Periodo Interbiblico

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO BATISTA DO NORTE DE MINAS

TEOLOGIA BÍBLICA DE MISSÕES

Trabalho apresentado à disciplina Teologia Bíblica de


Missões, ministrada pela professora Rute Arruda
Nogueira, como requisito parcial avaliação do 1°
Semestre letivo de 2007 , referente ao 2°
ano do curso de Bacharel em Teologia.

ANDRÉ R. E S.
13/06/2007
PERÍODO INTERBÍBLICO

Etimologicamente, “interbíblico” quer dizer “entre a Bíblia”, ou melhor, “entre


os dois Testamentos”, isto é, entre o Velho e o Novo Testamento assim como se acham
hoje em nossas Bíblias.
O livro do profeta Malaquias, último vidente desse período, termina com a
promessa do precursor do Messias (Ml 4: 4-6 e 3:1). Mt. 3:1 é o cumprimento fiel da
profecia de Malaquias. No entanto, entre a profecia (Ml 3:1) e seu cumprimento (Mt
3:1), transcorreram nada menos de 400 anos.
Os 400 anos do período interbíblico caracterizam-se pela cessação da revelação
bíblica, pelo silencio profundo em que Deus permaneceu em relação ao seu povo, pois
durante esse período, nenhum profeta se levantou em nome de Deus.
No silencio desesperador desses 400 anos, o Senhor deixou que os esforços dos
homens, na resolução dos problemas espirituais, falhassem; que a filosofia se
esboroasse, que o poder material enfadasse as almas; que a imoralidade religiosa
desiludisse a todos, mesmo os corações mais ímpios; que a corupção campeasse,
atingisse as raias da depravação, mostrando assim ao homem a inutilidade de tais
sistemas e instituições.
Em 500 e poucos anos, os judeus foram derrotados, levados ao cativeiro; sua
metrópole fora destruída, seu Templo profanado e derribado. Depois de duras provas
porque passara, tornaram a Jerusalém, reedificaram a cidade, reconstruíram O Templo, e
prosseguiram na sua história brilhante e ascendente, cujo término se verificou em 70 da
nossa era, na destruição de Jerusalém pelos romanos.

A SOBERANIA MEDO- PERSA (450- 333 a.C.)

• A Média – A Média fica no majestoso planalto do Irã, a oeste da cadeia de


Zagros, a leste da Mesopotâmia, comunicando-se com o mar Cáspio.
Os Medos descendem de um grupo iraniano.
O fundador da dinastia média foi Ciaxiares (633-a.C.), Que auxiliou Nabopalassar a
destruir Nínive.Sucedeu-lhe no trono ,seu filho Astíages, cuja filha foi desposada
por Cambises, pai de Ciro, vassalo da Média.
• A Pérsia – A Pérsia era no tempo de Astíages, tributária da Média. A Pérsia
antiga estava situada a oeste do Golfo Pérsico, ao sul de Babilônia e sul da
Média.
Quando Ciaxiares fundou a famosa dinastia meda, a Pérsia era uma de suas
humildes colônias. Cambises da Pérsia casou-se com a filha de Astíages da
Média. Cambises, com este matrimônio, esperava dilatar os seus territórios,
multiplicar seus tesouros e aumentar o seu poder. Nada, aconteceu.
A suprema ambição de Cambises era: aumentar seus territórios tornou-se uma
obstinação em seu filho Ciro e que na realidade, se tornou o ponto de partida
para as suas grandes conquistas.

O período interbíblico representa uma era tumultuosa, não apenas para o povo
hebreu, mas para o mundo de então. Depois dos inúmeros governos dos assírios e
caldeus, veio o governo dos persas.
Tão logo Ciro assumiu o poder em Babilônia, lhe foi mostrada a Escritura de
Isaías 45, em que ele é mencionado por nome como o que estava destinado a restaurar
o povo de Israel. Ciro ficou admirado de ver seu nome registrado duzentos anos antes
de nascer, por isso, logo no primeiro ano de seu governo, deram ordens para que os
cativos, que desejassem, voltassem à sua terra, devolveu os vasos de ouro que
Nabucodonozor tinha levado e promoveu todas as medidas para facilitar a volta a Judá.
Assim, em 520, no segundo ano de Dario, sócio de Ciro na conquista da Babilônia, foi
dada ordem aos judeus para que voltassem à Palestina. Poucos voltaram, porque muitos
já estavam estabelecidos na terra, fazendo bons negócios, e preferindo ajudar seus
irmãos que retornavam, a voltar com eles.
Reconstruído o Templo, faltavam os muros da cidade, que estavam derribados. A
história da reconstrução do Templo e dos muros é uma narração que só pôde ser lavada
a cabo graças a boa disposição do governo persa. Artaxerxes (465-425) foi o grande
monarca da restauração dos muros. Os persas dominaram sobre Jerusalém por dois
séculos, e este, foi benéfico para o povo de Deus.
No governo de Artaxerxes Longimanus, verificam – se os seguintes fatos:
• O Egito revoltou-se contra a Pérsia e, em diversos lugares, derrotou as forças de
Artaxerxes.
• Verifica-se um tratado de paz (Calis – 449), pelo qual Chipre retorna à Pérsia e
as colônias gregas da Ásia Menor alcançaram sua liberdade.
• Divisão do Mediterrâneo entre Pérsia e Grécia. Terminam assim os grandes
conflitos entre as duas nações.
• Rebelião da Síria causou sérios transtornos ao império, mas Longimanus
honrosamente pacificou os insurretos.

Declínio Persa – Ao império Assírio sucedeu o Babilônico; a este sucedeu o Persa e


o Persa agora se esboroa para dar lugar ao Macedônio.
Muitos fatores colaboraram para o enfraquecimento do império Medo-Persa. O mais
destacado foi o de sucessão: Xerxes II reinou 45 anos e foi sucedido por Dario Notus.
No governo de Notus, verificaram-se sublevações em diversas satrapias; Egito e Lídia,
auxiliados pelos mercenários gregos procuraram sacudir o jugo persa, sendo, assim,
infelizes.
Atenas tentou livrar-se dos persas, mas fracassando na investida sobre Sicília, voltou
a acomodarem-se às pretensões de seus antigos exatores. Atenas violou o Tratado de
Paz de Calias. Teria a orgulhosa capital da Hélada, prosseguido em suas arrancadas para
libertar-se dos Persas, se um fator (ciúme entre Atenas e Esparta) não viesse transtornar
seus planos. Resulta dessa rivalidade enfraquecimento, o que oferece oportunidade ao
inimigo para reinar. Desse modo a Pérsia mantém seus domínios no Ocidente.
Artaxerxes II, favorito do pai, e Ciro, protegido por sua mãe, disputavam o trono.
Quando Artaxerxes estava na cerimônia de sua coroação, Ciro atentou-lhe a vida, após
fracassar no golpe, fugiu para sua Satrapia na Ásia Menor, onde assalariou mercenários
gregos, para vingar-se de seu irmão. Ciro, à frente de 10.000 gregos, marchou contra os
exércitos de seu irmão, morreu em combate e seus mercenários, derrotados recuaram.
Foi assinada a Paz de Antálcides (387 a.C.).
Ocus subiu ao trono. O Egito foi subjugado. Sidon rebelou-se contra a Pérsia, mas
foi destruída completamente. Aparece, após a queda de Sidon, um rei muito poderoso
no Ocidente (Filipe da Macedônia). Ocus, assustado, mandou um exército a defender
Trácia mais ou menos em 340 a.C.
Apesar dos esforços persas, Filipe se fortalecia e ganhava terreno. Ao fechar os
olhos, Ocus, Filipe já dominava o Ocidente. Seu sucessor, Dario (336) presenciou fatos
desagradáveis aos persas. Dario Codomano assistiu aos funerais das glórias e tradições
de seu povo. Com Filipe, os macedônios cresceram sempre, até culminar nas
estrondosas conquistas de Alexandre. O cetro passa, assim, do Oriente para o Ocidente.

A SUPREMACIA GRECO-MACEDÔNICA ( 333-323 a. C.)

• Grécia – A Grécia Antiga divide-se em duas partes gerais: ao norte a


Hélade, com capital em Atenas e ao sul o Peloponeso, ligado ao continente
pelo istmo de Corinto, com capital em Esparta. A leste, banhada pelo Mar
Egeu e com as ilhas Cícladas que a punho em comunicação com a Ásia.
Através do Helesponto, chegavam às suas colônias na Ásia Menor. A oeste,
as Ilhas Jônicas que a punham em comunicação com a Itália. Ao sul, a Ilha
de Creta, facilitava-lhe a rota para a África. Ao norte, ficava a célebre
Macedônia.
• Macedônia – Era um pequeno Estado independente ao lado da Grécia. Seu
povo vivia separado dos gregos, e alguns historiadores afirmam que eram de
raça diferente. Quando Atenas, Esparta e Tebas sucessivamente estavam no
apogeu, no esplendor, Macedônia não passava de uma simples colônia de
escravos. Ali reinava a confusão, a anarquia, a indolência, por conseguinte a
fraqueza e a miséria. Nunca chegou a ser alguma coisa.

Filipe – Primeiro rei que brilho à Macedônia. Pouco se sabe de sua origem e
meninice. Encontramo-lo em Tebas, como refém, em casa de Epaminondas, onde
recebeu educação e aprendeu a arte militar e diplomática. Em Tebas, ocultamente,
preparou o jovem Filipe seus planos para o soerguimento de sua pátria.
Na primeira oportunidade, partiu para Macedônia, onde dominou a situação,
sufocou as anarquias, organizou poderoso exército e começou por atacar os Ilírios, os
Trácios e outros povos pela qual organizou a Falange Macedônica. Imediatamente,
mandou explorar as minas de ouro da cidade de Filípos.
Quando Quio, Rodes, Cós e Bizâncio se rebelaram contra Atenas, Filipe valeu-
se do ensejo para estender as fronteiras da Macedônia até o Mar Egeu.
Filipe voltava agora suas vista para a Grécia, seu alvo principal. Era, porém,
oportunista e astucioso. Uma questão religiosa, os focídios terem lavrado um campo
pertencente ao campo de Delfos, obrigou os tessálios a combatê-los. Os gregos e
tebanos foram ajudar os tessálios. Nessa carnificina horrível, gregos , tebanos, focídios
e tessálios se dizimaram,se enfraqueceram. Os focídios foram derrotados. Filipe tomou
assento no conselho dos anfitriões e apoderou-se da praça de Olinto.
“A partir desta vitória sobre os focídios (346), Filipe redobrara em audácia e
atividade, ameaçando Megara, percorrendo vitoriosamente a Tessália e o Épiro, sitiando
Bizâncio, desembarcando em Eubéia, e combatendo sobre as margens do Danúbio, nos
países dos Citas e Tribálios.”
Suas enfermidades (era coxo e perdera na guerra um olho), as numerosas feridas
obrigaram-no a afrouxar o ritmo acelerado de suas conquistas. Os Atenienses desatentos
e negligentes, assistiram impávidos a todas estas façanhas de Filipe. Seus generais se
mantinham indiferentes; seus oradores eram assalariados pelo macedônio.
Dois homens apenas, Demóstenes e Focion, conseguiram sacudir a consciência
de Atenienses e tebanos. Reuniu-os e uniu-os sob um entusiasmo de patriotismos
comuns para marcharem contra Filipe, que há bem pouco acrescentara aos seus
domínios o estratégico ponto – o Termóphilas.
Conseguiram organizar um exército de 32 mil homens e tratava-se entre gregos e
macedônicos, a batalha de Queronéia (338), em que foi sepultada a liberdade da Grécia.
O conselho dos anfitriões nomeou Filipe seu general contra os Persas. Filipe
preparava-se para combater a Ásia, quando foi assassinado, não se sabe se por
influência dos persas ou mando de sua esposa Olímpia que há pouco fora repudiada.
Morreu aos 47 anos de idade.

Alexandre Magno – era filho de Filipe. Educara-se aos pés de Aristóteles. Sempre ao
lado de seu pai, ajudava-o nos planos bélicos. Admirador apaixonado de Homero;
sonhava com glórias e conquistas. Viram-no chorar um dia ao ouvir das vitórias de
Filipe: “Meu pai não me deixará, pois nada a fazer.” Era homem providencial a derrubar
e levantar impérios. Salvou a vida de seu pai das mãos dos bárbaros no Danúbio.
Atribuíram-lhe a vitória de queronéia.
Aos 20 anos, com a morte de seu pai, assumiu as rédeas do governo do Império
Macedônico. Jovem ainda, as nações subjugadas viram nisso áurea oportunidade para
sacudirem o jugo macedônico. Os tribálios, os getas e os ilírios se levantaram contra
Alexandre. O jovem general, com incrível celebridade, subjuga esses insurretos. Depois
dessas brilhantes vitórias, todos o temeram e respeitaram.
Quando por fim submeteu os ilírios, fora chamado às pressas à Grécia para dar
fim ao movimento de insurreição. Destruiu a cidade de Tebas, reduzindo-a monturos. A
única coisa que se salvou, foi a casa do poeta Píndaro.
Bastou o exemplo. Atenas o recebeu com vivas e aplausos, proclamando-o seu
generalíssimo nas guerras contras os persas.

Guerras de Alexandre - Os medos–persas estavam esfacelados, por tantas sublevações,


revoltas e anarquias em seus domínios.
Alexandre, à frente de 35 mil homens, partiu de Pela, sua cidade natal – nada
levando senão a esperança - desembarcou na Ásia: visitou as minas de Tróia e o túmulo
de Aquiles, coroando-o com flores. Trava-se a batalha de Grânico entre Alexandre e
persas. Tomou Alexandre Mileto Halicarnasso isolando os persas da Grécia, onde ali
estavam os mercenários. Seguiu depois para Frigia, cortou o Nó Górdio, desceu a
Cilícia e adoeceu em Tarso.Restabelecido, transpôs os desfiladeiros, derrotou em Isso,
o rei da Pérsia. A mãe, a esposa e os filhos de Dario foram tratados como se fossem a
família do conquistador.
Ocupou depois a Síria, então a Fenícia, gastando 7 meses num cerco para tomar
Tiro. Gaza resistiu; no Egito, fundou Alexandria, ao noroeste do Nilo.
Subiu, atravessou rapidamente a Síria e a Mesopotâmia e atacou Dario em
Arbelas. Os persas tinham 900 mil asiáticos e 30 mil mercenários gregos. Alexandre os
derrotou, ocupando a seguir Babilônia, Suza, Persépolis, Ecbatana. Perseguiu Dario,
não o apanhou porque Besso assassinou o rei Persa.
Faltava-lhe ainda por conquistar a Partia, Hircânia , Ária, Batriana e Sodiana,
países cujo povo era selvagem e amante da liberdade. Alexandre não temeu os desertos
nem as montanhas. Foi, vencendo os obstáculos, e dominou os rebeldes, conquistando-
os para a sua coroa.
Empreendeu, ainda, a conquista da Índia. Passou os rios Indo e Hidaspes e
derrotou os Poros. Desejava penetrar até o Ganges; porém seus soldados o impediram
de avançar. Voltando da Índia, dirigiu uma expedição a Média, em cuja viagem morreu
seu amigo Eféstião. Foi para a Babilônia, onde fez a entrada triunfal. Ali, pelos excessos
de sua intemperança, morreu aos 33 anos de idade. Antes de expirar, perguntaram-lhe a
quem deixava o Império: “Ao mais digno”; foi sua resposta. Foi pranteado por todos,
amigos e inimigos.
Alexandre e os Judeus – Após a captura de Tiro, Alexandre enviou mensageiros a
Jerusalém ordenando a submissão dos judeus e exigindo a subsistência par o seu
exército. Jadua, o Sumo-sacerdote, manda-lhe resposta incisiva e franca: “já me
comprometi com Dario não combatê-lo, portanto não transgredirei meu compromisso,
enquanto viver Dario”.
Alexandre ficou furioso. Assediou Gaza, Tomou-a, depois de 2 meses. Marchou
então contra Jerusalém. Os judeus dizem que Deus falou ao sumo-sacerdote em sonhos
para que abrisse as portas da cidade, adornasse-a bem, mandasse o povo se vestir de
branco e sair em procissão com os sacerdotes paramentados e ele, sumo-sacerdote, com
suas vestes especiais e mitra na cabeça.
Quando Alexandre entrava na cidade, ficou profundamente impressionado com a
cena e abaixou sua cabeça em sinal de adoração. Questionado por seus soldados o
porque fazer aquilo, respondeu: “O que vejo, é o cumprimento de uma visão que tive
na Macedônia”.
Acabou de entrar na cidade, e foi oferecer sacrifício ao Senhor. Confirmou todos
os privilégios que os judeus obtiveram dos persas, principalmente a isenção de impostos
durante o ano sabático.

Alexandre e os Samaritanos - Os samaritanos pediram a Alexandre os mesmos


privilégios que concedera aos judeus, porém o macedônio lhes negou. Atribui-se esta
negação categórica do monarca, há uma rebelião na Samaria na qual assassinaram o
governador macedônio Andrómaco. Para vingar-se, Alexandre destruiu Samaria.

O Século de Alexandre - Àrio interpretando a vida de Alexandre, afirmou: “Alexandre


era diferente de todos os homens, foi dado ao mundo, por especial desígnio da
Providência”.
Dizem que Aristóteles, quando Alexandre aprendia sentado aos seus pés,
aconselhou-o um dia que tratasse os gregos como homens livres e os orientais como
escravos. Alexandre respondeu-lhe; “Minha missão é divina e consiste em “unir” e
“reconciliar” o mundo”.
Alexandre continuou a obra grandiosa de seu pai. Fez época em seu curto
reinado de 13 ou 14 anos, lançou as bases de uma nova civilização, contribuiu
grandemente para o bem da humanidade e de um modo especial para o advento de
Jesus. Nos dias de Alexandre tudo prosperou e depois da sua morte continuou a
prosperar.
Macedônia, incluindo Grécia, era o maior, o mais conceituado centro de cultura
de então. Alexandre, convencido de sua missão neste mundo, adotou a política de
expansão. Ao lado de sua ambição de conquistas, de poder, somos obrigados a
reconhecer que ele levou a cultura e as artes gregas aos vencidos, obrigando-os a
aprenderem o grego. Alexandre era um espírito lúcido e moço talentoso e preparado.
Tinha elevados os ideais de liberdade e suas vistas largas que olhavam além das
fronteiras de um país, alcançavam o mundo. Com esse propósito, ligou as raças, abriu
ao comercio novas vias de comunicação, canalizou suas conquistas para o progresso da
ciência para o bem do homem. Sua maior ambição era espalhar por todo o mundo, a
civilização e a língua gregas. Para a realização desse seu sonho, fundou setenta colônias
ou cidades que permaneceram sendo a principal delas Alexandria no Egito, que se
tornou um grande centro humanista ou de cultura do passado.
Todas essas cidades eram centros de helenismo. O mundo todo, dentro de
poucos anos, foi helenizado. Alexandre não impôs pelas armas a cultura grega, foi uma
invasão pacifica. Os povos tinham sede de saber, os gregos lhe traziam cultura, mas em
sua língua; para saber o conteúdo daqueles manuscritos, eram obrigados a aprender o
grego, o que fizeram espontaneamente. Poucos anos depois da morte de Alexandre os
povos falavam duas línguas, a de origem e a grega. A cultura e o grego, deram ao
mundo uma certa uniformidade, e facilitaram o intercâmbio entre os povos e mais tarde
foi uma benção para a expansão do Evangelho, pois um missionário podia pregar num
só idioma e ser entendido em todo o mundo de então.

Divisão do Império de Alexandre – Ainda em vida, Alexandre predisse que seus


amigos lhe fariam “cruento funeral”. Cumpriu-se o vaticínio. O macedônio não deixou
sucessor direto, pois filho tinha poucos anos de idade.
Pérdicas, no princípio governou como regente, passando-a sucessivamente a Antípatro e
Polispércon. Os outros generais uniram-se e combateram os regentes. Com as lutas, veio
a divisão e com esta a debilidade do grande Império de Alexandre. Cassandro, após a
morte de seu pai Antípatro, reinou na Europa. Ptolomeu dominou o Egito, Antíoco na
Ásia, Selêuco na Babilônia e Lisíaco na Trácia. Houve guerras entre estes e outros
generais. Alguns deles morreram e o Império ficou assim dividido.
A DOMINAÇÃO EGÍPCIA - (SOB OS PTOLOMEUS 323- 198 A.C.)

• Ptolomeu Soter – O Egito, que por tantos anos tinha pretendido dominar o
mundo, via-se agora sob domínio estrangeiro. A princípio, Ptolomeu tratou os
judeus com certa severidade, conhecendo a sua história feita de rebeldias, mas
depois, verificando seu valor cultural, a sua moral e capacidade para o comércio,
foi mudando de atitude. Usou-os em grandes posições no governo das províncias
de Líbia, Sirenaica e outras na África. Mais uma vez os judeus mostraram as
suas qualidades de comerciantes sábios e operosos. Antes das conquistas de
Alexandre, já mantinham relações comerciais com seus irmão do Oriente,
fundando bancos e casas comerciais lá e cá, para a troca de mercadorias e
dinheiro. Como o governo de Ptolomeu Soter, muitos judeus prosperaram, pois
em nada foram molestados em seus negócios e maneiras de viver. A sua religião
estaria a este tempo bastante diluída, mas não tanto para o judaísmo não ser uma
fonte de poder e saber no mundo egípcio.

• Ptolomeu II (Filadelfo) – Sucedeu Ptolomeu Soter, foi notável por seu espírito
de justiça e pendor para as letras. Também soube tratar os judeus, dando- lhes
honras e oportunidades. A universidade de Alexandria se tornou-se o centro de
atividade do mundo literário e científico da época, a biblioteca de Alexandria era
o mais famoso templo do saber, depois de Atenas, e ali se congregavam o que o
mundo tinha conhecido de melhor nos diversos ramos do saber. Ptolomeu II
construiu também o famoso farol de Faros na embocadura no Nilo, para guiar a
navegação que procurava o Egito e outras regiões além. Acredita-se que foi no
seu governo que as Sagradas Escrituras foram vertidas do Hebraico para o
Grego. Há muita discrepância nas informações que nos vêm daqueles dias a
respeito desta versão. Uns acreditam que Ptolomeu, influenciado pela cultura
judaica e pelos judeus, mandou pedir ao sumo-sacerdote em Jerusalém que
especialistas viessem ao Egito fazer a tradução dos livros sagrados. Então o
sumo-sacerdote teria 70 anciãos, que, ao chagarem ao Egito, se dividiram em 35
duplas, para proceder a tradução. Completa esta, verificaram que, as 35
traduções feitas eram absolutamente iguais. Daí o nome “Septuaginta”, que
significa setenta. Esta história não é muito plausível, porquanto a versão parece
que não foi feita toda de uma vez e nem pela mesma pessoa. Há partes fiéis ao
original hebraico, como o Pentateuco; mas há outras que não são. De qualquer
sorte, a versão foi feita e serviu para o mundo de fala grega, através dos anos,
incluindo os tempos de Jesus, quando a Bíblia do povo era a versão dos LXX.
Ptolomeu Filadelfo era doente e morreu antes de terminar sua obra, tanto cultural
como política. Durante o seu governo, começaram as desinteligências entre os
ptolomeus e os selêucidas da Síria. Teve de sustentar duas guerras contra os seus
visinhos do norte. O ápice da contenda era a Palestina, que os selêucidas
queriam para si, contra os termos do acordo inicial. As lutas tiveram seu epílogo
mais tarde, nos governos de Antíoco, o grande, e Ptolomeu Filopator. Ptolomeu
Filadelfo morreu em 247 a. C.

• Ptolomeu III (Evergetes) – Filho de Ptolomeu Filadelfo, herdou um estado


próspero e de grande futuro. As desavenças entre os selêucidas e os ptolomeus
continuaram e com grande agravante. Temendo os seus visinhos do norte e
desejando desforrar-se da guerra feita a seu pai, invadiu a Síria e lutou contra
Antíoco II, derrotando-o. Divorciou-se de sua esposa, Laodice e casou com
Berenice, tomando Susã e muitas outras cidades Babilônicas. De volta ao Egito,
passou por Jerusalém, que era uma espécie de colônia egípcia, pediu ao sumo-
sacerdote que passasse a cobrar impostos do povo para socorrer as despesas
egípcias feitas com a guerra. Para essa tarefa foi nomeado Onias II. Ptolomeu III
morreu em 222 a.C.

• Ptolomeu IV (Filopator) – Assumiu o governo em lugar de seu pai. Encontrou


o Estado com grande prestígio, graças as vitórias de seu pai, e procurou levar
adiante esta situação favorável. A vitória de seu pai contra os sírios valeu-lhe
uma outra guerra contra os mesmos, que a todo custo desejavam apossar-se da
Palestina. Esta guerra teve um desfecho diferente da anterior, porque era seu
oponente Antíoco, o Grande, que terminou por tomar-lhe a Palestina. Os
egípcios, inconformados, defrontaram-se com os sírios na batalha de Ráfia,
sendo derrotados.
De volta da batalha, Ptolomeu passou por Jerusalém e pretendeu entrar no
Templo. Os judeus, no entanto, o enfrentaram aos gritos e no meio de uma
tremenda perturbação, diante do que desistiu. Daí em diante, porém, a sorte dos
judeus no Egito mudou bastante e até mesmo a dos judeus da Palestina.
Na batalha de Ráfia, esperava Ptolomeu receber ajuda dos judeus, mas estes, ou
porque não eram guerreiros ou porque já estivessem vendo que tão bom era um
senhor como o outro, não se deram conta do que estava ocorrendo bem perto da
sua terra. Ptolomeu, não podendo entrar no Templo em Jerusalém, voltou
zangado para o Egito, reuniu os judeus que pôde apanhar, encerrou-os no
hipódromo, esperando dar um espetáculo ao povo. Os judeus oraram a Deus e,
na hora em que foram trazidos os elefantes para destruírem os judeus, estes
atiraram-se contra os egípcios. Isso fez com que Ptolomeu considerasse as coisas
e verificasse que era mau negócio maltrata-los. Morreu em 205 a.C.

• Ptolomeu V (Epifanes) – Por morte de Filopator, sucedeu-lhe seu filho menor,


de cinco anos, portanto, incapaz de impor obstáculo às pretensões dos sírios, que
a cada dia eram mais ousadas. Antíoco invadiu outra vez a Palestina, e os
egípcios, sob o comando do general Scopus, enfrentou-os em Banias, no norte
da Palestina, mas foi derrotado. Zangado com os judeus, porque não lhe
ajudaram, maltratou-os, pelo que, quando Antíoco entrou em Jerusalém, foi
recebido como um libertador, dando mesmo uma verba para custeio dos
sacrifícios no Templo. Antíoco, a fim de apaziguar os ânimos dos egípcios, deu a
sua filha Cleópatra em casamento a Epifanes, selando, desta forma, o domínio
Ptolemaico no Egito.
Antíoco, soberbo com as vitórias obtidas contra Ptolomeu, pretendeu invadir o
Egito e dominá-lo de vez, mas os romanos, que depois da vitória contra os
cartagineses, já estavam entrando na Ásia, advertiram-no para que não tentasse a
invasão. Desafiando os romanos, foi vencido na batalha de Magnésia, em 190
a.C., sendo o herói desta vitória Scipião, cognominado o Asiático. Pouco depois
tomavam os romanos o Egito, dando fim ao domínio ptolemaico.

• Ptolomeu VI ( Filometor) – Por morte de Epifanes, sucedeu-lhe seu filho


Filometor, ávido do casamento com Cleópatra, a célebre rainha do Egito.
Instigado por sua mãe, que tinha nas veias sangue de guerreiros, invadiu a
Palestina, já em poder dos selêucidas, mas foi o que provocou em Cleópatra o
desejo de se vingar na primeira oportunidade. O certo é que não havia no Egito
guerreiro capaz de enfrentar as pretensões dos selêucidas, de dominarem
sozinhos a Palestina. Cleópatra logo se enredou no namoro com Marco Antônio,
terminando o domínio ptolemaico, quer na Palestina quer na África.

O JUGO SÍRIO (SOB OS SELÊUCIDAS 198- 166 A.C.)

• Antíoco I – Empossado no governo da Síria, que lhe coube pela partilha do


Império de Alexandre, e talvez imbuído dos ideais de nobreza e candura,
demonstrados tantas vezes por Alexandre, governou com brandura, não
registrando a história quaisquer feitos que o celebrizassem, quer como tirano
quer como guerreiro. Morreu em 260 a.C.

• Antíoco II ( cognominado Théos ) - Durante os 26 anos de seu governo, houve


paz entre os selêucidas e os egípcios. O governo florescente dos Ptolomeus, o
favor que eles gozavam dos judeus, permitiu-lhes reinar em paz, sem tentar
molestar os seus visinhos do sul. Isso, infelizmente, não foi prosseguido por seus
sucessores, sanguinários e terríveis em seus métodos de governo.

• Antíoco III ( o Grande ) – Desejoso de alargar os seus domínios com inclusão


da Palestina à Síria, organizou grande exército e à sua frente entrou em
Jerusalém, que o recebeu como libertador, em vista dos maus tratos dados pelos
últimos ptolomeus. Epifanes organizou um poderoso exército para lhe embargar
os planos, sob a direção do general Scopus, ferindo-se na batalha no lugar
denominado Banias, bem ao norte do Mar de Genezaré. Scopus foi derrotado e
Antíoco, tentou invadir o Egito, sendo obstado por Scipião romano para que não
tentasse isso. Para não se sentir derrotado, fez as pazes com Ptolomeu, dando-lhe
a filha Cleópatra em casamento, e, como dote, as províncias de Cele Síria,
Palestina e Fenícia. Não obstante essa demonstração de amizade aos ptolomeus,
ele que tinha mau instinto, logo se atirou contra o reúno de sua própria filha.
Se desavindo com os romanos, que acabavam de dominar os seus rivais
cartagineses, no norte da África, marcharam contra Antíoco, e vencendo-o
obrigaram-no a pagar tributos a Roma, e ainda tomaram-lhe um filho como
refém.

• Antíoco IV (Epifanes) – Foi um dos mais terríveis agressores da religião


judaica, chegando a saquear o Templo de Jerusalém, parecendo até que o seu
pendor especial era despojar templos de outras religiões que não a sua.
Epifanes mandou seu cobrador de impostos Apolônio, com uma força bem
armada, à Jerusalém, tomando como despojo de tudo que pôde encontrar,
inclusive do próprio Templo. Depois de pilhar a cidade, ateou-lhe fogo, levou
cativas as mulheres e apoderou-se de seus filhos, segundo o livro dos Macabeus
(I 1:33-34 e II 5:24 em diante). Parece que nunca antes, nem mesmo nos tempos
dos assírios e babilônicos, os judeus foram tão tiranizados, pois ele não se
contentou em maltratar as pessoas, ainda humilhou-as de todas as formas
possíveis exigindo a mudança de costumes e religião. No Templo de Jeová
introduziu uma estátua de Zeus Olímpio e instituiu a pena de morte, a quem
praticasse qualquer forma de culto a Jeová. Todos os livros sagrados encontrados
em poder do povo foram destruídos, e a busca de casa em casa era rotina, até
exterminar de todo a posse das sagradas escrituras.
Foi dessa forma terrível, inigualável a qualquer outra, das muitas que o povo
tinha atravessado, que surgiu o movimento conhecido como Período dos
Macabeus. Os judeus deram ao mundo uma lição que deve ser aprendida: não há
poder que destrua as convicções religiosas de um povo. Isso foi mais tarde
provado em outras perseguições, movidas pela Igreja Católica Romana.
• Antíoco V – Filho de Antíoco IV reinou apenas por dois anos, quando o reinado
dos tiranos selêucidas estava no fim. Sucediam-se uns aos outros, alguns por
morte natural, outros por assassinato. As lutas internas, cada qual desejando
manter-se no poder, criaram para a Síria um período de decadência, que
terminou por cair em poder dos romanos. Demétrio, primo de Antíoco V, pediu
ao preceptor do rei para assassina-lo e assim foi feito.
• Demétrio I – Sobrinho de Antíoco. Esteve em Roma como refém, mas
conseguiu fugir de lá. Começou a reinar em 162 a.C. Alexandre Balas, um dos
filhos de Antíoco IV, disputo-lhe o trono e matou-o em uma batalha em 150 a.C.
• Alexandre Balas – Subiu ao trono após matar Demétrio I, e Demétrio II procura
vingar a morte de seu pai, para tanto, pede ajuda ao rei do Egito. Balas é
derrotado, foge para a Arábia, onde o assassinam em 145 a.C.
• Demétrio II – Começou a reinar em 145 a.C. Antíoco VI, filho de Alexandre
Balas, pede ao general Trifo que vingue a morte de seu pai. Demétrio combatia
os Partas, quando deles caiu prisioneiro em 138 a.C.
• Antíoco VII – Governa a Síria de 138 a 128 a.C. Neste ano, porém, ocorre uma
fato que transtorna os planos dele. Demétrio II é solto e exige o trono. Reina até
125. Alexandre Zabinas declara-se rei, mata Demétrio e governa até 124 a.C.
• Selêuco V – Filho de Demétrio. Seu governo durou poucos dias. Foi
assassinado. Reinou em 124 a.C.

A GUERRA DE LIBERTAÇAÕ DOS MACABEUS (166 – 63 a.C.)

A família dos Aesmônios, os Macabeus - O termo Aesmônio vem de uma família de


sacerdotes de Modim, cujos feitos, reúnem os principais eventos da história dos judeus.
O apelido MACABEU, crê-se que se deriva de Êxodo 15:11, onde se lê: “Oh Senhor,
quem é como tu, entre os deuses?”, cujas palavras em hebraico são: Mi Csmoka Baelim
Yahveh. Das letras iniciais, MCBI, teria se formado a palavra MACABI ou MACABEU,
que também significa ‘’martelo’’.
Matatias era o ancião chefe da família e sumo-sacerdote nos dias da perseguição
síria. Teria ele sido abordado em Modim, perto de Jerusalém, por um oficial sírio, para
que, em lugar de incensar e oferecer sacrifícios a Deus, os oferecesse a Júpiter. Esta
proposta teria sido feita em nome do rei como condição de paz entre dominador e
dominados. Matatias respondeu que, ainda que todos os judeus abandonassem a Deus,
ele e os seus jamais o fariam. Como um judeu herege se aproximara para sacrificar a
Júpiter, a ira se acendeu na alma do velho sacerdote, que acabou por matar o judeu e o
oficial sírio que tinha sido porta-voz da ordem. Destruiu o altar de Júpiter (ou Zeus),
destruiu tudo que significava culto sacrílego e fugiu para as montanhas, acompanhado
de seus cinco valentes filhos. Os judeus, reconhecendo neste fiel sacerdote, um líder
valoroso, uniram-se a ele. O primeiro passo foi a derrubada de todos os altares pagãos, e
a seguir, o reforçamento da lei da circuncisão, que a muito fora negligenciada. Depois
deu-se a matança de todos os judeus apóstatas que fora encontrados. Estes primeiros
acontecimentos afervoraram o zelo de muitos judeus, que vinham de todas as partes
engrossar dia a dia as fileiras do exército que se propunha salvar o judaísmo.
Dentro de poucos meses morreu o velho Matatias, e sem perca de tempo, foi
sucedido por seu filho Judas, que já era conhecido pelo título distintivo de Macabeu.
Logo se revelou um patriota sincero e exaltado defensor da Lei, um líder militar de raro
entusiasmo e energia, bem como um estrategista de valor. As hostes contra as quais
tinham de lutar pareciam invencíveis comparando com seus poucos e desarmados
soldados. Nessa situação o relevo da Palestina foi de grande ajuda, como sucedera nos
tempos de Davi. Escolhendo um ponto favorável na estrada que ia de Samaria a
Jerusalém desfechou um ataque repentino contra o general sírio Apolônio, e conseguiu
não somente desbaratar os exércitos sírios, mas também, matar o chefe da perseguição.
Judas de posse da espada de Apolônio e com seus soldados armados com as armas dos
soldados mortos, estava apto para uma nova batalha.
Bete-Horom ofereceu a oportunidade para uma grande vitória sobre os sírios.
Serom, que havia sido enviado para derrotar os judeus, dirigiu-se a Jerusalém pela
estrada do norte e que passa por Bete-Horom, um lugar de rochedos e precipícios, onde
dificilmente qualquer exército poderia se mover. Os homens de Judas espalharam-se
pelas fendas dos rochedos, esconderam-se em buracos e caçaram os soldados sírios a
medida que passavam. Atacados por todos os lados, sem saberem muitas vezes de onde
partia o ataque, foram desbaratados. Morreram oitocentos soldados e o restante fugiu
para as planícies da Filístia, desorientados. Os judeus notaram, então que o que faltava
aos soldados inimigos era coragem e destemor, e isso lhes deu um novo alento para
continuar a luta contra o inimigo.
Para a felicidade dos judeus, Antíoco Epifanes descobriu que o tesouro real
estava vazio, com os gastos luxuosos da corte e com as construções magníficas que
haviam feito. Assim, entregou o governo a Lísias, um de seus nobres, enquanto se
ocupava da organização de um grande exército e partia para sua campanha final na
Pérsia. A partida de Antíoco reduziu a mais da metade o número de soldados disponíveis
para a campanha contra os judeus. Lísias, porém, reconhecendo a importância de acabar
com a rebelião dos judeus, enviou um exército de quarenta e sete mil soldados, sob o
comando de três generais: Ptolomeu, Nicanor e Górgias. Chegando a Palestina,
acamparam junto a Emaús. Desta vez os sírios evitaram o combate nas montanhas,
enquanto os generais sírios tomavam suas decisões, Judas arregimentava seus
seguidores em Mispá. Aparentemente, os generais sírios tinham estendido seu exército
em Emaús, na vã esperança de que por meio de marcha noturna surpreender Judas e
seus companheiros. Disso resultou que quando os generais mandaram soldados capturar
Judas encontraram a cidade de Mispá deserta, pois Judas havia tirado seus homens à
noite e os levado para o lado sul de Emaús.
No ano seguinte, o regente Lísias arregimentou um exército de 65 mil homens e
avançou contra Judas. Reunindo dez mil dos seus companheiros, Judas afoitamente
atacou o formidável exército sírio, em frente a Betesura, e de novo ganhou uma
importante batalha. O desastre dos sírios deu oportunidade para a reconstrução do
Templo e destruição dos altares pagãos que haviam sido edificados por ordem de
Antíoco. Timóteo, general sírio e comandante dos amonitas, ameaçava os israelitas do
norte de Gileade e já tinha massacrado muitos deles.
Judas enviou seu irmão Simão, com três mil soldados, parte de um exército de 11 mil, e
com 8mil restantes, marchou rapidamente contra o sul de Gileade, acompanhado de seu
irmão Jônatas. Em marcha de três dias, encontrou-se com os nabateus, povos do deserto,
povos também inimigos dos sírios, e assim fizeram uma aliança de paz, para juntos
combaterem o inimigo comum. Pelas informações obtidas, soube das más condições de
Gileade e, depois de uma noite de marcha, atacou a cidade de Bozra, cujo espólio
suficiente abasteceu os seus homens. Depois atacou os amonitas, liderados por Timóteo,
desbaratou o seu exército. Timóteo apanhado de surpresa, foi derrotado, havendo grande
mortandade. Dali Judas seguiu para Mispa, seguiu mais para o norte atravessando o
Iarmuque. Enquanto Judas conseguia mais e mais vitórias, Timóteo reorganizava seu
exército para esperar Judas pero do rio, outro lado de Rafom. Timóteo, em lugar de
atravessar o rio e oferecer batalha a Judas, preferiu espera-lo. Este tomou a indecisão
como prova de fraqueza, e os judeus, cheios de coragem, puseram a nado a atacar os
inimigos do outro lado do rio. Estes, que não esperavam tal feito, puseram-se em fuga,
abandonando armas e bagagens. Judas perseguiu-os implacavelmente, capturou a cidade
onde o inimigo estava e ateou fogo.
Judas estendeu a sua linha de batalha até a Filístia, tomando a cidade de Asdode
e outras vilas em redor. Submeteu rapidamente os filisteus, capturando as cidades que
outrora estiveram em poder de Davi. Não obstante a tantas vitórias em tão pouco tempo,
os seus recursos eram assaz limitados. Receando novo ataque sírio, preparou-se para as
eventualidades. As suas vitórias até aqui constituíram um troféu digno de qualquer
grande general, e o que mais o apavorava era a idéia de não poder conservar em poder
do seu povo toda esta vitória. Enquanto tais pensamentos o assolavam, judeus de
diversas partes haviam se refugiado em Jerusalém por ser ali mais seguro. Isso ocorreu
para desfalcar os parcos recursos disponíveis, e Judas não sabia como resolver essa
situação. Era confortador ver que o povo suportava quaisquer privações, alimentado
pela idéia da fundação do Reino Messiânico, que breve se realizaria, segundo
esperavam.
Entrementes, Antíoco voltava da sua campanha na Pérsia, e quando chegou
recebeu a noticia dos desastres ocorridos com seus generais, o que, para ele constituía
humilhante derrota. Sem mesmo ir a Antioquia, marchou para Jerusalém em seu carro
de combate, mas antes de chegar à Cidade Santa, caiu do carro, quebrou o pescoço e
morreu de sofrimento e vergonha. Por morte de Antíoco Epifanes, os sírios, situados na
fortaleza de Acra, pediram socorro a Antíoco Eupator, que acabara de subir ao poder.
Realizou-se o que Judas temia. Sem demora, um grande exército, composto por 100 mil
soldados de infantaria, 20 mil de cavalaria, juntamente com 32 elefantes, dirigiram-se a
Jerusalém. Judas retirou-se pela estrada do norte até Bete-Zacarias. Judas e seus
sequazes ofereceram terrível combate, mas este medonho exército era invencível, pela
coragem e número. Apenas os elefantes eram suficientes para deter a maré montante da
batalha. Eleazar, um dos irmãos de Judas, meteu-se através das falanges e pondo-se por
baixo de um elefante, meteu-lhe a lança nos peitos, morrendo debaixo do animal, que
lhe caiu pesadamente em cima. Ninguém mais se ofereceu para feitos como este, e
Judas teve de retirar-se para Jerusalém, onde foi cercado por Lísias, o general dos
exércitos sírios. Para felicidade da causa de Judas as condições da capital da síria
obrigaram Lísias a retirar-se. Assim fez um tratado com Judas, mediante o qual seria
reconhecido o direito de liberdade religiosa dos judeus, contando que reconhecessem a
soberania do Estado Sírio.
Com a vitória da liberdade religiosa, formou-se um partido político-religioso,
conhecido como Hesideanos, considerados fundadores do partido farisaico dos tempos
de Jesus. O partido tinha como programa “aceitar a paz a qualquer preço”, e isso fez
Judas perder muitos de seus fieis seguidores. Além disso, o povo estava cansado de
tanta luta e pesavam que uma paz comprada poderia trazer-lhe melhores condições.
Entretanto. se uns aceitavam a nova situação outros achavam que valia a pena morrer
por um ideal. Assim muitos voltaram às fileiras de Judas, para lutarem por mais que
uma simples liberdade religiosa, pela salvação da pátria. O arregimentamento de novo
exército por Judas não passou desapercebido aos sírios, que reclamavam por
providências.
Judas e seus companheiros tomaram posição perto da vila de Adasa,. Na
primeira carga, Nicanor foi morto e seu exército foi desmoralizado, pela perda de seu
líder. Os judeus das vilas atacaram, pelos caminhos, os sírios fugitivos de maneira tal
que nenhum escapou. Aproveitando-se desta grande vitória, Judas mandou uma
embaixada a Roma, pedindo auxílio. Seu propósito era assegurar-se por meio do auxílio
romano, contra um inimigo desigual, como o reino sírio, visto também os romanos já
estarem começando a dominar o leste do Mediterrâneo. Antes, porém, de receber
qualquer resposta de Roma, Judas, cai numa batalha fatal.
Jonas, irmão do herói tombado, assumiu o comando do exército em condições
bem precárias. Possuidor de muitas das qualidades de seu irmão, não tinha, entretanto, o
crédito que só o tempo poderia dar-lhe. Judas tinha já uma vez apelado para os romanos,
que rondavam pelo Oriente, para que o viessem ajudar contra os sírios. Por motivos
desconhecidos seu pedido foi negado. Jonas vendo a situação, renovou o apelo, que
ainda desta vez não foi ouvido. Entrementes, preparou um sistema de guerrilhas,
escondendo seus homens nas cavernas, entre os arbustos, nos barrancos do Jordão e
onde quer que houvesse um refúgio. Dispersos por todos esses lugares, foram
procurados pelo general sírio. A batalha foi travada, mas a desigualdade de forças era
muito grande pra garantir uma vitória. Jonas atravessou o rio a nado, com muitos de
seus homens, permanecendo do outro lado. Concluindo o general sírio que a
perseguição era infrutífera e que uma vitória decisiva estava cada vez mais longe, com
tal qualidade de gente propôs um acordo a Jonas, segundo o qual este estabeleceria a
sede do seu governo em Micmás, e governaria alo como chefe local. Em compensação,
não atacaria os sírios que se estavam em trincheiras em diversos lugares. As intrigas
eram grandes e as coisas pela Síria não iam muito bem. Jonas, que aspirava pela
oportunidade de se elevar na dignidade liderativa entre seus irmãos, conseguiu, por
parte dos sírios, o reconhecimento de sua posição como comandante em chefe da
Judéia. Desta posição ele se valeu para estender o seu domínio, graças a Alexandre,
filho de Antíoco Epifanes. Pouco depois disso, por influência do mesmo, foi elevado a
posição de sumo-sacerdote, ficando com o governo de toda a Judéia e Samaria. Jonas
não perdeu tempo e, pelo poder da espada, estendeu seu governo para mais o norte.
Jope, porto principal da Palestina, foi logo tomado; depois Azoto, a antiga Asdode,
tendo ele vencido e derrotado o exército sírio às portas da cidade. O famoso templo de
Dagom foi queimado e a cidade grandemente destruída.
Os dois irmãos, Judas e Lonas foram seguidos na liderança por Simão, que,
parece, era mais judicioso. Aproveitando-se da fraqueza, cada vez maior da Síria,
procurou reforçar as fronteiras do Estado judaico, fortificou diversos pontos
estratégicos, tomou Gazara e destruiu os seus habitantes, transportando para lá
elementos judaicos. Assim Simão estabeleceu a linha de comunicação direta em
Jerusalém e o Mediterrâneo e abriu caminho para as comunicações comerciais com o
estrangeiro, por meio do qual trouxe grande riqueza ao reino judaico. O monte ao lado
do templo foi fortificado e os judeus sentiram-se finalmente seguros, e, com a segurança
veio a completa possessão e o domínio da terra e de todos os pontos fortificados.
Para se garantir no poder e estabilizar a situação do nascente Estado judaico,
dirigiu de novo um apelo aos romanos para que estudassem a situação da Palestina em
face a Síria. Mal imaginavam que, evitando o lobo seriam devorados pelo leão. Ainda
desta vez os romanos não atenderam ao apelo, mas se preparavam para fazer sua visita a
Palestina na primeira oportunidade. O reinado de Simão foi, de modo geral, próspero e
seguro. Tanto seu governo como o de seu filho e sucessor, João Hircano, foram modelos
de ordem e prudência, não havendo invasor estrangeiro que não recebesse a devida dose
de derrotas oferecidas pela valentia e coragem do exército sob o comando de Simão.
Infelizmente, as intrigas continuaram como dantes, e Simão foi vítima de seu próprio
sobrinho, que o matou na fortaleza de Dor, no vale do Jordão. Afinal os judeus tinham
conseguido estabelecer um reino independente, que poderia ter sido de longa duração,
se a cobiça e a falta de dignidade não fossem qualidades da época.
Aristóbulo I, filho de João Hircano, era um judeu helenizado, e todos os seus esforços
convergiam para estabelecer a harmonia entre a filosofia grega e a rebelião de Israel. À
semelhança dos reinos próximos, proclamou-se rei de Judá, com o título de Aristóbulo I,
e durante o curto período do seu governo foi caracterizado por toda sorte de crueldade.
Matou a própria mães de fome na prisão e matou o irmão, devorado por loucos ciúmes.
A coisa mais importante do seu reinado foi a conquista da Galiléia e substituição da
população árabe por gente judaica. Esta diversidade de Raça, em uma área pequena,
contribuiu para amenizar a rigidez racial e criar um gênero de vida mais amplo e
generoso entre os judeus, que, levados por suas lutas contra o invasor, se tinham
tornado demasiado estreitos em matéria de nacionalismo. Por morte de Aristóbulo,
subiu ao trono de Judá o seu irmão Alexandre Janeu, conhecido entre os judeus como o
“Traciano”, talvez devido ao seu espírito vagabundo e desgovernado. Desejando
estender a influência dos judeus, criou em redor, uma onda de antipatias, que trouxe não
poucos desgostos e aflições aos judeus mesmos. De tal modo alienou a simpatia dos
seus próprios compatriotas, que chegaram a chamar o rei de Damasco para se
libertarem do desumano monstro. Depois de realizados os seus desejos, chegaram a se
arrepender e o foram buscar nas montanhas, para onde tinha fugido, e o restauraram no
trono. Em lugar de se mostrar grato pelo generoso ato, mandou crucificar 800 fariseus,
que se lhe haviam oposto, tendo antes mandado matar as suas esposas e filhos. Não
obstante a irascibilidade da sua natureza, conseguiram estender, por uma persistência
inquebrantável, as fronteiras do reino, de modo que, por sua morte, a autoridade real
estendia-se do Monte Carmelo, pelas costas do Mediterrâneo, até o Egito, pela
Palestina central, desde a alta Galiléia ao País do Sul, e a leste do Jordão desde o Mar
Morto ao Arnom As cidades gregas das fronteiras que ele conquistou foram arrasadas, e
a terra converteu-se em domínio de salteadores. No auge de reino Macabeu podiam
notar-se os elementos de decadência, da qual as amarguras e dissabores, que se
seguiram, foi o resultado para a maior parte dos súditos.
A Alexandre Janeu, sucedeu sua esposa Alexandra. A única outra mulher que se
assentou no trono de Israel foi Atalia, de Judá. Ela inverteu inteiramente a política do
marido, colocando os fariseus, o partido do povo, no governo. Estes, entretanto,
cometeram o erro de usar da autoridade que desfrutavam para se vingarem dos seus
rivais saduceus. Estes uniram-se a Aristóbulo II, filho mais novo de Alexandra, e ao
partido militar, enquanto os fariseus sustentavam a candidatura de Hircano, o filho mais
velho. Tanto um como o outro careciam de qualidades reais. Hircano era incapaz,
destituído de qualquer ambição, desejosos apenas de gozar a vida calma e luxuosa. Por
morte de Alexandra, Hircano foi proclamado sumo-sacerdote, enquanto Aristóbulo II
subia ao trono. Assim fez-se uma trégua, em vista da divisão dos dois cobiçados
poderes. Neste ínterim, um ambicioso estrangeiro, Antípater, pai de Herodes, o Grande,
tornou-se o gênio do mal, no já enfraquecido reino judaico. Antipas, seu pai, tinha sido
governador da Iduméia. Conhecendo esse fato, aconselhou Hircano a fugir para o reino
de Aratas, prometendo que tomaria Jerusalém e o colocaria no trono. Hircano o ouviu e
fugiu. Antípater preparou um exército, comandado por Aretas, o qual cercou Jerusalé, e
Hircano, vendo-se perdido, refugiou-se no Templo, aguardando a possibilidade de
escapar ou de vencer, graças à segurança que a cidade oferecia. Como o cerco se
prolongasse e uma decisão parecesse remota, ambos os contendores apelaram mais uma
vez para Pompeu, o qual não demorou em chegar.

A INTERVENÇÃO ROMANA

Pompeu já era senhor do Egito e de vastas regiões da Armênia e Damasco.


Portanto, era chagada a hora de entrar na contenda e decidir segundo os interesses de
Roma. O exército nabateu, que cercava Jerusalém,teve ordem de retirar-se e entregar o
problema a Pompeu, que poderia ter atacado a cidade, mas preferiu dar tempo para que
os contendores se cassassem mais ainda, para poder aproveitar melhor a situação. Os
dois partidos em luta mandaram uma comissão a Damasco, onde Pompeu aguardava, os
fariseus mandaram outra comissão, rogando que o general não se metesse nos negócios
dos judeus e deixasse eles se entenderem entre si. Pompeu respondeu-lhes que tais
questões só seriam resolvidas em Jerusalém.
Aristóbulo entregou-se quando Pompeu o exigiu, mas os seus seguidores
recusaram-se a depor suas armas. Assim entrincheiraram-se no monte do Templo.
Pompeu, ajudado por Hircano e Antípater, atacou a fortaleza pelo norte, começou a
destruição dos muros e da fortaleza, entrou na cidade, depois de destruir boa parte dos
muros, penetrou no Templo, no Santo dos Santos, cometendo, com esse gesto, grande
profanação aos olhos dos judeus.
Pompeu condenou Aristóbulo a fazer parte do grupo de cativos que segui a sua
carruagem quando entrou triunfal em Roma como vencedor, e Hircano foi destituído de
todo o poder real, sendo apenas confirmado no cargo de sumo-sacerdote. Assim a
Galiléia, a Judéia e a Iduméia foram anexadas ao Império Romano, mas governados
como subprovíncias. Os anos que se seguiram foram turbulentos para o povo judeu.
Agora Herodes é rei na Judéia, com a sua sede em Jerusalém. Encheu a cidade
de estrangeiros, ofereceu sacrifícios a Júpiter, importou os costumes gregos, com suas
festas lascivas, matou 45 partidários e todos os membros do Sinédrio. Comparando o
reinado de Herodes com o de Epifanes, os dois se equivaliam em crueldade e tirania,
com a diferença que Herodes era, ainda assim, mais amigo dos judeus. Era um monarca
poderoso, com suas ambições relativamente satisfeitas.
Herodes, reconhecendo-se um estrangeiro, não teve coragem de exercer o sumo-
sacerdócio, então nomeou para o lugar um judeu de Babilônia chamado Ananel.
Alexandra, mãe de sua esposa Mariana e Aristóbulo, não gostou da nomeação e
arquitetou um plano para que Aristóbulo fosse investido da função de sumo sacerdote.
Os judeus ficaram jubilosos com a investidura. Um rapaz de 16 anos, exercendo tão
bem o sumo sacerdócio, com tanta dignidade, despertou o ciúme de Herodes, que
buscava oportunidade para liquidá-lo. O dia aprazado chegou. Alexandra deu a Herodes
um banquete em Jericó. Enquanto Aristóbulo e outros jovens tomavam banho, o sumo
sacerdote morreu afogado. Desastre, disseram, mas o certo é que Aristóbulo foi
assassinado por ordem de Herodes, que nomeou para o cargo, novamente a Ananel.
O rei mandou preparar para sua vítima um pomposo funeral. O povo, porém, não
se deixou enganar. Herodes foi chamado a Laodicéia por Antonio. O tirano temeu o
urgente chamado de seu amo, mas foi disposto a tudo enfrentar. Ordenou a seu irmão
José que, ás primeiras notícias de sua morte, matasse a Mariana.
Herodes levou raros e preciosos presentes a Antonio. Este cedeu a lábia e
pretensões de Herodes, que logo voltou, por causa de Mariana e Salomé, mandou matar
seu irmão José e encarcerar Alexandra.
No ano de 31 a.C. Jerusalém foi violentamente sacudida por um terremoto.
Calcula-se em torno de 10 ou 20 mil o número de vítimas. A confusão reinou na cidade.
Cleópatra pediu a Herodes que enfrentasse Malco, chefe árabe. Herodes alcançou
grande vitória sobre os árabes. O pedido de Cleópatra livrou o rei da Judéia de
acompanhar Antonio para Actium.
Derrotado Antonio, Herodes foi avistar-se com Otávio, tendo antes executado
Hircano e enviado para um forte a Alexandra e Mariana. Alcançou o favor de Otávio.
Voltou para a Palestina com novos louros. Quando Otávio se dirigia ao Egito, Herodes
foi encontrá-lo em Ptolemaida. Alimentou as hostes romanas e deu ao ditador da Itália
um presente em 800 talentos de ouro. Reduzido o Egito à província romana, Otávio deu
a Herodes os territórios que Antonio dera a Cleópatra. Dessa maneira, Herodes viu seus
domínios dilatados. Seu reino agora compreendia o território que pertenceu às doze
tribos de Israel, mais a Induméia. O país se dividia em quatro distritos:
1. Judéia, que se estendia dos confins do Egito e o deserto do Sul até a linha
traçada desde Jope;
2. Samaria, cuja linha divisória ao norte corria pelo planalto do Esdraelon,
encontrando o mar ao sul de Dora;
3. Galiléia, alta e baixa, estendendo-se ao norte até o paralelo do Hermon, cortada
pelo mar na estreita faixa da Fenícia, alcançando o Carmelo e quase Dora;
4. Peréia, que é a Transjordânia. Subdividia-se em: a)Peréia propriamente dita,
entre Arno e Jaboque; b) Galaditis, antiga Galaade; c) Betânia; d) Gaulonites;
e)Ituréia ou Auranitis, antiga Basã; f) Traconites, terras de Haurã; g) Agilena,
entre as colinas orientais do Ante-Líbano; h) Decápolis, nome primitivamente
dado a dez cidades do distrito na primeira ocupação romana, depois abrangeu a
região oriental e ocidental do Mar da Galiléia.
Herodes tinha grandes domínios, mas não respeitou a consciência dos judeus;
proscreveu o nome do Senhor daquela terra e começou a molestar os filhos de Israel.
Tudo nos tempos de Herodes prosperou, porém seu reino foi marcado por
tragédias familiares. Alexandra e Mariana conseguiram que um guarda lhes contasse o
segredo de Herodes, seu adultério. Salomé, pela segunda vez, denuncia a cunhada ,
então Herodes manda matar sua adorada esposa. Depois de matar sua esposa Mariana,
entregou-se a grandes obras, como que para desviar o remorso que lhe afligia a carne e
o espírito.
Herodes agora fazia tudo para agradar ao Imperador. Deu mão forte ao partido
helenista de Jerusalém. Os judeus adotaram costumes gregos e romanos. No Monte
Santo, para onde Davi levou a Arca, Herodes levantou teatro e anfiteatro, onde se
realizavam jogos em honra do Imperador. Ali se multiplicaram os concursos dramáticos
e musicais; corridas de carros e de cavalos; lutas sangrentas entre gladiadores; feras;
atletismo; e outras imitações dos gregos e romanos. Os judeus se alarmaram com os
teatros e Herodes mostrou-lhes que ali não havia ídolos. Diversas pessoas, opositores de
Herodes, foram mortos, suas mãos estavam cobertas de sangue inocente. Não só na
Judéia se praticavam injustiças, mas em todo mundo.
Logo foi acometido por uma grave doença lhe minava o físico, e os remorsos
dos crimes lhe minavam a alma. Entre as grandes obras a que se dedicou, estava o
templo erigido por Zorobabel, templo em que gastou parte de sua vida e os recursos do
Estado. O templo era todo de mármore, num estilo greco-romano, foi este templo que
ainda estava por acabar quando Jesus começou o seu ministério. As obras começaram
em 17 a.C. e só foram concluídas em 55 d.C., cinco anos antes de ser destruído por Tito,
general romano, no ano70 d.C.
No ano 4, antes de nossa era, sucumbia, dominado por terrores mentais e
sofrimentos físicos, aquele que por tantos anos fora o símbolo da desumanidade. Já às
vésperas de Herodes morrer, a Judéia é visitada por três personagens vindos do Oriente
para adorar um menino que havia nascido rei dos judeus.

CONCLUSÃO:

O Período Interbíblico é um dos menos conhecidos, não obstante as suas muitas


lições, os fatos ocorridos nos seus 400 anos de história. Este desconhecimento se deve
ao fato de que a nossa Bíblia nada diz a respeito, simplesmente o ignora. Malaquias
encerrou o ciclo profético, e, depois dele, nada mais foi dito, então o período entre os
dois Testamentos se silenciou, ficando perdido na história do povo eleito.
Essa foi uma época de grandes heróis, batalhas perigosas, muitas e muitas
mortes, grande tiranos, muita rebeldia. Foi um período marcado pelo sonho de
liberdade, onde alguns ousaram lutar por esse sonho, porém a ganância e a corrupção
corromperam as principais virtudes do homem. A busca desenfreada pelo poder destruiu
muitas famílias e dizimou nações, que acabaram por perder sua identidade sendo
submetidas a governo de estrangeiros que não compreendiam sua cultura, muito menos
respeitavam seus valores.
O Período Interbíblico foi preparatório para a chegada do Messias. Pois o mundo estava
repleto de pecados, e as pessoas clamavam por esperança, clamavam por salvação.

BIBLIOGRAFIA:

• Bíblia de Estudo Pentecostal, traduzida por João Ferreira de Almeida, Edição


revista e corrigida de 1995. CPAD.
• Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, traduzida por João Ferreira de Almeida,
Edição revista e corrigida de 1995. CPAD.
• MESQUITA, Antônio Neves de. Povos e nações do mundo antigo; uma história
do Velho Testamento. 4º ed. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e
Publicações, 1983.
• TOGNINI, Enéas. O Período Interbíblico: 400 anos de silêncio profético. 6º ed.
São Paulo: Edições da Livraria e Papelaria Louvores do Coração, 1987.

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