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PROJETO DE GRADUAO

Estudo da tecnologia de identificao por radiofreqncia - RFID


Por, Alessandro de Souza Oliveira Milene Franco Pereira

Braslia, 12 de dezembro de 2006

UNIVERSIDADE DE BRASLA
FACULDADE DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICA

UNIVERSIDADE DE BRASILIA Faculdade de Tecnologia Departamento de Engenharia Eltrica

PROJETO DE GRADUAO

Estudo da tecnologia de identificao por radiofreqncia - RFID


POR, Alessandro de Souza Oliveira Milene Franco Pereira

Relatrio submetido como requisito parcial para obteno do grau de Engenheiro Eletricista.

Banca Examinadora
Antonio Jose Martins Soares UnB/ ENE (Orientador) Plnio Ricardo Ganime Alves UnB/ ENM Marco Antonio Brasil Terada UnB/ ENM

Braslia, 12 de dezembro de 2006

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Dedicatria(s) Ao meu pai Walkir, minha me Marlene e minhas irms Giselle e Tatiana, que so verdadeiros presentes de Deus na minha vida, sempre ao meu lado apoiando em todos os momentos. Milene Franco Pereira Alessandro de Souza Oliveira Ao meu pai Audlio, minha Me Rosilei, meus irmos Leandro e Danillo e minha noiva Raquel, que sempre me apoiaram durante este tempo em que passei na Universidade de Braslia e em todas etapas importantes da minha vida.

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Agradecimentos

minha famlia, pela motivao sempre me estimulando a crescer cientificamente e pessoalmente. Gostaria de agradecer aos professores e mestres, que com prazer e dedicao alimentaram meus conhecimentos, grande parte do que est demonstrado nesse projeto e ainda o que mais importante, me ensinaram a aprender sozinho. Agradeo aos amigos por terem contribudo em anos de estudo compartilhando sugestes e experincias as quais foram de suma importancia para o meu crescimento profissional e pessoal. Alessandro de Souza Oliveira

Agradeo a meu pai Walkir por me oferecer todas as condies para que fosse possvel eu alcanar meus objetivos. Sempre foi meu companheiro nas madrugadas, eu lendo ou estudando, e ele lendo ou trabalhando. Acredito que fui influenciada por ele a escolher engenharia como rea de estudo, uma vez que, quando pequena, frequentava seu lugar de trabalho e ele me encorajava a perguntar como funciona, pai?. Devo tambm a ele a oportunidade que tive de morar em diversos lugares diferentes, o que me ajudou a acumular uma experincia mpar, que, com certeza, continuar sendo um diferencial para o resto da minha vida. Agradeo muito tambm minha me Marlene, que sempre me apoiou em todos os momentos, das decises mais triviais s mais srias. Ela sempre falava o que eu precisava ouvir. Suas palavras de incentivo tambm sempre me ajudaram muito, oferecendo valores de liderana, humildade e perseverana. Tantos anos de engenharia e ela ainda no se acostumou em me ver estudando em horrios ou dias to incomuns, sempre preocupada com minha sade e bem-estar, porm sem nunca deixar de estar ao meu lado. Minhas irms Giselle e Tatiana, quanta diferena fazem para mim. Giselle que muitas vezes acompanhou de perto minha jornada pela engenharia, mesmo no fazendo o mesmo curso. E a Tati, que com muita compreenso e carinho, aos 5 anos, disse uma vez algo que eu nunca vou esquecer: Mi, no dia depois desse dia tudo vai ser diferente, e essas palavras at hoje me do incentivo para continuar quando tudo parece estar ficando difcil demais. No poderia deixar de agradecer tambm ao Vincius, que a prova maior de que nem sempre preciso estar perto para estar presente, e assim fazer a diferena. Aos meus professores, que foram, sem dvida alguma, muito importantes na minha formao, compartilhando o conhecimento, incentivando o querer saber e mostrando que somos capazes de mais do que imaginamos. E considero nosso orientador, professor Martins, um timo exemplo de domnio do conhecimento, didtica e incentivo. E por fim, aos meus amigos da Eltrica que fizeram parte dessa conquista. O apoio mtuo foi sempre muito importante tanto nas horas de estudo quanto de descontrao, para que no perdssemos a certeza de que todo o esforo vale a pena quando se faz o que se gosta. No posso deixar de destacar o meu parceiro de projeto Alessandro, que foi muito parceiro e amigo durante todo o trabalho. Destaque tambm para Lea e Aguiar, que tiveram um papel importante representando para mim mais que colegas de classe em situaes diversas. Milene Franco Pereira

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RESUMO O trabalho apresenta um estudo da tecnologia de identificao por radiofreqncia, RFID. So discutidos os componentes do sistema, transponder, dispositivo de leitura e servidor de aplicao. Esse trabalho tambm explica os princpios de funcionamento para cada tipo de sistema RFID, seja ele 1-bit ou n-bit transponder. Alm do estudo tecnolgico, tambm so apresentadas questes de padronizao do sistema, que, por ser ainda recente e estar em grande expanso, so fundamentais. Os smart cards tambm so analisados e seus principais aspectos tecnolgicos e tipos so evidenciados. Por fim, utilizado um kit RFID para melhor compreenso de todos os aspectos estudados anteriormente.

ABSTRACT This work presents a study of the radio frequency identification technology, RFID. The components of the system, transponder, reader and host are discussed here. This work also explains the principles of functioning for each type of RFID system, either it 1-bit or n-bit transponder. In addition to the technological study, also issues about the standardization of the system are presented, which, for it being a still recent technology in great expansion, are very important. Smart cards are also analyzed and their main technological aspects and types are evidenced. Finally, a RFID kit is used for better understanding of all the previously studied aspects.

ndice

ndice de ilustraes .....................................................................................................................iii 1. Introduo ................................................................................................................................. 1 1.1 Descrio do sistema RFID................................................................................................. 1 1.2 Justificativa do estudo da tecnologia de identificao por radiofreqncia........................ 2 2. Tecnologias RFID ..................................................................................................................... 4 2.1 Introduo............................................................................................................................ 4 2.2 Evoluo dos sistemas RFID............................................................................................... 5 2.3 Aplicaes da tecnologia RFID........................................................................................... 7 2.3.1 rea automotiva ........................................................................................................... 8 2.3.2 Identificao de animais............................................................................................... 8 2.3.3 Sade ............................................................................................................................ 9 2.3.4 Rastreamento de mercadorias e correspondncias ....................................................... 9 2.3.5 Controle de acesso de pessoal .................................................................................... 10 2.4 Comparao entre mtodos automticos de identificao ................................................ 10 2.4.1 Cdigo de barras......................................................................................................... 10 2.4.2 Carto de memria ..................................................................................................... 13 2.5 Vantagens do uso da tecnologia RFID .............................................................................. 16 3. Princpios de funcionamento................................................................................................... 17 3.1 Introduo.......................................................................................................................... 17 3.2 Sistemas 1-bit transponder ................................................................................................ 18 3.2.1 Sistema de 1-bit por radiofreqncia ......................................................................... 18 3.2.2 Sistema de 1-bit por microondas ................................................................................ 20 3.2.3 Sistema 1-bit transponder por diviso da freqncia ................................................. 22 3.2.4 Sistema 1-bit transponder por efeito eletromagntico................................................ 23 3.2.5 Sistema 1-bit transponder por efeito acstico-magntico .......................................... 24 3.3 Sistemas n-bit transponder ............................................................................................... 25 3.3.1 Sistema n-bit transponder por acoplamento indutivo................................................. 26 3.3.2 Sistema n-bit transponder por acoplamento eletromagntico .................................... 28 3.3.3 Sistema n-bit transponder por acoplamento magntico (sistemas de proximidade) .. 30 3.3.4 Sistema n-bit transponder por acoplamento eltrico .................................................. 31 3.4 Sistemas RFID seqenciais ............................................................................................... 33 3.4.1 Sistemas seqenciais por acoplamento indutivo ........................................................ 33 3.4.2 Sistema seqencial SAW (surface acoustic wave) .................................................... 35 4. Padronizao ........................................................................................................................... 39 4.1 Introduo.......................................................................................................................... 39 4.2 Faixas de freqncias utilizadas pelos sistemas RFID...................................................... 40 4.3 Freqncia apropriada para sistemas de RFID por acoplamento indutivo........................ 45 4.4 Regulamentao e padronizao na Europa...................................................................... 47 4.4.1 Dispositivos de curto alcance no especficos. .......................................................... 48 4.4.2 Dispositivos para aplicaes em transportes ferrovirios e rodovirios ................... 48 4.4.3 Dispositivos de acoplamento indutivo ...................................................................... 50 4.5 Regulamentao e padronizao no Brasil........................................................................ 50 5. Cartes inteligentes (Smart Cards) ......................................................................................... 53 5.1 Introduo.......................................................................................................................... 53 5.2 Classificao dos smart cards............................................................................................ 53 5.3 Padronizao ISO para smart cards................................................................................... 55

5.4 Smart card de contato metlico ......................................................................................... 56 5.4.1 Carto com memria .................................................................................................. 57 5.4.2 Cartes microprocessados .......................................................................................... 58 5.5 Smart card sem contato ..................................................................................................... 59 5.5.1 Smart Card por acoplamento indutivo de contato (CICC) ......................................... 61 5.5.2 Smart Card por acoplamento indutivo de proximidade (PICC) ................................. 62 5.5.3 Smart Card por acoplamento indutivo de vizinhana (VICC) ................................... 62 5.5.4 Smart card por acoplamento indutivo para longas distncias (RICC) ....................... 63 5.6 Smart cards hbridos.......................................................................................................... 63 5.6 Vantagens e aplicaes do smart card:.............................................................................. 64 6. Estudo de Caso........................................................................................................................ 66 6.1 Introduo.......................................................................................................................... 66 6.2 Descrio tcnica da operao do kit RFID por meio do SMRFID.................................. 67 6.2.1 Modos de operao do dispositivo de leitura ............................................................. 69 6.2.2 Modulao utilizada no sistema RFID da Sonmicro para 125 kHz ........................... 71 6.2.3 Consumo de energia do dispositivo de leitura ........................................................... 72 6.2.4 Modo de leitura: Quantidade de blocos a serem lidos ............................................... 73 6.2.5 Modo de leitura: Quantidade de leituras .................................................................... 73 6.2.6 Rastreamento de bytes (Byte track) ........................................................................... 74 6.2.7 Seqncia de trmino ................................................................................................. 74 6.2.8 Seleo das opes EM4100/02 e EM4100/02 (decodificado).................................. 74 6.2.9 AOR / Password ......................................................................................................... 75 6.3 Caractersticas do transponder Q5B / T5555 .................................................................... 75 6.4 Como programar parmetros............................................................................................. 77 6.4.1 Parmetros de programao (programming parameters) ........................................... 78 6.4.2 Parmetros amplificadores internos (internal amplifier parameters) ........................ 78 6.4.3 Parmetros gerais do sistema (general system parameters)....................................... 79 6.6 Testes e resultados............................................................................................................. 80 7. Concluses .............................................................................................................................. 82 Referncias .................................................................................................................................. 83

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ndice de ilustraes

Figura 1.1 Composio bsica de um sistema RFID .................................................................... 1 Figura 2.1 Desenvolvimento dos sistemas de identificao por radiofreqncia [7].................... 5 Figura 2.2 Evoluo dos sistemas de identificao por radiofreqncia [7]................................. 6 Figura 2.3 Evoluo das aplicaes RFID no comrcio e na prestao de servios [7]. .............. 6 Figura 2.4 Estrutura do cdigo de barras EAN. .......................................................................... 11 Figura 2.5 - Exemplo de cdigo de barras EAN-8...................................................................... 12 Figura 2.6 Codificao EAN-8.................................................................................................... 12 Figura 2.7 Arquitetura tpica de um carto de memria com lgica de segurana. .................... 14 Figura 2.8 Relao tempo versus benefcio para a utilizao da tecnologia RFID [6]. .............. 16 Figura 3.1 Classificao dos sistemas RFID quanto ao princpio de funcionamento. ................ 17 Figura 3.2 Princpio de operao de um sistema 1-bit transponder por radiofreqncia [6]. ..... 18 Figura 3.3 Variao na impedncia Z1 entre os terminais da bobina do dispositivo de leitura para o sistema 1-bit transponder por radiofreqncia. (Q=90, k=1%)........................................ 19 Figura 3.4 Modelo do circuito eltrico para o sistema 1-bit transponder por radiofreqncia. .. 20 Figura 3.5 Princpio de funcionamento de um sistema 1-bit transponder por microondas [6]. .. 21 Figura 3.6 Exemplo de um sistema de loja de departamentos utilizando 1-bit transponder por microondas [6]............................................................................................................................. 22 Figura 3.7 Sistema de 1-bit transponder por diviso na freqncia [6]. .................................. 22 Figura 3.8 Curva tpica de histerese de um material ferromagntico [6].................................... 23 Figura 3.9 Sistema 1-bit transponder por efeito acsticomagntico [6]. .................................. 24 Figura 3.10 Representao da transmisso full duplex, half duplex e seqencial [6]. ................ 25 Figura 3.11 Sistema n-bit transponder por acoplamento indutivo [6]......................................... 26 Figura 3.12 Resultado da modulao de carga [6]. ..................................................................... 27 Figura 3-13 Sistema n-bit transponder, modulao de carga com sub-portadora....................... 28 Figura 3.14 Princpio de operao do sistema n-bit transponder por backscatter. [6]................ 29 Figura 3.15 Sistema n-bit transponder por acoplamento magntico (sistema de proximidade) [6]. ............................................................................................................................................... 30 Figura 3.16 Sistema n-bit transponder por acoplamento eltrico (sistema de proximidade) [6].31 Figura 3.17 Sistema n-bit transponder por acoplamento eltrico (campo eletromagntico transferindo dados e energia) [6]................................................................................................. 32 Figura 3.18 Circuito equivalente do funcionamento do sistema (leitor + meio + transponder) para acoplamento eltrico [6]...................................................................................................... 33 Figura 3.19 Fases de operao do sistema seqencial (perodo de carga, leitura e descarga). ... 34 Figura 3.20 Diagrama de blocos do transponder seqencial da Texas Instruments [6]. ............. 35 Figura 3.21 Sistema seqencial SAW (construo do transponder) [6]. .................................... 36 Figura 3.21 Modelo do transponder SAW [6]............................................................................. 38 Figura 3.23 Grfico da resposta emitida pelo transponder SAW [6] .......................................... 38 Figura 4.1 Faixas de freqncias utilizadas por sistemas RFID [6]............................................ 41 Figura 4.2 Distribuio do mercado de transponders por faixas de freqncias.[6] ................... 42 Figura 4.3 Comportamento da intensidade de campo em funo da distncia para a freqncia de 13,65 MHz [6] ........................................................................................................................ 46 Figura 4.4 Comportamento do campo magntico para as freqncias 125 kHz, 6,75MHz e 27,125MHz [6]. ........................................................................................................................... 46 Figura 4.5 Alcance do transponder em funo da freqncia de operao, e para H=105 dB A/m............................................................................................................................................ 47 Figura 5.1 Classificao dos smart cards.................................................................................... 54 iii

Figura 5.2 Tipos de interface dos smart cards. (a) contato. (b) sem contato. (c) hbrido. .......... 55 Figura 5.3 Diviso da famlia dos smart cards [13].................................................................... 56 Figura 5.4 Caractersticas fsicas do smart card por contato metlico[6]................................... 57 Figura 5.5 Diagrama de blocos para uma arquitetura tpica de cartes com memria por contato metlico [13]. .............................................................................................................................. 58 Figura 5.6 Diagrama de blocos para uma arquitetura tpica de cartes com microprocessador por contato metlico [13]. ........................................................................................................... 59 Figura 5.7 Diagrama de blocos para uma arquitetura tpica de smart card sem contato utilizando lgica de segurana, memria EEPROM e a ROM [13]............................................................. 60 Figura 5.8 Diagrama de blocos para arquitetura de smart cards sem contato utilizando microprocessador [13]................................................................................................................. 60 Figura 5.9 Posio de elementos acopladores capacitivos (E1-E4) e indutivos (H1-H4) em um CCIC [13].................................................................................................................................... 61 Figura 5.10 Smart card hbrido com transmisso de RF e contato metlico [13]. ...................... 64 Figura 6.1 Composio bsica do sistema RFID ........................................................................ 66 Figura-6.2 Tela principal do programa SMRFID da SONMICRO ELECTRONICS................. 67 Figura 6.3 Layout da placa do dispositivo de leitura .................................................................. 68 Figura 6.4 Parmetros de configurao do dispositivo de leitura ............................................... 69 Figura 6.5 Janela de programao do transponder...................................................................... 71 Figura 6.6 Transies entre os estados binrios .......................................................................... 72 Figura 6.7 Codificao Manchester utilizando a definio da Figura 6.6a................................. 72 Figura 6.8 Diagrama de blocos do transponder Q5B/T55XX..................................................... 76 Figura 6.9 Mapa da memria do transponder tipo Q5B/T55XX ................................................ 77 Figura 6.10 Parmetros de programao (Programming Parameters). ...................................... 78 Figura 6.11 Espectro de radiofreqncia retirado diretamente do dispositivo de leitura............ 81

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1. Introduo RFID (Radio Frequency Identification) uma tecnologia que utiliza ondas eletromagnticas para identificar objetos, pessoas e animais. O sistema RFID surgiu pouco antes da II Guerra Mundial, quando os aliados utilizaram essa tecnologia para distinguir seus prprios avies dos avies inimigos. A partir dos anos 80 o Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), em conjunto com outros centros de pesquisa, iniciou estudo de uma arquitetura que utilizasse os recursos das tecnologias baseadas em radiofreqncia, para servir como modelo de referncia ao desenvolvimento de novas aplicaes de rastreamento e localizao de produtos [1][5]. Desse estudo, nasceu o Cdigo Eletrnico de Produtos - EPC (Electronic Product Code). O EPC define uma arquitetura de identificao de produtos que utiliza os recursos proporcionados pelos sinais de radiofreqncia.

1.1 Descrio do sistema RFID O sistema RFID composto basicamente por trs componentes: dispositivo de leitura, transponder e computador, que esto arranjados conforme a Figura 1.1. Nos captulos posteriores sero abordadas as possveis aplicaes, princpios de funcionamento, padronizao e detalhamento dos cartes inteligentes (smart cards). Tambm ser apresentado o estudo de um kit de desenvolvimento para fins acadmicos do fabricante SONMICRO ELECTRONICS.

Figura 1.1 Composio bsica de um sistema RFID O dispositivo de leitura responsvel pela emisso de um campo eletromagntico que alimenta o transponder, que, por sua vez, responde ao dispositivo de leitura com o contedo de sua memria. Os dados provenientes do transponder so encaminhados para o computador, onde realizado o processamento de acordo com a aplicao em questo.

O transponder, tambm conhecido como tag, um dispositivo que contm a informao (seja ela, 1 bit ou n bit). O transponder funciona como uma carteira de identidade, porm faz uso de dispositivos eletrnicos (memria, processador, resistores, capacitores e indutores) para guardar uma informao ou gerar um sinal. Atualmente, os transponders esto disponveis em diversos formatos, tais como cartes, pastilhas e argolas, e em materiais como plstico, vidro, epxi etc. Eles esto classificados em duas categorias:

Ativos, que fazem uso de fonte de alimentao prpria. Passivos, que utilizam a energia proveniente do dispositivo de leitura para o seu funcionamento. O captulo 3 deste trabalho trata dos princpios de funcionamento da tecnologia RFID. Nesse captulo sero abordados as particularidades e os princpios bsicos de funcionamento para os principais sistemas RFID no mercado, bem como as respectivas faixas de freqncia. Os sistemas de RFID tambm so classificados, de acordo com a faixa de freqncia, em sistemas de baixa freqncia (30 kHz a 500 kHz) e de alta freqncia (850 MHz a 2,5 GHz). Os sistemas de baixa freqncia geralmente so utilizados em controles de acesso, identificao de animais ou objetos, rastreabilidade de produtos etc., por possurem baixo custo e curto alcance. Os sistemas de alta freqncia (850 kHz a 2,5 GHz) so utilizados para identificao de objetos em movimento e permitem distncias de leitura classificadas entre mdia e longa [6].

1.2 Justificativa do estudo da tecnologia de identificao por radiofreqncia A justificativa do estudo da tecnologia de RFID deve-se possibilidade de rastreamento de produtos, pessoas e animais, com eficincia, alm de possibilitar novos horizontes de servios ao longo da cadeia de abastecimento. Algumas empresas esto investindo maciamente nessa tecnologia. A empresa norte-americana Gillette encomendou cerca de 500 milhes de transponders, a Boeing e a Airbus as duas maiores fabricantes de avies do planeta exigiram de seus fornecedores a identificao de peas de avies e motores utilizando essa tecnologia. A rede de supermercados Wal-Mart tambm solicitou de seus fornecedores a identificao de produtos por meio dessa tecnologia [1]. A Microsoft est entrando no mercado com o anncio de que pretende desenvolver softwares e servios para suportar o uso de RFID nos setores industrial e de varejo [2] [3].

O exemplo mais recente do uso da tecnologia RFID o Sistema Nacional de Identificao Automtica de Veculos (Siniav), a ser implantado na cidade de So Paulo para planejar e executar aes de combate ao roubo e furto de veculos e cargas, bem como gerir o controle do trfego [4]. O sistema Octopus outro exemplo muito interessante da utilidade do sistema RFID. O carto Octopus um carto sem contato, recarregvel, que armazena determinados valores em dinheiro para realizao de pagamentos eletrnicos em sistemas online ou offline de Hong Kong, China. Esse sistema foi lanado originalmente em setembro de 1997 como sistema de pagamento de tarifas no transporte pblico [23][24]. Atualmente o sistema de cartes Octopus tem crescido como sistema de dinheiro eletrnico largamente utilizado no apenas no transporte pblico, mas tambm para realizao de pagamentos em lojas de convenincia, supermercados, lanchonetes, parqumetros, estacionamentos e muitos outros pontos de vendas, incluindo mquinas de venda de refrigerante [23][24]. Alm disso, o sistema Octopus usado para controle de acesso em escritrios, escolas e apartamentos. Esse carto pode ser utilizado at para doar dinheiro para instituies de caridade. Para utilizar o carto, basta aproxim-lo a um dispositivo de leitura Octopus. Esses cartes podem ser recarregados com dinheiro em mquinas de recarga ou em balces de lojas diversas, ou at mesmo atravs de cartes de crditos e contas de banco. O sistema de cartes Octopus tem se tornado um dos sistemas de dinheiro eletrnico mais bem-sucedidos do mundo, contando com mais de 13 milhes de cartes em circulao (aproximadamente duas vezes a populao de Hong Kong) e mais de 9 milhes de transaes por dia, com aproximadamente 300 pontos de venda (dados janeiro de 2006). O responsvel pelo sistema Octopus, Octopus Cards Limited, uma parceria entre MTR Corporation e outras companhias de transporte de Hong Kong como KCR, KMB e Citybus. O segmento internacional da empresa, a Octopus Knowledge Limited, fechou contrato para extender o sistema para a Holanda [23][24]. Atualmente, o transponder mais barato custa, nos EUA, cerca de 25 centavos de dlar a unidade na compra de um milho de transponders. No Brasil, segundo a Associao Brasileira de Automao, esse custo sobe para 80 centavos at 1 dlar a unidade [5] [3]. Esse valor barato em comparao ao custo de um laptop, ou seja, ao utilizar o transponder para identificar um laptop o custo do transponder muito baixo em comparao ao custo do laptop, porm, extremamente caro se for contabilizada a existncia de um transponder em cada caixa de leite ou garrafa de refrigerante. Mesmo assim a tecnologia RFID est ficando mais acessvel devido ao desenvolvimento da indstria eletrnica, que a cada dia melhora o desempenho e reduz o custo de componentes necessrios para a construo desse sistema de identificao. 3

2. Tecnologias RFID

2.1 Introduo Acompanhando os processos evolutivos das telecomunicaes, a tecnologia de identificao por radiofreqncia (RFID) vem despontando como a nova gerao de sistemas de identificao, em substituio aos cdigos de barra, cartes de crdito com leitura magntica, crachs de identificao, entre outros. As vantagens da tecnologia RFID incluem menor tempo para identificao, menor ocorrncia de falhas e maior controle na segurana e nos fluxos de informao. Tal como aconteceu com a Internet, que teve incio com os sistemas intranet nas grandes organizaes e hoje atinge dimenso global, ou, ainda, com os telefones mveis, que eram utilizados nos automveis e atualmente esto nos bolsos de cada usurio, tambm tem-se forte tendncia da radiofreqncia se tornar imprescindvel na cadeia logstica. O desenvolvimento dessa soluo, at agora condicionado por uma srie de barreiras de ordem fsica, estrutural e financeira, vem sendo direcionado para novos patamares com os processos de padronizao e uniformizao. Essas medidas permitem o uso de RFID em escala global, alm da diminuio do custo da tecnologia. A radiofreqncia no apenas mais uma forma de processar informao ou de armazenar e controlar dados. As diversas dimenses que oferece vo muito alm da simples identificao, com a possibilidade de conhecer e analisar informaes sobre a localizao, estado e condio de pessoas, bens e processos, e colocar disposio dos gestores logsticos um novo nvel de controle da cadeia de abastecimento [6]. Sucedendo os cdigos de barras, as etiquetas RFID esto sendo demandadas por pesospesados de diversos mercados como, por exemplo, a Boeing e a rede de supermercados WalMart, ou mesmo instituies como o Pentgono e a Food and Drug Administration (FDA)[3]. Essas empresas e instituies esto incentivando os seus fornecedores para que substituam as antigas codificaes pelos novos identificadores, que emitem ondas de rdio para leitores computadorizados. Segundo a empresa norte-americana de consultoria Aberdeen Group, pesquisas indicam que, na aplicao de logstica, possvel movimentar os bens identificados com etiquetas RFID com velocidade dez vezes maior em comparao ao que seria possvel com produtos que utilizam os cdigos de barras. Estimativas apontam que essa tecnologia pode aumentar, em funo da rea de negcio, entre 10% e 30% os ganhos das empresas, por causa da diminuio dos custos com estoques e das vantagens em nvel da eficincia e segurana [6].

2.2 Evoluo dos sistemas RFID A Figura 2.1 ilustra o desenvolvimento dos sistemas de identificao por radiofreqncia. Em 1937, pouco antes do incio da segunda guerra mundial, as foras armadas norte-americanas, de face ao problema na identificao dos alvos terrestres, areos e martimos, desenvolveram o mtodo de identificao Friend-or-Foe (IFF) que permitia distinguir as aeronaves aliadas das aeronaves inimigas [7]. Essa tecnologia veio a ser a base dos sistemas de controle de trfego areo atual. Em funo do alto custo, o uso da radiofreqncia, at pouco tempo, se restringia apenas s aplicaes militares, laboratrios e grandes empresas comerciais. Com o avano da eletrnica e do desenvolvimento de componentes em grande escala, vem diminuindo o custo final de vrios dispositivos e, assim, permitindo o uso comercial para a grande massa global.

Figura 2.1 Desenvolvimento dos sistemas de identificao por radiofreqncia [7]. As indstrias de manufatura, estocagem e transporte vm desenvolvendo, desde 1970, projetos de automao, identificao animal, rastreamento de veculos, entre outras, baseadas na tecnologia de RFID. Com o avano tecnolgico, os sistemas RFID vm ganhando velocidade de processamento, distncias de leituras cada vez maiores, novas funes, alm da miniaturizao dos dispositivos, o que permite criar uma srie de aplicaes novas, como o controle de acervo em bibliotecas. Na Figura 2.2, que mostra a evoluo das aplicaes de radiofreqncia entre 1960 e 1990, possvel verificar que at esse momento a tecnologia era usada apenas por grandes empresas, as quais movimentavam um grande volume de produtos, com o objetivo de compensar o custo. Em 1990, a tecnologia RFID ganha popularidade global, com aplicaes comerciais, controle de acesso e a sua integrao em meios de pagamento. 5

Desde ento, h um esforo por parte de autoridades governamentais e no governamentais, bem como de grandes fabricantes, em promover a padronizao da tecnologia nos atributos de freqncia de operao e protocolos de comunicao.

Figura 2.2 Evoluo dos sistemas de identificao por radiofreqncia [7]. O RFID cada vez mais vem ganhando fora e adeptos, fato que se deve, principalmente, reduo de custos de implantao da tecnologia e do tempo do controle da produo (controle de estoques, linha de montagem, entre outros). A filosofia Just in Time tem grande parcela de influncia sobre a deciso de usar ou no o RFID. Na Figura 2.3, tem-se mais uma etapa da evoluo das aplicaes, estendendo o uso da tecnologia tanto no comrcio como na prestao de servios [6][7].

Figura 2.3 Evoluo das aplicaes RFID no comrcio e na prestao de servios [7].

2.3 Aplicaes da tecnologia RFID A identificao por radiofreqncia uma tecnologia presente no mercado e pode ser encontrada em diversas reas como controle de acesso, controle de trfego de veculos, lavanderia, indstrias, controle de containeres, monitorao de pacientes, identificao de animais, monitorao de bagagem e passageiros nos aeroportos, e aplicaes em ambientes hostis como processo de pintura industrial e lubrificao de partes ou produtos identificados com transponders de RFID. A Tabela 2.1 apresenta as aplicaes mais comuns da tecnologia de RFID, que sero comentadas a seguir.

Tabela 2.1 Aplicaes mais comuns da tecnologia de RFID [6]. Controle de acesso Identificao de animais

Controle de bagagens em aeroportos

Financeiras Pagamentos/Compras: -Tickets Alimentao -Cartes de crdito -Passagens de transporte

coletivo urbano etc. Sistemas anti-furto e pedgio Lojas de souvenires

Rastreamento de documentos e produtos

Esportes

2.3.1 rea automotiva As aplicaes na rea automotiva consistem, em sua maioria, nos sistemas anti-furto para automveis. Dispositivos passivos empregados nos veculos vm sendo desenvolvidos desde 1993. Como exemplo, tem-se o imobilizador eletrnico, um transponder que empregado como chaveiro, ou inserido na parte plstica da chave do veculo. Nesse

transponder, podem ser armazenados dados relativos a cada chave, quantas chaves foram acrescentadas ao sistema e at mesmo informaes sobre o proprietrio em caso de veculo por encomenda ou personalizado. Nos veculos em que o transponder instalado, quando o motorista coloca a chave no contato, um microleitor recebe o cdigo encriptado do transpoder e a partida liberada somente aps a confirmao desse cdigo. Ainda nesse contexto, encontra-se a aplicao de controle de acesso a condomnios residenciais ou empresas, as quais fazem uso de transponders ativos colocados no pra-brisa do automvel. Quando o carro se aproxima, o cdigo do transponder enviado a um dispositivo de leitura que o encaminha para um computador a fim de verificar se abre ou no a garagem. Nos estacionamentos comerciais essa tecnologia a mais adequada por reduzir custos operacionais, ter baixo custo, eliminar congestionamentos, permitir o monitoramento do trfego, da capacidade de atendimento e do tempo de ocupao, alm de oferecer informaes especficas sobre cada veculo. Pode-se, ainda, fazer uso da tecnologia de RFID para controlar o abastecimento de frotas de nibus ou transportadoras, o que feito fixando-se um transponder passivo ou ativo na entrada do tanque de combustvel de cada veculo, cujo nmero serial nico e identificado por um dispositivo de leitura instalado no bico da bomba de combustvel, que libera o abastecimento. Nos pedgios, costuma-se adotar um transponder ativo com capacidade de leitura e escrita, possibilitando um sistema de crditos onde, a cada passagem pela cabine de cobrana do pedgio, so debitados crditos do transponder do respectivo automvel.

2.3.2 Identificao de animais Neste tipo de aplicao, usado o dispositivo passivo por vrias razes. Os transponders passivos no necessitam de fonte de alimentao, portanto, uma vez implantado, no h custo de manuteno com o mesmo. Os transponders subcutneos, quando passivos, representam um menor risco de infeco e rejeio pelo organismo do animal. No caso de transponders

externos, se o mesmo for passivo, sua aplicao muito simples possibilitando um reaproveitamento do transponder de modo a baixar ainda mais o custo operacional da tecnologia.

2.3.3 Sade Embora seja possvel o implante, em seres humanos, de transponders de RFID, que so muito pequenos e projetados especificamente para incluso subcutnea, eles no foram liberados para uso, a no ser nos Estados Unidos a ttulo de pesquisa e obrigatoriamente na sade como se fosse um pronturio do paciente. Ainda h muita discusso por autoridades governamentais e no governamentais e instituies acadmicas sobre o uso de etiquetas RFID em seres humanos com a finalidade comercial ou financeira. Usando um dispositivo de leitura especial, os mdicos e a equipe de funcionrios do hospital podem buscar a informao das etiquetas implantadas, tais como a identidade do paciente, tipo do sangue e detalhes de sua condio, e se h alguma reao alrgica a determinado medicamento. 2.3.4 Rastreamento de mercadorias e correspondncias A tecnologia RFID permite o monitoramento remoto de encomendas e correspondncias corporativas, oferecendo maior agilidade e segurana administrao tanto dos fabricantes como das empresas de entrega expressa. A etiqueta padro integrada a uma smart-label, ou etiqueta inteligente, com nmero serial nico, na qual so programadas informaes como remetente e receptor, destino final e cdigo de barras. A tecnologia, que por enquanto hbrida, contendo o cdigo RFID e um cdigo de barras, agiliza a obteno das informaes contidas no container ou lote de produtos sem a necessidade de abrir o mesmo para verificao, mesmo em trnsito, e permitindo o redirecionamento das mercadorias ou correspondncias para o devido lugar em caso de erro por parte da transportadora. Nesse tipo de aplicao, faz-se uso de transponders passivos nas mercadorias individuais e um leitor de mltiplos acessos para fazer uma leitura rpida e segura de todos os tags no lote ou container, acelerando o processo de distribuio com total confiabilidade. No caso de documentos, os arquivos podem conter parmetros como data de vencimento, movimentao permitida e pessoas autorizadas a terem acesso aos mesmos. Com

essas informaes, o banco de dados pode construir uma auditoria de manipulao de cada documento que passa a ser facilmente localizado pelos funcionrios.

2.3.5 Controle de acesso de pessoal Aplicada nas corporaes, o carto de identificao uma poderosa ferramenta, sem risco de fraudes, para melhorar o gerenciamento de colaboradores e pessoal autorizado a transitar nas dependncias da empresa por meio de controle de entrada e sada de funcionrios, clculo automtico de horas-extras e horas trabalhadas. O carto pode, tambm, ser programado para gravar informaes sobre a utilizao de equipamentos, uso de vale refeio, exames mdicos, viagens, participao em programas de treinamento, acesso a determinadas salas da empresa e vrias outras atividades. Em geral, para esse tipo de aplicao, faz-se uso de transponder passivos de proximidade, ou seja, sua leitura se restringe a poucos centmetros de distncia do dispositivo de leitura. Tambm conhecido como crach de acesso, os transponders, alm da informao armazenada na sua memria, tm adesivos com informaes visuais, como foto, nome, matrcula e funo do respectivo colaborador, o que agrega valor aplicao de controle de acesso.

2.4 Comparao entre mtodos automticos de identificao

O uso da tecnologia automtica de identificao (auto-ID) vem crescendo desde a metade do sculo passado e est se tornando uma parte indispensvel de nossa vida diria. O cdigo de barras foi a base para as tecnologias de auto-identificao. Encontra-se cdigo de barras em toda parte, desde produtos prestao de servios. Embora RFID seja aparentemente novo, no est substituindo o cdigo de barras ou outra tecnologia de identificao, ao menos por enquanto. Cada tecnologia de auto-identificao tem suas vantagens e desvantagens como discutido a seguir.

2.4.1 Cdigo de barras O sistema de identificao de produtos conhecido por cdigo de barras teve origem nos EUA, em 1973, com o cdigo UPC (universal product code) e, em 1977, esse sistema foi

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expandido para a Europa atravs do EAN (European Article Numerical Association). um cdigo binrio que compreende barras em preto e aberturas em branco arranjadas em uma configurao paralela de acordo com um padro predeterminado e representam os elementos de dados que referenciam a um smbolo associado. A seqncia, composta de barras largas e estreitas e de aberturas, pode ser interpretada alfanumrica e numericamente. Sua leitura feita pela explorao ptica do laser, isto , pela reflexo diferente de um feixe de laser das barras do preto e das aberturas brancas. Entretanto, apesar de seu princpio fsico permanecer o mesmo at hoje, h algumas diferenas considerveis entre as disposies do cdigo nos aproximadamente dez tipos diferentes de cdigos de barra atualmente em uso. O cdigo de barras mais popular o EAN, que foi projetado especificamente para cumprir as exigncias da indstria de mantimentos. O cdigo EAN, que representa um desenvolvimento do UPC dos EUA, composto por 13 dgitos: o identificador do pas, o identificador da companhia, o nmero do artigo do fabricante e um dgito de verificao, conforme a Figura 2.4.

Figura 2.4 Estrutura do cdigo de barras EAN. O cdigo EAN-8 um tipo de cdigo de barras comumente utilizado no Brasil em embalagens que dispem de espao restrito, Figura 2.5. No Brasil, os trs primeiros dgitos representam o prefixo EAN/UCC (European Article Numbering / Uniform Code Council) licenciado pela GS1, organizao responsvel pelo modelo e implementao de padres globais relacionados cadeia de suprimentos. Os quatro dgitos seguintes referenciam o item e so determinados tambm pela organizao GS1. O ltimo dgito um dgito verificador.

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Figura 2.5 - Exemplo de cdigo de barras EAN-8 O cdigo de barras EAN-8 consiste em uma seqncia de barras pretas e brancas que representam o cdigo do produto. Cada dgito representado por 7 barras pretas ou brancas que so decodificadas de acordo com a Figura 2.6. A Figura 2.5 mostra o arranjo das barras para o dgito 5, de acordo com a Figura 2.6a. Para dgitos esquerda das barras centrais, utiliza-se a Figura 2.6a, e direita, utiliza-se a Figura 2.6b. Cada barra branca representa o bit 0 e cada barra preta o bit 1. As trs barras iniciais (lado esquerdo), cinco barras do centro e as trs barras do final representam barras de guarda.

Figura 2.6 Codificao EAN-8 Um dos problemas com o cdigo de barras que pode-se fazer a varredura de apenas um objeto de cada vez. Alm disso, uma quantidade limitada de dados armazenada no cdigo deixando de lado informaes importantes como nmero de srie original, data de expirao ou validade, ou outra informao pertinente. O leitor de cdigo de barras necessariamente tem que estar em visada com o cdigo para efetuar sua leitura, logo, ocorrem erros de leitura caso o 12

artigo codificado esteja empoeirado, sujo ou com algum defeito em sua etiqueta de identificao. Uma grande vantagem o baixo custo de implementao e manuteno, bastando a impresso das etiquetas codificadas e um dispositivo de leitura. Atualmente, tem-se uma boa infra-estrutura para essa aplicao. Quanto leitura ptica, tem-se, ainda, o OCR (optical character recognition) que foi usado primeiramente, nos anos de 1960, com o objetivo de criar ou reconhecer caracteres de modo que pudessem ser lidos de maneira normal por uma pessoa ou de modo automtico por uma mquina. Como exemplo de aplicao do OCR, tem-se a ferramenta disponibilizada nos scanners que reconhecem os caracteres de texto e os enviam para um editor de texto. Uma importante vantagem do OCR sua elevada densidade de informao e possibilidade de leitura dos dados de modo visual em regime de emergncia, no caso de problemas com a leitura ptica. Hoje, o OCR usado na produo, em atividades administrativas e tambm nos bancos para o registro dos cheques (os dados pessoais, como nmero do cheque e nome do cliente, so impressos na linha inferior de um cheque do tipo OCR). Entretanto, os sistemas de OCR no se tornaram universalmente aplicveis devido ao elevado custo e complexidade dos dispositivos de leitura.

2.4.2 Carto de memria

Em cartes de memria (memory cards), geralmente usa-se uma EEPROM (Electronic Erasable Programmable Memory), que acessada usando uma lgica seqencial (mquinas de estado), Figura 2.7. tambm possvel incorporar algoritmos simples de segurana. A funcionalidade da memria pode ser otimizada para uma aplicao especfica e a flexibilidade da aplicao altamente limitada, mas, por outro lado, os cartes de memria possuem uma boa relao custo-beneficio. Os cartes microprocessados so muito usados em aplicaes que necessitam de uma maior segurana, como os smart-cards para telefones mveis GSM e os cartes de crdito com chip. A opo de programar os cartes microprocessados facilita a adaptao rpida s novas aplicaes que vm surgindo a cada dia, o que representa uma grande vantagem devido a sua flexibilizao mesmo com um custo relativamente alto, pois seu tempo de vida longo.

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Figura 2.7 Arquitetura tpica de um carto de memria com lgica de segurana.

Na Tabela 2.2, mostra-se uma comparao entre os principais mtodos de autoidentificao com relao quantidade de dados que podem ser armazenados, segurana da aplicao, custo, vida til e interferncias do meio. Na Tabela 2.3, tem-se um resumo dos atributos qualitativos e quantitativos de algumas tecnologias de auto-ID.

Tabela 2.2 Principais parmetros para comparao entre tecnologias de auto-identificao [6].
Parmetros de comparao Modificao dos dados Segurana dos dados Quantidade de dados Cdigo de Barras No Baixa - linear: 8-30 caracteres - 2D: 7.200 caracteres Poucos centavos de dlar ou frao de centavo por item Estvel e padronizado Carto de contato Sim Alta Acima de 8 MB Pouco mais de US$1,00 por item Proprietrio e no padronizado RFID - Passivo Sim Varivel (Baixo Alto) Acima de 64 kB Mdio, pouco menos de 25 centavos de dlar por item. No proprietrio e evoluindo para uma padronizao Indefinido (depende da qualidade do tag) O meio ambiente pode afetar os campos e a transmisso das ondas de rdio RFID - Ativo Sim Alta Acima de 8 MB Muito alto, de US$10,00 a US$100,00 por item. Proprietrio e evoluindo para um padro aberto. 3-5 anos dependendo da bateria de alimentao Barreiras ilimitadas desde que o sinal do tag seja forte e livre de rudo.

Custo

Padronizao

Tempo de Vida

Pequeno

Longo

Interferncia

Barreira ptica - sujeira ou objetos obstruindo a visada do laser

Bloqueio do contato

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Tabela 2.3 Comparao entre tecnologias de auto-identificao [6].


Controle de acesso / identificao Chave metlica Vantagens Desvantagens

No necessita de energia para seu funcionamento. Muito simples de usar.

Pode ser copiada facilmente.

Chave de Combinao A combinao pode ser alterada facilmente. No h chave para ser perdida ou roubada. Carto perfurado No fcil de ser copiado como a chave metlica. Tecnologia antiga e com baixa flexibilidade. Pode ser copiado. Custo mais alto em relao a chave metlica.

Carto magntico Difcil de ser copiado. Disponibilidade de leitores no mercado com baixo custo. Contact Smart-Card Possibilidade de aplicar o mesmo carto em vrias atividades. Maior segurana quando comparado a fitas magnticas. RFID TAGs Todas as vantagens dos contact smart cards, porm com a vantagem de no necessitar de contato fsico. O chip fica embutido e protegido garantindo maior vida til. Possui o custo mais alto entre os mecanismos citados. Custo mais alto que um carto magntico. Pode ser danificado com o uso, necessria a instalao de uma infraestrutura para esta aplicao.

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2.5 Vantagens do uso da tecnologia RFID Os benefcios da tecnologia RFID podem ser categorizados quanto ao tempo (curto prazo versus longo prazo) ou quanto tangibilidade (direta versus indireta). Em alguns casos, como etiquetar gado ou etiquetar uma cadeia de suprimentos, deve-se considerar o efeito de rede, ou seja, o custo da implementao de um sistema RFID pode ser mnimo quando se considera um sistema fechado (criadores de gado ou distribuidores de suprimentos desenvolvem seu prprio sistema RFID). Entretanto, o custo aumenta significativamente quando se considera um sistema aberto, ou seja, vrios criadores ou distribuidores de suprimentos fazem uso de um sistema comum. Na Figura 2.8, verificam-se as vantagens diretas e indiretas relacionadas no perodo de tempo. Essa comparao muito importante na tomada de deciso de implementar o uso desta tecnologia no mercado ou indstria.

Figura 2.8 Relao tempo versus benefcio para a utilizao da tecnologia RFID [6].

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3. Princpios de funcionamento

3.1 Introduo Os sistemas RFID so classificados em duas principais categorias: 1-bit transponder e n-bit transponder. Os sistemas 1-bit funcionam, basicamente, por meio de fenmenos fsicos e se subdividem em 5 categorias. Os sistemas n-bit so subdivididos conforme o mecanismo de transmisso de dados; neste tipo de sistema h, de fato, um fluxo de dados entre o transponder e o dispositivo de leitura. A Figura 3.1 apresenta a classificao dos diferentes tipos de RFID. Nessa figura, tambm esto indicadas as sees deste captulo que tratam de cada um dos tipos de RFID [6].

Figura 3.1 Classificao dos sistemas RFID quanto ao princpio de funcionamento.

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3.2 Sistemas 1-bit transponder Os sistemas 1-bit transponder trabalham com apenas dois estados: ativado ou desativado. O estado ativado significa que o tag encontra-se na zona de leitura do receptor e, no estado desativado, no h presena do tag na zona de leitura. Todos os 5 tipos de sistemas de 1bit seguem essa mesma idia de identificao por estados. 3.2.1 Sistema de 1-bit por radiofreqncia Este mecanismo baseado em circuitos ressonantes, contidos nos transponders passivos. O dispositivo de leitura gera um campo magntico alternado na faixa de radiofreqncia em torno de 8,2 MHz conforme a Figura 3.2 [6]. A regio de atuao do campo controlada por meio da potncia fornecida bobina do dispositivo de leitura. Se o transponder estiver na regio de atuao do dispositivo de leitura, a energia proveniente do campo alternado gerado pelo dispositivo de leitura induz uma corrente no circuito LC do transponder. Se a freqncia do dispositivo de leitura combinar com a freqncia de ressonncia do circuito LC contido no transponder, o sistema ressonante responde com uma pequena mudana na tenso entre os terminais da bobina (antena) do dispositivo de leitura (gerador) [6]. A magnitude dessa queda de tenso depende da separao entre as bobinas do dispositivo de leitura e do transponder, e do fator de qualidade Q do circuito ressoante formado pelo sistema (gerador e transponder) [6].

Figura 3.2 Princpio de operao de um sistema 1-bit transponder por radiofreqncia [6].

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Como as variaes na tenso das bobinas do dispositivo de leitura ou do sensor so geralmente baixas e, portanto, difcil de serem detectadas, o sinal deve ser livre de interferncia. Nesse caso, a freqncia do campo gerado varia entre um valor mnimo e um valor mximo. O sistema comea a oscilar sempre que a freqncia varrida pelo gerador corresponde a freqncia de ressonncia do transponder, produzindo uma queda de tenso nas bobinas do gerador e do sensor, se este for utilizado. Tal queda de tenso percebida e utilizada para sinalizar a presena do transponder na regio de leitura. A Figura 3.3 mostra o comportamento da impedncia nos terminais da bobina do dispositivo de leitura para esse tipo de sistema, onde a freqncia do campo varia entre um valor mnimo e um valor mximo e, no momento em que as freqncias se cruzam, ocorre uma variao na impedncia da bobina do dispositivo de leitura e, conseqentemente, uma queda na tenso entre seus terminais [6].

Figura 3.3 Variao na impedncia Z1 entre os terminais da bobina do dispositivo de leitura para o sistema 1-bit transponder por radiofreqncia. (Q=90, k=1%). A impedncia da bobina do dispositivo de leitura com a presena do transponder em sua rea de atuao dada pela equao 3.1 que modelada a partir da Figura 3.4 [6].

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Z 1 = R1 + jL1 + Z T onde (.k ) 2 .L1 .L2 RL R 2 + j L 2 + 1 + jL1C 2

(3.1)

ZT =

Z1 a impedncia nos terminais da bobina do dispositivo de leitura. R1 a resistncia do enrolamento da bobina do dispositivo de leitura. R2 a resistncia do enrolamento da bobina do transponder. L1 a indutncia da bobina do dispositivo de leitura. L2 a indutncia da bobina do transponder. C2 a capacitncia contida no circuito do transponder. k o coeficiente de acoplamento. a freqncia angular gerada no dispositivo de leitura.

Figura 3.4 Modelo do circuito eltrico para o sistema 1-bit transponder por radiofreqncia. Esse tipo de sistema muito usado em lojas de departamentos como sistemas anti-furto. Os transponders podem ser destrudos por um campo magntico suficientemente intenso, de modo que a tenso induzida destrua o capacitor contido no transponder.

3.2.2 Sistema de 1-bit por microondas Este tambm um sistema utilizado em lojas de departamento, porm trabalha na faixa de microondas explorando a gerao de componentes harmnicas no-lineares. Neste tipo de sistema normalmente so utilizados diodos, devido sua caracterstica no-linear de armazenar

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energia. O nmero e a intensidade das harmnicas dependem da caracterstica do diodo capacitivo utilizado. O layout de um sistema 1-bit transponder por microondas muito simples: um diodo conectado a uma antena dipolo projetada para a freqncia da portadora, conforme a Figura 3.5. Em geral, a freqncia da portadora para sistemas desse tipo fp = 2,45 GHz e o comprimento do dipolo 6 cm. Tambm so usadas as freqncias de 5,6 GHz e 915 MHz (Europa) como portadoras.

Figura 3.5 Princpio de funcionamento de um sistema 1-bit transponder por microondas [6]. O funcionamento ocorre quando o tag est na zona de leitura e, devido ao campo eltrico alternado, flui uma corrente pelo dipolo at o diodo que, por sua vez, gera e radia, em geral, os 2 e 3 harmnicos da freqncia da onda portadora. O dispositivo de leitura capaz de perceber a freqncia dos harmnicos a que foi ajustado. A Figura 3.6 representa esse sistema de identificao. Para garantir maior segurana e preciso ao sistema, faz-se uso da modulao em amplitude ou em freqncia (ASK ou FSK) da onda portadora. Assim, as harmnicas tero a mesma modulao, permitindo que o sinal esteja livre de interferncia do meio externo. No exemplo da Figura 3.6, a onda portadora foi modulada em ASK com 1 kHz e a freqncia da portadora fp = 2,45 GHz. Portanto, o segundo harmnico de 4,9 GHz e o terceiro de 7,35 GHz. Considerando que o dispositivo de leitura esteja ajustado para o segundo harmnico e que o tag esteja na zona de leitura, o alarme ativado.

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Figura 3.6 Exemplo de um sistema de loja de departamentos utilizando 1-bit transponder por microondas [6].

3.2.3 Sistema 1-bit transponder por diviso da freqncia Este tipo de sistema opera em uma grande faixa de freqncia: de 100 Hz a 135,5 kHz. O tag constitudo por uma bobina, um circuito ressonante e um microchip que tem por funo dividir por 2 a freqncia da portadora e re-emitir o sinal para o dispositivo de leitura que far a identificao e execuo da aplicao. O processo semelhante ao do sistema anterior, porm com uma reduo da freqncia da portadora pela metade. Tambm usado modulao na amplitude ou na freqncia (ASK ou FSK) a fim de melhorar o desempenho do sistema. A Figura 3.7 exemplifica esse tipo de sistema.

Figura 3.7 Sistema de 1-bit transponder por diviso na freqncia [6].

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3.2.4 Sistema 1-bit transponder por efeito eletromagntico Este tipo de sistema utiliza campos magnticos na faixa de freqncia entre 10 Hz e 20 kHz. Os transponders so constitudos por uma fita delgada de material magntico amorfo, cuja curva tpica de histerese deve ser semelhante a da Figura 3.8. A magnetizao dessa fita periodicamente revertida e a saturao magntica ocorre quando a fita submetida a um intenso campo magntico alternado. A caracterstica no-linear entre o campo magntico H e a densidade de fluxo magntico B, prximo saturao, mais a mudana repentina da densidade de fluxo magntico B na vizinhana do campo H igual a zero, produz componentes harmnicas na freqncia de operao do transponder.

Figura 3.8 Curva tpica de histerese de um material ferromagntico [6]. O sistema por efeito eletromagntico pode ser melhorado sobrepondo-se sees adicionais de sinal com freqncias mais elevadas sobre o sinal principal, ou seja, a nolinearidade da curva da histerese do material ferromagntico, alm dos harmnicos, sinaliza tambm sees com freqncias da soma e da diferena dos sinais fornecidos. Por exemplo, dado um sinal principal com freqncia (fs) de 20 Hz e os sinais adicionais (f1) de 3,5 kHz e (f2) de 5,3 kHz so gerados os seguintes sinais de primeira ordem:

f1 + f2 = 8,80 kHz f2 - f1 = 1,80 kHz fs + f2 = 1,82 kHz . . .

Assim, o dispositivo de leitura reagir com a freqncia harmnica bsica e tambm com a soma ou a diferena dos sinais extras, o que garante maior confiabilidade ao sistema.

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Devido sua baixa freqncia de operao, so os nicos sistemas para produtos que contm metal, porm h a desvantagem de depender da posio do transponder presente na regio de interrogao do dispositivo de leitura. As linhas de campo magntico do transponder devem estar verticalmente arranjadas atravs da fita de metal amorfo. Esse tipo de sistema muito utilizado em loja de departamentos e bibliotecas devido ao baixo custo do dispositivo de leitura e do transponder. O transponder muito pequeno e, portanto, pode ser escondido dentro da capa de um livro ou atrs da etiqueta de algum produto. Outro fator importante que esse tipo de transponder pode ser ativado e desativado por inmeras vezes atravs da magnetizao e desmagnetizao. 3.2.5 Sistema 1-bit transponder por efeito acstico-magntico Semelhante ao sistema por efeito eletromagntico, o sistema que opera por fenmeno acstico-magntico utiliza duas fitas de material magntico amorfo. Neste caso, porm, o efeito considerado o da magnetostrio, que a vibrao decorrente das variaes inter-atmicas, ou seja, a distncia entre os tomos varia com o campo magntico alternado aplicado na direo longitudinal. A amplitude da vibrao alta quando a freqncia do campo magntico igual freqncia de ressonncia (acstica) da fita de metal. A Figura 3.9 mostra o funcionamento deste tipo de sistema. Quando o tag encontra-se na regio de leitura do transmissor e do sensor, as fitas de metal comeam a oscilar devido a influncia do campo magntico. A oscilao na freqncia de ressonncia do material facilmente percebida pelo dispositivo de leitura. A vantagem deste sistema em relao ao anterior que a desmagnetizao da fita s pode ser feita por um campo magntico intenso e com um decaimento lento na magnitude do campo magntico aplicado.

Figura 3.9 Sistema 1-bit transponder por efeito acsticomagntico [6]. 24

3.3 Sistemas n-bit transponder Nos sistemas n-bit transponder h, de fato, uma comunicao e transmisso de dados entre os dispositivos de leitura e os respectivos transponders. Tais sistemas podem ser passivos ou ativos e a transmisso de dados entre eles pode ser do tipo full duplex, half duplex ou seqencial. Na transmisso de dados full duplex (FDX), a informao enviada nos dois sentidos e de forma simultnea, portanto, no existe perda de tempo com turn-around (operao de troca de sentido de transmisso entre os dispositivos). Um canal full-duplex pode transmitir mais informaes por unidade de tempo que um canal half-duplex, considerando-se a mesma taxa de transmisso de dados. Na transmisso half duplex (HDX), a informao enviada nos dois sentidos, mas no de forma simultnea, ou seja, durante uma transmisso half-duplex, um dispositivo A ser transmissor em determinado instante, enquanto um dispositivo B ser receptor. Em outro instante, os papis podem se inverter, por exemplo, o dispositivo A poderia transmitir dados que B receberia; em seguida, o sentido da transmisso seria invertido e B transmitiria para A, se os dados foram corretamente recebidos ou se foram detectados erros de transmisso. A operao de troca de sentido de transmisso entre os dispositivos chamada de turn-around e o tempo necessrio para os dispositivos chavearem entre as funes de transmissor e receptor denominado turn-around time, Figura 3.10.

Figura 3.10 Representao da transmisso full duplex, half duplex e seqencial [6]. A transmisso de energia entre o leitor e o transponder contnua para o FDX e para HDX, o que no ocorre para transmisso seqencial. Na transmisso seqencial, os dados e a

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energia no so transmitidos de forma contnua e sim por determinado perodo de tempo (pulso), Figura 3.10.

3.3.1 Sistema n-bit transponder por acoplamento indutivo Um transponder por acoplamento indutivo constitudo por um dispositivo eletrnico para armazenar os dados e uma bobina que funciona como antena. Em sua grande maioria, so elementos passivos que recebem a energia para seu funcionamento do dispositivo de leitura. A Figura 3.11 ilustra o princpio de funcionamento de um sistema RFID n-bit transponder por acoplamento indutivo. O dispositivo de leitura gera um campo eletromagntico nas freqncias de 135 kHz ou 13,56 MHz, que penetra na rea da bobina do transponder e induz uma tenso que retificada e utilizada para alimentar o chip, que enviar de volta para o dispositivo de leitura o seu ID (cdigo de identificao). Na Figura 3.11, visto que, paralelo bobina do dispositivo de leitura e paralelo bobina do transponder, tm-se capacitores cuja finalidade formar um circuito ressonante ajustado na freqncia de operao do dispositivo de leitura. Esse tipo de montagem pode ser comparado a um transformador. O acoplamento entre as duas bobinas do sistema muito fraco e a eficincia na transmisso de potncia entre as duas bobinas depende da freqncia de operao, do nmero de enrolamentos, da rea da seo transversal do transponder, do ngulo entre as bobinas e da distncia entre a bobina do transponder e a bobina do dispositivo de leitura [1].

Figura 3.11 Sistema n-bit transponder por acoplamento indutivo [6]. Para o funcionamento desse sistema como transformador de acoplamento, necessrio que a distncia entre as bobinas no exceda a 0,16 [1]. Devido a essa caracterstica, ele tambm conhecido como sistema de proximidade. Seu funcionamento ocorre quando o

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transponder est na regio de leitura (zona de interrogao) e sua freqncia de ressonncia corresponde freqncia do dispositivo de leitura. A resposta ao sistema de leitura pode ser representada por um transformador de impedncia Zt na bobina (antena) do dispositivo de leitura, ou seja, ligando e desligando uma resistncia de carga na bobina do transponder, provoca-se uma alterao na impedncia Zt e, portanto, a tenso VL no dispositivo de leitura varia. Tal efeito funciona como uma modulao em amplitude da tenso VL no dispositivo de leitura em funo do chaveamento da resistncia de carga que controlado pelos dados contidos no transponder. Este tipo de transferncia de dados conhecido por modulao de carga ou load modulation. Devido ao fraco acoplamento entre a bobina do dispositivo de leitura e a bobina do transponder, as flutuaes na tenso da bobina do dispositivo de leitura, que representa o sinal til, so de magnitudes menores que a tenso de sada do dispositivo de leitura, por exemplo, para sistemas de 13,56 MHz o sinal til tem uma amplitude de tenso em torno de 10 mV. Para detectar estas pequenas flutuaes, necessrio utilizar circuitos eletrnicos complexos e caros. A alternativa para contornar essa situao utilizar a modulao de carga com sub-portadora (Load modulation with subcarrier), Figura 3.12. O processo feito atravs da comutao da resistncia de carga em uma freqncia s = 212 kHz, o que gera duas linhas espectrais em ft s em torno da freqncia central de transmisso ft = 13,56 MHz.

Figura 3.12 Resultado da modulao de carga [6]. A transmisso de dados feita com modulao ASK, FSK ou PSK ou, ainda, modulando a sub-portadora no tempo atravs do fluxo dos dados. A Figura 3.12 exemplifica o sistema para gerao da modulao de carga conduzida pelo chaveamento da resistncia de carga do transponder e a deteco do dispositivo de leitura atravs de sub-portadora. 27

A Figura 3.13 mostra o sistema n-bit transponder por acoplamento indutivo, utilizando a modulao de carga com sub-portadora. Nota-se que a comutao da resistncia de carga (impedncia Zt composta pela indutncia da bobina do transponder, resistncia do enrolamento da bobina e as capacitncias C1 e Ct) feita pelo chaveamento do transistor T1.

Figura 3-13 Sistema n-bit transponder, modulao de carga com sub-portadora.

3.3.2 Sistema n-bit transponder por acoplamento eletromagntico Os sistemas por acoplamento eletromagntico (Backscatter) operam na faixa de UHF (868 MHz nos EUA e 915 MHz na Europa) e microondas (2,5 GHz ou 5,8 GHz), possuem longo alcance e, por operarem com comprimentos de onda relativamente curtos, possibilitam o uso de antenas com pequenas dimenses e de boa eficincia. A potncia transferida para o transponder deve ser maior ou igual perda no espao livre mais a potncia consumida pelo circuito eletrnico do transponder. A perda no espao livre dada por [6]

Pmeio (dB) = 147,6 + 20 log( R) + 20 log( f ) 10 log(GT ) 10 log(G R )

(3.2)

em que R a distncia entre a antena do dispositivo de leitura e a antena (bobina) do transponder, GT, o ganho da antena do transmissor, GR, o ganho da antena do transponder (receptor) e f, a freqncia de transmisso.

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A tecnologia de semicondutores permite a fabricao dos circuitos integrados do transponder com consumo de potncia em torno de 50 W [1]. Porm, para aplicaes que exigem distncias maiores que 15 m ou operam com circuitos integrados com alto consumo de energia, necessrio a utilizao de um transponder ativo, ou seja, o uso de fonte de alimentao prpria para suprir o consumo dos componentes e circuitos integrados que constituem o transponder a fim de realizar a comunicao entre os dispositivos. Neste caso, fazse uso do modo stand-by, em que o transponder ativado somente quando se encontra na regio de interrogao. Ento o processo de transmisso dos dados contidos no transponder para o dispositivo de leitura ocorre apenas em momentos discretos. A transmisso de dados do transponder para o dispositivo de leitura ocorre por meio da modulao do sinal refletido pela seo de espalhamento. Da tecnologia do radar, sabe-se que as ondas eletromagnticas so refletidas por objetos com dimenses maiores que a metade do comprimento de onda. Tambm, a eficincia com que um objeto reflete ondas eletromagnticas descrita pela seo transversal de espalhamento e dos objetos que esto em ressonncia com a frente de onda que os atinge. Da potncia P1, que emitida pela antena do dispositivo de leitura para o transponder, uma parcela atenuada no espao livre e a outra alcana a antena do transponder, Figura 3.14. A tenso no dipolo retificada pelos diodos D1 e D2 e utilizada para ativar ou desativar o modo stand-by do transponder. Essa tenso usada tambm como uma fonte de alimentao para transmisso em distncias curtas. A parcela da potncia que refletida pela antena, retorna com o valor P2, que varia de acordo com as caractersticas da reflexo da antena do transponder, as quais so influenciadas pela variao da carga conectada ela, e chega ao dispositivo de leitura um valor P2. A fim de transmitir dados do transponder ao dispositivo de leitura, um resistor RL, conectado paralelamente antena, ligado e desligado conforme os dados contidos na memria do transponder. Portanto, a amplitude da onda refletida do transponder para o dispositivo de leitura modulada por backscatter modulation.

Figura 3.14 Princpio de operao do sistema n-bit transponder por backscatter. [6]

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3.3.3 Sistema n-bit transponder por acoplamento magntico (sistemas de proximidade) Nos sistemas de proximidade, projetados para distncias entre 0,1 cm e 1 cm, o transponder inserido dentro do dispositivo de leitura. As aplicaes que fazem uso deste tipo de sistema so conhecidas como touch and go. A disposio funcional da bobina do transponder e da bobina do leitor corresponde quela de um transformador, Figura 3.15, na qual o dispositivo de leitura representado pelo enrolamento do primrio e o enrolamento do secundrio representa a bobina do transponder [6]. Ao se introduzir o transponder no dispositivo de leitura, a bobina do transponder posicionada precisamente na abertura existente no ncleo em forma de U. Uma corrente alternada de alta freqncia no enrolamento do primrio gera um campo magntico de alta freqncia no ncleo e na abertura do arranjo em U. Quando o transponder est presente nesse espao, conforme a Figura 3.15 mostra, a tenso que induzida na bobina do transponder retificada e utilizada como fonte para o funcionamento do transponder. Devido tenso induzida na bobina do transponder ser proporcional freqncia da corrente de excitao, a freqncia selecionada para transferncia de potncia deve ser to elevada quanto possvel. Na prtica, as freqncias de operao esto entre 1 MHz e 10 MHz, a fim de manter-se reduzidas as perdas no transformador. Para isso, usado um material (ferrite) que seja apropriado para a freqncia escolhida. Os sistemas com acoplamento de proximidade so muito utilizados para transponders constitudos com circuitos integrados contendo memria e microprocessador devido possurem uma boa capacidade de fornecimento de potncia sendo, assim, capazes de alimentar tais dispositivos eletrnicos, os quais consomem mais energia.

Figura 3.15 Sistema n-bit transponder por acoplamento magntico (sistema de proximidade) [6].

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A modulao de carga com sub-portadora tambm usada para sistemas de proximidade por acoplamento magntico, como no sistema da Figura 3.15 ou, ainda, para sistemas de proximidade por acoplamento capacitivo, Figura 3.16, devido pequena distncia que existe entre o transponder e o dispositivo de leitura. Este tipo de sistema, muito utilizado em sistemas que utilizam smart cards, tem as caractersticas eltricas, mecnicas e de funcionamento descrita pela ISO-10536.

Figura 3.16 Sistema n-bit transponder por acoplamento eltrico (sistema de proximidade) [6].

3.3.4 Sistema n-bit transponder por acoplamento eltrico Nos sistemas de acoplamento eltrico, o dispositivo de leitura gera um campo eltrico de alta freqncia e a sua antena consiste em uma placa condutora (eletrodo de placa plana), Figura 3.17. Quando uma tenso de alta freqncia aplicada ao eletrodo, um campo eltrico de alta freqncia se forma entre o eletrodo e o potencial terra. As tenses requeridas para esse sistema variam entre algumas centenas de volts e alguns milhares de volts, as quais so geradas no dispositivo de leitura pela elevao da tenso em um circuito ressonante. A antena do transponder composta de duas superfcies condutoras que se encontram em um mesmo plano. Se o transponder for colocado no campo eltrico do dispositivo de leitura, uma tenso eltrica induzida entre os dois eletrodos do transponder, suprindo a energia necessria para alimentao. O circuito equivalente da Figura 3.18 representa um sistema de acoplamento eltrico em seu modelo simplificado, funcionando como um divisor de tenso entre a capacitncia do dispositivo de leitura e o transponder (capacitncia CRT) e a resistncia de entrada do transponder (RL) ou, ainda, com a capacitncia entre o transponder e o potencial terra (CTGND). As correntes que fluem nas superfcies do eletrodo do transponder so muito pequenas, 31

conseqentemente, nenhuma exigncia particular imposta para a condutividade do material do eletrodo. Porm, pode-se aumentar a distncia de leitura do sistema variando-se a capacitncia CTGND. Ao se colocar um transponder por acoplamento eltrico na zona de interrogao do dispositivo de leitura, a impedncia de entrada RL do transponder em conjunto com a capacitncia CRT atua como um circuito ressonante. O amortecimento do circuito ressonante pode ser comutado entre dois valores atravs do chaveamento do resistor de modulao Rmod contido no transponder. Por meio desse chaveamento, gerada a modulao em amplitude da tenso presente na indutncia L1 e da capacitncia C1, conforme o circuito da Figura 3.18. A modulao (chaveamento) deste resistor feita de acordo com os dados que sero transmitidos para o dispositivo de leitura, sendo conhecida como modulao de carga (load modulation).

Figura 3.17 Sistema n-bit transponder por acoplamento eltrico (campo eletromagntico transferindo dados e energia) [6].

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Figura 3.18 Circuito equivalente do funcionamento do sistema (leitor + meio + transponder) para acoplamento eltrico [6].

3.4 Sistemas RFID seqenciais Nos sistemas seqenciais, a transmisso de dados e de energia do dispositivo de leitura para o transponder ocorre de modo alternado. Um sistema seqencial um sistema digital no qual a sada em determinado instante t depende do valor da entrada neste e em instantes anteriores [6]. Os sistemas seqenciais so classificados em sncronos e assncronos. Os sistemas sncronos so aqueles onde as transies ocorrem em instantes discretos definidos por um sinal de sincronizao, conhecido por clock. Nos sistemas assncronos, as transies podem ocorrer em qualquer instante, no existindo um sinal de referncia (clock).

3.4.1 Sistemas seqenciais por acoplamento indutivo Os sistemas seqenciais por acoplamento indutivo operam com freqncias abaixo de 135 kHz, com um acoplamento que criado entre a bobina do leitor e a bobina do transponder, semelhante ao que ocorre no transformador. A tenso induzida gerada na bobina do transponder pelo efeito do campo magntico alternado do dispositivo de leitura retificada e pode ser usada como uma fonte de alimentao. A fim de conseguir uma eficincia mais elevada na transferncia de dados, a freqncia do transponder deve ser igual ou muito prxima da freqncia do dispositivo de leitura. Por essa razo, o transponder contm um capacitor trimming que serve para compensar as diferenas na tolerncia dos componentes eltricos do sistema e na freqncia de ressonncia.

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Ao contrrio do que ocorre com os sistemas FDX e HDX, no sistema seqencial o transmissor do dispositivo de leitura e o transponder no operam de forma contnua. A energia transferida ao transponder pelo dispositivo de leitura feita em perodos discretos. O funcionamento do sistema consiste em trs operaes: carga, leitura e descarga, Figura 3.19 [6]. Durante a operao de carga, o dispositivo de leitura alimenta o capacitor do transponder o qual armazena essa energia a fim de utiliz-la posteriormente para a transmisso de dados, ou seja, na operao de leitura. Na operao de leitura, o transmissor desligado ficando apenas em stand-by para receber as informaes que esto sendo enviadas pelo transponder. Aps esse perodo de transmisso do transponder, ocorre o perodo de descarga, no qual descarregado o resto da energia armazenada no capacitor. A capacitncia mnima do capacitor de carga calculada conhecendo-se a tenso e a potncia mnima exigidas para operao do circuito integrado do transponder por meio da equao

C=

q I .t = V Vmax Vmin

(3.3)

em que Vmax e Vmin so os valores limites para tenso de operao, I a corrente de consumo do chip e t o tempo requerido para a transmisso dos dados do transponder para o dispositivo de leitura.

Figura 3.19 Fases de operao do sistema seqencial (perodo de carga, leitura e descarga). Em sistemas seqenciais, Figura 3.19 e Figura 3.20, um ciclo de leitura completo compreende duas fases: a fase de carregamento do capacitor e a fase de leitura dos dados. O

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final da operao de carregamento do capacitor detectado pelo dispositivo end of burst detector, que monitora a tenso na bobina do transponder e reconhece o momento em que o campo magntico do dispositivo de leitura desligado. Ao final dessa fase, um circuito eletrnico oscilador contido no transponder, que utiliza o circuito ressonante formado pela bobina do transponder, determina a sua ativao. O campo magntico alternado gerado pelo transponder recebido pelo dispositivo de leitura e, embora seja fraco, a relao sinal rudo para o modo seqencial melhorada em torno de 20 dB em comparao com a transmisso FDX e HDX [6]. A modulao do sinal de radiofreqncia gerado na ausncia de uma fonte de alimentao feita atravs da adio, paralelamente ao circuito ressonante, de um capacitor que ativado no instante de tempo que ocorre o fluxo de dados. Ao fechar a chave do capacitor de modulao, ocorre um deslocamento na freqncia, o que gera uma modulao FSK. Aps o perodo de transmisso, ativado o modo de descarga para efetuar a descarga completa do capacitor.

Figura 3.20 Diagrama de blocos do transponder seqencial da Texas Instruments [6].

3.4.2 Sistema seqencial SAW (surface acoustic wave) Este tipo de sistema baseado em ondas acsticas de superfcie, ou seja, no efeito pizoeltrico e na disperso superficial elstica da onda acstica para baixas velocidades. Se um cristal inico for deformado elasticamente em determinado sentido, as cargas de superfcie aparecero, o que gera tenses no cristal. Porm, a aplicao de uma carga na superfcie do cristal conduz a uma deformao elstica na grade do cristal. Os dispositivos SAW geralmente fazem uso de freqncias na faixa de microondas (2,45 GHz), onde transdutores eletroacsticos

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e refletores podem ser criados utilizando uma estrutura plana de eletrodos em um substrato pizoeltrico. Normalmente utilizado um substrato de ltio com um processo

(photolithographic) similar ao usado na microeletrnica para manufatura de circuitos integrados [6]. A Figura 3.21 e a Figura 3.22 ilustram o layout bsico de um sistema SAW. O transdutor interdigital posicionado na extremidade do substrato pizoeltrico e uma antena dipolo apropriada conectada ao seu barramento. O transdutor interdigital usado para converter sinais eltricos em ondas de superfcie acstica e vice-versa. Um pulso eltrico aplicado no barramento do transdutor causa uma deformao mecnica no substrato que, devido ao efeito pizoeltrico entre os eletrodos, gera disperses em ambos os sentidos na forma de onda de superfcie acstica (SAW). Da mesma forma, a onda de superfcie acstica que entra no conversor cria um pulso eltrico no barramento do transdutor devido ao efeito pizoeltrico. Eletrodos individuais so posicionados ao longo do comprimento do transponder SAW. Os eletrodos de borda servem para reflexo de uma parcela das ondas de superfcie que entram no substrato. As barras que compem o refletor normalmente so feitas de alumnio [6].

Figura 3.21 Sistema seqencial SAW (construo do transponder) [6]. O funcionamento do sistema ocorre da seguinte forma: um pulso de explorao de alta freqncia gerado por um dispositivo de leitura fornecido para a antena dipolo do

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transponder. No transdutor interdigital, o sinal eltrico convertido em uma onda de superfcie acstica, a qual percorre o substrato no sentido longitudinal. A freqncia da onda de superfcie corresponde freqncia da onda produzida pelo pulso de amostragem. A freqncia da portadora da seqncia de pulsos refletidos corresponde freqncia da transmisso do pulso de amostragem. Parte da onda de superfcie refletida para fora de cada uma das tiras reflexivas e parte absorvida na extremidade do substrato. A parcela das ondas que foram refletidas retorna para o transdutor interdigital, onde essas ondas sero convertidas em uma seqncia de pulsos de alta freqncia e, a seguir, emitidos pela antena dipolo para o dispositivo de leitura. O nmero de pulsos recebidos corresponde ao nmero de tiras reflexivas existentes no substrato e o atraso entre os pulsos proporcional distncia de separao entre as tiras reflexivas; ou seja, a informao representada por uma seqncia binria de dgitos semelhante ao cdigo de barras, porm, sua leitura feita por radiofreqncia ao invs de leitura ptica. A velocidade de transferncia e a capacidade de armazenamento de dados de um transponder SAW dependem do tamanho do substrato e da distncia mnima entre as tiras reflexivas existentes no substrato. Na prtica, a transferncia de dados, codificados entre 16 e 32 bits, ocorre em uma taxa de 500 kbps [6]. A distncia de leitura desse sistema depende da potncia do pulso de explorao e pode ser estimada atravs da equao do radar.

d =4

2 2 4 PT .GT . .G R .t i . k .T0 .F . S .IL N

( )

(3.4)

onde: d alcance do pulso emitido pelo transponder SAW. PT a potncia do pulso emitido pelo dispositivo de leitura. GT o ganho da antena do dispositivo de leitura. GR o ganho da antena do transponder. o comprimento de onda. F a figura de rudo. S/N a relao sinal rudo.

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IL a perda de insero (atenuao adicional). T0 a temperatura de rudo da antena de recepo.

A Figura 3.22 e a Figura 3.23 ilustram o funcionamento do transponder SAW, onde um nico pulso enviado pelo dispositivo de leitura ao transponder, e devido ao efeito pizoeltrico e aos refletores colocados aps o transdutor interdigital, os pulsos retornam aps alguns microssegundos em resposta ao pulso de excitao.

Figura 3.21 Modelo do transponder SAW [6]

Figura 3.23 Grfico da resposta emitida pelo transponder SAW [6]

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4. Padronizao

4.1 Introduo A finalidade da padronizao definir as caractersticas de operao e funcionamento de equipamentos para que fabricantes distintos possam produzir dispositivos com caractersticas comuns. Ou seja, por meio da padronizao que vrias tecnologias podem sobreviver em um mesmo universo. Os maiores fabricantes de RFID oferecem sistemas proprietrios, os quais resultam numa grande diversidade de protocolos e de sistemas para uma mesma planta industrial. Existem muitas organizaes envolvidas nos projetos de tecnologias RFID, trabalhando em conjunto com vrios fabricantes e estudiosos da tecnologia a fim de padronizar protocolos e regras de utilizao. Entre as principais organizaes e padres da tecnologia RFID, tem-se a International Organization for Standardization (ISO), uma organizao internacional que engloba 148 pases. A ISO aprova normas internacionais em todos os campos tcnicos, exceto na eletricidade e eletrnica, reas sob a responsabilidade do International Engineering Consortium (IEC). A Tabela 4.1 apresenta a relao de padres publicados pela ISO para a tecnologia RFID [6][8][9]. H tambm o EPC (Electronic Product Code), ou Cdigo Eletrnico de Produtos, que define uma arquitetura que utiliza recursos oferecidos pela tecnologia de identificao por radiofreqncia e serve de referncia para o desenvolvimento de novas aplicaes. O EPC uma forma de identificar produtos atribuindo a eles um nmero nico que inserido desde a linha de manufatura. Por exemplo, cada embalagem de produto ou mesmo o prprio produto tem seu nmero de identificao EPC. Esta aplicao permitir que cada companhia rastreie em sua rede logstica, incluindo varejistas, os produtos produzidos desde a sua manufatura at a entrega ao respectivo cliente. A EPCglobal [10] uma diviso da EAN (European Article Number International) e do UCC (Uniform Code Council) [11]. Trata-se de uma organizao sem fins lucrativos criada para controlar, desenvolver e promover padres baseados nas especificaes do sistema EPC. Seu objetivo orientar a adoo deste sistema como o padro mundial para a identificao imediata, automtica e precisa de qualquer item da cadeia de suprimentos de qualquer empresa, de qualquer setor e em qualquer lugar do mundo.

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Tabela 4.1 Padres ISO para a tecnologia RFID ISO Standard ISO 11784 ISO 11785 ISO/IEC 14443 Ttulo RFID para animais estrutura de cdigo RFID para animais concepo tcnica Identificao de cartes cartes com circuitos integrados sem contato cartes de proximidade Identificao de cartes cartes com circuitos integrados sem contato cartes de vizinhana Tecnologia da Informao Gerenciamento de Itens de RFID Perfil de Requisitos de Aplicao Parmetros Gerais para Comunicao por Interface por Ar para Freqncias Globalmente Aceitas Parmetros para Comunicao por Interface por Ar abaixo de 135 kHz Parmetros para Comunicao por Interface por Ar em 13,56 MHz Parmetros para Comunicao por Interface por Ar em 2,45 GHz Parmetros para Comunicao por Interface por Ar em 860 a 930 MHz Gerenciamento de Itens de RFID Protocolo de Dados: Interface de Aplicao Gerenciamento de Itens de RFID Protocolo: Regras de Codificao de Dados e Funes de Memria Lgica Gerenciamento de Itens de RFID Identificao nica do RF Tag Status Publicado em 1996 Publicado em 1996 Publicado em 2000

ISO/IEC 15693

Publicado em 2000

ISO/IEC 18001

Publicado em 2004

ISO/IEC 18000-1

Publicado em 2004

ISO/IEC 18000-2 ISO/IEC 18000-3 ISO/IEC 18000-4 ISO/IEC 18000-6 ISO/IEC 15961

Publicado em 2004 Publicado em 2004 Em Reviso Final Publicado em 2004 Publicado em 2004

ISO/IEC 15962

Publicado em 2004

ISO/IEC 15963

Em Reviso Final

4.2 Faixas de freqncias utilizadas pelos sistemas RFID Devido ao fato de sistemas RFID produzirem e radiarem ondas eletromagnticas, eles so classificados como sistemas de radiofreqncia (RF). Portanto, necessria a determinao das faixas do espectro de freqncia para que no haja interferncias de outros servios de rdio no sistema RIFD. Da mesma forma, o sistema RFID no pode interferir nos sistemas de rdio, celular ou televiso. Na implantao de um sistema de identificao por radiofreqncia,

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necessrio considerar os espectros de freqncia dos outros sistemas de rdio, pois estes restringem de forma significativa a operao dos sistemas de RFID disponveis no mercado, Figura 4.1. Por esta razo, utilizam-se, em geral, freqncias que foram reservadas especificamente para aplicaes industriais, cientficas ou mdicas. Tais freqncias so conhecidas como faixa de freqncia ISM (Industrial-Scientific-Medical) as quais tambm podem ser utilizadas para aplicaes em RFID [1].

Figura 4.1 Faixas de freqncias utilizadas por sistemas RFID [6]. Alm das freqncias ISM, as freqncias abaixo de 135 kHz, na Amrica do Norte, e abaixo de 400 kHz, no Japo, tambm so utilizadas, pois possibilitam trabalhar com intensidades elevadas de campo magntico, principalmente em sistemas RFID de acoplamento indutivo. As faixas de freqncia mais importantes para sistemas RFID esto apresentadas na Tabela 4.2. A Figura 4.2 mostra a distribuio do mercado global, de 2000 a 2005, para transponders nas vrias faixas de freqncia, em milhes de unidades. Observa-se um acentuado crescimento no uso da tecnologia de identificao por radiofreqncia, em especial nas freqncias de 13,56 MHz e nas freqncias menores que 135 kHz.

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Tabela 4.2 Distribuio das freqncias para sistemas RFID Freqncia 9 a 135 kHz 6,78 MHz 13,56 MHz 27,125 MHz 433,92 MHz 869 MHz 915 MHz 2,45 GHz 5,8 GHz 24,125 GHz Descrio Low Frequency (LF) ISM Frequency High Frequency (HF) High Frequency (HF) Very High Frequency (VHF) Ultra High Frequency (UHF) Ultra High Frequency (UHF) Microondas Microondas Super High Frequency (SHF)

Figura 4.2 Distribuio do mercado de transponders por faixas de freqncias.[6] Faixa de freqncia entre 9 kHz e 135 kHz A faixa de freqncia abaixo de 135 kHz muito utilizada por servios de radiofreqncia porque no foi reservada como faixa de freqncia ISM. Alm disso, as condies de propagao nessa faixa de freqncia permitem que as ondas de rdio alcancem grandes reas, com raio em torno de 1.000 km, a um custo relativamente baixo. Tais ondas so conhecidas como Long Waves. A fim de impedir interferncias entre os sistemas de

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radiofreqncia, a Europa definir uma faixa de freqncia destinada a aplicaes de RFID entre 70 kHz e 119 kHz. [6]

Faixa de freqncia entre 6,765 MHz e 6,795 MHz A faixa de freqncia entre 6,765 MHz e 6,795 MHz est dentro do espectro das ondas curtas cuja distncia de propagao de alguns quilmetros (em torno de 100 km) durante o dia, e durante a noite, possvel a propagao transcontinental. A faixa de freqncia destinada s ondas curtas utilizada por uma grande quantidade de servios de rdio.

Faixa de freqncia entre 13,553 MHz e 13,567 MHz Esta faixa de freqncia alocada no meio da faixa de ondas curtas, que variam de 3 MHz a 30 MHz. As condies de propagao nesta faixa de freqncia permitem conexes transcontinentais durante qualquer perodo do dia. Esta faixa tambm utilizada por uma variedade de servios de rdio e telecomunicaes ponto a ponto (PTP - peer to peer), alm de outras aplicaes ISM como, por exemplo, sistemas de controle remoto, modelos controlados por rdio e pagers de rdio.

Faixa de freqncia entre 26,565 MHz e 27,405 MHz A faixa de freqncia entre 26,565 MHz e 27,405 MHz alocada para a banda do cidado (CB - Citizens Band) no continente Europeu, nos EUA, no Canad e no Brasil onde regulamentada pelo Decreto-lei N. 47/2000 [12]. A banda do cidado um servio de radiocomunicao de uso privativo, destinado s comunicaes multilaterais de carter utilitrio recreativo ou profissional de titulares de estaes de radiocomunicaes de pequena potncia, que funcionem exclusivamente nessas freqncias coletivas. Ao instalar sistemas de 27 MHz para aplicaes industriais em RFID, deve-se observar todos os equipamentos de alta freqncia que estiverem situados na vizinhana do sistema em questo, pois estes equipamentos podem interferir na operao dos sistemas RFID que operam na mesma freqncia. Ao planejar sistemas RFID de 27 MHz para hospitais (por exemplo, sistemas de controle de acesso), a considerao deve ser dada a todo o instrumento mdico que estiver operando nesta faixa de freqncia na vizinhana do dispositivo de leitura.

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Faixa de freqncia entre 40,660 MHz e 40,700 MHz

Essa faixa de freqncia situada na extremidade mais baixa faixa do VHF. A propagao das ondas limitada proximidade da superfcie da terra (Ground Wave) e a atenuao devido aos edifcios e aos outros obstculos menos marcante. A faixa de VHF ocupada por sistemas mveis de comunicao, transmisso de televiso, telemetria e controle de modelo rdio-controlado. Porm, nenhum sistema RFID opera nessa faixa de freqncia, devido ao sinal, para este tipo de sistema, ser significativamente menor que para sistemas RFID operando em outras freqncias. O comprimento de onda de 7,5 m nessa faixa inadequado para a construo de transponders pequenos e baratos, sendo prefervel usar outras freqncias que permitem um alcance melhor a um custo mais baixo. Faixa de freqncia entre 430,000 MHz e 440,000 MHz Esta faixa de freqncia est mundialmente destinada para servios de rdio-amadores na transmisso de voz e dados atravs de estaes de rdio terrestres ou satlites. A propagao das ondas eletromagnticas na faixa de UHF sofre atenuao e reflexo devido presena de obstculos. Dependendo do mtodo e da potncia de transmisso, os sistemas utilizados por rdio-amadores conseguem alcanar distncias entre 30 e 300 quilmetros, sendo que as conexes mundiais podem ser feitas atravs do uso de satlites localizados no espao. A faixa de freqncia ISM (433,05 - 434,790 MHz) est localizada no meio da faixa destinada aos rdio-amadores. Tal faixa ocupada por vrias aplicaes ISM, as quais compreendem os sistemas RFID por espalhamento (backscatter), os transmissores de telemetria (para aplicaes domsticas, por exemplo, termmetros externos, sensores sem fio etc.), telefones sem fio, walkie-talkies, alarmes para veculos e muitas outras aplicaes. A interferncia mtua entre as vrias aplicaes de ISM comum nesta faixa de freqncia. Faixa de freqncia entre 2,400 GHz e 2,4835 GHz Na faixa de microondas, que utilizada por servios de transmisso em telecomunicaes e radiodifuso (Continente Europeu), ocorrem interferncias e sobreposies devido a reflexes em obstculos. A onda eletromagntica fortemente atenuada quando penetra em paredes e outros obstculos. Alm dos sistemas RFID por espalhamento (backscatter), nesta faixa de freqncia tem-se, ainda, algumas aplicaes tpicas de ISM como transmissores para telemetria e redes sem fio para computadores (wireless network). 44

Faixa de freqncia entre 5,725 GHz e 5,875 GHz Na faixa de freqncia entre 5,7255,875 GHz, de modo semelhante faixa de freqncia 2,4002,4835 GHz, as aplicaes tpicas so os sensores de movimento, que podem ser usados para detectar presena e efetuar a abertura de portas (nas lojas de departamento), alm de outras aplicaes para sistemas RFID.

4.3 Freqncia apropriada para sistemas de RFID por acoplamento indutivo As caractersticas das faixas de freqncias disponveis devem ser levadas em considerao na escolha da freqncia adequada para se utilizar em um sistema RFID por acoplamento indutivo, pois so importantes na deciso de alguns parmetros do sistema, como por exemplo, as dimenses da antena. A Figura 4.3 descreve a transio entre campo prximo e campo distante para a freqncia de 13,56 MHz [6]. Percebe-se que a atenuao na intensidade de campo magntico de 60 dB/dcada em campo prximo e de 20 dB/dcada depois da transio para campo distante, que ocorre a uma distncia de /2 da antena transmissora. Este comportamento exerce uma forte influncia na definio dos sistemas RIFD. A regulamentao EN 300330 especifica a intensidade mxima de campo magntico a uma distncia de 10 m do dispositivo de leitura. A Figura 4.4 mostra o comportamento da intensidade de campo para as freqncias de 125 kHz, 6,75 MHz e 27,125 MHz na transio de campo prximo para campo distante. Movendo-se do ponto indicado na Figura 4.4 em direo ao dispositivo de leitura, dependendo do comprimento de onda, a intensidade de campo aumenta em 20 dB/dcada ou 60 dB/dcada. Para freqncias menores que 135 kHz, as relaes so mais favorveis, devido estar na regio de campo prximo. H um aumento da intensidade de campo H em torno de 60 dB/dcada, medida que se aproxima do dispositivo de leitura. Outro fator importante que para freqncias menores que 135 kHz o campo prximo estende se a 350 m [6]. A Figura 4.5 mostra a relao entre o alcance do transponder em funo da freqncia para uma intensidade de campo H = 105 dB A/m. O alcance mximo ocorre na faixa de freqncia em torno de 10 MHz, onde a eficincia na transmisso de potncia maior que para as freqncias abaixo de 135 kHz ou acima de 40,68 MHz. Entretanto, esse efeito compensado pela alta intensidade de campo admissvel para freqncias abaixo de 135 kHz.

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Conseqentemente, na prtica o alcance de sistemas RFID aproximadamente a mesma para ambas as faixas de freqncia.

Figura 4.3 Comportamento da intensidade de campo em funo da distncia para a freqncia de 13,65 MHz [6]

Figura 4.4 Comportamento do campo magntico para as freqncias 125 kHz, 6,75MHz e 27,125MHz [6].

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Figura 4.5 Alcance do transponder em funo da freqncia de operao, e para H=105 dB A/m.

4.4 Regulamentao e padronizao na Europa A padronizao dos sistemas RFID na Europa realizada pela recomendao CEPT/ERC REC 70-03, que trata do uso de dispositivos de curto alcance. Essa recomendao serve de base para a regulamentao dos estados membros do CEPT (European Conference of Postal and Telecommunications Administrations) que foi criada em 1959 por 19 pases e hoje abrange 47 pases. Suas atividades consistem na cooperao comercial e operacional na rea de telecomunicaes, bem como na regulamentao e padronizao de parmetros das diversas tecnologias de comunicao em operao no continente Europeu. A recomendao REC 70-03 especifica a largura de banda, a faixa de freqncia, os nveis de potncia, o espaamento de cada canal e a durao do ciclo de transmisso para sistemas de identificao por radiofreqncia de curto alcance. A REC 70-03 aborda 13 aplicaes de diferentes dispositivos de curto alcance nas vrias faixas de freqncia, conforme descrito na Tabela 4.3.

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Tabela 4.3 Tipos de aplicaes descritas na REC 70-03 Item 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Aplicao Dispositivos de curto alcance no especficos Dispositivos para detectar vtimas de avalanche Conexes de redes locais, RLANs and HIPERLANs Identificao automtica de veculos para estradas de ferro (AVI) Controle de trfego e veculos em rodovias (RTTT) Equipamento para detectar movimento Alarmes Modelo rdio-controlado Aplicaes por acoplamento indutivo Microfones sem fio RFID Aplicaes mdicas implantveis de baixa potncia. Aplicaes de udio sem fio

4.4.1 Dispositivos de curto alcance no especficos.

A Tabela 4.4 apresenta as faixas de freqncia e a potncia permitida para a transmisso em sistemas de curto alcance, independentemente de ser um sistema RFID. Os dados foram retiradas dos padres recomendados pelo CEPT (European Conference of Postal and Telecommunications Administrations [6][15][16][17].

4.4.2 Dispositivos para aplicaes em transportes ferrovirios e rodovirios Para aplicao em transporte ferrovirio e rodovirio, so definidas potncia de transmisso, faixa de freqncia e outros parmetros que tambm podem ser empregados na utilizao de transponders de RFID. A Tabela 4.5 mostra os valores de freqncia e potncia, bem como uma breve descrio sobre cada aplicao na respectiva faixa de freqncia [18][19][20][21].

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Tabela 4.4 Dispositivos de curto alcance no especficos. Faixa de Freqncia Potncia Observao 67856795 kHz 42 dBA/m a 10 m 13,55313,567 MHz 42 dBA/m a 10 m 26,95727,283 MHz 42 dBA/m (10 mW ERP) 40,66040,700 MHz 10 mW ERP 138,2138,45 MHz 10 mW ERP Disponvel em apenas alguns pases 433,050434,790 MHz 10 mW ERP <10% duty cycle 433,050434,790 MHz 1 mW ERP Up to 100% duty cycle 868,000868,600 MHz 25 mW ERP <1% duty cycle 868,700869,200 MHz 25 mW ERP <0,1% duty cycle 869,300869,400 MHz 10 mW ERP 869,400860,650 MHz 500 mW ERP <10% duty cycle 869,700870,000 MHz 5 mW ERP 24002483,5 MHz 10 mW EIRP 57255875 MHz 25 mW EIRP 24,0024,25 GHz 100 mW 61,061,5 GHz 100 mW EIRP 122123 GHz 100 mW EIRP 244246 GHz 10 mW EIRP
ERP Effective Radiated Power EIRP Equivalent Isotropic Radiated Power

Tabela 4.5 Aplicaes ferrovirias e rodovirias Linhas ferrovirias Faixa de freqncia Potncia Descrio 4,515 kHz dBA/m a 10m Euroloop (spectrum mask available) 27,095 MHz 42 dBA/m Eurobalise (5 dBA/m @ 200 kHz 2,4462,454 MHz 500mW EIRP Transponder applications (AVI)

Controle de trfego e identificao de veculos Faixa de freqncia Potncia Descrio 5,7955,815MHz 8W EIRP Sistemas de pedgio 6364 GHz Comunicao entre veculos 7677 GHz 55 dBm Sistemas de radar

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4.4.3 Dispositivos de acoplamento indutivo Os itens 9 e 11 da Tabela-4.3 tratam dos parmetros de operao para dispositivos de acoplamento indutivo incluindo os sistemas RFID e os dispositivos de segurana utilizados em lojas de departamentos. Como exemplo, tem-se o mecanismo de segurana utilizado pela loja C&A, que possui antenas nas portas da loja e, em cada produto, fixado um tag do tipo 1-bit apenas para garantir que ningum saia da loja com o produto sem antes passar pelo caixa. A Tabela 4.6 traz alguns parmetros e valores definidos na REC 70-03 tais como potncia de transmisso, faixa de freqncia utilizada para esta aplicao bem como as respectivas caractersticas [17].

Tabela 4.6 Aplicaes por acoplamento indutivo e utilizao de RFID Acoplamento indutivo de modo geral Faixa de freqncia Potncia Descrio 9,00059,750 kHz _ 72 dB A/m at 30 kHz, descending by 3dB/Ok 60,25070,000 kHz 119135 kHz 59,75060,250 kHz 42 dBA/m a 10m 70119 kHz 67656795 kHz 42 dBA/m a 10m 74008800 kHz 9 dBA/m EAS systems 13,55313,567MHz 42 dBA/m a 10m (9 dBA/m@ 150 kHz) 26,95727,283MHz 42 dBA/m a 10m (9 dBA/m@ 150 kHz) Aplicao especfica para RFID Faixa de freqncia Potncia Descrio 24462454MHz 500 mW EIRP 100% duty cycle 4W EIRP <15% duty cycle; only within buildings

4.5 Regulamentao e padronizao no Brasil No Brasil no existe regulamentao especfica para RFID. Os sistemas de identificao por radiofreqncia esto categorizados na regulamentao sobre equipamentos de radiocomunicao de radiao restrita, o qual est no anexo da Resoluo ANATEL No 365, de 10 de maio de 2004. Este regulamento tem por objetivo caracterizar os equipamentos de radiao restrita e estabelecer as condies de uso da radiofreqncia para que os dispositivos 50

possam ser utilizados com dispensa da licena de funcionamento e a liberao da necessidade de outorga de autorizao de uso de radiofreqncia. Os dispositivos de radiofreqncia esto classificados conforme a Tabela 4.7, segundo a Resoluo ANATEL No 365/2004.

Tabela 4.7 Tipos de aplicaes descritas no anexo da resoluo ANATEL No 365 Item Aplicao Descrio Prover auxlio auditivo a pessoa ou grupo de 1 Dispositivo de auxlio auditivo pessoas com deficincia. Transmisso de medidas e parmetros 2 Dispositivo de tele-medio biomdica biomdicos humanos ou animais para um receptor, dentro de uma rea restrita. Opera de forma descontnua em relao ao 3 Dispositivo de operao peridica perodo de transmisso. Dispositivo que monitora mudanas no campo Emissor-sensor de variao de campo 4 eletromagntico em sua vizinhana Ex. Sensor eletromagntico de presena. Equipamento bloqueador de sinais de Restringe o emprego de radiofreqncias ou 5 radiocomunicaes (BSR) faixas de radiofreqncias especficas. Serve para localizar cabos, linhas, dutos e outras 6 Equipamento de localizao de cabo estruturas similares enterradas. Dispositivo que utiliza radiofreqncia para Equipamento de radiocomunicao de aplicaes diversas, produzindo campo 7 radiao restrita eletromagntico com intensidade dentro dos limites estabelecidos. Equipamento de radiocomunicao de Unidade porttil com capacidade de transmisso 8 uso geral bidirecional para comunicao de voz. Microfone integrado a um transmissor de rdio 9 Microfone sem fio sem a necessidade de fio. Sistema de acesso sem fio em banda Dispositivo utilizado em aplicaes para redes 10 larga para redes locais locais sem fio. Emissor / sensor de variao de campo 11 Sistema de proteo de permetro eletromagntico, que faz uso de radiofreqncia para detectar movimentos. Central Privada de Comutao Telefnica sem 12 Sistema de ramal sem fio de CPCT fio, conectada a um terminal fixo. Transmitir o sinal sonoro para os alto-falantes 13 Sistema de sonorizao ambiental sem uso de fio. Telefone sem fio consistindo de dois 14 Sistema de telefone sem cordo transceptores sendo um conectado diretamente a RTPC (rede de telefonia publica comutada). Transmisso de sinais de rdio para efetuar 15 Telecomando comandos de equipamentos a distncia. 16 Telemetria Leitura de instrumento de medida a distncia.

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As estaes de radiocomunicao correspondentes a equipamentos de radiao restrita operam em carter secundrio, isto , no tm direito proteo contra interferncias prejudiciais provenientes de qualquer outra estao de radiocomunicao nem podem causar interferncia em qualquer sistema operando em carter primrio. Portanto, os equipamentos de radiao restrita que vierem a causar interferncia prejudicial em qualquer sistema que esteja operando em carter primrio devem cessar seu funcionamento imediatamente at a remoo da causa da interferncia. Os equipamentos de radiao restrita s podero operar aps a certificao efetuada ou aceita pela ANATEL dos equipamentos que estiverem de acordo com as normas vigentes e os padres aceitos internacionalmente.
Nas faixas de freqncias apresentadas na Tabela 4.8 no so admitidas a utilizao de equipamentos de radiao restrita. Nessas freqncias, admitem-se somente emisses esprias provenientes dos equipamentos que estejam operando em outra faixa de freqncia.

A regulamentao europia define os parmetros e faixa de freqncia para algumas das aplicaes ISM. A regulamentao brasileira no define os parmetros, apenas prev que determinada faixa pertence a aplicaes que operam com radiao restrita.

Tabela 4.8 Faixas de freqncias com restries de uso MHz MHz MHz GHz 0,090-0,110 13,36-13,41 399,9-410 5,35-5,46 0,495-0,505 16,42-16,423 608-614 6,65-6,6752 2,1735-2,1905 16,69475-16,69525 952-1215 8,025-8,5 4,125-4,128 16,80425-16,80475 1300-1427 9,0-9,2 4,17725-4,17775 21,87-21,924 1435-1646,5 9,3-9,5 4,20725-4,20775 23,2-23,35 1660-1710 10,6-11,7 6,215-6,218 25,5-25,67 1718,8-1722,2 12,2-12,7 6,26775-6,26825 37,5-38,25 2200-2300 13,25-13,4 6,31175-6,31225 73-74,6 2483,5-2500 14,47-14,5 8,291-8,294 74,8-75,2 2655-2900 15,35-16,2 8,362-8,366 108-138 3260-3267 20,2-21,26 8,37625-8,38675 149,9-150,05 3332-3339 22,01-23,12 8,41425-8,41475 156,524-156,525 3345,8-3352,5 23,6-24,0 12,29-12,293 156,7-156,9 4200-4400 31,2-31,8 12,51975-12,52025 242,95-243 4800-5150 36,43-36,5 12,57675-12,57725 322-335,4 Acima de 38,6

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5. Cartes inteligentes (Smart Cards)

5.1 Introduo

A tecnologia smart card consiste em um carto de plstico com um chip que contm uma memria ROM e, em alguns modelos, possui, alm da memria, um microprocessador. Na memria ROM, encontra-se o sistema operacional prprio de cada fabricante. A capacidade dos cartes varia de alguns bytes at alguns kilobytes, dependendo do chip, do fabricante e do tipo de aplicao. Assemelha-se em forma e tamanho a um carto de crdito convencional de plstico com tarja magntica. Alm de ser usado em cartes bancrios e de identificao pessoal, encontrado tambm nos celulares GSM. Os smart cards no utilizam fonte de alimentao prpria, pois a energia necessria para o seu funcionamento, bem como o relgio de sincronismo para a transmisso de dados, proveniente do dispositivo de leitura. Os smart cards oferecem diversas vantagens se comparados aos cartes de tarja magntica. Por exemplo, a capacidade de armazenamento de um smart card maior que a de um carto de tarja magntica. Microchips com mais de 256 kB de memria esto atualmente disponveis. Tambm possvel construir uma variedade de mecanismos de segurana, conforme as exigncias especficas de determinada aplicao. O smart card foi inventado nos anos de 1970 na Frana, a partir de onde se espalhou para a Europa. Aos poucos, essa tecnologia est sendo utilizada no mundo inteiro. No Brasil, as aplicaes com smart card comearam em meados de 1995 e, atualmente, existem vrios projetos em operao.

5.2 Classificao dos smart cards A Figura 5.1 apresenta a classificao dos smart cards de acordo com o tipo de chip e mtodo de transmisso, ou seja, classifica-os conforme o tipo de arquitetura e o tipo de interface [13].

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SMART CARD

Arquitetura

Interface de transmisso

Memory card

Processor Card

Com contato

Sem contato

Interface Dupla

Com Segurana Lgica Sem Segurana Lgica

Com Co-processador Sem Co-processador

Figura 5.1 Classificao dos smart cards. A arquitetura de um smart card pode ser dos tipos carto de memria e carto com microprocessador. O primeiro tipo consiste em cartes de armazenagem de informaes e, dependendo da tecnologia empregada, podem ser descartveis ou reutilizveis. Os cartes de memria possuem as seguintes caractersticas: nvel de segurana baixo; utilizados para uma nica aplicao; utilizados para aplicaes mais simples, por exemplo, telefonia; e baixo custo de produo e operao. O segundo tipo de carto o "verdadeiro" smart card, pois contm uma CPU, alm da rea de memria. Os cartes microprocessados possuem as seguintes caractersticas: nvel de segurana maior que o carto de memria; podem ser com contato, sem contato, ou combinados; comporta mais de uma aplicao; e possuem um custo relativamente maior que o carto contendo apenas memria. Nos cartes de contato, Figura 5.2(a), o acesso aos dados e aplicaes do smart card ocorre atravs de contato fsico com o dispositivo de leitura. Exige que o carto seja inserido no dispositivo. Atualmente, seu uso est direcionado a cartes de fidelidade e cartes de crdito. O acesso aos dados e aplicaes nos cartes sem contato (contactless) acontece sem contato fsico entre o chip e o dispositivo de leitura atravs de radiofreqncia, Figura 5.2(b). So utilizados para aplicaes cujas transaes devem ser rpidas, como controle de acesso, transporte pblico e pedgios.

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Os cartes combinados e cartes hbridos combinam os dois tipos de interface, visando integrao de aplicaes de contato e sem contato em um mesmo carto, Figura 5.2(c). Diferem pelo fato de os cartes combinados possurem uma rea de memria em comum, enquanto os cartes hbridos simplesmente tm o mesmo chip.

(a)

(b)

(c)

Figura 5.2 Tipos de interface dos smart cards. (a) contato. (b) sem contato. (c) hbrido.

5.3 Padronizao ISO para smart cards O tamanho do carto determinado pelo padro internacional ISO 7816. Este padro define tambm as caractersticas fsicas do plstico, incluindo faixa de temperatura, flexibilidade do carto, posio dos contatos eltricos e como o microchip se comunica com o mundo exterior. As principais normas ISO relativas a padronizao dos smart cards so listadas a seguir. ISO 7810: disposio de componentes e dimenses do carto com contato. ISO 7811: partes que o carto de identificao com contato deve conter. ISO 7816-1: tamanho do carto com contato. ISO 7816-2: dimenso e local dos contatos no carto. ISO 7816-3: protocolo de sinais e transmisso do carto com contato. ISO 7816-4: formato dos comandos de acesso ao carto com contato. ISO 10536: regulamenta cartes com acoplamento indutivo para distncias menores que 1 cm. ISO 14443: regulamenta cartes com acoplamento indutivo para distncias menores que 10 cm. ISO 15693: regulamenta cartes com acoplamento indutivo para distncias menores que 1 m.

A Figura 5.3 mostra a distribuio da famlia de smart card de acordo com o tipo de interface e faixa de freqncia.

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SMART CARD

SMART CARD Com contato CICC (Close coupling) Memory CARD

SMART CARD Sem contato PICC (Proximity coupling) VICC (Vicinity coupling) RICC (Remote coupling) Memory card active 2,4/5,8 GHz

Processor

Processor card

Memory card 13,56 MHz

Interface Dupla

Processor card 13,56 MHz

Memory Card 13,56 MHz

Figura 5.3 Diviso da famlia dos smart cards [13]. Nas sees seguintes sero descritas algumas especificaes e padres considerados pela maioria das indstrias do setor. Mesmo com sua grande importncia, os smart cards so apenas uma pequena parte do complexo sistema que envolve e justifica o seu uso. Nos captulos anteriores, foi visto que um sistema de identificao por radiofreqncia necessita de uma rede de comunicao entre dispositivos de leitura e uma gerncia da aplicao. O microcomputador tem por finalidade armazenar e processar as informaes do banco de dados do sistema, gerenciar aes a serem tomadas aps o processamento dos respectivos dados, alm de uma srie de outras utilidades dependendo da aplicao utilizada, ou seja, como descrito anteriormente, o transponder que armazena a informao ou os dados a serem utilizados pela aplicao em questo.

5.4 Smart card de contato metlico A Figura 5.4 mostra as dimenses de um smart card de contato metlico conforme a padronizao ISO 7816. As caractersticas de operao do chip so: VCC, a alimentao fornecida pelo dispositivo de leitura, que varia entre + 3 V e + 5 V; GND o ponto de referncia ou retorno (terra); RST o pino destinado a efetuar o reset (limpar a memria) no smart card; CLK destinado ao sinal de sincronismo (3 MHz a 5 MHz) que fornecido pelo dispositivo de leitura; Vpp o pino destinado escrita na memria EEPROM (electronic erasable programmable memory) do smart card; e I/O a interface serial de entrada e sada

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responsvel pela comunicao de dados do transponder para o dispositivo de leitura e vice versa. Nesse mesmo carto, conforme visto na Figura 5.4, alm do contato metlico, ainda h informao armazenada na fita magntica, entretanto, os dados gravados nessa fita no podem ser modificados, logo, esto disponveis somente para leitura. Segundo a ISO 7816, o chip tem as seguintes caractersticas: 22 mm2 de rea. Microprocessador de 8 bits. Memria ROM (Read Only Memory). Memria de RAM (Random Access Memory). Memria de armazenamento no-voltil (Ex. EEPROM). Sistema operacional para rodar e processar os dados de entrada e sada (interno). Programas e aplicaes (externo). Base de dados (externo).

Figura 5.4 Caractersticas fsicas do smart card por contato metlico[6].

5.4.1 Carto com memria A Figura 5.5 mostra o diagrama em blocos de uma arquitetura tpica para cartes de contato metlico com segurana lgica e memria. Os dados necessrios para a aplicao esto armazenados na memria que geralmente do tipo EEPROM. O acesso memria controlado 57

por uma lgica de segurana, onde o caso mais simples consiste apenas na proteo para gravar ou apagar os dados da memria. H casos em que a lgica de segurana desempenha papel de criptografia, a fim de garantir mais segurana na transmisso dos dados, tanto para leitura quanto para escrita no respectivo bloco de memria do transponder.

Figura 5.5 Diagrama de blocos para uma arquitetura tpica de cartes com memria por contato metlico [13].

5.4.2 Cartes microprocessados Este tipo de carto composto por um microprocessador, uma memria RAM, uma memria ROM e a memria EEPROM. O microprocessador responsvel por gerenciar os demais perifricos por meio de funes a serem executadas de acordo com as entradas que forem fornecidas ao transponder pelo dispositivo de leitura. A memria ROM responsvel por armazenar o programa que comanda a operao do transponder. A memria RAM, de uso interno do transponder, responsvel por armazenar resultados e endereos para uso do processador durante o funcionamento do dispositivo. A memria EEPROM serve para armazenar os dados necessrios para a aplicao. Nela possvel ler ou escrever as respectivas informaes de acordo com a necessidade e sua capacidade de armazenamento. Assim como o carto com memria, o carto microprocessado possui a mesma quantidade de pinos na interface. A nica diferena est na lgica de entrada que, no carto de memria, deve receber um sinal de controle e, no carto microprocessado, a lgica de segurana toda realizada pelo microprocessador do transponder. A Figura 5.6 mostra o

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diagrama de blocos de uma arquitetura tpica de um carto de contato metlico que utiliza microprocessador e memria.

Figura 5.6 Diagrama de blocos para uma arquitetura tpica de cartes com microprocessador por contato metlico [13].

5.5 Smart card sem contato Atualmente existem trs tipos de padres j definidos para o uso dos smart cards: com contato, sem contato e hbrido. Porm, o padro para acoplamento remoto (longas distncias) por meio de dispositivos ativos ainda no foi definido [6]. A Figura 5.7 mostra uma arquitetura tpica para smart card sem contato que em geral utiliza uma memria EEPROM, uma memria ROM e um transmissor de radiofreqncia. A diferena entre o smart card com contato e o sem contato que o carto sem contato possui um transmissor de RF acoplado s portas de entrada e sada do carto com contato metlico (ver Figura 5.7 e Figura 5.8), ou seja, elimina a necessidade contato fsico entre o transponder e o dispositivo de leitura.

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Figura 5.7 Diagrama de blocos para uma arquitetura tpica de smart card sem contato utilizando lgica de segurana, memria EEPROM e a ROM [13]. A Figura 5.8, mostra a arquitetura tpica para um transponder sem contato que utiliza microprocessador. A diferena entre este dispositivo e o da Figura 5.7 est no transmissor de rdio que acoplado na interface de entrada e sada de dados do transponder.

Figura 5.8 Diagrama de blocos para arquitetura de smart cards sem contato utilizando microprocessador [13].

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5.5.1 Smart Card por acoplamento indutivo de contato (CICC) Os cartes do tipo CICC (close indutive coupling card) so cartes que necessitam ser inseridos ou encostados prximos superfcie da antena no dispositivo de leitura. Esse tipo de carto muito utilizado, por exemplo, para identificao de pessoas que, ao sarem do estabelecimento, no necessitam levar consigo o carto. Exemplo: Visitante do edifcio comercial Varig, Braslia DF. O padro ISO 10536 descreve a estrutura e os parmetros de operao do carto tipo CICC. As especificaes relacionadas s dimenses dos cartes close coupling so as mesmas dos smart cards de contato. Os elementos acopladores (coupling elements) podem ser indutivos ou capacitivos e so arranjados de modo que o carto possa ser operado em um leitor de insero em qualquer uma das quatro posies evidenciadas na Figura 5.9.

Figura 5.9 Posio de elementos acopladores capacitivos (E1-E4) e indutivos (H1-H4) em um CCIC [13]. Os quatro elementos indutivos H1-H4 so responsveis pela alimentao do carto. O valor da freqncia do campo indutivo alternado deve ser 4,9152 MHz [13]. Os elementos H1 e H2 so bobinas que possuem sentidos de enrolamento opostos, ento, se potncia fornecida aos elementos, deve haver uma diferena de fase de 180o entre os campos magnticos associados. O mesmo se aplica aos elementos H3 e H4. Os dispositivos de leitura devem ser projetados de forma que 150 mW de potncia sejam fornecidas ao carto por qualquer um dos campos magnticos gerados por H1-H4. Todavia, o carto no pode liberar mais de 200 mW via os quatro campos juntos. Tanto elementos indutivos quanto capacitivos podem ser usados para transmisso de dados entre carto e leitor. Contudo, no possvel mudar o tipo de acoplamento (indutivo ou capacitivo) durante o perodo de comunicao.

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No caso indutivo, modulao de carga com uma subportadora utilizada para a transmisso de dados atravs dos campos H1-H4. A subportadora tem freqncia de 307,2 kHz e modulada utilizando-se PSK. O dispositivo de leitura projetado para que uma carga de 10% da carga base, em um ou mais dos quatro campos (E1 a E4), Figura 5.9, seja reconhecida como um sinal de modulao de carga. No caso capacitivo, os campos acopladores E1, E2 ou E3, E4 so usados em pares. Em ambos os casos, os campos emparelhados so controlados por um sinal diferencial. A diferena de tenso deve ser medida de maneira que o nvel de tenso de pelo menos 0,33 V esteja presente na superfcie de acoplamento do dispositivo de leitura. A transmisso de dados ocorre utilizando-se codificao NRZ em banda base (sem subportadora). A taxa de transmisso 9.600 bps, mas uma taxa maior pode ser usada durante a operao [13] . 5.5.2 Smart Card por acoplamento indutivo de proximidade (PICC) O padro ISO 14443 descreve os parmetros de operao para os cartes PICC (proximity indutive coupling card). Esses cartes possuem um alcance que varia entre 7 cm e 15 cm. Tais cartes so muito utilizados em etiquetas eletrnicas de identificao. A potncia dos cartes PICC fornecida pelo campo magntico alternado do dispositivo de leitura. Em geral, o campo tem uma freqncia de 13,56 MHz ou varia entre 125 kHz a 135 kHz. Esse carto possui uma antena em forma de bobina tipicamente com 3 a 6 voltas de fio e com uma grande rea. O campo magntico gerado pelo dispositivo de leitura deve ser maior que 1,5 A/m e menor que 7,5 A/m [13].

5.5.3 Smart Card por acoplamento indutivo de vizinhana (VICC) O padro ISO 15693 trata dos cartes VICC (Vicinity Indutive Coupling Card), que so cartes que trabalham de forma semelhante aos cartes PICC, porm com um alcance maior que 1 m. Esse tipo de transponder (tag) utilizado para aplicaes de controle de estoque ou controle de acesso mltiplo para veculos e pessoas. A distncia de aproximadamente 1 m significa que o carto no precisa estar necessariamente na mo do usurio, o carto pode permanecer no bolso, na bolsa ou na carteira, ou ainda, no caso de mercadorias monitoradas por meio de um dispositivo de leitura de mltiplos cartes, a leitura pode ser efetuada de um lote inteiro de produtos onde cada produto possui um transponder contendo, por exemplo, o respectivo nmero srie [13].

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5.5.4 Smart card por acoplamento indutivo para longas distncias (RICC) Os cartes RICC (remote indutive coupling card) ainda no esto padronizados, pois as caractersticas de operao e fabricao ainda esto em discusso pelas organizaes que regulamentam o uso da tecnologia RFID e dos smart cards (CEPT, ISO, ETSI e foruns de discusso sobre RFID). Tais sistemas RFID j esto sendo utilizados em algumas aplicaes, porm variam de fabricante para fabricante, ou seja, esto funcionando em carter proprietrio, cada fabricante sendo responsvel pelo protocolo, tamanho, faixa de freqncia e alcance para a sua tecnologia [13].

5.6 Smart cards hbridos Os cartes hbridos utilizam duas ou mais interfaces para a transmisso ou recepo dos dados contidos no transponder. As interfaces que so utilizadas com mais freqncia so a transmisso por contato metlico em conjunto com tarja magntica ou por contato metlico em conjunto com a transmisso de radiofreqncia no caso de sistemas RFID. Existe tambm o smart card com trs tipos de interface de entrada e sada, ou seja, utilizam a tarja magntica, o contato metlico e a transmisso por radiofreqncia. Lembrando que no caso da tarja magntica, uma vez que os dados so gravados no ato da confeco do carto estes no so modificados pelo usurio final. A Figura 5.10 mostra o diagrama de blocos para um sistema hbrido que utiliza a transmisso de radiofreqncia e contato metlico como interfaces de entrada e sada. Esse tipo de carto no muito diferente dos cartes apresentados anteriormente, pois foi apenas acrescido um mecanismo para contato fsico com o dispositivo de leitura. Porm, os cartes hbridos so muito importantes nas fases de transio de uma tecnologia para outra, visto que o custo de substituio de todos os dispositivos de leitura de uma nica vez inviabilizaria o uso da nova tecnologia [13]. O carto com tarja magntica e contato metlico est sendo utilizado no mercado brasileiro por alguns bancos e instituies financeiras. Como exemplo, tem-se o Banco do Brasil e a Credicard que esto utilizando ainda em pequena escala cartes hbridos com intuito de melhorar a segurana e aumentar os servios oferecidos [14].

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Figura 5.10 Smart card hbrido com transmisso de RF e contato metlico [13].

5.6 Vantagens e aplicaes do smart card:

Entre as vantagens do smart card, pode-se citar: pode conter vrias aplicaes diferentes; as transaes so feitas de forma off-line; o prprio carto autoriza a transao, uma vez que todas as informaes necessrias esto contidas nele; segurana alta com o uso de criptografia na autenticao; dificuldade na duplicao de um carto (evita fraudes); vida til longa (10 anos); maior robustez em relao aos agentes externos.

Como exemplos de aplicao, tm-se:

Dinheiro Eletrnico: o usurio carrega o carto com crdito e depois utiliza o carto para pagar compras, combustvel, refeies, pedgios etc. Elimina o fluxo de dinheiro em espcie no ponto de venda/consumo.

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Limite de Crdito: os gastos feitos com o carto so ps-pagos. O usurio possui um limite de crdito no carto, e pode utilizar este crdito em estabelecimentos comerciais (supermercados, postos de combustveis, restaurantes, farmcias).

Fidelidade: o carto acumula pontuaes de acordo com sua utilizao.

Transporte: os vales-transporte so inseridos no carto para posterior utilizao no transporte pblico.

Estacionamentos: o carto serve para controlar o acesso, tempo e pagamento no estacionamento.

TV por Assinatura: o usurio carrega o carto com dinheiro e depois utiliza o carto para pagar (pay-per-view) filmes em lanamento, shows ao vivo e jogos.

Sade: o carto pode armazenar todos os dados sobre a sade do usurio (ltimas consultas, doenas, plano de sade), facilitando o gerenciamento do atendimento.

Carto de Crdito/Dbito: oferece muito mais segurana do que o carto convencional (tarja magntica), praticamente elimina fraudes, fato pelo qual todas as bandeiras de carto esto migrando para esta tecnologia.

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6. Estudo de Caso

6.1 Introduo Este captulo aborda o estudo de um kit de desenvolvimento da SONMICRO ELECTRONICS para a tecnologia RFID na faixa de freqncia entre 105 kHz a 150 kHz. O objetivo desse kit possibilitar o entendimento da tecnologia de identificao por radiofreqncia, ou seja, um kit acadmico. Com este kit possvel desenvolver algumas aplicaes como, por exemplo, controle de acesso. O kit composto por um dispositivo de leitura, dois tipos de transponders (smart cards EM4100 e Q5B), duas antenas de tamanhos diferentes para uso do dispositivo de leitura e um software (SMRFID) para comandar o sistema. O sistema RFID estudado possui basicamente trs componentes: transponder, dispositivo de leitura e computador, Figura 6.1. Porm possvel utilizar o sistema RIFD em vrias aplicaes, diferenciando-se entre elas pelo software de controle. Na aplicao de controle de acesso, o software que comanda as outras funes (por exemplo, a abertura de uma porta) aps verificar a informao contida no carto de acesso (smart card). Neste estudo de caso, no ser abordado nenhuma aplicao especfica, e sim, o estudo dos componentes desse kit bem como testes nos seus parmetros de ajuste e a comunicao com o computador. O objetivo principal fornecer informao suficiente sobre o funcionamento de um sistema RFID de modo geral.

Figura 6.1 Composio bsica do sistema RFID.

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6.2 Descrio tcnica da operao do kit RFID por meio do SMRFID O kit composto pelo software (SMRFID), o dispositivo de leitura que compreende o chip RFID CY8C0104 e o mdulo de controle RFID CY8C0105, duas antenas (bobinas) e os transponders Q5B e EM4100. O SMRFID, um software de leitura e programao, possibilita a calibrao de alguns parmetros do funcionamento do sistema RFID e a programao do dispositivo de leitura e dos transponders. A Figura 6.2 mostra a tela principal do programa SMRFID, onde se encontra a janela de configurao de parmetros, a janela de rastreamento de bytes, a janela de programao para o modo de escrita no transponder e a janela de comandos.

Figura-6.2 Tela principal do programa SMRFID da SONMICRO ELECTRONICS. O dispositivo de leitura possui dois modos de operao: leitura e escrita. O modo de leitura efetua apenas a leitura dos dados armazenados no transponder; e o modo de escrita utilizado para escrever dados no transponder e tambm permite a leitura dos dados do

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transponder.

Os modos so selecionados por meio de um jumper na placa do dispositivo de

leitura conforme a Figura 6.3.

Figura 6.3 Layout da placa do dispositivo de leitura A Tabela 6.1 mostra os valores pr-programados na memria do transponder bem como a funo de cada bloco. O bloco 0 muito importante para o funcionamento do sistema, pois nele so armazenados os parmetros de operao do transponder, tais como o tipo de

modulao, a quantidade mxima de blocos a serem fornecidos para o dispositivo de leitura, e a habilitao para efetuar ou no a leitura da seqncia de trmino. O dispositivo de leitura est programado para rastrear o cdigo 52 58 8B 45 no bloco 1 da memria do transponder. Se o transponder tiver em sua memria esse cdigo, que funciona como uma identificao de que o transponder deve ser lido pelo sistema, o dispositivo de leitura recebe o restante dos dados armazenados nos outros blocos de memria.

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Tabela 6.1 Valores programados na memria do transponder Bloco 0 1 2 3 4 5 6 7 Valores pr-definidos 60 01 F0 0E 52 58 8B 45 02 02 02 02 03 03 03 03 04 04 04 04 05 05 05 05 06 06 06 06 00 00 00 00 Funo Armazena os parmetros de operao do transponder. Armazena a seqncia de incio (busca). Armazena bytes definidos pelo usurio. Armazena bytes definidos pelo usurio. Armazena bytes definidos pelo usurio. Armazena bytes definidos pelo usurio. Armazena bytes definidos pelo usurio. Armazena a senha de proteo contra a escrita na memria do transponder.

6.2.1 Modos de operao do dispositivo de leitura O modo de leitura est ativo quando o jumper retirado do circuito da Figura 6.3. O dispositivo de leitura RFID l as informaes contidas no transponder e as envia para o computador de acordo com a ltima configurao determinada na janela de parmetros, Figura 6.4.

Figura 6.4 Parmetros de configurao do dispositivo de leitura.

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Os parmetros pr-programados esto configurados da seguinte forma: Modulao: Manchester 64 Nmeros de blocos a serem lidos: 4 Seqncia terminal: desabilitada Senha de proteo contra gravao: desabilitada

Quando a seqncia de trmino no for utilizada, o dispositivo de leitura tentar localizar os bytes cadastrados para seqncia de busca. Na configurao original, os bytes 52 58 8B 45 sero procurados no bloco de memria do transponder. Essa seqncia um sinal para o dispositivo de leitura saber onde comea a seqncia de informaes. O modo de escrita s funciona quando o jumper est conectado ao circuito. Nesse modo de operao, o usurio pode enviar dados para a memria do transponder, pode usar a janela de comando para enviar algum comando especfico para o transponder e carregar alguma configurao para o sistema. O programa SMRFID permite configurar os seguintes parmetros no transponder por meio da janela mostrada na Figura 6.5: tipo de modulao, tipo de transponder, quantidade de blocos a serem lidos, e gravar os dados nos blocos de memria do transponder.

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Figura 6.5 Janela de programao do transponder

6.2.2 Modulao utilizada no sistema RFID da Sonmicro para 125 kHz H duas opes para o tipo de modulao: Machester RF/32 ou Manchester RF/64. O dispositivo de leitura l os sinais de acordo com a modulao selecionada. Ele no pode ler informao de um transponder configurado para modulao Manchester RF/64 se no for essa a modulao selecionada na janela principal do software, e vice versa. A Codificao Manchester tem sido muito usada como o esquema de modulao para transmisso em radiofreqncia de sinais digitais devido ser um mtodo simples de codificao de dados de padro arbitrrio de bits, sem longas seqncias de 0s ou 1s, alm do clock embutido na informao transmitida. uma forma de modulao BPSK (binary phase-shift

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keying). Essas caractersticas possibilitam a construo de dispositivos de leitura com baixo custo para recuperao de dados armazenados em transmissores imprecisos e de baixo custo. A codificao do sinal digital no formato Manchester define os estados binrios 1 e 0 como transies e no como valores estticos. As possveis alternativas para associao dos valores lgicos associados s transies esto mostradas nas Figuras 6.6a e Figura 6.6b. A Figura 6.7 ilustra um exemplo de uma seqncia de bits codificados em Manchester.

Figura 6.6 Transies entre os estados binrios

Figura 6.7 Codificao Manchester utilizando a definio da Figura 6.6a.

6.2.3 Consumo de energia do dispositivo de leitura Existem duas opes para a operao do dispositivo no modo de leitura. O modo normal de funcionamento, que no programa designado por full power mode, e modo econmico de funcionamento, que designado por eco power mode. No modo normal, a antena funciona continuamente depois que o boto read ativado ou o comando de leitura for enviado, podendo assim detectar um transponder imediatamente, ou seja, no momento que este se aproximar da 72

antena. No entanto, esse modo de operao consome muito mais energia quando comparado ao modo econmico. No modo econmico, a antena acionada em intervalos de tempos discretos de 1 segundo. No modo econmico, o dispositivo de leitura fica em stand by quando a antena no estiver ativada pela presena de um tag em sua regio de atuao, reduzindo o consumo de energia. 6.2.4 Modo de leitura: Quantidade de blocos a serem lidos Esse parmetro determina quantos blocos sero lidos e enviados pelo dispositivo de leitura ao computador, Figura 6.4. Se a seqncia de trmino estiver sendo utilizada, o nmero de blocos selecionado dever ser menor ou igual ao valor mximo de blocos cadastrados na programao do transponder, pois, caso contrrio, o dispositivo de leitura no poder ler os dados armazenados no transponder. Por exemplo, considerando-se que o dispositivo de leitura esteja configurado para ler 3 blocos, e o transponder configurado para enviar 3 blocos e a seqncia de trmino esteja desabilitada. Nesse caso, sero lidos os blocos 1, 2 e 3 do transponder. Supondo agora que o transponder esteja programado com um nmero mximo de blocos igual a 3, o que significa que ele envia os blocos 1, 2 e 3, e o nmero de blocos na Figura 6.4 esteja ajustado para 4. Nesse caso, o dispositivo de leitura ir ler os blocos 1, 2, 3 e 4 (o bloco 4 ir com valor nulo visto que o tag no o transmite). Porm, se o nmero mximo de blocos programados no transponder for igual a 3 e a seqncia de trmino estiver habilitada, o dispositivo de leitura busca pela seqncia de trmino e efetua a leitura a partir do bloco 1 at o nmero de blocos determinado na caixa de seleo da quantidade de blocos conforme a Figura 6.4, mas esse nmero no pode ser maior que o programado pois o dispositivo de leitura vai ficar aguardando um bloco que o transponder no ir enviar (o da seqncia de trmino).

6.2.5 Modo de leitura: Quantidade de leituras Esse parmetro configurado na janela da Figura 6.4 e determina o nmero total de leituras que o dispositivo de leitura realiza. Por exemplo, se o nmero de blocos a serem lidos 3 e o nmero de leituras ajustado para 1, o dispositivo l 3 blocos e pra. Supondo que o nmero de leituras seja 2, o dispositivo realiza a leitura dos 3 blocos duas vezes e pra.

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6.2.6 Rastreamento de bytes (Byte track) Quando a seqncia de trmino no est habilitada, no haver espaos entre os dados que esto chegando ao dispositivo de leitura. Nesse caso, o dispositivo de leitura busca por bytes conhecidos para efetuar a leitura, por exemplo, a seqncia de incio. O rastreamento dos dados que esto chegando ao dispositivo de leitura programado por meio do menu Settings na tela da Figura 6.2, e o parmetro vem configurado para rastrear os bytes 52 58 8B 45, ou seja, se estes dados no estiverem armazenados no transponder, o dispositivo de leitura no ir ler nenhum dado.

6.2.7 Seqncia de trmino A seqncia de trmino uma propriedade de alguns tipos de transponders como, por exemplo, os transponders da Atmel/TEMIC. A seqncia de trmino consiste em uma pequena seqncia de dados enviados pelo transponder logo aps a transmisso do ltimo bloco. Se o transponder for programado para 3 blocos, por exemplo, o sinal da seqncia de trmino ser enviado logo aps o fim da transmisso do bloco 3. A maior vantagem de utilizar a seqncia de trmino economizar byte(s), porm recomendado ao usurio utilizar o reconhecimento por byte tracking. Quando a seqncia de trmino est habilitada importante manter o parmetro # of blocks menor ou igual ao nmero mximo de blocos do transponder.

6.2.8 Seleo das opes EM4100/02 e EM4100/02 (decodificado) Ao selecionar-se EM4100/02, o dispositivo de leitura ir procurar nove bits um, ou seja, 111111111, que o cabealho de transponders EM4100/02. O transponder enviar, ento, todos os bits, incluindo os bits de paridade. Por outro lado, se for selecionado EM4100/02(decoded), ocorrer o mesmo, porm uma vez feita a leitura e encontrado os nove bits 1, a informao ser decodificada e os bits de paridade sero eliminados e a informao ser enviada no formato 5 bytes.

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6.2.9 AOR / Password Essas opes so utilizadas na maioria dos transponders T55XX para ativar o uso de senhas por razes de segurana. Para ativar esses parmetros no software SMRFID, deve-se pressionar F6 e, para desativar, F5. Quando essas opes so ativadas na configurao de um transponder, este no enviar respostas nem poder ser programado at que uma senha vlida seja enviada pelo dispositivo de leitura. Esse procedimento pode evitar o acesso no autorizado s informaes do transponder e pode ser utilizado tambm para detectar apenas um transponder quando houver mais de um em um mesmo campo. O bloco 7 do transponder usado para senhas, logo os dados desse bloco tm que ser conhecido pelo dispositivo de leitura caso esse parmetro esteja ativo.

6.3 Caractersticas do transponder Q5B / T5555 O transponder Q5B, T5555 e o EM4100/02 so tipos de smart card sem contato e com padro pblico. Nos transpoders Q5B e T55XX possvel ler e escrever dados em sua memria, porm o EM4100/02 apenas permite a leitura. Os transponders so compostos por uma bobina (antena) que serve para a transmisso e recepo de dados em aplicaes RFID, alm de suprir a energia necessria ao funcionamento do circuito interno do transponder. Esse transponder possui uma memria EEPROM (Electrically Erasable Programmable Read-Only Memory) com 10 blocos com 33 bits. A Figura 6.8 mostra o diagrama de blocos para o smart card Q5B/T5555. A transmisso do transponder Q5B para o dispositivo de leitura feita por modulao de carga, com o amortecimento do campo RF por meio de uma resistncia de carga entre os dois terminais da bobina. A faixa de freqncia que o Q5B opera est entre 105 kHz a 150 kHz. O transponder tambm opera com modulao FSK, Manchester PSK e NRZ.

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Figura 6.8 Diagrama de blocos do transponder Q5B/T55XX O dispositivo AFE (Analogous Front End) na Figura 6.8 compreende os circuitos e componentes eletrnicos que retiram a energia para o funcionamento do transponder. Possui circuitos eletrnicos que asseguram a transmisso bidirecional entre o transponder e o

dispositivo de leitura, ou seja, nesse bloco h um retificador para gerar uma tenso DC extrada da tenso AC induzida na bobina. Tambm h um circuito responsvel por retirar o clock proveniente do dispositivo de leitura para uso interno e um resistor varivel que utilizado para a modulao de carga na transmisso do transponder para o dispositivo de leitura (up-link). O circuito BRG (Bitrate Generator) na Figura6.8 responsvel por gerar a taxa de bits entre a freqncia de operao f/2 e f/128. Nesse caso, o transponder est programado para trabalhar com Manchester f/64. O componente WR (Write Decoder) responsvel por decodificar os intervalos de escrita, alm de verificar a validade dos dados e trabalhar em conjunto com o WR trabalha o HVG (High voltage generator) que usado no modo de escrita da memria. Esse circuito gera uma tenso elevada de modo suficiente ao requerido para a programao da EEPROM. O circuito POR (Power-On Reset) na Figura 6.8 atrasa as funes do IDIC (Identification Integration Circuit) at que seja atingido um nvel ideal de tenso para o correto funcionamento do transponder. O circuito de controle responsvel por carregar o modo de operao armazenado no bloco 0 da memria assim que o transponder alimentado, tambm controla as funes de leitura e escrita da memria alm de efetuar a comparao entre o valor da senha fornecida pelo dispositivo de leitura com a senha armazenada no bloco 7 da memria.

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A memria do transponder do tipo EEPROM que um tipo de memria no-voltil muito utilizada em microcomputadores e microcontroladores para gravar instrues e alguns dados importantes. Ela est organizada em 10 blocos com 33 bits cada. A Figura 6.4 mostra a organizao e disposio da memria com as funoes desempenhadas por cada bloco de memria respectivamente. O bloco 0 da paginao 0 da memria contm os parmetros de configurao do transponder, e este bloco no transmitido no modo de leitura. O bloco 7 destinado a uma senha de proteo da memria do transponder contra gravao. O bit 0 de cada bloco destinado para bloquear de modo definitivo o bloco de memria, ou seja, uma vez que este bit esteja ativo, no possvel gravar dados no bloco por meio do campo de RF. Os blocos 1 e 2 da paginao 1 so reservados para o rastreamento de dados.

Figura 6.9 Mapa da memria do transponder tipo Q5B/T55XX 6.4 Como programar parmetros Para acionar a janela de parmetros, deve-se clicar Settings > Parameters, Figura 6.2. Esses parmetros so armazenados no bloco de configurao do chip contido no dispositivo de leitura que funcionar de acordo com a ltima configurao armazenada em sua memria flash.

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6.4.1 Parmetros de programao (programming parameters) A configurao/programao de parmetros utilizada para alterar intervalos de tempo do campo RF no momento em que o transponder estiver sendo programado. Porm, no convm mudar esses valores, a no ser para programar outros transponders de outros fabricantes ou para otimizar o alcance de programao do respectivo tag.

Figura 6.10 Parmetros de programao (Programming Parameters).

6.4.2 Parmetros amplificadores internos (internal amplifier parameters) Esses parmetros determinam o ganho de dois amplificadores localizados no mdulo/chip do dispositivo de leitura. Valores diferentes de ganho afetaro a distncia de leitura, ou seja, o alcance do sistema.

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6.4.3 Parmetros gerais do sistema (general system parameters) Esses parmetros determinam caractersticas gerais do sistema como, por exemplo, a freqncia de operao, nos modos de leitura e escrita, os modos de operao Full power mode e Eco power mode. O parmetro R-ADF (Antenna Drive Frequency), ao ler o transponder, permite que o usurio possa selecionar um valor de frequncia entre 105 kHz e 150 kHz. O dispositivo de leitura pr-programado para um valor prximo de 125 kHz a fim de maximizar a distncia de leitura e programao dos respectivos transponders que compe o kit. O parmetro P-ADF: (Antenna Drive Frequency), ao escrever no transponder, permite que o usurio possa selecionar um valor de frequncia entre 105 kHz e 150 kHz. De modo anlogo para a leitura, o dispositivo de leitura/escrita pr-programado para um valor prximo de 125 kHz a fim de otimizar a distncia de escrita. O WDR (Watchdog Reset), um reset peridico, que pode ser desativado pelo usurio ou ainda configura-lo de 2 a 240 segundos. O hardware zerado a cada perodo. importante ressaltar que esse valor no muito preciso [22]. O FPAT (Full Power Active Time), um parmetro para ajustar o tempo em que o dispositivo est funcionando em modo econmico. Quando o dispositivo de leitura est ativo, a antena funcionar por 7,5 ms vezes o parmetro FPAT e depois ir parar novamente. Por exemplo, se FPAT 20, o dispositivo de leitura estar ativo por 20 x 7,5 ms, ou seja, 150 ms, e ento ir interromper o funcionamento de novo se nenhum transponder for detectado na zona de leitura. Esse processo ocorre uma vez por segundo. O consumo de corrente ser de 50 100 mA em um perodo de 150 ms e de 20 70 A no perodo inativo (stand by ou sleep). A Tabela 6.2 informa os parmetros que so pr-programados e otimizados pelo fabricante SONMICRO ELECTRONICS.

Tabela 6.2 Parmetros default gerais do sistema. Parmetro Configurao padro (Default) R-ADF P-ADF WDR FPAT Ajustado para distncia tima na fbrica Ajustado para distncia tima na fbrica Desativado 60

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6.6 Testes e resultados Como a freqncia utilizada est em torno de 125 kHz, o comprimento de onda de 2400 m, e a distncia de leitura resume-se a poucos centmetros do dispositivo de leitura, ou seja, muito menor que o comprimento de onda, a anlise se restringe apenas ao campo magntico alternado. Basicamente, foram realizados testes de alcance, utilizando as duas antenas que compe o kit, cujo resultado apresentado na Tabela 6.3. Esses testes foram realizados atravs de uma srie de medies, com os respectivos transponders na posio horizontal e vertical a uma temperatura ambiente e com visada direta para a antena do dispositivo de leitura. Posteriormente foi realizada uma srie de medies com obstculos, a fim de verificar se havia reduo da distncia de leitura ou incremento no alcance por meio da adio de um plano refletor a antena.

Tabela 6.3 Distncia entre o transponder e o dispositivo de leitura Posio do transponder Horizontal Vertical Antena (65x35 mm) Q5B 7,9 cm 6,7 cm EM4100 6,2 cm 4,7 cm Antena (90x45 mm) Q5B 8,8 cm 8,5 cm EM4100 6,6 cm 5,9 cm

Tambm foi realizada uma captura do espectro de radiao do dispositivo de leitura, para verificar qual a potncia emitida pelo dispositivo de leitura, e qual a freqncia que ele realmente est trabalhando. Conforme a Figura 6.11. A freqncia constatada foi de 127 kHz com uma potncia de -6 dBm, que foi medida diretamente na sada do dispositivo de leitura atravs de uma conexo de dois fios de cobre isolados ligados ao espectrmetro

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Figura 6.11 Espectro de radiofreqncia retirado diretamente do dispositivo de leitura.

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7. Concluses
O objetivo deste trabalho foi realizar uma anlise profunda a respeito da tecnologia de identificao por radiofreqncia, ou, simplesmente, RFID. Tal objetivo foi alcanado com xito, uma vez que foi possvel o amplo entendimento de vrios aspectos dessa tecnologia, desde regulamentao internacional at os princpios para que seja possvel a conexo entre o transponder e a antena do dispositivo de leitura. O kit utilizado tambm foi de grande valia uma vez que pode ser analisado na prtica aspectos estudados anteriormente. Apesar de a pesquisa ser considerada bem sucedida, foram enfrentadas dificuldades para realizao deste trabalho. Toda a bibliografia utilizada est em idiomas diferentes do portugus, portanto no foi to fcil encontrar os termos mais adequados para determinadas nomenclaturas e procedimentos. No h ainda normas brasileiras especficas para o RFID e um certificado de conhecimentos sobre essa tecnologia poder ser adquirido em breve no Brasil. Alm disso, o RFID uma tecnologia muito recente e, apesar de bastante promissora, ainda difcil encontrar material aprofundado de nvel tcnico acerca da mesma. Com base em todas as vantagens oferecidas por um sistema RFID, possvel afirmar que, em um futuro prximo, outros mercados, alm do mercado de logstica, percebero grande vantagem na instalao dessa tecnologia, tais como prestadores de servios, grandes varejistas e grandes fornecedores. Como a operao por RFID agrega eficincia, a previso de que no futuro todos os mercados adotaro essa tecnologia, queiram eles ou no. A agilidade dos procedimentos e o incremento no processamento dos dados permitem uma melhor visibilidade dos produtos pertencentes organizao. Isso garante um diagnstico mais preciso, eliminando riscos de falha na previsibilidade, ou seja, maior lucratividade, menor perda de tempo e mais gerao de renda. H ainda um longo caminho para ser percorrido, pois a tecnologia de identificao por radiofreqncia no somente uma questo tecnolgica, mas tambm uma questo de padronizao mundial, o reconhecimento por todos os mercados comuns. As vantagens viro com certeza, mas para isso necessrio que todos utilizem o mesmo padro, que toda a cadeia produtiva e comercial esteja sintonizada na mesma freqncia. O amplo conhecimento dessa tecnologia d abertura para o desenvolvimento de trabalhos futuros. A implantao do projeto de controle dos carros de So Paulo e tambm no Distrito Federal traria vantagens como rapidez e eficincia na resoluo de problemas como roubos e controle de multas. Projetos dentro do campus da UnB seriam bastante interessantes e teis como um sistema de controle de acesso nos laboratrios do SG11. 82

Referncias
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