O Chamado para o Ministério - C. H. Spurgeon

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O CHAMADO PARA O MINISTRIO

Charles Haddon Spurgeon


Digitalizao: Levita Digital A cpia impressa deste livro, no contm os dados sobre edio, capa e ano de lanamento. Lanamento Digital: www.ebooksgospel.com.br

O CHAMADO PARA O MINISTRIO Todo cristo capaz de disseminar o evangelho tem direito de faz-lo. Ainda mais, no s tem direito, mas seu dever faz-lo enquanto viver (Ap. 22:17). A propagao do evangelho foi entregue, no a uns poucos, mas a todos os discpulos do Senhor Jesus Cristo. Segundo a medida da graa a ele confiada pelo Esprito Santo, cada discpulo tem a obrigao de ministrar em seu tempo e gerao, Igreja e entre os incrdulos. Na verdade, esta questo vai alm dos vares, incluindo todos os elementos do outro sexo. Sejam os crentes homens ou mulheres, quando capacitados pela graa divina, esto todos obrigados a esforar-se ao mximo para divulgar o conhecimento do Senhor Jesus Cristo. Todavia, o nosso servio no assume necessariamente a forma particular da pregao. Seguramente, em alguns casos preciso que no, como por exemplo no caso das mulheres, cujo ensino pblico expressamente proibido: 1 Tm. 2:12; 1 Co. 14:34. Mas, se temos capacidade para pregar, mister exercit-la. Contudo, nesta preleo no me refiro a prdicas ocasionais, nem a quaisquer outras formas de ministrio comuns a todos os santos, mas ao trabalho e ofcio do episcopado, em que se incluem o ensino e o governo da Igreja, exigindo a dedicao da vida inteira do homem obra espiritual, e que ele se separe de todas as carreiras seculares (2 Tm. 2:4). Trabalho e ofcio que autorizam o obreiro a contar totalmente com a Igreja de Deus para o suprimento das suas necessidades tem-

porais, visto que ele d todo o seu tempo, energia e esforos para o bem daqueles que esto sob a sua direo (1 Co. 9:11; 1 Tm. 5:18). A um homem assim Pedro se dirige com estas palavras'. "Apascentai o rebanho de Deus, que est entre vs, tendo cuidado dele". (I Ped. 5:2) Ora, nem todos de uma igreja podem superintender ou governar; alguns tm que ser dirigidos ou governados. E cremos que o Esprito Santo designa na Igreja de Deus alguns para agirem como superintendentes, e outros para se submeterem vigilncia de outros, para o seu prprio bem. Nem todos so chamados para trabalhar na palavra e na doutrina, ou para serem presbteros, ou para exercerem o cargo de bispo. Tampouco devem todos aspirar a essas obras, uma vez que em parte nenhuma os dons necessrios so prometidos a todos. Mas aqueles que, como o apstolo, crem que receberam "este ministrio" (2 Co. 4:1), devem dedicar-se a essas importantes ocupaes. Homem nenhum deve intrometer-se no rebanho como pastor; deve ter os olhos postos no Sumo Pastor, e esperar Seu sinal e Sua ordem. Antes que um homem assuma a posio de embaixador de Deus, deve esperar pelo chamamento do alto. Se no o fizer, mas se se lanar s pressas ao cargo sagrado, o Senhor dir dele e de outros semelhantes: "Eu no os enviei, nem lhes dei ordem; e no trouxeram proveito nenhum a este povo, diz o Senhor" (Jr. 23:32). Consultando o Velho Testamento, vocs vero os mensageiros de Deus, da velha dispensao, reivindicando comissionamentos da parte de Jeov. Isaas conta-nos que um dos serafins tocou os seus lbios com uma brasa viva tirada do altar, e que a voz do Senhor lhe disse: "A quem

enviarei, e quem h de ir por ns?" (Is. 6:8). Ento disse o profeta: "Eis-me aqui, envia-me a mim". No se apressou antes de ter sido visitado dessa maneira to especial pelo Senhor, e de ser por Ele qualificado para a sua misso. "Como pregaro, se no forem enviados?", so palavras que ainda no tinham sido enunciadas, mas o seu solene significado era bem compreendido. Jeremias narra em detalhe a sua vocao no primeiro captulo do seu livro: "Assim veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que sasses da madre, te santifiquei; s naes te dei por profeta. Ento disse eu: Ah Senhor Jeov! Eis que no sei falar; porque sou uma criana. Mas o Senhor me disse: No digas: eu sou uma criana; porque aonde quer que eu te enviar, irs; e tudo quanto te mandar dirs. No temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor. E estendeu o Senhor a sua mo, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca. Olha, ponho-te neste dia sobre as naes, e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruires, e para arruinares; e tambm para edificares e para plantares" (Jr. 1:4-10). Diferindo em sua forma externa, mas com o mesmo propsito, foi a comisso de Ezequiel. como se segue, em suas palavras: "E disse-me: Filho do homem, pe-te em p, e falarei contigo. Ento entrou em mim o Esprito, quando falava comigo, e me ps em p, e ouvi o que me falava. E disse-me: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, s naes rebeldes que se rebelaram contra mim, at este mesmo dia" (Ez. 2:1-3). "Depois me disse: Filho do homem, come o que

achares; come este rolo, e vai, fala casa de Israel. Ento abri a minha boca, e me deu a comer o rolo. E disse-me: Filho do homem, d de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Ento o comi, e era na minha boca doce como o mel. E disse--me: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras" (Ez. 3:1-4). A vocao de Daniel para profetizar, conquanto no registrada, fartamente atestada pelas vises a ele outorgadas, e pelo grandssimo favor que desfrutava da parte do Senhor, quer nas suas meditaes solitrias, quer nos atos pblicos. No h necessidade de passar em revista todos os outros profetas, pois todos se arrogavam falar com a autoridade do "assim diz o Senhor". Na presente dispensao, o sacerdcio comum a todos os santos. Mas, profetizar, ou fazer aquilo que se lhe assemelha, a saber, ser movido pelo Esprito Santo para entregar--se totalmente proclamao do evangelho, , na verdade, dom e vocao de apenas um nmero relativamente pequeno. E certamente estes precisam estar to seguros da veracidade da sua posio como os profetas estavam da sua. E mais, como podem justificar o seu ministrio seno por um chamamento semelhante? Tampouco ningum imagine que essas vocaes so simples iluso, e que em nossa poca ningum separado para a peculiar obra de ensino e direo da igreja, pois os prprios nomes dados no Novo Testamento aos ministros implicam em uma prvia vocao para a sua obra. Diz o apstolo: "De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por ns rogasse". No fato, porm,

que a prpria alma do ofcio de embaixador repousa na nomeao feita pelo governo representado? Um embaixador no enviado seria objeto de riso. Homens que ousam declarar-se embaixadores de Cristo precisam compreender mais profundamente que o Senhor lhes "entregou" a palavra da reconciliao (2 Co. 5:18-19). Se se disser que isto se restringiu aos apstolos, respondo que a epstola foi escrita, no s em nome de Paulo, mas tambm de Timteo, e da inclui outros ministrios alm do apostolado. Na primeira epstola aos Corntios lemos: "Que os homens nos (nos aqui significando Paulo e Sstenes, 1 Co. 1:1) considerem como ministros de Cristo, e dispenseiros dos mistrios de Deus" (1 Co. 4:1). Certamente o dispenseiro deve considerar o seu ofcio como da parte do Senhor. No pode ser dispenseiro simplesmente porque o decida ser, ou porque outros o consideram tal. Se a ns mesmos nos elegssemos dispenseiros do Marqus de Westminster e comessemos a tratar da propriedade daquele nobre, imediatamente o erro ser-nos-ia lanado em rosto da maneira mais convincente. evidente que precisa haver autorizao antes de algum poder tornar-se legtimo bispo, "dispenseiro da casa de Deus" (Tt. 1:7). O ttulo apocalptico de anjo (Ap. 2:1) significa mensageiro; e como os homens ho de ser arautos de Cristo, seno por Sua eleio e ordenao? Se a referncia da palavra anjo ao ministro for contestada, gostaramos que fosse demonstrado que ela se relaciona com qualquer outra pessoa. A quem da Igreja o Esprito escreveria como representante dela, seno a algum que ocupava posio anloga do oficial presidente?

Tito recebeu a incumbncia de dar prova cabal do seu ministrio; havia certamente algo que provar. H quem seja "vaso para honra, santificado e idneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra" (2 Tm. 2:21). No se deve recusar ao Senhor a escolha dos vasos que usa; Ele sempre dir de certos homens o que disse de Saulo de Tarso: "Este para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel" (At. 9:15). Quando o nosso Senhor subiu s alturas deu dons aos homens, e digno de nota que estes dons foram homens separados para obras diversas. "E ele mesmo deu uns para apstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores" (Ef. 4:11); disso fica evidente que certos indivduos so, como resultado da ascenso do Senhor, dados s igrejas como pastores; dados por Deus, e, conseqentemente, no se elevam a si mesmos a essa posio. Irmos, espero em que um dia possam falar do "rebanho sobre que o Esprito Santo" os constituiu bispos (At. 20:28), e oro no sentido de que cada um de vocs possa dizer com o apstolo dos gentios, que o seu ministrio no da parte dos homens, nem por homem algum, mas o recebeu do Senhor (Gl. 1:1). Oxal se cumpra em vocs aquela antiga promessa: "E vos darei pastores segundo o meu corao" (Jr. 3:15). "E levantarei sobre elas pastores que as apascentem" (Jr. 23:4). Que o Senhor mesmo cumpra em suas pessoas a Sua declarao: " Jerusalm! sobre os teus muros pus guardas, que todo o dia e toda a noite de contnuo se no calaro". Oxal vocs possam apartar o precioso do vil e assim ser como a boca de Deus

(Jr. 15:19). Oxal o Senhor manifeste por intermdio de vocs o aroma do conhecimento de Jesus em todo lugar, e os faa "o bom cheiro de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem" (2 Co. 2:15). Tendo um inaprecivel tesouro em vasos de barro, que a excelncia do poder divino pouse sobre vocs, e assim glorifiquem a Deus e tambm se livrem do sangue de todos os homens. Como o Senhor Jesus subiu ao monte e chamou os que quis, e depois os mandou a pregar (Mc. 3:13), assim tambm que Ele vos escolha a vocs chamando-os para cima, para a comunho com Ele, e vos envie como Seus servos escolhidos para a bno da Igreja e do mundo. Como pode o jovem saber se vocacionado ou no? uma indagao pondervel, e desejo trat-la mui solenemente. Oh, a divina orientao para faz-lo! O fato de que centenas perderam o rumo e tropearam num plpito est patenteado tristemente nos ministrios infrutferos e nas igrejas decadentes que nos cercam. Errar na vocao terrvel calamidade para o homem, e, para a igreja sobre a qual ele se impe, seu erro envolve aflio das mais dolorosas. Seria um curioso e penoso tema para reflexo a freqncia com que homens dotados de razo enganam-se quanto finalidade da sua existncia e miram coisas que nunca deveriam ter buscado. O escritor que redigiu os seguintes versos por certo estava com os olhos postos em muitos plpitos ocupados indevidamente:

Mostrai sbios, se podeis, entre animais de toda espcie e condio, tamanho e classe, desde elefantes a mosquitos, um ser que tanto erre nos planos, e tantas vezes, como o homem. Cada animal quer o bem prprio busca prazer, rao, repouso, que a natureza indica e mostra, sem nunca errar na escolha feita. S o homem falha, embora tenha razo acima dos demais. Descei a exemplos e provai: O boi jamais tenta voar, no deixa os pastos na campina nem com os peixes sonda as guas. Dos animais, s o homem age oposto sua natureza.

Quando penso no prejuzo, que por pouco no infinito, que pode resultar do erro quanto nossa vocao para o pastorado cristo, domina-me o temor de que algum de ns tenha sido negligente no exame de suas credenciais. Preferiria que vivssemos em dvida e nos examinssemos muitssimas vezes, do que tornarmos empecilhos no ministrio. No faltam numerosos mtodos pelos quais o homem pode testar sua vocao para o ministrio, se ardorosamente o quiser fazer. -lhe imperativo que no entre no ministrio enquanto no fizer profunda sondagem e prova de si prprio quanto a este ponto. Estando seguro da sua salvao pessoal, deve investigar quanto questo subseqente da sua vocao para o ofcio; a primeira -lhe vital como cristo, e a segunda lhe igualmente vital como pastor. Ser pastor sem vocao como ser membro professo e batizado sem converso. Nos dois casos h um nome, e nada mais.

1. O primeiro sinal da vocao celeste um desejo intenso e absorvente de realizar a obra. Para se constatar um verdadeiro chamamento para o ministrio preciso que haja uma irresistvel, insopitvel, ardente e violenta sede de contar aos outros o que Deus fez por nossas almas. Que tal se eu apelidar isso de uma espcie de ternura, como a que os pssaros tm pela criao dos seus filhotes quando chega a estao prpria; quando a ave me est disposta a morrer, antes de abandonar o ninho. Algum que conheceu Alleine intimamente disse que "ele tinha infinita e insacivel avidez pela converso de almas". Quando pde ter participao societria na universidade em que estava, preferiu uma capelania, porque "o inspirava uma impacincia por ocupar-se diretamente na obra ministerial". "No entre no ministrio se puder passar sem ele", foi o conselho profundamente sbio de um telogo a algum que procurou a sua opinio. Se algum neste recinto puder ficar satisfeito sendo redator de jornal, merceeiro, fazendeiro, mdico, advogado, senador ou rei, em nome do cu e da terra, siga o seu caminho. No homem em quem habita o Esprito de Deus em Sua plenitude, pois o homem assim revestido da plenitude de Deus ficaria inteiramente enfadado com qualquer carreira que no aquela pela qual o mago da sua alma palpita. Por outro lado, se voc puder dizer que nem por toda a riqueza da ndia poderia ou ousaria esposar qualquer outra carreira a qual o apartasse da pregao do evangelho de Jesus Cristo, fique certo ento que se noutras

coisas o exame for igualmente satisfatrio, voc tem os sinais do apostolado. Devemos estar convictos que a desonra vir sobre ns se no pregarmos o evangelho. A Palavra de Deus deve ser como fogo em nossos ossos, do contrrio, se nos aventurarmos no ministrio, seremos infelizes nisso, seremos incapazes de suportar as diversas formas de abnegao que lhe so prprias, e prestaremos pouco servio queles aos quais ministramos. Falo de formas de abnegao, e digo bem, pois o trabalho do verdadeiro pastor est repleto delas, e, se no amar a sua vocao, logo sucumbir ou desistir da luta, ou prosseguir descontente, sob o peso de uma monotonia to fastidiosa como a de um cavalo cego girando um moinho.
"Na fora do amor h consolao que torna suportvel uma coisa que a qualquer outro rompe o corao."

Cingidos desse amor, vocs sero intrpidos; despidos desse cinto mais que mgico da vocao irresistvel, consumir-se-o na desventura. Este desejo deve resultar de reflexo. No deve ser um impulso repentino desajudado por uma ponderao ansiosa. Deve ser o resultado do nosso corao em seus melhores momentos, o objeto de nossas reverentes aspiraes, o assunto de nossas mais ferventes oraes. Deve continuar conosco quando tentadoras ofertas de riqueza e comodidade entrarem em conflito com ele, e deve permanecer como uma resoluo serena e bem pensada depois de tudo ter sido avaliado em suas propores certas, e o preo muito bem calculado.

Quando morava com meu av no campo, na meninice, vi um grupo de caadores, com seus casacos vermelhos, cavalgando pelos campos atrs de uma raposa. Foi uma delcia para mim! Meu pequeno corao excitou-se; senti-me disposto a seguir os ces de caa, saltando barreiras e cruzando valas. Sempre tive gosto natural por essa espcie de atividade, e, na minha infncia, quando me perguntavam o que eu queria ser, costumava dizer que ia ser caador. Bela profisso, na verdade! Muitos jovens tm a mesma idia de serem clrigos, como eu de ser caador simples noo infantil, de que gostariam do casaco e do toque das cornetas; da honra, do respeito e da tranqilidade; e talvez sejam bastante tolos para pensar gostariam das riquezas do ministrio (s podem ser ignorantes, se buscam riqueza com relao ao ministrio evanglico). O fascnio exercido pelo ofcio de pregador muito grande para as mentes fracas, razo por que energicamente advirto a todos os jovens a no confundirem fantasia com inspirao, e preferncia infantil com vocao do Esprito Santo. Notem bem, o desejo de que falei deve ser totalmente desinteressado. Se um homem perceber, depois do mais severo exame de si prprio, qualquer outro motivo que a glria de Deus e o bem das almas em sua busca do episcopado, melhor ser que se afaste dele de uma vez, pois o Senhor aborrece a entrada de compradores e vendedores em Seu templo. A introduo de qualquer coisa que cheire a mercenrio, mesmo no menor grau, ser como um inseto no unguento, estragando-o de todo.

Esse desejo deve ser tal que permanea conosco, uma paixo que agente o teste da provao, um anelo do qual nos seja completamente impossvel fugir, ainda que o tentemos; desejo, na verdade, que se torna cada vez mais intenso conforme os anos passem, at tornar--se um anseio, uma anelante aspirao, uma consumidora fome de proclamar a Palavra. Esse desejo intenso uma coisa to nobre e to bela que, toda vez que o percebo inflamar-se no peito de algum jovem, sempre me contenho, no me apressando a desanim-lo, mesmo que tenha dvidas quanto sua capacidade. Talvez seja necessrio, por razes que lhes sero dadas mais adiante, sufocar as chamas, mas isto deve ser feito com relutncia e com sabedoria. Tenho to profundo respeito por este "fogo nos ossos" que, se eu mesmo no o sentisse, teria que abandonar de uma vez o ministrio. Se vocs no sentem o calor sagrado, rogo-lhes que voltem para casa e sirvam a Deus em suas respectivas esferas. Mas se, com certeza, as brasas de zimbro chamejam por dentro, no as apaguem, a menos que, de fato, outras consideraes de grande importncia lhes provem que o desejo que tm no fogo de origem celestial. 2. Em segundo lugar, em combinao com o desejo ardente de ser pastor, preciso que haja aptido para ensinar e certa medida das outras qualidades necessrias ao ofcio de instrutor pblico. Para provar sua vocao o homem precisa test-la com xito. No pretendo que na primeira vez que um homem se levantar para falar, pregue to bem como Robert Hall em seus ltimos tempos. Se a sua pregao

no for pior do que o grande homem fez no incio da sua carreira, no deve ser condenado. Vocs sabem que Robert Hall fracassou completamente trs vezes, e clamava: "Se isto no me humilhar, nada mais me humilhar". Alguns dos mais nobres oradores no foram dos mais fluentes nos seus primeiros tempos. Mesmo Ccero no incio padecia de voz fraca e dificuldade de elocuo. Contudo, ningum deve considerar-se chamado para pregar enquanto no provar que pode falar em pblico. Claro que Deus no criou o hipoptamo para voar, e se o leviat tivesse forte desejo de subir aos ares com a calhandra, evidentemente seria uma aspirao insensata, visto que no dotado de asas. Se um homem for vocacionado para pregar, ser dotado de capacidade em algum grau para falar, capacidade que ele cultivar e desenvolver. Se o dom de elocuo no existir no incio em alguma medida, no provvel que venha a desenvolver-se. Ouvi falar de um cavalheiro que tinha o mais intenso desejo de pregar, e tanto insistiu com o seu pastor que, depois de mltiplas recusas, conseguiu licena para pregar um sermo de prova. Essa oportunidade foi o fim da sua importunao, pois, depois de anunciar o texto, viu-se privado de todas as idias menos uma, que ele transmitiu sentidamente, e em seguida desceu da tribuna: "Meus irmos", disse ele, "se algum de vocs pensa que fcil pregar, aconselho-o a vir at aqui para perder toda a vaidade." A prova a que submetam as suas capacidades revelar a sua deficincia, se vocs no tiverem a aptido necessria. No conheo nada melhor. Devemos dar-nos a

ns prprios uma boa prova nesta questo, ou no poderemos saber com certeza se Deus nos chamou ou no; e durante a prova, devemos perguntar-nos a ns mesmos muitas vezes se, de modo geral, podemos alimentar a esperana de edificar outros com os nossos discursos. Contudo, devemos fazer mais do que submeter isso nossa conscincia e ao nosso julgamento, pois somos juzes ineptos. Certa classe de irmos tem grande facilidade para descobrir que tem sido maravilhosa e divinamente auxiliada em suas declamaes. Eu invejaria a gloriosa liberdade e a confiana prpria desses irmos, se houvesse algum fundamento para isso. Pois, lastimavelmente, com muita freqncia tenho que deplorar e lamentar minha falta de sucesso e meus fiascos como orador. No devemos confiar muito em nossa prpria opinio, mas se pode aprender muito de pessoas judiciosas e de ndole espiritual. De modo nenhum isto uma lei que deva obrigar a todas as pessoas, mas ainda assim um bom e antigo costume em muitas das nossas igrejas rurais, o jovem que aspira ao ministrio pregar perante a igreja. Dificilmente um ensaio agradvel ao jovem aspirante, e, em muitos casos, mal chega a ser um exerccio edificante para o povo; todavia, pode dar provas de que um recurso disciplinar dos mais salutares, e poupa a exposio pblica da ignorncia excessiva. O livro de atas da igreja de Arnsby contm o seguinte registro:

Breve relato do chamamento de Robert Hall Jnior para a obra do ministrio, pela Igreja de Arnsby, 13 de agosto de 1780. "O referido Robert Hall nasceu em Arnsby em 2 de maio de 1764; desde pequeno foi, no somente srio e dado orao em secreto antes mesmo de poder falar com clareza, mas tambm foi sempre totalmente inclinado obra do ministrio. Comeou a compor hinos antes de completar sete anos de idade, e neles revelou sinais de piedade, de pensamento profundo e de gnio. Entre oito e nove anos fez vrios hinos, que foram admirados por muitos, um dos quais foi publicado na Revista do Evangelho (Gospel Magazine) aproximadamente na mesma poca. Escreveu expondo os seus pensamentos sobre vrios assuntos religiosos e sobre pores seletas da Escritura. Tinha tambm intensa propenso para os'estudos, e fez tanto progresso, que o mestre-escola provinciano de quem ele era aluno no pde instru-lo mais. Ento foi enviado escola--internato de Northampton, ficando aos cuidados do Rev. John Ryland, onde passou cerca de um ano e meio, e alcanou grande progresso em latim e grego. Em outubro de 1778, foi para a Academia de Bristol, sob os cuidados do Rev. Evans; e, em 13 de agosto de 1780, foi comissionado ao ministrio por esta igreja, estando ele com dezesseis anos e trs meses de idade. A maneira pela qual a igreja chegou a ficar satisfeita com a capacidade dele para a grande obra foi por ter ele pregado, quando lhe tocou a vez, nas reunies de conferncias, sobre vrias pores da Escritura; nas quais, e na orao, havia participado por

quase quatro anos antes; e, quando em casa, tendo pregado a pedido dos irmos muitas vezes nas manhs do dia do Senhor, para grande satisfao deles. Portanto, eles pediram calorosamente e unnimes que ele fosse solenemente separado para o servio da comunidade. Com efeito, no dia acima referido, ele foi examinado por seu pai perante a igreja quanto sua inclinao, seus motivos e seus fins em vista, com referncia ao ministrio, sendo-lhe mostrado igualmente o desejo de que ele fizesse uma declarao dos seus sentimentos religiosos. Tendo-se feito tudo, para inteira satisfao da igreja, consagraram-no, pois, levantando as mos direitas e com orao solene. Depois o seu pai fez-lhe um discurso baseado em 2 Tm. 2:1: "Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graa que h em Cristo Jesus". Sendo-lhe assim confiada a obra ministerial, pregou de tarde sobre 2 Ts. 1:7-8. "Que o Senhor o abenoe e lhe conceda grande sucesso!" Considervel importncia deve ser dada ao julgamento feito por homens e mulheres que vivem perto de Deus, e, na maioria dos casos, o seu veredicto no ser errneo. Contudo, este recurso no final nem infalvel, e deve ser avaliado somente em proporo inteligncia e piedade das pessoas consultadas. Lembro-me bem do empenho com que uma piedosa matrona crist me dissuadiu de pregar. Esforcei-me para avaliar a impotncia da opinio dela com simplicidade e pacincia opinio essa sobrepujada, porm, pelo julgamento emitido por pessoas de maior experincia. Os jovens em dvida devem fazer-se acompanhar dos seus mais sbios amigos quando vo igreja rural ou ao salo de cultos da vila e tentam

transmitir a Palavra. J notei e o meu amigo Rogers observou a mesma coisa que vocs, cavalheiros, estudantes, como corpo estudantil, no julgamento que fazem uns dos outros raramente erram, se que erram alguma vez. Raramente houve um caso, tomada a instituio de modo global, em que a opinio geral da escola toda sobre um irmo foi errada. Os homens no so to incapazes de formar opinio uns dos outros, como s vezes se pensa. Reunindo-se como o fazem em classe, nas reunies de orao, nas conversas e nas vrias atividades religiosas, vocs se avaliam uns aos outros; e o prudente no se apressar a desprezar o veredicto da casa. Este ponto no estar completo se eu no acrescentar que a simples capacidade para edificar e a aptido para ensinar no bastam. So necessrios outros talentos para completar a personalidade do pastor. Critrio sadio e slida experincia devem instru-lo; maneiras gentis e qualidades amveis devem govern-lo; firmeza e coragem devem ser manifestas; e no devem faltar ternura e simpatia. Os dons administrativos para governar bem so condies to necessrias como os dons instrutivos, para ensinar bem. Vocs devem ser aptos para dirigir, devem estar preparados para agentar, e devem ser capazes de perseverar. Quanto graa, vocs devem estar cabea e ombros acima do restante do povo, capazes de ser seu pai e seu conselheiro. Leiam cuidadosamente as qualificaes do bispo, registradas em 1 Tm. 3:2-7 e Tt. 1:6-9. Se esses dons e graas no estiverem em vocs, e com abundncia, possvel que tenham bom xito como evangelistas, mas como pastores no tero nenhum valor.

3. Ainda para provar a vocao de algum, depois de exercitar um pouco os seus dons, como j lhes falei, preciso que o aspirante veja realizar-se certo nmero de converses sob os seus esforos, ou poder concluir que cometeu um engano e, da, poder retornar pelo melhor caminho que puder encontrar. No se espera que no primeiro, e mesmo no vigsimo esforo em pblico, sejamos premiados com o sucesso; e pode ocorrer que um homem tenha uma vida inteira de provao, se se sentir chamado para tanto, mas a mim me parece que quando algum for separado para o ministrio, seu comissionamento estar sem selos enquanto almas no forem ganhas por sua instrumentali-dade para o conhecimento de Jesus. Como obreiro, deve continuar trabalhando, quer tenha sucesso quer no, mas como ministro, no pode ter certeza da sua vocao enquanto no houver resultados patentes. Como o meu corao pulou de alegria quando ouvi as novas da primeira converso que se deu por meu intermdio! Nunca pude ficar satisfeito com o templo cheio, e com as bondosas expresses dos amigos; ansiava por ouvir de coraes quebrantados, de lgrimas correndo dos olhos dos penitentes. Muito me regozijei, como algum que acha grande presa, devido a uma pobre mulher de operrio ter confessado que sentira a culpa do seu pecado, e encontrara o Salvador com a minha dissertao de domingo tarde. Tenho agora na retina a cabana em que ela morava; creiam--me, sempre me parece pitoresca. Lembro-me bem da sua recepo na igreja, da

sua morte e da sua partida para o lar celestial. Ela foi o primeiro selo do meu ministrio, e, posso garantir-lhes, selo na verdade muito precioso. Me nenhuma jamais ficou mais cheia de felicidade com o nascimento do seu primognito. Na ocasio eu poderia ter entoado o cntico de Maria, pois minha alma engrandeceu o Senhor por ter Se lembrado de mim em minha baixeza, e ter-me dado a grande honra de fazer um trabalho pelo qual todas as geraes me chamariam bem-aventurado, pois assim avaliei a converso de uma alma. preciso que haja certo nmero de converses em seus trabalhos ocasionais antes de poderem acreditar que a pregao deve constituir a carreira da sua existncia toda. Recordem as palavras do Senhor mediante o profeta Jeremias; so muito pertinentes ao ponto de que estamos tratando, e deveriam alarmar todos os pregadores infrutferos. "No mandei os profetas, e todavia eles foram correndo: no lhes falei a eles, e todavia eles profetizaram. Mas se estivessem no meu conselho, ente fariam ouvir as minhas palavras ao meu povo, e os fariam voltar do seu mau caminho, e da maldade das suas aes" (Jr. 23:21-22). Para mim uma maravilha ver como h homens que continuam tranqilos a obra da pregao ano aps ano, sem converses. No tm eles entranhas de compaixo pelos outros? No tm senso de responsabilidade por si mesmos? Ousam eles, por uma falsa representao da soberania divina, lanar a culpa sobre o seu Senhor? Ou acreditam eles que Paulo planta, Apolo rega, e Deus no d o crescimento? Inteis so os seus talentos, a sua filosofia, a sua retrica, e at a sua ortodoxia, sem os sinais que devem seguir-se.

Como so enviados de Deus os que no trazem homens a Deus? Profetas cujas palavras so vazias de poder, semeadores cujas sementes fenecem todas, pescadores que no pegam peixes, soldados que no ferem so homens de Deus, estes? Certamente melhor seria trabalhar como lixeiro ou limpador de chamin, do que ficar no ministrio como uma rvore completamente estril. A ocupao mais simples confere algum benefcio humanidade, mas o infeliz que ocupa um plpito e nunca glorifica o seu Deus com converses, um vazio, uma ndoa, uma feiura, uma injria. No vale o sal que come, muito menos o po. E se escreve aos jornais para queixar-se da pequenez do seu salrio, sua conscincia, se que tem alguma, bem poderia replicar: "E o que voc ganha, no merece". Tempos de seca podem ocorrer; sim, e anos de escassez podem consumir os prvios anos de produtividade. Mas ainda haver fruto em geral e fruto para a glria de Deus. Nesse meio tempo, a esterilidade transitria encher a alma de indizvel angstia. Irmos, se o Senhor no lhe der zelo pelas almas, agarrem-se pedra de bater sola, ou colher de pedreiro, mas evitem o plpito com a mesma resoluo com que valorizam a sua paz de corao e a sua salvao futura. 4. Contudo, preciso ir um passo alm disso tudo em nossa pesquisa. A vontade do Senhor referente aos pastores conhecida mediante o piedoso julgamento da Sua Igreja. necessrio, como prova da sua vocao, que a sua pregao seja aceitvel ao povo de Deus. Deus normalmente abre as portas da elocuo para aqueles que

Ele chama para falarem em Seu nome. A impacincia foraria a abertura da porta, ou a poria abaixo, mas a f espera no Senhor, e na ocasio devida ela recebe o prmio da oportunidade. Quando esta chega, vem o nosso julgamento. Levan-tando-nos para pregar, o nosso esprito ser julgado pela assemblia, e, se formos condenados, ou se, como regra geral, a igreja no for edificada, no se pode contestar a concluso de que no fomos enviados por Deus. Os sinais e marcas do verdadeiro bispo esto registrados na Palavra para orientao da Igreja; e se ao seguir essa orientao os irmos no virem em ns as qualidades requeridas, e no nos elegerem para o ofcio, ficar bastante claro que por melhor que possamos evangelizar, o ofcio de pastor no para ns. Nem todas as igrejas so sbias, e nem todas julgam no poder do Esprito Santo, mas muitas julgam segundo a carne. Apesar disso, estaria mais pronto para aceitar a opinio de um grupo do povo do Senhor do que a minha prpria opinio sobre um assunto to pessoal como o dos meus dons e graas. De qualquer forma, quer valorizem o veredicto da igreja quer no, uma coisa certa: nenhum de vocs pode ser pastor sem o amoroso consentimento do rebanho. Portanto, este lhes servir de indicador prtico, seno correto. Se o seu chamamento da parte do Senhor for real, vocs no ficaro quietos por muito tempo. To certo como o homem quer a sua hora, a hora quer o seu homem. A Igreja de Deus est sempre com urgente necessidade de ministros vigorosos. Para ela, um homem sempre mais precioso do que o ouro de Ofir. Oficiais formais passam

fome e necessidade, mas os ungidos do Senhor nunca tero por que ficar sem um cargo pastoral, pois existem ouvidos aguados que os conhecero s de ouvi-los, e h coraes prontos para dar-lhes boas vindas ao lugar que lhes for destinado. Mantenham-se em forma para o seu trabalho, e nunca ficaro fora dele. No corram por todo lado, pedindo para pregar aqui e ali. Preocupem--se mais com a sua capacidade do que com a sua oportunidade, e sejam mais zelosos quanto a andar com Deus do que com qualquer outra coisa. As ovelhas conhecero o pastor enviado por Deus, o porteiro do aprisco abrir a porta para ele, e o rebanho conhecer a sua voz. Na poca em que transmiti esta preleo pela primeira ve, no tinha lido a admirvel carta que John Newton escreveu a um amigo sobre este assunto. Corresponde to de perto aos meus pensamentos que, com o risco de ser julgado imitador, o que certamente no sou no presente caso, vou ler a carta para vocs.
"O seu caso lembra o meu prprio; os meus primeiros desejos com vistas ao ministrio foram acompanhados de grandes incertezas e dificuldades, e a perplexidade da minha mente piorou com os vrios e antagnicos julgamentos dos meus amigos. O conselho que tenho para oferecer-lhe resultado de experincia e exames penosos, e, por esta razo, talvez no lhe seja inaceitvel. Rogo a Deus que, por Sua graa, torne-o til. "Fiquei muito tempo angustiado, como voc est, sobre o que era ou no era uma verdadeira vocao para o ministrio. Agora me parece ponto fcil de resolver, mas, talvez no o seja para voc, at que o Senhor lho esclarea em seu caso particular. O tempo no d para eu dizer tudo que poderia dizer-lhe. Em resumo, creio que a questo inclui principalmente trs coisas:

" 1. Um ardente e intenso desejo de empregar-se neste servio. Entendo que o homem que uma vez foi movido pelo Esprito de Deus para este trabalho, ir preferi-lo, se lhe for acessvel, a tesouros em ouro e prata. Assim que, embora s vezes intimidado pelo senso da importncia e das dificuldades do trabalho, comparadas com a sua grande insuficincia pessoal (pois de presumir-se que um chamamento desta natureza, se realmente provm de Deus, ser acompanhada de humildade e de auto-humilao), ele no poder abandon-lo. Afirmo que uma boa regra indagar, neste ponto, se o desejo de pregar o mais fervente nos centros vitais da estrutura do nosso ser, e quando estamos mais prostrados no p perante o Senhor. Se assim, bom sinal. Mas se, como s vezes se d, a pessoa est muito ansiosa por ser um pregador para outros, embora no exista em sua prpria alma uma fome e uma sede da graa de Deus, ento, de temer que o seu zelo promana de um princpio egostico, e no do Esprito de Deus. "2. Alm desse apaixonado desejo e prontido para pregar, preciso que, no devido tempo, aparea alguma competente aptido quanto a dons, conhecimento e elocuo. Seguramente, se o Senhor envia algum para ensinar outros, supr-lo- dos meios necessrios. Creio que muitos que se fizeram pregadores, o fizeram com boa inteno; todavia, foram antes de receber ou ultrapassaram a vocao deles ao agirem assim. A principal diferena entre um ministro e um cristo sem vocao especial, parece consistir naqueles dons ministeriais comunicados quele, no para o seu prprio interesse, mas para a edificao de outros. Mas digo que estes dons devem aparecer no devido tempo. No se deve esperar que surjam instantaneamente, mas de forma gradual, no uso prprio dos meios. So necessrios para desempenhar o ministrio, mas no so necessrios como requisitos que assegurem os nossos desejos quanto a ele. No seu caso, voc jovem e dispe de tempo. Da, penso que no precisa perturbar-se querendo saber se j tem esses dons. Se o seu desejo firme e se quiser, basta esperar no Senhor por eles, por meio da orao e da diligncia, pois voc ainda no precisa deles.1

"3. O que finalmente evidencia um chamamento genuno uma correspondente abertura na providncia, mediante uma srie gradativa de circunstncias que apontem para os meios, a ocasio, o lugar de entrar de fato no trabalho. E at que chegue esse ponto de coincidncia, no espere estar sempre livre de hesitao em sua mente. Nesta parte do assunto, a principal cautela consiste em no ser apressado em agarrar os primeiros indcios que aparecem. Se for da vontade do Senhor introduzi-lo no Seu Ministrio, Ele j designou o seu lugar e o seu servio, e embora no o saiba no presente, sab-lo- no devido tempo. Se voc tivesse talentos de anjo, no poderia fazer muita coisa boa com eles enquanto no chegasse a hora de Deus e Ele no o levasse s pessoas que determinou a abenoar por seu intermdio. muito difcil restringir-nos aos limites da prudncia neste ponto, quando o nosso zelo ardoroso. O sentir o amor de Cristo em nossos coraes e a terna compaixo pelos pobres pecadores propendem para fazer-nos irromper cedo demais; mas quem cr no se precipita. Fiquei cinco anos sob esta compulso. s vezes achava que devia pregar, mesmo que fosse nas ruas. Dava ouvidos a tudo que me parecia plausvel, e a muitas coisas que no o eram. Mas o Senhor misericordiosamente, e como que insensivelmente, cobria de espinhos o meu caminho. Do contrrio, se eu fosse deixado entregue ao meu prprio esprito, eu teria me colocado fora da possibilidade de ser introduzido numa esfera de servio proveitoso como esta, qual aprouve a Deus guiar-me no Seu tempo certo e bom. E agora posso ver claramente que, na poca que queria sair a campo pela primeira vez embora a minha inteno fosse boa, acredito eu me superestimei, pois no possua aquele discernimento e experincia espiritual indispensvel para to grande servio". __________________________
1. Devemos hesitar em falar precisamente desta maneira. Os dons devem ser um tanto manifestos antes que o desejo deva ser estimulado. Contudo, no essencial concordamos com o sr. Newton.

O que foi dito acima seria suficiente, mas o mesmo assunto estar diante de vocs, se eu lhes der em

pormenores um pouco da minha experincia pessoal no trato com aspirantes ao ministrio. Constantemente me cabe cumprir o dever que coube ao juzes de Cromwell. Tenho que formar minha opinio sobre se aconselhvel ajudar certos homens em suas tentativas para tornar-se pastores. um dever da maior responsabilidade, dever que requer cuidado nada comum. claro que no me meto a julgar se um homem vai entrar no ministrio ou no, mas o meu exame visa simplesmente a responder a questo se esta instituio o ajudar ou o deixar entregue aos seus prprios recursos. Alguns dos nossos caridosos amigos nos acusam de termos "uma fbrica de clrigos", aqui, mas a acusao no contm um pingo de verdade. Jamais tentamos fazer um ministro, e se o tentssemos fracassaramos. No recebemos ningum nesta escola seno os que j se declaram ministros. Estariam mais perto da verdade se me chamassem matador de clrigos, pois bom nmero de principiantes receberam de mim o seu despacho final; e sinto a mais completa paz de conscincia quando reflito no que tenho feito neste sentido. sempre uma tarefa difcil para mim, desanimar um jovem e esperanoso irmo que solicita matrcula nesta escola. Meu corao sempre se inclina para o lado mais bondoso, mas o dever para com as igrejas impele-me a julgar com severa discriminao. Depois de ouvir o candidato, aps ler as recomendaes que traz, e de avaliar as suas respostas s perguntas feitas, quando me conveno de que o Senhor no o chamou, sinto-me obrigado a dizer-lhe isso. Alguns casos tipificam os demais. Jovens irmos h que desejam com ardor entrar no ministrio,

mas dolorosamente patente que o seu motivo principal o ambicioso desejo de luzir entre os homens. De um ponto de vista comum, estes homens devem ser recomendados por sua aspirao, mas, ento, o plpito jamais deve ser a escada pela qual a ambio suba. Se tais homens entrassem no exrcito, no ficariam satisfeitos enquanto no chegassem ao mais elevado grau, pois esto determinados a forar caminho para o alto tudo muito louvvel e prprio at a; mas eles abraaram a idia de que, se entrassem no ministrio seriam grandemente distinguidos. Sentiram irromper os rebentos do gnio, e se consideraram maiores do que as pessoas comuns. Da, olharam para o ministrio, vendo-o como uma plataforma onde poderiam exibir as suas pretensas habilidades. Sempre que isto visvel, sinto-me obrigado a deixar o aspirante "to gang his ain gate", como dizem os escoceses; ou seja, sair por onde entrou, certo de que gente com esse esprito sempre d em nada, se entra no servio do Senhor. Vemos que no temos nada do que nos gloriar, e se tivssemos, o pior lugar para ostent-lo seria o plpito; pois todo dia somos levados a sentir a nossa insignificncia e nulidade. A homens" que desde a converso tm deixado transparecer grande fraqueza mental, que so prontamente levados a abraar doutrinas estranhas, ou a meter-se em m companhia e cair em pecado grosseiro, nunca posso encontrar em meu corao nada para encoraj-los a entrarem no ministrio, seja qual for a maneira como professam a sua f. Se se arrependerem realmente, que fiquem nas ltimas fileiras. Inconstantes como a gua, jamais vencero.

Assim tambm os que no suportam dureza, porque pertencem ordem dos enluvados de pelica, mando-os para qualquer outra parte. Queremos soldados, no janotas; trabalhadores zelosos, no vadios gentis. A homens que nada fizeram at o dia do seu pedido de matrcula na escola, dizemos que tratem de obter as suas esporas, antes de serem publicamente armados cavaleiros. Os que tm fervorosa paixo pelas almas no ficam espera at que recebam treinamento; servem imediatamente ao seu Senhor. Chamam-me a ateno alguns bons homens famosos por sua enorme veemncia e zelo, e por uma notvel ausncia de crebro. Irmos capazes de falar sem parar sobre coisa nenhuma capazes de sapatear na Bblia e de espanc-la, sem extrair dela nada. Zelosos, terrivelmente zelosos, exageraram-se em montanhas de trabalhos da mais penosa espcie; mas nada resulta disso tudo, nem sequer o ridiculus mus (ridculo rato). Existem por a zelotes que no so capazes de conceber ou transmitir cinco pensamentos consecutivos, cuja capacidade em extremo estreita e cuja presuno extremamente larga. Estes podem martelar, vociferar, bramar, arrebatar-se, enfurecer-se, mas o barulho todo sai da cavidade oca do tambor. Entendo que esses irmos tero a mesma atuao com instruo ou sem ela, razo por que geralmente declino os seus pedidos de matrcula. Outra classe demasiadamente numerosa de homens procura o plpito sem saber por qu. Incapazes de ensinar, no conseguiro aprender, todavia, de bom grado sero ministros. Como o homem que dormiu no Parnaso e

depois disso sempre se imaginava poeta, eles tiveram atrevimento suficiente para jogar uma vez um sermo por cima de um auditrio, e agora no querem fazer mais nada, seno pregar. Ficam to ansiosos para pr de lado o traje operrio, que faro uma ciso na igreja da qual so membros para realizar o seu intento. O balco comercial desagradvel, porm a almofada do plpito cobiada. Esto cansados dos pratos e dos pesos da balana; sentem-se compelidos a experimentar a balana do santurio. Homens assim, como enfurecidas ondas do mar, geralmente fazem espumar a sua prpria vergonha, e nos alegramos quando lhes dizemos adeus. As fraquezas fsicas levantam uma questo acerca da vocao de alguns excelentes homens. Eu no julgaria, como Eustenes, os homens por suas feies, mas a sua compleio fsica no pequeno critrio. Aquele trax estreito no indica um homem formado para falar em pblico. Vocs podem achar ridculo, mas ainda estou bem certo de que quando um homem tem peito encolhido, sem distncia entre os ombros, o Sapientssimo no teve a inteno de que ele pregasse habitualmente. Se fosse este o Seu propsito, ter-lhe-ia dado, em alguma medida, amplitude de peito suficiente para produzir razovel poro de energia pulmonar. Quando o Senhor planeja que uma criatura corra, d-lhe pernas velozes, e se planeja que outra pessoa pregue, d-lhe pulmes adequados. O irmo que tem de fazer uma pausa no meio de uma frase e acionar a sua bomba de ar, deve perguntar a si mesmo se no h alguma outra ocupao para a qual esteja mais bem adaptado. O homem que mal chega ao fim de uma frase

sem se afligir, dificilmente pode ser chamado para cumprir a ordem: "Clama, e no te cales". Talvez haja excees, mas a regra geral no tem valor? Irmos com deformao na boca e com articulao defeituosa, geralmente no so chamados para pregar o evangelho. O mesmo se aplica a irmos destitudos de palato ou com palato imperfeito. Recebeu-se h pouco tempo o pedido de admisso de um jovem que tinha uma espcie de movimento giratrio de seu maxilar, movimento do tipo mais penoso para quem o v. Seu pastor o recomendou como um jovem muito santo, que fora instrumento para levar alguns a Cristo, e expressou a esperana de que eu o receberia, mas no pude ver a convenincia disso. Eu no poderia olhar para ele, sem rir, enquanto ele pregasse, ainda que tivesse por prmio todo o ouro de Trsis, e, com toda a probabilidade, dentre dez dos seus ouvintes, nove seriam mais sensveis do que eu. Um homem com lngua grande que enchia toda a cavidade bucal e causava confuso, outro sem dentes, outro que gaguejava, outro que no conseguia pronunciar todo o alfabeto a todos, pesarosamente, tive de rejeitar baseando-me no fato de que Deus no lhes dera aqueles meios fsicos que, nos termos do livro de orao da igreja anglicana, so "geralmente necessrios". Encontrei um irmo eu disse um? Encontrei dez, vinte, cem irmos que alegavam estar seguros, completamente seguros de que foram chamados para o ministrio estavam completamente certos disso porque tinham falhado em tudo mais. Eis aqui uma espcie de histria modelo: "Sr. Spurgeon, colocaram-me num

escritrio de advocacia, mas nunca pude agentar a clausura, e no me sentia vontade estudando direito; evidentemente a Providncia obstruiu o meu caminho, pois perdi o emprego". "Que que voc fez ento?" "Ora, senhor, fui induzido a abrir uma mercearia." "E voc prosperou?" "Bem, senhor, no creio que eu jamais pretendesse o comrcio, e Deus pareceu-me vedar inteiramente o caminho ali, pois fracassei e me vi em grandes dificuldades. Desde essa ocasio ,tive uma pequena agncia de seguros de vida, e tentei organizar uma escola, alm de vender ch. Mas o meu caminho est fechado, e algo dentro de mim leva-me a achar que devo ser ministro." Em geral a minha resposta : ", entendo. Voc fracassou em tudo mais ,e da acha que o Senhor o dotou especialmente para o Seu servio; mas receio que voc se esqueceu de que o ministrio precisa dos melhores homens, e no dos que no conseguem fazer nenhuma outra coisa". O homem que teria sucesso como pregador, provavelmente se sairia bem como merceeiro, advogado ou qualquer outra profisso. Um ministro realmente de valor seria timo em qualquer outra ocupao. Dificilmente haver alguma coisa impossvel para o homem que mantm unida uma igreja durante anos, e que capaz de edific-la atravs de centenas de domingos consecutivos. Tem que possuir algumas habilidades, e de modo nenhum pode ser um tolo ou um imprestvel. Jesus Cristo merece os melhores homens para pregarem a Sua cruz, e no os cabeas ocas e os desvalidos.

Um homem cavalheiro com cuja presena fui honrado uma vez, deixou-me na mente a fotografia do seu extraordinrio ser. O seu rosto mesmo parecia o frontispcio de um volume completo sobre presuno e tapeao. Mandou-me um recado ao gabinete pastoral um domingo de manh dizendo-me que queria ver-me imediatamente. Sua audcia o fez entrar. Quando se viu diante de mim, disse: "Sr. Spurgeon, quero entrar em sua escola, e gostaria de entrar imediatamente". "Bem, senhor", disse eu, "receio que no temos lugar no momento, mas o seu caso ser considerado." "Mas o meu caso deveras notvel, Sr. Spurgeon; provavelmente o senhor nunca recebeu um pedido de admisso semelhante ao meu." "Muito bem, veremos isso; o secretrio lhe dar o formulrio de inscrio, e o senhor poder ver-me amanh." Na segunda-feira veio ele, trazendo as questes respondidas da maneira mais extraordinria. Quanto a livros, alegou ter lido toda a literatura antiga e moderna e, depois de dar uma lista imensa, acrescentou: "Isto apenas uma seleo; l extensamente em todas as reas". Quanto s suas pregaes, ele poderia conseguir as mais altas recomendaes, mas nem o julgou necessrio, pois uma entrevista pessoal me convenceria logo de sua capacidade. Sua surpresa foi grande quando eu lhe disse: "Meu amigo, sou obrigado a dizer que no posso admiti-lo". "Por que no, Sr. Spurgeon?" "Falarei com franqueza. O senhor to tremendamente inteligente que no posso insult-lo recebendo-o em nossa escola, onde no temos mais que homens comuns; o diretor, os professores e os estudantes, somos todos homens de realizaes modestas, e o senhor

teria que ser muito condescendente, estando entre ns:" Ele me olhou severamente e disse com dignidade: "O senhor quer dizer que, porque eu possuo gnio incomum, e engendrei em mim uma gigantesca mente, raramente vista igual, -me recusada a admisso na sua escola?" "Sim", respondi to cal-* mamente como pude, considerando-se o opressivo temor que o seu gnio inspirava, "exatamente por essa razo." "Ento o senhor devia permitir-me um exame dos meus talentos como pregador. Escolha o texto que quiser, ou sugira o assunto que lhe agradar, e, aqui mesmo nesta sala, discorrerei ou pregarei sobre ele, sem tomar tempo para reflexo, e o senhor ficar surpreso." "No, obrigado. Prefiro no ter o dissabor de ouvi-lo." "Dissabor, senhor?! Garanto que lhe seria o maior prazer possvel." Eu disse que podia ser, mas me achava indigno do privilgio, e assim lhe disse adeus. O cavalheiro era-me desconhecido na ocasio, mas daquele tempo em diante tem figurado na delegacia de polcia como muito inteligente, em parte. Ocasionalmente recebemos solicitaes de matrcula que talvez os deixassem admirados, pois provm de homens por certo bastante fluentes, e que respondem muito bem a todas as perguntas, exceto aquelas que se referem s suas opinies doutrinrias, para as quais obtemos repetidamente esta resposta: "O sr. Fulano de Tal est disposto a acatar as doutrinas da escola, sejam quais forem"! Em todos esses casos, no discutimos nem um momento; dada a negativa instantaneamente. Menciono o fato porque ilustra a nossa convico de que no so chamados para o ministrio homens que no tm

conhecimento nem crena definida. Quando pessoas jovens dizem que ainda no tm opinio teolgica formada, devem voltar para a Escola Dominical at que a tenham. Ora, um homem entrar na escola procurando dar a impresso de que mantm a mente aberta para qualquer forma da verdade, e de que eminentemente receptivo, mas no tem firmadas em sua mente coisas como, se Deus faz eleio com base na graa, ou se Ele ama o Seu povo at o fim, parece-me uma perfeita monstruosidade. "No nefito", diz o apstolo. Entretanto, o homem que no firmou posio sobre pontos como estes , confessada e egregiamente, um "nefito", e deve ser relegado classe de catecmenos at aprender as primeiras verdades do evangelho. Depois de tudo, cavalheiros, teremos que comprovar a nossa vocao mediante a prova prtica do nosso ministrio na vida ativa posterior, e ser para ns uma coisa lamentvel iniciar o curso sem o devido exame, pois, em fazendo assim, poder acontecer que tenhamos que abandon-lo com desonra. De modo geral, a experincia o nosso melhor teste, e se Deus nos sustenta ano aps ano, e nos d Sua bno, no precisamos submeter a nossa vocao a nenhuma outra prova. As nossas aptides morais e espirituais sero provadas pelo labor do nosso ministrio, e este o mais fidedigno de todos os testes. Algum me falou de um plano adotado por Matthew Wilks para o exame de um jovem que queria ser missionrio; a orientao se no os pormenores do teste recomenda-se ao meu juzo, embora no ao meu gosto. O moo desejava ir para a ndia como missionrio, ligado

Sociedade Missionria de Londres. O sr. Wilks foi nomeado para avaliar a aptido do rapaz para aquele encargo. Escreveu ao jovem pedindo-lhe que o visitasse s seis da manh do dia seguinte. O irmo morava a muitos quilmetros de distncia, mas estava na casa s seis horas em ponto. Contudo, o sr. Wilks no apareceu na sala seno horas mais tarde. O irmo esperou com estranheza, mas com pacincia. Afinal o sr. Wilks chegou e se dirigiu ao candidato nestes termos, com a sua entonao nasal de sempre: "Bem, jovem; assim que voc quer ser missionrio?" "Sim, senhor." "Voc ama o Senhor Jesus Cristo?" "Sim, senhor; estou certo que sim." "Voc tem alguma instruo?" "Sim, senhor, um pouco." "Bem, agora vamos test-lo. Voc pode soletrar "gato"?" O moo pareceu ficar confuso, e nem sabia responder a to despropositada pergunta. Sua mente por certo vacilava entre a indignao e a submisso, mas de pronto respondeu com firmeza: "G, a, t, o, gato". "Muito bem", disse o sr. Wilks; "agora voc pode soletrar "co"?" O nosso jovem mrtir hesitou, mas o sr. Wilks disse da maneira mais fria: "Ora, no faz mal; no se acanhe; voc soletrou to bem a outra palavra que eu pensei que seria capaz de soletrar esta; por alto que seja o feito, no to elevado que no o pudesses fazer sem corar". O jovem J replicou: "C, a com til, o, co". "Bem, est certo. Vejo que voc sabe soletrar; agora, quanto sua aritmtica, quanto so duas vezes dois?" de espantar que o sr. Wilks no tenha recebido "duas vezes dois" moda do cristianismo muscular, mas o paciente jovem deu a resposta correta e foi dispensado.

Na reunio da comisso, Matthew Wilks disse: "Recomendo de corao aquele moo. Examinei devidamente as recomendaes em seu favor e o carter dele. Alm disso, passei-lhe um estranho exame pessoal de tal natureza que poucos poderiam suportar. Provei sua abnegao e ele pulou bem cedo da cama; provei seu temperamento e sua humildade; ele capaz de soletrar "gato" e "co", e de dizer que "duas vezes dois so quatro" e se sair muitssimo bem como missionrio". Ora, o que se diz que o velho cavalheiro fez com tanto mau gosto, devemos fazer conosco mesmos com muita propriedade. Devemos provar-nos a ns mesmos para ver se podemos agentar intimidaes, fadigas, calnias, zombarias, privaes, e se somos capazes de suportar que faam de ns a escria de todos e que nos tratem como nada por amor a Cristo. Se podemos suportar todas estas coisas, temos alguns daqueles pontos que indicam a posse das raras qualidades que se devem encontrar num verdadeiro servo do Senhor Jesus Cristo. Questiono com seriedade se alguns de ns encontraremos os nossos navios, quando lanados ao mar, to completamente aptos para navegar como pensamos. Ah meus irmos, certifiquem-se laboriosamente disto enquanto estiverem neste abrigo; e trabalhem diligentemente para habilitar-se para a sua elevada vocao. Vocs vo ter inmeras provaes, e ai de vocs, se no partirem armados dos ps cabea com a armadura da experincia. Tero que correr competindo com cavaleiros; no deixem que a infantaria os canse enquanto estiverem em seus estudos preliminares. O diabo est ao largo, e com

ele esto muitos. Submetam-se vocs mesmos a provas, e queira Deus prepar-los para o crisol e o forno que certamente os esperam. Talvez a sua tribulao no seja to grave como a de Paulo e seus companheiros, mas vocs devem estar prontos para provaes semelhantes. Permitam-me ler as memorveis palavras que o apstolo escreveu, e rogar-lhes que orem enquanto as ouvem, suplicando ao Esprito Santo que os fortalea para tudo que os aguarda. "No dando ns escndalo em coisa alguma, para que o nosso ministrio no seja censurado; antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendveis em tudo: na muita pacincia, nas aflies, nas necessidades, nas angstias, nos aoites, nas prises, nos tumultos, nos trabalhos, nas viglias, nos jejuns, na pureza, na cincia, na longanimidade, na benignidade, no Esprito Santo, no amor no fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justia, direita e esquerda, por honra e por desonra, por infmia e por boa fama: como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo, e eis que vivemos; como castigados, e no mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo, e possuindo tudo." (2 Cor. 6:3-10)

O CHAMADO PARA O MINISTRIO Como pode o jovem saber se vocacionado ou no? Neste opsculo o famoso pregador ingls examina esse tema ainda hoje problemtico. Da sua vasta experincia pastoral Spurgeon nos apresenta algumas respostas esclarecedoras para todos quantos esto considerando este assunto. Voc j tem certeza que um vocacionado?

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