Manual Embrapa Vinho Branco
Manual Embrapa Vinho Branco
Manual Embrapa Vinho Branco
AG
IA
C O L E O
TR
IN DS
MILIA
Vinho Branco
Vinho Branco
Luiz Antenor Rizzon
Irineo DallAgnol
Produo editorial
Embrapa Informao Tecnolgica
Coordenao editorial
Fernando do Amaral Pereira
Mayara Rosa Carneiro
Lucilene Maria de Andrade
Superviso editorial
Juliana Meireles Fortaleza
Copidesque e reviso de texto
Francisco C. Martins
Projeto grfico da coleo
Carlos Eduardo Felice Barbeiro
Editorao eletrnica
Alexandre Abrantes Cotta de Mello
Ilustraes
Via Braslia
1 edio
1 impresso (2009): 2.000 exemplares
Autores
Apresentao
Sumrio
Introduo ................................................. 9
Definio do produto ............................... 13
Etapas do processo de produo ........... 15
Recebimento da uva ................................. 16
Separao da rquis e
esmagamento da uva ................................ 16
Adio de metabissulfito de potssio ........ 18
Extrao do mosto ................................... 19
Clarificao do mosto .............................. 21
Adio de levedura selecionada ............... 23
Correo do acar do mosto
(chaptalizao) ......................................... 24
Fermentao alcolica .............................. 25
Fermentao maloltica ............................ 28
Introduo
10
11
Definio
do produto
14
Etapas do
processo de
produo
15
Recebimento da uva
Numa agroindstria de vinho (cantina), a rea de recebimento o
ponto de entrada da matra-prima. onde tem incio o controle da
cultivar, do estado sanitrio da uva, do peso e da temperatura. Esse
local deve estar devidamente equipado, para que nele se procedam
s seguintes operaes:
Separao da rquis (cacho).
Esmagamento da uva.
Determinao do teor de acar do mosto.
Separao da rquis
e esmagamento da uva
A separao da rquis e o esmagamento da uva exercem grande
influncia na qualidade do vinho branco, pois so os primeiros
tratamentos mecnicos aplicados matria-prima. nessa fase que
o mosto liberado e fica exposto oxidao e ao de leveduras.
Assim, importante que a operao acontea no menor tempo
possvel, para proteger o mosto dos problemas de oxidao e do
incio prematuro da fermentao alcolica.
Esses problemas ocorrem com mais frequncia em regies quentes
e desprovidas de boas condies sanitrias, onde a uva fica exposta
ao sol (ao relento). Esse fator muito prejudicial ao processo de
elaborao do vinho branco, em que o mosto oxida antes de iniciar
a fermentao alcolica. Essa operao feita com mquinas
conhecidas como desengaadeira-esmagadeira (Figura 2), as quais
inicialmente separam a rquis e s depois esmagam a uva, conforme
a intensidade desejada.
16
Figura 2. Mquina
desengaadeiraesmagadeira para
separar a rquis
e esmagar a uva.
Extrao do mosto
A extrao do mosto consiste em separar o lquido (mosto) da
parte slida da uva (pelcula e semente). Trata-se de uma operao
muito importante na elaborao do vinho branco, pois dela
depende a qualidade do mosto para vinificao. Assim, os
melhores mostos so aqueles obtidos de prensagens lentas, as
19
20
Clarificao do mosto
Logo que extrado, o mosto da uva apresenta-se turvo, pois contm
fragmentos da pelcula, da rquis e da polpa em suspenso. Nas
uvas com problemas de podrido, eventualmente os mostos
apresentam quantidades elevadas de polissacardeos, produzidos
pelos fungos causadores dessa doena. Assim, a clarificao do
mosto consiste em separar o mosto lmpido das borras, antes da
fermentao alcolica. Logo, o processo inicia com a floculao e a
precipitao das partculas presentes em suspenso. A rapidez dessa
precipitao depende:
Da qualidade sanitria da uva.
Do grau de maturao.
Das condies de trabalho por ocasio do esmagamento
e da prensagem.
21
22
23
Correo do acar do
mosto (chaptalizao)
A chaptalizao consiste em corrigir o teor de acar do mosto,
para que o vinho alcance a graduao desejada. Essa prtica enolgica
pode ser reduzida ou evitada nas safras em que a uva alcana
maturao satisfatria e desde que sejam adotadas, nos vinhedos,
determinadas prticas culturais que melhorem a qualidade da uva
(poda verde, adubao adequada, etc.).
O motivo da correo do acar do mosto ter essa deno-minao
pelo fato de o mdico e qumico francs Antoine Chaptal (1756
1832) ter difundido essa prtica enolgica. A medio do Babo,
que indica a porcentagem de acar no mosto, o primeiro passo
para se proceder correo do acar.
A partir do teor de acar do mosto (Babo), possvel calcular o
grau alcolico potencial do vinho. Para isso, multiplica-se o Babo
obtido por 0,6. Por exemplo, um mosto com 15 Babo produzir
um vinho de 9% v/v (volume por volume) de lcool, uma vez que
15 x 0,6 igual a 9,0.
Assim, para cada grau alcolico que se quiser aumentar no vinho,
deve-se adicionar 1,7 kg de acar para cada 100 L de mosto.
Para isso, recomenda-se usar acar cristal de boa qualidade,
previamente diludo, numa pequena quantidade de mosto.
24
Fermentao alcolica
A fermentao alcolica o conjunto de transformaes
bioqumicas responsveis pela transformao do acar do mosto
em lcool pela ao das leveduras (Saccharomyces cerevisiae).
Alm do lcool, so produzidos gs carbnico e outros compostos
secundrios da fermentao alcolica, com liberao de calor.
O termo fermentao tem origem no termo fervere, que significa
ferver. Por isso, a fermentao comparada com a ebulio.
Geralmente, a fermentao alcolica de 100 g de acar produz
em peso:
25
De 48 g a 49 g de lcool etlico.
De 45 g a 47 g de dixido de carbono.
De 2 g a 4 g de glicerol.
De 1 g a 2 g de compostos secundrios.
A participao do oxignio na primeira fase da fermentao alcolica
indispensvel para a multiplicao das leveduras. No entanto, uma
oxigenao excessiva provoca multiplicao acentuada em detrimento
da fermentao alcolica e da formao do lcool, que produzido
predominantemente em ambiente anaerbico. A aerao do mosto,
preferencialmente feita no segundo dia de fermentao (quando se
aproveita para adicionar parte do acar na correo do mosto),
favorvel para a fermentao completa dos acares.
Um aspecto importante a considerar a liberao de calor durante a
fermentao alcolica e o consequente aumento da temperatura do
mosto. Assim, fundamental conduzir a fermentao alcolica a uma
temperatura baixa, isto , inferior a 20 C, para garantir a qualidade
do vinho branco, sabendo-se que, em condies de temperatura
baixas, as leveduras formam maior quantidade de compostos
aromticos. J em condies de temperatura elevada, alm de formar
menos compostos aromticos interessantes, perde-se maior
quantidade, com o arraste do dixido de carbono.
Para controlar a temperatura de fermentao, so usados os mais
diversos artifcios, como:
No iniciar o processamento quando a uva apresentar
temperatura elevada.
Usar metabissulfito de potssio, para uniformizar o processo
fermentativo.
26
Fermentao maloltica
Uma vez concluda a fermentao alcolica, para determinados
vinhos brancos com acidez elevada, importante se proceder
fermentao maloltica. Para outros vinhos brancos pouco cidos,
ou que apresentem acidez equilibrada, no se recomenda esse tipo
de fermentao, pois ela reduz os aromas frutados e florais
descritores importantes da qualidade desses vinhos.
O efeito principal da fermentao maloltica a transformao do
cido mlico em ltico e a consequente reduo da acidez total.
Alm dessa transformao, ocorrem igualmente reaes secundrias,
como o desprendimento de dixido de carbono, alm de pequeno
aumento da acidez voltil e do pH do vinho.
28
Clarificao e estabilizao
Uma vez concluda a fermentao alcolica, e eventualmente a
maloltica, o vinho ainda no est pronto para ser engarrafado, pois
ainda no apresenta a limpidez e a estabilidade necessrias que
asseguram adequado estado de conservao.
O vinho novo contm grande nmero de partculas slidas em
suspenso. Essas partculas apresentam os mais diversos tamanhos,
formas e pesos especficos. As mais volumosas e com maior peso
29
31
Engarrafamento
O engarrafamento a etapa final do processo de elaborao do
vinho branco. O recipiente mais difundido a garrafa de vidro de
750 mL de cor esverdeada, fechada com rolha de cortia natural,
de 24 mm de dimetro e 38 mm de comprimento. Rolhas de cortia
aglomerada ou aglomerada com discos de cortia natural nas duas
bordas tambm so usadas para esse fim.
Embora o uso de garrafas
novas reduza a preocupao
com a sanitizao, recomendvel proceder-se a uma
lavagem rigorosa dos vasilhames, para retirar possveis
elementos estranhos, como
cacos de vidro e outras
sujidades (Figura 4).
32
Figura 5. Mquina
arrolhadeira.
33
Uma vez colocado o vinho branco e a rolha na garrafa, recomendase deix-la de p, por no mnimo 3 horas, para a rolha adquirir a
elasticidade normal. Em seguida, as garrafas devem ser empilhadas
em posio horizontal (deitadas), para manter a rolha mida,
evitando-se a entrada de ar na garrafa, o que alteraria a composio
do produto.
O local de armazenamento das garrafas deve ser limpo, bem
higienizado, ventilado, com pouca incidncia de luz, com umidade
moderada e temperatura baixa (e constante).
34
Equipamentos
e utenslios
36
Planta baixa da
agroindstria
(cantina)
38
Higienizao do
ambiente, de
equipamentos
e de utenslios
Numa agroindstria elaboradora de vinho branco, as condies
de higiene devem ser uma preocupao constante. essencial
no permitir o desenvolvimento de mofo nas paredes e nos
recipientes, para evitar a absoro de cheiros e de gostos
desagradveis pelo vinho.
Assim, deve-se estar sempre atento limpeza e manuteno dos
equipamentos e do ambiente de trabalho. Todos os equipamentos,
recipientes e utenslios usados (bombas, mangueiras, caixas de
plstico, etc.), devem ser higienizados tanto no incio quanto ao
final de cada expediente, da seguinte maneira:
Pr-lavagem Nessa etapa, feita a reduo dos resduos aderidos
superfcie dos equipamentos. Geralmente, so removidos 90%
da sujeira. A temperatura da gua deve estar em torno de 38 C a
46 C. Se a temperatura estiver alm de 46 C, pode ocorrer a
desnaturao de protenas, o que causa maior aderncia do produto
superfcie. Por sua vez, gua fria pode provocar a solidificao da
gordura, dificultando sua remoo.
Lavagem A lavagem feita mediante a aplicao de detergentes,
para retirada das sujeiras aderidas superfcie. Para uma correta e
eficiente operao, preciso ter conhecimento de todos os
39
40
Boas prticas de
elaborao (BPE)
41
Instalaes
Projeto da agroindstria de vinho (cantina) Deve-se decidir
por um projeto de cantina para elaborao de vinho branco que
possibilite o fluxo contnuo de produo, de forma que no haja
contato do produto processado com a matria-prima, no ambiente
de processamento. Essa agroindstria de vinho (cantina) deve ser
construda em local que disponha de gua potvel em abundncia e
onde haja disponibilidade de matria-prima.
A rea de recebimento das uvas deve apresentar as dimenses
mnimas de p-direito e superfcie estabelecidas pelo Ministrio da
Agricultura, Pecuria e Abastecimento (Mapa), alm de ter
disponibilidade de gua para limpeza dos equipamentos e das caixas
usadas no transporte das uvas.
Paredes e teto do local de recebimento e processamento
O local de recebimento e de processamento deve ser fechado, ter
paredes revestidas de azulejo ou com revestimento e pintura hepoxi
lavvel e atxica, e de cor clara.
42
Pessoal
O trabalhador da cantina deve receber treinamento peridico
(e constante) sobre as prticas sanitrias de manipulao de
bebidas e higiene pessoal, que fazem parte das BPE.
Os hbitos regulares de higiene devem ser estritamente observados e inspecionados, diariamente, pelo supervisor da
agroindstria (cantina), refletindo-se na higiene dos empregados
e em seus uniformes.
Limpeza das mos Os empregados devem lavar as mos com
sabo bactericida e esfregar as unhas com escova em pia
apropriada para essa finalidade todas as vezes que entrarem na
rea de processamento ou quando mudarem de atividade durante
a manipulao.
Sade O supervisor da agroindstria deve estar muito atento a
feridas, cortes ou machucaduras nas mos dos manipuladores da
uva e do mosto. As pessoas que apresentam esses problemas devem
ser retiradas da rea de manipulao, assim como funcionrios
gripados, com tosse ou com qualquer outra enfermidade.
43
Procedimentos
Controle na colheita e na chegada da uva A colheita da
uva deve ser programada conforme a capacidade de processamento
44
46
47
Uva e Vinho
CGPE 6332
9 788573 833942
ISBN 978-85-7383-394-2