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Rafael Luciano Dalcin

ESTUDO DA SOLDAGEM MULTIPASSES ENTRE OS AOS DISSIMILARES AISI 4140 E ASTM A36 SEM TRATAMENTO TRMICO POSTERIOR

Horizontina 2012

Rafael Luciano Dalcin

ESTUDO DA SOLDAGEM MULTIPASSES ENTRE OS AOS DISSIMILARES AISI 4140 E ASTM A36 SEM TRATAMENTO TRMICO POSTERIOR

Trabalho Final de Curso apresentado como requisito parcial para a obteno do ttulo de Bacharel em Engenharia Mecnica, pelo Curso de Engenharia Mecnica da Faculdade Horizontina.

ORIENTADOR: Richard Thomas Lermen, Doutor em Engenharia. CO-ORIENTADOR: Valtair de Jesus Alves, Mestre em Engenharia.

Horizontina 2012

FAHOR - FACULDADE HORIZONTINA CURSO DE ENGENHARIA MECNICA


A Comisso Examinadora, abaixo assinada, aprova a monografia: Estudo da soldagem multipasses entre os aos dissimilares AISI 4140 e ASTM A36 sem tratamento trmico posterior

Elaborada por:

Rafael Luciano Dalcin


Como requisito parcial para a obteno do grau de Bacharel em Engenharia Mecnica

Aprovado em: 12/12/2012


Pela Comisso Examinadora

________________________________________________________ Prof. Dr. Richard Thomas Lermen Presidente da Comisso Examinadora Orientador

_______________________________________________________ Prof. Me. Valtair de Jesus Alves FAHOR Faculdade Horizontina Co-orientador

______________________________________________________ Prof. Esp. Vilmar Bueno Silva FAHOR Faculdade Horizontina

______________________________________________________ Prof. Me. Anderson Dal Molin Coordenador do Curso de Engenharia Mecnica - FAHOR

Horizontina 2012

AGRADECIMENTOS. Aos meus pais, Gernimo e Ins, pelo exemplo de vida, pelo incentivo e motivao demonstrados em todos os momentos, sempre sonhando com esta conquista. Aos professores que me ajudaram no decorrer da graduao, em especial aos professores Richard Thomas Lermen e Valtair de Jesus Alves pelas orientaes de qualidade, dedicao e pelo apoio prestado durante a elaborao do trabalho. Faculdade Horizontina pela disponibilidade do laboratrio para realizao dos testes prticos. Aos colegas de graduao, pela convivncia, amizades realizadas e pelas experincias trocadas no decorrer do curso. A todos que colaboraram diretamente ou indiretamente com a realizao deste trabalho, o meu sincero agradecimento.

Tudo o que um sonho precisa para ser realizado algum que acredite que ele possa ser realizado. Roberto Shinyashiki

RESUMO

O principal objetivo do presente trabalho foi desenvolver e aplicar diferentes procedimentos de soldagem para unir o ao baixa liga AISI 4140 com o ao estrutural ASTM A36 pelo processo de soldagem MAG utilizando como consumvel o arame AWS ER70S-6. Os estudos foram conduzidos utilizando a tcnica de soldagem de mltiplas camadas, onde nove corpos de prova foram desenvolvidos atravs dos seguintes experimentos: inicialmente, trs corpos de prova foram soldados com um, dois e trs passes sem pr-aquecimento e sem ps-aquecimento; em sequncia, outros trs corpos de prova foram soldados com apenas praquecimento no ao AISI 4140 (300 C) e at trs passes; por fim, utilizando praquecimento no ao AISI 4140 (300 C) e ps-aquecimento no conjunto soldado (724 C), mais trs corpos de prova foram soldados com um, dois e trs passes. Atravs da anlise das macrografias dos corpos de prova observou-se que os seis primeiros experimentos apresentaram uma zona afetada pelo calor (ZAC) significativa, porm com pequena variao de tamanho devido quantidade de cordes de solda. Os experimentos realizados com pr-aquecimento e psaquecimento apresentaram ZAC muito pequenas. Atravs do uso das tcnicas de soldagem multipasses, conseguiu-se uma reduo nas zonas duras. Portanto, foi realizada a soldagem dos aos dissimilares (AISI 4140 e ASTM A36) com minimizao dos efeitos trmicos atravs da utilizao da tcnica de multipasses, pr-aquecimentos e ps-aquecimentos. Palavras-chave: soldagem MAG - AISI 4140 - ASTM A36 - zona afetada pelo calor.

ABSTRACT

The main objective of this study was to develop and apply different welding procedures for joining AISI 4140 low alloy steel with ASTM A36 structural steel by MAG welding process using as consumable the AWS ER70S-6 wire. The studies were conducted using the multiple layers welding technique, where nine specimens were developed through the following experiments: initially, three specimens were welded with one, two and three passes without preheating and without post-heating; in sequence, three test specimens were welded just preheating the AISI 4140 steel (300 C) using up to three passes; finally, preheating the AISI 4140 steel (300 C) and post-heating the weldment (724 C), three specimens were welded with one, two and three passes. Through the analysis of the macrographs samples was observed that the first six experiments showed a significant heat affected zone (HAZ) but with slight variation in size due to the amount of weld beads. Experiments performed with preheating and post-heating showed a very small HAZ. Through the use of the multiple layers welding technique a decrease of the hard zones was achieved. Therefore, it was performed the welding of dissimilar steels (AISI 4140 and ASTM A36) with minimization of thermal effects by using the multipass technique, preheating and post-heating. Keywords: MAG welding - AISI 4140 - ASTM A36 - heat-affected zone.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Microestrutura do ao ABNT 4140. Ataque: nital 2%. Aumento: 500X. ................. 13 Figura 2: Microestrutura do ao estrutural ASTM A36. Ataque: nital 2%. ............................. 15 Figura 3: Processo de soldagem MAG................................................................................. 15 Figura 4: Diagramas TTT e TRC do ao AISI 4140... ........................................................... 19 Figura 5: Zona de uma solda com passe nico. ................................................................... 21 Figura 6: Desenho esquemtico de superposies da ZAC gerando as zonas frgeis localizadas.. ......................................................................................................................... 22 Figura 7: Desenho esquemtico de um corpo de prova com aplicao da dupla camada. .. 25 Figura 8: Dispositivo para posicionamento dos aos............................................................ 26 Figura 9: (A) MB AISI 4140, (B) MB ASTM A36, (C) Metal de solda, (D) ZAC AISI 4140, (E) ZAC ASTM A36. (1) 1 ponto de medio, (2) 2 ponto de medio, (3) 3 ponto de medio, (4) 4 ponto de medio, (5) 5 ponto de medio. .............................................................. 28 Figura 10: Macrografia dos corpos de prova soldados sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (01) Um cordo de solda, (02) dois cordes de solda e (03) trs cordes de solda. ................................................................................................................................... 29 Figura 11: Perfil de dureza dos corpos de prova sem cuidados especiais. .......................... 30 Figura 12: Micrografias com um cordo de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (A) Metal base AISI 4140, (B) Metal base ASTM A36. ................................... 30 Figura 13: Micrografias com um cordo de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (C) Metal base e ZAC 4140, (D) Metal base e ZAC ASTM A36. .................... 31 Figura 14: Micrografias com um cordo de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (E) ZAC AISI 4140 e metal de solda, (F) ZAC ASTM A36 e metal de solda. .. 31 Figura 15: Micrografias com dois cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ................................................................................................................................... 32 Figura 16: Micrografias com dois cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (C) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (D) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ................................................................................................................................... 32 Figura 17: Micrografias com dois cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (E) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ................................................................................................................................... 33 Figura 18: Micrografias com dois cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ................................................................................................................................... 33 Figura 19: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ................................................................................................................................... 34 Figura 20: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (D) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (C) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ................................................................................................................................... 34

Figura 21: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (E) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ................................................................................................................................... 35 Figura 22: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ................................................................................................................................... 35 Figura 23: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (J) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (I) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ................................................................................................................................... 36 Figura 24: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (K) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (L) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ................................................................................................................................... 36 Figura 25: Macrografia dos corpos de prova soldados com pr-aquecimento e sem psaquecimento. (01) Um cordo de solda, (02) dois cordes de solda e (03) trs cordes de solda. ................................................................................................................................... 37 Figura 26: Perfil de dureza dos corpos de prova com pr-aquecimento. .............................. 37 Figura 27: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com uma camada de solda. (A) Metal base AISI 4140, (B) Metal base ASTM A36................................................ 38 Figura 28: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com uma camada de solda. (C) Metal base e ZAC 4140, (D) Metal base e ZAC ASTM A36. ................................ 38 Figura 29: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com uma camada de solda. (E) Metal de solda e ZAC AISI 4140, (F) Metal de solda e ZAC ASTM A36. ............. 39 Figura 30: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com duas camadas de solda. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda. . 39 Figura 31: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com duas camadas de solda. (C) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (D) Zona afetada pelo 2 passe de solda. 40 Figura 32: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com duas camadas de solda. (E) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 2 passe de solda. . 40 Figura 33: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com duas camadas de solda. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda. 41 Figura 34: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ................. 41 Figura 35: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (D) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (C), Zona afetada pelo 3 passe de solda........... 42 Figura 36: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (E) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ................. 42 Figura 37: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda. .......... 43 Figura 38: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (J) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (I) Zona afetada pelo 3 passe de solda. .................. 43 Figura 39: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (K) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (L) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ................. 44 Figura 40: Macrografia dos corpos de prova soldados com pr-aquecimento e psaquecimento. (01) Um cordo de solda, (02) dois cordes de solda e (03) trs cordes de solda. ................................................................................................................................... 44 Figura 41: Perfil de dureza dos corpos com pr-aquecimento e ps-aquecimento. ............. 45 Figura 42: Micrografias com uma camada de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (A) Metal base AISI 4140, (B) Metal base ASTM A36. ............................................................................................................................................ 45 Figura 43: Micrografias com uma camada de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (C) Metal base e ZAC 4140, (D) ZAC e metal base ASTM A36. .......................................................................................................................... 46 Figura 44: Micrografias com uma camada de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (E) Metal de solda e ZAC AISI 4140, (F) Metal de solda e ZAC ASTM A36. ...................................................................................................... 46

Figura 45: Micrografias com duas camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ........................................................................................... 47 Figura 46: Micrografias com duas camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (C) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (D) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ........................................................................................... 47 Figura 47: Micrografias com duas camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (E) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ........................................................................................... 48 Figura 48: Micrografias com duas camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ........................................................................................... 48 Figura 49: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ........................................................................................... 49 Figura 50: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (D) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (C) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ........................................................................................... 49 Figura 51: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (E) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ........................................................................................... 50 Figura 52: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda. ........................................................................................... 50 Figura 53: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (J) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (I) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ........................................................................................... 51 Figura 54: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (K) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (L) Zona afetada pelo 3 passe de solda. ........................................................................................... 51

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SUMRIO

1 INTRODUO ................................................................................................................................... 11 2 REVISO DA LITERATURA ............................................................................................................. 12 2.1 METALURGIA FSICA DO AO BAIXA LIGA AISI 4140 ............................................................... 12 2.2 METALURGIA FSICA DO AO ESTRUTURAL ASTM A36 ......................................................... 13 2.3 SOLDAGEM DO AO AISI 4140 COM O AO ASTM A36 ........................................................... 15 2.3.1 PROCESSO DE SOLDAGEM MAG ...................................................................................................... 15 2.3.2 SOLDABILIDADE DOS AOS ASTM A36 E AISI 4140 ......................................................................... 16 2.3.3 SOLDAGEM EM PASSE NICO E MULTIPASSES ................................................................................... 20 2.3.4 PR-AQUECIMENTO NA SOLDAGEM................................................................................................... 22 2.3.5 SOLDAGEM SEM TRATAMENTO TRMICO POSTERIOR (TTPS)............................................................. 24 2.3.6 TCNICA DA DUPLA CAMADA ............................................................................................................ 25 3 METODOLOGIA ................................................................................................................................ 26 3.1 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ............................................................................. 26 3.2 MTODOS E TCNICAS ................................................................................................................ 27 4 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS ...................................................................... 29 4.1 EXPERIMENTOS SEM PR-AQUECIMENTO E SEM PS-AQUECIMENTO ............................. 29 4.2 EXPERIMENTOS COM PR-AQUECIMENTO E SEM PS-AQUECIMENTO ............................. 36 4.3 EXPERIMENTOS COM PR-AQUECIMENTO E PS-AQUECIMENTO ..................................... 44 4.4 DISCUSO SOBRE OS RESULTADOS DOS EXPERIMENTOS.................................................. 51 5 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................................... 53 6 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................................................ 53 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................................... 54

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1 INTRODUO As indstrias de projeto e construo de estruturas metlicas e equipamentos, considerando a crescente demanda de estruturas e/ou equipamentos de grande porte, por questes tcnicas (suportar maior esforo mecnico) e, principalmente, econmicas (menor peso, menor rea, menor consumo de energia), tem a necessidade de considerar o emprego dos aos baixa liga AISI 4140, pois o ao apresenta melhor resistncia mecnica que os aos convencionais, e contribui para que as referidas estruturas possam suportar condies de servios mais rigorosas (AGUIAR, 2001). Os aos AISI 4140 so empregados na fabricao de elementos de mquinas de alta resistncia, e por ser um ao de mdio carbono, oferece tima resistncia ao impacto. Durante os processos de soldagem, em funo dos elevados gradientes de temperatura, podem surgir zonas afetadas pelo calor, em funo disso, suas caractersticas metalrgicas so modificadas nas proximidades do cordo de solda, e apresentam algumas caractersticas que podem tornar a unio frgil (ANDRADE, 2011). Por ser um ao tempervel, o ao AISI 4140 apresenta dificuldades na soldagem devido ao carbono equivalente existente na estrutura cristalina do material, no entanto, ele produz martensita quando austenitizado e resfriado rapidamente, sendo necessrio realizar um pr-aquecimento antes de realizar a soldagem e um tratamento trmico posterior a soldagem para aliviar as tenses e melhorar a tenacidade desta zona, ou seja, para recuperar a zona afetada pelo calor. Tais tratamentos trmicos tornam-se inviveis, devido a alguns fatores como: tamanho da pea, reparo no campo e o custo envolvido, tambm por questes tcnicas e aos custos envolvidos na operao. As tcnicas de utilizar vrias camadas de solda tm sido pesquisadas no sentido de se evitar este tratamento trmico e garantir boas propriedades mecnicas da pea soldada (AZEVEDO, 2002). O objetivo do experimento realizar um estudo microestrutural da junta soldada composta pelos aos dissimilares (AISI 4140 e ASTM A36) unidos pelo processo de soldagem MAG sem tratamento trmico posterior. O desafio minimizar os efeitos trmicos causados durante a soldagem atravs da utilizao da tcnica de multipasses, com e sem o uso do pr-aquecimento e ps-aquecimento. Aps o trmino dos experimentos pretende-se avaliar os resultados dos experimentos atravs de anlises metalogrficas e ensaios mecnicos.

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2 REVISO DA LITERATURA A reviso da literatura apresenta os conceitos fundamentais envolvidos na soldabilidade dos aos AISI 4140 e ASTM A36. 2.1 METALURGIA FSICA DO AO BAIXA LIGA AISI 4140 Os aos AISI 4140 so utilizados em aplicaes que requerem uma combinao de temperabilidade moderada e boa resistncia e tenacidade. Devido ao ao AISI 4140 apresentar um elevado teor de carbono, tem maior temperabilidade e resistncia, portanto apresenta limitaes na parte de

conformabilidade e soldabilidade (METALS HANDBOOK, 1990). Apesar dos aos de baixa liga AISI 4140 no apresentarem boa soldabilidade, eles so bastante requisitados, com o objetivo de reduo de peso ou para suportar maiores esforos mecnicos (AGUIAR, 2001). Estes aos so ligados ao Cromo (~1%) e ao Molibdnio (~0,2%). So comumente usados na condio temperada e revenida e atingem alta resistncia mecnica temperatura ambiente variando de 590 a 940 MPa. So amplamente utilizados na indstria em componentes pressurizados, os quais requerem tenso limite de escoamento entre 410 MPa e 965 MPa (LIMA, 2006). O cromo um elemento que forma carbonetos duros nos aos, quando apresenta altos teores aumenta a resistncia ao desgaste. Em teores baixos aumenta resistncia, o limite elstico, a tenacidade e resistncia ao choque do ao. O molibdnio um formador de carbonetos mais forte que o cromo. Alm de aumentar a resistncia mecnica, sua ao quando adicionado, no sentido de reduzir suscetibilidade a fragilidade de revenido, alm de melhorar as propriedades a temperaturas mais elevadas (CHIAVERINI, 1979). Smith (1993), descreve que os elementos de liga so adicionados nos aoscarbono por vrios motivos, sendo que o objetivo principal melhorar as propriedades mecnicas pelo aumento da profundidade de tmpera de um ao, permitir maiores temperaturas de revenimento enquanto se mantm alta resistncia e boa ductilidade, melhorar as propriedades mecnicas a altas e baixas temperaturas, melhorar a resistncia corroso e oxidao a elevadas temperaturas e melhorar propriedades especiais tais como resistncia abraso e comportamento em fadiga. Na Tabela 1 est descrito a composio qumica do ao ABNT 4140.

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Tabela 1 Composio qumica do ao ABNT 4140 (NBR NM 87/2000) C 0,38-0,43 Composio qumica - Faixa e limites (%) Si Mn P (mx) S (mx) Cr 0,15-0,30 0,75-1,00 0,035 0,035 0,80-1,10 Mo 0,15-0,25

Fonte: ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS, 2000.

A Figura 1 mostra uma microestrutura do ao baixa liga 4140, na qual, compem nas regies escuras perlita e nas claras ferrita.

Figura 1: Microestrutura do ao ABNT 4140. Ataque: nital 2%. Aumento: 500X. Fonte: Aguiar, 2001.

Segundo Bueno (1999), o ao AISI 4140 pode ser empregado em temperaturas de at 480 C, sem alterar as propriedades, acima desta, sua resistncia decai rapidamente com a elevao da temperatura. Como outros aos martensticos e ferrticos, o ao baixa liga 4140 sofrem a transio do comportamento dctil-frgil em baixas temperaturas, sendo que a temperatura de transio varia com o tratamento trmico e o estado de concentrao de tenses. 2.2 METALURGIA FSICA DO AO ESTRUTURAL ASTM A36 Os aos estruturais so bastante conhecidos como materiais de construo, os quais combinam resistncia mecnica, trabalhabilidade, disponibilidade e baixo custo. De maneira geral, fcil compreender a importncia e a extenso da aplicao dos aos em todos os campos da engenharia, nas estruturas, quer as fixas, como de edifcios, pontes, etc., quer as mveis, na indstria ferroviria, automobilstica, naval, aeronutica, etc. Tambm existem outras aplicaes que exigem uma relao de resistncia e peso mais satisfatria, por exemplo, as indstrias de transporte, onde o equipamentos utilizados (caminhes, nibus, avies, equipamentos ferrovirios, equipamentos rodovirios, navios, etc.) pelas condies

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prprias de servio, necessitam-se reduzir o peso e aumentar a resistncia, devido aos equipamentos estarem sujeito a esforos severos e choques repentinos (CHIAVERINI, 1979). Na maioria das aplicaes estruturais, o teor de carbono desses aos varia de 0,15% a 0,40%, com outros elementos (Mn, Si e S) nos teores considerados normais. O ao com carbono e mangans em torno de 2% e 0,50% respectivamente, apresenta limite de escoamento de cerca de 24,5 Kgf/mm (245 MPa) e limite de resistncia de 42,0 Kgf/mm (410 MPa) (CHIAVERINI, 1979). Contudo, so aos facilmente soldveis por qualquer processo a arco, gs ou resistncia (MODENESI, 2008). A Tabela 2 apresenta a composio qumica para o ao ASTM A36.
Tabela 2 Composio qumica do ao estrutural ASTM A36 C (mx) 0,26% Composio qumica do ao estrutural ASTM A36 Mn (mx) Si Cu P (mx) S (mx) 1,35% (A) 0,40% 0,20% 0,04% 0,05%

Fonte: Belgo, 2012. (A) Nota: Para cada reduo de 0,01% do C mximo especificado, um acrscimo de 0,06% de Mn especificado at o valor mximo de 1,35%.

O carbono o principal responsvel pelo aumento da resistncia mecnica e pela queda da ductibilidade, trabalhabilidade, resistncia ao choque e soldabilidade. Sendo assim, pequenas quantidades de outros elementos de liga so utilizados para melhoria das propriedades do ao, obtendo o mximo em propriedades de uma liga contendo um baixo teor de carbono. Portanto, devido aos seus efeitos prejudiciais a soldagem mantido em percentual baixo. O mangans tem a funo de agente dessulfurante e desoxidante pelo fato de reagir com oxignio evitando o desprendimento de bolhas. O mangans que no reagiu com o oxignio ou com o enxofre pode atuar de duas maneiras: quando o teor de carbono for baixo, ele se dissolve na ferrita, aumentando sua dureza e resistncia, mas com teor de carbono mais elevado, aumenta ainda mais a dureza e a resistncia do ao (CHIAVERINI, 1979). A microestrutura do ao ASTM A36 composta por ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). A Figura 2 mostra uma imagem da microestrutura do ao estrutural ASTM A36.

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Figura 2: Microestrutura do ao estrutural ASTM A36. Ataque: nital 2%. Fonte: Silva JR; Carlech; Neto, 2012.

Para aos estruturais com baixos teores de carbono, como o ASTM A36, a poa de fuso solidifica-se inicialmente como ferrita delta, podendo formar austenita. Durante o resfriamento, a ferrita delta remanescente transforma-se em austenita e esta, em funo das elevadas temperaturas, sofre um grande crescimento de gro, tendendo a apresentar uma estrutura de gros colunares e grosseiros, similar estrutura de fuso da zona fundida (ZF). Em temperaturas mais baixas, inferiores a 900 C, a austenita se decompe, resultando em diferentes produtos ou constituintes (MODENESI, 2004). 2.3 SOLDAGEM DO AO AISI 4140 COM O AO ASTM A36 Esta seo apresenta uma fundamentao terica para contribuir com os processos de soldagem dos aos dissimilares (ASTM A36 e AISI 4140). 2.3.1 Processo de soldagem MAG A Figura 3 ilustra esquematicamente o processo de soldagem MAG.

Figura 3: Processo de soldagem MAG. Fonte: ESAB, 2004.

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A soldagem realizada por um arco eltrico, estabelecido entre um arame nu continuamente alimentado e a pea. Esse processo utiliza como proteo para a poa de soldagem contra contaminao do ar externo uma fonte externa de gs de proteo. Geralmente os gases utilizados so inertes (MIG), como argnio e hlio, ou ativo (MAG), tais como CO2, ou argnio+ CO2, ou argnio+ O2, ou combinao desses trs gases. O processo tem muitos benefcios devido a ser adequado para robotizao, sendo que podem ser soldadas ligas ferrosas e no ferrosas (MACHADO, 1996). 2.3.2 Soldabilidade dos aos ASTM A36 e AISI 4140 Os aos estruturais ASTM A36 so aos de baixo carbono, como consequncia, tem boa soldabilidade e no apresentam grandes variaes de dureza aps a soldagem. Os aos AISI 4140 so aos de baixa liga e apresentam teores de carbono mais elevado do que os aos estruturais, portanto, tem maior temperabilidade que os aos de baixo carbono, tornando sua soldabilidade bem menor (WAINER; BRANDI; MELLO, 2004). Durante o processo de soldagem destes aos existem vrios fatores metalrgicos que podem afetar a soldabilidade, entre eles: temperabilidade, microestruturas do metal de solda, microestruturas da zona afetada pelo calor. A temperabilidade usada como um indicador de soldabilidade, e atua como guia para a seleo de materiais e processos de forma a evitar um excessivo endurecimento, o qual pode causar trincas na ZAC. Aos com alta temperabilidade proporcionam uma elevada frao volumtrica de martensita na ZF e na ZAC e essa microestrutura altamente susceptvel a trincas induzidas por hidrognio (AGUIAR, 2001). A microestrutura do metal de solda principalmente controlada pela composio qumica e a taxa de resfriamento. Um dos principais parmetros que afetam a microestrutura do metal de solda a adio de elementos de liga que influenciam a microestrutura pelo aumento da temperabilidade, por exemplo, inibindo a transformao da ferrita de contorno de gro pelo controle da quantidade de oxignio no metal de solda que afetar a composio e distribuio de incluses no metlicas (ARAJO, 2006). Durante a soldagem dos aos carbono, a zona afetada pelo calor (ZAC) sofre aquecimento acima da temperatura crtica de austenitizao, alterando as

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propriedades mecnicas e estruturais j existentes. Portanto, esta regio dever ser resfriada de modo que se evite a formao de microconstituntes frgeis, minimizando-se, assim, as alteraes das propriedades mecnicas originais. A transformao de fase ocorrida durante o resfriamento conduzir a uma estrutura ferrtica com regies de martensita, ou ainda bainita grosseira, dependendo da taxa de resfriamento e do tipo de ao (MODENESI, 2004). As trincas so consideradas uns dos tipos mais srios de descontinuidades em soldas, estas se desenvolvem quando tenses de trao atuam em um material fragilizado. Quando o hidrognio estiver presente em um grau suficiente ele absorvido na poa de fuso e em parte transferido para a ZAC, por difuso. As tenses que agem sobre a solda aparecem inevitavelmente devido a tenses de contrao durante o resfriamento e podem ser suplementadas por outros esforos resultantes da rigidez das partes a serem soldadas (BUENO, 1999). A microestrutura suscetvel na ZAC representa aquelas partes da ZAC que sofreram ciclos de temperatura suficientemente alta e que no resfriamento produzem microestruturas que so usualmente mais duras e suscetveis a fragilizao pelo hidrognio. O ao AISI 4140 um ao martenstico e, portanto suscetvel ao hidrognio. Os maiores riscos de trinca ocorrem quando temperaturas prximas da temperatura ambiente so atingidas. Em vista disso, nos aos AISI 4140, as trincas ocorrem abaixo de 150 C e podem aparecer vrias horas aps a soldagem ter sido completada (BUENO, 1999). Antes de realizar a unio das juntas soldadas necessrio determinar a energia de soldagem, na qual pode ser definida como a quantidade de energia imposta por determinada unidade de comprimento do cordo de solda pelo deslocamento de uma fonte de calor (AWS D1.1, 2004). A Equao 1 apresenta a frmula para calcular a energia de soldagem.

E=

(1)

Onde: E: Energia de soldagem (J/mm) : Rendimento do arco : Tenso de soldagem (V)

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: Corrente de soldagem (A) : Velocidade de soldagem (mm/s) A soldagem do ao ASTM A36 vai depender dos seus teores de C e Mn e dos nveis de impurezas. Os aos carbono com percentual de carbono de at 0,15% possuem excelente soldabilidade por no serem temperados (MOREIRA, 2008). J os aos com percentual de carbono entre 0,15% e 0,30% possuem boa solubilidade e podem ser totalmente soldados em espessuras at 12,7 mm. A soldagem de sees mais espessas poder necessitar de cuidados especiais e algumas precaues devem ser tomadas, devido ao fato de existir a possibilidade de endurecimento (BARBOSA, 2007). Os aos estruturais ASTM A36 dependendo da composio qumica, dos procedimentos/parmetros de soldagem empregados e da taxa de resfriamento pode se tornar susceptvel a um ou mais problemas de soldabilidade, dentre eles: trincas induzidas pelo hidrognio (trincas a frio), trincas de solidificao (trincas a quente), decoeso lamelar, presena de incluses, porosidades e variaes de propriedades mecnicas tanto no metal de solda quanto na ZAC (MOREIRA, 2008). Os aos AISI 4140 produzem uma elevada frao volumtrica de martensita, com relativa facilidade quando austenitizados e resfriados rapidamente. Este constituinte, dependendo do seu teor de carbono, apresenta elevada dureza, baixa tenacidade e resistncia ao impacto, sendo susceptvel a trincas (AGUIAR; FARIAS; SILVA, 2002). Segundo Aguiar (2001), para realizar a soldagem dos aos AISI 4140 deve ser realizada uma escolha criteriosa, seguindo as seguintes recomendaes: selecionar processo e consumveis de baixo hidrognio, usar pr-aquecimento, usar temperatura de interpasse e, muitas vezes, ps-aquecimento, em funo da temperabilidade destes aos. Esta ltima recomendao, muitas vezes, torna-se invivel devido impossibilidade de levar a pea ao forno, tambm pelo custo elevado ou ainda pela possibilidade de danificar determinados componentes na vizinhana da solda. Conforme Modenesi (2008), para um teor de carbono inferior a 0,2% e espessura menor que 9,5 mm, a soldagem pode ser feita com um praquecimento mnimo de 40 C. Maiores teores de carbono e maiores espessuras exigem pr-aquecimento com temperaturas de at 370 C.

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O teor de carbono pode modificar sensivelmente a posio das linhas de incio e fim de transformao das curvas do diagrama de tempo, temperatura e transformao (TTT). Alm do carbono, os elementos de liga que podem ser adicionados nos aos afetam consideravelmente a posio das curvas isotrmicas. Outros fatores que podem modificar a posio das curvas TTT so o tamanho de gro da austenita e a homogeneidade da austenita (CHIAVERINI, 1979). A microestrutura formada em funo da velocidade de resfriamento (ou da temperatura de transformao) em um dado ao pode ser obtida a partir de diagramas de transformao. Todavia, estes diagramas so obtidos

experimentalmente para transformaes de temperaturas constantes (Diagramas TTT) ou para transformaes durante um resfriamento contnuo (Diagramas TRC) e mostram a evoluo da microestrutura em funo da temperatura e do tempo de resfriamento (MARQUES; MODENESI; BRACARENSE, 2011). A Figura 4 mostra diversas curvas de resfriamento traadas sobre o diagrama TRC do ao AISI 4140.

Figura 4: Diagramas TTT e TRC do ao AISI 4140. Fonte: Metals Hanbook, 1990; Aguiar, 2001.

Quanto mais para a direita estiver posio do diagrama TRC, mais fcil ser a formao de martensita, sendo assim, pior a soldabilidade do ao. O resfriamento rpido tem o mesmo efeito dos elementos que aumentam a temperabilidade. Aguiar afirma que quanto maior for o tamanho do gro austentico menor a quantidade de contorno por unidade de volume, deste modo, maior o tempo de incubao da

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austenita e maior a temperabilidade do ao, portanto, este fato justifica a facilidade da ZAC-GG de formar martensita (AGUIAR, 2001). Outro fator a ser destacado na Figura 4 que quanto maior o volume do material, maior a taxa de resfriamento. Pelo fato da velocidade de resfriamento variar de ponto a ponto na ZAC e que cada curva de resfriamento cruza o diagrama em locais especficos, a ZAC apresenta microestruturas diferentes a cada ponto. Prxima a linha de fuso, as microestruturas do ao AISI 4140 formada por martensita e bainita para um carbono equivalente adequado (AGUIAR, 2001). 2.3.3 Soldagem em passe nico e multipasses Durante a realizao de uma solda com passe nico, a poa de fuso e as regies adjacentes do metal base so submetidas a ciclos trmicos cujas temperaturas de pico decrescem medida que se afastam do eixo central da solda o que causa alteraes microestruturais em relao ao material original. Os problemas gerados por estas alteraes microestruturais s podem ser solucionados atravs de tratamentos trmicos aps a soldagem. Na soldagem com vrios passes as referidas regies da solda so submetidas a ciclos trmicos mltiplos devido aos vrios passes provocando novas alteraes nas microestruturas destas regies com um grau de complexidade maior. Neste tipo de solda, o calor gerado pelo ciclo de um passe pode ser aproveitado para fazer um tratamento trmico no passe anterior, evitando muitas vezes o tratamento aps a soldagem (AGUIAR, 2001). Na solda realizada apenas por um s passe, a microestrutura da ZF formada pelos produtos da decomposio da austenita em ferrita durante o ciclo de resfriamento contnuo, sendo que a ferrita assume diferentes morfologias, algumas de grande semelhana. J em soldas multipasses, a microestrutura ser ainda mais complexa, sendo formada por regies reaquecidas e alteradas pelos ciclos trmicos dos passes seguintes e por regies que permaneceram basicamente inalteradas. Portanto, as caractersticas desta microestrutura, tanto em escala microscpica como em escala sub-microscpica, so fundamentais na determinao das propriedades finais da ZF (MODENESI, 2004). A soldagem com passe nico dividida basicamente em trs regies: zona fundida (ZF) constituda pelo metal fundido, zona de ligao (ZL), constituda por uma estreita regio onde ocorre uma fuso parcial do metal base junto zona fundida e zona afetada pelo calor (ZAC), regio do metal base que sofreu alteraes

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microestruturais causadas pelo calor da soldagem (METALS HANDBOOK, 1990). A Figura 5 apresenta as regies da solda.

Figura 5: Zona de uma solda com passe nico. Fonte: Metals Hanbook, 1990.

Devido taxa de resfriamento e de solidificao da soldagem, os elementos de liga e as impurezas podem segregar para as regies interdendrticas ou intercelulares e para o centro da solda, resultando numa composio qumica localmente heterognea. Com isso, o comportamento da transformao do metal de solda pode ser bastante diferente do metal base. Dentro da zona fundida o pico de temperatura excede o ponto de fuso do metal base e a composio qumica do metal de solda vai depender da escolha dos consumveis, da taxa de diluio do metal base e das condies de soldagem (AGUIAR, 2001). A composio qumica da ZAC permanece inalterada por uma larga faixa onde o pico de temperatura no atingiu o ponto de fuso do metal base. Entretanto, ocorre uma mudana considervel na microestrutura durante a soldagem devido ao rigoroso ciclo trmico. O metal imediatamente vizinho a zona fundida aquecido dentro do campo austentico onde, os precipitados que se formaram em processos anteriores, so geralmente dissolvidos. Portanto, o papel de evitar o crescimento do gro da austenita em temperaturas elevadas (efeito cinturo), exercidos pelos precipitados, deixa de existir e a austenita experimenta um substancial crescimento de gro, produzindo a regio grosseira da ZAC. O tamanho mdio do gro austentico, que funo do pico de temperatura atingido, decresce com o aumento da distncia da zona fundida (AGUIAR, 2001). A Figura 6 apresenta um desenho esquemtico da soldagem multipasses, na qual mostra a presena de zonas reaquecidas dentro da zona fundida (METALS HANDBOOK, 1990).

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Figura 6: Desenho esquemtico de superposies da ZAC gerando as zonas frgeis localizadas. Fonte: Metals Handbook, 1990.

Conforme Metals Handbook (1990), com a soldagem multipasses, o refino parcial da microestrutura pelo passe subsequente aumenta a heterogeneidade na microestrutura e nas propriedades mecnicas da pea soldada. Como

consequncia, a reaustenitizao e o aquecimento subcrtico podem ter um profundo efeito nas subsequentes estruturas e propriedades da ZAC. A diminuio da tenacidade est relacionada com pequenas regies dentro da zona afetada pelo calor com gros grosseiros (ZAC-GG) que possuem ductilidade limitada e baixa resistncia clivagem, conhecidas como zonas frgeis localizadas (ZFL). Estas zonas so constitudas por vrias outras zonas como a ZAC-GG inalterada, zona da ZAC-GG reaquecida intercriticamente (ZAC-GGRI) e zona da ZAC-GG reaquecida subcriticamente (ZAC-GGRS). Nas adjacncias da zona de ligao, as ZFL podem estar alinhadas (Figura 6) e este alinhamento proporciona um caminho fcil para a propagao de trincas. 2.3.4 Pr-aquecimento na soldagem O pr-aquecimento consiste em aquecer o metal base acima da temperatura ambiente antes da soldagem e tem como objetivo principal a preveno de nucleao de trincas na zona de fuso e na zona afetada pelo calor. Os principais efeitos do pr-aquecimento so: menor tendncia formao da martensita devido diminuio do tempo de resfriamento, reduo da dureza obtida na zona afetada pelo calor, diminuio das tenses e distores residuais e permitir que o hidrognio tenha possibilidade de se difundir, reduzindo a tendncia fissurao a frio. A temperatura de pr-aquecimento no deve ser excessiva, devendo ser apenas a necessria para evitar a obteno da estrutura martenstica. O pr-aquecimento pode ser realizado em um forno com controle de temperatura ou atravs de

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maarico. As temperaturas de pr-aquecimento so recomendadas em funo do teor de carbono ou do carbono equivalente e da espessura da liga a ser soldada (BARBOSA, 2007). Com o carbono equivalente possvel relacionar a composio qumica dos aos com a tendncia dos mesmos apresentarem estruturas frgeis. Outro aspecto que deve-se levar em considerao para ao soldagem de aos com caractersticas mecnicas elevadas o carbono equivalente, pois o carbono o elemento que possui influncia na temperabilidade e na dureza final da junta soldada. Para evitar que o carbono gere estruturas frgeis recomendado o pr-aquecimento do metal de base, sendo que quanto maior for o teor de carbono equivalente do metal base, maior deve ser a temperatura de pr-aquecimento (ESAB, 2004). A AWS D1.1 (2004), recomenda para o clculo de carbono equivalente a Equao 2:

CE = C +
Onde:

(2)

CE: Carbono equivalente C: Carbono


: Mangans : Silcio : Cromo : Molibdnio : Vandio : Nquel : Cromo Em funo do resultado de carbono equivalente do material possvel verificar a necessidade de realizar o pr-aquecimento antes de executar a soldagem. A temperatura de pr-aquecimento varia de acordo com o percentual de carbono equivalente identificado no material, sendo que as temperaturas recomendadas so ilustradas na Tabela 3 (ESAB, 2004).

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Tabela 3 Temperatura de pr-aquecimento recomendado por percentual de carbono equivalente Carbono equivalente (%) < 0,30 0,31 - 0,45 0,45 - 0,60 > 0,60 Aos ferramenta, aos mola, aos de composio desconhecida. Fonte: ESAB, 2004. Temperatura de pr-aquecimento recomendada Opcional 100 C - 200 C 200 C - 250 C 250 C - 300 C ~ 300 C

Modenesi (2008), comenta que importante seguir as recomendaes das normas de soldagem para que as soldas realizadas atinjam os requisitos de qualidade desejados. 2.3.5 Soldagem sem tratamento trmico posterior (TTPS) Os aos temperveis, durante o processo de soldagem, apresentam estruturas martensticas no revenidas de elevada dureza e baixa tenacidade que, associadas s tenses residuais, podem gerar trincas. Como preveno, realiza-se um tratamento trmico ps-soldagem para aliviar as tenses internas e melhorar as propriedades mecnicas (AZEVEDO, 2002). As principais funes do tratamento trmico ps-soldagem, segundo Barbosa (2007), revenir ou recozer a zona fundida e a ZAC para diminuir a dureza ou melhorar a tenacidade, diminuir as tenses residuais associadas com a soldagem e permitir a difuso do hidrognio. O revenimento o tratamento trmico que consiste em aquecer o material a temperaturas bastante inferiores temperatura crtica, permitindo uma certa acomodao do sistema cristalino e, como consequncia, reduz a dureza e aumenta a tenacidade da pea aps o processo de soldagem. A estrutura resultante chamase de martensita revenida (BARBOSA, 2007). A soldagem destes aos sem tratamento trmicos posterior constitui um recurso atrativo, pois elimina os tratamentos trmicos, que, em geral, so caros e demorados devido ao tempo de permanncia no forno podendo, ainda, apresentar dificuldades quando realizadas em grandes estruturas ou necessita-se fazer a montagem e reparo no campo (AZEVEDO, 2002).

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2.3.6 Tcnica da dupla camada A tcnica da dupla camada foi desenvolvida nos anos 60 para evitar trincas de reaquecimento. Com o passar dos anos percebeu-se que esta tcnica poderia ser utilizada para evitar o TTPS. Desde ento, vrios esforos esto sendo desenvolvidos no sentido de qualificar procedimentos de soldagem que garantam boas propriedades mecnicas, para os aos baixa liga tais como os AISI 4130, 4140 e 4340 (AGUIAR, 2001). A tcnica da dupla camada utiliza um mtodo controlado de deposio, de modo que a segunda camada promova o refino e a reduo da dureza da ZAC gerada pela primeira camada. O efeito desta tcnica vai depender principalmente dos parmetros de soldagem utilizados na deposio das camadas (BUENO, 1999). A Figura 7 apresenta detalhadamente a tcnica utilizada.

Figura 7: Desenho esquemtico de um corpo de prova com aplicao da dupla camada. Fonte: Andrade, 2011.

Segundo Bueno (1999), a primeira camada produz, inicialmente, um certo grau de refino, sendo dependente da sequncia de deposio. A segunda camada penetra na primeira camada promovendo um refino da regio de gros grosseiros da ZAC da mesma. Os principais parmetros, os quais devem ser observados para uma aplicao eficaz desta tcnica, so: dimenses do cordo da primeira camada; deposio adequada das camadas; relao de aporte trmico entre as camadas; e a cavidade de reparo deve estar suficientemente aberta para permitir adequado ngulo de ataque do eletrodo.

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3 METODOLOGIA Nesta seo so descritos os materiais e equipamentos bem como os mtodos e tcnicas utilizadas para realizao deste trabalho. 3.1 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS Os materiais selecionados como corpos de prova foram construdos a partir de barras redondas do ao baixa liga AISI 4140 com 22,225 x 150 mm unidas pelo processo de soldagem MAG com chapas retangulares do ao estrutural ASTM A36 com dimenses 12,7 x 50 x 150 mm. Devido necessidade de depositar os cordes de solda nos corpos de prova e garantir que os mesmos fossem soldados com metal de adio igual, utilizou-se o arame macio AWS ER70S-6, com dimetro de 1,00 mm, cuja composio qumica do metal depositado, encontra-se na Tabela 4.
Tabela 4 Composio qumica e propriedades mecnicas do arame AWS ER70S-6 Composio qumica e propriedades mecnicas do consumvel Elemento Qumico (%) C Mn Si P S Ni Cr Mo V Cu 0,06-0,15 1,4-1,85 0,8-1,15 0,025 0,035 0,15 0,15 0,15 0,03 0,5 Resistncia Trao Limite Escoamento Alongamento (mnimo) (mnimo) (mnimo) 480 Mpa 400 Mpa 22%

Materiais AWS ER70S-6

AWS ER70S-6

Fonte: AWS A5.18, 2001.

A Figura 8 mostra um desenho esquemtico do dispositivo posicionador e fixador utilizado na soldagem das peas do ao ASTM A36 com o ao AISI 4140.

Figura 8: Dispositivo para posicionamento dos aos.

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As soldagens foram realizadas atravs de uma (mquina manual) fonte de potncia SMASHWELD 250 ESAB, onde diferentes parmetros foram ajustados. Um forno (mufla) da marca LAVOISIER foi utilizado para a realizao de praquecimento e ps-aquecimento. 3.2 MTODOS E TCNICAS Os experimentos foram realizados utilizando a tcnica de soldagem com passe nico, dois passes e trs passes. Os cordes de solda foram realizados em forma de junta em ngulo, onde o arame foi posicionado num ngulo de 45 entre as duas chapas, 90 em relao ao eixo da solda. A distncia do bico de contato pea foi de 20 mm. As soldas foram aplicadas em apenas um lado da junta. A alimentao do arame foi acionada manualmente, onde a velocidade mdia manteve-se em 11,7 m/min e os parmetros de soldagem so apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 Parmetros utilizados na soldagem dos corpos de prova Velocidade Vazo de Cateto Energia da Corrente Tenso de Gs da Solda soldagem (A) (V) Soldagem (litros/min) (mm) (J/mm) (mm/s) 200 200 200 200 200 200 21 21 21 21 21 21 2,5 5,32 7,14 10 8,06 10 14 14 14 14 14 14 12 12 12 12 12 12 1680 789,47 588,23 420 521,09 420

Corpo de Prova Amostras 1a 1, 4 e 7 Camada 1a Amostras Camada 2, 5 e 8 2a Camada 1a Camada Amostras 2a 3, 6 e 9 Camada 3a Camada

Um total de nove corpos de prova (amostras) foram desenvolvidos. As amostras 1, 2 e 3 foram realizadas sem pr-aquecimento e sem ps-aquecimento. As amostras 4, 5 e 6 foram feitas apenas com pr-aquecimento no ao AISI 4140 durante 50 minutos 300 C. Por fim, as amostras 7, 8 e 9 foram realizadas utilizando pr-aquecimento no ao AISI 4140 durante 50 minutos 300 C, psaquecimento no conjunto soldado por 60 minutos 724 C e resfriamento lento (dentro do forno).

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Os corpos de prova foram cortados com uma mquina de corte metalogrfica AROTEC COR-40 com refrigerao. A parte inicial e final das amostras (25 mm) foram descartadas, pelo fato de eliminar a chance de se estudar uma rea onde o soldador estava estabilizando o arco ou a disperso de calor no uniforme. Os 100 mm restantes da amostra foram divididos em trs partes, e em seguida, as peas foram lixadas gradualmente com uma Politriz - AROTEC APL-4 at apresentarem caractersticas visuais satisfatrias para ataque qumico. O ataque qumico, realizado com nital 3%, funciona como um revelador de microestrutura, e possibilita anlise macro e micro estrutural da pea. Para garantir a preciso dos resultados das anlises, foi desfrutado dos equipamentos disponveis na FAHOR para realizar os testes almejados. As macrografias da seco transversal do cordo foram realizadas com uma mquina fotogrfica digital. As microestruturas foram obtidas, atravs de um microscpio ptico srie-SM Union Optical. Os ensaios de dureza foram realizados com o durmetro PANANTEC ATMI. As medies foram realizadas com carga de 150 kg a cada 2 mm de distncia criando assim um perfil de dureza rockwell. Para fazer as medies de dureza dos corpos de prova foram selecionados s regies mais duras, ou seja, apenas os pontos crticos. A Figura 9(01) apresenta os procedimentos utilizados nas amostras 1, 2 e 3, (sem pr-aquecimento e sem psaquecimento) e nas amostras 4, 5 e 6, (com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e sem ps-aquecimento), j a Figura 9(02) refere-se as amostras 7, 8 e 9, (com praquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado) mostra os procedimentos desenvolvidos.

Figura 9: (A) MB AISI 4140, (B) MB ASTM A36, (C) Metal de solda, (D) ZAC AISI 4140, (E) ZAC ASTM A36. (1) 1 ponto de medio, (2) 2 ponto de medio, (3) 3 ponto de medio, (4) 4 ponto de medio, (5) 5 ponto de medio.

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4 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS A apresentao dos resultados dividida em trs partes: inicialmente, os resultados referentes aos experimentos sem pr-aquecimento e sem psaquecimento; em seguida os resultados com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e sem ps-aquecimento; e para finalizar os resultados com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. 4.1 EXPERIMENTOS SEM PR-AQUECIMENTO E SEM PS-AQUECIMENTO As Figuras 10(01), 10(02) e 10(03) apresentam, respectivamente, as macrografias das amostras soldadas com uma camada, duas camadas e trs camadas de solda sem tratamento trmico anterior e posterior. As trs amostras apresentaram boa fuso, porm com relao penetrao, houve maior penetrao no ao ASTM A36 e pouca penetrao no ao AISI 4140. A ZAC no ao AISI 4140 ficou mais visvel e, possivelmente frgil devido ao alto ndice de carbono equivalente existente na composio qumica do ao AISI 4140 e tambm pelo fato da alta taxa de resfriamento. Tambm, observa-se que o tamanho da ZAC diminui com o aumento do nmero de cordes de solda (passes).

Figura 10: Macrografia dos corpos de prova soldados sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (01) Um cordo de solda, (02) dois cordes de solda e (03) trs cordes de solda.

Ao analisar o grfico da Figura 11, verificou-se nas medies realizadas, que as zonas afetadas pelo calor ZAC (posio 2 e 3) do ao AISI 4140 apresentaram os valores de dureza superiores em todos os experimentos soldados sem praquecimento e sem ps-aquecimento. Tambm, observou-se que as amostras soldadas com passe nico apresentaram valores mais elevados de dureza (regio do metal de solda e da ZAC) do que os corpos de prova com dois e trs passes de solda, porm na regio do metal base AISI 4140 os valores de dureza do material mantiveram-se constantes.

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Figura 11: Perfil de dureza dos corpos de prova sem cuidados especiais.

A Figura 12(A) apresenta a microestrutura do ao AISI 4140, constituda de ferrita (partes claras) e uma grande quantidade de perlita com granulao grosseira (partes escuras), em virtude da quantidade de carbono existente. A Figura 12(B) contempla a existncia de uma grande quantidade de ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras).

Figura 12: Micrografias com um cordo de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (A) Metal base AISI 4140, (B) Metal base ASTM A36.

Ao observar a Figura 13(C), percebe-se a transio de fase entre o metal base e a ZAC. A microestrutura do metal base formada por gros grosseiros constitudos por ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Na regio da ZAC do ao AISI 4140, observa-se o incio da transformao do material em martensita. A

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Figura 13(D) contempla nas regies do metal base ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Nas regies da ZAC do ao ASTM A36 encontra-se a existncia de gros refinados de ferrita e perlita, consequentemente esta regio em virtude da reduo dos gros teve um aumento na resistncia.

Figura 13: Micrografias com um cordo de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (C) Metal base e ZAC 4140, (D) Metal base e ZAC ASTM A36.

A Figura 14(E) apresenta nas regies da ZAC a formao de martensita com alta dureza, em funo do alto teor de carbono existente na estrutura cristalina do ao e pelas altas velocidades de resfriamento. O metal de solda (Figura 14(E) e 14(F)) formado por regies dendrticas, com composio heterognea. Na Figura 14(F), pode-se observar na regio da ZAC, a presena de gros colunares de perlita, ferrita de contorno de gro e ferrita acicular (ripas claras). Tambm constatou-se que quanto mais prximo do metal de solda, mais grosseira a regio da ZAC, e quanto mais prximo do metal base, maior o grau de refino dos gros, em ambos os materiais.

Figura 14: Micrografias com um cordo de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (E) ZAC AISI 4140 e metal de solda, (F) ZAC ASTM A36 e metal de solda.

As Figuras 15(A) e 15(B) apresentam a transio entre o metal base e a ZAC, percebe-se nas regies da ZAC, o crescimento de gros numa regio muito extensa,

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no entanto, o aquecimento proporcionado pela energia da segunda camada, proporcionou um certo grau de refino na primeira camada. A microestrutura das regies do metal base composta por gros grosseiros, constitudos, por ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras), j a ZAC apresenta a transio do metal base em martensita.

Figura 15: Micrografias com dois cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

As Figuras 16 (C) e 16(D) apresentam na microestrutura da ZAC a presena de gros grosseiros formados por uma grande quantidade de martensita. Devido as ZAC do ao AISI 4140 terem se transformado em martensita, a regio tornou-se uma zona frgil e dura. Ao analisar as Figuras 16(C) e 16(D), percebe-se que o aquecimento proporcionado pela energia da segunda camada, no foi suficiente para causar o grau de refino desejado na primeira camada. No metal de solda encontra-se uma composio heterognea com a presena de regies dendrticas.

Figura 16: Micrografias com dois cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (C) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (D) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Nas regies da ZAC do ao ASTM A36, Figuras 17(E) e 17(F), encontra-se a presena de gros refinados de perlita e ferrita em grandes quantidades. Nesta

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situao, com a segunda camada de solda, conseguiu-se um pequeno grau de refinamento nas regies da primeira camada. Em virtude da reduo do tamanho dos gros na ZAC do ao ASTM A36, essa regio teve um aumento na resistncia.

Figura 17: Micrografias com dois cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (E) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Ao observar a Figura 18(G) pode-se notar a presena de gros colunares de perlita, ferrita de contorno de gro e ferrita acicular (ripas claras). Na Figura 18(H) encontra-se ainda, ferrita primria e gros de perlita colunares que cresceram a partir dos gros do metal base, em virtude do calor gerado pela soldagem.

Figura 18: Micrografias com dois cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Atravs das Figuras 19(A) e 19(B) pode-se notar a regio de fuso entre o metal de solda e o metal base. O metal de solda formado por uma composio heterognea e por regies dendrticas. Na Figura 19(A) verificou-se na ZAC a presena de ferrita e gros de perlita que cresceram pelas energias geradas na soldagem a partir dos gros do metal base. Na ZAC da Figura 19(B) observa-se a presena de colnias de perlita e ferrita com granulao grosseira.

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Figura 19: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Foi possvel identificar nas regies da ZAC, Figura 20(C) um aumento no tamanho dos gros. Essa ZAC formada por perlita e uma grande quantidade de ferrita. Encontram-se regies dendrticas com composio heterognea no metal de solda. Na Figura 20(D), tem-se uma microestrutura formada por ferrita em abundncia e pequenas quantidades de perlita, tambm observa-se um refino dos gros na ZAC.

Figura 20: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (D) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (C) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

Nota-se nas Figuras 21(E) e 21(F), uma microestrutura formada por pequenas quantidades de perlita e grandes quantidades de ferrita. Observa-se tambm, uma transio de fase entre o metal base e a ZAC. As ZAC apresentam estruturas com gros refinados, e com uma resistncia maior que o metal base, em virtude do refino dos gros.

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Figura 21: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (E) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

Com as Figuras 22(G) e 22(H) possvel identificar no metal de solda a presena de regies dendrticas com composio heterognea. A Figura 22(G) apresenta a transio de fase do metal base em martensita, j a ZAC da Figura 22(H) contm a microestrutura totalmente formada em martensita. Na ZAC da Figura 22(G) os gros esto mais refinados do que a ZAC da Figura 22(H) em virtude do segundo passe de solda ter proporcionado um refino dos gros, em funo do calor gerado na soldagem.

Figura 22: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Na Figura 23(J) possvel identificar no metal base ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras), j na ZAC, verificou-se a presena de gros refinados, devido s camadas de solda anteriores. A Figura 23(I) constituda por gros grosseiros de martensita na ZAC devido s altas velocidades de resfriamento e pelo calor gerado durante a soldagem. O metal de solda formado por regies dendrticas com composio heterognea.

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Figura 23: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (J) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (I) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

Nas Figuras 24(K) e 24(L) possvel identificar a presena de ferrita (partes claras) e grandes quantidades de perlita (partes escuras). Nos experimentos com as trs camadas de solda, conseguiu-se um elevado grau de refino nas camadas anteriores, como consequncia reduziu-se consideravelmente o tamanho dos gros da ZAC, porm pode-se notar a presena de gros pouco refinados na regio entre passes. O ciclo trmico gerado pela segunda camada de solda teve como funo refinar as ZAC-GG da primeira camada e a terceira camada consistiu em aplicar o revenimento.

Figura 24: Micrografias com trs cordes de solda sem pr-aquecimento e sem psaquecimento. (K) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (L) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

4.2 EXPERIMENTOS COM PR-AQUECIMENTO E SEM PS-AQUECIMENTO As Figuras 25(01), 25(02) e 25(03) apresentam, respectivamente, as macrografias das amostras soldadas com uma camada, duas camadas e trs camadas de solda com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e sem tratamento trmico posterior. Nestas amostras pode-se observar que o tamanho da ZAC diminuiu com

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o aumento do nmero de cordes de solda (passes). Tambm, algumas descontinuidades (falta de penetrao Figura 25(01) e excesso de convexidade Figura 25(03)) podem ser observadas nestas macrografias.

Figura 25: Macrografia dos corpos de prova soldados com pr-aquecimento e sem psaquecimento. (01) Um cordo de solda, (02) dois cordes de solda e (03) trs cordes de solda.

A Figura 26 apresenta o grfico de dureza das amostras com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e sem ps-aquecimento. Nota-se no grfico, que as regies do metal de solda foram s regies mais macias do conjunto soldado e que as ZAC apresentam as regies mais duras. Ao analisar a Figura 26, percebe-se que a tcnica com trs camadas de solda obteve os valores mais baixos de dureza do que as amostras com um e dois passes de solda.

Figura 26: Perfil de dureza dos corpos de prova com pr-aquecimento.

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A Figura 27(A) apresenta a microestrutura do ao AISI 4140, constituda por ferrita (partes claras) e perlita com granulao grosseira (partes escuras). A Figura 28(B) contempla a existncia de ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras) na microestrutura do ao estrutural ASTM A36.

Figura 27: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com uma camada de solda. (A) Metal base AISI 4140, (B) Metal base ASTM A36.

Ao observar a Figura 28(C), percebe-se a transio de fase do metal base. A microestrutura do metal base composta por gros ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). A ZAC do ao AISI 4140 apresenta sua microestrutura parcialmente transformada em martensita. A Figura 28(D) contempla nas regies do metal base ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Nas regies da ZAC do ao ASTM A36 (Figura28(D)) notou-se a existncia de gros refinados.

Figura 28: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com uma camada de solda. (C) Metal base e ZAC 4140, (D) Metal base e ZAC ASTM A36.

A Figura 29(E) apresenta nas regies da ZAC a formao de martensita, em funo do teor de carbono equivalente existente na estrutura cristalina do ao e pelas altas velocidades de resfriamento. Na Figura 29(F), pode-se observar na regio da ZAC, a presena de gros colunares de perlita, ferrita de contorno de gro e ferrita acicular (ripas claras). Ao analisar as Figuras 29(E) e 29(F) nota-se que

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quanto mais prximo do metal de solda, mais grosseira a regio da ZAC, e quanto mais prximo do metal base, maior o refino dos gros. O metal de solda composto por regies dendrticas com composio heterognea.

Figura 29: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com uma camada de solda. (E) Metal de solda e ZAC AISI 4140, (F) Metal de solda e ZAC ASTM A36.

Ao analisar a (Figura 30) microestrutura dos corpos de prova com praquecimento percebe-se que ocorreu um refino uniforme dos gros da ZAC-GG da primeira camada, mas na regio entre passes foram encontrados gros pouco refinados. Atravs do mtodo da utilizao de dupla camada, (Figura 30) percebeuse na ZAC (regio prxima da linha de fuso), a formao de um progressivo refinamento e revenimento pelo efeito do ciclo trmico de soldagem. As Figuras 30(A), 30(B) contam com a presena de martensita e austenita retida na ZAC.

Figura 30: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com duas camadas de solda. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Com as Figuras 31(C) e 31(D), possvel identificar no metal de solda regies dendrticas com composio heterognea, j na ZAC, verifica-se a presena de martensita. Ao analisar as Figuras 31(C) e 31(D) percebe-se um pequeno refino de gros na ZAC resultante do primeiro passe de solda, em virtude do uso da tcnica

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da dupla camada de solda, no entanto, o aquecimento proporcionado pela energia da segunda camada, no foi suficiente para causar o grau de refino desejado na primeira camada.

Figura 31: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com duas camadas de solda. (C) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (D) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Nas regies da ZAC do ao ASTM A36, Figuras 32(E) e 32(F), observa-se a transformao de fase do metal base com a presena de gros refinados de ferrita e perlita. Com a aplicao da segunda camada de solda nos aos, surgiu-se nas regies da primeira camada, um pequeno refino dos gros. Em virtude do acontecido s zonas refinadas adquiriram um pequeno aumento na resistncia do material.

Figura 32: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com duas camadas de solda. (E) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Nas Figuras 33(G) e 33(H) tem-se a fase de transformao entre a zona de fuso do metal base com o metal de solda. No metal de solda verifica-se a presena de regies dendrticas, com composio heterognea. A ZAC formada por grandes colnias de ferrita (partes claras) e pequenas quantidades de perlita (partes escuras) que em virtude do calor gerado na soldagem, proporcionaram um aumento

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considervel no tamanho dos gros. As regies refinadas da ZAC apresentam um aumento importante na resistncia.

Figura 33: Micrografias com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e com duas camadas de solda. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

As Figuras 34(A) e 34(B) apresentam em sua microestrutura a presena de gros de perlita colunares que cresceram a partir dos gros do metal base (na mesma direo cristalogrfica) e ferrita primria. No metal de solda encontra-se uma composio heterognea com regies dendrticas.

Figura 34: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Verificou-se na Figura 35(C), a presena de ferrita e perlita na composio qumica do ao ASTM A36. No metal de solda nota-se uma composio heterognea com presena de regies dendrticas. Comparando as ZAC das Figuras 35(C) e 35(D) percebe-se que quanto mais prximo do metal de solda maior o tamanho dos gros, j saindo dessa regio e indo em direo ao metal base nota-se um refino considervel nos gros. Consequentemente, quanto maior o grau de refino do material maior a resistncia.

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Figura 35: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (D) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (C), Zona afetada pelo 3 passe de solda.

Nas Figuras 36(E) e 36(F), nota-se a presena colnias de ferrita e perlita. As ZAC em funo do calor gerado pela soldagem obtiveram estruturas com gros refinados. O metal base no sofreu alterao microestrutural, portanto, manteve suas propriedades mecnicas. Nota-se no metal base uma granulao grosseira, quando comparada com a ZAC.

Figura 36: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (E) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

possvel verificar que as soldagens com trs camadas proporcionaram um elevado grau de refino na ZAC-GG. Percebe-se tambm que o ciclo trmico da segunda camada realizou o refino da ZAC-GG da primeira camada e a terceira camada realizou o revenimento. Com as Figuras 37(G) e 37(H), possvel identificar no metal de solda regies dendrticas com composio heterognea, j na ZAC do metal base, verifica-se a presena de martensita. As regies da ZAC resultantes da segunda camada obtiveram gros maiores do que as regies afetadas pelo primeiro passe de solda.

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Figura 37: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Nas juntas unidas por soldas multipasses, a microestrutura dos aos ainda mais complexa, por ser formada por regies reaquecidas e alteradas pelos ciclos trmicos dos passes seguintes e por regies que permaneceram basicamente inalteradas (MODENESI, 2004). Na Figura 38(J) possvel identificar no metal base ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras), j na ZAC, verificou-se a presena de gros refinados, devido s camadas de solda anteriores. A Figura 38(I), nas regies da ZAC, apresenta a presena de martensita, porm no metal de solda encontra-se uma composio heterognea com regies dendrticas.

Figura 38: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (J) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (I) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

Nas Figuras 39(K) e 39(L) possvel identificar a presena de ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Nos experimentos com as trs camadas de solda, conseguiu-se um elevado grau de refino nas camadas anteriores, como consequncia reduziu-se consideravelmente o tamanho dos gros da ZAC, porm pode-se notar a presena de gros pouco refinados na regio entre passes. O ciclo trmico da segunda camada gerou um certo grau de refino na ZAC-GG da primeira camada e a terceira camada serviu como revenimento.

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Figura 39: Micrografias com trs camadas de solda e pr-aquecimento no ao AISI 4140. (K) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (L) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

4.3 EXPERIMENTOS COM PR-AQUECIMENTO E PS-AQUECIMENTO As Figuras 40(01), 40(02) e 40(03) apresentam, respectivamente, as macrografias das amostras soldadas com uma camada, duas camadas e trs camadas de solda com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. Nestas amostras observa-se uma possvel extino da ZAC e, consequentemente, eliminao de uma regio frgil da solda.

Figura 40: Macrografia dos corpos de prova soldados com pr-aquecimento e psaquecimento. (01) Um cordo de solda, (02) dois cordes de solda e (03) trs cordes de solda.

Neste experimento, em virtude do ps-aquecimento no conjunto soldado, houve um processo de revenimento nos materiais, devido ao resfriamento lento (dentro do forno). Portanto, nesta etapa, os pontos que apresentam uma dureza mais elevada, so s regies do metal base AISI 4140. Ao analisar o grfico da Figura 41, possvel verificar que as tcnicas com simples depsito de solda e com trs passes de solda apresentam valores de dureza inferiores na ZAC. J a tcnica com dupla camada tornou-se menos eficiente nesta condio, porm as trs condies apresentam menores valores de dureza na ZAC do ao AISI 4140, em funo do ps-aquecimento.

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Figura 41: Perfil de dureza dos corpos com pr-aquecimento e ps-aquecimento.

A Figura 42(A) apresenta a microestrutura do ao AISI 4140 recristalizada, constituda de ferrita (partes claras) e grandes quantidades de perlita (partes escuras). A Figura 42(B) contempla a existncia de grandes quantidades de ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras) em menores quantidades.

Figura 42: Micrografias com uma camada de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (A) Metal base AISI 4140, (B) Metal base ASTM A36.

A Figura 43(C) apresenta a microestrutura do ao AISI 4140, constituda de ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). A Figura 43(D) contempla a existncia de ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Ao analisar as Figuras 43(C) e 43(D) percebe-se que as regies da ZAC apresentam uma pequena reduo no tamanho dos gros. Nesta situao, o metal base composto por gros maiores do que a ZAC, devido o ps-aquecimento ter realizado um processo de revenimento

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e recuperado as microestruturas dos materiais, ou seja, eliminaram-se as zonas frgeis resultantes do processo de soldagem.

Figura 43: Micrografias com uma camada de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (C) Metal base e ZAC 4140, (D) ZAC e metal base ASTM A36.

A Figura 44(E) apresenta a ZAC constituda de ferrita (partes claras) e perlita com granulao grosseira (partes escuras). Nas regies da ZAC do ao ASTM A36 (Figura 44(F)) observa-se a presena de ferrita primria e gros de perlita colunares, que cresceram a partir dos gros do metal de base. Com as Figuras 44(E) e 44(F) possvel observar no metal de solda a presena de regies dendrticas (formada por impurezas e elementos de liga) com composio heterognea.

Figura 44: Micrografias com uma camada de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (E) Metal de solda e ZAC AISI 4140, (F) Metal de solda e ZAC ASTM A36.

As Figuras 45(A) e 45(B) apresentam a transio do metal base para a ZAC. A microestrutura do ao AISI 4140 formada por ferrita (partes claras) e perlita em grandes quantidades (partes escuras). Observa-se tambm um pequeno

crescimento de gros nas regies da ZAC, porm cabe salientar que em funo do uso da tcnica da dupla camada, as regies afetadas pela primeira camada

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obtiveram uma reduo no tamanho dos gros, quando comparado com as regies afetadas pelo segundo passe de solda.

Figura 45: Micrografias com duas camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

As Figuras 46(C) e 46(D) compem uma microestrutura composta por ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Observa-se tambm o crescimento de gros na ZAC. O metal de solda formado por uma composio heterognea constituda por gros recuperados, compostos por ferrita e perlita, em funo do revenido.

Figura 46: Micrografias com duas camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (C) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (D) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

As Figuras 47(E) e 47(F) contemplam a existncia de grandes quantidades de ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Nas regies da ZAC notou-se a existncia de gros refinados, j as regies do metal base apresentam gros maiores. As ZAC do metal base apresentam maior resistncia em funo dos gros refinados.

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Figura 47: Micrografias com duas camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (E) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

As Figuras 48(G) e 48(H) apresentam no metal de solda a presena de regies dendrticas com composio totalmente heterognea formada por gros

recuperados, compostos por ferrita e perlita, em funo do revenido. Nas regies da ZAC do ao ASTM A36 observa-se a presena de ferrita primria e gros de perlita colunares, que cresceram a partir dos gros do metal base.

Figura 48: Micrografias com duas camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

Ao observar as Figuras 49(A) e 49(B), verifica-se no metal de solda a presena de regies dendrticas com composio totalmente heterognea formada por gros recuperados, compostos por ferrita e perlita, em funo do revenido. Nas regies da ZAC do ao ASTM A36 observa-se a presena de ferrita primria e gros de perlita colunares, que cresceram a partir dos gros do metal base.

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Figura 49: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (A) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (B) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

As Figuras 50(C) e 50(D) contemplam a existncia de ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). A ZAC da Figura 50(C) apresenta uma regio formada por ferrita primria e gros de perlita colunares, que cresceram a partir dos gros do metal base. O metal de solda apresenta uma composio heterognea formada por gros recuperados, compostos por ferrita e perlita, em funo do revenido. Na Figura 50(D) observa-se a transio de fase entre o metal base e a ZAC, nota-se nas regies da ZAC um pequeno refinamento de gros em relao ao metal base.

Figura 50: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (D) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (C) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

As Figuras 51(E) e 51(F) contemplam a existncia de ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Ao analisar as Figuras 51(E) e 51(F) percebe-se a transio de fase entre o metal base e a ZAC. Nota-se nas regies da ZAC um pequeno refinamento de gros em relao ao metal base.

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Figura 51: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (E) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (F) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

As Figuras 52(G) e 52(H) apresentam na microestrutura do ao AISI 4140, ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Observa-se tambm, um pequeno crescimento de gros na ZAC. O metal de solda deste experimento constitudo por uma composio heterognea formada por gros recuperados, compostos por ferrita e perlita, em funo do revenido.

Figura 52: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (G) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (H) Zona afetada pelo 2 passe de solda.

A Figura 53(I) apresenta uma microestrutura formada por ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Observa-se um pequeno crescimento de gros na ZAC. O metal de solda apresenta-se com composio heterognea formada por gros recuperados, compostos por ferrita e perlita, em funo do revenido. Na Figura 53(J) ocorre a fase de transio entre o metal base e a ZAC. Percebe-se nas regies da ZAC um pequeno refino de gros em relao ao metal base, em virtude desta situao, essas regies obtiveram um aumento na resistncia.

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Figura 53: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (J) Zona afetada pelo 1 passe de solda. (I) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

As Figuras 54(K) e 54(L) apresentam uma microestrutura composta por ferrita (partes claras) e perlita (partes escuras). Ao analisar as Figuras 54(K) e 54(L) observa-se a fase de transio entre o metal base e a ZAC. Nota-se uma pequena reduo no tamanho dos gros na ZAC.

Figura 54: Micrografias com trs camadas de solda, pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado. (K) Zona afetada pelo 2 passe de solda. (L) Zona afetada pelo 3 passe de solda.

4.4 DISCUSO SOBRE OS RESULTADOS DOS EXPERIMENTOS A soldagem dos aos dissimilares (AISI 4140 e ASTM A36) foi realizada utilizando a tcnica de soldagem com mltiplas camadas, e foi possvel observar que o ao estrutural ASTM A36 apresentou boa soldabilidade e no houve grandes variaes e fragilidade na ZAC do material aps a soldagem. Logo, o ao AISI 4140 apresentou maior ndice de temperabilidade, menor soldabilidade e maior fragilidade na ZAC devido ao carbono equivalente existente na estrutura cristalina do ao e tambm pelo fato da alta velocidade de resfriamento. Nos experimentos em que utilizaram-se apenas uma camada de solda, notouse um pequeno refino nas regies da ZAC. Porm nos experimentos que foram

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aplicados duas camadas de solda, a segunda camada penetrou na primeira e promoveu o refino da regio dos gros grosseiros da ZAC resultantes da primeira camada. J nos testes em que foram aplicados trs passes de solda, a terceira camada serviu para realizar o revestimento da solda e para reduzir a zona dura da camada anterior. Conseguiu-se com o aumento do nmero de passes diminuir o tamanho das zonas afetadas pelo calor e tambm, eliminar as zonas frgeis e as zonas duras geradas pela soldagem. As peas que foram unidas sem pr-aquecimento e sem ps-aquecimento apresentaram um alto ndice de fragilidade na ZAC do ao AISI 4140. Pelo fato do ao ser um material tempervel, a zona fundida e as regies da ZAC tornaram-se endurecidas e frgeis, pela alta velocidade de resfriamento e pela elevada quantidade de carbono equivalente na estrutura cristalina do ao. J o ao estrutural ASTM A36 demonstrou na ZAC, regies macias e com dureza menor, quando comparada com a ZAC do AISI 4140. Os experimentos que foram realizados com pr-aquecimento no ao AISI 4140 e sem ps-aquecimento no conjunto soldado, demonstraram maior homogeneidade dos gros nas regies do ao, quando comparado com os experimentos sem cuidados especiais. As amostras soldadas com pr-aquecimento apresentaram valores de dureza mais baixo no ao AISI 4140. Com o pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado houve um processo de revenimento e as regies que apresentavam fragilidade na ZAC normalizaram, devido ao resfriamento lento no forno. Verificou-se uma reduo significativa no nvel de dureza da ZAC, consequentemente, o nvel de tenacidade dessa regio elevou-se e o material adquiriu maior capacidade de energia para absorver impactos, tambm houve um aumento na resistncia da ZAC. Comparando os resultados dos experimentos com pr-aquecimento e psaquecimento com os resultados dos testes anteriores, possvel afirmar que estes experimentos alcanaram muito sucesso por diminuir as ZAC dos aos, pois eliminaram-se as zonas crticas causadas pela soldagem, consequentemente, eliminaram-se as regies duras e frgeis do conjunto soldado.

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5 CONSIDERAES FINAIS De acordo com os resultados obtidos nos experimentos e anlises dos resultados, as seguintes concluses podem ser obtidas: - Foi realizada a soldagem de dois aos dissimilares (AISI 4140 e ASTM A36) sem tratamento trmico anterior e posterior; - As peas soldadas com mais de um cordo de solda e sem tratamento posterior apresentaram menor ZAC; - As peas soldadas com ps-aquecimento apresentaram uma ZAC muito pequena para todas as peas; - As amostras sem pr-aquecimento e sem ps-aquecimento apresentaram um grau de dureza mais elevado no ao AISI 4140; - Com o pr-aquecimento no ao AISI 4140 e ps-aquecimento no conjunto soldado conseguiram-se eliminar as zonas crticas causadas pela soldagem.

6 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS Atravs da anlise dos resultados obtidos e tendo em vista a continuidade da pesquisa, apresentam-se as seguintes propostas de trabalhos futuros: 1) Empregar o mesmo procedimento dos experimentos deste trabalho, porm variar os parmetros de soldagem e a composio do gs utilizado; 2) Estudar a tenacidade das juntas soldadas atravs da aplicao do teste de charpy para avaliar a resistncia a trao e a fadiga; 3) Verificar o comportamento dos materiais em questo, atravs de novos experimentos, porm variando as espessuras; 4) Fazer novos testes de soldagem e variar o tipo e o dimetro do arame consumvel; 5) Manipular os parmetros de processo, com objetivo de maximizar a produtividade.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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