Sebenta Teoria Geral Do Direito Civil II 2014/2015
Sebenta Teoria Geral Do Direito Civil II 2014/2015
Sebenta Teoria Geral Do Direito Civil II 2014/2015
Bibliografia: no ser seguido nenhum manual em particular (Mota Pinto e Heinrich Hoerster,
pedagogicamente muito bons; pensamento de Oliveira Ascenso e Meneses Cordeiro).
23/02/15--------------------------------------------------------------------------------------------------------Teoria do Negcio Jurdico
-Facto jurdico
-Conexiona-se com a autonomia privada dos sujeitos, o expoente da autonomia privada.
A pessoa uma realidade tico-jurdica, vive para a liberdade. No uma liberdade oca, mas com
sentido, atribudo pelo prprio. As normas prescritivas so exceo, a regra a da liberdade.
permitido tudo o que no est proibido. As normas proibitivas so restries liberdade. Ao
direito cabe delimitar os marcos entre os quais a nossa liberdade se vai exercer.
Parte da nossa autonomia privada passa pelo negcio jurdico.
Factos voluntrios - nos quais a vontade humana teve papel
Factos involuntrios - no teve papel... Do ponto de vista das consequncias jurdicas
25/02/15--------------------------------------------------------------------------------------------------------Tipologias bsicas das situaes jurdicas
As situaes jurdicas so mltiplas. A esfera jurdica o conjunto de situaes jurdicas inerentes
aos sujeitos.
As situaes jurdicas reconduzem-se a um catlogo de situaes jurdicas elementares ou
culturais, comuns aos vrios ordenamentos jurdicos
- Posies ativas:
Direitos subjetivos: atribuio de bens aos sujeitos que, no espao da sua autonomia,
podem usar esses bens atribudos para os seus prprios fins - propriedade, crdito,
potestativos;
Expectativas jurdicas;
nus jurdicos (conduta para obter uma vantagem e no uma desvantagem);
Contradireitos/excees;
Liberdades (permisses para agir, liberdades genricas para agir);
Poder paternal (h uma funcionalidade que no existe no direito subjetivo);
As situaes jurdicas das pessoas, apesar de derivarem das situaes jurdicas bsicas, tm as
suas caractersticas concretas. Cada situao jurdica particular brota de factos jurdicos.
Factos jurdicos em ss: factos naturais (a vontade humana no produz nenhuma situao jurdica,
irrelevante para o efeito de que se trata, essa vontade pode existir ou no).
Atos jurdicos: factos jurdicos voluntrios - h uma vontade humana, h um controlo da
vontade, em que todo o regime jurdico se molda em torno dessa vontade para proporcionar
a realizao dessa vontade. O direito coloca disposio das pessoas os meios. Atos em que
a vontade releva, se no houver vontade no h efeitos.
- Atos materiais/reais: atos voluntrios que visam a modificao do mundo externo. Ex.
Apossamento - algum ingressa ou toma o controlo de alguma coisa (pegar numa concha da praia
e meter no bolso. O indivduo beneficia da tutela possessria. Posse = domnio material sobre
a coisa, no a mesma coisa que propriedade. ~2270 cc; especificao: ex. Piet de
Michelangelo. S h a produo da propriedade porque h um ato voluntrio. A tutela jurdica
possessria atribuda a quem quer ter a posse, se no houver vontade no h tutela.)
- Atos quase negociais: atos que se traduzem na emisso de uma declarao. Atos
humanos voluntrios dirigidos a uma comunicao. Declarao de algo que entendemos ser a
nossa vontade, expressar aquilo que estamos a fazer. Como os atos negociais, so atos
declarativos, h declaraes, mas os efeitos dessas declaraes produzem-se no enquanto efeitos
queridos pela vontade, mas por efeitos que a OJ conexiona com a declarao produzida. Ex.
Perfilhao (os efeitos so ex lege, no advm da vontade do sujeito mas sim da merda
declarao).
- Negcio: Nos negcios jurdicos so atribudos efeitos jurdicos declarao porque
esses efeitos foram queridos pela vontade e na medida da vontade - ex voluntate. Adstringe
porque os seus efeitos foram queridos. Se os efeitos, por qualquer razo no forem queridos, por
alguma patologia da vontade ou da razo, a a ordem jurdica intervm para corrigir (art. 257CC).
Uma pessoa s pode sujeitar-se aos efeitos que tenha querido, no obrigar aos efeitos que ela
no quis.
Noo de negcio jurdico
O NJ reconhecido pela ordem jurdica na medida em que h uma expresso da justia. H duas
formas de o justificar.
1 - O negcio vale porque foi querido, no interessa se foi racional ou no, a vontade que
conta;
2- O NJ adstringe porque justo que assim seja, corresponde justia. justo ser reconhecido
porque querido pelas partes, livre e conscientemente/esclarecidamente. No porque se trate de
uma obedincia cega vontade, mas porque obedecem vontade, j um critrio de justia. A
vontade adstringe porque o sujeito tem uma capacidade tica de compromisso (874 e 879 Cdigo
Civil). Faz sentido vincular uma pessoa quilo que ela quis antes porque o sujeito tem uma
capacidade de compromisso. A OJ manda atender aos compromissos porque se trata de uma
questo de proteo confiana, mas no nesta que se encontra a vinculatividade do negcio.
Embora a autonomia privada negocial se traduza por duas vertentes (liberdade de celebrao e
liberdade de estipulao/conformao de contedo), nem sempre esta liberdade de estipulao
existe. H negcios tipificados na lei em que s h liberdade de celebrao, mas isso no
significa que os efeitos desses mesmos negcios no se radiquem na vontade. Ex: Efeitos
pessoais do casamento - Quanto aos efeitos pessoais do casamento, a pessoa livre de casar mas
no podem afastar certos elementos (dever de assistncia, fidelidade, etc). Embora no os possa
escolher, no significa que no sejam produto da vontade.
Transmisso e sucesso
Na transmisso, a situao transita de uma esfera jurdica para outra. A situao
basicamente a mesma, mas pode modificar os seus contornos. Ex. Acesso na pose 1255 Cdigo
Civil. A entrega a concha a B, mas A no sabia que a concha era de C (ma B sabia). Se B quiser
ter uma usucapio, ambas as posses (A e B), seriam consideradas de m f para efeitos de
contagem, logo h caractersticas diferentes da posse (sendo a posse de m f a "menor").
O falecido continua na posio jurdica do anterior, com contornos exatamente iguais posio
de cujus. Adquire mais facilmente por usucapio o sucessor, visto que a posse exatamente igual,
enquanto que a transmisso pode ter situaes de "dimenses" diferentes, logo toma-se a situao
pela posse de menor dimenso.
Modalidade de NJ
Unilaterais: temos uma nica parte (quando no h diferenciao de efeitos) (ex. Quando A
e B ambos renunciam ao usufruto, trata-se de um negcio jurdico unilateral, porque no h
diferenciao de efeitos entre eles); 457CC - princpio da tipicidade dos negcios unilaterais
(apenas h a liberdade de celebrao).
Bilaterais/Multilaterais: vrias partes;
A noo de parte no equivale a pessoa. Num negcio podem vrias pessoa interligarem-se de
modo a constituir uma nica parte. A parte tem a ver com a diferenciao dos efeitos. (A e B
so proprietrios e vendem essa propriedade, trata-se de uma nica parte). A parte tem a ver com
a direo da vontade das declaraes (ex. Parte do comprador e parte do vendedor). Liberdade
de celebrar e de estipular o contedo do contrato (405CC).
Contratos sinalagmticos: ligam-se entre si por obrigaes correspetivas uma da outra.
Aplicar-se- a exceo de no cumprimento de uma das partes.
Contratos no sinalagmticos: quando no h reciprocidade. Ex. Contrato de doao. S h
prestao a cargo de uma das partes. No h um nexo de correspetividade.
02/03/15--------------------------------------------------------------------------------------------------------Pessoas coletivas = uma parte, uma maioria que d acordo a uma deliberao. A deliberao um
negcio jurdico unilateral que d origem vontade da pessoa coletiva.
Contrato de sociedade - contrato multilateral (980CC).
Negcios intervivos e mortis causa
Os NJ intervivos so negcios que visam produzir efeitos entre pessoas vivas, enquanto pessoas
vivas (no tem como causa a morte). Enquanto os negcios mortis causa tm como motivo a
morte de uma pessoa (testamento, pex, a causa do testamento a morte da pessoa; pactos
sucessrios: contratos mediante os quais se dispe da sucesso de algum - partida no vlida
face ordem jurdica, esta acha que no se pode mercantilizar a sucesso, mas h excees:
convenes antenupciais). Nos negcios mortis causa muito importante a vontade, do testador
por exemplo, por isso o testamento cumpre-se no mximo do possvel segundo a vontade do
testador, independentemente das expectativas que os outros possam ter. Mas inter vivos, atendese ao modo como o destinatrio entende a sua declarao (porque o declarante e o declaratrio
podem ter entendimentos diferentes sobre o mesmo negcio jurdicos).
Negcios consensuais e Negcios formais
Num negcio consensual basta a emisso da declarao de vontade para que o negcio surta
efeito. Toda a vontade que no foi declarada, para ns fica. Num negcio jurdico, precisa a
vontade e a declarao. O negcio celebra-se com a emisso da declarao por qualquer forma
que seja (princpio da liberdade de forma,art.219CC, com a exceo do 220).
Negcio formal aquele negcio que a lei exige que tenha forma (art.220). Podem-se celebrar
estes negcios sem forma, mas so nulos. A escritura pblica traduz-se numa forma escrita
lavrada pelo notrio, com base naquilo que as partes querem. A forma escrita simples tambm
uma forma que a lei pode exigir, neste caso um documento particular (n proveniente de uma
entidade pblica), que pode levar autenticao das assinaturas no notrio (este apenas verificar a
autenticidade das assinaturas, os autores continuam a ser as partes).
A forma que a ordem jurdica impe no necessariamente a forma escrita, ex. Contrato de
casamento uma forma verbal.
Art. 236
Negcios Patrimoniais e Negcios Pessoais
Negcios patrimoniais quando o seu contedo avalivel em dinheiro (pex, conveno
antenupcial). Negcio pessoal quando no avalivel em dinheiro (pex, casamento).
Negcios Obrigacionais, Reais, Familiares e Sucessrios
A distino faz-se segundo o tipo de efeitos que produzem (quod efectum).
No se trata apenas de gerar efeitos (constitutivos, modificativos, extintivos, translativos), mas
tambm distingue a sua sujeio a diferentes regimes.
Os negcios familiares esto sujeitos a um princpio de tipicidade. Fora do mbito tpico, as
relaes no sero familiares.
Negcios reais (1306CC) - princpio de numerus clausus, no se podem constituir direitos reais
para alm daqueles que a lei prev. Obs.: O Direito portugus atribui vontade a possibilidade de
constituir, modificar, extinguir ou transferir direitos reais mediante uma mera declarao de
vontade, induzindo automaticamente efeitos (874 Cdigo Civil + 879CC + 408/1CC - ex
voluntate). Por mero efeito do contrato, transfere-se a propriedade.Noutros pases, os
contratos geram apenas obrigaes. A transferncia da propriedade d-se pela entrega. Ainda
noutros, a propriedade s se transfere atravs do registo (o registo ser, em geral, obrigatrio).
Negcio obrigacional: princpio da liberdade contratual.
O registo uma forma de dar publicidade titularidade de um bem, no constitutivo de direitos.
Negcios consensuais e Negcios quod constitutionem (quanto constituio)
Olha-se para o modo como se constituem os negcios.
A maior parte dos NJ aparecem como mera formalizao/declarao da vontade.
Por vezes, os negcios podem requerer outro requisito, sem o qual a ordem jurdica no
considera que exista negcio. Para ficarem completos, exigem a disponibilizao da coisa sobre
o qual versam. Ex. Contrato de comodato - s h contrato quanto o comodante entrega a coisa ao
comodatrio. Sem a entrega da coisa h apenas declarao negocial mas no h propriamente
comodato (1129CC - "entrega"). Contrato de mtuo - emprstimo de dinheiro ou outra coisa
fungvel (ex. Emprstimo de dinheiro, laranjas). Se no entrega, no emprestou. 947/2 Doao de
coisa mvel - tradio da coisa (entrega).
um entorse ao princpio do consensualismo (eficincia por mera vontade declarada).
H negcios reais quod constitutionem sem efeitos reais (mtuo, comodato),outros com efeitos
reais (doao de mvel).
Negcios gratuitos e negcios onerosos
Nos onerosos temos contrapartidas, nos gratuitos no temos contrapartidas (pex, comodato,
disponibilizao de uma coisa sem qualquer contrapartida; a doao o negcio gratuito por
excelncia). Nos onerosos, h uma correspetivadade: entrega da coisa por parte do vendedor
corresponde a entrega do preo por parte do comprador; o mtuo com juros oneroso.
Se o negcio oneroso, a ordem jurdica preocupa-se com as devidas prestaes. No com a
adequao dos correspetivos, mas sim com a prestao dos mesmos, excetuando-se o
desequilbrio das prestaes: negcio usurrio (benefcio excessivo ou onerao excessiva).
Doao onerosa (com encargos): doao na qual um doador estabelece um encargo a cargo do
donatrio vinculando-o a realizar uma atribuio patrimonial a ele ou a terceiro. A doa a B uma
quinta, onerando-a com a obrigao de B providenciar assistncia na doena a A. um nus que
incide sobre a liberalidade mas no afeta a liberalidade do negcio (continua a ser gratuito). Se
por acaso a onerao for de valor superior doao, esse valor ter de ser pago.
04/03/15--------------------------------------------------------------------------------------------------------Negcios causais e negcios abstratos
Negcios causais: os efeitos produzem-se na medida em que h uma causa. Se faltar a causa,
esses efeitos no se podem produzir. Qualquer uma das partes pode invocar a falta, insuficincia
ou invalidade da causa para se eximir ao cumprimento do negcio. Ex. Comprador tem direito a
100 porque h uma compra venda, que consubstancia uma causa vlida que valida aquela
pretenso.
Nos negcios abstratos, as atribuies patrimoniais do-se por mero efeito do negcio. No
depende de qualquer causa, no carece de ser provado. Ex.: negcios cambirios. A paga a B um
cheque. B pode endossar esse cheque a C, mesmo que A tenha sido coagido a pagar o cheque nos sujeitos que no esto em confronto (A-C, relao mediata) - opondo-se a segurana jurdica
que vai ser invocada por C. Protege-se a segurana em detrimento da justia, segurana do trfico
jurdico.
Na nossa OJ, a realidade dos negcios causal. A autonomia privada e a eficcia do negcio
subordinam-se a uma correta utilizao dessa autonomia. Outros mbitos em que a segurana
jurdica necessria para proteger o negcio, ento esse negcio ser vlido, apesar dos vcios.
H uma terceira via, que a de uma causa presumida. A emite uma declarao de dvida (art.
457,458). A ordem jurdica presume a existncia de causa. B pode exigir o pagamento da dvida
a A, sem nunca invocar a causa. Mas a OJ no dispensa, manda apenas presumir, a existncia de
causa.
Negcios tpicos e atpicos e os negcios mistos
Negcio tpico: regulao resulta da lei. Negcios frequentes, h uma certa tipicidade social, a
ordem jurdica prov essa regulao
Negcios atpicos: regulamentao deriva das partes. Negcios no regulados por lei mas sim
pelas partes. Podem ter tipicidade social mas no tm tipicidade legal (regulamentao jurdica
especfica).
Negcios mistos: no mesmo negcio renem-se elementos tpicos e negcios atpicos. Ex.:
contrato que se celebra entre o porteiro e o condomnio (prestao de servio + locao - autorizase o porteiro a habitar o edifcio).
Negcios de administrao e Negcios de disposio
Negcios de administrao: so aqueles que visam administrar o patrimnio. Implicam
modificaes pouco profundas na esfera jurdica atingida (ex. Vender a fruta)
Negcios de disposio: implicam modificaes profundas na matriz dos bens (ex. Vender o
prprio pomar).
Quais os efeitos que a ordem jurdica associa a essa distino? Nos negcios de disposio pode
estar associada um requerimento de capacidade do sujeito ou autorizao, enquanto nos
negcios de administrao no, ex: inabilitao (disposio vs mera administrao).
pecuria (ex. Proprietrio de um animal faz um negcio com uma pessoa, proprietrio pensador,
que tratar dele, para depois vender e distribuir a riqueza por ambos; contrato de consrcio)
Negcios aleatrios contrapem-se a negcios comutativos. Nos negcios comutativos a OJ
preocupa-se com um equilbrio (ex. Compra e venda, mnimo de equivalncia entre o que
prestado e o que pago). No negcio comutativo est ligada ao equilbrio que, no entender das
partes, existe no negcio convencionado. Se no for um negcio equilibrado no entender das
partes, ento a OJ intervm (ex. desequilbrio grosseiro = negcio usurrio, 283CC). (ex troca
negocio real quod efectum, aplica-se o art. 939).
Se o negcio no for um negcio comutativo, num negcio aleatrio, no momento da celebrao
desconhecem-se as vantagens patrimoniais que resultaro para as partes. As partes no
sabem se o negcio vai ser vantajoso ou no, devido a sortilgio qualquer (ex. Contrato de seguro,
uma gesto de risco; jogo e aposta).
Elementos e pressupostos do negcio
Elementos essenciais, naturais e acidentais
H elementos que so essenciais a qualquer negcio jurdico, para que ele possa surtir efeitos:
capacidade, declarao e objeto possvel. O negcio requer um comportamento declarativo,
que se funda numa vontade mas preciso uma declarao. A vontade ser consumida pelo
pressuposto da capacidade. Um objeto possvel - a declarao negocial deve visar um efeito
possvel.
Ainda h elementos essenciais especficos, essenciais a cada tipo negocial. Por ex, na compra e
venda preciso haver um preo, que o distingue de uma empreitada, cujo elemento essencial a
obra (1207CC).
Os elementos naturais so constitudos por aqueles elementos, que pela sua natureza, o negcio
deve apresentar, mas que no foroso que apresente (normas supletivas, procura estabelecer
aquilo que razovel, mas que no vo to longe para que possam ser afastados se as partes
quiserem). No negcio de empreitada possvel que o dono da obra introduza modificaes ou
at desista da obra, razovel que assim seja, por isso m elemento natural.
Elementos acidentais - estipulaes no necessrias ao negcio, correspondem a circunstncias
no necessrias essncia ou ao desenvolvimento do negcio. Ex. Empreitada com a condio
do dono da obra conseguir financiamento do banco - clusula condicional.
Legitimidade e capacidade
Tem a ver com a capacidade, no um elemento do negcio mas relaciona-se com a capacidade.
A capacidade um elemento generalizador; na legitimidade no est em causa a aptido abstrata
do sujeito para ser titular de situaes jurdicas ou para as exercer, mas est antes em causa a
ligao/conexo que precisa de existir para que essa movimentao jurdica de um negcio
jurdico possa surtir efeitos.
Qualquer um de ns tem capacidade jurdica para vender um automvel. Mas a capacidade no
suficiente para vender um automvel com a matrcula 00-AA-11, porque s o titular deste
automvel que tem legitimidade para essa mesma venda. S ele que pode produzir os efeitos
de uma compra e venda sobre aquele automvel. Normalmente quem tem a titularidade tem
legitimidade. O problema quando algum atua sobre uma situao de que no titular (venda
de bens alheiros, art. 892, nulidade entre vendedor e comprador, qualquer que seja a disposio
entre as partes, e e relao ao terceiro proprietrio, o negcio inoponvel). H situaes em que
09/03/15--------------------------------------------------------------------------------------------------------A declarao negocial central na teoria geral do negcio jurdico ( logo a primeira disposio
do negcio jurdico, art. 217).
Trs nveis de efeitos: Declarao, vontade, produo de efeitos jurdicos.
Declarao expressa - declarao feita por palavra ou outros meios de expresso da vontade,
destinam-se diretamente a manifestar o contedo da vontade.
Declarao tcita - depende do contexto da relao. Factos dos quais se deduz que com toda a
probalidade revelam uma vontade.
Silncio - ausncia de declarao. O silncio no consubstancia um negcio jurdico. Quem cala
no consente nem deixa de consentir. Ressalva: em certas circunstncias, a OJ atribui valor ao
silncio, mas nunca uma declarao, apenas pode equivaler como declarao (ex.venda a
contento art. 923).
o quadro de Antnio Carneiro, compra-se). A declarao negocial torna-se eficaz logo que seja
emitida.
12/03/15---------------------------------------------------------------------------------------------------------
Contrato= proposta + aceitao, mas devem surgir no momento final, depuradas das formas em
que inicialmente se apresentaram.
O destinatrio da proposta o titular de um direito potestativo. Mediante a sua declarao de
aceitao, pode dar lugar celebrao do contrato, impondo os seus efeitos na contraparte, e a
rejeio da proposta tambm corresponde ao exerccio de um Direito Potestativo, implica a
caducidade da proposta (teoria da receo ou chegada ao poder, 224/1). Perodo de durao
mnimo da proposta (228) - o proponente est vinculado proposta. certo que a pode revogar
(230), mas isso uma possibilidade que depende de determinados requisitos, porque em
princpio a proposta irrevogvel - necessidade de a manter de p para poder ser aceite
eficazmente pela outra parte (chegada ao poder ou conhecimento). At tal momento, no haver
nenhuma expectativa, logo possvel revog-la (tutela das expectativas -> irrevogabilidade da
proposta) difcil provar o conhecimento do sujeito, mais fcil provar a receo.
As propostas dirigidas ao pblico so revogveis, desde que seja feita na forma de oferta ou forma
equivalente (anncio no jornal de revogao). Os anncios de jornal, cautela, normalmente
tratam-se de convites a contratar (ainda no uma vontade definitiva).
A aceitao tambm revogvel, mas com mais delicadeza, porque a partir do momento em que
eficaz, surge o contrato, e este no pode ser alterado ou extinto salvo haver acordo entre
as partes. A palavra dada para ser respeitada (pacta sunt servanda). Revogao:235/2, seguemse as regras da proposta.
A proposta no caduca por morte do declarante, o negcio continua nos seus sucessores e pode
ser cumprida pelos sucessores (subingresso), a no ser que a caducidade resulte da prpria
declarao (art. 226).
A OJ pode exigir que a declarao negocial se subsuma a uma determinada forma. Se a forma
no for a forma verbal (pode ser a escrita, anormalmente exigida), numa hiptese dessas, o
negcio s vlido se observar a forma legalmente exigida (arts. 220 + 286).
As formalidades no pertencem estrutura do negcio. So aspetos que devem ser observados
para que os negcios sejam celebrados. Requisitos suplementares que precisam de ser observados
para a formao de um determinado negcio. Ex. Contrato promessa compra e venda de um
edifcio ou andar preciso juntar a esse contrato promessa um comprovativo da licena de
utilizao da habitao, ou licena de construo se estiver em construo.
H formalidades que podem implicar a invalidade do negcio, mas no se devem confundir
com a exigncia de forma (ou com o registo, que no tem a ver com o ato).
Forma legal a forma exigida por lei. Se a regra no for cumprida, implica a nulidade (221-222223). As estipulaes verbais anteriores constituio do ato acessrias so nulas (221/1). As
posteriores regem-se pelo n2 (podem ser vlidas se tal se provar).
A forma voluntria (222) (iniciativa do autor da declarao) aquela que adotada pelo autor
da declarao (pode-se vender um automvel por email). As estipulaes verbais acessrias
anteriores ao escrito so vlidas, desde que se demonstre que correspondeu vontade do
declarante. Certeza para as partes, para evitar as precipitaes posteriores, tanto para este
procedimento como para o prximo.
Forma convencional: h uma conveno das partes anterior, resulta de um acordo das partes (art.
223). A forma do n2 destina-se a documentar o negcio, porque j est celebrado e produz
efeitos, no substitui o negcio, mas refora-o.
comportamentos inadequados que podem causar danos - art. 227 (responsabilidade prcontratual). um preceito inovador do nosso Cdigo Civil. Culpa in contraendo.
16/03/15--------------------------------------------------------------------------------------------------------Contratao automtica: muitos contratos so formados automaticamente, atravs de
autmatos. Os avanos tecnolgicos tm permitido a criao de meios de celebrao de NJ que
fogem ao usual. uma contratao como todas as outras, apenas faz uso de autmatos.
Se entendermos que a mquina automtica de venda de chocolates uma proposta feita ao
pblico, ento quem meter a moeda est a aceitar tacitamente o contrato. Se o chocolate, h um
incumprimento do contrato, com as consequncias necessrias.
Se, por outro lado, a disponibilizao desses autmatos for entendida como um convite a
contratar, a introduo da moeda uma proposta. Se o chocolate no sair, ento no se celebra
contrato. Haver culpa in contraendo, visto que uma pessoa ter sido induzida a contratar e as
suas expectativas saram goradas.
Faz sentido falar em negcio jurdico visto que a mquina foi pr-programada para aceitar
declaraes de vontade dos proponentes, sria.
Proposta: negcio jurdico unilateral?, que ingressado outra parte, que se destina a produzir
efeitos, mas por si no produz efeitos, depende da aceitao.
Aceitao: NJ unilateral?
Perspetiva inadmissvel.
O contrato um negcio jurdico bilateral, a aceitao e a proposta no so autnomos e
so meras declaraes de vontade.
Culpa in contraendo
Abrange todo o processo negocial - no s o contrato, mas tambm os atos preparatrios.
Processo esse que pode at nem resultar no negcio que seria desejado. Por exemplo, algum que
se apresente para vender algo que no tem legitimidade para vender defrauda as expectativas do
comprador.
um instituto geral, no impede que haja pensamentos sectoriais espalhados pelas partes do
Cdigo Civil.
um conceito inovador do nosso cdigo, visto que fora positivado numa altura em que s existia
jurisprudencialmente (originrio na Alemanha, proveniente do Direito Romano).
Clusula geral de grande alcance BOA-F. o cerne do preceito. um conceito
indeterminado.
As concretizaes do instituto tm sido mltiplas: h uma srie de deveres relacionados com a
necessidade de proteger as partes, proteo contra leses pessoa (integridade pessoal) ou
patrimnio das pessoas envolvidas no contrato (ex. Revelao de segredos industriais por
negligncia - dano infringido in contraendo, um dever de cuidado que a boa f que impunha a
quem estava a negociar a obrigao de no revelar os segredos).
Deveres de proteo, cuidado, conduta, etc. Exigncias mnimas de limpeza a cargo dos
contraentes conducentes a uma contratao fcil e segura.
Violao de deveres de conduta so provados por culpa, e a culpa essencial para a
responsabilidade civil (487, ex. Vbora que sai da caixa das bananas que algum havia deitado
ao cho - a culpa do dono ou no?). Se no h prova da culpa, no h lugar a indemnizao. Se,
no entanto, se aplicar a culpa in contraendo, presumir-se- a culpa do obrigado vinculado ao
dever (dono do estabelecimento comercial). Aqui, o nus da prova funciona contra ele. Parece
mais lgico impor o nus da prova ao dono do estabelecimento comercial do que ao lesado, visto
quem tem um estabelecimento aberto, tem vrios deveres para assegurar a proteo dos potenciais
proponentes.
Deveres que dizem respeito proteo do processo negocial em si mesmo, do modo como as
pessoas negoceiam. Entre eles, esto os deveres de informao, que correspondem maior parte
desculpas in contraendo. Deveres de esclarecimento (deveres de verdade - dizer a informao
que se d com verdade). (ex. Dos investidores no qualificados: A informao tem de ser prestada
mesmo que seja contrria aos seus prprios interesses - deve-se optar pelos interesses da
contraparte). Princpio da autorresponsabilidade negocial, no postergado pelo facto de que em
algumas situaes h o dever de informar, da parte mais forte em relao parte mais dbil.
Deveres de lealdade: toda uma conduta que contrarie as exigncias de negociao constituem-se
como culpas in contraendo. deslealdade, por exemplo, pedir a uma empresa um manual para
uma empreendimento conjunto e depois aproveitarem-se desse manual para causar prejuzo.
Rutura de negociaes
Processo de contratao, pode ser at bastante longo e exigente, mas uma das partes rompe as
negociaes e recusa o contrato. A maior parte da doutrina diz que a rutura de certas negociaes
ilcita e por dever de lealdade obrigado a indemnizar - violao dos ditames da boa-f. Outros
dizem que esta no ser a melhor resposta. Para uns um exemplo de culpa IC (art. 227), para
outros, no se enquadra rigorosamente no art. 227, mas mesmo assim seria necessrio
encontrar uma soluo para aquele que confrontado por uma injustificada rutura de negociaes.
A lealdade poderia, algumas vezes, implicar o dever de contratar, de prosseguir negociaes at
celebrao do contrato. Se as partes ainda esto a negociar, como que ser possvel
fundamentar um dever de contratar se ainda no h contrato? A obrigao de contratar pode
derivar da lei (de outro contrato, ex. Contrato-promessa). Mas na ausncia de obrigao de
contratar, a boa-f impe apenas um determinado modo de fazer negociaes, no probe a rutura
(arrependimentos suspenso de processos de contratao, etc).
Publicidade enganosa: atividade preparatria da celebrao do contrato - culpa in contraendo.
Publicidade que apresenta caractersticas que realmente no tem. O produtor no sendo parte do
contrato mas sim o distribuidor, como incluir na CIC as mensagens publicitrias?
Condicionamento com autonomia de um processo negocial. Formalmente entre distribuidorcomprador, mas materialmente o produtor tambm responsvel ex vi art. 227.
Representao das partes nos contratos. As partes respondem pelos atos daqueles de quem se
socorrem nas negociaes. Essa responsabilidade decorre do art. 800/1 Cdigo Civil, aplicvel
culpa in contraendo.
Natureza jurdica da CIC
So clusulas que com frequncia aparecem nos contratos da vida contempornea. Muitas vezes
os contratos no seguem o consenso negocial, que resulta do encontro livre de duas pessoas,
encontrar um ponto de convergncia, ajuste reciproco de vontades, consenso final (232).
Nas CCG no h liberdade de estipulao. O modelo contratual est definido. O contedo
indiscutvel. H reas da vida moderna em que a liberdade de estipulao e a de celebrao est
muito comprimida. A liberdade de estipulao substituda por esquemas contratuais prelaborados.
As CCG so proposies pr-elaboradas que determinadas entidades propem, sem
possibilidade de modificao, que se dispem a aceitar ou propor.
Parece que comprimem a liberdade de estipulao, so caracterizveis por notas distintivas na sua
generalidade - destinam-se a vigorar num conjunto indeterminado de contratos; so pr elaboradas
e rgidas - a entidade que apresenta as CCG a um cujo indeterminado de destinatrio, essas
entidades no tm nenhuma disponibilidade fctica para negociar os seus termos. pegar ou
largar. Podem gozar do seu poderio e estabelecer CCG injustas, e os interessados no tm outro
remdio seno aceitar. Outro problema pode ser a elevada tecnicidade dessas clusulas.
Problemas: controlo do acordo; justia das clusulas.
25/03/15--------------------------------------------------------------------------------------------------------Contedo dos NJ
A OJ no se imiscui nem se substitui s partes na determinao daquilo que justo. Fica-se apenas
por evitar justias clamorosas. Se a OJ assegurar que a vontade dos autores do NJ livre e
esclarecida, ento sabero cuidar dos seus interesses - no se substitui nas nossas escolhas
racionais, assegura apenas que somos livres. Mas ter uma vontade que se desliga do racional
tambm no boa. A OJ prefere que aquilo que racional seja perseguido por vontade e consenso
das partes. S em casos extremos que se preocupa e limita a autonomia dos sujeitos no
estabelecimento do NJ.
Art. 280/1 - Nulidade de NJ cujo objeto seja fsica ou legalmente impossvel, contrrio lei
ou indeterminvel:
Fisicamente impossvel: uma das partes ficaria adstrita a uma obrigao fisicamente
impossvel e ficaria obrigada a indemnizar por causa de uma obrigao que no poderia desde
logo cumprir;
Legalmente impossvel: no ofende diretamente um preceito imperativo mas a lei no
prev o modo de celebrao daquela maneira, com aquele contedo (mas o art. 405 CC permite
negcios atpicos - no mbito dos contratos vigora o princpio da liberdade contratual, a tipicidade
s prpria dos negcios unilaterais - legalmente impossvel ser um negcio jurdico unilateral
atpico);
Contrrio lei: ofensa a uma disposio legal imperativa ou os seus valores;
Indeterminvel: no possvel determinar o contedo do negcio, no h nada a fazer (A
vende laranjas a B - que quantidade? Se no for possvel apurar com certeza, ento
indeterminvel, outro ex. - vendo-te um carro). No precisa de estar determinado, mas tem de ser
suscetvel de ser determinado.
Art. 280/2 - Nulidade de NJ contrrios ordem pblica e bons costumes. Clausulas gerais e
indeterminadas. Ordem pblica so os princpios estruturantes da comunidade jurdica. uma
defesa de ltima linha, como ultima ratio, probe a celebrao daqueles negcios que podem
atingir os alicerces da sociedade.
Existe uma ordem pblica interna e uma internacional (art. 22 Cdigo Civil). Os bons costumes
j no tm esta dimenso coletiva da ordem pblica. So uma noo que serve, para controlar em
casos extremos, o contedo de um negcio. o comummente aceite e o comummente praticado,
tem uma dimenso mais tico-jurdica e privadas (negcios sobre a vida sexual, dimenses
deontolgicas de determinadas profisses so os bons costumes dessas profisses). Sendo nulo,
no se pode exigir o cumprimento, e aquilo que prestado em funo do negcio pode ser
restitudo, no h lugar a indemnizao (art. 289CC).
Art. 281 - O negcio s ser nulo se o fim for comum a ambas as partes. A compra a B uma
pistola: um negcio vlido. Agora se A compra B uma pistola para matar C, o fim de A
contrrio lei, ordem pblica e bons costumes - mas tambm no h razo para nulidade. Apenas
se A e B tiverem em vista matar C, que o negcio ser nulo.
Art. 282 - Negcios usurrios
Anulabilidade - no se trata de uma invalidade que produza os seus efeitos automaticamente.
a parte prejudicada com o contedo desfavorvel que tem de requerer a anulao do negcio. O
lesado pode requerer a modificao do negcio (art. 283).
Interpretao
aquela operao que visa apurar o sentido juridicamente relevante do negcio.
A interpretao sempre necessria e sempre existente, por muito inequvoca que a declarao
seja. atravs da interpretao que se apura o sentido juridicamente relevante do negcio, e das
suas declaraes negociais.
No arbitrria, obedece a regras. So regras ligadas lingustica e teoria da comunicao. A
interpretao no meramente literria, mas uma necessidade regulatria prtico-normativa -
interessa o modo como se resolvem conflitos humanos. No aquilo que , mas aquilo que deve
ser.
O legislador consagra um conjunto de regulaes que na sua base procuram uma harmonizao
entre exigncias conflituantes:
Orientao subjetivista extrema - uma declarao negocial vale como sentido que lhe
presidiu pelo seu autor;
Orientao objetivista - no interessa a vontade do declarante, o que interessa o sentido
dessa declarao (declarante - fazer prevalecer o sentido da declarao conforme o sentido que
lhe deu este (autonomia privada, subjetivo) vs declaratrio - tutelar a confiana daquele que
confrontado com a declarao (confiana, objetivo));
Art. 236/1 - Tutela da confiana vs autonomia privada. Consagrao da teoria da impresso do
declaratrio normal (confiana). No entanto, se o entendimento do declaratrio for anormal,
ento no pode valer, porque no pode sujeitar o declarante a qualquer sentido que um declaratrio
qualquer pudesse atribuir a essa declarao - perceo do declaratrio normal. Se as partes no se
entendem (ambas as partes atribuem diferentes entendimentos), ento a declarao no vale (caso
do dissenso oculto - ambas as partes atribuem sentido diferente apesar de haver um aparente
consenso).
Art. 236/2 - Vendo-te o meu mercedes, que a forma carinhosa de chamar o meu Fiat 500. No
pode uma das partes alegar que no est conforme a declarao quando essa parte sabia o que a
contraparte queria dizer.
Art. 237 - Casos duvidosos: esta regra s intervm esgotado o processo interpretativo e os demais
critrios aplicveis.
Integrao
Visa colmatar as eventuais lacunas que o NJ possa ter.
Grande parte dos negcios jurdicos correspondem a tipos negociais para os quais a OJ apresenta
uma regulao supletiva. No h integrao de negcios quando h normas supletivas que
disciplinam obre aquele ponto que as partes no providenciaram. S quando no h norma
supletiva aplicvel que h lugar a integrao. Um juiz s pode integrar um NJ quando esgotadas
as possibilidades.
Pressupe uma lacuna da lei.
Art. 239
2 Critrios:
Vontade hipottica conjuntural: o que as partes teriam acordado se tivessem previsto a
lacuna. A vontade hipottica conjuntural a que est mais prxima da vontade hipottica das
partes.
Boa-f: razoabilidade, equilbrio, uma certa equidade, de forma a no defraudar as
representaes legtimas das partes. A vontade hipottica deve ser afastada quando contrria aos
ditames da boa-f.
Estes critrios servem para projetar aquilo que as partes quiseram para l daquilo que as partes
revelaram na vontade negocial. As partes deviam ter previsto algo que no foi previsto. D-se
ento a integrao, que o mtodo de desenvolver virtualmente aquilo que as partes quiseram,
respeitando a sua lgica intrnseca. A economia do negcio no deve ser alterada pela
integrao nem se devem integrar normas estranhas no contrato. O equilbrio que as partes
estabeleceram no deve ser desequilibrado pela integrao.
(interpretao complementadora = integrao, desenvolvimento da vontade das partes)
VCIOS DA VONTADE E DA DECLARAO
Muitas vezes a autonomia e a liberdade do sujeito est comprimida por diversas vicissitudes
contrrios ao princpio de que os contratos devem ser adotados de acordo com comportamentos
conformes aos ditames da boa-f. Por estes requisitos no se verificarem, estamos perante
vicissitudes que ferem no negcio jurdico.
As consequncias do NJ so ex voluntate, justificam-se pela vontade, mas para que se
justifiquem necessrio que a vontade respeite dois requisitos de formao:
1 Vontade livre e esclarecida;
2 Vontade exprime-se de uma forma adequada;
Estamos perante uma situao ofensiva da livre formao e esclarecimento da vontade nos casos
de coao e de erro. Na coao, h uma negao da liberdade, que contende com a dimenso
volitiva da vontade vontade em sentido estrito. O erro reporta-se ao elemento intelectivo.
Ambas dimenses, quando afetadas por uma vicissitude, configuram vcios de vontade.
Quando a vontade se formou de um modo livre e esclarecido mas no entanto no h uma correta
expresso da mesma, estamos perante vcios da declarao. Ex.: Queria comprar o n 15 mas
por lapso expressou o n 51. A declarao, nestes casos, no espelha aquilo que o sujeito livre e
esclarecidamente quis. H uma divergncia no intencional entre o erro e a declarao (erroobstculo ou na declarao; falta de conscincia da declarao; coao fsica ou violncia
absoluta) quando o dissdio em apreo involuntrio porque o declarante se no apercebe da
divergncia ou porque forado irresistivelmente a emitir uma declarao divergente do seu
real intento.
Outras vezes porm, h uma divergncia intencional entre a vontade real e a vontade declarada
(simulao, reserva mental, declaraes no srias) quando o declarante emite, consciente e
livremente, uma declarao com um sentido objetivo diverso da sua vontade real, em que a
divergncia voluntria.
A declarao negocial apenas surge com a perfeio da vontade associada perfeio da
declarao.
Quando surge um vcio em sentido amplo, que causa perturbao, sendo que a ausncia de
vontade pode ser um vcio h dois critrios que devem ser tidos em conta:
(vcios da vontade)
1 Vontade mal formada, mal esclarecida ou ausncia de vontade: o princpio da
autonomia privada permite desligar o indivduo da declarao emitida. O declarante poder
desligar-se daquilo que seriam as consequncias normais do negcio.
2 Posio da contraparte: esta pode, por vezes, ser completamente alheia ao vcio da
vontade do declarante. O declaratrio pode confiar que a declarao do declarante foi querida
por ele, tendo-se formado livre e esclarecidamente para salvaguarda do trfico jurdico.
Opera-se portante um delicado equilbrio entre a autonomia privada e a tutela da confiana. O
equilbrio depende dos vcios em causa, e nenhum dos dois deve prevalecer absolutamente sobre
o outro.
A Coao Fsica art. 246 CC
um caso de ausncia absoluta de vontade, reduo condio de autmato. Consiste na
coao pela fora fsica para que o declarante emita a declarao. Neste caso, a declarao
encontra-se viciada e no surte qualquer efeito h uma eliminao completa da declarao do
declarante.
Existe a ausncia do suporte volitivo. No caso do art. 218 CC, o impedimento de emisso de
declarao, no caso em que as partes acordaram em que o silencia teria valor declarativo,
impediria que o declarante afastasse esse valor declarativo e consumar-se ia um negcio porque
o declarante no pode dizer que no quer por razes que lhe so alheias (ex.: sequestro).
A coao fsica gera apenas uma aparncia de declarao negocial, porque no lhe subjaz uma
vontade. Ineficcia em sentido absoluto, podendo mesmo falar-se em inexistncia.
A Coao Moral art. 255 e 256 CC
Diferentemente da coao fsica, a coao moral no anula completamente a vontade, e
precisamente por esse efeito (mera debilidade da vontade) que se distingue daquela. A coao
fsica anula completamente a vontade; a coao moral pode ser feita por meios fsicos, mas no
anula completamente a vontade no h uma ausncia da vontade, h apenas uma mera
debilidade da vontade.
Como tal, coao moral est subjacente um regime jurdico mais leve: a declarao anulvel
(art. 256 CC). O art. 255/1 refere que uma ameaa fsica no anula completamente a vontade,
quando se traduz num receio que um mal acontea. O art. 256refere que os efeitos da
declarao viciada so suscetveis se fazerem cessar atravs de uma declarao de anulao. O
direito de anulao um direito potestativo de extino dos efeitos do negcio. At ento
produz efeitos, ainda que precrios.
difcil separar os casos de ausncia total da mera debilitao da vontade. H hipteses que
caem dentro da coao moral e para as quais apetece aplicar o regime da coao fsica. Exemplo
de coao fsica: declarao sob o efeito de psicotrpicos, se estes foram administrados com o
intuito de anular a vontade (246 CC).
O 246 trata ainda da falta de conscincia, quando o indivduo no tem qualquer conscincia da
declarao que est a produzir. Por exemplo, o sonmbulo que telefona a meio da noite e pede
uma pizza. Nem se aplica a parte final do 246 (culpa e obrigao de indemnizao) tal
aplicar-se-ia num caso de embriaguez, se o indivduo no tivesse mesmo conscincia. Outros
exemplos so as pessoas em estado hipntico e os invisuais exemplo de assinar um postal de
pscoa quando na realidade est a assinar um cheque.
anulao por coao moral gera resultados melhores (uma soluo a culpa in contrahendo e a
respetiva indemnizao).
ERRO (vcio da vontade, erro-vcio)
Corresponde a uma representao inexata da realidade, uma representao falsa, consumando-se
um negcio jurdico para o qual contribuiu a ignorncia de um facto determinante, que poderia
por em causa a formao do prprio NJ. A vontade no se realizou perfeitamente porque resulta
de um vcio da vontade, de um erro.
O erro na formao da vontade diferente do erro na formulao da vontade, em que o sujeito
at construiu bem a sua vontade, mas exprimiu-se de uma forma deficiente aquilo que
declarou quis declarar, mas representou mal a situao e a vontade que dessa representao se
sobreveio.
O que est em causa uma desconformidade entre a vontade real e a vontade hipottica: querer
algo que noutras circunstncias no teria querido. O erro NO UM VCIO DA
DECLARAO, visto que o erro na declarao gera uma divergncia entre a vontade real e a
declarada.
Modalidades do erro-vcio:
Erro sobre a pessoa do declaratrio:
Quanto identidade;
Quanto s qualidades da pessoa (por ex. julgar que o declaratrio tinha uma
determinada caracterstica que no tinha A celebrar com B um contrato por
pensar que este era amigo do seu pai).
Erro sobre o objeto do negcio (art. 251 CC): quid sobre que incide um determinado
negcio.
Identidade do objeto (p.ex. querer comprar o cavalo campeo mas comprar um
cavalo parecido);
Qualidades do objeto (querer aquele cavalo, pensando que um cavalo com
qualidades de corrida, mas que afinal no serve para nada);
Erro de direito (ateno ao art. 6 CC comando relativamente aos quais no se
devem ignorar vs. Autonomia privada): um erro sobre as consequncias
jurdicas que advm do negcio (ex. indivduo que arrenda um determinado
prdio desconhecendo que este regime era vinculstico e dificilmente se podia
fazer cessar o contrato).
Erro sobre os motivos, que no se refiram pessoa do declaratrio nem ao
objeto do negcio (252 CC). S anulam o negcio se as partes houverem
reconhecido, por acordo, a essencialidade do motivo (ex. comprar uma camisola
do Benfica, pensando oferecer ao amigo que julga ser benfiquista mas afinal
do Porto se o vendedor e o comprador concordarem na essencialidade do
motivo, ento possvel anular o negcio).
13/04/15 --------------------------------------------------------------------------------------------------------
Erro-vcio:
- pessoa do destinatrio;
- sb/ o objeto;
- sb/motivos, no sua pessoa do declaratrio ou objeto (252/1).
O que leva a pessoa a contratar, neste ltimo caso, um motivo individual que no pode
pretender projetar na outra parte esta no tem nada a ver com os motivos da outra, nem das
suas inconsistncias, salvo se esta ltima parte reconhecer que o motivo fora essencial.
Situao de erro qualificada como subsidiria, amlgama, raramente d lugar anulao
(reconhecimento da essencialidade do motivo).
se apresentou: o erro incidental (essencial para este efeito art 911 e incide sobre contedo
concreto).
Requisitos especficos:
252/1 Regime geral bsico do erro
- Reconhecimento para acordo da essencialidade do negcio (clusula ad hoc).
Erro sobre o objeto do negcio; pessoa do declaratrio (247 erro na declarao: h
possibilidade de anulao se o declaratrio conhecer [-] no se devesse ignorar essencialidade [] no necessrio que o declaratrio conhea o erro, mas desde que pudesse ().
Erro sobre a base do negcio (paz do negcio).
- Aplica-se o regime do 437: contrria boa-f a exigncia das obrigaes assumidas.
A remisso no para as consequncias, mas sim para os pressupostos.
Anulao por erro
Renncia anulao do negcio?
Crticas: defesa da autonomia privada, quando algum renuncia ao direito de anulao, alarga-se
o objeto do negcio de uma forma no necessria para o negcio passa a incluir elementos que
de outra forma no entrariam no negcio, a anulao s se obteria de uma forma indireta ->
anulao por erro da clasula de excluso do direito de anulao por erro. possvel anular um
negcio porque a margem de erro (calculada antes) foi superior do que a prevista.
Vcios redimitrios:
- Vcios, defeitos das coisas: redimio do contrato.
Ex. anel de ouro dourado. Defeito oculto, que tutela? A tutela do erro uma possibilidade
(913). A tutela do credor de uma coisa sem defeito quando lhe entregue uma coisa com
defeito -> erro ou incumprimento do contrato? Cada regime tem requisitos e consequncias
prprias.
DOLO
O dolo tem uma noo que a lei apresenta: art. 253 CC. um artifcio, com vista a enganar
outrem (dolo positivo) ou uma omisso de um esclarecimento devido, deixando a contraparte
lavrar no erro, quando havia dever de prestar um esclarecimento (dolo negativo) (dissimulao
do erro).
um erro provocado que gera a anulabilidade do negcio art. 254/1 CC. Deste mbito
excluem-se os artifcios legtimos (art. 253/2), por exemplo o dentfrico ficar com os dentes
mais brancos que nunca, legtimo segundo as concees dominantes do comrcio jurdico; a
peixeira e o peixe fresce de 4 dias. A publicidade no pode ser enganosa, mas h alguma
margem de criatividade.
253/2 2 pt: no h um dever de esclarecer a outra parte quando da lei, estipulao negocial (ou
concees dominantes do comrcio jurdico exija). A cada um cabe afirmar-se dos preos e no
tem de esperar do vendedor esses esclarecimentos.
Regime jurdico do dolo: art. 254
A declarao suscetvel de ser anulada, sem restries, quando o declaratrio seja o autor do
dolo. Se o declaratrio foi o autor do dolo, no h nenhuma expectativa de tutela quanto a este.
A anulabilidade no excluda por ser bilateral no atires pedras porque tambm fizeste o
mesmo: ningum pode invocar a imoralidade dos atos dos demais para se eximir s suas
responsabilidades.
254/2 dolo proveniente/por via de terceiro: o declaratrio alheio ao dolo s anulvel se o
destinatrio tiver conhecimento do dolo ou dele devesse ter conhecimento. Na hiptese de o
destinatrio no ter conhecimento, o declarante tem ainda tutela, visto que o dolo um facto
ilcito, gera responsabilidade civil -> 483/1 (violao ilcita e com dolo do direito de outrem, h
uma obrigao de indemnizar?) ou 227 (culpa in contrahendo interferncia na contratao e
necessidade de ao de acordo com os ditames da boa-f).
A indemnizao no implica, nem o declarante pode, anular a declarao. Se da declarao
resultar prejuzo, pode-se liquidar junto do autor do dolo.
Se o terceiro quisesse obter um proveito (2 pt. 254/2), a declarao negocial seria anulvel em
relao ao beneficirio, ou seja, a ablao dessas vantagens, por exemplo, a situao do
mediador imobilirio que, com vista a obter uma maior comisso, convence ambas as partes que
o prdio urbanizvel. A comisso suscetvel de ser anulada, porque o beneficirio foi o autor
do dolo: restituio s partes da comisso.
ERRO-OBSTCULO
Tem duas modalidades:
1. Erros mecnicos
Declarao sob o nome de outrem, como por exemplo na falsificao de assinatura, corresponde
falta de conscincia de declarao, um negcio ineficaz. O declaratrio pode ser
responsabilizado pelos prejuzos na modalidade de culpa in contrahendo.
20/04/15 -------------------------------------------------------------------------------------------------------As simulaes podem ser absolutas ou relativas (negcio simulado + negcio dissimulado). A
validade do negcio dissimulado no prejudicada se os requisitos do seu regime estiverem
satisfeitos. O negcio simulado nulo por exigncias de verdade, ex.: venda fantstica,
fantasiosa, no h qualquer inteno de transmitir bens.
A simulao descobre-se por indcios ou por confisso (352CC estabelecer a verdade dos
factos). O credor pode demonstrar a simulao pelo meio que entender. A questo saber se
deve ou no haver restrio da prova quando so os prprios simuladores a invocar a simulao
(242/1) a restrio do art. 394/2 h restries imputao dos simuladores entre si, no
podem recorrer prova testemunhal ( fcil arregimentar testemunhas). uma regra que no
atinge terceiros. Os meios de prova a que os simuladores podem recorrer so a prova
confessria e a prova documental (a contradeclarao de negcio dissimulado, expresso da
vontade real das partes).
242/2 A questo dos herdeiros legitimrios (forados) e as simulaes que as prejudicam + a
expectativa de sucesso.
Simulao relativa:
- De pessoas;
- De objeto aquilo que alvo do engano;
Simulao objetiva:
- Natureza do negcio declarar CV, querer doao (2194, 2196): a ordem jurdica
receia que haja chantagem e declara nulas estas situaes;
- Preo - a maioria destes negcios so em prejuzo do Fisco;
Simulao subjetivo:
- Supresso fictcia de pessoas um dos elos cortado;
A simulao cria uma aparncia de realidade que no tem substrato. No entanto, h pessoas que
podem construir a sua vida jurdica com base num negcio simulado e que so alheias a essa
simulao posies jurdicas derivadas da simulao e so prejudicados com a declarao de
nulidade, logo carecem de proteo. Aqueles que no participaram na simulao confiam que
foi um negcio querido e vlido. Ser suscetvel de ser prejudicado por uma nulidade que lhe
alheia? Art. 243/1 Os simuladores no podem opor a simulao a um terceiro de boa-f um
negcio simulado era como se tivesse sido contrado com simulao. Inoponibilidade relativa.
243/2 A boa-f em sentido psicolgico: boa-f subjetiva = pura ignorncia de uma situao
(aparte: sentido objetivo = ignorncia; sentido tico = ignorncia desculpvel).
Desconhecimento da simulao. No foi um terceiro que criou o engano, foram outros que
criaram o engano. No precisamos de estar sempre alerta suspeita de engano.
243/3 Havendo um sistema de registo (existncia da ao de simulao), ento o terceiro j
no protegido.
Conflito entre terceiros interessados na nulidade da simulao vs. Terceiros interessados na
validade do negcio.
Duas aquisies: simulado alienante, simulado adquirente. Havendo dois direitos reais
incompatveis, prevalece aquele que foi primeiramente constitudo (princpio da prevalncia
temporal). S h uma coisa a atribuir em propriedade. O proprietrio exige do possuidor noproprietrio o bem. O possuidor no-proprietrio vai ser ressarcido nos seguintes termos:
Culpa in contrahendo: B, apresentando-se como proprietrio da coisa com uma
legitimidade que no tem, culpa na criao do negcio que nulo (contra A:
483 CC, simular um facto ilcito gerador de responsabilidade);
Regime do 898 e 899.
27/04/15 --------------------------------------------------------------------------------------------------------
Nulidade (286) modalidade de invalidade, que por sua vez uma modalidade da ineficcia
originria.
Ineficcia (ls)
(supondo que existe,
sendo o oposto da
inexistncia)
Subsequente
Originria
Ineficcia (ss)
Invalidade
Nulidade
Anulabilidade
do conhecimento oficioso, sem que seja interpelado para tal o tribunal pode declarar a
nulidade, independentemente da vontade das partes, por interesse geral.
invocvel por qualquer parte interessada, desde que demonstre interesse legtimo, quando uma
pessoa jurdica tenha interesse em invocar a nulidade, quando o negcio em causa afeta os seus
interesses.
A nulidade no sanvel pela passagem do tempo (anulabilidade tem prazos, findos os quais se
sana a invalidade). Exemplo: usucapio (facto constitutivo originrio da propriedade, no
depende da regularidade de qualquer negcio, uma forma de aquisio de direitos reais).
Os negcios nulos so insanveis por confirmao (a confirmao tem uma eficcia retroativa
plena e a forma de sanao de um negcio anulvel, 288).
possvel atribuir eficcia retroativa ao negcio nulo (atravs do negcio renovatrio), mas no
podem afetar interesses de terceiros (no tem eficcia retroativa plena, efeito interpartes em
efeitos quanto a terceiros).
Se se tratar de uma confirmao (anulabilidade), j tem efeitos face a terceiros. O negcio que
inicialmente tinha efeitos provisrios passa a ter efeitos vlidos desde o incio. Quando A vende
a C, h uma VBA (892) situao precria do A, porque o negcio no segundo momento pode
vir a ser confirmado com efeito retroativos (na confirmao, a ordem jurdica j no prefere pela
tutela de terceiros, ao contrrio da renovao).
287 - Anulabilidade
S pode ser arguida pelas pessoas em cujo interesse a lei estabelece. Pode-se invocar a
anulabilidade por ao ou por exceo (para se eximir a obrigaes) (errante, coagido, lesado).
Ao contrrio da nulidade, a anulabilidade tem o prazo de um ano para ser arguida, subsequente
cessao do vcio que lhe serve de fundamento (momento de cessao da coao, por exemplo,
se bem que uma ameaa que perdure pode no ter fim lembra-te que est aqui a pistola).
No haver dependncia de prazo se o negcio ainda no estiver concludo.
288 - Confirmao: a aprovao do negcio. Exige do confirmante o conhecimento do vcio e
dos direitos de anulao que est prestes a renunciar. O cumprimento do negcio no releva
como confirmao, preciso uma declarao expressa ou tcita.
289 - Efeitos de declarao de nulidade e anulao: operam retroativamente, inclui a
restituio, que deve ser feita em simultneo (art. 290), em espcie ou valor correspondente. A
ordem jurdica pretende apagar os efeitos do negcio.
289/3 - Frutos, benfeitorias, etc. No se restitui o valor dos frutos/benfeitorias se estiver de boaf. Merece tutela porque h algum que beneficia dessas benfeitorias/frutos enriquecimento
sem causa.
29/04/15 --------------------------------------------------------------------------------------------------------
243: O terceiro est protegido da simulao arguida pelo simulador, mas no est protegido
contra o herdeiro legitimrio. Mas este herdeiro tido como simulador por via da sucesso
(subingresso). O terceiro est protegido aps a morte do simulador.
289 - Retroatividade, mas h excees: se no puder ser restitudo em espcie, restitui-se o
valor correspondente; os efeitos da nulidade so automticos e independentes do
enriquecimento sem causa, mas ainda assim h uma manifestao do mesmo 8art. 473).
Registo: se regista aps uma ao, entra numa situao de risco que no merece proteo.
Nos outros negcios (bens mveis no sujeitos a registo), o terceiro est sempre desprotegido.
S a usucapio que resolve o problema.
2 A inoponibilidade s ser verifica aps decorrerem 3 anos da concluso do negcio pode
intentar uma ao de responsabilidade, instituto da culpa in contrahendo (898, 899).
3- Desconhecimento sem culpa ( 243, por ser uma norma especial. O 243/2 no exige a falta
de culpa, uma boa-f subjetiva psicolgica. O terceiro no obrigado a contar com a
simulao se o objetivo da simulao mesmo enganar as pessoas). J a boa-f do art. 291
mais exigente, trata-se da boa-f subjetiva tica (ignorncia desculpvel) H um dever de
andar com os olhos abertos.
Converso (293)
Negcio invlido na sua totalidade.
Pode converter-se num negcio parecido para alcanar o fim pretendido? Por exemplo, CV nulo
(por escrito particular) converte-se em contrato-promessa de compra e venda.
A converso pode operar se o fim prosseguido permitisse supor que as partes o aceitariam se
tivessem previsto a tal invalidade.
INEXISTNCIA
S invlido o negcio jurdico que existe.
Algumas situaes em que no se sabe se o negcio existe ou no. Se h negcio, h uma
invalidade; se no h negcio, haver inexistncia.
O ttulo o modo de adquirir a propriedade:
Posse titulada (escritura de CV);
Posse no titulada (requer mais tempo para ocorrer a usucapio);
O negcio que sirva de ttulo pode no ser vlido (nulo), mas a inexistncia do negcio
comporta a ausncia de ttulo. Com a nulidade, fica prejudicado o negcio nos efeitos queridos
pelas partes, mas a OJ atribui efeitos indiretos (ttulo vlido para efeitos de usucapio por posse
titulada): o possuidor adquire mais rapidamente.
Inexistncia: faltam os requisitos substanciais essenciais ao negcio.
Analogia do 289 - necessrio igualmente restituir.
Implica sempre que o contrato mediante condio suspensiva anterior a uma alienao posterior.
Frutos na pendncia da condio: pertencem quele de que de boa-f for titular do facto (pertence
a que estiver na posse, de boa f da vaca: vaca de A, contrato com condio para B, nasce um
vitelo. Se condio suspensiva, o vitelo de A, a vaca de B quando verificada a condio; se
for resolutiva, o vitelo de B, a vaca de A quando verificada a condio). O mesmo se aplica
aos juros, no h entrega de juros.
Art. 275 - Vicissitudes da pendncia da condio
1 Evento futuro e incerto torna-se um evento que jamais se pode verificar. Se a condio no se
pode verificar, aquilo que fosse incerto passa a ser certo, o negcio perde a precariedade.
2 Manipulao das condies. No se pode consentir um benefcio quele que manipula a
condio.
Impedimento contra boa-f: verificao da condio.
Provocada pelo beneficirio da condio contra as regras da boa-f no verificao da
condio.
Fices legais que visam contrariar as manipulaes.
Art. 276 - Retroatividade da condio
Regra: retrotraem-se data da concluso do negcio.
Supletiva: estipulao diferente das partes ou por natureza do negcio.
Ex.: como o efeito translativo da propriedade se tivesse operado desde o momento da celebrao
do negcio, com todos os efeitos que possam acarretar.
277/1 Execuo continuada/peridica (ex. das bolsas de estudo). Aplica-se o art. 434/2, a
resoluo s abrange as prestaes j efetuadas.
TERMO
Clusula pela qual as partes subordinam o negcio verificao de um evento futuro e certo. Pode
ser:
Suspensivo/dilatrio: prorrogao no tempo o incio dos efeitos desse mesmo negcio.
Resolutivo/perentrio: termo final, que resolve/destri os efeitos do negcio a partir
daquele momento (ex. contrato de arrendamento).
Certeza do evento
Quanto verificao: termo certo (data de calendrio). a do regime previsto.
Quanto ao momento de verificao: termo incerto (sabe-se que vai ocorrer, no se sabe
quando).
Termos - tipologia
Expresso/tcito pela sua prpria natureza h negcios jurdicos que implicam uma dilao do
tempo.
MODO/ENCARGO
Clusula tpica. privativo dos negcios gratuitos doaes (967ss) e testamentos (2244ss).
uma obrigao/encargo a cargo do beneficirio de uma liberalidade.
diferente da condio suspensiva, na medida em que desde que um evento futuro e incerto
que determina a eficcia ou ineficcia do NJ. Atribui precariedade/suspende mas no obriga. No
h uma imposio de uma obrigao obriga mas no suspende. tambm diferente da condio
resolutiva.
Atravs da liberalidade quer se atingir outro objetivo, mas a liberalidade no afetada pelo
encargo, este afeta-se quela, nunca pode ser superior ao valor da liberalidade, visto que este o
principal motivo do negcio o encargo uma modalidade. Se tal acontecer, v-se o encargo
reduzido ao patrimnio da liberalidade.
Modo no cumprido, doao no pode ser resolvida s h responsabilidade. Pode-se exigir o
cumprimento do encargo no pode resolver-se (965), no se afeta a liberalidade (regra).
18/05/15--------------------------------------------------------------------------------------------------------Representao (258ss)
Definio/Noo: no oferecida pela ordem jurdica.
Na representao temos a prtica de um ato jurdico em nome de outrem com a inteno de que
na esfera jurdica dessa pessoa (representado) se produzam esses efeitos.
Em nome de outrem diferente de por conta de outrem, neste ltimo opera-se a transferncia para
a esfera de outra pessoa as vantagens/benefcios.
Base: poderes que atribuem ao representante o poder de representar o representado.
Quem atribui esses poderes fica vinculado pelos atos do representante.
Limitao: mbito dos poderes que foram conferidos ao representante, sob pena de no surtir
efeitos face ao representado.
Emprstimo de vontade e palavras para a celebrao do negcio.
Representao legal: nomeao feita pela ordem jurdica em razo de situaes especiais
(menoridade, inabilitao/interdio) autonomia privada: possibilidade de exerccio.
Representao orgnica/estatutria: quando os sujeitos no podem atuar por si prprios na vida
jurdica (caracterstica de pessoas coletivas) autonomia privada: possibilidade de vontade.
Representao voluntria: radica num mbito de vontade do sujeito (autonomia privada). No h
contradio entre estes. Alargamento das possibilidades das pessoas (ter mos a medir).
Para que haja representao, basta que o NJ seja concludo em nome de outrem.
evidente que a representao feita no interesse de outrem (na maioria dos casos). Pode
acontecer que o representante atue em interesse prprio (procurao in res sua).
A representao diferente do mandato. Enquanto a representao se d pela celebrao do
negcio jurdico, o mandato uma fonte possvel de poderes de representao. Negcio mediante
o qual algum encarrega outrem para celebrar um determinado ato jurdico. Pode se dar em
representao (com poderes de representao, p.ex. o advogado) ou sem representao.
H coincidncia, por exemplo, nos advogados (contrato de mandato), agentes (contratos de
agncia ou de trabalho).
As relaes entre representante e o representado so pautadas pela relao base.
Figuras afins:
Nncio: limita-se a transmitir a declarao de vontade de outrem. No exige a capacidade de
entender ou querer.
259/1 na figura do representante que se atenta os erros. No nunciato, na figura de quem
encarrega que se atenta os erros.
Auxiliares das partes: no emitem a declarao negocial (apenas aconselham).
Curadoria: apenas se limita a autorizar o ato praticado pelo incapaz.
Consentimento: existe paralelamente vontade que se presta declarao de vontade. No se
substitui a esta no negcio.
Para que haja representao necessrio que algum se apresente como tal. Aquele perante o qual
a declarao emitida tem de saber que a declarao de outrem (contemplatio domini que o
representante invoque, ao atuar, o nome do representado). Ver por trs o senhor da vontade.
S eficaz se houver legitimidade representativa atribuio de poderes: procurao. o ato
mediante o qual h a concesso de poderes representativos. Pode ser formal (documento) ou no,
dependendo da existncia do negcio.
Negcio consigo mesmo: quando o representante atua em nome prprio e em nome de outrem;
surgem conflitos de interesses; anulvel (art. 261) o representado pode entender que os seus
interesses no foram lesados, e pode consentir na realizao daquele negcio.
Pode no haver anulao se tal decorrer da natureza do negcio jurdico.
260 - Justificao de poderes: aquele que confrontado com uma situao de representao pode
exigir a prova desses poderes (ningum obrigado a realizar negcio com um representante se
no quiser).
A procurao um ato unilateral. Pode ser unilateralmente revogada ou modificada. Se no forem
levadas ao conhecimento de terceiros, estes podem ser induzidos em erro. Dever de comunicao
aos terceiros da revogao (266/1).
A relao de procurao no exige forma especial: 262/2; pode levantar obstculos prticos no
caso do 260.
265/3 ou ocorre justa causa para a revogao ou o interessado nela consente.
Extino por renncia: 265/1
Os direitos servem para conferir uma vantagem ao particular. Por vezes h coliso. A OJ querer
evitar litgios, por isso dispe de forma a dizer qual das posies prevalece.
A coliso meramente aparente no deve seguir diretamente para o art. 335 se existirem
regras/critrios que solucionam a coliso/existncia de posies incompatveis (p. ex.: VBA)
Direito de vizinhana: art. 1346
335/2 Direitos de espcie diferente = prevalncia do direito superior
335/1 Direitos de igual espcie = acomodao, cedncia das partes
Critrios:
Antiguidade relativa (prevalece o que surgiu primeiro);
Dano mnimo (infligir o mnimo dano aos titulares das posies jurdicas);
Proveito (quem retirar o maior proveito, maximizao do proveito, ex.: bom nome vs
informao, repouso vs iniciativa econmica o caso da paragem das obras do metro de
Lisboa em 1971).
A confiana tutelada na medida em que algum induz a confiana de outrem e depois a frustra
(frustrao da confiana). Ex.: rutura nas negociaes.
1 Situao de confiana;
2 Justificao de confiana;
3 Investimento de confiana: conjunto de despesas e prejuzos que o indivduo suportou
por causa daquela confiana. S quando a confiana alicerou decises de vida que
merece tutela;
4 Imputabilidade da frustrao da confiana: induo e frustrao da confiana. Se no
causou/frustrou a confiana, no tem responsabilidade pela confiana.
Resolvem-se estes casos atravs de disposies concretas, por exemplo, 227 (CIC), 334 (ADD),
etc
Exemplo do trespasse: o direito de no contratar seria ilegtimo face tutela da confiana da outra
parte. No pode venire contra factum proprium (contradio de comportamento), porque assim
frustra a confiana da outra parte.
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Aulas Prticas
02/03/15
Hiptese Prtica 1
A, tendo aceitado uma oferta de trabalho no estrangeiro, decidiu vender todos os seus bens antes
de deixar o pas. Assim, vendeu os radiadores e a caldeira do aquecimento central a B e, mais
tarde, antes ainda de serem desmontados, vendeu a sua prpria casa a C e o seu recheio a D. B,
um ms depois da venda da casa, apresentou-se no local, juntamente com um tcnico, a fim de
desmontar os aparelhos de aquecimento central. C, no entanto, no permitiu a entrada de B,
dizendo que os ditos aparelhos eram seus. Perante o sucedido, B pretende ser indemnizado por A,
mas este defende-se dizendo que o contrato de compra e venda do aquecimento central no foi
validamente celebrado, na medida em que no revestiu a forma de escritura pblica exigida para
bens imveis. Por outro lado, C sente-se enganado porque j tinha comprado a casa mobilada,
mas quando foi habitar, j D tinha retirado todo o recheio da casa.
Quid iuris?
Consideraes Tericas:
Negcio Jurdico:
Unilateral
Bilateral/Contrato
o Unilaterais (doao pex)
o Bilaterais/Sinalagmticos (CV, pex)
O contrato de compra e venda bilateral porque h obrigaes para ambas as partes, h uma
relao entre as partes: eu vou dar a coisa porque a outra parte me vai dar o preo.
O sinalagma funcional pode levar exceo do no cumprimento. Cada parte pode no cumprir
enquanto a outra parte no cumprir (se no houverem prazos diferentes, se forem obrigaes
puras).
Questo doutrinal subjacente compra e venda de A-B: A e B encaram a coisa na sua mobilidade,
isto , a pensar na sua mobilidade futura, na sua separao. H uma antecipao da mobilidade.
O contrato de CV de coisas mveis por separao futura atende ao momento da separao e no
ao momento atual. formalmente vlido por aplicao do art. 219CC, mas o direito real de
propriedade s se transfere aquando da separao do radiador e caldeira da casa, por serem partes
integrantes e no mveis, por via do art. 408/1 CC.
Os contratos de compra e venda tm dois efeitos principais: os efeitos reais (a transmisso de
propriedade) e os efeitos obrigacionais (a entrega da coisa e a entrega do preo). Ambos estes
efeitos so efeitos interpartes, logo no afetam terceiros.
Princpio da prevalncia dos direitos reais: os direitos reais prevalecem sobre os direitos
menores, mesmo que estes sejam anteriores ou posteriores, e prevalecem sobre os direitos reais
posteriores.
Tipos de direitos reais: de garantia, de gozo, de aquisio.
Princpio da sequela: os direitos reais acompanham as transmisses do bem.
09/03/15
Hiptese Prtica 2
O direito de propriedade um direito real de gozo, ilimitado no sentido de englobar todos os
outros poderes sobre a coisa.
As uvas so um fruto natural (204/1, 212)
Quando se d a venda, a colheita ainda no existe (venda de bens futuros, 211 - 408/2)
uma coisa absolutamente futura, porque no existe na perspetiva material, enquanto as coisas
relativamente futuras existem materialmente, mas no esto no poder do disponente.
(Remisso 211 p 893)
Aplica-se igualmente o art. 880/1
Quinta:
Hiptese pratica 3
A-B, contrato de CV (resinagem)
"Emptio spei" - vende-se a prpria esperana da coisa
880/2 (negcio patrimonial aleatrio), tem como consequncia ter de pagar o preo, mesmo que
no haja resina (porque apenas comprou a esperana de obter a coisa)
Se eu vendo uma coisa, eu estou obrigado a agir no sentido da contraparte adquirir. Se no for
atribudo carcter aleatrio, aplicam-se as regras do risco se a prestao se tornar impossvel. Se
for atribudo carcter aleatrio, aplica-se o art. 880/2. Tudo isto depois de se averiguar a
imputabilidade das causas de no cumprimento da divida.
Primeiro: averiguar se o incndio se DEVE ou NO DEVE a culpa de A
Segundo: averiguar se foi ATRIBUDO ou NO ATRIBUDO ao contrato carcter aleatrio.
Se ao contrato for atribudo um caracter aleatrio, o comprador tem de pagar o preo salvo se a
impossibilidade de cumprimento se dever a culpa da contraparte.
Se tiver havido culpa do A, quer fosse aleatrio ou no, a outra parte tem sempre direito
restituio daquilo que pagou. Regime aplicvel: 801 ss (801 por inteiro ou 802 no caso de
impossibilidade parcial).
Hiptese pratica 4
Impugnao pauliana (610, 612). O que garante uma obrigao o patrimnio do devedor. O
devedor, se se desfizer do patrimnio, passa a no ter garantia para o credor executar.
O objetivo da ao (declarativa) de impugnao pauliana tornarem os atos ineficazes face ao
credor, ou seja, o patrimnio de terceiros vai ser aberto ao credor. Logo, estes podem ser
executados diretamente pelo credor (616/1).
Analise dos NJ:
Entre A e B h um contrato de mtuo (1142). De acordo com o art. 1143, um NJ formal, sujeito
a forma escrita: documento particular assinado pelo muturio. No um contrato bilateral, porque
o contrato de mtuo um contrato real quanto constituio. Quer dizer que necessrio um
elemento real para se constituir. A entrega do dinheiro um elemento constitutivo do prprio
contrato. A entrega do dinheiro no uma obrigao, o prprio elemento constitutivo do
negcio. Ento, s teremos uma obrigao para o muturio, que a de restituir a coisa (se nada
for dito, presume-se um mtuo oneroso, e acrescem juros nesse caso).
Se o momento de cumprimento no for estipulado, trata-se de uma obrigao pura. O momento
de exigncia do pagamento, nesse caso, denomina-se de interpelao, e a obrigao vence-se
aquando da interpelao para cumprimento. Se se estipular um prazo, o atraso no cumprimento
denomina-se de mora.
16/03/2015
Hiptese prtica 5
Um contrato pressupe proposta e aceitao
A aceitao d-se pelo art. 224/1 (doutrina da receo) estamos a falar de declaraes
receptcias (declarao com destinatrio).
O contrato est perfeito quando a resposta contendo a aceitao chega esfera de ao do
proponente, ou seja, quando o proponente passa a estar em condies de a conhecer, quando for
levada proximidade do destinatrio, de tal modo que, em circunstncias normais, este possa
conhec-la conformidade com os usos normais ou os usos de trfico.
Se o catlogo for um convite a contratar, ento a carta de B seria uma proposta.
Se o catlogo for uma proposta contratual, ento a carta de B seria uma aceitao.
A proposta/aceitao ainda no eram eficazes pois chegam aps o fax.
Se convite a contratar (proposta):
- art. 230/2, a retrao faz com que a proposta fique sem efeito ((recebida/conhecida))
- a empresa envia o corta-relvas e este podia ser devolvido (o envio seria uma aceitao tcita do
contrato) porque a proposta ficou sem efeito.
Se proposta (aceitao):
- art. 235/2
- DL143/2001
Ambas so declaraes negociais integradas na formao do NJ. A diferena est no grau de
firmeza, complexidade e seriedade da declarao. A proposta contratual pressupe que a mesma
seja firme, que haja uma inteno sria de celebrar um negcio jurdico, e que seja feita de uma
forma completa, contendo todos os elementos a contratar. Tem que ser exteriorizada atravs da
forma legalmente exigida, se estivermos perante uma proposta contratual, basta o sim do
declaratrio para que se d a aceitao.
O catlogo uma proposta, a aceitao foi revogada, pode mandar a mquina para trs.
Hiptese prtica 6
CCV bens mveis no est sujeito a uma forma especial.
Obrigao especfica o objeto est concretamente identificado.
Preo de mercado? o preo no est determinado mas determinvel art. 883.
Art. 408/1 a transferncia de propriedade d-se por mero efeito do contrato.
Existe obrigao da entrega da coisa. No art. 779, existe uma regra quanto prestao
(devedor=vendedor). No h aqui um prazo estabelecido a favor do devedor para a entrega da
coisa, o credor ficou de ir buscar a mota quando quiser.
Roubo: impossibilidade superveniente objetiva.
- se fosse imputvel ao devedor: 801 CC
- no fosse imputvel: art. 796 CC. porque o efeito real j se produziu. Quem corre o risco A,
o comprador/adquirente (796/1) risco corre por conta do adquirente A. (termo = ir buscar s
daqui a 10 dias, por ex).
- o adquirente teria de pagar o preo, porque corria por sua conta o risco.
Hiptese prtica 7
Carta de B -> manifesta o desejo de vender a casa, por 200.000
Se for uma simulao quanto ao preo, este autor entende que possvel aproveitar a forma.
883 CC: o preo no um elemento essencial.
242 - a nulidade da simulao pode ser arguida por quem de interesse.
394/2 o negcio simulado no pode ser provado por testemunhas -> escrito de reserva: prova
documental (existe tambm a possibilidade da prova por confisso a desfavor do prprio,
pressionar para a pessoa confessar)
Ac. Stj, revista 2760/26 9/1/2006
Convm ter testemunhas na mesma, para complementar a prova documental (princpio da
prova).
B mora de 50000 (mora = atraso imputvel).
20/04/15
227 - Culpa na formao dos contratos
Ac. STJ 1212/06.9 16/12/2010
Em virtude de ser a pessoa que lidera as negociaes.
Pessoas de palavra questo de confiana.
Facto no pessoal (de outrem) -> desconheo impugnao.
Facto pessoa -> confisso (uma pessoa tem de saber o que anda a fazer).
Responsabilidade obrigacional ou contratual
Responsabilidade extracontratual ou
aquiliana
Direitos relativos
Direitos absolutos
Direitos de crdito.
Art. 799 - Presuno de culpa.
A boa-f impe outros deveres (deveres laterais) para alm do dever de prestar. Os deveres
laterais so uma manifestao do princpio da boa-f. So deveres de proteo, segurana,
lealdade, informao. Os deveres laterais no geram mora. Manifestam-se tanto na fase prcontratual gerando culpa in contrahendo e ps-contratual. Contrato com eficcia de proteo
de terceiros.
A boa-f um padro de conduta objetivo, as partes tm de atuar de uma determinada forma,
sob pena de violarem um dever lateral, gerando culpa in contrahendo. Resta saber se o dano na
confiana ou interesse contratual negativo responsabilidade pela confiana, por violao de
expectativas. No.
Nesta caso prtico no est em causa o dever de contratar, est em causa sim outros interesses,
de tica das relaes especficas entre as partes. O sujeito R criou uma expectativa que foi
lesada, ocorreu um dano de confiana, dando direito reposio da situao em que estaria se
no fosse a expectativa que teve.
A responsabilidade pela confiana no implica a violao de dever lateral nenhum. Se h
violao de dever, j no uma responsabilidade pela confiana, apesar de esta poder ser
chamada colao.
Na culpa in contrahendo, o que est em causa um comportamento incorreto, o facto de a parte
ter criado expectativas ou no ter evitado essa criao de expectativas. A indemnizao vai
surgir no pela leso da confiana, mas sim uma regra de conduta. A responsabilidade pela
confiana versa sobre a responsabilidade pela prpria confiana.
A regra de conduta da boa-f exprime preocupaes de correo, lisura, razoabilidade ou
equilbrio no relacionamento entre sujeitos. A confiana concretamente depositada por um deles
no outro no , enquanto tal, (autonomamente) protegida, pois a sua frustrao no
consubstancia, per se, uma situao de responsabilidade por frustrao daquela regra. Pelo
menos em relao a um nmero muito significativo de situaes valorveis como infraes dos
deveres impostos pela boa-f, fcil reconhecer que o pensamento da proteo da confiana se
apresenta, partida, deslocado. Se o que determinante na construo do dever de conduta, so
ponderaes de razoabilidade ou justia, se aquilo que se reclama dos sujeitos um
comportamento correto, leal, honesto um civilites agere socialmente consensual a tutela
conferida pela ordem jurdica ao beneficirio do dever desencadeia-se com esse fundamento,
que distinto da alegao e demonstrao positiva do teor das suas representaes concretas.
No interessa aquilo em que a vtima da relao de boa-f acreditou. Quando muito, seria de
averiguar se ela devia poder confiar no comportamento do outro, mas as expectativas neste
sentido razoveis de um sujeito no por mais do que projees de exigncias objetivas, de
comportamento impostas pela ordem jurdica.
Claro que na conformao dos ditames em que se concretiza a regra de conduta de boa-f
podem pesar as expectativas das partes, assim como as representaes usuais de quem se
encontra no tipo de situaes em causa, mas a responsabilidade condicionada com a violao
dessas representaes no radica propriamente da frustrao dessas expectativas, mas na
infrao dos ditames de correo ou razoabilidade da conduta interpretados luz dessas
expectativas.
Nenhuma situao se pode, simultaneamente (do mesmo ponto de vista), como de violao da
exigncia de comportamento ou de um a violao dos deveres de comportamento luz da boaf e uma situao de responsabilidade pela confiana.
Hiptese prtica 11
Erro na transmisso da declarao, 250 -> 241
Vcio da vontade, vcio na formulao da vontade.
Essencialidade para o declarante do elemento sobre o qual incidiu o erro. Era anulvel.
27/04/15
W era mero nncio de X.
O nncio transmite uma declarao de outrem. O nncio transmite o j consumado. O
representante consuma (art. 263). Quanto ao nncio, basta a capacidade natural para transmitir
a declarao. Se o representante exceder os seus poderes de representao, a consequncia que
o negcio ineficaz em relao ao representado, a menos que este representado atribua ao
representante legitimidade representativa ex post factum (venha ratificar o negcio). Se o
nncio transmitir a sua declarao inexatamente, o dominus ficar vinculado nos termos da
declarao emitida, a menos que se verifiquem os requisitos exigidos pelo art. 250 para a
relevncia do erro na transmisso no sentido da anulabilidade do negcio.
Tudo se passa como se tivesse sido X a enganar-se.
Erro na transmisso da declarao regime do art. 250, remisso para 247: erro obstculo.
250/2 Se houver dolo do intermedirio, a declarao sempre anulvel.
Essencialidade do elemento sobre o qual incide o erro.
- art. 236/2 Sempre que o declaratrio conhea a vontade real do declarante, de acordo com
ela que vale a declarao emitida.
Z sabia que X s comprava selos raros, por isso pode aplicar-se o regime do 247 - no tem de
conhecer o erro, apenas teve de conhecer a essencialidade do elemento sobre o qual incidiu o
erro.
Art. 253/2 2 pt. Possibilidade de dolo negativo. S h dolo negativo quando houver o dever
de elucidar.
Hiptese Prtica 12
Erro sobre o objeto, erro-vcio (na formao da vontade) essencialidade do elemento sobre o
qual incidiu o erro, no conhecer o erro (porque de facto B no sabe que o quadro falso). Se B
soubesse da falsidade, haveria dolo negativo.
O Erro Vcio traduz-se numa representao inexata ou na ignorncia de uma qualquer
circunstncia de facto ou de direito que foi determinante na deciso de efetivar o negcio. Se
estivesse esclarecido acerca dessa circunstncia (se tivesse um exato conhecimento da
realidade), o declarante no teria realizado qualquer negcio ou no teria realizado o negcio
nos termos em que o celebrou.
Num caso, o declarante quer declarar aquilo que declarou, mas a vontade encontrava-se viciada.
No outro (erro-objeto), o declarante declara uma coisa mas pretendia declarar outra.
251
Erro sobre o objeto do negcio
Na hiptese prtica: erro sobre o objeto do negcio erro sobre as qualidades (objeto mediato).
Condies gerais para a relevncia do erro:
- Essencialidade: aquele que levou o errante a concluir o negcio em si mesmo, e no
apenas os termos em que foi concludo. O erro foi a causa da celebrao do negcio. (outras
gradaes indiferente: irrelevante; incidental: no irrelevante. O negcio deve valer nos
termos em que teria sido celebrado se no fosse o erro. Pode conduzir anulabilidade se no for
possvel determinar esses termos ou se a contraparte no aceitasse o negcio nesses termos.
- Propriedade: um erro s prprio quando incide sobre uma circunstncia que no seja
a verificao de qualquer elemento legal da validade do negcio. Conduz invalidade do
negcio no pelo erro, mas sim pelo vcio gerado pela preterio do elemento legal necessrio
validade do negcio.
Requisito especial:
- Conhecer ou no dever ignorar a essencialidade do elemento sobre o qual incide o erro
(247) ou
- 252/1 Acordo entre partes, clusula expressa ou tcita, sobre a essencialidade do
motivo, fazendo depender a validade do negcio verificado dessa circunstncia.
252/2 (regime especial em relao ao n1): erro sobre as circunstncias que constituem a base
negocial. So os casos em que a contraparte aceitaria ou segundo a boaf- deveria aceitar um
condicionamento do negcio verificao da circunstncia sobre a qual incidiu o erro, se esse
condicionamento lhe tivesse sido proposto pelo errante. Isto porque houve uma representao
comum, de ambas as partes, da existncia de uma certa essencialidade sobre a qual edificaram
de um modo essencial a sua vontade negocial.
HP.:
287/1 Prazo para arguir a anulabilidade, conta a partir do momento em que d conta do erro.
O facto de B no saber afasta o dolo (negativo).
No h lugar a indemnizao, porque no h violao de qualquer dever lateral.
A anulao tem efeito ex tunc devoluo do preo pago.
Hiptese Prtica 14
B --------- C doao
D-----C
Hiptese Prtica 16
Barco
F compra a J
F doa + entrega a H
Coao
F casada com G, e H pressiona F por factos da vida desta. Finge que J vendeu o barco a H para
que ningum desse conta que foi F a comprar o barco para silenciar H.
Formalmente, a doao vlida (947 h tradio da coisa), a CV vlida tambm.
Substancialmente, os negcios so invlidos: art. 255/1 -> 256 - declarao anulvel.
Perturbao da vontade traduzida no medo de uma ameaa ilcita cominada com o intuito de
extorquir uma declarao (a liberdade do ato no foi totalmente restrita).
FH uma coao principal, dirigida honra do declarante, exercida pelo declaratrio. Os
requisitos da coao so (X): essencialidade formao do negcio + inteno de extorquir a
declarao + necessrio que a ameaa seja ilcita (ilegitimidade dos meios empregues, mesmo
que a pessoa que exera a coao pretenda obter o exerccio de um direito, ou a ilegitimidade do
fim/prossecuo daquele fim com aquele meio).
Se for uma coao feita por terceiro. Acrescentam-se 2 requisitos: gravidade do mal cominado e
justificado receio da consumao do mal cominado (256).
No negcio JF, H um terceiro, h a necessidade da verificao dos requisitos adicionais.
Hiptese prtica 17
Coao moral
Requisitos da coao moral declaratrio
(apesar do 255/3, H valeu-se deste exerccio do direito para obter um benefcio, enriquecimento
sem causa^? Jaguar por 100?)
Negcio usurrio 282
Coao principal, intuito de extorquir declarao. Ameaa ilcita, mesmo que fosse lcita haveria
um negcio usurrio. Ilegitimidade do fim.
No se trata de uma dao em pagamento, em que o fim viesse a ser lcito, e mesmo assim cairia
no negcio usurrio.
12/05/15
Hiptese prtica 17 continuao
Opo para receber o preo acordado
Art. 288 - Sanao mediante confirmao: s eficaz quando for [eficaz?] cessao do vcio
que serve de fundamento (confirmao tcita do negcio). Invocvel apenas mediante os
requisitos do art. 288/2, pode ser expressa ou tcita.
A anulao tem efeito retroativo, F no est protegido, D no pode vender uma coisa que no tem.
A anulao oponvel a F, visto o terceiro no estar protegido pelo art. 291 - um bem mvel
no sujeito a registo.
Hiptese prtica 19
(a doao para casamento outra coisa).
1. H um afastamento da clusula via regime do 967+2230/1. A clusula considera-se no
escrita. O doador no pode cercear a liberdade do donatrio.
Tipos de clusulas:
Suspensiva o contrato produz efeitos se ela cessar
Resolutiva
Lcita
Ilcita
Evento condicionante:
Casar (ou no): mista, positiva, suspensiva, possvel, ilcita, art. 2230
Residir: suspensiva ou resolutiva, potestativa, possvel, positiva, ilcita, 2232
18/05/15
Hiptese Prtica 20
Condio resolutiva: verificada opera a cessao automtica e retroativa dos efeitos da declarao,
com eficcia face a terceiros.
Doao: s h obrigaes para uma das partes
Adquire propriedade (954)
Licitude: uma condio potestativa, negativa (no fazer algo) (967+2230).
A clusula lcita interpretando desta forma: sentido de no voltar ao consumo (contraestmulo)
e por uma questo de preveno (carro).
Ou No escrita a partes das ms companhias (violao do disposto no 2232)
Devedor/alienante
condicional A
Doao sob
condio
resolutiva
Credor
condicional
B
Atos de Disposio
Fevereiro
de 2013
B-C
Verificao
da
condio.
Requisito de validade:
no verificao da
condio resolutiva;
A-X
Requisito de eficcia:
verificao da condio
resolutiva
Extino
do negcio
e
retroao
do direito.
2 Hiptese: Venda de Bem Alheio quando vai vender o bem j no proprietrio do automvel
(892 CC: nulidade).
Incapacidade acidental (257 + 287 = nulidade).
3 Hiptese:
Considerando que ms companhias ilcita e tem-se por no escrita (967 + 2230/2);
Considerando tambm que o bem permanece na esfera jurdica de C,
Ento o ato de disposio praticado por A no produz efeitos.
Passados 5 anos, no se verificando a condio, os efeitos do negcio consolidam-se.
Hiptese prtica 21
difcil de distinguir o modo de condies face a eventos condicionantes (condies potestativas
em que o evento condicionante diz respeito ao comportamento do credor condicional).
AB, doao a modo
Diferenas do modo
Vs. Condio suspensiva: efeitos
Vs. Condio resolutiva: existncia de obrigao no modo
Obrigao a cargo do donatrio
Cumprimento = obrigao (o cumprimento pressupe obrigao).
Direito restituio da coisa.
A obrigao pode ser exigida judicialmente. O donatrio s pode responder at ao valor dos bens
que ele recebe (no podem ser penhorados mais bens do que aqueles que recebe).
Pode ou no resolver o contrato, depende se essa faculdade foi ou no prevista no contrato.
O no cumprimento no segundo ano no opera uma resoluo automtica e retroativa. Pode ser
exigido o cumprimento, judicialmente, mas no h resoluo automtica, sem prejuzo de haver
lugar a uma resoluo.