O poema descreve um poeta português que não consegue expressar adequadamente a grandeza de outro poeta, Fernando Pessoa, que deu muito à sua pátria. O poeta também descreve Pessoa como um gênio e herói que foi louco em sua poesia e em combater.
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O poema descreve um poeta português que não consegue expressar adequadamente a grandeza de outro poeta, Fernando Pessoa, que deu muito à sua pátria. O poeta também descreve Pessoa como um gênio e herói que foi louco em sua poesia e em combater.
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Nem tenho versos, cedro desmedido,
Da pequena floresta portuguesa!
Nem tenho versos, de tão comovido Que fico a olhar de longe tal grandeza.
Quem te pode cantar, depois do Canto
Que deste à pátria, que to não merece? O sol da inspiração que acendo e que levanto Chega aos teus pés e como que arrefece.
Chamar-te génio é justo, mas é pouco.
Chamar-te herói, é dar-te um só poder. Poeta dum império que era louco, Foste louco a cantar e louco a combater.
Sirva, pois, de poema este respeito
Que te devo e confesso, Única nau do sonho insatisfeito Que não teve regresso.
Vinha de longe o mar...
Vinha de longe, dos confins do medo... Mas vinha azul e brando, a murmurar Aos ouvidos da terra um cósmico segredo.
E a terra ouvia, de perfil agudo,
A confidencial revelação Que iluminava tudo Que fora bruma na imaginação.
Era o resto do mundo que faltava
(Porque faltava mundo!). E o agudo perfil mais se aguçava, E o mar jurava cada vez mais fundo.
Sagres sagrou então a descoberta
Por descobrir: As duas margens da certeza incerta Teriam de se unir! Quem vai à luz do Céu com luz da Terra, Encontra a escuridão no seu caminho; Quem vai buscar a noiva em som de guerra, Morre sem noiva e sem amor, sozinho.
Encontra a escuridão no sol ardente,
Arma do Anjo Negro mascarado Que cega todo aquele que à sua frente Ergue o rosto agressivo e confiado.
Morre na areia seca do deserto,
Seu corpo nu a apodrecer no chão, Simplesmente coberto Pelo pranto sem fim duma Nação.
E eu fui a Deus com alma natural,
E o meu grito de amor desafiou. E Deus toldou-se quando eu dei sinal, E a noiva nem sequer me sepultou!
Aqui declaro que não tem fronteiras.
Filho da sua pátria e do seu povo, A mensagem que traz é um grito novo, Um metro de medir coisas inteiras.
Redonda e quente como um grande abraço
De pólo a pólo, a sua humanidade, Tendo raízes e localidade, É um sonho aberto que fugiu do laço:
Vento da primavera que semeia
Nas montanhas, nos campos e na areia A mesma lúdica semente,
Se parasse de medo no caminho,
Também parava a vela do moinho Que mói depois o pão de toda a gente.