Diaconia
Diaconia
Diaconia
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Sebastio Armando Gameleira Soares
Em geral, quando falamos de diaconia ou servio, queremos referir-nos ao ministrio da Igreja
relativo s necessidades humanas materiais, promocionais, de assistncia ou de solidariedade. A
diaconia seria o servio da Igreja no campo scio-poltico-cultural. Hoje, particularmente, esse
ministrio poderia resumir-se em trs palavras: assistncia social, solidariedade, aes de
transformao.
Ora, o termo "diaconia" deriva do Novo Testamento. importante em nossa meditao voltarmos
ao seu significado.
1. Diaconia um ministrio especfico
Nos escritos do NT, diaconia (servio, servir) significa, s vezes, um servio concreto, material,
prestado a determinada pessoa (cf. Mc 15,41; 2Tm 1,18); designa, particularmente, o servio em
vista de garantir o alimento, a sobrevivncia, o "servio mesa" (cf. Mc 1,31; At 6.2); e at, bem
concretamente, a contribuio financeira em favor de pessoas necessitadas: o exemplo clssico a
coleta feita por Paulo em favor dos santos de Jerusalm (cf. 2Cor 8,19; Rm 15,25).
Da, progressivamente, o termo passa a designar um ofcio particular na comunidade, um ministrio
especfico, elencado entre os demais carismas, como se v em Rm 12,7, ao lado do dom da
profecia, do de ensino, do de exortao, do de partilha, do de presidncia: "se o dom o servio,
que se exera no servio". Chega-se, assim, a falar de dicono e de diaconisa como figura
ministerial particular na Igreja (Fl 1,1; 1Tm 3,8ss.; Rm 16,1).
Sabemos que, no sculo II, se fala de diconos associados ao bispo e encarnando na comunidade a
figura de Jesus Servidor, ao lado do bispo, expresso de Deus Pai, e do Conselho dos Presbteros,
que representa o colgio dos apstolos (cf. Incio de Antioquia). Na prtica da Igreja antiga,
diconos e diaconisas so encarregados, em nome da Igreja, de prestar socorro aos pobres e
abandonados, de levar-lhes o consolo da Igreja como resposta a suas necessidades e de trazer para o
interior da Igreja o lamento dos pobres, para despertar sua conscincia e ao. Essa tarefa de mo
dupla se reflete nas funes que o dicono tem na liturgia: servir mesa no sacramento do corpo de
Cristo, como expresso de seu servio s necessidades (partilha) do Corpo vivo de Cristo;
interceder, trazer diante de Deus as necessidades do povo; proclamar o evangelho, as exigncias do
evangelho; enviar a comunidade ao mundo para a operar o servio de Deus. Na linguagem de hoje,
diramos que o ofcio do dicono expressar e tornar efetiva a relao entre Igreja e mundo, entre
liturgia e servio, entre a comunidade e o movimento popular, entre a Igreja e as necessidades e
entidades da chamada sociedade civil.
2. Diaconia a identidade da Igreja
Mas o NT tambm nos indica outra direo. Diaconia no apenas um certo setor da atividade da
Igreja. Diaconia a prpria identidade da Igreja. A Igreja no apenas exerce diaconia, ela se define
e se identifica pela diaconia: a Igreja de Jesus ou diaconia, ou no Igreja de Jesus.
Para comear, pela diaconia que Jesus se define a si mesmo em Mc 10,45: "O Filho do Homem
no veio para ser servido, mas para servir e entregar a sua vida pela multido." E o seu testamento,
na ltima ceia, foi o gesto tpico da diaconia: lavar os ps (Jo 13,1-15). Por isso, Paulo vai designar
a Jesus como "dicono dos circuncisos", enquanto veio "cumprir as promessas feitas aos pais" (Rm
15,8). Isto , toda a misso de Jesus diaconia.
Por isso, Jesus Servo contemplado como princpio e paradigma (modelo) de toda a misso de seus
discpulos e discpulas: Mc 10,43-45; Lc 22,26s. e Jo 12,25s.: seguir a Jesus servir (cf. Mc 9,3337). O servio , assim, a prpria identidade do discipulado. No que se discpulo(a) e, por
conseqncia, se exerce o servio. No. -se discpulo na medida em que se servidor. Discpulo
equivale a dicono, a servidor.
A partir da, compreende-se por que Paulo vai dizer que salvao diaconia de Deus mediante o
Cristo (2Cor 3,7-9) e mediante seus enviados (2Cor 5,18-20): a diaconia da reconciliao. Toda a
misso em vista da salvao do mundo diaconia. E a salvao equivale, no NT, "nova criao",
transformao (cf. Rm 8). Particularmente em 2Cor, epstola em que Paulo desenvolveu seu
pensamento sobre o ministrio cristo, encontramos a clara identificao entre diaconia e misso
crist como tal: somos diconos, servos e servas, da nova aliana (3,6), da justia de Deus (11,15),
de Cristo (11,23; cf. Cl 1,17), de Deus (6,4). Em Cl 1,25 diz-se que o apstolo servo da
comunidade da Igreja. Ao contrrio do que pensavam os gregos da condio dos homens livres, a
glria do ministrio cristo a prpria condio de servio (cf. 2Cor 3,8), pois identificao ao
Cristo (cf. Mc 10,43-45; Lc 12,37). Na verdade, a imagem bsica para refletir sobre Jesus no NT
foi a figura do servo, a partir dos Cnticos do Servo Oprimido e Vitorioso, segundo a profecia de
Isaas. Conforme o AT, servo de Deus algum que pertence radicalmente a Deus e a Ele se entrega
totalmente, e por Ele sente-se protegido e amparado. Por isso, ser servo equivale a permanecer em
constante adorao (por isso, tambm o culto chamado de "servio a Deus"), mas tambm "servir
a Deus" obedecer-lhe em todos os atos da vida humana, a comear do cultivo da terra para
sobreviver. "Servir a Deus" tanto o culto como o trabalho. Jesus , antes de qualquer outro ttulo
cristolgico, o servo de Deus por excelncia: At 3,13 - a catequese presente nos evangelhos se faz
toda ela sobre o paradigma do SERVO, completamente devotado a instaurar o reinado de Deus.
Assim so apresentadas a vocao e misso de Jesus no batismo e na transfigurao: Is 42. Sua
tarefa assumir a misso do profeta-servo, conforme Is 61, como nos diz Lucas no discurso
programtico na sinagoga de Nazar (Lc 4,16ss.). Para Mateus, toda a ao de Jesus de restaurar a
vida e a dignidade de pessoas necessitadas e humilhadas a do servo que "leva nossas
enfermidades e carrega nossas dores" (Is 53,4). assim que Ele se levanta como luz a brilhar para
quem est esmagado em regies de trevas (Is 8,23-9,1; 49,1-7). Toda a caminhada de subida a
Jerusalm se inspira na figura do servo, e isso dito de trs modos, fundamentalmente: entregar a
prpria vida, acolher os pequeninos e tornar-se como eles, aceitar fazer comunidade com os pobres.
Finalmente, h o texto clssico de Fl 2,5-11, texto eminentemente pascal: ser servo, obediente at a
morte de cruz, a identidade de Jesus, e a condio que "convm a quem est em Cristo Jesus". A
ressurreio a confirmao por parte de Deus de que o caminho da restaurao - ns diramos
hoje, da humanizao - o caminho do servo.
Por isso, toda tarefa de dedicao ao evangelho diaconia, desde a proclamao missionria at a
edificao da comunidade: o "Servio do Evangelho" (cf. 2Cor 4,1; 5,18; Cl 1,23; Rm 11,13).
Quem se entrega proclamao do evangelho dicono, servo(a) (1Cor 3,5; 2Tm 4,5.11). Os Atos
dos Apstolos insistem em designar a proclamao do evangelho como diaconia: 6,4; 20,24; 21,19.
O objetivo da "Diaconia do Evangelho" criar koinonia, comunho, solidariedade comunitria.
edificar a Igreja como Corpo de Cristo no mundo. Da por que o gesto da mesa comum, da "Ceia do
Senhor", onde Cristo se faz presente no lava-ps e na partilha e entrega do po que d vida ao
Corpo, o smbolo central da Igreja. seu anncio proftico.
O que a realidade da Igreja, seno a diversidade dos dons (carismas) do mesmo Esprito? E todos
os dons so concedidos em vista do proveito comum: os diversos dons se constituem em diversos
"ministrios". Paulo usa aqui o termo "diversidade de diaconias" (1Cor 12,4-44). Em Rm 12,3-13,
fala-se da diaconia como de um ministrio particular (v. 7), mas, ao mesmo tempo, diz-se que todos
os dons tm de ser entregues em proveito de todos, "cada qual considerando a outrem como mais
digno de honra", em tudo "servindo o Senhor". O mesmo se acha em 1Pd 4,7-11: "Conforme o dom
que cada qual recebeu, consagrai-vos ao servio uns dos outros" (v. 10). Ou seja, a diaconia, o
servio a prpria identidade da Igreja. Igreja troca de servios recprocos, pois a todos somos
radicalmente servos e servas. sintomtico que todas as tarefas sejam designadas como
ministrios.
H um texto particularmente importante: Ef 4,1-16. Ao falar da diversidade dos dons/ministrios,
diz-se que a finalidade de qualquer ministrio especfico "aperfeioar os santos em vista do
ministrio, para a edificao do Corpo de Cristo" (v. 12). Isto que dizer que qualquer ministrio
particular tem em vista exercitar, manifestar e levar ao amadurecimento aquilo que nos identifica
como seguidores e seguidoras de Jesus: nossa condio de SERVIO, esta a identidade dos
santos. A Igreja toda como sacramento - sinal e instrumento - da diaconia de Cristo. A Igreja toda
povo sacerdotal encarregado de proclamar, atravs de tudo o que faz, o poder transformador de
Deus, encarregado da "diaconia do evangelho" (cf. 1Pd 2,9-10).
Da por que no existe na Igreja evangelizao, de um lado, e diaconia, de outro. Tudo na Igreja
diaconia, desde o culto at o servio social. Pois o culto no a tarefa especfica da Igreja, s uma
de suas diaconias, a diaconia religiosa, prestada humanidade porque a humanidade religiosa,
tem necessidades religiosas a que a Igreja tambm chamada a responder, pois trata-se de
necessidade humana. (E o culto tem de ser diaconal tambm enquanto s tem sentido se prepara a
comunidade para o exerccio da diaconia no mundo.) E tudo na Igreja tem de ser ato de
evangelizao, desde a proclamao explcita da palavra do evangelho at qualquer servio social.
Cabe a frase de Francisco de Assis: "Evangeliza constantemente, e fala se necessrio."
A misso de Jesus declarar por gestos e palavras a boa nova do reino de Deus entre ns. Mas o
evangelho no uma vaga e genrica boa notcia. De acordo com os textos do profeta Isaas, nos
quais os evangelistas se inspiram (cf. Mc 1,1-3), evangelho a boa notcia da vitria de Deus, que
afirma sua realeza e soberania, mediante eventos histricos de libertao do seu povo (cf. Is 40,911; 52,7-12; 61,1-9). No por acaso que os evangelistas iniciam sua narrativa da prxis de Jesus
aludindo proclamao do Ano Jubilar, ano do perdo das dvidas e da restituio das terras. Tratase do evento "evangelho" (cf. Mc 1,4; Lc 4,16-21). Isto , trata-se de proclamar a boa nova
mediante a prxis (aes e palavras) do reino de Deus. Se Deus intervm pela proclamao
proftica declarando a presena de seu reino entre ns, sua Palavra simultaneamente exigncia de
mudana de vida (cf. Lc 3,10-18), converso, isto , mudana de mentalidade e de prtica concreta
que, por sua vez, se tornam anncio e sinais da novidade transformadora do evangelho. Prossegue,
assim, aquilo que "Jesus principiou a fazer e a ensinar" (At 1,1).
3. Misso, evangelizao, diaconia
Misso , antes de tudo, o ato de Deus de enviar a Si mesmo. Dizia Santo Irineu, no sculo II, que a
Palavra e o Esprito so como braos de Deus para realizar no mundo os seus propsitos. Deus
envia o seu Filho e o Esprito para operar a Criao, a Redeno e a Santificao. E assim Deus Se
comunica a Si mesmo. Os telogos costumam dizer que a Trindade imanente (Deus em sua vida
ntima) a mesma Trindade econmica (Deus revelado a ns na "economia" da salvao), isto ,
Deus vem a nosso encontro sem intermedirios, atravs de Jesus e do Esprito de Jesus, que so
pessoas divinas "procedentes do Pai", e revelando-se a Si mesmas. Em Jesus, como dizia Santo
Atansio, Deus nos eleva a participar de sua vida divina, porque Ele prprio assume nossa natureza,
mediante o envio do Verbo que Deus. Diz-nos Isaas: "Em todas as suas agruras, no foi um
mensageiro ou um anjo, mas sua prpria face que os salvou" (63,9). Ao enviar a Moiss para
libertar seu povo, o prprio Deus quem est "descendo" (cf. Ex 3,7ss.). Isaas tem a "terrvel"
experincia de ir em nome de Deus: "Quem ir por ns?" (Is 6,8.) Na boca de Jeremias esto
impressas as prprias palavras que Deus quer pronunciar (cf. Jr 1), e Ezequiel s poder falar
depois de engolir o rolo das palavras divinas (cf. Ez 3). "Pela mo de Ageu" so as prprias
palavras de Deus que nos chegam (cf. Ag 1,1). A misso "missio Dei" e, por isso, ato de Deus.
Misso tambm a conscincia subjetiva de ser enviado. A Igreja um povo que se sente enviado
ao mundo em nome de Deus, e nela cada pessoa se move a partir da mesma experincia. Misso
experincia subjetiva de sentir-se chamado(a) e enviado(a): vocao e envio. Disso especialmente
Jeremias nos fala de maneira to candente em suas "confisses": "Seduziste-me, Senhor..." (cf. Jr
20,7ss.). Jesus se sente "o enviado do Pai". E Paulo o "apstolo" por excelncia (cf. Gl 1,15). Diznos Jesus: "Assim como o Pai me enviou, eu vos envio a vs" (Jo 20,21).
dessa experincia radical e transformadora que brota nossa espiritualidade. o Esprito de Deus
que se derrama como uno de leo e em ns imprime os motivos de viver: a filiao (cf. Gl 4,6) e
a misso (cf. Lc 4,16ss.). Por isso, com base no ensinamento das Escrituras, temos de dizer que as
duas marcas de nossa espiritualidade missionria so mstica e profecia. o que nos distingue dos
"filhos do diabo" (cf. Mc 3,22-30), marcados pelo "esprito do mundo" (Jo 6,51): "Oferecei vossos
corpos como sacrifcio vivo, santo e agradvel a Deus: este o vosso culto espiritual. E no vos
conformeis com o sistema deste mundo, mas transformai-vos..." (Rm 12,1-2). A meditao de
Paulo em Filipenses e 2 Corntios pode ser excelente guia para alimentar nossa espiritualidade
missionria. Nosso modelo o Cristo em sua perfeita unio com o Pai e inteiramente entregue ao
trabalho de restaurar a obra de Deus, como se nos revela na profunda meditao que o 4
Evangelho. E Jesus nos remete Santssima Trindade como princpio e modelo de nossa vida e
ao (cf. Jo 14,17). Nossa vida mstica tem de transbordar em amor sem limites, como Deus, que
"ama tanto o mundo a ponto de entregar o seu prprio Filho unignito" (Jo 3,16). Na autntica
mstica crist, no h concorrncia de dois amores. Se nos entregamos verdadeiramente a Deus,
Ele, em sua perfeita liberdade, nos devolve a ns mesmos(as) e s outras pessoas (cf. 1Jo 3,10; 4,75,4; Gl 5,14). O divino nos faz humanos(as), como aconteceu com Jesus: porque era de condio
divina, esvaziou-se a si mesmo, foi em tudo achado em forma humana, chegando a assumir a
condio de servo, fazendo-se em tudo obediente at morte e morte de cruz (cf. Fl 2,5-11; Hb
4,14-16). Sua glria a perfeio de sua obra, liberta e completa (cf. Rm 8). Nosso amor a Deus
maravilhosamente transfigurado pelo Esprito de Deus em amor de Deus em ns. "Caridade", mais
que o amor a Deus, amor de Deus derramado em nossos coraes, para que, por ns, as pessoas
se sintam amadas por Deus. Nossa tarefa sermos sinais (sacramentos) do carinho de Deus por sua
obra que o mundo criado em sua integralidade material-espiritual.
Eis por que EVANGELIZAR, mais que falar sobre o evangelho, ser sinal vivo da boa nova.
para isso que somos enviados(as).
s vezes se fala de misso como se fosse a tarefa da Igreja e, pior ainda, uma de suas tarefas, a
principal, decerto. Ora, como vimos, misso o ato divino de enviar e nossa conscincia subjetiva
de sermos pessoas enviadas. Nossa tarefa , de fato, evangelizar, proclamar a boa notcia. Essa a
nica tarefa da Igreja. No se trata de evangelizar e, alm disso, fazer outras coisas. No, a Igreja
enviada somente a evangelizar. Atravs de tudo o que , de tudo o que faz e de tudo o que diz,
destina-se a ser "sinal elevado entre as naes" para revelar a presena do reino de Deus no corao
da histria humana (cf. Lc 17,21). "Evangeliza sempre e em toda parte, e fala se necessrio", dizia
Francisco de Assis. "Evangelismo" pode at significar a proclamao do Reino por palavras
explcitas acerca de Jesus como nosso nico Senhor e Salvador. Mas o processo de anncio do
Reino vai muito alm disso, como se pode ver claramente na descrio magistral do processo de
evangelizao que se faz no cap. 9 do Evangelho segundo Joo. Anunciamos por obras e por
palavras. As palavras s tm sentido se chamam a ateno para interpretar corretamente os sinais, e
os sinais so eloqentes, so gestos que falam e revelam a presena carinhosa de Deus a restaurar
sua obra. Foi assim que Jesus falou da tarefa para a qual tinha sido enviado e ungido: so, antes de
tudo, os sinais do Reino que revelam que Deus est presente e atuante em nosso meio: "Ide e
anunciai a Joo o que vistes e ouvistes..." (Lc 7,22-23; 4,16ss.).
Para a Comunho Anglicana hoje muito claro que s h processo de evangelizao quando a ao
da Igreja est caracterizada por cinco marcas ou cinco bales que simultaneamente a carregam no
"vendaval" do Esprito: proclamar as boas novas do Reino; ensinar, batizar e nutrir as pessoas que
se aproximam da f; exercer servio de amor a quem est em necessidade; lutar para transformar as
estruturas injustas da sociedade; trabalhar em favor da vida e da conservao e renovao dos
recursos da terra. Na perspectiva das Escrituras, temos de compreender que em todas as cinco
dimenses est contida a "proclamao das boas novas do Reino". Do contrrio, Jesus no teria
privilegiado a prtica concreta (cf. Mt 7,21). De acordo com o Evangelho de Marcos, , antes de
tudo, por sua prtica que Jesus ensina (cf. 1,21-28). Ele mesmo e sua ao so o enigma, a parbola
que deve ser interpretada, pois o Reino no se revela principalmente pelo que diz, mas pelo que e
faz: Jesus no s fala do Reino, Ele mesmo a presena do Reino (cf. Mc 1,1; 8,38; 10,29;
13,9.13), pelos gestos que faz: "Se eu expulso os demnios pelo dedo de Deus, certamente
chegado a vs o reino de Deus." (Lc 11,20.)
O termo "evangelizar" chega aos evangelistas pelo profeta Isaas. A significa proclamar a
alvissareira notcia de que Deus est afirmando a sua soberana realeza atravs de grande vitria
sobre os poderes opressores do imprio do mundo: so os sinais da libertao do povo que indicam
que Deus est finalmente reinando (cf. Is 40,9-11; 52,7-12; 61,1-3). Na perspectiva da profecia do
exlio, o Senhor se revela mediante os acontecimentos que manifestam sua presena viva e atuante
no meio de seu povo: "Por isso mesmo (os acontecimentos anunciados) o meu povo conhecer o
meu nome, por isso mesmo ele saber, naquele dia, que eu sou o que diz: Eis-me aqui." (Is 52,6.)
"Eis-me aqui" clara aluso ao nome prprio de Deus "YHWH", isto , "o-que-est-a", to
ressaltado no livro de Apocalipse (cf. Ap 21,3). Deus se revela presente por seus atos poderosos de
salvao. Evangelizar , antes de tudo, dar sinais concretos reveladores da presena carinhosa de
Deus em meio a seu povo, como Pastor e Juiz.
Infelizmente, a proclamao da boa nova da salvao sempre, ao mesmo tempo, m notcia para
quem no se dispe a escutar a mensagem e mudar de vida. Jesus fala disso com muita clareza.
"Quem faz o mal odeia a luz", isto , quem est "acostumado" com uma prtica negativa, habituado
a conviver com as trevas, foge naturalmente da luz, sua maneira de viver impede de caminhar em
direo luminosidade da f (cf. Jo 3,19-21). A semente da palavra de Deus pode at no germinar,
embora tenha em si mesma eficcia; tudo depende do terreno. Este pode facilitar, dificultar ou at
impedir o crescimento da Palavra (cf. Mc 4). Pode-se ouvir e no compreender, a boa notcia pode
at causar o efeito contrrio ao que se intenciona, pode causar fechamento e reao negativa, pois
quem a ouve pode sentir-se julgado (cf. Mc 4,11-12; Is 6,9-10; Jo 12,44-50). Jesus define sua
atuao no mundo como um momento de discernimento: "Para que os que no vem, vejam, e os
que vem, tornem-se cegos" (Jo 9,39). Por isso, proclama a bem-aventurana de uns e a maldio
de outros (cf. Lc 6,20-26).
O servio ou diaconia no deve ser entendido como alguma outra tarefa, como se alm de
evangelizao houvesse ainda que exercer a diaconia. No se trata de evangelizar e tambm servir.
Diaconia no tarefa, pois nossa nica tarefa evangelizar, proclamar o evangelho por obras e
palavras. DIACONIA mtodo, o caminho obrigatrio da Igreja de Jesus em tudo o que faz, pois
Jesus o Servo por excelncia. Somos enviados(as) (MISSO) a evangelizar (TAREFA) mediante
o servio (MTODO).
Por conseguinte, diaconia no apenas o servio social e poltico prestado pela Igreja sociedade.
Diaconia tem de ser tudo na Igreja. No um setor; , antes, a totalidade de seu jeito de ser em tudo
o que faz. A liturgia a diaconia religiosa atravs da qual a Igreja responde necessidade humana
de representar e "dramatizar" a relao com o Mistrio da vida. Por ela as pessoas, em comunidade,
so ajudadas a celebrar os feitos de Deus na histria e vo educando os prprios olhos para
contemplar na atualidade de sua vida e da vida do mundo os sinais da presena e da ao de Deus.
O "ministerium Verbi" a diaconia da Palavra pela qual se exercem a instruo e o ensino. Pelo
estudo e pela meditao as pessoas vo assimilando a longa tradio da f e, pelo contacto com o
testemunho da experincia de nossos antepassados, vo aprendendo os critrios de escuta de Deus.
Particularmente o servio de leitura e estudo bblico decisivo para que as pessoas vo percebendo
por onde Deus costuma passar e por onde costuma caminhar quem escuta Sua voz. Finalmente, a
diaconia scio-poltica leva a Igreja enquanto comunidade a transbordar para a sociedade que a
cerca.
Ao pensar em diaconia scio-poltica, poderamos, quem sabe, distinguir dois aspectos. Edificar-se
como comunho para a Igreja viver a experincia de solidariedade que j por si mesma projeto
para o mundo. A vida comunitria j proclamao viva da boa nova, primeira dimenso do
ministrio da reconciliao (cf. 2Cor 5,16-21). como se surgisse entre ns, espontaneamente, a
pergunta: se possvel para ns, no seria tambm possvel para o mundo? Essa pergunta nos
impele segunda dimenso do ministrio da reconciliao: a solidariedade com as dores do mundo,
que deve ser to profunda e to lcida a ponto de provocar em ns a pergunta pelas causas dessas
dores. Ou seja, nossa sensibilidade social nos deve conduzir anlise poltica, da luta pela
atuao em favor dos enfermos, dos marginalizados, dos empobrecidos e dos abatidos. Por esses
sinais anuncia-se de maneira palpvel um novo mundo possvel. So sinais profticos. A diaconia
do Reino essencialmente proftica (Lc 7,22). Quando, em nome de Jesus, ajudamos pessoas a
fazerem a passagem da escravido liberdade, da alienao humanizao, j estamos sendo
agentes portadores da boa nova que restaura e transforma. H um texto do NT que muito
sugestivo neste contexto de reflexo: 2 Cor 9,10-14. Na coleta, gesto to material, da diaconia
social, diramos, Paulo enxerga a atuao privilegiada da identidade crist. Por isso faz questo de
usar vocabulrio particularmente rico de significado: justia, eucaristia, proclamao solene da f,
koinonia, graa (duas vezes), dom. A coleta (assistir os pobres) no equivale simplesmente
diaconia, apenas atuao especfica e concreta, no campo da solidariedade material, da realidade
permanente e mais radical da Igreja, de sua prpria identidade profunda, o servio.
No devemos esquecer que o ponto de partida para assumir a vocao diaconal o mesmo ponto de
partida para assumir a identidade crist como tal, isto , a f. No a f entrega confiante e
obedincia? Ora, obedincia "ob-audire", escuta atenta da voz de outrem, ateno s suas
necessidades e s suas exigncias. F, ento, entrar no processo e no dinamismo da resposta, do
servio recproco, da diaconia, pois a entrega obediente da prpria vida a Deus se d pela mediao
da resposta ao chamado concreto de nossa vida, em suas circunstncias e demandas particulares.
No o mesmo que dizer que "a f opera pelo amor"? Da deriva a radicalidade da diaconia como
marca do prprio ser da Igreja: no apenas "a partir da f", ou "por motivos de f" assumimos a
tarefa ou misso de servir, mas nosso prprio ato de f j diaconia. Pois a f, concretamente, j
desde seu incio, se d como exerccio diaconial, de entrega e de obedincia.
A diaconia social e poltica apenas uma especificao particular, num campo determinado da vida,
de uma dimenso global que caracteriza o ser da Igreja. H tambm, por exemplo, a diaconia
religiosa. Assim, a diaconia social e poltica no um acrscimo, uma suplementao provisria,
mas ao em Cristo e meio adequado de anncio do evangelho atravs de sinais que sejam
significativos aqui e agora, em determinada sociedade, sinais nos quais encarnamos e exercitamos a
f. E a f, ao testemunhar-se, constitui-se em anncio da boa nova.
Alm disso, de acordo com a reflexo paulina, a identidade crist se define pela identificao com o
Cristo crucificado (cf. Fp 2,5ss.). esse o significado do batismo (cf. Rm 6,1ss.). E assumir sobre
si mesmo(a) a cruz de Cristo acolher a revelao da prpria verdade existencial: todas as pessoas
somos pecadoras, e todas recobramos nossa dignidade pela pertena a Cristo. Diante da cruz,
somos apenas pessoas, todas do mesmo barro e igualmente necessitadas da glria de Deus (cf. Rm
3,23). Desmascara-se, assim, todo sentimento de superioridade e de auto-suficincia. Da
experincia da cruz decorre a exigncia da "tica da cruz", que a tica do servio, da diaconia, a
nica compatvel com a identidade crist (cf. Fp 2,3-5). Pela tica da cruz - que o amor - toma
corpo concreto nossa f (cf. Gl 5,6) como infinito vnculo de solidariedade de necessitados(as).
Confessar-se pecador confessar-se como ltimo dos seres humanos e, por isso, dispor-se a
caminhar de mos dadas com os ltimos. Por isso, diaconia, enquanto prxis de entrega da prpria
vida, em todas as suas dimenses, no apenas exigncia "moral" decorrente da f, mas
propriamente exigncia teologal, realizao concreta de nosso ser em Deus. o exerccio concreto
de nossa f, a nica maneira de assumir concretamente nossa verdade existencial.
Se assim, se a diaconia flui da prpria identidade crist como diaconia de Cristo e de seu Corpo,
vemos que dimenso constitutiva do ser da Igreja em seu nvel mais profundo, antes de qualquer
Na Bblia, um dos traos mais marcantes da profecia a contradio com o sistema do mundo: com
o Estado monrquico, com a classe dirigente leiga e sacerdotal, com o imperialismo e com a
alienao popular - o "esprito de prostituio" com o qual se embriaga o povo sem guia (cf. Os 4).
A conscincia de ser enviado(a) - MISSO - a realizar a tarefa salvfica do prprio Deus faz com
que, no seio do conflito, a pessoa tenha capacidade de resistir e de no ceder, de ir at a morte. Se a
tarefa de Deus, o aparente fracasso humano no de modo algum o fracasso da obra. O
importante testemunhar e manter-se firme at o fim (cf. Mc 13,11-13). O caso do profeta Jeremias
tpico para nos indicar os rumos da espiritualidade proftica.
A marca proftica, como vimos, aparece tambm claramente no prprio contedo da tarefa de
EVANGELIZAO, enquanto , ao mesmo tempo, anncio e denncia, boa notcia e m notcia,
proclamao de bem-aventurana e de maldio, declarao da graa salvfica e do juzo.
Finalmente, o mtodo do servio, ou a DIACONIA, instaura contradio flagrante com o sistema
do mundo. O sistema do mundo gira em torno da apropriao do poder e promove a afirmao de si
e a riqueza como valores supremos. A Bblia o diz de maneira eloqente com a parbola da torre de
Babel (cf. Gn 11) e a fbula das rvores em Jz 9,7-15. E seria preciso denncia mais forte do que
aquela que se acha em Daniel, em Is 46-47 e em Apocalipse (caps. 17-20) contra o imprio? Ora, o
evangelho proclamado mediante a partilha do poder, a negao de si e a solidariedade com
pessoas e grupos necessitados. essa a instruo final e incisiva que Jesus d a seus seguidores e
seguidoras na caminhada para Jerusalm (cf. Mc 8,22-10,52). Uma nova prxis comunitria
participativa (solidria) e sedenta de justia j, por si mesma, denncia proftica do sistema do
mundo: a existncia de gente oprimida e excluda que se rene e a aliana de outrem com essa
gente j so, por si mesmas, gestos profticos pelos quais o sistema se sente desmascarado e
radicalmente agredido (cf. Mc 3,1-6). nesse contexto que Jesus explica a tarefa do Esprito Santo
como Advogado da comunidade e Acusador do mundo (cf. Jo 14,16).
6. Diaconia proclamao da liberdade
Diaconia, ento, enquanto o mtodo pelo qual se d a prxis evangelizadora da Igreja, ser sempre
necessariamente confronto e conflito com "o esquema deste mundo" (cf. Rm 12,2).
De fato, qualquer institucionalizao da vida ter sempre problemas com a liberdade. Vivemos uma
situao paradoxal: s se preserva a vida organicamente, isto , na medida em que as diversas
funes vitais se articulam, se organizam, se institucionalizam. "Instituio" no outra coisa seno
articulao de relaes. No possvel viver fora de algum processo institucional. Por outro lado,
na medida em que o aspecto institucional se desenvolve e se hipertrofia, tende a abafar o
dinamismo da vida e pode matar, o ser humano comea a ser em funo do "Sbado". Se verdade
que a instituio tem o papel de preservar e manter a vida, esta s no se deixar abafar e s se
renovar continuamente mediante o fermento da liberdade. Se a instituio preserva, a liberdade
que renova e salva.
Ora, o sistema de poder do mundo resiste liberdade. A iluso do poder e da riqueza leva a erigir o
sistema, o "j determinado", em absoluto, com a excluso de toda diferena e de qualquer
"criao". As Escrituras, ns o sabemos, so crtica radical apropriao do poder. A tentativa do
povo de Deus foi ser uma sociedade em busca da igualdade e da justia, sem rei. por demais
conhecido o dramtico dilogo de Samuel com o povo, que retrata a tenso daquele momento de
passagem do tribalismo para o regime monrquico: " a mim que rejeitam, porque no querem
mais que Eu reine sobre eles, disse Deus." (1Sm 8,7.) na questo do poder e da liberdade que est
o centro da luta antiidoltrica: o dolo a projeo do prprio poder como absoluto (cf. Is 47,8-10;
Sb 14). Por isso, no corao do anncio do Reino, por obras e palavras, esto a proclamao e
promoo da liberdade, como podemos ver claramente no ministrio de Jesus (cf. Lc 4,16ss.):
liberdade absoluta de Deus que possibilita e potencia a liberdade humana - "Eu sou YHWH, teu
Deus, o que te faz sair da TERRA do Egito, da casa da servido" (Dt 5,6).
O sistema rejeita transcender-se. Por isso camufla o pecado atravs de mecanismos de autosuficincia e no mximo concede que em seu interior existam "disfunes". "Funcionalismo" como
mentalidade , de fato, incapacidade de aceitar profundamente a alteridade e, por conseqncia, a
novidade. O sistema tende a compreender-se como totalidade fechada e absoluta. O que no cabe
em seu interior "desvio" e "acidente" ou "disfuno". Qualquer diferena deve ser reduzida
"identidade"... Por isso no so tolerveis prticas e palavras dissidentes: eis por que Jesus tido
como blasfemo, louco e possesso (cf. Mc 2,1-12.15-17; 3,20-30). Impem-se submisso, adaptao
e conformismo. Qualquer contestao suspeita e deve ser abafada, ou mediante a corrupo, ou
mediante a represso, como vemos muito bem na anlise que faz o profeta Ams do funcionamento
do sistema da Samaria de seu tempo (cf. 2,11-12). O racionalismo tem sido a fundamentao
filosfica da ideologia promotora do etos de adaptao e conformismo, contra o etos de
transformao. A estamos de cheio na questo da idolatria.
Na verdade, a profecia afirmao central da liberdade, da liberdade de Deus, absoluto
transcendente, e da liberdade humana. a liberdade que torna possvel a crtica ao sistema e
desvincula as conscincias da obedincia que este exige (cf. Mc 2,1-3,6). a liberdade que
possibilita anunciar o novo como possvel a Deus e aos seres humanos. A palavra de profecia ,
antes de tudo, revelao do julgamento de Deus e do possvel de Deus, j inscritos na prpria
realidade do mundo, revelao do pecado e da glria. E isso assim por fora do evento da
liberdade.
Por isso, na Bblia, a Palavra sempre desencadeia conflitos com as instituies do Estado, da
sociedade e da religio. Os profetas so indesejveis, como se v dramaticamente nos casos de
Miquias ben Yiml (cf. 1Rs 22,8), de Elias (cf. 1Rs 21,20), de Jeremias (cf. Jr 26). E o Novo
Testamento deixa-o bem claro: o corao do evangelho a liberdade (cf. G1 5).
7. Dimenses da diaconia proftica na vida da comunidade crist
Sabemos que a liberdade no um dado, mas uma tarefa. Na verdade, no nascemos livres,
nascemos para tornarmo-nos livres. Mais que de liberdade, devemos falar de libertao. E esta um
interminvel processo. Por isso mesmo, na Bblia, liberdade no nossa condio "natural"; ,
antes, o evento da salvao, aquilo que acontece quando irrompe na vida humana a misteriosa
energia de Deus (cf. Ex 3,7ss.; Dt 5,6). Por paradoxal que parea, os seres humanos no desejamos
espontaneamente ser livres. O que queremos ser bem tratados, como acontece com os animais (cf.
Ex 14,10-15). Liberdade tarefa radicalmente arriscada, decidir tornar-se pessoa, isto , aceitar ir
alm de si mesmo(a), transcender-se pela entrega da prpria vida no amor, perder o medo de
perder-se (cf. 1 Jo 4,17-18; Mc 8,35; Jo 12,24-26). Ora, diz-nos a Escritura, o Amor Deus (cf. 1 Jo
4,7-10). Assim, o processo da libertao humana s se d por fora do dinamismo do amor,
processo de entrega da prpria vida, santificao... Tornar-se humanamente livre ser cada vez
mais em Deus, "viver no Esprito", como nos descreve Glatas 5,22-26.
Se diaconia o mtodo conatural ao evangelho, , por isso mesmo, o mtodo ("caminho") da
proftica caminhada da liberdade. A vocao da Igreja para ser sinal proftico de libertao da
convivncia humana: uma Igreja que se organize em comunidades, onde as pessoas reencontrem
sua identidade, enquanto pessoas, e por seus vnculos com o prprio povo, e percorram o processo
pedaggico de experimentar o prprio poder como servio e partilha, e assim a possibilidade de
uma sociedade diferente. A comunidade profecia de nova sociedade. Uma Igreja que equivalha
simplesmente a uma religio de massa nunca ser fermento proftico de transformao histrica.
A vocao da Igreja para ser sinal proftico de libertao do ser no mundo: face a uma cultura que
promove a globalizao niveladora e massificante, as comunidades eclesiais tm de ser
experincias de inculturao, afirmao das peculiaridades locais, do particular, das minorias
discriminadas - o povo rural, o das periferias de cidades, os povos aborgenes, o povo negro, as
mulheres, as crianas, as pessoas deficientes, ou discriminadas por diversos motivos, inclusive por
sua condio sexual.
A vocao da Igreja para ser sinal proftico de libertao da deciso: numa sociedade de opresso
e de no-participao, a Igreja chamada a organizar-se como povo todo ele co-responsvel e
ministerial, forjando-se, assim, novo estilo de liderana e de autoridade, para alm de todo tipo de
autoritarismo e clericalismo; e provocando a sociedade toda ao exerccio de participao.
A vocao da Igreja para ser sinal proftico de libertao da palavra e da comunicao atravs do
processo coletivo de ensino-aprendizagem, onde todas as pessoas so mestras e discpulas ao
mesmo tempo, superando-se o mtodo autoritrio de imposio da doutrina e da lei (cf. 1 Jo 2,27).
A vocao da Igreja para ser sinal proftico de libertao da ao, mediante luta incessante pela
transformao das estruturas e dos comportamentos de injustia/submisso, o que no pode
acontecer por aes de assistncia, mas mediante estratgia de misericrdia, de solidariedade e de
justia. S aes de solidariedade so sinais adequados do reino de Deus.
8. Ao de solidariedade versus ao de assistncia
Se a tarefa da Igreja s proclamar o evangelho, toda a sua ao, desde seus mnimos gestos, deve
ser evangelizadora. Da, falsa a oposio entre evangelizao ou evangelismo, de um lado, e ao
social, de outro. No trabalho de servio social, no estamos chamados(as) simplesmente a "fazer o
bem", prestar "assistncia" ou "promover" a ascenso social das pessoas. A Igreja est e estar
sempre chamada a evangelizar.
Jesus no promoveu a ascenso social do cego, ao contrrio, o encontro desse homem com o
evangelho provocou sua expulso da sinagoga. O que aconteceu? "Abriram-se-lhe os olhos" (
interessante que o texto no fale de "cura", mas de "abertura" dos olhos). No conflito entre a
realidade experimentada e a ideologia oficial, o homem vai sendo provocado a ver sempre mais, e
vai tendo coragem de defender sua viso at diante do tribunal; termina mendigo, excludo, do jeito
como comeara, mas com uma radical diferena: agora um mendigo de olhos abertos. Por isso,
abre-se para ele o rebanho de Jesus. Reconstruir a dignidade em comunidade, eis "a obra de Deus",
a recriao do mundo (cf. Jo 9-10).
Dessa comisso divina de anunciar o evangelho decorre nosso discernimento metodolgico.
Falando de maneira mais direta, fundamental discernir entre "ao de assistncia" e "ao de
solidariedade". Gestos aparentemente idnticos podem ser profundamente diferentes, se somos
capazes de operar esse discernimento. S a ao de solidariedade evangelizadora. Oferecer sopa a
pessoas pobres pode ser mera assistncia ou pode ser gesto de solidariedade. Tudo depende do
mtodo atravs do qual nossa prxis evangelizadora se encaminha.
H algumas qualidades da ao evangelizadora que s a ao de solidariedade capaz de encarnar.
claro que temos de pensar a evangelizao como processo constitudo de inmeros passos. Mas j
desde o primeiro passo, o objetivo do evangelho tem de estar contido: os fins tm de estar contidos
nos meios. O primeiro passo j no pode ser em falso.
A ao evangelizadora revela e no encobre a realidade. Sua funo arrancar o vu, o engano e as
iluses, desmascarar aquilo que Marx chamava de ideologia. Tem de apontar o pecado, as causas, a
responsabilidade histrica humana pela situao, quer estrutural, quer conjuntural. S ao de
solidariedade aquela que, ao menos virtualmente, crtica.
A ao de solidariedade tem como objetivo reconstruir as pessoas, na medida em que lhes vai
possibilitando experimentar o sentimento de filiao divina. Isso s se efetiva, se na prtica, no
modo de fazer, desde o culto at a ao social, se afirmam a dignidade das pessoas, sua liberdade e
sua capacidade de participao coletiva.
A mesma sopa distribuda a pessoas pobres pode reforar o sentimento de mendicncia, de
inferioridade e de fraqueza, ou pode ser o primeiro passo na caminhada para recuperar a prpria
dignidade humana. Tudo depende do mtodo. A Igreja chamada - e a essa chamada tem de
obedecer, sob pena de infidelidade, pois no algo facultativo - a usar um mtodo de ao social
que seja adequado sua tarefa - a nica que ela tem - de evangelizar.
Se estamos de acordo com o que tem sido dito at agora, a misso de evangelizar se encarna na
tarefa de humanizar, de reconstruir as pessoas. Concretamente, "aes de solidariedade" - desde o
culto e a conversa explcita sobre a f at a ao de servio social - sero sempre aes
restauradoras da dignidade das pessoas, da cidadania. A tocamos o corao do evangelho.
A Grcia , freqentemente, apontada como modelo de democracia cidad, no mundo antigo. Mas
no se pode esquecer de que se tratava de uma democracia exercida pelos chamados "homens
livres", cuja liberdade repousava sobre sua condio natural de sexo masculino e sobre sua
condio social de riqueza. Era mais plutocracia (poder dos ricos) que democracia, mais
aristocracia (poder das elites) que poder coletivo, mais androcracia (poder dos machos) que poder
do povo.
Isso contrasta com a mentalidade bblica. A Bblia tem como categoria bsica o povo, entendido
idealmente sob o paradigma clnico e tribal, isto , comunitrio, como a grande "assemblia de
Deus". Embora, a partir da monarquia, o tribalismo v perdendo sempre mais sua chance
sociolgica (econmica e poltica), permanece e at se fortalece como paradigma antropolgico e
teolgico. o que se v, quando se percebe que esse o paradigma do projeto de Jesus, ao escolher
os doze novos patriarcas e ao associar-lhes as mulheres como as mes e profetisas do novo povo
(cf. Mc 3,13-19; 5,21-43; 6,7; 16,7). E, para o Apocalipse, a nova cidade est toda construda sobre
esse mesmo paradigma: doze apstolos, doze colunas, doze portas, doze estrelas.
O povo, para a Bblia, no equivale a uma elite de machos, de ricos e de "filsofos", gente que se
libera do trabalho e pode dedicar-se "contemplao" e ao mando, porque usufrui do "cio"
necessrio para isso. Gente que no trabalha, mas come e comanda. Na Bblia o povo todo "elite",
objeto de eleio: "Sereis para mim uma propriedade peculiar entre todos os povos, porque toda a
terra minha. Vs sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nao santa." (Ex 19,5-6.) E no
cabe sentimento de privilgio, pois a escolha pura graa (cf. Dt 8,11-18; 9,47) e tremenda
responsabilidade (cf. Am 4,12; 9,7) missionria (cf. Is 42).
A base da vida comunitria o trabalho e a solidariedade. O ideal humano no a contemplao de
um mundo que j seria harmonioso ("cosmos"), mas a ao pela qual se opera a mudana num
mundo bom em sua raiz (cf. Gn 1), mas necessitado de redeno e de consumao (cf. Rm 8). A
palavra que s diz a realidade ("logos" - discurso) no compreendida como fim da relao entre a
conscincia humana e o real. Dabar, mais que contemplao, conceito ou discurso, prxis. Essa
seria a melhor traduo para o termo hebraico. Marx formulou o conceito de "prxis" com certeza
pelo sangue de cultura bblica que corria em suas veias... Dabar a palavra (teoria) que se faz
acontecimento (prtica). Por isso se entende que Ams possa "ver" as palavras acerca de Israel (cf.
Am. 1,1) e a "palavra do Senhor" se d "pela mo" de Ageu (cf. Ag 1,1). Por isso se entende que
Joo possa dizer "fazer a verdade" (Jo 3,21). Para Paulo, no mundo dominado pela idolatria, a
verdade "prisioneira da injustia". O contrrio da verdade no propriamente o erro - como o
seria para a lgica helnica -, mas a prtica da injustia (cf. Rm 1,18). Pensar o mundo, contempllo, s se completa com a volta sobre o mundo para transform-lo pelo trabalho. Adam, isto , a
humanidade feita de macho e fmea (cf. Gn 1,27), , antes de tudo, jardineiro e imagem do Deus
que "opera" e cria o novo (cf. Gn 1-2; Is 43,19).
A relao entre o povo e Deus se d mediante a solidariedade inter-humana. justamente isso
"conhecer a Deus": "Eu te desposarei para sempre, eu te desposarei a mim na justia e no direito, na
solidariedade e na ternura, eu te desposarei na fidelidade, e conhecers o Senhor." (Os 2,19-20.) "
solidariedade que eu quero e no sacrifcios, conhecimento de Deus mais do que holocausto." (Os
6,6.) A partir da que se entende a reflexo da Primeira Epstola de Joo: quem ama conhece a
Deus, quem pratica a justia nascido de Deus...
A Bblia pensa que isso possvel se a dignidade da pessoa no repousa sobre a riqueza e a
apropriao de bens. Da a persistente oposio monarquia durante toda a histria de Israel, e a
crtica radical que se lhe faz (cf. Jz 9,7ss.; Os 13,11), desde os primrdios at o Apocalipse, com a
sua denncia dos mecanismos do imperialismo.
Ter ou ser escravo, oprimido, nunca foi algo normal em Israel. Essa a razo de toda a legislao
restritiva acerca da escravido e toda a luta proftica e camponesa para fazer valer as leis que
garantiam a liberdade solidria, a comear no Declogo. Na verdade, a questo da liberdade do
povo to central na Bblia que em funo da liberdade que Deus revela o seu prprio Nome a
Moiss (cf. Ex 3,7-12) e reafirma sua prpria identidade pessoal (cf. Dt 5,6). E o ponto de
referncia de toda a ao de Deus a injustia praticada contra grupos e pessoas necessitadas (cf. Sl
146; Am 2,6-16; 5,4-6.14-15; Is 1), raiz de toda a desagregao social (cf. Os 4,13).
No Novo Testamento, a eclesiologia paulina compreende a Igreja no como uma nova religio ao
lado de tantas outras existentes, mas como uma imensa rede de comunidades por intermdio das
quais vai fermentando o processo universal de transformao de todos os povos em povo de Deus.
em funo desse projeto (cf. Ef 2) que o apstolo define sua estratgia missionria. A Igreja povo feito de povos reconciliados - testemunha de que as promessas de Deus a Israel so
promessas destinadas a todos os povos, desde sua origem, desde Abrao (cf. Gn 12,1-3; Rm 4). As
promessas no so "espiritualizadas", mas universalizadas. Toda a humanidade est chamada a ser
o novo Israel, na totalidade de sua vida, desde as relaes econmicas at sua expresso religiosa.
O que vemos nos evangelhos? Aos marginalizados pelo sistema social, poltico e religioso Jesus
abre uma nova casa. Esse um dos smbolos mais fortes que dominam a narrativa evanglica. Em
redor de Jesus, se congrega o povo e se reconstri a casa, se reestrutura, diramos hoje, sua
cidadania. a mesma perspectiva explicitada na Primeira Epstola de Pedro, s que a em dimenso
bem mais claramente universal. E, no centro da casa, o gesto que a identifica o da partilha do po.
Por isso, a ceia est no centro da Igreja, como celebrao e evento proftico.
No por acaso que Paulo escolhe justamente o termo ekklesia (assemblia) para designar as
comunidades. A Igreja assemblia alternativa, onde pessoas excludas recuperam cidadania e
confraternizam. No assemblia onde s machos, ricos e sbios tm lugar. A partir disso,
compreende-se melhor o conflito de Paulo com a comunidade de Corinto que ainda permanecia
alienada, sem conseguir romper com os modelos de convivncia vividos nas cidades helnicas e
romanas, nas quais imperava o sistema das casas senhoriais e patrcias, e onde a dignidade das
pessoas dependia de sua agregao a casas de poderosos "padrinhos ".
Na base da nova assemblia est a experincia radical de recuperao da prpria dignidade pessoal,
experincia de sentir-se filho e filha de Deus. Nas epstolas aos Glatas e aos Efsios, temos a
reflexo paulina sobre o que chamaramos hoje de cidadania. S que Paulo vai raiz ltima de tal
experincia. Ultrapassa o nvel sociolgico - que hoje chamamos de democracia participativa,
ultrapassa mesmo o nvel antropolgico - que hoje chamamos de dignidade ou liberdade da pessoa,
e atinge o nvel teologal. Trata-se da experincia profunda de filiao divina. dessa experincia
que decorrem todo o poder e os mais amplos direitos de cada pessoa, herdeira do mundo. Face
realidade, tantas vezes de isolamento (espiritualista) da Igreja em relao sociedade, incrvel
pensar que o tema teolgico da filiao divina o que h de mais explosivo social e politicamente,
se levarmos realmente a srio que a palavra de Deus para valer, para tornar-se verdade na
prtica - e a prtica a de nossa vida quotidiana pessoal, comunitria e societria, em todas as suas
dimenses, desde a economia at a religio.
to central para o cristianismo o motivo da cidadania que esse foi o piv de toda a grande
controvrsia dogmtica trinitria e cristolgica dos primeiros sculos da Igreja. Afirmar a divindade
de Jesus e do Esprito Santo era defender a redeno compreendida, em seu sentido mais alto e
mais pleno, como elevao da humanidade condio de filiao divina. Atansio, que enfrenta
essa luta e tem como o mais forte adversrio o prprio imperador Constantino, formula isso de
forma lapidar: "O que no assumido, no elevado." Jesus deve ser reconhecido como Deus para
que ns possamos ser reconhecidos(as) como filhos e filhas de Deus. E esse o fundamento ltimo
em que penetram o interior de sua casa, "o segredo do Reino" (Mc 4,11). Vai nascendo o novo
rebanho, recinto sempre aberto para acolher "mendigos de olhos abertos", como aconteceu com o
cego (cf. Jo 9), a nova famlia de "quem escuta a palavra de Deus e a pe em prtica", de "quem faz
a vontade de Deus" (Lc 11,28; Mc 3,35). A proclamao do evangelho cria a COMUNIDADE, a
Igreja, congregao de filhos e filhas de Deus.
O processo de evangelizao, pelo qual assumimos a tarefa para a qual somos enviados(as), tem em
vista interpelar o mundo e criar a Igreja. Esta nasce porque, no mundo, pessoas escutam a Palavra
como boa nova transformadora de suas vidas, convertem-se ao discipulado de Jesus e se renem em
COMUNIDADE. A comunho (koinonia) , assim, a marca distintiva desse novo povo que se
constitui pela f e o batismo, como se pode ver claramente no "retrato" oferecido pelos Atos dos
Apstolos (cf. 2,42-47 e 4,32-37). Nessa comunho as pessoas esto chamadas a crescer no
seguimento de Jesus, conforme se v nos evangelhos (cf. Mc 8,27-10,52), e na capacitao para o
servio (cf. Ef 4,11-13).
Antes de proclamar o evangelho por palavras, a Igreja o proclama pelo seu prprio ser e por sua
atuao histrica. , antes de tudo, realidade sacramental, isto , "sinal e instrumento da unio com
Deus e da unidade de toda a humanidade". Aponta no sentido de uma convivncia humana
autenticamente amorosa como historicamente possvel, e por isso que narra de modo permanente
a experincia de amor vivida por Jesus. Seu jeito de ser prosseguir no caminho aberto por Ele.
Pretende ser como o seu Corpo no mundo, continuao de Sua presena transformadora.
Essa realidade comunitria, nova possibilidade de ser no mundo, por si mesma evangelizadora.
Anuncia que o amor concretamente possvel, apesar de nossos limites e pecados, e assim acusa o
mundo ao denunciar a mentira e a injustia: o mundo insiste em dizer que o amor iluso, cada
qual devendo buscar seus prprios interesses. Jesus insiste em repetir: "Sejam um para que o
mundo creia!" (Jo 17,21.) E o Esprito Santo nos dado como Advogado e Acusador frente ao
mundo (cf. Jo 16).
As comunidades de fraternidade so particularmente chamadas a responder a trs graves problemas
de hoje: a solido em que se acham muitssimas pessoas, tanto da classe mdia como da classe
popular; a crise de identidade provocada pelo desenraizamento cultural e pelo sentimento de
impotncia poltica particularmente entre a juventude e a pobreza; a excluso scio-econmica e
cultural provocada pelo atual estgio do capitalismo globalizado.
Numa sociedade como a nossa, especialmente no Nordeste do Brasil, marcada to fortemente pelo
terrvel abismo entre ricos e empobrecidos, a Igreja tem de optar claramente pela aliana com
pessoas, grupos e movimentos da gente oprimida. Seu prprio trabalho com as classes mdias e
setores dirigentes tem de dar-se, sem ambigidades, no sentido de ajud-los a abrirem os olhos arrancar os vus, revelar - para essa inominvel realidade de pecado estrutural.
Numa sociedade de extrema concentrao da terra (8 milhes de quilmetros quadrados de
territrio), o povo sem terra em seu prprio pas, nem para morar, nem para trabalhar: sem-terra,
sem-teto, sem trabalho... A Igreja tem de estar a seu lado e fazer parceria com as foras sociais que
lutam contra essa vergonhosa situao.
Numa sociedade de cultura de escravido, a Igreja tem de assumir e promover aes educativas de
conscientizao da realidade e de educao para a liberdade - de fato, o pecado no est s do lado
de quem oprime, mas tambm do lado de quem se deixa oprimir e se demite da tarefa de lutar e
construir a prpria liberdade.
Numa sociedade de cultura da crueldade e da violncia, em que a elite se sente infinitamente acima
e distante e ignora o povo (cf. Am 6,6), a Igreja chamada a fomentar uma cultura da vida e da
solidariedade, cultura do Bom Samaritano.
Concluso
Podemos resumir tudo isso em poucas palavras. Diaconia ou servio o mtodo pelo qual a Igreja
exerce a tarefa proftica de evangelizar para a qual enviada (misso). Por isso sua vocao
marcar a sociedade com os valores do reino de Deus, cujo eixo a comunitariedade da vida.
Mesmo quando se trata de instituies sociologicamente "societrias", como sindicatos, escolas,
partidos polticos, organizaes de bairro ou entidades do Estado, etc., e no "comunitrias", a
tarefa da Igreja infundir-lhes os valores do Reino, ou seja, valores de comunitariedades do ponto
de vista teolgico, isto , prticas e critrios inspirados pelo Amor, matriz de comportamentos
ticos autenticamente humanos e humanizantes. Sua ao proftica se d mediante a prtica
histrica que produz os sinais do Reino e a palavra que convoca a interpretar esses mesmos sinais.
Tem como finalidade ltima desmascarar o individualismo como ideologia justificadora dos
mecanismos de dominao e opresso, e anunciar que a dinmica estrutural da realidade so as
relaes, uma vez que a fonte ltima do Ser so as relaes eternas da Trindade divina, mistrio
central de nossa f. Se assim, uma tarefa muito concreta a espera: ser agente de articulao entre
pessoas, grupos, povos e movimentos sociais. Se sua misso tirar os vus e revelar o real, ter de
ser agente promotor de informao. Se chamada a promover o dilogo, tem a imensa
responsabilidade de fomentar em todos os nveis a comunicao. Vasto campo para a diaconia
religiosa, para a diaconia do ensino e para a diaconia social e poltica.
Sebastio Armando Gameleira Soares
Caixa Postal 27
53001-970 Olinda - PE