corao quase se rebela, mas minha mente logo me alerta que as bnos do Mestre esto com voc nesse servio, no importa o quo pesadas as cargas sejam.
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Sempre que eu comeava a sentir que no queria fazer isso ou aquilo, lembrava-me das palavras que o Mestre freqentemente me dizia: Lembre-se que aquilo que voc fizer de bom ou de mau ir refletir-se em mim. Quando minha mente se rebelava, meu corao dizia: No deixe o Mestre ficar triste. Recordo-me que um dia eu no havia pegado a toalha de praia que Rajasi costumava estender no gramado, e que ele a havia deixado l depois que chegara da praia, no fim da tarde. Posteriormente, o Mestre me contou que Rajasi havia se queixado a ele sobre o episdio. Respondi: Ora bolas, senhor, ser que ele no pode nem mesmo pegar uma toalha sozinho? O Mestre gentilmente me explicou que j havia aconselhado a Rajasi que me ajudasse, ao invs de reclamar, e o Mestre ilustrou a sabedoria do seu conselho: Qualquer coisa que voc faz se reflete em mim, e j que ele foi reclamar comigo, eu que fiquei com o abacaxi. Daquele momento em diante, fui extremamente cuidadosa para que o Mestre no tivesse que passar por aquilo novamente, mas Rajasi se corrigiu e no fez mais queixas ao Mestre ou a mim. Se no fosse as bnos do Mestre, eu no poderia fazer nada, pois esta concha que meu corpo nunca foi muito forte, nem esteve sempre livre de uma dor ou outra. Em anos posteriores, apesar de viver em um ambiente maravilhoso, das bnos e da fora do Mestre, que me ajudavam a concluir meus trabalhos apesar das dificuldades, eu ainda precisava tomar banhos quentes pela manh para conseguir manter este corpo funcionando. Idas praia Durante muitos anos, havia apenas uns poucos rapazes vivendo no apartamento-garagem, em Encinitas. O Mestre ainda me designava como guarda-costas de Rajasi quando ele descesse para a praia, e me dava instrues para no permitir que outra pessoa fosse com ele, nem deix-lo ir sozinho. Eu tambm deveria andar a certa distncia atrs dele e ficar sentada na areia enquanto ele nadasse, para que, se houvesse algum problema no mar, eu pudesse ajud-lo. O Mestre acrescentou: A posio e o dinheiro dele iro atrair aqueles que se aproximam apenas para pedir favores, etc., mas se algum estiver junto, essas pessoas no se atrevero. Muitos anos mais tarde, aps Manuel haver deixado o emprego, o Mestre me contou uma histria que lhe foi reportada por um dos mexicanos que conheciam Manuel, que disseram: Manuel havia feito um plano para que sua prpria esposa se aproximasse de Rajasi na praia. Eles iriam dizer que Rajasi dava cantadas nela, e ento iriam chantage-lo, mas Manuel reclamou: A Srta. Darling estava sempre em algum lugar da praia e seria testemunha contra ns; portanto, no pudemos concluir nosso plano. O Mestre acrescentou com grande satisfao: Veja s como minha intuio est constantemente protegendo-o. A outra razo era que Rajasi tinha carma de acidente, e como o meu carma era diferente do dele, eu ajudava a neutralizar essa tendncia, e essa a razo pela qual o Mestre sempre fazia questo de designar um motorista para Rajasi. Eu tambm carregava suas toalhas e alguns solventes para tirar o piche dos ps dele. Eu guardava essas coisas no local que ele escolhia, e ento eu saa e encontrava um lugar para mim a uma boa distncia dele, mas de onde pudesse v-lo. Ele sempre ia e voltava da praia pela escada. No incio, os degraus no pareciam muito altos ou numerosos para mim. Fosse inverno ou vero, Rajasi freqentava a praia diariamente, sempre que estivesse no eremitrio. Com o passar dos dias e dos anos, aquela escada foi se tornando cada vez mais longa e difcil para subir. Minhas pernas tremiam tanto que as vezes parecia que eu no iria conseguir subir. Descobri que conseguia subir a escada se comeasse a dizer nos primeiros degraus Om Cccix, subindo pela medula espinhal a cada degrau at alcanar o ltimo; ou ento eu repetia Om; com um degrau para Babaji e cada outro representando um Mestre. Somente assim eu conseguia subir. Quantas vezes durante esses anos pedi ao Mestre que deixasse outra pessoa acompanhar Rajasi na praia, mas ele sempre respondia: No confio em mais ningum alm de voc. Foi somente depois de 1948, quando a sade de meu corpo piorou, que o Mestre, para minha grande alegria, livrou-me dessa obrigao, pois agora havia mais rapazes discpulos vivendo na colnia, e eu podia pedir a um deles que descesse com Rajasi. Desde ento, no voltei mais para a praia.

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Os suprimentos de Rajasi, compras Renovar o estoque dos artigos de banheiro e comida para Rajasi no parece algo que fosse muito difcil, mas acabei descobrindo que tudo aquilo que ele utilizava era difcil de se conseguir ou s era vendido em algumas lojas especficas, e ento eu tinha que andar quilmetros de uma loja para outra, at encontrar o que ele queria, especialmente durante a guerra, quando as coisas eram mais difceis de serem obtidas. Acreditem-me, quando eu achava os itens, comprava uma grande quantidade deles. No aceitar dinheiro Quando cheguei pela primeira vez a Mt. Washington, alm de servir pessoalmente ao Mestre, eu fazia numerosos servios para muitas pessoas, e jamais me veio cabea a idia de aceitar remunerao por servios prestados. Em 1930, eu era muito amiga de um jovem casal que vivia numa cabana em Mt. Washington. (O V. L., agora o dormitrio dos monges da SRF.) Depois que se mudaram, ambos adoeceram ao mesmo tempo. Eles me chamaram para ajudar. Fui socorr-los at que pudessem se cuidar sozinhos. Quando terminei, eles colocaram uma nota de vinte dlares no meu bolso. Devolvi na hora, mas eles me deram novamente falando que ficariam magoados se eu no aceitasse, etc. Um lado de minha mente no queria aceitar, mas o outro, sim, pensando que eu poderia comprar um novo vestido para ir encontrar-me com o Mestre em San Diego, junto com Schramm, naquele final de semana. Ento, aceitei o dinheiro e sa. Quando falei para o Mestre como havia conseguido meu novo vestido e vrios outros itens, ele me disse algo que me fez nunca mais aceitar dinheiro na minha vida. No importa o que eu pensasse ou se os outros fossem ficar magoados, o Mestre me falou, com pacincia: Eu preferia que voc tivesse vindo me ver vestindo trapos, do que com um vestido novo, comprado com dinheiro aceito por um servio que foi feito para Deus. Nunca mais trajei aquele vestido novamente nem jamais voltei a aceitar dinheiro. O Mestre disse que no havia problema em aceitar presentes, mas dinheiro era diferente, porque iria parecer que estvamos nos alugando. Um presente, entretanto, era um gesto de carinho. Rajasi sabia que no recebamos salrio ou dinheiro, e ento queria me fazer umas gentilezas devido aos servios prestados, escondendo algum dinheiro num local onde eu pudesse achar. Depois que ele saa, eu encontrava o dinheiro, colocava num envelope e mandava-o de volta para ele, em Kansas City. Ele nunca mais repetiu esse gesto, mas, na poca de Natal, o Mestre permitia que ele desse para todos da casa uma nota de cinco dlares, novinha. Eu tambm era includa com o resto. O Mestre no queria que Rajasi desse dinheiro em qualquer outra poca do ano porque, conforme disse: Eles iriam se acostumar e passariam a pensar nele como um saco de dinheiro, ao invs do santo que ele realmente . Eu tinha que repassar essa informao delicadamente para Rajasi, sem ofend-lo, pois ele era muito generoso e gostava de ajudar a quem estivesse no caminho espiritual. O Mestre queria incutir na mente de todos os devotos uma profunda atitude de respeito com relao a Rajasi em todas as horas. Servial Rajasi tinha vrios empregados em sua casa, em Kansas City. Quando chegava ao eremitrio, algumas vezes se esquecia de onde estava e falava comigo como se estivesse dando ordens para algum de seus serviais. Foi nessa vez que eu realmente apreciei a maravilhosa sabedoria do Mestre, contida na lio: Quando a pessoa aceita dinheiro torna-se escrava de quem d. Como eu fiquei orgulhosa de encarar direto nos olhos de Rajasi e, sem raiva, poder dizer: Eu sou sua irm, sua condiscpula, e no sua empregada. Sem mais uma palavra, fui para meu quarto. Logo ele me chamava pedindo desculpas. Eu imediatamente apagava o incidente da memria e recomeava minhas tarefas onde havia parado. Rajasi era uma pessoa com enorme fora de vontade e determinao, ento usava essas habilidades para se corrigir sempre que encontrava alguma discrepncia em si mesmo. Ele sabia que esse seu jeito de falar era um de seus defeitos, e eu somente tive que repetir aquelas palavras umas poucas vezes, durante todos os meus anos de servio a ele. Tive muitas outras ocasies, no apenas com Rajasi, mas com outros tambm, para pr em prtica o maravilhoso treinamento do Mestre. A ltima vez foi depois que Rajasi deixou este mundo profano, em 1955. O inventariante de seu testamento me disse: Voc
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no foi mencionada no testamento do Sr. Lynn, e eu sei que prestou grandes servios a ele antes e durante sua doena. Se quiser qualquer quantia, dentro dos limites razoveis, eu tenho o poder de conced-la. Novamente, como fui grata ao Mestre por sua pacincia e princpios idealistas, bem como por sua confiana em mim, de modo que pude sinceramente responder: Eu me dediquei ao servio de Deus. Meus servios ao Sr. Lynn foram apenas uma parte dessa misso. Eu jamais poderia aceitar pagamento por esse servio. Apenas uma governanta Havia outra coisa que o Mestre sempre repetia para mim, durante meus muitos anos de servio a Rajasi: Eu no quero que voc seja apenas uma governanta. O Mestre muito raramente nos explicava o significado de suas frases. O motivo talvez fosse para ns aprendermos a captar o significado intuitivamente, dependendo menos de palavras externas. Devido a esse treinamento, poderamos receber suas instrues mesmo depois que ele partisse deste plano terreno para o seu lar eterno. Como eu no me considerava uma governanta, pois sentia que estava fazendo o que o Mestre queria de mim, no consegui entender o significado de suas palavras. Entretanto, aps eu haver retornado ao meu segundo perodo de permanncia no eremitrio, em 1948, fui um dia ampla cozinha onde os jovens discpulos, ainda crianas, comiam e tinham seus quartos, na parte norte do eremitrio. Quando passei pela porta da cozinha, comearam e me fazer perguntas espirituais. Quando os deixei, estava feliz por hav-los prestado um servio. Na hora que cheguei cozinha de Rajasi, e ele estava l, o significado das palavras no ser apenas uma governanta veio com muita fora minha mente. Com a alegria da compreenso, bati palmas e, em voz alta, respondi para mim mesma: Ento isto que o Mestre queria dizer por no ser apenas uma governanta. Tudo se havia tornado muito claro na minha mente. Imediatamente, voltei para as crianas e contei para elas que iria lev-las pelas mos e ser responsvel em passar para elas os benefcios da maravilhoso treinamento espiritual que o Mestre nos concedeu com tanta pacincia. Eu tambm daria aulas sobre as Lies aos adultos que viviam na colnia, toda segunda-feira noite, s quais as crianas tambm poderiam comparecer, e escrevi ao Mestre uma nota nesse sentido. Na prxima vez que vi o Mestre, ele disse com muita alegria: Voc est afinal fazendo justamente aquilo que sempre quis que fizesse. Mas o que mais me agradou foi o fato de voc ter tomado essa deciso por conta prpria. Fiquei aborrecida por algum tempo pelo fato de o Mestre haver pensado que eu no gostaria de fazer aquelas atividades antes, at que um dia disse ao Mestre que gostaria de esclarecer alguns mal-entendidos sobre as minhas razes. O senhor me disse que estava satisfeito por eu finalmente estar fazendo algo que gostaria que eu fizesse, com as crianas e as reunies semanais, etc. Por que no me falou antes que gostaria que eu fizesse essas coisas? No h nada que eu goste mais do que encorajar e incentivar a todos, contando as coisas que o senhor gentilmente fez para ns, mas sou muito tmida quando se trata de ensinar os outros em assuntos espirituais, pois no me considero digna para tanta responsabilidade e, alm do mais, j ouvi o senhor criticar certo homem por fazer reunies regulares com os meninos sem t-lo consultado primeiro. Portanto, no acho que tinha o direito de me adiantar sem seu consentimento. O Mestre respondeu: Aquele homem tinha outros motivos. Ele estava tentando competir com Rajasi, que estava meditando com os meninos. Nunca se compare com essa pessoa. Alm disso, no preciso que eu lhe pea coisa alguma; voc tem o direito de fazer qualquer coisa espiritual sem precisar pedir ou esperar que eu lhe pea. A timidez no tem lugar no mundo espiritual. Fiz as reunies sempre que possvel, toda semana que estava no eremitrio. Um dia, anos depois, o Mestre me censurou: Acho que voc no est mais fazendo aquelas reunies. Respondi com alegria: Sim, senhor, toda semana que estou aqui. Essa resposta afirmativa o agradou e aliviou, pois ele temia que eu tivesse parado com as reunies. Deveres de secretria Eu tambm secretariei Rajasi. Quando ningum mais ia para o correio, eu tinha que ir. Quando eu ainda no dirigia, precisava ir a p para pegar as correspondncias. Eu mantinha sua escrivaninha e papis em ordem. Aps ele escrever suas cartas, eu endereava os envelopes, pesava e colocava os selos

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e providenciava para que fossem enviados no incio da manh seguinte. Eu encomendava os selos e demais materiais de seu escritrio de Kansas City. Ele trabalhava principalmente durante a noite, em sua escrivaninha. Eu at fiz um breve curso de taquigrafia manual para anotar o que ele me ditava. Durante algum tempo, datilografei suas cartas. Em 1948, ele soube que Marjorie BenVau sabia taquigrafar, e a contratou para tomar anotaes e datilografar suas cartas para ele. Quando os BenVaus deixaram a cidade, Irmo Sarolananda, que era um prodgio na rapidez da escrita, assumiu essa tarefa, usando um estengrafo. Mas ele no ficou muito tempo no trabalho. Ento acabamos descobrindo que Brenda Lewis sabia taquigrafia. Ela foi contratada e fez o trabalho at a morte dele. Dessa forma, os negcios de Rajasi eram enviados por meio de cartas e por telefone at seu escritrio. Lavanderia Quando Rajasi vinha para ficar um longo perodo, eu tinha que mandar suas roupas para sua residncia em Kansas City, para que eles as lavassem e, depois, mandassem de volta, limpas. Isso me ajudava bastante, pois eu j passava e costurava. Fiz algumas peas que ele gostava de usar no eremitrio, mas que no usaria em Kansas City. Jardinagem Eu tinha que treinar os novos rapazes que foram selecionados para fazer servios pessoais para Rajasi, como a seleo de vegetais e frutas. Antes era eu que tinha que colher os vegetais do jardim, lav-los e cozinh-los antes do jantar. Prestao de contas Rajasi pagava seu prprio sustento durante suas estadas no eremitrio, conforme dizia: Gosto de coisas boas, mas elas so caras, e no quero sobrecarregar a SRF com minhas extravagncias. Ele era muito generoso e me dava muito dinheiro para comprar suas coisas. Aps, eu fazia uma prestao de contas. Ele no gostava disso, e dizia: Voc no precisa me prestar contas. Veja, estou rasgando esses papis sem nem mesmo olhar para eles, e se voc insistir em traz-los, continuarei rasgando. Logo, voc no precisa ter essa preocupao em me trazer as contas. Concordei com seu desejo, mas era extremamente cautelosa com seu dinheiro, pois sabia que ele era muito econmico, mas tambm sabia que gostava de boa qualidade. Algumas vezes, se eu no estava com minha prpria bolsa e comprasse algo para mim, sempre reembolsava o dinheiro, para que minha conscincia estivesse sempre tranqila de aceitar dinheiro, direta ou indiretamente, dele ou de qualquer outra pessoa. O Mestre tinha medo de que, por eu lidar com o dinheiro de Rajasi e viver no luxuoso eremitrio, eu acabasse desenvolvendo uma conscincia de suntuosidade. Durante o seu Samadhi exttico de junho de 1948, ele estava falando de mim Me Divina. Tomei notas e as transcrevo aqui: Eu tinha medo de que o luxo e o dinheiro pudessem estrag-la, mas agora sei que essas coisas jamais iro corromp-la. Uma lio de altrusmo Rajasi estava to acostumado em sempre conseguir de todas as pessoas o melhor de tudo que, quando foi pela primeira vez para Encinitas, tinha a tendncia de deixar o segundo melhor para o Mestre. Internamente, senti que o Mestre deveria receber o melhor e, ns, o segundo ou o que sobrasse. Essa atitude de Rajasi me perturbou muito. Quando j estava mais familiarizada com ele, pensei bem antes de falar algo, pois no poderia dizer exatamente o que pensava, visto que teria sido muito dura e ele agiria de forma oposta; tive ento que usar uma ttica diferente. Quando chegavam as frutas e vegetais, eu pegava a maior e melhor para o Mestre, mostrava para Rajasi e dizia: O Mestre vai gostar desta aqui, ou, Na ndia, o Mestre sempre recebe o maior, ou O discpulo que d o melhor de tudo ao Mestre recebe uma bno por agradar ao Guru. Dessa maneira, aposto que voc dar esta aqui para o Mestre. Dessa forma, ele recebeu a indireta e ficou ansioso para agradar o Mestre. Fazia questo de ser o primeiro a pegar a melhor e maior fruta e, orgulhosamente, me dizia: Esta aqui para o Mestre, ou Voc acha que o Mestre vai gostar desta aqui?, ou Esta a maior, mas aquela est mais
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madura, ento vou dar a ele uma grande e esta que eu acho que a mais doce. Eu rapidamente contava ao Mestre como Rajasi escolhia a melhor para lhe oferecer. Como agradou ao Mestre a atitude de seu pequenino! E eu tive a secreta satisfao de, acima de tudo, agradar ao Mestre e conseguir para Rajasi uma bno especial. Usar a razo e no a emoo com Rajasi Podia-se facilmente usar a razo com Rajasi e obter resultados. Embora fosse um homem de negcios bem sucedido, parecia-se muito a uma criana em seus maneirismos. Ele amava profundamente sua me terrena, portanto respondia mais prontamente a apelos maternais do que a emoes femininas. Incentivos maternos por suas boas aes em prol da organizao, do Mestre e de outras pessoas davam-lhe o estmulo para continuar a fazer sempre mais. A cura de resfriados Se eu pegasse um resfriado pouco antes da hora agendada para Rajasi chegar, o Mestre imediatamente me curava, para que eu pudesse estar pronta para cumprir minhas tarefas; mas se eu ficasse resfriada quando Rajasi no estava presente ou no estava planejado para chegar, minha gripe s terminava no devido tempo. Uma lio em negatividade Recebi um treinamento vigoroso do Mestre durante meus vinte anos de servio para Rajasi; tambm recebi um bom treinamento diretamente do meu servio para Rajasi. Eu tinha que ser extremamente cuidadosa nas coisas e na maneira que falasse sobre qualquer assunto com Rajasi, pois falar para ele com palavras ou pensamentos negativos era desastroso, visto que ele no suportava qualquer tipo de negatividade. Pedindo a ajuda de Rajasi para diferentes projetos A mim competia interceder entre o Mestre e Rajasi quando o Mestre precisava de fundos para seus diversos projetos. Eu conhecia o lado do Mestre na histria, mas tambm sabia o de Rajasi. Muitas vezes, estive numa encruzilhada, entre ter de pedir dinheiro para Rajasi, quando sabia que ele no poderia fornecer naquele momento em particular, e o meu profundo desejo de fazer o que o Mestre queria que eu fizesse. Algumas vezes, eu sentia que determinado projeto no iria funcionar, mas ainda assim meu desejo de agradar ao Mestre vencia, e l ia eu pedir apoio de Rajasi. Felizmente, apenas uns poucos projetos do Mestre falharam, mas pelo menos tive a satisfao de fazer tudo pelo Mestre e por Deus, sabendo muito bem que tudo que nosso Amado Mestre fazia era pelo trabalho e para Deus. Quando o Mestre me pedia para me aproximar de Rajasi e pedir verbas ou qualquer outra coisa, queria que eu o fizesse imediatamente, e voltasse logo com a resposta. Com o Mestre, tudo precisava ser feito com pressa e rpido. Ele freqentemente nos dizia que no tinha tempo para esperar. Rajasi era o contrrio. Ele atrasava e esperava, pois julgava dispor ainda de muitos anos pela frente para fazer grandes coisas pela SRF, financeiramente. Toda vez que o Mestre o abenoava, dizia: Voc ser abenoado com uma vida longa por fazer tanto pela SRF, mas Sat no gostava que ele estivesse fazendo pela obra salvadora da SRF e tentou det-lo antes que sua misso estivesse completa; mas, pela graa de Deus e do Mestre, ele a terminou e recebeu sua merecida recompensa. A vontade que o Mestre tinha de receber respostas rpidas raramente funcionava, pois Rajasi era homem de decises lentas. Ele tinha que pensar em como agir ou obter fundos, sem causar prejuzo a seus negcios. Eu sabia disso, ento perguntei ao Mestre se poderia tentar com minhas prprias palavras e na hora que eu julgasse apropriada. Expliquei ao Mestre que eu havia descoberto que se pudesse conversar com Rajasi na hora certa, teria mais xito, pois eu geralmente escolhia uma hora em que ele no estava com fome ou quando surgia uma oportunidade na conversa para puxar o assunto pretendido. Esse pensamento agradou ao Mestre e, daquele momento em diante, ele me pedia: Pergunte a ele

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com o seu jeitinho. Se uma palavra negativa, por mais sutil que fosse, entrasse sem querer na conversa, ou se eu no conseguisse manter a conversa num tom positivo, o negcio estava condenado. Eu precisava falar positivamente sobre as pessoas e as coisas o tempo inteiro. Dessa maneira, eu quase sempre conseguia uma resposta positiva ao apelo que o Mestre fazia atravs de mim. Aps a resposta, eu ia com toda a felicidade reportar o meu xito ao Mestre. Quo bem me lembro do dia em que Rajasi fez ao Mestre o dote para o eremitrio. O Mestre me abenoou muitas vezes por causa de minha participao no assunto. No Natal, o Mestre me deu um anel de opala australiana como recompensa por cuidar to bem de Rajasi. Quando o Mestre manifestava o desejo de meditar com Rajasi, eu precisava me desdobrar para encontrar o melhor horrio para ambos, normalmente antes de Rajasi ir para a praia, pois o Mestre costumava sair. Expresses utilizadas Rajasi no gostava da expresso Oh boy (Rapaz!). Eu tive que me livrar rapidamente desse hbito, pois ele me dizia o quanto detestava essa expresso. Mudei-a para Oh Joy! (Que alegria!). O mesmo com a palavra dam (droga, maldio). Essa era uma palavra proibida perto dele, e tambm tive que a cort-la do meu vocabulrio. Freqentemente, eu era colocada entre a cruz e a espada, por assim dizer, e tinha que perguntar ao Mestre se ele no podia designar outra pessoa para assumir meu lugar cuidando de Rajasi, mas o Mestre sempre dava a mesma resposta: O que voc faz para ele est fazendo para mim, no h diferena, pois estou tanto nele quanto estou no meu prprio corpo. Ou ento ele dizia: Eu tenho minhas razes para no designar outra pessoa. Agora sei quais so essas razes e agradeo ao Amado Mestre por depositar tanta confiana em mim. Transcrevo agora uma nota do Mestre para mim e uma para Rajasi.
7 DE MAIO DE 1942 Querida Duj: Sei que voc est cuidando bem do mais querido. Voc tirou uma grande responsabilidade de minhas prprias mos. Eu mesmo teria que providenciar que as necessidades dele fossem observadas. 7 DE OUTUBRO DE 1942 Duj tem sido to boa e estou to feliz que o trabalho dela por voc est sendo feito corretamente. P.Y.

Nos primeiros anos aps a construo do eremitrio, as visitas de Rajasi eram espordicas e curtas, mas com o passar do tempo ele conseguiu homens mais capazes para cuidar dos negcios durante sua ausncia, e ento ele pde vir mais freqentemente e ficar por longos perodos. Aps a sua doena quase fatal em 1946, ele passava os trs meses mais quentes e os trs meses mais frios de Kansas City no eremitrio. Ao longo desses anos, eu tinha de largar tudo o que estivesse fazendo, no interessa o quanto fosse importante para a SRF, a fim de cuidar de Rajasi quando ele chegava. A no ser que o trabalho que eu estivesse fazendo fosse em Encinitas, pois ento podia atender s duas coisas alternadamente. Eu s retomava as minhas atividades, no ponto em que as interrompera, quando ele voltava para Kansas City. As previses feitas pelo Mestre em 1948 De 1936 a 1948, servi a Rajasi sozinha com muito pouca ajuda dos outros. Eu fiz todas as tarefas leves e pesadas at a meditao de Natal de 1948, em Mt. Washington. O Mestre estava em Samadhi, fazendo diversas previses a respeito da vida de diversas pessoas que estavam presentes. De repente, ouvi meu nome ser mencionado, e o Mestre dizendo: Duj, a Me Divina a abenoou muito hoje, o seu trabalho est terminado. Embora eu soubesse o que ele queria dizer, fui depois perguntar, quando estvamos sozinhos, o que ele quis dizer com haver terminado meu trabalho. Ele respondeu: Eu quis

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dizer o seu trabalho manual pesado, mas voc ter que continuar no trabalho de um modo diferente. Daquela poca em diante, eu recebia ajuda para todos os trabalhos pesados. Primeiro, contei com Eugene BenVau, que trabalhava no jardim, para carregar todas as cargas, colocando e retirando do carro, colher os vegetais e lav-los. Marjorie, sua esposa, limpava o apartamento e fazia anotaes de suas palavras. Quando eles deixaram a cidade, houve outros que fizeram esse trabalho. Irmo Sarolananda colhia os vegetais e fazia o trabalho pesado junto com Bhaktananda e outros. No importa aonde eu fosse, sempre tinha ajuda para fazer essas coisas. Ainda, estou colhendo at hoje o benefcio dessa Divina Bno do Mestre e da Me Divina. Os hbitos alimentares de Rajasi Rajasi era muito rgido em relao a seus hbitos alimentares, a ponto de fanatismo, criticando os outros que no aderiam estritamente a qualquer sistema saudvel de alimentao. Se algum me desse um pedao de doce, torta ou bolo, eu o comia no santurio do meu quarto ou no outro lado do eremitrio, para evitar suas crticas. Durante todo o dia, Rajasi se alimentava sempre que sentia fome. Sua primeira ingesto, aps os exerccios matinais, eram: se fosse a estao das frutas ctricas, eu preparava vrios copos de suco de toronja coado; mais tarde, ele bebia ainda vrios copos de suco de laranja. Nas outras estaes, comia meles. Eu cortava essas frutas at encontrar uma que fosse muito doce para lhe dar. Ele bebia ainda suco de cenoura, que eu preparava bem fresco todos os dias, quase dois litros de cada vez; ainda tomava outro copo antes de ir dormir. Ou ento eu preparava um grande copo de suco de verduras com polpa, batidas no liqidificador, com suco de cenoura ou de laranja como base, e um pedao pequeno ou uma certa quantidade de vrios vegetais frescos, colhidos no jardim, adicionando amndoas ou castanhas. Ou ele bebia leite de cabra com mel, tmaras frescas ou um maravilhoso xarope de boldo fresquinho, ou soro de leite preparado com suco de abacaxi. Quando as frutas estavam maduras, eu as descascava, com ele de p perto da pia, e ele comia uma verdadeira refeio de pssegos, figos, cherimoyas e mangas, dependendo de qual fruta estava na estao. Eu experimentava um pedao de cada fruta para ver se estava suficientemente doce para ele e, se no estivesse, eu terminava de com-la e procurava uma mais doce. No havendo frutas frescas da estao, ele comia frutas secas, como uvas passas, figos ou tmaras com nozes. Na estao do milho, eu raspava o milho do sabugo e ele o comia imediatamente. Ele tambm gostava de milho cozido. No gostava de comprar nozes sem casca, exceto as importadas, j que no dava para evitar, mas as nozes locais deviam ser frescas e na casca. Eu tinha de quebr-las enquanto ele comia. A sua nica comida cozida era no jantar, sem horrio e quando ele quisesse. Consistia em alguns vegetais cozidos de maneira bem simples, com muito pouco sal ou manteiga, pois no gostava de cebolas, alho ou condimentos picantes. Quando deixei os curries apimentados e outros pratos deliciosos do Mestre para cozinhar para Rajasi, tive que me conformar com seu gosto simples de comer. Era um contraste to grande que levei vrios dias para me ajustar; a comida parecia to insossa. Rajasi gostava dos curries do Mestre e os comia com as bnos dele. Na verdade, eu cozinhava duas refeies, uma de vegetais simples para Rajasi e uma poro cozida separadamente, com cebolas e condimentos, para mim. Rajasi naturalmente sentia a fragrncia dos condimentos e pedia para provar um pouco. Uma pequena poro era timidamente colocada diante dele. O resultado dessa pequena amostra geralmente terminava com Rajasi comendo todo o meu saboroso prato e eu tendo que comer seus vegetais simples e inspidos. Ento eu lhe perguntava se gostaria para o dia seguinte que eu fizesse algo diferente, e ele respondia: No, apenas cozinhe como sempre. Ele gostava de comida crocante, especialmente com arroz cozido. Como no bebia junto com as refeies, apreciava caldos e molhos, mas no gostava que fossem misturados com trigo ou maisena; ento, eu usava farinha de castanhas, compradas nos mercados chineses. Em geral, no comia po mas, de vez em quando, aceitava po de leite, ou tortilhas de milho, ou po de milho torrado no forno com um suave queijo derretido. s vezes, comia uma salada de vegetais crus com um molho que eu fazia em casa. Ele no gostava de falar durante a refeio. Mastigava to bem a comida que freqentemente levava uma hora e meia at duas horas para comer sua refeio. Ele nunca dizia se gostava ou
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no dos alimentos cozidos. A nica maneira de saber se havia gostado era quando repetia o prato ou ento, caso no gostasse, deixava o prato de lado; ou ainda quando, no dia seguinte, sugeria: No coloque isto ou aquilo. Aps muitos erros e tentativas, aprendi quais eram os alimentos que ele gostava ou no. Atrevo-me a dizer que essa alimentao saudvel ajudou meu corpo, minha mente e meu treinamento espiritual, pois as comidas puras e naturais ajudam o poder de reflexo da pessoa. Sou grata por aqueles dias de alimentao natural e por Rajasi cultivar os vegetais e frutas, providenciando os recursos para que eu, juntamente com ele, aproveitssemos os benefcios da boa comida, de alta qualidade, para que este corpo continuasse a servir o Mestre, a Deus e o trabalho da SRF. O amor do Mestre por Rajasi Eu recebia minha maior recompensa quando o Mestre chegava para visitar Rajasi. Eu estava presente em muitas discusses espirituais maravilhosas e recebia suas bnos, alm da alegria de presenciar o amor expresso entre uma alma semelhante a Cristo e a de um santo. Eles tinham um amor enorme um pelo outro. O mundo jamais viu um amor to grande quanto aqueles olhos do Mestre, quando olhava para o seu Pequenino. Esse amor poderia ofuscar at mesmo a ternura do amor de uma me em face do seu recm-nascido, pois esse amor era incondicional e vinha diretamente do Divino. O Mestre diz que eu sofro pelo carma alheio O Mestre tambm dissera que Rajasi iria sofrer pelo carma dos outros, pois ele estava incomparavelmente fazendo muito para divulgar o trabalho. O Mestre disse para mim que tambm eu assumiria o carma dos outros. Em 1950, enquanto estava em Mt. Washington, falei com o Mestre: Eu no compreendo, senhor, j faz um longo tempo que venho sonhando que estou limpando a casa ou o quarto de outra pessoa, ou que estou fazendo isso ou aquilo por algum. O Mestre respondeu: Que bom, que bom, que bom, isso significa que voc est pelo menos ajudando alguma pessoa. Um pouco antes de seu Mahasamadhi, eu estava falando com ele ao telefone e perguntei: O senhor me falou sobre esses sonhos de eu estar ajudando outras pessoas; isso significa que eu sofrerei em meu corpo para ajud-las? Ele respondeu: Sim. Eu sei at que ponto e o quanto eu assumo o sofrimento alheio, mas eu tambm sei quando o sofrimento meu prprio. O Mestre me avisa que Rajasi corre perigo J no incio do vero de 1951, o Mestre freqentemente me dizia que a vida de Rajasi estava em grave perigo e que Sat estava tentando destruir o corpo dele. Quando perguntei por que Sat estava tentando fazer isso, ele respondeu: Porque ele tem feito muito pelo trabalho e est ajudando um monte de almas a voltarem para Deus, como Seu instrumento divino. Por isso Sat quer destruir seu corpo, para ele no fazer mais isso. Rajasi no pde ir para a festa de aniversrio do Mestre em Mt. Washington, em 1952. Ele no estava resfriado e no havia sinal algum de doena, dores ou qualquer coisa de errado. Sua face era sempre to corada e saudvel, mas dessa vez parecia plida. O Mestre me fala de sua encarnao como Arjuna No dia 6 de janeiro de 1952, aps o aniversrio do Mestre, Rajasi no estava se sentindo bem, ento o Mestre foi ao eremitrio para v-lo. O Mestre chegou na noite anterior mas, porque j era tarde, disseme que no contasse a Rajasi que j havia chegado, pois iria v-lo na manh seguinte. Na manh seguinte, o Mestre me chamou a seus aposentos e perguntou onde Rajasi estava, dizendo: No conte pra ele, quero lhe fazer uma surpresa. Rajasi estava sentado em sua cadeira reclinvel, na sua sala, olhando pela janela, de costas para a porta aberta. O Mestre parou perto da porta, olhando pra ele; Rajasi sentiu a presena de algum na porta, olhou ao redor, pulou da cadeira, envolveu o Mestre com seus braos, e os dois se abraaram por longo tempo. Rajasi levou o Mestre para a cadeira onde estava sentado antes, e fez o Mestre sentar-se nela. Ento puseram-se a conversar por
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muito tempo, de mos dadas. Aps um tempo, Rajasi teve que deixar a sala por alguns momentos. Naquela preciosa ocasio, o Mestre me perguntou: Quem voc acha que eu fui no passado distante, quem melhor poderia ter escrito o Gita nesta vida? Alguns anos antes, eu havia perguntado ao Mestre se ele havia sido Arjuna, mas ele no respondera, porque naquela poca ainda no estava pronto para divulgar esse segredo. Mas agora, aps o Mestre haver perguntado, respondi: Vyasa, o escritor do Gita. O Mestre disse: No, mas eu me lembro que voc me perguntou anos atrs se eu fui Arjuna. Ento, exclamei com muita alegria: O senhor foi Arjuna! Ele sorriu e disse: Sim. Ento perguntei se Rajasi estava com ele naquela poca. O Mestre respondeu: Sim, ele foi um dos gmeos, o positivo, Nakula. Ele era meu irmo favorito e eu o amava mais do que a qualquer outro. Eu tambm era seu Guru naquela poca. Krishna era meu guru, e Babaji, tendo sido Krishna, ainda meu guru. Sri Yukteswar foi meu guru por procurao de Babaji. Ento perguntei se eu estava tambm com ele naquela poca, e ele, olhando para mim, disse: Claro que estava. Perguntei se eu era homem ou mulher. Ele respondeu: Voc foi mulher, alis voc tem sido mulher por longo tempo, e continuar sendo por muito tempo ainda. Eu ainda perguntei quem fui, mas ele respondeu: Eu no tenho que lhe contar tudo. Ento eu disse: Suponho que eu tenha sido uma das mes que foi procurar por seu amado filho que tombou no campo de batalha. O Mestre sorriu e ento Rajasi retornou para a sala. Logo aps, o Mestre partiu para Twenty-Nine Palms. O Mestre me fala de suas preocupaes Rajasi precisou voltar para Kansas City durante o ms de janeiro de 1952. Aps lev-lo para o aeroporto, permaneci em Mt. Washington por vrios dias. O Mestre estava l e tivemos uma longa conversa. Ele repetiu suas preocupaes quanto ao trabalho e sade de Rajasi, expondo mais uma vez seu medo de que Sat tentasse destruir o corpo de Rajasi. O Mestre disse: Ele sempre atrasa, atrasa, porque pensa que ainda tem muito tempo para fazer as coisas pela SRF, mas no tem: Sat est tentando destruir seu corpo. Lgrimas rolaram pelas mas de seu sagrado rosto. Ele acrescentou: Eu no seria capaz de viver na terra sem ele. Se ele partir primeiro, deixarei meu corpo conscientemente. Ningum seria capaz de suportar as lgrimas dessa amada alma sem tambm acompanh-lo. Ele enxugou suas lgrimas e comeou a me falar: Meus dias, sim, at mesmo as horas de minha vida esto contadas, Duj, eu no posso mais apelar para ele. Duj, escreva para ele, diga-lhe que ele nasceu para doar a este trabalho um milho ou mais de dlares, para que a obra possa continuar depois que ns dois partirmos desta terra. Pela mesma razo, ele no teve filhos, para que esta obra e todos aqui fossem os seus filhos. Diga para ele como este trabalho ficaria rfo se ele e eu formos ambos embora, pois nossas trs vidas; a sua, a dele e a minha esto igualmente correndo o mesmo perigo. Se ele deixar segurana para este trabalho continuar depois que partirmos, talvez isso possa estender nossas vidas por um perodo maior de tempo. Meu corao ia ficando pesado medida que minha mente absorvia cada palavra e ia penetrando at o mais ntimo de minha alma. Isso tudo, entretanto, sem que soubssemos, foi apenas o incio de uma srie de sofrimentos para ns. Prometi ao Mestre que iria escrever para Rajasi aquelas exatas palavras, to logo voltasse para Encinitas, sobrando assim tempo suficiente para deixar Rajasi ter a chance de assimilar seu contedo antes que ele retornasse em fevereiro. O Mestre falou repetidamente: Estou to preocupado com a sade dele, Duj, cuide bem dele. Aquela foi a ltima vez em que vi meu doce Amado Mestre com vida, ao v-lo partindo para TwentyNine Palms. Voltei ao eremitrio a fim de deixar a casa pronta para a chegada de Rajasi. Escrevi aquela carta de apelo e mandei pelo correio, para que ele tivesse uma semana antes de chegar a Encinitas. Rajasi chegou uma semana antes de partir para San Francisco, para uma das convenes do 25 aniversrio de uma das suas companhias, em 20 de fevereiro de 1952. Rajasi no disse uma s palavra sobre a carta, mas isso no chega a ser surpresa, pois ele nunca dizia nada, preferindo agir.

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Minha conversa com o Mestre em maro de 1952 Quando o Mestre voltou a Mt. Washington, no incio de maro, para os preparativos da recepo ao embaixador da ndia, ele me ligou para que eu chamasse os Lewis para acompanh-lo na recepo, e acrescentou: Por que voc tambm no vem? Eu respondi: Sim, irei se o senhor desejar. Ele respondeu: No, melhor voc ficar a e cuidar bem dele. Naquela mesma conversa, eu lhe falei que havia escrito a carta para Rajasi e tudo que o Mestre disse foi: tarde demais. Eu no sabia o que ele quis dizer com isso. Tambm contei que Rajasi estava pensando em comprar uma grande fazenda no deserto para negcios que iriam trazer lucros para a SRF e perguntei se ele gostava da idia. Normalmente, o Mestre era cheio de entusiasmo, mas dessa vez ele s deu como resposta um vagaroso sim, mas tambm disse: Diga-lhe para no comprar um lugar muito grande. Ento, falei que Rajasi poderia alugar um local primeiro, esperando at que comprasse a fazenda e construsse algo nela. Ele respondeu: Faa com que o proprietrio pinte o interior da casa primeiro antes de alugar; eu no quero que ele v para uma casa suja. At mesmo naquele momento nosso Amado Mestre pensava no conforto de Rajasi. (Veja o arquivo de Borrego Springs para mais detalhes.) No tenho como expressar o profundo sentimento de desnimo que me acometia a mente, o corao e a alma, ao mesmo tempo em que sentia uma vontade imensa de ver o Mestre novamente. Perguntei a Rajasi se poderamos ir ver o Mestre, e ele respondeu: Sim, to logo a visita do embaixador tenha terminado e o Mestre no estiver to ocupado, ele ter mais tempo para nos ver; iremos assim que o embaixador for embora. O Mestre telefonou algumas vezes durante esse tempo. Numa das vezes em que ligou, eu atendi. Ele me contou algumas coisas sobre o embaixador e perguntou se poderia falar com Rajasi, dizendo-me que eu poderia ouvir a conversa na extenso, caso ele tivesse alguma coisa extra para me dizer. A voz do Mestre se revestiu de um tremor lacrimoso quando disse a Rajasi: Voc sabe que eu daria qualquer parte ou at mesmo a minha vida inteira para prolongar a sua. Nem consigo dizer como aquelas palavras calaram fundo em meu corao, mas eu no conseguia entender por que me senti daquela maneira, pois o Mestre j tinha falado daquele jeito muitas vezes, s que nessa ocasio parecia algo definitivo. Mas, na prxima vez que ele ligou, era a pessoa feliz de sempre, e falou com entusiasmo e alegria sobre como o embaixador tinha sido respeitoso com ele e como estava satisfeito com tudo. No havia trao na sua voz ou jeito de expresso daquela tristeza de antes. Ento tirei da mente qualquer pressentimento que tivera. A notcia da morte do Mestre Naquela fatdica noite de 7 de maro de 1952, ao redor das 21:45 h, Rajasi e eu estvamos sua escrivaninha quando o telefone tocou. Eu atendi, era a operadora perguntando se eu aceitava uma ligao a cobrar de Herbert F., de Phoenix. Eu estava disposta a recusar, pois Herbert tinha o hbito de ligar de Phoenix pedindo dinheiro, e pensei que ele ia fazer isso dessa vez. Herbert estava pedindo operadora: Por favor, pea para eles aceitarem. Falei com Rajasi e ele disse: Vou atender. Ento, percebi a expresso de Rajasi ficar sombria e ele falou: O Mestre se foi e me passou o telefone. Eu falava para Herbert instruir os discpulos presentes com o Mestre para ficarem repetindo Om no ouvido dele e no pararem, devendo nos ligar em seguida para dizer se o Mestre estava bem. Algum tempo depois, o Sr. Fredericks nos ligou e atendi o telefone com a esperana de ouvir boas notcias, mas ao invs disso ele me falou que os mdicos presentes no hotel atestaram sua morte. Desliguei o telefone e, desde a mais profunda regio de minha alma, comecei a chamar o Mestre, gritando Om e, em minha agonia, fiz um comentrio mal-educado para Rajasi: Eu queria ver o Mestre, mas no, voc quis esperar, voc sempre espera. Mais tarde, recordei-me do que o Mestre nos contara quando seu prprio Mestre deixou esta terra: A Me Divina sabia que no iria atender minhas preces para segurar o Mestre na terra por mais tempo, por isso Ela me impediu de estar l quando ele entrou em Mahasamadhi. Acredito firmemente agora que foi a vontade da Me Divina que Rajasi no estivesse l com o Mestre, e colocou o pensamento na sua cabea para esperar. A Me sabia do profundo amor do Mestre por Rajasi e no queria deixar o Mestre ficar mais tempo neste planeta mundano. Rajasi nada respondeu a meu

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comentrio, ele estava em torpor, deitado no div, sem derramar uma lgrima. Ele se levantou e tentou me consolar, j que minhas lgrimas jorravam abundantes. Liguei para a famlia Lewis que estava dando uma palestra ou aula na igreja de San Diego. Pobre Sra. Lewis, tudo o que consegui dizer ao telefone foi: O Mestre se foi, Mama, o Mestre nos deixou. Ele dizia repetidamente: Controle-se, o que voc est tentando me dizer? Quando voltaram para casa, eu lhes contei o que havia acontecido. Fizemos os preparativos para ir de carro at Mt. Washington, eles no seu carro, Rajasi e eu no nosso. Rajasi disse: melhor que eu dirija, voc no est em condies. No me importei, porque realmente no acredito que teria enxergado alguma coisa na estrada naquela noite. Chegamos l ao redor das 4 da manh, porque Mt. Washington esperou para nos contar que, quando samos, o Mestre j estava de volta para seu quarto. Ns quatro tomamos o elevador no trreo. Quebrei o profundo silncio, dizendo: Mama, eu daria qualquer coisa se pudssemos entrar no quarto do Mestre e encontr-lo sentado na beira da cama, balanando as pernas para nos saudar, mas isso no aconteceu. Como se pode escrever acerca da incomensurvel da tristeza que atinge to profundamente a alma, que nem mesmo um sussurro consegue ser pronunciado? Aps expressar minha tristeza exteriormente, sentei-me ao lado de sua cabea e acariciei seu divino rosto silencioso, quando uma paz serena baixou sobre mim como um cobertor de conforto. Todos os que estavam presentes no quarto naquela hora disseram que tambm sentiram a mesma paz. Foi nesse momento que pude ver e apreciar o sorriso bem-aventurado que reluzia em sua sagrada face, suas mozinhas e ps ainda estavam macios e flexveis. Mesmo ento Rajasi no derramou uma lgrima. Algumas pessoas so assim, as lgrimas no conseguem brotar no momento em que seriam um alvio, mas podem surgir de repente. Tentando trazer o Mestre de volta Nenhum dos discpulos ntimos queria que o Mestre j fosse levado para Forest Lawn. Queramos fazer uma ltima tentativa para termos absoluta certeza de que ele no estava apenas em samadhi. Decidimos que cada um de ns iria repetir o mantra que o Mestre havia ensinado, para traz-lo de volta conscincia do mundo exterior no caso de ele entrar em samadhi profundo. Eu fui a primeira e, aps repetir o mantra algumas vezes, ouvi a voz do Mestre dizer: Por que voc quer me trazer de volta a esta velha carcaa? Respondi mentalmente: Porque somos egostas, senhor. Ele acrescentou: Duj sempre diz a verdade. Mas tive a plena convico de que ele no iria retornar para ns, e cada um sentiu a mesma coisa que eu. No sei se tambm ouviram a voz do Mestre, mas sei que Rajasi nos contou que o Mestre lhe dissera: Eu sou Om, tudo Om, voltarei no seu corpo e na conscincia de todos. J que agora ns todos tnhamos certeza, deixamos os homens do cemitrio lev-lo para a preparao dos servios em nossa capela. Rajasi quis retornar para Encinitas durante os poucos dias em que o Mestre estaria longe de Mt. Washington. Voltamos para os servios. Mais tarde, Rajasi nos falou sobre a cerimnia: Eu no conseguia falar, as palavras no saam, ento orei para o Mestre pedindo: Ters que falar atravs de mim, no consigo pronunciar as palavras. Imediatamente a voz de Rajasi soou com tanta fora que todos perceberam: sabamos que o Mestre estava falando atravs de Rajasi, pois sua voz era naturalmente baixa e mansa, muito diferente daquela que havia acabado de falar a todos ns. Que palavras existem para expressar nosso sentimento na ltima vez em que olhamos a face divina que amvamos to profundamente? Aps tudo haver terminado, nosso nico consolo eram as palavras que o Mestre nos dizia com freqncia: Irei na frente para preparar um bom lugar para todos vocs, no qual iremos nos encontrar numa glria maior. Os primeiros sinais da doena de Rajasi Aps os servios, voltamos para Encinitas. Rajasi descansou por alguns dias. Uma noite, ele trabalhou em algumas reportagens sobre a SRF por duas horas. Aps ter ido para a cama, recebemos uma ligao interurbana para ele. Eu o chamei, mas ele no pde entender o que a pessoa estava dizendo. Finalmente, o Sr. Wieder, de Kansas City, falou: Voltarei a ligar amanh. Pensava que a conexo teleUma Trilogia do Amor Divino 60

fnica estava ruim. Nem consigo dizer o pesado sentimento que me acometeu aps aquela reao de Rajasi ao telefone; era como uma nuvem negra de mau agouro pairando sobre minha cabea e percorrendo todo o eremitrio. Na manh seguinte, ele parecia muito diferente e cheguei a pensar que eu havia apenas imaginado coisas, ou que meu sentimento poderia ter sido apenas um reflexo da minha tristeza pelo fato de o Mestre haver nos deixado. Rajasi voltou para Kansas City em maio, retornando em julho para nossa Conveno. Novamente ele no foi capaz de discursar na confraternizao no jardim e teve que se desculpar. Pensei que ainda estava abalado pela morte do Mestre e pelo manto que agora estava sobre seus ombros. Aps voltarmos ao eremitrio, comeou a ficar cada vez pior. Eu no conseguia entender por que ele piorava, pois no sentia dores, mas sua mo direita no conseguia segurar objetos. Eu tinha que aliment-lo e, certa manh, ele me chamou para ver se eu conseguia fazer parar o sangramento no seu ouvido, que ele cortara enquanto se barbeava. Precisei de muito tempo para estancar o sangue. claro que, mais tarde, entendi o porqu. O tumor estava pressionando o sangue at a ferida aberta. Aps aquele incidente, eu temia que ele pudesse se cortar com gravidade. Ento comecei a fazer sua barba diariamente, at que ele foi para o hospital. Consultei o Dr. Lewis acerca da condio de Rajasi, e ele me aconselhou a ligar para o Dr. Novac. Esse mdico conversou com Rajasi. Pensou que talvez fosse um pequeno derrame e que logo melhoraria; disse-me que voltaria em poucos dias. Eu tinha lido que, s vezes, os santos no conseguem segurar metais, etc. quando se encontram num elevado estado de conscincia, e desde que o Mestre dissera que passaria seu manto espiritual para Rajasi, pensei que essa poderia ser a razo de todo o seu mal-estar. Quando o Dr. Novac retornou, viu que Rajasi estava piorando e ento perguntou se poderia trazer um amigo seu que era especialista nessa rea e que iria passar alguns dias com ele em sua casa, em Rancho Santa F. Ele iria traz-lo ao redor das 10 da manh no dia seguinte. Rajasi consentiu e no decurso daquele dia eu podia ver que todo o seu lado direito estava progressivamente pior. Naquela noite, no ousei deix-lo sozinho e fiquei sentada o tempo inteiro no lado de fora do seu quarto, bem perto da porta, para o caso de ele cair e precisar de mim. Eu mal podia esperar para o mdico chegar na manh seguinte, pois tive que ajudar Rajasi a ir ao banheiro diversas vezes durante a noite, e pude constatar que ele estava cada vez pior. Eu j havia sentido uma profunda apreenso, antes mesmo de saber o problema que lhe acometia. Durante o dia, tive a intuio de preparar uma bagagem para ns dois, para o caso de precisarmos repentinamente ir para o hospital. Rajasi vai para o hospital pela primeira vez O Dr. Raney me contou, aps examinar Rajasi no dia 13 de agosto de 1952, que era um tumor cerebral progredindo rapidamente, e que quanto mais rpido o levssemos para o hospital, melhor. Se o irmo dele julgasse necessrio, talvez naquela mesma noite teriam que realizar uma operao, pois talvez fosse questo de horas para Rajasi se manter vivo. Liguei para a famlia Lewis e eles se ofereceram para nos levar at Los Angeles, para o Good Samaritan Hospital. Felizmente, eu tinha dado ouvidos minha intuio e j tinha deixado tudo pronto para viajar, porque naquele momento minha mente rodopiava e a sensao de peso em meus pensamentos havia voltado mil vezes mais intensa. Aps os mdicos sarem, fui ver Rajasi, mas quando vi a expresso em seu pobre e triste rosto, tive que me virar e sair do quarto por alguns instantes, pois senti medo de irromper em lgrimas justo num momento em que ele mais precisava de coragem. Controlando minhas emoes, entrei para ajud-lo a ficar pronto para partir imediatamente para Los Angeles. Esse era o segundo grande baque em nossas vidas, e apenas cinco meses aps a perda de nosso Amado Mestre. D para imaginar o estado mental em que nos encontrvamos. Rajasi passou por uma srie de exames naquela noite para localizar o tumor e, na manh seguinte, o sobrinho favorito de Rajasi, Eugene Lynn, que era como um filho para ele, e o Sr. Challinor, o seu brao direito nos negcios, lhe fizeram uma visita. Challinor no queria que ele fosse operado at que fossem consultados diversos especialistas, ou se a vida de Rajasi estivesse correndo grave perigo. Ns tnhamos a garantia que os irmos Raney eram os melhores mdicos do pas.
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O Dr. e a Sra. Lewis tiveram que tomar o trem de volta para Encinitas, aps nos deixarem no hospital. Na estao, Dr. Lewis encontrou seu mdico de San Diego e lhe perguntou se conhecia os Drs. Raney. Esse mdico lhe disse que eles so os melhores do pas. O Dr. Lewis ficou to aliviado que me ligou ainda da estao para dar essa boa notcia. Rajasi foi operado em 14 de agosto de 1952, entre as 15:30 e 18:30 h. Sua vida foi poupada pela graa e auto-sacrifcio do Mestre. Permaneci com ele em seu quarto privativo durante todos os dias at tarde da noite, pois as enfermeiras no conheciam seus hbitos higinicos e alimentares, o que ele gostava e no gostava, e eu pude cuidar dele, enquanto elas iam almoar ou tratar de outras tarefas. Ele tinha trs enfermeiras particulares se revezando em trs turnos. Eu cuidava das flores tambm, apesar de serem as enfermeiras quem deveria fazer isso, mas elas eram muito negligentes e ele no gostava do odor de flores velhas. Eu fazia sucos frescos de cenoura e outros vegetais em Mt. Washington, e levava para ele diariamente, ou lhe trazia frutas de Encinitas. O hospital no permitiu qualquer visita por longo tempo, apenas eu, seu sobrinho e Challinor. Foi quando eu me familiarizei com Eugene Lynn. Ele amava Rajasi como a um pai. Ficou do meu lado durante todas essas provaes e ns choramos, conversamos e rimos juntos. Cultivamos uma profunda amizade em nossa ansiedade mtua. Ele um bom rapaz, emotivo e no tem vergonha de verter lgrimas. Certa vez, ele me contou: Srta. Darling, no digo isso para bajul-la, mas nem consigo dizer o quanto aprecio tudo o que est fazendo para o Tio Jimmy, como ele tem sorte de contar com uma pessoa to boa quanto a senhora para cuidar dele. Tudo o que eu pude dizer que era um enorme privilgio poder servir uma alma to santa. Todos os dias, Rajasi tinha algumas vises novas para me contar, o que por si j fazia os meus dias no hospital valerem a pena, sem falar que eu estava prestando servio a um santo. Ele dizia com freqncia: Vocs no sabem como o Mestre est atento a todos vocs, ou: O Mestre est mais com vocs agora do que jamais esteve, o que nos encorajava e trazia o Mestre para mais perto de nossas mentes. Acreditem-me, fiquei feliz quando ele saiu do hospital aps um ms de permanncia. Os Lewis vieram para nos levar de volta ao eremitrio. Tratamentos com raios-x Os irmos Raney aconselharam para Rajasi uma srie de tratamentos com raios-x e escolheram um bom mdico em La Jolla, para que no ficasse muito longe para ir e voltar. Aps uma semana de descanso, ele comeou os tratamentos. Eu o levava de carro cinco dias por semana durante trs meses (leia tambm a biografia de Rajasi para outros detalhes). Aps o Mahasamadhi do Mestre e o primeiro ataque de Rajasi, ele alugou uma casa em Borrego, onde ficou at maio. Naquela poca, aps as sesses de raios-x, amos de carro nos finais de semana para Borrego, que ele tanto amava. Fogo no apartamento de Encinitas Em novembro, fomos ao seu tratamento usual das sextas-feiras e, do consultrio do mdico, fomos direto para Borrego. Na tarde seguinte, os Lewis apareceram inesperadamente na fazenda. Fiquei surpresa ao v-los e pensei que tinham vindo apenas para uma visita, mas na verdade eram portadores de ms notcias, pois contaram que houve um incndio no apartamento de Rajasi. Eu havia deixado o cobertor eltrico ligado na quinta-feira noite; contudo, ele estava bem espalhado por cima de uma cadeira, no canto do quarto. Na sexta tarde, depois que samos, Yoshio Hamada foi limpar o apartamento e amontoou o cobertor em cima da cadeira para poder passar o aspirador em baixo. J estava muito quente e, sem o ar circulando, pegou fogo no incio da manh. Nina, que morava na parte norte do eremitrio, levantou-se cedo para apagar as luzes do corredor do escritrio. Ela ouviu um barulho constante de campanhia e ligou alarmada para o Dr. Lewis, que veio imediatamente e com grande dificuldade conseguiu apagar o fogo com o extintor.

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A fumaa fez a maior parte do estrago. Eu tinha instalado um boto eltrico na cama de Rajasi, conectado a uma campanhia na sala, para o caso de ele precisar de mim e no conseguir chegar ao interfone, que ficava sobre a cmoda, longe da cama. Os fios ficavam embaixo do local onde comeou o fogo. Quando as chamas chegaram aos fios, o alarme disparou, chamando a ateno de Nina, que pde ligar para o Dr. Lewis, cuja ao rpida salvou o eremitrio inteiro. Mildred Lewis nos aconselhou a permanecer em Borrego, pois o apartamento estava em estado deplorvel. Ela, o Doutor, o Sr. Slavos e outra pessoa retiraram todas as coisas do apartamento para fazer a limpeza, at o meu quarto foi atingido. Pensei que poderamos ficar na parte norte, mas Rajasi no gostaria. Tive de ir de carro, de Borrego para La Jolla, cinco dias por semana. Preciso dizer que ficava feliz quando chegava o fim de semana, pois no tinha de viajar 320 quilmetros por dia. Voltamos para Borrego aps o Natal (vejam o arquivo sobre o Natal, para mais detalhes) e permanecemos l at que o apartamento ficasse pronto. A Sra. Lewis, abenoado corao, foi muito bondosa, arrumando tudo para mim e fazendo o trabalho pesado da mudana, limpeza, pois era preciso tirar a fumaa de cada centmetro do lugar. Que belo trabalho realizado por ela! A companhia de seguros de Rajasi pagou a indenizao. Recordo-me de Rajasi falando para a Sra. Lewis e o Doutor: Quero o melhor no quarto de Durga, pois ela tinha um lugar horrvel e pelo menos agora vou poder fazer algo em troca do servio que me tem prestado ao longo desses anos todos. No retornamos at que Mildred nos dissesse para vir e tudo estivesse no lugar. Meu Deus! Foi uma surpresa muito agradvel, e no precisei fazer trabalho algum, exceto numa tarde em que fui com Mildred a uma loja de mveis comprar o necessrio para o meu quarto e o de Rajasi. Era na verdade uma alegria viver naquele lugar. Quando os trabalhadores derrubaram a parede, acharam um grande buraco no qual a gua e a umidade se acumulavam. No admira que meu quarto estivesse sempre to mido, de modo que meus ossos chegavam a doer e eu precisava tomar banhos quentes logo aps acordar para ao menos poder comear minhas atividades. O piso de cimento foi trocado por assoalho de madeira; foram colocados um novo carpete e escadas, paredes espelhadas, armrios embutidos, um altar, etc. Que diferena do antigo! Rajasi estava to orgulhoso quando me disse: Agora estou satisfeito, porque finalmente voc tem um quarto decente para morar. Ele me abenoou e ao Dr. Lewis, Mildred e Brenda. Todos estvamos muito felizes com o resultado daquele pequeno incndio, que no foi to srio. A gua e a fumaa fizeram a maior parte dos estragos. Rajasi tambm ficou muito feliz com seu novo apartamento. O ltimo tratamento de raios-x foi no dia 24 de dezembro de 1952, razo pela qual ns no comparecemos a Mt. Washington naquele Natal. Nossa viagem de 1953 Em 31 de maio de 1953, Rajasi voltou para Kansas City pela primeira vez aps sua operao. Eugene Lynn o acompanhou nessa viagem. Rajasi voltou no final de junho e passou os meses de vero em Encinitas. Durante esse tempo, Rajasi me contou o que o Mestre lhe dissera: Por que voc no d para minha famlia uma viagem agradvel? Rajasi me falou quem iria: aquelas que serviram mais fielmente ao Mestre. Chamei as moas para virem a Encinitas, dizendo que tinha uma surpresa para elas. Quando Rajasi repetiu o que o Mestre lhe dissera, que Daya, Mataji, Mrinalini e eu, ns quatro, teramos uma viagem para qualquer lugar que desejssemos, elas gritaram de alegria. Eu sabia que Rajasi iria voltar para Kansas City em 10 de setembro de 1953. Arranjei tudo para as moas me encontrarem em Kansas City, pois eu teria que voar com Rajasi, tendo em vista que Eugene no poderia deixar o escritrio para vir busc-lo. Na verdade, Rajasi era capaz de ir sozinho, mas eu e Eugene queramos que algum sempre fosse com ele. As moas saram mais cedo. Elas me encontraram no aeroporto da cidade de Kansas City e Eugene se encontrou com Rajasi. Ns todos ficamos num hotel. Rajasi nos levou para conhecer sua casa enquanto Frieda estava ausente em um de seus passeios. Vimos a casa onde nosso abenoado santo morava, sua plantao, e fomos a seu escritrio vrias vezes. Deixamos Kansas City carregadas de deliciosas mas de seu cultivo, as quais comemos durante nossa viagem para as cidades do leste.

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Eu havia pedido para as moas fazerem um itinerrio pelo qual elas gostariam de passar. Fomos de carro at o sul, para Nova Orleans. Visitamos as duas irms de Rajasi em Archibald, Louisiana, e depois fomos para a costa leste, em direo a Nova Iorque. Da, para as longnquas Cataratas do Niagara, e voltamos, passando por Canad, Detroit e, depois, para Kansas City e para casa, a tempo de preparar a casa de Rajasi para seu retorno em 1 de novembro. Foi uma viagem maravilhosa de 16.000 quilmetros, especialmente porque o Mestre a havia planejado para ns e suas bnos nos seguiram durante todo o caminho. Rajasi fala em doar milhes para a SRF Rajasi e eu passamos os feriados de Natal em Mt. Washington, naquele ano. Foi tambm durante o vero de 1953 que Eugene Lynn visitou seu tio a negcios. Enquanto os dois caminhavam no gramado, conversando, eu estava no quarto de Daya conversando com ela e com Mataji. Estvamos na janela observando os dois passarem. Rajasi nos viu e veio at a janela para nos dizer: Arrumei todos os detalhes para a SRF ser a beneficiria do meu seguro de vida, no valor de meio milho de dlares. Quando conseguir fazer outros acertos para a SRF, ela ter trs, quatro, ou at mesmo seis milhes de dlares a seu crdito. Isso deve agradar o Mestre. Desnecessrio dizer como ficamos felizes em nossos agradecimentos, em meio a Ohs e Ahs, para deleite de Rajasi. Indianos visitam Rajasi Acho que foi em maro de 1954 que Rajasi se encontrou pela primeira vez com alguns indianos: Prokhas Das, agora Atmanandaji, e Prabhas Ghosh. Ele estava de p, no alto da escadaria frontal do eremitrio. Vestia seu hbito ocre. Foi um encontro emocionante. Ele envolveu os dois com seus braos e os trs choraram feito crianas ao se lembraram do Amado Mestre. Rajasi sentou-se no canap da sala de estar, com os dois homens sentados no cho, acariciando as pernas dele e fitando-o com olhos de profunda adorao e respeito. Eles ficaram no eremitrio por alguns dias. Deram a Rajasi presentes que trouxeram da ndia, e eu tambm ganhei vrios presentes deles. Tiramos fotos de todos os trs. Os votos de Atmanandaji Rajasi, como representante do Mestre, deu a Atmanandaji seus votos de Swami. Embora o Mestre j tivesse consagrado Atmanandaji um Swami, ele queria as bnos do Mestre em seu quarto, atravs de Rajasi. Percebi que naquela noite, antes de entrar no quarto do Mestre, Rajasi no parecia estar bem. Ele inclusive passou direto pela porta, mas voltou e fez a cerimnia assim mesmo. Novamente, senti uma punhalada no corao, mas ele estava melhor no dia seguinte. Poucos dias mais tarde, os homens partiram para uma viagem ao Grand Canyon, pois Rajasi lhes tinha dito que iria ficar algum tempo em Kansas City e que eles poderiam aproveitar esse tempo para conhecer o pas e estar de volta antes de seu regresso. Rajasi saiu no dia 18 de abril de 1954. Fiquei em Mt. Washington at o dia 23. Eu estava me preparando para sair na manh seguinte. Na noite anterior, recebi uma ligao de Eugene Lynn dizendo-me que iria trazer Rajasi de volta e que eu deveria encontr-los no aeroporto naquela noite, e aps iramos levar Rajasi diretamente para o hospital, pois ele estava sentindo os sintomas do tumor retornando. Ele havia ligado para os Drs. Raney e eles mandaram que voltassem imediatamente para Los Angeles. Aps desligar o telefone, contei tudo para Sraddha, que estava na cozinha: Sei que Rajasi est voltando para outro desafio, mas de algum modo sinto como se um grande peso me fosse tirado da mente. Eu no sabia por que, mas descobri aps Rajasi chegar no hospital. Levei Sraddha comigo at o aeroporto, pois no queria voltar sozinha aps haver deixado Rajasi. Enquanto Eugene tomava as providncias necessrias e procurava pelo mdico, ns trs estvamos no carro, com Rajasi no banco da frente. Ele olhou para mim e perguntou: Voc no sabe o que eu fiz? Respondi que no sabia. Ele disse com orgulho: SRF ganhar 66 mil dlares por ano de dividendos. Comprei 22 mil aes da Ferrovia Kansas City Southern em nome da SRF, elas valem um milho de dlares. Ns duas exultamos de alegria! No conseguimos dar uma resposta, pois Eugene retornou ao carro para levar Rajasi. Ele entrou, assinou sua ficha de admisso e foi a seu quarto para dormir, pois j era muito
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tarde. Ento eu soube a razo pela qual havia sentido um grande peso ser tirado de minha cabea, pois durante muitos anos o Mestre desejou que Rajasi solidificasse a obra da SRF com a substancial contribuio de um milho de dlares ou mais. Eu intercedo em favor da SRF Sempre trabalhei lado a lado com o Mestre e intercedi por ele no que diz respeito aos pedidos de dinheiro para a obra. Aps seu Mahasamadhi, comecei a datilografar as cartas do Mestre a Rajasi. Ele possua mais de 700 delas, durante os vinte anos em que se corresponderam a respeito do trabalho, etc. Eu lia para ele sempre que encontrava alguma com muitas passagens bonitas, em que o Mestre expressava particularmente seu profundo amor por Rajasi. Certa vez, aps terminar de ler uma passagem, ele chorou, dizendo: Eu no sabia que ele me amava tanto. Tambm li numa daquelas maravilhosas cartas uns dos apelos do Mestre, e no fim da carta ele dizia: Se eu no apelar para voc, ningum o far aps a minha partida. Meu corao e mente responderam ao Mestre: No te importes, Senhorzinho, tomarei conta desses pedidos para ti, e eu o fiz sempre que surgia uma oportunidade. Durante o inverno, cheguei at mesmo a escrever uma carta para Rajasi, recordando-lhe de suas obrigaes de manter a obra da SRF em segurana financeira. Era uma carta datilografada, no muito extensa, mas direta e objetiva. Achei que era melhor escrever e depois ler para ele, pois se eu apenas conversasse, ele ira dizer: Agora no, depois que eu melhorar. Eu queria resolver o assunto, ento pedi para ler uma carta que eu lhe havia escrito. Sentei-me atrs dele para que no precisasse ver seu rosto, pois se visse alguma expresso de contrariedade, eu no conseguiria continuar. Aps terminar de ler a carta, ele me chamou para ficar perto dele. Eu me ajoelhei a seu lado. Ele me abenoou com lgrimas nos olhos, dizendo: Sei que ainda no terminei minha misso, mas to logo me recupere, tomarei conta de tudo. O cumprimento desse dever foi um peso retirado de ambas as cabeas, a minha e a de Rajasi, pois ele havia completado o propsito para o qual nascera nesta vida, e eu ajudei o Mestre a cumprir sua misso com Rajasi. A nica coisa que o Mestre queria era que a obra continuasse a progredir aps os corpos de ambos se tivessem dissolvido no Infinito. A segunda operao de Rajasi A segunda operao de Rajasi foi em 26 de abril de 1954. Enquanto espervamos os homens lev-lo at a sala de operao, ele estava muito tranqilo e parecia como se estivesse indo para um encontro com o Mestre ao invs de para outra cirurgia. Parecia to feliz e extasiado. Eugene Lynn e eu estvamos de cada lado da cama. Ele pegou nossas mos e disse: Jnior, quero dizer na frente da Durga que voc ser o meu sucessor nos negcios. Quero que voc cuide da SRF da mesma maneira que eu cuidei. A SRF deve vir em primeiro lugar, no final e sempre nos seus pensamentos. Eugene olhou para mim, com lgrimas nos olhos, e disse: Durga, no sei o que significa um Guru, mas o mesmo que Tio Jimmy para mim: os desejos dele so meus. Ns ento meditamos at o pessoal vir at ele. Sua face estava extasiada. Novamente repeti as tarefas que realizei na primeira vez no hospital. Diariamente, ao barbear Rajasi, eu percebia que havia vrias enfermeiras diferentes, que entravam e saam com alguma desculpa. Mais tarde, ouvi que elas vinham apenas para me ver barbe-lo, pois eu fazia com muita facilidade e elas gostavam de ver. Eu estava to acostumada com pessoas me assistindo fazer a barba dele que nem ligava mais com suas idas e vindas. Desde aquele tempo, barbeei Rajasi diariamente at o ltimo dos seus dias. O apartamento de Rajasi na Sede Central Sempre que Rajasi vinha nos visitar em Mt. Washington, desde sua primeira visita em 1933, o Mestre saa de seu quarto e arrumava a biblioteca para dormir, cedendo seu lugar para Rajasi, sob os protestos dele e os nossos. O Mestre desejava tambm que Rajasi tivesse seu prprio quarto em Mt. Washington, mas tanto ele quanto ns decidimos manter o quarto e a biblioteca do Mestre do jeito que ele deixara, como um santurio. Isso deixava para Rajasi somente a biblioteca. Naquele maro do Mahasamadhi do Mestre, Rajasi foi eleito o segundo presidente da SRF. Todos sentimos que ele deveria ter um
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lugar prprio para ficar, quando viesse a Mt. Washington. Eu havia notado a varanda aberta na torre e vi a possibilidade de fazer um belo apartamento para ele, sendo que sugeri: Por que voc no nos deixa construir um apartamento na torre? J examinei e vi que l poder ser feito um timo lugar, com banheiro, cozinha, etc. Voc no tem um lugar em Mt. Washington, exceto a biblioteca do Mestre. Ele respondeu: Vou pensar nisso. Depois, ele me disse algo que jamais o tinha ouvido dizer antes: V em frente e construa o apartamento para mim. E eu quero o melhor. Ocupei-me com os planos da construo. Aps haver terminado, ele me disse: Voc no tem quarto em Mt. Washington. Quero que ocupe aquele apartamento quando eu no estiver aqui. Pensei na hora que ele se referia s suas viagens para Kansas City, mas agora sei o que quis dizer. Rajasi ficou no hospital de 23 de abril a 22 de maio. Os mdicos lhe deram alta antes por causa de toda a publicidade que ele estava recebendo devido a notcia de sua doao milionria para a SRF. Os mdicos julgaram que ele seria capaz de se esconder dos reprteres se sasse do hospital, mas no queriam que fosse para Encinitas, pois ainda queriam v-lo diariamente por mais uma semana; ento aconselharam-no a ir para Mt. Washington. Como ficamos felizes que j tnhamos deixado pronto seu novo apartamento para receber os mdicos e os seus associados dos negcios. Teria sido mesmo muito embaraoso recebermos algum que visse Rajasi morando na biblioteca, sem nem mesmo uma cama, apenas um acolchoado no cho, sendo ele o presidente da SRF e doador de uma fortuna de um milho de dlares para a organizao. Valeu a pena construir, mesmo pelo reduzido perodo em que Rajasi o ocupou. Eu tambm fiquei muito feliz, embora no tivesse planejado ficar com o apartamento para mim. Eu realmente aprecio morar nesta torre de quietude e bela vista, at o dia em que o Mestre me convocar para seu Lar Infinito ou para qualquer outro lugar neste planeta. Isso me recorda a profecia feita pelo Mestre, em 1937: No ligue, Duj, voc ter muitos quartos bons para morar algum dia. Rajasi compra um carro novo Rajasi retornou a Encinitas no final daquela semana e l passou todo o vero. Em setembro de 1954, pouco antes de voltar para Borrego no inverno, Rajasi anunciou que gostaria de um carro novo. Embora seu Oldsmobile creme tivesse vrios anos, ainda estava em boas condies e estava no nome da SRF. Ele me pediu que fosse at San Diego comprar um carro para ele, com todos os novos equipamentos, como direo potente, bons freios, etc. Ficou feliz com minha escolha e sempre dizia que o carro era meu. Eu achava que ele s dizia aquilo porque no era o tipo de pessoa que dizia meu isso, meu aquilo. triste dizer que ele s andou com esse carro umas poucas vezes. Aps sua morte, perguntei a Eugene se ele queria que eu mandasse o carro de volta para ele, pois havia sido comprado em nome da empresa de Rajasi. Eugene me deu a resposta na frente de Daya, Mataji, Sailasuta e outras: Eu quero que voc fique com aquele carro, Durga, e tambm veja as roupas do Tio Jimmy que servirem, pois os rapazes daqui podero us-las. Desnecessrio dizer como fiquei agradecida pelo novo carro, pois esse era muito mais fcil de dirigir do que o velho, que eu pensei que teria que usar para ir e voltar de Borrego ou Encinitas nos finais de semanas ou nas frias; pois eu sentia que a SRF no poderia pagar um carro para meu uso exclusivo em tempo integral. Eu consigo que outros me ajudem Numa manh de 1954, antes de sair para passar o inverno em Borrego, ouvi um pesado baque de algo caindo no solo. Corri para ver e descobri Rajasi desmaiado, em frente porta de seu quartinho de vestir-se. Abri a porta com cuidado, pois sua cabea estava encostada porta. Eu estava sozinha na casa, at os Lewis j tinham sado. Quando finalmente consegui ajuda do pessoal do retiro da SRF, Rajasi j tinha se levantado e voltado para cama. Isso me deixou to assustada que, pela primeira vez em 19 anos, pedi para algum ficar sempre de prontido no lado norte do eremitrio, no caso dessa situao repetir-se no futuro. Daya mandou Sraddha para exercer a funo por algum tempo. Durante os ltimos cinco meses da vida de Rajasi, tive muito agradecida a ajuda das seguintes almas: Mrinalini, Sraddha, Pat Hogan e, nas ltimas semanas, Mataji, que ficou comigo o tempo inteiro. Foi um alvio contar
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com essa ajuda, pois aqueles ltimos meses foram por demais extenuantes. Rajasi no sofria, mas demandava muita ateno, necessitando ser alimentado, barbeado e contar com a companhia de algum durante suas caminhadas, por precauo, caso casse e se machucasse. Embora eu tivesse profunda f e esperana de que ele iria sair dessa, ainda assim no conseguia me livrar desse constante sentimento de peso no corao. Rajasi realmente no sofreu, nem teve dores at mesmo na sua terceira e ltima operao. Era capaz de cuidar de seus afazeres, exceto barbear-se, mas quando chegamos em Borrego, no final de setembro, ele j no conseguia mais se alimentar sozinho, pois seu brao direito estava muito fraco. Estava sempre muito limpo e no gostava de derramar nada. Para evitar que ficasse nervoso, eu ou outra pessoa o ajudvamos a se alimentar. No me lembro agora quem me ajudava naquela poca, se era Pat ou Mrinalini, ou as duas. Sei que Sarolananda ficava na cabana e vinha de noite para assumir o turno da madrugada, pois eu tinha medo de que Rajasi fosse sozinho para o banheiro durante a noite. A terceira operao de Rajasi Parece que pouco tempo aps chegarmos em Borrego os sintomas retornaram. Liguei para o Dr. Novac em Encinitas e ele j queria levar uma ambulncia, mas falei que no queria uma ambulncia onde Rajasi pudesse v-la, antes que o mdico falasse com ele e lhe adiantasse um pouco o que estava por vir. Quando o mdico chegou, no trouxe a ambulncia, mas a deixou estacionada em lugar distante. Doutor Novac, que foi trazido pelo Dr. Lewis, conversou com Rajasi. A famlia Lewis Deus os abenoe esteva sempre disposio em meus maiores desafios e me ajudou mais do que qualquer outra pessoa durante aqueles desafiadores trs anos. Levou algum tempo para convencer Rajasi a ir para o hospital, mas finalmente ele concordou. Fui com ele na ambulncia, temendo ficar enjoada, mas a misericrdia divina estava comigo. Rajasi dormiu durante todo o trajeto. A Sra. Lewis dirigiu o carro de Rajasi, mostrando aos homens o caminho. Ela levou consigo as moas Mrinalini e Pat. Quando chegamos no hospital, o Doutor Raney achou que Rajasi parecia melhor do que ele havia previsto. Disse que a descida at Los Angeles havia estancado o tumor suficientemente para aliviar a presso. Ele deu entrada no hospital em 5 de outubro de 1954, e no foi necessrio oper-lo at 13 de outubro, quando a presso retornou. Ficou mais um ms no hospital. Na volta, ns o levamos direto para Borrego, com as moas dirigindo na subida at Oceanside. L, a Sra. Lewis estava nos esperando para mostrar o caminho para elas. Ela dirigiu o resto da viagem at Borrego. Rajasi foi o primeiro a vla no meio-fio, nos esperando para peg-la, e disse: Calma, devagar! Os ltimos dias de Rajasi Rajasi jamais retornou a seu amado eremitrio novamente, depois de sua visita no final de setembro de 1954. Tnhamos esperana naquela poca de que Rajasi pudesse deixar o hospital e ir direto para sua nova fazenda, pois ainda nem a tinha visto. Mas tivemos que esperar at o dia seguinte ao Dia de Ao de Graas; ele estava to ansioso para ir que at mesmo umas poucas horas de atraso o desagradaram. Quando finalmente chegamos, ele foi colocado em sua cadeira de rodas para conhecer cada centmetro da casa. Ele estava extremamente satisfeito, pois esse tambm era um desejo h longo tempo cultivado, o de construir uma casa em sua amada fazenda em Borrego. Essa terceira e ltima operao o deixou notadamente mais fraco. Para espanto do mdico, ele ainda no sofria nem sentia dor alguma, mas foi somente graas interveno do Mestre e suas bnos sobre seu Amado Pequenino que isso foi possvel. Lembro-me que ouvi o Mestre dizer: Eu estou sofrendo para que vocs no sofram. Isso me foi provado alm de qualquer sombra de dvida. Eu fazia todos os servios de enfermeira para ele, pois naquela poca ele j no conseguia fazer nada sozinho. O que realmente me surpreendeu foi ver aquele Rajasi sempre to consciente de sua sade agora completamente resignado ao seu destino; parecia um verdadeiro milagre. O outro Dr. Raney, o irmo mais novo, veio duas vezes ver Rajasi na fazenda. Recordo-me da face dele ao ver o mdico. Aps ele ir embora, tive que garantir para Rajasi que ele no iria voltar para o hospital, pois pude notar pela expresso de seus olhos que ele pensava que o mdico o levaria para mais uma operao. Ele no
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queria passar por aquilo de novo. Levamos Rajasi a uma varanda para tomar banho de sol, de uma posio em que pudesse ver os mexicanos que contratamos para trabalhar na fazenda, ou nos ver trabalhando no resto da casa. Ele dificilmente ficava sozinho, pois sempre havia algum de ns com ele. Ns o levvamos a passear na sua cadeira de rodas e o ajudvamos a caminhar. Ficvamos aliviados de ver o Dr. Neville, timo mdico da regio, que vinha diariamente para ver se Rajasi necessitava de algo. Cheguei a pensar em trazer uma das enfermeiras do hospital, mas os mdicos disseram: Ele est sendo melhor cuidado por voc do que qualquer outra enfermeira particular poderia fazer. Se voc conseguir agentar o estresse ser muito melhor que ele conte com voc e com os outros daqui, do que com estranhos. O Dr. Neville afirmou com freqncia como o corpo de Rajasi estava limpo e livre de odores, e nem mesmo havia escaras nas suas costas. Quando o Dr. Raney veio pela ltima vez, em janeiro de 1955, surpreendeu-se ao ver como a pele de Rajasi estava macia e como seus membros estavam flexveis, pois normalmente os braos e pernas paralisados ficam rgidos em pouco tempo. O Dr. Raney me provocou, dizendo: Ns deveramos ter voc aqui no hospital para dar uma lio a essas enfermeiras de como se deve cuidar de um paciente. Se voc quiser um emprego, s me ligar. Aps o banho dirio, eu tinha a ajuda de Sarolananda ou de Pat, que vinham de tarde, esfregar o corpo de Rajasi com leo e exercit-lo, mexendo seu corpo. Ns o levantvamos e ajudvamos a ficar em p pelo tempo em que conseguisse. Quando Mataji veio nas ltimas semanas para me ajudar, trouxe vrios presentes que o Mestre tinha dado para ele, bem como a cruz da prosperidade, que Rajasi amava tanto. Rajasi segurava essas coisas na mo. No conseguamos tir-las dele nem mesmo quando caa no sono. Ele se agarrava a qualquer coisa que era do Mestre e nunca tirava os olhos de uma foto do Mestre que estava em cima do armrio, onde ele podia ver. Ns a mantnhamos iluminada a noite inteira. Ele tambm olhava para a esttua de So Francisco de Assis que os BenVaus lhe deram quando estava no hospital. Numa tarde, Sarolananda estava me ajudando a virar Rajasi para podermos lavar suas costas. Durante esse procedimento, Rajasi olhou para mim, depois para Sarolananda, com tanta doura, pondo seus braos no pescoo dele e puxou sua cabea para junto do peito, segurando-o por um longo tempo, e o abenoando. Lgrimas de gratido rolaram dos olhos de Sarolananda. Aps essa bno, notamos uma significativa mudana para melhor no comportamento de Sarolananda. Em pocas diferentes, Rajasi deu uma bno especial para cada um que o serviu, de maneira a expressar seu apreo pelo servio rendido a ele. Um dia, enquanto olhava para ele, eu disse: Todo o seu cuidado com o corpo, com a melhor alimentao, exerccios, etc., ainda assim no deu para prevenir essa situao. Embora no pudesse falar naqueles ltimos dias, ele balanou sua cabea em aprovao. Tambm naqueles dias, eu lhe perguntei: Tem visto o Mestre? Ele gesticulou: Sim. Ento perguntei: O que ele disse? Em resposta, lgrimas afloraram a seus olhos azuis, tristes, e ele curvou a cabea, dando a entender que o Mestre lhe dissera que, em breve, ele estava indo ao encontro do Mestre e nos deixando. Esse pensamento me percorreu de modo avassalador, mas como nunca perdi a esperana, sabendo que Deus pode realizar mais milagres, minha f se mantinha forte quando algum dizia: Vamos rezar para ele ficar melhor. Os meus pensamentos quando eu rezava eram fortemente direcionados a pedir a permanncia dele, pela SRF e por todos ns, mas, por outro lado, meu corao no poderia negar a Rajasi a liberdade de seu lar infinito, com nosso glorioso Mestre esperando-o. Meu corao no poderia lhe negar esse privilgio e recompensa. Eugene Lynn veio ficar com Rajasi durante seu ltimo ms de vida. Ao longo de suas conversas comigo, ele me contou que a famlia de Rajasi insistia em remover seu corpo para Kansas City, no caso de seu falecimento, pois l ele tinha uma cripta particular. Fiquei profundamente magoada, pois minha f era to forte que eu no pensava em v-lo partindo, to pouco havia me ocorrido o pensamento de que Rajasi pertencesse a outra famlia que no a divina famlia da SRF. Respondi que quando chegasse a hora, tnhamos a esperana de coloc-lo prximo do Mestre, pois havia um lugar vago ao lado dele, no cemitrio. Eugene disse: Desculpe-me, Durga, mago-la dessa maneira. Se dependesse de mim ele ficaria aqui, mas sei que Tia Frieda no vai nem querer ouvir falar nisso. Essa a razo pela qual Rajasi est enterrado em Kansas City, ao invs de em Forest Lawn, ao lado do Mestre.

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Na ltima visita do Dr. Raney, no dia 2 ou 3 de janeiro de 1955, ele me contou que no achava que Rajasi poderia viver mais do que duas ou trs semanas e, tambm, que no achava que o tumor seria a causa de sua morte. Ele avisou para me preparar para o que estava por vir, que o seu tumor cerebral iria ocasionar um edema pulmonar, e seria um processo de enchimento dos pulmes to rpido que nada poderia impedir seu avano. Fiquei profundamente deprimida. No disse nada para os outros, mas, como Deus misericordioso, eu ainda mantinha firmes minha f e esperana de que Ele, como criador do mundo e de todas as coisas, incluindo as doenas, poderia, se desejasse, impedir que essa doena fatal atacasse Rajasi. A morte de Rajasi Na manh de 19 de fevereiro de 1955, como de costume, Dr. Neville esteve conosco. Ele me perguntou se Rajasi estava respirando daquela maneira pesada por muito tempo. Eu disse que no tinha percebido. Ele ento me disse que voltaria de noite. Era mais ou menos s 22 horas quando retornou e disse aquelas fatdicas palavras acerca da doena fatal que estava enchendo os pulmes de Rajasi: Para encorajar-me, acrescentou: Ele pode durar at amanh ou pode ser a qualquer momento. Eu estava totalmente despreparada para tal notcia. Ainda bem que Daya, Sailasuta e Mrinalini tinham vindo passar o final de semana conosco. Nenhuma de ns deixou o quarto dele naquela noite. Sentei-me a seu lado, segurando sua bondosa mo at o fim. Pude sentir a fora vital deixando suas mos e ps. Permaneci olhando fixamente para seu rosto e olhos. Percebi seus olhos se apagando e uma luz branca ao redor de sua cabea. Ouvi a voz do Mestre me dizer: Estou levando ele, Duj, e ningum ser capaz de me impedir. Mentalmente, respondi: Eu sei, Senhor, e no poderia nem gostaria de deter-te, pois ele ser muito mais feliz contigo do que nesta priso terrena. No consegui deixar de pensar no quanto dependemos dessa respiraozinha que entra e sai, apenas devido a graa de Deus. Estvamos prestando ateno a cada respirao de Rajasi. Quando ele inspirava, inconscientemente puxvamos o ar com ele, num suspiro de alvio. Ento chegou a hora, 4 da manh de 20 de fevereiro de 1955, em que o ar no entrou mais nos pulmes. Quantas vidas, sim, centenas delas, foram transformadas por esse grande empresrio de sucesso e Santo maior ainda. Quando sa da sala, Dr. Neville deu-me algo para beber. Eu no sabia que ele estava me dando remdio para dormir. No vi Rajasi novamente at a hora dos servios. Na manh seguinte, os homens do cemitrio Forest Lawn vieram pegar o corpo dele. Tive de responder a muitas perguntas. As moas no me deixaram entrar no quarto de Rajasi, onde seu corpo repousava, para trocar as roupas dele antes que os homens o levassem. Faramos um servio memorial para o pblico e outro para os membros da Self-Realization Fellowship, no qual fui convidada a colocar o cachecol ocre de Rajasi sobre seu peito e abotoar seu pingente da SRF. Disse que no me julgava capaz de fazer isso, mas enquanto eu me sentava na sala chorando, uma voz veio a mim dizendo: Por que voc no vai fazer esse ltimo servio a ele, a quem serviu por dezenove anos? Ir negar-lhe esse ltimo servio? Eu disse ento a Sailasuta que iria fazer. Quando me levantei, eu o vi pela primeira vez e soube que j no habitava mais aquela concha, que o corpo. Atravs de todas aquelas pessoas em fila para v-lo, intuitivamente vi o Mestre e Rajasi sentados lado a lado, sobre o caixo, de mos dadas como costumavam fazer, e a cada pessoa que fazia suas ltimas homenagens pude ouvir o Mestre dizendo a Rajasi: Voc no sabia quantas pessoas o amavam, no mesmo? Senti-me melhor e a dor de perder nosso abenoado Santo to logo aps nosso Amado Mestre semelhante a Cristo foi aliviada um pouco. Eu fui e ainda sou eternamente grata a Sarolananda, Mrinalini, Pat Hogan, Sraddha e Mataji, por toda a bondosa ajuda que prestaram a Rajasi e por me consolarem naquelas difceis horas em que a SRF passou pela extrema tristeza de perder seu segundo presidente. Fui convidada para ser presidente Depois que deixamos Forest Lawn, Daya tinha um compromisso. Mataji, Tara e as outras vieram falar comigo. No queriam que eu fosse diretamente para Mt. Washington e me levaram para um passeio de carro. Agora sei por qu. Tara est to raramente conosco que elas pensaram que aquela seria a oUma Trilogia do Amor Divino 69

portunidade para me abordarem, enquanto Daya estava ausente. Tara chegou ao meu lado e disse: Agora que Rajasi se foi, teremos que indicar outro presidente. Falei com Daya e ela achou que deveramos perguntar a voc primeiro, pois a irm mais antiga. O que voc diz? Respondi com firmeza: No quero sobrecarregar a SRF com outro presidente de sade frgil, pois o Mestre me disse que a minha vida tambm est em perigo, tanto quanto a de Rajasi estava, e isso seria pssimo para a SRF.3 Acredito sinceramente que Daya seria uma presidente muito melhor do que eu. Apenas repeti a Tara o que j tinha dito a Mrinalini pouco antes da morte de Rajasi e, posteriormente, a Eugene Lynn e Daya. Eu acreditava estar fazendo o certo naquela poca e ainda acredito agora, mais firme do que nunca, que o servio a Deus, ao Mestre e SRF que escolhi o melhor para mim. Fico muito feliz de ter abdicado em favor de Daya. O Mestre tinha escrito no estatuto da SRF que o Conselho de Diretores iria eleger o terceiro presidente da organizao. Permaneci poucos dias em Mt. Washington e, depois, voltei para a fazenda de Rajasi, em Borrego, para juntar as roupas e pertences dele para trazer a seu apartamento de Mt. Washington. Fiz o mesmo em Encinitas. Primeiramente, eu havia pensado em ficar em Encinitas como antes, mas ento recordei as palavras ditas pelo Mestre anos atrs, quando lhe perguntei: O que posso fazer para acelerar meu progresso espiritual? Ele simplesmente respondeu: No passe muito tempo sozinha, procure conviver mais com as pessoas. A lembrana dessa conversa que me fez decidir morar em Mt. Washington. Em 1948, quando havia deixado meu quarto l, o Mestre me disse: Voc poder ocupar minha biblioteca sempre que vier nos visitar. Contei para Mataji o que Rajasi me falou, sobre eu ocupar seu apartamento quando ele no estivesse aqui. Ela respondeu: Tambm pensei nisso, alm do mais, no h outros quartos disponveis, j esto todos ocupados. Outra razo para ela concordar era que desejava ficar com a biblioteca como seu escritrio particular. Volto para a Sede Central Peguei todas as moblias que necessitaria de Encinitas para levar at Mt. Washington. Achei no incio que poderia manter o apartamento de Rajasi no eremitrio desocupado, para que pudesse utiliz-lo nos feriados ou durante o vero, mas pensei: Que egosmo de minha parte reservar um apartamento to bom apenas para visitas ocasionais. A famlia Lewis tinha feito tanto por Rajasi e sempre esteve presente quando mais precisei, ento pensei em deixar o apartamento de Rajasi como moradia deles. Ningum jamais viu uma expresso maior de surpresa do que a que presenciei quando lhes contei minha deciso. Eu tinha o direito de fazer isso, pois Rajasi tinha comprado tudo aquilo e Eugene me disse que eu poderia dispor daquelas coisas como julgasse adequado. Descansei por um ms aps me estabelecer no meu novo quarto em Mt. Washington, ento recomecei a datilografar as cartas que o Mestre escreveu para Rajasi e para mim. Copiei as cartas letra por letra. A primeira via est anexada s cartas originais, manuscritas, do Mestre e a primeira cpia carbono est nos arquivos da SRF. O Mestre escrevia sobre vrios assuntos numa s carta. Para a terceira via, separei diferentes assuntos das cartas e dividi em sees diversas: Histria da SRF, com a participao minha, do Mestre e de Rajasi em cada projeto. Esto separados os assuntos que contam a histria da SRF e de minha vida, do Mestre e de Rajasi. No sei o que se far desses arquivos ou se algum ir l-los, mas pelo menos tenho a satisfao de saber que fiz minha parte ao registrar meus conhecimentos sobre a histria da SRF, a vida do Mestre e de Rajasi, bem como a minha insignificante vida, tanto neste mundo quanto no meu lar espiritual em Mt. Washington e Encinitas.

Em carta datada de 26 de junho de 1947, o Mestre escreveu a Rajasi: Estou rezando pela sade precria de Duj. Por favor, no conte a ela que eu lhe disse isso. P.Y.
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Invernos em Borrego Nos dois primeiros anos, passei os meses de inverno em Borrego e vinha para Mt. Washington apenas em algumas ocasies. Ficava l durante todo o vero. Certa vez, enquanto estava em Borrego, no inverno de 1958, ouvi a voz do Mestre me dizendo: Por que no fica aqui (em Borrego) apenas para descansar, ao invs de permanecer todo o inverno como est fazendo? O resto dos pensamentos surgiu muito claro em minha mente, que o Mestre queria que eu ficasse em Mt. Washington e viesse para Borrego apenas quando necessitasse de descanso. Venho fazendo isso desde ento. Nos meses de vero, comecei a ir para Encinitas durante minhas semanas de descanso, ao invs de permanecer em Mt. Washington durante todo o vero. Aproveito tudo com as bnos de nosso Amado Mestre. Quando digo que ouo a voz dele, quero dizer que a ouo intuitivamente, to audvel como se ele estivesse realmente falando. Sirvo ao Mestre trs anos aps seu Mahasamadhi No incio de nossa vida vazia sem a presena do Mestre, novamente ouvi sua divina voz dizer: Voc comeou me servindo, terminar me servindo. Entendi essas palavras no sentido de que eu servia somente ao Mestre quando cheguei pela primeira vez a Mt. Washington, em 1929, e depois, quando o Mestre me conferiu a responsabilidade pelo cuidado de Rajasi, eu estava servindo a ambos. Depois de sua primeira operao, Rajasi constantemente se admirava de no sentir que estava em seu prprio corpo. Ele exclamava freqentemente: Eu digo para voc que no sou eu quem est neste corpo, eu morri na mesa de operao. o Mestre quem est ocupando este corpo, sinto o corpo dele dentro do meu, sinto sua cabea dentro da minha. Essas suas afirmaes me trouxeram mente a previso do Mestre, feita quando Rajasi estava repetindo o mantra em seu ouvido no dia do Mahasamadhi: Eu voltarei no seu corpo e na conscincia de todos. Outra previso desse gnero foi escrita numa das cartas do Mestre para Rajasi em 1935, que transcrevo aqui: Estou to feliz de haver encontrado algum em quem poderei viver aps ter partido para o Infinito. J que era o Mestre quem estava ocupando o corpo de Rajasi, eu ainda servia os dois, mas, aps a morte de Rajasi, voltei ao servio exclusivo do Mestre. Sinto que realmente servi ao Mestre durante trs anos aps seu Mahasamadhi. As vibraes e a presena do Mestre eram muito palpveis naqueles anos. Eu no fui a nica que sentiu isso, mas todos aqueles que entravam em contato com Rajasi tambm sentiram. Ele oscilava ao caminhar, exatamente como o Mestre fazia. At mesmo a aparncia do corpo de Rajasi se metamorfoseava em muitas das formas do Mestre. Quando o Mestre no estava presente no corpo de Rajasi, eu imediatamente me dava conta. Uma vez perguntei para Rajasi: O Mestre no est a nesses ltimos dias, no mesmo? Ele respondeu: No, ele est ocupado em algum outro lugar. Enquanto Rajasi convalescia no deserto e em Encinitas, ele quase que diariamente tinha novas experincias espirituais, as quais me contava depois. Aps ouvir seus relatos, eu imediatamente anotava e as repetia, para ele me dizer se estavam ou no de acordo com suas experincias. Guardo uma cpia dessas anotaes. O meu sonho de dificuldades futuras Recordo-me de um sonho peculiar que tive, logo no incio da doena de Rajasi. Eu estava numa pequena canoa num lago. Algum empurrou uma grande caixa de madeira para dentro da canoa e mais outra depois. Eu disse: Se voc colocar mais uma, a canoa ir afundar, mas mesmo assim uma terceira caixa foi colocada. A canoa no afundou, mas vergou-se um pouco. Depois entendi o significado dessas trs caixas empurradas para a canoa da minha vida. Eram os trs anos de dificuldades que eu teria de enfrentar durante a doena e as trs operaes de Rajasi. Embora as dificuldades fossem muitas e pesadas, o devoto deve esperar uma cruz nesta vida, se deseja agradar ao Senhor. Sempre que duvidei mentalmente se estava fazendo aquilo que o Mestre esperava de mim, quanto aos meus servios a Rajasi durante sua doena, ele invariavelmente respondia a minhas perguntas mentais atravs de
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Rajasi, que dizia: O Mestre est muito satisfeito pelo que voc est fazendo por mim. Outra vez, perguntei mentalmente ao Mestre se ele me amava. Na manh seguinte, Rajasi me abenoou, dizendo: Voc no sabe o quanto o Mestre a ama. Ser que eu poderia ainda duvidar de que o Amado Mestre respondia a minhas dvidas? Em meus trinta e um anos com o Mestre e a SRF, tenho muitos agradecimentos a fazer, alm da minha capacidade de expresso. Primeiro, por ter encontrado meu Amado Mestre Crstico, Paramhansa Yogananda. Segundo, que ele aceitou este monte de barro sem instruo e o moldou de acordo com seus desgnios sagrados. Minha prece constante foi, e ainda , que eu viva minha vida neste lar espiritual e em minha conscincia, para que quando eu fechar meus olhos mortais e flutuar at as praias infinitas do Mestre, ele me encontre no porto astral, e os meus olhos, encontrando-se com os deles, possam dizer: Serei para sempre Tua. Termino agora minha autobiografia, em 14 de julho de 1959. Gostaria apenas de acrescentar que em 2 de junho ltimo, o Mestre me deixou vrias mensagens. Primeiro, que estava muito feliz com o trabalho que eu estava fazendo e muitas outras coisas maravilhosas que no posso revelar, pois so muito sagradas para mim, mas posso dizer uma coisa, que ainda tenho muito trabalho a fazer pelas almas e que ele ir aparecer para mim em breve. Mas, quando, no se pode afirmar, pois o relgio astral do Mestre muito diferente do nosso. Quem pode saber o quo cedo muito cedo para ele. S posso dizer que estou terminando meu trabalho to rpido quanto posso, da maneira que ele me ordenou e pretendo continuar cumprindo qualquer outra misso para a qual ele me designar no futuro. Quando ele estiver pronto para vir levar a ocupante deste corpo, estarei preparada para flutuar com ele e dizer junto com ele: Para a alegria eu vim, para a alegria vivi, e nessa sagrada alegria eu me dissolvo agora com ele. Com todo o meu amor a servio do Mestre, Ma Durga 14 de julho de 1959

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Biografia de So Lynn: Milionrio Espiritual

Sri Durga Mata 1958

Rajasi Janakananda em samadhi, no gramado do eremitrio de Encinitas, 1953.

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ndice: Livro II

Os pais e a famlia............................................................................................................................................ 76 A infncia......................................................................................................................................................... 77 O primeiro emprego ....................................................................................................................................... 78 Publicaes a respeito de Rajasi .................................................................................................................... 79 Rajasi como contador ..................................................................................................................................... 88 O casamento .................................................................................................................................................... 88 O primeiro encontro com o Mestre ............................................................................................................. 89 A primeira visita de Rajasi Sede Central.................................................................................................... 92 Rajasi chama a SRF de sua casa..................................................................................................................... 93 Natal .................................................................................................................................................................. 93 A viagem do Mestre ndia.......................................................................................................................... 96 A criao do Eremitrio ................................................................................................................................ 98 A face empresarial de Rajasi ........................................................................................................................ 103 Os hbitos de alimentao de Rajasi .......................................................................................................... 103 A enfermidade de Rajasi em 1946............................................................................................................... 106 Exerccios ....................................................................................................................................................... 106 Nadando no mar ........................................................................................................................................... 107 O passatempo de Rajasi................................................................................................................................ 107 Rajasi dando dinheiro aos membros........................................................................................................... 109 Odores e higiene............................................................................................................................................ 109 Os hbitos de leitura de Rajasi .................................................................................................................... 109 Carregar pesos................................................................................................................................................ 110 Os hbitos de vestir de Rajasi...................................................................................................................... 110 Deslizamento de terra................................................................................................................................... 111 Fealdade e negativismo................................................................................................................................. 111 Hbitos econmicos ..................................................................................................................................... 111 Finanas .......................................................................................................................................................... 111 Reunies pblicas .......................................................................................................................................... 116 O sentido do olfato....................................................................................................................................... 117 Guerra ............................................................................................................................................................. 118 Bracelete.......................................................................................................................................................... 118 Avies.............................................................................................................................................................. 119 Votos ............................................................................................................................................................... 121 Rajasi e os animais......................................................................................................................................... 122 Sat querendo destruir o corpo de Rajasi .................................................................................................. 122 A ltima visita do Mestre a Encinitas......................................................................................................... 123 Deserto/Borrego........................................................................................................................................... 124 O Mestre telefona para Rajasi em maro de 1952.................................................................................... 125 O Mahasamadhi do Mestre ............................................................................................................................ 125 Rajasi repete o mantra para o Mestre ......................................................................................................... 126 Primeiros sintomas da doena de Rajasi .................................................................................................... 126 A primeira operao...................................................................................................................................... 127 Vises .............................................................................................................................................................. 128 Sat ainda tentando destruir Rajasi ............................................................................................................. 129 Fogo no apartamento de Rajasi................................................................................................................... 131 Mais vises ..................................................................................................................................................... 131
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Rajasi fala em doar milhes SRF.............................................................................................................. 134 Indianos visitam Rajasi ................................................................................................................................. 135 Rajasi doa milhes de dlares em aes..................................................................................................... 136 A segunda operao de Rajasi ..................................................................................................................... 136 Rajasi constri seu apartamento na Sede Central ..................................................................................... 138 Um carro novo .............................................................................................................................................. 138 Eu consigo ajuda para cuidar de Rajasi ...................................................................................................... 138 A terceira operao de Rajasi, sua enfermidade, sua morte .................................................................... 139 Cartas do Mestre a Rajasi Janakananda ...................................................................................................... 141 APNDICE I .................................................................................................................................................... 146

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Biografia de So Lynn: Milionrio Espiritual

Os pais e a famlia
O pai de sr. J.J.Lynn chamava-se Jess W. Lynn. Nasceu no municpio de Noxubee, no Mississippi, em 3 de abril de 1853. Os pais dele mudaram-se para a parquia de Richland, Louisiana, no ano 1860. Esse rapaz, de sangue irlands e escocs, bonito, loiro, casou-se, mas seu casamento teve vida curta. A esposa morreu de pneumonia, deixando-o sem filhos. No comeo dos anos de 1880, James W. Lynn conheceu uma mocinha escocesa, vibrante, enrgica, de olhos escuros, chamada Salethia Archibald. Quando se casaram, alugaram uma fazenda e ocuparam uma isolada cabana de madeira, de apenas um cmodo. Diziam que era uma cabana de dois quartos, embora no tivesse diviso. Aqui nasceram seus seis filhos. Os nomes dos filhos so dados aqui na ordem em que vieram a este mundo. Robert Bray viveu at os 45 anos; ele morreu de cncer na mandbula. Mary, melhor conhecida como Mamie, casou-se com Charles I. Bilington. Frank s viveu at os 42 anos; acredita-se que dormiu ao volante enquanto dirigia seu automvel, e morreu. A quarta criana foi nosso querido Rajasi Janakananda, chamado James, por causa de um tio, e Jesse por causa do pai. Alguns membros da famlia chamavam-no Jimmy e outros o chamavam de Jim. Esses nomes ainda so usados at hoje (1958) por amigos e scios. Josephine nasceu em seguida, e casou-se com T. W. Logan; enquanto escrevo isto (1958), ambas as irms ainda esto vivendo em Archibald, Louisiana. Eugene, que viveu at os 30 anos, morreu cedo, junto com seus amigos, quando voltavam de uma viagem de pesca, no avio particular deles. Ele estivera presente em dois acidentes de avio anteriores, antes deste ltimo, fatal. Os pais de Salethia, os Archibald, foram pioneiros na regio. A cidade recebeu o nome da famlia. Ainda chamada Archibald, at hoje. Os Archibald possuam e administravam, de modo bem lucrativo, sua fazenda de 120 acres, que lhes proporcionava um bom meio de vida. O pai de Salethia morreu no comeo de 1903. Os dois irmos dela ficaram para cuidar da me e dirigir a fazenda. O irmo mais jovem, James, casou-se e foi embora viver sua vida, deixando o irmo primognito, Alec, assumir sozinho a responsabilidade pela fazenda. Esse tio amava com afeto o sobrinho favorito dele, o pequeno Jimmy. Permaneceu solteiro, viveu com a me e dirigiu a fazenda at morrer. Depois da morte de Alec, a famlia de Jimmy veio morar na fazenda, para administr-la e cuidar de vov Archibald. As crianas estavam orgulhosas ante a perspectiva de morarem em uma casa maior. Quando Jimmy tinha seis anos, sua av morreu. Ela deixou a fazenda de 120 acres para os pais de Jimmy e as crianas, com a compreenso de que o resto dos herdeiros receberia sua parte da propriedade com o que a fazenda produzisse. Nessa fazenda, Jesse W. Lynn, a esposa e a famlia viveram at a morte dos pais. Salethia Lynn deixou este mundo em 16 de setembro de 1943, aos 88 anos. James W. Lynn, seu marido, a seguiu em 1 de agosto de 1945, aos 92 anos. Reportagens de jornal a respeito do falecimento de ambos os pais podem ser encontradas no Apndice I deste livro.

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A infncia James Jesse Lynn (Rajasi Janakananda) nasceu em 5 de maio de 1892, em Archibald, Louisiana. O pequeno Jimmy era uma criana muito sensvel. Em 1953, sua irm me falou: Jimmy mais parecia uma menina que um menino. Ele nunca destrua coisa alguma. Ele me disse, depois: Quando meus irmos brincavam com violncia, eu me afastava e me escondia atrs de uma rvore; e se algum se feria, eu chorava com eles. Ele ficava em casa com a me, em vez de brincar com os meninos. A cabana de madeira s tinha uma lareira para se cozinhar as refeies. Era dever de Jimmy preparar a fogueira, lavar a loua do caf da manh e do jantar, ordenhar 14 vacas, fazer a manteiga e ajudar a me nas tarefas domsticas. Ele colhia algodo apenas algumas vezes, mas na verdade nunca trabalhou no departamento de cultivo da fazenda. Caminhava cinco quilmetros para vender 900 ou 1200 gramas de manteiga na loja rural. Orgulhoso, trazia o dinheiro da venda para sua me. Esse era o nico dinheiro dela para as despesas domsticas; por sorte, era uma mulher frugal. Quando Jimmy tinha uns sete anos, ajudou a me a plantar algumas nogueiras ao redor da casa, as quais so, agora, rvores enormes e belas, e ainda produzem nozes-pecs grandes e doces. Jimmy tinha um amiguinho, negro, cuja me considerava Jimmy como um de seus prprios filhos favoritos. Sempre que Jimmy a visitava, o que era freqente, ela corria para receb-lo, tomava-o nos braos e o carregava para dentro de casa, onde o alimentava com doces petiscos que havia guardado para ele. O pequeno Jimmy correspondia a esse profundo amor. Mesmo depois de 50 anos, ao me contar essa histria, lgrimas escorreram por suas faces lembrana da profunda tristeza infantil que sentira pela morte dela, quando ele era apenas um menino. Jimmy e seu co freqentemente entravam nos bosques para brincar. Um dia, ele se perdeu; ficou tanto tempo desaparecido que os vizinhos formaram um grupo de busca e saram para procur-lo. Eles o encontraram, assustado, chorando e tentando desesperadamente achar o caminho de casa. O pequeno Jimmy usou fraudas e cabelo comprido at os seis anos. Entrou na escola aos cinco anos. Sentia um desejo profundo de instruo. Caminhava mais de trs quilmetros at uma escola numa cabana de madeira. Era muito diligente nos estudos e foi apontado como exemplo para as outras crianas; tambm era um lder entre seus colegas. Tinha o dom de soletrar e dar as definies das palavras. Quando ia para a loja vender manteiga, o dono de loja e os ancies em geral reuniam-se ao redor de Jimmy, sentavam-no no balco e se divertiam, pedindo-lhe que soletrasse palavras compridas. Sem vacilar, ele soletrava a palavra e lhes dava tambm a definio. Como recompensa, eles lhe davam um pedao de doce ou uma fruta. A famlia raramente tinha dinheiro suficiente para comprar frutas e legumes frescos. s vezes, no Natal, as crianas ganhavam de presente, dentro da meia, uma ma, uma laranja e nozes. Nessas ocasies, Jimmy sentava-se no cho com uma tigela entre as pernas, esvaziava na tigela o contedo da meia e comia vontade. Esse era o nico presente que recebiam, mas era para eles um evento feliz. Em seu caminho para a loja, ele notou que sempre havia um barril cheio de belas mas vermelhas sobre o cho. O pequeno Jimmy as admirava com desejo e apetite. Um dia, Jimmy estava especialmente faminto pela fruta. A viso daquelas lindas mas era demais para o pequeno Jimmy. Ele correu at o barril, arrebatou uma grande ma vermelha, saiu correndo, sentou-se nos degraus da frente da loja e, avidamente, comeu a ma. Os ancies riram ao verem Jimmy devorar sua ma, digamos roubada. Com a idade de sete ou oito anos, a perna direita de Jimmy comeou a encrespar por baixo. Era muito doloroso. Caroos apareceram na coxa e na panturrilha. O mdico teve que lancetar os furnculos infestados. O doutor temia que Jimmy talvez no pudesse mais esticar a perna, que estava muito retorcida, e ficaria aleijado pelo resto da vida. Mas a vontade forte de Jimmy, mesmo na infncia, no deixaria que algo assim o dominasse. Ele comeou a esticar a perna, gradualmente, puxando-a e exercitando-a, at que conseguiu que ela retomasse posio normal. Ele nunca mais teve problema com a perna. Era to normal quanto a outra.

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Jimmy aprendeu a jogar beisebol e ficou muito orgulhoso quando se vestiu com o uniforme de beisebol. O time dele venceu o dos meninos mais velhos. Em um desses jogos, Jimmy quebrou a primeira articulao do terceiro dedo. Ele no foi ao mdico para tratar da articulao fraturada; por isso, ela permaneceu torta. O primeiro emprego Durante a infncia, ele estava sempre atento para ganhar dinheiro. Uma vez, ele e um de seus amigos conseguiram o trabalho de transportar uma carrada inteira de tijolos da estao ferroviria. Tiveram de levar os tijolos de um lado para outro, por 10 quilmetros, em um pequeno vago de mo. Receberam trs dlares por tarefa pelo trabalho. Os pequenos dedos deles estavam quase dilacerados e sangrando, pelo manuseio dos tijolos speros. Ele ficou contente com os trs dlares e, orgulhosamente, os deu sua me. Aos quatorze anos, achou emprego na cidade vizinha de Mangham, Louisiana, na estao ferroviria. Os deveres dele eram varrer a estao, aprender a telegrafar e controlar o frete de entrada e sada. O maquinista do trem de carga das 4 horas da manh soprava o apito da locomotiva para avisar o pequeno Jimmy que o frete estava chegando. Jimmy pulava da cama, vestia-se e corria at a estao para receber a mercadoria; depois de descarreg-la e coloc-la no galpo, voltava para a cama. Felizmente, o hotel onde ele se hospedava, que pertencia a um primo seu, estava localizado perto da estao. Jimmy fazia tarefas domsticas para o quarto dele e a penso. Quando recebeu seu primeiro salrio, comprou para si um terno novo, com um colarinho duro de gola alta. Algum teve que vesti-lo para ele. Jimmy teve tanto medo de que no pudesse repor o colarinho na manh seguinte que dormiu a noite toda com ele. No dia seguinte, ele o tirou e colocou de volta vrias vezes, para aprender a fazer isto sozinho, de modo que no precisasse dormir novamente com ele. Eu posso bem imaginar o desconforto que isso lhe causou, pois em anos mais recentes no gostava de colarinhos e gravatas muito apertados em volta do pescoo. Jimmy tinha que dividir o quarto com outros homens e dormia na cama com um deles. Esse no era um arranjo muito satisfatrio para Jimmy, pois, at na infncia, ele tinha hbitos prprios de asseio, e os trabalhadores no eram muito cuidadosos consigo mesmos. Mas ele no tinha dinheiro para ter um quarto ou uma cama s para si e tinha sorte de ter um lugar para comer e dormir. Tirou o melhor proveito da situao. Nesse perodo, descobriu que estava sentindo muita coceira e podia sentir bichos rastejando pela cabea. No conseguiu entender o que estava acontecendo. Tentando livrar-se deles, tomou medidas drsticas. Enrolou a cabea com um pano ensopado de querosene; mesmo assim no adiantou. Finalmente, jogou tudo fora, em desespero, e correu para casa, para que sua me lhe retirasse os piolhos. Enquanto trabalhava na estao, ele via que o Sr. W. C. Morse, superintendente da diviso, costumava ir e vir no seu carro particular. Isso criou em sua jovem cabea o desejo de dirigir um desses carros particulares. Esse dia materializou-se muitos anos depois, quando ocupou o cargo de Presidente e Diretor da Kansas City Southern Railroad Co. Ganhara o privilgio de viajar em um carro particular em suas viagens de trabalho ou quando voltava para casa para ver seus pais, assim cumprindo um desejo de infncia. O Sr. Lynn nunca se esqueceu dos amigos que o ajudaram em sua escalada para o xito; Sr. W. C. Morse e Sr. Lynn corresponderam-se um com o outro at o fim. Em anos posteriores, o filho do Sr. Morse precisou de ajuda financeira para comear sua prpria aventura empresarial. O Sr. Lynn pagou uma dvida para com o pai ajudando o filho. Tornou-se um negcio prspero. Durante os anos magros de seus pequenos empregos e de estudo em Kansas City, Mo., ele se hospedava aqui e ali, sem refeies fixas decentes. Nesses primeiros dias, ele no sabia o valor dos hbitos de alimentao correta. Ele me disse que, como refeio, comprava e comia uma torta inteira ou um bolo, ou uma caixa de quase um quilo de chocolates, e nada mais. O Sr. Lynn costumava me contar a histria de sua infncia e juventude, de suas realizaes empresariais, etc. O Sr. Fowler a escreveu muito melhor do que eu jamais poderia fazer, assim vou transcrever seu artigo inteiro aqui para a satisfao do leitor, e um outro artigo que aparece primeiro.

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Publicaes a respeito de Rajasi (O seguinte artigo sobre a vida de Sr. Lynn apareceu na Kansas City Star Magazine, em 1924.)

Corrida para o Grande Sucesso:


A corrida de Jimmy Lynn para o topo em sete anos quase uma empolgante histria de progresso
UM DIA, NO VERO DE 1900, UM MENINO DE 8 ANOS TRABALHAVA NUM CAMPO DE ALGODO, no norte de Louisiana. Sentia calor, estava cansado e pensou com anseio no aude no muito distante, que, provavelmente, tinha naquele momento seu complemento de meninos felizes, espirrando gua uns nos outros. O menino se perguntou o que seu pai e sua me diriam se ele fosse at o aude por algum tempo. Ele no demoraria muito e imaginou, com otimismo juvenil, que poderia trabalhar muito melhor quando voltasse. Pensou que poderia perguntar para sua me. Olhando para uma pequena casa de fazenda, no muito longe, para ver se sua me podia ser vista, partiu para l, mas parou abruptamente e sua face assumiu uma expresso sria. O menino sabia que a famlia tinha dificuldades para conseguir chegar ao fim do ms. Tambm sabia que seu pai precisava do algodo colhido, que se qualquer coisa acontecesse para impedir a famlia de ganhar cada centavo que pudesse obter do produto final, isto significaria tempos ainda mais difceis, menos comida na mesa para os pais e os cinco irmos e irms. Acho que melhor eu ficar na minha tarefa, pensou o menino, com um pequeno suspiro de pesar. Talvez chegar o dia em que poderei nadar pelo tempo que quiser. Esse tempo chegou, e s se passaram vinte e quatro anos desde que o menino estava no campo de algodo de Louisiana e invejou seus companheiros no velho aude, a 800 metros de distncia. Hoje, o menino se senta em um belo escritrio particular no terceiro andar do edifcio R. A. Long e dirige os destinos de um negcio que rende trs milhes de dlares por ano. Ele possui, em bens imveis, a rea inteira da zona sul de Kansas City, limitada pela 64th Street ao norte, Meyer Boulevard ao sul, Michigan Avenue a oeste, e Olive Street a leste. O nome dele James Jesse Lynn, e o diretor geral da seguradora U. S. Epperson Underwriting Company. Desnecessrio dizer, hoje o Sr. Lynn vai nadar sempre que deseja, porque por acaso ele tem sua prpria piscina em casa. Mas preciso admitir-se que ele tem mais prazer em acertar dezoito buracos no campo de golfe sobre as colinas Mission, do que em nadar pelo tempo que pudesse. Em primeiro lugar, James J. Lynn nunca deveria ter estado naquele campo de algodo em Louisiana. Talvez essa seja uma razo por que ele saiu de l to depressa. A sua era uma das famlias do sul que a Guerra Civil arruinara. Antes da secesso, o av dele tinha uma propriedade na Carolina do Norte, com um grande grupo de escravos e era considerado um homem rico na vizinhana. Aps a guerra, seu av era apenas seu av e o pai de Jimmy Lynn era um locatrio em Louisiana, cultivando um pedao de terra num esforo de equilibrar seus oramentos e tendo de lutar para alcanar esse resultado. A manh de 5 de maio de 1892 viu o nascimento de Jimmy Lynn, o quarto de uma famlia destinada a ter seis filhos. Quando Jimmy nasceu, j tinha um irmo, Robert, uma irm, Mary, e um irmo, Frank, cada um, respectivamente, com 8, 5 e 3 anos de idade. Outra irm, Josephine, veio trs anos depois, e um irmo, Eugene, cinco anos depois. As crianas dos Lynn alinhavam-se em idade e tamanho como se fossem degraus de uma escada. Jimmy Lynn era uma criana precoce. Parecia ter nascido com a palavra escola na mente. Quando mal podia falar, balbuciava a seus pais continuamente que queria ir pra tola. Era to insistente que afinal o pedido lhe foi atendido, e ele foi levado para um professor rural, quando ainda usava fraudas. Aos 5 anos, sabia escrever todas as palavras corretamente no velho soletrador que se usava nas escolas rurais daqueles dias, e as crianas mais velhas ficavam envergonhadas, porque o pequeno Jimmy Lynn as vencia nas sabatinas das tardes de sexta-feira. Jimmy freqentou a escola at os 14 anos, adquirindo uma educao notvel, considerando-se o fato de que ele, ao mesmo tempo, trabalhava na fazenda. No dia que completou 14 anos, estava na pequena
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cidade de Mangham, La., perto da fazenda do pai, e escutou o telgrafo da estao ferroviria fazendo seu tique-taque. difcil de aprender? perguntou, fascinado, ao agente da estao. No muito, respondeu. Por que no vem trabalhar para mim? Eu lhe ensinarei telegrafia nos momentos de folga. Preciso de algum a meu lado que me ajude. Voc no se arrepender se aproveitar esta chance. Quanto voc me pagaria? perguntou o jovem Jimmy. Eu teria que ver o que a ferrovia permite e obter autorizao da matriz, mas imagino que voc poderia ganhar uns 15 dlares por ms. um bom dinheiro para um menino de sua idade. Jimmy concordou que era. Foi todo contente para casa, a fim de contar ao pessoal sobre o grande emprego que seria dele se a matriz da ferrovia aprovasse. A permisso chegou e Jimmy entrou no mundo profissional como faz-tudo na estao ferroviria Missouri Pacific, em Mangham. Trabalhou l at outubro daquele ano e aprendeu telegrafia at conseguir enviar mensagens corretamente. Em seguida, abriu-se uma vaga para agente auxiliar em Oak Ridge, L.A., uma funo que pagava 35 dlares por ms, mais do dobro que Jimmy estava ganhando. Jimmy acreditava que poderia lidar com o novo emprego e estava pensando em pedir a vaga quando o agente da Oak Ridge, que conhecia o trabalho de Jimmy, se adiantou e perguntou ao superintendente da diviso se o jovem Lynn no poderia ser transferido para Oak Ridge. A promoo foi obtida. "Jimmy" trabalhava durante o inverno, a estao mais ocupada, em Oak Ridge, voltava para Mangham na primavera, e quase morreu de alegria ao ser escolhido pelo prprio superintendente da diviso e levado ao terminal de Ferraday, La., como agente auxiliar. O menino sentia que estava progredindo na vida. De fato, estava. Trabalhou em Ferraday de 1907 a 1909, dos 15 aos 17 anos. Ento, uma depresso econmica atingiu o sul do pas e a ferrovia anunciou que teria de demitir todos os seus assistentes em Ferraday, exceto um. O jovem Lynn conseguira um lugar no escritrio para seu irmo, Frank, e os dois mantinham uma espcie de conselho de guerra. Jimmy era o homem de frente no escritrio, de acordo com a regra de antigidade, e tinha direito ao nico lugar disponvel, mas era solteiro e Frank estava casado. Se Frank perdesse o emprego, haveria duas bocas para alimentar em vez de uma. E ningum sabia quando os tempos melhorariam. Eu lhe darei meu lugar, props Jimmy. Parece que a melhor maneira de resolver as coisas. No se preocupe comigo. Acharei algo para fazer em outra parte. E ele achou. Antes de chegar o dia para ele deixar Ferraday, j havia recebido a oferta de um cargo como assistente na estao Missouri, Kansas & Texas de Moberly, Mo. O auditor ambulante da Missouri Pacific o havia recomendado para o posto, apesar de que isso significasse enviar um bom homem para uma ferrovia concorrente. Jimmy veio a esta parte do pas quando tinha 17 anos, e sentia-se to solitrio em Moberly que pensava que iria morrer se ficasse l por um ms. Conheceu um homem em Kansas City, Hugh Harlston, o assistente principal da diviso de engenharia da Missouri Pacific. Venha, disse Sr. Harlston. Conseguirei um trabalho para voc. O amigo cumpriu a palavra. E hoje Sr. Harlston um dos homens de confiana da Epperson Company do Sr. Lynn. O jovem Lynn ficou na Missouri Pacific at outubro de 1910, quando ingressou no departamento de contabilidade da telefnica Bell Telephone Company. Constatou que sua educao em Louisiana no fora suficiente, assim passou a freqentar, ao mesmo tempo, a escola de direito de Kansas City e a escola noturna no prdio da velha escola secundria central, alternando as noites entre as duas instituies. Em 1912, a companhia telefnica o enviou para seu escritrio em St. Louis, mas, uma vez l, ele sentiu falta da escola de direito e de seus amigos de Kansas City. Assim, demitiu-se do cargo e voltou a Kansas City. Entrou sozinho no negcio de contabilidade pblica e logrou bom xito. O ano 1913 testemu-

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nhou dois grandes eventos na sua vida: o casamento com Frieda Prill, uma moa de Kansas City, em outubro desse ano, e sua admisso no tribunal estadual de Missouri, em 31 de dezembro. Em janeiro de 1914, entrou na empresa de contabilidade Smith & Brodie e permaneceu com eles at maio de 1917, quando uma mudana dos acontecimentos o fez aliar-se com U. S. Epperson, fundador da companhia que traz esse nome at hoje. O Sr. Lynn fizera algum trabalho de contabilidade para H. A. Thompson, gerente geral da firma Epperson, e fora enviado a Louisiana para investigar o prejuzo causado por um incndio que l ocorrera. Foi assim que ele formou sua primeira conexo com o escritrio da Epperson. O Sr. Thompson morreu e, logo depois, Sr. Epperson chamou Sr. Lynn para uma reunio. Tratava-se de um problema em Louisiana e de uma proposta para que Sr. Lynn entrasse no escritrio para ajudar a resolver diversos assuntos sobre os quais ele e Sr. Thompson estavam melhor situados. O Sr. Epperson gostou do modo com que Sr. Lynn se conduzia e surpreendeu o jovem completamente ao oferecer-lhe o lugar de Sr. Thompson como gerente da Epperson Company. Mas ele tinha 55 anos e eu s tenho 25, ressaltou Sr. Lynn. Eu gostaria de ter uma chance nesse cargo e acredito que poderia exerc-lo com a sua satisfao, mas a discrepncia de idades entre Sr. Thompson e eu no ser um tipo de obstculo? No se preocupe com isso, Sr. Epperson respondeu. Isso assunto meu e eu cuidarei dele. Voc quer uma chance neste cargo, ou no quer? Quero, disse Sr. Lynn, e o assumiu. O jovem tinha uma tarefa herclea diante de si. Aqui, aos 25 anos, pediram-lhe que assumisse o trabalho executivo de um homem de 55. Pediram-lhe que assumisse a administrao de um negcio que, naquele momento, tinha alcanado um milho de dlares por ano. Pediram-lhe que se tornasse o chefe de um escritrio de quarenta ou cinqenta pessoas, e ele sabia que indubitavelmente haveria um pouco de ressentimento nas mentes de algumas delas, porque ele fora chamado de fora para essa posio premiada. O Sr. Lynn trabalhou dia e noite por muito tempo. A guerra estava prxima e as condies em geral eram agitadas. Mas ele lavrou o terreno e alcanou xito no fim do sulco. Um dia, Sr. Epperson chamou Sr. Lynn a seu escritrio. Quero ter uma conversa com voc, disse o mais velho ao mais jovem. Estou chegando quele tempo da vida em que gostaria de tornar as coisas um pouco mais fceis. Voc j tem estado na administrao deste negcio por um bom tempo e sabe como deve ser conduzido. Acha que poderia assumir todos os detalhes executivos? Eu poderia tentar, trabalhando duro, disse Sr. Lynn. Muito bem, isso tudo que eu quero, respondeu Sr. Epperson. Agora, existe a questo de seu salrio. satisfatrio para voc? Sim, senhor. Bem, no para mim. Vou dar-lhe um aumento ao que eu considero ser o valor que voc tem. E alm disso, voc receber uma comisso sobre o montante de negcios realizados. O Sr. Epperson no mencionou a quantia do aumento salarial que tinha em mente, mas quando Sr. Lynn descobriu, ficou atordoado. Estava recebendo um dinheiro que em Louisiana ele no teria acreditado que existisse. A comisso somou ainda mais aos nmeros. O negcio que toca trs milhes de dlares por ano , agora, provavelmente, o nico negcio milionrio em Kansas City que dirigido por um homem de apenas 32 anos. Ele s parece ter 32, mas esses anos viram-no passar por um curso intensivo de estudo e preparao para aprimorar-se, e amplamente sabido, nos crculos empresariais de Kansas City, o quanto ele o tem desempenhado bem. O xito de Sr. Lynn parece devido principalmente ao fato de que, quando encontrava um assunto sua frente para ser conquistado, dirigia-se at l, atacava-o com plena fora e recusava-se a desistir at que
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estivesse sentado em cima dele. Foi assim que ele fez sucesso no mundo de recreao do golfe, por exemplo, o qual decidiu que seria sua principal diverso e determinou que o jogaria bem ou, ento, no jogaria. Sua meninice em Louisiana passara sem que ele soubesse que havia tal jogo como o golfe. Quatro anos atrs, porm, depois que tinha estabelecido sua carreira empresarial e alcanado um lugar em que poderia dar uma olhada em torno e pensar em um passatempo, pensou no golfe e decidiu que seria to versado nele quanto possvel. O novato comum teria comprado um jogo de tacos, teria se achado um companheiro cordial e teria sado para os campos de golfe pblicos, a fim de abrir seu prprio caminho e aprender o jogo pela simples regra de mirar e acertar, mirar e errar. O Sr. Lynn tinha outras idias sobre o assunto. Ingressou no Mission Hills Golf Club, comprou tacos, bolas e outros equipamentos, e se colocou nas mos de Joseph Matthews, profissional de golfe do Mission Hills. Ensine-me este jogo, disse ele a Matthews. Quero aprend-lo do incio ao fim, e aprender tudo direito. O resultado foi que Sr. Lynn provavelmente nunca fez um arremesso incorreto em sua vida. Os golfistas riro disto, e diro que ainda vai nascer o homem que de vez em quando no erre um arremesso, mas o fato que Sr. Lynn estava sob instruo competente desde o comeo e, em pouco tempo, tornou-se um dos melhores jogadores de golfe de Kansas City. Ele foi o segundo colocado, depois de James E. Nugent, no campeonato do Mission Hills no ano passado, e foi quase semifinalista no campeonato municipal no Meadow Lake Club deste ano, sendo vencido por Henry Decker, o campeo do ltimo ano, no tipo mais acirrado de partida, 2 para baixo e 1 para jogar. Dos terrenos da zona sul adquiridos por Sr. Lynn, quarenta e nove acres e meio esto na rea limitada por Michigan and Olive, 64th Street e Meyer Boulevard, enquanto dois acres e meio esto entre as ruas 63rd e 64th Streets, as avenidas Garfield e Euclid: cinqenta e dois acres ao todo. O terreno cautelosamente avaliado em 100 mil dlares. O Sr. Lynn diz que o comprou para proteger sua casa em 6550 Brooklyn Avenue. Planeja construir um campo de golfe ali, e um profissional de golfe j marcou nove buracos que podem ser jogados. Sr. Lynn diz que tem apenas quatro regras para o xito: 1. 2. 3. 4. Trabalho duro. Honestidade. Tudo que fizer, faa-o bem feito. Prepare-se para o futuro.

As regras no precisam ser explicadas, diz esse homem de olhos azuis, pele clara e bem vestido, enquanto se senta atrs da escrivaninha e responde s perguntas dos visitantes. Tenho procurado segui-las o melhor que pude e, alm disto, o Sr. Epperson o tipo ideal de homem para um jovem se associar. Ele me ajudou alm de toda a imaginao. A primeira e a terceira regras, j que tratam do modo de se trabalhar, podem ser consideradas juntas. As pessoas podem pensar que esto trabalhando to arduamente quanto lhes seria possvel, porm podem estar fazendo tudo com seus msculos e pouco com suas cabeas, e se perguntando por que no obtm resultados. A regra da honestidade importantssima. Se a pessoa no se dirige diretamente ao alvo, descobrir que lhe passaram uma rasteira ou que ficou para trs antes que a corrida chegue metade. Deixe que todos pensem de voc: Esse homem sempre jogar limpo comigo. Essa uma das maiores qualidades que algum pode ter. Quando digo: Prepare-se para o futuro, isto exatamente o que eu quero dizer. Tente estar preparado para saltar e fazer o trabalho do homem que est sua frente. Eu no estava vendo muita graa na vida quando freqentava duas escolas noturnas diferentes ao mesmo tempo, mas no final valeu a pena.

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Outro dia, Sr. Lynn teve uma pequena conversa com os empregados que lhes mostrou como queria que trabalhassem para ele e, incidentemente, reuniu uma excelente srie de instrues para trabalhadores de qualquer escritrio. No tome coisa alguma como certa, ele lhes falou. Quando uma carta, um telegrama ou qualquer correspondncia chegarem diante de voc, pense em quem escreveu e por que foi escrito. Pense na posio de quem escreveu, a firma, as conexes, suas relaes com os outros, suas relaes conosco, o que ele quer, por que ele quer, quando ele quer, como ele quer, o que ns devemos fazer para agrad-lo. Pense no efeito que a transao tem em nosso negcio, o que ela envolve. Reflita sobre tudo isto. Conhea o seu homem, o seu assunto, o efeito de suas aes. Tambm no se preocupe com sua prpria importncia. Aprenda o seu trabalho, certifique-se de que voc tem razo, tenha confiana, mas deixe que os outros julguem a sua importncia. Deixe que os outros reconheam a sua superioridade por meio do seu conhecimento e de sua capacidade, de sua conduta, seu porte, sua personalidade. Quando for necessrio exercer a autoridade com um subordinado, faa-o, porm jamais ser necessrio lembrar a um subordinado que voc seu superior no trabalho. Esse o cmulo da tolice. O Sr. Lynn , agora, um completo cidado de Kansas City. Louisiana est muito longe para ele, e ele no tem desejo de voltar, exceto para visitar a famlia. Toda vez que deixo Kansas City, nunca me sinto feliz at que eu volte, ele diz. No penso que exista uma cidade no pas como esta, e no tenho a menor idia se estou sendo orgulhoso ou bairrista ou qualquer coisa assim, quando digo isto. Quero ver Kansas City crescer comercialmente, claro, porque isto significar prosperidade continuada e todos os tipos de coisas boas para seus cidados, mas no quero v-la to grande quanto Nova Iorque ou Chicago. So cidades maravilhosas, mas acredito que so tambm grandes demais para seus habitantes desfrutarem do que elas tm de melhor. Essa uma idia que no poucos dos maiores homens de negcios de Kansas City endossam. algo para se pensar, para dizer o mnimo.

(O artigo seguinte sobre a vida de Sr. Lynn reimprimida aqui com a permisso da Kansas City Star, Kansas City, Missouri. Originalmente publicado na revista Kansas City Star, em 13 de maio de 1951, apareceu depois em um livro, Leaders in Our Town [Lderes de Nossa Cidade].)

A Vida Extraordinria e a Carreira Empresarial de James Jesse Lynn


Por Richard B. Fowler, Reprter, Kansas City Star, Kansas City, Missouri
JAMES J. LYNN PRESIDENTE DA SEGURADORA U. S. EPPERSON UNDERWRITING COMPANY. s 9 horas da manh do nono dia do nono ms do ano 1909, um jovem de 17 anos chamado Jimmy Lynn, com saudade de casa, desceu do trem no velho depsito da Union. Talvez j naquela poca, aquele algo diferente em sua natureza j estava vindo superfcie, algo que o fez notar a coincidncia do nmero nove. Embora o dia fosse domingo, ele caminhou para o outro lado dos trilhos da ferrovia at o escritrio da Missouri Pacific, no andar de cima do armazm de carga. Homens estavam trabalhando quando ele foi trabalhar. Uns doze anos depois, a comunidade empresarial inteira de Kansas City conhecia James J. Lynn, sucessor de U. S. Epperson e dono (com uma dvida enorme) da seguradora de uma grande parte da indstria madeireira. Ele se destacava como um jovem prodgio. Neste ano, 1951, os que apreciam o termo imprio empresarial poderiam situar Sr. Lynn na classe imperial, pelo menos pelos padres de Kansas City. Esse imprio se estende por trs operaes de seguro distintas, produo de petrleo, frutas ctricas, transporte ferrovirio e um significativo lucro bancrio. Financeiramente, o empreendimento original da Epperson agora eclipsado pelo petrleo, mas a maior
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seguro contra incndio do mundo. Esse homem, que progrediu construindo e se expandindo no mundo dos grandes negcios, uma pessoa sem igual. Em certo sentido, ele sugere um mstico da Babilnia; um homem mais interessado em filosofia religiosa do que em quaisquer das coisas vistosas ou luxuosas que o dinheiro pode comprar. A vida prximo natureza Seu escritrio particular, no edifcio R. A. Long, respira estabilidade financeira, um escritrio de madeira de nogueira macia, com cortinas grossas, maneira das dcadas passadas. Esse homem calvo, atrs da escrivaninha pesada, est bronzeado, devido ao persistente hbito de viver ao ar livre. Viver perto da natureza parte de seu credo. Sua face to delicada que mal se pode notar o queixo quadrado. Nada h nele que apie o estilo do edifcio. Aqui no o caso corriqueiro de um homem dedicado sua igreja, que serve no conselho da igreja e tem que levar o pastor para jantar. O Sr. Lynn no pertence a nenhuma igreja.4 Durante seus anos de busca espiritual, ele freqentou muitas igrejas de muitos credos. O mbito de suas atividades implica que ele um dos executivos mais ocupados nesta parte dos Estados Unidos. Dessa vida intensamente prtica, ele tira tempo para a meditao, contempla o significado da humanidade no vasto esquema das coisas. Dessas meditaes e de anos de leitura da Bblia e do estudo de outras religies, ele desenvolveu sua prpria viso da filosofia crist. Ele conversa sobre isso livremente, mas no de um modo que seja fcil para um visitante entender. Superficialmente, podemos dizer que est envolta com o lado fsico e mental da vida diria prxima natureza. Para este reprter, sugere um retorno simplicidade do Cristianismo nos primeiros tempos, quando as pessoas adoravam na floresta. Os exerccios que ele faz ao ar livre (exerccios respiratrios, de tenso e relaxao) podem ter sido sugeridos por seu estudo das religies orientais. Essa linha de estudo comeou com um livro de R. Stanley Jones, o conhecido missionrio na sia. A maioria dos cidados de Kansas City j passaram pela propriedade de 100 acres de Lynn, situada entre a 63rd Street, o Meyer Boulevard, o Paseo and Prospect. Durante anos, as pessoas tm-se referido a ela com relao a seu campo de golfe de nove buracos. O campo de golfe foi abandonado h alguns anos. Alm das cercas e do abrigo de densa folhagem, encontra-se um bosque, pomares e vinhedos. Esse , desde o comeo da primavera at o fim do outono, o retiro ao ar livre de James J. Lynn. Ele fica perto dos pomares desde o incio da poca de florao at a estao da colheita, e regozija-se pela oportunidade de dar suas frutas de presente. No bosque, encontram-se quase 2 mil belos carvalhos, que anteriores poca da tomada de Kansas City. No inverno, ele passa o tempo que lhe possvel no sul da Califrnia, onde pode continuar a viver ao ar livre. Esse o tipo de vida que Sr. Lynn consegue encontrar no meio do tumulto empresarial. Enquanto ele est nominalmente tirando frias na Califrnia, movimenta-se de um lado a outro, para reunies de negcios e grandes convenes de madeireiros ou negociantes de automveis, os homens dos campos em que ele opera com o seguro. Seu negcio com a indstria madeireira se multiplicou muitas vezes at manter a posio de o maior seguro contra incndio em qualquer indstria do mundo. Seu tipo um pouco semelhante de seguro para negociantes de automveis no fica muito atrs, e nos ltimos dezoito meses, ele comeou uma nova companhia acionria, com cobertura total, para os donos de automveis. Aproximouse da marca de um milho de dlares em seu primeiro ano, e parece ir bem mais longe em 1951. Esse homem absorto nas coisas do Esprito um negociante muito ativo no ramo do petrleo. Suas operaes se estendem por uns 25 mil acres de arrendamentos, em Illinois, Kansas, Oklahoma e no Texas. Financeiramente, o petrleo seu maior empreendimento, cuja renda bruta atual, proveniente dos poos, calcula-se, em mdia, em dois milhes de dlares por ano. No vale do Rio Grand, no Texas, ele um grande produtor de frutas ctricas, com 500 acres de pomares de toronjas e laranjas. Por causa da geada de

Aqui, preciso dizer ao leitor que Rajasi disse a Sr. Fowler que era seguidor de Paramhansa Yogananda, fundador da Igreja da SelfRealization Fellowship. O Sr. Fowler, porm, julgou sensato no publicar essa informao por causa da publicidade desfavorvel feita no passado, nesse mesmo jornal, uns vinte ou mais anos antes.

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janeiro passado, no haver frutas da regio durante dois anos. Mas em bons tempos, a renda dos 500 acres j chegou a meio milho de dlares ao ano. Um emprego na ferrovia o trouxe para Kansas City, e ele hoje um ferrovirio, algum do pequeno grupo de homens do centro-oeste que trocaram os interesses do leste e se mudaram para c, a fim de controlar as ferrovias Kansas City Southern e Louisiana and Arkansas, e fixar sua sede firmemente em Kansas City. Ele banqueiro, grande acionista e presidente da comisso executiva do Union National Bank. E esse o homem espiritualmente afim dos antigos profetas. Homens quase em nada diferentes dele saram do deserto para denunciar o esplendor e a riqueza da Babilnia. A escalada empresarial de Jimmy Lynn um das histrias de xito mais sensacionais da Amrica, contudo diferente da maioria. Desde o princpio, seus talentos foram possudos por um ser humano peculiarmente sensvel, algum que jamais poderia suportar a idia de m vontade da parte de qualquer homem. Os anos em que Jimmy Lynn trabalhou para a ferrovia Missouri Pacific foram, antes de mais nada, incomuns. Quando os empregos eram difceis de se conseguir, sempre havia uma estao que o queria. Ele comeou na estao de Archibald, na poca da escola, varrendo e cuidando do armazm de carga para ganhar 2 dlares por ms. Aos quatorze anos, formando-se na escola de gramtica, conseguiu trabalho na estao ferroviria de Mangham, e ganhava comida e alojamento fazendo tarefas domsticas no hotel de seu primo. Sua primeira ambio na vida fixava-se no glamuroso escritrio do superintendente de diviso, uma meta que ele nunca alcanou. A figura mais impressionante que ele conheceu foi W. C. Morse, o superintendente de diviso. Em seu carro particular, esse indivduo austero, porm generoso, de sobrancelhas franzidas, percorria a via frrea de cima abaixo. Toda vez que outro agente da estao pedia salrios mais altos para Jimmy, Morse murmurava que ele era muito jovem, mas acabava concordando. Foi assim que ele foi a Oak Ridge para um trabalho temporrio, ganhando 35 dlares por ms. De l, ele se mudou para Ferriday, a cidade e ponto de diviso, com um salrio extraordinrio de 63 dlares por ms. Quando houve uma segunda vaga, ele conseguiu trabalho para seu irmo mais velho, que se casou em virtude disto. A queda nos negcios forou uma reduo de pessoal e Jimmy insistiu que estava desembaraado e era quem deveria ser despedido. Um auditor ambulante da ferrovia foi rpido em recomend-lo para um amigo da ferrovia M. K. & T, em Moberly, Mo., e verificou-se que essa era a via principal para Kansas City. A saudade de casa pode ser uma coisa terrvel para qualquer um. Mais que a maioria dos adolescentes, Jimmy Lynn dependia do calor humano e do bom sentimento das relaes humanas. Em Moberly, ele estava perdido em um mundo de pessoas velhas, homens velhos no escritrio e duas mulheres idosas que lhe alugaram um quarto. Uma dessas mulheres lutava com suas lies tardias de msica e martelava o piano at altas horas da noite. Depois, ela se ressentiu do relgio despertador de Jimmy, que acordava cedo pela manh. E assim ele achou emprego em Kansas City, trabalhando para o chefe da diviso de engenharia da Missouri Pacific. Esse funcionrio era um homem que ele havia conhecido em Louisiana. Desde aquele domingo de sua chegada em Kansas City, ele sentiu que estava entre amigos. Dentro de pouco mais de sete anos, ele era o gerente geral da grande companhia de seguros, abaixo apenas do prprio U. S. Epperson.
Seu xito foi rpido

As promoes vieram rapidamente. Ele foi contratado pela Missouri Pacific em Kansas City como auditor assistente. Em menos de um ms, o auditor foi transferido e um amedrontado Jimmy Lynn, de 17 anos, assumiu seu trabalho. Ele o aprendeu fazendo o trabalho e, depois disso, no teve medo de novos trabalhos. Mas o tema principal daqueles sete anos era a instruo. Ele comeou sua educao numa escola pblica, que fora interrompida no meio da nona srie. Um ano e meio depois, ele veio a Kansas City, e esse jovem assistente firmou a idia de conseguir educao na escola de direito de Kansas City. A escola de direito exigiu de Jimmy Lynn a promessa de completar sua formao na escola secundria que ele havia interrompido. Ele cursou as matrias da escola de direito e da escola secundria ao mesmo tempo. Dentro de um ano, ele acrescentou um curso de contabilidade por correspondncia. noite, ele

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absorvia instruo em trs campos diferentes e, durante o dia, mantinha um emprego de horrio integral. Aos 21 anos, antes que tivesse completado seu curso de direito, foi admitido no tribunal. Nessa poca, ele j era assistente na firma de auditores independentes Smith & Brodie, Certified Public Accountants. Sem tais itens, como graduar-se na escola secundria e passar pela escola de direito, somente a formao de Jimmy Lynn em contabilidade teria sido um feito prodigioso. Dois contadores locais ofereceram cursos noturnos a alunos de escolas por correspondncia e Jimmy tomou esses cursos. Sozinho, ele lia tudo sobre contabilidade que pudesse encontrar e resolvia todos os problemas. Pelas regras do conselho estatal, ningum poderia se tornar um auditor independente antes dos 25 anos de idade. Muito antes dessa idade, Jimmy Lynn estava fazendo trabalhos de contabilidade complicados e importantes para Smith & Brodie. Quando tinha 24 anos, passou no exame estatal com o grau mais alto que se tem registro naquele tempo. Confrontado com tal evidncia, o conselho abriu mo da regra de idade e lhe deu o certificado de C.P.A. (auditor independente). Nessa poca, ele j tinha 20 por cento do lucro da firma. Foi durante esse perodo de muita presso que Jimmy Lynn conheceu e namorou a Srta. Frieda Josephine Prill, de Kansas City. Eles se casaram em outubro de 1913. Junto com o desejo de agradar a todos, Jimmy Lynn parece ter nascido com uma curiosidade incomum. Era sua natureza procurar explicaes para tudo. Para um indivduo curioso, a contabilidade pode ser uma aventura. Os nmeros contam a histria de um negcio, como ele opera e o que lhe d credibilidade. Em Kansas City, o jovem Lynn foi nomeado ao trabalho de contabilidade para a U. S. Epperson Underwriting Company e para a Lumbermens Alliance, liga de madeireiros qual a companhia servia. Em Chicago e St. Louis, ele fez a auditoria de outras seguradoras. Os nmeros foram a sua instruo empresarial. Treinamento sob a direo de Epperson Milhares de cidados de Kansas City, de uma gerao mais jovem, j viram quadros a leo de U. S. Epperson, o homem alto, calvo, de bigodes escuros. Em outros anos, Kansas City o conhecia como a Alma da jovialidade, o lder dos trovadores da famlia Epperson, scio de clubes, bom camarada e amigo de artistas clebres em visita cidade. Nesse escritrio, ele era todo negcios, exteriormente austero e dado a hbitos de trabalho incomuns. Seu dia comeava ao redor de quatro da tarde e raramente terminava antes da meianoite. Sua eficincia era legendria. Quando comeava a examinar um caso de perda por incndio, passava a noite inteira, recusando-se a pensar em qualquer outra coisa. H uma histria ilustrativa da noite em que uma faxineira recolheu todos os registros de um caso que Epperson havia espalhado pelo cho a seu redor, sem que ele escutasse ou visse. No dia seguinte, houve uma procura frentica por esses registros. Quando algum pensou em perguntar faxineira, ela disse: Oh, sim, eu recolhi um monte de papel espalhado no cho, dois sacos cheios. Os homens do escritrio passaram muitas horas no depsito de lixo da cidade, antes que a maioria dos registros fosse devolvida aos arquivos. As circunstncias reuniram o jovial Jimmy Lynn e o austero Epperson. Lynn foi nomeado para fazer a auditoria dos negcios de uma fbrica incendiada no Mississippi, que era um caso que preocupava particularmente U. S. Epperson. Ele examinou o volumoso arquivo e decidiu responder a todas as perguntas que foram levantadas. A auditoria revelou o motivo bvio para o incndio premeditado. Epperson mostrou-se impressionado. Aconteceu em um momento crtico. A morte levara N. A. Thompson, o gerente geral da companhia, e Epperson era como um homem que acabara de perder seu brao direito. Ele chamou Lynn para pr em ordem alguns de seus negcios pessoais, em seguida ofereceu-lhe o cargo de tesoureiro na companhia. Lynn recusou. Tarde da noite, enquanto trabalhava em cima dos livros em seu escritrio, Jimmy Lynn sentiu os olhos de Epperson fixos nele e, de vez em quando, ouvia as palavras: Quisera que voc no fosse to jovem. Um preo por seus talentos Dessa situao, veio a oferta do cargo mais importante, de gerente geral. Com a idade de 24 anos, e tendo acabado de conseguir o status de auditor independente (C.P.A.), Jimmy Lynn teve a experincia de ver poderes rivais brigando por ele. Epperson comeou com uma oferta de 5 mil dlares por ano e a aumentou at um acordo que chegou a 12 mil. O salrio era to sem precedentes que Lynn teve de jurar segredo, e foi segredo at hoje. Fred A. Smith, chefe da firma de contabilidade, fez uma contraproposta, oferecendo a Lynn plena sociedade, que provavelmente valia mais do que os 12 mil de Epperson. No foi o salrio que

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inclinou as balanas, mas a oportunidade. Epperson falou de sua idade e da chance de ele assumir total responsabilidade dentro de muito poucos anos. A oportunidade mostrou-se que era maior do que Jimmy Lynn sabia, e tambm muito mais precria. A esperana de algum dia assumir a administrao completa para Epperson terminou em 1921. Epperson decidiu vender a companhia. Ele estava doente e temeroso de que algo acontecesse para destruir o valor de seu negcio. Quis colocar seus negcios em ordem. Fora de si, Jimmy Lynn props comprar o negcio. Epperson declarou o fato muito bvio: Voc no tem o dinheiro para isso. Em seus anos posteriores, E. R. Swinney, diretor do First National Bank, falava sobre Jimmy Lynn como seu exemplo No. 1 de um emprstimo de risco que produziu grandes resultados. Swinney trabalhou com o entusiasmo de um homem que poderia ter sido criticado ou gozado por sua ousadia. O tamanho do emprstimo, que era o preo de compra da Company, nunca se tornou pblico. Situava-se em algum lugar nas centenas de milhares de dlares e foi feito estritamente baseado no carter de um jovem que ainda no tinha 30 anos. As notas foram manejadas pelo banco, mas era sabido por todos que Swinney havia garantido o emprstimo pessoalmente. Quando Lynn assinou o cheque com a quantia total do preo de compra, U. S. Epperson ficou to aturdido que precisou de um ms para decidir se aceitava o cheque e assinava o contrato. A Epperson Company se havia originado com um problema na indstria madeireira. Por causa dos perigos de incndio em fbricas de madeira nos primeiros anos, no era possvel conseguir seguro alm de trs-quartos do valor, e isso apenas com taxas exorbitantes. Em 1905, R. A. Long e outros lderes da indstria organizaram a Lumbermans Underwriting Alliance, uma liga estabelecida para distribuir o risco individual pelas diversas companhias, estando o grupo preparado para compensar as perdas de qualquer indstria. U. S. Epperson abriu sua companhia para tratar do seguro da liga em uma base percentual baixa. Desde o incio, era um acordo exigente, em que os pequenos riscos no eram admitidos liga. Aqueles que tomaram os passos necessrios para se protegerem do prejuzo recebiam seguro total a custos razoveis. Progresso sob a direo de Lynn Em 1917, quando Jimmy Lynn tornou-se gerente geral da Epperson, os prmios de seguro eram um pouco menos que um milho de dlares por ano e os recursos da Lumbermens Underwriting Alliance estavam abaixo de um milho. Hoje os prmios anuais esto ao redor de seis milhes e os recursos cresceram a mais de 13 milhes. Um perodo de rpido crescimento comeou imediatamente depois de Lynn ter comprado a firma de Epperson. Ele o atribuiu aos talentos das pessoas na organizao. Esses talentos foram encorajados por sua poltica de dar s pessoas a liberdade de mostrarem o que podiam fazer, uma poltica que tambm envolvia pagar salrios de acordo com a capacidade demonstrada. Como resumiu um homem que estava l na ocasio, era um caso de abrir a porta para a oportunidade individual. O emprstimo prodigioso feito por H. R. Swinney poderia ter sido liquidado em trs ou quatro anos. Tais eram os lucros do negcio estimulado. Quando o emprstimo foi reduzido a um tamanho manejvel, Lynn resolveu se expandir. No segundo ano, ele passou para o campo de seguro para negociantes de automveis. Eles tinham formado sua prpria Universal Underwriting Exchange, que tinha 57 mil dlares de prmios quando Lynn assumiu a administrao. A operao tem agora prmios ao redor de 4 milhes e meio de dlares e cobre um-quarto dos negociantes autorizados do pas. Como as companhias de madeira, os negociantes de automveis entram na sociedade em uma base altamente seletiva que controla o total. A ocupao secundria de Lynn com frutas ctricas comeou em 1927, com uma fazenda de 20 acres. Ele descobriu que no conseguiria quem administrasse uma fazenda desse tamanho, assim ele a expandiu para 500 acres. Seu negcio com o petrleo comeou em 1933, no tipo de transao que ele no faria hoje. No meio de um grande campo de petrleo em Illinois, um fazendeiro teimoso pediu 50 mil dlares como o preo de arrendamento para 100 acres de terra. Os grandes operadores, experientes, no aceitaram. Lynn pagou
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os 50 mil e, no comeo, abriu um buraco seco. O segundo trabalho de perfurao produziu um dos melhores poos no campo e era apenas o comeo. O nico trabalho estritamente pblico aceito por James J. Lynn foi o servio no conselho de parques. Podia estar vinculado, em sua mente, sua reverncia pela vida ao ar livre e prximo natureza. Depois que ele se afastou do conselho, teve a oportunidade de vender o terreno na 63rd Street para a construo de um teatro ao ar livre. Por acaso, o terreno estava perto da entrada do Parque Swope, na 63rd Street, por isso Sr. Lynn telefonou para J. V. Lewis, o superintendente de parques. Lewis ficou triste idia de um negcio particular ao lado da nova entrada. Bem, o nico modo de garantir que o parque seja protegido incorporar o terreno ao parque, disse Sr. Lynn. Vou do-lo cidade.

Rajasi como contador Rajasi no contou para Sr. Fowler que quando fez o exame para obter o C.P.A. e sentou-se mesa com esse propsito,
Havia um jovem na minha frente que estava lendo e relendo as perguntas. A escola nos dera um dia inteiro para respondermos s questes. Eu li os papis do exame durante as horas da manh. Depois do almoo, comecei a responder s perguntas. Aquele jovem me olhou e perguntou: O que est fazendo? Eu respondi: Respondendo prova. O homem exclamou: Puxa, como que voc j pode respond-las? No pude sequer absorver uma s questo. Em trs horas, eu tinha preenchido todas as respostas. Aquele homem ficou revoltado ao notar que eu tinha respondido to depressa a todas as perguntas, que se levantou da cadeira, jogou o questionrio no lixo e foi embora, dizendo: Eu nunca vou conseguir.

Sr. Lynn diplomou-se com as honras mais altas, ganhando vrias bolsas de estudos e outros prmios. Quando Sr. Lynn voltou para visitar os pais, seu maior feito e satisfao foi ver sua me correr em sua direo, com os braos estendidos para envolv-lo com seu amor. Recordar esse quadro mental de sua me trazia-lhe lgrimas aos olhos. Seu pai costumava repetir, orgulhosamente, para os demais membros da famlia: Jimmy nos pagou de volta tudo que gastamos para cri-lo. O Sr. Lynn tinha uma memria prodigiosa, especialmente para nmeros. Ele podia somar uma longa coluna de nmeros com a mesma rapidez com que passava um lpis para baixo e para cima pela fila de algarismos. O casamento Durante seu curso de direito, Sr. Lynn conheceu Frieda Prill, de 17 anos, em data desconhecida. Ele e um amigo conheceram as moas num parque. Frieda morava num convento, na poca. Casaram-se pouco tempo depois, em outubro de 1913. Ele me disse que ela no sabia cuidar da casa nem cozinhar, e que viviam de tomates cozidos. Um ano depois de casados, ela precisou fazer uma operao sria, que a impediu de ter filhos. Depois disso, ela permaneceu mental e fisicamente doente. A posio social de Sr. Lynn cresceu, mas a sociedade no aceitou Frieda nos seus crculos, e isto a amargurou profundamente. O Sr. Lynn no freqentava muitas reunies sociais, para evitar os constrangimentos causados pelas aes da mulher. Ela tinha acessos muito violentos de cime, se qualquer homem, mulher ou criana olhasse para ele. As aes dela provocaram nele muita angstia. O Sr. Lynn sempre proporcionou a ela todo o luxo adequado sua posio. Os anos no lhe melhoraram a condio mental ou fsica. Com o tempo, ela se tornou uma paciente acamada, mas no procurava um mdico nem permitia que algum viesse examin-la, com medo de que ele a envenenasse; pelo mesmo motivo ela no tinha enfermeira particular.

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O Sr. Lynn teve de contratar enfermeiras ou governantas experimentadas para cuidar das necessidades da esposa. Ela era muito rspida com as empregadas. Pelo menor engano, ela as demitia, e Sr. Lynn tinha de persuadi-las a ficarem, oferecendo salrios mais altos e outros benefcios. Elas ficavam, principalmente porque ele era muito bom com elas. Ele era sempre amvel e atencioso com a esposa, mas no permitia que as aes dela arruinassem suas oportunidades nos negcios. De fato, isso o fez ainda mais concentrado no trabalho e determinado na busca espiritual. Quando jovem, Sr. Lynn era conhecido como um mago nas finanas e um homem de grande habilidade empresarial. Mesmo assim, reteve a gentileza sensvel e bondosa do pequeno Jimmy. Aos 40 anos, ele tinha a perseverana, a fibra e a aspirao do jovem Jimmy. Subjacente sua natureza, estava a aspirao espiritual muito profunda de encontrar algo que lhe desse, intimamente, a satisfao espiritual. Em sua busca de conhecimento, freqentou igrejas de denominaes diferentes, sem jamais filiarse a qualquer uma, e tambm no se associou a clubes ou lojas espiritualistas. Ele me falou depois: Eu no conseguia entender: se h apenas um Deus, por que h tantas religies diferentes? Deve haver algum meio tangvel de encontrar esse Deus. Ele leu a Bblia, mas no lhe pde descobrir a verdade oculta. Leu o livro de Stanley Jones e o Bhagavad Gita, mas no lhe deram a satisfao que procurava. Durante sua busca, antes de conhecer Paramhansa Yogananda, ele tomou aulas de um hindu, um tal de Dr. Gyani, que estava palestrando em Kansas City. Frieda tambm ficou interessada, e tambm estudou com ele. O casal recebia Dr. Gyani em sua residncia. Um dia, enquanto ele estava lendo para Frieda, ela teve momentaneamente um acesso de clera e perdeu o controle mental. Assustado, Dr. Gyani foi embora, e nunca mais entrou em contato com eles. Por causa de sua relao com Dr. Gyani, Sr. Lynn recebeu uma publicidade muito desfavorvel no jornal Kansas City Star. Mas isso no desencorajou Sr. Lynn de continuar procurando algum que lhe desse o conforto espiritual de que to desesperadamente necessitava e sinceramente queria. Posteriormente, Sr. Lynn me relatou o seu encontro com o Mestre. Primeiro encontro com o Mestre
Em meados de janeiro de 1932, eu estava indo de carro, como sempre, para o escritrio, quando, no caminho, vi num grande outdoor o retrato do Mestre. Pensei: Que mulher admirvel! Mais tarde, vi anunciado no jornal que um hindu chamado Swami Yogananda estava dando conferncias na cidade. Imediatamente, tive o desejo ntimo de ir escut-lo. Na primeira noite, Frieda no me deixou ir, mas na segunda noite decidi que iria assistir a essas palestras, quer ela objetasse quer no. Ela no me deixou ir sozinho, por isso, junto com uma amiga, me acompanhou. Ouvimos todas as conferncias e assistimos s aulas. S depois que vi o Mestre algumas vezes na tribuna foi que percebi que a mulher do retrato que eu vira no outdoor e o santo que estava diante de mim eram a mesma pessoa. Eu no podia me sentar sossegado nem manter meu corpo e especialmente minhas mos quietos, nem mesmo por um momento. Na segunda noite da aula, dei-me conta de que estava sentado espigado, com a coluna vertebral ereta, e estava absolutamente imvel. Olhei para minhas mos, que antes estavam sempre se movendo inquietas, e elas estavam agora perfeitamente paradas. Maravilhado dessa grande quietude que eu sentia, olhei para plataforma. Vi, circundando o corpo do Mestre, uma linda luz azul, que envolvia o palco quase todo. Notei que o Mestre olhava para mim, sorrindo. Desde ento, nunca mais senti aquela inquietude. Soube que tinha encontrado o caminho que me daria paz e satisfao interior, e que encontrara aquele algo tangvel que eu estava buscando: meu guru.

Isto me traz mente o que Irm Gyanamata disse a Rajasi um dia, quando estava conversando com Sr. Lynn: Estou to feliz por eu ter encontrado meu guru antes que houvesse me envolvido algum outro instrutor hindu, pois provavelmente eu o teria aceito como meu guru e perderia meu verdadeiro guru. Rajasi respondeu: Irm, eu segui um professor hindu antes de conhecer o Mestre. Contudo, reconheci que o Mestre era meu Guru. Voc tambm teria feito o mesmo, pois a alma sabe a diferena entre um professor comum e um guru.

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Embora Frieda Lynn tivesse ouvido todas as conferncias do Mestre e praticado a Quarta Lio5 durante alguns anos, Sr. Lynn estava recebendo tanto espiritualmente, que ela sentiu que o Mestre o estava tirando dela. Ela se voltou contra o Mestre e reagia violentamente simples meno do nome dele. Ento, Sr. Lynn, em segredo, entrou em contato com o Mestre e deixou de mencionar o nome dele diante dela. Copio aqui um trecho da carta do Mestre a Rajasi:
27 DE FEVEREIRO DE 1935 Falei com a Me Divina a respeito da Sra. Lynn, mas vi que a Me estava neutra. Ela sabe o que quer de Frieda.

A publicidade anterior sobre sua associao com um professor hindu provocara reaes desastrosas entre os scios de Rajasi. Junto com a mudana de idia e de temperamento de Frieda, Sr. Lynn temia que outra publicidade prejudicasse seu negcio e, acima de tudo, sua associao divina com o Guru. Um dia, ele levou o problema ao Mestre. Paramhansaji encorajou Sr. Lynn para que O seguisse em segredo e no mencionasse o nome Dele audivelmente, dizendo que faria tudo a seu alcance para proteger o segredo e a posio de Sr. Lynn. O Mestre dizia freqentemente: So Lynn est no negcio por Deus e nada deve impedir que ele realize sua misso na terra. O segredo foi guardado to bem que Frieda Lynn s soube que ele ainda estava vinculado ao Mestre ou SRF em 1954, quando saiu publicada sua doao milionria para a Self-Realization Fellowship, em cuja ocasio Eugene Lynn informou a Rajasi e a mim: Tia Frieda quase colocou o teto abaixo quando leu a notcia de que o senhor doou esse dinheiro SRF. Rajasi nunca mais voltou a Kansas City depois desse incidente, assim poupando-se das reaes verbais de Frieda. Eugene Lynn cuidava do conforto pessoal de sua tia Frieda durante a ausncia de Rajasi, e fazia relatrios peridicos a seu tio Jimmy. Rajasi riu com prazer da expresso aflita de Eugene pelas artimanhas e a lngua ferina de sua tia, e estava feliz por ter afinal outra pessoa que a agentasse, depois de tantos anos sofrendo pacientemente as reclamaes de Frieda. O Mestre freqentemente repetia, em suas palestras, este sbio ditado: Uma mulher com uma lngua de 8 cm pode matar um homem de 1 metro e 80 de altura. O Mestre tambm disse que So Lynn atraiu tal esposa para aprender a pacincia. Pela graa do Mestre e por seu (de Rajasi) prprio desenvolvimento espiritual, sei que Rajasi aprendeu perfeitamente essa lio antes de deixar este mundo profano. Em novembro de 1931, o Mestre estava fazendo campanha em Salt Lake City, Utah. O Dr. Gyani acabara de fazer conferncias nessa cidade e ainda estava l quando o Mestre chegou. Durante sua conversa com o Mestre, Dr. Gyani mencionou o nome de Sr. Lynn. O Mestre disse: Quando ouvi esse nome, meu corao saltou de alegria. Senti que teria de conhecer essa alma algum dia. A campanha do Mestre estava marcada para 19 de janeiro de 1932, em Kansas. Depois de algumas noites de conferncias, o Mestre enviou sua secretria, Srta. Marquart, para ver Sr. Lynn no escritrio dele. O Sr. Lynn solicitou imediatamente uma entrevista com o Mestre, que lhe foi ansiosamente concedida. Para a satisfao do Mestre, Srta. Marquart informou que Sr. Lynn estava assistindo s suas conferncias e queria falar com ele. O Mestre e Sr. Lynn, que se tornou seu principal discpulo, encontraram-se novamente, pela primeira vez depois de encarnaes de separao. O Mestre reconheceu instantaneamente Seu velho amigo, perdido no passado distante. Copio aqui uma carta do Mestre para Rajasi. a mesma que est no fascculo em memria de Rajasi da revista East-West, mas sem editar, da mesma maneira que o Mestre a escreveu a So Lynn.
27 DE FEVEREIRO DE 1932 Abenoado: Esta para abeno-lo em nome de Babaji, de Lahiri Mahasaya, de Sri Yukteswarji e de mim, por voc ter salvo nosso trabalho num perodo muito crtico de
Na poca, o curso por correspondncia de Paramhansa Yogananda, chamado Yogoda Course, estava dividido e classificado de modo diferente que o de hoje. Anos depois, ele ampliou suas lies, chamando-as Praecepta Lessons; hoje, o mesmo curso, com poucas modificaes, chamase SRF Lessons. (N.T.)
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sua existncia. H regozijo no mundo interior, porque voc ajudou os Grandes a escolh-lo como Seu instrumento luminoso para difundir a grande obra emancipadora da Yogoda Satsanga. Os Grandes escolhem homens capazes e bem dispostos na terra para libertarem outros homens da ignorncia e do sofrimento. Em sua vida e em voc, os Imortais puseram Suas bnos invisveis, que excedem em muito os sonhos humanos. Sim, Deus e os Mestres poderiam empregar milagres para criar grandes templos, mas isso no mudaria as almas. Mas quando os Grandes encontram uma alma humana poderosa, que faz de seu corao um altar de bondade e boas aes, ento eles entram nessa alma e podem trabalhar atravs dela. Os Grandes adoram estabelecer um templo do Esprito em almas verdadeiras como voc, para que outras almas famintas de sabedoria possam vir e banquetear-se do man divino. Regozije-se, regozije-se, regozije-se! E eu me regozijo, porque o Esprito tomou a flauta de nossas vidas para cantar a divina cano da Yogoda e atrair outros filhos errantes de volta para a Casa Dele. Vamos abrir caminhos e construir novos altares de Auto-realizao em todas as principais cidades da Amrica, e expulsar as trevas cada vez mais. Vamos deixar pegadas espirituais nesta vida de sonho, para que outros possam segui-las e sair, do tumulto de pesadelos produtores de misria para as regies em que os sonhos trevosos no ousam pisar, onde o manancial da bem-aventurana de Deus brinca de maneira sempre nova para cativar e satisfazer todos os desejos e as fantasias da alma humana. Com o amor mais profundo e a promessa de ser seu amigo para sempre, at cruzarmos os portes da finitude e das encarnaes, ns alcanamos o seio do nico Amigo e nos tornamos um com Ele. Voc um iogue hindu do Himalaia, enviado como um prncipe americano, um Maraj Iogue que acender a lmpada da Yogoda nos coraes tateantes de nossos irmos ocidentais. Regozije-se, regozije-se, regozije-se! Bnos ilimitadas, Muito atenciosamente, Swami Yogananda

O Sr. Lynn ia diariamente ao apartamento do Mestre para meditar com Ele, antes de seguir para o escritrio. Foi em uma dessas ocasies que o Mestre, reservadamente, deu a Kriya a Sr. Lynn. O Mestre tocou a testa de Sr. Lynn para mostrar-lhe a luz. A respeito disso, Rajasi disse: Senti que minha face inteira estava encharcada de luz. O Sr. Lynn levava leite fresco, creme de leite, manteiga, frutas e legumes como oferendas aos ps do guru. Rajasi tinha recordaes muito afetuosas dessas reunies extticas da alma com o Esprito e o Guru, o Transmissor Divino. Mesmo antes de conhecer o Mestre, a prpria convico espiritual ntima de Sr. Lynn j o influenciara a praticar o autocontrole e o celibato. Muitos anos depois, Sr. Lynn me falou:
Antes de conhecer o Mestre, eu era uma pessoa extremamente nervosa, e ficava irritado at se meu chapu casse. Voc acredita, olhando para mim hoje, que eu era to destemperado que, quando jogava golfe, se errasse a bola, jogava o taco para cima da rvore e ia embora! Agora, eu jogo golfe muito raramente, porque no vejo sentido em correr atrs de uma bolinha. Tenho os exerccios do Mestre para manter-me em forma.

Alguns dos scios de Sr. Lynn disseram-me que ele era um excelente golfista. Depois que o Mestre completou sua campanha em Kansas City, voltou para Mt. Washington e alegremente nos falou da alma maravilhosa que ele conhecera, e que tinha prometido ajudar nosso trabalho e vir nos visitar assim que pudesse. Ainda estvamos na depresso econmica, e o banco com que Sr. Lynn era associado faliu. Alm disso, suas prprias dificuldades empresariais impediram-no de cumprir a promessa de nos visitar logo. O desapontamento do Mestre foi agudamente sentido. A razo de estar ansioso para que Sr. Lynn viesse a Mt. Washington era que ele conhecia as artimanhas sutis de Sat e queria estabelecer Sr. Lynn firmemente neste caminho, antes que Sat pudesse desviar a ateno dele para outro lugar. O Sr. Lynn escrevia que estava vindo em certa data. O Mestre mandava limpar Mt. Washington de alto a baixo, em preparao para a chegada. Copio trechos de duas cartas do Mestre a Sr. Lynn, com relao a este assunto.

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10 DE MAIO DE 1932 Estarei esperando ansiosamente sua chegada, embora tenha que esperar outro ms. Sim, ns nos encontraremos em Mt. Washington e mergulharemos juntos nas profundezas do silncio. 2 DE NOVEMBRO DE 1932 Tenho um desejo permanente de lhe mostrar este lugar, mesmo que seja por um dia. Todos ns temos esperado por voc, paciente e ansiosamente, h quase um ano. Quero que voc veja o lugar com o qual est cooperando. Por favor, avise-nos. Seria maravilhoso se pudesse meditar comigo por longos perodos, mesmo que seja por dois dias, longe do ambiente empresarial. Isto ser para a sua suprema realizao, e eu tenho que lhe dar algo mais, alguns mtodos novos para estimular seu crescimento espiritual.

A primeira visita de Rajasi Sede Central Esse atraso semanal se estendeu a quase um ano. O Mestre finalmente recebeu o telegrama anunciando a chegada de Sr. Lynn. A alegria de Mestre no tinha limites. Copio aqui o telegrama de Sr. Lynn: 3 DE JANEIRO DE 1933 Recebi sua carta. Estou to feliz que tenha reservado vrios dias para mim, sem que isso interfira com sua campanha em Santa Barbara. Meu plano chegar estao Southern Pacific, s 7:50 da manh de sbado.
14 DE JANEIRO DE 1933 Este plano definitivo e o senhor pode me esperar na hora marcada.

O Mestre botou todo mundo trabalhando, para limpar tudo, desde a torre at o poro. O prprio Mestre estava no lado de fora com a vassoura, varrendo as caladas. Tudo tinha de estar limpo como um alfinete; o Mestre nos recordava mais de uma vez: O Sr. Lynn um homem muito asseado e peculiar. O Mestre trouxe todas as variedades de frutas, legumes, nozes e tmaras, como preparo para a chegada de Sr. Lynn. Em 14 de janeiro de 1933, o Mestre partiu jubilosamente para a estao, a fim de receber Sr. Lynn e traz-lo pela primeira vez para seu lar espiritual. O Mestre estava muito orgulhoso de mostrar-lhe Mt. Washington. O Mestre deixou seu prprio quarto e foi dormir na biblioteca, para que Sr. Lynn pudesse usar seus aposentos e sua cama. Cozinhou para ele e cuidou dele como me coruja. Essa foi a primeira visita de Sr. Lynn, mas sem dvida no foi a ltima. Em uma das noites dessa primeira visita, o Mestre entrou em meu quarto e me pediu agulha e linha. Dei a ele o que me pediu. Ele se sentou e comeou a costurar, remendando os suspensrios quebrados de Sr. Lynn. Ofereci-me para coser em seu lugar, mas, oh no, ele mesmo queria costurar. O Mestre disse: Imagine s, um homem de seus meios andar assim. Ele nunca compra nada para si. Usa estes suspensrios rotos e gastos, que esto sempre se quebrando. Este o verdadeiro esprito da renncia. O Sr. Lynn viera a Mt. Washington sem saber que estava um pouco gripado. O resfriado aumentou durante os poucos dias em que esteve nos visitando. O Mestre lhe deu um gargarejo para usar. No ato de gargarejar, ele tossiu e parte do lquido manchou o teto do banheiro do Mestre. Pois bem: sabia que o Mestre no nos deixou limpar a mancha? O doce e sentimental Guruji quis manter a mancha ali como lembrana da primeira visita do seu menino. Quando Sr. Lynn voltou a Kansas City, estava muito doente, e se perguntava por que teve de sofrer um resfriado num ambiente espiritual. Ele, como tantos outros, pensava que porque entrara no caminho da ioga e do contato com Deus, todas as doenas, dificuldades e problemas desapareceriam. Esta foi a resposta do Mestre e copio aqui um trecho da carta do Mestre a Sr. Lynn:
8 DE FEVEREIRO DE 1932 Quando voc ficou resfriado, fiquei alarmado. por isto que eu lhe dava gargarejos. Senti que o resfriado j tinha descido para os pulmes. Vi isso muitas vezes, quando voc chegou aqui. No quis lhe dizer, com medo de que isso o fizesse ficar pior. Eu sei que voc tinha de passar por isto, mas teria sido muito pior se os Braos Imortais de Deus no o tivessem protegido.

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Sei que se voc tivesse ficado um pouco mais, no teria experimentado esse problema, mas tambm sei que meus Gurus o protegeram o tempo todo. Vou insistir que, de agora em diante voc coma mais nozes, passas, ameixas secas e figos, e que use um casaco de plo de camelo, bem espesso, durante o inverno e nas viagens. Os iogues precisam se proteger dos resfriados, especialmente dos que descem para os pulmes. Essa experincia, entretanto, o deixou fraco. Voc a esquecer logo. Ela veio para mostrar-lhe a instabilidade da vida humana e que voc deve sempre se agarrar a Deus, no importa o quanto Sat e o carma testem sua pacincia.

Rajasi chama a SRF de sua casa Era natural para Sr. Lynn chamar a residncia de Kansas City de sua casa, mas quando ele comeou a vir mais freqentemente e desfrutar da atmosfera espiritual de Mt. Washington e de Encinitas, e tambm a sentir-se como parte de nossa famlia divina, para deleite do Mestre, Sr. Lynn comeou a se referir a ns aqui como a sua casa, e ao endereo de Kansas City como residncia. Depois que o Mestre encontrou seu guru, Sri Yukteswarji lhe falou: V e encontre para si um guarda-costas espiritual. Da mesma maneira, o Mestre desejava que Sr. Lynn criasse uma atmosfera espiritual em Kansas City, abrindo um grupo de meditao sob sua liderana. O Mestre pensava que isso manteria Sr. Lynn sintonizado com Ele e, ao mesmo tempo, ajudaria os outros, assim mantendo o vnculo com a Sede Central e com ele. Copio aqui trechos de uma carta do Mestre a Sr. Lynn a respeito deste assunto.
28 DE ABRIL DE 1932 Sinto que voc deve, direta ou indiretamente, manter-se em contato com este trabalho, de modo que ele se torne uma parte permanente de sua vida. Penso que Frieda no objetaria se voc se interessasse anonimamente pelo trabalho de melhorar a si prprio e de ajudar os outros a se melhorarem.

Posteriormente, Sr. Lynn escreveu ao Mestre sobre seu grupo de meditao:


JANEIRO DE 1937 Eles so muito srios e firmes. A meditao est em primeiro lugar para eles e esto se expandindo rapidamente. Espere at v-los novamente e ver. Bnos e amor mais profundo de seu menino. J. J. Lynn

O Sr. Lynn meditava todas as semanas com o grupo de seis ou sete pessoas. O Sr. Lynn me disse depois que havia trs homens na assistncia:
Continuei meditando com eles enquanto havia pelo menos um homem presente, mas quando ele saiu e as mulheres comearam a ter diferenas entre si, no pude mais ficar me expondo, por receio de uma publicidade desfavorvel. Afastei-me gradualmente, e o centro se dissolveu naturalmente por si mesmo.

Enquanto isso, um jovem do escritrio de Sr. Lynn tornou-se ardente seguidor da Self-Realization Fellowship, e ainda . O Sr. Lynn continuou meditando com esse rapaz todas as tardes de sbado, no escritrio dele, e guiou Ted espiritualmente at o fim. Natal O Natal sempre foi um evento alegre e jovial para o Mestre, especialmente se So Lynn estivesse aqui para celebrar com ele. Transcrevo aqui alguns trechos de cartas do Mestre a So Lynn:
12 DE NOVEMBRO DE 1932 Por favor, avise-nos imediatamente. Temos uma maravilhosa celebrao de meditao durante os feriados do Natal. Eu espero sinceramente que voc possa vir, mesmo se apenas por alguns dias. Seu negcio estar fechado durante essa poca. Ficarei mais satisfeito se voc puder vir para o Natal. Seria o nosso Natal mais feliz.

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29 DE DEZEMBRO DE 1934 Abenoado, eu sei o quanto voc desejou estar conosco no dia de Natal, e o quanto desejamos que voc pudesse ter estado aqui. Eu tambm faria qualquer coisa para estar com voc, mas quando vier, faremos o nosso prprio dia de Natal. Na metade do dia, meditaremos juntos e traremos Cristo para o altar de nossa devoo. 28 DE NOVEMBRO DE 1939 O Natal continua tendo um lugar feliz em meu corao, mas isso tambm parcialmente eclipsado pela perspectiva de sua vinda, escondida pelas nuvens das dvidas. Pense quando voltei da ndia, como voc ansiosamente veio a Los Angeles para celebrar o Natal. Eu entendo os obstculos empresariais, mas enquanto sentirmos que voc est muito ansioso por estar conosco, estaremos felizes. O Natal s acontece uma vez por ano. Esperamos 365 dias por ele. Todos ns fizemos compras para voc e, durante o ano inteiro, procuramos coisas, na ansiosa expectativa de desfrutar do Natal e dos presentes com voc. Esta a psicologia do Natal. Isto tudo que eu tenho para lhe dizer. Nada mais. Se voc no vier para o Natal, e o que parece, a rvore de Natal ficar esperando at que voc possa vir; por isso, por favor, venha logo, o mais perto do Natal possvel, para que possamos desfrutar do Natal com voc. 24 de dezembro domingo. O Natal segunda-feira. At mesmo o trabalho de escritrio pode ser suspenso e o Natal celebrado, bastando que a pessoa pense que vale a pena. Isso tudo que eu tenho para lhe dizer. Nada mais. 27 DE DEZEMBRO DE 1943 Apesar de estar escrevendo meu livro, fui meditar. Pensei que jamais sairia do xtase. Nosso dia de meditao durou oito horas. Jesus veio trs vezes: uma vez como criana, num bero de luz, e como um jovem, e duas vezes como Ele parecia antes da crucificao. Nos olhos dele tremia o poder que controla o Universo. Foi uma meditao maravilhosa, e senti o seu esprito comigo. No dia seguinte, o banquete foi magnfico. Sentimos sua falta, mas a rvore de Natal est esperando por voc. Quando vir? Eu e Papai Noel estamos esperando.

So Lynn no podia passar todos os Natais como desejava. Ele explicou ao Mestre e a mim: final do ano, poca em que meu negcio est fechando os livros, e devo estar presente para orientlos; porm, pior que tudo, as cenas violentas que Frieda representa quando ouve falar que eu vou deix-la nessa poca so muito deprimentes. Copio aqui trechos de uma carta do Mestre a So Lynn:
24 DE DEZEMBRO DE 1938 Muito Abenoado e Amado Pequenino: Eu no sabia que sentiria tanto a falta de algum quanto sinto de meu Pequenino. Quando j estamos todos prontos para ir meditao, tenho que escrever esta carta para liberar o sentimento reprimido. A rvore de Natal e tudo o mais parece to intil sem sua face divinamente luminosa, apreciando tudo que fizemos para voc. Eu sei que (aquilo que) no pode ser curado precisa ser suportado. Estou muito triste, sem voc, tudo se parece com uma tumba. Bem, eu quis um amigo divino e tenho um em voc, o mais perfeito, e no posso deixar de sentir o drama do amor humano e do amor divino misturados. Por favor, perdoe-me por me sentir assim. No quero aumentar seu sofrimento.

O Mestre mantinha as rvores e fazia um Natal especial para So Lynn quando ele vinha. Uma vez, tivemos que manter as rvores at abril. As pobres rvores nada mais eram que esqueletos. Houve muitas vezes em que So Lynn veio. Havia grande regozijo no corao do Mestre e de todos; preparaes elaboradas eram feitas; presentes eram embrulhados, o jantar, preparado, etc. O Mestre tinha sua prpria rvore em sua sala de estar. Ele gostava que se pulverizasse a rvore de branco, mas o odor do lquido pulverizado era muito forte para um aposento to pequeno; assim, esse tipo de decorao foi abandonado. Depois disso, Sailasuta comprava a melhor rvore prateada para o quarto dele. O Mestre mandava que ns, os discpulos imediatos que o servamos diariamente, vissemos at sua sala de estar para celebrarmos seu Natal pessoal. s vezes, era depois da celebrao no andar de baixo, mas ficava to tarde que ele o transferiu para antes de descermos para terminar de cozinhar o banquete do Natal. O Mestre provocava So Lynn, dizendo: No vale espiar os presentes. Se o clima permitisse, So Lynn ia para o lado de fora e esperava que o Mestre o chamasse para entrar. Tudo em ordem, So Lynn era chamado. Ns todos dvamos as mos e fazamos um crculo em torno do Mestre e de So Lynn, que tambm estavam de mos dadas, e caminhvamos ao redor deles cantando: Jingle Bells.
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O Mestre no conseguia cantar muito afinado nossas melodias americanas, mas era doce observ-lo cantar assim mesmo. Depois disso, o Mestre e So Lynn sentavam-se em cadeiras, perto da rvore, todos ns nos sentvamos no cho, e comevamos a trocar presentes. So Lynn geralmente dava de presente ao Mestre uma grande soma de dinheiro, porm em anos mais recentes comprei presentes pessoais para So Lynn dar ao Mestre, coisas que eu sabia que a SRF ou ns no podamos comprar. Eu dizia a So Lynn, e ele, por sua vez, me mandava compr-las para o Mestre. Agradava muito a Guruji receber um presente pessoal de seu Pequenino. Dinheiro no era muito pessoal, porque ia para resolver os problemas financeiros da SRF; todavia, So Lynn tambm dava seu presente habitual de dinheiro. Quando So Lynn recebia de presente tmaras, nozes ou outros comestveis, dava algumas para o Mestre e, depois, passava para todos ns provarmos. Nossas bocas estavam to ocupadas comendo quanto nossas mos com os presentes. O Mestre tinha fascnio por algo novo, e os movimentos dos brinquedos mecnicos o interessavam. Ele no podia resistir de comprar vrios brinquedos para seu menino, todo Natal. O Mestre costumava dar lembranas, em vez de presentes prticos e teis. Ns o convencemos finalmente que os presentes teis podem ser usados, enquanto que as lembranas so guardadas e no podem ser utilizadas, ou s vezes nem mesmo voltam a ser vistas. Depois disso, Mestre adorava dar artigos domsticos e comidas que ele pensava que So Lynn iria gostar. O Mestre fazia uma exclamao de alegria ao ver seus presentes serem utilizados, quando visitava So Lynn. O Mestre gostava de dar os presentes no final e guardava o melhor para o clmax. O Eremitrio de Encinitas foi o presente de So Lynn para o Mestre e a SRF no Natal de 1936, e tambm uma soma muito grande de dinheiro, para criar o Fundo Indiano. O Mestre costumava se referir ao Natal de 1936 como o seu mais memorvel. No Natal de 1947, em particular, o Mestre deu a So Lynn um pequeno mosaico, emoldurado, com os retratos de todos os Mestres, inclusive o seu prprio e o de So Lynn. O Mestre recortou cada retratinho e os colou em forma de anel, com So Lynn no fundo, dizendo: Voc o ltimo para formar este anel. Enquanto So Lynn admirava o presente, o Mestre continuou: Eu mesmo cortei, colei e confeccionei tudo para voc. Fiz tudo sozinho. No carto de Natal, o Mestre escreveu: Quando as folhas de vida carem e desaparecerem, nossos nomes permanecero no Seio eterno de Deus, para espalhar o Nome Dele sem demora. Isto foi feito pela mo do amor, para comemorar quatro almas que, unidas, espalham a mensagem do Ser nico. H mais cartes de Natal em um arquivo separado para quem quiser ver. Em um dia de meditao de Natal, So Lynn estava sentado na plataforma, prximo ao Mestre. Guruji disse de repente: Estou vendo a bela face de Cristo. Quase imediatamente, ouvimos um baque surdo. Abri os olhos para constatar que So Lynn tinha cado da plataforma e estava deitado imvel no cho. O Mestre foi at ele e, depois do que parecia muito tempo, trouxe So Lynn de volta conscincia exterior. O Mestre me contou, depois: Ele no queria voltar. Precisei de tempo para persuadi-lo a voltar. O Mestre pediu que alguns rapazes ajudassem So Lynn a sentar-se numa cadeira perto deles, e pediu que Dr. Lewis e outro rapaz ficassem um de cada lado de So Lynn e o segurassem nos braos, para que no casse novamente. Pouco tempo depois, So Lynn se levantou e mostrou assistncia, flexionando os msculos dos braos, que estava perfeitamente bem e forte. No queria que as pessoas pensassem que ele tinha desmaiado. Mais tarde, ele me explicou o que ocorrera: Quando ouvi o Mestre dizer que viu Cristo, eu quis v-lo tambm; assim, toquei o brao do Mestre, e isso tudo que me lembro exteriormente. Em outra ocasio, So Lynn estava no lado de fora, na varanda do Mestre, esperando para entrar para a celebrao particular do Mestre; estava de frente para o corredor quando o Mestre veio caminhando at a porta. So Lynn viu Babaji, caminhando atrs do Mestre e sorrindo. Embora Rajasi no viesse para o ltimo dia de meditao do Mestre, pde participar do ltimo Natal de 1951 com nosso Amado Guruji. Eu nunca vi Rajasi demonstrar tanto ter gostado de um pre-

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sente, quanto ao receber a cruz de diamantes que o Mestre lhe deu naquele ano. So Lynn recebia tanto benefcio espiritual por participar dessas meditaes das celebraes do Natal que eu sei que ele fazia um esforo especial para comparecer sempre que possvel. A viagem do Mestre ndia J em 1934, o Mestre comeou a insinuar, em cartas a Sr. Lynn, que desejava ir ndia para ver seu Mestre e seu pai terreno. Mas o apelo ficou mais forte em 1935. As cartas do Mestre podem expressar melhor o que estava em seu corao, por isso vou copiar algumas aqui.
17 DE MARO DE 1935 Meu pai foi o primeiro a ajudar-me a estabelecer a primeira Yogoda Sat-Sanga, em uma choa de barro em Calcut. Ele sacrificou seu maior amor por mim e financiou minha vinda Amrica para eu comear o trabalho em Boston. Ele tem esperado quinze anos para me ver. Ele regularmente pede que eu v v-lo antes de morrer. Ele tem sido mais que um pai. Tem sido um ajudante no trabalho de meus Gurus, e um anjo guardio desinteressado. Agora mesmo, chegou uma carta dele. Ele est morrendo de velhice e deseja muito me ver, acima de tudo o mais. Eu no dava muita ateno a isto, mas quando me sentei no Esprito, senti a voz de meu Mestre, chamando-me. Ele est me aparecendo dia (e) noite, e minha mente fugiu daqui e est pairando na ndia. No um sentimento, meu Amado, porque ouo a voz do Mestre dizer: De que servir vir ndia quando meu corpo e o corpo de seu pai no estiverem mais aqui? Voc tem que vir. Faa o supremo esforo. Isto muito sagrado para mim e para voc. Estou entregando esta mensagem do Mestre e de Deus, pois no h ningum neste mundo em cuja porta eu poderia bater com este apelo. Sei que o Mestre prolongou seu tempo de vida por nossa causa. Quero escrever a biografia de meu Mestre e no sei a data de seu aniversrio. Tentarei conseguir todas essas coisas, porque ele nunca as escrever. H uma chance: se eu persuadi-lo, ele poderia concordar em ficar por mais tempo. Ele tem esperado quatorze anos pacientemente por mim. Se for a vontade de Deus que eu volte para c a salvo, escreverei a vida do Mestre, de Lahiri Mahasaya e de Babaji. Isto absolutamente necessrio, a fim de dar um alicerce slido a este trabalho e aos estudantes. Milhares esto famintos, esperando por isto, assim como esperaram pelas lies semanais, mas eu s escrevi a metade. E porque careo de datas e de verificao dos meus escritos, nada publiquei. Se Deus permitir que voc torne essa viagem possvel, estar atendida a maior necessidade do trabalho e o desejo de meu corao, que sempre me persegue. S posso publicar fatos, por isto lerei para meu Mestre e alguns outros discpulos de Lahiri Mahasaya o que escrevi. Querido Amigo, voc que salvou o trabalho meu e do Mestre da completa runa, no ser uma vez mais o redentor desta situao na ndia, e salvar minha alma do horror de quatorze anos de espera? Se houvesse uma chance, eu teria mendigado de porta em porta, em vez de importun-lo, mas obedecendo ordem interior de minha alma, venho sua porta. Por favor, no me mande embora. Deixe-me realizar esta grande tarefa durante meu curto tempo de vida. Eu tambm prolonguei minha vida, porque queria estar no Infinito sem a iluso do corpo, mas tenho permanecido na terra pelo trabalho e para encontrar voc, um companheiro meu, esperado h muito tempo. Se voc fizer isto por mim, muitas vezes Deus lhe devolver o dinheiro e algo mais do precioso cu, pois as almas de meu pai, do Mestre e de muitos outros esto envolvidas.

So Lynn veio a Mt. Washington em maro de 1935. Foi nessa poca que ele consentiu em financiar a viagem do Mestre ndia e uma excurso pelo mundo. A alegria do Mestre no tinha limites, pois afinal ele ia ver novamente seu Amado Mestre, seu pai e a santa ndia.
10 DE ABRIL DE 1935 Abenoado: Por favor, mantenha a data de minha partida muito confidencial pela razo que lhe direi depois. Planejo sair de Nova Iorque em 15 de junho. J fiz reservas no Bremen, mas no acreditarei at que esteja no navio. No me atrevo a pensar que, durante quatorze anos, Deus frustrou todas as minhas tentativas de ir para a ndia. Eu teria dado cada centavo para a pobre ndia e me retirado para a floresta, mas pensei mais na Amrica e gastei tudo por ela. Pense como voc ser abenoado, quando Babaji, Lahiri Mahasaya e meu Mestre virem na pedra fundamental o seu nome glorioso, e a profecia de Babaji ser cumprida: H muitos santos potenciais na Amrica; e um santo americano estar construindo um templo na pobre e incivilizada ndia, para mostrar o seu reconhecimento pelos Mestres.

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17 DE AGOSTO DE 1935 Quatro dias esto diante de mim e da ndia, e voc, alma querida, financiou esta parte importante de minha vida. Eu renunciei a tudo. Meu pai terreno me enviou Amrica e, pense nisto, voc a alma muito querida que me enviou para a ndia. Estou entrando l em triunfo, este renunciante sem dinheiro, este seguidor de Deus. 24 DE AGOSTO DE 1935 Guruji no me escreveu em Portsaid, mas a carta dele estava me esperando aqui, em Bombaim. Ele escreveu: Estou muito feliz, extremamente alegre por voc estar aqui. Confortarei meus olhos vendo voc e seus discpulos. Venha de automvel de Calcut para Srirampur e me leve com voc. Ora, muito incomum ele expressar tanta alegria e tal pedido. Ele muito austero e reservado, e quase nunca pede qualquer coisa para si, e, pense nisto, voc deu a todos esta alegria, no s a mim, mas a Guruji (e) meu pai terreno. Calcut est fazendo grandes preparaes para nos receber na estao Harah. 24 DE AGOSTO DE 1935 Eu poderia arrastar o povo da ndia comigo. Esto todos me agarrando, em todos os lugares, e estou ensinando o tempo todo. um sentimento maravilhoso, pois essas pessoas no so inconstantes em sua busca por Deus. 19 DE SETEMBRO DE 1935 Quando cheguei a Calcut, no pudemos sair do trem. Queria que voc pudesse estar conosco. O maraj de Kasimbazar, filho do falecido maraj que me ajudou a fundar a Escola de Ranchi, estava entre as centenas que nos receberam com inmeras guirlandas, Rolls Royce, e uma frota de automveis e motocicletas. Estou ocupado desde a manh at uma hora da noite. Aqui, o mtodo de ensinar tem que ser diferente, embora eles no paguem, contudo seriam da maior ajuda para solidificar este trabalho por toda a ndia. Com mxima possibilidade de um grande sqito e apoio, estou de ps e mos atados pelo amor das pessoas, iniciaes, cnticos e meditaes. Oh, eu sentia tanta falta desta atmosfera espiritual! Dia e noite se passam, com Deus e almas famintas de Deus, multides, flores e frutas de todas as descries me so oferecidas. Pessoas de todas as partes de Bengala e da ndia esto afluindo. J obtive convite para falar em Madras, mas tenho bastante trabalho na querida Bengala. 9 DE OUTUBRO DE 1935 Visitei o grande Mestre Sri Yukteswarji pela primeira vez. Ns voamos um para os braos do outro, e permanecemos por muito tempo em soluos. Estou morando com meu pai. Papai e eu nos abraamos e permanecemos assim por muito tempo, chorando, tal a alegria que voc nos deu. Mostrei seu retrato ao Mestre e todas as suas milhares de bnos esto sendo enviadas para voc pelo ar. Eles todos sabem o que voc significa para mim e para o trabalho, e estou lhe enviando uma lembrana do Mestre.

O Mestre parou em Kansas City para ver So Lynn, em sua ida a Nova Iorque, a fim de embarcar no navio, o Bremen. So Lynn ajudou financeiramente a salvar muitas situaes na ndia, como tambm em Mt. Washington, durante a ausncia do Mestre. Copio aqui alguns trechos para So Lynn, a respeito da viagem de retorno do Mestre para Los Angeles:
24 DE AGOSTO DE 1936 Carta martima bordo do Nalders Para J. J. Lynn, Mount Washington Estates, Los Angeles, Califrnia. Bnos infinitas dos yogodans da ndia por estabilizar Ranchi. Finalmente navegando para ver voc, o mais querido, e Mt. Washington e todos. Alegria e amor mais profundos, Swami. 30 DE AGOSTO DE 1936 Muito Abenoado e Amado. Bem, voc no pode acreditar que estou rumando para a nossa Amrica. Parece tantas milhas de gua que o pobre navio tem de navegar, mas de qualquer maneira estamos nos aproximando de voc, quando verei sua face muito querida, com o sorriso de criana brilhando com o halo de Deus. Meu pai terreno, que foi quase um guru para mim, j ficou para trs. A vida dele estava balanando quando parti. Como posso lhe agradecer, o instrumento muito amado de Deus, por ser to indescritivelmente bondoso comigo e com o trabalho? 30 DE AGOSTO DE 1936 Viva, estou perto de casa, chegando em Londres.

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11 DE SETEMBRO DE 1936 Partindo de Londres em 3 de outubro, chegando em Nova Iorque em 8 de outubro, depois dois dias em Boston, ento para Kansas City e, depois, para Mt. Washington.

Um telegrama que So Lynn escreveu ao Mestre, que estava em Londres:


SETEMBRO DE 1936 Desta vez, seu desembarque na Amrica encontrar uma hoste de devotos aguardando ansiosamente a graa da ndia encarnada em voc. Com os coraes pulsando com o mais profundo amor e devoo por voc e pelos Mestres, e unidos ao seu corao em unidade com o amor da Me Divina. A explodir de alegria e imensurvel gratido, saudamos e damos boas-vindas a voc e, humildemente, oferecemos nossas oraes de gratido por suas bnos Divinas e por seu amor. Venha depressa para ns. Devotos de Mt. Washington e Kansas City. J. J. Lynn.

Do Mestre para Rajasi:


OUTUBRO DE 1936 Eu lhe informarei com um pouco de antecedncia quando chegarei querida Kansas City, que abriga sua pessoa querida e santa. Ser amado por Deus tudo, e voc tem o meu amor somado ao Dele, perpetuamente. S. Y. 3 DE NOVEMBRO DE 1936 Muito Abenoado e Amado: Esta uma nota curta para lhe informar que estou esperando para v-lo, com alegria indescritvel. Em 10 de novembro, tera-feira, chego Estao Wabash, no trem No. 3, s 4:15 da tarde. De l, prosseguirei para o apartamento que voc reservou para mim no Bershire Arms. Voc me falou que algumas pessoas me recebero na estao e que voc estar me esperando no apartamento. Eu poderia ter chegado a Kansas City pela manh, mas no gostei da idia de esperar at que voc pudesse vir, assim escolhi a tarde, esperando que voc pudesse se encontrar comigo no apartamento, quando eu chegar.

Essa reunio em Kansas City foi outra muito memorvel, tanto para o mestre quanto para o discpulo. Em seguida, o Mestre foi para Salt Lake City, Utah, para se encontrar com alguns discpulos que se dirigiram para l a fim de o receberem em 16 de novembro de 1936; de l, ele voltou de carro conosco para Los Angeles. Para evitar confuso entre os nomes Sr. Lynn, So Lynn e Rajasi Janakananda, de 1936 em diante usarei exclusivamente o nome Rajasi. A criao do Eremitrio Antes da construo do eremitrio, Rajasi costumava ir ocasionalmente Flrida para fazer retiros e se afastar dos negcios. Era inteno do Mestre que tivssemos um lugar prprio, para que Rajasi pudesse vir e dar prosseguimento a seu progresso espiritual, em vez de ir para a Flrida. Em julho de 1934, o Mestre comeou a procurar um terreno perto da praia e escreveu a Rajasi sobre lugares diferentes que encontrou, mas havia um em particular que o Mestre gostou acima de todos os outros. Copio aqui trechos de cartas do Mestre a Rajasi.
JULHO DE 1934 Vasculhei de Santa Barbara a San Diego em busca de um lugar que fosse uma combinao de colina e oceano, onde os estudantes e eu pudssemos nos revigorar nos fins de semana e vissemos a L.A. nos sbados e domingos para servios ocasionais. Em Encinitas, achei uma praia particular de quatro acres e meio, com uma colina e rvores maravilhosas, por 15 mil dlares, sem construes; um dos lugares mais maravilhosos, semelhante a nosso Mt. Washington. 5 DE SETEMBRO DE 1934 Eu lhe escrevi sobre o local mais privativo, sem restries, em cima de um outeiro, a 25 metros acima do mar, de quatro acres e meio, com um crculo de altos pinheiros e eucaliptos, a 160 quilmetros de L.A. Abenoado, esta a melhor praia e a mais barata. Poderia ser cercada. Est suficientemente afastada da estrada para eliminar o barulho.

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11 DE SETEMBRO DE 1934 Esqueci de lhe dizer que o municpio fez uma escada para a praia. a nica propriedade disponvel. Seria um retiro ideal, combinao de mar e montanhas, rvores, praia e completa recluso. Voc tem razo. A casa em Dana Point inadequada. E nem se pode comparar propriedade de Encinitas. Sei que, algum dia, Deus o livrar de seus envolvimentos empresariais e voc poder vir a Encinitas e ficar naquela colina sagrada, em completo xtase com Deus. 6 DE NOVEMBRO DE 1934 Estou pensando principalmente no local de sua futura aposentadoria em Deus.

Enquanto isso, o Mestre recebeu uma carta de Sri Yukteswarji indicando que estava pensando em abandonar o corpo e desejava v-lo mais uma vez. Rajasi prometeu financiar a viagem do Mestre ndia. Portanto, a procura pelo terreno de praia foi abandonada temporariamente. Contudo, antes de o Mestre partir para sua viagem ndia, em julho de 1935, ele me instruiu dizendo: Quando Sr. Lynn vier, mostre para ele o terreno de praia em Encinitas. O Mestre tambm me escreveu duas notas instrutivas quando estava viajando. Copio aqui:
5 DE JUNHO DE 1935 Querida Duj: Quando Sr. Lynn vier a Mt. Washington, leve-o para Encinitas com Irm Gyanamata, voc e Faye, e Castillo dirigindo. Primeiro, deixe que a Irm v no banco de trs com Sr. Lynn, e voc e Faye na frente. Na volta, voc ir no banco de trs com Sr. Lynn, e a Irm e Faye na frente. Na volta, converse com ele sobre o grande retiro que poderamos fazer para ele e sobre o meu isolamento. De Calcut, ndia, 11 DE OUTUBRO DE 1935 Querida Duj: Positivamente, mostre a Sr. Lynn o lugar na colina, perto da praia, em Encinitas. Quando ele adquirir esse terreno, meu ltimo desejo estar cumprido. No h lugar como aquele. Faa o mximo de si. S. Y.

Rajasi s visitou Mt. Washington quatro ou cinco vezes, durante a ausncia do Mestre. Na segunda vez, ele chegou em 18 de maro de 1936. Perguntei se ele gostaria de ir a Encinitas para ver a propriedade da qual o Mestre gostava tanto. Sua resposta afirmativa nos fez muito felizes. Era hora do almoo quando chegamos a Encinitas e fizemos uma piquenique debaixo dos pinheiros que formavam um crculo, sobre os quais o Mestre escreveu a Rajasi. Estvamos felizes de ver que Rajasi estava satisfeito com o ambiente. Ele correu pela praia, de cima abaixo, como uma criana feliz. Durante a viagem de volta, ele nos falou que consentia em comprar a propriedade como um presente surpresa para o retorno do Mestre; desnecessrio expressar a alegria que sentimos por sua deciso. Antes de Rajasi partir para Kansas City, ele me encarregou de negociar com o corretor de imveis e inform-lo dos resultados. Estvamos to contentes de que Rajasi estivesse adquirindo o terreno de Encinitas, que o Mestre tanto amava, que no ousamos pedir mais, todavia rezamos para que ele quisesse construir uma casa antes do retorno do Mestre. Danamos de alegria quando recebemos uma carta orientandonos a examinar a possibilidade de se construir uma casa antes que o Mestre chegasse, em outubro ou novembro de 1936. Tambm era gratificante perceber, pelo gesto de Rajasi, que sua mente corria pelo mesmo canal que a nossa, para concretizar a criao mental do Mestre, feita h muito tempo, no eremitrio de seu Mestre Sri Yukteswarji, na ndia.6 Rajasi perguntou se o Mestre tinha em mente qualquer plano particular para um retiro, e copio aqui a carta de Rajasi para mim, a respeito do eremitrio.
JULHO DE 1936 Swamiji desenhou algum projeto para um eremitrio ou uma casa para o terreno de praia? Seria mais uma alegria completar e mobiliar o terreno de praia, deixando-o pronto para uso, quando Swamiji chegar. Eu gostaria do lev-lo a Encinitas, entrar de carro no eremitrio, dar uma olhada na cerca, na casa e na praia, e deixar que ele perguntasse o que tinha acontecido. Ele saberia mesmo antes de chegarmos propriedade, mas a reao fsica nos deixaria a todos muito alegres. Conversarei mais com voc na prxima vez que eu for a Mt. Washington. J. J. Lynn
6

Na Autobiografia de um Iogue, Sri Yukteswar diz a Yogananda: Mesmo assim, voc no estava integralmente comigo. Sua objeo me obriga a declarar que, nas profundezas de sua mente, voc criava trs instituies. Uma era um retiro em meio aos bosques de uma plancie, outra no cimo de um monte, e a terceira junto ao oceano.

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No sabamos de nenhum projeto, mas oferecemos nossas sugestes, pois tnhamos idealizado tudo cuidadosamente. O crculo de rvores fizera tal impresso na mente do Mestre que no nos ocorreu fazer a casa em nenhum outro lugar. No tnhamos planejado cortar nenhuma das rvores para criar espao para a casa. Portanto, iramos constru-la dentro do crculo de rvores, onde o oceano no poderia ser visto daquele nvel mais baixo. Teramos que construir uma casa de dois andares. Os quartos e os banheiros do Mestre e de Rajasi poderiam estar localizados no segundo andar, de onde se tem uma vista do oceano. No trreo, poderamos ter uma sala de estar e outra de jantar, a cozinha e um dormitrio com banheiro para discpulos e discpulas; e, claro, uma garagem. Rajasi me aconselhou a procurar um bom arquiteto e comear o construir o retiro o mais cedo possvel. J era junho e o Mestre deveria chegar em novembro. A Irm e eu fomos para a madeireira Hayward Lumber Company; eles nos encaminharam a Sr. Frye. Ele me fez perguntas sobre o que queramos e eu lhe dei o endereo da propriedade. Quando Sr. Frye voltou, depois de inspecionar o local, estava encantado e entusiasmado. Ele me falou que, assim que ficou de p no precipcio, viu em sua mente um edifcio de apenas um andar, comprido, estendendose pela beira do declive, e acrescentou que seu senso artstico no conseguia nos ver construindo uma casa de dois andares dentro do crculo. Mas uma fileira de rvores mais prximas da parte que fica de frente ao oceano teria que ser sacrificada, para executar o projeto. Escrevi a Rajasi a mensagem, e ele deu imediatamente o sinal de siga em frente; ao mesmo tempo, expressou seu desejo a respeito do tamanho do quarto e do banheiro que ele queria, e pensava que o Mestre deveria ter um igual, ou tudo que ns pensssemos que o Mestre gostaria mais. Tambm perguntou se havia algum em nosso grupo que sabia de decorao de interiores, que pudesse trabalhar com Sr. Frye. Sugeri Sra. Mary B., pois ela tinha talento e era experiente. Ele ficou satisfeito com a escolha e falou com ela. Quando acabou de conversar com Sra. B., ele relatou os planos dela para mim. Ela planejava fazer do interior inteiro uma rplica de um mosteiro franciscano, com tijolos antigos, ou gesso e madeiramento antigos, vigas de teto parecendo carcomidas, e acrescentou que queria 15 mil dlares de adiantamento, no para ela mas para que pudesse ter a liberdade de comprar os artigos necessrios, medida que os fosse encontrando para executar seus projetos. A resposta dele para ela foi que ele prprio cuidaria disto. Ele ento me perguntou se eu o aliviaria assumindo o trabalho. Avisei a ele que no tinha conhecimento de tais coisas, mas estava disposta a tentar, porque eu sabia definitivamente que o Mestre no iria gostar do plano de Sra. B de fazer um edifcio novo parecer velho; e, acrescentei, eu estava com o Mestre tempo suficiente para saber das coisas que ele gostava e no gostava, e sentia que poderia escolher o que ele iria gostar. Trabalhei continuamente com Sr. Frye, planejando fazer os aposentos do Mestre e de Rajasi separados dos das discpulas, com uma cozinha e sala de jantar grandes o suficiente para se preparar e servir muitos pratos, uma sala de estar em que pudssemos realizar servios devocionais, quartos que pudessem conter duas camas e um apartamento em cima da garagem. Como resultado, o edifcio ficava maior a cada dia Terminando os preliminares, Sr. Frye concluiu os projetos sem mais demora, e os apresentou a mim para examinar e discutir com Rajasi. Pensamos que seria melhor construir o apartamento da garagem primeiro, de modo que quando fssemos inspecionar a obra, e se Rajasi viesse, ele teria um lugar para passar a noite. A garagem e o apartamento comearam a ser construdos em meados de agosto de 1936; devagar mas seguramente, o eremitrio cresceu, como tambm a nossa alegria. Os meses se passaram, e novembro e o retorno do Mestre estavam se aproximando. Prevenimos os empreiteiros e trabalhadores para que no dessem informaes a respeito da construo, pois no queramos que a imprensa publicasse qualquer coisa sobre o eremitrio, pois temamos que algum estudante ou amigo lesse sobre isso e enviasse o recorte para o Mestre, assim arruinando nossa surpresa maravilhosa. Tambm confiamos nos demais membros residentes de Mt. Washington e lhes pedimos que guardassem nosso segredo, o que eles fizeram.

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Quando vimos que o eremitrio no estaria concludo antes que o Mestre chegasse, pedimos a Sr. Frye que, pelo menos, completasse primeiro os aposentos do Mestre e de Rajasi. Planejamos mobililos e estar com eles prontos para uso, e levaramos o Mestre para l alguns dias depois de seu regresso. Estvamos temerosos de que o segredo vazasse antes que pudssemos lev-lo para l. Enquanto o edifcio ainda estava em construo, Sr. Frye me apresentou ao Sr. Roy Wertheimer, decorador de interiores. Ele forneceu projetos para a moblia. O Sr. Wertheimer me levou a uma fbrica de mveis em Los Angeles para escolhermos a moblia. Ento Rajasi fez uma viagem especial para aprovar a moblia selecionada. Ele deu seu consentimento e tambm ajudou a escolher o tapete, as cortinas, jogos de toalhas, tapearia para cadeiras e sofs. Rajasi me deu rdeas soltas para terminar de mobiliar o eremitrio. Eu estava ocupada comprando linhos, luminrias de teto, de cho e outras, utenslios, talheres, colches, cobertores e camas de iogue, e atendendo a todos os outros detalhes, at mesmo um kit de costura. Finalmente a data para a chegada do Mestre estava marcada, com o Mestre fazendo arranjos para que nosso motorista levasse Faye, Virgnia, Lani e eu para encontr-lo em Salt Lake City, Utah, em 16 de novembro de 1936, e voltarmos para casa com ele. Na noite seguinte, estvamos sentadas no cho, na frente do Mestre, no seu quarto de hotel, absortas em cada palavra sua daqueles momentos preciosos. Olhando diretamente em meus olhos, o Mestre perguntou de repente: Voc mostrou a Sr. Lynn o terreno de Encinitas, como eu lhe pedi? As moas no podiam manter a face solene diante dele. Elas deram um pretexto ou outro e, uma a uma, me deixaram a ss para encarar o olho onisciente do Mestre. Ele repetiu a pergunta, com mais nfase. Eu no queria dizer no, e no queria admitir. A Me Divina veio em meu socorro e, sem vacilar, respondi: Quero saber como eu poderia, quando ele estava fazendo tanto pela ndia. Ele falou, pensativamente: verdade. Ele fez muito pela ndia. Ele me disse, depois: Sua resposta me enganou completamente e me tirou de guarda, e eu afastei o pensamento de minha mente. Tnhamos mais duas semanas de espera, aps a chegada do Mestre a Mt. Washington, antes que seus aposentos estivessem concludos. Tivemos que fazer muita conspirao para achar meios de levar o Mestre a Encinitas sem lhe despertar a curiosidade. Rajasi disse que esperaria nosso telefonema, para vir quando os quartos deles estivessem terminados. Ele tambm teve a idia de perguntar ao Mestre, no dia seguinte sua chegada: Tenho um amigo em La Jolla que vai me deixar usar sua casa de praia durante alguns dias, enquanto ele est ausente. Eu gostaria que o senhor fosse comigo. Tambm planejamos que Faye, Virgnia, Sr. Wright e eu iramos de carro antes do Mestre, e nos esconderamos no quarto dele. Rajasi prometeu que no diria nada at que o Mestre abrisse a porta do seu quarto e todos ns gritaramos: Surpresa. O plano foi executado. O Mestre, ansioso por agradar Rajasi, consentiu em ir com ele. Porm, houve uma mudana. Eu no sabia que Rajasi, atenciosamente, como recompensa pelo meu papel na criao do eremitrio, perguntara ao Mestre se eu no poderia ir no carro com eles. O Mestre, muito amavelmente, me permitiu ir com eles. Havamos instrudo previamente os trabalhadores para que no nos reconhecessem quando entrssemos no edifcio. No queramos que ningum revelasse nosso segredo, pelo menos no at que os gritos de surpresa tivessem sido articulados. As meninas rumaram para Encinitas assim que o carro do Mestre e de Rajasi partiu. Quando nos aproximamos de Encinitas, o Mestre adormeceu. Quando acordou, perguntou a Castillo: Onde estamos? Por que no parou em Encinitas? Eu queria mostrar aquele lugar a Sr. Lynn. Castillo olhou para Rajasi e para mim, querendo uma resposta. Rajasi perguntou ao Mestre: Quer que paremos em algum lugar? Podemos voltar se o senhor quer realmente ver aquele local. Nessa hora, j estvamos nos aproximando do entroncamento de La Jolla. Demos meia-volta e retornamos para Encinitas. Quando chegamos a Solana Beach, onde o local do eremitrio pode ser visto, eu vi uma onda de luz entrar nos olhos do Mestre, no momento em que ele, tambm, via o edifcio. O pensamento cruzou minha mente: Oh, o Mestre est vendo o edifcio. Mas ele imediatamente voltou a fechar os olhos. Mais tarde, ele nos contou que o motivo de ter fechado os olhos foi que no

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queria que a Me Divina lhe mostrasse mais. Quando fechou os olhos, ele disse: No, no, Me. No me diga mais nada. Deixe que seja uma surpresa. Como passamos pela entrada, o Mestre viu, num lado, a garagem, o apartamento e uma grande construo em andamento, e exclamou: Oh, algum comprou isto para fazer um parque de diverso e est construdo um edifcio de recreao. Oh, meu lugar se foi. Ns sorrimos interiormente, mas nada dissemos. Os degraus da frente ainda no estavam construdos, nem a sala de estar estava completa. Havia vrias pranchas pesadas, colocadas para caminharmos at a parte cima, com Rajasi segurando e ajudando o Mestre pela mo, de um lado, e Castillo, do outro, e eu caminhando atrs deles. Eu podia ver a face doce e sorridente do Mestre olhando e dizendo repetidamente a Rajasi: Isto coisa sua? Isto coisa sua? Rajasi retribuiu o sorriso para evitar uma resposta direta, e disse: um grande edifcio. No nos demoramos na parte dianteira do edifcio. Fomos direto para o quarto do Mestre. Quando ele abriu a porta, quatro vozes gritaram: Surpresa! Surpresa! Tudo que o Mestre podia dizer era: Meu Deus, isto coisa sua! e abraou Rajasi inmeras vezes e abenoou a cada um de ns. Esta parte do eremitrio estava completamente mobiliada com cortinas, tapete e outras coisas. Ele foi levado para ver os aposentos de Rajasi e o resto do terreno e do eremitrio incompleto. Enquanto ele caminhava, ns lhe contvamos a histria do nascimento do eremitrio. Permanecemos vrios dias, o Mestre e Rajasi nos aposentos deles e ns no apartamento da garagem. Ajudamos o Mestre a cozinhar na sua cozinha utilitria e fizemos nossa primeira refeio juntos, em nosso novo retiro. Em dezembro, o Mestre foi e voltou vrias vezes, antes que o eremitrio ficasse pronto, ao redor de 22 de dezembro. Ele estava satisfeito com tudo, menos com o teto da sala de estar. Em 1936, no havia opo de cores ou de estilo em Celotex, como existe hoje. No podamos pint-lo porque tiraria o valor acstico e ele perderia seu propsito. Toda a moblia foi exatamente o que Mestre secretamente desejara para Mt. Washington. Quando o Mestre visitou a casa de Amelita GalliCurci, em 1926, ele viu e admirou muito sua mesa de jantar e cadeiras. Assim, ele ficou agradavelmente surpreso ao uma quase igual na sala de jantar do eremitrio. Ele dizia freqentemente: As surpresas jamais terminaro? Rajasi tambm veio naquela poca e desfrutou do eremitrio, enquanto esperava ir a Mt. Washington para a meditao longa do dia 24 e a celebrao de 25 de dezembro. Rajasi me ajudou a podar a primeira rvore de Natal do eremitrio. Os trabalhadores tinham colocado uma grande rvore iluminada no lado de fora, no ponto alto do terreno, mas o vento era to violento que tivemos de tir-la de l. O Mestre tambm havia convidado os instrutores da SRF da costa Leste, para virem para o Natal e lhes mostrar seu presente surpresa. No dia seguinte ao Natal, fomos de carro ao eremitrio para celebrarmos o segundo Natal e o maior presente que o Mestre j recebeu. O Mestre nos falou que andou nas nuvens, durante meses; no podia acreditar que seu sonho de uma colnia perto do oceano tinha sido cumprido. Copio uma carta que o Mestre escreveu a Rajasi:
15 DE NOVEMBRO DE 1936 A cor de marfim tem impressionado a todos os que olham de fora, de todos os lados. Parece um retiro de sonho. O soalho da capela parece que estar completo no dia 24. Realmente, meu desejo de algo excelente para voc foi cumprido por nosso intermdio, e como Ele est igualmente presente em ns, j est desfrutando atravs do nosso deleite pela casa-de-bonecas de sonho, beira do mar azul. Esse amor, esse abandono em Deus, expresso por voc neste eremitrio, a realizao de meus sonhos de muitas encarnaes. Essa felicidade a comunho mtua dos santos, pois, muitas vezes, quando eu estava vindo do eremitrio, no carro, o imenso cu debruou-se sobre mim, elevou minha alma e espalhou minha conscincia por toda parte. Por muito tempo, eu no sabia que meu corpo estava viajando no carro. Eu realmente me tornara o vasto cu azul. P. Yogananda. 15 DE DEZEMBRO DE 1936 Eu no estou mais vivendo neste mundo, mas no imprio da Eternidade, e voc meu Vivekananda: a prpria viso de voc paralisa toda a minha atividade no mundo e d incio atividade em Deus, at que todas as coisas se tornam Deus. Deus nos deu o sonho de Encinitas, para que todos os momentos l possam ser usados como altares de Sua Presena. Abenoado seja

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voc, abenoados somos ns, pois somos privilegiados por termos o Cu aqui na terra, em Encinitas, e tambm o cu no alm. Assim, precisamos estar juntos, agora e para todo o sempre, no Esprito. Que o nosso amor esteja no altar do Infinito, Amor sempre. Amor Eterno. P. Yogananda.

A face empresarial de Rajasi No incio de dezembro de 1936, o Mestre me deu a responsabilidade de tratar das necessidades pessoais de Rajasi, tais como cozinhar e cuidar da alimentao em geral, fazer e desfazer suas malas. O Mestre me fez muito consciente de quo meticulosamente asseado Rajasi era; por isso, fiz um esforo especial para manter o apartamento dele imaculado o tempo todo. Depois que o eremitrio foi construdo, Rajasi aguardava ansiosamente suas visitas a Encinitas, no s para se afastar dos negcios, mas para absorver todas as vibraes espirituais do Mestre e a atmosfera maravilhosa que o Mestre criou para o conforto e o crescimento espiritual dele. Quando chegava para uma de suas visitas, sua face era a de um empresrio, austera e enrgica, mas depois de alguns dias no eremitrio, podamos v-la mudar-se na face suave, terna e espiritual de uma criana. O Mestre me disse que esperava alguns dias para vir de Mt. Washington para ver Rajasi, a fim de lhe dar a oportunidade de abandonar seu ar empresarial e assumir o que o Mestre sempre chamava de a face do meu menino. Os hbitos alimentares de Rajasi Um ou dois anos antes de encontrar-se com o Mestre em 1932, Rajasi comia carne em grande quantidade, e isto inclua todas as guarnies, batatas e molhos. No lhe era incomum comer uma bisnaga inteira de po branco, em uma refeio, ou, como sobremesa, uma torta ou bolo inteiros, com um copo de leite. Tais eram os hbitos de alimentao desse homem de 1,70 m de altura, que pesava mais de 90 quilos. Ele tinha resfriados constantes; no conseguia permanecer onde houvesse uma corrente de ar; todas as portas e janelas tinham que estar bem fechadas, o corpo dele era coberto at as orelhas. Uma noite, estava viajando de trem; quando se preparava para ir dormir, depois de uma refeio pesada, e tentava entrar na cabina, ouviu estranhos na cabina vizinha comentar a seu respeito, rindo: Veja aquele p-o-r-c-o gordo subindo na cama, grunhindo. Esse comentrio calou profundamente no seu orgulho, e ele decidiu nesse mesmo momento que iria mudar seus hbitos alimentares. Imediatamente, procurou livros de dieta e sade sobre o assunto e fez uma viravolta completa. Deixou de comer todos os tipos de carne e todos os doces desnaturais. Durante sua mudana de dieta, conheceu um professor que o aconselhou a comer uma dzia ovos crus por dia. Quando Rajasi comeava uma coisa, ia at o fim. Ele comeu ovos fielmente at no poder sequer olhar para um ovo. Durante anos, no tocou em ovo em qualquer forma. S no ltimo ano de sua vida, comia um ovo cozido por dia. Perdeu o excesso de peso muito depressa. Tomava sol e ar fresco no seu pomar e no espaoso gramado at a hora de ir para o escritrio, entre onze horas e meio-dia. Aprendera alguns exerccios e os praticava diligentemente; at nos meses de inverno, dormia em uma varanda parcialmente aberta. Ele sempre me contava a histria de como suas empregadas pareciam quando tinham de ir varanda para prepararem a cama dele. Rindo, dizia: Estavam to cobertas de roupas que eu no podia ver o rosto delas. Ele raramente tinha resfriados. Se sentisse que uma gripe se aproximava, bebia apenas suco de toronja coado. Segundo ele, livrava-se do resfriado em poucos dias. Embora esse mtodo fosse contrrio teoria do Mestre, ele conseguia os resultados que procurava. Copio aqui uma carta do Mestre para Rajasi.
10 DE ABRIL DE 1942 Eu sempre sustentei que a toronja reduz o catarro, mas apenas num estgio posterior do resfriado. Nos estados iniciais, quando a (garganta est) inflamada, toronja crua muito irritante, mas claro que, se a mente est muito acostumada a certo alimento durante a enfermidade, se esse for tomado em quantidade razovel, a pessoa se sair bem. P. Yogananda.

Rajasi tambm gostava de beber mais lquidos que alimentos slidos.

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9 DE FEVEREIRO DE 1940 melhor no beber lquidos em demasia. Conquanto eles vitalizem e quimifiquem o corpo, diminuiro as aes peristlticas do estmago e dos intestinos. Quando alimento slido entra no estmago e nos intestinos, os msculos peristlticos comeam a trabalhar e lutam com a comida, tentando digeri-la, mas se apenas lquidos so introduzidos no estmago, ele no luta muito. A polpa de cenoura, etc. muito boa e melhor que demasiado suco, pois, ento, os dentes e o estmago tm que trabalhar. por isto que o Senhor fez legumes muito duros. Mastigando ossos, o co mantm os msculos dos dentes, os sucos digestivos da saliva e os msculos peristlticos ativos. Estamos perdendo a vida de muitos rgos porque no mastigamos o suficiente. At o gato lambe e mastiga o leite antes de engolir, enquanto ns, erroneamente, no salivamos os sucos que bebemos. Todos os alimentos, com excees, devido ao hbito, deveriam ter a temperatura da natureza e da atmosfera circunvizinha com as quais nossos corpos esto sujeitos. Ento esse alimento vitalizar nosso corpo adequadamente. P. Yogananda.

Rajasi, depois disso, era muito rgido em seus hbitos de comer e viver, a ponto de ser fantico e criticar os outros que no aderissem to estritamente quanto ele a qualquer bom hbito particular. Se algum me desse um pedao de doce, torta ou bolo, eu o comia no santurio de meu quarto para evitar a crtica. Um dia ele criticou a imaculada Irm Gyanamata, diante do Mestre, porque ela bebia ch. O Mestre, que no defendia o fanatismo sob qualquer forma, respondeu: Ela no ser menos santa por causa disso. O Mestre prosseguiu, explicando que bons hbitos podem se tornar maus hbitos se ns, sob certas circunstncias, no pudermos levar a cabo certos bons hbitos e nos permitirmos ficar mentalmente transtornados. Perturbao evidncia de perda do autocontrole; ento, o bom hbito torna-se mau. melhor ser equnime e permanecer jovial e feliz sob todas as circunstncias. A pessoa tem de ser fantica em sua busca de Deus, mas sem perturbar-se. Rajasi foi rpido em capturar a sabedoria das palavras do Mestre, e se corrigiu e removeu qualquer esprito crtico dentro de si. Ele nunca mais criticou algum depois disso. O Mestre chamava Rajasi de seu menino naturalista, porque Rajasi gostava de comer seu alimento na forma natural. Ele me disse que nunca deixava o quarto at que seus intestinos estivessem completamente limpos. Para isso, bebia quatro ou cinco copos de gua da maneira como saa da garrafa, com vrias gotas de suco de limo ou de lima. Depois, saa para fazer seus exerccios e ia para a praia. Durante o dia, comia sempre que sentisse fome. Depois dos exerccios matutinos, se as frutas ctricas estivessem na poca, a primeira coisa que ele fazia era beber vrios copos grandes de suco de toronja, coado. Quando lhe perguntei por que bebia o suco coado, ele explicou que se todas as clulas da toronja no fossem estouradas no processo de preparar o suco, o estmago no as digeriria. Contudo, depois, ele bebia vrios copos de suco de laranja, este com a polpa. Em outras estaes, comia meles. Levava uma hora e meia para comer a metade de uma melancia, cortada longitudinalmente. Ele apenas mastigava o suco da melancia e cuspia a polpa. Eu lhe perguntei por que no engolia a polpa tambm. Ele respondeu: A melancia uma fruta muito depurativa e algumas pessoas no conseguem suport-la em grande quantidade. Depois de pouco tempo, quando a melancia tinha feito seu processo de limpeza no estmago, ele a regurgitava voluntariamente. Se comesse certo alimento que lhe causasse acidez no estmago, Rajasi tinha a habilidade de livrar-se dele vontade, sem que nenhum dos outros alimentos que estivessem no estmago sassem, exceto o que lhe causou mal. Perguntei ao Mestre como Rajasi podia fazer isso sem ficar enjoado ou sem que toda a comida tambm sasse do estmago. O Mestre explicou que, na ndia, h certos exerccios iogues pelos quais a pessoa pode remover qualquer poro ou todo o alimento do estmago, vontade, sem esforo ou sem a nusea relacionado com isso. Rajasi praticara esse exerccio em sua encarnao na ndia, e agora, nesta vida, isso lhe era natural. Contudo, diariamente, no final da manh ou da tarde, ele bebia um copo de suco de cenoura fresco, ou um copo grande de suco de legumes com polpa, batido no liquidificador, tendo como base suco de cenoura, de laranja ou de abacaxi, e

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um pedacinho ou uma pequena quantidade de todos os diversos legumes frescos colhidos na horta, adicionando-se amndoas ou nozes-pecs; ou ento, ele bebia leite de cabra com tmaras ou mel, ou coalhada fresquinha com mel ou xarope de bordo fresco, ou ainda soro de leite com suco de abacaxi. Quando as frutas estavam maduras nas rvores, ele ficava diante da pia e comia uma refeio inteira de pssegos, figos, cherimlias e mangas. Se as frutas frescas no estivessem na poca, ele comia passas, figos e tmaras no sulfurados, com nozes. Costumava nos enviar, pelo correio, sacos de 50 quilos de nozes-pecs frescas, colhidas das rvores que ele plantara quando era menino, na fazenda de seus pais, em Louisiana. Eram to oleosas que queimavam como uma tocha, o que o Mestre adorava nos mostrar. Quando chegava a estao do milho, Irmo Sarolananda colhia as espigas, descascava e trazia para ns. Eu debulhava a espiga e Rajasi comia imediatamente. Comendo, ele sabia se o milho fora colhido antes do tempo. Ele dizia: Este milho foi colhido uma hora atrs. Eu respondia: Acabou de ser trazido. Depois, eu indagava a Sarolananda e ele confirmava que havia colhido o milho com antecedncia. Rajasi tambm comia o milho cozido a vapor, na espiga. Rajasi no gostava de comprar nozes que j estavam descascadas, exceto as importadas, pois era inevitvel. Mas as nozes domsticas tinham de estar na casca. Eram quebradas enquanto ele as comia. Ele tambm, como o Mestre, no gostava de frutas azedas. Usava mel nas amoras, framboesas, uvas, morangos e outras frutas cidas. Sua nica refeio cozida era noite, sem hora especfica, preparada sempre que ele quisesse. Consistia de alguns legumes levemente cozidos com muito pouco sal ou manteiga. No gostava de cebola, alho, ovos ou ervas picantes, embora comesse os curries que o Mestre preparava, e os apreciava junto com as bnos do Mestre. s vezes, eu cozinhava duas refeies, uma de legumes crus, para Rajasi, e uma poro cozida separadamente, com cebola e temperos, para mim. Rajasi, naturalmente, sentia o aroma dos temperos e pedia para provar. Uma pequena poro era colocada timidamente diante dele. Geralmente, o resultado da provao terminava com Rajasi comendo todo o meu prato gostoso, e eu comendo os inspidos legumes crus. Quando lhe perguntava, no dia seguinte, se ele queria algo cozido em particular, respondia: No, apenas cozinhe a seu modo. Rajasi gostava de alimentos crocantes, especialmente com arroz. Quando se tratava de comer arroz, ele era um hindu. Se arroz fosse um alimento mais saudvel, podia ter comido trs vezes por dia. No bebia ch e nunca tocou em caf em toda a sua vida. Ele me contou o motivo: o caf e seu odor deixavam-no enjoado. Quando era menino, sua me lhe dava leo de rcino com um pouco de caf, deixando-o com averso ao cheiro do caf. Como no bebesse durante as refeies, gostava de caldos ou molhos, mas no podiam ser engrossados com farinha ou amido de milho, mas apenas com farinha de castanha-da-ndia, comprada em uma loja do bairro chins. Via de regra, no comia po, mas, de vez em quando, gostava de po fermentado, ou broa de milho, ou po de milho torrado no forno at escurecer, com queijo derretido. s vezes, ele comia uma salada de vegetais crus, com um molho caseiro de azeite de oliva, suco de limo e, s vezes, queijo pigmentado. No gostava de falar durante a refeio porque, segundo ele, a mesa de jantar era lugar para se comer e mastigar completamente a comida. Mastigava to bem sua comida que, s vezes, levava de uma hora e meia at duas horas para acabar de comer. Ele at mastigava os lquidos. Nunca falou se gostava ou no de comida cozida. O nico modo de eu saber se ele gostou era quando me pedia um segundo prato ou, se no gostou, deixava a sobra no prato; ou ento, no dia seguinte, ele sugeria: No coloque isso ou aquilo hoje. Depois de muitas tentativas e erros, aprendi o que ele gostava e no gostava. Era encantador ver o Mestre e Rajasi sentados no gramado, um na frente do outro, com um balde grande de ervilhas recm-colhidas, diante deles, comendo at fartarem-se. Quando Rajasi achava ervilhas especialmente grandes, ele as colocava na mo do Mestre e dizia: Veja como esta saborosa. O Mestre, por sua vez, fazia a mesma coisa. O mesmo acontecia com as frutas que eles compartilhavam entre si. Quando as frutas recm-colhidas chegavam do pomar, a primeira coisa que Rajasi fazia era escolher a maior e a que julgava ser a mais doce para envi-la ao Mestre, no importa onde ele estivesse, em Encinitas, Mt. Washington ou Twenty-Nine Palms. O Mestre, igualmente, no passava por

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uma loja sem entrar para ver se por acaso no haveria algo diferente para seu menino. Tais pensamentos amorosos passavam de um lado para outro com essas gentilezas, e estou certa que as frutas e outros comestveis ficavam ainda mais doces, pois estavam impregnados com o amor divino que eles tinham um pelo outro. A enfermidade de Rajasi em 1946 No comeo de 1937, dificuldades financeiras e empresariais foraram Rajasi a permanecer em Kansas City mais do que desejava. Suas visitas ao eremitrio foram muito poucas, e quando pde vir, foi s por uma semana ou, no mximo, duas semanas. Todavia, com o passar dos anos, seus negcios progrediram e ele conseguiu pessoas melhores a quem confiar seus negcios durante sua ausncia, o que lhe possibilitou vir mais freqentemente e por perodos mais prolongados. Na primavera de 1946, Rajasi sofreu uma enfermidade sria. Ele veio ao eremitrio para se recuperar e permaneceu durante o vero inteiro. Nesse mesmo ano, ele veio novamente para passar alguns meses do inverno. Depois disso, Rajasi vinha ao eremitrio durante os meses mais quentes de Kansas City, e nos meses mais frios do inverno. No perodo entre fevereiro de 1952 e fevereiro de 1955, Rajasi s voltou a Kansas City em trs pequenas viagens de negcio. Exerccios Rajasi era um madrugador, mas no saa do quarto antes das nove ou dez da manh, dependendo do clima. Se estivesse claro e ensolarado, ele saa para o gramado mais cedo, a fim de fazer os exerccios de tenso e outros, como ficar de ponta-cabea ou caminhar sobre as mos, com as pernas suspensas no ar. Ele podia caminhar assim, apoiado nas mos, por uma longa distncia. Depois de aperfeioar isso, ele me falou que, quando era mais jovem, tinha um primo que podia caminhar sobre as mos, e ele, Rajasi, no podia; por isso, criou o desejo profundo de fazer o mesmo. Parecia um menino orgulhoso quando mostrava para o Mestre e para ns quo bem podia fazer esse exerccio. Quando o irmo do Mestre, Bishnu Ghosh, veio da ndia para Encinitas, quis ensinar a Rajasi todas as asanas. O Mestre aconselhou Rajasi a no praticar muitos exerccios fsicos porque, segundo disse: Voc perder seu xtase. Exerccios fsicos excetuando-se os de tenso e outros exerccios do Mestre so apropriados para aqueles que no meditam profundamente. Rajasi gostava de deitar-se estendido no cho, para endireitar as costas e a coluna vertebral; dobrava os joelhos encostando-os no estmago, tal qual um beb, e permanecia nessa posio por muito tempo. Ele repetia esse exerccio muitas vezes durante o dia e a noite. Disse que o praticava freqentemente durante suas horas de trabalho, na privacidade de seu escritrio. Rajasi e seus colegas (o sol e o ar fresco) se davam muito bem. Ele amava os dois. No entrava em casa at que fosse necessrio. Passava o dia inteiro ao ar livre, no gramado, tomando banho de sol e meditando. Era hbito de Rajasi deitar-se sobre o estmago, com a coluna ereta. Eu podia ver, pela expresso de sua face, que a mente e a vontade dele puxavam a energia para cima, atravs da coluna, at o Centro Crstico. Uma vez, eu lhe perguntei: Voc medita o tempo todo? Ele disse: Bem, no o tempo todo. Do contrrio, eu no poderia concentrar-me em meus negcios. Se eles no forem bem-sucedidos, a SRF sofrer. O Mestre repetia freqentemente seu dito favorito a Rajasi: Voc est nos negcios por Deus. Toda vez que Rajasi ajudava financeiramente a SRF, o Mestre repetia: Fazer tanto para Deus prova que voc est nos negcios por Ele. O Mestre explicou: H muitos religiosos que usam a religio como negcio, mas no h pecado em usar mtodos empresariais na religio, nem em tornar seu negcio prspero para que voc possa ajudar a obra de Deus. Rajasi amava a msica, mas no sabia cantar afinado. Sempre que fazia uma meditao especialmente profunda, ele entrava em casa cantando: Eu sou o cu, Me, sou o oceano azul do cu, estendendo os braos acima da cabea, enquanto cantava.

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Nadando no mar No vero ou no inverno, ele gostava de ir praia para nadar por um longo tempo; todavia, gostava mais de boiar do que de nadar. Embora gostasse do exerccio revigorante de nadar, preferia os efeitos relaxantes de ficar boiando. Ele me falou: como flutuar no Infinito, com o oceano sem fundo embaixo e o cu ilimitado em cima. Depois, dava uma longa caminhada pela areia, antes de voltar para casa. Por muitos anos, havia apenas alguns rapazes morando no apartamento da garagem, em Encinitas, mas o Mestre ainda me designava como guarda-costas de Rajasi quando este descia para a praia, e me dava instrues para no permitir que algum mais fosse com Rajasi ou o deixasse descer sozinho. Tambm eu tinha de caminhar a certa distncia atrs dele, e sentar-me na praia enquanto ele nadava. Caso ele tivesse algum problema na gua, eu poderia prestar ajuda; acrescentou o Mestre: A posio e o dinheiro dele atrairo aqueles que desejam pedir-lhe favores, e se algum estiver com ele, eles no se atrevero. Aps muitos anos, depois que Manuel deixou o emprego, o Mestre me contou esta histria que lhe foi contada por um dos rapazes mexicanos que conheciam Manuel, dizendo: Manuel tinha planejado que sua esposa se aproximasse de Rajasi na praia. Eles iriam dizer que Rajasi dava cantadas nela, para ento tentar chantage-lo, mas Manuel se queixou: A Srta. Darling estava sempre em algum lugar na praia e teria servido de testemunha contra ns. Por isso, no pudemos levar a cabo nosso esquema. O Mestre acrescentou com grande satisfao: Veja, minha intuio est tentando proteg-lo constantemente. A outra razo pela qual o Mestre me fazia acompanhar Rajasi era que Rajasi tinha carma de acidente. Meu carma, sendo diferente, ajudava a neutralizar o dele. Essa tambm outra razo para o Mestre sempre providenciar um motorista para Rajasi. Eu tambm podia levar suas toalhas e o solvente para remover o piche dos ps dele. Eu colocava essas coisas onde ele escolhia, ento me afastava para um lugar a boa distncia, mas dentro da viso. Ele sempre descia pela nossa prpria escada. No inverno ou no vero, quando estava no eremitrio, Rajasi descia para a praia diariamente. Eu me lembro que ele desceu sozinho uma vez. Quando voltou, estava sangrando profusamente. Fora cortado profundamente por uma gua-viva. Era semi-venenosa e a ferida, muito dolorosa. Chamei o mdico, por via das dvidas. No houve outro acidente. Quando os rapazes estavam disponveis, Rajasi gostava de levar alguns deles para a praia. Durante os primeiros anos, o Mestre costumava descer para a praia com Rajasi e um grupo de ns. Foi em uma dessas ocasies, em janeiro de 1937, que o Mestre se sentou em uma grande pedra, com Rajasi a seu lado. O Mestre tocou-lhe o peito e Rajasi entrou em samadhi, e permaneceu por muito tempo nessa conscincia. O Mestre o trouxe de volta para este mundo profano. Rajasi no gostava de nadar em piscinas, pois a gua no era fresca o suficiente para ele, especialmente se podia ter a gua salgada e fresca do mar para banhar-se. Todavia, entrou algumas vezes em nossa piscina, s porque o Mestre lhe pediu para acompanh-lo e ele queria agrad-lo. O passatempo de Rajasi O passatempo de Rajasi era cultivar frutas e legumes. Ele tinha um pomar de quinhentos acres em Pharr, Texas, de toronjas, vrios tipos de laranjas e grandes tangerinas. Suas laranjas de umbigo eram as maiores que j vi. Todas essas frutas eram muito doces e suculentas, as melhores do mundo, exclamava o Mestre, e todos ns concordvamos. As frutas dele ganharam muitos prmios. Seu maior orgulho era alcanar a melhor qualidade e mant-la. Ele costumava enviar pelo correio milhares de cestas cheias de frutas, como presente de Natal para seus amigos e scios. Enchia suas malas de frutas e as trazia para que o Mestre e todos ns desfrutssemos. Um inverno, no final dos anos de 1940, seu pomar sofreu uma geada de trs dias, que destruiu todas as frutas e matou muitas rvores. Ele no teve frutas para vender ou dar para os amigos, embora houvesse o suficiente para seu uso pessoal. Durante vrios anos, esse pomar foi um negcio de um milho de dlares. Era um passatempo lucrativo.
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Em sua propriedade de Kansas City, ele mantinha tambm um grande pomar de mas douradas, deliciosas, maravilhosas, e outras variedades de mas e frutas. Ele tinha uma horta agradvel que lhe fornecia legumes frescos em cada refeio, exceto, claro, nos meses de inverno. Em 1947, nossa horta de Encinitas teve o orgulho de lhe enviar duas vezes, por via area, duas caixas grandes de legumes e frutas frescas, duas vezes por semana, para que ele nunca ficasse sem legumes frescos de horta, durante os meses de inverno em que ficava em Kansas City. Durante o perodo de 1938 a 1947, o Mestre e Rajasi fizeram vrios tentativas de cultivar legumes e frutas em Encinitas. No tnhamos homens ou dinheiro suficientes para manter a horta por um tempo bastante longo, embora com um pouco de cultivo, havia sempre legumes suficientes para o Mestre e Rajasi. Copio aqui algumas cartas do Mestre a Rajasi a respeito do cultivo de hortas.
30 DE SETEMBRO DE 1940 Estou tentando achar sementes de cenoura Imperate e as plantarei atrs da casa. 11 DE SETEMBRO DE 1941 Abandonei a horta por falta de ajuda eficiente. A conta de gua era to alta que mais barato comprar legumes. Mas suas cenouras e a pequena plantao de ervilhas sero cuidadas regularmente. Providenciei definitivamente, sob a superviso minha e de Durga, que uma grande proviso de cenoura seja mantida para voc. P. Yogananda.

Rajasi, vendo que nossa terra em Encinitas no estava sendo utilizada, quis comear uma ampla fazenda para abastecer os discpulos de Mt. Washington e Encinitas. Mas o Mestre tinha planos para esse ou aquele pedao de terra. Ento, a terra ficava ociosa. Rajasi sempre dizia: A terra foi feita por Deus para prover as necessidades da vida. Um dia, ele veio a mim e disse: Se no posso ter terra ao redor desta colnia pra cultivar coisas, eu mesmo comprarei uma fazenda. Ele me pediu que o levasse de carro para a zona rural, em uma caa de fazendas. Fomos vrias vezes, mas sempre que voltava ao eremitrio, ele dizia: No h lugar como este. Vendo quo ansioso ele estava para ter uma fazenda, falei ao Mestre sobre isto. Quando o Mestre soube que Rajasi estava determinado a ter uma fazenda, a ponto de comprar uma em outro lugar, concordou em deixar que ele usasse toda a terra disponvel em Encinitas para fazer ali o seu projeto. Rajasi ficou muito contente. Ele sempre quis contratar uma famlia japonesa para trabalhar na horta, mas o Mestre no era muito a favor da idia, porque sentia que estranhos causariam problemas. No comeo de 1947, o Mestre descobriu que Eugene BenVau, estudante e fazendeiro, tinha perdido sua fazenda por causa do mau clima e dvidas. O Mestre contratou-o para trabalhar na horta. Rajasi se encarregou da plantao de ch, com todas as despesas e salrios, e a administrou. Ele adquiriu todas as variedades de rvores frutferas e nogueiras e comprou um trator novo e equipamentos de fazenda. Entrou no projeto em grande estilo. Plantou muitas variedades de legumes. Ocasionalmente, tnhamos o sortimento de onze legumes diferentes, at de sementes da ndia. Tentamos e obtivemos xito em cultivar algumas delas. Ele at colocou gaiolas de arame em volta de cada rvore para manter os pssaros afastados. Podamos ver Rajasi caminhando ao redor de cada rvore com sua cesta, indo de uma gaiola a outra, colhendo pssegos, figos ou tudo que estava na poca. Ele comia at fartar-se e trazia a cesta cheia para todos ns em casa. Seu nico passatempo e alegria, assim me disse uma vez, era cultivar e comer frutas frescas e legumes. No fumo, no como carne, no bebo, nem tenho outros maus hbitos, assim gosto de cultivar coisas, um passatempo que era muito lucrativo para a SRF. Ns colhemos os resultados do projeto. Seu nico passatempo, em Encinitas ou Kansas City, era no pomar ou na horta, arrancando os legumes cozidos pelo sol, e as frutas das rvores, das vinhas ou do solo, e ele os comia ali mesmo. O Mestre estava muito feliz com o xito do pomar. Ele adorava todos os vegetais, especialmente os pssegos Babcock. O Mestre e Rajasi costumavam se sentar ou caminhar de mos dadas, falando desse ou daquele legume ou fruta. Estavam unidos em sua compreenso mtua, pois o amor um pelo outro reinava supremo em seus coraes. Transcrevo duas cartas do Mestre a Rajasi:

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6 DE JULHO DE 1946 Sua idia de plantar rvores frutferas muito prtica e atraente; se voc no fizesse o pomar, teramos pouco para comer aqui. 9 DE SETEMBRO DE 1947 Sua natureza prtica muito evidente pelo modo como age de acordo com os meus desejos guiados por Deus e pelo modo como administra a horta, enlatando e vendendo o excesso, para impedir qualquer desperdcio proposital.

Rajasi adorava caminhar. Ele fazia uma longa caminhada antes ou depois do jantar. Ia para o pomar, ou at o retiro e o restaurante, para abenoar os devotos e encoraj-los. Amava a chuva, vestia seus trajes de banho e saa para caminhar nela. A cena mais doce era quando o Mestre estava em Encinitas: ele e Rajasi caminhavam alegremente de mos dadas, de cima abaixo sobre o gramado do eremitrio. Renovar o estoque dos artigos de banheiro, de comida e de casa para Rajasi no parece algo que fosse muito difcil, mas acabei descobrindo que tudo aquilo que ele utilizava era difcil de se conseguir, ou s era vendido em algumas lojas especficas, e ento eu tinha que andar quilmetros de uma loja para outra, at encontrar o que ele queria, especialmente durante a guerra, quando as coisas eram mais difceis de serem obtidas. Acreditem-me, quando eu achava os itens, comprava uma grande quantidade deles. Rajasi era mais feliz no ar fresco, aberto. A casa tinha de estar bem arejada a toda hora, mesmo com chuva, frio ou neblina. As janelas e portas tinham de ser mantidas bem abertas. O lenol de sua cama nunca era esticado porque ele gostava de ter a cama com lenis novos diariamente e descobertos, e a cama era empurrada para a porta, onde o sol brilhava, para deixar que incidisse sobre ela at o entardecer. Estando perto do mar, o apartamento estava sempre mido. Rajasi dando dinheiro aos membros Na poca do Natal, o Mestre permitia que Rajasi desse a todos na casa $5.00. O Mestre no queria que Rajasi desse s pessoas em nenhuma outra ocasio, porque: Eles se acostumaro com ele lhes dando coisas e pensaro nele como uma bolsa de dinheiro em vez do santo que realmente . Esta informao, eu tive que passar cuidadosamente para Rajasi sem ofend-lo, pois ele era muito generoso e gostava de ajudar aqueles que estavam no caminho espiritual. O Mestre queria incutir nas mentes e nos coraes de todos os devotos a atitude de profundo respeito por Rajasi em todos os momentos. Odores e higiene A higiene pessoal era uma necessidade ao redor dele. Ele mesmo era muito asseado. Mesmo depois de nadar, tomava uma ducha diariamente. Nem mesmo gostava que se usasse perfumes fortes a seu redor. O Mestre o chamava de seu menino naturalista. Para evitar que os odores da cozinha principal entrassem no seu apartamento, tive a idia de erguer uma parede entre o quarto do Mestre e o quarto e a cozinha de Rajasi. Pensei que isso tambm daria mais privacidade ao Mestre em relao aos discpulos, em suas idas e vindas entre seus aposentos a todas as horas, de dia ou de noite. Os hbitos de leitura de Rajasi Rajasi no lia muito. O jornal, alguns livros do Mestre e suas cartas estavam todos no banheiro, onde, segundo ele, fazia a maior parte de suas leituras. Sendo homem de negcios, era muito rgido quando se tratava de receber suas cartas empresariais. Viagens especiais tinham de ser feitas para garantir que eles as receberia na hora certa. Ele as lia com cuidado. A menos que o clima no lhe permitisse tomar banho de sol, ele raramente se sentava escrivaninha para trabalhar durante o dia porque no queria perder um dia ao ar livre. Trabalhava e respondia suas cartas at tarde da noite. Escrevia notas ou cartas mo, ou as ditava. Em 1948, Marjorie BenVau aprendeu taquigrafia. Ele a contratou para redigir

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as cartas que ditava e, depois, datilograf-las. Quando os BenVau deixaram a cidade, Irmo Sarolananda que era taqugrafo no tribunal, tomava o ditado na sua mquina. Deste modo, os negcios de Rajasi eram cuidados por meio de cartas e telefonemas enquanto ele estava no eremitrio. Ele fazia quase diariamente uma ou duas chamadas a longa distncia, para Kansas City ou Texas, para tratar de negcios. Raramente se deitava muito tarde, normalmente s onze horas da noite, por a. Carregar pesos O Mestre no permitia que Rajasi carregasse coisas pesadas. O Mestre disse que pessoas que se aprofundam na meditao podem fazer trabalho leve ou mental, mas no trabalho manual pesado. Os hbitos de vestir-se de Rajasi Enquanto estava em Encinitas, Rajasi vivia com trajes de banho. Contudo, ele se vestia para encontrar-se com algum ou para dar seus passeios. Vestia-se com esmero e possua belos ternos e jaquetas de casimira, de excelente qualidade. No gostava de coisas speras. S usava gravata se fosse necessrio. Os sapatos dele eram grandes o suficiente para serem confortveis, e ele os tirava no minuto que entrava em casa; todavia, tambm no gostava de andar descalo, porque isso era muito anti-higinico. Usava sandlias, chinelos abertos no calcanhar, ou outros chinelos macios. Sendo de natureza conservadora, no comeo no usava camisas esportes, mas logo superou isso, pois perto da praia a maioria dos homens usa camisas esportes e bermudas. Ficou feliz por us-las depois disso, porque provaramse muito confortveis para ele. Quando Rajasi vinha passar perodos longos, eu enviava suas roupas sujas para sua casa de Kansas City. Ele tinha uma boa lavadeira que lavava suas roupas todos os dias e depois as mandava de volta, limpas e engomadas. De vez em quando, Rajasi gostava de sair para um passeio de carro, especialmente para a zona rural. Gostava de andar com boa velocidade, se o trfico permitisse. Era bastante impaciente na estrada com outros motoristas que no se moviam para o lado se ele os quisesse ultrapassar. Ele apertava a buzina at que eles lhe davam passagem. Era um excelente motorista e, s vezes, gostava ele mesmo de dirigir. No princpio, o Mestre deixou que um dos seus carros ficasse disponvel para Rajasi, mas, nos anos posteriores, Rajasi comprou seu prprio carro. Gostava dos Oldsmobiles. Rajasi tinha um chofer em Kansas City, embora costumasse ir e voltar do escritrio dirigindo. O chofer mantinha o carro de Rajasi imaculadamente limpo e em perfeitas condies de funcionamento, o tempo todo, pronto para Rajasi virar a chave. Rajasi esperava de ns o mesmo servio, e ficava um tanto impaciente se o carro no estivesse pronto na hora. Antes de 1943, eu no sabia dirigir. O Mestre freqentemente expressava o desejo de que eu aprendesse a dirigir, mas j que ele no insistia nisso, eu no desejei somar outro item minha agenda j pesada. Todavia, durante a guerra com o Japo, em 1943, pneus e gasolina estavam racionados. Rajasi no tinha seu prprio carro em Encinitas, naquele tempo. Quando ele nos informava de sua prxima visita, eu pegava o trem para Los Angeles, a fim de comprar mantimentos frescos; depois, Irm Sailasuta ou Sr. Castillo me levavam de carro ao aeroporto ou a estao ferroviria para pegar Rajasi e lev-lo a Encinitas. O motorista tinha que tomar um trem ou nibus de volta para Los Angeles. Esse procedimento tinha de ser repetido quando chegava a hora da partida de Rajasi. Um dia, Rajasi e eu comentvamos o problema que isso acarretava ao Mestre e aos motoristas. Rajasi ofereceu-se para me ensinar a dirigir e encorajou-me para que eu aprendesse, acrescentando: Manteremos isto em segredo e da prxima vez que o Mestre quiser que eu v a Monte Washington, voc poder me levar de carro e surpreender o Mestre dizendo que me trouxe. Depois disso, todos os dias, ele me fazia dirigir. Era um bom professor. No comeo, dirigamos nas estradas da zona rural de Encinitas, para evitar as rodovias. Ele no perdia um dia, porque segundo ele: Seria mais difcil recomear. Quando Rajasi falou que eu o trouxera de carro, o Mestre gritou de alegria, porque isso aliviou sua mente de ter de providenciar um motorista, alm de eliminar as despesas de viagem. Da em diante, o dever de dirigir foi somado aos meus servios a Rajasi. De dia ou de noite, eu o levava de carro para onde ele quisesse, e o levava e trazia do aeroporto e das estaes.
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Deslizamento de terra Rajasi estava na praia quando o primeiro deslizamento de terra aconteceu debaixo do templo. Bernard Cole desceu correndo para lhe contar. Rajasi no ficou nem um pouco perturbado. No disse uma palavra a Bernard, nem se apressou a voltar. Nadou e caminhou como sempre antes de vir ver o dano que o deslizamento fizera. Fealdade e negativismo Rajasi no gostava da fealdade em qualquer de suas formas. Por exemplo, se ele deixasse cair algo no cho e derramava o contedo, saa da sala, desgostoso, to rpido quanto podia, para que no precisasse ver aquilo. Repugnava-lhe qualquer palavra feia; at dam (droga, maldio) ele no aprovava, nem jamais o ouvi dizer essa ou qualquer outra palavra feia, nem mesmo Oh, boy (Rapaz!). O Mestre no nos permitia falar em tom negativo para Rajasi; com ele, as conversas ou os relatrios tinham de ser com uma base construtiva. Posso bem entender a razo desta sabedoria, pois Rajasi no podia suportar nenhum tipo de negativismo. Se o mais leve elemento negativo entrasse nos relatrios, ele depois disso no queria ter mais nada a ver com o projeto ou a pessoa, ou se visse algum resvalar no carter, perdia a considerao por essa pessoa. Se tivesse que lidar com a pessoa de qualquer maneira, no concedia favores a ela, embora fosse muito misericordioso e perdoador na maior parte do tempo. Rajasi era especialmente ingnuo para com algum que estivesse no caminho espiritual. Ele pensava que eram todos anjos e sem defeitos, e se os visse cometer um deslize, era altamente crtico dessa pessoa. Ele, porm, tornou-se muito tolerante medida que foi progredindo no caminho espiritual. Foi por isso que o Mestre me falou que Rajasi atrara uma esposa mental e fisicamente invlida para aprender a pacincia, e ele seguramente aprendeu. A pessoa podia argumentar facilmente com Rajasi e conseguir resultados. Embora fosse um homem de negcios muito prspero, era muito parecido com uma criana nos seus maneirismos. Ele amava profundamente sua me terrena, por isso respondia mais prontamente a apelos maternais do que a emoes femininas. Elogios maternais por suas boas aes em prol da organizao, do Mestre e dos outros davam-lhe o incentivo para continuar fazendo mais. Hbitos econmicos Rajasi era o tipo de pessoa que se voc lhe dissesse que tomasse uma colherada de qualquer coisa, ele tomava duas por boa medida. Isto tambm se aplicava sua generosidade. No se importava em pagar um preo alto por algo bom, mas era muito econmico em outras coisas, por exemplo: quando descascava uma ma, usava de pacincia infinita para descascar a pele to fina que parecia transparente. Ele era honesto at a medula e gostava da honestidade nos outros, por exemplo quando me dava dinheiro para gastar em artigos domsticos. Rajasi pagava sua prpria manuteno enquanto estava no eremitrio, porque dizia: Gosto de coisas boas e elas so caras, e no quero sobrecarregar a SRF com a minha extravagncia. Finanas Ele era muito generoso e me dava bastante dinheiro para adquirir suas coisas. Certa vez eu lhe fiz um relatrio dos gastos. Ele no gostou, dizendo: Voc no precisa me fazer esses relatrios. Veja, eu os estou rasgando sem nem mesmo olhar para eles. Se voc persistir em fazer isso, continuarei a rasglos, portanto, no faz sentido voc passar esse trabalho todo com a contabilidade. Eu respeitava seus desejos, mas era extremamente cuidadosa com seu dinheiro, pois sabia que ele era econmico, mas que tambm gostava de boa qualidade. Ele nunca questionou o Mestre, depois que lhe dava dinheiro, coisas do tipo: o que ele fez com o valor ou o quanto havia sido gasto nesse ou

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naquele projeto. Logo depois que o eremitrio ficou pronto, Rajasi passou por grandes dificuldades financeiras em seus negcios. Como tinha o corao cheio de ternura, muito gentil e generoso, no queria frustrar a alegria e o entusiasmo do Mestre pelas melhorias no terreno do eremitrio. Ele no falou nada sobre seus problemas para o Mestre. O Mestre, no percebendo a difcil situao de Rajasi, continuava comprando e pagando as contas, e para isso tinha que escrever continuamente a Rajasi pedindo mais fundos, tendo em vista que o Fundo Indiano, que Rajasi lhe dera como presente de Natal em 1936, estava rapidamente se esgotando. De alguma forma Rajasi providenciava o dinheiro para as despesas correntes, mas no o montante que o Mestre gastou no embelezamento do eremitrio e de Mt. Washington. Assim, Rajasi no conseguiu repor o dinheiro do Mestre para o Fundo Indiano. O Mestre, por causa de seu ideal, estava habituado pobreza e abnegao. O estilo simples de vida na ndia no necessitava de tantas compras de moblias, consertos e reabastecimento de suprimentos como ns temos aqui. Obviamente o Mestre percebeu que as condies de vida na Amrica no se adaptavam ao estilo de vida indiano. Ele costumava dizer: Na Amrica, sou criticado por usar um hbito de algodo e, na ndia, seria criticado se usasse uma tnica de seda. Essas e outras condies similares o amarraram ao pesado fardo de ter que ganhar dinheiro para prover sua instituio na Amrica com as necessidades imediatas. O Mestre no era um homem de negcios. No conhecia os meandros, problemas, dificuldades e tticas envolvidos nas atividades de negcios na Amrica. Teve de aprender pelo mtodo de tentativa e erro para conseguir transformar em sucesso a sua organizao, cujas despesas sempre excediam as receitas. Portanto, o Mestre passou por inmeras dificuldades e sofrimentos, conhecidos e desconhecidos, durante toda a sua vida. O Mestre batalhou durante os anos da depresso de 1930 e 1931. Ele recebia e dependia da ajuda financeira que o Dr. e a Sra. Lewis providenciaram nos anos anteriores, mas essa nova empreitada da administrao de Mt. Washington era mais do que eles podiam ajudar sozinhos, ento a constante orao dele era para que Deus lhe enviasse um discpulo homem, que fosse rico, honesto, bondoso e, acima de tudo, que tivesse um profundo amor e desejo de entrar em contato com Deus conscientemente. Essa no era uma orao incomum, pois o Mestre sabia da lei Divina que, quando o Senhor envia um de seus mensageiros, tambm envia ambos os tipos de devotos: aqueles que o ajudaro financeiramente e aqueles que daro seu servio para ajud-lo a cumprir sua misso terrena. Deus respondeu aos apelos do Mestre em fevereiro de 1932, com um de Seus diligentes filhos, J. J. Lynn, que em 1951 recebeu o nome espiritual de Rajasi Janakananda, para ajudar o Mestre a carregar sua cruz financeira. Rajasi era tudo aquilo que o Mestre esperava, sim, at mais. Era um prtico homem de negcios, humilde, nunca se exibindo com seu talento. Tanto era que foi somente nos ltimos anos de vida que o Mestre descobriu que Rajasi era um mago financeiro, que conhecia o mercado de aes como a palma da mo, pois tambm era banqueiro, advogado e muito conhecedor do mercado imobilirio, alm de numerosas outras capacidades. Imediatamente aps o encontro com Paramhansaji, Rajasi o aceitou como seu guru e implicitamente confiou nele e o reverenciava como um Cristo. Todas essas qualidades lhe serviram bem at agora e sempre, pois os testes impostos a ele foram realmente pesados. Deus havia respondido s oraes do Mestre por um amigo que ajudaria na conduo do trabalho divino. J no seu primeiro encontro, Rajasi tinha dado uma grande doao para reiniciar a publicao bimestral da revista East-West e colocou mais anncios para promover as Lies, a fim de divulgar a salvadora tcnica de Kriya para o mundo, por meio da continua exposio do nome da SRF perante o pblico. O Mestre tinha plenas expectativas que o dinheiro viria em quantidade ilimitada para esse propsito, e at pode ter sido assim, mas nesse meio tempo o Mestre fez seu primeiro apelo para Rajasi no dia 3 de abril de 1932, em uma carta para quitar a hipoteca de Mt. Washington. Aps vrios pedidos e a devida considerao, Rajasi falou para o Mestre comear as negociaes com a companhia que detinha a hipoteca. Em maio de 1933, Rajasi deu para o Mestre alguns ttulos do governo, cujo valor era o suficiente para cobrir a totalidade da hipoteca. Nesse nterim, o Mestre, desesperadamente necessitando de dinheiro, vendeu os ttulos que Rajasi concedeu para o pagamento da hipoteca. Rajasi posteriormente me explicou que tinha dado para o
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Mestre em dinheiro toda a quantia que estava disponvel com ele naquele primeiro encontro dos dois, em fevereiro. Portanto, quando o Mestre lhe pediu para quitar a hipoteca, ele no tinha o dinheiro, mas tinha aqueles ttulos que deu para o Mestre manter at que as negociaes estivessem terminadas e pudessem ser vendidos para pagar a dvida. Quando chegou a hora de fazer o pagamento, nem o Mestre ou Rajasi tinham o dinheiro para finalizar a transao. Por outro lado, vamos levar a grave situao do Mestre em considerao. Nosso pas em 1932-33 estava em uma de suas maiores crises financeiras, Mt. Washington estava com grandes dvidas e com muitas pessoas para alimentar. O Mestre tinha as despesas com viagens e as palestras, a organizao estava num perodo de estagnao e o Mestre no tinha ningum para cuidar de todas essas coisas ou que fizesse anncios para atrair novos membros. Temendo uma outra quebra da bolsa de valores, o Mestre vendeu os ttulos para amortizar a hipoteca, a fim de manter os lobos afastados de nossas portas. Houve grande benefcio para a organizao e para as almas que moravam em Mt. Washington com essa atitude do Mestre. Entretanto, foi somente em outubro de 1936, quando o Mestre nos telefonou de Nova Iorque, em seu retorno da ndia, que Rajasi foi capaz de dizer que o fardo da hipoteca lhe fora tirado dos ombros, bem como muitas outras dvidas que estavam pendentes antes e durante o passeio transcontinental do Mestre. No incio de 1933, o Mestre decidiu no viajar mais em suas campanhas pas afora. Queria permanecer na Sede Central e se concentrar em escrever e divulgar o ensinamento por meio do sistema postal, para atrair e treinar mais almas para o futuro da obra. Sua justificativa foi que, quando chegava em uma cidade, ele palestrava e ensinava para centenas, at mesmo milhares de pessoas, mas s podia estar em um lugar ao mesmo tempo, sendo que pelo correio seus ensinamentos alcanariam todos os cantos do planeta. Ele deu, entretanto, vrias palestras em Los Angeles e arredores, cuja proximidade eliminava as despesas de viagem para si e para seus acompanhantes. Essa deciso colocou o peso da manuteno da organizao unicamente sobre os ombros de Rajasi. Embora Rajasi fosse um homem de negcios de sucesso, conforme me contou mais tarde, ele no estava financeira nem mentalmente preparado para suportar o peso total dessa surpreendente mudana de eventos. O Mestre, entretanto, no permaneceu parado. Ele estava extremamente ocupado planejando o progresso e a expanso dos ensinamentos, escrevendo, realizando Servios Dominicais e concedendo entrevistas que se alongavam at tarde da noite; tudo isso ajudava na situao financeira. Naquela carta escrita em 3 de abril, o Mestre pediu a Rajasi uma doao de 100 mil dlares, a fim de criar um fundo permanente que a instituio pudesse receber e ser capaz de ir levando as despesas gerais com a renda do investimento, sem precisar mexer no principal. O Mestre queria ainda uma grande soma em dinheiro vivo, que servisse como um fundo de trabalho. Se Rajasi no tinha dinheiro nem para quitar a hipoteca, tambm no tinha para doar uma quantia to expressiva para o fundo de depsitos ou para o fundo de trabalho. Embora seu corao estivesse ansioso com o desejo de agradar ao Mestre, e embora fosse um bem-sucedido homem de negcios, havia um limite para sua riqueza, pois ele recebia somente um salrio de sua companhia de seguros contra incndios e, tambm, outras rendas. O Mestre no sabia, contudo, que Rajasi no ficava com o dinheiro que suas companhias recebiam, pois elas vendiam um servio e no um produto. Dessa forma, o dinheiro pertencia aos segurados e no a ele. O capital precisava ser mantido para ser utilizado no pagamento dos estragos dos incndios. Ele tambm respondia perante um Conselho e no podia utilizar ou dar aquele dinheiro. Rajasi no podia dar conforme os mandos de seu generoso corao, pois tambm sofria com as leis fiscais, que ditam que algum pode fazer uma doao para uma igreja, mas que apenas uma pequena porcentagem da renda para fins de caridade ficava livre de impostos. Disse-me que no importava se os impostos estavam altos ou baixos, por muitos anos ele sempre esteve na faixa mais alta de contribuio. Na parte final de sua vida, ele s ficava com oito centavos de cada dlar que ganhava, o resto ia tudo para os impostos. Ele tambm tinha suas prprias despesas para cobrir. Rajasi providenciou o dinheiro para quitar dvidas antigas, contas atuais, reparos nas edificaes e carros de Mt. Washington e na compra de um veculo novo. Tambm pagava os anncios publicitrios e centenas de outras coisas necessrias a uma organizao. Quando o Mestre percebia que as grandes quantias que
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ele havia prometido no viriam, procurava novas oportunidades para tornar sua obra auto-sustentvel. Imaginou que o comeo de novos e diversificados projetos poderia ser o nico jeito de pedir a Rajasi doaes para a SRF. Dessa forma, as doaes no seriam muito grandes de uma vez s e ele poderia realizar seus sonhos para o presente da SRF e seu progresso no futuro. Esse foi o incio da bola de neve que continuou aumentando a cada criao de um novo projeto. Juntamente com os apelos por novos projetos, o Mestre repetia constantemente sua sugesto de um fundo permanente. Nesse meio tempo, Rajasi era mantido ocupado providenciando valores para os novos projetos, mas por outras razes de negcios no pde doar dinheiro para o fundo. Portanto, para a criao do fundo permanente que o Mestre queria, Rajasi doou toda a sua carteira de aes que havia adquirido atravs dos anos a um custo bem razovel, mas que posteriormente valiam trs vezes mais do que o Mestre havia pedido e gerou enormes dividendos. Carteira de aes no era dinheiro que o Mestre pudesse ver ou gastar. Ento ele temia por outra quebra na bolsa de valores, fazendo que elas ficassem sem valor. Ele achava que imveis eram muito melhor investimento que aes, embora Rajasi, um banqueiro, tivesse dito que as propriedades imobilirias para fins de renda tambm era um negcio arriscado, pois os prdios precisam ser mantidos em boas condies, aumentando assim seus gastos, sendo que as aes pagam seus dividendos sem qualquer despesa para seus donos. verdade, elas oscilam seu valor, mas os imveis tambm se depreciam, e se o pas est mal todos os negcios vo mal, inclusive os imobilirios. O Mestre no percebia que cada novo projeto aumentava as despesas, ao invs de gerar renda. O custo primrio de construo no era o nico gasto do projeto, mas tambm a manuteno, com os funcionrios que cuidam e administram o lugar, aumentavam as despesas. O Mestre ainda queria um grande fundo de trabalho em dinheiro para pode inventar esses novos projetos sem precisar ficar pedindo dinheiro extra para Rajasi. Dessa forma, o Mestre vendeu prematuramente vrias aes. Ele no percebeu que vendendo as aes estava inviabilizando aquilo mesmo que mais queria: um fundo permanente. Os continuados apelos do Mestre para uma doao para o eremitrio foram atendidos em 1948. Quando Rajasi chegou ao eremitrio, o Mestre foi encontr-lo usando seu anel de ametista. Eles se sentaram juntos no sof. De repente, Rajasi deixou a sala e retornou segurando um grande envelope. Sentou-se no cho, aos ps do Mestre, e abriu o envelope, alinhando vrios certificados de aes lado a lado. Em seguida, ao lado dos ttulos de crdito do Forum Cafeteria, colocou vrios ttulos de resgate pronto. Sorrindo, ergueu os olhos e perguntou ao Mestre: Qual desses o senhor quer? O Mestre sorriu timidamente e respondeu: Ambos. Rajasi riu e deu tudo para ele, assegurando assim para o eremitrio uma boa renda mensal. Lgrimas de alegria escorreram no rosto do Mestre, pois finalmente o eremitrio de seus sonhos continuaria a existir aps a partida terrena deles. O Mestre lanou os braos ao redor do pescoo de Rajasi e lhe deu um beijo na testa, abenoando-o muitas e muitas vezes. Aps esse dia, o Mestre chamava o anel que estava usando de seu anel da sorte. Ele acrescentou essa ametista a outras que tinha e fez uma cruz como presente de Natal para Rajasi, intitulando-a a cruz da prosperidade de Rajasi. Rajasi adorou aquela cruz, bem como a cruz de diamantes que o Mestre lhe deu no seu ltimo Natal na terra conosco. Nos ltimos anos de sua vida, o Mestre compreendeu o valor das aes e de seus dividendos, lamentando profundamente ter vendido aquelas maravilhosas aes e gastado tanto dinheiro em edificaes, pois foi tambm nesse momento que Rajasi contou ao Mestre quanto dinheiro ele tinha doado nesses anos todos. Embora de maneira irregular, s vezes quantias pequenas, s vezes mdias e por outras grandes, ele deu Self-Realization Fellowship mais de um milho de dlares em dinheiro, que foram utilizados nos projetos de construo e mais um milho em aes. Foi ento que o Mestre disse, arrependido, que desejava no ter gasto aquele dinheiro em projetos focalizados em tantas direes diferentes, mas se tivesse concentrado seus esforos e aquele dinheiro na divulgao dos ensinamentos e para transformar Mt. Washington numa apresentvel Sede Central Internacional, ao invs de prdios que custam tanto em manuteno, o trabalho teria ido longe durante sua vida.

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Era minha atribuio interceder pelo Mestre junto a Rajasi, quando o Mestre queria fundos para seus diferentes projetos. Era assim que eu sabia o lado do Mestre na histria, mas tambm conhecia a posio de Rajasi. Quando o Mestre pedia que me aproximasse de Rajasi para pedir fundos para isso ou aquilo, queria que eu fosse imediatamente e corresse de volta com a resposta. Com o Mestre, tudo precisava ser feito na pressa e rpido. Ele costumava dizer que no tinha tempo para esperar. Rajasi era o oposto. Ele atrasava e esperava, pois pensava que ainda teria muitos anos pela frente para fazer grandes coisas financeiramente pela SRF. Sempre que o Mestre abenoava Rajasi, dizia: Voc ser abenoado com uma longa vida por estar fazendo tanto pela SRF. Mas, como veremos depois, Sat no gostava de ver Rajasi realizando tantas coisas pelo trabalho salvador da SRF e tentou impedi-lo antes que sua misso estivesse completa. Mas, pela graa de Deus e do Mestre, ele finalizou sua tarefa e recebeu sua merecida recompensa. A vontade que o Mestre tinha de obter respostas imediatas raramente era atendida, porque Rajasi era homem de decises lentas, que precisava pensar como agir ou como conseguir levantar os fundos necessrios sem prejuzo para seus negcios. Escrevendo todas essas coisas aps a passagem de tantos anos, parece como se o Mestre e Rajasi tivessem recebido uma enorme incumbncia. Nossas mentes americanas podem se questionar por que o Mestre esperava tanto de uma pessoa. A resposta que nosso Amado Mestre sentia sua unidade com o Criador do Universo, ento, ele como um filho que espera abundncia de seu Pai Celestial, da Me Divina, ou vice-versa; e acontece a mesma coisa no relacionamento entre o Mestre e seu discpulo. O Mestre amava muito Rajasi e o considerava e tratava como um filho. Portanto, sentia-se no direito de um pai exigindo do filho o cumprimento de seu destino programado para ser o salvador financeiro da SRF. Embora o Mestre conhecesse essa verdade secreta e escrevesse com freqncia para Rajasi sobre o assunto, ainda assim ela no conseguiu penetrar profundamente na conscincia de Rajasi naquele tempo, da maneira em que essa verdade estava impressa na Conscincia Crstica do Mestre. Mas basta algum conferir os arquivos acerca dos diferentes projetos e os atuais relatrios financeiros da SRF para perceber como, por meio da graa Divina, da viso empreendedora do Mestre e da generosidade amorosa de Rajasi, que essa grandiosa obra nasceu e agora, mais do que nunca, colhe os frutos de suas aes e sacrifcios individuais. O Mestre tinha esperanas e orava para que Rajasi pudesse fornecer todos os fundos de que necessitava sem que tivesse que constantemente ficar fazendo apelos, mas como no foi o caso, o Mestre resignou-se a desempenhar esse difcil papel pelo bem de sua misso Divina. Rajasi era muito generoso e tinha muito orgulho em atender a cada desejo do Mestre. Seu corao compassivo no suportava ver de nenhuma maneira o Mestre sofrendo. Ele abraava o Mestre e colocava a mo no prprio bolso e esvaziava tudo na mo do Mestre. Vi com freqncia Rajasi partir para Kansas City com apenas alguns dlares no bolso, pois tinha dado tudo o que tinha para o Mestre, em favor de sua misso. Mas Rajasi era suficientemente humano para se enervar com alguns pedidos. Ele pouco ou nada dizia, mas sua expresso demonstrava bem sua determinao ou sua repulsa. Na maioria das vezes, Rajasi atendia amorosamente, pois era muito mais fcil atingir seu corao por meio do amor e gentileza do que por exigncias foradas. O Mestre amava-o tanto que no desejava provocar a menor desarmonia entre os dois, e se por uma razo ou outra Rajasi tivesse que recusar algum pedido, o Mestre no tinha vontade de ficar discutindo por mais tempo. O maior desejo do Mestre era permanecer em um relacionamento espiritual com Rajasi em todos os momentos e a todo custo. Quando Rajasi vinha para Encinitas ou Mt. Washington, o Mestre apenas meditava e conversava sobre assuntos espirituais, evitando tratar de negcios, pois talvez tais assuntos pudessem trazer a mnima desarmonia. Portanto, apenas em casos extremos o Mestre debatia pessoalmente os assuntos envolvendo os negcios da organizao. Ao invs disso, ele escrevia todos os requerimentos em cartas ou me pedia para interceder por ele. No apenas que eu pudesse incentivar seus projetos junto a Rajasi, mas, acima de tudo, o Mestre no queria sentir o peso da recusa de Rajasi, caso houvesse. O Mestre sempre quis ver e lembrar-se de Rajasi no como um homem de negcios, mas como um amado filho de Deus. O amor que tinham um ao outro era verdadeiramente

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divino. Transcrevo uma das cartas do Mestre para Rajasi, na qual expressava seu profundo amor espiritual por ele.
8 DE MARO DE 1932 Meu mais Amado: O Guru discpulo e o discpulo guru, atados em uma promessa de amizade eterna at que redimam suas almas no Esprito. A amizade Divina incondicional e espera at que a perfeio seja atingida. assim minha amizade por voc. A amizade humana egosta, imperfeita e principalmente no chega alm dos portais da morte. Sua prpria presena j me relembra e inflama em mim o samadhi de Deus. Pois eu vejo Deus desperto em voc com grande fulgor. Voc sabe o que encontrar algum florescendo depois de encarnaes de sombria espera? Esperarei at que todas as ptalas de sua mente despertem e bebam da fragrante luz solar divina e espalhem o perfume da Yogoda para todos. bom encontrar uma pessoa que seja a realizao da profecia do Mestre. Algum que corresponda nos mnimos detalhes a todas as minhas divinas expectativas. Ningum na Amrica atraiu de mim tanto amor e apreo quanto voc, graas sua divina simplicidade, autocontrole e, acima de tudo, seu inebriante e aprofundado amor Divino. Eu guiarei voc. A profundidade do oceano do nctar infinita. Mergulharemos at atingirmos a infindvel e sempre renovada bem-aventurana. No conseguimos nos encontrar com a freqncia que eu gostaria para que voc entrasse em samadhi junto comigo. No me importo com nada mais. Escreva-me, embora voc seja um homem to ocupado. Uma s linha j ser suficiente para nosso elo permanecer sempre forte e para manter nossas almas atadas ao Esprito. Abenoado, um milho de bnos por sua cooperao da noite passada. Eu sinto o que voc tem feito pela obra de meu Guru. Jamais vi algum agir com tanto corao, espontaneidade e nobreza quanto voc. Eu rezava para que a Me Divina enviasse um filho divino, poderoso e imaculado como os raios de sol para ser meu parceiro na grande misso que Babaji me conferiu. J que voc est se rejubilando pela nova bem-aventurana reunida em seu corao, lembre-se que voc tambm me concedeu a mesma alegria por ser o instrumento da minha emancipao das dificuldades de nosso trabalho divino, a fim de que eu possa servir a voc, ao Guru, a Deus, a Yogoda e a todas as pessoas por meio de meus escritos e do samadhi. Minha alegria no tem limites. Com meu mais profundo amor e eterna bno, sempre com meus vigilantes olhos de amor por seu progresso constante. Seu muito sincero, S. Yogananda.

Transcrevo agora um trecho de uma carta do Mestre para Rajasi em 1934:


Mais um banquete j aconteceu e terminou. Temos outro planejado para 11 de novembro. Voc poder vir?

Reunies Pblicas Rajasi no gostava de comparecer a compromissos pblicos. Ele raramente participava de banquetes ou grandes eventos, mesmo em seus prprios negcios. Os poucos eventos aos quais comparecia em Mt. Washington era puramente para agradar ao Mestre. Por causa dos negcios, tinha a preocupao de no expor seu nome em pblico, o que normalmente acontece nessas ocasies. Especialmente se havia conexo com a Ioga, os jornais ficavam ansiosos para expor o seu nome, como haviam feito antes, por diversas vezes, em Kansas City , causando muitos transtornos a seus negcios. (Como Rajasi tinha falado ao Mestre: Na ndia, por ser um seguidor da Ioga eu seria chamado de santo, mas na Amrica sou chamado de tolo.) O Mestre ansiava por proteger Rajasi das dificuldades, pois Rajasi estava nos negcios por Deus. Em um dos banquetes que Rajasi compareceu, acredito que tenha sido na primeira vez em que veio a Mt. Washington, em 1933, enquanto caminhava na sala de jantar (que agora o escritrio principal), eu estava colocando as toalhas na primeira mesa quando ele entrou e parou para me ajudar na outra ponta da mesa. O Mestre ficou muito satisfeito com sua atitude, conforme disse: Vejo que voc tem o esprito de servir. Isto muito bom. Rajasi tambm compareceu inaugurao do nosso restaurante em Encinitas. Aps os refrescos terem sido servidos, todos nos sentamos mesa, quando, de repente, o Mestre tocou Rajasi. Ele entrou novamente em profundo samadhi. Quando voltou ao estado consciente, o Mestre pediu-lhe que abenoasse a cada um dos presentes. Todos os que receberam a bno disseram a mesma coisa, que
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sentiram um impressionante amor vindo dele. O Mestre falou que aquele fora um samadhi de Amor Divino. Rajasi preferia permanecer sozinho e meditar em ambientes espirituais sempre que tinha chance, ao invs de ficar em pblico. O sentido do olfato Rajasi tinha um olfato aguadssimo. Podia detectar odores a longas distncias. Ele nunca fumou, portanto era muito mais sensvel ao cigarro do que a outros cheiros. Ele me disse: Se um vendedor vem at meu escritrio com um cigarro na mo, ele sai sem vender coisa alguma. Ele tinha um aviso de Proibido Fumar na mesa de seu escritrio em Kansas City. Graas ao exemplo de Rajasi, muitos de seus associados nos negcios pararam de beber e fumar. Eu perguntei a ele, sabendo que no gostava da fumaa do cigarro, como se virava naquelas rotineiras reunies de negcios em que precisava comparecer. Ele respondeu: Eu no permito que se fume quando estou com meus subordinados. Quando vou s reunies em bancos, restaurantes ou na ferrovia, eles tambm sabem que no gosto de cigarro e ento me respeitam e no fumam durante a reunio. Mas em outros compromissos, suporto pacientemente. Perguntei a Rajasi como era o comportamento dos membros do conselho de diretores, quando ele comparecia s reunies ou encontros informais. Se eles discutem entre si ou conversam muito, como voc age ou reage s suas aes? Sua resposta foi: Sento-me em silncio e pratico Hong-S, ou ento mentalmente subo e deso a coluna vertebral, com os olhos abertos, claro, e deixo que falem. Quando seu debate e suas palavras terminam, algum se vira para mim e pergunta: O que voc acha, Jimmy? Nesse momento, eu j tenho intuitivamente uma resposta, e ento eles se admiram: Como voc consegue? Voc no disse uma s palavra e agora o nico que resolve o problema! Eles no acreditariam nem que eu lhes contasse, ento permaneo quieto com meu mtodo e eles ficam satisfeitos. Por essa razo, Rajasi era sempre muito solicitado, pois todos os que sabiam de sua reputao como homem de negcios queriam sua presena nas reunies. Um de seus scios me falou: Estou com o Sr. Lynn h 40 anos e ainda estou para v-lo cometer um erro na conduo dos negcios. Eugene BenVau, sabendo que Rajasi era muito sensvel a odores, sentia-se na obrigao de tomar banho e trocar de roupa antes de encontr-lo, ou, se no tinha tempo, ficava a certa distncia para conversar com ele. Os outros trabalhadores de Encinitas agiam da mesma forma. Durante a doena de Rajasi, tive vrias ocasies para conversar com os scios dele, que me falaram: O Sr. Lynn certamente tem um olfato poderoso. Ns ficamos longe dele quando acabamos de fumar ou de beber, pois ele consegue detectar o cheiro a centenas de metros. Durante sua ltima enfermidade, Sat o fez passar por vrias provaes. Em 20 de agosto de 1954, ele estava tomando seu rotineiro banho de sol quando, apressadamente, veio me perguntar se eu conseguia sentir aquele cheiro horrvel que estava emanando dele. No consegui sentir cheiro algum. O odor era to ruim que lhe causava arrepios nos plos de seu brao e peito, bem como estouravam bolhas, as maiores que j vi em algum. Sa para investigar o lugar onde ele estivera deitado na grama, para ver se havia alguma coisa provocando aquilo. Aps cuidadosa procura, no pude achar qualquer coisa. Depois de um curto tempo, ele voltou a reclamar do mesmo cheiro. Vendo como estava perturbado, pedi-lhe para sentar-se e lhe contei como havia lido que, na vida de alguns santos, Sat tentava desencoraj-los do caminho espiritual com odores malignos e aparies. E continuei: Sat assumir qualquer forma para roubar do devoto sua conscincia da bem-aventurana e acredito que ele est criando esse odor, na tentativa de perturb-lo, porque sabe como voc sensvel. Apenas ria da cara de Sat e diga que ele no pode, com sua farsa, afast-lo de Deus e do Mestre. Rajasi sorriu e disse: , deve ser isso. Deixei que ele ficasse sozinho para refletir sobre isso. Quando voltei, aps alguns minutos, para ver se estava tudo bem com ele e se o terrvel cheiro ainda o incomodava, ele me sorriu e disse: Sri Yukteswarji veio. Ele estava muito feliz e sorriu para mim, e o odor foi embora. Aquele cheiro repulsivo no voltou mais. Tais so as maneiras de Deus para nos ajudar a superar nossos abusos na utilizao de qualquer um de nossos cinco sentidos.

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Guerra Transcrevo alguns trechos das cartas do Mestre para Rajasi sobre a Amrica.
18 DE FEV. DE 1940 O mundo est ficando cada vez mais complicado. Estou dedicando minhas oraes Amada Amrica. 9 DE NOV. DE 1944 A caracterstica nica e redentora da amada Amrica que ela est na guerra por um ideal e no por lucros, mas tambm est criando bastante carma negativo, que est influenciando a tendncia poltica deste pas em direo ao comunismo e enfeudao. Nunca houve um pas melhor do que a Amrica, onde o capital e o trabalho laboram em harmonia para a felicidade e a prosperidade de todos. 15 DE OUT. DE 1947 Nunca houve uma civilizao mais democrtica e benigna do que a Amrica. A maior parte do mundo complicada de se viver, ou seja, naquele verdadeiro sentido dos padres de conforto e vida com segurana que oferecida pelos Estados Unidos.

Cito alguns trechos das cartas do Mestre para Rajasi acerca da Guerra.
16 DE FEV. DE 1940 O propsito metafsico da guerra a pavimentao do caminho da liberdade para a ndia, China, Egito, Indonsia, frica e todas as naes subjugadas. Ainda assim, eu oro diariamente para que a guerra termine antes do prazo determinado pelo carma coletivo das naes beligerantes. H um grave perigo, pois Sat est induzindo alguns polticos a alistarem a Amrica na guerra. Rezemos para que tal dia jamais chegue.

Rajasi era um americano patriota. Embora quase fora convocado para a I Guerra, que terminou antes que fosse chamado, ele era velho demais para a II Guerra; por isso foi poupado. Muitos de seus colegas foram convocados ou alistaram-se. Como em outros negcios, suas companhias tiveram que contratar mulheres para o lugar dos homens que perderam para o servio militar. Aps a guerra, eles voltaram. Havia uma coisa em particular que o deixava impaciente. que era muito difcil conseguir uma reserva de trem ou avio, e muitas vezes, quando ia para o aeroporto, acabava descobrindo que outra prioridade acabou pegando o seu lugar no avio e ele tinha que retornar ao escritrio ou ao eremitrio e conseguir uma nova reserva. Embora ligasse antes de sair, para confirmar sua reserva, sempre havia a possibilidade de na ltima hora um militar exigir uma cadeira e os passageiros serem obrigados a abrir mo. Ele no se incomodava com isso. Era a incerteza dessa situao toda que o deixava impaciente. Rajasi tambm, lado a lado com o Mestre e todos ns, rezava por um rpido desfecho de uma guerra intil. Apenas uma vez eu o ouvi usar a palavra brigar. Tinha a ver com as melancias que ele plantara e os meninos da vizinhana que as roubavam. Ele no se importava de as melancias serem levadas, mas os rapazes estragavam as plantaes, e as frutas no voltavam a crescer. Quando isso acontecia com muita freqncia, ele dizia: H suficiente sangue irlands em mim para querer brigar. Ele era trs-quartos escocs e um-quarto irlands. Ele brigou colocando um vigia na plantao de melancias durante a noite, e funcionou. Os meninos no retornaram. Rajasi era muito sensvel ao sofrimento alheio e no gostava de qualquer tipo de violncia. Ele me falou: Quando eu era pequeno e meus irmos ou amigos brigavam entre si, eu corria para trs de uma rvore e chorava muito, pois no queria que ningum se machucasse. Bracelete O Mestre deu para Rajasi um bracelete, no Natal de 1937, como proteo fsica, mental e espiritual. O bracelete saa facilmente do brao, e Rajasi tinha medo que pudesse cair no oceano e se perder. Por

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isso ele o tirava, no sabendo o perigo a que se expunha. Eu falei para o Mestre sobre isso e ele ficou muito preocupado, escrevendo para Rajasi a seguinte carta, que transcrevo:
15 DE DEZ. DE 1938 Segundo as leis astrolgicas, no h nada melhor que um bracelete, para afastar todas as ms influncias dos planetas. Dois corpos no universo se atraem. Quando esse poder de atrao das clulas corporais se enfraquece devido ao avano da idade, a atrao dos planetas se torna mais forte, causando ainda mais relaxamento das clulas, assim provocando doenas e distrbios mentais. O bracelete, com sua combinao de metais conforme as regras elaboradas pelos Rishis, emitem raios eletrnicos (invisveis ao olho humano) que neutralizam todas as vibraes planetrias. Assim como um pra-raios colocado numa casa para absorver os relmpagos e descargas eltricas, tambm um bracelete age para absorver a ferocidade dos raios planetrios prejudiciais que incidem sobre o corpo, quando o mau carma da doena ataca. Alm do mais, ouvi o Mestre dizer vrias vezes que Sat cria na mente do usurio do bracelete o impulso de tir-lo, de maneira que ele possa continuar a punir as pessoas por intermdio do carma negativo de vidas passadas. Recordo-me de casos precisos em que a pessoa no conseguia usar o bracelete porque aquela parte do brao ficava inflamada. A pessoa teve que mudar a posio do bracelete umas trs ou quatro vezes. Ela foi curada de paralisia e algumas convulses. O bracelete tambm modificar e diminuir quaisquer influncias negativas nos negcios. Algumas vezes, tirar o bracelete quando necessrio, mesmo nessa hora, tambm perigoso. Escrevo essas coisas apenas para enfatizar as leis das vibraes eletrnicas, que Deus criou e os Rishis descobriram, para neutralizar as ms influncias planetrias sobre o corpo humano.

Rajasi nunca mais tirou seu bracelete. Avies Transcrevo agora algumas das cartas que o Mestre escreveu para Rajasi sobre suas viagens de avio como meio de transporte.
20 DE OUTUBRO DE 1937 Aconteceu outro acidente areo com uma pessoa ilustre, um banqueiro de Utah. 25 DE MAIO DE 1938 Pessoas ricas viajam de avio porque tm dinheiro, arriscando assim suas vidas, e seu carma de serem ricas convida a morte delas, quando acontecem desastres areos. Viajar de avio no to seguro quanto viajar de trem. Todos aqueles que viajaram de trem ainda esto vivendo. Alm do carma individual, as diferentes mquinas tem um carma relacionado. Navios a vapor versus automveis, conforme seus carmas individuais. Vrios graus de nveis de segurana fazem o homem desfrutar ou sofrer de acordo. Em outras palavras, se um homem com bom carma dirige um automvel de maneira deliberadamente arriscada, ir provocar as condies crmicas perigosas do veculo tambm. Acontece o mesmo com os avies. assim que a lei funciona. A lei no respeita as pessoas por causa de seu bom carma. Todos ns devemos ter cautela. 3 DE SETEMBRO DE 1940 Em acidentes rodovirios, sempre h alguma chance de escapar ileso, mas nos acidentes areos no h chance alguma. melhor chegar em algum lugar, mesmo que demore mais, do que nem chegar. Minha alma estremece sempre que ouo sobre algum acidente areo. Daqui a mais dois anos ser seguro para voc usar os avies. Entretanto, voc gosta de viajar de avio, mas por favor no se arrisque quando o tempo estiver nublado ou chovendo. Por favor, v de trem nessas oportunidades. Por favor, siga este conselho, apenas embarque nos melhores avies. Espero que Sat nunca me faa sofrer fazendo mal a voc, pois se acontecer algo com seu corpo, tambm o meu cessar de existir. A sua amvel pessoa divina meu maior incentivo para permanecer na terra. Entretanto, esteja sempre com Deus e lembre-se que Ele est sempre com voc, sempre protegendo-o. Meu amor e minha amizade esto sempre com voc. P. Yogananda.

Rajasi era um executivo muito ocupado e o elemento tempo tem fundamental importncia para um homem de negcios. Ele comeou as viagens areas to logo os avies comerciais de passageiros se tornaram disponveis. Ele at mesmo comprou um avio para si e comeou a tomar lies de vo.

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Seu professor falava to grosso com ele enquanto ensinava, que Rajasi parou com as aulas e deu o avio para seu irmo menor. Esse rapaz, mais tarde, acabou morrendo num desastre com um avio particular de um amigo, quando voltavam de uma pescaria. Aps esse acidente, Rajasi prometeu para si mesmo que nunca mais voaria em avio particular novamente. S viajava em grandes avies de passageiros e tinha o cuidado de apenas embarcar quando o tempo estava bom; contudo, algumas vezes durante suas viagens, o avio teve que retornar ao cho em qualquer aeroporto disponvel devido ao mau tempo repentino durante o trajeto. Uma vez, quando estava voando para Los Angeles para nos visitar, durante a ausncia do Mestre na ndia, houve uma terrvel tempestade com raios. Tiveram que pousar no Arizona. Outra vez, um dos motores do avio pegou fogo e caiu. Entretanto, eles conseguiram pousar com segurana, utilizando os outros motores. Depois que voltou da ndia, o Mestre pediu para Rajasi deixar de voar por um tempo e viajar de trem, e que ele iria dizer quando Rajasi poderia voltar a voar novamente. Rajasi obedeceu vontade do Mestre, mas um dia em 1937 recebemos um telegrama em que ele pedia para ns o pegarmos, em determinado horrio, no Hotel Biltmore. Tive o pressentimento que ele havia viajado de avio ao invs do trem. No falei nada, mas Rajasi contou para o Mestre que tinha voado e pediu para ser liberado de sua promessa de pegar trens. O Mestre no pde negar, mas pediu a Deus para proteg-lo em dobro. claro, os trens naquela poca eram mais lentos do que agora. Os poucos dias que Rajasi tinha livres eram gastos em viagens, deixando-lhe pouco tempo para aproveitar a paz e a meditao que ele tanto gostava no eremitrio. Por avio, ele poderia chegar em seis ou sete horas, e posteriormente em quatro ou cinco horas. E isso fazia uma enorme diferena para quem dispe de tempo limitado. Embora Rajasi tenha sido liberado de sua promessa, o Mestre no foi capaz de se livrar da ansiedade, pois sabia que o carma de Rajasi era o semelhante ao de seus dois irmos: um deles morreu de acidente areo e o outro, em acidente de carro. O Mestre ficava muito preocupado, por isso as cartas que ele escreveu avisando sobre os avies. E tambm no era somente o carma de acidentes de Rajasi que o preocupava, mas tambm porque ele era a nossa nica fonte de doaes para a propagao dos nossos ensinamentos e projetos. O Mestre temia as maneiras sutis em que Sat age, pois poderia usar o carma de acidentes de Rajasi para afast-lo, evitando assim que aquela alma Divina ajudasse muitas outras almas. Era meu dever levar Rajasi at o aeroporto e, sabendo da profunda preocupao do Mestre, eu ficava parada na cerca do aeroporto aps a decolagem, rezando silenciosamente. Eu no ficava sossegada at que visse uma luz circundando o avio, pois ento eu sabia e sentia que as oraes do Mestre o estavam protegendo. Uma vez, Rajasi viu da janela do avio eu curvar minha cabea em orao. Ele ficou profundamente comovido e comeou a pegar trens de novo. Ficou assim por um tempo, mas seu hbito de voar era muito forte e, novamente, voltou a viajar de avio. Nosso pobre Mestre, depois que lia sobre um acidente areo, ficava ainda mais ansioso e sua preocupao durava desde a decolagem do avio at receber notcias de que Rajasi tinha pousado em segurana. Ele pedia para Rajasi mandar um telegrama ou ligar logo aps sua chegada. Rajasi continuou a voar at o fim da vida. Aps sua primeira operao em abril de 1953, sentiu que precisava voltar para os negcios em Kansas City. Ele estava ponderando acerca do meio de transporte que deveria utilizar: avio ou trem. Ento eu disse: Por que no pergunta ao Mestre para saber em qual deles voc deve ir? Ele vai dizer qual maneira a melhor para voc. Ele respondeu: Vou perguntar a ele. Quando o Mestre apareceu numa viso, Rajasi fez a pergunta. O Mestre olhou para ele e disse: No devido tempo eu falo, e disse para Rajasi que o final de maio seria o melhor perodo para ele viajar. A prxima vez que Rajasi viu o Mestre numa apario foi em 2 de maio de 1953. Ele viu o Mestre e Sri Yukteswarji juntos e falou ao Mestre: Mestre, se no quer me dizer em qual meio devo viajar, porque no pede para Sri Yukteswarji me dizer? Sri Yukteswarji e o Mestre explodiram em gargalhadas e desapareceram sem lhe dar satisfao. Novamente, em 9 de maio de 1953, quando Rajasi viu o Mestre naquela manh, ele disse: Mestre, sempre viajei do jeito que eu queria, pelo ar, mas desta vez

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estou indo de trem a menos que me diga o contrrio. Se quiser que eu voe ter que me dizer. O Mestre sorriu, mas no falou nada. O tempo se encurtava e Rajasi ainda no havia recebido uma resposta. Ento novamente, em 14 de maio de 1953, enquanto meditava, falou com o Mestre: Diga-me como deverei viajar. Quero agrad-lo. Se quiser que seja de trem, diga. Se for de avio, tambm. Quero que esteja satisfeito comigo. Aps Rajasi terminar de falar, houve uma grande luz. Sri Yukteswarji saiu daquela luz, envolveu Rajasi nela e disse: Eu protejo voc. O Mestre estava parado sorrindo atrs de Sri Yukteswarji, e ento Rajasi obteve sua resposta, por meio de Sri Yukteswar. Ele tomou o avio em 31 de maio de 1953, para Kansas City. Rajasi e eu sentimos que os Mestres estavam deixando que ele passasse pela mesma ansiedade que o Mestre sofreu, por causa dos avies, durante sua vida. Votos Quarta-feira, 22 de agosto de 1951, levei Rajasi a Mt. Washington para ver o Mestre. Durante a conversa dos dois, o Mestre estava inspirado. Ele me chamou e pediu para trazer um de seus xales dos hbitos alaranjados. O Mestre prendeu o xale ao redor do pescoo de Rajasi com o seu prprio pingente da SRF. Enquanto admirava e exclamava sua alegria ao ver Rajasi vestido com a cor alaranjada dos renunciantes, eu perguntei: Senhor, por que no lhe d um nome indiano? O Mestre meditou por longo tempo antes de encontrar o nome que procurava. Pude observar um sorriso de felicidade brotar em sua face divina, enquanto dizia:
Eu pensei em muitos nomes, mas nenhum parecia me agradar, mas Deus me forneceu este: Rajasi Janakananda. Primeiramente, pensei no nome Janaka, o rei que tambm foi um santo profeta e guru de Suk Deva, porque voc, como ele, possui riquezas mundanas e um santo, mas eu queria algo mais para voc, ento pensei em Rajarsi, que significa Rei dos Santos.

Ainda na minha presena, o Mestre pediu para Rajasi ajoelhar-se diante dele. Pondo as mos na cabea de Rajasi, o Mestre mandou-lhe repetir os seguintes votos:
Fao aqui o seguinte voto, em nome e sob a autoridade de Deus, Babaji, Lahiri Mahasaya, Sri Yukteswarji Guruji e eu prprio.

O Mestre disse:
Estou ungindo voc com o Esprito Divino e o nome de Rajasi Janakananda. Voc, assim como o Rei Janaka, pode vestir roupas civis, ou quaisquer outras, inclusive a tnica alaranjada que eu visto. Com todo o meu amor e as bnos dos Gurus. Permaneo seu para sempre, Paramhansa Yogananda 22 DE AGOSTO, QUARTA-FEIRA, DE 1951 LOS ANGELES.

Ambos, o Mestre e Rajasi, derreteram-se de alegria naquela ocasio. O Mestre continuou explicando: Bibidisha significa com cerimnia, com fogo e incenso, mas o seu voto foi Bidwat, que quer dizer sem cerimnia. o voto mais elevado, porque vem diretamente de Deus atravs do Guru. O Mestre escreveu os votos num pequeno pedao de papel e deu para Rajasi. Ele est junto com o resto dos seus tesouros que ganhou do Mestre. O Mestre no quis que ningum soubesse desse evento at que ele estivesse pronto para anunciar, no dia 25 de agosto de 1951, a noite da iniciao conferida por Dr. Lewis e Bernard. Na parte final da cerimnia, o Mestre desceu com Rajasi vestindo pela primeira vez seu hbito alaranjado. O Mestre estava to orgulhoso de apresentar para o pblico seu menininho na tnica alaranjada. Ao final do encontro, o Mestre pediu para Rajasi ajoelhar-se perante ele e repetir o voto, na frente dos kriyabans recm-iniciados.

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No incio, o Mestre soletrava o nome como eles fazem na ndia, com um r, como em Rajarsi. Mais tarde, ele retirou o r (para fazer Rajasi). No Natal de 1951, Irm Tara perguntou ao Mestre com relao diferena. O Mestre explicou para todos ns: Rajarsi significa Santo Real, mas sem o r quer dizer Rei dos Santos, o que faz uma grande diferena para mim, pois isso que eu sinto que ele . A ndia ainda est criticando a escrita sem o r, mas assim que o Mestre queria. Ento, que seja. Rajasi e os animais Alguns discpulos me disseram que haviam ouvido dizer que Rajasi odiava animais. Minha resposta a isso foi: Se ele era to sensvel que nem pescava ou caava, como poderia odiar animais domsticos? Ele s no queria a presena deles na casa, porque eles tm cheiros fortes, deixam cair plos e latem ou miam. Frieda certa vez chegou a ter vrios cachorros ao mesmo tempo, mas ele no permitia a presena deles dentro de casa. Tinham que ficar nos lugares especficos deles. Recordo-me que um dia algum deixou um gatinho na garagem do eremitrio. Aquela coisinha estava faminta e veio chorando at minha porta. Rajasi ouviu e me aconselhou a no aliment-lo, porque se voc lhe der de comer, no conseguir mais se livrar dele. Bem, eu no alimentei o gatinho naquela noite, mas na manh seguinte no pude deix-lo ir embora com fome. Peguei-o em meus braos e fui com ele at a entrada norte do eremitrio para lhe dar leite. Enquanto o carregava, a pobre criaturinha me encarava e eu podia ver em seus olhos (como se dissessem): Ento, finalmente voc vai me alimentar? A expresso era to marcante que chorei enquanto via o gatinho bebendo. Relatei esse incidente a Rajasi. Ele ficou com pena do gatinho e me mandou que continuasse a aliment-lo at que encontrssemos um lugar para ele. O satisfeito animalzinho chegou perto de Rajasi que estava deitado na grama. Eu ia impedir que o gatinho fosse perturb-lo, mas, para minha surpresa, Rajasi disse: Deixe-o ficar. O gatinho conquistou seu corao e brincava ao redor das pernas dele, mas no entrava na casa. Um outro incidente ocorreu quando Rajasi estava em sua ltima doena. George Shintaku trouxe para a casa um cabrito recm-nascido. Eu o peguei para mostrar para Rajasi. Ele quis segurar o cabrito nos braos. Ele o segurou por pelo menos uma hora, acariciando as orelhas e as cauda. Ele amou a criaturinha e nos deixou mant-la na casa. Rajasi sorria, olhando o cabrito brincar e correr. O animal tinha o hbito de pular na cama de Rajasi. Tudo bem quando era pequeno, mas ele ficou pesado e no dia fatal, antes da partida de Rajasi, o cabrito parecia pressentir que havia algo de errado. Antes que soubssemos, no conseguimos faz-lo brincar e pular como de costume. Vi que ele estava se preparando para pular na cama de Rajasi. Ento tive que impedi-lo e fechei a porta antes que desse o salto, com medo de que pudesse tentar novamente e machucasse Rajasi. Pude notar que o cabrito ficou magoado por ter sido impedido. Ele se escondeu atrs do sof durante o resto do dia, at que George viesse busc-lo de noite. Ns levamos o cabrito de volta conosco para Mt. Washington, mas tivemos que vend-lo mais tarde. Sat querendo destruir o corpo de Rajasi J no incio do vero de 1951 o Mestre freqentemente me dizia que a vida de Rajasi estava em perigo e que Sat estava tentando destruir o corpo dele. Quando perguntei porque Sat queria destruir Rajasi, o Mestre respondeu: Porque ele fez e continua fazendo, como Instrumento Divino, muitas coisas pela obra e est ajudando muitas almas a voltarem para Deus, e por isso Sat que destru-lo para que no faa mais. Rajasi no pde comparecer na ltima festa de aniversrio do Mestre em Mt. Washington. No estava gripado, nem havia qualquer sinal de doena, dores ou qualquer outra coisa errada com ele. Sua face estava sempre firme e saudvel, mas dessa vez ele parecia plido.

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A ltima visita do Mestre a Encinitas Em 6 de janeiro, aps o aniversrio do Mestre, ele foi at o eremitrio ver Rajasi, porque este no estava se sentindo bem. O Mestre chegou na noite anterior, mas porque j estava muito tarde pediu-me que no dissesse a Rajasi que estava l, pois iria v-lo na manh seguinte. No outro dia, o Mestre me chamou at seu quarto para perguntar onde Rajasi estava: No diga a ele. Quero fazer uma surpresa. Rajasi estava sentado em sua cadeira de balano, olhando para a paisagem. O Mestre ficou parado na porta olhando para ele. Rajasi, sentindo a presena de algum, voltou o olhar. Quando viu que era o Mestre, pulou da cadeira e o abraou, ficando assim por um longo tempo. Rajasi fez o Mestre sentarse em sua cadeira e puxou sua cadeira da escrivaninha a seu lado. Conversaram bastante tempo de mos dadas. Rajasi teve que deixar o quarto por alguns instantes. Naquela hora preciosa, o Mestre me perguntou: Quem voc acha que eu fui no passado distante? Quem melhor poderia ter escrito o Gita nesta vida? Vrios anos antes eu havia perguntado ao Mestre se ele foi Arjuna, mas ele no respondera; no estava pronto para divulgar o segredo. Falando nisso, quando o Mestre me perguntou, respondi: Vyasa, o autor do Gita. O Mestre disse: No, mas me recordo que voc perguntou, anos atrs, se eu fui Arjuna. Exclamei alegremente: O senhor foi Arjuna! Ele sorriu um sim. Ento, perguntei: Rajasi estava com o senhor naquela poca tambm? Ele respondeu: Sim, ele foi um dos gmeos, o positivo, Nakula. Ele era meu irmo favorito, e eu o amava mais do que a qualquer outro. Eu tambm era seu Guru. Krishna era meu Guru, e Babaji, que foi Krishna, ainda meu guru nesta vida. Sri Yukteswarji foi meu guru por procurao. Rajasi voltou ao quarto. O Mestre em breve partiu para Twenty-Nine Palms. Rajasi teve que voltar para Kansas City durante o ms de janeiro de 1952. Aps lev-lo ao aeroporto, permaneci em Mt. Washington por vrios dias. O Mestre estava l. Eu e ele tivemos uma longa conversa. Ele me repetiu suas preocupaes com a organizao e a sade de Rajasi, bem como seu medo de que Sat estivesse tentando destruir o corpo de Rajasi. Ele disse: Sim, voc sabe que ele sempre demora e atrasa para resolver as coisas. Ele acha que ainda tem muito tempo para fazer as coisas pela SRF, mas no tem. Sat est tentando destruir o corpo dele. Lgrima rolaram em seu rosto sagrado. Ele acrescentou: Eu no conseguiria viver na terra sem ele. Deixarei meu corpo conscientemente. Quem seria capaz de ver aquela amada alma chorando sem o acompanhar? Ele secou suas lgrimas e comeou a falar:
Meus dias, sim, at mesmo as horas de minha vida esto contadas, Duj. No posso mais pedir nada para ele. Duj, escreva para ele, conte-lhe que ele nasceu apenas para firmar essa misso com um ou mais milhes de dlares, para que o trabalho possa continuar aps nossa partida desta terra. Por essa mesma razo, ele no teve seus prprios filhos, para que este trabalho e todos pudessem ser seus filhos. Diga-lhe como esta obra ficaria rf se eu e ele fssemos ambos embora, pois todas as nossas trs vidas a sua, a dele e a minha esto igualmente em perigo. Se ele tornar essa organizao firme e assegurar a continuidade dela depois de partirmos, talvez isso possa prolongar nossas vidas por um tempo maior.

Meu corao pesava como o chumbo, enquanto cada palavra sua era absorvida at as mais profundas regies da minha alma. Mas isso, no sabamos, era apenas o incio de uma longa srie de sofrimentos para todos ns. Prometi que escreveria a Rajasi suas exatas palavras, assim que eu chegasse a Encinitas, para que ele tivesse tempo suficiente para assimilar seu contedo antes que retornasse em fevereiro. O Mestre falou repetidas vezes: Estou to preocupado com a sade dele, Duj. Cuide bem dele. Essa foi a ltima vez que vi meu doce e amado Mestre com vida. Quando ele foi para o retiro de Twenty-Nine Palms, voltei ao eremitrio a fim de deixar a casa pronta para a chegada de Rajasi. Escrevi aquela carta e logo coloquei no correio, de modo que ela chegasse uma semana antes de sua vinda para Encinitas. Rajasi visitou o Mestre em Twenty-Nine Palms apenas duas vezes. Embora Rajasi adorasse ver o Mestre e amasse o ar do deserto, o lugar ficava a 320 km de Encinitas.

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Deserto/Borrego Na minha ltima conversa com o Mestre em Mt. Washington, ele me havia pedido para fazer Rajasi comprar uma propriedade no deserto, conforme me disse: Ouvi dizer que h um deserto a apenas 160 km de Encinitas. Antes que ele chegue, v l e veja se encontra um lugar adequado para ele comprar um terreno ou uma casa em que possa passar os meses de inverno. No h outro lugar no mundo melhor que Encinitas no vero, mas os invernos so muito midos para ele e Twenty-Nine fica muito longe. Ele no gostaria de viajar tanto, mas no iria se importar com 160 km. Seu requerimento me lembrou que em novembro ou dezembro de 1951 as garonetes do nosso restaurante me levaram para um piquenique em Borrego Springs. Falei para o Mestre que estivera l e que era um lugar belo e tranqilo, e que, com toda a certeza, Rajasi tambm iria gostar. O Mestre respondeu: Bem, no demore. Ache algum lugar para ele passar esse inverno. Diga-lhe para comprar vrios lotes, a fim de que no tenha ao redor vizinhos incomodando. Mais tarde, perguntei a Sra. Lewis se ele iria comigo at Borrego para ver o lugar. Ela consentiu e fomos at l para investigarmos e conseguirmos informaes. Sentamo-nos no cho e cavamos para ver como era o subsolo, descobrindo apenas alguns centmetros de profundidade de areia, o resto era um solo bom e frtil para plantaes. Aps algumas perguntas na imobiliria, descobrimos que havia alguns lotes que eram destinados para colheitas e outros apenas para moradia. Retornamos para Encinitas entusiasmadas com nossas descobertas. Rajasi estava de volta uma semana antes de sua partida a San Francisco, para uma conveno de uma das suas companhias, que estava fazendo 25 anos em 20 de fevereiro de 1952. Perguntei a ele se gostaria de ver aquele terreno no deserto e ele me respondeu que iria aps retornar de San Francisco. Vrios dias aps seu retorno, fui com ele at Borrego. Ele se apaixonou pelo vale. O Sr. Jack Benson, o corretor, nos mostrou o local com um jipe, avanando no terreno onde no havia estradas, mostrando a ele todas as fazendas que estavam venda. Rajasi queria uma bem grande, porque, segundo me disse, no custava mais cuidar de uma fazenda maior do que de uma menor, porque voc precisa comprar o maquinrio do mesmo jeito, e ento ter grandes reas para usar essas mquinas. Ele queria cultivar frutas ctricas. Aquele solo era ideal, pois era constitudo de granito decomposto e lama, sendo que as rvores ctricas agentam ventos fortes. J que era um homem cauteloso, voltamos vrias vezes para Borrego durante o ms de fevereiro e no incio de maro. Joe Hanada nos acompanhava, porque Rajasi queria que ele fosse o administrador da fazenda. Rajasi estava com a cabea voltada para aquela fazenda de 300 acres, mas sua deciso definitiva s foi tomada aps o Mahasamadhi do Mestre. Falei com o Mestre ao telefone, poucos dias antes de sua partida, e lhe falei que Rajasi estava pensando em comprar uma fazenda. Ele disse: No deixe que compre uma fazenda muito grande. Ento respondi: Rajasi quer alugar uma casa para morar, at chegar a hora em que queira construir na fazenda. Ele respondeu: Tudo bem, se os proprietrios pintarem o interior da casa antes de ele se mudar. No gosto de pensar nele se mudando para uma casa suja. O Sr. Benson encontrou uma casa para alugar, a mesma que Rajasi comprou para a SRF utilizar depois que construiu na fazenda. Rajasi se mudou para a casa de aluguel que havia acabado de ser pintada em maro, aps os ritos do Mahasamadhi do Mestre. Ele comprou aquela casa em novembro de 1952. Na manh seguinte compra da casa, que ns sabamos que o Mestre teria amado, pois era justamente do tipo que ele teria gostado se tivesse tido a oportunidade de ver. Em 20 de novembro de 1952, em Twenty-Nine, Rajasi teve uma viso do Mestre. Rajasi disse que o Mestre estava que nem uma criana. Ele nunca tinha visto o Mestre to feliz quando naquela manh. Rajasi disse: Voc sabe como o Mestre ficava feliz quando eu fazia as coisas para ele ou para a SRF. Bem, era bem assim que ele estava nessa manh. O Mestre feliz, feliz, feliz. Rajasi sentiu que tinha sido porque comprara a casa. Ele morou naquela casa at os ltimos trs meses de sua vida, que foi quando sua casa na fazenda foi construda. Ele s aproveitou a nova casa na fazenda durante aqueles trs meses antes de sua partida. Rajasi adquiriu a fazenda com 300 acres e foi aumentando at que ficasse com 710 acres quando de sua morte. Plantou-se alfafa, sete muros foram escavados e centenas de rvores frutferas foram plantadas como teste. Havia uma casa para o administrador, que era George Shintaku e sua famlia, uma
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casa para o capataz e outra para seu assistente. Trinta rapazes mexicanos moravam numa grande cabana de alumnio e tambm havia uma casa em separado para refeitrio e outra para lavanderia e chuveiros. Tambm havia um grande galpo e um maquinrio de colheita, com grandes equipamentos de aragem, tudo o que preciso para se cuidar de uma fazenda. Houve nove cortes de alfafa naquele primeiro ano e vrios nas plantaes de vegetais, nas quais Rajasi adorava caminhar e comer os vegetais crus arrancados do cho. Joe Hanada, o jardineiro japons que foi contratado para plantar vegetais em Encinitas, era um pequeno agricultor e ficou assustado com a perspectiva de uma fazenda to grande. Ele conversou com George Shintaku para aceitar o emprego em Borrego. E foi para o bem de Rajasi, pois George era um homem muito melhor para o servio do que Joe. um trabalhador esforado, muito honesto e bom organizador. Sua esposa, Yona, costumava limpar a casa de Rajasi uma vez por semana e lavar as roupas. Rajasi os tratava como amigos e eles, por sua vez, o amavam muito. Aps a morte de Rajasi, a fazenda foi vendida pelo administrador dos bens. George e sua famlia agora vivem em Los Angeles, trabalhando em uma fbrica. Rajasi tambm comprou um chal para uso da SRF, prximo ao retiro do deserto. Eu, hoje em dia, utilizo o retiro de Rajasi para descansos ocasionais. Foi nesse retiro que Rajasi teve tantas vises do Mestre e de todos os Mestres, as quais mencionarei no final desta histria. O Mestre telefona para Rajasi em maro de 1952 Quando chegou de Kansas City, Rajasi nada mencionou sobre a carta que eu havia escrito em nome do Mestre, mas isso no chegava a ser surpresa, pois ele nunca dizia as coisas: preferia agir. Quando o Mestre voltou para Mt. Washington no incio de maro para os preparativos da recepo do embaixador da ndia, telefonou-me para dar instrues de que os Lewis deveriam vir a Mt. Washington num determinado momento, para estar com ele quando recepcionasse o embaixador. Ele acrescentou: Por que voc tambm no vem? Eu respondi: Sim senhor, irei se quiser que eu v. Ele respondeu: No, melhor voc ficar e cuidar bem dele. Naquela mesma conversa, eu lhe contei que havia escrito aquela carta para Rajasi, e tudo que ele me disse foi: tarde demais. Eu no sabia o que ele quis dizer. Tambm lhe contei que Rajasi pensava em comprar uma grande fazenda no deserto, a qual, com o tempo, iria gerar receita para a SRF, e perguntei se ele gostaria disso. Normalmente o Mestre era sempre muito cheio de entusiasmo, mas dessa vez s me respondeu um lento sim. Mas acrescentou: Diga-lhe para no comprar um local muito grande. No consegui expressar meu profundo e depressivo sentimento que persistia em meu corao, mente e alma. Naquela mesma hora, senti um profundo anseio de ver o Mestre novamente. Perguntei a Rajasi se poderamos sair e ver o Mestre. Ele respondeu: Sim, to logo a visita do embaixador termine e o Mestre no esteja to ocupado, ele ento ter mais tempo para nos ver. Iremos assim que o embaixador for embora. O Mestre ligou algumas vezes nesse perodo. Uma vez o Mestre ligou e eu atendi. Ele me contou algumas coisas sobre o embaixador e ento pediu para falar com Rajasi, dizendo que eu poderia ouvir na extenso, para o caso de ele precisar falar comigo novamente. Dessa vez a voz do Mestre tinha um tremor lacrimoso: Voc sabe que eu daria qualquer parte ou at a minha vida inteira para prolongar a sua. No consigo dizer a vocs o quo profundamente aquelas palavras penetraram em meu corao, mas eu no entendia o porqu, pois o Mestre j havia falado vrias vezes daquela maneira, mas nessa vez parecia to definitivo. Entretanto, na prxima vez que o Mestre telefonou, estava todo feliz e falou com entusiasmo e alegria que o embaixador fora to respeitoso com ele e feliz com tudo. No havia trao daquela tristeza anterior em sua voz ou expresso, ento afastei qualquer mau pressentimento que tive. O Mahasamadhi do Mestre Naquela noite fatal de 7 de maro de 1952, ao redor das 21h45min, eu e Rajasi estvamos em sua sala quando o telefone tocou. Eu atendi. Era a telefonista perguntando se eu aceitaria uma chamada a co-

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brar de Herbert F., do Arizona. Tive vontade de recusar, pois Herbert tinha o hbito de ligar de Phoenix pedindo dinheiro, e pensei que era isso o que ele queria. Herbert insistia com a telefonista: Por favor, pea para que aceitem. Falei a Rajasi e ele me disse: Vou atender. Vi a expresso de Rajasi se abater: O Mestre se foi, disse ele, dando-me o telefone. Eu insistia com Herbert para que falasse aos discpulos presentes com o Mestre para repetirem OM no seu ouvido e no parassem, devendo nos ligar em seguida para dizerem se o Mestre estava bem. Um pouco depois, ligou o Sr. Fredericks. Atendi a chamada, esperando ouvir que estava tudo bem com o Mestre, mas ao invs disso ele nos contou que os mdicos presentes no hotel confirmaram a fatalidade. Desliguei o telefone e das profundezas da minha alma comecei a chamar o Mestre gritando OM e, em minha agonia, fiz um comentrio grosseiro a Rajasi. Eu queria sair e ver o Mestre, mas no, voc quis esperar. sempre a mesma espera. Ele nada disse. Recordei mais tarde o que o Mestre dissera sobre a partida de seu Mestre desta terra. A Me Divina sabia que no poderia atender minha prece para segurar o Mestre na terra por mais tempo. Ela me impediu de estar l quando ele partiu em Mahasamadhi. Acredito firmemente agora que foi a vontade da Me Divina que Rajasi no estivesse l com o Mestre e que Ela tenha colocado em sua cabea o pensamento de esperar. A Me sabia do profundo amor do Mestre por Rajasi e no queria prolongar a vida do Mestre neste mundo por mais tempo. Rajasi estava entorpecido em seu div, sem derramar uma lgrima. Liguei para os Lewis que estavam na igreja de San Diego proferindo um sermo ou uma palestra. Quando vieram, contei o que havia acontecido. Fizemos os preparativos para a partida a Mt. Washington. Eles iriam no carro deles e Rajasi me disse: melhor eu dirigir, voc no est em condies de pegar no volante agora noite. No me importei, pois afinal no acreditava que teria conseguido enxergar a estrada mesmo. Chegamos ao redor das 4 da manh, pois esperamos que Mt. Washington confirmasse o retorno do Mestre ao quarto antes que partssemos. Mesmo ento Rajasi no derramou lgrima. Algumas pessoas so assim, as lgrimas no surgem quando so mais necessrias para aliviar, mas de repente elas brotam. Rajasi repete o mantra para o Mestre Nenhum dos discpulos queria que o Mestre fosse levado para o cemitrio Forest Lawn at que tivssemos feito uma ltima tentativa para nos assegurarmos de que ele no estava apenas em samadhi. Decidimos que cada um repetiria o mantra que o Mestre nos havia ensinado para o caso de ele entrar em samadhi profundo, de modo a traz-lo de volta conscincia do mundo exterior. Rajasi nos contou o que o Mestre lhe dissera enquanto estava repetindo o mantra em seu ouvido. Eu sou Om, eu sou Om, nada mais que Om. Estou em toda parte e em tudo. Voltarei em seu corpo e na conscincia do corpo de todos. Depois que todos ns tivemos a certeza de que ele no voltaria, permitimos que os agentes funerrios o levassem para os preparativos dos servios em nossa prpria capela. Rajasi quis voltar para Encinitas para repousar nos poucos dias em que o corpo do Mestre estaria fora de Mt. Washington. Depois retornamos para os servios. Durante seu discurso de despedida, Rajasi disse: Eu no conseguia falar, as palavras simplesmente no saam; ento rezei ao Mestre, pedindo: Ter de falar atravs de mim. Eu no consigo. Imediatamente sua voz vibrou com tamanha fora que todos perceberam. Sabamos que o Mestre estava falando atravs de Rajasi, pois sua voz costumava ser suave e baixa, muito diferente daquela que havia acabado de falar. Que palavras podem expressar nossos sentimentos durante nosso ltimo olhar quela Face Divina que amvamos to profundamente? Aps tudo haver terminado, nosso nico consolo foi a recordao do que o Mestre freqentemente nos dizia: Eu vou na frente para preparar um lugar melhor para todos vocs, onde iremos nos encontrar novamente em uma glria maior. Os primeiros sintomas da doena de Rajasi Aps os servios, voltamos para Encinitas. Rajasi descansou alguns dias. Numa noite, ele trabalhou por duas horas em alguns relatrios da SRF. Aps ter ido dormir, recebeu uma ligao interurbana de
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Kansas City. Eu o chamei para que atendesse o telefonema, mas ele no conseguia entender o que a pessoa estava dizendo. Por fim, Sr. Wider disse que ligaria novamente pela manh. No consigo explicar a pesada sensao que tive ao ver a reao de Rajasi ao telefone. Era como se fosse um negra nuvem de apreenso pairando sobre minha cabea e sobre todo o apartamento. Rajasi voltou a Kansas City em maio e retornou em julho, para a nossa conveno. Novamente, em seu discurso no encontro no jardim, ele no conseguiu falar e teve que se desculpar, mas eu pensei que era somente a emoo pela partida do Mestre e pelo manto dele, que agora estava sobre seus ombros. Cito agora um trecho de uma carta do Mestre para Rajasi:
23 DE NOVEMBRO DE 1932 Estou feliz alm dos sonhos, pois se alguma vez amei e rezei por algum, por algum como voc. O desejo de meu Mestre era que eu encontrasse um americano digno para quem eu pudesse me doar por inteiro, da mesma forma que recebi de meu prprio guru. Assim como a riqueza material pode ser desejada e transferida, assim tambm a realizao espiritual pode ser transferida e voc o meu mais amado, a quem darei tudo. Ento alegre-se! Eu vejo voc freqentemente brilhando Nele.

Aps nosso retorno ao eremitrio, ele foi ficando gradualmente pior. Eu no entendia como ele estava piorando, pois no sentia dor, mas sua mo direita no conseguia segurar as coisas. Ele deixava cair. Numa manh ele me pediu para vir e tentar parar o sangramento em seu ouvido. Ele tinha feito um corte enquanto se barbeava. Demorou um bom tempo at que eu conseguisse estancar o sangue. Mais tarde entendi o porqu, pois o tumor pressionava o sangue para a ferida aberta. Aps esse incidente, fiquei com medo de que ele pudesse se cortar com gravidade. Eu fazia sua barba com uma lmina segura. Fiz uma consulta a Dr. Lewis acerca de sua condio. Ele me aconselhou a telefonar para Dr. Novac, que ento conversou com Rajasi. Pensou que talvez fosse um pequeno derrame e que logo estaria recuperado. O mdico falou que voltaria em alguns dias para v-lo de novo. Eu havia lido que algumas vezes os santos no conseguem segurar metais e outros objetos enquanto esto num elevado estado de conscincia. Imaginei que j que o Mestre dissera que passaria seu manto espiritual para Rajasi, esta seria a razo de tudo isso, pois ele no sentia dores. Quando Dr. Novac retornou, verificou que Rajasi estava piorando e me perguntou se poderia trazer um amigo seu, que era especialista nessa rea e passaria alguns dias com ele em sua casa. Ele viria ao redor das 10 horas da manh do dia seguinte. Rajasi consentiu. Durante o resto daquele dia, pude constatar que todo o lado direito de Rajasi estava ficando progressivamente pior. Aps Dr. Raney t-lo examinado em 13 de agosto de 1952, ele me disse que era um tumor cerebral progredindo rapidamente e que quanto mais rpido o levssemos para o hospital, melhor. Talvez eles at fossem oper-lo naquela mesma noite, se seu irmo julgasse apropriado. Sua vida poderia ser uma questo de horas. Liguei para os Lewis e lhes contei. Eles se ofereceram para nos levar at o Good Samaritan Hospital. Fui ajud-lo a se preparar para partimos, logo aps o almoo, para Los Angeles. Esse foi o segundo grande choque de nossas vidas e apenas cinco meses aps perdermos nosso amado Mestre. Vocs podem imaginar nosso estado emocional. Rajasi passou por uma srie de exames, na manh seguinte, para localizar o tumor. O Sr. Challinor e Eugene Lynn, o sobrinho favorito de Rajasi, a quem considerava um filho, no queriam que fosse operado at que tivessem a opinio de vrios especialistas. A vida de Rajasi aproximava-se do fim, at que finalmente concordaram em oper-lo. Tivemos a garantia de que os irmos Raney eram os melhores mdicos do pas nessa rea. O Dr. e a Sra. Lewis tiveram que pegar um trem de volta, aps nos deixarem no hospital. Na estao, ele encontrou seu mdico de San Diego e lhe perguntou se conhecia os Doutores Raney. O mdico disse que eles so os melhores neste pas. O Dr. Lewis ficou to aliviado que me ligou da prpria estao para me contar essas notcias encorajadoras. A primeira operao Rajasi foi operado em 14 de agosto de 1952, entre 15h30min e 18h30min. Sua vida foi poupada pela graa e sacrifcio pessoal do Mestre. Ele tinha trs enfermeiras particulares se revezando em diferentes
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turnos. Ao redor das 3 horas da manh daquele dia, ele acordou e perguntou enfermeira se j haviam descoberto o que estava errado com ele. Estava alegre e animado, conversou e sorriu com os mdicos. Eles lhe pediram para levantar o brao direito e a perna, que ele no conseguia levantar antes. Ele os levantou. Os mdicos ficaram espantados. Aps uma cirurgia daquela complexidade, o paciente no costuma reagir com tanta rapidez. Todos ficaram perplexos. Ele era o homem milagre do hospital. Na quarta manh, como de costume, fui v-lo. Ele estava de costas para mim. Ele falou num tom de voz muito forte, que realmente no parecia ser o seu: D-me um leno de papel. Pareceu ser mais a voz do Mestre do que a de Rajasi. Aquela voz me atingiu com fora. Quando retornei a Mt. Washington naquela noite, contei para alguns discpulos a peculiar sensao que tive quando o ouvi falar: D-me um leno de papel. Vises Em 20 de agosto, entrei no quarto e vi Rajasi inclinado na cama, chorando. Ele me contou com uma voz lacrimosa:
Sabe o que vi? Tive uma experincia muito, muito ruim. Vi Sat em uma forma negra; tudo estava preto e Sat estava assumindo diversas formas horrorosas e tentava me pegar. Ele at tentou me destruir com chamas saltitantes. Embora as chamas chegassem perto de mim, no conseguiam me tocar. E atravs do fogo pude ver casas e as pessoas dentro delas, e as chamas tentavam destru-las. Foi terrvel, muito horroroso. Se algum tentar me falar que Sat no existe, posso dizer o contrrio, pois eu realmente o vi. Eu estava muito assustado. Tentei me livrar daquela fora maligna. Ento tudo desapareceu e apenas uma densa escurido permaneceu. Num canto longnquo, vi uma minscula e tnue luz se expandir na forma de Sri Yukteswarji. Com sua chegada, toda a escurido desapareceu e Ele sorriu para mim, dizendo: Tudo est bem agora. Ento Babaji, Lahiri Mahasaya, o Mestre, e at Jesus apareceram perante minha viso.

A est a profecia do Mestre na hora em que Rajasi estava repetindo o mantra no seu ouvido: Eu voltarei em seu corpo. Ele voltou e ocupou o corpo de Rajasi de 13 a 20 de agosto de 1952. Era o Mestre quem estava falando, movendo seus membros e tambm o Mestre quem me pediu um leno de papel. Vrios dias aps 20 de agosto, Rajasi me disse que havia perguntado ao Mestre se poderia nos contar o que tinha acontecido na hora da operao e nos sete dias seguintes. O Mestre respondeu: Como queira. Rajasi disse:
O Mestre entrou e ocupou o meu corpo na hora da operao e nos sete dias depois. Eu estava no ter, fora do corpo, pois eu morri na mesa de operao, mas o Mestre trouxe-me de volta ocupando meu corpo durante aquele perodo crtico.

O Mestre costumava nos contar uma histria. Ela ilustra o poder que um mestre utiliza para salvar um discpulo. Ao mesmo tempo, tambm explica como os mestres podem salvar os discpulos do carma da morte, e como Swami Shankara se converteu Kriya Yoga. Swami Shankara era conhecido como um dos maiores astrlogos da ndia em seu tempo. Sempre que predizia algum evento, este inevitavelmente acabava acontecendo. Um discpulo de Babaji foi ver esse grande astrlogo. Shankara contou ao discpulo que na stima noite a partir de ento ele iria morrer atingido por um raio. O discpulo ficou abalado com a perspectiva da morte iminente. Foi at Babaji e, chorando muito, contou-lhe o ocorrido. Babaji falou para o discpulo retornar ao astrlogo e lhe dizer que voc no morrer por causa de um raio na stima noite. Quando Shankara ouviu isso, falou ao discpulo: Diz a teu Mestre que se no morreres na stima noite, atirarei todos os meus livros de astrologia no Ganges e serei discpulo dele. No acho que ser necessrio fazer isso, pois os astros nunca falham. Na manh do oitavo dia, o discpulo retornou a Shankara para mostrar que no morreu conforme fora previsto. Shankara, um homem de palavra, atirou seus livros no Ganges e seguiu o discpulo at a cabana de seu Mestre. Babaji sorriu. Shankara, com o devido respeito, curvou-se perante o grande

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Mestre e perguntou: Esse homem, conforme todos os prognsticos, deveria perder a vida ontem noite, atingido por um raio. Como que pode ele no ter morrido? Babaji respondeu: Estavas certo. O corpo dele, conforme seu carma, deveria ter sido eletrocutado na noite passada por um raio, mas eu no fui. Shankara respondeu: Eu no estava predizendo a tua morte. Verdade, disse Babaji. Na noite passada falei para esse homem vir a minha cabana e dormir em minha cama. Ele veio. Nesta manh ele me contou que teve um sonho muito real, no qual via raios brincando a seu redor, com suas lnguas de fogo tentando destruir seu corpo. Mas as chamas no se aproximavam dele. Eu entrei no corpo dele, e assim o protegi do ataque da morte. No era a minha hora de ir, por isso ns dois estamos vivos. Nosso Amado Mestre fez o mesmo, a fim de que a vida de Rajasi fosse poupada e ele completasse sua misso com a SRF. O Mestre escreveu a Rajasi em 19 de setembro de 1932, e eu cito: Estarei com voc no ltimo dia e alm, quando poderei lhe prestar meu maior auxlio. Aquele foi o ltimo dia de Rajasi e o Mestre manteve sua promessa de prestar-lhe o maior auxlio, que nenhum outro ser humano seria capaz de cumprir. Outra citao:
11 DE JUNHO DE 1935 No oceano, na sala, no quarto e no cu, vejo sua adorada imagem. Que alegria voc trouxe para esta obra e para mim. Embora no espere recompensa, eu darei a voc no cu a riqueza infinita e as bnos da interminvel alegria na terra. Diariamente deposito metade de minha meditao no seu armazm astral. Muitas riquezas astrais esto sendo guardadas para voc. Voc as necessitar na longa, longa jornada, quando, por um tempo, estaremos aparentemente separados, ainda que eu o esteja vigiando o tempo todo.

E ainda outra citao de uma carta do Mestre para Rajasi:


6 DE DEZEMBRO DE 1935 Quando tudo parecer escuro e ainda assim voc continuar a trabalhar por Ela, Ela em pessoa vir em seu auxlio.

Outra ainda:
21 DE JULHO DE 1935 Voc ficar mais tempo aqui na terra do que eu. Eu ficarei at que meu trabalho esteja terminado. Voc me ajudou enormemente a realizar minha tarefa predestinada.

Sat ainda tentando destruir Rajasi O Mestre estava certo: Sat estava tentando destruir o corpo de Rajasi. Quando no conseguia peglo, tentava vrias vezes. Rajasi ainda estava no hospital durante a primeira operao. Numa vez, quando a enfermeira saiu da sala, ele bebeu um pouco de gua. Aps terminar, errou a mesa e o copo caiu no cho, quebrando-se em pedaos. A enfermeira tomou as providncias necessrias, limpando o cho minuciosamente. Posteriormente, quando cheguei, Rajasi teve de ir ao banheiro. Seus chinelos estavam na beira da cama. Ele os colocou e quando voltou me disse: Tem alguma coisa neles. Procurei e vi que havia dentro um pedao de vidro de cinco centmetros. Ele calou o chinelo e caminhou ida e volta sem sofrer um s arranho. Um incidente mais grave aconteceu quando j estava de volta ao eremitrio. A Sra. Slavos fazia gentilmente um iogurte caseiro que ele gostava. Se Rajasi fosse como alguns de ns, que quase engolimos a comida inteira (mas Rajasi mastigava tudo o que ingeria, at mesmo os lquidos), poderia ter sofrido uma sria leso interna. Enquanto tomava o iogurte fresco, seu dente esbarrou em algo duro. Ele o tirou da boca. Era um afiado pedao de vidro com duas pontas, de uns dois centmetros de comprimento. Verifiquei o copo no qual ele estava comendo e os outros que estavam no congelador, mas nenhum deles tinha pedao quebrado. A Sra. Slavos procurou em sua cozinha, mas no conseguiu localizar de onde ele veio. Pode ter sido do leite que ela usou. Era to afiado que, se ele tivesse engolido, poderia t-lo matado. Novamente, nosso amado Mestre o protegeu.

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Diariamente, enquanto estava no hospital, Rajasi tinha algumas novas vises para me contar. Ele costumava dizer: Vocs no sabem o quanto o Mestre est consciente de todos vocs. Ou: O Mestre est com vocs todos mais do que nunca esteve, o que nos mantinha encorajados e o trazia mais prximo de nossas mentes. Eu cito algumas das vises que Rajasi teve enquanto estava no hospital, entre 20 de agosto e 22 de setembro de 1952: Eu vejo Sri Yukteswarji muitas vezes. Quando lhe perguntei: No v o Mestre tambm? ele respondeu: Ele tambm vem, mas Sri Yukteswarji enviou o Mestre a outro lugar, para fazer alguma coisa. Numa manh, quando entrei em seu quarto ele me perguntou:
Voc sabe que eu vi Sri Yukteswarji segurando a cabea do pequeno Mestre em seu colo e acariciando-o como um menininho, e que o Mestre estava to feliz e olhava para Sri Yukteswarji com seus grandes olhos cheios de amor? Olhando para ambos, eu me derreti na alegria do Mestre, e l estvamos os dois, no colo de Sri Yukteswarji. Eu no vi mais aquela escurido novamente. como se (eu) me retirasse e agora apenas o Mestre permanecesse. O que quer que eu diga ou faa, o Mestre quem est dizendo, no eu. No me sinto mais como eu mesmo. Apenas o Mestre, o tempo inteiro. ele quem est abenoando. ele quem est falando. ele quem est caminhando, tudo o Mestre, o pequeno Mestre em toda parte.

Muito embora vocs no vejam o Mestre, dizia Rajasi para um grupo de ns, o Mestre est muito consciente de todos vocs. Eu cito uma carta que o Mestre escreveu para Rajasi:
27 DE FEV. DE 1935 Sempre recorde-se disso, esteja eu neste corpo ou no. Meu amor sua porta para o Reino Dele. Sinto voc freqentemente no meu peito, como uma luz indescritvel se espalhando. Duas luzes juntas eternamente alargando-se no espao. Estou feliz por ter encontrado voc.

Outra em 25 de maio de 1935:


Esta a verdade. Voc tudo que Divino para mim e, em voc, esto satisfeitos meus mais elevados desejos espirituais. Eu gostaria de viver em algum aps minha partida, e estou feliz por estar vivendo em voc. Voc meu filho divino. Atravs de voc minha vida dar salvao a muitos, trazendo-os de volta manso de Deus.

Rajasi saiu do hospital aps um ms. Os dois mdicos Raney aconselharam uma srie de tratamentos com raio-x. Escolheram um bom mdico em La Jolla para que ele no precisasse ir para muito longe. Aps uma semana de descanso, ele comeou o tratamento cinco dias por semana, durante trs meses, com um ms de descanso entre cada ms. Rajasi continuou tendo vises. Cito algumas aqui:
22 DE SETEMBRO DE 1952 Estava deitado de lado quando o Mestre chegou. De repente fiquei pequeno como um beb, inocente, sem preocupaes com nada no mundo.

Em 28 de setembro de 1952, Rajasi conversava com um grupo de ns e esfregava seu corao, dizendo:
aqui que vocs sentiro o Mestre. Tragam toda a conscincia para c e vocs sentiro o pequeno Mestre.7 Ele est aqui. Tragam a conscincia do cccix ao corao, e vocs vero e sentiro o Mestre aqui. No sou eu. Perdi completamente a conscincia de meu prprio eu. tudo o Mestre. O Mestre conversando, caminhando e falando, porque o Mestre est em toda parte. Eu morri quando fui para a mesa de operao. ele quem est ocupando este corpo agora.

Em 30 de setembro de 1952, Rajasi disse:


Nessa poca, Rajasi usava muito a expresso Pequeno Mestre, como um tratamento carinhoso. Ele se derretia de alegria quando falava Pequeno Mestre.
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O Mestre me disse: No medite com muito esforo, subindo e descendo a coluna. Apenas relaxe em mim e em seu corao. Se fizer um esforo muito grande, voc sair do corpo. Apenas sinta e esteja com minha conscincia, sem esforo, e eu estarei em voc.

Fogo no apartamento de Rajasi Em fins de outubro, a temperatura j estava fria o suficiente para podermos passar os finais de semana em Borrego. Aps seu tratamento da sexta-feira, fomos direto para o deserto. Em novembro, fomos a seu tratamento usual das sextas-feiras e, do consultrio do mdico, dirigimo-nos ao deserto. No dia seguinte ou no prximo, os Lewis apareceram inesperadamente. Fiquei surpresa ao v-los, mas pensei que tivessem vindo apenas para uma visita. Entretanto, traziam ms notcias. Disseram que houve um incndio no apartamento de Rajasi. Eu havia deixado o cobertor eltrico ligado na quinta-feira noite; contudo, ele estava bem estendido por cima de uma cadeira, no canto do quarto. Na sexta tarde, depois que samos, Yoshio Hamada foi limpar o apartamento e amontoou o cobertor em cima da cadeira para poder passar o aspirador em baixo. J estava muito quente e, sem ar para circular, pegou fogo no incio da manh. Nina, que morava na parte norte do eremitrio, levantou-se cedo para apagar as luzes do corredor do escritrio. Ela ouviu um barulho constante de campainha e telefonou, alarmada, para Dr. Lewis, que veio imediatamente e, com grande dificuldade, conseguiu apagar o fogo com o extintor. Eu tinha instalado um boto eltrico na cama de Rajasi, conectado a uma campainha na sala, para o caso de ele precisar de mim e no conseguir chegar ao interfone, que ficava sobre a cmoda, longe da cama. Os fios ficavam embaixo do local de onde comeou o fogo. Quando as chamas chegaram aos fios, o alarme disparou. Foi esse alarme que chamou a ateno de Nina. Esse aviso, somado rpida reao de Nina, salvou todo o eremitrio de ser consumido pelas chamas. Obviamente, sabamos que havia a mo do Mestre por detrs disso. Mildred Lewis nos aconselhou a permanecermos em Borrego, pois o apartamento estava em estado deplorvel. Ela, o Doutor, Sr. Slavos e outra pessoa retiraram todas as coisas do apartamento para fazer a limpeza, at meu quarto foi atingido. Pensei que poderamos ficar na parte norte do eremitrio, mas Rajasi queria permanecer em Borrego durante as obras de reconstruo do apartamento e de meu quarto. Tive que dirigir ida e volta cinco dias da semana at La Jolla para o seu tratamento mdico. Confesso que ficava feliz quando chegava o final de semana e no precisava dirigir 320 quilmetros por dia. O ltimo tratamento de Rajasi foi em 24 de dezembro de 1952. As moas estavam todas de volta aps o jantar natalino em Mt. Washington, para estarem comigo e com Rajasi na noite de Natal. Foi um Natal muito triste, pois foi o primeiro sem nosso Amado Mestre. A Sra. Lewis gentilmente decorou uma bela rvore, colocando-a no quarto de Rajasi. Voltamos para Borrego no dia seguinte ao Natal e ficamos l at que o apartamento estivesse reconstrudo e mobiliado. A Sra. Lewis, abenoado corao, foi muito bondosa, arrumando tudo para mim e fazendo o trabalho pesado da mudana, limpeza, pois era preciso tirar fumaa de cada centmetro do lugar. Que belo trabalho realizado por ela! A companhia de seguros de Rajasi pagou tudo. Todos estvamos muito felizes com o resultado daquele pequeno incndio, que no foi to srio. A gua e a fumaa fizeram a maior parte dos estragos. Mais vises Durante os meses dos invernos de 1952 e 1953, Rajasi teve maravilhosas experincias com o Mestre e os outros Mestres. Em 6 de dezembro de 1952, Rajasi viu todos os Mestres: Babaji, Lahiri Mahasaya, Sri Yukteswarji e o Mestre. Transcrevo algumas das vises desse perodo. Em 5 de janeiro de 1953, a primeira celebrao de aniversrio do Mestre aps seu Mahasamadhi, Mt. Washington enviou a Rajasi, no deserto, um pedao do bolo de aniversrio do Mestre. Aps Rajasi comer o bolo, o que nunca tinha feito, sentou-se muito tranqilamente e disse: O Mestre me absorveu completamente. Ele est

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satisfeito que eu comi o bolo em seu nome (no porque comeu o bolo, simplesmente, mas porque Rajasi comeu apenas para agradar o Mestre). Nessa noite, Rajasi disse:
Noite passada, aps me deitar, entrei em meditao profunda e me descobri em um imenso saguo, onde estava reunido um grande grupo. Voc sabe que Babaji criou um castelo dourado para Lahiri Mahasaya. Bem, Babaji criou um parecido para o aniversrio do Mestre. Eu estava em um lado, com outras pessoas, quando nosso Pequenino Mestre entrou. Voc nunca viu na vida, nem jamais ver, um jovem mais belo. Ele parecia to jovem, sua face e sorriso radiantes de pura alegria. Ele estava muito feliz. Suas passadas eram leves, vigorosas e cheias de luz e alegria. Ele vestia uma tnica, suponho que era para representar seu nascimento na terra. Era parecida com a tnica que ele costumava usar, mas ainda assim era muito diferente. Ela ficava agarrada pele e quando ele caminhava, no parecia flutuar ou se mover do jeito que uma tnica faz quando algum caminha. Era como se fosse parte do corpo dele. Era bem colorida, com o azul mais belo que jamais vi e tinha uma faixa dourada, com aproximadamente sete centmetros de largura, que ia de ombro a ombro. Era brilhante, mas no ofuscava o olhar. Ele caminhava em direo a um trono, e parava e cumprimentava quem estivesse no caminho. Eu nunca o tinha visto to radiante e feliz, tudo e todos estavam repletos de alegria, alegria. Eu estava absorto nessa alegria, mas fiquei magoado que o Mestre no tivesse vindo me saudar tambm.

Em 19 de janeiro de 1953, Rajasi disse:


Eu vi o Mestre com um grupo, demonstrando a eles certa tcnica. O Mestre e Babaji estavam ambos me mostrando essa tcnica e como eu deveria pratic-la. Babaji estava deitado e at se virou de lado para mostrar, com o dedo, como se fazia.

Vrios dias depois, Rajasi disse: Babaji me demonstrou novamente aquela mesma tcnica. algo especial para mim, por causa da operao. Em 26 de janeiro de 1953, Rajasi estava caminhando em sua fazenda, ao pr do sol. Estava um lindo cu. Ele me narrou o incidente:
Eu caminhava rapidamente, at que meu ritmo foi diminuindo, chegando ao ponto em que eu no conseguia mover meus ps e tive de parar, sendo que encarei o leste. Ao fazer isso, uma luz muito brilhante surgiu no cu. A bela face do Mestre apareceu naquela luz. Ele exibia um sorriso de satisfao. Aps o desaparecimento da viso, fui capaz de caminhar novamente.

Em 15 de fevereiro de 1953, Rajasi saiu para sua caminhada noturna habitual. Quando retornou, disse-se: Logo no incio do caminho, o Mestre parou na minha frente e disse: Babaji quer ver voc. Ento, vi Babaji na minha frente. Rajasi no disse o que Babaji queria dele ou o que falou. Em 27 de fevereiro de 1953, quando perguntei a Rajasi se ele tinha visto o Mestre ultimamente, ele respondeu: No, o Mestre foi a outro lugar fazer alguma coisa. No perdi seu contato, mas ele est muito ocupado. Mas os outros Mestres aparecem. Em 1 de maro de 1953, um dos rapazes perguntou se podia viajar aos diferentes centros em todo o pas para dar palestras. Pedi para Rajasi procurar saber a opinio do Mestre sobre isso. Aps o jantar, Rajasi descansou na mesa com a cabea em cima dos braos. Fui ver se estava tudo bem com ele. Ele olhou para mim e respondeu:
Eu estava obtendo a resposta sobre o rapaz que pediu para viajar. Recebi uma resposta diretamente de Sri Yukteswarji, que me disse: Eu no quero aqueles que tenham ambies pessoais, ou que procuram elogios nem que tenham objetivos egostas. Quero que saiam para ensinar apenas aqueles que so altrustas, que amam Deus somente e que tenham alguma realizao. Ningum, alm desses, deve sair para ensinar. Ento, todos os Mestre chegaram e o Mestre estava no meio deles.

Em 7 de maro de 1953, eu estava dizendo a Rajasi: Foi exatamente um ano atrs, a esta hora, que nosso Amado Mestre nos deixou to sozinhos. Rajasi respondeu, dizendo:

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O Mestre est muito presente comigo hoje e me disse: Eu tambm senti a dor da partida. Eu no queria deixar todos vocs. Eu no tinha apego algum a qualquer coisa ou qualquer pessoa, mas no queria causar tanta tristeza a vocs com minha partida. Um ano se passou sem mim. Ser mais fcil de suportar, de agora em diante.

Rajasi acrescentou: O Mestre nos amou muito. Em 27 de maro de 1953, Rajasi disse: Sri Yukteswarji esteve comigo o dia inteiro, numa esplndida luz brilhante. Em 28 de maro, Rajasi caminhava nas redondezas de seu retiro no deserto. Sa para ver se poderia fazer algo por ele. Ele olhou para mim e disse:
Digo a voc que realmente no sinto meu corpo. o Mestre que est caminhando. como se ele estivesse em meu corpo e eu, pessoalmente, no existisse. Quando caminho, sinto o corpo do Mestre movendo-se dentro do meu. Sinto os msculos dele nos meus msculos. Sinto sua cabea em minha cabea. No sou eu quem anda agora, mas o Mestre.

5 de maio de 1953 Naquela manh, Rajasi disse:


Nesta manh, fui acordado por um cntico e com os Mestres danando a meu redor. No conseguia entender o porqu da celebrao, quando o pensamento me veio que era meu aniversrio e que os Mestres cantavam e danavam a meu redor, comemorando.

Enquanto Rajasi ainda estava no quarto, sentei-me ao rgo e toquei Parabns para Voc, at que ele sasse. Finalmente ele apareceu, sentou-se na grande cadeira da sala e entrou em meditao profunda. Ele me contou, mais tarde: Babaji veio na luz mais brilhante que jamais vi. Sri Yukteswarji e o Mestre danavam ao redor de Babaji. Fui at ele receber minha bno. Perguntei se ele poderia ir para Mt. Washington ou Encinitas, para que todos pudessem celebrar o aniversrio com ele. Ele respondeu: Perguntarei ao Mestre. Posteriormente naquela manh, ele recebeu a resposta do Mestre. Rajasi disse: O Mestre me disse: Por que no vai para Encinitas celebrar seu aniversrio com todos? Avisei todo mundo para vir a Encinitas naquela noite, que era o aniversrio de Rajasi. Transcrevo uma carta que o Mestre escreveu a Rajasi no aniversrio dele:
5 DE MAIO DE 1940 Amantssimo e Abenoado Pequenino: Esta carta escrita no seu aniversrio para dizer o quanto a ndia e eu apreciamos o precioso presente de Deus no seu nascimento. Voc nasceu para o bem da elevao do mundo. O bem realizado por seu intermdio e da misso da SelfRealization apreciada no apenas na ndia e por aqueles que o conhecem aqui, mas tambm recebe a mais alta aprovao do Pai Celestial, dos Mestres e de minha humilde pessoa. A opinio do mundo e a fama so fugazes, mas o certificado do reconhecimento Divino por sua bondade permanente. Aprecio sobremaneira o seu aniversrio, pois alm de ser um presente para o mundo, voc um presente pessoal de Deus para mim, da mais alta, sincera e doce amizade. E esta a minha eterna orao, que voc possa permanecer para sempre, perante meus olhos, na mais alta estima e amor, progredindo mais e mais espiritualmente, para que eu possa sempre dizer o mesmo a meu Pai, que me delegou nesta terra a tarefa de conduzi-lo na carruagem do amor at Seu reino eterno. Possa seu aniversrio ser um eterno facho de luminosa inspirao, guiando os aspirantes espirituais na terra e na vida astral no alm. Possa sua vida se tornar um modelo inspirador, que servir de base para os aspirantes espirituais do Ocidente e Oriente moldarem suas prprias vidas. Minha alma expressa essa percepo acerca do seu aniversrio, que eu levei mais a srio desta vez do que de costume. Todos vocs recentemente me fizeram lembrar de meus aniversrios aqui, aps um longo tempo em que eu os deixava de lado. Providenciarei para que na ndia, especialmente nos eremitrios de Ranchi e Dakshineswar, celebrem seu aniversrio. Este um desejo pessoal, pois nos anais da ndia voc j imortal. Diga a seu grupo, aqueles que meditam regularmente com voc, que meu desejo particular que eles celebrem o seu aniversrio todos os anos com uma meditao especial, seguida por refrescos leves. Por favor, no se esquea de falar isso para eles. Faremos o mesmo sempre que voc estiver aqui conosco. Com o mais profundo amor e bnos para voc nesta ocasio. Muito sinceramente Paramhansa Yogananda.

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Em 31 de maio de 1953, Rajasi voltou para Kansas City pela primeira vez aps sua operao. Eugene Lynn o acompanhou nas viagens. Rajasi retornou no final de junho e passou o vero no eremitrio. Em 2 de junho de 1953, aps seu retorno de Kansas City, eu lhe perguntei: Os Mestres estiveram com voc em Kansas tanto quanto estavam no deserto? Ele respondeu: Sim, mas principalmente o Mestre, porque eu estava fazendo coisas para ele enquanto me instrua sobre o que fazer pela obra. Em 1 de agosto de 1953, Rajasi disse: Pedi para o Mestre ajudar o Senador Taft, que morreu em 31 de julho. O Mestre gostava muito de Taft. Posteriormente, naquela mesma tarde, Rajasi disse: O Mestre sente muito por Taft e o est ajudando, porque Taft no pode fazer nada por si mesmo. Ento o Mestre est indo at ele e o ajudando, por causa dos bons servios que Taft prestou Amrica. Em 20 de agosto, 1953, Rajasi estava deitado na grama. Ele falou: Em meu corao e mente, eu estava chamando os Mestres Babaji, Lahiri Mahasaya, Sri Yukteswarji, o Mestre e Jesus quando, partindo do ter, as vozes de todos os Mestres me responderam em unssono: Eu, sozinho, nada posso fazer. Seja feita a Tua vontade. Rajasi compareceu iniciao, na conveno daquele ano. Rajasi estava abenoando e marcando o olho espiritual dos novos kriyabans. Era bastante tempo para ficar em p. De repente, ele se sentou e teve que deixar o salo. Enquanto se deitava no div do Mestre, na biblioteca do andar de cima, foi deixado sozinho por alguns minutos. Foi quando teve uma viso. Em 22 de agosto de 1952, Rajasi me disse:
Eu tenho visto o Mestre do peito para cima, mas dessa vez o vi dentro de uma luz muito brilhante: vi a forma inteira do Mestre. Havia apenas um fino vu entre ele e a completa materializao em forma humana.

Eu lia com freqncia para Rajasi algumas das cartas que o Mestre escrevera para ele. Essa que eu li foi escrita em 1933 e era particularmente doce, com o Mestre expressando grande amor por ele. Rajasi no disse nada e foi para o quarto. Ele voltou em poucos instantes e parou no meio da sala, aparentemente em estado de xtase. Ele ficava repetindo: Tudo alegria, nada mais que alegria, amor, nada mais que amor, xtase, muito amor e alegria de todos os Mestres. Ele acrescentou: Todos os Mestres vieram a mim e me encheram com grande amor e muita alegria. A face de Rajasi brilhava. Ele estava to extasiado que mal conseguia conter o amor e a alegria que sentia. Rajasi fala em doar milhes SRF Foi no vero de 1953 que Eugene Lynn visitou seu tio a negcios. Ele e Rajasi caminhavam no gramado, conversando; eu estava no quarto de Daya, conversando com ela e Mataji. Estvamos na janela, olhando eles passarem. Rajasi nos viu. Os dois vieram at a janela. Rajasi nos disse: Fiz preparativos para a SRF ser a beneficiria do meu seguro de vida de meio milho de dlares. At a hora em que tiver que parar de fazer coisas pela SRF, terei conseguido garantir para a SRF uns trs, quatro, sim, talvez at uns seis milhes de dlares. Isso agradaria ao Mestre. Desnecessrio dizer como apreciamos e ficamos agradecidas em nossos ohs e ahs. Com o clima permitindo, Rajasi estava de volta a Borrego para o inverno de 1953 e 1954. Novamente, o que contarei a seguir so vises que ele teve no deserto. Em 6 de dezembro de 1953, Rajasi estava dizendo: Eu no sinto a mim mesmo. apenas o Mestre. Quando sua alegre presena chega, eu choro de emoo. Em 8 de dezembro de 1953, Rajasi no deu explicao, apenas disse: O Mestre com certeza gosta de Babaji. Em 9 de dezembro de 1953, diversas pessoas perguntaram a Rajasi: Por que o Mestre no aparece a mim? O Mestre deu a resposta para Rajasi: Eles devem vir a mim por meio da meditao e da luz; no para eu descer at eles, mas eles que devem subir para me verem. Em 5 de janeiro de 1954, Rajasi disse:

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Acordei ao redor das 2 ou 3 da manh e vi Lahiri Mahasaya na luz mais fulgurante que jamais havia visto. Ento, um por um, Sri Yukteswarji, Babaji e o Mestre. O Mestre me ergueu do corpo e flutuamos juntos sobre muitas reunies de pessoas, at na ndia. O Mestre abenoou cada grupo, enquanto flutuvamos sobre eles. No estvamos andando, mas flutuando. Era como se o Mestre quisesse que todos soubessem que eu estava com ele. Fiquei com o Mestre por um longo tempo, desde que acordei at s 9 horas. Aquele foi o tempo mais longo que fiquei com ele dessa maneira. O Mestre anda muito ocupado por l, tanto quanto estava aqui, ajudando pessoas nas outras esferas, ensinando-as o caminho da salvao e como podem conseguir a Auto-realizao.

Em 12 de janeiro de 1954, Rajasi ficou mais diversas horas com o Mestre, novamente visitando muitos lugares, o Mestre mostrando s pessoas o caminho da salvao, em viagens flutuantes acima dos grupos. Em 17 de janeiro de 1954, perguntei novamente se o Mestre tinha vindo na noite passada e se o Mestre dissera alguma coisa. Rajasi respondeu: Sim, o Mestre veio, mas no falou nada. Ele veio apenas me ver. Indianos visitam Rajasi Em 18 de janeiro de 1954, novamente perguntei a Rajasi se o Mestre veio para dar respostas a determinadas questes que lhe havamos pedido que perguntasse a Ele. Rajasi respondeu: Sim, o Mestre veio de novo, mas no deu qualquer resposta. Ele veio apenas para me dar seu amor. Tambm em janeiro de 1954, perguntei novamente se o Mestre tinha vindo para dar as resposta que espervamos. Rajasi respondeu: No, o Mestre est na ndia fazendo alguma coisa. Aquela foi a primeira vez que Rajasi nos disse que o Mestre estava em algum lugar especfico. Vrias semanas depois, ouvimos dizer que indianos nos visitariam em fevereiro de 1954 e que haviam recebido permisso para deixar a ndia. Aquilo que Rajasi falou sobre o Mestre estar na ndia levou-nos a acreditar que ele estava preparando o caminho para os indianos poderem vir. Nessa mesma poca, o Mestre tinha aparecido numa viso para um discpulo na ndia, dizendo para ele: Por que eles esto atrasando a viagem para a Amrica? Evidentemente, o Mestre queria que os indianos visitassem Rajasi antes que fosse tarde demais. Na manh de 8 de fevereiro de 1954, o Mestre disse a Rajasi que ele no estava correndo um perigo imediato, mas que no era para permanecer em lugares muito quentes ou barulhentos, devendo ficar atento para evitar essas duas coisas e qualquer confuso. Em 30 de maro de 1954, Rajasi disse: O Mestre est muito feliz que os indianos estejam chegando. Sempre que perguntvamos a Rajasi sobre alguma pessoa que quisesse voltar para viver em Mt. Washington, ele respondia: Quando eu conversar com essa pessoa, o Mestre me dir o que ele quer que eu diga para ela. Sempre que perguntvamos a Rajasi algo sobre os problemas da organizao, ele respondia: Perguntarei ao Mestre. Ele me dir a coisa certa a se fazer. Aps a chegada dos indianos, Rajasi foi encontr-los, vendo Prabhas Ghosh e Atmanandaji pela primeira vez. Ele estava parado no alto da escadaria frontal do eremitrio. Vestia sua tnica alaranjada. Como foi comovente aquele encontro! Ele ps seus braos em volta dos homens e os trs choraram como crianas, pensando em nosso Amado Mestre. Rajasi sentou-se na poltrona da sala. Os dois indianos sentaram-se no cho, acariciando as pernas e ps de Rajasi, olhando para ele com olhos respeitosos e reverentes. Eles ficaram no eremitrio por alguns dias. Os homens trouxeram presentes da ndia para Rajasi. Tiramos fotos dos trs juntos. Rajasi, como representante do Mestre, deu a Atmanandaji seus votos de Swami, pois o Mestre j havia feito de Atmanandaji um Swami, mas ele queria receber as bnos do Mestre atravs de Rajasi no quarto do guru. Percebi, na noite anterior ida ao quarto do Mestre, que Rajasi no parecia bem. Ele at passou direto pela porta, mas voltou e continuou com a cerimnia. Novamente, senti uma punhalada no corao. Ele estava melhor no dia seguinte. Alguns dias depois, os homens saram para sua viagem ao Grand Canyon, pois Rajasi dissera que planejava ficar para Kansas City por algum tempo e que eles poderiam aproveitar o tempo para sarem antes que ele retornasse.

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Rajasi doa milhes de dlares em aes Rajasi partiu em 18 de abril de 1954. Fiquei em Mt. Washington ainda at 23 de abril. Eu estava me preparando para partir na manh seguinte. Naquela noite, recebi uma chamada de longa distncia de Eugene Lynn, contando-me que estava trazendo Rajasi de volta e que era para encontr-los no aeroporto naquela noite. Eu levaria Rajasi diretamente ao hospital, pois ele sentia que os sintomas do tumor estavam voltando. Ele ligou para Dr. Raney e foi aconselhado a vir imediatamente para Los Angeles. Aps desligar o telefone, contei tudo para Sraddha, que estava na cozinha naquela hora: Sei que Rajasi est vindo para outra grande provao, mas de alguma forma sinto como se um grande peso sasse de minha mente. Eu no sabia por qu, mas descobri aps Rajasi chegar ao hospital. Levei Sraddha comigo at o aeroporto, pois no queria voltar sozinha aps deixar Rajasi. Enquanto Eugene tomava as providncias e procurava o mdico, ns trs estvamos sentados no carro. Rajasi, na minha frente, olhou-me e disse: Voc sabe o que eu fiz? Orgulhosamente, me falou: A SRF vai ter uma receita de 66 mil dlares por ano em dividendos. Coloquei 22 mil aes da ferrovia Kansas City Southern em nome da SRF. Elas valem um milho de dlares. Ns duas vibramos com grande alegria. No pudemos dizer mais nada, pois logo Eugene voltou com o mdico. Rajasi entrou no hospital e se preparou para dormir, pois j era tarde. Ento eu soube a razo pela qual o peso havia sido tirado de minha cabea. Pois durante tantos anos o Mestre quis que Rajasi dotasse o trabalho da SRF com um ou mais milhes de dlares. Sempre trabalhei lado a lado com o Mestre e intercedi por ele quando o assunto era conseguir fundos para sua misso. Aps o Mahasamadhi do Mestre, comecei a datilografar as cartas dele para Rajasi. Ele tem mais de setecentas delas, durante os vinte anos de correspondncia entre eles. Sempre que achava alguma em particular em que houvesse belas passagens nas quais o Mestre expressava seu profundo amor por ele, eu lia essa carta para Rajasi. Uma vez, aps terminar de ler uma passagem, ele chorou, dizendo: Eu no sabia que ele me amava tanto. Tambm, em uma dessas maravilhosas cartas, li um dos apelos financeiros do Mestre e, no final dessa carta, ele fala: Se eu no pedir a voc, no haver mais ningum que o faa depois que eu partir. Meu corao e minha mente responderam ao Mestre: No se preocupe, senhor, continuarei com esses pedidos em seu lugar, e fiz isso em cada oportunidade que tive. No inverno de 1952, at escrevi uma carta a Rajasi lembrando-lhe de seus deveres para tornar a SRF segura. Era uma carta datilografada, no muito longa, mas direta. Eu poderia t-la escrito melhor e lido para ele, pois sempre lia sua correspondncia e artigos nos jornais para ele. Mas, se eu apenas falasse, ele iria simplesmente dizer: Agora no. Depois que eu melhorar. Eu queria ir direto ao ponto, ento lhe perguntei se poderia ler uma carta para ele. Sentei-me atrs dele, para que no tivesse de ver seu rosto, pois se visse alguma expresso de tristeza, no poderia seguir adiante. Aps terminar de ler, ele me chamou para seu lado. Ajoelhei-me, e ele me abenoou. Com lgrimas nos olhos, ele disse: Sei que ainda no completei minha misso, mas to logo eu melhore cuidarei de tudo. A realizao completa de sua misso foi o peso erguido de ambas as mentes, a de Rajasi e a minha. Pois ele completou o propsito para o qual nascera nesta vida, aquela mesma coisa que o Mestre queria, que o trabalho continuasse a progredir depois que ambos os corpos estivessem dissolvidos no Infinito. A segunda operao de Rajasi A segunda operao de Rajasi foi em 26 de abril de 1954. Entre os dias 23 e 26, Rajasi dissera-me que tinha visto o Mestre: Ah, o Mestre est comigo o tempo inteiro. Ele est feliz, feliz. Ele est em mim. Ele est to feliz. Ele no est nada mais do que alegre, alegre o tempo inteiro. Rajasi acrescentou: O Mestre est feliz porque passei aquelas aes para a SRF e eu terminei minha misso neste planeta. Enquanto espervamos os enfermeiros levarem Rajasi para a sala de operao, ele estava muito calmo e parecia at que aguardava um encontro com o Mestre, ao invs de mais uma operao. Ele parecia to venturoso e feliz. Eugene Lynn e eu estvamos, cada um, de um lado da cama. Ele pegou nossas mos e disse: Jnior, perante Durga, quero dizer isto, que voc ser meu sucessor nos negUma Trilogia do Amor Divino 136

cios. Quero que cuide da SRF da mesma maneira que eu cuidei. A SRF deve vir sempre em primeiro lugar nos seus pensamentos. Eugene olhou-me com lgrimas nos olhos e disse: Durga, no sei o que significa um guru, mas isto o que Tio Jimmy significa para mim. As vontades dele so as minhas. Ento meditamos at que viessem busc-lo. Sua face continuava extasiada. Ficamos l at que ele sasse da sala de operao. Ele estava muito quieto quando o vi na manh seguinte. Olhou-me e sorriu com doura. No sentia dor alguma. Pouco antes de deixar o hospital, a enfermeira do turno da tarde, que cuidou dele aps ele voltar da operao, disse: Sabem, sempre se consegue dizer como um paciente aps ele voltar da anestesia. Pode-se ver como um homem por sua mente subconsciente. Ela continuou: Nunca vi em toda a minha carreira algum to cheio de paz e quietude anglica como Sr. Lynn quando estava subconsciente. Era como se ele fosse Deus encarnado. Sua face estava to iluminada. Nunca tinha experimentado algo to belo quanto nesse momento, e acho que jamais experimentarei novamente. Uma completa estranha dizendo isso me fez ver ainda mais o Mestre brilhando atravs de Rajasi. Transcrevo algumas citaes das cartas do Mestre a Rajasi:
25 DE MAIO DE 1932 Agora, a mesma fora deve ser utilizada para se conquistar algo duradouro para Mt. Washington. Ento, nossos carmas gmeos estaro libertados, e estaremos livres para vagar no Esprito, em alegria sempre borbulhante. 20 DE JANEIRO DE 1934 Quando seu trabalho estiver terminado, voc brilhar no seio Dela, como a criana mais adorada, e ns cantaremos e usaremos muitas vidas para trazer outros de volta ao palcio Dela. Voc est sempre comigo e eu com voc, em nosso Pai. Alegre-se, pois o Reino de Deus seu. 18 DE FEVEREIRO DE 1934 Voc jamais saber o grande papel que tem desempenhado nessa grande misso de Babaji, e aqueles que so os instrumentos do Altssimo sentam-se em Seu trono. Voc no est apenas me ajudando com este trabalho, mas tambm est cooperando com os Grandes. Atravs das vibraes, sei que eles esto supremamente satisfeitos com voc. Detesto pensar nas dificuldades que teramos de enfrentar, se Deus no tivesse mandado voc para ns. Voc desempenha um papel idntico ao meu nesta obra, pois ao contrrio dos cavalos de Plato, virados um em direo terra e outro em direo ao cu, ns dois estamos puxando a carruagem desta organizao para o objetivo nico da realizao Divina. Ambos somos necessrios para puxar esse veculo Divino at a meta estabelecida pelos Grandes. Quando voc realizar sua elevada misso na terra de estabelecer esta obra com firmeza, ento voc e eu estaremos para sempre libertos de nosso dever terreno. Ento permaneceremos livres no Cu. Caso contrrio, seremos forados a retornar. Mas quando estivermos livres, poderemos fazer viagens at a terra quando quisermos, para encher nossos botes com as almas nufragas, trazendo-as para as praias do cu. Escrevo estas coisas agora, enquanto estou tendo uma viso, em cima do telhado, sob o sol circundado pelo Infinito. 25 DE AGOSTO DE 1934 As palavras falham na tentativa de descrever o que voc me faz sentir, pois voc est tentando e realmente conseguindo libertar esta obra das garras de indizveis tribulaes. Durante muitas encarnaes, se quiser retornar com seu barco para a terra e levar muitos outros at as praias da Me Divina, voc ter indizvel prosperidade, material e espiritual. 17 DE OUTUBRO DE 1934 Detesto pensar o que aconteceria a esse trabalho se ns dois fssemos levados repentinamente para o seio do Pai. Esse o pensamento de responsabilidade que o Pai Celestial me transmite constantemente. Eu e voc devemos estabelecer permanentemente este trabalho, para que, quando formos chamados ao Cu, possamos dizer a eles: ns garantimos a continuidade do trabalho contra a fora destruidora de Sat durante nossa ausncia na terra. At esse dia chegar, no estaremos livres.

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Rajasi constri seu apartamento na Sede Central Quando nosso Amado Mestre ainda estava conosco, sempre que Rajasi visitava Mt. Washington, o Mestre lhe cedia seu quarto e ficava na biblioteca, sob nossos protestos e os de Rajasi. O Mestre deixava tambm para Rajasi suas demais dependncias em Mt. Washington, pois Rajasi no tinha nenhuma. Mas Rajasi e todos ns decidimos que o quarto do Mestre devia ser preservado da maneira que o Mestre deixou, como um santurio. Portanto, essa deciso deixou apenas a biblioteca para Rajasi dormir. Naquele ms de maro do Mahasamadhi do Mestre, Rajasi foi eleito o segundo presidente da SRF. Todos ns sentimos que ele deveria ter um lugar prprio para ficar enquanto estivesse em Mt. Washington. Observei um espao aberto na torre e vi a possibilidade de construir um apartamento sossegado e maravilhoso, sendo que lhe sugeri: Por que no nos deixa construir um apartamento na torre? Estive observando e vi que podemos fazer um banheiro e uma cozinha. Voc no tem um lugar em Mt. Washington a no ser a biblioteca. Ele respondeu: Vou pensar. Mais tarde ele me disse algo que eu nunca tinha ouvido antes: V em frente e construa o apartamento para mim. E eu quero o melhor. Rajasi permaneceu no hospital entre 23 de abril e 22 de maio. Os mdicos lhe deram alta antes, por causa de toda a publicidade que ele estava recebendo devido a notcia de sua doao milionria para a SRF. Os mdicos julgaram que ele seria capaz de se esconder dos reprteres se sasse do hospital, mas no queriam que fosse para Encinitas, pois ainda desejavam v-lo diariamente por mais uma semana; ento aconselharam-no a ir para Mt. Washington. Como ficamos felizes que ele j tinha seu apartamento pronto para receber os mdicos e seus scios nos negcios. Teria sido mesmo muito embaraoso receber algum que visse Rajasi na biblioteca, sem nem mesmo uma cama, apenas um acolchoado no cho, sendo ele o presidente da SRF e doador de uma fortuna de um milho de dlares para a organizao. Valeu a pena termos construdo o apartamento, mesmo pelo pouco tempo em que ele ficou l: apenas uma semana. Rajasi voltou a Encinitas para passar o vero. Um carro novo Em setembro de 1954, pouco antes de voltar para Borrego no inverno, Rajasi anunciou que gostaria de um carro novo. Embora seu Oldsmobile creme tivesse vrios anos, ainda estava em boas condies, mas estava no nome da SRF. A SRF o utiliza ainda at hoje (1958). Ele me pediu para ir at San Diego escolher um carro para ele. Queria todos os novos acessrios, como direo hidrulica e freios potentes. Ele ficou feliz com a minha escolha. triste dizer que ele andou com o carro apenas poucas vezes. Eu consigo ajuda para cuidar de Rajasi Uma semana antes de sua ida para passar o inverno em Borrego, ouvi cedo pela manh o pesado baque de algo caindo no cho. Fui correndo ver o que era, e vi Rajasi desmaiado na frente da porta de seu vestirio. Tive que empurr-la gentilmente, pois sua cabea estava encostada na porta. Eu estava sozinha na casa. At os Lewis tinham sado. Quando finalmente consegui ajuda do pessoal do retiro da SRF, ele j tinha acordado e estava na cama. Fiquei to assustada que pedi, pela primeira vez em dezenove anos, que algum me ajudasse, ficando de prontido na parte norte do eremitrio, para o caso de algo semelhante voltar a acontecer. Daya designou Sraddha e, durante os ltimos cinco meses da vida de Rajasi, fui grata por contar com a ajuda de diversas almas: Mrinalini, Sraddha, Pat Hogan e, nas ltimas semanas, Mataji. Foi um alvio ter algum me ajudando, pois aqueles ltimos meses foram debilitantes, j que at o fim ele tinha de ser alimentado, barbeado e precisava ter algum junto em suas caminhadas, por causa da possibilidade de cair e acabar se machucando. Aps sua segunda operao, tive que barbe-lo at o fim de sua vida. Rajasi no chegou a sofrer, nem sentia quaisquer dores at quando foi operado e mesmo aps sua terceira operao. Cito uma carta do Mestre para Rajasi:
31 DE JULHO DE 1935 Metade da minha realizao espiritual sua. Jamais doei tanto para algum quanto a voc. No seu ltimo dia desta existncia terrena, voc sentir de repente uma iluminao Uma Trilogia do Amor Divino 138

duplicada de todas as suas percepes internas e uma inesperada expanso de indizvel leveza e bemaventurana. Ento voc saber o que eu lhe dei. O que eu dou agora est sendo sutilmente acrescentado aos resultados de seu prprio esforo. Assumi para mim quase todo o seu carma e resgatarei os sofrimentos neste corpo, para que voc possa libertar-se das sutis armadilhas dos desejos e apegos, navegando livremente, como uma estrela cadente no cu distante. De todo o meu esforo, voc foi abenoado com uma alegria sempre crescente e um desenvolvimento espiritual ininterrupto. este o meu espontneo presente, de meu mais profundo amor e devoo, por voc me aliviar dos numerosos e pesados deveres para com a organizao. Todas essas coisas que estou lhe dizendo so muito sagradas.

A terceira operao de Rajasi, sua enfermidade, sua morte Rajasi era capaz de cuidar da maior parte de suas necessidades pessoais, exceto fazer a barba, mas quando chegamos em Borrego no final de setembro, ele j no era capaz de comer sozinho, pois seu brao direito estava mais fraco. Logo ele, que fora sempre to limpo e cuidadoso, a ponto de ficar aflito quando derramava alguma coisa nele. Para evitar que isso acontecesse, eu, ou a outra pessoa que cuidava dele, dvamos-lhe de comer. Irmo Sarolananda ficava na cabana e vinha no final da tarde para o turno da noite, pois eu tinha medo de deixar Rajasi sozinho, caso precisasse se levantar para ir ao banheiro de madrugada. Parece que foi por muito pouco tempo que ficamos em Borrego, antes de os sintomas voltarem. Telefonei para Dr. Novac, em Encinitas. Ele j quis logo vir com a ambulncia, mas eu disse que no era para ele deixar que Rajasi visse a ambulncia antes que os dois tivessem a oportunidade de conversar e o mdico adiantasse um pouco do que estava por vir. Quando o mdico chegou, trouxe a ambulncia, mas ela foi mantida distncia, enquanto Dr. Novac, que veio de carona com Dr. Lewis, falava com Rajasi. Foi necessrio algum tempo para convencer Rajasi a retornar para o hospital, at que afinal ele concordou. Quando chegamos ao hospital, Dr. Raney achou que Rajasi parecia estar melhor do que previra. O mdico afirmou que a descida at Los Angeles tinha estancado suficientemente o tumor, aliviando a presso. Rajasi deu entrada no hospital em 5 de outubro de 1954, mas no foi necessrio operar at 12 de outubro, quando a presso retornou. Ento ele ficou mais um ms no hospital. Voltamos direto para Borrego. As moas, Mrinalini e Pat, foram de carro at Oceanside, ento a Sra. Lewis nos encontrou l para mostrar o caminho para as duas. Ela dirigiu o resto da viagem at Borrego e Rajasi foi o primeiro a ver a Sra. Lewis na beira da estrada, esperando para irmos peg-la. Ele disse: Bem, olha s quem est aqui. Rajasi nunca mais retornou para sua amada Encinitas. Ele saiu de l nos fins de setembro de 1954. Tnhamos a esperana que na hora que Rajasi deixasse o hospital, ele poderia ir direto para sua nova casa na fazenda, pois ainda no a tinha visto. Mas tivemos de esperar at a vspera do Dia de Ao de Graas para viajarmos. Ele estava to ansioso para ver a propriedade que at mesmo um atraso de poucas horas o desagradou. Quando finalmente chegamos, ns o levamos em sua cadeira de rodas para ver cada centmetro da casa. Estava extremamente satisfeito, pois a construo de uma casa em sua amada fazenda em Borrego era outro desejo seu, de longa data. A terceira operao naquela pobre alma deixou-o visivelmente mais fraco. Para a surpresa dos mdicos, ele ainda no sofria nem sentia qualquer dor, pois essa , normalmente, uma doena muito difcil de se tratar e suportar. S mesmo graas s bnos e a interveno do Mestre que isso foi possvel. Recordo-me do Mestre dizendo: Estou sofrendo para que todos vocs no sofram. Isso ficou provado sem a menor sombra de dvida. O que mais me surpreendeu que eu sabia que Rajasi sempre havia sido muito saudvel, por isso sua resignao perante o destino no foi para mim nada mais que um milagre. O Dr. Raney, o irmo mais novo, veio duas vezes para ver Rajasi na fazenda. Lembro-me da expresso de Rajasi quando viu o mdico. Aps ele sair, tive que garantir a Rajasi que no voltaramos ao hospital, pois pude ler em seus olhos que ele pensou que o mdico viera fazer a visita para lev-lo novamente para outra operao e ele no queria passar por isso novamente, nem ns.

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Levvamos Rajasi at sua varanda para tomar banhos de sol, de onde pudesse ver os mexicanos trabalhando na fazenda e a ns, trabalhando nas outras partes da propriedade. Ele raramente ficava sozinho. Sempre havia um de ns com ele. Ns o levvamos em sua cadeira de rodas para passear nos arredores e o ajudvamos a caminhar. Ficamos aliviados por Dr. Neville, que era um bom mdico da regio, vir diariamente cuidar de Rajasi e ver se ele precisava de qualquer ajuda. Quando Dr. Raney veio pela ltima vez, aps 1 de janeiro de 1955, ficou surpreso ao constatar como a pele de Rajasi estava macia e como seus membros paralisados estavam flexveis, pois normalmente a paralisia deixa os membros enrijecidos em pouco tempo. Aps o banho dirio de Rajasi, Sarolananda vinha de tarde para massage-lo com leo e fazer exerccios em seu corpo inteiro. Ns o levantvamos e o ajudvamos a ficar de p pelo tempo que conseguisse. Quando Mataji chegou nas ltimas semanas para ajudar-me, trouxe consigo vrios dos presentes que o Mestre tinha dado para ela e a cruz da prosperidade, que Rajasi tanto amava. Rajasi segurava esses presentes em suas mos. Ns no conseguamos tir-los de sua mo nem mesmo quando ele adormecia. Ele se apegava a tudo que era do Mestre e nunca tirava o olhar da foto do Mestre que estava sobre a cmoda, de onde pudesse v-lo. Deixvamos a foto iluminada a noite inteira. Ele tambm olhava para a esttua de So Francisco que a famlia BenVau lhe dera de presente enquanto ele estava no hospital. Numa tarde, Sarolananda estava me ajudando a virar Rajasi de costas para lav-lo. Naquele momento, Rajasi olhou para mim, depois para Sarolananda e, gentilmente, colocou seu brao bom ao redor do pescoo de Sarolananda e trouxe a cabea dele at seu peito, segurando-o dessa maneira por um bom tempo, abenoando-o. Lgrimas de gratido rolaram dos olhos de Sarolananda. Aps essa bno, pudemos notar uma evidente melhora no comportamento de Sarolananda. Em diferentes ocasies, Rajasi deu uma bno especial pessoa que o estava ajudando, como para demonstrar seu agradecimento pelo servio que todos ns prestvamos. Um dia, enquanto olhava para ele, eu disse: Com todo o espetacular cuidado que voc dedicou ao corpo, com as comidas mais saudveis e exerccios, ainda assim no puderam evitar que tudo isto acontecesse. Embora ele no conseguisse mais falar naqueles ltimos dias, balanou a cabea afirmativamente. Naqueles mesmos dias, eu perguntei: Voc viu o Mestre? Ele mexeu a cabea: Sim. Ento perguntei: O que ele disse? Como resposta, lgrimas brotaram de seus tristes olhos azuis, abaixando o olhar e a cabea com uma expresso de que o Mestre dissera que viria busc-lo em breve, para nos deixar. Eugene Lynn veio ficar com Rajasi em seu ltimo ms de vida. Durante uma de suas conversas comigo, ele me disse que a famlia de Rajasi insistiria em levar seu corpo para Kansas City, no caso de seu falecimento, para ser enterrado no jazigo particular da famlia. Fiquei profundamente magoada, pois minha f era to forte que jamais pensei em termos de morte, nem me ocorria que Rajasi pertencesse a qualquer outra famlia que no fosse sua famlia divina da SRF. Eu respondi: Quando chegasse a hora, tnhamos vontade de coloc-lo prximo ao Mestre, pois h um lugar vazio perto dele. Eugene disse: Lamento, Durga, mago-la dessa maneira. Se dependesse de mim ele poderia permanecer aqui, mas sei que tia Frieda no vai nem querer ouvir. por esta razo que Rajasi est enterrado em Kansas City, ao invs de no cemitrio Forest Lawn, junto com o Mestre. Na ltima visita do Dr. Raney, fomos avisados que talvez Rajasi no durasse mais que duas ou trs semanas, e que ele no achava que o tumor seria a causa da morte. Ele disse para que me preparasse, pois esse tipo de tumor cerebral traz consigo uma doena que enche os pulmes de lquido. Eles se enchem to rapidamente que impossvel deter o processo, nem mesmo drenando-se os pulmes. Na manh de 19 de fevereiro de 1955, Dr. Neville veio como de costume. Ele me perguntou se Rajasi estava respirando pesado h muito tempo. Eu disse que no tinha percebido. Ele me disse que estaria de volta naquela noite. Era ao redor das 22 horas, quando retornou e pronunciou as palavras fatdicas de que os pulmes de Rajasi estavam se enchendo e que era terminal. Para nos encorajar, acrescentou: Talvez agente at amanh, mas pode vir a falecer a qualquer momento.

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Eu estava completamente despreparada para receber tal notcia. Felizmente, Daya, Mrinalini e Sailasuta tinham vindo para o final de semana. Nenhuma de ns saiu do lado dele naquela noite. Senteime a seu lado e fiquei segurando sua mo entre as minhas at o fim. Pude sentir a fora vital abandonando suas mos e ps. No desgrudei meu olhar de seu rosto e olhos. Enquanto o observava, pude notar que seus olhos estavam se apagando e uma luz branca surgiu ao redor de sua cabea. O Dr. Neville permaneceu a noite inteira conosco. Mataji manteve fielmente a mscara de oxignio sobre seu nariz e boca. Mais tarde, Dr. Neville disse a Sailasuta: Foi a morte mais pacfica que j presenciei nesse tipo de doena. A luz foi ficando mais brilhante ao redor de sua cabea. Fiquei pensando mais tarde o quanto dependemos desse pequeno alento que entra e sai, unicamente pela graa de Deus. Prestvamos ateno a cada inspirao de Rajasi. Quando o ar entrava em seus pulmes, ns inconscientemente respirvamos junto, com um suspiro de alvio. Ento aconteceu, s 4 horas da manh, domingo, 20 de fevereiro de 1955, que o ar no voltou mais. Tantas vidas, centenas delas, foram transformadas pelo sopro de vida, agora esgotado, desse bem-sucedido homem de negcios e santo. No me surpreende que nosso Amado Mestre tenha levado primeiro para junto dele o seu querido Pequenino, para desfrutarem juntos da bem-aventurada liberdade do Eterno Amado Deus. O que mais posso dizer de Rajasi, seno transcrever vrias cartas em que o Mestre expressava seu amor por ele, amor esse que Rajasi recebia e retribua igualmente. Ele sempre dizia que considerava o Mestre um Cristo. O Mestre e Rajasi se encontravam pelo menos uma vez durante o dia e a noite, nas ocasies em que ambos estavam presentes no eremitrio. No importava quantas vezes se vissem, a cada encontro eles se abraavam e se saudavam com entusiasmo. O amor entre os dois era to espontneo que a cada momento parecia que estavam se vendo pela primeira vez nesta vida. Eles se sentavam no sof ou na varanda, sob o sol, de mos dadas, conversando. O Mestre tinha o costume de esfregar o peito de Rajasi altura do corao, transmitindo suas bnos divinas. Quanto mais Rajasi agradava o Mestre, mais rpido ele lhe esfregava o peito. Rajasi, de olhos fechados, absorvia cada frao das bnos e se fundia naquele sentimento de receptividade divina. Eles meditavam de mos dadas, o Mestre transmitindo a Rajasi maravilhosas vises espirituais e incontveis bnos de xtase e alegria. Eles agora vagam de mos dadas na terra da liberdade espiritual e descansam no Seio da Toda-bem-aventurada Me Divina, derretendo-se no seu mtuo amor divino. As cartas seguintes foram escritas pelo Mestre a Rajasi Janakananda. Transcrevi uma para cada ano, entre 1932 e 1952. Elas podem demonstrar melhor o profundo amor que um Adorado Mestre tem por seu principal discpulo e Amado Pequenino. Cartas do Mestre a Rajasi Janakananda
21 DE ABRIL DE 1932 Nunca antes na histria da espiritualidade foi preciso um homem de negcios salvador como voc, dotado de alma e poder, enviado por Deus. Por favor, saiba disso em seu corao. No tenho desejos pessoais de nada, mas quero ver na Amrica o trabalho de Babaji, de Lahiri Mahasaya e do Guru perpetuados pelos esforos de uma alma to digna como voc. Voc abenoado por ter vindo como o melhor amigo desta causa. Eu lhe darei minha vida para livr-lo do cativeiro da carne, ento recproco que nos salvemos um ao outro. Nas horas em que a crucificao das responsabilidades materiais e as dvidas parecem to opressoras, penso em me livrar dessas coisas, mas continuo firme navegando em meio ao tiroteio das dificuldades, responsabilidades e at da morte, se necessrio, com a Me Divina sempre em meu peito. Jamais esquecerei a ajuda material que voc deu para a continuidade do trabalho, quando eu estava em Kansas City. Todas as minhas preocupao se desvaneceram graas sua oportuna instrumentalidade Divina. 18 DE DEZEMBRO DE 1933 Reconheo as suas muitas faces diferentes do passado. Com que freqncia meditei com voc na sombra das diversas encarnaes! So muitos os laos dourados de amor e amizade divina que uniram nossas almas no passado. Vale a pena retornar dez mil vezes para encontrar uma alma imaculada e sincera como voc, algum que nada sabe seno do amor de Deus.

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Voc mais rico do que muitos reis da terra. Se seus negcios o impedirem de vir, irei at voc, para bebermos da fonte eterna e mergulharmos juntos nas jubilosas guas da imensurvel bemaventurana. Que palavras poderei dizer para expressar a alegria que voc me deu? Quando meu navio chegou pela primeira vez ao porto Chelsea, perto de Boston, escrevi: Memrias adormecidas dos amigos que reencontrarei doutrora saudaram-me no mar em que navego agora. Entre todas as misrias, incompreenses, crucificaes, louvores e bajulaes dos falsos sorrisos das pretensas amizades, permanece a sua face iluminada, como um dos mais preciosos amigos de minha alma no hemisfrio ocidental. 31 DE AGOSTO DE 1934 Sua amvel carta me fez sentir sua presena dentro e fora de mim. Uma chama de bem-aventurana vinda de seu corao me atingiu. Uma alegria indescritvel me transmitiu a infinita alegria de seu corao. Assim como Krishna encontrou seu amigo divino, Arjuna, assim tambm nos encontramos neste plano terrestre para treinar soldados divinos combatedores das foras da escurido. Tamanha foi a alegria proporcionada por sua carta que meu esprito est pairando livre sobre as colinas imprevisveis da vida que esto em todo lugar. Meu Deus est me chamado e voc a lembrana de Sua Luz neste pas. Para falar a verdade, voc a nica pessoa neste pas que, naqueles momentos de tribulaes e angstias, me inspira e aumenta minha f no infinito Deus. Voc me pediu uma bno. Pois bem, muitos recebem a minha bno, que voc j tem em abundncia, mas voc ainda possui uma eternidade inteira repleta do meu amor, e isto algo que dou a muito poucos. 2 DE JULHO DE 1935 Era Lahiri Mahasaya que estava comigo na ltima vez que vi voc. Vi muitas vezes o corpo astral dele em sua fisionomia. At mesmo o seu corpo est se transformando no dele. Ombros, cabea, rosto, tudo. H uma afirmao nas escrituras: Quando um vaga-lume capturado pelo besouro, o besouro se torna um vaga-lume. O mesmo vlido com as Vibraes Divinas. OUTUBRO DE 1936 Mais Amado e Abenoado das Idades: Sinto-me to bem e feliz ao fazer as coisas por um trabalho espiritual no qual eu sei que voc est lealmente trabalhando junto comigo. Deus e eu trabalhvamos sozinhos antes, pois Deus permanecia sutilmente comigo. Agora Ele trabalha visivelmente atravs de seu corpo. Que encorajador! Voc no esteve apenas uma vez, mas muitas vezes, na ndia. Tive uma confirmao especial desta verdade durante nossa meditao em Chicago. Voc veio para o Ocidente onde h melhores oportunidades materiais para ajudar a ndia. Outro motivo foi para que voc pudesse desfrutar da cultura e limpeza do ocidente. Sem dvida, voc se sente muito atrado pela ndia. Fico muito feliz que sua memria de tempos passados, nos quais voc foi um dos santos do Himalaia, tenha sido to magnificamente despertada. Orei muitas vezes para isso acontecer, especialmente pelo bem da ndia. Tudo o que planejei para Dhirananda resultou numa grande decepo, mas, com voc, Deus me recompensou centenas de vezes. Que alegria! Devo parar de escrever um pouco, pois meus olhos esto cheios de lgrimas de bem-aventurana. E cada uma dessas gotas tem o poder de acabar com muito do seu carma indesejvel do passado. Voc abenoado em possuir o amor Dela. A Ela voc amar eternamente em Deleite infinito. Essa a recompensa por tudo que voc renunciou em favor desta causa. Mil recompensas chegam, e a maior de todas a entrega da Me Divina a Seus devotos. 27 DE AGOSTO DE 1937 Obrigado, Pequenino, por seu amor imortal. Ofereo meu amor a voc por toda a eternidade. Imagine s, logo aps esta vida, a emancipao eterna estar a nossa espera. O objetivo que milhes almejam, mas no alcanam. Agradea ao grande Amado Deus e aos Gurus. O que mais me agrada a resposta da Me Divina a minhas preces. Voc exatamente do jeito que eu gostaria que fosse. Sua racionalidade na cooperao com meus ideais divinos que Deus o abenoe eternamente por isso. Voc tem todas as minhas bnos e o meu amor desde o mais ntimo de meu corao. Assim como voc coopera com meus desejos, com amor e perfeio, assim tambm toda a natureza cooperar com os desejos que voc tiver. Ns continuaremos a progredir cada vez mais no caminho eterno, com a Me Divina, os Gurus, voc e eu rapidamente chegando ao objetivo final, ao infinito, ao incessante regao da eternidade. Medite e esteja com o Esprito a todo momento. Dessa forma Sat, no ter a nica chance de perturb-lo com a inquietude. Medite com a mais profunda f em que voc encontrou Deus, e Ele estar para sempre com voc e voc, com Ele. Medite com a certeza de que todos os seus desejos j foram satisfeitos, pois voc encontrou Aquele que a realizao de todos os desejos. Apenas mantenha aceso o desejo de ajudar os outros por meio de seu exemplo e Uma Trilogia do Amor Divino 142

da contnua expanso deste trabalho sobre a face da terra. Essa sua misso, que foi ordenada pelos Grandes. Quo feliz e abenoado voc ! Andrew Mellon morreu, mas suas riquezas no lhe vo garantir um lugar no cu, nem as boas obras que ele fez sem Deus. O bom trabalho que voc fez com a conscincia de Deus lhe garantir o reino eterno. Amor duradouro. Sempre seu, S. Yogananda. 12 DE DEZEMBRO DE 1938 Meu Querido Pequeno Prncipe Divino: assim que me d vontade de cham-lo, porque voc foi um instrumento de Deus ao dar presentes de Natal para todos atravs de mim. Sinto muito que meu Pequenino tenha sido jogado ao mar das tribulaes. Mas no importa quantos desafios ocorram ou quantos ventos furiosamente soprem sobre voc, saiba que voc est sendo levado com segurana para as praias da felicidade infinita. Os fortes ventos das tribulaes so as Carcias Secretas de Deus para lev-lo ao lar e para fortificar seus passos no caminho de volta. Os desafios so a maneira que Deus utiliza para testar sua forte espiritualidade e sua profunda sintonia com Ele. No leve os desafios a srio, mesmo que paream srios. Apenas espere com um sorriso interior e tenha certeza que as dificuldades do presente e seus desafios iro se extinguir. 23 DE MAIO DE 1939 J que Deus vem em primeiro lugar em seu pensamento e em nosso trabalho, Ele continuar a ser cada vez mais presente em sua vida. Pensar em voc me d alegria. Esta alegria une nossas almas com Deus. 23 DE JANEIRO DE 1940 Eu nunca senti tanto amor por voc quanto na ltima vez em que esteve aqui. Quanto mais perfeito voc fica, tanto mais voc atrai o meu amor infinito. Fico feliz de ver as artimanhas de Sat fracassando. A sua redeno est justamente no seu reconhecimento por tudo o que Deus lhe tem dado atravs dos Gurus. Agora voc sabe que o sofrimento faz parte da prtica do bem. Jesus Cristo pagou com a vida por fazer o bem. Devemos estar preparados para sofrer por fazermos o bem, provando para Deus que estaremos sempre prontos para carregar nossas cruzes na fornalha dos testes cotidianos. 18 DE FEVEREIRO DE 1941 No passa um s dia sem que eu pense na tremenda alegria que tive em sua companhia enquanto voc esteve aqui. Deixo tudo para trs e atiro-me no Esprito. Voc sentiu seu esprito unido com tudo e com todos aqui. No passado, voc deve ter sido um iogue com o poder de voar. Os vos astrais so muito mais seguros. Se for a Vontade Divina, voc aprender a voar novamente daquela maneira. Entretanto, entreguei voc nos Braos Divinos, pois foi Deus que me enviou voc. Estou feliz. Contudo, fico arrepiado ao pensar em voc voando ao vento, acima das nuvens, mas no dia em que sua alma estiver voando mais e mais no imenso Esprito, ficarei muito mais feliz. Estou feliz que voc gostou dos banhos de sol. Assim como o Guru me abenoou com um clima bom sempre que eu desejar, que voc tambm seja abenoado com bons climas. Esse o meu permanente desejo por voc no Pai Celestial. Estou embalado dia e noite nos braos da Me Divina e ofereo voc a Ela, em meu contato dirio com Ela. 5 DE ABRIL DE 1941 Seu telegrama foi muito confortador e sua carta foi comovente e simptica. J trabalhamos, nos divertimos e sorrimos juntos, caminhando de mos dadas no Caminho de Deus. Pela primeira vez, ns sofremos juntos. 23 DE JULHO DE 1942 A inspirao que sinto na sua presena e toda a ajuda financeira que voc tem oferecido a resposta do seu amor por tudo o que tenho passado. Eu vi tudo, mas no quis perturb-lo. Sua alma me atendeu e, sinceramente, eu poderia sorrir no prprio inferno se voc estivesse comigo. O seu avano espiritual somado sua experincia como homem de negcios lhe conferiu o poder da imperturbvel quietude interior e uma impressionante e compassiva tranqilidade que muito me consolaram. Quero que saiba que, se no fosse por voc, eu teria perdido o ltimo vestgio de vontade de continuar vivendo neste mundo de misria e imperfeio. 10 DE JANEIRO DE 1943 Meus pensamentos, oferecidos com refrescante amor para aliviar nosso mtuo desapontamento, so para voc como uma cano de ninar no bero da alegria Csmica. A palavra que voc escreveu, refrescante, foi muito comovente e revela que voc me ama da mesma

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maneira sem medida que eu amo voc. Sempre me lembrarei dessa expresso. Esse ser o melhor remdio que poderei utilizar para suportar a sua ausncia forada. 22 DE JANEIRO DE 1944 Meu Amado e Abenoado .1:8 Sua ltima nota me deixou muito feliz. Voc a nica pessoa na terra a quem posso levar os problemas da organizao. Voc o nico que me consola em minha ansiedade quanto ao futuro, pois a todos os outros, sou eu quem tem que consolar. No existe palavra em meu vocabulrio capaz de expressar todo o bem que voc tem feito para ns. Lgrimas surgem em meus olhos quando sinto o grande amor divino que me inunda, irradiandose e envolvendo sua pessoa onde quer que voc esteja. No tenho dvidas que Deus utiliza seu corpo e seu corao para satisfazer meu desejo de uma amizade perfeita de compreenso e idealismo espiritual. No consigo dizer mais nada que possa expressar adequadamente meus pensamentos. 25 DE JANEIRO DE 1945 Estou orando profundamente por seu bondoso pai. Eis um exemplo de como o corpo uma iluso e como apenas a alma real. Por isso que todos deveriam alcanar a realizao antes que o corpo se tornasse um estorvo. Estou to feliz que seu esprito ergueu-se acima da matria e que Deus lhe tenha conferido a realizao. E no s voc que est redimido. Seu pai e sua me encontraro a redeno graas ao seu bom carma, e herdaro as suas imperecveis riquezas espirituais(). 21 DE MARO DE 1946 Foi seu verdadeiro eu, com sua doce voz e amvel esprito de devoo a Deus, que se manifestou ontem durante a palestra. Voc atingiu o mximo nesta vida por meio da Graa Divina e da ajuda dos Grandes Gurus. Eu tambm tenho passado por terrveis provaes, pois sempre senti que no gostaria de viver sem voc. Sempre quis partir antes de voc. Conheo bem as artimanhas de Sat. Voc pode muito bem compreender o porqu de eu ter falado com voc a respeito do pomar no Texas, etc, mas Sat acaba se tornando um instrumento de Deus, pois Ele transforma o mal de Sat em bem. Mesmo assim, Sat quase triunfou no Texas, mas Deus e os Grandes Gurus tinham outros planos. muito bom que voc agora perceba que toda a ajuda teria sido intil, se Deus tivesse permitido que Sat providenciasse sua permanncia no Texas por um pouco mais de tempo. Em cada provao, Deus deve vir em primeiro lugar. Ento tudo o mais se endireita e sua dificuldade ter sido amenizada().

1 DE JANEIRO DE 1947 Meu corao sada So Lynn pela passagem do Ano Novo
Por Paramhansa Yogananda Quando surgir outro to especial, assim to doce, bondoso e compreensivo, Que apesar de minha incessante procura no ter deste mundo, Est sempre tentando ajudar Seus devotos a brilhar, Mesmo com as pesadas obrigaes terrenas Que o mantm ocupado nas encruzilhadas da vida? Cada vez mais rico do imenso tesouro do Esprito, muito maior que as diversas riquezas mundanas, que apodrecem e somem, Sob seus cuidados deixei o luminoso templo do ltus dourado, Que de Deus e imperecvel, brilhante e abenoado. Tudo est bem quando termina bem em Seu Mar, Em cujas profundezas voc mergulha cada vez mais com ardente jbilo. Aqui nos encontramos e juntos construmos O templo de Deus nas almas mais verdadeiras j criadas. No consigo expressar corretamente a imemorial unio de vidas, reunidas como gotas de orvalho. Prossiga, alma sagrada, de face iluminada, Oferecendo a todos o divino nctar de Deus no clice de seu corao. Sua felicidade minha felicidade, sua alegria, minha eterna alegria, Seu sorriso meu eterno sorriso em Deus. J nos encontramos antes e tornaremos a nos encontrar
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O Mestre escrevia .1 como abreviatura de little One, Pequenino. N. T.

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no tumultuoso mar da terra. Mantenha fixa sua ateno, com esforo sempre crescente, alm das fortes iluses das nvoas. Ento, o que tenho em meu corao, que vive no corao de Deus, em suas mos entregarei, Um buqu exalando a fragrncia de pequenas almas imersas no Divino fulgor. 11 DE AGOSTO DE 1948 Querido e Amado .1: Bem-vindo ao lar. Mil perdes por no lhe ter escrito, pois tinha dvidas quanto data de sua chegada. De qualquer maneira, fiquei muito feliz ao ouvir sua doce voz ao telefone. Encinitas o seu santurio, no altar da grama verde. Deus, os Gurus e o pr do sol mantm voc sempre feliz, como um verdadeiro naturalista Divino. No se envolva com os negcios e as polticas internas da organizao. Isso no lhe acrescentar nada. Permanea mais com Deus. Sero apenas os seus bons conselhos, sua boa vontade e cooperao que iro trazer o sucesso, conforme a vontade de Deus. Sinto vontade de sair correndo para saud-lo, mas meu Esprito est sempre com voc. Com todo o meu amor, sempre seu, P. Yogananda 1 DE JANEIRO DE 1949 Voc atendeu s minhas expectativas e me deu muita alegria por estar vivendo assim de maneira to ideal. Rejubile-se vontade, pois realmente voc conquistou a Graa da Me Divina e dos Gurus. Voc mais rico do que toda a fortuna dos reis. A riqueza de Sua Graa imperecvel. Tudo o mais, inclusive nosso corpo, no nos pertence e nos ser tirado. Tenho sentido a sua alegria incessantemente. Continue com ela. O Reino Infinito seu. Ofereo minhas bnos para que voc seja sempre vitorioso sobre todos os testes que Deus enviar. A sua maior vitria reside na contnua permanncia da alegria. Possa a eterna alegria e vitria serem suas. Com todo o meu amor. Muito sinceramente seu. Que todo o meu amor e o amor da Me sejam seus. Paramhansa Yogananda. 30 DE JULHO DE 1950 Eu soube o que voc fez por Phoenix. S existe um So Lynn, verdadeiro santo vivo, para Deus e os Gurus, e pela Self-Realization. Essa minha bno por toda a eternidade. Ainda que nunca deseje, ter liberdade financeira e a suprema liberdade, e a recompensa Divina. Minhas palavras ditas do corao so sempre verdadeiras. Deus est por trs delas. Sero sempre lembradas todos os dias. Voc me ajudou a completar minha tarefa na terra por meio dos Gurus. Com todo o meu amor e infindveis bnos por tudo o que voc tem feito, meu incessante amor, incessantes agradecimentos e incessantes bnos. P. Yogananda. 9 DE OUTUBRO DE 1951 Meu mais Amado e Abenoado .1: Imaginei a mim e Deus no queira! a voc, longe desta terra, assistindo ao que o Conselho da SRF faria e como conduziria o trabalho da SRF. Voc tem sido um guerreiro valente e vitorioso nas dificuldades dos negcios, e certamente conseguir comandar a SRF com sucesso at o fim. O que voc tem feito ultimamente por Deus e os Gurus recebido diretamente pelo Altssimo e os Grandes, e pessoalmente, para minha grande felicidade, ser guardado por eras no Banco da Eternidade, esteja onde voc estiver, aqui e no grande alm. E que voc possa viver uma longa e saudvel vida para continuar o abenoado trabalho dos Mestres na SRF por todo o globo().

Esta a ltima carta que o Mestre escreveu para Rajasi Janakananda antes do Mahasamadhi.
6 DE MARO DE 1952 Meu mais Amado e Abenoado .1: Obrigado pelas maravilhosas toronjas e laranjas. Estou atarefado com a visita do embaixador da ndia. Foi um triunfo para a SRF, pois poltica e religio no se misturam. Com o mais profundo amor, muito sinceramente, . Yogananda. P. S. A comitiva do embaixador e o cnsul geral Ahega visitaro Encinitas no sbado. Por favor certifique-se de que ir encontr-los e seja apresentado por Dr. Lewis. Duj, esteja l tambm. Faam de tudo para agrad-los. Com amor, P. Y.

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APNDICE I
A Sra. J. W. Lynn, de Archibald, morre aps longa enfermidade
SBADO, 18 DE SETEMBRO DE 1943 RAYVILLE, COMUNIDADE DE RICHLAND, LOUISIANA A Sra. J. W. Lynn, 88 anos, uma das poucas remanescentes dos pioneiros que ajudaram a erguer a comunidade de Richland, morreu em sua casa, em Archibald, na quarta-feira pela manh, aps uma longa doena de vrios anos. Os servios funerrios foram prestados ontem (sexta-feira) na Igreja Presbiteriana de Archibald s 2h30min, sob a presidncia do Reverendo A. R. Cates, das Igrejas Presbiterianas de Rayville e Archibald. O enterro, conduzido pela Casa Funerria Mulhearn de Rayville, ocorreu no cemitrio da famlia em Archibald. Carregaram o caixo os Srs. E. J. Archibald, R. H. Lynn Jr., Guy McDonald, Joe McDonald, Noel Bradford, J. C. McDonough, J. Foster Jones e Richard Downes. Todos os membros da famlia foram os carregadores honorrios. Ela deixou marido; dois filhos: R. H. Lynn, de Archibald, e J. J. Lynn, de Kansas City, Mo.; duas filhas: Sra. C. I. Ellington, de Mangham, e Sra. T. W. Logan, de Archibald; um irmo: Velah Archibald, que mora prximo a Archibald; e muitos netos e bisnetos. A Sra. Salethia Jane Archibald Lynn nasceu no Condado de Tuscaloosa, Alabama, no dia 13 de fevereiro de 1855, mudando-se com seus pais para a comunidade de Richland em 1871, fixando residncia no lugar que hoje Archibald, na mesma casa em que viveu at sua morte. Ela casou-se com Jesse W. Lynn em 1883. Ele ainda vive e celebrou seu 90 aniversrio em 3 de abril ltimo. As famlia Lynn e Archibald so duas das proeminentes famlias desta localidade, sendo bem conhecidos e respeitados nesta regio do estado e em Kansas City, onde um dos seus filhos, J. J. Lynn, um dos maiores executivos da cidade, e onde outro filho, Eugene Lynn, que perdeu a vida em um acidente areo h alguns anos, era jovem e promissor advogado. Outro filho que perdeu a vida num acidente automobilstico foi V. Frank Lynn, que fundou a Companhia V. Frank Lynn, uma das maiores empresas atacadistas no ramo alimentcio de Monroe. A Sra. Lynn era dotada de grande bondade, compaixo e amor, que eram ainda mais visveis em seu lar, local onde foi uma devotada esposa e carinhosa me, sempre realizando suas tarefas com ternura e f, enriquecendo assim a vida de todos aqueles que Deus lhe confiou. Amiga sincera e amorosa, tratava a todos que encontrava com seu corao fraterno. Poucas mulheres viveram para conseguir tamanha nobreza de carter. Ela praticava sua religio a ponto de iluminar e consagrar sua vida para o bem e a felicidade dos outros. Essa vida de amor agora uma abenoada lembrana. At pouco mais que uns quatro anos atrs, quando um infeliz acidente a deixou debilitada, ela mantinha uma vida de servio incansvel para aqueles a quem amava. Nunca havia um momento enquanto estava acordada em que no direcionava toda as suas energias e seu ilimitado amor para trazer o conforto e alegria queles que foram sua famlia e seus amigos. Ela deu o mximo em pensamento e servio aos outros, impulsionada por seu corao to grandioso quanto o horizonte. Ela espalhava bondade assim como o sol espalha a luz. Se todas as suas aes fossem flores, o ar estaria carregado com seu perfume. O jornal Beacon-News, cujo editor a considerava como uma tia, implora pelo sagrado privilgio de somar suas lgrimas quelas de sua enlutada famlia, com o mais profundo e sincero pesar.

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Morre o mais idoso cidado da comunidade


Jesse W. Lynn morre em idade avanada SBADO, 4 DE AGOSTO DE 1945 RAYVILLE, COMUNIDADE RICHLAND, LOUISIANA Jesse W. Lynn, 92 anos, talvez o cidado mais idoso de Richland, membro de uma das famlias pioneiras a se fixarem na regio antes da Guerra Civil, morreu em sua casa em Archibald, na ltima quarta-feira, s 10h50min. O Sr. Lynn esteve doente por vrios anos, confinado a sua cama nos ltimos meses antes de sua morte. Ele deixa dois filhos: R. H. Lynn, de Archibald, e J. J. Lynn, de Kansas City; duas filhas: Sra. C. I. Bilington, de Mangham, e Sra. T. W. Logan, de Archibald; e um irmo: J. B. Lynn, de Montebello, Califrnia. Os ofcios funerrios foram feitos na Igreja Presbiteriana de Archibald, s 10 horas da manh de sbado. O Reverendo A. R. Cates, de Rayville, presidiu a cerimnia. O enterro foi no cemitrio da famlia. O Sr. Lynn nasceu no condado de Noxubee, Mississipi, em 3 de abril de 1853, e chegou com seus pais cidade agora conhecida como Richland, em 1860, e durante sua vida residiu prximo ao lugar em que originalmente se estabelecera. Trabalhou como fazendeiro por toda a vida e foi bastante ativo at sua sade comear a piorar. Embora nunca procurou se envolver com qualquer tipo de poltica, foi um cidado com uma profunda porm desinteressada preocupao com os assuntos da comunidade. Foi um pai de famlia, vizinho e cidado ideal, contribuindo em muito para o enriquecimento desta parte da Louisiana do Norte, durante sua longa e proveitosa vida. Sua esposa, senhorita Salethia Archibald, antes do casamento no incio da dcada de 1880, faleceu antes, em setembro de 1943. Ela tambm enfrentou bravamente uma longa e penosa enfermidade durante meses at sua morte. O amor e a dedicao que caracterizaram todo o seu casamento foram profundamente reafirmados em seus ltimos dias quando a doena confinou a ambos em casa. Sempre modesto e introvertido, ele no demonstrava com alarde seus nobres sentimentos que brotavam de seu corao de ouro. Aqueles que o conheciam bem, assim como este editor, um de seus sobrinhos, sabiam que seu carter era pleno de rara doura e encanto, assim como sua vida particular e sua relao com vizinhos e amigos um modelo de virtude, honestidade e cidadania. Nele estava presente a consistente beleza das idias elevadas e dos ideais que fazem a vida algo mais doce e feliz. Puro amor, esprito de ternura e bondade, integridade e lealdade crists, amorosa fidelidade a sua famlia e amigos, delicadeza de pensamento e conduta, elevada concepo do trabalho como a expresso do carter e, portanto, algo sagrado; sublime coragem para enfrentar as enfermidades da vida, mesmo at o fim, e uma alma que emanava o calor do Sul. Ser enterrado no cemitrio da famlia, no lugar que ele por muitos anos chamou de lar. A seu redor repousam aqueles que ele mais amou em vida, sem dvida um lugar adequado para seu descanso at o despertar da eternidade. A seus amados filhos que tiveram o privilgio de sua presena por tantos anos, ns ternamente encomendamos sua alma quele que conferiu a esse amado ser um raro corao e alma, que lhes enriqueceu a vida e deixou o inestimvel legado de uma vida pura, prpria de um pai bondoso.

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Recordaes de meu Guru Paramhansa Yogananda


Sri Durga Mata Julho de 1959

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ndice: Livro 3
A aparncia do Mestre .................................................................................................................................. 151 Exerccios e caminhadas............................................................................................................................... 152 Experincias com roupas e cabelo comprido ........................................................................................... 152 Suas roupas..................................................................................................................................................... 154 Alimentao.................................................................................................................................................... 154 A pele do Mestre ........................................................................................................................................... 157 A voz ............................................................................................................................................................... 158 Ausncia de sono........................................................................................................................................... 158 Escrevendo..................................................................................................................................................... 158 Hbito de leitura ............................................................................................................................................ 158 A guerra, em 1941 ......................................................................................................................................... 159 Amrica........................................................................................................................................................... 159 A respeito do dinheiro.................................................................................................................................. 159 Dirigindo um carro ....................................................................................................................................... 160 Trabalhando ................................................................................................................................................... 160 Filmes.............................................................................................................................................................. 160 Brincalho....................................................................................................................................................... 161 Caractersticas humanas................................................................................................................................ 161 Rdio ............................................................................................................................................................... 161 Cantando......................................................................................................................................................... 161 Viagens............................................................................................................................................................ 162 A participao do Mestre em nossas atividades natalinas ....................................................................... 164 Mensagem de Babaji ..................................................................................................................................... 166 Tocando os ps do Mestre........................................................................................................................... 166 As celebraes dos aniversrios do Mestre ............................................................................................... 166 Preconceito..................................................................................................................................................... 166 Emoes ......................................................................................................................................................... 167 O som de Om emanando de seus ps......................................................................................................... 167 rvores............................................................................................................................................................ 168 Lealdade .......................................................................................................................................................... 168 Curando .......................................................................................................................................................... 168 Tomando o sofrimento para si.................................................................................................................... 168 O amor do Mestre......................................................................................................................................... 170 Ajudando os outros....................................................................................................................................... 170 O sofrimento do Mestre pelos outros........................................................................................................ 173 Os olhos do Mestre....................................................................................................................................... 174 Citao final.................................................................................................................................................... 175 APNDICE II................................................................................................................................................... 176

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O Mestre mencionou pela primeira vez o seu aniversrio para Rajasi em 8 de janeiro de 1941. O Mestre utilizou o nome Swami ou S. Yogananda at 1938. Ento, por um tempo, usou apenas Yogananda. Comeou a assinar P. Yogananda em 28 de novembro de 1939. A primeira fez que escreveu Paramhansa Yogananda foi para Rajasi, em maro de 1940. Durga

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Recordaes de meu Guru Paramhansa Yogananda


Sri Durga Mata

No escreverei aqui sobre todo o trabalho que o Mestre fez, nem os projetos que criou. As pastas que esto contidas nos arquivos deste escritrio lhes diro sobre as idias dele, as batalhas para alcan-las e os resultados. Assim sendo, limitarei este escrito ao Mestre, da maneira como eu pessoalmente o vi, ouvi e senti em minha limitada capacidade. Foi em dezembro de 1927, em minha cidade natal, Detroit, que vi Paramhansa Yogananda pela primeira vez. Sem dvida, a impresso que dele tive foi a mesma que tiveram milhares de outras pessoas, nos anos que antecederam meu encontro com ele, durante sua curta existncia terrena e depois de seu Mahasamadhi, atravs de suas fotografias, escritos e ensinamentos. Naquele primeiro encontro, no memorvel dezembro de 1927, minha ateno fixou-se naquele belo rosto, porque minha alma sentia a alma divina dentro de sua forma exterior. Jamais havia visto algum como ele antes e, logo, tambm iria descobrir que no haveria para mim outro como ele. Sem saber e nem mesmo imaginar o que era um guru ou para que servia, a estrela de minha alma sentiu Sua luz Divina e agarrou-se mais uma vez Estrela Polar de meu eterno Guruji. Como que algum pode escrever sobre seu guru, ou definir em palavras a grandeza de uma alma semelhante a Cristo? Como que poderei expressar o que minha alma adquiriu por meio desse contato divino? As palavras so inadequadas, mas ainda assim farei uma humilde tentativa de expressar sua forma exterior assim como eu a vi, ouvi e senti, durante vinte e trs anos de proximidade fsica, bem como outros sete anos de contato onipresente com a Estrela Polar de minha vida, que est sempre me ajudando intuitivamente. A aparncia do Mestre Primeiramente, irei descrever a forma fsica do Mestre. Ele tinha 1,70 m de altura; ossos curtos, mos e ps pequenos. Era robusto, com alguma gordura, mas por meio dos exerccios de tenso ele desenvolveu msculos, ombros, braos e pernas bem torneadas. Os msculos no eram do tipo exagerado, mas bem distribudos e duros como ao. Ele tinha um grande abdome. Nos ltimos anos, enquanto fazia exerccios para perder um pouco da barriga, ele humanamente me confessou: E pensar que quando eu era jovem, no tinha barriga; fui ter apenas depois de me tornar Swami; naquela poca era algo especial um Swami ter uma grande barriga, ento pratiquei exerccios especficos para desenvolver meus msculos abdominais, mas agora que no os quero mais, est difcil de perder. Por essa razo, o Mestre no queria que o pblico em geral visse fotos suas sem tnica ou camisa; ele era humano o suficiente para no querer exibir seu estmago avantajado. Embora esse fosse grande, no era gordo, mas predominavam os msculos. Muitas vezes, o Mestre realizou faanhas em suas palestras demonstrando a fora de seus msculos abdominais. Ele se encostava numa parede e convidava uma dzia de homens da platia para subir ao palco. Ele fazia os homens ficarem em fila empurrando um as costas do outro com o primeiro apoiado na barriga do Mestre. Ento, com os msculos do estmago, ele dava um empurro para a frente e todos os voluntrios eram subitamente arremessados e caam de costas no cho. Ele tambm disse que sabia como andar sobre o fogo e que poderia jejuar indefinida-

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mente, mas que Deus no desejava que realizasse tais proezas, pois sua misso era unicamente ensinar e trazer as almas de volta para Deus por meio da Kriya e do amor. Ele tinha poucos plos cobrindo o corpo, considerando tratar-se de um corpo masculino. Para uma pessoa de seu peso e fora, caminhava graciosamente a passos sutis; dificilmente algum conseguia ouvir sua aproximao. Ele podia correr como uma gazela, como se estivesse na ponta dos ps. Podia vencer na corrida qualquer pessoa. Costumava apostar muitas corridas conosco na quadra de tnis ou na praia e, com facilidade, nos deixava para trs. Usava uma bengala no porque precisasse, mas porque, para ele, representava o cajado que os mestres do Himalaia carregam como smbolo da coluna vertebral e da Kriya Yoga. No importava com quanta pressa ou ocupado estivesse, ele jamais perdia seu banho dirio. Nunca acordava sem escovar os dentes e fazer a barba. Jamais o vi com a barba mal feita; era to meticuloso ao apar-la que muitos chegaram a pensar que sua barba no crescia. Para o Mestre, o asseio era quase uma religio. Exerccios e caminhadas O maravilhoso fsico do Mestre foi adquirido por meio de seus prprios exerccios de tenso, que ele criou e desenvolveu na ndia, antes de vir a este pas em 1920. Ele disse que naquela poca tentou todos os tipos de exerccios musculatrios para desenvolver e aprimorar sua fora corporal. Ele freqentemente pensava: Deve haver uma maneira melhor de se exercitar. E prosseguiu: Um dia, vi um gato acordando de uma soneca, e, logo aps, percebi que ele esticava seu corpo o tanto quanto podia por um bom tempo. Fiquei imaginando por que ele se esticava e o que isso gerava para o corpo. Ento comecei a me alongar tambm. Sendo eu dotado de um agudo poder de observao, descobri que estava sentindo muito mais vitalidade em meu corpo. O gato havia retesado o corpo, e essa experincia forneceu-me a idia de meus exerccios de tenso. Ao praticar o alongamento todas as manhs e noites, e durante o dia, comecei a sentir resultados maravilhosos. Depois de uma melhora aqui e outra ali, os exerccios tornaram-se aqueles que coloquei nas primeiras lies Yogoda. Em anos posteriores, o Mestre acrescentou mais exerccios, os mesmos que agora so praticados nas Lies da SRF, que despertaram o mundo para um novo mtodo de exerccios. Houve casos de alguns estudantes que copiaram as lies e comearam a ensinar como se fossem deles. Tudo o que o Mestre disse foi: Pelo menos, esto fazendo algum bem para as pessoas. O Mestre nunca deixou de fazer seus exerccios, no importava quo tarde da noite fosse ou quo cedo pela manh. Recordo-me de muitas ocasies em que fazamos os exerccios na frente de um hotel, no passeio, na estrada ou na praia, ainda que houvesse passantes nos olhando com curiosidade. Aps os exerccios, caminhvamos. O Mestre era inflexvel em sua vontade de que continussemos a fazer os exerccios. Numa ocasio em que sofria pelo carma de outra pessoa, ele se sentou na beira da cama e comeou a exercitar-se. Perguntei: Senhor, eu sei que j no precisa fazer os exerccios, por que ento est fazendo? Ele respondeu: Para ser um bom exemplo para todos vocs. Experincias com roupas e cabelo comprido O Mestre freqentemente nos contava histrias sobre seus primeiros tempos na Amrica, com referncia sua tnica ocre de Swami e seus longos cabelos flutuando por sob o turbante. Ele disse que queria educar os americanos usando seu hbito e cabelo comprido nas ruas e em qualquer lugar. Contou muitas histrias de suas experincias nas tentativas de educar as pessoas. Em certo ms de outubro, ele foi convidado para falar numa faculdade feminina perto de Boston. Tomou o bonde e, numa parada, um grupo de garotas embarcou. Ele estava de p, pois no havia cadeiras sobrando. Algumas meninas foram, digamos, mal-educadas, e comearam a fazer comentrios jocosos acerca de sua vestimenta, seu cabelo etc., e at mesmo chegaram a puxar seu cabelo. Aps praticar muita pacincia, ele pensou em lhes dar uma lio e disse em voz alta: Ento so essas as garotas americanas sobre as quais ouvi falar tanto na ndia. Encabuladas, elas pararam de rir e comearam a pedir desculpas pelo mau comportamento e explicaram que, como estava prximo do Halloween (Dias das Bruxas), pensaram que a roupa dele fosse uma fantasia e estavam entrando na brincadeira. Aps o incidente, pediram
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perdo e fizeram o que podiam para lhe agradar. Deram um lugar para ele se sentar e comearam a fazer perguntas sobre a ndia, o que ele ensinava e at o conduziram para o auditrio em que ele iria dar sua palestra. Certa vez, ele foi a uma exposio e comeu algumas amostras de comida. Aps, querendo lavar as mos, perguntou onde ficavam os banheiros. Seguiu as direes indicadas e entrou no local sem olhar para a placa na porta. L dentro, s viu mulheres por todos os lados; teve que deixar o local correndo! Quando desceu as escadas em direo ao banheiro masculino, um dos homens que estava subindo lhe disse: Para cima, senhora, para cima. O Mestre continuou descendo e quando os homens o viram, vieram de todas as direes, dizendo que ele devia subir. S se acalmaram aps ouvirem a voz alta e masculina do Mestre dizer: Eu sei para onde estou indo. Uma vez, enquanto estava num trem, notou que o cobrador ficava andando para l e para c perto dele. Finalmente, no agentando mais de curiosidade, ele perguntou ao Mestre: Voc homem ou mulher? O cabelo do Mestre era longo, cheio, ondulado e de um negro-azulado. Muitos pensavam que ele alisava o cabelo. Certa poca, ele tinha um jovem ajudante que lhe dava assistncia durante uma temporada de palestras e, numa noite, antes de subir ao palco para fazer o discurso, o Mestre estava parado na frente do espelho, penteando o cabelo. Ele o repartia no meio e puxava o cabelo da parte de trs mais para a frente, por sobre os ombros. O rapaz pensava como o Mestre era vaidoso. O Mestre freqentemente contava em suas palestras a lio que dera ao rapaz naquela noite. Disse que ficou deliberadamente o maior tempo possvel na frente do espelho se penteando para fixar cada fio de cabelo no seu devido lugar, puxando aqui e ali, alisando e soltando, enquanto observava que a expresso do rapaz passou de simples crtica para a mais profunda condenao. Finalmente, o Mestre se virou para ele e disse: Ento voc pensa que sou vaidoso porque arrumo meu cabelo antes de encarar uma platia. Eu vi voc no espelho e recebi seus pensamentos. por isso que, de propsito, fingi-me de vaidoso. Fiz de tudo para voc me criticar. Que isso lhe sirva de lio. Nunca critique as pessoas por coisas que no compreende, nem julgue os outros por conta prpria. Voc tambm iria me criticar se eu subisse ao palco com a aparncia de quem acabou de sair da cama. O rapaz pediu desculpas e nunca mais criticou o Mestre. O Mestre raramente lavava o cabelo, porque tinha a velha teoria de que a lavagem freqente poderia faz-lo cair. Mantinha o couro cabeludo e os fios muito limpos, escovando-os religiosamente todos os dias. Nunca percebi uma s caspa e no me recordo de jamais sentir algum cheiro, exceto quando ele precisava estar em local onde havia fumantes; ento, ele arejava seu cabelo quando chegava em casa, para se livrar dos odores. Transcrevo aqui um trecho de uma carta do Mestre para Rajasi, comentando sobre fumaa em seu cabelo.
14 DE JULHO DE 1937 Depois de fazer discursos em banquetes, eu vinha para casa com o cabelo saturado de fumaa e os olhos ardendo. Eu at me sentia sufocado. Um dia, tomei a deciso de que o Esprito Divino era fumaa e luz, e nunca mais me incomodei depois disso. A mente tudo, conforme o treinamento que dermos a ela. Embora na maioria das vezes eu viajasse na primeira classe, nos trens da ndia, algumas vezes fui em vages de terceira classe, amontoado com pessoas sujas, fedorentas e at mesmo leprosas. Eu me concentrava e descobria a Me Divina presente l tambm.

O Mestre deixava seu cabelo solto sempre que usava seu hbito; nas outras vezes, fazia tranas. Ele apertava bem e colocava a trana dentro da gola ou a pregueava por baixo do cabelo, atrs da nuca, prendendo-a com um grampo. Olhando de frente mal dava para perceber. De trs, poderia parecer cortado, de to bem arrumado que estava. Ele no cortava o cabelo, exceto para aparar as pontas ao redor das orelhas e, na nuca, uns poucos fios soltos. Embora seu cabelo tivesse diminudo e houvessem surgido alguns fios grisalhos no final de sua vida terrena, sempre permaneceu negro e bonito. Uma vez, o Mestre ouviu de um de seus condiscpulos indianos que Sri Yukteswar havia visto uma foto sua com o cabelo amarrado atrs e dissera: Agora vejo que Yogananda se americanizou de vez: ele cortou o cabelo. Imediatamente aps receber essa notcia, o Mestre tirou uma foto e a manUma Trilogia do Amor Divino 153

dou diretamente a seu guru, escrevendo: Se eu tivesse cortado o cabelo, no teria crescido to rpido. Ainda est comprido conforme a sua vontade. Sri Yukteswar ficou satisfeito por seu filho espiritual haver respeitado sua vontade, e o Mestre tambm ficou feliz em mostrar a seu guru que manteve vivo seu desejo de que conservasse o cabelo comprido. Suas roupas O Mestre disse que aps alguns anos tentando educar o povo americano quanto a seu jeito de se vestir e de usar o cabelo, teve de admitir que era apenas uma nica alma solitria entre milhes, ento decidiu seguir o modo de vestir-se desses milhes e comeou a usar ternos. Quando cheguei, ele usava colarinho com um xale branco dobrado no centro e seguro por um broche de pavo. Mais tarde, usou nosso broche da SRF. Aps alguns anos, deixou o colarinho duro e usava apenas o xale branco preso pelo emblema da SRF. Normalmente, usava ternos azul-marinho ou, algumas vezes, cinza ou marrom, mas nunca preto, e sempre com camisa branca. Em anos posteriores de sua vida, usou calas de cor azul claro, cinza ou branco, junto com casacos. Nunca deixou de usar seu xale branco e sapatos comuns. Em anos posteriores, forrava a sola do sapato com crepe grosso. Sua teoria era de que as caminhadas no cimento duro abalavam muito os nervos do corpo. Sempre usava um casaco, fosse vero ou inverno. Por muitos anos, eu me interroguei por que ele sempre usava um sobretudo, mesmo nos dias de maior calor. Um dia lhe perguntei: Por que o senhor sempre usa sobretudo, mesmo quando est calor? Ele respondeu: Porque isso me faz sentir como se estivesse vestindo uma tnica. Ento entendi que ele no iria permitir que as roupas mundanas afastassem de sua mente aquilo que ele sempre foi em pensamento: membro de uma ordem que usava tnica. Jamais o ouvi pedir algo para si mesmo e, se ele precisasse de roupa nova, outras pessoas tinham de perceber isso e conseguir para ele. Para dormir, ele usava camisolas de cor laranja, remendadas durante anos, e apenas em anos recentes usou pijamas de diferentes cores. O Mestre usava sua tnica nas palestras, entrevistas, celebraes e cerimnias. Nos primeiros anos suas tnicas eram de algodo, mas descobriu que os americanos pensavam que ele era pobre e no o seguiam por causa disso. Na ndia, ele disse: Aqui um Swami mal visto se usar qualquer outra coisa que no seja algodo, mas na Amrica sou desprezado se uso algodo; ento, l, tive que mudar minha vestimenta para seda; mas quando retornei ndia em 1935, voltei a usar algodo novamente. Na primeira vez que o encontrei, ele usava sua tnica com um grande cinto ao redor dos quadris e seu longo xale dobrado pela metade, preso na frente do pescoo. Mais tarde, comeou a usar o xale da maneira que se pode observar nas fotos mais recentes, nos lados. O Mestre disse que a cor laranja a cor da alma e a cor do renunciante. Alimentao O Mestre no tomava caf da manh, talvez o almoo, mas normalmente comia algo cozido, sem hora marcada, dependendo de suas atividades. s vezes, ia at a geladeira pegar um pedao disso ou daquilo, a sobra do curry ou outras comidas, ou ento sentava-se mesa e cortava batatas e outros vegetais para um curry que planejava cozinhar. Costumava tomar banho antes de comer. O Mestre gostava de suas comidas bem temperadas, ao molho de curry, e na maioria das vezes bem apimentadas. Embora no fizesse o molho muito picante para o resto das pessoas que comiam com ele, separava um pratinho com pimenta malagueta picada para colocar no seu prprio curry. O Mestre comia ao estilo indiano, com os dedos, exceto se houvesse convidados, ou num restaurante, quando ento usava talheres. Ele conseguia at mesmo fazer uma concha com as mos para tomar suco com os dedos. Horas aps o trmino do almoo, ele costumava passar os dedos sob o nariz para sentir o cheiro do curry que ainda se demorava nos dedos, mesmo aps diversas lavagens. Ele costumava nos dizer que uma maneira de saber se o curry havia sido bem feito era se o cheiro permanecesse nos dedos por muito tempo. O maior prazer do Mestre era cozinhar. Ele conseguia sentir na boca, intuitivamente, o gosto da comida e ento, no importava a hora do dia ou da noite, descia para a cozinha e misturava os diferentes ingredientes at conseguir o mesmo gosto que provara em sua inUma Trilogia do Amor Divino 154

tuio. Ele tinha vrios mtodos de cortar batatas. Cortava de um jeito para determinado curry, de outro para o curry de couve-flor, ou em tiras para uma sopa. As batatas novas precisavam ser cortadas de forma inteiramente diferente. Ele mesmo as cortava ou me mostrava como cort-las, e dava instrues de como frit-las, etc. Quando estava pronto, eu lhe dava uma amostra do curry para ele provar e me dizer o que ainda faltava. Ento ele colocava aquele delicioso toque final, que fazia a comida ficar verdadeiramente de outro mundo. Ele algumas vezes ficava horas de p na frente do fogo, com gotas de suor escorrendo da testa e do rosto. Ele sempre provava a comida para conseguir o sabor exato e outras vezes provava a comida ainda fervendo, mas nunca queimou a boca. O arroz com aafro era feito com uvas passas brancas e amndoas peladas, canela em pau, folhas de louro, aafro espanhol, acar e sal. Esse era um prato digno de lembrana. Ainda consigo enxerg-lo esmagando com os dedos um ovo bem cozido, de galinha ou de pato, adicionando ghi (manteiga clarificada), sal e arroz. Se estivesse na estao das mangas, fazamos mais arroz para que ele misturasse a sobra com polpa de manga, creme de leite e acar como sobremesa. Que memrias maravilhosas que me traz! Ele nunca comia sozinho. Sempre partilhava com os outros, especialmente aps os servios, fosse no Golden Lotus Temple, na Igreja de Hollywood ou de San Diego. Ele enchia de pessoas suas salas de entrevista para comer com elas. Como se deliciava ao alimentar suas crianas espirituais. O Mestre adorava colocar a comida no nosso prato e, se quisssemos ser educados e passar para algum que estivesse prximo a ns, ele pedia para a pessoa devolver o prato, dizendo: Eu preparei este prato para voc. Sirvo um prato para cada pessoa, dando uma bno particular, e esse prato no pertence a mais ningum. Ento, sempre mantivemos o prato que ele nos preparava, ansiosos para receber e manter nossas prprias bnos especiais. A hora de comer era quando ficvamos todos juntos. Pensvamos que essa era a hora de colocar as conversas em dia. O pobre Mestre tinha que dizer diversas vezes durante o almoo que gostava de comer em silncio. Ficvamos quietos por um tempo e, ento, comevamos a sussurrar ou fazer sinais, at que ele nos chamasse a ateno novamente. Nossa maior alegria era quando o Mestre pegava um pedacinho de sua prpria comida com os dedos e colocava em nossas mos para provar aquela amostra especial, impregnada de sua bno. Para ns, era como se fosse o man dos cus. Aps nosso jantar em famlia, o Mestre falava durante algum tempo e ento, como criana da Me Divina que era, seus grandes olhos de ltus comeavam a ficar pesados e sua cabea finalmente se apoiava num dos ombros e ele pegava sonoramente no sono. Essa cena nos recordava aquelas fotos de bebs sentados em suas cadeiras altas, dormindo. Como so preciosas essas memrias! O Mestre adorava banquetes e multides de almas. Na noite anterior ao banquete, ficava acordado o tempo inteiro, dirigindo o preparo de acordo com o cardpio. Ele sempre fazia um cardpio diferente para cada banquete. Adorava surpreender as pessoas e faz-las adivinhar o que era isso ou aquilo. Gargalhava quando as pessoas no conseguiam dizer o ingrediente que ele usara para substituir a carne. Ele inventou um peru com ossos feitos de bambu, e at colocou um tutano de abbora dentro dos ossos. Gostava de fazer ovos artificiais, tanto a clara quanto a gema. Ficava satisfeito quando as pessoas no conseguiam notar a diferena. O Mestre ficava a noite inteira em estado de alegria. Para ele, no fazia diferena estar na frente de um fogo ardente, ou provando isso ou aquilo, s vezes cantando ou contando histrias ele sempre conseguia deixar nossos nimos elevados o tempo inteiro. Se a comida preparada na noite anterior estragasse por causa do calor do vero, ele jamais se via perdido, pois sabia exatamente como resolver a situao. A comida precisava estar perfeita, somente ento ele se dava por satisfeito. Era muito perfeccionista nesse assunto. O seu bom humor nos ajudava a passar a noite inteira acordados com ele. Recordo-me quando o Mestre e Rajasi se mudaram pela primeira vez para o eremitrio em Encinitas. O Mestre cozinhava na cozinha utilitria, instalada no centro da rea reservada para ele e Rajasi. Ele ficava na maior alegria ao testar novas receitas para Rajasi e todos ns experimentarmos. O Mestre exultava de alegria quando Rajasi comia tudo que ele colocava no seu prato. Quando Rajasi expressava seu contentamento pela comida, o Mestre sorria e falava: Ele gostou. D-lhe mais. A mesa do jantar era a fagulha que acendia as conversas sobre comida. O Mestre nos falou que na ndia havia um peUma Trilogia do Amor Divino 155

queno vegetal arredondado chamado patol, que tinha um sabor que lembrava nossa batata irlandesa, mas muito superior. Ele nos relatou as diferentes receitas feitas com patol. Como o Mestre ficou feliz ao receber seu primeiro patol fresquinho vindo da ndia. Tal ocasio pediu uma celebrao. Todos ganhamos um pedao e devo dizer que ele no exagerara na descrio, era realmente delicioso. O Mestre tambm nos disse como na ndia havia uns feijes com vagem de uns trinta centmetros, e pepinos ingleses igualmente longos, ou uma abbora de Chicago com uns 50 centmetros de tamanho. Este ltimo vegetal era deliciosssimo quando frito na manteiga. O Mestre comprava essa abbora no mercado do nosso Chinatown. A temporada das mangas era a deixa para o Mestre explicar que na ndia havia 200 variedades de mangas e como cada uma delas era diferente da outra. O Mestre plantou mangueiras em Mt. Washington. No ano em que o Mestre chegou a Nova Iorque vindo da sua viagem ndia, saiu a primeira safra de mangas daquele p. Mandamos por avio uma ou duas mangas at Nova Iorque, para que ele provasse as primeiras frutas brotadas de sua prpria rvore. Antigamente era difcil achar mangas. S conseguamos compr-las numa feira mexicana, a um preo relativamente elevado, mas o Mestre sempre dava um jeito de conseguir algumas. Anos depois, alguns lderes do centro da Flrida mandavam mangas para o Mestre. Gradualmente, mais e mais pessoas lhe enviavam, at que as frutas jorravam em abundncia e o Mestre tinha todas as mangas que poderia desejar, sendo capaz, para sua grande alegria, de distribuir as frutas para todos na casa. Elas continuavam chegando em grandes cestos, e tnhamos mangas espalhadas por todo lugar, at mesmo no banheiro. Ah, como ele gostava disso! Mandava caixas e mais caixas para Rajasi em Kansas City ou Encinitas. Rajasi, por sua vez, encomendava algumas da Flrida e mandava para o Mestre tambm, ento tnhamos nosso delicioso estoque de mangas. O Mestre adorava nozes litchi. As frescas era muito boas. Elas tinham a casca avermelhada e eram brancas por dentro, suculentas e doces quando maduras; so realmente uma delcia. O Mestre descobriu um lugar em San Diego que tinha vrias dessas rvores de nozes litchi. Comprou todas as nozes daquelas rvores e as reservou j para a prxima estao. Mandava caixas para Rajasi, aps selecion-las e estivessem bem maduras, ou ento o Mestre as guardava no refrigerador at Rajasi chegar. Ns quase conseguamos sentir realmente o sabor fresco, macio e cremoso do coco e do leite de coco, quando o Mestre descrevia o gosto deles. Conseguimos comprar cherimlias de um pomar em Encinitas. So deliciosas e o Mestre as adorava. Ele nos contava com detalhes como eram as cherimlias da ndia. Eram menores, mas doces como o mel. Ainda consigo ver o Mestre cortando o topo da fruta e, com ambas as mos, espremendo a polpa suculenta que lhe caa na boca. Tnhamos videiras crescendo na cerca do pomar de mamoeiros. O Mestre tambm gostava de sapotis. O abacate era uma fruta nova para o Mestre. Quando chegou a este pas, gostava de fazer experimentos culinrios com eles, mas descobriu que ficavam amargos quando cozidos. Ele fazia sobremesas maravilhosas com o abacate esmagado com acar, um pouco de creme de leite e chatney. Ainda consigo provar mentalmente seu sabor. Ele tambm gostava de esmagar abacates com suco de cebola e alho, acrescentando ainda pimenta vermelha, um pouco de sal aqui e ali, colocando tudo dentro do chapati (um po tradicional indiano) e, hmmmmm, delcia. O tpico favorito do Mestre era a jaca da ndia. Ele ficava meia hora falando somente dela, pois havia tantas receitas que se podia fazer, considerando-se os diferentes pontos de maturao da fruta. Essa fruta to alta quanto um homem e igualmente larga, existindo muitas variaes de receitas possveis para sua polpa, outras para as sementes e ainda outras para quando a fruta estivesse bem madura. Ele dizia: No consigo descrever para vocs essa fruta maravilhosa e os variados mtodos de prepar-la. O mamo era outra fruta que ele gostava, mas os mames da ndia eram bem mais doces e variados. Ele nunca deixou de elogiar Rajasi por suas doces laranjas, toronjas e suculentas tangerinas, suas preferidas dentre todas as outras frutas ctricas. O Mestre no gostava de frutas azedas, como morangos e amoras, a menos que tivesse bastante acar misturado. Raramente comia bolos, tortas ou biscoitos, embora apreciasse as balas indianas. O Mestre passava horas preparando balas para os convidados indianos e fazia muitas para o resto de ns apreci-las tambm. Ele fazia rashagulas (balas) brancas. Algumas ele fritava e outras ele fervia, em calda espessa. O sundish com nozes de pistache era

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muito bom, feito com leite ou channa (coalhada). Mas o halvah (pudim indiano) que o Mestre fazia era fora do comum. Ningum jamais o fazia to bom quanto ele. O Mestre no mascava chicletes. Ele tentou, mas s mascava com os dentes da frente, nunca com os dos lados. Mostramos a ele como fazer, mas ele revertia e mascava nos dentes da frente. O Mestre no bebia caf. Assim que chegou ao pas, no sabia que o caf podia se tornar um vcio. Ele bebia e aonde quer que fosse as pessoas lhe serviam caf. Um dia, enquanto estava sozinho, no conseguiu encontrar caf e sentiu falta da bebida. Ento, pensou para si mesmo: Ah, ento quer dizer que voc sente falta do caf, no mesmo? Muito bem, voc jamais ir tomar novamente, e nunca mais bebeu. Dizia que se um hbito o escravizar, est na hora de livrar-se dele. O mesmo ocorreu com o ginger ale (um refrigerante de gengibre). Seu gosto lhe recordava uma bebida que existe na ndia. No importa aonde fosse, seus amigos lhe mandavam ginger ale. Um dia ele sentiu falta da bebida, e tambm a abandonou, do mesmo jeito que fizera com o caf, embora, de vez em quando, muito esporadicamente, ainda bebia ginger ale. Certo dia, um de seus amigos lhe perguntou se ele j havia provado cerveja. O Mestre respondeu: No. O amigo insistiu que o Mestre experimentasse. O Mestre repetidamente recusou. Ento o amigo disse: Por favor, por mim, apenas experimente. Para agrad-lo, o Mestre molhou a ponta do dedo mnimo na cerveja e tocou a lngua, dizendo: Bem, voc queria que eu provasse, ento provei. amargo, no gostei e, mesmo se tivesse gostado, no beberia. Uma vez, o Mestre foi convidado para uma festa da alta sociedade na qual todos estavam bebendo coquetis. Deram um copo para o Mestre. Ele estava sentado prximo de um escocs. Para o deleite desse, o Mestre despejava sua bebida no copo dele. O garom vinha e enchia o copo do Mestre novamente. Isso continuou por algum tempo. De repente, algum disse: O Swami um dos nossos, ele est bebendo conosco. O Mestre pensou: Ai meu Deus, estou em maus lenis: vo pensar que estive bebendo e vo me tachar de alcolatra. Ento o Senhor veio em seu resgate, pois um dos convidados gritou dizendo: Nada disso, se vocs olharem para o escocs sentado perto dele, vo ver que o coitado j bebeu muito alm da conta, pois o Swami estava colocando sua bebida no copo dele e durante todo esse tempo no bebeu uma gota sequer. Isso salvou a reputao do Mestre, e ele decidiu nunca mais fazer o que fez, pois era quase o mesmo que beber. Ele no se importava se os indivduos o considerassem um dos seus ou no. Ele continuava com suas recusas quando lhe ofereciam algo espiritualmente nocivo. O Mestre mantinha seus princpios o tempo inteiro. Escrevi tudo isso sobre alimentao por causa do que o Mestre nos contou: A atrao que faz a alma reencarnar-se na terra o desejo, e a nica maneira de escapar desses renascimentos aprender a se tornar sem desejos. A pesada carga dos desejos a faz descer para o local onde os desejos so formados. O Mestre costumava contar essa histria: Se voc tiver desejo de tortas de ma, ter de voltar Amrica para com-las, pois s aqui, na Amrica, se fazem tortas de ma; mas quando voc se livra do peso, pode migrar para uma esfera mais sutil de existncia. Ele tambm disse: As almas que j se libertaram, mas voltam terra para ajudar os outros, no tm mais desejos, por isso precisam deliberadamente criar um desejo para impedir que o corpo se dissolva no Infinito, antes que seu trabalho esteja terminado. O Mestre deixava subentendido que ele escolhera para si o desejo de boas comidas porque, alm de inofensivo para ele, tambm no prejudicava a ningum. Como ns fomos e ainda somos privilegiados pelo fato de que ele amou tanto os filhos de Deus, a ponto de sobrecarregar-se a si prprio para que pudesse descer a este planeta mundano e nos ajudar. A pele do Mestre A pele do Mestre era tpica do indiano do leste, misto de dourado e azulado. Era extremamente suave e aveludada, especialmente no rosto, mos e ps. Mesmo quando ele andava com trajes de banho na praia, exposto ao vento e ao sol, sem protetor, sua pele continuava macia, muito embora usasse no rosto gua de colnia e talco depois de barbear-se.

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A voz Como vocs j ouviram a voz do Mestre em gravaes e fitas, s tenho a acrescentar que observar a expresso de seus olhos, face e gestos, somada ao poder de percepo de sua alma, dava sua voz um poder de convico enorme. Ao ouvirem sua voz da tribuna, cantando ou falando, muitos foram curados no corpo, na mente e na alma. Tais palavras de sabedoria e amor brotavam atravs de um dos maiores veculos de Deus: o Mestre e sua poderosa voz, guiada por Deus. Ausncia de sono O Mestre costumava escrever com maior freqncia no perodo noturno. Era to ativo durante a noite quanto durante o dia, pois esses dois eram a mesma coisa para ele. O Mestre lia muito pouco, mas se mantinha atualizado lendo os jornais, ou pedindo que algum os lesse para ele. As entrevistas com ele algumas vezes duravam toda a noite. Como no dormia, acabava se esquecendo de que os demais precisavam dormir. Quando pedia um certo nmero de telefone, lembrvamos a hora, acrescentando que a pessoa j estaria dormindo e no gostaria de ser acordada no meio da noite. Se ele fosse ntimo da pessoa, ligava de qualquer maneira. s vezes, ligava para o Dr. Lewis e os dois conversavam durante horas. De vez em quando, telefonava para Eugene BenVau e outras pessoas durante a noite. Quando ligava para Mt. Washington, acabava conversando com vrias pessoas. Alm de no desejar, ele no gostava de dormir. Sempre que algum lhe perguntava se ele estava indo para a cama, respondia: No mencione essa palavra, detesto cama. O Mestre absolutamente no tinha conscincia do tempo, por isso no tinha hora certa para deitar-se. Acredito que ele se recolhia no quarto para que pudssemos ter nosso merecido descanso. Quando nos dispensava, dizia: Primeiro a meditao, depois o sono. Isso podia ser qualquer hora entre a meia-noite e as sete da manh. Seu perodo de sono variava de duas a seis horas, mas na maioria das vezes era apenas de quatro horas. O Mestre nunca deixou de meditar antes de dormir. Permanecia consciente enquanto dormia, de forma que, para ele, o sono era quase uma meditao. A nica vez que sabamos que ele estava dormindo era quando, ao passarmos pela porta de seu quarto, ouvamos altos roncos ou uma sonora respirao profunda. Contudo, o Mestre tirava vrios cochilos durante o dia ou a noite, especialmente aps as refeies. Tambm, se estivesse lendo o jornal, ele explicou que caa no sono porque havia praticado tanto o exerccio da conscincia associada aos trs nveis do olhar que, quando seus olhos abaixavam para ler, ele automaticamente entrava na subconscincia; mas no conseguia dormir se seus olhos estivessem dirigidos para a frente ou para cima, ao ponto entre as sobrancelhas, as sedes, respectivamente, dos nveis consciente e superconsciente. Escrevendo Alguns dos maiores escritos do Mestre foram compostos no eremitrio de Encinitas. Ele ficava nos seus aposentos enquanto escrevia. Na maioria das vezes, escrevia mo. Outras vezes, ditava para Daya anotar taquigraficamente, ou ento ela e Mataji se alternavam na mquina de escrever, enquanto ele ditava. Assim ele gostava mais, pois, conforme disse, podia pedir que elas lessem na hora e ele podia corrigir ou explicar melhor um pensamento imediatamente, sem precisar reler tudo depois. O Mestre escreveu em Encinitas sua Autobiografia de um Iogue, o livro Second Coming of Christ (A Segunda Vinda de Cristo) e alguns trechos do Bhagavad Gita. O restante desta ltima obra ele escreveu em Twenty-Nine Palms. No transcurso de todos esses anos, o Mestre escreveu muitas outras jias preciosas, que brotavam das profundezas de sua percepo espiritual, para o benefcio do mundo inteiro nos sculos que esto por vir. Hbito de leitura O Mestre disse que no leu mais que uma dzia de livros em toda a sua vida. Posso muito bem acreditar nisso, porque em todos os anos que estive em contato com ele, vi que quando ele pegava um livro lia apenas por alguns momentos e, depois, nunca mais o abria novamente. Ele lia, entretanto, os jornais, para manter-se atualizado. No gostava que ningum bagunasse seu jornal. Queria l-lo primeiro
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e a maioria de ns respeitava essa vontade. Ele poderia pegar o jornal para ler a qualquer hora do dia, mas especialmente durante a noite. Sempre havia alguma de ns pronta para atend-lo em suas necessidades e, quando estvamos em mais de uma, freqentemente acabvamos conversando. O Mestre abaixava o jornal, dizendo: Sou um mau leitor, no consigo ler enquanto vocs conversam. Fiquem quietas se desejam permanecer no quarto. Ficvamos quietas por um tempo, mas depois comeavam os cochichos. Ele dizia: Ainda consigo ouvir seus cochichos. Ento apelvamos para os gestos. Mas isso tambm o perturbava, pois ele conseguia captar nossa inquietude. Algumas vezes, uma de ns lamos o jornal para ele. Por mau leitor, quis dizer que sua mente costumava se interiorizar quando ele comeava a ler. Sua mente dirigia-se para dentro e ficava difcil para ele traz-la at o objeto em questo e, portanto, o mnimo rudo ou conversa distraam sua mente da leitura. A guerra, em 1941 O Mestre acompanhou as notcias da guerra desde o incio at o fim. Ele mesmo lia os jornais ou pedia para lermos os artigos sobre as atividades da guerra, especialmente durante o conflito do Japo, pois sua amada ndia corria perigo. Como o Mestre rezou e sofreu na luta da ndia pela liberdade e durante seus anos de fome. Sua maior preocupao em relao Amrica que ela no cometesse muitos erros graves, acarretando assim para si mesma um mau carma por causa de decises equivocadas nas manobras de guerra. Seu corao estava em prece constante pelos rapazes nos campos de guerra, por suas mes aflitas e suas famlias. Ele sofria junto de cada alma que tombava ferida na terra, no ar ou no mar. Ele estava com elas em Esprito. Percebia a inutilidade da morte dos jovens de qualquer nao, bem como a destruio de edifcios que levaram anos para se construir e pagar. O Mestre sempre disse que a matana de pessoas e a destruio de edifcios no resolviam coisa alguma. A ganncia era a causa das guerras. A inutilidade da guerra sempre esteve em seu corao sensvel e amoroso. Amrica O Mestre freqentemente dizia que seus estudantes, discpulos e amigos americanos eram seus verdadeiros parentes. Quando estvamos em viagens e precisvamos parar em algum lugar distante, sempre achvamos bastante comida, boas hospedagens com banheiros, hotis ou albergues bem equipados. Os restaurantes serviam sorvetes; e a pessoa sempre conseguia leite ou qualquer coisa que se pode encontrar nas cidades. A frase de espanto freqentemente proferida pelo Mestre era: No h lugar no mundo como a Amrica; conseguimos qualquer coisa em qualquer lugar. Ou ento: Os americanos tm uma idia e trabalham nela sem parar at conseguir realiz-la ou aperfeio-la. Tais mentes prticas e progressivas esto fadadas ao sucesso. Sua profunda apreciao pela Amrica nos fez perceber o quanto somos privilegiados por sermos americanos. A respeito do dinheiro O Mestre gostava de ter algum dinheiro no bolso, mas normalmente era para comprar alguma coisa para os discpulos ou dar um dlar para os rapazes e outras pessoas ao redor do eremitrio. Ele gostava de pechinchar com os vendedores e ficava no caixa tentando reduzir o preo at que o homem vendesse aquele item pelo preo que o Mestre queria. Ento, o Mestre dava uma substancial gorjeta, que fazia o valor gasto ao final ser maior do que seria sem o desconto que foi dado. Muitas vezes, ele decidiu guardar um presente que ganhara ou alguma coisa que comprara e que realmente havia gostado, dizendo que no iria se desfazer do bem. Mais dia menos dia, ns percebamos que aquele objeto em particular havia sumido, e depois descobramos que ele dera para algum que havia expressado admirao pelo artigo. Ele no conseguia ver uma criana sem lhe dar uma moedinha. Eu costumava recolher os donativos do templo, juntando a coleta e entregando o dinheiro para o Mestre cuidar das variadas despesas. No meio da semana, quando ele me pedia para entregar o dinheiro da coleta, eu respondia: J lhe dei, senhor Ele replicava: Quando voc me deu? O que aconteceu com o dinheiro? Ento, de maneira a refrescar sua memria, eu disse: Senhor, toda vez que eu lhe
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der o dinheiro de agora em diante (o montante era muito pequeno), farei com que o senhor rubrique um bilhetinho com a data e o valor entregue, para que no haja confuses no futuro. Ele sorria toda vez que eu lhe dava o dinheiro junto com o bilhete para rubricar e, daquela poca em diante, nunca mais esqueceu a quantia recebida, e ambos ficamos felizes. Eu ainda guardo alguns daqueles lembretes que ele to docemente rubricara. Dirigindo um carro O Mestre nunca dirigiu. Uma vez ele tentou, sobre cuja experincia disse: Fui direto para o acostamento, depois de fazer ziguezagues por toda a estrada. A pessoa que estava comigo jamais esqueceu aquele dia. Sri Yukteswar me abenoara dizendo que eu sempre teria algum para me levar aonde eu quisesse, e essa bno jamais falhou. Trabalhando O Mestre no necessitava mais realizar trabalhos manuais, pois j havia terminado essa fase de treinamento enquanto estava com seu guru na ndia. s vezes, ele saa para varrer as caladas e a quadra de tnis, a fim de ser um exemplo para todos ns, e tambm ficava de p, horas a fio, preparando a comida e cozinhando. Nunca levantava pesos excessivos, pois j tinha o suficiente carregando nosso pesado fardo crmico, e no era preciso aumentar essa carga. Em relao aos trabalhos do Mestre, se voc ler suas cartas a Rajasi sobre cada projeto que empreendeu, bem como as minhas descries sobre a histria de cada um deles, compreender a tremenda fora de vontade e o trabalho duro que ele teve que empregar para realiz-los durante seu curto perodo de vida. Trabalhava com total concentrao, fora de vontade e mximo zelo, no para si mesmo, mas para seu filho espiritual, a SRF. Ele assumiu a misso que seus Mestres lhe haviam confiado, e trabalhou nela com toda a intensidade de seu corpo, mente e corao, enquanto sua alma se rejubilava no contato divino, providenciando para as geraes futuras uma organizao cujos ensinamentos destinam-se salvao de sua prpria famlia da SRF e do mundo. O Mestre nunca nos contava de antemo seus planos, mesmo que estivssemos trabalhando com ele nesses planos, pois dizia que Sat tentaria impedir que fossem realizados, ou modific-los de alguma maneira. Somente depois que sua idia se materializasse que ele contava quais tinham sido seus planos. Ns nunca sabamos se estava planejando um banquete at que ele o anunciasse do plpito, com dois domingos de antecedncia. Ele recebia uma viso ou pensamento e, ento, silenciosa mas firmemente, planejava sua materializao. O Mestre escreveu a Rajasi em 12 de maio de 1950: Por favor, mantenha silncio sobre a minha viagem ndia, pois Deus deseja segredo absoluto, e meu Mestre sempre aconselhava a discrio no que se refere a planos. Filmes O Mestre costumava ir ao cinema para se afastar dos interminveis telefonemas e entrevistas. Ele gostava de filmes de faroeste, terror e batalhas, porque tais filmes mantinham sua mente um pouco mais voltada para o mundo externo, muito embora, na maior parte do tempo, ele ficava em meditao, assistindo ao filme interno de Deus. Gostava de ter a companhia dos discpulos no cinema. Se houvesse algum numa cadeira a seu lado, pedia que a pessoa cedesse o lugar a um de ns; ou, se estivssemos espalhados, medida que as pessoas iam saindo, ele mandava que nos aproximssemos, at que todos os discpulos estivessem junto dele. Gostava de brincar, cutucando um ou outro com a bengala, e ento disfarava, fazendo de conta que no foi ele. Ou ento enrolava guardanapos de papel em forma de espiral e colocava no cabelo da discpula sentada sua frente. Quando a pessoa se levantava sem saber que tinha os papis na cabea, o Mestre morria de rir. Ele gostava que uma pessoa pequena se sentasse sua frente, para que no fosse atrapalhado em sua viso do filme. Se fosse um estranho alto que l estivesse sentado, mudava de lugar at encontrar uma pessoa baixinha na cadeira da frente. Naturalmente, sempre lhe dvamos um lugar em que houvesse uma pessoa de pequena estatura na frente. Se os filmes fossem engraados, ele ria to alto e batia com os ps e a bengala no cho, com entusiasmo. Nosso Guruji era uma alma alegre e brincalhona, nele no havia qualquer pretenso em demonsUma Trilogia do Amor Divino 160

trar santidade externa com atitudes de sobriedade forada. Costumava dizer: No h razo para ser triste, pois tomar o caminho para Deus um evento feliz, no sombrio, pois a morte de toda iluso. Ele acrescentou: As pessoas que fingem santidade so geralmente aquelas que precisam dar duro para tentar convencer as outras de sua santidade, ou daquela atitude sou mais santo que voc, mas os santos genunos no precisam fingir, s precisam agir naturalmente. Brincalho Ele tinha o costume de chamar de sua janela da cozinha ou do quarto um discpulo no andar de baixo, e quando este aparecia na janela, o Mestre dizia: Aparea um pouco mais, no consigo v-lo. E quando o discpulo colocava a cabea mais para fora, o Mestre despejava uma panela de gua na cabea dele e morria de tanto rir. Era cheio de truques e brincadeiras. Costumava andar de chineles ao redor da casa, ou melhor, na rea dos dormitrios. Quando saa do quarto e via algum parado no corredor, fazia a mira com os ps e arremessava em ns seus chinelos. Na grande maioria das vezes, acertava o alvo e, ento, caa na gargalhada. Logo que cheguei, o Mestre pediu que me sentasse mesa com ele. Pegou uma grande faca de po e me fez arremessar uma batata no ar sobre a mesa e, to rpido como um relmpago, cortou a batata em duas. Continuei jogando a batata at que no restasse mais nada. Ele gostava de fazer truques com as mos e outras brincadeiras com os discpulos. Ficava muito feliz em brincar conosco. Fazia de conta que ia jogar algo em mim, mas terminava jogando em outra pessoa prxima, ou guardava gua na boca e esguichava sobre ns. Todas essas brincadeiras nos ajudavam a ter uma vida balanceada, pois nossas atividades eram exaustivas. Era impossvel no rir com ele quando ouvamos suas risadas, entendssemos ou no o motivo. Ele adorava contar piadas e algumas vezes s contava a metade, comeando a rir antes do final. Entendendo ou no a piada, ns ramos, pois seu riso era muito contagioso. Caractersticas humanas Quando uma alma liberta como a de nosso amado Mestre vem terra, ela deliberadamente assume uma forma humana e ento age como um ser humano. De outra forma, no poderamos compreendlas. Elas descem ao nosso patamar, embora internamente permaneam em seu alto nvel espiritual, para melhor corrigir nossas atitudes mentais e espirituais e elevar nosso grau de compreenso. Se permanecessem do jeito que realmente so, no conseguiramos agir de forma natural perante elas. Assim, elas no poderiam nos corrigir e nos conservar no caminho reto e estreito, mostrando-nos os perigos de se caminhar no fio da navalha. O fato de ele ter condescendido em descer a este planeta, conhecendo outros mundos melhores e maiores, e o sacrifcio que fez por nossa causa, verdadeiramente um milagre. Tal a profundidade do amor de Deus e do Mestre por ns, Seus filhos desnorteados. Rdio No havia nada que o Mestre gostasse mais do que fazer coisas que promovessem sua obra. Ele tinha muito orgulho de seus programas no rdio. Cantando O Mestre adorava fazer sankirtans conosco. Costumava tocar o harmnio e nos fazia cantar. Ele tocava o tambor tambm. Conseguia fazer aquele grande tambor trovejar. Seus dedos pareciam relmpagos golpeando as tablas. E ele fazia o esraj falar. O Mestre adorava exibir sua habilidade de tocar com perfeio vrios instrumentos. Tocava muitos com a mesma habilidade e expressividade. Quando entrava em meditao profunda ou samadhi, saa com a inspirao de um novo cntico, concebendo em palavras a profundidade de sua percepo. Ento, cantava esse novo cntico repetidamente, de dia e de noite, por meses a fio, conforme costumava dizer: Para espiritualiz-las, embora j o estivessem, pois as palavras haviam sido recebidas diretamente de Deus. Quando ele cantava, podia-se sentir a profundidade que colocava nas palavras, pois cantava com o corao e a mente, no apenas com a voz. Algumas vezes, aps compor um novo cntico, deixava de cantar as composies antigas durante
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longo tempo e, quando voltava a cant-las, usava palavras e entonaes diferentes, pois havia se esquecido delas, devido ao longo tempo. Ento, ns cantvamos mais alto, para que ele captasse a entonao correta ou a palavra certa e, da prxima vez, ele cantava como antes. No fim de sua vida, ele cantou com os novos discpulos enquanto ns, os veteranos, estvamos ocupados em nossas tarefas, e ento no podamos estar presentes para record-lo das notas e palavras certas. Por isso h tantos que cantam de maneira diferente. Viagens O Mestre era um amante da natureza. Via a beleza em todas as coisas e escreveu muitos belos poemas e impresses acerca de seu amor pela natureza em geral. Precisa-se ler apenas um de seus poemas para perceber que ele enxergava Deus em toda a natureza. Pode-se ler em sua Autobiografia como ele aproveitava cada oportunidade para viajar quando era garoto, e seu amor por viagens permaneceu consigo durante toda a sua vida. Estava sempre pronto e ansioso para viajar. Acredito no existirem muitos lugares na Amrica, na ndia e na Europa que ele no tenha visto. O sannyasin errante de outras vidas ainda estava predominante nesta vida, embora utilizando-se dos modernos meios de transporte. Ele adorava ver novos lugares e diferentes panoramas. O Mestre costumava dizer que algum que d tanto de si mesmo a todos precisa se afastar da rotina cotidiana dos afazeres para se reabastecer. O Mestre comprou seu primeiro treiler em 1930. Era um modelo antigo, bem diferente desses modernos de hoje em dia, mas do tipo em que a carroceria fica junto com o chassi e o motor, tudo numa pea s. O Mestre usava muito esse treiler para fugir de telefonemas e entrevistas, aproveitando para viajar, fazer piqueniques e escrever. Nem sempre podamos pagar hotis, albergues ou restaurantes. Aonde quer que fssemos, tnhamos nosso equipamento de cozinha em mos. Podamos parar num lugar bonito ou sob uma rvore, arrumar nossos utenslios e as comidas, e cozinhvamos em nosso fogo gasolina, que precisava ser bombeado vrias vezes para conseguir preparar qualquer coisa; e isso fazia um monte de fumaa. Depois, demorava sculos para tirarmos as manchas negras do fundo das panelas. O Mestre apreciava cada detalhe dessas viagens, assim como ns. Ele dormia no treiler, que tinha uma cama. Carson, ou algum outro motorista, dormia no lado de fora, junto ao carro; e o resto do pessoal, a uma boa distncia. Ns sempre dirigamos at tarde da noite. Ento parvamos quando o Mestre queria, qualquer que fosse o lugar. Algumas vezes, j estava to escuro que nem sabamos onde estacionamos e, na manh seguinte, descobramos que estvamos no quintal de algum. O Mestre adorava ir praia. Certa vez, fomos para Dana Point, na Califrnia, e estacionamos num penhasco, cuja vista dava para o mar. Ficamos l por vrios dias. Numa tarde, estvamos ns quatro quer dizer, o Mestre, Karla Schramm, Carson e eu lado a lado, contemplando o mar. Enquanto olhvamos o mar, vrios raios de luz, que se inclinavam sobre o oceano, apareceram no cu. Eram como raios de sol perfurando as nuvens. Um de ns mencionou o fato para o Mestre. Ele disse com regozijo: Estou feliz que todos estejam vendo esse milagre de Deus. Foi essa ocasio que inspirou o Mestre a compor o cntico Come Listen to My Soul Song (Vem Ouvir a Cano de Minha Alma). Outra vez, no Palm Springs Canyon, o Mestre lavou o cabelo no riacho e sentou-se numa grande pedra para meditar, enquanto o calor do sol secava seu cabelo. Ele entrou num xtase muito profundo. Essa ocasio tambm inspirou o Mestre a escrever e compor uma outra cano, Come Out of the Silent Sky (Vem do Silencioso Cu). Logo no incio de 1931, o Mestre deixou Los Angeles para sua campanha em Denver. Ele embarcou no trem e instruiu a mim, Karla e meu irmo para irmos de treiler e nos juntarmos a ele em Denver. Aps as palestras, fomos dirigindo at Colorado Springs, para tirar umas frias. O Mestre alugara uma casa, que era a residncia de um pastor que estava passando o ms fora. Era uma casa limpa e agradvel. Quando partimos, o Mestre deixou seu livro Science of Religion (A Cincia da Religio), com uma dedicatria e uma nota de agradecimento para o pastor e sua esposa. Mais tarde, o pastor agradeceu ao Mestre pelo livro e disse que ficou imensamente satisfeito por encontrar a casa em me-

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lhor estado do que havia deixado antes de partir. Durante esse tempo, alguns dos membros ajudaram o Mestre a comprar um Ford conversvel, de quatro lugares. Como o Mestre gostava de sentar no alto, apoiando os ps no banco de trs, tirando o mximo benefcio das bonitas paisagens do Colorado! Diversos devotos quiseram voltar para Los Angeles com o Mestre. Ele estava glorioso com uma caravana a segui-lo, apreciando os belos cenrios de Bryce, Zion e outras paisagens no trajeto. No final do ano 1930, o Mestre reuniu um grande grupo para um passeio no treiler. Antes de irmos embora, no final do piquenique, era hbito do Mestre meditar com todos. Os bancos do treiler, quando estavam reclinados, transformavam-se em cama para o Mestre durante a noite. Isso foi feito nessa ocasio, para aumentar a capacidade do veculo. O Mestre sentou-se no centro, com as costas apoiadas na lateral do treiler. Vrios de ns estvamos sentados na beira da cama, de cada lado dele. O Mestre entrou num xtase muito profundo. Durante e meditao, sentiu calor, tirou o casaco e o deixou perto dele. Mais tarde, Ettie Bletch, que acabara de chegar a Mt. Washington e estava sentada prxima a mim, desconhecendo que jamais se deve usar a roupa do guru em si mesmo ou em outra pessoa, percebeu que eu estava com frio e colocou o casaco do Mestre sobre meus ombros. No momento em que o casaco tocou meu corpo, senti uma corrente eltrica percorrendo todo o meu ser. Quando vi qual era o casaco que ela colocara em mim, apressei-me a retir-lo, mas o Mestre me interrompeu, dizendo: No tire. Que incontveis bnos eu e outras pessoas recebemos na presena dessa alma semelhante a Cristo vivo! Esse incidente nos mostra que as vibraes permanecem impregnadas nas roupas e no ambiente daquele que est imerso em Deus. Esse treiler foi mais tarde doado aos Nerode, para servir de transporte e casa durante suas campanhas na Costa Leste e no Centro-Oeste do pas. Mais tarde, eles o venderam. Em 1934, depois que o Mestre deu o treiler para os Nerode, Karla o ajudou a comprar outro. Esse era quase igual ao primeiro, s que tinha mais acessrios, como chuveiro, fogo, banheiro, etc. Era bem fabricado, mas o chassi e o motor no eram muito bons. Em maro de 1935, o Mestre comprou o chassi novo de um Dodge. Ele estava pensando em como a carroceria poderia ser transferida para o novo chassi. Olhou para mim e disse: Voc far isso. Desolada, respondi: Mas, senhor, eu nem sei o bsico dessas coisas. Ele respondeu: Voc saber como fazer, eu trabalharei com voc. Castillo tambm ir ajudar. Pedi que Castillo arrumasse uma garagem que tivesse um elevador para erguer a carroceria e coloc-la sobre o novo chassi. Ele descobriu um lugar na Avenue 60, em Highland Park, que era perfeito para nosso propsito. Trabalhei entra dia sai dia, junto com Castillo, sujando-me de graxa e leo dos ps cabea. Quando comeamos a retirar a carroceria do chassi, vimos com espanto que esse era mantido preso por apenas dois parafusos. Meu corao disparou ao pensar como esse treiler subiu e desceu pela Avenue 43, nossa ladeira ngreme, lotado de pessoas e, tambm, com o Mestre. O que teria acontecido se um desses parafusos se tivesse partido numa subida? Em minha imaginao, vi a carroceria escorregando por cima do chassi e caindo montanha abaixo, enquanto o motor continuava subindo. Felizmente, todos estvamos salvos na fortaleza da proteo divina. E, agora, estvamos removendo aquela ameaa, fixando com segurana vrios parafusos. Mas ento, descobrimos que a carroceria era grande demais para o chassi. Ainda bem que havia um velho ferreiro por perto. Eu lhe fiz uma consulta, e ele fez os reparos necessrios, soldando uma emenda forte no chassi. Aps levarmos o treiler de volta para casa, pintei seu interior e o lado de fora. O Mestre ento queria forrar os assentos. Eu mesma fiz o servio, depois de estof-los, e coloquei novas cortinas; finalmente, estava pronto para novas viagens e piqueniques. O Mestre ficou muito feliz com os resultados. Rajasi andou no treiler apenas num pequeno passeio ao redor de Encinitas, com o Mestre e alguns de ns. Ainda temos a carroceria, que esperamos dedicar como um santurio. Ele est agora localizado nos fundos do SRF caf, em Encinitas. Se Deus quiser, ser feito algum dia.9
Esse treiler ainda se encontra nos terrenos da SRF, em Encinitas. 163

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A participao do Mestre em nossas atividades natalinas O Mestre aguardava o Natal com grande expectativa. Ele no passava por uma s loja de penhora ou antiqurio em que no parasse para procurar alguma barganha. Ele conseguia mesmo comprar muitas coisas maravilhosas e, mais tarde, nos dizia, alegremente: Comprei isto quase de graa. Ele comprava e colecionava objetos durante o ano inteiro, guardando-os no seu cofre da biblioteca e, quando chegava o Natal, metia a mo na sua arca do tesouro para distribuir os presentes a todos. O Mestre tinha fascinao por novidades e os movimentos mecnicos dos brinquedos lhe chamavam a ateno. Ele no resistia em comprar vrios brinquedos para distribuir no Natal. O Mestre costumava dar souvenires aos invs de coisas prticas e teis. Depois ele se convenceu de que presentes teis podem ser utilizados, enquanto os brindes so postos num canto e esquecidos, s vezes para sempre. Dessa forma, o Mestre se comprazia em dar presentes prticos e teis, rejubilando-se quando via seus presentes sendo utilizados por Rajasi. Nos primeiros anos, o Mestre costumava desenhar seus prprios cartes espirituais de Natal para mandar aos amigos e discpulos. O Mestre ia fazer compras natalinas de ltima hora, quando chegava cedo em casa na vspera de Natal. Ele e todos ns descamos at a cozinha para comear a elaborar os pratos culinrios para os jantares dos prximos dias. J era ao redor de 1 ou 2 da manh quando voltvamos para o andar de cima, ento o Mestre queria comear a embrulhar os presentes. s vezes, ele mesmo embrulhava aqueles que no queria que vssemos. Ele escrevia em todos os cartes. Aps terminarmos e, quem sabe, algumas horas de sono, voltvamos cozinha para finalizar o jantar para os membros de casa e para os muitos convidados. O Mestre amava festas. Quanto mais pessoas houvesse andando pela casa, tanto mais ele gostava. Ele ficava como uma criana, pois o Natal sempre foi um evento muito especial e alegre para o Mestre. Gostava de decoraes elaboradas e sempre queria ter uma grande rvore no saguo. A Irm Sailasuta, a quem o Mestre havia incumbido da decorao, certamente estava altura da confiana que ele depositou em seu talento decorativo. Ela fazia o melhor possvel para apresentar a ele e a todos a mais bela das decoraes, deixando-nos sem palavras. O Mestre estava sempre alegre com os magnficos esforos que ela fazia. Ela mesma pode nos contar melhor todo o processo de decorao e dos programas natalinos. O Mestre tinha uma pequena rvore em sua sala particular, no andar de cima, para a celebrao do Natal com os discpulos mais ntimos, que o serviam diariamente. Ele nos chamava at l para celebrarmos com ele seu Natal pessoal e trocvamos nossos presentes. O Mestre costumava provocar: No vale espiar os presentes, ou dizia brincando: Papai Noel no vai trazer presentes para voc neste Natal, e depois descobramos que j tinha comprado nossos presentes. O Mestre gostava de dar seus presentes pessoais para ns por ltimo, e sempre guardava o melhor para o final. Na vspera do Natal, dez minutos antes da meia-noite, o Mestre, com entusiasmo infantil, comeava a contar os minutos no relgio para que, ao bater meia-noite, pudesse dizer: Feliz Natal. Ento subia e descia as escadas gritando Feliz Natal para todos, no importa se saamos ou no do quarto para responder, porm feliz por ser ele o primeiro a dizer Feliz Natal. Na virada do ano, ns meditvamos desde as ltimas horas do ano velho e dvamos as boas vindas ao Ano Novo em meditao; e, novamente, ele era o primeiro a dizer Feliz Ano Novo. O Mestre ficava especialmente feliz se seu pequenino, Rajasi, vinha para o Natal, o que no acontecia tanto quanto Guruji gostaria. O Mestre algumas vezes comeava em julho a convidar Rajasi para o Natal. O Mestre queria sentir que Rajasi preferia vir aqui para o Natal do que permanecer em Kansas City. O motivo de Rajasi no poder vir com freqncia para o nosso Natal explicado em sua biografia. Se Rajasi no viesse, o Mestre insistia para que deixssemos sua rvore pronta at o dia em que ele chegasse. Uma vez mantivemos a pobre rvore at que ficou apenas um esqueleto. Finalmente, precisou ser derrubada. Quando Rajasi chegou em abril, o Mestre decorou uma rvore artificial em sua sala de visitas, em Encinitas, e celebramos o Natal novamente para o Mestre, Rajasi e alguns de ns; entretanto, somente Rajasi ganhou presentes. A troca de presentes entre membros residentes era feita em suas respectivas portas, na vspera do Natal. Era e ainda uma gostosa sensao ouvir os passos
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subindo e descendo as escadas para deixar os presentes lindamente embrulhados. Todos depositavam seus presentes para o Mestre debaixo da rvore no saguo. Na mesa de jantar, o Mestre foi sempre um perfeito anfitrio e um bom animador das conversas. Os convidados o assediavam de todos os lados, e todos ficavam encantados e felizes por estarem em sua presena. Ele caminhava ao redor das mesas saudando e falando com cada um, ningum era ignorado e todos recebiam uma bno por meio de um gesto especial. Aps comer, ele normalmente proferia um discurso inspirador, chamando a todos pelo nome e agradecendo ao que cada um fez pela realizao do jantar. Ele sempre foi generoso em seus agradecimentos e apreciava at mesmo o menor trabalho realizado. Depois ele cantava; uma meditao curta e ento colocava seu xale alaranjado sobre os ombros e fazia as vezes de Papai Noel, distribuindo presentes para todos e abrindo os seus prprios. Tudo isso levava horas. Um de ns lhe passava um presente e lhe dizia para quem era; ele, por sua vez, chamava o nome da pessoa. Se algum no abrisse o seu presente rapidamente, ele puxava o lao e arrancava o papel para ajud-los, ficando muito feliz quando a pessoa demonstrava alegria pelo presente recebido. Se houvesse mais convidados do que presentes, o Mestre sussurrava umas instrues para pegar isso e aquilo, daqui e dali, embrulhar e trazer para distribuir. Ningum saa de mos vazias das nossas celebraes de Natal. Durante os ltimos anos da vida do Mestre, os presentes dos amigos e discpulos ficaram numerosos demais para serem abertos no andar de baixo. Eram depositados sob sua rvore particular e ento ele os abria nas horas de folga. Dessa forma, ele gostava muito mais, pois tinha tempo para realmente ver e apreciar os presentes antes de guard-los. O entusiasmo e esprito alegre do Mestre eram contagiosos, sua felicidade se espalhava por toda a casa. Os Natais com o Mestre eram memorveis. Mount Washington tinha a reputao de ter a mais alegre e festiva celebrao de Natal; todos sentiam o verdadeiro Esprito de Cristo, pois na verdade tnhamos um Cristo vivo em nosso meio. Celebrar o Natal em nossa Sede Central era uma tradio. O Mestre no celebrou, nem celebraria, o Natal em qualquer outro lugar. O mesmo valia para a meditao longa de Natal. Ele comeou essa atividade no dia 24 de dezembro de 1932. Era um evento to belo e espiritual, que o Mestre fez dele uma tradio. Em anos posteriores, algum sugeriu que ficaria mais fcil decorar, embrulhar os presentes e preparar o jantar se a meditao fosse no dia 23. Aps muita persuaso, o Mestre condescendeu em faz-la uma vez no dia 23. Naquele dia, Jesus apareceu para o Mestre mais do que em qualquer outro dia anterior e sua experincia foi to maravilhosa que ele sentiu que o dia 23 era definitivamente mais satisfatrio para Jesus do que o 24. Ento, esse dia foi permanentemente estabelecido. O Mestre estabeleceu o padro que seguido at hoje. Quando o Mestre orava profundamente, o magnetismo das suas palavras penetrava nossas mentes, e quando tocava o harmnio e cantava, puxava nossos coraes e mentes junto com ele at as mais distantes profundezas. Eu tocava o grande tambor e Daya, os cmbalos. Ele sinalizava quando queria que tocssemos mais alto ou mais depressa. Isso se tornou uma tradio, assim como eu cantar a msica composta pelo Mestre, Divine Love Sorrows (Tristezas do Amor Divino). Aqueles dias de meditao com o Mestre no ficaram impressos apenas em nossas mentes conscientes, mas tambm nos arquivos da subconscincia e, de maneira ainda mais profunda, na mente superconsciente, erradicando numerosos entraves psicolgicos do passado, do presente e, assim espero, do futuro tambm. S no comparecamos meditao se estivssemos passando muito mal. Quando o Mestre mencionava que viu Jesus, as vibraes eram tremendas. Transcrevo agora um trecho de uma carta que o Mestre escreveu para Rajasi em 17 de dezembro de 1943: Pensei que jamais sairia do xtase. Durou oito horas. Jesus apareceu trs vezes, uma como um menino dentro de uma manjedoura de luz, depois como um jovem e, duas vezes, com a aparncia que tinha logo antes de ser crucificado. Em Seus olhos tremulava o poder que controla o Universo; foi uma meditao maravilhosa e eu senti o seu Esprito comigo. Desde a partida de nosso amado Mestre deste plano terrestre, ele se faz sentir especialmente nos dias especiais e definitivamente uma presena viva entre ns. Eu sei, sem a menor sombra de dvida, que ele vem para os puros de corao e mente, preenchendo a alma deles com o amor onipresente de Deus.
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Mensagem de Babaji Logo depois que Brahmachari Premeswar chegou da ndia para Encinitas, o Mestre nos chamou para seu quarto. Estava sentado na beira da cama com uma mo sobre a outra. Sentamo-nos no cho, diante dele. O Mestre nos contou esta histria. Pouco antes de Premeswar (posteriormente chamado Swami Binoyananda) embarcar para a Amrica, um discpulo de Sri Yukteswar o procurou para levar esta mensagem a nosso Mestre, na Amrica: Nosso pequeno grupo estava de p num campo quando sentimos uma repentina rajada de vento. Ela fez com que todos os outros homens se afastassem para longe, menos a mim. Sozinho e estupefato, vi Babaji aparecer minha frente. Ouvi sua melodiosa voz me dizer: Pea a Premeswar que leve esta semente para Yogananda, na Amrica. Yogananda compreender o significado. Com essas palavras, Babaji desapareceu. Quando chegou a Encinitas, Premeswar passou a mensagem e a semente ao Mestre, explicando-lhe as circunstncias em que lhe foram entregues. Aps nos contar isso, o Mestre abriu sua sagrada mo. Na palma, havia uma semente, do tamanho da unha do polegar, na forma da cabea de uma naja. O Mestre tocou o olho espiritual de cada um de ns com a semente sagrada. Quando tocou minha testa, senti uma tremenda fora espiritual entrando em meu ser e, com ela, uma sutil sensao de calor espiritual que durou muito tempo. Essa semente ainda est em Encinitas, no local onde o Mestre a guardou. Tocando os ps do Mestre Foi somente com a visita de Premeswar a Encinitas que notamos como ele tocava os ps do Mestre e, depois, a prpria testa, em sinal de respeito a seu Guru. Aquela foi a primeira vez que vimos tal gesto. Portanto, daquele momento em diante, cada um de ns seguiu o exemplo e, nas saudaes matinais e despedidas noturnas, tirvamos o ps de seus ps. O Mestre era to humilde que jamais havia nos contado acerca desse costume indiano de tirar o p dos ps do Guru, nem mesmo se referia a si mesmo como nosso Guru, mas como um amigo. Ele nunca nos corrigiu por no sabermos como agir corretamente diante de um Guru. Recordo-me quando me sentei pela primeira vez prxima ao Mestre, e perguntei: Por que que toda vez que estou em sua presena sinto vontade de me ajoelhar? Ele no disse uma s palavra, apenas apontou para o olho espiritual. ramos to beatificamente ignorantes em como se deveria tratar um Guru que, apenas observando algumas coisas, como Premeswar tocando os ps do Mestre, comeamos a aprender pelo menos alguns atos de respeito ao Guru. As celebraes dos aniversrio do Mestre Freqentemente fico abismada com nossa ignorncia americana em relao s personalidades espirituais. O mesmo se dava com os aniversrios do Mestre. Ele no nos contou que, aps a pessoa encontrar seu Guru, ela deve deixar de lado todos os outros relacionamentos e comemorar apenas os sagrados aniversrios do Guru. Vocs acham que ele nos disse isso? S uma vez ele mencionou isto para mim, dizendo: Na ndia, apenas os aniversrios dos Gurus so comemorados. Nem mesmo ele disse como se deveria comemorar. Na ndia, as pessoas depositam tudo aos ps do Guru. Premeswar disse Irm Sailasuta como fazer a celebrao, mas quando ela esteve na ndia, descobriu que Premeswar no lhe havia contado nem a metade do que se faz naquele pas. Ento, mais uma vez, continuamos em nossa ignorncia. Ele disse: J que vocs celebram o meu aniversrio, devem tambm comemorar o de vocs, mas, aqui tambm, foi sua grande humildade que o fez dizer isso. Preconceito O Mestre, sendo um homem de Deus, considerava a todos como filhos de Deus. Era capaz de, mentalmente, deixar de lado qualquer preconceito expresso pelas pessoas pelo fato de ele ser da ndia. O Mestre costumava contar esta histria, que uma vez ele dividiu um assento de trem com um homem. Ao se sentar, ficou frente a frente com Warner Oland, o ator, que no tentou disfarar seu desprazer por dividir o banco e encarar um hindu. O Mestre finalmente falou com ele, mas no houve resposta. O Mestre disse: Ser que voc no poderia ser mais corts? O ator respondeu: No de sua conUma Trilogia do Amor Divino 166

ta. O Mestre replicou: claro que de minha conta, pois toda vez que olho para a frente tenho que ver sua cara fechada. O ator explodiu em risadas. Isso deu ao Mestre a chance que estava procurando para ajud-lo. Ele disse: No verdade que todo mundo tem uma certa loucura, e aqueles que tm loucuras semelhantes vivem juntos e no se do conta disso, mas se pessoas com loucuras diferentes se encontram, acabam descobrindo suas prprias loucuras? Eu conheo a sua loucura, que representar, mas voc no conhece a minha loucura, que a de ser louco por Deus. Vamos fazer uma aposta. Se voc conseguir provar que sua loucura melhor do que a minha, eu me tornarei um ator, mas se eu puder provar que a minha loucura a melhor, ento voc ter que me seguir. O Mestre concluiu dizendo que foi salvo de se tornar um ator de cinema. O Sr. Oland seguiu este caminho e at chegou a prever a data de sua morte. O Mestre levou alguns de ns a Catalina Island. O Dr. e Sra. Lewis estavam conosco. Entramos num restaurante para comer. O lugar estava vazio, mas a proprietria veio rapidamente dizer que no havia mesas disponveis. Nunca me senti to magoada em toda a minha vida. Imagine s, um Cristo ser recusado num restaurante! O Mestre, sem uma palavra, virou as costas e foi embora. Falei com a dona do lugar, expressando toda a minha indignao, perguntando a ela que se Jesus Cristo entrasse no restaurante, a ele tambm seria negada uma mesa. Eu lhe disse que o Mestre era um dos maiores homens da ndia e dei-lhe as costas. Nosso abenoado Mestre, sempre que percebia o preconceito de uma pessoa, continuava voltando para ela at que o preconceito fosse superado; depois disso, no voltava mais. Ele no podia ver almas se fazendo de tolas por causa de diferenas de pases, religies, etc., pois dizia freqentemente que as pessoas que odeiam determinado pas iro nascer l na prxima vida, at que aprendam a am-lo; e j que todos so filhos de Deus, o dio no deve ter lugar algum no corao e na mente das pessoas. Emoes O Mestre tinha um corao meigo. Se algum morresse, ele chorava profundamente e dizia: Por que o Senhor o levou? Ele era muito humano. O pai de Woody faleceu repentinamente, enquanto o Mestre falava com a me dela ao telefone. Quando desligou, ele chorou muito. Woody disse: No consigo chorar. Ento eu soube que o Mestre havia assumido a dor e chorou no lugar dela. Em 1946, quando a vida de Rajasi estava em perigo, o Mestre permanecia sentado no quarto a maior parte do tempo, orando dia e noite. Aps meses de ansiedade, Rajasi veio para o eremitrio. O Mestre lhe deu um jantar de boas vindas. Estvamos todos sentados mesa. O Mestre comeou a dizer o quanto estava feliz por Rajasi haver chegado. No conseguiu terminar a frase, pois sua voz tremeu de emoo e o abenoado Mestre tentou esconder os olhos atrs da mo. Quando vimos aquelas queridas lgrimas descer pelo seu rosto, no conseguimos agentar e todos o acompanhamos na emoo, inclusive Rajasi. Ele logo controlou suas emoes e comeou a comer. Pouco depois j voltava a ser o velho conversador de sempre. Freqentemente vi aquela abenoada alma derramar lgrimas; embora no fossem excessivas, eram genuinamente repletas de ternura. Ele era humano o suficiente para poder expressar outras emoes, tais como ansiedade, preocupao pelos outros e pelos desafios e tribulaes da organizao. Era um divino privilgio constatar que uma alma to grande e semelhante a Cristo com o nosso Mestre demonstrava aes e reaes humanas. Tudo isso s fazia com que parecesse ainda mais querido a meus olhos. Ele nunca se deixava dominar por essas emoes, mas as mantinha em perfeito controle, deixando-as transparecer apenas por alguns momentos, e controlandoas em frao de minutos. O som de Om emanando de seus ps Mesmo que estivesse dormindo, eu sempre conseguia saber quando o Mestre estava chegando, pois eu ouvia o som de Om. No incio, no associei a chegada do Mestre com o som de Om, mas logo percebi que o Mestre sempre aparecia alguns instantes aps eu ouvir o Om, fosse em Mt. Washington ou em Encinitas. A mesma coisa acontecia se eu me sentasse silenciosamente no cho, a seus ps. Eu podia ouvir o Om emanando de seus ps. Um dia, aps havermos meditado com o Mestre, ele pediu para
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cada um de ns encostar o ouvido em sua cabea. To claro como se estivesse ouvindo em minha prpria cabea, escutei o som astral do zumbido de abelho, prprio do centro coccgeo. O Mestre disse: Isto muito incomum, pois a pessoa s consegue ouvir o seu prprio som do abelho, nunca o de outra pessoa, mas todos ns ouvimos o mesmo som. rvores O Mestre amava as rvores com muito carinho e nunca permitia que fossem cortadas. Era at mesmo difcil deixar que fossem podadas, de tanto que ele as amava. Lealdade O Mestre era a pessoa mais leal que j conheci ou hei de conhecer. Sua primeira lealdade era para Deus, em seguida para os Mestres, a obra deles, depois para aqueles que serviam, direta ou indiretamente, a ele e ao trabalho com lealdade, e para aqueles a quem chamava de amigos. Ele era leal at a medula dos ossos sua terra natal, a ndia, a seu pas adotivo, os Estados Unidos, e aos lugares e coisas que serviam aos propsitos de Deus. O Mestre freqentemente nos dizia: Se todos os deuses estiverem satisfeitos, mas o Guru est insatisfeito, essa insatisfao que conta. Por outro lado, se todos os deuses estiverem insatisfeitos, mas o Guru estiver satisfeito, o prazer dele ser a jangada que conduzir voc para as praias do Infinito. Isso tambm significa lealdade incondicional. O Mestre era a prpria personificao da lealdade. Curando O Mestre acreditava que os mdicos faziam um timo trabalho e enviava para esses profissionais todos aqueles que precisavam de cuidados mdicos, como tambm aquelas pessoas que acreditavam mais nos mdicos do que na cura divina. Ele expe seu pensamento a respeito da cura nas lies. Uma vez ele nos contou a histria de um homem que o procurou para ser curado. Aps refletir sobre o problema do homem, o Mestre lhe disse que seria melhor que ele tivesse todos os dentes arrancados, pois sua boca e seu corpo haviam sido contaminados devido aos dentes infeccionados. O homem disse com raiva: Eu vim aqui para ser curado e voc me pede para arrancar todos os meus dentes. Vou embora me tratar com algum que no me mande fazer uma loucura dessas. O homem foi pedir ajuda em outro lugar e, pouco depois, o Mestre ouviu a notcia de que havia morrido devido infeco nos dentes. Esse apenas um exemplo da maneira prtica e divina do Mestre. Ele entendia de tudo, qualquer assunto. Disse que os iogues so mais suscetveis a resfriados porque a concentrao deles mais na cabea do que no corpo, e ento Sat ataca o iogue nessa regio do corpo para tentar impedi-lo de meditar. O Mestre estava sempre procurando achar um remdio contra a gripe. Ele primeiro experimentava o remdio em si mesmo, pois era capaz de analisar precisamente as reaes do remdio em seu corpo. Quando algum de ns estava resfriado em Mt. Washington, tnhamos que usar mscaras, para no espalhar para os outros. Quando o Mestre estava resfriado, aqueles que o servamos precisvamos usar mscaras tambm. Ele ficava exposto a muitas pessoas resfriadas durante as entrevistas. Algumas vezes ele se contagiava e ficava severamente resfriado, mas isso nunca o impediu de trabalhar, pois sempre enxergou seu corpo como distinto dele mesmo. Sempre respeitou as leis da medicina e nunca aconselhou as pessoas a tomarem ou deixarem de tomar qualquer remdio. Tomando o sofrimento para si Desde o ano em que o Mestre chegou na Amrica, como delegado da conveno religiosa em Boston, em 1920, ele viajava constantemente dia aps dia, noite aps noite, de uma cidade a outra, palestrando, dando aulas e entrevistas. Ele se exigiu ao mximo, sem piedade e sem descanso. Durante os anos de 1920 at 1934 (quando parou suas campanhas), ele nos contou que a Me Divina lhe dissera que manteria seu corpo saudvel e forte, no permitindo que ficasse doente ou que carregasse em seu cor-

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po as doenas e o sofrimento dos outros. Quando, porm, ele interrompeu suas palestras e aulas para permanecer na Sede Central, a Me Divina permitiu que assumisse o carma alheio em seu prprio corpo. Num primeiro momento, o sofrimento era espordico, mas ao continuar com suas curas ao longo dos anos, seu corpo sofria com mais intensidade, algumas vezes mais, outras menos, at que tudo isso chegou ao ponto de cobrar um alto preo de seu corpo sagrado, que foi oferecido no altar de Deus como um cordeiro sacrificial. Ele no tomava remdios por conta prpria, nem passava pomadas ou ingeria algum tipo de comida especial para ficar melhor, a menos que algum lhe sugerisse, ou se Deus lhe dissesse diretamente, na meditao, ou indiretamente, atravs dos outros. Na verdade, era impiedoso com seu corpo, nunca preocupado com o conforto fsico. Se algum sugerisse algum remdio, ele dizia: Se voc acha que isso vai ajudar, v em frente. Ele tambm nunca permitia que nos queixssemos de nossos corpos, nem mesmo que dissssemos estar cansados. Quando lhe perguntei o que dizer quando estivssemos cansados, ele explicou: Quando voc admite que tem alguma coisa, o que acontece, e isso enfraquece a sua vontade, tambm diminuindo o fluxo de energia para o corpo e a conscincia. melhor dizer que voc necessita de algum descanso, pois significa que a condio temporria e que um pequeno repouso ir ajudar, ao passo que dizer que est cansada um decreto definitivo. Recordo-me que, quando ele comprou o poo dos desejos, foi junto com os rapazes para traz-lo. Tiveram que carreg-lo at a beira da calada para colocar no caminho. O poo comeou a cair e o Mestre o segurou, mas, ao faz-lo, escorregou no meio-fio e machucou o tornozelo com gravidade. O p inchou imediatamente. Justamente naquela noite ele tinha que dar uma aula, assim como nas noites seguintes. Naquela noite, ele no tirou o sapato e deu a aula, mas, na noite seguinte, quando foi colocar o sapato novamente, no havia espao suficiente, por causa do p inchado. Um de ns sugeriu que ele no desse a aula. Ele ficou triste por termos sugerido tal coisa. Eu o vi forando o p inchado at entrar no sapato. Nem conseguiu amarrar o cadaro. Enquanto algum o ajudava a chegar at a porta da classe, pelo corredor de trs, ele pensava: Como vou poder entrar l sem mancar na frente de toda aquela gente? Ele disse depois que fez um tremendo esforo e abriu a porta. Ao cruzar a soleira, sentiu seu p curar-se repentinamente, ajeitando-se no sapato com um baque, e ento ele pde caminhar sem o menor sinal de torcedura. Aquilo, disse ele, foi uma cura direta da prpria Me Divina. Afirmou que tudo foi um teste Dela para ver se ele iria ensinar apesar do p machucado, depositando Nela sua completa confiana. Quando viu que ele tinha confiana absoluta Nela, a Me Divina curou-lhe o p completamente e ningum percebeu que havia acontecido algo de errado com seu tornozelo. O Mestre, sendo um homem de Deus, possua tremendos poderes de cura. Eu sei disso por minha prpria experincia, e pelo que vi entre seus discpulos imediatos e numerosos outros, o que era evidente devido ao sofrimento que ele teve de suportar em seu prprio corpo por nossa causa. Ele no apenas curava o corpo da doena, mas tambm a mente dos entraves psicolgicos e a alma da ignorncia que foi acumulada em nossas vidas passadas e presentes. Pedidos de prece chegavam ao Mestre de todos os lugares. Por exemplo, uma vez uma mulher lhe pediu: Swami, por favor ore para que as aes se desvalorizem. O Mestre respondeu: E quanto a todas as pessoas que esto orando para as aes subirem? Essa no uma prece legtima, eu no posso rezar por voc. Ento a mulher disse: Ento reze para que eu consiga me recuperar de alguma maneira. Essa, disse o Mestre, uma orao legtima. Graas s oraes dele, a mulher se recuperou financeiramente sem precisar virar o mundo e a bolsa de valores de ponta cabea com seus caprichos. O Mestre manteve a Irm Gyanamata viva por mais de vinte anos por meio de sua Vontade. Certa vez, ela caiu e quebrou o dedo. O Mestre queria que ela fosse ao mdico tirar um raio-x, mas ela replicou: O senhor o meu nico mdico. Na manh seguinte, ela nos contou que durante a noite sentiu seu dedo sendo puxado e ajeitado no devido lugar. O Mestre insistiu para que ela tirasse um raio-x, de modo que no houvesse crticas dos parentes dela. No havia qualquer sinal de fratura. Foi uma cura completa e instantnea. O Mestre sempre foi cauteloso quando a esses assuntos, pois a classe mdica teria o maior prazer em processar um suposto curandeiro espiritual. Os mil e um resultados dos poderes de cura do Mestre so por demais numerosos para se escrever ou mesmo lembrar. nu-

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ma hora como esta que eu gostaria de ter mantido um registro das maravilhosas curas que o Mestre realizou por meio do poder oniabrangente de Deus. O amor do Mestre Deus ocupava o primeiro, o segundo e todos os lugares no corao do Mestre, e seu nico filho era a obra da SRF. Quanto aos discpulos passados, presentes e futuros, o seu primeiro cuidado era lev-los to longe quanto desejavam ir, e alguns at mais alm, mesmo que no quisessem. A bondade do Mestre estava sempre alerta e vigilante para nos corrigir e trazer toda a nossa ateno de volta para Deus. A nica vez que demonstrava insatisfao era quando agamos de maneira contrria ao ideal que ele estabelecera para cada um de ns. Uma vez, quando fiz algo que o desapontou, eu disse: O senhor deve me odiar por isso. Ele respondeu: Eu no odeio voc, odeio suas aes. Ele separava a ao da alma que a praticou, pois costumava nos dizer que os maus hbitos so apenas enxertos feitos em nossa rvore de perfeio, e se repetimos essas aes os enxertos crescem e do frutos, mas se no deixamos o enxerto criar razes, o ramo seca e termina caindo. Ele no queria que repetssemos nossos erros. por isso que era to exigente conosco, que lhe demos o direito de agir assim. Com aqueles que julgava no serem capazes de aceitar sua disciplina, suas correes eram menos severas. Ajudando os outros Ele costumava dizer para todos na casa: Quando vocs todos esto dormindo, vou mentalmente at o quarto de cada um e vejo como est seu subconsciente e os ajudo. Conheo a mente de cada um de vocs. Eu sinto o pensamento e as reaes de todos. Conheo seus humores e os motivos deles. Alguns eu consigo corrigir, mas h aqueles que no me permitem. Aqueles que querem, recebem. Aqueles que no, me expulsam. por isso que s posso lev-los at o ponto aonde vocs mesmos desejam ir. A disposio da alma que faz a diferena. Vocs podem imaginar que esto com vontade, mas no primeiro revs que acontecer, a boa vontade foge pela janela da mente. O Mestre detestava o mau humor acima de qualquer outro mau hbito. Ele costumava dizer: Sinto-me recompensado quando vejo que vocs esto fazendo um esforo para mudar e esto sinceramente arrependidos de suas ms aes. Mesmo quando dizamos estar arrependidos, ele conseguia perceber se o remorso era sincero ou apenas da boca para fora. Se fosse esse o caso, ele dizia: Ento voc acha que dizer sinto muito suficiente para o meu perdo. No ! O remorso deve brotar do corao e influenciar o comportamento, ento poderei saber que voc fala srio e no est proferindo somente palavras vazias. S ento eu perdoarei; enquanto isso, no. Mas o nosso Mestre nos perdoava, mesmo que no merecssemos, pois ele era como uma verdadeira me. Quando agia com a razo e severidade, era como se fosse um pai. Ele sempre foi o mais confivel amigo e o Guru, quando a correo espiritual e a disciplina eram necessrias. As palmadas psicolgicas que nos deu foram nossas maiores bnos. Ele era como uma me, sempre carinhoso, recompensando-nos com uma palavra gentil ou elogio, mas ainda assim as palmadas psicolgicas e espirituais foram nossas maiores bnos, pois despertavam em ns a disposio e a determinao para consertar nossas atitudes, de maneira que pudssemos obter nosso direito de nascena: Deus. O Mestre amava a todos os filhos de Deus da mesma maneira, muito embora a expresso desse amor fosse expressa de maneiras distintas, pois, segundo ele dizia: Cada um de vocs como os dedos da minha mo. Cada um tem uma fora particular para realizar suas tarefas individuais, mas todos so igualmente importantes para tornar a mo completa. Ns ramos como seus filhos e, como um pai ou me, o disciplinador nele estava constantemente nos vigiando em seus cuidados, protegendo nosso comportamento e nos ensinando a ouvir a intuio. s vezes ele nos pedia alguma coisa especfica, mas a chamava por outro nome, sem relao ao que queria, apenas para ver se ns intuitivamente recebamos seu pensamento. Era assim que ele desenvolvia nossa intuio. Quando no nos concentrvamos naquilo que estvamos fazendo, ele dizia: Se voc colocar toda a sua ateno no que estiver fazendo levar menos tempo para ficar pronto. Ou, se dissssemos: Eu no sei fazer isso, senhor, ele respondia: Comece a fazer que eu trabalharei atravs de seu corpo e de sua

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mente. O Mestre no aceitava um no como resposta se sentisse que deveramos fazer um esforo maior. O Mestre costumava nos manter ocupados o tempo inteiro. No importa quantas pessoas o estavam rodeando, ele sempre dava um jeito de manter a todos ocupados. Um dia, perguntei: Senhor, quando seremos capazes de ficar sossegados o tempo suficiente para desfrutar de Deus? Ele no respondeu. Agora sabemos que tantas atividades tinham como objetivo criar em ns uma vida equilibrada. O Mestre raramente respondia nossas dvidas sobre questes espirituais. Elas eram, entretanto, respondidas quando ele dava uma palestra, ou ento ele respondia mentalmente, treinando-nos para receber a resposta intuitivamente, sem precisar da palavra exterior, mas do nosso ntimo. Algumas vezes ele respondia em sonho, ou testava nossas tendncias internas por meio de sonhos. Por exemplo, se quisesse saber se algum discpulo j tinha superado a raiva, ele o fazia sonhar com isso, obrigando o eu interior a reagir ao sonho. Se a pessoa respondesse com raiva no sonho, ento no a havia superado, mas se mantivesse a calma, ele sabia ento que a raiva no estava mais presente na mente subconsciente, pois a pessoa se tornava consciente de sua prpria reao no sonho, de maneira que tambm ela reconheceria se havia superado ou no. Era e ainda uma boa coisa que o amor do Mestre seja incondicional, suportando e observando nossas falhas e sendo capaz de perdoar e esquecer. Ele era como uma me: no importa o que a criana fez consciente e inconscientemente, a me corrige e perdoa, pois sabe que a criana no tem entendimento e espera que a lio ensinada seja suficiente para que no repita os mesmos erros. Ele queria esse mesmo amor incondicional vindo de ns. Queria o nosso amor, independentemente de sua rgida disciplina para conosco, ou de suas demonstraes de atitudes humanas ou divinas, erros ou acertos, riqueza ou pobreza, quer nos corrigisse ou nos recompensasse. No que ele precisasse de nosso amor incondicional para ser salvo, mas porque poderia nos levar mais longe se o amor prevalecesse. Com Rajasi, porm, ele s demonstrava amor, sem a disciplina externa. Rajasi recebia sua disciplina de outras maneiras, pois o Mestre s conseguia expressar amor por Rajasi. O Mestre disse que um mestre normalmente traz consigo seus discpulos mais prximos, sempre que se encarna novamente para ajudar o mundo. Certa vez, quando lhe disse que no gostaria de voltar terra novamente, ele abaixou os olhos e disse: Voc no quer voltar para me ajudar? O que mais pude dizer se no consentir? O Mestre nutria um amor profundo por Dhirananda, um discpulo que treinara na ndia e trouxera a este pas para ajud-lo no trabalho da SRF. Em 1925, quando o Mestre adquiriu a Sede Central, colocou Dhirananda na direo do lugar. No vero de 1929, o Mestre ficou profundamente magoado quando Dhirananda, a quem amava com tanto carinho, virou as costas para seu amor e abandonou tudo para casar-se. O Mestre viajou para o Mxico para esquecer o episdio, e pensamos que jamais voltaria, mas o Senhor cicatrizou o corao ferido do Mestre. Nessa ocasio, ele comps o cntico My Lord, I Will Be Thine Always (Meu Deus, Serei para Sempre Teu). Ele ento voltou para assumir a direo da Sede Central, e dizia com freqncia que foi o Senhor que o trouxe de volta, pois Deus tinha um pequenino escondido em Kansas City, na forma de Rajasi Janakananda, para o Mestre amar um milho de vezes mais do que poderia amar Dhirananda. Algum que jamais o desapontara, em ao, palavra ou pensamento, algum para o qual ele podia expressar externamente o seu amor e receber esse mesmo amor de volta. Embora o Mestre tenha dito que jamais abandonaria mentalmente a Dhirananda, assim como Jesus teve o seu Judas, tambm o Mestre teve dois, um em Dhirananda e o outro em Nerode; mas ele tambm disse que seus discpulos fiis compensavam todos os judas que o Senhor pudesse mandar para test-lo. Era to doce ver o amor que o Mestre tinha por Rajasi! Era um amor mais doce e mais terno do que qualquer pai ou me poderia ter por seu filho. Os dois se abraavam e saudavam um ao outro todas as vezes, como se fosse o primeiro encontro deles. O Mestre costumava esfregar o peito de Rajasi na altura do corao. Quando Rajasi fazia algo pela obra da SRF que agradava ao Mestre, ele massageava o peito de Rajasi mais rpido e por longos perodos. Com os olhos fechados, Rajasi se derretia no carinho amoroso do Mestre. Essa amizade divina brotava da for-

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ma mais pura possvel. Eles caminhavam de mos dadas, conversavam, riam ou debatiam assuntos espirituais. A natureza sensvel e amorosa do Mestre percebia muito antes de ns mesmos quando havia algo fsico ou mental nos perturbando. Perguntei ao Mestre: O senhor nos diz que devemos ajudar as almas a encontrar Deus, mas como que esse meu trabalho de folhear a moldura das janelas de dourado as ajudar? Ele respondeu: As almas sero atradas pelo lindo brilho das janelas como a mariposa pela chama, e tero o desejo de entrar na igreja. L, dentro das paredes de beleza exterior, encontraro reinando a beleza interna de Deus. Um dia, voc saber o que quero dizer. Desde 1942, em inmeras ocasies, ouvi os membros dizerem que foram atrados primeiramente pelo brilho e singularidade da igreja e no resistiram em dar uma olhada. Depois se converteram e alguns foram curados no corpo, na mente e na alma. Isso serve para provar que no preciso dar sermes ou pregar diretamente s pessoas para ajud-las. Cada ao pura e altrusta realizada ser reconhecida por Deus e o Guru, e voc colher os resultados apropriados. O amor de nosso Mestre em expressar a beleza em tudo o que fazia era apenas para atrair almas para a chama eterna de Deus. Sempre senti, mesmo quando meu corpo estava muito debilitado, que toda vez que chegava perto da presena do Mestre a fadiga deixava meu corpo. Ele sempre dizia: Aqueles que ficam a meu redor jamais podem ficar doentes, pois minhas vibraes que provm de Deus no permitem. claro que, em anos posteriores, sofremos muitas coisas, porque nossa pesada carga finalmente nos alcanou. Gostaria agora de citar alguns trechos que o Mestre escreveu a Rajasi acerca de si mesmo. Se voc ler o resto das citaes deste livro a respeito de seus esforos pessoais para o bem da organizao, assim como de seu prprio sofrimento e, acima de tudo, de suas maravilhosas experincias espirituais, descobrir a verdadeira alma por debaixo da aparncia externa.
13 DE MAIO DE 1937 Orei pela moribunda Irm Radharani, na ndia, mas pouca resposta recebi do Pai. Quem sabe melhor do que Ele sobre os desgnios das vidas humanas? Entretanto, estou orando muito. Sempre que rezo, sinto em meu corpo algumas reverberaes dos problemas dela. Entretanto, Deus faz o que melhor para cada um, e far o melhor para ela.

Leia tambm as cartas datadas de 25 de maio a 15 de junho de 1937, para saber mais sobre os sofrimentos dele e por qu.
12 DE MAIO DE 1941 Estou com voc e com a SRF, e darei meu sangue para a felicidade de todos. 23 DE JULHO DE 1942 Com meu mais profundo e inexprimvel amor para voc, meu queridssimo e amantssimo, o mais cavalheiro, o maior e mais amvel amigo na terra, por quem posso suportar todas as crucificaes deste mundo, tais como: l a morte de minha me, 2 deixar o Mestre na ndia e a morte dele; 3 A traio de Dhirananda e minha crucificao em Miami; 4 A traio de Nerode; 5 O primeiro deslizamento de terra e o grande desastre do sonho de meu corao, o templo Golden Lotus de todas as religies. Veja s, voc esteve presente nessas minhas duas ltimas agonias: Deus o manteve ali, pois ningum me poderia consolar a no ser voc. Meu amado para quem escrevi minhas palavras mais carinhosas, embora fteis, pois nada pode expressar o que sinto por favor, peame, ponha-me prova se desejar, no h sacrifcio algum que eu no possa fazer se for para ajud-lo, pois at mesmo a minha vida est disponvel para a sua salvao. 29 DE SETEMBRO DE 1943 Fico triste quando no o vejo por longo tempo, e medos bobos invadem meu corao. Esse o ltimo lao que me prende terra, e ele serve parcialmente para estabelecer em bases slidas o trabalho de Deus para ajudar os outros. 22 DE ABRIL DE 1944 Eu no rezo para mim mesmo, pois seria duvidar da Me Divina. Meu nico desejo pela preservao do corpo para poder ter a alegria de meditar com voc, servir a SRF e estar com alguns devotos.

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22 DE AGOSTO DE 1945 At mesmo Jesus teve seu Judas, e esta humilde criatura tambm teve o seu, nas pessoas de Dhirananda e Nerode. Eu testo a cada um antes de dar meu amor, mas mesmo assim Sat tenta distorcer e me enviar problemas. Entretanto, nunca precisei testar voc, desde o incio nossas almas se prenderam uma outra em Deus. 11 DE NOVEMBRO DE 1945 Eu tenho acompanhado almas aflitas quando elas partem, no final desta vida terrena. Mas a sua jornada ser reta e aplainada, e eu busco tomar para mim todas as suas dificuldades, pois tenho que enfrentar muitas coisas ainda, antes de passar no teste final. Estou plenamente preparado, considero a vida e a morte apenas sonhos, e eu e o Eterno Esprito de alegria somos um. 8 DE MARO DE 1946 Dei meu corpo a Deus; se o corpo estiver doente e Deus me mandar aceitar ajuda fsica eu o farei, se no, morro Nele para viver eternamente. 21 DE MARO DE 1946 Tem sido um teste terrvel para mim, pois sempre senti que no gostaria de viver sem voc; sempre desejei partir antes. Eu matei Yogananda h muito tempo. Deixo que Deus guie minha vida e s posso responder algo que me perguntam se o Divino permitir. Se eu forasse alguma coisa, Deus no agiria atravs de mim. 16 DE OUTUBRO DE 1946 Deus me deu muita responsabilidade por voc, especialmente no ltimo captulo de minha vida. 9 DE OUTUBRO DE 1951 Eu imaginei a mim e Deus no permita a voc longe desta terra, observando o que o Conselho de Diretores da SRF estaria fazendo e como levaria adiante o trabalho. Eu praticamente j terminei meu trabalho espiritual. 8-28 DE NOVEMBRO DE 1951 Estou tentando dar parte da minha vida para prolongar a sua.

O sofrimento do Mestre pelos outros Um dia, perguntei ao Mestre: Senhor, li num artigo sobre Teresa Nemann que ela sofria no prprio corpo os maus hbitos dos padres, etc. Alguns dias, seu hlito e odores do corpo cheiravam a cigarro ou bebida, embora ela no tivesse consumido nenhum dos dois. Poderia me explicar isso? Sua resposta foi: Aqueles que ajudam outras almas no apenas assumem suas doenas fsicas mas, tambm, seus hbitos, como comer em excesso, beber, ter cimes, raiva, cobia e todas as outras tendncias psicolgicas. Algumas vezes, aquele que cura deve encenar aquelas tendncias particulares em seus prprios corpos ou em suas aes. O Mestre deixou implcito que cada discpulo sucessivo que veio at ele tinha hbitos diferentes e, para que pudesse ajud-lo a quebrar aquele vcio, ele costumava agir como um amortecedor, assumindo sobre si as conseqncias das aes ou das doenas, etc. Mesmo quando ele nos repreendia e exibia grande ira ou ansiedade, se olhssemos direto em seus olhos, podamos ver um pequeno indcio de sorriso no canto dos olhos. E, se consegussemos olhar por tempo suficiente e sorrir durante a repreenso, podamos ver os cantos de sua boca se erguerem e ele no conseguia disfarar o sorriso, pois nunca ficava interiormente com raiva. Era apenas uma encenao para nos ensinar uma lio ou nos corrigir. Ele s tinha alegria e bem-aventurana dentro de si. Em seu corao s havia preocupao por ns, e seu maior interesse era que encontrssemos a Deus e nos mantivssemos no caminho reto e estreito e, para isso, nos observava carinhosamente. Agradeo a Deus que ele assim o fez. Nem sei o que seria de ns se no fosse sua enorme pacincia, tolerncia e perdo. Nosso amado Mestre foi criticado algumas vezes por suas aes. Aqueles que o criticavam nem podiam imaginar que estavam falando mal de suas prprias ms condutas, que o Mestre assumira para si. O Mestre no tinha qualquer mau hbito prprio. Se cometesse um deslize, era alguma de nossas prprias faltas que ele estava encenando, pois tnhamos muitas. Que Mestre Crstico ns tnhamos, que amava seus filhos espirituais ao ponto de sacrificar o prprio corpo, por nossa causa, na cruz do sofrimento. Que possamos sempre nos recordar disso e jamais repetir nossos pecados novamente, por

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amor quele que tanto nos amou, pois nosso amado Mestre sofreu intensamente por nossos pecados do passado, do presente e do futuro. Vou relatar alguns episdios de pessoas cujo carma ele assumiu. Em 1931, uma mulher fez um comentrio maldoso sobre o rapaz que servia o Mestre como motorista. Ela insinuou que a face cheia de espinhas do rapaz era resultado de uma doena venrea. O Mestre defendeu o rapaz, dizendo: No nada disso, amanh o rosto dele estar limpo. Na manh seguinte, o rosto do rapaz estava limpo de todas as espinhas e no havia trao algum delas. O Mestre contraiu para si todas aquelas espinhas na forma de um nico sinal em seu tornozelo. Ele ainda tinha aquele sinal em 1950, depois desapareceu completamente. O Mestre nos contou que uma de suas irms de sangue ficou paraltica do quadril para baixo e jamais andaria novamente. Enquanto estava na ndia em 1935, o Senhor lhe disse o que fazer para ajudar sua irm. O Mestre disse a ela o que aconteceria se fosse a um determinado lugar, instruindo-a assim: Se voc puder, com a ajuda de outros, ficar de p sobre suas pernas inertes e caminhar cerca de uma milha at esse santurio de peregrinao, suas pernas ficaro curadas. Com toda a fora de vontade que conseguiu reunir, gemendo de dor a cada passo, ela finalmente chegou ao santurio e suas pernas ficaram boas, mas, claro, no sem que o preo fosse pago pelas pernas de nosso amado Mestre. Ele comeou a sofrer com elas na ndia e at o fim de seus dias, mais intensamente em algumas ocasies do que em outras, porm invariavelmente doloroso. Ele nunca reclamou, embora sentisse a dor agudamente. Ele ironicamente chamava suas pernas de pneus velhos. No sabamos de quem ele havia assumido esse carma, at o dia em que eu estava sozinha com ele. Ele estava falando sobre o sofrimento de sua irm terrena com as pernas. Exclamei: Agora sei por quem o senhor est sofrendo com suas pernas. o infortnio de sua irm que o senhor assumiu. Ele acanhadamente respondeu: Bem, isso a ajudou. A Sra. Lewis tinha o corao dilatado e por muitos anos sofreu com isso. Perguntei diretamente ao Mestre se ele havia assumido para si o problema cardaco da Sra. Lewis, e ele, encabulado, respondeu que sim com a cabea. O Mestre nunca dizia de qual pessoa ele estava carregando o sofrimento sobre si mesmo e apenas nessas poucas ocasies, quando questionado, chegou a admitir que o fazia. E eu sei que cada um de seus discpulos tnhamos uma grande parcela de mau carma que ele levou sobre os prprios ombros. Uma prova disso foi quando ele falou: Estou sofrendo para que vocs todos no sofram. Se ele tivesse uma entrevista agendada para a tarde ou a noite, mesmo que estivesse com dores durante o dia todo, levantava-se de sua cama de espinhos, vestia-se e nos fazia lev-lo at a sala da entrevista antes que a pessoa entrasse. Quando ela entrava, a face do Mestre no demonstrava qualquer sinal de sofrimento e ele ficava horas sentado, conversando, rindo e ajudando aquela alma. Aquela pessoa que conversava com o abenoado Mestre jamais poderia suspeitar que ele havia sofrido dia e noite, ou que suas pernas estavam duas vezes mais inchadas do que o normal, e que ele fora obrigado a forar o p para entrar no sapato, a fim de poder comparecer entrevista. Algumas vezes, quando suas pernas doam intensamente, ele nos fazia tocar seus discos indianos. Eram canes em bengali ou snscrito. Havia vrias das quais ele especialmente gostava. Ele repetia aquelas msicas diversas vezes durante a noite, freqentemente at altas horas. A cada vez que tocava, parecia que gostava mais do que antes. s diferentes palavras da msica, ele fazia gestos com os braos como se estivesse oferecendo flores aos Ps do Senhor, e sua face se iluminava e ele dizia com jbilo: Ah! Podia-se perceber a alegria do contato com o Senhor em seu rosto meigo e seus olhos amorosos. O sofrimento deixava de ser visvel e ningum conseguia notar qualquer sinal de dor. Quando a carga ficou pesada demais para seu sagrado corpo, a Me Divina a retirou, e o Mestre se foi para a etrea dimenso do mundo astral. Os olhos do Mestre Gostaria de terminar meu livro descrevendo os olhos de nosso amado Guruji, pois eles eram verdadeiramente as janelas de sua alma. A testa do Mestre era larga e bem desenhada, com sobrancelhas perfeitamente arqueadas que emolduravam um belo nariz e dois olhos de ltus, grandes, escuros e expressivos, que mudavam de expresso de acordo com os diferentes estados de esprito ou papis que ele
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representava em cada momento particular. Olhos de travessura quando ele brincava, de fogo quando se tornava um disciplinador, de razo quando assumia o papel de pai; de ternura quando o de me, de tristeza e lgrimas quando solidrio; de sabedoria quando ensinava; e distante quando sua mente estava alm deste planeta. Olhos que curavam magneticamente o corpo da doena, a mente dos entraves psicolgicos e a alma da ignorncia. Olhos que podiam ver at mesmo o que nossas palavras no conseguiam dizer. Olhos que iam alm do fsico e penetravam a mente e a alma, para enxergar o que ns prprios no sabamos acerca de ns mesmos. Olhos que faiscavam com Fora de Vontade quando ele se concentrava no progresso da SRF. Olhos que enxergavam o belo em toda a natureza. Olhos que estavam sempre atentos s almas que Deus queria que ele ajudasse. Olhos que podiam ver o lado mais negro de nossa natureza, mas se recusavam a v-lo, preferindo concentrar-se em nossas boas qualidades. Olhos de determinao que podiam superar qualquer obstculo. Olhos que cuspiam fogo para secar o dilvio da iluso e incendiar o deserto da alma. E, acima de tudo, olhos que s tinham a ateno e o amor voltados para seu nico Pai, Me, Amado Deus. Citao final Vou citar um trecho de uma carta do Mestre a Rajasi a respeito de suas vidas juntos, aqui e no grande alm.
7 DE AGOSTO DE 1938 Abenoado e Amado Pequenino. Como uma neblina de fogo, ns nos espalharemos atravs do corao da vida e da morte, de relmpagos e troves, desastres, sade e toda as dualidades. Nossa pele csmica ser o cu, com os poros brilhantes das estrelas. Usaremos a Via Lctea como uma guirlanda e correremos pelo infinito sem colidirmos com nada. Sem medo de afogamentos, males, acidentes, pobreza e doenas, a chama de nossas almas correr como um turbilho at a Eterna Onipresena, sempre a se expandir. Ento faremos da chama de nossas almas um ponto de luz e passaremos despercebidos pelos poros dos tomos; a terra, o oceano e as rvores, tudo isso sero luzes tremeluzindo diante de nossa luz, todos consumidos em nossa luz, brotando de nossa luz, morrendo e respirando em ns, pois seremos o feixe de luz da Criao emanando da cabine de projeo, que corao de Deus, e exibindo para todos o filme do Cosmos. Enquanto escrevo, vejo tudo isso, todos os nossos pequenos problemas momentneos j esto resolvidos. Isso Maya. O sublime deve ser obtido e a nobre atitude de conservar a conscincia inalterada precisa ser mantida e conquistada, em meio ao redemoinho dos problemas onricos da terra. O sonho ser um sonho para voc, bastando que sintonize sua conscincia com Aquele que, com a ajuda de Deus, percebeu que tudo isso um sonho. Domine sua vontade e tenha coragem, destrua este sonho com o sopro do seu despertar, e as mos de Deus e dos gurus o estaro erguendo para a esfera Eternamente jubilosa, a esfera em que os sonhos no existem. Paramhansa Yogananda

Eu me curvo ao Eu Onipresente de nosso Guruji Irm Ma Durga (Sri Durga Mata)

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Paramhansa Yogananda em frente ao Golden Lotus Temple, Encinitas, Califrnia, 1940.

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Pgina Musical
MELT ME IN ECSTASY Letra e msica de Sri Durga Mata Babaji, come to me! Babaji, come to me! Melt Thou my spine in Thee evermore. Come to me, Babaji, come to me. Babaji, come to me! Babaji, oh! give me That majic spark from Thee evermore. Come to me, oh! give me samadhi. Oh! melt me in ecstasy. Oh! melt me in ecstasy. Lahiri Mahsayji, Lahiri Mahsayji! Melt Thou my heart in Thee evermore. Lahiri Mahsayji, come to me! Lahiri Mahsayji, Come to me, oh! give me That majic spark from Thee evermore. Come to me, oh! give me samadhi. Oh! melt me in ecstasy. Oh! melt me in ecstasy. Sri Yukteswarji, Sri Yukteswarji! Melt Thou my mind in Thee evermore. Come to me, Sri Yukteswarji! Sri Yukteswarji, Come to me, oh! give me That majic spark from Thee evermore. Come to me, oh! give me samadhi. Oh! melt me in ecstasy. Oh! melt me in ecstasy. Gurudev, come to me! Gurudev, come to me! Melt Thou my all in Thee evermore. Gurudev, Gurudev, come to me! Gurudev, come to me! Gurudev, oh! give me That majic spark from Thee evermore. Come to me, oh! give me samadhi. Oh! melt me in ecstasy. Oh! melt me in ecstasy. ***

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LORD, DANCE WITH ME Letra e msica de Sri Durga Mata My Lord, I love Thee evermore. My Lord, come dance with me. My Lord, dance with me throughout eternity. *** MASTER, COME TO ME Letra e msica de Sri Durga Mata Beloved Master, come unto me. Leave not my sight for I love Thee. *** CHANT TO THE MASTERS Letra e msica de Sri Durga Mata Oh, great Babaji, Lahiri Mahsayaji, Master Sri Yukteswarji, And my Guruji. Take possession of my body, Take possession of my heart, Take possession of my mind, Take possession of my soul. Make my body omnipresent, Fill my heart with divine love, Let my thoughts reflect Thy wisdom, Let my soul shine with Thy light.

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Book description and ordering: Title: A Paramhansa Yoganandas Trilogy of Divine Love Author: Sri Durga Mata Publisher: Joan Wight Publications, Beverly Hills, California Hardcover, 210 pgs., including 13 pgs. illust. and 4 pgs. of music by Sri Durga Ma. First Printing in 1992/1993. Sections: My Life and Service to My Guru, Biography of Saint Lynn: Spiritual Millionaire, Reflections of My Guru Paramhansa Yogananda. The costs is $23.95 plus the shipping charge. Shipping charge Within the US $2.00 International (Surface only) $4.00 Within the US, checks are acceptable. For international orders, please send a money order or bank draft in US dollars. Checks should be made out to Joan Wight. Send book orders to: Joan Wight Post Office Box 17582-I Beverly Hills, California 90209

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