Broca Abacate
Broca Abacate
Broca Abacate
A broca-do-abacate, Stenoma catenifer (Lepidoptera: Elachistidae), pela falta de mtodos seguros e viveis de controle, continua sendo fator limitante para o cultivo do abacate no Brasil. O presente Informe tem como objetivo disponibilizar as informaes obtidas ao longo dos anos, em trabalhos de laboratrio e campo, pelo Instituto Agronmico do Paran para auxiliar no controle dessa praga.
DESCRIO E HBITOS
O adulto da broca uma mariposa de colorao amarelo-palha, com pontuaes escuras sobre as asas, e mede aproximadamente 15 mm de comprimento (Fig. 1A). Os ovos so brancoesverdeados, tm forma oblonga e apresentam estrias longitudinais; medem cerca de 0,5 mm de comprimento (Fig. 1B). As lagartas recm-eclodidas so branco-acinzentadas, tm a cabea escura, tornando-se posteriormente roxas; atingem cerca de 20 mm de comprimento em seu mximo desenvolvimento (Fig. 1C). Perfuram a epiderme dos frutos e alimentam-se da polpa do abacate, formando galerias em seu interior, depreciando assim o valor comercial do produto. Quando prestes a pupar, as lagartas abandonam os frutos e transformam-se em pupas no solo, sob detritos de folhas, profundidade de 0,5 a 1,5 cm, ou no interior de frutos cados. As pupas so marrons e medem aproximadamente 10 mm de comprimento (Fig. 1D). O ciclo biolgico de ovo a adulto dura cerca de 35 dias (Fig. 1). Cada fmea pode depositar mais de 120 ovos.
A
10 dias D
3 dias
Mariposa 15 mm
25 1C
Pupa 10 mm
Ovo 0,5 mm
15 dias
6 dias
Lagarta 15 mm
Estudos realizados em pomares comerciais revelaram que a broca prefere ovipositar em frutos do estrato superior do abacateiro e em plantas localizadas nas partes mais altas da propriedade. As posturas so geralmente isoladas, e depositadas principalmente na regio do pednculo, em cerca de 50% dos frutos examinados. Apesar da preferncia oviposicional da mariposa pela regio do pednculo, a maioria (em torno de 80%) dos orifcios de penetrao concentra-se na parte inferior do
abacate.
demonstra a existncia de um intervalo de tempo, embora pequeno, entre a ecloso e a penetrao no fruto, durante o qual a lagarta de primeiro instar fica exposta ao de agentes de controle. Essa uma observao importante para o monitoramento e controle, direcionando-os, principalmente, ao estrato superior das plantas. Fig. 2. Orifcios de penetrao da broca.
DANOS
Aps a ecloso, a lagarta de primeiro nstar perfura a epiderme do fruto aps localizar o local adequado para iniciar o ataque. medida que as lagartas vo se desenvolvendo, alimentam-se da polpa do abacate movendo-se em direo ao caroo, onde o inseto aloja-se e completa a fase larval, construindo galerias no seu interior. Na ausncia de controle, em anos de altas infestaes, tm sido constatados danos em mais de 80% dos frutos. Nestas condies comum encontrar vrias lagartas por fruto. Alm dos prejuzos na esttica, a broca tambm provoca a queda prematura de frutos. O orifcio de penetrao pode favorecer a entrada de microorganismos que aceleram o processo de deteriorao do fruto. O sinal de ataque da broca na lavoura facilmente identificado pelo aparecimento de uma exsudao esbranquiada e o acmulo de fezes ao redor do orifcio de penetrao (Fig. 2).
MANEJO DA BROCA
Embora ainda haja limitaes para o controle da broca-do-abacate, h srie de informaes sobre a biologia e comportamento do inseto, sobre a ao da fauna benfica, alm de prticas que podem reduzir as infestaes. A seguir so apresentadas medidas que podem auxiliar no controle da broca-do-abacate.
CONTROLE CULTURAL
Uma medida preventiva para reduzir o ataque da broca do abacate, mais apropriada para pomares pequenos e/ou orgnicos, a catao e destruio dos frutos cados. Essa prtica impede que as lagartas continuem se desenvolvendo nos frutos cados, evitando com isso a emergncia de mariposas e reduzindo, portanto, as populaes da broca nas geraes seguintes. A antecipao da colheita, sempre que possvel, impede a perpetuao da praga na propriedade e retarda as infestaes na safra seguinte.
CONTROLE BIOLGICO
Vrios grupos de inimigos naturais da broca-do-abacate tm sido detectados em pomares no Norte do Paran, porm os mais freqentes e abundantes so parasitides de ovos pertencentes famlia Trichogrammatidae: Trichogramma pretiosum Riley, Trichogramma bruni Nagaraja e Trichogrammatoidea annulata De Santis, sendo esta ltima espcie a mais comum dentre os parasitides de ovos. As vespinhas medem menos de 1 mm de comprimento e colocam seus ovos no interior do ovo da broca-do-abacate (Fig. 3) . A larva da vespinha se alimenta do contedo do ovo matando a praga antes que a lagarta nasa e possa causar qualquer dano ao fruto (Fig. 4). Em vez da lagarta, emergem do ovo da broca uma ou duas vespinhas.
Levantamentos realizados em diversos municpios do norte do Paran revelaram nveis variveis de parasitismo natural por essas vespinhas de at 80% dos ovos da praga. Embora a densidade populacional desses agentes biolgicos tenha atingido nveis relativamente altos, os nveis de parasitismo no tm sido suficientes para evitar danos severos produo. Entretanto, o fato de os tricogramatdeos serem constantes e freqentes ao longo dos anos, evidencia o
grande potencial desses agentes biolgicos para controle da broca-do-abacate. Em funo disso, estudos esto em andamento no laboratrio de manejo ecolgico de pragas do Instituto Agronmico do Paran, em Londrina, para selecionar a espcie de parasitide mais promissora com vistas a iniciar um programa de liberaes inundativas em pomares comerciais orgnicos no Paran. Esses pomares, por suas caractersticas peculiares de manejo do cultivo, que tm como objetivo preservar o equilbrio do agroecossistema, podem aumentar as chances de sucesso do controle biolgico da broca-do-abacate atravs de vespinhas parasitides de ovos.
CONTROLE QUMICO
No existem produtos liberados para o controle da broca-do-abacate no Paran. Estudos realizados pelo IAPAR demonstraram a eficincia de inseticidas do grupo dos piretrides para controle da praga, contudo no h registro desses produtos, impossibilitando assim a sua recomendao.
Autores: Celso Luiz Hohmann e Ana Maria Meneguim. rea de Proteo de Plantas, E-mail: [email protected] Informaes adicionais: Revista Brasileira de Fruticultura 25(3): 432-435, 2003. Revista Brasileira de Fruticultura 22(3): 359-363, 2000. Anais da Sociedade Entomolgica do Brasil 22: 417-419, 1993. Fotos: Hugo Y. Muramoto e Wagner S. de Oliveira