O Direito e As Ciências Auxiliares
O Direito e As Ciências Auxiliares
O Direito e As Ciências Auxiliares
. Afonso Mendes Alunos: Andressa Barbosa, Fernando Ursine, Lusa Garcia, Thiago Prates e Victor Vieira
O DIREITO E AS CINCIAS AUXILIARES O Direito uma cincia jurdica. Apesar de tal classificao, ele no trabalha sozinho, isolado das outras cincias. Exemplificando: quando h alguma ao levada a tribunal para julgamento, o Direito apenas define o que ou no passvel de punio e qual deve ser a pena aplicada a cada infrao, alm de definir agravantes e atenuantes. Apesar disso, ele tem participao restrita na parte de investigar determinada conduta para que se saiba, com certeza, o que ocorreu, para s ento ser levado a julgamento. E basicamente nessa linha de investigao que as cincias auxiliares do Direito lhe so de grande valor. A seguir, apresentaremos algumas das cincias auxiliares do Direito, especificando de forma sucinta como elas o auxiliam. HISTRIA: a Histria se ocupa de estudar a evoluo do Direito no decorrer do tempo, apontando suas evolues e falhas, para dar aos atuais legisladores uma base terica acerca da compilao das leis antigas, que podem sugerir caminhos a ser seguidos. Alm disso, a Histria faz um estudo das culturas e crenas antigas, indicando como e em que ponto influenciou na elaborao das leis, determinando, ainda, o contexto histrico de cada conquista jurdica, como o Cdigo Civil Napolenico, a CLT brasileira ou a Constituio dos Estados Unidos. Contudo, um dos aspectos mais importantes da Histria como auxiliar do Direito lhe fornecer as bases da tradio jurdica, que remonta aos antigos: por mais que o Direito evolua, seu objetivo de sempre buscar a Justia existe desde que o mundo mundo, o que o faz ser, portanto, uma das cincias mais tradicionais de que se tem conhecimento. SOCIOLOGIA: Para que o jurista tenha uma viso atual do direito necessrio que seja iniciado nas cincias sociais dentre as quais destacamos a Sociologia, pela importncia que tem para o direito, pois, hoje no se pode formular, interpretar, ou aplicar o direito sem o conhecimento dessas cincia e muito menos construir a cincia jurdica como autntica cincia, sem uma viso sociolgica. Sorokin define a Sociologia como no s a cincia da relaes e correlaes entre vrias classes de fenmenos sociais (correlaes entre os fatores econmicos e os religiosos; a famlia e a moral; o jurdico e o econmico; a mobilidade e os fenmenos polticos etc.), como, tambm, o estudo das relaes entre os fenmenos sociais e os no sociais (geogrficos, biolgicos etc.), que a habilita a dar as caractersticas gerais comuns a toda classe de fenmenos sociais e a entend-los como
realmente so. E assim porque a Sociologia estuda os fatos sociais, ou seja, os fenmenos sociais. A Sociologia versa sobre os costumes e as normas sociais. Ora, sabido que, em suas origens, o direito se apresenta sob a forma de costumes. A Sociologia , tambm, a cincia das instituies sociais; ora, o direito d forma jurdica a muitas instituies sociais, como a famlia, a propriedade et cetera. A Sociologia Jurdica inconcebvel sem a Sociologia, da qual uma especializao. O estudo do fenmeno social da delinquncia inconcebvel sem o auxlio da Sociologia, principalmente o fenmeno da delinquncia juvenil, que reflete a dissoluo dos costumes, a crise de afetividade, a crise do mercado de trabalho e a crise da famlia de nossos dias. SOCIOLOGIA CRIMINAL: A Sociologia Criminal um ramo da Sociologia que estuda a motivao e a perpetuao do crime na sociedade. Investiga os fatores ambientais e sociais do delito. Trata o delito como fato social. Reconhece que o delito resulta de vrios fatores sociais, para o qual concorre o indivduo, com seus fatores somticos e psicolgicos. A Sociologia Criminal concentra-se nos fatores sociais da delinquncia (morais, econmicos, polticos, raciais, climticos, educacionais etc.). Para Garca-Pablos (2002), esta teoria contempla o fato delitivo como fenmeno social e pretende explic-lo em funo de um determinado marco terico. Ainda, os modelos sociolgicos obtm xito em virtude da utilidade prtica da informao que subministram para os efeitos poltico-criminais. Esta teoria parte da premissa de que o crime um fenmeno social muito seletivo, e que est unido a certos processos, estruturas e conflitos sociais, tratando de isolar suas variveis, constituindo, hoje, o paradigma dominante e o contributo decisivo para um conhecimento realista do problema social. CINCIA POLTICA: So fortssimos os laos entre a Cincia Poltica e o Direito. Na Frana, segundo Paulo Bonavides na obra Cincia Poltica,
a Cincia Poltica, antes de chegar maioridade como disciplina autnoma, esteve quase toda contida no Direito,mormente no Direito Constitucional. A despeito do cisma operado, este ainda o ramo da Cincia Jurdica cujo influxo mais pesa sobre a Cincia Poltica.(BONAVIDES,2000,p.41)
Observado esse fato, fica claro que a Cincia Poltica tem grande importncia no estudo do Direito, principalmente em seu ramo constitucional. Essa importncia se deve ao foco de estudo da Cincia Poltica, que reside na explicao do funcionamento do Estado e
como esse se formou, suas relaes com a sociedade, a prpria sociedade, as polticas pblicas, enfim, o estudo do governo e do poder do Estado. A anlise desses tpicos essencial para a compreenso do ordenamento jurdico, e essa compreenso fundamental para o estudo e a prtica do Direito como um todo, mas h maior importncia ainda quando falamos do direito do Estado ou direito Constitucional, ramo fundamental do direito pblico, que tem por objetivo regular a estrutura bsica do Estado. ECONOMIA: O relacionamento do direito com a economia tem muito que ver com o marxismo, onde a economia (infraestrutura),quando alterada, modificaria o direito, a religio, o pensamento (superestrutura),sendo assim um subordinado ao outro. No entanto a idia mais aceita hoje em dia a de que o direito e a economia exercem uma influncia recproca, surgindo entre eles, como aponta Reale, uma interao dialtica de implicao e polaridade da mesma forma que com outros elementos fticos. Alguns exemplos prticos podem ser lembrados para exemplificar a importncia da economia sobre o direito. A crise do Oriente Mdio, na qual a guerra rabejudaica provocou o boicote ao petrleo e a elevao brutal de seu preo, repercutiu amplamente nos ordenamentos jurdicos nacionais, sobretudo em pases dependentes do petrleo importado, e a Crise de 1929 que estabeleceu novas polticas econmicas e modificaram as relaes sociais, logo as relaes jurdicas. Tais exemplos indicam que o ordenamento jurdico se adapta s realidades econmicas, mas longe de demonstrar que o econmico determina o jurdico. Apesar de atuar de forma geral sobre o direito, a economia age mais fortemente em alguns ramos da rea jurdica. No direito tributrio a economia tem grande responsabilidade no regulamento dos impostos, na criao e reduo desses, e na formulao do oramento do Estado, aqui numa perspectiva do direito administrativo. No direito trabalhista a economia influencia no aumento dos salrios, criao de benefcios, na demisso e admisso de funcionrios e nas relaes com os sindicatos. No direito internacional pblico a economia atua nas diversas relaes que os Estado mantm, podendo lev-los a alianas poltico-jurdicas ou no fim do vnculo diplomtico por causa de interesses divergentes. No direito comercial a dinmica econmica de um Estado e as relaes entre comerciantes controlada e regulamentada por leis e rgos estatais como o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econmica). Existem ainda outras reas onde a economia atua, mas mais indiretamente, como os direitos do consumidor e previdencirio.
Por fim, fcil perceber a importncia e a estrita ligao das cincias econmicas com a rea jurdica quando observamos a existncia da cadeira da Economia Poltica nos cursos de direito mundo afora, tpico que estuda justamente a interdisciplinaridade entre o curso de Economia e o de Direito. ANTROPOLOGIA CRIMINAL: embora atualmente esta cincia no seja to utilizada como o era antigamente, ela muito importante por poder ser considerada a precursora da antropologia forense, ramo da Medicina Legal que se ocupa de identificar corpos. Cesare Lombroso tido como o idealizador da antropologia criminal. Tal cincia estudava os aspectos fsicos dos criminosos, tendo por premissa a ideia de que todos eles teriam tais caractersticas em comum com os outros e, assim, seria possvel identific-los ainda na infncia: de acordo com os estudiosos da rea, a pessoa no se tornava criminosa, ela nascia criminosa. Os estudos da rea chegaram concluso de que as seguintes caractersticas identificavam a predisposio para a delinquncia: baixa capacidade enceflica, retraimento da testa, frontais desenvolvidos, orelhas largas, caninos proeminentes e maxilar protuberante, entre outros. Assim, identificando os criminosos a partir dessas caractersticas, seria possvel isol-los da sociedade, para que esta pudesse continuar a se desenvolver pacificamente. Atualmente, os estudos da antropologia criminal caram em desuso, sendo at comparados ao nazismo pela diferenciao e pelo julgamento de uma pessoa apenas a partir de caractersticas fsicas. MORAL: a Moral, que tem por objeto o comportamento humano regido por regras e valores morais que se encontram gravados em nossas conscincias e em nenhum cdigo escrito, tem relaes muito prximas com o Direito. No se precisa ir muito longe para admiti-las porque norma, liberdade, culpa, responsabilidade e sanes so temas bsicos da moral. Por isso, tem ela importncia fundamental para o Direito, que controle social eficaz da conduta humana. Muitas regras morais foram acolhidas pelo direito: no matar (implcita na punio do homicdio), no causar dano injusto a outrem (fonte da obrigao de reparar), respeitar a palavra dada (bsica no direito dos contratos), entre outros. Na Moral e na Religio encontra-se a origem do direito antigo. A Justia, o valor jurdico fundamental, valor moral. O estudo da Moral, de suas regras e dos costumes , pois, relevante para o jurista, principalmente para humanizar as relaes econmicas atuais.
CRIMINOLOGIA:
define-se
Criminologia
como
cincia
emprica
interdisciplinar que se preocupa em estudar o criminoso, o crime, a vtima e a repercusso social dos delitos. Preocupa-se da motivao, execuo e repercusso social do crime. Tambm usada para elucidar o poder publico a respeito de prticas que possam reduzir a criminalidade, criando programas personalizados de atuao para cada regio, buscando suas fontes primordiais a fim de atenu-las. O mtodo utilizado pela criminologia, segundo Antnio Garcia-Pablos Molina, o emprico, valendo-se da observao, anlise e induo de fatos sociais. Faz uso de estatsticas, pesquisas sociais, questionrios, entrevistas, entre outros, para produzir material para ser analisado. MEDICINA LEGAL: entende-se por Medicina Legal a parte da medicina dedicada ao estudo de assuntos mdicos relacionados a interesses jurdicos e policiais, aplicado tanto ao direito constitudo quanto ao direito constitudo quando ao direito constituendo. Tambm chamada de Medicina Forense, fundamental para a emisso de pareceres tcnicos que podem influenciar de maneira crucial na fundamentao de processos, tanto da rea penal quanto da rea civil. Um exemplo simples consiste na diferenciao de um local atingido por um disparo de arma de fogo, sendo necessrio determinar se ele frontal ou dorsal. Esse simples detalhe pode alterar crucialmente uma pea jurdica e definir os rumos de um julgamento. HERMENUTICA JURDICA: o conjunto de tcnicas para a interpretao do texto legal, de modo a aproximar-se ao mximo daquilo que o legislador intencionou dizer quando elaborou a lei. Seu estudo iniciou-se na mitologia pag, migrando posteriormente para a teologia crist, depois para a filosofia para enfim chegar at o direito. Sua atividade de fundamental para todos os operadores do direito, principalmente os magistrados, responsveis por dizer o direito, isto , aplica a norma jurdica.
PSICOLOGIA
CRIMINAL:
psicologia
criminal
foca
no
estudo
especificamente do delinquente. Ela procura compreender o criminoso, seus motivos e processos que o levaram quela transgresso e o auxilia na reinsero social, procurando contribuir para uma vida social e segura. Esse ramo da psicologia vai tentar compreender esse indivduo para assim encontrar medidas de preveno, reconstruindo o percurso da vida do infrator e revendo quais acontecimentos passados o tornaram criminoso. Um profissional dessa rea necessita de conhecimento da psicologia em si, de doenas mentais e o domnio do cdigo civil. Esses profissionais tm competncia para: apoiar tcnicos na formao e seleo da polcia e guardas prisionais, auxiliar estes agentes em conflitos e incidentes com delinquentes e infratores, fazer diagnsticos de reclusos com perturbaes, podendo at aplicar terapias, avaliar a forma como so tratados os reclusos nos sistemas prisionais, ajudar os reclusos nos processos de reinsero social, testemunharem em tribunal como especialista para provar que o julgado sofre de uma perturbao mental, avaliar as falsas memrias nos depoimentos de testemunhas, apoiar vtimas de violncia, apoiar a polcia no esboo de perfis criminosos, bem como na investigao de crimes. Essa cincia nasceu da necessidade de julgamentos diferenciados entre criminosos alienados mentais e criminosos comuns, adequando cada qual em seus respectivos direitos e deveres. Em 1903 surgiu o primeiro projeto de lei que previa a separao de tais tipos criminosos. Tal lei tinha como objetivo proteger a sociedade da doente metal criminoso. Apenas em 1921 surgiu o primeiro manicmio judicirio, agora buscando proteger no s a sociedade como tambm o doente mental. PSICOLOGIA JUDICIRIA: a psicologia judiciria faz interface com o direito. Ela se faz necessria em casos em que o direito necessite do auxlio da psicologia, tendo a misso de apresentar documentos para assistir ao julgador do fato. Sempre busca uma anlise voltada para aspectos relativos sade/doena psquica, capacidade/incapacidade cognitivo-emocional, efeitos das penas e decises judiciais e Medida de Segurana. No procura explicar os motivos do delinquente, mas sim examinar a veracidade de tais depoimentos. Essa cincia est presente em casos como violncia domstica, caso de adoes, novas maneiras de atuar em instituies penitencirias. Elas ajudam a esclarecer os casos tais como de imputabilidade/inimputabilidade, interdio e dano psquico. Para tal
esclarecimento, so utilizados documentos, sendo divididos em: atestado psicolgico, declarao psicolgica, relatrio psicolgico, laudo psicolgico e parecer psicolgico. Esses documentos podem ser desenvolvidos por profissionais designados pelo juzo, na condio de perito, ou indicado pelos interessados, na qualidade de assistente tcnico. A respeito da psicologia judiciria e seus deveres, Jorge Trindade, autor do Manual de psicologia jurdica para operadores do direito, afirma:
em qualquer hiptese, os documentos psicolgico-jurdicos devem pautar-se no apenas por critrios tcnico-psicolgicos, que so indispensveis, mas tambm por princpios ticos, dentre os quais a obrigao de manter sigilo profissional (p. 107).
CRIMINALSTICA: a cincia que auxilia no direito quanto prova tcnica presente no delito. Segundo Hans Gross, considerado o pai da criminalstica, essa cincia o estudo global do crime. Ela procura sempre, numa sntese de indcios, deixar claro o delito e sua autoria. Seus objetivos so: dar a materialidade do fato tpico, constatando a ocorrncia do fato penalmente ilcito; verificar os meios e os modos como foi praticado um delito, visando a fornecer a dinmica do fenmeno;
indicar a autoria do delito, quando possvel; elaborar a prova tcnica, atravs dos meios materiais. Todo crime deixa algum tipo de vestgio, sendo de extrema importncia esse material deixado. Os vestgios materiais deixados, tais como marcas de sangue, pegadas, armas do crime, digitais, projteis, objetos diversos, so chamados de corpo e delito. Tais instrumentos so a base da criminalstica. Esse trabalho realizado por peritos criminais, selecionados atravs de concursos pblicos. Eles trabalham em todos os tipos de crimes que deixem vestgios, investigando o local e seus vestgios a fim de revelar o culpado.