Código Do Processo Do Trabalho
Código Do Processo Do Trabalho
Código Do Processo Do Trabalho
Pela Portaria nº. 10 698, de 6 de Julho de 1944, foi mandado aplicar ao ultramar o Decreto-
Lei nº 31 464 de 12 de Agosto de 1941, que aprovou o Código de Processo nos Tribunais
do Trabalho, então em vigor na metrópole.
Há apenas que introduzir no seu texto as alterações exigidas pelas condições particulares
e pela orgânica judiciária das províncias ultramarinas.
Nestes termos:
Usando da faculdade conferido pelo nº. III da base LXXXIII da Lei Orgânica do Ultramar
Português:
3º Não terá aplicação aos processos pendentes, quando essa aplicação imponha
profundas alterações de estrutura, afecte gravemente a tramitarão ou prejudique a
economia processual, e a sua redacção, com as alterações integradas no próprio texto, é a
seguinte:
LIVRO I
Do processo civil
TÍTULO 1
Da acção
CAPÍTULO I
Capacidade Judiciária
Art. 2º- 1. Os maiores de 14 anos podem estar por si em juízo como autores.
Artigo 3º - A mulher casada pode estar por si em juízo como autora, independentemente
de autorização marital.
Art. 4º - Quando se pretenda obter sentença susceptível de ser executada sobre bens
comuns ou sobre bens próprios do cônjuge que não interveio no contrato de trabalho,
deve a acção ser proposta contra ambos os cônjuges.
CAPÍTULO II
Art. 5º- 1. Se o trabalho for prestado por um grupo de pessoas, pode qualquer delas fazer
valer a sua quota-parte do interesse, embora este tenha sido colectivamente fixado.
2. Sendo a acção intentada por um ou alguns dos trabalhadores e tendo o interesse sido
colectivamente fixado, caberá ao substituto legal do agente do Ministério Público a defesa
dos interesses dos outros trabalhadores componentes do grupo.
a) Quando tenham sido exercidos, por uma entidade patronal, represálias contra um
trabalhador por actos praticados no exercício de cargo corporativo nesse organismos
CAPÍTULO III
Representação e patrocínio judiciário
Art. 7º - São representados pelo Ministério Público:
c) do artigo 14º. e correspondentes execuções, desde que umas e outras se dirijam contra
entidades patronais ou seguradoras.
Art. 9º - 1. O agente do Ministério Público deve recusar o seu patrocínio a pretensões que
repute infundadas ou manifestamente injustas e pode recusá-lo quando verifique a
possibilidade de o autor recorrer aos serviços do contencioso do organismo corporativo
que o representa.
Art. 10º - Se houver conflito de interesses entre pessoas ou entidades que devam ser
patrocinadas pelo Ministério Público, o seu agente em exercício junto do tribunal
respectivo defenderá os trabalhadores ou suas famílias perante o Estado ou outras
entidades; o Estado, perante as outras entidades; os organismos corporativos, instituições
de previdência e de abono de família, perante as autarquias locais.
TÍTULO II
Da competência e das garantias da imparcialidade
CAPÍTULO 1
Da competência internacional
Art. 13º - 1. Não podem ser invocados perante tribunais portugueses os pactos ou
cláusulas que lhes retirem competência internacional atribuída ou conhecida pela lei
portuguesa.
2. Para a revisão e confirmação em Portugal de sentenças de tribunais estrangeiros sobre
matéria abrangido por este Código são competentes os Tribunais Administrativos de
Angola e de Moçambique ou a 1º subsecção da secção do contencioso do Conselho
Ultramarino, consoante a execução deva ter lugar em qualquer daquelas duas províncias
ultramarinas ou em províncias de governo simples.
CAPÍTULO II
Da competência interna
SECÇÃO I
Competência em razão da matéria
Art. 14º - São da competência dos tribunais do trabalho:
f) As questões emergentes de trabalho autónomo, quando este não seja prestado por
empresários ou por profissionais livres nessas qualidades;
Art. 15º - 1. Nas causas abrangidos pelas alíneas a) e g) do artigo anterior só são válidos o
compromisso arbitral pelo qual se convencione que certo litígio seja decidido por uma
comissão corporativa à qual a lei atribui competência para intervir na respectiva
conciliação e as cláusulas compromissórias em que o mesmo se convencione quanto à
generalidade dos litígios emergentes dos contratos individuais de trabalho em que sejam
incluídas. Nestes casos a causa será julgada nos termos de processo sumário.
2. Nas causas abrangidos pelas restantes alíneas do artigo anterior é aplicável o artigo
1510º do Código de Processo Civil.
3. Valerá como compromisso arbitral a declaração feita por ambas as partes perante a
comissão corporativa no sentido de que esta julgue o respectivo litígio.
SECÇÃO II
2. Os tribunais municipais do trabalho conhecem das causas que a lei submeta à sua
jurisdição, até ao limite do valor expressamente designado.
SECÇÃO IV
SECÇÃO IV
Competência territorial
Art. 19º - 1. As acções devem ser propostas no tribunal do domicílio do réu, sem prejuízo
do disposto nos artigos seguintes.
Art. 22º - As acções a que se referem as alíneas c),d) e e) do artigo 14º. serão propostas no
tribunal que for competente para a causa a que respeitem e correrão por apenso ao
processo, se o houver.
Art. 23º- 1. Nos processos de liquidação e partilha dos bens de instituições de previdência
ou organismos corporativos, ou noutros em que seja requerido uma dessas instituições
ou organismos, é competente o tribunal da respectiva sede.
Art. 25º - São nulos os pactos ou cláusulas pelos quais se pretenda excluir a competência
territorial atribuída pelos artigos anteriores.
CAPÍTULO III
Da extensão da competência
Art. 26º - O disposto no artigo 97º do Código de Processo Civil é aplicável às questões de
natureza civil, comercial, criminal ou administrativa, exceptuadas as questões sobre o
estado das pessoas em que a sentença a proferir seja constitutiva.
CAPÍTULO IV
Art. 28º - O pedido de escusa referido no artigo 126º do Código de Processo Civil será
decidido:
TÍTULO III
Do processo
CAPÍTULO 1
Da distribuição
Art. 29º - Na distribuição haverá as seguintes espécies:
Art. 30º - As participações e demais papéis que se destinam a servir de base a processos
das espécies 4º e 5º serão apresentados obrigatoriamente ao agente do Ministério Público
de turno, que, em caso de urgência, ordenará, com precedência da distribuição, as
diligências convenientes.
CAPÍTULO II
Art. 31º - 1. A citação das pessoas colectivas poderá fazer-se por meio de carta registada
com aviso de recepção, que terá o valor da citação pessoal, se houver distribuição
domiciliária na localidade.
2. Quando a ré, pessoa colectiva, não conteste nem compareça em juízo, o juiz deverá
certificar-se de que a carta foi recebida na respectiva sede.
3. A indicação dolosa de falsa sede da pessoa colectiva sujeita o autor às sanções previstas
para o litigante de má fé.
Art. 32º - 1. Em processo pendente a notificação de parte não revela será feita ao
respectivo mandatário, que para esse efeito indicará um domicílio, ou ao agente do
Ministério Público, quando exerça o patrocínio, ou à parte, quando litigue por si.
2. A notificação será também feita à parte quando a lei o exija ou quando se destine a
obter a sua comparência pessoal em juízo.
Art. 34º- 1. As citações e notificações que não possam ou não devam ser feitas por via
postal e quaisquer outras diligências, quando tenham de ser efectuadas em comarca
diferente daquela em que o tribunal da causa tem a sua sede serão solicitadas ao tribunal
do trabalho que tenha sede nessa comarca ou, não o havendo, ao respectivo tribunal de
comarca ou julgado municipal, dentro da esfera da sua competência, ou à autoridade
administrativa ou policial territorialmente competente.
CAPÍTULO III
Da Instância
2. As partes têm o dever de, conscientemente, não formular pedidos ilegais, não articular
factos contrários à verdade nem requerer diligências meramente dilatórias, sob pena de
multa, sem prejuízo de outras sanções previstas na lei.
2. O depoimento de parte só pode ser prestado nos termos do Código de Processo Civil.
Art. 39º- 1. O autor deve cumular na petição inicial todos os pedidos que até à data da
propositura da acção possa deduzir contra o réu e para os quais o tribunal seja
competente em razão da matéria, desde que lhes corresponda a mesma espécie de
processo.
3. Não podem ser invocados em juízo direitos que não tenham sido deduzidos nos
termos dos números anteriores, salvo se a violação desses direitos constituir delito
definitivamente julgado, se eles resultarem de acidente de trabalho ou doença
profissional ou se o juiz considerar justificado a sua não inclusão na petição inicial.
Art. 40º - 1. É permitido ao autor aditar novos pedidos e causas de pedir nos termos dos
números seguintes.
3. O autor pode ainda deduzir contra o réu novos pedidos, nos termos do número
anterior, embora esses pedidos se reportem a factos ocorridos antes da propositura da
acção, desde que justifique a impossibilidade da sua inclusão na
petição inicial.
4. Nas hipóteses previstas nos números anteriores, será o réu notificado para responder
tanto à matéria do aditamento como à sua admissibilidade.
Art. 41º- 1. A instância não pode ser modificada por sucessão entre vivos da parte
trabalhadora.
3. A reconvenção deve ser deduzida na contestação, mas pode sê-lo posteriormente nas
circunstâncias e termos do nº 2 do artigo 40º.
Artigo 44º - Cumulando-se pedidos nos termos do artigo 39º, podem as partes desistir ou
transigir apenas quando a algum ou alguns deles.
Artº. 45º- 1. A apensação de acções nos termos do artigo 275º do Código de Processo Civil
poderá também ser ordenada oficiosamente ou requerido pelo agente do Ministério
Público, ainda que este não represente, patrocine ou assista qualquer das partes.
2. Para os efeitos do número anterior, o cartório informará os magistrados das acções que
se encontrem em condições de poderem ser apensadas.
CAPÍTULO IV
Art. 49º - O processo executivo tem formas diferentes, conforme se baseie em sentença de
condenação em quantia certa ou noutro título.
TÍTULO IV
Do processo de declaração
CAPÍTULO I
Do processo ordinário
SECÇÃO I
Da tentativa de conciliação
Artº 50º*
SECÇÃO II
Dos articulados
Art. 54º - Recebida a petição inicial, quando o juiz verifique nela deficiências ou
obscuridades, deve convidar o autor a completá-la ou esclarecê-la, sem prejuízo do artigo
474º do Código de Processo Civil.
Art. 55º- 1. Se o réu não contestar, tendo sido ou devendo considerar-se citado na sua
própria pessoa, consideram-se confessados os factos articulados pelo autor.
2. Logo em seguida será proferida sentença julgando a causa conforme for de direito.
Art. 56º - 1. O réu pode contestar dentro de dez dias, a contar da citação. O prazo começa
a correr desde o termo da dilação, quando o réu tenha sido citado por carta ou por éditos.
Art. 57º - Ao agente do Ministério Público, como patrono do réu trabalhador, são
aplicáveis o ónus de impugnarão especificado e o disposto no nº 2 do artigo 490º do
Código de Processo Civil.
Art. 59º - 1. Se for deduzida alguma excepção, o autor responder à matéria desta no prazo
de cinco dias.
Havendo reconvenção, o prazo para a resposta será alargado para dez dias.
SECÇÃO III
Do despacho saneador
SECÇAO IV
Da instrução
Art. 61º - 1. Não podem os autores oferecer mais de dez testemunhas para prova dos
fundamentos da acção. Havendo cumulação de pedidos ou sendo aditados novos
pedidos, pode o número de testemunhas ir até cinco por cada pedido, não podendo
exceder vinte; igual limitação se aplica aos réus que apresentem a mesma contestação.
2. No caso de reconvenção, pode cada uma das partes oferecer também dez testemunhas
para prova dela e da respectiva defesa.
Artigo 62º - Sobre cada um dos factos incluídos no questionário não pode a parte
apresentar mais de cinco testemunhas não se contando as que tenham declarado nada
saber.
SECÇÃO V
Art. 63º - 1. A instrução, discussão e julgamento serão sempre feitos pelo juiz singular,
que julgará de facto e de direito.
Art. 64º - 1. Efectuadas as diligências de produção de prova que não possam deixar de ter
lugar antes da audiência de discussão e julgamento ou expirado o prazo marcado nas
cartas, o juiz designará um dos quinze dias imediatos para essa audiência.
2. Até à conclusão para este efeito, a qualquer dos advogados é lícito requerer o exame do
processo. O prazo para o exame é fixado entre dois e quatro dias e só depois de ele
expirar se designa, nesse caso, dia para a audiência.
Art. 65º - Feita a chamada das pessoas que tenham sido convocados. o agente do
Ministério Público tentará conciliar as partes. Se não conseguir, será aberta a audiência.
Desde que esteja constituído o tribunal, a audiência só poderá ser adiada e por uma vez
se houver acordo das partes e fundamento legal.
Art. 66º - 1. Se não houver motivo para adiar a discussão, observar-se-á a ordem seguinte:
f) Finda a produção das provas será dada a palavra, por uma só vez e por tempo não
excedente a uma hora, primeiro ao advogado do autor e depois ao advogado do réu, para
discussão da matéria de facto e do aspecto jurídico da causa;
g) Encerrados os debates, pode ainda o juiz formular quesitos novos que resultem da
discussão da causa, mas só sobre a matéria articulada.
3. O tribunal pode, em qualquer altura antes dos debates, durante eles ou depois de
findos, ouvir o técnico designado nos termos do artigo 649º. do Código de Processo Civil.
2. Só é admissível recurso do despacho que decidir esta reclamação no caso de ter havido
falta absoluta de motivação.
SECÇÃO VI
Da sentença
3. No caso do número anterior, o juiz responderá aos quesitos, fazendo uma breve
apreciação das razões que foram decisivas para o seu convencimento, e formulará a
decisão indicando sucintamente os fundamentos de direito.
4. No caso previsto no nº. 2 deste artigo, depois de proferida a decisão, irá o processo com
vista ao Ministério Público para se pronunciar sobre a má fé dos litigantes ou promover
procedimento disciplinar contra os funcionários judiciais que no decorrer do processo se
tenham mostrado negligentes. Se nada disser, o processo seguirá seus termos,
independentemente de despacho do juiz.
Art. 69º - O juiz deve condenar em quantidade superior ao pedido ou em objecto diverso
dele quando isso resulte de aplicação, à matéria especificado ou requesitada ou aos factos
de que possa servir-se nos termos do antigo 514º. do Código de Processo Civil, de
preceitos interrogáveis de leis ou convenções colectivas.
Art. 70º - Sempre que a acção tenha por objecto o cumprimento de uma obrigação
pecuniária, o juiz deverá orientá-la por forma que na sentença, quando venha a ser
condenatória, lhe seja possível fixar em quantia certa a importância devida.
Art. 73º- 1. Na hipótese prevista no artigo 5º, a sentença constitui caso julgado em relação
a todos os trabalhadores.
SECÇÃO VII
Dos recursos
Art. 74º - As decisões dos tribunais da jurisdição do trabalho podem ser impugnadas por
meio de recurso, segundo as regras de competência em razão da hierarquia.
Art. 75º - Os recursos são ordinários e extraordinários: são ordinários a apelação, o agravo
e o recurso para o tribunal pleno; são extraordinários a revisão e a oposição de terceiro.
Art. 78º - 1. O juiz mandará subir o recurso desde que a decisão seja recorrível, o recurso
tenha sido interposto tempestivamente, o recorrente seja legítimo e tenha sido dado
cumprimento à legislação sobre custas.
2. Se o juiz não não mandar subir o recurso ou retiver um recurso que deva subir
imediatamente, o recorrente poderá reclamar.
3. Recebida a reclamação, será mandada ouvir a parte contrária, salvo se tiver sido
impugnada unicamente a admissibilidade do recurso.
4. O juiz pode satisfazer a reclamação e mandar subir o recurso, nos termos normais; não
satisfazendo a reclamação, o processo subirá dentro de cinco dias, a contar da resposta da
parte contrária, ao tribunal superior, cujo presidente decidirá a questão dentro de
quarenta e oito horas.
Art. 79º- 1. A apelação tem efeito meramente devolutivo, sem necessidade de declaração.
O apelante poderá obter o efeito suspensivo se, no prazo de trinta dias, a partir da
notificação da sentença, prestar caução da importância em que foi condenado, por meio
de depósito efectivo no tribunal ou nos estabelecimentos onde por força da lei vigente se
fazem os depósitos judiciais, ou por meio de fiança bancária.
2. Tem efeito suspensivo o agravo que suba imediatamente.
Art. 80º- 1. Sobem imediatamente nos próprios autos os agravos interpostos:
CAPÍTULO II
Do processo sumário
Art. 81º - 1. Apresentada a petição, o juiz despachá-la-á dentro de quarenta e oito horas.
Art. 83º- 1. Autor e réu devem comparecer pessoalmente no dia marcado para o
julgamento.
2. Se o autor faltar e não justificar a falta, nem se fizer representar por mandatário
judicial, o réu será absolvido da instância, se o requerer; se o autor apenas se fizer
representar por mandatário judicial, consideram-se provados os factos que foram
alegados pelo réu e que forem pessoais do autor.
3. Se o réu faltar, não justificar a falta e não se fizer representar por mandatário judicial,
será condenado no pedido excepto se tiver provado por documento suficiente que a
obrigação não existe; se apenas se fizer representar por mandatário judicial consideram-
se provados os factos alegados pelo autor que forem pessoais do réu.
5. O disposto nos números anteriores não impede a conciliação por intermédio dos
mandatários judiciais munidos dos necessários poderes.
3. Se ao juiz parecer indispensável, para boa decisão da causa, que se proceda a alguma
diligência, suspenderá o julgamento na altura que repute mais conveniente e marcará
logo dia para a diligência, que não pode efectuar-se por meio de carta, devendo o
julgamento concluir-se dentro de quinze dias. Qualquer arbitramento é feito por um
único perito.
CAPÍTULO III
Do processo sumaríssimo
3. Recebido o processo, o juiz, sem prejuízo da faculdade conferido pelo nº. 3 do artigo
84º., apreciará todos os elementos constantes dos autos e julgará conforme for de direito.
4. Se o autor o requerer, a intervenção da comissão corporativa limitar-se-á à tentativa de
conciliação nos termos e para os efeitos dos artigos 50º. e seguintes. A subsequente acção
judicial seguirá os termos do processo sumário.
TÍTULO V
Do processo de execução
CAPÍTULO 1
Do título executivo
Art. 86º - Podem servir de base à execução nos tribunais do trabalho:
b) Os autos de conciliação;
f) Todos os demais títulos a que a lei especial atribua força executiva nos tribunais do
trabalho.
CAPÍTULO II
b) Opor-se o credor, expressamente e por escrito, a que o devedor seja executado, sendo o
direito do credor renunciável;
Art. 88º - 1. O autor tem o prazo de oito dias, prorrogável pelo juiz, para apresentar a lista
dos bens que nomeia à penhora.
2. Quando o autor não consiga identificar bens do devedor de valor suficiente para
liquidar a dívida e as custas, mas esteja convencido de que existem, pode, dentro do
prazo fixado no número anterior, requerer ao tribunal que proceda às necessárias
averiguações. Para estas averiguações podem os tribunais do trabalho recorrer às
informações de qualquer autoridade ou repartição.
3. Desta oposição será notificado o exequente, que poderá responder no mesmo prazo; se
o entender necessário, o juiz procederá a diligências probatórias sumárias, após o que
conhecerá da oposição.
Art. 90º - Na execução movida apenas contra um dos cônjuges pelo titular de direito
resultante de acidente de trabalho ou doença profissional aplicar-se-á o disposto nos nºs.
2, 3 e 4 do artigo 825º. do Código de Processo Civil.
Art. 9 1º - 1. Só será lícito penhorar bens que estejam penhorados já em outra execução
quando ao devedor se não conheçam outros bens de valor suficientes para liquidar o
crédito do exequente e as custas.
2. Tendo recaído sobre os mesmos bens mais que uma penhora, observar-se-á o disposto
nos artigos seguintes.
Art. 92º - 1. Sendo as duas penhoras ordenadas por tribunais do trabalho, o tribunal que
ordenou a última comunicará oficiosamente o facto ao outro tribunal.
2. O tribunal que receber a comunicação procederá à venda dos bens penhorados, de cujo
produto serão deduzidos as custas referentes ao processo que nele corre. Pelo excedente
não será, porém, pago o exequente sem se receber dos tribunais que ordenaram as outras
penhoras nota da extinção das respectivas execuções ou do remanescente do crédito
verificado e das custas.
Art. 93º - Sendo as penhoras ordenadas por tribunais de ordem diferente, aplicasse o
disposto no artigo 87 1º do Código de Processo Civil.
Artº. 94º - Nas execuções de valor não superior a 10 000$ é dispensada a publicação de
anúncios.
CAPÍTULO III
2. A autorização do juiz, que só poderá ser concedida até à venda ou à adjudicação dos
bens penhorados, suspenderá a instância e determinará a remessa do processo à conta.
TÍTULO VI
Dos processos especiais
CAPÍTULO I
SECÇÃO I
DIVISÃO 1
Disposições preliminares
Art. 97º - O processo inicia-se por uma fase conciliatória dirigida pelo Ministério Público
e terá por base participação do acidente ou doença profissional.
Art. 98º- 1. Recebida a participação, se for caso de morte, o Ministério Público requisitará
a autópsia, salvo se a considerar desnecessária e não for requerido pelos interessados, e
ordenará as diligências indispensáveis ao conhecimento dos beneficiários legais dos
sinistrados ou doentes e à obtenção das provas de parentesco. Instruído o processo com
a certidão de óbito, o relatório da autópsia, se tiver sido efectuada, e certidões
comprovativas do parentesco dos beneficiários com a vítima, o Ministério Público
marcará dia para a tentativa de conciliação, se não tiver sido junto o acordo extrajudicial
previsto na lei. Tendo sido junto o acordo, o Ministério Público marcará dia para
declarações dos beneficiários, e se estas confirmaram as bases daquele, submetê-lo-á à
homologação do juiz, sem prejuízo do disposto no artigo 111º.
Art. 100º - 1. Se o sinistrado ou doente ainda não estiver curado quando for recebida a
participação e estiver sem o tratamento adequado ou sem receber a indemnização devida
por incapacidade temporária, o Ministério Público ordenará imediatamente exame
médico seguido de tentativa de conciliação, nos termos do artigo 107º. O mesmo se
observará no caso de o sinistrado ou doente se não conformar com a alta, a natureza da
incapacidade ou o grau de desvalorização por incapacidade temporária que lhe tenha
sido atribuído, ou ainda se esta se prolongar por mais de seis meses. Para os efeitos deste
número, a entidade responsável deverá participar, no prazo de oito dias, todos os casos
de incapacidade temporária que ultrapassem seis meses.
Art. 101º - Com a notificação para a tentativa de conciliação será entregue cópia da
participação às entidades que não forem participantes.
DIVISÃO 11
Do exame médico
Art. 103º - 1. O exame médico será presidido pelo agente do Ministério Público e
realizado por um perito.
3. O exame será secreto e o Ministério Público poderá formular quesitos sempre que o seu
resultado lhe ofereça dúvidas. O resultado do exame será logo notificado ao sinistrado e
às pessoas convocados para a tentativa de conciliação.
Art. 104º- 1. No auto de exame médico o perito indicará sempre o resultado da sua
observação e do interrogatório do sinistrado ou doente e em face destes elementos e dos
constantes do processo, consignará a lesão ou doença, a natureza da incapacidade e grau
de desvalorização correspondente, ainda que sob reserva de confirmação ou alteração do
seu parecer e diagnóstico após a obtenção de outros elementos clínicos, laboratoriais ou
radiológicos.
2. Sempre que o perito do tribunal não se considerar habilitado a completar o exame com
um laudo concludente, fixará provisoriamente o grau de desvalorização que possa definir
a incapacidade do sinistrado; se o exame não se efectuar dentro de quinze dias, o
Ministério Público tentará, com base nesse laudo, a conciliação para os efeitos do artigo 1
1 1º.
DIVISÃO III
Da tentativa de conciliação
Art. 105º- 1. À tentativa de conciliação serão chamados, além do sinistrado ou dos seus
beneficiários legais, as entidades patronais ou seguradoras, conforme os elementos
constantes da participação.
Art. 106º - Na tentativa de conciliação, o Ministério Público tentará realizar acordo acerca
das indemnizações devidas, de harmonia com os direitos consignados na legislação em
vigor e tomando por base os elementos fornecidos pelo processo, designadamente o
resultado do exame médico e as circunstâncias que possam influir na capacidade geral de
ganho do sinistrado ou doente.
Art. 108º - Dos autos do acordo constarão, além da identificação completa das partes, a
indicação precisa dos direitos e obrigações que lhes são wibuídos e ainda a descrição
pormenorizada do acidente ou doença e dos fundamentos de facto que servem de
pressuposto aos mesmos direitos e obrigações, por forma a habilitar o juiz com os
elementos necessários à apreciação do acordo.
2. A parte que se recuse a tomar posição sobre cada um destes pontos, estando já
habilitada a fazê-lo, será, a final, condenada como litigante de má fé.
Art. 1 10º - Não se realizando acordo, o Ministério Público colherá logo os elementos
necessários à proposituira da acção.
DIVISÃO IV
Art. 111º - 1. Celebrado o acordo, será este submetido ao juiz, que o homologará se
verificar a sua conformidade com os elementos fornecidos pelos autos, com as normas
legais, regulamentares ou convencionais e com a tabela de
desvalorizações.
Art. 114º - 1. O disposto nesta subsecção não se aplicará aos casos de doença profissional
da responsabilidade de instituições corporativas de previdência.
SUBSECÇÃO II
Fase contenciosa
DIVISÃO I
Disposições gerais
Art. 115º - A fase contenciosa terá por base petição inicial em que o autor:
Art. 1 16º - Nesta fase o processo poderá conforme os casos, desdobrar-se em três partes:
a) Processo principal;
Art. 117º - 1. Não se tendo realizado acordo ou não tendo este sido homologado e não se
verificando a hipótese prevista no artigo 113º, o Ministério Público, sem prejuízo do
disposto nos artigos 9º e 1 1º, assumirá imediatamente o patrocínio do sinistrado ou dos
beneficiários legais e, dentro de quinze dias, apresentará petição inicial.
2. Em qualquer altura, poderá o juiz alterar o valor fixado conforme os elementos que o
processo fornecer.
DIVISÃO II
Art. 121º - 1. Logo que esteja findo o processo principal e determinada a entidade
responsável, o juiz fixará a pensão ou indemnização provisória a pagar por essa entidade,
se não for então condenada definitivamente.
Art. 122º- 1. Da decisão que fixar a pensão ou indemnização provisória não há recurso,
mas o responsável pode reclamar com o fundamento de se não verificarem as condições
da sua atribuição. Da pensão ou indemnização fixada nos termos do artigo 120º poderá,
além disso, a instituição corporativa de previdência reclamar com o fundamento de o
sinistrado ou os beneficiários não terem dela necessidade.
Art. 123º - 1. O juiz poderá determinar em qualquer altura do processo que a entidade
que anteriormente tiver custeado o tratamento do sinistrado ou doente continue a
suportar esse encargo quando aquele o pedir em requerimento fundamentado e o juiz
entender que o pedido é fundado à face dos exames e outros elementos constantes do
processo e diligências que repute necessárias, sem prejuízo do disposto no nº. 5 do artigo
1 19º.
DIVISÃO III
Do processo principal
Art. 125º- 1. Quando com o processo principal estiver a correr um apenso para a
determinação da entidade responsável, e até ao trânsito em julgado do despacho que
decidir a questão, serão citadas no processo tanto as entidades patronais como as
seguradoras, e todas poderão intervir simultaneamente.
2. Os actos processuais praticados, no caso do número anterior, por uma das entidades
rés aproveitam às outras, mas, na parte em que derem origem a quaisquer obrigações ou
as reconhecerem, são próprios da entidade que os praticou, sem prejuízo do que no
respectivo diploma se dispuser quanto a custas.
4. São lícitos os acordos pelos quais a entidade patronal e a entidade seguradora atribuam
a uma delas a intervenção no processo a partir da citação da última, e sem prejuízo da
questão da transferência da responsabilidade.
5. O acordo previsto no número anterior será eficaz tanto no que beneficie como no que
prejudique as partes.
Art. 126º - 1. O réu será citado, se não houver motivo para indeferimento liminar e a
petição inicial estiver em termos de ser recebida, sendo-lhe entregue cópia da petição.
2. Seguidamente o réu terá, para contestar, o prazo de dez dias, a contar da citação ou da
última citação, havendo vários réus.
Art. 127º - Na contestação, além de invocar todos os fundamentos da sua defesa, poderá o
réu:
b) Nomear à acção outra pessoa que sustente ser o eventual responsável, e que será citada
para contestar, nos termos do artigo anterior, abrindo-se, seguidamente, um apenso para
a determinação da entidade responsável.
Art. 128º - 1. A falta de contestação de todos os réus citados tem como consequência a sua
condenação solidária no pedido, salvo se o juiz entender dever usar da faculdade que lhe
concede o artigo 69º, para o que poderá ordenar as diligências que julgue necessárias.
Art. 129º- 1. Juntas as contestações ou findo o prazo para a sua apresentação, será o
processo concluso ao juiz, que proferirá despacho saneador em que considerará assentes
as questões sobre que tenha havido acordo na tentativa de conciliação e onde ordenará
desdobramento do processo, conforme o que lhe tiver sido requerido.
2. A partir do despacho saneador seguir-se-ão os termos do processo comum, salvo o
disposto nos artigos subsequentes.
c) Se houver uma única questão a decidir, esta correrá no processo principal, sem
prejuízo da forma processual que lhe é própria.
Art. 131º - Nas acções que sigam a forma do processo sumário é sempre permitida a
inquirição de testemunhas por carta precatória.
Art. 133º - 1. Findo o processo principal, o juiz julgará as questões nele debatidas, mas, se
estiverem ainda a correr processos apensos, aguardará a sua conclusão para proferir a
sentença final.
Art. 135º - 1. Quando deva ser prestada caução ou constituída reserva matemática,
enviar-se-à à inspecção provincial de crédito e seguros, ou, na sua falta, à repartição que
detenha a sua competência um exemplar do acordo, com a nota e ter sido homologado,
ou a certidão narrativa da decisão que condenar no pagamento da pensão, da qual conste
o teor da sua parte dispositivo, e, em todos os casos, as certidões necessárias aos
respectivos cálculos.
DIVISÃO IV
Do apenso de fixação de incapacidade para o trabalho
Art. 136º - 1. A parte que não se conformar com o resultado do exame realizado na fase
conciliatória do processo ou no caso previsto no nº 2 do antigo 114º requerá na petição
inicial ou na contestação exame por junta médica. O requerimento deverá ser
fundamentado ou vir acompanhado dos respectivos quesitos.
2. O exame, com a intervenção de três peritos, realizar-se-á com a urgência possível e será
presidido pelo juiz.
Se na fase conciliatória o exame tiver exigido pareceres especializados, na junta médica
intervirão, pelo menos, dois médicos especialistas.
Se não for possível constituir a junta, nos termos deste artigo, poderá o exame ser
requisitado a outro tribunal do trabalho.
A nomeação dos peritos apresentados pelas partes será feita imediatamente antes da
diligência.
Nos tribunais de Luanda e Lourenço Marques serão nomeados, pelo juiz, peritos do
tribunal que não tenham intervido na fase conciliatória.
DIVISÃO V
DIVISÃO VI
Artº. 139º- 1. Logo que haja conhecimento da morte do sinistrado ou doente, o Ministério
Público averiguará se ela resultou directa ou indirectamente do acidente ou doença.
4. As novas partes têm de aceitar os articulados das partes que substituem e serão válidos
todos os actos e termos já processados, salvo se em manifesta oposição com as novas
circunstâncias.
Art. 140º - A suspensão prevista no artigo 138º não poderá durar mais de um ano, sem
prejuízo de os interessados instaurarem nova acção.
SUBSECÇÃO III
Da revisão da incapacidade
Art. 142º - 1. Quando for requerido a revisão da incapacidade, o juiz mandará submeter o
sinistrado ou doente a exame médico.
3. Se algumas das partes não se conformar com o resultado do exame, poderá requer no
prazo de cinco dias exames por junta médica, nos termos previstos no artigo 136º. Se
nenhuma das partes o requerer, poderá o mesmo ser ordenado pelo juiz, se tal lhe
parecer indispensável para a boa decisão da causa.
4. Se não for realizado exame por junta médica, ou findo este, e efectuadas quaisquer
diligências que se mostrem necessárias, o juiz decidirá logo por despacho, mantendo,
aumentando ou reduzindo a pensão ou declarando extinta a obrigação de a pagar.
5. Este processo correrá no apenso previsto na alínea h) do artigo 116º, quando o houver.
Da renúção de pensões
Art. 145º - 1. Pedida por uma das partes a remição da pensão, quando ela só puder ser
concedida por acordo de ambas, o juiz mandará notificar a outra parte para responder,
sob cominação de, não se opondo ao pedido, se entender que
concorda com ele.
Art. 146º- 1. Quando a remição puder ser concedida a pedido de uma só das partes e ela a
requerer, ou se, no caso do artigo anterior, a parte requerido não se opuser, o juiz, ouvido
o Ministério Público e efectuadas, se necessário, quaisquer diligências sumárias, decidirá
por despacho fundamentado, admitindo ou recusando a remição.
3. A remição, depois de recusada, só poderá ser pedida de novo passado um ano e só será
concedida quando se provar não subsistir o motivo que fundamentou a recusa.
Art. 147º - O artigo anterior aplica-se à homologação pelo juiz da remição feita
extrajudicialmente.
SECÇÃO II
2. Estas acções correrão por apenso ao processo a que disserem respeito, se o houver.
Art. 151º - Sendo a acção fundada em alguns dos factos previstos nas alíneas a), b), c) e e)
do artigo 259º. do Código do Trabalho Rural ou em disposições legais idênticas, ou,
ainda, no facto de o sinistrado, doente ou seus beneficiários deixarem de residir em
território português, o processo não será cominatório e. o juiz poderá oficiosamente
ordenar exames médicos ou outras diligências necessárias.
Art. 152º - 1. Quando o direito a pensão caducar por maioridade especial, morte ou
segundas núpcias, a entidade responsável requererá que seja declarada a caducidade
juntando os documentos necessários.
2. Em caso de morte o processo irá com vista ao Ministério Público, que, se assim o
entender, averiguará se a morte foi consequência da lesão ou doença que deu direito à
pensão, e nos outros casos o juiz ouvirá a parte contrária, se o julgar conveniente.
3. Depois de verificar pela documentação junta e pelas diligências que entenda ordenar
que não há pensões nem indemnizações a satisfazer, o juiz decidirá sem mais
formalidades.
SECÇÃO II
CAPÍTULO II
SECÇÃO I
Disposição geral
SECÇÃO II
3. Não sendo convocado a assembleia, nem apresentada justificação que seja admitida
pelo juiz, determinará este que a assembleia se realize, procedendo-se através do tribunal,
mas à custa do organismo, as formalidades da convocação.
4. O juiz fixará a data e o local de reunião, podendo determinar que o local seja diferente
do designado nos estatutos; poderá ainda nomear a pessoa que presidirá à assembleia.
SECÇÃO III
2. A acção deve ser intentada no prazo de vinte dias, a contar da data em que o
interessado teve conhecimento da deliberação, mas antes de passados cinco anos sobre
esta. Se porém, a acção tiver por fim a impugnarão de deliberações relativas a eleição de
corpos gerentes, o prazo será de quinze dias e contar-se-á sempre a partir da data da
sessão em que tenham sido tomadas essas deliberações.
Art. 157º - 1 O juiz mandará citar o réu e ordenará que este apresente documento
comprovativo do teor da deliberação, quando tal documento não tenha sido junto com a
petição, podendo requisitar também qualquer outro documento que entenda necessário.
2. O réu poderá contestar no prazo de oito dias e, embora não conteste, deverá enviar ao
tribunal os documentos referidos no número anterior.
Art. 160º - Nos casos em que, de acto de qualquer outro órgão gerente ou directivo de
instituição de previdência ou de organismo corporativo, não possa ser interposto recurso
para outro órgão administrativo ou corporativo, a declaração de invalidada desse acto
será pedida através de processo regulado nesta secção.
SECÇÃO IV
Das reclamações de decisão disciplinares
Art. 162º - 1. A instituição ou organismo será citada para responder no prazo de dez dias,
devendo juntar o processo disciplinar e podendo requerer diligências de prova.
Art. 163º - 1. Sem prejuízo do disposto no nº 3 do artigo 35º , não podem ser repetidas
diligências de prova efectuadas no processo disciplinar.
2. O juiz anulará o processo disciplinar quando o arguido não tenha sido ouvido ou não
tenham sido efectuadas no processo diligências requeridos pelo arguido que o juiz repute
essenciais.
SECÇÃO V
2. Não sendo feita a participação referida no número anterior, poderão fazê-la os serviços
oficiais competentes.
3. Quando a lei ou os estatutos determinem a transferência global do património para
outra ou outras instituições ou organismos, competirá à última direcção, havendo-a,
efectuar essa transferência.
2. Recebida a participação, o processo irá com vista ao agente do Ministério Público, que
promoverá a nomeação de três liquidatários, escolhidos pela forma indicada nos
estatutos. Se estes nada dispuserem, o Ministério Público indicará
liquidatários idóneos, dando preferência aos sócios ou beneficiários da instituição.
Art. 168º - 1. Os liquidatários, antes da partilha, apresentarão as contas dos seus actos e
proporão a forma daquela.
Art. 169º- 1. As contas da liquidação e da partilha serão sempre julgadas pelo tribunal,
sem prejuízo da sua prévia apreciação por outras entidades, quando assim for previsto na
lei ou nos estatutos.
Art. 172º - 1. Se não for possível apurar quais sejam as pessoas que, segundo os estatutos,
têm direito à partilha do saldo, feita a nomeação de liquidatários, seguir-se-ão os termos
aplicáveis do processo especial de liquidação em benefício do Estado regulados no
Código de Processo Civil.
Art. 173º - Em tudo o que não vai previsto nesta secção deverá observar-se, na parte
aplicável, o processo especial de liquidação em benefício de sócios regulado no Código de
Processo Civil.
LIVRO II
Do processo penal
TÍTULO 1
Da acção
CAPÍTULO I
Da acção penal
Art. 174º - A acção penal é pública.
b) As entidades a que, por lei especial, for dada competência para levantar autos que
façam fé em juízo.
Art. 176º - Podem intervir como assistentes em processo penal do trabalho os ofendidos,
considerando-se como tais os titulares dos interesses que a lei penal especialmente quis
proteger com incriminação, e os organismos corporativos nos mesmos casos em que têm
legitimidade para a acção cível, segundo o artigo 6º, nº 1, deste Código.
Art. 177º - 1. A acção penal respeitante a qualquer infracção da competência dos tribunais
do trabalho extingue-se, por prescrição, desde que não seja exercida dentro do prazo de
um ano, a contar da data em que a infracção se consumou.
Art. 178º - Sendo o infractor gerente, director, administrador ou por qualquer forma
representante de uma pessoa colectiva, responderá esta pelo pagamento da multa
solidariamente com aquele.
CAPÍTULO II
Art. 179º - 1. Nos dois dias seguintes à entrada em juízo de qualquer petição cível não
patrocinada pelo agente do Ministério Público será uma das cópias desta apresentada
pelo cartório àquele magistrado, a fim de este exercer a acção penal, se
for caso disso.
2. Finda a instrução, se houver lugar a ela, a acção penal será apensada à acção cível, se
ainda não tiver sido iniciada a audiência de discussão e julgamento.
4. As provas produzidas na acção cível não são repetidas na acção penal, mas devem ser
consideradas nesta.
5. Haverá uma só audiência de discussão e julgamento, na qual, quando for caso disso, a
produção de prova com interesse exclusivamente penal se seguirá à produção de prova
com interesse exclusivamente cível ou de interesse comum.
6. A sentença será única, mas dividir-se-á em duas partes, na segunda das quais o juiz
decidirá a questão penal, devendo respeitar as decisões, em matéria de facto, proferidas
na acção cível. Se a sentença não for logo proferida, o juiz deixará consignados na acta os
factos pertinentes à acção penal que considere provados.
CAPÍTULO III
Art. 181º - 1. Não tendo sido proposta acção cível, a obrigação cujo incumprimento
constituiria a infracção será pedida no respectivo processo penal.
c) Os casos em que o agente do Ministério Público não tiver exercido a acção penal dentro
de três meses a contar da denúncia;
d) Os casos em que o processo penal estiver sem andamento durante três meses.
2. O juiz, no caso de condenação e embora isso não lhe tenha sido requerido, arbitrará a
indemnização que corresponder, nos termos dos preceitos aplicáveis, ao direito violado.
Art. 184º - 1. Sempre que haja lugar à aplicação de multas por infracções constituídas pela
falta de cumprimento de obrigações pecuniárias, o arguido satisfará essas obrigações
dentro do prazo estabelecido para a multa, salvo o disposto no artigo seguinte.
a) Tiver sido anteriormente condenado por infracção idêntica, salvo acordo da entidade
credora;
b) Não tiver efectuado o depósito da multa e das custas em que tiver sido condenado.
5. Vencida a última prestação irão os autos com vista ao Ministério Público, após o que
serão arquivados se nada for promovido.
Art. 186º - 1. No caso de condenação por falta de remessa de folhas de férias a instituição
de previdência ou de abono de família, o juiz ordenará a apresentação daquelas folhas ou
de documento comprovativo da sua entrega à instituição.
2. A falta de cumprimento do determinado pelo tribunal será punida com multa de 100$
a 1000$, aplicável no próprio processo e convertível em prisão.
TÍTULO II
Da competência
Art. 187º - Compete aos tribunais do trabalho conhecer e julgar em matéria penal:
g) As demais infracções cujo conhecimento lhes seja atribuído por lei especial.
TÍTULO III
Do processo
CAPÍTULO 1
Da distribuição
Art. 188º - Para efeitos de distribuição, às espécies de natureza cível previstas no artigo
29º acrescem, em matéria penal, as seguintes:
CAPÍTULO II
Da instrução e julgamento
Art. 189º - Nos autos de notícia levantados pela Inspecção do Trabalho ou outras
autoridades e nas participações a eles legalmente equiparadas é dispensada a indicação
de testemunhas.
Art. 190º - 1. Sem prejuízo do disposto no artigo 185º, não será admitido o pagamento de
multas enquanto o arguido não provar a satisfação das obrigações correspondentes.
Tratando-se de indemnizações devidas a trabalhadores o seu pagamento só pode ser feito
no processo.
Art. 193º - As multas relativas às transgressões referidas nas alíneas e), f) e g) do artigo
187º não são convertíveis em prisão, salvo se lei especial o determinar.
Art. 194º - Além dos casos previstos nos artigos 555º do Código de Processo Penal e 47º
do Decreto-Lei nº 35 007, de 13 de Outubro de 1945, é admissível recurso de decisões
posteriores à sentença.
LIVRO III
Da fixação de interpretações
Art. 195º - 1. Verifica-se conflito de jurisprudência para os efeitos deste livro quando uma
decisão definitiva do Conselho Ultramarino ou dos Tribunais Administrativos de Angola
e de Moçambique contenha solução oposta, relativamente à mesma questão fundamental
de direito à de outra decisão proferida nos últimos três anos e no domínio da mesma
legislação pelo tribunal de que se recorre ou por outro de hierarquia superior.
Art. 197º - A decisão proferida neste procedimento será imediatamente publicado nos
Boletins Oficiais das províncias ultramarinas e nos Boletins dos institutos do trabalho,
previdência e acção social e a sua doutrina terá força obrigatória geral.
Para ser publicado nos Boletins Oficiais de todas as províncias ultramarinas. - J. da Silva
Cunha.