Aula 12 - Ensaio de Fadiga
Aula 12 - Ensaio de Fadiga
Aula 12 - Ensaio de Fadiga
Em condies normais de uso, os produtos devem sofrer esforos abaixo do limite de proporcionalidade, ou limite elstico, que corresponde tenso mxima que o material pode suportar. Em geral, os fabricantes especificam o produto para suportar esforos acima desse limite, ensaiam os materiais, controlam o processo de produo e tomam todos os cuidados para que o produto no apresente qualquer problema.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
2
Introduo
Apesar de todas essas precaues, possvel que, aps algum tempo de uso normal, de repente, sem aviso prvio e sem motivo aparente, o produto simplesmente venha a falhar, deixando o usurio na mo. Essa falha tpica de um fenmeno chamado fadiga, que o assunto desta aula. Ser visto o que fadiga, como se determina a resistncia fadiga, como so apresentados os resultados deste ensaio, que fatores influenciam a resistncia dos metais fadiga e o que pode ser feito para melhorar essa resistncia.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
3
A Fadiga
Voc j sabe que toda mquina constituda por um conjunto de componentes. No uso normal, nunca ocorre de todos os componentes falharem ao mesmo tempo. Isso porque cada um tem caractersticas prprias, uma das quais o tempo de vida til esperado. O ensaio de resistncia fadiga um meio de especificar limites de tenso e de tempo de uso de uma pea ou elemento de mquina. utilizado tambm para definir aplicaes de materiais.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
4
Aplicaes
sempre prefervel ensaiar a prpria pea, feita em condies normais de produo. Molas, barras de toro, rodas de automveis, pontas de eixo etc. so exemplos de produtos normalmente submetidos a ensaio de fadiga. Quando no possvel o ensaio no prprio produto, ou se deseja comparar materiais, o ensaio feito em corpos de prova padronizados.
Aplicaes
Aeronave Boeing 787 com carcaa estrutura sendo submetida a ensaio de fadiga:
Regio da Fratura
A fratura por fadiga tpica: geralmente apresenta-se fibrosa na regio da propagao da trinca e cristalina na regio da ruptura repentina.
Regio da Fratura
Voc pode observar aproximadamente o que acontece na fadiga, dobrando repetidamente um pedao de arame de ao. Aps dobrar algumas vezes, se voc observar atentamente, notar algumas pequenas trincas. Se continuar dobrando, observar que a trinca aumenta de tamanho at ocorrer a ruptura do arame. O estudo da fadiga importante porque a grande maioria das falhas de componentes de mquinas, em servio, se deve fadiga. E a ruptura por fadiga ocorre sem nenhum aviso prvio, ou seja, num dado momento a mquina est funcionando perfeitamente e, no instante seguinte, ela falha.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
9
Tenses Cclicas
Na definio de fadiga, destacou-se que ela se deve a esforos cclicos repetidos. De maneira geral, peas sujeitas a fadiga esto submetidas a esforos que se repetem com regularidade. Trata-se das tenses cclicas. A tenso cclica mais comum caracterizada por uma funo senoidal, onde os valores de tenso so representados no eixo das ordenadas e o nmero de ciclos no eixo das abscissas. As tenses de trao so representadas como positivas e as tenses de compresso como negativas.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
10
Tenses Cclicas
A figura a seguir apresenta trs tipos de ciclos de tenso.
11
Tenses Cclicas
A figura a mostra um grfico de tenso reversa, assim chamado porque as tenses de trao tm valor igual s tenses de compresso. No grfico b todas as tenses so positivas, ou seja, o corpo de prova est sempre submetido a uma tenso de trao, que oscila entre um valor mximo e um mnimo. O grfico c representa tenses positivas e negativas, como no primeiro caso, s que as tenses de compresso tm valores diferentes das tenses de trao.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
12
Tenses Cclicas
Um ciclo de tenso corresponde a um conjunto sucessivo de valores de tenso, que se repete na mesma seqncia e no mesmo perodo de tempo.
13
Equipamentos
Os aparelhos de ensaio de fadiga so constitudos por um sistema de aplicao de cargas, que permite alterar a intensidade e o sentido do esforo, e por um contador de nmero de ciclos. O teste interrompido assim que o corpo de prova se rompe.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
14
Equipamentos
15
O ensaio mais usual, realizado em corpos de prova extrados de barras ou perfis metlicos, o de flexo rotativa.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
16
17
O Corpo de Prova
O corpo de prova deve ser usinado e ter bom acabamento superficial, para no prejudicar os resultados do ensaio. A forma e as dimenses do corpo de prova variam, e constituem especificaes do fabricante do equipamento utilizado. O ambiente onde feito o ensaio tambm padronizado.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
18
O Corpo de Prova
As formas mais utilizadas de corpo de prova so apresentadas nas figuras a seguir.
19
O Corpo de Prova
20
O Corpo de Prova
21
O Corpo de Prova
22
O Corpo de Prova
Para uma mesma tenso, pode-se obter resultados de ensaio dispersos e que devem ser tratados estatisticamente. Mas, em geral, o ensaio realizado em cerca de 10 corpos de prova, para cada um dos diversos nveis de tenso.
23
Curva S - N
Os resultados do ensaio de fadiga geralmente so apresentados numa curva tenso-nmero de ciclos, ou simplesmente curva S-N.
O S vem da palavra inglesa stress, que quer dizer tenso, e N representa o nmero de ciclos.
Supondo que, para uma certa solicitao de flexo S1 o corpo de prova se rompa em um certo nmero de ciclos N1, e para uma solicitao S2 se rompa em N2 ciclos, e assim por diante, pode-se construir o diagrama S-N, com:
a tenso no eixo das ordenadas (vertical) e, o nmero de ciclos no eixo das abscissas (horizontal).
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
24
Curva S - N
Observando a curva obtida, nota-se que, medida que se diminui a tenso aplicada, o corpo de prova resiste a um maior nmero de ciclos.
25
Curva S - N
Nota-se, tambm, que diminuindo a tenso a partir de um certo nvel em que a curva se torna horizontal o nmero de ciclos para o rompimento do corpo de prova torna-se praticamente infinito.
26
Limite de Fadiga
Esta tenso mxima, que praticamente no provoca mais a fratura por fadiga, chama-se limite de fadiga ou resistncia fadiga do metal considerado. Mas, para a maioria dos materiais, especialmente os metais no ferrosos como o alumnio, a curva obtida no diagrama S-N decrescente. Portanto, necessrio definir um nmero de ciclos para obter a correspondente tenso, que ser chamada de resistncia fadiga.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
27
Limite de Fadiga
Para o alumnio, cobre, magnsio e suas ligas, deve-se levar o ensaio a at 50 milhes de ciclos e, em alguns casos, a at 500 milhes de ciclos, para neste nmero definir a resistncia fadiga. De maneira geral, consideramos de 107 108 ciclos.
28
Limite de Fadiga
29
Fatores que Influenciam a Resistncia a Fadiga Uma superfcie mal acabada contm irregularidades que, como se fossem um entalhe, aumentam a concentrao de tenses, resultando em tenses residuais que tendem a diminuir a resistncia fadiga. Defeitos superficiais causados por polimento (queima superficial de carbono nos aos, recozimento superficial, trincas etc.) tambm diminuem a resistncia fadiga.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
30
Fatores que Influenciam a Resistncia a Fadiga O limite de fadiga depende da composio, da estrutura granular, das condies de conformao mecnica, do tratamento trmico etc. O tratamento trmico adequado aumenta no somente a resistncia esttica, como tambm o limite de fadiga. O encruamento dos aos dcteis aumenta o limite de fadiga.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
32
Fatores que Influenciam a Resistncia a Fadiga O meio ambiente tambm influencia consideravelmente o limite de fadiga, pois a ao corrosiva de um meio qumico acelera a velocidade de propagao da trinca. A forma um fator crtico, porque a resistncia fadiga grandemente afetada por descontinuidades nas peas, como cantos vivos, encontros de paredes, mudana brusca de sees.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
33
Microestruturas estveis, isto , que no sofrem alteraes espontneas ao longo do tempo, apresentam maior resistncia fadiga.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
35
Concluso
Conclui-se que, no uso normal dos produtos, ns os submetemos permanentemente a ensaios de fadiga, que s terminam quando o produto falha. Porm, a indstria tem que se preocupar com a fadiga antes de lanar o produto no mercado, pois este ensaio fornece informaes que afetam diretamente a segurana do consumidor.
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
36
Exerccios
Marque com um X a resposta correta. 1. A ruptura por fadiga ocorre quando o material est sujeito a: a) ( ) tenses superiores ao limite de proporcionalidade; b) ( ) tenses cclicas repetitivas; c) ( ) tenses iguais ao limite de proporcionalidade; d) ( ) tenses estticas.
2. No grfico de tenso reversa: a) ( ) as tenses de trao so positivas e as tenses de compresso so negativas; b) ( ) as tenses de trao so negativas e as tenses de compresso so positivas; c) ( ) todas as tenses so positivas; d) ( ) todas as tenses so negativas.
3. So exemplos de fatores que diminuem a resistncia fadiga: a) ( ) tratamentos superficiais, descontinuidades na superfcie; b) ( ) tratamento trmico, tratamentos superficiais endurecedores; c) ( ) meio ambiente isento de agentes corrosivos, bom acabamento superficial; d) ( ) encruamento dos aos dcteis, formas sem cantos vivos. Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
37
Exerccios
4. O ensaio de fadiga baseado em esforos de: a) ( ) trao e toro; b) ( ) trao e compresso; c) ( ) flexo e toro; d) ( ) trao, compresso, toro e flexo. 5. Na curva S-N, o limite de fadiga indica que: a) ( ) se for atingida aquela tenso, o corpo se romper; b) ( ) mantendo aquela tenso indefinidamente, o corpo no se romper; c) ( ) foi atingido o nmero mximo de ciclos que o material suporta; d) ( ) a partir deste limite, a curva decrescente.
38
OBRIGADO!
Niquelndia, 2011 [email protected]
Prof. Brenno Ferreira de Souza Engenheiro Metalrgico
39