Manual de Oslo - Inovação
Manual de Oslo - Inovação
Manual de Oslo - Inovação
Manual de Oslo
DIRETRIZES PARA COLETA E INTERPRETAÇÃO
DE DADOS SOBRE INOVAÇÃO
Terceira edição
© Copyright OECD, 1997 . A OECD não é responsável pela qualidade
da tradução em português e sua conformidade com o texto original.
Presidente da FINEP
Odilon Marcuzzo do Canto
Diretores
Carlos Alberto Aragão Carvalho
Eliane de Britto Bahruth
Fernando de Nielander Ribeiro
Produção: A R TI / FINEP
Manual de Oslo
DIRETRIZES PARA COLETA E INTERPRETAÇÃO
Terceira edição
Os membros da OECD são: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, República Tcheca, Dinamarca,
Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Coréia,
Luxemburgo, México, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portugal, República
Eslovaca, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. A Comissão das
Comunidades Européias participa do trabalho da OECD.
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
1. Introdução
3. Escopo do Manual
3.1. Amplitude setorial
3.2. Inovação no âmbito da empresa
3.3. Tipos de inovação
3.4. Difusão e grau de novidade
7. Observação final
1. Introdução
2. Economia da Inovação
3. Uma estrutura de mensuração
1. Introdução
2. Inovação
7. A empresa inovadora
1. A abordagem
2. As unidades
2.1. A unidade estatística primária
2.2. A unidade estatística secundária
5. Outras classificações
5.1. Tipo de instituição
5.2. Outros
1. Introdução
2. Difusão intra-fronteiras
2.1. Tipos de interações
2.2. Coleta de dados sobre as interações no processo de inovação
2.3. Outros indicadores de interação
3. Difusão extra-fronteiras
4. Gestão do conhecimento
1. Introdução
2. Os componentes e a cobertura das atividades de inovação
2.1. Pesquisa e desenvolvimento experimental
2.2. Atividades para as inovações de produto e processo
2.3. Atividades para as inovações de marketing e organizacionais
2.4. Design
2.5. O limite entre as atividades de inovação baseadas e não baseadas na P&D
2.6. O desenvolvimento e o uso de softwares em atividades de inovação
3. A coleta de dados sobre as atividades de inovação
3.1. Dados qualitativos sobre a atividade de inovação
3.2. Dados quantitativos sobre a atividade de inovação
3.3. Outras questões de mensuração
3.4. Classificação por tipo de gasto
3.5. Classificação por fontes de financiamento
3.6. A abordagem sujeito versus a abordagem objeto
C APÍTULO 7 OBJETIVOS, OBSTÁCULOS E RESULTADOS DA INOVAÇÃO
1. Introdução
1. Introdução
2. Populações
2.1. A população-alvo
2.2. A população de inferência
ACRÔNIMOS
do Manual de Oslo, apostando na utilidade de seu conteúdo para que as em-
presas e instituições brasileiras possam usufruir seus conceitos, adotá-los, dis-
cuti-los ou utilizá-los como referência para suas iniciativas de inovação
tecnológica em prol do desenvolvimento do País.
É também uma novidade desta edição o esforço em tratar a dimensão
sistêmica da inovação, em um capítulo centrado nas interações relativas à ino-
vação. Lições retiradas de outras pesquisas também foram incorporadas com o
objetivo de refinar conceitos existentes e questões metodológicas, tais como a
mensuração dos insumos e resultados da inovação, e também a melhoria dos
métodos de coleta de dados.
A inovação ocorre também em países fora da região da OCDE : um número
crescente de países na América Latina, leste da Europa, Ásia e África iniciaram
a realização de pesquisas baseadas no Manual de Oslo. Embora o desenho des-
sas pesquisas tenha visado normalmente estar de acordo com os padrões do
Manual de Oslo, muitas delas adaptaram sua metodologia para considerar as
necessidades específicas dos usuários e as características dos sistemas estatísti-
cos nesses países com diferentes cenários econômicos e sociais. Adaptações na-
cionais foram desenvolvidas por país e seguiram diferentes abordagens. Por
exemplo, aceita-se amplamente que a difusão e as mudanças incrementais da
inovação respondem por grande parcela da inovação em países fora da OCDE .
Utilizando essas experiências ricas e diversas, adicionou-se um anexo a esta
edição do Manual de Oslo, que incorpora algumas lições aprendidas e oferece
um guia para novas pesquisas sobre inovação em países fora da OCDE .
O Manual de Oslo, desenvolvido conjuntamente pelo Eurostat e a OCDE ,
constitui parte de uma família de manuais dedicada à mensuração e interpreta-
ção de dados relacionados a ciência, tecnologia e inovação. Esse material com-
preende manuais, diretrizes e guias sobre P&D (Manual Frascati), indicadores
de globalização, patentes, a sociedade da informação, recursos humanos em
C&T (Manual Canberra) e estatísticas de biotecnologia.
Preparada com o patrocínio da OCDE e da Comissão Européia (Eurostat),
esta terceira edição do Manual de Oslo é o resultado de um processo
colaborativo de três anos que envolveu o Grupo de Trabalho de Especialistas
Nacionais da OCDE em Indicadores de Ciência e Tecnologia (OECD Working
Party of National Experts on Science and Technology Indicators – NESTI) e o
Grupo de Trabalho do Eurostat em Estatísticas de Ciência e Tecnologia
(Eurostat Working Party on Science, Technology and Innovation Statistics –
WPSTI ) assim como vários outros especialistas externos. Este Manual oferece
diretrizes para a coleta e a interpretação de dados sobre inovação de maneira
internacionalmente comparável. Chegar a um consenso significou algumas vezes
Manual de Oslo
assumir compromissos e concordar com convenções. Assim como outras
diretrizes do tipo, há limitações conhecidas, mas cada edição do Manual de
Oslo constitui um passo a mais em direção a nosso entendimento sobre o pro-
cesso de inovação. Ainda que esse aprendizado contínuo e incremental incor-
pore as lições de estudos anteriores, o Manual é também uma ferramenta am-
biciosa na qual experimentos e testes são usados para desafiar as fronteiras do
que é entendido por inovação.
Muitas pessoas merecem um agradecimento pela valiosa contribuição. Um
agradecimento especial é dedicado aos especialistas do Canadá, França, Ale-
manha, Itália, Japão, Países Baixos, Noruega e Reino Unido, que realizaram o
trabalho em seis núcleos principais que examinaram uma grande variedade de
tópicos e expressaram recomendações importantes para a revisão. A revisão
do Manual de Oslo foi assumida por Peter Mortensen e Carter Bloch do Centro
Dinamarquês para Estudos em Pesquisa e Políticas de Pesquisa, sob o comando
da OCDE e do Eurostat. O anexo sobre pesquisas de inovação em países desen-
volvidos foi realizado pelo Instituto para Estatísticas da UNESCO, baseado em
uma proposta e um documento da Rede Iberoamericana de Indicadores de
Ciência e Tecnologia (Red Iberoamericana de Indicadores de Ciencia y
Tecnologia – RICYT ) e seguiu um amplo processo de consulta a vários especia-
listas nacionais.
Nobuo Tanaka
Diretor para Ciência, Tecnologia e Indústria, OCDE
Michel Glaude
Diretor, Diretório F (Estatísticas Sociais e Sociedade da Informação), Eurostat
Fred Gault
Presidente do NESTI ; Diretor, Divisão de Ciência, Tecnologia,
Inovação e Informação Eletrônica, Estatísticas Canadá
14 Manual de Oslo
Manual de Oslo
OBJETIVOS E ESCOPO DO MANUAL
1
1. Introdução
do processo de inovação, assim como para cobrir um conjunto maior de indústrias. A
publicação aprimorou as diretrizes para desenvolver indicadores de inovação internaci-
onalmente comparáveis para os países da OCDE e discutiu os problemas analíticos e de
políticas para os quais os indicadores são relevantes.
6 Desde 1992, o número de países que realizaram pesquisas sobre inovação cres-
ceu muito: países da UE , outros países da OCDE como Canadá, Austrália, Nova
Zelândia e Japão, e um grande número de economias fora da OCDE , entre as quais
vários países latino-americanos, Rússia e África do Sul.
7 Esta terceira edição do Manual conta com uma vasta quantidade de dados e
com a experiência resultante dessas pesquisas. Ela expande a estrutura de
mensuração da inovação em três importantes sentidos. Primeiro, há uma maior
ênfase no papel das interações com outras empresas e instituições no processo de
inovação. Além disso, a importância de inovação é reconhecida em indústrias me-
nos intensivas em P&D, como os serviços e a indústria de transformação de baixa
tecnologia. Esta edição modifica alguns aspectos da estrutura (tais como definições
e atividades relevantes) para melhor acomodar o setor de serviços. Finalmente, a
definição de inovação é expandida para incluir dois outros tipos de inovações: inova-
ção organizacional e inovação de marketing. Outra novidade do Manual é um anexo
sobre as pesquisas de inovação em países fora da OCDE e reflete o fato de que um
número crescente desses países conduz atualmente pesquisas sobre inovação.
Manual de Oslo
9 Ainda que a segunda edição do Manual tenha incluído os serviços, seu foco
principal foram as indústrias de transformação. Todavia, a inovação em setores
voltados para serviços difere substancialmente da inovação em muitos setores de
transformação. A inovação em serviços é organizada de forma menos formal, possui
natureza mais incremental e é menos tecnológica. Para o estabelecimento de uma
estrutura que acomoda melhor esse amplo conjunto de indústrias, esta edição modi-
fica diversas definições, termos e conceitos.
1
Esses estudos incluem discussões sobre mudanças de marketing (a pesquisa CIS3, o Japanese National Innovation Survey 2003,
entre outros). Ademais, o Intangible Assests Survey 2004 na França incluiu todos os quatros tipos de inovação (isto é, de marketing,
organizacional, de produto e de processo) assim como várias outras discussões em práticas de marketing. A pesquisa CIS4, em
curso no momento de publicação do Manual, também incluiu todos os quatro tipos de inovação.
Manual de Oslo
17 Os objetivos e o escopo das pesquisas sobre inovação podem diferir no que diz
respeito aos aspectos da inovação a serem tratados e ao nível de detalhe. Além
disso, no tratamento expandido da inovação de produto e de processo, incluindo as
inovações organizacionais e de marketing, as pesquisas podem adotar uma entre
várias abordagens. Por exemplo, eles podem tratar todos os tipos de inovação, compre-
endendo as inovações organizacionais e de marketing em alguma medida, mas ainda
mantendo as inovações de produto e processo como os elementos centrais, ou podem
focar exclusivamente nas inovações de produto e de processo. O Manual oferece dire-
trizes que podem ser utilizadas para todos os tipos de abordagens. Ademais, pode-se
tratar um ou mais tipos de inovação com maior detalhe em pesquisas especiais.
O Manual começa com uma discussão geral dos pontos que provavelmente têm
algum efeito na escolha de indicadores (Capítulo 2):
– uma compreensão conceitual adequada da estrutura e das características do
processo de inovação e suas implicações para a formulação de políticas;
– os problemas-chave não resolvidos que dados adicionais poderiam esclarecer.
Manual de Oslo
2.1. O que é mensurável?
29 O Manual visa a coleta de dados sobre inovação no âmbito da firma. Ele não
trata de mudanças amplas na indústria ou na economia, entre as quais a emer-
gência de um mercado novo, o desenvolvimento de uma nova fonte de matérias-
primas ou de bens semimanufaturados, ou a reorganização da indústria. Contudo, é
possível em alguns casos estimar mudanças mais abrangentes na indústria e na
economia, tais como a emergência de um novo mercado ou a reorganização da
indústria, por meio da agregação de dados de firmas individuais.
2
Earl (2003) é um exemplo de trabalho pioneiro nessa área.
Manual de Oslo
afetar os resultados, pois as subsidiárias das corporações multinacionais podem estar
organizadas de maneiras diferentes, ou uma multinacional pode introduzir certa
inovação país por país, mercado por mercado ou simultaneamente no grupo todo.
35 Uma mudança é a remoção da palavra “tecnológica” das definições, visto que a
palavra evoca a possibilidade de que muitas empresas do setor de serviços inter-
pretem “tecnológica” como “usuária de plantas e equipamentos de alta tecnologia”, e
assim não seja aplicável a muitas de suas inovações de produtos e processos.
38 Há duas razões principais para o uso do termo “nova para a firma” como o
requisito mínimo de uma inovação. Inicialmente, a adoção de inovações é
importante para o sistema de inovação em seu conjunto. Ela envolve um fluxo de
conhecimentos por parte das firmas que adotam a inovação. Aliás, o processo de
aprendizado na adoção de uma inovação pode levar a desenvolvimentos posteriores
na inovação e ao desenvolvimento de novos produtos, processos e outras inova-
ções. Ressalte-se ainda que o principal impacto da inovação na atividade econômica
provém da difusão de inovações iniciais por outras empresas. A difusão é apreendida
pelo tratamento das inovações que são originais para a empresa.
39 Note-se que o Manual não cobre a difusão de uma nova tecnologia para outras
divisões ou partes da empresa após sua adoção inicial ou comercialização.5 Por
5
Uma exceção seria uma pesquisa no âmbito dos estabelecimentos*, que poderia coletar dados da primeira introdução de uma
inovação em cada estabelecimento.
* O estabelecimento é definido como uma unidade produtiva de uma empresa. Uma planta industrial pode ter um ou mais
estabelecimentos. (N.T.)
Manual de Oslo
exemplo, a primeira implementação de uma nova tecnologia de produção em
uma de cinco fábricas pertencentes a uma mesma empresa é contada como inova-
ção, mas a implementação da mesma tecnologia nas demais quatro fábricas daquela
empresa não é.
43 As despesas são mensuradas com base na soma desses três tipos de atividades ao
longo de um determinado período de tempo (ver Capítulo 6). Uma alternativa
seria coletar informações sobre as despesas totais em atividades relacionadas a
inovações individuais. As empresas consideraram difícil relatar todo um conjunto
de dados, qualquer que seja a abordagem utilizada, ainda que seja um conjunto de
dados essenciais para os propósitos econômicos e de análises de políticas. Espera-
se que, com exercícios sucessivos, as empresas interpretem isso como de seu inte-
resse para orçar suas atividades de inovação.
Manual de Oslo
elas podem ter implementado um novo produto ou processo, ou um novo método
de marketing, ou ainda uma mudança organizacional.
5. Algumas questões de pesquisa
Manual de Oslo
de inovação nas unidades menores, a população-alvo deve inserir, no mínimo, todas as
unidades estatísticas com pelo menos dez empregados. No caso de pesquisas com
amostras, a composição da amostra deve se aproximar ao máximo da população-alvo.
59 Dados sobre P&D são coletados por pesquisas nacionais em conformidade com
as diretrizes dadas pelo Manual Frascati (OCDE, 2002). Esses dados mostraram-
se válidos em vários estudos: por exemplo, os efeitos da P&D na produtividade foram
estimados por técnicas econométricas, tanto para países como para setores e empresas.
Tais dados têm duas limitações principais. A primeira é o fato de que a P&D seja um
insumo. Embora isso evidentemente se relacione a mudanças técnicas, elas não são
medidas pela P&D. A segunda é que a P&D não abarca todos os esforços das empresas e
governos nessa área porquanto existem outras formas de mudanças técnicas, como o
aprendizado pela prática, que não são tratadas por essa definição restrita.
Ao mesmo tempo, ela revela os detalhes da invenção como um meio de permitir seu
uso social mais amplo. Estatísticas de patentes são cada vez mais utilizadas como
indicadores do resultado das atividades de pesquisa. O número de patentes concedi-
das a uma dada empresa ou país pode refletir seu dinamismo tecnológico; exames
sobre o crescimento das classes de patentes podem fornecer alguma indicação acerca
da direção da mudança tecnológica. Em contrapartida, os problemas referentes ao
uso de patentes como indicadores de inovação são bem conhecidos. Muitas inova-
ções não são patenteadas, enquanto algumas são protegidas por patentes múltiplas;
muitas patentes não possuem valor tecnológico ou econômico, e outras possuem
valores muito elevados (ver o Patent Manual, OCDE , 1994).
61 Essas duas famílias básicas de estatísticas são complementadas por várias outras:
estatísticas sobre publicações científicas (bibliométricas), publicações em jor-
nais técnicos e de comércio (“LBIO ” ou indicadores de resultados de inovação baseados
em publicações, recursos humanos capacitados, balanço de pagamentos tecnológico,
indicadores da globalização e indicadores de atividade em setores de alta tecnologia
(investimentos, emprego, comércio internacional). Ademais, algumas informações
sobre inovação e atividades inovadoras podem ser obtidas indiretamente por várias
outras fontes, como as pesquisas sobre negócios ou estatísticas de educação.
Manual de Oslo
Box 1.2 Manuais e outras diretrizes para a mensuração
das atividades científicas e tecnológicas
das Nações Unidas (NU ) são utilizadas ao máximo, notadamente o Sistema de Con-
tas Nacionais (System of National Accounts) – SCN ( CCE et al., 1994), a Classificação
Industrial Internacional Padrão (International Standard Industrial Classification) –
ISIC Rev 3.1 (NU , 2002) e, como este é um Manual conjunto da OCDE e do Eurostat,
os padrões europeus correspondentes, sobretudo a Classificação Estatística de Ativi-
dades Econômicas na Comunidade Européia (Statistical Classification of Economic
Activities in the European Community) – NACE Rev. 1.1 – série 2E.
66 Tecnologias da informação e da comunicação abarcam tanto hardware como
software. Acredita-se que seu desenvolvimento e difusão tiveram grande im-
pacto sobre o padrão de produção e o emprego em um amplo conjunto de indústrias.
No caso de hardware pode ser interessante saber não apenas quando uma empresa
introduziu um equipamento de TIC novo ou melhorado, mas também a proporção
de TIC em seu estoque total de equipamentos, inclusive compras subseqüentes de
máquinas do mesmo modelo. Mapear o desenvolvimento, a produção, a adaptação e
o uso de softwares é uma tarefa ainda mais complexa, uma vez que essas atividades
são executadas por toda a economia. As pesquisas dedicam-se aos usos da TIC e às
atividades de P&D realizadas pelas empresas que desenvolvem produtos de TIC.
6
Ver Foray e Gault (2003). Ademais, uma pesquisa piloto do Eurostat sobre gerenciamento do conhecimento será realizada
em 2006 .
7
Por exemplo, a pesquisa CIS3 na França, o J-NIS 2003 no Japão e o 2003 Innovation Survey na Austrália.
Manual de Oslo
7. Observação final
Manual de Oslo
TEORIAS DA INOVAÇÃO E
NECESSIDADES DE MENSURAÇÃO
2
1. Introdução
análise empírica dos dados refina nosso entendimento sobre a inovação, as avalia-
ções de políticas e a formação de novas iniciativas de políticas.
2. Economia da Inovação
Manual de Oslo
mercadológica para o inovador. No caso de inovações de processo que aumentam a
produtividade, a empresa adquire uma vantagem de custo sobre seus competidores
permitindo uma margem sobre custos mais elevado para o preço de mercado preva-
lecente ou, dependendo da elasticidade da demanda, o uso de uma combinação de
preço menor e margem sobre custos maior em relação a seus competidores, para
ganhar fatias de mercado e aumentar os lucros. No caso da inovação de produto, a
empresa pode ganhar uma vantagem competitiva por meio da introdução de um
novo produto, o que lhe confere a possibilidade de maior demanda e maiores mar-
gem sobre custos.
todos os benefícios gerados pela inovação realizada, o que diminui o incentivo a
investir nesse tipo de atividade. Assim, a capacidade de proteger inovações terá uma
importante influência na atividade inovadora.
Manual de Oslo
integração organizacional pode funcionar particularmente bem em indústrias ca-
racterizadas por mudanças incrementais em conhecimentos e em tecnologias. Uma
forma de organização mais livre e flexível, que permite aos trabalhadores maior
autonomia para tomar decisões e definir suas responsabilidades, pode ser mais efe-
tiva na geração de inovações mais radicais.
conhecimento e de tecnologia, pois as empresas adotantes aprendem e constróem
novos conhecimentos e tecnologias. Teorias da difusão (por exemplo, Hall, 2005)
estão centradas nos fatores que afetam as decisões das empresas sobre a adoção de
novas tecnologias, no acesso das empresas a novos conhecimentos e na sua capaci-
dade de absorção.
Manual de Oslo
exemplo, a demanda de mercado e as oportunidades de comercialização influenciam
quais produtos devem ser desenvolvidos e quais são as tecnologias bem-sucedidas.
100 A figura 2.1 apresenta essa estrutura da perspectiva da empresa, o alvo das pes-
quisas sobre inovação. Outros modelos sobre o processo de inovação, como o
modelo chain-link de Kline e Rosemberg (Kline & Rosemberg, 1986) ou o dínamo da
inovação (OCDE /Eurostat, 1997), oferecem uma visão teórica útil para os processos
de inovação mas são menos adaptados para guiar o delineamento de pesquisas de
inovação. A estrutura utilizada no Manual representa, pois, uma integração de visões
de várias teorias da inovação baseadas na empresa com as abordagens que assumem
a inovação como um sistema. As principais características dessa estrutura são:
– a inovação na empresa;
– as interações com outras empresas e instituições de pesquisa;
– a estrutura institucional nas quais as empresas operam;
– o papel da demanda.
A empresa
Inovações Inovações
de produto de processo
Inovações de Inovações
marketing organizacionais
Políticas de
inovação
Educação e sistema
Outras empresas público de pesquisa
Demanda
Manual de Oslo
101 As inovações nas empresas referem-se a mudanças planejadas nas suas atividades
com o intuito de melhorar seu desempenho. A partir da discussão da teoria da
inovação acima, o conceito de inovação utilizado no Manual refere-se a mudanças
caracterizadas pelos seguintes aspectos:
a) a inovação está associada à incerteza sobre os resultados das atividades inovado-
ras. Não se sabe de antemão qual será o resultado das atividades de inovação,
por exemplo se a P&D vai resultar no desenvolvimento bem-sucedido de um
produto comercializável ou qual é a quantidade necessária de tempo e de re-
cursos para implementar um novo processo de produção, marketing ou méto-
do de produção, ou o quão bem-sucedidas essas atividades serão;
b) a inovação envolve investimento. O investimento relevante pode incluir a aqui-
sição de ativos fixos ou intangíveis assim como outras atividades (tais como o
pagamento de salários ou as compras de materiais ou de serviços) que podem
render retornos potenciais no futuro;
c) a inovação é o substrato dos transbordamentos. Os benefícios da inovação cria-
dora são raramente apropriados por completo pela empresa inventora. As em-
presas que inovam por meio da adoção de uma inovação podem beneficiar-se
dos transbordamentos de conhecimentos ou do uso da inovação original. Para
algumas atividades de inovação os custos da imitação são substancialmente
menores que os custos de desenvolvimento, por isso deve-se exigir um meca-
nismo efetivo de apropriação, que ofereça um incentivo a inovar;
d) a inovação requer a utilização de conhecimento novo ou um novo uso ou combina-
ção para o conhecimento existente. O conhecimento novo pode ser gerado pela
empresa inovadora no curso de suas atividades (isto é, pela P&D intramuros)
ou adquirido externamente de vários canais (por exemplo, pela compra de
uma nova tecnologia). O uso de conhecimento novo ou a combinação do co-
nhecimento existente requer esforços inovadores que podem ser distinguidos
das rotinas padronizadas;
e) a inovação visa melhorar o desempenho de uma empresa com o ganho de uma
vantagem competitiva (ou simplesmente a manutenção da competitividade)
por meio da mudança da curva de demanda de seus produtos (por exemplo,
aumentando a qualidade dos produtos, oferecendo novos produtos ou con-
quistando novos mercados ou grupos de consumidores), ou de sua curva de
custos (por exemplo, reduzindo custos unitários de produção, compras, distri-
buição ou transação), ou pelo aprimoramento da capacidade de inovação da
empresa (por exemplo, aumentando sua capacidade para desenvolver novos
produtos ou processos ou para ganhar e criar novos conhecimentos);
102 Há duas opções principais para a empresa que deseja mudar seus produtos,
capacitações ou sistemas de produção, marketing e organização. A empresa
pode investir em atividades de criação para desenvolver inovações internamente –
sozinha ou em parceria com outras empresas – ou pode adotar inovações desenvol-
vidas por outras empresas ou instituições como parte de um processo de difusão.
Essas duas possibilidades oferecem incontáveis combinações, como a empresa ado-
tar uma inovação organizacional desenvolvida por outra e ajustá-la para operar de
acordo com suas próprias rotinas, ou a empresa adaptar uma nova tecnologia de
fabricação para sua linha de produção, ou mesmo introduzir um novo componente,
obtido de um fornecedor, em um produto de consumo. Ambas, criação e adoção de
inovações, podem envolver o aprendizado intensivo, a interação com outros atores
ou interações externas mínimas.
Manual de Oslo
iv) a empresa pode comprar informações técnicas, pagando taxas ou royalties por
invenções patenteadas (que normalmente exigem trabalho de pesquisa e de-
senvolvimento para adaptar e modificar a invenção de acordo com suas própri-
as necessidades), ou comprar experiência e know-how por meio de engenharia,
design ou outros serviços de consultoria;
v) as habilidades humanas podem ser desenvolvidas (por meio de treinamento
interno) ou compradas (pela contratação); o aprendizado tácito e informal –
“learning by doing” – pode também estar incluído;
vi) a empresa pode investir em equipamentos, softwares ou insumos interme-
diários que incorporam o trabalho inovador de outros;
vii) ela pode reorganizar os sistemas de gerenciamento e todas as suas atividades
de negócios;
viii) ela pode desenvolver novos métodos de marketing e vender seus produtos e
serviços.
104 Todas essas atividades de inovação têm como objetivo final a melhoria do de-
sempenho da empresa. Elas podem ter o objetivo de desenvolver e implementar
novos produtos e processos, novos métodos de promoção e vendas dos produtos e/ou
mudanças nas práticas e na estrutura organizacional da empresa.
de relações próximas com os consumidores, assim como assuntos como o
tamanho e a facilidade de acesso;
– estrutura industrial e ambiente competitivo, incluindo a existência de empresas
fornecedoras em setores complementares.
106 Processos de inovação diferem muito de setor para setor em termos de desenvol-
vimento, taxa de mudança tecnológica, interações e acesso ao conhecimento,
assim como em termos de estruturas organizacionais e fatores institucionais (por
exemplo, Malerba, 2005). Alguns setores são caracterizados por rápidas mudanças e
inovações radicais, outros por mudanças menores e incrementais.
107 Em setores de alta tecnologia, a atividade de P&D possui um papel central entre
as atividades de inovação, enquanto outros setores fiam-se em maior grau na
adoção de conhecimento e de tecnologia. Diferenças na atividade de inovação entre
setores (por exemplo, se as inovações são principalmente incrementais ou radicais)
também posicionam diferentes demandas na estrutura organizacional das empre-
sas, e fatores institucionais como regulações e direitos de propriedade intelectual
podem variar bastante no tocante a seu papel e importância. É essencial considerar
essas diferenças para o delineamento de políticas. Elas são também importantes para
a mensuração, quando são coletados dados que permitem a análise entre setores e
regiões e quando se assegura que uma estrutura de mensuração é aplicável a um
amplo conjunto de indústrias.
Manual de Oslo
110 Um elemento fundamental acerca dos serviços é o fato de que a distinção entre
produtos e processos é com freqüência obscura, com produção e consumo
ocorrendo simultaneamente. O desenvolvimento de processos pode ser mais infor-
mal para serviços do que para bens, com uma fase inicial consistindo de pesquisa,
união de idéias e de avaliação comercial, seguida pela implementação.
112 A inovação nas indústrias de baixa e média tecnologia (BMT s) recebem freqüen-
temente menos atenção do que a inovação em indústrias de alta tecnologia.
Entretanto, a inovação em BMT s pode ter um impacto substancial no crescimento
econômico, devido ao peso desses setores na economia.
113 BMT s são geralmente caracterizadas pela inovação incremental e pela adoção.
Dessa forma, as atividades de inovação são geralmente centradas na eficiência
da produção, na diferenciação de produto e no marketing (Von Tunzelmann & Acha,
2005). Um importante aspecto da inovação nessas indústrias é o fato de ela ser mais
complexa do que a simples adoção de novas tecnologias. Em muitos casos, as ativida-
des de inovação em BMTs envolvem a incorporação de produtos e de conhecimentos
de alta tecnologia. Exemplos proeminentes são o uso de TIC e de biotecnologia
(por exemplo, no processamento de alimentos) no desenvolvimento de novos
produtos e processos de produção. O uso e a aplicabilidade de tecnologias avançadas
pelas BMT s podem estabelecer novas demandas para as capacitações de sua força de
trabalho e podem afetar sua estrutura organizacional e suas interações com outras
empresas e instituições públicas de pesquisa.
115 O financiamento pode ser um fator determinante para a inovação em PME s,
que não raro carecem de fundos próprios para conduzir projetos de inovação e
enfrentam muito mais dificuldades para obter financiamento externo do que as
empresas maiores. As pesquisas podem fornecer mais dados sobre o grau em que as
restrições financeiras afetam a capacidade de inovar das PME s.
116 A noção de que fatores regionais podem influenciar a capacidade inovadora das
empresas levou a um interesse crescente na análise da inovação no âmbito
regional. Diferenças regionais nos níveis de atividade de inovação podem ser subs-
tanciais, e identificar as principais características e fatores que promovem a ativi-
dade de inovação e o desenvolvimento de setores específicos no âmbito regional
pode auxiliar o entendimento dos processos de inovação e ser válido para a elabo-
ração de políticas.
4.5. Globalização
Manual de Oslo
120 O processo de globalização é também uma força poderosa para a inovação. A
competição internacional força as empresas a aumentar sua eficiência e desen-
volver novos produtos. A globalização pode também mudar a estrutura industrial
das economias, impelindo-as a desenvolver novas indústrias e a adaptar suas estru-
turas institucionais.
123 Há também uma série de limitações para os tipos de dados que podem ser
obtidos por pesquisas sobre inovação. Primeiro, as análises geralmente vão
exigir dados econômicos adicionais sobre a empresa, de modo que os dados de pes-
quisas sobre inovação precisem freqüentemente ser combinados com outras fontes
de informação.
124 Ademais, a inovação é um processo contínuo, e portanto difícil de ser mensurado,
particularmente para empresas cujas atividades de inovação são caracterizadas
sobretudo por mudanças pequenas e incrementais em oposição a projetos isolados e
bem definidos para a implementação de mudanças significativas. As inovações são
definidas no Manual como mudanças significativas, com o intuito de distingui-las de
rotinas e mudanças menores. Todavia, é importante reconhecer que uma inovação
pode também consistir em uma série de pequenas mudanças incrementais.
125 Outra limitação reside no fato de que a informação sobre os gastos com inova-
ção não está normalmente especificada na contabilidade das empresas, tornan-
do difícil seu cálculo. Ainda que isso não impeça a mensuração das despesas com
inovação, tais dificuldades devem ser consideradas tanto no delineamento de uma
pesquisa quanto na sua análise subseqüente.
126 Ressalte-se ainda que é difícil para as pesquisas a captura do tempo das atividades
de inovação, sua implementação e seu impacto. As despesas com atividades de
inovação devem render retornos potenciais no futuro. Os resultados dessas atividades,
do desenvolvimento e da implementação das inovações aos melhoramentos na
capacidade inovadora e aos impactos sobre o desempenho, são pouco observáveis
durante o período de análise.
127 Finalmente, as pesquisas sobre inovação não estão aptas a fornecer informação
sobre o ambiente institucional geral, como o sistema educacional, o mercado
de trabalho e os sistemas financeiros, mas sobre como esses fatores institucionais são
percebidos pelas empresas respondentes.
Manual de Oslo
de inovação na empresa. A empresa aprende com o desenvolvimento e a implemen-
tação de inovações, com a conquista de insumos valiosos a partir das interações e da
atividade de marketing, e com a melhoria de sua capacidade inovadora através de
mudanças organizacionais.
131 As pesquisas sobre inovação podem fornecer dados para serem usados em aná-
lises de mudança tecnológica e de crescimento da produtividade, baseados no
rastreamento dos fluxos de conhecimentos novos e de tecnologias de uma indústria
para outra. Um exemplo é o uso das TCI s em uma ampla variedade de produtos.
Como as empresas incorporam conhecimentos novos e inovações que foram desen-
volvidas em outro lugar? E qual é o peso relativo da difusão, comparada com a
inovação criadora?
que estão disponíveis para as empresas. Esses mecanismos abrangem dados sobre
fontes de informação, fluxos de conhecimento e de tecnologia, parcerias colaborativas
e sobre barreiras à inovação decorrentes da falta de informação, por exemplo a res-
peito de tecnologias ou mercados.
137 Várias políticas de apoio à inovação seriam beneficiadas pela identificação das
principais forças que orientam a atividade de inovação nas empresas. Essas
forças podem estar relacionadas com mercados, voltadas para a crescente qualidade
e eficiência, ou podem envolver a adaptação da organização das empresas para me-
lhor ajuste a suas necessidades. Informações sobre os objetivos da inovação são pron-
tamente obtidas por meio de pesquisas sobre inovação.
5.6. Demanda
Manual de Oslo
processos de produção e abastecimento com o objetivo de reduzir custos e preços.
Em muitos casos, eles são também o principal condutor da inovação. As empresas
muitas vezes despendem recursos substanciais para pesquisar a demanda e podem
adotar medidas de marketing para influenciar ou criar a demanda para seus produ-
tos. Fatores de mercado determinam o sucesso comercial de tecnologias e produ-
tos específicos e afetam a trajetória de mudança tecnológica. Eles também deter-
minam se as empresas inovam ou não. Se as empresas não acreditam que haja
demanda suficiente para novos produtos em seu mercado, elas podem decidir não
inovar ou adiar suas atividades de inovação.
5.7. Outros
5.7.2. Leis e regulações
142 Leis e regulações são parte da estrutura na qual as empresas operam. Regulações
e padrões bem delineados podem fornecer um forte indício para sustentar e
guiar atividades inovadoras. Eles afetam o acesso à informação, direitos de proprie-
dade, encargos tributários e administrativos (em particular para empresas peque-
nas) e padrões ambientais. Todos são importantes para políticas de inovação, mas as
necessidades de políticas podem variar muito de setor para setor.
143 Por exemplo, políticas que reduzem barreiras administrativas para PME s po-
dem ter um efeito significativo na atividade de inovação em empresas menores.
Direitos de propriedade claros são também vitais para a melhoria dos incentivos a
inovar em algumas indústrias. As pesquisas sobre inovação podem oferecer dados
sobre esses temas por meio de questões a respeito dos obstáculos à inovação e dos
métodos de apropriação usados pelas empresas inovadoras.
Manual de Oslo
DEFINIÇÕES BÁSICAS
3
1. Introdução
144 Com base nos conceitos apresentados no Capítulo 2, este capítulo visa fornecer
definições concisas para os tipos de inovação, atividades de inovação e empresas
inovadoras.8 Dada a complexidade do processo de inovação e as variações com que a
inovação ocorre nas empresas, foi necessário adotar convenções com o objetivo de
fornecer definições operacionais que pudessem ser usadas em pesquisas padroniza-
das sobre empresas.
2. Inovação
147 Essa definição abrangente de uma inovação compreende um amplo conjunto
de inovações possíveis. Uma inovação pode ser mais estreitamente categorizada
em virtude da implementação de um ou mais tipos de inovação, por exemplo inova-
ções de produto e de processo. Essa definição mais estreita de inovações de produto
e de processo pode ser relacionada à definição de inovação de produto e de processo
usada na segunda edição do Manual de Oslo.
148 O requisito mínimo para se definir uma inovação é que o produto, o processo,
o método de marketing ou organizacional sejam novos (ou significativamente
melhorados) para a empresa. Isso inclui produtos, processos e métodos que as empre-
sas são as pioneiras a desenvolver e aqueles que foram adotados de outras empresas
ou organizações.
150 Um aspecto geral de uma inovação é que ela deve ter sido implementada. Um
produto novo ou melhorado é implementado quando introduzido no mercado.
Novos processos, métodos de marketing e métodos organizacionais são implementados
quando eles são efetivamente utilizados nas operações das empresas.
151 A natureza das atividades de inovação varia muito de empresa para empresa.
Algumas empresas inserem-se em projetos de inovação bem definidos, como o
desenvolvimento e a introdução de um novo produto, enquanto outras realizam pri-
mordialmente melhoramentos contínuos em seus produtos, processos e operações.
Empresas de ambos os tipos podem ser inovadoras: uma inovação pode consistir na
implementação de uma única mudança significativa, ou em uma série de pequenas
mudanças incrementais que podem, juntas, constituir uma mudança significativa.
152 Uma empresa inovadora é aquela que implementou uma inovação durante o
período de análise.
153 A definição geral de uma empresa inovadora pode não ser apropriada para todas
as necessidades de políticas e de pesquisa. Definições mais estreitas podem ser
Manual de Oslo
úteis em vários casos (ver seções 7 e 8 deste capítulo), particularmente para comparar
a inovação entre setores, tamanhos das empresas ou países. Um exemplo de uma
definição mais estreita é a de um inovador de produto ou processo.
158 Novos produtos são bens ou serviços que diferem significativamente em suas
características ou usos previstos dos produtos previamente produzidos pela
empresa. Os primeiros microprocessadores e câmeras digitais foram exemplos de
novos produtos usando novas tecnologias. O primeiro tocador de MP 3 portátil, que
combinou padrões de softwares existentes com a tecnologia de disco rígido minia-
turizado, foi uma nova combinação de tecnologias existentes.
159 O desenvolvimento de um novo uso para um produto com apenas algumas
pequenas modificações para suas especificações técnicas é uma inovação de
produto. Um exemplo é a introdução de um novo detergente com uma composição
química que já tinha sido previamente utilizada como um insumo apenas para a
produção de revestimentos.
160 Melhoramentos significativos para produtos existentes podem ocorrer por meio
de mudanças em materiais, componentes e outras características que aprimo-
ram seu desempenho. A introdução dos freios ABS , dos sistemas de navegação GPS
(Global Positioning System), ou outras melhorias em subsistemas de automóveis são
exemplos de inovações de produto baseadas em mudanças parciais ou na adição de
um subsistema em vários subsistemas técnicos integrados. O uso de tecidos respiráveis
em vestuário é um exemplo de uma inovação de produto que utiliza novos materi-
ais, capazes de melhorar o desempenho do produto.
9
Uma atualização de rotina envolve mudanças em um bem ou serviço menores do que as esperadas e planejadas inicialmente.
O desenvolvimento da atualização é também baseado em atividades de rotinas bem-estabelecidas. Por exemplo, adquire-se um
software antivírus com a expectativa de que se façam freqüentes atualizações para cobrir o aparecimento novos vírus. Uma cadeia
de hotéis constrói novos hotéis com a expectativa de que o mobiliário, as lâmpadas e os acessórios de banheiro sejam renovados
regularmente, mesmo que isso ocorra em ciclos de dez ou vinte anos.
Manual de Oslo
164 As inovações de processo podem visar reduzir custos de produção ou de distri-
buição, melhorar a qualidade, ou ainda produzir ou distribuir produtos novos ou
significativamente melhorados.
170 Inovações de marketing são voltadas para melhor atender as necessidades dos
consumidores, abrindo novos mercados, ou reposicionando o produto de uma
empresa no mercado, com o objetivo de aumentar as vendas.
171 A característica distintiva de uma inovação de marketing comparada com ou-
tras mudanças nos instrumentos de marketing de uma empresa é a imple-
mentação de um método de marketing que não tenha sido utilizado previamente
pela empresa. Isso deve fazer parte de um novo conceito ou estratégia de marketing
que representa um distanciamento substancial dos métodos de marketing existentes
na empresa. O novo método de marketing pode ser desenvolvido pela empresa inova-
dora ou adotado de outras empresas ou organizações. Novos métodos de marketing
podem ser implementados para produtos novos ou já existentes.
Manual de Oslo
novos conceitos para promover produtos ou serviços de uma empresa. Por exemplo,
o primeiro uso de um meio de comunicação ou de uma técnica substancialmente
diferente – como o posicionamento de produtos em filmes ou programas de televi-
são, ou o uso de endossos de celebridades – é uma inovação de marketing. Outro
exemplo refere-se ao estabelecimento da marca, como o desenvolvimento e a intro-
dução de um símbolo fundamentalmente novo para uma marca (diferente de atua-
lizações regulares na aparência da marca) que visa posicionar o produto de uma
empresa em um novo mercado ou dar-lhe uma nova imagem. Pode também ser
considerada uma inovação de marketing a introdução de um sistema de informação
personalizado, obtido por exemplo com cartões de fidelidade, para adaptar a apre-
sentação dos produtos às necessidades específicas dos consumidores individuais.
estimulando a satisfação no local de trabalho (e assim a produtividade do trabalho),
ganhando acesso a ativos não transacionáveis (como o conhecimento externo não
codificado) ou reduzindo os custos de suprimentos.
Manual de Oslo
é a introdução de sistemas de produção build-to-order (vendas integradas à produção)
ou a integração da engenharia e do desenvolvimento com a produção.
182 Novos métodos organizacionais nas relações externas de uma empresa compre-
endem a implementação de novos meios para organizar as relações com outras
firmas ou instituições públicas, tais como o estabelecimento de novos tipos de cola-
borações com organizações de pesquisa ou consumidores, novos métodos de
integração com fornecedores e o uso de outsourcing ou a introdução da subcontratação
das atividades de negócios na produção, no aprovisionamento, na distribuição, no
recrutamento e em serviços auxiliares.
184 Fusões ou aquisições de outras firmas não são consideradas inovações orga-
nizacionais, mesmo se uma firma se unir a outras ou adquiri-las pela primeira
vez. Fusões e aquisições podem envolver inovações organizacionais, porém, se a
firma desenvolver ou adotar novos métodos organizacionais no curso da fusão ou da
aquisição.
186 A coleta de dados sobre diferentes características encontradas em vários tipos de
inovação raramente irá criar problemas para interpretação e, de fato, melhorará
normalmente a qualidade dos resultados. Por exemplo, uma empresa que introduz
um novo produto que também requer o desenvolvimento de um novo processo é
claramente uma inovadora tanto de produto como de processo. O mesmo é válido
para uma empresa que introduz um novo método de marketing para comercializar
um novo produto, ou uma empresa que adota pela primeira vez um novo método
organizacional no curso da introdução de uma nova tecnologia de processo.
187 Com relação aos bens, a distinção entre produtos e processos é clara. Para os
serviços, porém, ela pode ser menos evidente pois a produção, a distribuição e o
consumo de muitos serviços podem ocorrer ao mesmo tempo. Algumas diretrizes
diferenciadoras são:
– se a inovação envolve características novas ou substancialmente melhoradas
do serviço oferecido aos consumidores, trate-se de uma inovação de produto;
– se a inovação envolve métodos, equipamentos e/ou habilidades para o desem-
penho do serviço novos ou substancialmente melhorados, então é uma inova-
ção de processo;
– se a inovação envolve melhorias substanciais nas características do serviço ofe-
recido e nos métodos, equipamentos e/ou habilidades usados para seu desem-
penho, ela é uma inovação tanto de produto como de processo.
Em muitos casos, uma inovação de serviço pode ser apenas de um tipo. Por exemplo,
as empresas podem oferecer um novo serviço ou novas características de um serviço
sem mudar substancialmente o método pelo qual ele é oferecido. Do mesmo modo,
melhoramentos significativos em processos, por exemplo a redução de custos de
distribuição, podem não fazer qualquer diferença para as características do serviço
vendido aos consumidores.
Manual de Oslo
no design de um produto existente é uma inovação de marketing mas não uma
inovação de produto, à medida que as características funcionais ou de uso do produto
não mudaram significativamente. Roupas produzidas com novos tecidos e melhor
desempenho (respiráveis, a prova d’água, etc.), por exemplo, são inovações de pro-
duto, mas a introdução de um novo formato para roupas voltadas para um novo
grupo de consumidores ou para dar ao produto um alto grau de exclusividade (e assim
permitir um maior mark-up comparado à versão prévia do produto), é uma inovação
de marketing.
191 Essa distinção pode depender da natureza dos negócios da empresa. Um exem-
plo é a inovação referente a vendas pela internet. Para uma empresa que produz
e vende bens, a primeira introdução do comércio eletrônico é uma inovação de
marketing no posicionamento do produto. As empresas que estão em negócios de
comércio eletrônico (por exemplo, empresas de “leilão”, provedores de web sites que
permitem que outras empresas anunciem ou vendam seus produtos, empresas que
organizam a venda de bilhetes de viagem etc.) estão oferecendo “serviços de vendas”.
Para essas empresas, uma mudança significativa nas características ou nas capacida-
des de seu web site é uma inovação de produto (serviço).
4.4. A distinção entre inovações de processo e de marketing
Manual de Oslo
significativamente melhorados que visam reduzir custos unitários ou au-
mentar a qualidade do produto, trata-se de uma inovação de processo;
– se a inovação compreende o primeiro uso de novos métodos organizacionais
nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações
externas da empresa, ela é uma inovação organizacional;
– se a inovação implica em métodos de produção ou de abastecimento novos
ou significativamente melhorados, tem-se uma inovação de processo e
organizacional.
197 Casos de fronteira podem surgir para inovações que envolvem a introdução de
métodos de marketing e organizacionais. Como se observou anteriormente, se
uma inovação possui características dos dois tipos, ela é uma inovação tanto de marketing
quanto organizacional. Contudo, inovações organizacionais que envolvem ativida-
des de vendas (por exemplo, a integração dos departamentos de vendas com outros
departamentos), mas não envolvem a introdução de novos métodos de marketing,
não são inovações de marketing.
198 A interrupção de uma atividade não é uma inovação, mesmo que resulte em
melhor desempenho para a empresa. Por exemplo, não há inovação quando
um produtor de televisores pára de produzir e vender um aparelho que combina
televisão e tocador de DVD , ou quando uma incorporadora imobiliária ou uma
empresa de construção pára de construir determinados tipos de condomínios. Da
mesma forma, interromper o uso de determinado método de marketing ou organiza-
cional não é uma inovação.
5.3. Mudanças resultantes puramente de alterações de preços
5.4. Personalização
201 As empresas que produzem sob encomenda fazem itens únicos e freqüente-
mente complexos, de acordo com os pedidos dos consumidores. A menos
que esse item exclusivo apresente atributos significativamente diferentes em relação
aos produtos que a empresa produzia anteriormente, não se trata de uma inovação
de produto.
202 Vale notar que isso diz respeito a mudanças nos produtos resultantes da
personalização e não à implementação da produção personalizada em si. Por
exemplo, a integração das operações de produção, vendas e distribuição é uma
inovação organizacional.
Manual de Oslo
transporte e de armazenamento). A comercialização de produtos novos ou melho-
rados não é em geral uma inovação de produto para o atacadista, o varejista ou a
empresa de transporte e de armazenamento. Porém, se essa empresa começa a lidar
com uma nova linha de bens (isto é, tipos de bens que a empresa não vendia anteri-
ormente) então essa atividade é considerada uma inovação de produto, pois a em-
presa passa a oferecer um novo serviço.
205 Por definição, todas as inovações devem conter algum grau de novidade. Três
conceitos para a novidade das inovações são discutidos abaixo: nova para a
empresa, nova para o mercado, e nova para o mundo.
207 Como já foi observado, o requisito mínimo para se considerar uma inovação é
que a mudança introduzida tenha sido nova para a empresa. Um método de
produção, processamento e marketing ou um método organizacional pode já ter sido
implementado por outras empresas, mas se ele é novo para a empresa (ou se é o caso
de produtos e processos significativamente melhorados), então trata-se de uma ino-
vação para essa empresa.10
208 Os conceitos de nova para o mercado e nova para o mundo dizem respeito ao fato
de determinada inovação ter sido ou não implementada por outras empresas,
ou de a empresa ter sido a primeira no mercado ou na indústria ou no mundo a
implementar tal inovação. As empresas pioneiras na implementação de inovações
podem ser consideradas condutoras do processo de inovação. Muitas idéias novas e
conhecimentos originam-se dessas empresas, mas o impacto econômico das inova-
ções vai depender da adoção das inovações por outras empresas. Informações sobre o
grau de novidade podem ser usadas para identificar os agentes que desenvolvem e
adotam as inovações, para examinar padrões de difusão, e para identificar líderes de
mercados e seguidores.
10
A empresa aqui referida é a unidade estatística na qual os dados são coletados, que em geral é o grupo empresarial. Novo para
a empresa significa, portanto, novo para a unidade estatística em análise.
209 As inovações são novas para o mercado quando a empresa é a primeira a intro-
duzir a inovação em seu mercado. O mercado é definido como a empresa e seus
concorrentes e ele pode incluir uma região geográfica ou uma linha de produto. O
escopo geográfico para o que é novo para o mercado está sujeito, pois, à própria visão
da empresa sobre seu mercado de operação e pode incluir empresas domésticas ou
internacionais.
210 Uma inovação é nova para o mundo quando a empresa é a primeira a introduzir
a inovação em todos os mercados e indústrias, domésticos ou internacionais.
Assim, uma inovação nova para o mundo implica em um grau de novidade qualita-
tivamente maior do que uma inovação nova somente para o mercado. Embora várias
pesquisas possam afirmar que questões sobre a novidade para o mercado sejam
suficientes para examinar o grau de novidade das inovações, considerar o fato de a
inovação ser nova para o mundo oferece uma opção para as pesquisas que desejam
examinar o grau de novidade com maior detalhe.
7. A empresa inovadora
212 A condição de inovadora de uma empresa pode ser definida de várias formas. A
definição básica de uma empresa inovadora (ver Seção 2) é a empresa que
implementou ao menos uma inovação. Uma empresa inovadora de produto ou de
processo é definida como uma empresa que implementou uma inovação de produto
ou de processo.
213 Outras formas de classificação de uma empresa inovadora são possíveis, depen-
dendo das necessidades de políticas ou de pesquisa. Elas podem ser usadas para
especificar o percentual de empresas (por classes de tamanho, setor, país ou outro
fator) que introduzem cada um dos quatro tipos de inovação, ou a parcela de empresas
Manual de Oslo
que implementaram combinações de inovações, tais como inovações de produto e
de marketing ou inovações de processo e organizacionais. A classificação por con-
dição inovadora pode também incluir outras informações como, por exemplo,
sobre a entidade que desenvolve a inovação, que podem ser usadas para identificar
empresas que apenas adotam inovações de produto e de processo desenvolvidas por
outras empresas.
215 Uma empresa ativamente inovadora é aquela que realizou atividades de inova-
ção durante o período de análise, incluindo as atividades em processo e abandona-
das. Em outras palavras, empresas que tiveram atividades de inovação no período
analisado, independentemente de sua atividade ter resultado na implementação de
uma inovação, são empresas ativamente inovadoras.
218 As diretrizes apresentadas aqui e nos capítulos subseqüentes sumarizam várias
opções para a coleta de dados. Evidentemente, não é possível abordar todos os
tópicos e subtópicos em uma pesquisa sobre inovação, e as pesquisas devem selecionar
as questões consideradas mais relevantes. Um conjunto limitado de tópicos eleitos
como particularmente importantes para pesquisas sobre inovação é recomendado
em negrito.
219 Dados sobre cada tipo de inovação podem ser coletados por meio de uma
única questão ou por meio de uma série de subquestões em subgrupos separa-
dos para cada tipo de inovação. Esta última sugestão resultará em informações mais
detalhadas sobre as inovações de cada empresa. Maiores detalhes sobre os tipos de
inovação implementados pelas empresas seriam muito úteis para a análise e inter-
pretação de dados.
221 Restrições de tamanho tornam as questões separadas sobre cada fator suple-
mentar para cada tipo de inovação algo problemático. Assim, os Capítulos 6 e 7
apresentam opções para as questões suplementares: referindo-se aos quatro tipos
de inovação combinados, centrando-se nas inovações de produto e processo, ou
direcionando as questões para tipos individuais de inovação. O Capítulo 5 oferece
diretrizes para conduzir as questões sobre as interações em direção aos quatro
tipos (sejam combinados ou separados) ou a um subconjunto de tipos, tais como
as inovações de produto e de processo. O Capítulo 6 separa as atividades de inova-
ção de produto e de processo das atividades de marketing e organizacionais. O
Capítulo 7 lista os objetivos, os fatores impeditivos e outros indicadores para cada
tipo de inovação individualmente. Essas listas podem ser igualmente úteis para as
questões que focalizam apenas um subconjunto de inovações, ou os subconjuntos
que cobrem todos os tipos de inovação, ou ainda os que cobrem tipos de inovação de
forma individual.
Manual de Oslo
222 As inovações que abrangem mais de um tipo, tais com as que incluem um
componente de processo e um organizacional, podem exercer um papel crescen-
temente importante na competitividade da empresa em seus ganhos de produtivida-
de. Por exemplo, uma reestruturação das operações de produção poderia envolver
inovações de processo, organizacionais e de marketing; inovações de marketing e
organizacionais poderiam ser implementadas visando tirar melhor proveito de uma
inovação de produto.
223 Uma opção é incluir questões sobre a conexão entre os diferentes tipos de
inovação. Especialmente interessante é a ligação entre as inovações organiza-
cionais e de processo, ainda que as conexões entre os outros tipos, como inovações
de produto e de marketing ou as inovações de produto e de processo, também possam
ser de grande interesse.
226 Recomenda-se que as pesquisas sobre inovação investiguem se alguma ino-
vação de produto introduzida durante o período de observação foi nova
para o mercado. As pesquisas sobre inovação podem também coletar dados sobre
as inovações de processo que foram novas para o mercado. Uma outra opção é
perguntar se essas inovações foram novas para o mundo.
Manual de Oslo
CLASSIFICAÇÕES INSTITUCIONAIS
4
1. A abordagem
2. As unidades
11
Elas não são as mesmas se, por exemplo, um questionário é enviado para uma empresa (unidade investigada), mas os dados
referem-se individualmente a cada divisão da empresa (unidades de observação).
230 A unidade estatística deve ser a mais uniforme possível para todos os países.
Esse objetivo pode, porém, ser de difícil alcance na prática. Isso porque as estru-
turas legais diferem de país para país. As definições para as unidades, como a empresa,
podem também variar entre os países. Outra razão é a interação da unidade estatística
com a unidade de observação ou com a unidade investigada. Se a unidade investigada
ou de observação é maior que a unidade estatística, pode haver problemas de distri-
buição dos dados no interior das unidades estatísticas apropriadas.
232 Embora as duas definições sejam muito similares, uma diferença central é o
fato de que um grupo de empresas não é considerado uma empresa pela defini-
ção da UE (visto que esse grupo não configura a menor combinação de unidades
legais constituintes de uma unidade organizacional), ao passo que um grupo de
empresas ainda se ajusta à definição de empresa da ISIC. As características comuns
são a presença de um certo grau de autonomia na tomada de decisões e o fato de a
empresa ter contas financeiras completas.
12
Regulação do Conselho (CEE ) N o 696/93 de março de 1993 sobre as unidades estatísticas para a observação e análise
do sistema de produção na Comunidade, OJ No L 76, p.1, seção III/A do anexo.
Manual de Oslo
2.1. A unidade estatística primária
235 Alguns casos requerem maiores esclarecimentos. Esses casos incluem: i) gru-
pos de empresas; ii) grandes empresas que podem ter várias áreas de atividade e
iii) empresas e grupos multinacionais.
236 Um grupo de empresas é a associação de empresas unidas por laços legais e/ou
financeiros. Para os grupos de empresas, a questão de se os dados sobre inova-
ção devem ser compilados no âmbito do grupo ou para cada empresa individual-
mente depende da esfera em que as decisões sobre as atividades de inovação são
tomadas. Se cada unidade empresarial possui autonomia de decisões sobre a inova-
ção, é preferível coletar e compilar dados no âmbito da empresa e não do grupo.
13
Isto é, “...a menor combinação de unidades legais que constitui uma unidade organizacional...”. ISIC Rev 3.1 § 49: “Nesses
casos, para propósitos estatísticos não é apropriado nem necessário considerar cada entidade legal como uma unidade
institucional separada.”
237 As grandes empresas podem realizar várias atividades produtivas diferentes.
Para as empresas maiores, a tomada de decisões sobre a atividade de inovação
provavelmente não será realizada no mais alto nível da organização, mas em cada
atividade produtiva ou divisão. Nesse caso, pode ser preferível, quando possível, coletar
e compilar os dados para a unidade por tipo de atividade (UTA), definida como “uma
empresa ou parte de uma empresa engajada em um tipo de atividade econômica sem
que ela esteja restrita a uma área geográfica em que essa atividade é realizada”.14 Isso
significa que a UTA pode consistir em uma ou mais unidades legais, ou em uma
parte de uma unidade legal.
238 As empresas multinacionais (EMs) colocam vários desafios pois muitas ativi-
dades podem ocorrer através das fronteiras nacionais. Por exemplo, as atividades
de inovação em EM s podem ser realizadas conjuntamente por unidades de mais de
um país, e muitas atividades podem ser segmentadas, com o desenvolvimento de
atividades em um país e a produção e as vendas em outro. Visto que as pesquisas
sobre inovações são pesquisas nacionais, os dados serão restritos à(s) unidade(s)
doméstica(s) da EM . Todavia, pode ser muito útil a obtenção da maior quantidade
possível de informações sobre as conexões entre as atividades de inovação das unida-
des domésticas e as de unidades estrangeiras. Sugerem-se as seguintes diretrizes para
o tratamento das EM s:
– a parcela doméstica da EM representa a unidade estatística a ser incluída, inde-
pendentemente da localização da matriz. Pode-se coletar dados que informem
se as unidades de observação são parte de EM s (ver abaixo);
– as unidades estrangeiras de uma EM devem ser observadas como entidades
separadas (e não como parte da unidade estatística, embora pertencentes ao
mesmo grupo de empresas):
– as atividades conjuntas de inovação entre as unidades domésticas e as unida-
des estrangeiras da EM devem ser consideradas como inovação cooperativa
entre duas empresas de um mesmo grupo. As trocas de informações ou
compras de conhecimento e tecnologia devem também ser tratadas como
transferências entre duas empresas separadas;
– as atividades de P&D conduzidas no exterior ou outros conhecimentos no-
vos e tecnologias adquiridos do mercado externo (e incluídos na contabili-
dade da unidade doméstica da EM ) devem ser classificados como “P&D
Extramuros” e “Aquisição de conhecimento externo”, respectivamente (ver
Capítulo 6);
14
Regulação do Conselho ( CEE ) No 696/93 de 15 de março de 1993, OJ No L76 de 3 de março e ISIC Rev. 3 § 91.
Manual de Oslo
– Para as questões acerca das entidades que desenvolvem uma inovação, a
categoria “outras empresas” pode ser segmentada para aquelas que são parte
de uma EM ou de um grupo de empresas, e para todas as outras empresas.
– As inovações desenvolvidas por unidades estrangeiras de uma EM e adotadas
pelas unidades domésticas são inovações consideradas novas para a empresa.
– As inovações desenvolvidas por unidades estrangeiras mas não adotadas pe-
las unidades domésticas de uma EM não devem ser incluídas.
240 Com base nas discussões acima, recomenda-se que sejam coletados dados
sobre a condição institucional da unidade de observação:
– se a unidade de observação é parte de uma empresa ou grupo de empresas e,
neste caso, sua função: por exemplo, matriz, centro de pesquisa, centro admi-
nistrativo, marketing;
– se a unidade de observação é parte de uma empresa multinacional e, neste caso,
sua função e onde se localiza a matriz.
241 Em algumas instâncias, pode ser interessante a coleta de dados em uma esfera
organizacional menor do que a empresa. Isso pode dar-se, por exemplo, para a
compilação de estatísticas regionais ou para empregar uma abordagem em dois ní-
veis na coleta de dados.
242 Nesses casos, uma unidade estatística secundária apropriada é a unidade esta-
belecimento, que pode ser definida (segundo a ISIC Rev. 3.1) como: “uma
empresa ou parte de uma empresa, situada em apenas um local, e na qual somente
uma atividade produtiva (não auxiliar) é desenvolvida ou na qual a atividade produ-
tiva principal responde pela maior parte do valor adicionado.” Uma alternativa é a
unidade local definida pela UE.15 A unidade estatística secundária pode ser útil para
empresas maiores que possuem operações em mais de uma região.
245 Deve-se tomar cuidado na agregação dos resultados dos estabelecimentos para
a esfera empresarial. Por exemplo, a introdução de uma tecnologia nova pode
ser uma inovação para um estabelecimento mas não para a empresa se ela já tiver
sido usada em outra parte da empresa.
15 Segundo a definição da UE : “A unidade local é uma empresa ou parte de uma empresa (por exemplo, uma oficina, uma fábrica,
um armazém, um escritório, um centro ou um depósito) situada em determinado local da empresa. Nesse local, ou a partir dele,
a atividade econômica é realizada – salvo em algumas exceções – por um ou mais trabalhadores (ainda que em jornadas parciais)
para a própria empresa.” (Regulação do Conselho [CEE ]No 696/93 de 15 de março de 1993, OJ No L76 de 3 de março de 1993).
16Para uma discussão detalhada do problema da unidade local como unidade estatística em pesquisas sobre inovação, ver
Eurostat (1996), particularmente a parte B.
Manual de Oslo
3. Classificação por atividade econômica principal
246 As unidades estatísticas das pesquisas sobre inovação podem ser categorizadas
segundo diferentes classificações. A classificação mais importante é a atividade
econômica principal da unidade estatística (“indústria”). A Classificação Industrial
Internacional Padrão (ISIC Rev. 3.1) e a classificação estatística das atividades econô-
micas na Comunidade Européia (NACE Rev. 1.1)17 são classificações internacionais
apropriadas para esse propósito. Os países que utilizam um sistema nacional de
classificação industrial em vez da ISIC Rev. 3.1 devem usar tabelas de compatibilização
para converter seus dados classificados por indústria para a ISIC Rev. 3.1.
247 O critério de classificação das unidades estatísticas por atividade principal deve
ser determinado pela “classe ISIC (NACE) em que se inclui a atividade princi-
pal, ou o conjunto de atividades, da unidade” (UN, 2002, ISIC Rev. 3.1, § 79). A
atividade principal é a classe ISIC que responde pela maior parte do valor adicionado
da empresa proveniente de seus bens e serviços. Não sendo possível proceder dessa
forma, a atividade principal pode ser determinada seja sobre a base do resultado
bruto dos bens vendidos ou dos serviços oferecidos em cada classe ISIC, pelo valor
das vendas, seja pelo emprego (NU, 2002, ISIC Rev. 3.1, § 80).
249 Para as pesquisas sobre inovação, o tamanho orienta outra classificação essencial
das unidades estatísticas. Embora diferentes unidades possam ser usadas para
definir o tamanho de uma unidade estatística em pesquisas sobre inovação, reco-
menda-se que o tamanho seja medido com base no número de empregados. Essa
recomendação está de acordo com propostas similares de outros manuais da família
Frascati. Dados os requisitos de estratificação em pesquisas amostrais (ver Capítulo 8),
e dado que outras atividades além da P&D são amplamente desempenhadas por
unidades pequenas e médias, recomenda-se que as classes de tamanho incluam
17
As revisões da Classificação Industrial Internacional Padrão (ISIC Rev. 4) e da Classificação Estatística de Atividades Econô-
micas na Comunidade Européia (NACE Rev. 2) deverão ser completadas em 2007. As classificações industriais devem ser modi-
ficadas de acordo com a implementação dessas revisões.
Tabela 4.1 Classificação industrial proposta para pesquisas sobre inovação
no setor privado, baseada na ISIC Rev 3.1 e na NACE Rev. 1.1
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO 15 a 37 15 a 37
Alimentos e bebidas 15 15
Tabaco 16 16
Têxteis 17 17
Vestuário e confecções com peles 18 18
Couro e calçados 19 19
Madeira e cortiça (não mobiliário) 20 20
Pasta de papel, papel e produtos de papel 21 21
Edição, impressão e reprodução de gravações 22 22
Coque, refino de petróleo e combustível nuclear 23 23
Fabricação de produtos químicos 24 24
Produtos químicos exceto farmacêuticos 24, exceto 2423 24, exceto 24.4
Farmacêuticos 2423 24.4
Produtos de borracha e plástico 25 25
Minerais não-metálicos 26 26
Metais básicos 27 27
Metais básicos, ferrosos 271 + 2731 27.1 a 27.3 + 27+51/52
Metais básicos não ferrosos 272 + 2732 27.4 + 27.53/54
Fabricação de produtos de metal (exceto máquinas
e equipamentos) 28 28
18
Máquinas n.e.c. 29 29
Fabricação de máquinas para escritório e
equipamentos de informática 30 30
Máquinas elétricas 31 31
Equipamentos eletrônicos (rádio, TV e comunicações) 32 32
Componentes eletrônicos (inclusive semicondutores) 321 32.1
Equipamentos de televisão, rádio e comunicação 32, exceto 321 32, exceto 32.1
Instrumentos médicos, de precisão e óticos, equipamentos
para automação industrial, cronômetros e relógios 33 33
Veículos automotores 34 34
18
n.e.c = não especificados ou classificados.
Manual de Oslo
Tabela 4.1 Classificação industrial proposta para pesquisas sobre inovação
no setor privado, baseada na ISIC Rev 3.1 e na NACE Rev. 1.1 (cont.)
* Apenas empresas no setor privado devem ser incluídas, segundo o Manual Frascati, §§ 163 – 168. Para esse grupo NACE/ISIC (73), dados sobre
o campo de produtos devem também ser coletados, de acordo com o Manual Frascati, § 272.
empresas menores. Para se manter a comparabilidade internacional e ao mesmo
tempo flexibilizar o número das classes de tamanho, recomendam-se as seguintes
classes de tamanho, no mínimo:
Classificação das unidades estatísticas para pesquisas sobre inovação por tamanho
Número de empregados:
10 – 49
50 – 249
250 e mais
Segmentações mais detalhadas por classe de tamanho podem também ser usadas, como
por exemplo uma classe de tamanho para empresas com menos de dez empregados. É
importante que as classes de tamanho mais detalhadas sejam consistentes com os
grupos acima. Uma proposta seria:
Classificação das unidades estatísticas para pesquisas sobre inovação por tamanho –
detalhada:
0
1-9
10-49
50-99
100-249
250-499
500-999
1.000-4.999
5.000 e mais.
5. Outras classificações
250 Uma classificação adicional das unidades estatísticas para pesquisas sobre inova-
ção tem como critério o tipo de instituição. Essa segmentação parece particular-
mente importante quando a unidades estatística é a empresa e em virtude do aumento
da internacionalização das atividades de inovação. Considerando-se esses pontos, e
propostas similares do Manual Frascati e do Handbook on Economic Globalisation
Indicators, recomenda-se que quando a empresa é a unidade estatística em pesqui-
sas sobre inovação, a classificação deve ser a seguinte:
Manual de Oslo
Classificação das unidades estatísticas para pesquisas sobre inovação por tipos de ins-
tituição
– Empresa privada:
a) nacional (sem filiais controladas 19 (FC ) no exterior);
b) multinacional, que pode ser de três tipos:
– filiais controladas pelo exterior 20 (FC s) (a filial não controla nenhuma outra
filial no exterior);
– filiais controladas pelo exterior com FC s (matrizes domésticas sob controle
estrangeiro);
– matrizes com FC s no exterior (matrizes não submetidas a controle externo);
– empresa pública (Manual Frascati, § 180), “corporações e quase corporações
não financeiras residentes que são alvo de controle de unidades governa-
mentais, sendo o controle sobre a corporação definido como a capacidade de
determinar políticas corporativas gerais pela escolha dos diretores apropria-
dos, se necessário”.
5.2. Outros
251 Muitos outros tipos de classificações de unidades estatísticas podem ser usados
em pesquisas sobre inovação para propósitos analíticos. Eles incluem:
Características gerais da empresa:
– forma das atividades, com as categorias: capital-intensiva/ trabalho-intensiva/
conhecimento-intensiva;
– tipos de bens produzidos, com as categorias: bens de consumo/ bens interme-
diários/ bens de investimento;
– intensidade exportadora: as exportações da empresa como uma razão da receita
de vendas/faturamento; 21
– localização geográfica.
Indicadores de inovação:
– intensidade de inovação ou de P&D: a razão entre as despesas com inovação (ou
com P&D) e o faturamento;
– cooperação com outras empresas/instituições públicas.
19
Uma empresa controlada é aquela que é direta ou indiretamente controlada pela empresa matriz. Ver OCDE (2005).
20
O controle é definido pela OCDE (2005) como a posse de mais de 50% da propriedade ou o controle de mais de 50% das ações
votantes.
21
O faturamento ou receita de vendas é a quantidade total de dinheiro que a empresa ganhou a partir das vendas de todos os
seus produtos durante um certo período de tempo.
Manual de Oslo
INTERAÇÕES NO PROCESSO DE INOVAÇÃO
5
1. Introdução
22
Doravante, o termo empresa deve ser entendido como a unidade estatística primária.
254 As interações podem depender da natureza da empresa e de seu mercado
(Dierkes, 2003). Por exemplo, as atividades de inovação de uma empresa que
opera em um setor estável e maduro serão conduzidas pelo valor de suas vendas e
pelo custo de seus insumos. Sob tais circunstâncias, a empresa pode centrar-se na
inovação incremental e suas principais interações podem ocorrer com fornecedores
e com os sinais de mercado dos consumidores. Em um ambiente mais volátil, a
empresa pode precisar introduzir rapidamente novos produtos, buscar novos merca-
dos, e introduzir novas tecnologias, métodos de produção e métodos organizacionais.
A empresa pode desenvolver múltiplas interações para obter novas informações, co-
nhecimentos, tecnologias, práticas de produção e recursos humanos e financeiros. Em
qualquer caso, as informações sobre as interações mostram como a empresa responde
a seu ambiente de negócios.
256 Uma interação pode ser interna ou externa a uma unidade, dependendo de como
a unidade é definida (ver Capítulo 4). Mesmo que as unidades de negócios sejam
formalmente organizadas como empresas separadas, elas podem pertencer a um mes-
mo grupo de empresas. As unidades podem fazer parte de empresas multinacionais
de tal modo que as interações dentro da empresa ultrapassem as fronteiras nacionais.
As empresas que pertencem a cadeias de marketing (por exemplo, em vestuário) ou a
cadeias de valor altamente integradas podem considerar as interações com as outras
empresas da cadeia como sendo mais internas do que externas.
Manual de Oslo
257 O influxo de conhecimentos e de tecnologias é um aspecto do que se denomina
freqüentemente como difusão. A difusão também envolve efluxos da empresa
inovadora. A difusão extrafronteiras é relevante para identificar os efeitos econômicos
da inovação e para estabelecer os contornos de uma rede de comunicação de empre-
sas. Com interações muito intensas, a difusão extrafronteiras é influenciada pelos
transbordamentos de conhecimento e pelos métodos usados pelas empresas para
proteger sua propriedade intelectual.
258 As questões sobre a entidade que desenvolve tecnologia são igualmente relaci-
onadas com as interações. Essas questões estabelecem se as inovações são prin-
cipalmente desenvolvidas pelas próprias empresas ou em cooperação com outras
empresas e instituições públicas de pesquisa, ou se as inovações são primordialmen-
te desenvolvidas fora da empresa.
261 Três tópicos adicionais relevantes para as interações são tratados no Capítulo 4.
Vários fatores que dificultam a atividade de inovação envolvem as interações,
tais como o acesso a informação e as oportunidades de cooperação. A seção sobre os
objetivos e os efeitos da inovação aborda os melhoramentos na captura e no uso dos
conhecimentos. As empresas podem usar diferentes métodos de proteção para contro-
lar o fluxo de conhecimentos para outras empresas. Eles são relevantes para alguns
tipos de interações de alta intensidade.
2. Difusão intrafronteiras
não, a partir de sua primeira implementação em direção a outros países e regiões, e
a outros mercados e empresas. O processo de difusão em geral envolve mais do que
a mera adoção de conhecimentos e de tecnologias, pois as empresas que adotam a
inovação aprendem e desenvolvem o conhecimento e a tecnologia novos. Por meio
do processo de difusão, as inovações podem mudar e fornecer respostas para o inova-
dor original.
266 O conhecimento codificado pode assumir várias formas, tais como artigos pu-
blicados, padrões, metrologia (métodos de mensuração de itens como fluxos
Manual de Oslo
de líquidos ou gás, tempo, poluentes químicos, etc.), conhecimentos adquiridos de
redes, relacionamento de mercado com fornecedores, ou feiras de comércio.
não é considerada cooperação. A cooperação difere das fontes de informação abertas e
da aquisição de conhecimentos e de tecnologia no sentido de que todos os intervenientes
assumem um papel ativo no trabalho.
273 Pode haver inovação cooperativa ao longo das cadeias de fornecimento, com o
envolvimento de consumidores e de fornecedores no desenvolvimento con-
junto de novos produtos, processos ou outras inovações. O nível de interação nas
cadeias de fornecimento (isto é, se as interações envolvem cooperação, ou trocas de
informação a distância ou compras de tecnologia) pode depender do tipo de conhe-
cimento e de tecnologia. Por exemplo, no desenvolvimento de produto, se a tecnologia
não é modular, a inovação ao longo da cadeia de fornecimento deve ser coordenada
de perto, pois mudanças na configuração tecnológica de uma parte do produto
devem considerar mudanças em outras partes. Se as tecnologias envolvidas são com-
pletamente modulares, os montadores do produto final podem lidar com os forne-
cedores de componentes de materiais, etc. em uma base à distância, na qual a interação
consista sobretudo em compras de equipamentos ou de serviços que incorporam o
novo conhecimento. As trocas de informações tecnológicas e de negócios acompa-
nham naturalmente o comércio de bens e serviços. As informações sobre as necessi-
dades dos consumidores e suas experiências sobre os produtos de um fornecedor
assumem um papel-chave na inovação.
Manual de Oslo
275 Embora o foco deste capítulo repouse sobre as interações externas, o forneci-
mento interno de informação é também importante. A identificação de quais
partes da empresa (por exemplo, P&D, marketing, distribuição) são fontes importan-
tes de informação para as atividades de inovação, oferece esclarecimentos sobre como
se dá o fluxo de conhecimentos dentro da empresa.
276 As fontes potenciais para os três tipos de interações são similares, ainda que
algumas sejam relevantes somente como fontes abertas de conhecimento e de
tecnologia. A Tabela 5.1 mostra as fontes para os três tipos de interações e indica para
quais tipos cada fonte é relevante. Incluem-se fontes internas, outras empresas, ins-
tituições de pesquisa públicas e sem fins lucrativos, e diversas fontes de informações
gerais. A definição de várias fontes deve ser adaptada para a terminologia específica
de cada país para se identificar claramente os laboratórios comerciais, os institutos
de pesquisa governamentais e os institutos privados sem fins lucrativos.
278 Recomenda-se que os dados sejam coletados para os três tipos de interações,
conforme a lista de fontes apresentada. Para o uso em pesquisas sobre inova-
ção, esses tipos de interações podem ser definidos como:
– fontes abertas de informação: informações disponíveis que não exigem a compra
de tecnologia ou de direitos de propriedade intelectual, ou interação com a fonte;
– aquisição de conhecimentos e tecnologia: compras de conhecimento externo e/ou
conhecimentos e tecnologias incorporados em bens de capital (máquinas, equipa-
mentos, softwares) e serviços, que não envolvem interação com a fonte;
– inovação cooperativa: cooperação ativa com outras empresas ou instituições pú-
blicas de pesquisa para atividades de inovação (que podem incluir compras de
conhecimento e de tecnologia).
Tabela 5.1 Fontes para transferências de conhecimento e tecnologia
Manual de Oslo
e onerosas e, dada a similaridade das questões, podem ser muito cansativas para as
empresas que as respondem. Os parágrafos abaixo discutem diversos aspectos relevan-
tes e algumas opções para a cobertura desses tópicos em pesquisas sobre inovação.
282 As questões sobre as interações podem usar uma escala binária (isto é, sim/
não) ou uma escala ordinal, perguntar às empresas se elas usaram a fonte e,
nesse caso, qual é sua importância. Uma escala ordinal é útil para identificar as
fontes mais importantes (ver a discussão de escalas binárias e ordinais no Capítulo
8). Entretanto, o uso da escala ordinal pode também limitar as opções para formu-
lação das questões sobre as interações.
285 Para melhor interpretar os resultados sobre as interações, pode haver questões
sobre a condição da empresa como parte de um grupo empresarial e sobre sua
posição na cadeia de valor.
287 Uma opção quando se formulam questões sobre as interações para pesquisas
sobre inovação é incluir uma questão combinada que indaga se as fontes são
relevantes como provedoras de informação, de compras de conhecimentos e
tecnologia, ou como parceiras cooperativas. Isso permite incluir três tipos de
interação e elimina a repetição. Para tal opção, é praticável apenas a utilização de
uma escala binária (sim/não). A questão poderia referir-se à inovação de produto
e processo ou a todos os tipos de inovação. Entretanto, restringir a questão para
inovações de produto e processo (em oposição a combinar todos os tipos de inova-
ção) ajudaria no momento de interpretar os dados. Questões suplementares poderiam
investigar se as empresas tiveram interações (por exemplo, parcerias cooperativas
ou fontes de informação sem especificação de tipos) em cada tipo de inovação.
Uma questão adicional pode indagar sobre a localização geográfica das interações
da empresa.
288 Uma segunda opção, que tem sido usada em diversas pesquisas sobre inovação,
é incluir duas questões separadas sobre as interações, uma sobre as fontes de
informação e sua importância relativa, outra sobre os parceiros de cooperação, sua
importância relativa e sua localização. Ao utilizar essa opção, é importante distin-
guir as fontes de informação, de um lado, e os parceiros de cooperação, de outro lado
(por exemplo, na ausência de diretrizes, qualquer parceiro de cooperação será tam-
bém considerado uma fonte aberta de informação). As vantagens dessa abordagem
incluem a possibilidade de indagar sobre a importância relativa da cada fonte e sobre
a localização geográfica dos parceiros cooperativos. As desvantagens incluem o fato
de que a aquisição de conhecimentos e de tecnologia não é coberta (além das informa-
ções obtidas de questões sobre a atividade de inovação) bem como uma considerável
Manual de Oslo
repetição nas duas questões. Como na opção anterior, as questões podem referir-se à
inovação de produto e de processo ou a todos os tipos de inovação, e as mesmas ques-
tões suplementares podem ser feitas.
289 Uma terceira opção seria incluir duas questões separadas sobre as interações, uma
sobre as fontes de informação e outra sobre os parceiros de cooperação, tal como
sugerido acima. Porém, ao invés de se perguntar sobre a importância relativa das interações,
as questões poderiam explorar (utilizando uma escala binária) quais são os tipos de
inovação (isto é, de produto, de processo, de marketing ou organizacional) envolvidos em
cada interação. A principal vantagem dessa opção é que ela permite a obtenção de infor-
mações mais detalhadas sobre o tipo de inovação referente a cada interação.
290 Informações adicionais sobre a difusão podem ser obtidas pela coleta de dados
acerca da instituição que desenvolve as inovações das empresas. Essas questões
foram incluídas em várias pesquisas e podem oferecer uma indicação sobre o quão
ativa é a empresa no desenvolvimento de suas inovações, se ela interage com outras
empresas no seu desenvolvimento, ou se o desenvolvimento de suas inovações foi
primordialmente conduzido fora da empresa.
291 As informações fornecida são diferentes das informações obtidas a partir das
questões sobre o grau de novidade (ver Capítulo 3), pois as empresas podem
desenvolver inovações que já tenham sido implementadas por outras empresas. Isso
indica, portanto, como as empresas inovadoras são, embora não necessariamente o
grau de novidade de suas inovações.
pesquisa, ou de acordo com o fato de outras empresas fazerem (ou não) parte de uma
mesma empresa multinacional ou grupo empresarial. Tal como nas questões sobre o
grau de novidade, as questões sobre a instituição que desenvolve as inovações podem
ser colocadas para os quatro tipos de inovação ou para um subconjunto deles.
293 Esta subseção examina opções para a coleta de dados adicionais sobre as
interações que são mais relevantes para pesquisas especializadas.
294 Além da identificação dos tipos de interação e suas fontes, pode também ser útil
a coleta informações mais detalhadas sobre características importantes das
interações, como os tipos de conhecimentos transferidos e o método de transferência.
Questões desse tipo podem requerer uma pesquisa especializada, capaz de ligar-se
aos resultados de pesquisas sobre a inovação em geral. Como alternativa, questões
suplementares podem ser incluídas em pesquisas sobre a inovação em geral, por
exemplo acerca da interação externa mais importante.23
295 As questões sobre os tipos de conhecimentos obtidos por meio de uma interação
podem investigar se o conhecimento era incorporado ou desincorporado, tácito
ou codificado, público ou privado, baseado em P&D, específico ou genérico, e qual é
o seu grau de novidade. Questões sobre como a transferência efetiva ocorre podem
indagar sobre o uso de relatórios, projetos, compras de maquinário, componentes e
softwares, contatos informais, trabalhos conjuntos, treinamentos e apresentações.
296 O capital social ou de rede refere-se aos estoques de confiança social, valores e
normas das empresas. Dele decorrem importantes impactos sobre a circulação
da informação dentro de uma empresa e sobre o compartilhamento de conhecimentos
em atividades colaborativas com outras organizações. As empresas podem imple-
mentar novas estruturas organizacionais ou novas práticas para introduzir uma nova
cultura de negócios, normas e valores, com o objetivo de melhorar a capacidade de
inovar da empresa. O estabelecimento da confiança é também um fator-chave para a
23
Ver, por exemplo, os DISKO -surveys sobre inovação na Dinamarca e na Noruega, e OECD ( 2001 ).
Manual de Oslo
manutenção e a melhoria dos relacionamentos, dentro e fora da empresa. Os relaci-
onamentos de longo prazo que podem construir a confiança mútua podem oferecer
benefícios a todos os participantes.
299 Outra opção é perguntar o número de parceiros diferentes para cada categoria.
Isso tornaria possível a distinção entre os maiores e os menores agentes das
redes. São também importantes o número e a duração dos relacionamentos.
Idealmente, isso poderia contribuir para a identificação da importância dos diferentes
relacionamentos que constituem as redes em torno das empresas.
3. Difusão extrafronteiras
300 O valor das inovações vai muito além do impacto sobre o desenvolvimento da
empresa em si. É interessante, portanto, examinar os efeitos e os benefícios das
inovações para outras empresas, consumidores e para o público em geral. A difusão
extrafronteiras pode ocorrer por meio da venda de um novo bem ou serviço aos
consumidores ou pela venda de um novo produto ou processo para outra empresa.
Todavia, a difusão extrafronteiras é muito mais abrangente do que isso, e pode tam-
bém incluir o compartilhamento de informações e a difusão de inovações orga-
nizacionais e de marketing. Algumas partes desse processo têm sido discutidas em
conexão com a colaboração, que por definição envolve a participação ativa – e a
transferência de conhecimentos ou de tecnologia – para todos os parceiros.
301 Embora seja difícil para as empresas estimar o impacto de suas inovações fora dos
seus limites ou rastrear o uso de algum tipo de conhecimento novo, é possível
obter informações sobre os usuários das inovações de uma empresa. Isso pode ser
realizado com a identificação dos principais usuários de suas inovações para as se-
guintes classificações:
– mercados consumidores:
– domésticos
– estrangeiros
– insumos para outras empresas:
– domésticos (dentro/fora do grupo)
– estrangeiros (dentro/fora do grupo)
Essas informações podem também ser úteis para identificar a estrutura da de-
manda para as inovações das empresas. As atividades inovadoras, estratégias e proble-
mas das empresas que vendem para usuários intermediários, como outras empresas,
podem diferir das atividades de empresas que vendem para consumidores finais.
4. Gestão do conhecimento
305 Várias pesquisas sobre práticas de gestão do conhecimento têm sido conduzidas
nos últimos anos, notadamente no Canadá (ver Foray & Gault, 2003; Earl,
2003) em consonância com a OCDE e especialistas internacionais. Essa pesquisa
cobriu diversos aspectos sobre as práticas de gestão do conhecimento (tais como
políticas e estratégias, liderança, captura de conhecimento, treinamentos e comuni-
cações), as razões para o uso de práticas de gestão do conhecimento e as fontes que
motivam o desenvolvimento dessas práticas. Ademais, as questões sobre a gestão do
conhecimento foram incluídas em pesquisas sobre inovação.24 Ambas as aborda-
gens tiveram algum sucesso na obtenção de informações sobre as práticas de gestão
do conhecimento.
24
Por exemplo, a pesquisa CIS na França, a pesquisa J-NIS 2003 no Japão, e o Australian Innovation Survey 2003 .
Manual de Oslo
A MENSURAÇÃO DAS ATIVIDADES DE INOVAÇÃO
6
1. Introdução
307 As informações sobre a atividade de inovação são úteis por várias razões. Elas
podem nos fornecer dados sobre os tipos de inovações implementadas pelas
empresas, por exemplo: se as empresas inovadoras realizam P&D; se elas compram
conhecimentos e tecnologia na forma de P&D extramuros, máquinas e equipamentos,
ou outros conhecimentos externos; se o desenvolvimento e a implementação de
inovações também envolve o treinamento de empregados; e se as empresas são
engajadas em atividades para mudar parte de sua organização.
309 As medidas quantitativas das despesas para cada atividade de inovação ofere-
cem uma medida importante do nível da atividade de inovação na esfera da
empresa, da indústria e do país. Essas medidas podem também ser usadas, junta-
mente com as medidas de resultados, para calcular os retornos para as atividades de
inovação.
310 Como afirma o Manual Frascati, a P&D é apenas uma etapa no processo de
inovação. A inovação envolve várias atividades não incluídas na P&D , tais como
as fases finais de desenvolvimento para a pré-produção, a produção e a distribuição,
as atividades de desenvolvimento com um menor grau de novidade, as atividades de
suporte como o treinamento e a preparação de mercado para inovações de produto,
o desenvolvimento e a implementação de atividades para novos métodos de marketing
ou novos métodos organizacionais. Ademais, muitas empresas podem possuir ativi-
dades de inovação que não envolvem a P&D.
311 Além das atividades de inovação, vários outros fatores podem afetar a capaci-
dade de absorção dos novos conhecimentos e tecnologias e a capacidade de
inovação. Entre esses fatores destacam-se as bases de conhecimentos das empresas,
as capacidades e a experiência acadêmica dos trabalhadores, a implementação de
TICs, e a proximidade de instituições públicas de pesquisa e de regiões com alta
densidade de empresas inovadoras. Identificar os principais fatores que permitem a
inovação nas empresas bem como os fatores que aprimoram sua capacidade de ino-
var é de grande importância para as políticas.
como P&D caso resulte em um novo conhecimento ou caso envolva o uso de novos
conhecimentos para antever novas aplicações.
26
Prevê-se que a revisão corrente do 1993 SNA mudará o tratamento dos gastos em P&D, de consumo para formação de capital.
2.2.3. Outras preparações para inovações de produto e de processo
331 O desenvolvimento das inovações das empresas pode abarcar diversas ativida-
des não incluídas na P&D tal como definida no Manual Frascati. Incluem-se as
fases finais das atividades de desenvolvimento e, fundamentalmente, a introdução
de inovações de produto e de processo que são novas para a empresa, mas não para o
mercado (ou, em termos da definição de P&D, que não aumentam o estoque de
conhecimentos nem contêm um elemento considerável de novidade). As atividades
de desenvolvimento e implementação para a adoção de novos bens, serviços e pro-
cessos podem representar uma importante parcela da atividade de inovação.
334 O design pode abarcar um amplo conjunto de atividades voltadas para o planeja-
mento e o desenho de procedimentos, as especificações técnicas e outras caracte-
rísticas funcionais e de uso para novos produtos e processos. Entre elas estão as prepa-
rações iniciais para o planejamento de novos produtos e processos, e o trabalho em sua
concepção e implementação, incluindo ajustes e mudanças posteriores. Inclui-se
também o desenho industrial, tal como definido no Manual Frascati, que envolve o
planejamento das especificações técnicas para novos produtos e processos. Alguns
elementos do desenho industrial devem ser incluídos na P&D (ver Manual Frascati,
§§ 124-125) caso eles sejam requeridos para executá-la.
337 Preparação de mercado para as inovações de produto pode incluir uma pesquisa
de mercado preliminar, testes de mercado e o lançamento de anúncios para
bens ou serviços novos ou significativamente melhorados.
2.2.5. Treinamento
quando ele não está orientado a uma inovação específica de produto ou de processo
na empresa. Por exemplo, não são atividades de inovação: o treinamento em méto-
dos existentes de produção para novos empregados, o treinamento para atualização
geral dos indivíduos (supervisores, gerentes, etc.), o treinamento computacional
regular, e os cursos de idiomas. Os treinamentos sobre novos métodos de marketing
ou organizacionais introduzidos pela primeira vez fazem parte das atividades para as
inovações de marketing e organizacionais.
343 A preparação para as inovações organizacionais pode ser caracterizada por no-
vos métodos nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho e na
organização das relações externas.
2.4. Design
348 A distinção entre P&D e outras atividades de inovação é particularmente difícil
para os serviços (ver Manual Frascati, §§ 145-151), em parte devido ao fato de
que as atividades de inovação em serviços tendem a ser menos formalmente organi-
zadas, mas também porque a P&D é menos bem definida para os serviços do que
para a indústria de transformação.
351 Para resumir a seção anterior, as atividades de inovação podem ser divididas da
seguinte maneira:
custos correntes. As despesas de capital para as inovações são compostas de despesas
brutas com terras e instalações, instrumentos e equipamentos, e softwares para com-
putadores. Os gastos de capital que fazem parte da P&D estão incluídos em P&D
intramuros, enquanto as despesas de capital não baseadas em P&D ligadas às inovações
de produto e de processo incluem-se em aquisição de máquinas, equipamentos e outros
bens de capital. As despesas de capital não baseadas em P&D especialmente ligadas ao
marketing ou a inovações organizacionais são incluídas em preparações para as inova-
ções de marketing e preparações para inovações organizacionais, respectivamente. As
demais categorias das atividades de inovação consistem apenas em despesas correntes.
354 Os dados de despesas com inovação estão entre os mais importantes e são
muito procurados pelas pesquisas e pelas políticas. Contudo, as respostas às
questões sobre despesas com inovação estão entre as mais difíceis e demoradas. As
pesquisas sobre inovação podem considerar a limitação do número de categorias das
atividades de inovação para as questões quantitativas.
355 A dificuldade em informar as despesas com inovação levanta duas questões que
podem ser consideradas pelas pesquisas ao elaborarem as questões quantitati-
vas sobre as atividades de inovação. A primeira é o custo da resposta. Embora as
atividades como a P&D possam ser confinadas a um departamento, a atividade de
inovação pode ocorrer em toda a empresa. Ademais, as despesas com diversas ativi-
dades podem não estar disponíveis diretamente nos sistemas contábeis das empre-
sas. Assim, as questões acerca das despesas são as que provavelmente consomem
mais tempo para serem respondidas, e podem, portanto, ter um impacto negativo
sobre as taxas de resposta por unidade e por item quanto mais detalhadas elas forem.
Isso é particularmente interessante para as pesquisas não-obrigatórias.
356 Um segundo ponto relacionado é a qualidade dos dados. A qualidade dos dados
é provavelmente a melhor para as despesas que podem ser extraídas das infor-
mações contábeis; outras despesas podem ser estimações imprecisas, se é que são
possíveis. A formulação do questionário, o número de categorias de gastos e a forma
de redação podem ser muito importantes para a qualidade dos dados coletados sobre
as despesas com inovação.
358 Podem também ser coletadas informações adicionais sobre os tipos individuais
de atividades de inovação. São exemplos as informações referentes ao fato de a
atividade de P&D ser contínua ou ocasional, quais são os tipos de conhecimentos
externos adquiridos pela empresa, ou ainda uma questão separada sobre as despesas
com softwares.
359 As pesquisas sobre inovação podem também coletar informações sobre as ca-
racterísticas dos empregados, como o nível educacional e o número de funcio-
nários técnicos. Por exemplo, a parcela de empregados com um certificado ou diplo-
ma de ensino superior (ISCED 5-6)27 e a parcela do pessoal envolvida em atividades
de inovação ou P&D podem ser usadas como medidas suplementares da capacidade
de inovação do estoque de conhecimentos da empresa e de seus empregados. Além
disso, a maioria das empresas deve ter informações sobre o nível educacional de seus
empregados. Um outro indicador qualitativo é obtido com questões sobre a partici-
pação das empresas em programas nacionais ou supranacionais que oferecem su-
porte financeiro para a educação e o treinamento dos empregados ou para o emprego
de pesquisadores.
360 Para a coleta de dados quantitativos sobre as despesas com inovação, recomen-
da-se a utilização de uma classificação por tipo de atividade (ver Seção 3 deste
27
ISCED – International Standard Classification of Education ( ISCED97) – é a Classificação Internacional Normalizada da
Educação, um instrumento de referência da UNESCO que permite a harmonização e comparabilidade das estatísticas educativas.
Distinguem-se sete níveis educativos: ISCED 0 – ensino pré-escolar; ISCED 1 – ensino básico (1o e 2 o ciclo); ISCED 2 – ensino
básico (3 o ciclo); ISCED 3 – ensino secundário; ISCED 4 – ensino pós-secundário; ISCED 5 – ensino superior (bacharelado e
licenciatura) e ISCED 6 – ensino superior (mestrado, doutoramento e pós-doutoramento).(N . T. )
capítulo). As pesquisas podem desejar coletar dados quantitativos sobre todas as
categorias das atividades de inovação ou, como é difícil mensurar as despesas com
inovação, as pesquisas podem optar pela coleta de dados de um subconjunto dessas
categorias.
361 As despesas com inovação podem também ser classificadas por tipo de gastos
(gastos correntes com inovações versus gastos de capital para inovações) e por
fontes de financiamento. Esses temas são discutidos nas Seções 3.4 e 3.5.
362 Embora seja possível a coleta de dados sobre as atividades de inovação para
um período plurianual no que concerne às questões qualitativas sobre as
atividades de inovação, a disponibilidade restrita de dados nas empresas é um
obstáculo sério para a abordagem plurianual para dados quantitativos. Por essa
razão, recomenda-se que as questões quantitativas sobre as despesas com inovação
refiram-se apenas ao último ano do período de observação, o ano de referência.
363 No que diz respeito às compras de capital, as despesas para a categoria aquisição
de máquinas, equipamentos e outros bens de capital devem excluir as com-
pras de bens de capital que já estiverem incluídos em P&D intramuros. As aquisi-
ções de bens de capital devem ser totalmente incluídas para o período em que elas
ocorreram. Todas as provisões de depreciação para construção, plantas e equipa-
mentos, sejam efetivas ou imputadas, devem ser excluídas da mensuração dos
gastos internos.
366 Ainda que as atividades de inovação estejam classificadas de acordo com o tipo
de despesa, intramuros e extramuros, a separação total entre os dois tipos pode
não ser factível para a maioria das empresas e não é recomendada.
367 A inclusão das despesas extramuros é importante no plano micro para medir as
despesas das empresas individualmente. Porém, deve-se tomar um cuidado
especial ao agregar as quantidades individuais das empresas para as esferas industrial
ou nacional, devido à dupla contagem. A dupla contagem tende a ocorrer mais
freqüentemente para a P&D extramuros e para a aquisição de outros conhecimentos
externos.
seguridade social e encargos da folha de pagamentos. Os custos do trabalho de
pessoas não envolvidas nas atividades de inovação (como o pessoal de segurança
e os funcionários da manutenção) devem ser excluídos dessa rubrica e incluídos
em outros custos correntes;
– os outros custos correntes compreendem as compras de materiais que não
configuram bens de capital, suprimentos, serviços e equipamentos de suporte
às atividades de inovação desenvolvidas pela empresa em um dado ano.
372 As despesas correntes com inovação são claramente uma parcela do investimento
intangível, mas o investimento intangível compreende elementos que não fa-
zem parte das despesas correntes com inovação. Por exemplo, o treinamento ligado
à introdução de inovações é classificado como uma despesa com inovação, ao passo
que o investimento intangível inclui todas as despesas da empresa com treinamento.
O marketing ligado à introdução de novos produtos ou ao desenvolvimento e à
implementação de novos métodos de marketing é considerado uma despesa com
inovação. O investimento intangível, por outro lado, inclui todas as despesas de
marketing em geral.
374 É importante saber como as despesas com inovação são financiadas, por exem-
plo para avaliar o papel das políticas públicas e da internacionalização no pro-
cesso de inovação. A seguinte classificação por fontes de financiamento pode ser
utilizada:
376 Para avaliar o papel das compras governamentais nos processos de inovação, é
útil saber se uma empresa participa ou não das compras governamentais de
produtos e de processos inovadores nas esferas regional, nacional e internacional.
377 As questões das pesquisas sobre as despesas com inovação podem ser formuladas
de duas formas:
– as despesas totais da empresa com atividades de inovação em um dado ano ou
período (= a abordagem sujeito);
– as despesas totais com inovações específicas implementadas em um dado ano
ou durante um dado período independentemente do ano em que as despesas
ocorreram (= a abordagem objeto).
379 A abordagem sujeito cobre as despesas com as atividades de inovação
implementadas, potenciais e abandonadas, como se definiu anteriormente. A
esse respeito, trata-se de uma extensão direta da mensuração tradicional da P&D .
380 Na abordagem objeto o teor relatado compreende as despesas totais com inova-
ções definidas, ou com as principais inovações, implementadas durante um
dado período. Excluem-se as despesas com projetos de inovação que foram abando-
nados ou que estejam em curso, e a P&D geral, não ligada a uma aplicação específica.
Essa abordagem parece particularmente desejável para as pesquisas sobre inovação
que partem de um conjunto de inovações identificadas, mas ela pode também ser
usada em pesquisas sobre as atividades de inovação das empresas em geral.
1. Introdução
383 O impacto das inovações no desempenho da empresa varia dos efeitos sobre o
faturamento e a parcela de mercado detida às mudanças na produtividade e na
eficiência. Entre os impactos significativos nas esferas industrial e nacional estão as
mudanças na competitividade internacional e na produtividade total dos fatores, os
transbordamentos de conhecimento das inovações realizadas nas empresas, e um
aumento no montante de conhecimentos que circulam nas redes.
384 Os objetivos e barreiras variam por tipo de inovação. Por exemplo, os objetivos
das inovações de produto ou de marketing relacionam-se primordialmente à
demanda (por exemplo, melhorando a qualidade do produto, aumentando a parcela
de mercado detida pela empresa, entrando em novos mercados), enquanto as inova-
ções de processo ou organizacionais tendem a relacionar-se com a oferta (por exem-
plo, reduzindo custos, melhorando as competências de produção). Algumas barreiras
relacionam-se a todos os tipos de inovação (por exemplo, o custo de fatores) en-
quanto outras referem-se a um subconjunto dos tipos de inovação.
385 Este capítulo descreve diversos indicadores para as pesquisas sobre inovação e
discute outras medidas que, embora relevantes, podem ser de difícil inclusão
em pesquisas sobre inovação em geral mas aparecer em pesquisas especializadas. É
possível que as pesquisas abordem as questões sobre os objetivos, barreiras e outros
indicadores para todos os tipos de inovação, para subconjuntos tais como as inova-
ções de produto e de processo, ou para tipos individuais de inovação. Este capítulo é
formulado para oferecer diretrizes para todas essas abordagens.
386 As empresas podem engajar-se nas atividades de inovação por inúmeras razões.
Seus objetivos podem relacionar-se a produtos, mercados, eficiência, qualidade
ou à capacidade de aprendizado e de implementação de mudanças. A identificação
dos motivos das empresas para inovar e sua importância auxilia no exame das forças
que conduzem a atividade de inovação, como a competição e as oportunidades de
entrada em novos mercados. Os dados sobre os objetivos podem também fornecer
informações adicionais sobre as características dos tipos de inovação.
388 Os fatores listados visam esclarecer diversas forças que orientam as atividades
de inovação nas empresas. Competição, demanda e mercados referem-se aos
principais incentivos para as inovações de produto e em alguns casos para as inovações
de marketing. O objetivo das questões sobre esses fatores é determinar a importância
dos motivos para as inovações de produto, como: o curto ciclo de vida do produto
que exige o desenvolvimento de novos produtos; a necessidade de diversificação dos
portfolios de produtos; ou os esforços para aumentar ou evitar um declínio da parcela
de mercado detida pela empresa.
389 Ademais, vários fatores têm por objetivo identificar os principais motivos para
391 As questões sobre os objetivos e efeitos podem referir-se a todos os tipos de inova-
ção ou a um subconjunto deles, como as inovações de produto e de processo. Ao
limitar os tipos de inovação essas questões podem facilitar a interpretação dos dados
(uma vez que a maioria dos fatores é relevante para pelo menos dois tipos, por exem-
plo, inovações de produto e de marketing ou inovações de processo e organizacionais).
Um outra opção é incluir questões para cada tipo de inovação (ou subconjuntos de
tipos) separadamente.
393 O sucesso de uma inovação pode depender de diversos fatores. Ele certamente
dependerá da qualidade da inovação. O impacto das inovações pode também
variar muito de setor para setor ou de região para região. Ademais, tal impacto pode
depender de outras mudanças na empresa que favorecem as inovações. Por exemplo,
o sucesso das inovações de produto pode depender em grande medida das iniciativas
Tabela 7.1 Fatores relacionados aos objetivos e efeitos da inovação
394 Geralmente é difícil solicitar medidas quantitativas sobre os efeitos das inovações
em pesquisas, mesmo para estimativas muito grosseiras, pois os cálculos mui-
tas vezes requerem análises substanciais por parte da empresa. Esta seção discute
alguns indicadores de resultado que podem ser usados em pesquisas sobre inovação.
396 Para ajudar a criar uma visão de como a inovação afeta o desempenho geral da
empresa, pode-se coletar alguns dados gerais das empresas para o início e o
final do período de observação, tais como dados sobre o faturamento, as exportações,
os empregados e as margens operacionais. Esses dados podem ser usados em análises
subseqüentes para examinar o efeito de vários indicadores sobre essas variáveis. Os
dados podem ser coletados em pesquisas sobre inovação ou obtidos de outras fontes
disponíveis.
398 As questões sobre a proporção do faturamento devida às inovações de produto
devem referir-se ao impacto da inovação de produto durante o período de ob-
servação sobre o faturamento no ano de referência (isto é, o último ano do período
de observação). Recomenda-se pedir às empresas que estimem o percentual do
faturamento total no ano de referência que decorrem de:
– bens e serviços novos ou significativamente melhorados introduzidos durante
o período de observação que foram novos para o mercado (como definido no
Capítulo 3);
– bens e serviços novos ou significativamente melhorados introduzidos durante
o período de observação que foram novos para a empresa, ainda que não te-
nham sido novos para o mercado;
– produtos que não foram modificados ou que sofreram apenas modificações
marginais durante o período de observação.
400 As empresas respondentes devem fornecer suas melhores estimativas das per-
centagens reais. Ao se apresentarem os resultados por indústria, tamanho da
empresa, região ou país, os percentuais devem ser calculados como a razão do
faturamento total decorrente de novos produtos sobre o faturamento total da in-
dústria etc.
401 Os indicadores de resultado são diretamente afetados pela dimensão dos ciclos
de vida dos produtos. Eles tendem a ser mais elevados para os grupos de produ-
tos com ciclos de vida curtos, em que a inovação deve ocorrer com mais freqüência.
402 Para se considerar os efeitos dos ciclos de vida dos produtos, uma opção é pedir
às empresas que estimem a dimensão média dos ciclos de vida de seus produ-
tos. Essa informação pode ser usada para ponderar os indicadores de resultado com
as parcelas de faturamento. Uma alternativa para a formulação dessa questão é per-
guntar com que freqüência a empresa geralmente introduz inovações.
403 As pesquisas sobre inovação podem também pedir às empresas para estimar o
percentual do faturamento afetado pelas inovações de processo. Isso pode for-
necer uma indicação da extensão das inovações de processo em termos das opera-
ções totais das empresas.
405 Como descreve a Seção 2, as pesquisas sobre inovação podem incluir questões
sobre os efeitos das inovações e sua importância relativa. Uma opção para a
obtenção de informações adicionais sobre as inovações de processo é a inclusão de
questões referentes a seus impactos sobre os custos e o emprego.
processo implementadas durante o período de observação conduziram ao aumento, à
redução ou a nenhuma mudança nos custos. Uma resposta “sim” para a redução ou o
aumento pode ser seguida de outras questões para quantificar a dimensão da mudança.
407 Essas questões podem referir-se aos custos médios ou a custos específicos, como
por exemplo as mudanças no custo dos materiais, da energia ou dos insumos
de trabalho. As questões quantitativas podem requerer uma estimativa de intervalo
da mudança percentual nos custos, ou pedir que as empresas escolham a partir de
um conjunto de categorias pré-definidas (por exemplo, um aumento ou uma redu-
ção de menos de 5%, 5% a 25%, mais de 25%). A experiência a partir de pesquisas
mais antigas indica que as empresas julgam o último método mais fácil de respon-
der e o resultado são taxas de resposta por item mais elevadas. As mesmas técnicas
podem também ser usadas para perguntar sobre o efeitos das inovações de processo
sobre o emprego, isto é, se o emprego aumentou ou diminuiu, e em que medida.
408 Essa abordagem pode também ser empregada para as inovações organizacionais.
Nesse caso, as questões devem repousar sobre os custos médios e não sobre
custos específicos.
409 No que diz respeito aos impactos sobre a produtividade, várias questões são de
grande interesse, por exemplo se as inovações de processo ou as inovações
organizacionais conduzem à melhoria da eficiência. Um exame detalhado desses
temas exigiria análises separadas com dados sobre inovação e outros dados econô-
micos sobre o desempenho da empresa. Em muitos casos, os dados em painel sobre
a inovação seriam necessários, embora algumas análises possam ser desenvolvidas
usando-se dados sobre inovação de uma única pesquisa combinados com dados
econômicos para mais de um ano. Um exemplo são as análises empíricas dos inves-
timentos em TCI e das inovações organizacionais, que geralmente demonstram que
os efeitos dos investimentos em TCI sobre a produtividade dependem em grande
parte das inovações organizacionais (Brynjolfsson & Hitt, 2000).
410 A atividade de inovação pode ser obstruída por diversos fatores. Pode haver
razões para não se dar início às atividades de inovação, ou fatores que refreiam
a atividade de inovação ou que têm um efeito negativo sobre os resultados esperados.
Tabela 7.2 Os fatores que dificultam as atividades de inovação
415 As políticas atuam de forma central na concepção dos métodos legais de proteção
às inovações. Os dados sobre quais tipos de métodos são usados e sua importância
relativa podem ajudar a instruir as empresas para a maximização dos benefícios eco-
nômicos e sociais provenientes dos direitos de propriedade intelectual.
418 O registro de design é o principal método de proteção do desenho estético dos
produtos, para impedir que outras empresas o utilizem. As empresas podem
também registrar marcas relativas à empresa em seu conjunto ou a uma linha de
produto, protegendo assim a imagem da empresa e a associação dos produtos com a
empresa. Os direitos autorais relacionam-se ao uso final de alguns tipos de produtos e
de direitos estabelecidos para reclamar o pagamento pelo uso de produtos protegidos
por direitos autorais.
419 As patentes são métodos de proteção dos resultados da P&D. Os acordos confi-
denciais entre as empresas e outras organizações são também formulados para
proteger o trabalho da P&D, enquanto permite que a empresa interaja com outras
organizações nesse trabalho.
420 Recomenda-se a coleta de dados sobre a utilização ou não, pela empresa, dos
vários métodos de proteção para suas inovações durante o período de observa-
ção. As questões podem utilizar uma escala binária ou ordinal. Os métodos de pro-
teção podem ser relevantes para todos os tipos de inovação, embora as questões para
todos os tipos de inovação combinados possam tornar mais difícil a interpretação dos
dados (isto é, para relacionar os métodos de proteção a tipos específicos de inovações).
1. Introdução
2. Populações
2.1. A população-alvo
não inovadoras, realizadoras de P&D e realizadoras de atividades não incluídas em
P&D) no setor empresarial. Esse setor inclui as indústrias de bens e serviços. Uma
lista das classificações industriais para ser incluída na população-alvo de pesquisas
sobre inovação é apresentada no Capítulo 4.
430 Se o registro forma a base para várias pesquisas, como a pesquisa sobre inova-
ção, a pesquisa sobre P&D e a pesquisa de estatísticas gerais de empresas, as
informações coletadas em pesquisas sobre inovação podem restringir-se aos pontos
específicos à inovação. Outras informações, por exemplo, sobre a P&D ou sobre as
variáveis econômicas gerais como o emprego, o faturamento, as exportações ou os
investimentos, podem ser obtidas diretamente de outras pesquisas baseadas no ca-
dastro. Conseqüentemente, é desejável basear os diferentes tipos de pesquisas em
um único cadastro de empresas compilado para os propósitos estatísticos.
3. Métodos de pesquisas
431 As pesquisas sobre inovação podem ser obrigatórias ou voluntárias. Caso elas
sejam voluntárias, espera-se uma taxa maior de não-resposta. Baixas taxas de
resposta significam uma amostra menor do que a esperada e, portanto, maior
variância. Isso pode ser compensado em alguma medida, no caso das pesquisas
amostrais, por frações de amostra maiores. Entretanto, aumentar as frações de amos-
tra não resolve o problema básico nas estimativas para a população-alvo, que decorre
de uma alta taxa de não-resposta e torna as análises posteriores menos representativas.
432 Os dados sobre inovação podem ser coletados por meio de censos ou de pesquisas
por amostragem. As limitações de recursos e o custo das respostas em muitos
casos descartam uma pesquisa de toda a população (censo). Se são utilizados as
pesquisas por amostragem, as unidades devem ser selecionadas com base em um
procedimento aleatório (pesquisas por amostragem aleatória com probabilidades de
seleção conhecidas). As pesquisas por amostragem devem ser representativas das
características básicas da população-alvo, como a indústria, o tamanho e a região,
sendo então necessária uma amostra estratificada.
433 Um censo pode ser inevitável em alguns casos. Pode ser um requisito legal que
todas as pesquisas sobre negócios sejam censos. Ademais, quando a população de
inferência é realmente pequena (por exemplo, em países pequenos), uma amostragem
apropriada pode produzir tamanhos de amostras para alguns estratos relativamente
próximos ao tamanho da população de inferência dos estratos. Nesses casos pode
valer a pena considerar a realização de censos. Finalmente, pode-se decidir que todas
as unidades da população de inferência com número de empregados maior do que
determinado valor sejam incluídas.
434 Para as pesquisas por amostragem a amostra de empresas deve ser grande o
suficiente para fornecer resultados confiáveis para as unidades na população-
alvo, como os setores específicos. Estimativas de coeficientes aceitáveis de variação
podem ser usadas para estimar o número necessário de respostas para que os resul-
tados sejam confiáveis. A fração total da amostra irá variar conforme o tamanho da
população total de inferência, enquanto as frações da amostra de cada estrato depen-
derão do número de unidades, do tamanho das unidades e da variabilidade dos
principais indicadores. Em geral, a fração da amostra necessária irá decrescer com o
número de unidades na população e aumentar com o tamanho das unidades e da
variabilidade da amostra.
3.3. Domínios
437 As pesquisas sobre inovação são em geral pesquisas gerais de amostras aleatórias.
A literatura relevante oferece várias técnicas de amostragem, tais como a técnica
de amostragem aleatória simples, as técnicas de estratificação, as técnicas de
amostragem por grupos e as técnicas de amostragem pps.28 As técnicas podem ser
combinadas. No passado, as pesquisas de amostragem estratificada mostraram-se
eficientes na produção de resultados confiáveis.
438 Se as técnicas de estratificação são usadas, algumas regras devem ser observadas
com relação à seleção das variáveis de estratificação. Em princípio, a estra-
tificação da população deve conduzir aos estratos mais homogêneos possíveis em
termos de suas atividades de inovação e de suas outras atividades. Uma vez que as
atividades de inovação das unidades em diferentes indústrias e em diferentes clas-
ses de tamanho podem diferir significativamente, recomenda-se que a estratificação
de pesquisas por amostragem aleatória baseie-se no tamanho e na atividade princi-
pal das unidades.
439 O tamanho das unidades deve ser medido pelo número de empregados. O Ca-
pítulo 4 apresenta as classes de tamanho recomendadas. Algumas recomenda-
ções para os propósitos analíticos, que podem também ser usadas para a estratificação,
são fornecidas abaixo.
440 A estratificação das unidades de acordo com suas atividades principais deve
basear-se nas classificações ISIC Rev. 3.1/NACE Rev. 1.1. O nível de classifica-
ção depende em grande parte das circunstâncias nacionais. Tome-se o exemplo de
uma economia especializada na produção de madeira (Divisão 20 da ISIC Rev. 3.1/
NACE Rev. 1.1). Para esse país, pode ser útil uma subdivisão adicional em um grupo
ou mesmo uma classe, mas não seria útil em outra economia onde a produção de
madeira não é importante. Entretanto, os estratos não devem ser agregados acima do
nível da divisão (dois dígitos da ISIC Rev. 3.1/NACE Rev. 1.1).
28
Amostragem pps = As unidades são incluídas com Probabilidades Proporcionais a seu Tamanho (Probabilities Proportional to
their Size), muitas vezes medido pelo número de empregados no setor empresarial.
441 Se os aspectos regionais forem importantes, a estratificação deve também incluir
uma dimensão regional. Deve-se usar uma classificação regional apropriada. A
discussão das análises regionais encontra-se no Capítulo 4.
442 As frações da amostragem não devem ser as mesmas para todos os estratos.
Recomenda-se geralmente que a fração de um estrato da amostragem seja maior
para os estratos mais heterogêneos (alocação ótima), e também maior para os estra-
tos menores. As frações da amostragem devem ser da ordem de 100% em estratos
com apenas algumas unidades (ou em certas regiões). O tamanho das unidades deve
também ser considerado ao se usar a abordagem por amostragem pps, usando-se
assim as frações de amostragem mais baixas em estratos com unidades menores.
Além disso, as unidades em cada estrato podem ser classificadas por tamanho ou
pelo faturamento e então testadas sistematicamente. Outro fator, que deve ser levado
em consideração quando se fixam as frações de amostragem individuais, é a taxa de
resposta esperada em cada estrato.
446 Vários métodos podem ser usados para conduzir pesquisas sobre inovação,
incluindo-se as pesquisas postais e as entrevistas pessoais. Cada método possui
diferentes pontos fortes e fracos. As pesquisas postais são bem estabelecidas e compa-
rativamente menos custosas, mas podem apresentar problemas. Geralmente são
necessários vários lembretes, incluindo os telefônicos, para aumentar as taxas de
resposta para níveis aceitáveis. As ações que podem ser realizadas para aumentar as
taxas de resposta futuras incluem: contatar os respondentes previamente à condu-
ção da pesquisa, enviar uma carta de apresentação do ministro, enviar os resultados
básicos de pesquisas anteriores, fornecer a possibilidade de acesso a um “questioná-
rio inteligente” via internet ou prometer enviar aos respondentes os principais acha-
dos da pesquisa em andamento.29
447 Muitos dos problemas com pesquisas postais podem ser evitados quando se
coletam os dados por meio de entrevistas pessoais usando-se, por exemplo, as
técnicas de entrevistas telefônicas ou presenciais auxiliadas por computador, deno-
minadas respectivamente CATI (computer-assisted personal interviews) ou CAPI
(computer-assisted telephone interviews). As entrevistas podem fornecer diretrizes para
a resposta do questionário. Espera-se que a qualidade dos resultados para as técnicas
CAPI seja maior e que as taxas de não-resposta por item sejam menores. Porém, os
métodos CAPI são particularmente mais custosos que as pesquisas postais.
29
Encontram-se diretrizes adicionais para melhorar as taxas de resposta para as pesquisas postais em Dillman (1978) e em Moore
e Baxter (1993).
449 Uma abordagem alternativa consiste no uso de tecnologias on-line ou auto-
matizadas para a coleta e troca de dados. Essas tecnologias apresentam uma
diferença no tocante ao uso das questões de filtro. Em um questionário em papel os
respondentes vêem todas as questões e podem modificar suas respostas para uma
questão de filtro. Um questionário eletrônico pode ser formulado de tal forma que os
respondentes não vejam todas as questões e não possam, portanto, alterar suas res-
postas após terem visto outras informações (o mesmo pode ser feito para os formatos
CATI e CAPI ). Uma opção seria permitir a todos os respondentes ver o questionário
inteiro, inclusive as questões que eles não precisam responder. Essa abordagem tam-
bém levanta discussões sobre a confidencialidade e a continuidade (por exemplo,
retornar ao questionário diversas vezes antes que ele seja concluído).
3.7. O questionário
451 Algumas regras básicas devem ser seguidas quando da formulação do questio-
nário para uma pesquisa sobre inovação. Cada questionário deve ser testado
antes de ser usado em campo (pré-teste). O pré-teste pode incluir entrevistas com
um grupo de gerentes ou especialistas a respeito de seu entendimento do projeto do
questionário e o envio do questionário a uma pequena amostra de unidades. Essas
duas etapas podem ser valiosas para o melhoramento da qualidade do questionário.
452 O questionário deve ser o mais simples possível, logicamente estruturado, e ter
definições e instruções claras. Geralmente, quanto mais longo é o questio-
nário, menores são as taxas de resposta por unidade e por item. Esse efeito pode ser
minimizado dando-se especial atenção à concepção e ao desenho do questionário e
fornecendo-se notas explicativas e exemplos claros e suficientes. É particularmente
importante a formulação do questionário de maneira que as unidades que não rea-
lizaram atividades de inovação respondam apesar disso as questões que para elas são
relevantes.
454 As questões sobre diversos indicadores quantitativos podem usar uma escala
binária (sim ou não), ou uma escala ordinal, por exemplo quando se pergunta
às empresas se determinado fator é relevante e, sendo o caso, qual é sua importância.
A escala binária possui a vantagem de ser simples e confiável mas ela fornece
apenas informações limitadas sobre os fatores considerados. Não obstante, ela pode
introduzir um alto grau de subjetividade se a resposta não pode basear-se em fatos,
devido a diferenças na interpretação da questão. Uma escala ordinal permite a
ordenação dos fatores de acordo com sua importância, embora isso também intro-
duza algum grau de subjetividade. Porém, estão disponíveis métodos analíticos
para minimizar esses problemas com as escalas ordinais de respostas.
455 No caso das pesquisas internacionais sobre inovação, deve-se dar especial atenção
à tradução e à estrutura do questionário. Mesmo pequenas diferenças entre os
questionários nacionais podem restringir a comparabilidade dos resultados. Tais
diferenças podem derivar, por exemplo, da tradução, de mudanças na ordem das
questões, ou da adição ou eliminação de categorias. Uma tradução pertinente, que
considera circunstâncias locais particulares (como o sistema legal de um país),
ajudará a evitar equívocos em conceitos e definições.
3.8. Pesquisas sobre inovação e P&D
457 Uma vez que P&D e inovação são fenômenos relacionados, alguns países po-
dem considerar a combinação de pesquisas sobre P&D e inovação. Há vários
argumentos a favor e contra:
– com uma pesquisa combinada, o custo total das respostas das unidades sob
análise será reduzido (apenas um questionário, em vez de duas pesquisas sepa-
radas que apresentam questões iguais);
– se o tamanho do questionário para pesquisas combinadas for muito maior do
que para uma pesquisa separada, as taxas de resposta podem diminuir;
– uma pesquisa combinada permite a análise das relações entre a P&D e as ativi-
dades de inovação na esfera da unidade. Há menos flexibilidade para isso em
pesquisas separadas, especialmente quando elas são conduzidas por institui-
ções diferentes;
– há um risco de que as unidades não familiarizadas com os conceitos de P&D e
inovação confundam esses conceitos em uma pesquisa combinada;
– as pesquisas combinadas oferecem um método eficiente para aumentar a fre-
qüência das pesquisas sobre inovação;
– as experiências de alguns países (por exemplo, Dinamarca, Finlândia, Países
Baixos, Noruega e Espanha) indicam que é possível obter resultados confiáveis
para as despesas com P&D em pesquisas combinadas;
– as estruturas para as duas pesquisas são geralmente diferentes. Por exemplo, a
população de inferência para as pesquisas sobre inovação pode cobrir as classi-
ficações industriais (e as unidades pequenas) que não estão incluídas em pes-
quisas sobre P&D. Combinar os dois tipos de pesquisa pode envolver enviar
questões sobre P&D para um grande número de insituições que não desenvol-
vem P&D e que estão incluídas na população de inferência para a pesquisa
sobre inovação. Isso aumentaria o custo da pesquisa conjunta.
458 Em princípio, as pesquisas sobre empresas afora aquelas sobre P&D podem
também combinar-se com pesquisas sobre inovação. Realizaram-se algumas
experiências na combinação de pesquisas sobre inovação com pesquisas estruturais
sobre empresas (por exemplo, na Bulgária, Itália e Países Baixos). Ademais, as pes-
quisas sobre inovação podem integrar-se às pesquisas de atividades econômicas pri-
vadas sobre a difusão das TIC s, e sobre a adoção de práticas de gestão do conhecimento.
460 Os resultados das pesquisas por amostragem precisam ser ponderados para se
obter informações que sejam representativas para a população-alvo. Existem
vários métodos para ponderar os resultados amostrais. O mais simples consiste na
ponderação pelo inverso das frações amostrais das unidades da amostra, corrigida
pelas unidades que não responderam. Se é usada uma técnica de amostragem
estratificada com frações amostrais diferentes, os pesos devem ser calculados indivi-
dualmente para cada estrato.
número de empregados ou pelo faturamento. Em comparações internacionais e
em outras comparações é importante assegurar que é usado o mesmo método de
ponderação.
4.2. Não-resposta
466 Diversos métodos podem ser usados para minimizar os problemas da não-res-
posta. Como diferentes métodos podem conduzir a diferentes resultados, algu-
mas diretrizes gerais devem ser seguidas. Uma primeira etapa apropriada para lidar
com os valores ausentes é contatar o respondente para coletar a informação faltante.
467 Por razões práticas e teóricas, uma forma de minimizar o problema da não-
resposta por item é usar métodos de imputação de valores para estimar os
470 Por outro lado, se a taxa de não-resposta por unidade for muito alta, nenhum
método pode ser recomendado para resolver o problema. Nesse caso os resul-
tados da pesquisa sobre inovação podem apenas ser usados como estudos de caso.
Não se deve tirar nenhuma conclusão sobre a população-alvo, pois o viés pode ser
grande demais.
471 Em todos os outros casos, isto é, quando a taxa de não-resposta por unidade
estiver acima de um limite inferior mas abaixo de um limite superior, algumas
técnicas um pouco mais complicadas e em alguma medida mais dispendiosas po-
dem ser usadas. Uma delas é selecionar as unidades que responderam aleatoriamen-
te até que a taxa de resposta seja de 100%, isto é, usar os resultados de unidades
aleatoriamente selecionadas duas ou mais vezes.
30
É difícil, se não impossível, definir quando uma taxa de não-resposta por unidade é considerada alta ou baixa. Entretanto, sabe-
se que quanto maior for a taxa de não-resposta, mais baixa será a comparabilidade dos resultados das pesquisas sobre inovação.
472 Outros métodos baseiam-se nos resultados de uma análise de não-respostas. O
objetivo das análises de não-respostas é obter informações sobre por que as
unidades participantes não responderam. As unidades não-respondentes devem ser
contatadas por telefone ou por correio eletrônico (usando-se um questionário muito
simples, que não exceda uma página) para que forneçam informações gerais como o
setor de atividades em que atuam e seu tamanho (se não estiverem disponíveis em
outras fontes), o motivo pelo qual elas não responderam. Deve-se pedir às empresas
para responder algumas questões-chave na pesquisa original para verificar se os re-
sultados estão viesados. Essas informações podem então ser usadas para ajustar os
pesos. Os resultados das análises de não-resposta devem ser usados apenas se a taxa
de resposta for muito alta.
5. Apresentação de resultados
473 Os resultados das pesquisas sobre inovação podem ser usados para análises
descritivas ou inferenciais. O objetivo das análises descritivas é descrever as uni-
dades estatísticas em termos de suas atividades inovadoras e não inovadoras sem
retirar qualquer conclusão sobre a pesquisa básica ou sobre a população-alvo (se não
for um censo). Nesse tipo de análise os resultados não são posteriormente pondera-
dos, como se observa para as unidades individuais. Não é possível a generalização dos
resultados no âmbito da pesquisa ou da população-alvo porque os valores referem-se
apenas às unidades participantes. Para esse tipo de análise, a taxa de resposta por
unidade é menos importante.
474 Por sua vez, o objetivo da análise inferencial é retirar conclusões sobre a popula-
ção-alvo. Nesse caso as unidades devem fornecer uma estimativa que represen-
te a situação das unidades estatísticas observadas e não observadas consideradas de
forma conjunta. A análise inferencial requer resultados ponderados. Para esse tipo
de análise, a taxa de não-resposta por unidade é muito importante: se a taxa de não-
resposta por unidade ultrapassar um certo limite, o viés potencial pode ser tão grande
que a análise inferencial se torna inútil.
relação entre a freqüência da coleta e o período de observação. Um período de obser-
vação maior do que a freqüência da coleta (criando sobreposição na cobertura das
pesquisas sobre inovação) coloca alguns problemas. A sobreposição na cobertura
das pesquisas pode dificultar a atribuição da inovação para o período de tempo desde
a pesquisa precedente. Isso pode também afetar a comparação dos resultados ao
longo do tempo, visto que pode não ser claro se as mudanças nos resultados se devem
principalmente às atividades de inovação no período a partir da última pesquisa ou
no ano que também foi coberto pela pesquisa anterior. Como afirma o Capítulo 3,
Seção 8, recomenda-se que a dimensão do período de observação para as pesquisas
sobre inovação não exceda três anos e não seja menor que um ano.
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Manual de Oslo
ANEXO A
1. Introdução
480 Este anexo apresenta diretrizes para a implementação de pesquisas sobre ino-
vação em países em desenvolvimento. O termo “países em desenvolvimento” é
usado aqui supondo-se que não se trata de um conjunto homogêneo de países, e que
o anexo deve refletir as diferentes características das economias e das sociedades em
um “mundo em desenvolvimento” que evolui rapidamente.
481 Após a publicação da segunda edição do Manual de Oslo, muitos países em desen-
volvimento em várias regiões do mundo conduziram pesquisas sobre inovação.
O desenho dessas pesquisas foi concebido em concordância com os padrões do Manual
de Oslo. Porém, quase todos esses exercícios de medidas de inovação resultaram em
adaptações das metodologias propostas, com o objetivo de capturar as características
particulares dos processos de inovação em países com estruturas econômicas e sociais
diferentes daquelas dos países mais desenvolvidos da OCDE. Essas adaptações foram
preparadas por país e foram adotadas diferentes abordagens. Fora da OCDE e da UE , o
primeiro esforço para compilar essas particularidades e guiar a concepção de pesquisas
nacionais sobre inovação comparáveis foi realizado na América Latina pela RICYT
(Rede Iberoamericana de Indicadores de Ciência e Tecnologia – Red Iberoamericana de
Indicadores de Ciencia y Tecnología) e resultou na publicação do Manual de Bogotá, que
foi posteriormente usado pela maioria das pesquisas sobre inovação conduzidas na
América Latina e estendido para outras regiões. A importância e o impacto desse traba-
lho de estabelecimento de um padrão inspirou a produção deste anexo.
em pesquisas sobre inovação em países em desenvolvimento.32 Este anexo baseia-se
nas conclusões desse exercício. As propostas e recomendações podem ser mais ou
menos aplicáveis dependendo das características da região e dos países considerados.
487 Vários fatores sistêmicos exógenos conformam o cenário da inovação nos paí-
ses em desenvolvimento, tais como: incerteza macroeconômica; instabilidade;
infra-estrutura física (falta de serviços básicos como eletricidade ou tecnologias de
comunicação “velhas”); fragilidade institucional; ausência de consciência social so-
bre a inovação; natureza empresarial de aversão ao risco; falta de empreendedores;
existência de barreiras aos negócios nascentes; ausência de instrumentos de políti-
cas públicas para dar suporte aos negócios e para o treinamento gerencial.
2.2.1. Instabilidade
488 A instabilidade nos negócios pequenos e médios pode significar que alguns
possuem um bom potencial para aperfeiçoar o desempenho inovador nacional
e funcionam como berço dos inovadores, enquanto outros carecem de recursos e de
suporte para qualquer inovação. A incerteza na esfera macroeconômica limita qual-
quer atividade de inovação de longo prazo.
2.2.2. Informalidade
estados árabes), onde a ausência de competição às vezes desencoraja as inovações ou
drena o potencial inovador dos mercados locais. Todavia, as grandes empresas estatais
(por exemplo, em setores como petróleo, aeroespacial ou telecomunicações) às vezes
se tornam líderes tecnológicas por meio de investimentos importantes no trabalho
de desenvolvimento experimental (como em alguns países da América Latina). Ade-
mais, em países com sistemas econômicos menos desenvolvidos, as principais polí-
ticas e programas governamentais de C&T podem ter mais impacto sobre a inovação
do que as atividades e as estratégias das empresas privadas.
razão, as definições de inovação, de seus subtipos (inovação de produto, de processo,
de marketing e organizacional), das atividades de inovação e da empresa inovadora,
como apresentadas no Capítulo 3, devem ser aplicadas em pesquisas sobre inovação
em países em desenvolvimento.
502 Embora a maioria das questões apresentadas na Seção 2 seja tratada abaixo, algu-
mas ainda apresentam problemas do ponto de vista da mensuração. Isso se deve
principalmente à dificuldade de aplicação das definições existentes. Uma das defini-
ções fundamentais, também mencionada na Seção 5, é o problema da mensuração
das mudanças incrementais, que podem não resultar em produtos ou processos
“novos ou significativamente melhorados”. Outra questão pendente diz respeito ao
alcance das inovações, dado que conceitos como “nova para o mercado” podem ter
interpretações diferentes em ambientes com infra-estruturas menos desenvolvidas.
509 Essa abordagem requer uma ligação entre as análises nas esferas micro, meso e
macroeconômicas; relacionando os dados sobre inovação aos conteúdos
tecnológicos das exportações; estudando os pontos fortes e fracos de indústrias par-
ticulares ou de sistemas de inovação em geral; estimando a capacidade de absorção
dos sistemas de inovação; identificando redes; explorando o relacionamento entre o
sistema de educação formal e o emprego; e obtendo indicações sobre a efetividade
dos diferentes instrumentos públicos para dar suporte e para promover a inovação.
510 Para construir os indicadores das empresas potencialmente inovadoras, os instru-
mentos de mensuração devem considerar todas as empresas (isto é, as inovadoras
e as não inovadoras), particularmente quando abordam as principais questões relacio-
nadas às estratégias de inovação, como as atividades de inovação, os obstáculos, as
capacitações, as interações e os resultados.
511 As capacitações para a inovação são extremamente úteis para classificar as em-
presas e os setores industriais em países em desenvolvimento. As capacitações
de uma empresa são o que mais lhe permite tirar vantagem das oportunidades de
mercado. A capacitação para a inovação mais significativa é o conhecimento acumu-
lado pela empresa, que está principalmente incorporado nos recursos humanos,
mas também nos procedimentos, nas rotinas e em outras características da empresa.
As capacitações para a inovação, assim como as capacitações tecnológicas, são o
resultado de processos de aprendizado, que são conscientes e propositais, dispendiosos
e demorados, não lineares, dependentes da trajetória e cumulativos. Devido a natureza
interativa, tecnologicamente específica e culturalmente influenciada das trajetórias,
existe um conjunto de trajetórias possíveis de desenvolvimento, particularmente
em países em desenvolvimento onde a inovatividade e o empreendedorismo podem
ser raros e possuir características particulares.
518 Para obter informações adicionais sobre as capacitações inovadoras das empre-
sas em países em desenvolvimento, as questões sobre a implementação das
inovações organizacionais podem ser suplementadas por questões sobre os recursos
34
No caso particular de muitos países latino-americanos, a necessidade permanente que as empresas têm de adaptar-se e
ajustar-se às alterações correntes no contexto econômico reforça a idéia de que a mudança organizacional seja uma dimensão
essencial da competitividade das empresas.
humanos, treinamento e a incorporação de TCI s. Os dois tipos de questões ajudariam
a oferecer uma indicação das capacitações inovadoras das empresas.
4. As adaptações principais
519 Três tópicos fundamentais podem ser considerados em pesquisas sobre inova-
ção adaptadas aos países em desenvolvimento: as TCI s, as interações e as ativi-
dades de inovação.
520 O papel das TCIs na inovação relaciona-se com as aplicações “front-office” e “back-
office” (“sistemas de interface com os usuários e clientes” e “sistemas de suporte e
retaguarda” – ver Box A.1). Em países em desenvolvimento, a incorporação de TCI s
nas empresas tem sido freqüentemente limitada às aplicações “front-office” (como
páginas na internet, call center, e-mail ou publicidade digital e catálogos). Entretanto,
considera-se que o principal impacto sobre o desempenho da empresa pode ser obtido
pela implementação de TCI s para dar suporte ou automatizar as atividades ou proces-
sos críticos (“back-office”). Assim, as pesquisas sobre inovação em países em desenvol-
vimento devem centrar-se no uso das TCI s, uma ferramenta poderosa para situações
diferenciadas, visto que mesmo as empresas médias e grandes muitas vezes não possu-
em um sistema de gerenciamento consolidado, o que constitui um sério obstáculo
para um melhor desempenho nas várias áreas de uma empresa.
522 Considerando-se que os questionários devem ser tanto mais curtos e simples
quanto possível, nos casos em que nenhuma pesquisa específica sobre TCI s
nas empresas esteja disponível, as pesquisas sobre inovação devem investigar a
infra-estrutura existente; o uso das TCI s (separando as atividades front e back-
office) e o seu propósito último; a existência de gerenciamento interno da TCI e de
capacitações de desenvolvimento; as despesas com TCI e seu relacionamento com
a inovação organizacional.
4.2. As interações
524 O sucesso da inovação nos países desenvolvidos está relacionado com o fato de
que esses países oferecem ambientes regionais em que as empresas podem ter
acesso às fontes de conhecimento de que precisam, além do acesso amplo às principais
bases globais de conhecimento. As empresas em países em desenvolvimento na maio-
ria das vezes não têm acesso ao conhecimento de ponta, e assim o ambiente local é
muito importante para elas. Conseqüentemente, recomenda-se a inclusão de ques-
tões sobre a localização geográfica das interações. Uma possível estratificação são as
suas posições locais, regionais, nacionais e internacionais.
530 Recomendam-se as entrevistas pessoais (em vez das pesquisas por e-mail ou
por telefone) e realizadas por uma equipe adequadamente treinada (por exem-
plo, estudantes de graduação ou pós-graduação), uma vez que elas provaram ter
um impacto positivo sobre a taxa de resposta e sobre a qualidade dos resultados
obtidos.35 Isso é particularmente importante em contextos de países em desenvolvi-
mento onde os serviços postais podem não ser confiáveis. Além disso, as entrevistas
conduzidas por uma equipe qualificada fornecem ao respondente uma assistência
imediata e relevante para completar o questionário, melhorando assim a qualidade
dos resultados.
531 O questionário pode ser concebido de tal forma que as seções possam ser sepa-
radas para permitir que diferentes pessoas na empresa respondam a diferentes
seções. Isso é particularmente válido para as questões relativas aos dados econômicos
gerais das empresas, que podem ser fornecidos pela divisão financeira ou as questões
específicas sobre o processo de inovação, que podem ser completadas pelo gerente de
produto ou pelo gerente da unidade. Isso pode resultar em informações mais
confiáveis.36 Não obstante, é importante evitar atrasos na pesquisa ou a perda de um
questionário parcialmente completo por causa dessa estratégia.
535 Os resultados das pesquisas sobre inovação devem ser amplamente publicados
e distribuídos para encorajar a participação futura das empresas em rodadas
posteriores e para aumentar a consciência e o uso por parte dos pesquisadores e dos
formuladores de políticas. Os mecanismos de difusão devem ser incluídos no orça-
mento antes do exercício.
6. Pensando o futuro
538 A aplicação das sugestões feitas aqui pode conduzir a uma experiência mais
abrangente com pesquisas sobre inovação em países em desenvolvimento. Es-
pera-se que alguns países com mais experiência em estatísticas de C&T rapidamente
vão mais longe na condução de pesquisas sobre P&D e incluam pesquisas sobre
inovação em seus programas estatísticos. A consolidação dos padrões, conceitos,
formatos e outros aspectos mais bem ajustados aos países em desenvolvimento, como
aqueles propostos neste anexo, deve ajudar a construir a conscientização e novas
capacidades. Os esforços adicionais no direcionamento da capacidade de estruturação
para pesquisas sobre inovação serão fundamentais para o sucesso deste esforço.
EXEMPLOS DE INOVAÇÕES
1. Introdução
539 Este anexo fornece uma lista de exemplos para cada tipo de inovação. Essas
listas foram elaboradas como ilustrações e não devem ser consideradas exaus-
tivas. Elas visam dar àqueles que desenvolvem as pesquisas um entendimento me-
lhor de cada tipo de inovação, mas não são concebidas para ser mostradas às empre-
sas como exemplos de inovações. Há duas razões para isso. Primeiro, a inclusão das
listas pode conduzir as empresas a descartar as inovações não listadas. Segundo, a
lista é datada, sendo muitas inovações imprevisíveis. Vale a pena ressaltar que os dois
critérios centrais para identificar as inovações são a introdução de mudanças signifi-
cativas e o fato de serem novas para a empresa. Assim, uma mudança pode representar
uma inovação para uma empresa e não para outra. Muitas vezes são necessárias descri-
ções mais detalhadas para determinar se uma mudança deve ser classificada como
uma inovação e de qual tipo.
2. Exemplos de inovações
– mudanças no desenho que não alteram a função, o uso previsto ou as caracte-
rísticas técnicas do bem ou serviço;
– a simples revenda de novos bens e serviços adquiridos de outras empresas.
Serviços
– Novos serviços que melhoram muito o acesso dos consumidores a bens ou
serviços, como o serviço de entrega e retirada em casa para aluguel de automó-
veis.
– Serviço de assinatura de DVD em que, por uma taxa mensal, os consumidores
podem pedir um número predefinido de DVDs via internet com entrega postal
em casa e retorno via envelope pré-endereçado.
– Vídeo contra apresentação via internet banda larga.
– Serviços de internet como bancos ou sistemas de pagamentos de contas.
– Novas formas de garantia, como a garantia estendida para bens novos ou usados,
Entrega e operações
– Scanners/computadores portáteis para registrar bens e estoques.
– Introdução de códigos de barras ou de chips de identificação por freqüência de
rádio passiva (RFID) para rastrear materiais ao longo da cadeia de fornecimento
– Sistemas de rastreamento GPS para equipamentos de transporte.
– Introdução de softwares para identificar rotas de distribuição ideais.
– Softwares ou rotinas novos ou melhorados para sistemas de compra, contabili-
dade ou manutenção.
– Introdução de sistemas eletrônicos de liquidação.
– Introdução de um sistema automatizado de resposta por voz.
– Introdução de um sistema eletrônico de fornecimento de tickets.
– Novas ferramentas de softwares desenhadas para melhorar os fluxos de oferta.
– Redes de computadores novas ou significativamente melhoradas.
Concepção e embalagem
– Implementação de uma mudança significativa na concepção de uma linha de
móveis para dar-lhe nova aparência e ampliar seu apelo.
– Implementação de uma concepção fundamentalmente nova para frascos de
loção para o corpo visando dar ao produto uma aparência exclusiva.
Formação de preços
– Introdução de um novo método que possibilite aos consumidores escolher as
especificações do produto desejado no site da empresa e então ver o preço para
o produto especificado.
– O uso pela primeira vez de um método para variar o preço de um bem ou
serviço segundo sua demanda.
– O uso pela primeira vez de ofertas especiais reservadas, acessíveis apenas aos
possuidores de cartão de crédito da loja ou cartão de recompensas.
Promoção
– O uso pela primeira vez de marcas registradas.
– O uso pela primeira vez de posicionamento de produto em filmes ou em pro-
gramas de televisão.
– Introdução de um símbolo de marca fundamentalmente novo visando
posicionar o produto da empresa em um novo mercado.
– O uso pela primeira vez do lançamento de um produto por meio de líderes de
opinião, celebridades ou grupos particulares que estejam na moda ou que esta-
beleçam tendências de produtos.
nas práticas de negócios da empresa, na organização do local de trabalho ou nas
relações externas desde que tenham sido usadas pela primeira vez na empresa.
Práticas de negócios
– Estabelecimento de uma nova base de dados das melhores práticas, lições e
outros conhecimentos mais facilmente acessíveis a outros.
– Introdução pela primeira vez de um sistema de monitoramento integrado para
as atividades da empresa (produção, financiamento, estratégia, marketing).
– Introdução pela primeira vez de sistemas de gerenciamento para a produção
geral ou para operações de fornecimento, como gerenciamento da cadeia de
fornecimento, reengenharia de negócios, produção enxuta, sistema de geren-
ciamento de qualidade.
– Introdução pela primeira vez de programas de treinamento para criar equipes
eficientes e funcionais que integram funcionários de diferentes setores ou áreas
de responsabilidade.
Relações externas
– Introdução pela primeira vez de padrões de controle de qualidade para fornece-
dores e subcontratados.
– Uso pela primeira vez do fornecimento externo (outsourcing) de pesquisa e de
produção.
– Ingresso pela primeira vez na colaboração de pesquisas com universidades ou
outras organizações de pesquisa.
EM Empresa Multinacional
FC Filial Controlada
ISIC International Standard Industrial Classification of Economic Activities –
Padrão Internacional de Classificação Industrial
NU Nações Unidas
UE União Européia
amostra 55, 427, 431, 432-442, 443, 451, 459-461, 475, 528
aquisição
de conhecimento e tecnologia 51, 238, 264, 269, 278, 283, 313, 323-325
de conhecimento externo 41, 238, 269, 313, 316, 323-325, 340, 342, 351, 367
atividades de inovação
bens de capital 41, 51, 278, 316, 321, 326-330, 342, 351, 352,
363, 368, 525
classificação 63, 64, Box 1.2, 213, Capítulo 4, 301, 374, 440-441
industrial 64, 246-248, Tabela 4.1, 425, 440
cooperação 47, 51, 206, 258, 263, 258, 263-264, 271-274, 278,
284, 287-289, 292, 298-299
custos 20, 43, 45, 77-78, 80-81, 91, 101, 139, 164, 178, 187,
193-196, 352, 369, 384, Tabela 7.1, 405-408, 410,
485, 491
definição
demanda 12, 45, 77-78, 83, 88, 95, 100, 101, 133, 139-140,
175, 301, 384, Tabela 7.1, 388, 410-411, 548
design/desenho/concepção 162, 169, 172, 176, 188, 203, 334, 344-346, 418, 548
design/desenho/concepção de produto 33, 89, 103, 162, 165, 169, 172, 176, 188, 203,
225, 280, 324, 334, 344-346, 404, 412, 416,
418, 525, 541, 546-548
intrafronteiras 262-299
economia baseada em
conhecimento (EBC) 71
empresas multinacionais (EM s) 62, 119, 235, 238-239, 256, 277, 322-323, 326
estabelecimento 241-245
estratégias 52, 68, 86, 175, 183, 260, 301, 305, 417, 490,
503-506, 508, 510, 512, 516
fatores que obstruem/refreiam 45-46, 138, 141, 261, 410-413, Tabela 7.2
fontes abertas de informação 51, 264-267, 271, Tabela 5.1, 278, 284
formação de preços 33, 88-89, 169, 175, 200, 341, 404, 546-548
freqüência da coleta de dados 477-479, 534
fronteira
gerenciamento/gestão do
conhecimento (GC) 68, 259, 302-306, 458
inovação
economia da 74-97
exemplos de Anexo B
organizacional 7, 11, 13, 17, 33, 85, 145, 177-184, 195-197, 225,
306, 316, 342-343, 351, Tabela 7.1, 408,
Tabela 7.2, 517-518, 549-551
regional 106-107
indicadores de 278-299
tipos de 265-277
ISCED 359
Manual Frascati 59, 63, 103, Tabela 4.1, 250, 310, 317-322,
331, 333-335, 348-349
nova para o mercado 37-38, 205, 208-210, 226, 398, 417, 492, 502
organização do local de trabalho 33, 177, 179, 181, 183, 196, 343, Tabela 7.1,
389, 551, 549-551
padrão 58-64, Box 1.2, 93, 142, 266, 336, 481, 528
patente 58, 60, Box 1.2, 103, 255, 265, 269, 324,
332, 347, 351, 416-419, 421
P&D 58-59, 103, 107, 128, 149, 234, 238, 251, 310, 316-322,
334-335, 345, 347-349, 351-352, 457-459
pequenas e médias empresas (PME s) 55, 114-115, 143, 249, 411, 426, 485
censo 432-434
obrigatórias 431
voluntárias 431
posicionamento 33, 88-89, 169, 173-174, 191, 225, 341, 404, 546-548
preparações
produtividade 1, 31, 48, 59, Box 1.2, 65, 77, 93, 131, 135, 178,
200, 222, 383, 393, 409, 444
questionário 56, 356, 429, 446-456, 457, 459, 464, 472, 522,
530, 531-533, 534, 536
redes 48, 98, 133, 257, 260, 263, 266-268, Tabela 5.1,
284, 296-299
relações externas 33, 146, 177, 179, 182-183, 196, 260, 343, 549-551
software 66, 156, 163, 319, 327, 330, 336, 350-351, 336, 525, 545
tecnologia da informação e
comunicação (TIC ) 65-66, 113, 131, 168, 195, 311, 393, 409, 519-522
tecnológico 5, 9-10, 34-35, 40, 63, 66, 99, 106, 131, 149, 155, 273,
319, 326, 349
treinamento 41, 68-69, 103, 105, 141, 180, 304, 316, 338-339,
340, 342, 351, 359, 487, 526, 551
primária 233-240
secundária 241-245