Mono Jogos e Brincadeiras Infantis

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FACULDADES INTEGRADAS URUBUPUNGÁ

CURSO DE PEDAGOGIA

ELAINE TRIVELATO BAQUEIRO DIAS


ELISANGELA CRISTINA TALHARE

OS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

ESTÂNCIA TURÍSTICA DE
PEREIRA BARRETO
2009
Eliza Maria Moretti de Almeida
Mônica Cristina Louzada

OS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Monografia apresentada ao curso de Pedagogia das


Faculdades Integradas Urubupungá – FIU da
Estância Turística de Pereira Barreto, como requisito
à obtenção do título de Pedagogo, orientado pelo
professor Moacir Ferreira de Amorim

ESTÂNCIA TURÍSTICA DE
PEREIRA BARRETO
2009
RESUMO

DIAS, E.T.B.; TALHARE, E.C. Os jogos e brincadeiras na educação infantil. 2009. 36f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia). Faculdades Integradas
Urubupungá, Pereira Barreto - SP, 2009.

Através dos jogos, brinquedos e brincadeiras a criança adquire aprendizagem significativa,


pois o ato de brincar proporciona para a criança uma relação entre as coisas e pessoas e ao
relacioná-las constrói o seu conhecimento, refletindo aquilo que percebe do mundo, como os
aspectos sociais, culturais e familiares, retratando seu contexto e percebendo seus futuros
papéis, favorecendo assim seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Dessa forma,
fica claro que as atividades lúdicas são excelentes meios que permitem o diagnóstico, a
intervenção e até mesmo a construção dos conteúdos conceituais, procedimentais e
atitudinais, constituindo ainda um meio de transmitir mensagens que são capazes de resgatar a
auto-estima, o autoconhecimento, os valores como solidariedade, responsabilidade, disciplina,
autoconfiança, auto-aceitação, tolerância, concentração, alegria e muitos outros, tão
necessários à formação das nossas crianças. È através das brincadeiras e jogos, que as
crianças abandonam o seu mundo de necessidades e constrangimentos e se desenvolvem,
criando e adaptando-se a novas realidades. A infância é, portanto, um período de
aprendizagem necessária à idade adulta, e é brincando que a criança torna-se espontânea, além
de adquirir sustentação emocional suficiente para evitar futuros desvios de comportamento
indesejáveis.

Palavras chave: Brincadeira; Jogos; Aprendizagem; Criança.


ABSTRACT

DIAS, E.T.B.; TALHARE, E.C. Os jogos e brincadeiras na educação infantil. 2009. 36f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia). Faculdades Integradas
Urubupungá, Pereira Barreto - SP, 2009.

Through games and toys the child has significant learning, because the act of play gives the
child a relationship between things and people and to relate them build their knowledge,
reflecting what the world perceives as the social aspects , cultural and family, depicting its
context and realizing their future roles, thereby developing their cognitive, social and
emotional. Thus, it is clear that recreational activities are excellent means of diagnosis,
intervention and even the construction of the conceptual contents, procedures and attitudes, as
well as being a means of transmitting messages that are capable of recovering self-esteem,
self-knowledge, values such as solidarity, responsibility, discipline, self-confidence, self-
acceptance, tolerance, concentration, joy, and many others, so necessary to the formation of
our children. It is through play and games that children leave their world of needs and
constraints and develop, creating and adapting to new realities. Childhood is therefore a
learning period necessary for adulthood, and is playing the child becomes spontaneous, and
emotional support to acquire sufficient to prevent future misbehavior undesirable.

Keywords: Play; Games, Learning, Child.


SUMÁRIO

2009.............................................................................................................................................1
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................5
2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL...........................................................................6
2.1 Breve Histórico da Educação Infantil no Brasil....................................................................8
3 A ORIGEM DOS JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS................................................12
4 O OLHAR DOS ESTUDIOSOS E DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE OS JOGOS,
AS BRINCADEIRAS E A EDUCAÇÃO INFANTIL.............................................................18
4.1 O Jogo Infantil Segundo Piaget e Vygotski .....................................................................18
4.2 Conceitos de Jogo, Brinquedo e Brincadeira .....................................................................19
4.3 Legislação Brasileira, PCNs sobre os Jogos e Brincadeiras Infantis..................................21
5 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.................................................................................25
5.1 As Brincadeiras, os Jogos e a Aprendizagem.....................................................................25
5.2 As Contribuições do Brincar para o Desenvolvimento Infantil..........................................27
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................33
5

1 INTRODUÇÃO

O papel dos jogos e brincadeiras infantis foi escolhido devido a necessidade de se


conhecer a importância do processo dos jogos e brincadeiras para a educação infantil, no
processo de aprendizagem enfatizando os aspectos cognitivos e emocionais através da prática
escolar.
È durante a infância com os mais diversos jogos e brincadeiras que a criança aprende e
desenvolve os mais amplos sentidos, é através dos mesmos que as crianças que a criança
explora o meio em que vive e aprende mais sobre os objetos da cultura humana; também é
pelas brincadeiras que a criança internaliza regras e papéis sociais e passa a ser apta a viver
em sociedade.
Outro aspecto de suma importância nos jogos e brincadeiras, está no fato de que os
mesmos possibilitam o desenvolvimento de determinadas funções psicológicas superiores
como atenção, memória, controle da conduta, entre os aspectos.
É também através dos jogos e brincadeiras que as ações lúdicas são praticadas pelas
crianças, sendo que as mesmas contribuem para o desenvolvimento psicomotor, cognitivo e
também promove a troca afetiva, a interação social, estabelecendo laços de amizade entre os
companheiros dos jogos e brincadeiras. È através das brincadeiras e dos jogos que a criança
experimenta uma gama de sentimentos diferentes.
A brincadeira traz a possibilidade de experiências originais, reveladoras, únicas,
mesmo que determinada brincadeira seja infinitamente repetida pela criança, a brincadeira
será a oportunidade de plena realização da imprevisibilidade.
O educador portanto nada mais é do que “adulto que brinca” e, brincando, promove
interações, investigações, aproxima leituras, observa e ensina.
Espera-se que através dos jogos e das brincadeiras, haja o desenvolvimento da imaginação, de
sua capacidade psíquica, desenvolvendo habilidades que serão utilizadas na aquisição de
conhecimentos para a cidadania na vida adulta.
6

2 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

De acordo com Ariés (1978 apud SILVA, 2006) até o século XII, na era medieval, não havia
separação entre criança e adulto. Era como se não existisse a criança no contexto da época. Só
a partir do século XIII, começa-se a enxergar a criança mais ou menos como é vista hoje,
nessa época a infância tinha ligação com a maternidade de Maria (mãe de Jesus), concepção
que advinha do cristianismo, o que durou até meados do século XIV.
De acordo com Lima (2009) o crescimento das cidades iniciou-se no século XIII,
tendo por base o aumento do comércio, começa a surgir então uma nova classe social, a
burguesia. A igreja católica começa a perder domínio e começa a haver exigências por
melhores condições de vida por parte dos burgueses, onde daí surge duas concepções sobre a
criança:
• Criança ingênua: A criança é considerada ingênua e inocente, a criança começa a ser
“paparicada” pelos adultos;
• Criança imperfeita: A criança é vista como ser imperfeita e incompleta, onde é vista a
necessidade de moralização da criança por parte do adulto.
Percebe-se que o status da criança até então era praticamente nulo, a pedagogia não
era conhecida como uma ciência autônoma, mas era uma parte relacionada à política. O
campo educativo até então girava em torno dos valores religiosos. (PEREIRA, 2009)

Esse campo educativo está ligado a uma imagem do mundo como


ordem desejada por Deus e estabelecida de uma vez por todas,
invariável, definitiva; qualquer rebelião contra esta ordem dá lugar ao
pecado, a um desvio culpado que deve ser expiado e a igreja é a
depositária do poder de expiação, de perdoar e impor sanções,
colocando o indivíduo fora da comunidade cristã, priva-o de todo
direito e poder. A sociedade medieval é vista como iluminada pela
Igreja e pelo Império, com relações de hierarquia. (PEREIRA, 2009)

A partir da instauração da sociedade moderna no século XVI, passa a haver exigências


por um novo modo de vida, a burguesia que nessa época era uma classe em expansão, passa a
reivindicar um modelo de educação diferente do dogmático, que era predominante até então.
Com isso há a reação da igreja católica e do império, que queria que continuasse o modelo
seguido até então, ou seja, o ensino religioso e com disciplinas eclesiásticas. (ALMEIDA,
2002)
7

De acordo com Silva (2006) a partir do século XVII começa-se a ser mais significativo
o conceito de infância e a educação para os mesmos, a criança passa a ser melhor observada e
inicia-se movimentos para restituição da criança à sociedade , onde teria que haver mudanças
na cultura do mundo ocidental, assim como nas crenças e práticas, onde o discurso
pedagógico começa a ocupar destaque.

A descoberta da infância começou sem dúvida no século XIII, e sua


evolução pode ser acompanhada na história da arte e na iconografia
dos séculos XV e XVI. Mas os sinais de seu desenvolvimento
particularmente numerosos e significativos a partir do fim do século
XVI e durante o século XVII. (ARIÉS, 1981, p. 65 apud AHMAD,
2009)

Segundo Almeida (2002) a partir do século XVII se começa a dar mais atenção a
educação da criança, principalmente a criança até os 6 anos de idade. Nessa época Comênio
(159 – 1657), que foi um dos maiores pedagogos da época, apresentou a comunidade européia
um tratado educacional denominado Didática Magna, um dos melhores tratados de educação
escritos até hoje.
Comênio defendia a criação de escolas maternais, pois entendia que o melhor
momento para o aprendizado era a faze da infância, pois ainda nada se tinha aprendido e esses
primeiros anos seriam determinantes para o aprendizado posterior. (SILVA, 2006)
De acordo com Lima (2009) Comênio tinha a visão de que os pais eram os
responsáveis pela educação da criança até os 6 anos de idade, o que na época foi considerado
um avanço, pois até aquele momento não era atribuída essa responsabilidade aos pais.
Segundo Silva (2006) além de ser levada em consideração, a criança se passa a receber
tratamento diferenciado, pois se começa a ter a visão de que a fase da infância é muito
importante para uma vida adulta mais sólida, dependendo para isso uma boa formação nos
estudos, no trabalho e na vida familiar.
A partir do século XVIII começa uma busca pela sistematização do saber, onde se
procurava ensinar a criança o que se denominava na época de moderna instrução, onde o
ensino era embasado em conteúdos científicos e técnicos, ligados a atividades trabalhistas da
época, que sofria mudança. (ALMEIDA, 2002)

A partir deste momento a revolução burguesa introduziu a necessidade


de elaboração de novos métodos educacionais, adequados à nova
ordem social e “sob a forma oblíqua do deísmo, primeiro, e depois sob
a forma mais crua do ceticismo, a burguesia se esforçou por expulsar a
igreja dos seus últimos redutos”. (LIMA, 2009)
8

Nesse contexto, Rousseau (1712 – 1778) conceitua a infância como sendo um período
autônomo, com suas características específicas e diferentes da idade adulta, portanto
necessitando de uma educação diferente e não uma educação autoritária e intelectualista como
a dos adultos. Rousseau aponta a primeira fase de formação do homem como sendo a idade
infantil, compreendendo os períodos da lactância, do crescimento do corpo, atividades
motoras, percepção sensorial e sentimentos. (SILVA, 2006)
Conforme a mesma autora a pedagogia de Rousseau mais tarde influenciou Pestalozzi
(1746 – 1827) que propôs modificações nos métodos de ensino e que aplicassem
procedimentos de treinamentos aos professores. Pestalozzi defendia que a educação à criança
deveria ocorrer no meio mais natural possível, tendo disciplina, mas com amor, o que
contribuiria para o desenvolvimento do caráter da criança.
Froebel (1782-1852) seguidor dos ideais de Pestalozzi introduziu o uso de jogos na
educação infantil, sendo que essa introdução à brincadeira em seu contexto infantil inicia-se,
timidamente, com a criação de jardins de infâncias para educar crianças pré-escolares que
considera que a criança desperta suas faculdades próprias mediante estímulos. Esta proposta
influenciou a educação infantil de todos os países. (KISHIMOTO, 1999)

2.1 Breve Histórico da Educação Infantil no Brasil

Percebe-se na história brasileira que a crianças das camadas mais pobres eram vistas
como abandonadas e como uma ameaça social. O atendimento a essas crianças era realizado
de forma assistencialista, paternalista e corretiva. Já no período colonial nota-se total
abandono com relação à infância. (MORAES; KASSAR, 2008)
De acordo com Koshima (2006) no Brasil, as crianças que não eram de famílias
legítimas, ou seja, crianças que não eram tidas fora do casamento, pois os senhores tinham
filhos com as escravas, eram abandonadas, ou mesmo por causa da pobreza, e muitas vezes
eram comidas por ratos e porcos.
O mesmo autor destaca ainda que a primeira ação do Estado voltada à criança foi a
escritura de uma carta a Portugal no século XVII, onde se relatava tal ato e obteve ordens do
rei para tender as crianças que eram abandonadas.
9

No Brasil colonial (séc. XVI a séc. XVIII), a organização social estava


alicerçada nos senhores latifundiários, na Igreja e no escravismo, e as
relações sociais eram caracterizadas pelo autoritarismo e por um absoluto
descompromisso social por parte de quem governava. O crescimento e o
desenvolvimento das crianças não eram valorizados, ao não se configurarem
como preocupação dos governantes [...] (MORAES, KASSAR, 2008, p.3)

Após a abolição da escravatura e com a proclamação da república, a sociedade começa


a ter uma visão capitalista e industrial, onde se começa a ter mais preocupação com o
problema da criança, há o objetivo de criar leis e atender as crianças pobres, doentes,
maltratadas e abandonadas e começa-se a criar creches e jardins de infância. (UFF, [s.d])
Com o surgimento das creches e jardins de infância, o que se deu na segunda metade
do século XVIII, a sociedade voltou o olhar para as condições precárias de sobrevivência dos
filhos das mulheres que trabalhavam, o objetivo educacional começava a ganhar destaque
nessa nova sociedade. (DIDONET, 2009)
Em 1919 é criado no país o Departamento da Criança, onde o mesmo tinha o objetivo
de fazer um histórico sobre a situação da proteção a infância no país, promover iniciativas de
amparo a criança e a mulher grávida, fazer estatísticas sobre a mortalidade infantil, enfim, era
um órgão voltado a situação da criança. (UFF, [s.d])
No ano de 1927 é promulgado o primeiro projeto de lei voltada à infância e juventude,
denominado Código dos Menores, de caráter higienista a e corretivo, onde detinha as leis de
assistência e proteção dos menores. As crianças abandonadas e os delinqüentes,
responsabilizados por suas condições passavam a pertencer ao Estado, na realidade, havia
uma exploração da infância. (MORAES; KASSAR, 2008)
Conforme Alonso, Evangelista e Soares (2007), na década de 30 a criança é vista
como um adulto em potencial, a criança é colocada no trabalho, e na constituição de 1937 até
mesmo são dedicados dois capítulos a criança operaria.

Neste momento, a criança passa a ser valorizada como um adulto em


potencial, matriz do homem, não tendo vida social ativa. A partir dessa
concepção, surgiram vários órgãos de ampara assistencial e jurídico para a
infância, como o Departamento Nacional da Criança em 1940; Instituto
Nacional de Alimentação e Nutrição em 1972; SAM – 1941 e FUNABEM;
Legião Brasileira de Assistência em 1942 e Projeto Casulo; UNICEF em
1946; Comitê Brasil da Organização Mundial de Educação Pré-Escolar em
1953; CNAE em 1955; OMEP em 1969 e COEPRE em 1975. (UFF, [s.d],
p.5)
10

A partir da década de 60, começa a haver inovações nas políticas sociais onde também
são vistas as áreas de educação e saúde, a educação básica a toda criança passa a ser gratuita e
obrigatória. Na década de 70, há uma crise social e econômica crescentes, surgem as creches
comunitárias, a classe popular toma a iniciativa de oferecer cuidado e educação e dar
assistência à criança. (ALONSO; EVANGELISTA; SOARES, 2007)

Nessa época começa a haver muita evasão escolar e repetência por parte das crianças
de classes mais pobres no primeiro grau, é instituída então a pré-escola, onde o objetivo era
suprir a carência cultural de crianças de quatro a seis anos das classes mais baixas. (UFF,
[s.d])
Conforme UFF ([s.d]), a educação infantil nesse período era fragmentada, na pré-
escola quase sempre os professores eram voluntários, não havia estrutura para realização de
um trabalho pedagógico mais sério, a educação então era de baixa qualidade.
Em 1988 com a nova constituição, a educação pré-escolar passa a ser vista como
necessária e de direito de todas as crianças e é passada ao Estado a responsabilidade, sendo a
pré-escola integrada ao ensino, sendo as creches e as escolas incluídas nas políticas públicas
educacionais. (ALONSO; EVANGELISTA; SOARES, 2007)

Porém, essa descentralização e municipalização do ensino trazem outras


dificuldades, como a dependência financeira dos municípios com o Estado
para desenvolver a educação infantil e primária. O Estado nem sempre
repassa o dinheiro necessário, deixando o ensino de baixa qualidade,
favorecendo as privatizações. (UFF, [s.d], p.6)

Nos anos 90 há a criação do estatuto da criança e do adolescente, onde os municípios


passam a ficar responsáveis pela criança e do adolescente. São criados nessa época diretrizes
para garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, é criado o Fundo Municipal dos
Direitos da criança e do adolescente e o Conselho de Tutelas dos Direitos da Criança e do
Adolescente. Começa a haver a privatização de empresas estatais nesse ano, onde há o
aumento de programas compensatórios para a educação, com parcerias com outras
instituições uma vez que o Estado começa a se retirar de suas funções. (UFF, [s.d])
Outro fato importante para a educação infantil no país foi a criação da LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional), onde essa lei foi muito importante para a
integralização da educação infantil no país. Essa lei definiu que a educação infantil seria a
primeira etapa da educação básica, reforçando seu objetivo e efeito educacional. (DIDONET,
2009)
11

O aspecto que podemos considerar positivo, na LDB, é a atribuição de faixas


etárias diferentes apara a creche e para a pré-escola, para ambas cumprirem
as mesmas funções. Portanto, elas não se distinguem pelas funções, somente
pelos seus grupos etários. Em outras palavras, a creche cuida e educa; a pré-
escola cuida e educa. Daqui para frente é a prática pedagógica, orientada
pelas diretrizes do Conselho Nacional de Educação (elas já apontam esse
caminho) que vai unificar o atendimento numa instituição única ou em
diferentes instituições, bastando, em qualquer caso, que respeitem as
especificidades etárias das crianças. (DIDONET, 2009, p.9)

Conforme Didonet (2009), as ações mais recentes em prol da educação infantil no


Brasil que vem ocorrendo, são ações políticas e pedagógicas em nível nacional de forma
crescente em cada Estado. Essas ações têm participação do Movimento Interfóruns de
Educação Infantil do Brasil (MIEIB) e os Fóruns Estaduais de Educação Infantil congregam
diferentes organizações e governamentais e não governamentais voltadas à educação infantil,
constituindo atualmente fóruns em 23 Estados e no Distrito Federal.
O que se pode perceber é que a educação infantil no Brasil é algo novo, ela começa a
ser aplicada realmente de forma significativa a partir da década de 30 com o surgimento da
necessidade de mão de obra qualificada. O que se pode observar também é a ineficiência da
educação infantil pública por motivo das questões políticas no Governo Brasileiro, o que
favorece ainda mais a privatização da educação. (UFF, [s.d])
12

3 A ORIGEM DOS JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS

Os jogos surgiram no século XVI, sendo que os primeiros estudos foram realizados
em Roma e na Grécia, esses jogos eram destinados ao aprendizado das letras. Já entre os
romanos, jogos também eram destinados ao preparo físico, com o objetivo de formar soldados
para guerra.
Jogo vem do latim “incus” e quer dizer diversão, brincadeira. Segundo o dicionário
de Língua Portuguesa, (FERNANDES; LUFT; GUIMARÃES, 1991,) as definições mais
encontradas são: “divertimento, diversão, folguedo, exercício recreativo, passatempo e
brincadeira infantil”. Assim, a palavra jogo tanto é usada, por exemplo, para definir a
atividade individual da criança na construção com blocos, como atividades em grupo de canto
ou dança.
De acordo ANTUNES, 1998, “a palavra jogo provém de jocu, substantivo
masculino de origem latina que significa gracejo”. Em seu sentido etimológico, portanto,
expressa um divertimento, brincadeira, passatempo sujeito a regras que devem ser observadas
quando se joga. Significa também balanço, oscilação, astúcia, ardil, manobra.
Huizinga (1996) faz considerações importantes sobre a origem dos jogos:

Na sociedade antiga, o trabalho não ocupava tanto tempo do nosso dia,


sendo que as grandes competições sempre fizeram parte das grandes festas,
sendo indispensáveis para a saúde e a felicidade do que nelas participavam.
(HUIZINGA, 1996, p.220)

Durante o Renascimento o jogo perde o caráter de reprovação e passa a ser incluído


no cotidiano dos jovens, não como diversão, mas como tendência natural do ser humano.
Nesse mesmo período a forma mais utilizada para a aprendizagem dos conteúdos escolares é
através da brincadeira vista como conduta livre que favorece o desenvolvimento da
inteligência e facilita o estudo, reabilitando exercícios físicos banidos pela Idade Média.
Assim, foram então introduzidos na educação dos jovens exercícios de barra, corridas, jogos
de bola semelhante ao futebol e o golfe são praticados em geral. Aos jogos do corpo são
acrescidos os do espírito. (KISHIMOTO, 2000)
Com o surgimento da Companhia de Jesus, no século XVI, o jogo educativo ganha
destaque. Ignácio de Loyola, militar e nobre, compreende a importância dos jogos de
13

exercícios para a formação do ser humano e recomenda sua utilização como recurso auxiliar
de ensino.
Durante o século XVIII, com o renascimento e os ideais humanistas há uma
crescente utilização de jogos didáticos ou educativos. A imagem da criança com natureza
distinta do adulto, permite a criação e expansão de estabelecimentos de ensino para educação
infantil. A partir dessas reflexões, é que o jogo, é colocado por FROEBEL, apud Kishimoto
(2003, p. 16), “como objeto e ação de brincar, e passa a fazer parte da história da educação
infantil”
O século XIX foi marcado por inovações pedagógicas a partir de pressupostos como
os de Rosseau, Pestalozzi e Froebel, sendo que este último é o responsável pela inserção da
brincadeira no currículo da educação infantil. (PACHECO, 2005)
Com o advento do movimento científico, do final do século XVIII e início do século
XIX, houve várias inovações e diversificações no cenário lúdico, pois houveram as conquistas
da Revolução Industrial, o domínio da tecnologia e a mudança da concepção de vida, que foi
fundamentada no individualismo, no utiliatarismo, no trabalho, na eficiência prosaica do ideal
burguês de bem estar social, alteraram a organização e consciência social, sendo que o
elemento lúdico foi retirado do universo adulto e passou para o universo infantil. (UJIIE,
2007)
De acordo com Pacheco (2005) Froebel propôs o jogo livre, que era um misto de
brincadeira e ensino, dando origem ao que chamamos hoje de brincadeira educativa, que serve
como auxílio para a ação docente, sendo um meio de conciliar a necessidade de brincar da
criança com o objetivo de educar da escola.

Embora Froebel, em sua teoria, enfatize o jogo como importante para o


desenvolvimento infantil, mesmo assim introduz a idéia de materiais
educativos, os dons, como recursos auxiliares necessários à aquisição de
conhecimentos, como meio de instrução. (KISHIMOTO, 1994, p. 16).

De acordo com os estudos que foram realizados por Brougère (1998) assinala que a
concepção de brincadeira como atividade livre e espontânea da criança é originária da teoria
da recapitulação, ou seja, o movimento romântico que tinha a criança como foco,
correlacionou a infância do indivíduo à história da humanidade e assim, a semelhança dos
povos primitivos, passou a entender a infância como idade do imaginário e da poesia, como
acontecia na época mitológica, dando origem no século XIX a concepção romântica de
brincadeira, como forma de expressão da infância. Esse movimento teve forte influência de
Rousseau e o início de um olhar genético sobre a infância. No final deste mesmo século, a
14

teoria da recapitulação, influenciada pelo positivismo, passou a integrar a teoria do


Darwinismo que postula que as espécies passam por uma seleção natural em que sobrevivem
aqueles que conseguem adaptar-se as novas condições de vida, sendo a conduta lúdica
integrante do comportamento daqueles que estão mais aptos à sobrevivência.
De acordo com Kishimoto (1999) é através de Froebel que o jogo passa a ser
entendido como objeto que tem como meta a ação de brincar, o qual fica fazendo parte da
história da educação pré-escolar. Partindo do pressuposto de que através das brincadeiras com
manipulação de alguns materiais como bola, cubo e cilindro, a criança é capaz de estabelecer
relações matemáticas, é elaborada uma proposta para as pré-escolas que tem como tema
central a importância dos jogos e brincadeiras na educação infantil.
Através da concepção e expansão desses ideais, ocorre um aumento das experiências
com jogos e brincadeiras na educação que tem como objetivo a facilitação da tarefa de
ensinar. Os vários tipos de jogos que existiram no século XIX perduram até a I Guerra
Mundial, mas com a aproximação da guerra há um aumento da oferta de jogos militares,
sendo que finda a guerra, os jogos militares cedem seu lugar para as práticas esportivas,
predominando, no mercado, trens elétricos, autoramas, bicicletas, patins etc., mostrando a
valorização do esporte em detrimento do militarismo. (KISHIMOTO, s.d)
Segundo afirma com Petri (2000), o brincar é modificado, segmentado, passando a
fazer parte da vida infantil; sendo que a infância tem fundamental importância no
desenvolvimento do ser humano sendo dotada de especificidade, fazendo com que a criança
adquira identidade própria dentro do contexto social neste período.

No início do século XIX, há o aparecimento do brinquedo industrializado


que transforma o brincar em uma atividade solitária para criança, em função
do apelo ao consumo de brinquedos. Neste período, a escola, com objetivos
educacionais demarcados, passa a fazer uso pedagógico do brincar,
“didatizando-o” de maneira forçada e incoerente. (UJIIE, 2007, p.3)

Huizinga, Heidegger e Gardner (apud ANTUNES, 1998, p.36) destacam a


importância do jogo como uma atividade que tem em si o objetivo de decifrar os enigmas da
vida e também da construção de momentos de entusiasmo e alegria no desenvolvimento
humano.
Houve o crescimento contínuo no século XX da rede de atendimento à
primeira infância, bem como, o incremento das discussões acerca da relação
brincadeira e educação, sendo enfim, o século XXI o cenário sob o qual a
brincadeira educativa se institui [...] como suporte da atividade didática,
visando à aquisição de conhecimentos e conquista um espaço definitivo na
Educação Infantil. (KISHIMOTO, 1994, p. 17)
15

A brincadeira educativa tem com desafio hoje a conciliação da função lúdica que é a
diversão com a função educativa que é o ensino. Desse modo a brincadeira educativa
apresenta uma problemática, pois se apenas a função lúdica prevalece não há ensino, quando
ocorre o contrário, se há predominância apenas da função educativa, não há brincadeira e sim
trabalho, ensino. Para resolver esse impasse a liberdade da criança de brincar deve ser
preservada através da prática pedagógica, podendo ocorrer interferências através da
organização de um espaço estimulante e cheio de vida, proporcionando materiais que
viabilizem a brincadeira infantil e incentivando a interação das crianças com seus pares e com
os adultos.
Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos
simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia o
desenvolvimento integral da criança, [...] qualquer jogo empregado pela
escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta o caráter
educativo e pode receber também a denominação geral de jogo educativo.
(KISHIMOTO, 1994, p. 22)

Durante o século XX há o aparecimento de pesquisas e teorias sobre a importância do


ato de brincar para o desenvolvimento infantil, como a psicogenética de Piaget, a histórico
cultural ou social de Vygotsky e a teoria comunicacional de Bruner. (UJIIE, 2007)
Segundo Piaget (1978), é através da brincadeira que ocorrerá o desenvolvimento
natural, cognitivo e social da criança, sendo que segundo o autor a brincadeira é concebida
como conteúdo da inteligência, tida como conduta livre, espontânea, que a criança expressa
por vontade própria e pelo prazer que proporciona.
Os jogos com a finalidade de facilitadores da aprendizagem tem sido cada vez mais
introduzidos, de acordo com a expansão dos novos ideais de ensino. Mas essa expansão na
área de ensino dar-se-á no inicio deste século, estimuladas pelo crescimento da rede de ensino
da educação infantil e pela discussão sobre as relações entre o jogo e a educação.
De acordo com Huizinga (1980), o elemento lúdico esteve presente, em toda parte
desde o início da civilização, tendo um papel de suma importância, pois através do elemento
lúdico foi-se criando cultura e permitindo ao homem o desenvolvimento de suas necessidades
humanas inatas de ritmo, harmonia, mudança, alternância, contraste, clímax etc.
Segundo Lima (2003), a civilização ocidental promoveu, ao longo de sua história, a
separação entre corpo e mente, pois acreditava-se que as operações mentais eram mais
elevadas e as ações feitas com o corpo eram menos importantes, pois estas utilizavam uma
função cortical inferior, entretanto esse foi um equívoco que atualmente está superado visto
16

que estudos mostram que o funcionamento motor está integrado ao sistema perceptivo e exige
uma função cortical tão complexa quanto às atividades de pensamento.
Já no século XXI, que é caracterizado pela sociedade pós-industrial, que apresenta
como características a produção de serviços, informática, estética, símbolos e valores, o
predomínio da globalização, é preciso que se crie novos modelos de brincar que estejam
baseados no tempo livre, na flexibilidade, na criatividade, na individuação e emotividade
conjugada com a racionalidade. (UIIJE, 2007)
Segundo Friedmann (2004) o brincar atualmente têm perdido seu espaço físico e
temporal, sendo que isto está ocorrendo devido a diversos fatores dentre os quais podemos
destacar: o crescimento das cidades, aumento das distâncias, maior dificuldade de
deslocamento e encontros, ausência de espaços públicos voltados ao lazer, ida da criança para
escola e preocupação exacerbada com os conteúdos, falta de segurança urbana, inserção da
mulher no mercado de trabalho, alto consumo de brinquedos industrializados, globalização
geradora de generalizações e perda da identidade cultural.

Entretanto, faz-se necessário uma preocupação com o resgate do brincar,


enquanto patrimônio lúdico-cultural, uma vez que este é um fenômeno
universal de grande relevância para a caracterização e conhecimento dos
grupos sociais e diversidades culturais dos vários povos do mundo como
explicita diversos autores, teóricos e pesquisadores da área. A existência de
espaços de brincar é importante para a socialização e troca entre os
brincantes; o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e moral das
crianças e jovens; o bem estar pessoal de adultos e velhos; o estímulo da sua
criatividade; o contato com sua espiritualidade, a sua re-ligação com o
invisível, a imaginação, a fantasia; o despertar e o desenvolvimento dos seus
potenciais e habilidades; tornar os indivíduos mais humanos; resgatar a
essência e os valores mais significativos de cada um. (UIJE, 2007, p. )

Atualmente tem-se preocupado com o uso do tempo livre, e não somente com o
trabalho, o que tem constitui-se numa tendência predominante dos últimos anos, nas
diferentes sociedades e culturas e o brincar ocupa um papel de peso nessa área.

Dewey modifica a tradição froebeliana, colocando a experiência direta com


os elementos do ambiente e os interesses da criança como novos eixos.
Crianças são vistas como seres sociais e a aprendizagem infantil farse-á de
modo espontâneo, por meio do jogo, nas situações do cotidiano como
preparar alimentos para o lanche, representar peças para as famílias, brincar
de fazde-conta com temas familiares. Dewey concebe o jogo como atividade
livre, como forma de apreensão dos problemas do cotidiano. KISHIMOTO
(1998, p.23)
17

A infância é a idade da brincadeira, através da brincadeira, a liberação de energia, a


expansão da criatividade, o fortalecimento das relações sociais e o estímulo a liberdade.
Portanto a brincadeira está intrinsecamente relacionada ao desenvolvimento infantil, também
foi inserida no contexto escolar com o objetivo de auxiliar o processo de aprendizagem. A
partir de então, quando? surgiram os jogos pedagógicos que reúnem a ludicidade e a
aprendizagem.
18

4 O OLHAR DOS ESTUDIOSOS E DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE OS


JOGOS, AS BRINCADEIRAS E A EDUCAÇÃO INFANTIL

4.1 O Jogo Infantil Segundo Piaget e Vygotski

O brincar está diretamente relacionado com as principais abordagens existentes, como


a cultural, pois os jogos perpetuam a cultura infantil desenvolvida pela oralidade; a
educacional, que analisa a contribuição do jogo e do brincar no desenvolvimento e
aprendizagem da criança; e a psicológica, que vê o jogo como uma forma de compreender
melhor o funcionamento das emoções e da personalidade do indivíduo. Ao longo do período
infantil, Piaget (1978), observou três sistemas de jogos:
De exercícios: aparece nos primeiros dezoito meses de vida e surgem na forma de
exercícios motores com o objetivo de explorar e exercitar os movimentos do seu próprio
corpo.
Simbólicos: surgem durante o segundo ano de vida, é usado para simbolizar ou
representar situações não percebidas no momento. O jogo simbólico se desenvolve com a
interiorização dos esquemas sensórios-motores. A função desse tipo de atividade, assimila a
realidade externa ao seu eu, encontra satisfação fantasiosa, supera conflitos, preenche desejos.
Jogos de Regras: o jogo de regras marca a transição da atividade individual para a
socializada e não ocorre antes do quatro aos sete anos e se intensifica durante toda a vida da
pessoa.
O jogo de regras, também mencionado por Aroeira, (1996, p. 71), “surge da
necessidade de jogar com alguém, partilhar experiências” e, Moura (1994) analisa que no jogo
de regras, há respeito, reciprocidade, confiança, admiração, aprendizagem, melhor relação
professor/aluno, ou mais amplamente, entre seres humanos.
Segundo Piaget (1994, p.23) o jogo de regras, deve ser estabelecido e cumprido pelo
grupo, pelo acordo mútuo, onde “toda moral consiste num sistema de regras e, a essência de
toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por essas regras”.
Há dois fenômenos que estão relacionados ao se estabelecer as regras: a prática das
regras e a consciência das regras. Com a competição, cada jogador aprende a competir com
honestidade levando para a vida, fora da escola, pois não se pode isolar a “consciência das
regras do jogo do conjunto da vida moral” (PIAGET, 1994, p. 23)
19

Segundo Vygotski (1998), existem dois importantes elementos nas brincadeiras, que
são as regras e a situação imaginária.
Aroeira também classifica os jogos em ”funcionais ou de exercícios, de aquisição, de
construção; simbólicos e de regras, os quais podem ser utilizados com segurança nas
atividades da educação infantil”. (1996, p. 69).
Jogos funcionais: tem caráter exploratório realizado no próprio corpo, tais como:
mexer as mãos, balançar a cabeça com ritmo, passar objetos de uma mão para outra, etc.
Nesses jogos, há a repetição por prazer, e posteriormente há a evolução para atos mais
complexos, como encher ou esvaziar um balde de areia ou manusear massinhas. Só depois de
algum tempo irá estabelecer o objetivo da brincadeira.
Jogos de aquisição: Quando se tem uma criança concentrada em observar, executar,
tentando compreender objetos, pessoas, uma canção, sendo que se devem trabalhar
significados que a cercam.
Segundo Kishimoto (2000) a utilização do jogos e brincadeiras potencializa a
exploração e construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, sendo que ao
usar os jogos e brincadeiras para estimular a construção do conhecimento, os mesmos
conquistaram espaço definitivo na educação infantil.
A brincadeira resulta de relações interindividuais de cultura e determina uma
aprendizagem social, ou seja aprende-se a brincar. Com a brincadeira, as crianças constroem a
consciência da realidade, e ao mesmo tempo criam uma possibilidade do modificá-la. [grifo
nosso.

4.2 Conceitos de Jogo, Brinquedo e Brincadeira

Segundo o Dicionário Silveira Bueno, (Bueno, 2000, p. 129; 454) a palavra


Brinquedo é: divertimento, folguedo, objeto com que se entretêm as crianças; brincadeira é,
divertimento gracejo; e jogo, brinquedo, folguedo, divertimento partida esportiva.
De acordo com as definições, jogos, brinquedos e brincadeiras são termos que se
forem empregados com significados diferentes, acabam por tornar-se imprecisos, pois existem
vários jogos que podem ser considerados como brincadeiras e, muitas vezes um brinquedo
também é utilizado com objeto de um jogo, de uma brincadeira.
20

De acordo com Kishimoto (2000), ocorrem algumas situações diferentes entre si, que
recebem a mesma denominação, pois alguns denominam de brincadeira, e outros de jogo e
assim sucessivamente. Qual é a diferença entre jogo e brincadeira?
A diversidade de fenômenos considerados como jogo dificulta a sua definição e essa
dificuldade pode aumentar, pois um mesmo comportamento pode ser visto como jogo ou não-
jogo. Para um observador externo a criança indígena que se diverte atirando com arco e flecha
em animais, é uma brincadeira, mais para o grupo indígena é um preparo para a arte da caça,
necessária à subsistência da tribo. Portanto o fato da criança indígena atirar com arco e flecha,
para uns é jogo, para outros é preparo profissional. Sendo assim uma determinada conduta
pode ser jogo ou não-jogo, em diferentes culturas, dependendo do significado a ela atribuído.
(KISHIMOTO, 2000).
Diante do exposto torna-se muito difícil separar ou classificar os termos: jogo,
brinquedo e brincadeira, mas todos eles são descritos pelo autor (op.cit p. 3) ‘como elementos
da cultura, excluindo o jogo dos animais’. Diante da diversidade de significados, são as
semelhanças que permitem classificar jogos de faz-de-conta, de construção, de regras, de
palavras, políticos, e outros, na sua grande família.
O jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. Este é o aspecto
que nos mostra porque, dependendo do lugar, e da época, os jogos assumem significados
diferentes. (KISHIMOTO; 2000, p.17)
Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores, e
modo de vida, que se expressa por meio da linguagem.
Brinquedo é outro termo indispensável para compreender esse campo. Diferente do
jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança, pois o brinquedo coloca a criança
na presença de reproduções, podendo-se se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à
criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá-los. O brinquedo propõe um
mundo imaginário da criança e do adulto, criador do objeto lúdico. Na criança o imaginário
varia conforme a idade, sendo que para as crianças em idade pré-escolar está carregado de
animismo e para as crianças de 5 a 6 anos, integra predominantemente elementos da realidade
(KISHIMOTO; 2000)
De acordo com Kishimoto (2000), o brinquedo aparece como um pedaço de cultura
colocado ao alcance da criança. É parceiro na brincadeira, sendo que o mesmo leva a criança,
agir e imaginar.
Brincadeira infantil é entendida como atividade social da criança, cuja natureza e
origem específicas são elementos fundamentais para a construção de sua personalidade e
21

comprensão da realidade na qual se insere. A brincadeira é de fato um espaço de aprendizado


sócio-cultural localizado no tempo e no espaço. (VYGOTSKY, 1998)
Para Kishimoto (2000) a brincadeira pressupõe a descrição de uma conduta
estruturada, com regras.
È no brincar, e talvez apenas no brincar que a criança ou o adulto furem sua
liberdade de criação, sendo que é com base no brincar, que se constrói a totalidade da
existência experiencial do homem. (WINNICOTT, 1975)

Para Piaget (1977), a brincadeira é a conduta livre e espontânea, onde a


criança expressa sua vontade e prazer. Quando brinca, a criança assimila o
mundo a sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação
com o objeto não depende de sua natureza, mas da função que a criança lhe
atribui, é o que Piaget chama de jogo simbólico.

No Brasil, termos como jogo, brinquedo e brincadeira ainda são empregados de


forma indistinta, demonstrando um nível baixo de conceituação deste campo.
Conforme Brougére (1198, p.17), “os jogos e brinquedos são meios que ajudam a
criança a penetrar em sua própria vida tanto como na natureza e no universo”.
È através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidade de
desenvolver uma comunicação, um canal de diálogo com o mundo adulto, onde as crianças
estabelecem controle interior, auto-estima e desenvolvem relações de confiança consigo
mesma e com os outos. (GARBARINO, 1992 apud KISHIMOTO, 2000).

4.3 Legislação Brasileira, PCNs sobre os Jogos e Brincadeiras Infantis

De acordo com a constituição de 1988 promoveu avanços no tratamento de situações


referentes a criança e aos adolescentes, sendo que em relação às crianças com menos de sete
anos, é a primeira vez em que aparece um texto constitucional dizendo que o poder público
deve oferecer condições para sua educação.
A constituição de 1988 traz o seguinte artigo:
Art. 208 – O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
IV – Atendimento em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos de idade.
22

A nova LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, nº. 9394. de 20 de


dezembro de 1996, contempla a educação infantil quando prevê o direito da criança de 0 a 06
anos à educação.
Seção II – Da Educação Infantil
Art. 29 – A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade
o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Muitos
foram os educadores que se dedicaram ao estudo da criança.
O objetivo dos PCNs é o de orientar, de maneira coerente, as muitas políticas
educacionais existentes nas diferentes áreas territoriais do país e que contribuem para a
melhoria de eficiência, atualização e qualidade da nossa educação. Além disso, visam
imprimir uma concepção de cidadania que ajuste o aluno e, conseqüentemente, o cidadão à
realidade e demandas do mundo contemporâneo.
Representam, dessa forma, um referencial para fomentar a reflexão sobre os currículos
estaduais e municipais, garantindo a melhoria da qualidade de ensino, socializando discussões
e pesquisas sobre estratégias e procedimentos e subsidiando a participação de técnicos em
educação e o professor brasileiro de maneira geral. (ANTUNES, 1998)
Os PCNs baseiam-se nos princípios construtivistas e apóia-se em um modelo de
aprendizagem que reconhece a participação construtiva do aluno, a intervenção do professor
nesse processo e a escola como um espaço de formação e informação em que a aprendizagem
de conteúdos e o desenvolvimento de habilidades operatórias favoreça a inserção do aluno na
sociedade que o cerca e, progressivamente, em um universo cultural mais amplo. Para que
essa orientação se transforme em uma realidade concreta é essencial a interação do sujeito
com o objeto a ser conhecido e, assim, à multiplicidade na proposta de jogos concretiza e
materializa essas interações.
Ao lado dessa função, os jogos também se prestam a multidisciplinaridade e, dessa
forma, viabilizam a atuação do próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os
conteúdos de sua aprendizagem e explorar de forma significativa os temas transversais (meio
ambiente, pluralidade cultural) que estruturam a formação do aluno-cidadão. Esses temas não
constituem novas matérias, mas atravessam áreas do currículo e, dessa forma, devem ser
desenvolvidos no momento oportuno por qualquer professor, inspirado por acontecimentos
que se tomam marcantes no momento vivido pela escola (uma notícia de jornal, uma briga
entre colegas, uma cena marcante de uma novela na televisão, um filme que todos os alunos
assistiram, etc)
23
24

Figura 1: Concepções de atividades propostas pelo PCNs


Fonte: Antunes, 1998, p.44-45.
25

5 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS INFANTIS PARA O


DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Os jogos e as brincadeiras têm fundamental importância no desenvolvimento infantil,


pois permitem a exploração de diferentes comportamentos, situações, capacidades e limites.
Deve-se promover a diversidade dos jogos e brincadeiras para que se amplie a oportunidade
que os brinquedos podem oferecer.

5.1 As Brincadeiras, os Jogos e a Aprendizagem

Durante muito tempo confundiu-se "ensinar" com "transmitir" e, nesse contexto, o


aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um transmissor não
necessariamente presente nas necessidades do aluno. Acreditava-se que toda aprendizagem
ocorria pela repetição e que os alunos que não aprendiam eram responsáveis por essa
deficiência e, portanto, merecedores do castigo da reprovação. Atualmente essa idéia é tão
absurda quanto a ação de sanguessugas - invertebrados aquáticos usados para sangrias e curas
de pacientes - e sabe-se que não existe ensino sem que ocorra a aprendizagem, e esta não
acontece senão pela transformação, pela ação facilitadora do professor, do processo de busca
do conhecimento, que deve sempre partir do aluno. (ANTUNES, 1998)

A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou transfor-


mando o sentido do que se entende por material pedagógico e cada
estudante, independentemente de sua idade, passou a ser um desafio à
competência do professor. Seu interesse passou a ser a força que comanda o
processo da aprendizagem, suas experiências e descobertas) o motor de seu
progresso e o professor um gerador de situações estimuladoras e eficazes. É
nesse contexto que o jogo ganha um espaço como a ferramenta ideal da
aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno, que
como todo pequeno animal adora jogar e joga sempre principalmente
sozinho e desenvolve níveis diferentes de sua experiência pessoal e social. O
jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua
personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor
a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.
(ANTUNES, 1998, p.36)

Está se perdendo no tempo a época em que se separava a "brincadeira", o jogo


pedagógico, da atividade "séria". De Huizinga a Roger Caillois, de Heidegger a Georges
26

Bataille, de Montaigne a Frobel, de Konrad Lorenz a Gardner, alguns dos mais destacados
pensadores de nosso tempo demonstraram vivo interesse pela questão lúdica e pelo lugar dos
jogos e das metáforas no fenômeno humano e na concepção de mundo: hoje a maioria dos
filósofos, sociólogos, etólogos e antropólogos concordam em compreender o jogo como uma
atividade que contém em si mesmo o objetivo de decifrar os enigmas da vida e de construir
um momento de entusiasmo e alegria na aridez da caminhada humana. Assim, brincar
significa extrair da vida nenhuma outra finalidade que não seja ela mesma. Em síntese, o jogo
é o melhor caminho de iniciação ao prazer estético, à descoberta da individua1idade e à
meditação individual.
De acordo com Antunes (1998) toda criança vive agitada e em intenso processo de
desenvolvimento corporal e mental. Nesse desenvolvimento se expressa a própria natureza da
evolução e esta exige a cada instante uma nova função e a exploração de nova habilidade.
Essas funções e essas novas habilidades, ao entrarem em ação, impelem a criança a buscar um
tipo de atividade que lhe permita manifestar-se de forma mais completa. A imprescindível
"linguagem" dessa atividade é o brincar, é o jogar. Portanto, a brincadeira infantil está muito
mais relacionada a estímulos internos que a contingências exteriores. A criança não é atraída
por algum jogo por forças externas inerentes ao jogo e sim por uma força interna, pela chama
acesa de sua evolução. É por essa chama que busca no meio exterior os jogos que lhe
permitem satisfazer a necessidade imperiosa posta por seu crescimento.
A criança tem dentro de si potencial e este emerge nas situações de sua vida. E o
brincar nada mais é do que a linguagem da criança. É na brincadeira que a criança dá vazão à
sua energia, ao senso crítico e à criação. Usando sua criatividade, a criança descobre o seu
“eu” e aprende a dirigir suas ações, agir cooperativamente, trabalhar em conjunto e
individualmente. Por isso, a importância de deixar as crianças extravasarem no fantástico
mundo das brincadeiras é fundamental para uma infância feliz e um adulto preparado para
enfrentar a vida.

O jogo tem fins naturais quando a ação livre permite a expressão do eu.
Visto como meio ou, com diz, tendo “fins artificiais”, na verdade, o jogo é
um instrumento do adulto para formar a criança. O papel pedagógico do jogo
só pode ser entendido dentro do domínio do jogo enquanto meio, enquanto
um “fim artificial”. (CHATEAU apud KISHIMOTO, 2003, p. 21).

Antunes (1998) ressalta que existem dois aspectos cruciais no emprego dos jogos
como instrumentos de uma aprendizagem significativa. Em primeiro lugar o jogo ocasional,
distante de uma cuidadosa e planejada programação, é tão ineficaz quanto um único momento
27

de exercício aeróbio para quem pretende ganhar maior mobilidade física e, em segundo lugar,
uma grande quantidade de jogos reunidos em um manual somente tem validade efetiva
quando rigorosamente selecionados e subordinados à aprendizagem que se tem em mente
como meta.
A compreensão das brincadeiras e a recuperação do sentido lúdico de cada
povo dependem do modo de vida de cada agrupamento humano, em seu
tempo e espaço. Daí emerge a imagem que se faz da criança, seus valores,
seus costumes e suas brincadeiras. (KISHIMOTO, 1999, p. 39).

Acreditamos que a criança que não brinca apresenta lacunas no seu processo de
desenvolvimento de criatividade, pois, o brincar para a criança e tão sério quanto o trabalho
para o adulto. Podemos perceber por nós mesmos adultos quanta coisa foi aprendida através
da brincadeira e da convivência feliz com amigos e colegas na infância. Quanto prazer essa
convivência feliz proporcionou a nossa vida; daquele momento até os dias de hoje.

5.2 As Contribuições do Brincar para o Desenvolvimento Infantil

Os jogos devem ser utilizados somente quando a programação possibilitar e somente


quando se constituírem em um auxílio eficiente ao alcance de um objetivo dentro dessa
programação. De uma certa forma, a elaboração do programa deve ser precedida do
conhecimento dos jogos específicos e, na medida em que estes aparecerem na proposta
pedagógica, é que devem ser aplicados, sempre com o espírito crítico para mantê-las, alterá-
las, substituí-las por outros ao se perceber que ficaram distantes desses objetivos. Assim, o
jogo somente tem validade se usado na hora certa e essa hora é determinada pelo seu caráter
desafiador, pelo interesse do aluno e pelo objetivo proposto. Jamais deve ser introduzido antes
que o aluno revele maturidade para superar seu desafio e nunca quando o aluno revelar
cansaço pela atividade ou tédio por seus resultados.
As brincadeiras não estão inseridas em muitas propostas pedagógicas e acabam se
restringindo a simples momentos de descontração e pequenos espaços como playground, sala
de brinquedoteca, ou até mesmo na própria sala de aula, sendo que poderia ser incorporado
como eixo do trabalho infantil.
A criança que brinca está desenvolvendo sua linguagem oral, seu
pensamento associativo, suas habilidades auditivas e sociais construindo
conceitos de relações de conservação, classificação, seriação, aptidões visuo-
espaciais e muitas outras (VIGOTSKY, 2003. p. 19).
28

O brincar é de suma importância para que a criança desenvolva cada vez mais sua
personalidade como um todo, assim como o alimento que a faz crescer forte e saudável. E
essa conscientização é muito importante, pois cabe à família e ao educador que são os
responsáveis pela autonomia da criança.
Segundo Kishimoto (2000, p.37), aponta algumas considerações em relação às
brincadeiras educativas que merecem ser citadas:
Função lúdica: A brincadeira propicia diversão, prazer e até desprazer, quando
escolhida voluntariamente.
Função educativa: A brincadeira ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em
seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.
Compreendemos que brincar na educação infantil é uma forma de explorar o mundo,
descobrir novas idéias e conceitos, é aventurar-se ao desconhecido. Durante a brincadeira, a
criança, inspirada por modelos, tenta controlar objetos e o meio ambiente, por exemplo, ao
recriar o papel do adulto.
De acordo com Antunes (1998, p.41) existem quatro elementos que justificam e, de
uma certa forma, condicionam a aplicação dos jogos, são eles:

Capacidade de se constituir em um fator de auto-estima do aluno: Jogos


extremamente "fáceis" ou cuja solução se coloque acima da capacidade de
solução por parte do aluno causam seu desinteresse e, o que é pior, sua baixa
estima, associada a uma sensação de incapacidade ou fracasso.
Condições psicológicas favoráveis: O jogo jamais pode surgir como
"trabalho" ou estar associado a alguma forma de sanção. Ao contrário, é
essencial que o professor dele se utilize como ferramenta de combate à
apatia e como instrumento de inserção e desafios grupais.
Condições ambientais: A conveniência do ambiente é fundamental para o
sucesso no uso dos jogos. O espaço necessário à manipulação das peças é
sempre imprescindível, assim como sua cuidadosa embalagem e
organização, a higiene da mesa ou mesmo do chão em que o aluno usa para
essa atividade.

Um jogo jamais deve ser interrompido e, sempre que possível, o aluno deve ser
estimulado a buscar seus próprios caminhos. Além disso, todo jogo precisa sempre ter
começo, meio e fim e não ser programado se existir dúvidas sobre as possibilidades de sua
integral consecução.
De fato, jogos e brincadeiras tem papel de suma importância no desenvolvimento e na
educação infantil pois auxilia nas atividades pedagógicas, sendo que o brincar na educação
29

infantil é muito mais amplo, visando a contribuição do desenvolvimento integral da criança,


pois, por meio do brincar a criança poderá fazer descobertas significativas, as quais a
auxiliarão na formação de sua personalidade e lhe subsidiarão na construção de sua
autonomia.
30

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O legado de conhecimentos adquiridos nos possibilitou concluir que ao brincar, a


criança aprende naturalmente. Algumas constatações foram decisivas para essa conclusão,
como as que seguem:
 O grande avanço para a educação infantil surge com a lei de Diretrizes e Bases
da Educação Lei nº 9394/96 que tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança que
tenha de 0 a 6 anos de idade, observando seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e
social.
 A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança,
sendo que por isso, indispensável à prática educativa.
 O ato de brincar constitui uma atividade social e cultural que deve ser
construída pelas crianças com o auxílio de elementos fixos ou móveis, sendo que através das
atividades lúdicas a criança vivencia experiências e aprende com elas, refletindo, portanto a
forma como a mesma vê o mundo.
 Através das brincadeiras as crianças desenvolvem sua estrutura cognitiva,
possibilitando a promoção de resolução de conflitos surgidos durante essas atividades, o que
estimula o raciocínio.
 Outro fato importante é o amadurecimento das habilidades motoras
proporcionado pelas brincadeiras.
Assim, sustentamos nossas constatações, considerando ainda que ao brincar de faz-de-
conta, a criança experimenta emoções diversas, o que a leva a aprender e respeitar regras e
limites, e também favorece a convivência com outras pessoas. Ao realizar brincadeiras
tradicionais ela entra em contato com experiências passadas que fazem parte da cultura em
que vive, do seu meio. Assim passa a construir sentimentos, fantasias, angústias, medos e
aprende a relacionar-se com o mundo e a conhecer a história do seu grupo social.
Através do lúdico as crianças exercem sua capacidade de criar, o que é imprescindível,
favorecendo sua auto-estima, auxiliando-as a superar progressivamente suas frustrações de
forma criativa.
Os brinquedos têm relação íntima com a criança e são objetos que permitem à criança
uma atividade mental, física e social que desenvolve a criatividade, a agilidade motora,
representando e reproduzindo tudo que existe no seu cotidiano, favorecendo a socialização,
31

enriquecendo o vocabulário e criando o domínio da linguagem para a construção de sua


personalidade.
Está claro que as brincadeiras, os jogos e os brinquedos são excelentes meios que
permitem o diagnóstico, a intervenção e até mesmo a transmissão dos conteúdos conceituais,
procedimentais e atitudinais, constituindo ainda um meio de transmitir mensagens que são
capazes de resgatar a auto-estima, o autoconhecimento, os valores como solidariedade,
responsabilidade, disciplina, autoconfiança, auto-aceitação, tolerância, concentração, alegria e
muitos outros, tão necessários à formação das nossas crianças.
Segundo Piaget (1994) os jogos constituem-se em admiráveis instituições sociais. É
através deles as crianças exercitam sua autonomia e cidadania, pois aprendem a julgar, a
argumentar, a chegar a um consenso, a raciocinar.
De acordo com Vygotsky, (1999) é de suma importância o papel do ato de brincar na
constituição do pensamento infantil, pois segundo ele, através da brincadeira, as crianças
reproduzem o discurso externo e o internaliza, construindo, portanto seu próprio pensamento.
Os jogos, as brincadeiras e os brinquedos, são situações de aprendizagem, pois as
regras e a imaginação favorecem à criança comportamento além dos habituais. Nos jogos e
nas brincadeiras a criança age como se fosse maior do que a realidade, e isto vai contribuir de
forma intensa e especial para o seu desenvolvimento.
Através das atividades lúdicas, as crianças abandonam o seu mundo de necessidades e
constrangimentos e se desenvolvem, criando e adaptando-se a novas realidades. A brincadeira
na infância favorece, portanto, um período de aprendizagem necessária à idade adulta, pois
brincando a criança garante o equilíbrio emocional que lhe sustentará na vida adulta, evitando
desvios de comportamento indesejáveis.
Todas estas considerações que acabamos de citar, é que nos levaram a concluir sobre a
relevância deste trabalho para nossa formação docente.
Além do benefício que nos trouxe, esperamos que o mesmo, contribua ainda para que
outros professores possam inovar suas práticas pedagógicas, tendo os jogos e brincadeiras como
aliados permanentes, que possibilitem auxiliar no seu trabalho e com isso promover um
desenvolvimento de habilidades intelectuais, sociais e físicas, em nossas crianças, de forma
prazerosa e participativa.
Contribua ainda, para que esses profissionais compreendam que os jogos, brinquedos e
brincadeiras são ferramentas imprescindíveis para a construção da inteligência, desde que
usados adequadamente, com questionamentos pertinentes, respeitando as etapas de
desenvolvimento intelectual da criança.
32

A partir dessas constatações, para nós fica a certeza de que nossa formação
profissional deverá ser permanente e contínua, pois compactuamos agora, mais que nunca,
com Lulu Santos:
33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, C. Jogos para a estimulação das inteligências múltiplas. 14 ed. Petrópolis-RJ:


Vozes, 1998.

AROEIRA, M. L. C., SOARES, M. I. B., MENDES, R. E. Didática de pré-escola: vida


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1998). Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília, DF: MEC/SEF.
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