Mono Jogos e Brincadeiras Infantis
Mono Jogos e Brincadeiras Infantis
Mono Jogos e Brincadeiras Infantis
CURSO DE PEDAGOGIA
ESTÂNCIA TURÍSTICA DE
PEREIRA BARRETO
2009
Eliza Maria Moretti de Almeida
Mônica Cristina Louzada
ESTÂNCIA TURÍSTICA DE
PEREIRA BARRETO
2009
RESUMO
DIAS, E.T.B.; TALHARE, E.C. Os jogos e brincadeiras na educação infantil. 2009. 36f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia). Faculdades Integradas
Urubupungá, Pereira Barreto - SP, 2009.
DIAS, E.T.B.; TALHARE, E.C. Os jogos e brincadeiras na educação infantil. 2009. 36f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia). Faculdades Integradas
Urubupungá, Pereira Barreto - SP, 2009.
Through games and toys the child has significant learning, because the act of play gives the
child a relationship between things and people and to relate them build their knowledge,
reflecting what the world perceives as the social aspects , cultural and family, depicting its
context and realizing their future roles, thereby developing their cognitive, social and
emotional. Thus, it is clear that recreational activities are excellent means of diagnosis,
intervention and even the construction of the conceptual contents, procedures and attitudes, as
well as being a means of transmitting messages that are capable of recovering self-esteem,
self-knowledge, values such as solidarity, responsibility, discipline, self-confidence, self-
acceptance, tolerance, concentration, joy, and many others, so necessary to the formation of
our children. It is through play and games that children leave their world of needs and
constraints and develop, creating and adapting to new realities. Childhood is therefore a
learning period necessary for adulthood, and is playing the child becomes spontaneous, and
emotional support to acquire sufficient to prevent future misbehavior undesirable.
2009.............................................................................................................................................1
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................5
2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL...........................................................................6
2.1 Breve Histórico da Educação Infantil no Brasil....................................................................8
3 A ORIGEM DOS JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS................................................12
4 O OLHAR DOS ESTUDIOSOS E DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE OS JOGOS,
AS BRINCADEIRAS E A EDUCAÇÃO INFANTIL.............................................................18
4.1 O Jogo Infantil Segundo Piaget e Vygotski .....................................................................18
4.2 Conceitos de Jogo, Brinquedo e Brincadeira .....................................................................19
4.3 Legislação Brasileira, PCNs sobre os Jogos e Brincadeiras Infantis..................................21
5 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.................................................................................25
5.1 As Brincadeiras, os Jogos e a Aprendizagem.....................................................................25
5.2 As Contribuições do Brincar para o Desenvolvimento Infantil..........................................27
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................33
5
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Ariés (1978 apud SILVA, 2006) até o século XII, na era medieval, não havia
separação entre criança e adulto. Era como se não existisse a criança no contexto da época. Só
a partir do século XIII, começa-se a enxergar a criança mais ou menos como é vista hoje,
nessa época a infância tinha ligação com a maternidade de Maria (mãe de Jesus), concepção
que advinha do cristianismo, o que durou até meados do século XIV.
De acordo com Lima (2009) o crescimento das cidades iniciou-se no século XIII,
tendo por base o aumento do comércio, começa a surgir então uma nova classe social, a
burguesia. A igreja católica começa a perder domínio e começa a haver exigências por
melhores condições de vida por parte dos burgueses, onde daí surge duas concepções sobre a
criança:
• Criança ingênua: A criança é considerada ingênua e inocente, a criança começa a ser
“paparicada” pelos adultos;
• Criança imperfeita: A criança é vista como ser imperfeita e incompleta, onde é vista a
necessidade de moralização da criança por parte do adulto.
Percebe-se que o status da criança até então era praticamente nulo, a pedagogia não
era conhecida como uma ciência autônoma, mas era uma parte relacionada à política. O
campo educativo até então girava em torno dos valores religiosos. (PEREIRA, 2009)
De acordo com Silva (2006) a partir do século XVII começa-se a ser mais significativo
o conceito de infância e a educação para os mesmos, a criança passa a ser melhor observada e
inicia-se movimentos para restituição da criança à sociedade , onde teria que haver mudanças
na cultura do mundo ocidental, assim como nas crenças e práticas, onde o discurso
pedagógico começa a ocupar destaque.
Segundo Almeida (2002) a partir do século XVII se começa a dar mais atenção a
educação da criança, principalmente a criança até os 6 anos de idade. Nessa época Comênio
(159 – 1657), que foi um dos maiores pedagogos da época, apresentou a comunidade européia
um tratado educacional denominado Didática Magna, um dos melhores tratados de educação
escritos até hoje.
Comênio defendia a criação de escolas maternais, pois entendia que o melhor
momento para o aprendizado era a faze da infância, pois ainda nada se tinha aprendido e esses
primeiros anos seriam determinantes para o aprendizado posterior. (SILVA, 2006)
De acordo com Lima (2009) Comênio tinha a visão de que os pais eram os
responsáveis pela educação da criança até os 6 anos de idade, o que na época foi considerado
um avanço, pois até aquele momento não era atribuída essa responsabilidade aos pais.
Segundo Silva (2006) além de ser levada em consideração, a criança se passa a receber
tratamento diferenciado, pois se começa a ter a visão de que a fase da infância é muito
importante para uma vida adulta mais sólida, dependendo para isso uma boa formação nos
estudos, no trabalho e na vida familiar.
A partir do século XVIII começa uma busca pela sistematização do saber, onde se
procurava ensinar a criança o que se denominava na época de moderna instrução, onde o
ensino era embasado em conteúdos científicos e técnicos, ligados a atividades trabalhistas da
época, que sofria mudança. (ALMEIDA, 2002)
Nesse contexto, Rousseau (1712 – 1778) conceitua a infância como sendo um período
autônomo, com suas características específicas e diferentes da idade adulta, portanto
necessitando de uma educação diferente e não uma educação autoritária e intelectualista como
a dos adultos. Rousseau aponta a primeira fase de formação do homem como sendo a idade
infantil, compreendendo os períodos da lactância, do crescimento do corpo, atividades
motoras, percepção sensorial e sentimentos. (SILVA, 2006)
Conforme a mesma autora a pedagogia de Rousseau mais tarde influenciou Pestalozzi
(1746 – 1827) que propôs modificações nos métodos de ensino e que aplicassem
procedimentos de treinamentos aos professores. Pestalozzi defendia que a educação à criança
deveria ocorrer no meio mais natural possível, tendo disciplina, mas com amor, o que
contribuiria para o desenvolvimento do caráter da criança.
Froebel (1782-1852) seguidor dos ideais de Pestalozzi introduziu o uso de jogos na
educação infantil, sendo que essa introdução à brincadeira em seu contexto infantil inicia-se,
timidamente, com a criação de jardins de infâncias para educar crianças pré-escolares que
considera que a criança desperta suas faculdades próprias mediante estímulos. Esta proposta
influenciou a educação infantil de todos os países. (KISHIMOTO, 1999)
Percebe-se na história brasileira que a crianças das camadas mais pobres eram vistas
como abandonadas e como uma ameaça social. O atendimento a essas crianças era realizado
de forma assistencialista, paternalista e corretiva. Já no período colonial nota-se total
abandono com relação à infância. (MORAES; KASSAR, 2008)
De acordo com Koshima (2006) no Brasil, as crianças que não eram de famílias
legítimas, ou seja, crianças que não eram tidas fora do casamento, pois os senhores tinham
filhos com as escravas, eram abandonadas, ou mesmo por causa da pobreza, e muitas vezes
eram comidas por ratos e porcos.
O mesmo autor destaca ainda que a primeira ação do Estado voltada à criança foi a
escritura de uma carta a Portugal no século XVII, onde se relatava tal ato e obteve ordens do
rei para tender as crianças que eram abandonadas.
9
A partir da década de 60, começa a haver inovações nas políticas sociais onde também
são vistas as áreas de educação e saúde, a educação básica a toda criança passa a ser gratuita e
obrigatória. Na década de 70, há uma crise social e econômica crescentes, surgem as creches
comunitárias, a classe popular toma a iniciativa de oferecer cuidado e educação e dar
assistência à criança. (ALONSO; EVANGELISTA; SOARES, 2007)
Nessa época começa a haver muita evasão escolar e repetência por parte das crianças
de classes mais pobres no primeiro grau, é instituída então a pré-escola, onde o objetivo era
suprir a carência cultural de crianças de quatro a seis anos das classes mais baixas. (UFF,
[s.d])
Conforme UFF ([s.d]), a educação infantil nesse período era fragmentada, na pré-
escola quase sempre os professores eram voluntários, não havia estrutura para realização de
um trabalho pedagógico mais sério, a educação então era de baixa qualidade.
Em 1988 com a nova constituição, a educação pré-escolar passa a ser vista como
necessária e de direito de todas as crianças e é passada ao Estado a responsabilidade, sendo a
pré-escola integrada ao ensino, sendo as creches e as escolas incluídas nas políticas públicas
educacionais. (ALONSO; EVANGELISTA; SOARES, 2007)
Os jogos surgiram no século XVI, sendo que os primeiros estudos foram realizados
em Roma e na Grécia, esses jogos eram destinados ao aprendizado das letras. Já entre os
romanos, jogos também eram destinados ao preparo físico, com o objetivo de formar soldados
para guerra.
Jogo vem do latim “incus” e quer dizer diversão, brincadeira. Segundo o dicionário
de Língua Portuguesa, (FERNANDES; LUFT; GUIMARÃES, 1991,) as definições mais
encontradas são: “divertimento, diversão, folguedo, exercício recreativo, passatempo e
brincadeira infantil”. Assim, a palavra jogo tanto é usada, por exemplo, para definir a
atividade individual da criança na construção com blocos, como atividades em grupo de canto
ou dança.
De acordo ANTUNES, 1998, “a palavra jogo provém de jocu, substantivo
masculino de origem latina que significa gracejo”. Em seu sentido etimológico, portanto,
expressa um divertimento, brincadeira, passatempo sujeito a regras que devem ser observadas
quando se joga. Significa também balanço, oscilação, astúcia, ardil, manobra.
Huizinga (1996) faz considerações importantes sobre a origem dos jogos:
exercícios para a formação do ser humano e recomenda sua utilização como recurso auxiliar
de ensino.
Durante o século XVIII, com o renascimento e os ideais humanistas há uma
crescente utilização de jogos didáticos ou educativos. A imagem da criança com natureza
distinta do adulto, permite a criação e expansão de estabelecimentos de ensino para educação
infantil. A partir dessas reflexões, é que o jogo, é colocado por FROEBEL, apud Kishimoto
(2003, p. 16), “como objeto e ação de brincar, e passa a fazer parte da história da educação
infantil”
O século XIX foi marcado por inovações pedagógicas a partir de pressupostos como
os de Rosseau, Pestalozzi e Froebel, sendo que este último é o responsável pela inserção da
brincadeira no currículo da educação infantil. (PACHECO, 2005)
Com o advento do movimento científico, do final do século XVIII e início do século
XIX, houve várias inovações e diversificações no cenário lúdico, pois houveram as conquistas
da Revolução Industrial, o domínio da tecnologia e a mudança da concepção de vida, que foi
fundamentada no individualismo, no utiliatarismo, no trabalho, na eficiência prosaica do ideal
burguês de bem estar social, alteraram a organização e consciência social, sendo que o
elemento lúdico foi retirado do universo adulto e passou para o universo infantil. (UJIIE,
2007)
De acordo com Pacheco (2005) Froebel propôs o jogo livre, que era um misto de
brincadeira e ensino, dando origem ao que chamamos hoje de brincadeira educativa, que serve
como auxílio para a ação docente, sendo um meio de conciliar a necessidade de brincar da
criança com o objetivo de educar da escola.
De acordo com os estudos que foram realizados por Brougère (1998) assinala que a
concepção de brincadeira como atividade livre e espontânea da criança é originária da teoria
da recapitulação, ou seja, o movimento romântico que tinha a criança como foco,
correlacionou a infância do indivíduo à história da humanidade e assim, a semelhança dos
povos primitivos, passou a entender a infância como idade do imaginário e da poesia, como
acontecia na época mitológica, dando origem no século XIX a concepção romântica de
brincadeira, como forma de expressão da infância. Esse movimento teve forte influência de
Rousseau e o início de um olhar genético sobre a infância. No final deste mesmo século, a
14
A brincadeira educativa tem com desafio hoje a conciliação da função lúdica que é a
diversão com a função educativa que é o ensino. Desse modo a brincadeira educativa
apresenta uma problemática, pois se apenas a função lúdica prevalece não há ensino, quando
ocorre o contrário, se há predominância apenas da função educativa, não há brincadeira e sim
trabalho, ensino. Para resolver esse impasse a liberdade da criança de brincar deve ser
preservada através da prática pedagógica, podendo ocorrer interferências através da
organização de um espaço estimulante e cheio de vida, proporcionando materiais que
viabilizem a brincadeira infantil e incentivando a interação das crianças com seus pares e com
os adultos.
Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos
simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia o
desenvolvimento integral da criança, [...] qualquer jogo empregado pela
escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta o caráter
educativo e pode receber também a denominação geral de jogo educativo.
(KISHIMOTO, 1994, p. 22)
que estudos mostram que o funcionamento motor está integrado ao sistema perceptivo e exige
uma função cortical tão complexa quanto às atividades de pensamento.
Já no século XXI, que é caracterizado pela sociedade pós-industrial, que apresenta
como características a produção de serviços, informática, estética, símbolos e valores, o
predomínio da globalização, é preciso que se crie novos modelos de brincar que estejam
baseados no tempo livre, na flexibilidade, na criatividade, na individuação e emotividade
conjugada com a racionalidade. (UIIJE, 2007)
Segundo Friedmann (2004) o brincar atualmente têm perdido seu espaço físico e
temporal, sendo que isto está ocorrendo devido a diversos fatores dentre os quais podemos
destacar: o crescimento das cidades, aumento das distâncias, maior dificuldade de
deslocamento e encontros, ausência de espaços públicos voltados ao lazer, ida da criança para
escola e preocupação exacerbada com os conteúdos, falta de segurança urbana, inserção da
mulher no mercado de trabalho, alto consumo de brinquedos industrializados, globalização
geradora de generalizações e perda da identidade cultural.
Atualmente tem-se preocupado com o uso do tempo livre, e não somente com o
trabalho, o que tem constitui-se numa tendência predominante dos últimos anos, nas
diferentes sociedades e culturas e o brincar ocupa um papel de peso nessa área.
Segundo Vygotski (1998), existem dois importantes elementos nas brincadeiras, que
são as regras e a situação imaginária.
Aroeira também classifica os jogos em ”funcionais ou de exercícios, de aquisição, de
construção; simbólicos e de regras, os quais podem ser utilizados com segurança nas
atividades da educação infantil”. (1996, p. 69).
Jogos funcionais: tem caráter exploratório realizado no próprio corpo, tais como:
mexer as mãos, balançar a cabeça com ritmo, passar objetos de uma mão para outra, etc.
Nesses jogos, há a repetição por prazer, e posteriormente há a evolução para atos mais
complexos, como encher ou esvaziar um balde de areia ou manusear massinhas. Só depois de
algum tempo irá estabelecer o objetivo da brincadeira.
Jogos de aquisição: Quando se tem uma criança concentrada em observar, executar,
tentando compreender objetos, pessoas, uma canção, sendo que se devem trabalhar
significados que a cercam.
Segundo Kishimoto (2000) a utilização do jogos e brincadeiras potencializa a
exploração e construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, sendo que ao
usar os jogos e brincadeiras para estimular a construção do conhecimento, os mesmos
conquistaram espaço definitivo na educação infantil.
A brincadeira resulta de relações interindividuais de cultura e determina uma
aprendizagem social, ou seja aprende-se a brincar. Com a brincadeira, as crianças constroem a
consciência da realidade, e ao mesmo tempo criam uma possibilidade do modificá-la. [grifo
nosso.
De acordo com Kishimoto (2000), ocorrem algumas situações diferentes entre si, que
recebem a mesma denominação, pois alguns denominam de brincadeira, e outros de jogo e
assim sucessivamente. Qual é a diferença entre jogo e brincadeira?
A diversidade de fenômenos considerados como jogo dificulta a sua definição e essa
dificuldade pode aumentar, pois um mesmo comportamento pode ser visto como jogo ou não-
jogo. Para um observador externo a criança indígena que se diverte atirando com arco e flecha
em animais, é uma brincadeira, mais para o grupo indígena é um preparo para a arte da caça,
necessária à subsistência da tribo. Portanto o fato da criança indígena atirar com arco e flecha,
para uns é jogo, para outros é preparo profissional. Sendo assim uma determinada conduta
pode ser jogo ou não-jogo, em diferentes culturas, dependendo do significado a ela atribuído.
(KISHIMOTO, 2000).
Diante do exposto torna-se muito difícil separar ou classificar os termos: jogo,
brinquedo e brincadeira, mas todos eles são descritos pelo autor (op.cit p. 3) ‘como elementos
da cultura, excluindo o jogo dos animais’. Diante da diversidade de significados, são as
semelhanças que permitem classificar jogos de faz-de-conta, de construção, de regras, de
palavras, políticos, e outros, na sua grande família.
O jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. Este é o aspecto
que nos mostra porque, dependendo do lugar, e da época, os jogos assumem significados
diferentes. (KISHIMOTO; 2000, p.17)
Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores, e
modo de vida, que se expressa por meio da linguagem.
Brinquedo é outro termo indispensável para compreender esse campo. Diferente do
jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança, pois o brinquedo coloca a criança
na presença de reproduções, podendo-se se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à
criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. O brinquedo propõe um
mundo imaginário da criança e do adulto, criador do objeto lúdico. Na criança o imaginário
varia conforme a idade, sendo que para as crianças em idade pré-escolar está carregado de
animismo e para as crianças de 5 a 6 anos, integra predominantemente elementos da realidade
(KISHIMOTO; 2000)
De acordo com Kishimoto (2000), o brinquedo aparece como um pedaço de cultura
colocado ao alcance da criança. É parceiro na brincadeira, sendo que o mesmo leva a criança,
agir e imaginar.
Brincadeira infantil é entendida como atividade social da criança, cuja natureza e
origem específicas são elementos fundamentais para a construção de sua personalidade e
21
Bataille, de Montaigne a Frobel, de Konrad Lorenz a Gardner, alguns dos mais destacados
pensadores de nosso tempo demonstraram vivo interesse pela questão lúdica e pelo lugar dos
jogos e das metáforas no fenômeno humano e na concepção de mundo: hoje a maioria dos
filósofos, sociólogos, etólogos e antropólogos concordam em compreender o jogo como uma
atividade que contém em si mesmo o objetivo de decifrar os enigmas da vida e de construir
um momento de entusiasmo e alegria na aridez da caminhada humana. Assim, brincar
significa extrair da vida nenhuma outra finalidade que não seja ela mesma. Em síntese, o jogo
é o melhor caminho de iniciação ao prazer estético, à descoberta da individua1idade e à
meditação individual.
De acordo com Antunes (1998) toda criança vive agitada e em intenso processo de
desenvolvimento corporal e mental. Nesse desenvolvimento se expressa a própria natureza da
evolução e esta exige a cada instante uma nova função e a exploração de nova habilidade.
Essas funções e essas novas habilidades, ao entrarem em ação, impelem a criança a buscar um
tipo de atividade que lhe permita manifestar-se de forma mais completa. A imprescindível
"linguagem" dessa atividade é o brincar, é o jogar. Portanto, a brincadeira infantil está muito
mais relacionada a estímulos internos que a contingências exteriores. A criança não é atraída
por algum jogo por forças externas inerentes ao jogo e sim por uma força interna, pela chama
acesa de sua evolução. É por essa chama que busca no meio exterior os jogos que lhe
permitem satisfazer a necessidade imperiosa posta por seu crescimento.
A criança tem dentro de si potencial e este emerge nas situações de sua vida. E o
brincar nada mais é do que a linguagem da criança. É na brincadeira que a criança dá vazão à
sua energia, ao senso crítico e à criação. Usando sua criatividade, a criança descobre o seu
“eu” e aprende a dirigir suas ações, agir cooperativamente, trabalhar em conjunto e
individualmente. Por isso, a importância de deixar as crianças extravasarem no fantástico
mundo das brincadeiras é fundamental para uma infância feliz e um adulto preparado para
enfrentar a vida.
O jogo tem fins naturais quando a ação livre permite a expressão do eu.
Visto como meio ou, com diz, tendo “fins artificiais”, na verdade, o jogo é
um instrumento do adulto para formar a criança. O papel pedagógico do jogo
só pode ser entendido dentro do domínio do jogo enquanto meio, enquanto
um “fim artificial”. (CHATEAU apud KISHIMOTO, 2003, p. 21).
Antunes (1998) ressalta que existem dois aspectos cruciais no emprego dos jogos
como instrumentos de uma aprendizagem significativa. Em primeiro lugar o jogo ocasional,
distante de uma cuidadosa e planejada programação, é tão ineficaz quanto um único momento
27
de exercício aeróbio para quem pretende ganhar maior mobilidade física e, em segundo lugar,
uma grande quantidade de jogos reunidos em um manual somente tem validade efetiva
quando rigorosamente selecionados e subordinados à aprendizagem que se tem em mente
como meta.
A compreensão das brincadeiras e a recuperação do sentido lúdico de cada
povo dependem do modo de vida de cada agrupamento humano, em seu
tempo e espaço. Daí emerge a imagem que se faz da criança, seus valores,
seus costumes e suas brincadeiras. (KISHIMOTO, 1999, p. 39).
Acreditamos que a criança que não brinca apresenta lacunas no seu processo de
desenvolvimento de criatividade, pois, o brincar para a criança e tão sério quanto o trabalho
para o adulto. Podemos perceber por nós mesmos adultos quanta coisa foi aprendida através
da brincadeira e da convivência feliz com amigos e colegas na infância. Quanto prazer essa
convivência feliz proporcionou a nossa vida; daquele momento até os dias de hoje.
O brincar é de suma importância para que a criança desenvolva cada vez mais sua
personalidade como um todo, assim como o alimento que a faz crescer forte e saudável. E
essa conscientização é muito importante, pois cabe à família e ao educador que são os
responsáveis pela autonomia da criança.
Segundo Kishimoto (2000, p.37), aponta algumas considerações em relação às
brincadeiras educativas que merecem ser citadas:
Função lúdica: A brincadeira propicia diversão, prazer e até desprazer, quando
escolhida voluntariamente.
Função educativa: A brincadeira ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em
seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.
Compreendemos que brincar na educação infantil é uma forma de explorar o mundo,
descobrir novas idéias e conceitos, é aventurar-se ao desconhecido. Durante a brincadeira, a
criança, inspirada por modelos, tenta controlar objetos e o meio ambiente, por exemplo, ao
recriar o papel do adulto.
De acordo com Antunes (1998, p.41) existem quatro elementos que justificam e, de
uma certa forma, condicionam a aplicação dos jogos, são eles:
Um jogo jamais deve ser interrompido e, sempre que possível, o aluno deve ser
estimulado a buscar seus próprios caminhos. Além disso, todo jogo precisa sempre ter
começo, meio e fim e não ser programado se existir dúvidas sobre as possibilidades de sua
integral consecução.
De fato, jogos e brincadeiras tem papel de suma importância no desenvolvimento e na
educação infantil pois auxilia nas atividades pedagógicas, sendo que o brincar na educação
29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessas constatações, para nós fica a certeza de que nossa formação
profissional deverá ser permanente e contínua, pois compactuamos agora, mais que nunca,
com Lulu Santos:
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1996.
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